Você está na página 1de 3
CAMARA DOS DEPUTADOS C 0 P 1A Gabinete do Deputado Alexandre Padilha - PT/SP a PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO N* (Do Sr. Deputado Alexandre Padilha) » DE 2019 Susta a Portaria n° 2.979/GAB-MS, de 12 de novembro de 2019, que estabelece novo modelo: de financiamento de custeio da Atengdo Primaria Satide no ambito do Sistema Unico de Satide, por meio da alteragio da Portaria de Consolidagao n° 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017. © Congreso Nacional decreta: Art. 1° Fica sustada, nos termos do art. 49, inciso V, da Constituigao da Repiblica, a Portaria n° 2.979/GAB-MS, de 12 de novembro de 2019, que estabelece novo modelo de financiamento de custeio da Atencio Priméria A Saide no ambito do Sistema Unico de Saiide, por meio da alteragao da Portaria de Consolidagao n° 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017. Art 2° Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicagato. JUSTIFICATIVA A Portaria n° 2.979, de 12 de novembro de 2019, que institui 0 Programa Previne Brasil, que estabelece novo modelo de financiamento de custeio para a Atengao Basica. O novo modelo de financiamento federal na APS vai substituir as principais formas de financiamento da Atengao Basiea, por 4 dimensdes de financiamento: Capi Ponderada; Desempenho; Programas (Incentivos); e, Provimento. A Portaria, além de nao ter sido claborada de forma transparente, aumenta 0 isco de desvio de finalidade no uso dos recursos piiblicos e atenta contra o disposto no art, 17 da Lei ‘omplementar n° 141, de 2012. Esses critérios tiveram sua metodologia de rateio pactuada na CIT e aprovada no Conselho Nacional de Saiide ¢ devem compreender i) as neve va de satide dos entes federativos em sua dimensdo epidemiolégica, a Nk CAMARA DOS DEPUTADOS Gabinete do Deputado Alexandre Padilha - PT/SP socioecondmica, geogrifica e demogrifica no sentido de se promover equidade _federativa; (ii) a sustentabilidade financeira para a rede de servicos de satide; e (iii) 0 desempenho dos servigas do ano anterior, requerendo a sua permanente avaliagao, Assim, 0 critério relacionado as necessidades de saiide sob as quatro dimensdes acima apontadas, como forma de compensar as assimetrias federativas, requer que parcela dos recursos sejam rateados de modo a diminuir as desigualdades regionais, 0 que no pode compadecer de modelos que somente atendam ao repasse por realizagio concreta de servigos, dada a necessidade de diminuigdo dessas desigualdades para a melhoria da satide cumprimento da lei’. O referido art. 17 da Lei 141 estabelece uma logica de repasse no segmentada, devendo atender desigualdades regionais, envolvendo uma alocagio de recursos que contemple todos os niveis de atengdo a satide e ndo apenas 0 foco em um nivel de atengao a sade, como a primar Importante dizer que o papel da atengio priméria como servigo que deve prioritariamente prevenir € promover a satide das pessoas, para atender © prineipio da seguranga sanitéria, que é a prevengdo de riscos (art. 196 CRFB), no pode centrar-se to somente em piblico previamente cadastrado, devendo, sim, ter como meta, a adogao de estratégias que permitam que toda a populagdo municipal se sintam pertencentes ¢ participes do cuidado coletivo e individual da satide, num compromisso coletivo ¢ democritico entre a sociedade e o Estado Deste modo, a ideia de centrar na “pessoa” cadastrada distancia-se da adogao de uma proxy de necessidades que permita dimensionar desigualdades relativas entre condigdes demogrificas, epidemiolégicas, socioeconémicas ¢ geogrificas das populagdes, como um todo, dos distintos municipios brasileiros, conforme preconiza a Lei 141 que busca reforgar a politica piblica de satide no sentido do direito universal. Adem: considerando que 0 SUS € subfinanciado, nao havendo, pois, recursos sobrando em nenhum servigo, ainda que a gestlio possa e deva ser aperfeigoada, nao se pode pensar em diminuig&o de recursos, seja a partir de que ano for e em qualquer rea do MS, uma vez. que os entes mais sobrecarregados com a saiide so os municipios ¢ * Contetido retirado da Carta das entidades que integram o Movimento da Reforma Sanitéria Brasileira, httpsy//iornalggn. com, br/politicas-sociais/saude-politicas-socials/novo-modelo-de-financiamento-do-sus- rm -induz-cooptacao-politica-alerta-movimento, i 2 \/ a : CAMARA DOS DEPUTADOS Gabinete do Deputado Alexandre Padilha - PT/SP éles ndo suportarao nenhuma forma de redugao de seus recursos, fato que viola 0 principio do ndio retrocesso em matéria de direitos fundamentais. Ante o exposto, diante da evidente a incompat dade da Portaria com o quanto estabelecido na Lei Complementar 141, de 13 de janeiro de 2012, nao ha legitimidade para 0 Poder Executivo, por meio de Portaria, suprimir a vontade do legislador e da populagdo em alterar toda a politica de financiamento de custeio para a Atengio Basica de Satide, razio pela qual tal abuso de poder deve ser controlado pelo Congresso Nacional com a aprovagaio do presente Decreto Legislativo. A Sala das Sessdes, em,/\" de novembro de 2019. / Vin Z ALEXANDRE PADILHA 7, PT/SP

Você também pode gostar