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Os dois primeiros capítulos do livro de Milton Santos – Por uma outra

Globalização: do pensamento único a consciência universal – buscam tratar de


elementos abstratos referentes a alguns elementos do processo de globalização na
contemporaneidade, especificamente associando este a surgimento de uma técnica
específica: a informação em larga escala e espontânea, responsável pela edificação
da suposta aldeia global.

O autor inicia o primeiro capítulo com um paradoxo: vivemos em um


mundo confuso confusamente percebido (SANTOS, 2008, p.17). Desta forma, a
realidade ao qual estamos inseridas, segundo o autor, não é necessariamente
apreendida dado elementos de caráter ideológicos que buscam fantasiar esta
realidade. Portanto, para este, o mundo globalizado pode ser construído em torno de
três facetas: aquele ao qual nos fazem crer, fantasioso dado influências de caráter
ideológico; aquele perverso mundo como este o é, estando demarcado por
profundos males espirituais e morais; aquele que poderia ser caso as técnicas
responsáveis pela constituição dessa realidade fossem utilizadas de forma a
alcançar outros objetivos, norteadas por outros valores (SANTOS, 2008, p.18-21).

O autor inicia o segundo capítulo, desta forma, destacando que para


compreender-se a globalização é necessário utilizar de uma ótica dupla: o estado da
técnica e o estado da política (SANTOS, 2008, p.23). Ambos os conceitos
responsáveis por influírem sob o outro de forma mútua: técnicas são oferecidas
como sistemas para se influir sobre determinado espaço em determinado momento
específico (SANTOS, 2008, p.23-24). Desta forma, uma técnica não pode ser
apreendida como um sistema estritamente abstrato, sendo passível de influência do
regime material da realidade.

Contudo, o autor destaca um fator importante: o final do século XX é tem


como elemento marcante o surgimento de uma técnica responsável por exercer um
elo sob as demais e, também, por alcançar direto ou indiretamente a totalidade
geográfica e social de uma nação (SANTOS, 2008, p.25). Assim, atores
hegemônicos dentre o processo da globalização encontram-se aptos a
homogeneizarem a realidade global através desta (SANTOS, 2008, p.25-27).
Através de tal técnica, associando-se a universalização do tempo e de
outros elementos, tais atores encontram-se aptos a constituição de um objetivo, uma
vocação única para a realidade: a modificação da realidade em torno de uma mais-
valia universal (SANTOS, 2008, p.29-31). Focados na produtividade, utilizando do
capital e da informação como seus pilares, estes atores possuem como objetivo
estrito impedir, unicamente, uma crise financeira dentre o sistema (SANTOS, 2008,
p.33-34).

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