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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


DISCENTE: Pedro Pereira Costanti Mendes (Noturno) RA:161221971
DOCENTE: Paula Regina de Jesus Pinsetta Pavarina
PERÍODO: Quarto Período
DISCIPLINA: Economia Internacional
CURSO: Relações Internacionais
Apreciação da Balança de Pagamentos do grupo Mercosul

O MERCOSUL, grupo fundado em 26 de março de 1991, tem por objetivo


constituir uma zona aduaneira com alguns países da América do Sul, tendo como
membros os respectivos países: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela
(suspensa até o momento1). Ainda, conta com a Bolívia em processo de adesão ao
grupo e com o Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Suriname e Peru como estados
associados. O seguinte trabalho tem por objetivo destacar alguns elementos da
balança comercial do grupo dentre o ano de 2021.

Inicializando o trabalho por informações genéricas, temos a consciência de


que o MERCOSUL, no ano de 2021, exportou, em bens, 227.024,8 milhões de dólares
e importou, em contrapartida, 162.458,1 milhões em dólares. Percebemos, portanto,
a existência de um superavit dentre a balança comercial do grupo, já que a diferença
entre suas exportações e importações correspondem ao valor 64.566,7 milhões de
dólares.

Contudo, antes de darmos continuidade quanto a dados específicos da


balança comercial do grupo, é necessário destacar que utilizaremos de informações
de dois países específicos: o Brasil e o Paraguai. A escolha desses dois atores se
deve, majoritariamente, pela proeminência econômica do primeiro no grupo e,
ademais, pelo fato de que o Paraguai, diferentemente do Brasil, apresentou uma
situação de déficit.

Voltando ao Mercosul de forma geral, percebemos que os dois principais


parceiros comerciais do grupo são a China e os EUA. A China corresponde a 31%
das exportações do grupo (ou 70.267,5 milhões de dólares) e 24,7% das importações

1
https://www.mercosur.int/pt-br/decisao-sobre-a-suspensao-da-republica-bolivariana-da-venezuela-
no-mercosul/. Acessado em: 02/11/2021.
(ou 40.162,2 milhões de dólares). Os EUA, em contraponto, correspondem a 10% das
exportações do grupo (ou 22,747,7 milhões de dólares) e 17,3% das importações (o
valor de 28,127 milhões de dólares). Portanto, temos uma situação de balança
comercial favorável com o estado chinês e, em contrapartida aos EUA, uma situação
desfavorável. Esse quadro específico será trabalhado posteriormente quando
tratarmos dos produtos importados e exportados pelo grupo.

Quanto aos atores aqui utilizados como balizadores, o Brasil apresenta


quadro similar ao grupo do Mercosul, apesar da China ser a principal exportadora do
Brasil – ultrapassando mesmo a categoria de resto dos países – correspondendo a
36,6% das exportações do país (um valor de 64.422,3 milhões de dólares). No caso
das importações executadas pela república brasileira frente o estado chinês, temos
um percentual de 23,3% (valor de 29.413 milhões de dólares. Quanto ao estado norte-
americano, temos um quadro parecidíssimo com o Mercosul: 10,8% das exportações
do Brasil (equivalente a 19.176,7 milhões de dólares) são para este e 18,7% de suas
importações são provenientes deste (no valor de 23.582,6 milhões de dólares).

Referente ao Paraguai, contudo, temos um caso bem atípico. O Chile, país


sul-americano e parceiro do grupo, correspondo ao principal destino das exportações
do país: 26,1% (equivalente a 706 milhões de dólares) são destinados a este. Os EUA
apenas aparecem em quinto lugar, responsáveis por absorver 4,7% das exportações
paraguaias (126,8 milhões de dólares) e, em contrapartida, 11,5% das importações
do país (equivalente a 568,2 milhões de dólares). Desta forma, é perceptível que o
país norte-americano parece encontrar-se em estado de superavit frente o grupo.

Agora, referente ao estado chinês, temos uma situação muito desfavorável


a nação do Paraguai. Apesar da República Popular Chinesa não aparecer entre os 15
principais destinos da exportação do país, esta corresponde por 45,1% das
importações do país (equivalente 2.231,2 milhões de dólares), sendo 3 vezes maior
do que o percentual da categoria dos restos dos países. Sobre isso, contudo,
trataremos mais adiante quando tratarmos dos produtos.

Voltando ao Mercosul, devemos destacar algumas outras situações de


balança comercial favorável ou desfavorável. A Alemanha, a exemplo, possuí uma
situação favorável frente o grupo de países do Mercosul: apesar de só receber 1,7%
das exportações do grupo (correspondendo a 3.909,6 milhões de dólares), o país é o
terceiro maior importador de produtos ao grupo, correspondendo a 5,8% das
importações (ou 9.365,1 milhões de dólares). Em contrapartida ao caso deste país
europeu, temos o caso de outros dois do mesmo continente: Espanha e Países baixos
mantém relação comercial de caráter desfavorável ao grupo. A Espanha corresponde
a 2,3% das exportações do grupo (5.282,8 milhões de dólares) e os Países Baixos
3,8% dos produtos exportados pelo grupo (8.614,7 milhões de dólares). Contudo,
quando tratando-se de importações, o país da Espanha apenas corresponde a 1,7%
das importações (2.836,8 milhões de dólares) e os países baixos sequer aparecem
dentre os 15 principais países responsáveis por importar produtos ao grupo.

Teríamos alguns outros países como exemplos dessa relação, como é o


caso russo, responsável por 2,3% das importações ao grupo (3.811,3 milhões de
dólares) – sendo que no caso Brasileiro, o país sequer aparece como um dos
principais exportadores, apesar de corresponder a 2,6% das importações do país
(3.129,4 milhões de dólares) – ou países do sudoeste asiático como Taiwan e
Tailândia, demarcados como importadores, mas não delimitados como destinos a
exportação. De fato, o único país do sudoeste asiático a aparecer como proeminente
em ambas as categorias é o Vietnã: responsável por 1,7% das exportações do grupo
e 1,7% das importações (respectivamente, 3.937,7 milhões de dólares e 2.720,1
milhões de dólares).

Agora seria interessante tratarmos das principais categorias de bens


comercializados e, também, das especificidades referentes a estes: quais,
especificamente, são os mais exportados ou importados. O principal conjunto de
produtos exportado pelo grupo caracteriza-se como sementes e frutos oleaginosos
[...], responsável por 16% das exportações (equivalente a 37,7 bilhões de dólares).
Seguido a estes, temos combustíveis minerais, óleos minerais com o percentual de
11% (especificamente 25,9 bilhões de dólares). Antes de continuarmos, é necessário
um adendo: dado o crescimento econômico constante do estado chinês nas últimas
décadas e a necessidade deste de recursos naturais de caráter energético, podemos
correlacionar a proeminência da exportação deste produto com a proeminência do
estado chinês como um dos principais destinos de exportação do Mercosul e, também,
de um dos atores como o Brasil.

Agora, dando continuidade, carnes e miudezas comestíveis correspondem


a 7,3% das exportações do grupo (16,6 bilhões de dólares). Aqui, temos um aspecto
interessante. O Paraguai, um dos atores aqui utilizados como balizador, apresenta
carnes desossadas bovinas congeladas como seu principal produto de exportação,
correspondendo a 20,3% destas (545 milhões de dólares). Ademais, temos a
presença de uma proeminente quantidade de carnes bovina desossada e fresca,
correspondendo a 17,1% das exportações (ou 457,4 milhões de dólares), além da
presença de outros elementos associados a pecuária bovina como couro, tripas e
miúdas, correspondendo a 3,8% (100,7 milhões de dólares) em conjunto.

Se compararmos quanto as importações do Paraguai, majoritariamente


centrados em torno de aparelhos eletrônicos – terminais portáteis de telefone
correspondem a 11,4% (564,1 milhões de dólares), maquinas digitais de
processamento e bateria correspondem a 2,4% (116,7 milhões de dólares) além de
roteadores digitais que correspondem a 1,1% (53,1 milhões de dólares) – e de
veículos de combustão (somando um percentual de 4,6% ou 226,2 milhões de
dólares), percebemos o porquê da situação desfavorável frente o estado chinês por
parte deste país. Majoritariamente exportando carne para outros países, boa parte de
suas importações, provavelmente dada a ausência de uma indústria deste caráter,
são voltadas a aparelhos eletrônicos, de sua maioria chinesa.

Retornando ao Mercosul, outro conjunto de produtos proeminentes para o


setor exportador do grupo são os resíduos alimentares, aos quais correspondem a
5,5% (equivalente a 12,4 bilhões de dólares) das exportações, além de Cereais,
responsáveis por 4,4% das exportações do grupo (o que representa um valor de 10
bilhões de dólares). No caso dos cereais, levando em consideração o Brasil, este
elemento possuí pouca proeminência para as exportações do país: apenas
representam 1,3% das exportações do país, equivalente a 2,3 bilhões de dólares.

Interessantemente, além desses produtos majoritariamente associados ao


agronegócio e a extração de recursos naturais, temos alguns elementos importantes
quanto as exportações do grupo: ferro fundido, ferro e aço correspondem a 3,5% (7,9
bilhões de dólares), reatores nucleares, caldeiras e maquinas adjuntos a aparelhos
mecânicos correspondem a 2,6% (5,9 bilhões de dólares) e, ainda, aeronaves e
aparelhos espaciais com um percentual correspondente a 0,75% (1,71 bilhões de
dólares). Esses elementos refletem, de certa forma, a capacidade industrial de
determinados países do grupo, mais especificamente o Brasil: devemos levar em
consideração, por exemplo, que o país possuí uma indústria automobilística
responsável por 1,8% das exportações, num valor de 3,1 bilhões de dólares.

Agora, tratando das principais importações do Mercosul, temos a


proeminência de um elemento que também é exportado pelo grupo: reatores
nucleares, caldeiras, maquinas e aparelhos mecânicos correspondem a 15% (ou 24,2
bilhões de dólares) das importações. Máquinas, aparelhos elétricos e aparelhos
associados a indústria do som correspondem a 14% das importações, ou 22,6 bilhões
de dólares. Esses elementos, refletem, de certa forma, como o mercado desenvolveu-
se dentro do grupo: majoritariamente voltado a exportação de produtivos associados
a práticas agropecuárias e extrativistas. Desta forma, a importação de elementos
complexos associados a maquinário industrial e tecnologia portátil tornam-se
proeminentes para o grupo por questões de necessidade.

Ainda, necessário constar que temos veículos – e isso possibilita que


lembremos do Paraguai, por exemplo – como um dos principais produtos importados:
5,9% das importações estão associadas a tal indústria (equivalente a 9,5 bilhões de
dólares).

Contudo, as importações não se restringem apenas a produtos


manufaturados. Temos a presença de combustíveis minerais e óleos minerais com
um percentual de 13% (20,5 bilhões de dólares). Além disso, adubos e fertilizantes
tornam-se outro elemento proeminente, correspondendo a 5,5% das importações (ou,
em dinheiro, 9,5 bilhões de dólares). Esse é um elemento proeminente pois demonstra
a dependência do sistema produtivo do grupo a importações, já que tais elementos
são proeminentes para a prática agrícola. Devemos lembrar, a exemplo, que o Brasil
tem pela Soja o seu principal produto exportador: corresponde a 17,8% de suas
exportações (31.779 milhões de dólares).

Ainda, interessantemente, quanto as importações, temos um elemento


associado a indústria farmacêutica. Segundo gráficos, 1% das importações do
Mercosul durante o ano de 2021 foram de vacinas (1.668,8 milhões de dólares). Esse
elemento, provavelmente, reflete a forma de que alguns países do grupo trataram da
pandemia, ficando a mercê da exportação de vacinas para tratar da pandemia
associada ao COVID-19.
Exposto com detalhes os elementos associados a balança comercial do
Mercosul, especificamente a suas exportações e importações de bens, agora
podemos tratar, por fim, da importação e exportação de serviços. O quadro
MERCOSUL 4 acabou em estado de déficit no período entre 2012 e 2020: 42.613,9
milhões de dólares foram gerados através de serviços exportados enquanto 64.588,6
milhões de dólares foram cedidos dada a importação de serviço, resultando em uma
balança de comercial negativa de 21.974,7 milhões de dólares.

A maioria dos serviços importados dentre o grupo foram no ramo da


arquitetura e engenharia civil, responsável por 39% (equivalente a 24,9 bilhões de
dólares), serviços associados ao ramo do transporte com um percentual de 17% (ou
11,2 bilhões de dólares) e telecomunicação, correspondendo a 13% (8,4 bilhões de
dólares). Vale a pena destacar a proeminência de serviços associados a importação
de propriedade intelectual: 8,4% do valor geral dos serviços importados,
correspondendo a 5,4 bilhões de dólares.

Quanto a esse aspecto, é interessante ver o desempenho dos atores aqui


selecionados como balizadores. O Brasil apresenta um quadro de importações bem
similar, apesar de que o ramo da importação de propriedade intelectual apenas
corresponde, no país, a 2% do valor total, equivalente a 869 milhões de dólares. O
Paraguai possuí um percentual similar ao Brasil nesse ramo, apesar deste
corresponder apenas a 18,5 milhões de dólares. Diferentemente do Mercosul,
contudo, o país tende a importar, majoritariamente, serviços associados ao ramo do
transporte: este corresponde a 46%, equivalente a 550 milhões de dólares.
Necessário dizer ainda que, diferentemente do Brasil e do Mercosul, o Paraguai
possuí uma balança comercial favorável no ramo dos serviços.

Quanto as exportações, serviços associados a engenharia e a arquitetura


representam, também, o carro chefe: 43% ou 18,1 bilhões de dólares. Contudo, além
do ramo dos transportes, temos o setor de viagens como mais proeminente do que o
ramo da telecomunicação no campo da exportação: enquanto o primeiro representa
14% (5,9 bilhões de dólares), o segundo representa 12% (5,1 bilhões de dólares). O
Brasil apresenta, em seu quadro de exportações, similaridade ao Mercosul. Contudo,
o Paraguai, possuí como segundo tipo de serviço mais proeminente para suas
arrecadações um tipo de serviço que sequer aparece no quadro do Mercosul: o serviço
de manufatura sobre insumos físicos, responsável por 18% de sua renda (equivalente
a 218 milhões de dólares).

Apresentado, desta forma, um quadro geral das relações comerciais do


Mercosul tanto no setor de bens quanto no setor de serviços, podemos delimitar que
sua balança de pagamentos é positiva. Apesar de seu déficit frente ao ramo dos
serviços – sendo destacado o caso específico paraguaio – o grupo possuí um grande
superavit, na casa dos 60 bilhões de dólares, quanto a exportação e importação de
bens. Isso tudo, majoritariamente, através de elementos associados a agropecuárias,
extração de recursos naturais e alguns poucos elementos da indústria manufaturada.

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