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Indefinido, 20 de janeiro de 1933

Querido Diário,

Desde o nosso nascimento, que a nossa infância se torna o nosso porto seguro, deixando por
vezes marcas, memórias e até mesmo inseguranças para o resto da nossa vida. Sem nos apercebemos
isto tem um grande impacto ao longo do tempo, tudo o que demonstramos, o que somos e o que
vivenciamos são pequenos acontecimentos influenciados pelo nosso passado.
Como todos os pequenos e pequenas neste mundo, há sempre algo que nos marca. Para
muitos pode ser um familiar, um livro, uma bijuteria, uma peça de roupa, etc…. Mas para esta menina
era este boneco. Olhar para ela mostra-nos o seu ar desesperado à espera de uma salvação que pode
nunca chegar. É difícil de imaginar…
Para ela e para todos os outros que viviam uma vida normal, e até mesmo minimalista e sem
importância, esta mudança drástica e com uma explicação mesquinha, deixa todos com “o coração nas
mãos”. Acho que ninguém está preparado para isto. A infância que viveram, os sonhos que definiram
para o futuro, dependem agora da sobrevivência e a esperança de um final feliz.
Agarrada a sua boneca, ela espera sentada e triste por uma luz, até mesmo um anjo que a guie
pelos melhores caminhos. Como dizem, a esperança é a última a morrer. Será que a dela já morreu?
Será ela mais uma, com o mesmo final infeliz? Algo que nunca saberemos. Isto é algo, que para ela,
ainda está a ser definido e teremos de aguardar para ver.

A tua, Observadora

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