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Murillo et al.

alinhar a taxa de juros com o crescimento do


3.5 PRINCIPAIS PARCEIROS mercado financeiro à fim de manter o controle dos
preços.
No final de 2016, as reservas cambiais da
CHINA China atingiram o valor de US$ 3.010 bilhões, uma
redução de US$ 319,8 bilhões em relação ao
No atual cenário econômico mundial, a período anterior. A taxa de câmbio média do ano
China caracteriza-se como uma economia em foi de 6,66423 Yuan para cada Dólar americano,
crescimento exponencial, apontando-se como uma registrando uma depreciação da moeda em 6,2%
grande nação fornecedora e compradora de no período. Essa depreciação se deu
produtos para o Brasil e o mundo. principalmente pela fuga de capital privado,
No ano de 2016, assim como era motivado pelo anúncio de possíveis políticas
esperado pelo Banco Mundial, a China apresentou restritivas à China, por parte dos EUA, com a
um aumento no PIB de 6,7%, impulsionado ascensão do governo de Donald Trump ao poder.
principalmente pelo aumento dos gastos do A China terminou o ano com a inflação na
governo com ampliação da infraestrutura, bem casa dos 1,988% um aumento de
como a expansão de crédito, a maior da história aproximadamente 23% em relação ao ano
do país, no primeiro trimestre, além do grande anterior, entretanto, bem abaixo da meta oficial
crescimento do setor imobiliário no quarto estabelecida em 3% ao ano. Esse aumento se
trimestre. deve à alta global dos preços das commodities,
Por outro lado, houve fuga de capital, logo além do aumento no preço dos alimentos,
após a vitória de Donald Trump na eleição impulsionados pela queda na produção interna, e
presidencial dos EUA. Também, o resultado do dos imóveis chineses no quarto trimestre.
crescimento desenfreado do setor imobiliário, Esse aumento nos preços dos ativos
levou o governo chinês a adotar uma política imobiliários se deu principalmente pelo fomento ao
monetária mais restritiva, com intuito de suprimir crédito por parte do estado, o que alavancou o
as bolhas de preços de ativos. Foi adotado um setor, fazendo com que houvesse uma expansão
quadro de políticas macroprudenciais, para guiar o na casa dos 11% no período. Essa reação do
comportamento das instituições financeiras e setor imobiliário acabou impulsionando a produção
regulamentar o mercado imobiliário. Por outro de alguns setores da indústria, como a indústria de
lado, o financiamento transfronteiriço de cobertura aço e a indústria de carvão, fazendo com que
total foi expandido para todas as partes do país, estas apresentassem alguma melhora, depois de
gerando uma maior distribuição e fortalecimento um período de resultados negativos apresentados
do crédito. ao longo do ano anterior e parte do período atual.
Esse foi o menor crescimento dos últimos A China é considerada a maior produtora
26 anos para o país, entretanto, foi o terceiro de alimentos do mundo. A agricultura emprega
maior aumento do PIB no mundo para o ano. A cerca de um terço da população ativa e contribui
redução do crescimento chinês se explica com cerca de 9% do valor total do PIB. O país é o
principalmente pela dependência externa que o líder mundial na produção de arroz, algodão,
país possui, sendo que a queda na demanda batata e chá, bem como tem participação
mundial por produtos chineses induziu a esse importante na produção mundial de ovinos e
resultado. Isso acabou levando o governo chinês a suínos, além de ofertar grande quantidade de
pensar em reformas estruturais em seu modelo produtos da pesca. Entretanto, em 2016 a área de
econômico, com foco na redução da dívida grãos plantada, apresentou redução de 310 mil
externa, que fechou o ano em 3,8% do PIB, e hectares em comparação com a de 2015.
também uma economia mais dependente do setor Enquanto isso, a produção total de grãos caiu
interno. cerca de 5,20 milhões de toneladas.
No ano, as exportações da China caíram Apesar de apresentar uma leve
em 7,7%, enquanto as importações recuaram recuperação em alguns setores da indústria, bem
5,5%, em relação à 2015, registrando os piores como no setor imobiliário, que representam
resultados desde a crise de 2008. basicamente a metade do PIB chinês, 2016
Apesar das incertezas econômicas que realmente não foi um dos melhores anos para a
rondaram a economia chinesa, as autoridades economia chinesa.
agiram de forma proativa para manter a solidez da
política monetária, historicamente baseada no
fortalecimento do Yuan, a moeda chinesa, frente Tabela 3.13 – Índice de Inflação
ao dólar. Em 2016 o governo adotou medidas a
Inflação
fim de manter a liquidez da moeda, tais como a ANO
(anual)
redução das reservas de depósito, operações de
mercado aberto, facilidade no financiamento  2005 1,82%
permanente e de médio prazo.  2006 1,46%
Por conseguinte, a flexibilidade da taxa de  2007 4,75%
juros foi mantida dentro de um certo intervalo, para

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 2008 5,86% produtos exportados da China para o Brasil foram


os eletroeletrônicos, com destaque para aparelhos
 2009 -0,70%
e componentes de telefonia e telegrafia e
 2010 3,31% aparelhos receptores de rádio e televisão.
 2011 5,41% A balança comercial foi deficitária para a
 2012 2,62% China em US$ 11,77 bilhões no ano em questão.
A queda considerável nas exportações para o
 2013 2,62% Brasil, refletem bem a queda mundial da demanda
 2014 1,99% por produtos da China, o que levou à contenção
 2015 1,44% da expansão do PIB chinês.
Em relação ao Brasil, os alimentos têm
 2016 2,00% grande destaque na balança comercial entre os
Fonte: World Bank, 2017. países. No ano, a China importou US$ 18,26
bilhões em produtos do ramo alimentício do Brasil.
No geral, a indústria pesada do país não Esse valor representa cerca de 52% do valor total
apresentou melhoras, o que levou a uma recessão transacionado do Brasil para a China.
na região nordeste do país, região esta que é Em relação aos investimentos entre os
muito dependente deste setor. O aumento do países, em 2016 a China enviou ao Brasil US$
crédito acabou gerando bolhas imobiliárias que 879 milhões em investimentos diretos (IDE), sendo
precisaram ser controladas pelo governo. Houve que o setor de serviços foi o mais beneficiado,
grande interferência das empresas estatais, o que absorvendo 96,24% do total. Esse valor de IDE é
acabou alimentando a especulação. significativamente maior que em 2015, houve um
A dívida das empresas estatais atingiu aumento de 378,88%.
cerca de 145% do PIB, enquanto o resultado das A pesar da economia chinesa ser o foco
empresas privadas neste quesito foi ainda pior, de atração dos investimentos diretos do exterior, o
atingindo um endividamento de cerca de 210% do Brasil investiu na China, a irrisória quantia de US$
PIB. As reservas cambiais do país apresentaram 20 milhões em IDE no ano de 2016, uma queda de
diminuição, o que obrigou as autoridades 51,22% em relação ao ano anterior.
monetárias a adotarem políticas de controle dos O grande aumento de crédito na China em
investimentos, além de deteriorar a qualidade dos 2016, não foi observado apenas no mercado
ativos bancários. doméstico, a superabundância das linhas de
Por outro ângulo, mesmo com situações crédito chinesas beneficiou também o setor
tão adversas, a China conseguiu apresentar um externo, onde a América Latina e principalmente o
crescimento considerável para o ano, indo na Brasil tiveram acesso à grandes montantes de
contramão de várias economias mundiais, que crédito. A China cedeu para a América Latina,
apresentaram queda do PIB, inclusive o Brasil. US$ 21,2 bilhões no ano, sendo que US$ 15
bilhões foram para o Brasil, o que representa
Relação Bilateral: Brasil x China cerca de 72% do total. Para se ter ideia da
representatividade do empréstimo chinês para a
A China possui fortes acordos bilaterais
América Latina, o montante de crédito vindo da
com o Brasil. Em Junho de 2012, os dois países
China foi maior que o crédito concedido ao bloco
assinaram o Plano Decenal de Cooperação entre
pelo Banco Mundial e pelo Banco Interamericano
o Governo da República Federativa do Brasil e o
de Desenvolvimento juntos.
Governo da República Popular da China, um plano
Além da América Latina e do Brasil, vários
com duração entre 2012 à 2021, cujos objetivos
outros países pelo mundo, principalmente os
são assinalar as áreas prioritárias e os projetos-
menos desenvolvidos, também se beneficiaram do
chaves em ciência e tecnologia e inovação;
crédito chinês. Por outro lado, a forte injeção de
cooperação econômica; e intercâmbio entre os
crédito no mercado mundial por parte da China,
povos de ambos os lados.
elevou os riscos para os mercados de créditos de
Em 2016, a China exportou US$ 23,36
alguns países, principalmente dos EUA, apontou
bilhões para o Brasil, o que representa uma queda
uma pesquisa realizada pela agência Fitch com
de 23,94% comparado a 2015. Por outro lado,
investidores de renda fixa.
importou US$ 35,13 bilhões do Brasil,
apresentando queda de 1,33% em relação ao ano
anterior. O saldo da balança comercial foi
deficitário para a China em US$ 11,8 bilhões um Referências Bibliográficas
déficit 140,78% maior do que em 2015.
Os principais produtos importados do
Brasil para a China resumem-se em commodities, BACEN:
com destaque para a soja, minério de ferro e óleos http://www.bcb.gov.br/htms/Infecon/SeriehistFluxoI
brutos do petróleo. Por outro lado, os principais nvDir.asp
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Crescimento Variação
MDIC: http://www.mdic.gov.br/comercio-exterior Ano ( t )
do Podruto ( t-1 )

National Boreau of Statistics of China: http:// 2010 10,63% 1,23%


www.stats.gov.cn/english/. 2011 9,53% -1,10%

PORTAL G1: http://g1.globo.com/economia/noti- 2012 7,85% -1,68%


cia/2015/11/brasil-e-china-podem-contagiar-mer- 2013 7,75% -0,10%
cado-de-credito-dos-eua-diz-fitch.html
2014 7,29% -0,46%
SANTANDER: 2015 6,90% -0,39%
https://pt.portal.santandertrade.com/internacionaliz 2016 6,70% -0,20%
e-se/china/fluxos-de-ied-2
2017 6,90% 0,20%
The People’s Bank of China: http://www.pbc.gov- Fonte: World Bank, 2018.
.cn/english/130727/index.html
O bom desempenho da economia chinesa
UNCTAD: http://unctad.org/en/Pages/Home.aspx em 2017 pode ser explicado pela melhoria no
setor industrial, onde a participação da indústria
Valor Econômico: http:// continuou a expansão começada em 2016; esse
www.valor.com.br/internacional/4842658/econo- aumento na produção industrial levou a um
mia-da-china-cresce-68-no-4-trimestre-e-67-em- aumento nos investimentos privados,
2016 principalmnete nas indústrias transformadoras. A
China foi o segundo país que mais recebeu
World Bank: https://data.worldbank.org/ investimento estrangeiro direto (IED) em 2017,
indicator/BX.KLT.DINV.CD.WD? cerca de US$ 135 bilhões, uma alta de 7,9% em
name_desc=false&view=chart relação a 2016. Foi o maior montante de IED
recebido na história da economia chinesa e ficou
Valor Econômico: atrás apenas dos EUA como país que mais
http://www.valor.com.br/internacional/5040616/chi recebeu esse tipo de investimento. Segundo o
na-pib-cresce-69-ao-ano-no-2-trimestre-mercado- Ministério do Comércio da China, foram abertas
esperava-68 35.652 novas empresas estrangeiras no país em
2017, uma alta de 27,8% em relação ao período
anterior.
Também, a política de reforma estrutural
da economia chinesa, com intuito de desenvolver
o mercado interno, parece ter surtido efeito em
2017, uma vez que houve uma expansão no
consumo interno.
A política monetária adotada pelo governo
2017 chinês manteve-se praticamente constante entre
2016 e 2017. O Banco Popular da China (PBC)
Em 2017, a China apresentou um colocou em ação uma política monetária sólida,
crescimento do PIB de 6,9%, valor maior que o com instrumentos de open Market, mecanismos
crescimento de 2016 que apresentou 6,7% de de empréstimos a médio prazo, mecanismos de
expansão, e também, maior que as expectativas liquidez temporária, entre outros mecanismos que
do Banco Mundial e do próprio governo chinês, permitiram estabilizar a liquidez da economia.
que previam um aumento de 6,5% para o ano de Com isso, o governo conseguiu criar um
2017. O crescimento acima do esperado foi ambiente monetário e financeiro adequado para as
possível, principalmente, pelos resultados do reformas estruturais no lado da oferta colocadas
primeiro trimestre de 2017, onde a economia em prática. A adoção de tais políticas monetárias
chinesa apresentou uma expansão também de também surtiu efeito no controle de bolhas,
6,9%. Desde de 2014, foi a primeira vez que o PIB principalmente no setor imobiliário que teve uma
da China no primeiro trimestre de um ano forte aceleração à partir do quarto trimestre de
apresentou melhora em relação ao último trimestre 2016.
do ano anterior. Também, foi a primeira vez em No ano analisado, as exportações da
sete anos que a China voltou a apresentar China totalizaram um aumento de 8,48% em
crescimento na taxa de produto de um ano para o relação ao ano anterior. Por sua vez, as
outro. importações registraram um montante crescente
de 16,15%. Percebe-se que as importações
Tabela 1.1 – Variação do PIB cresceram à uma taxa superior às exportações.
Com isso, houve uma redução de

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aproximadamente 15,08% no superávit da balança 9.00


comercial chinesa, de um período para outro. 8.00
7.00
Tabela 2.1 - Resultado da Balança 6.00
Comercial da China 2016/2017 (US$ 5.00
Trilhões). 4.00
Ano X M BC 3.00
2.00
2017 2,76 1,84 0,92
1.00
2016 2,10 1,59 0,51 0.00
Fonte: Trading Economics, 2018. 01 03 05 07 09 11 13 15 17
20 20 20 20 20 20 20 20 20
Devido à sólida política monetária adotada Fonte: Federal Reserve Bank, 2018.
pelo PBC, o governo chinês continuou a prática de
fortalecimento do Yuan frente ao Dólar Americano. No final de 2017, a inflação média anual
Depois de alguns períodos de grande registrada na China foi de 1,85%, o que
desvalorização da moeda, após dois anos o representou uma queda de 6,84% no avanço dos
governo chinês voltou a comprar moeda preços ao consumidor, uma vez que a inflação
estrangeira, numa tentativa de fortalecer o Yuan, média anual registrada em 2016 foi de 1,98%.
com intuito de inserir essa moeda como unidade Assim como em 2016, a inflação registrada em
monetária base no comércio internacional. No final 2017 foi bem menor do que a meta estabelecida
do período de 2017, as reservas cambiais pelo governo, que era de 3% ao ano. A principal
chinesas totalizavam US$ 3,14 trilhões, variável observada para a taxa de inflação abaixo
apresentando um aumento de aproximadamente da meta governamental foi a queda geral no preço
4,32% em relação ao final de 2016, onde as dos alimentos. A China é o principal consumidor
reservas cambiais eram de US$ 3,01 trilhões. de alimentos do mundo, devido a sua grande
Entretanto, apesar das decisões adotadas população, desta forma, quaisquer variações nos
pelo PBC, a taxa de câmbio média anual foi de preços destes têm grandes impactos para a
6,75875 Yuans por Dólar Americano, valor 1,41% economia. Em 2017 os preços dos alimentos
maior que a taxa média anual registrada em 2016 caíram em aproximadamente 16,9% em relação
que era de 6,66423 Yuans. Ou seja, essa variação ao ano anterior, o que fortaleceu ainda mais o
significa que a moeda chinesa se desvalorizou, consumo das famílias.
embora em uma taxa relativamente baixa, frente à
moeda norte-americana, de um período para o Gráfico 4.2: Variação dos Preços de
outro. Alimentos 2016/2017
Essa continuidade da desvalorização do 20.00%
Yuan se dá pela estrutura da economia chinesa.
Embora o regime de câmbio na China seja, 15.00%
teoricamente, considerado semi-variável - desde o
abandono do regime de câmbio fixo em 2010 - o 10.00%
governo utiliza-se de medidas legais para controlar 5.00%
a taxa cambial. Isso acaba gerando críticas no
mercado mundial, principalmente dos EUA e da 0.00%
União Europeia, que chamam de protecionista e 6 6 6 6 7 7 7 7
01 01 01 01 01 01 01 01
desleal tal política, uma vez que aumenta os -5.00%I 2 I 2 I 2 I 2 I 2 I 2 I 2 I 2
R R R R R R R R
preços dos produtos importados pelos chineses, 1º T 2º T 3º T 4º T 1º T 2º T 3º T 4º T
-10.00%
fortalecendo o mercado interno. Realmente, ao
longo de alguns anos, o controle da taxa de Fonte: National Bureau of Statistics of China,
câmbio permitiu à China desenvolver algumas 2018.
indústrias locais, gerando impactos positivos na
economia. Apesar de ser uma grande importadora de
alimentos, a China também possui uma enorme
Gráfico 4.1 – Variação Cambial Yuan/Dólar matriz produtiva no setor agropecuário.
Americano 2001/2017 Atualmente, a nação é líder mundial na produção
de arroz, batata e chá. Também, tem grande
participação na produção mundial de milho, trigo,
ovinos e suínos. Por outro lado, é a nação que
mais consome soja no mundo – tanto para
consumo humano, quanto para alimentação
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animal - absorvendo mais da metade de toda a No contexto atual a China é o segundo


produção mundial. maior investidor estrangeiro da economia
Depois de apresentar uma redução de 310 brasileira. No comércio, além de ser a maior
mil hectares de área de grãos plantada em 2016, compradora dos produtos brasileiros, agora,
em 2017 houve uma nova queda, com redução de também é a principal fornecedora de produtos
817 mil hectares. Entretanto, a produtividade das para o Brasil, desbancando os EUA. Em 2012, os
plantações aumentaram, o que permitiu uma alta dois países assinaram o Plano Decenal de
de 0,3% na produção de grãos em relação ao ano Cooperação entre o Governo da República
anterior, registrando cerca de 617,9 milhões de Federativa do Brasil e o Governo da República
toneladas, a segunda maior produção da história Popular da China, um plano com duração prevista
para o país. entre 2012 à 2021, cujos objetivos são assinalar
Diferentemente de 2016, o ano de 2017 foi as áreas prioritárias e os projetos-chaves em
considerado um bom ano para a economia ciência e tecnologia e inovação; cooperação
chinesa, não só pelo fato do produto ter econômica; e intercâmbio entre os povos de
apresentado crescimento além do esperado, mas ambos os lados.
também pela recuperação de setores chaves, Além dos grandes investimentos feitos
principalmente o setor de serviços, a indústria e pela China no Brasil, principalmente no setor de
também pela melhora no consumo interno. energia, as relações comerciais entre os dois
A renda disponível per capita da China países são fortemente concentradas, do lado
teve aumento de 7,3% comparada ao período chinês, pela grande importação de commodities,
anterior, desta forma, o consumo das famílias foi principalmente soja, petróleo e minério de ferro; e
responsável por 58,8% do crescimento econômico pelo lado brasileiro, pela importação de produtos
da China em 2017, acrescido principalmente pelas eletrônicos.
vendas varejistas, que apresentaram alta de Em 2017, a China importou do Brasil um
10,2% em relação a 2016, segundo o National montante de aproximadamente US$ 47,49 bilhões,
Bureau of Statistics of China (NBS). O setor de o que representou um aumento de 35,14% em
serviços, por sua vez, apresentou expansão de relação a 2016, onde o país asiático havia
8,2% na comparação ano a ano. importado cerca de US$ 35,14 bilhões do Brasil.
Embora os investimentos tenham crescido Esse aumento significativo de importação de
em um ritmo menor em 2017, comparado a 2016, produtos brasileiros pela China é explicado,
houve uma expansão no montante investido em principalmente, pela queda nos preços das
ativos fixos de 7,2%, registrando US$ 9,8 trilhões, commodities no mercado internacional.
o que representa aproximadamente 81,86% do Lembrando que as commodities representam a
produto interno bruto chinês. Os setores que mais grande maioria dos produtos adquiridos pelo país
receberam investimentos diretos foram os de alta asiático do Brasil.
tecnologia e fabricação de máquinas, com Por outro lado, a China exportou para o
aumento em 17% e 8,6% respectivamente, de um Brasil aproximadamente US$ 27,33 bilhões em
ano para outro. A indústria primária obteve ganhos 2017, contra aproximadamente US$ 23,36 bilhões
de investimentos de 11,8%; a indústria secundária em 2016, um aumento de 17% na comparação
apresentou alta de 3,2%; e a indústria terciária entre os períodos. A melhora nas expectativas e
apresentou crescimento no nível de investimentos no desempenho da economia brasileira, além da
na casa dos 9,5%. queda nos preços de produtos eletrônicos, foram
Grande parte dos investimentos na China as principais características que explicam esse
se deu via empresas estatais, que representaram aumento nas importações brasileiras de produtos
aproximadamente 36,87% do montante total, chineses.
mostrando mais uma vez a forte interferência que
o governo chinês exerce na economia do país. Tabela 3.1: Balança Comercial China x
Com isso, a dívida pública ficou em torno de Brasil FOB (US$ bilhões)
18,6% do PIB, contra um valor de 16,1% no ano Ano X M BC
anterior.
A divida externa também aumentou 2017 27,33 47,49 (20,16)
percentualmente em relação ao PIB, indo de 2016 23,36 35,14 (11,78)
12,65% em 2016 para 13,97% em 2017. Embora a Fonte: MDIC, 2018.
dívida externa chinesa esteja em uma tendência
de crescimento, a maior parte da dívida é emitida Diante dos dados apresentados, percebe-
em moeda local e muitas vezes são mantidas por se que houve um aumento no déficit comercial da
empresas estatais, o que acaba diminuindo os China em relação ao Brasil. Enquanto o déficit foi
riscos de inadimplência. de aproximadamente US$ 11,78 bilhões em 2016,
em 2017 esse valor subiu para aproximadamente
US$ 20,16 bilhões, um aumento de 71,13%. Isso
Relação Bilateral: China x Brasil ajuda a explicar o porquê da China ter se tornado
em 2017 o principal parceiro econômico do Brasil.

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Para se ter ideia do tamanho da Em outra perspectiva, pelo critério de país


importância das exportações de commodities controlador, onde são considerados os
brasileiras para a China, os cinco produtos mais investimentos do país que possui o efetivo
importados do Brasil pela China em 2017 foram, controle das empresas, a China enviou para o
em ordem decrescente, a soja; minérios de ferro e Brasil um montante recorde em IED, cerca de US$
seus concentrados; óleos brutos de petróleo ou de 10,9 bilhões, o que representa um aumento de
minerais betuminosos; pastas químicas de 159,52%, ante os US$ 4,2 bilhões enviados em
madeira; e carne bovina congelada; 2016. Conforme citado anteriormente, o setor de
representaram cerca de 86,61% de todo o total energia é o principal destino dos investimentos
exportado do Brasil para a China. chineses no Brasil, recebendo cerca de um terço
de todo o montante. Outras áreas importantes,
Tabela 4.1: Principais Produtos exportação com menor participação, são: atividades
do Brasil Para China em 2017 financeiras; extração de petróleo e gás; fabricação
de produtos químicos; fabricação de máquinas e
Cód. Descrição US$ FOB equipamentos.
A maior parte dos investimentos chineses
no Brasil se caracterizam por fusões e aquisições
1201 Soja 20,310 bi 42,77e não na planta produtiva do país, o que pode
acabar diminuindo os benefícios dos
Minérios de investimentos, uma vez que estes não estão
2601 Ferro e Seus 10,393 bi 21,88necessariamente ampliando a capacidade
Concentrados produtiva, já que estão adquirindo empresas já
instaladas. Em 2017 o valor em aquisições
Óleos Brutos
chinesas no Brasil foi de US$ 10,68 bilhões, contra
de Petróleo
US$ 11,92 bilhões em 2016. Apesar de ter havido
2709 ou de 7,351 bi 15,48
uma diminuição de um ano para outro, de 10,40%,
Minerais
a participação total da China nas aquisições de
Betuminosos
empresas brasileiras cresceu, passando de
Pastas 32,57% em 2016 para 35,06% no ano seguinte.
4703 Químicas de 2,147 bi 4,52 Além de realizar grandes investimentos no
Madeira Brasil, A China também é uma grande
financiadora da economia brasileira, assim como
da economia latino-americana. Em 2017, dos
Carne Bovina
0202 928,89 mi 1,96aproximados US$ 9 bilhões emprestados da China
Congelada para a América Latina, cerca de US$ 5,3 bilhões,
ou seja 58,9%, foram para o Brasil. A grande
Total 41,130 bi 86,61
maioria desse valor foi absorvido pela Petrobras,
que recebeu em 2017 cerca de US$ 5 bilhões, na
Fonte: MDIC, 2018.
tentativa de melhorar o perfil do seu
endividamento.
Por outro lado, ao analisar os cinco
principais produtos exportados da China para o
Brasil em 2017, a participação dos mesmos é de Referências Bibliográficas
aproximadamente 20,30% do total entre os dois
países. Assim, é possível afirmar que o mercado BACEN: Disponível em:
de exportações da China para o Brasil é mais <http://www.bcb.gov.br/htms/Infecon/SeriehistFlux
dinâmico do que o mercado de importações entre oInvDir.asp>.
eles.
No que se refere aos investimentos entre BAUMANN, Renato. Presença da China: Brasil e
os países, em 2017 o Brasil enviou para a China América do Sul. SEAIN/MP e UnB. Disponível em:
um montante de aproximadamente US$ 3,0 <http://www.funag.gov.br/ipri/images/Dialogos_inte
milhões em IED, o que representa uma queda rnacionais/20180320_ppt_Baumann.pdf>. Acesso
acentuada na casa dos 85%, uma vez que em em: 03/05/2018 às 14:00 horas.
2016 o Brasil havia investido US$ 20 milhões. Em
contrapartida, pelo critério de investidor imediato, FEDERAL RESERVE BANK: Disponível em:
onde são considerados investimentos advindos do <https://www.federalreserve.gov/releases/h10/hist/
país de domicílio de empresas não residentes que dat00_ch.htm>.
investiram diretamente na subsidiária ou filial no
Brasil, em 2017 o Brasil recebeu um montante de
US$ 643 milhões em IED da China, valor 26,85%
menor do que o registrado em 2016.
Bol. Conj. Econ./UEM, n.68, p. 17-28, Dezembro, 2016
Murillo et al. 7

HORA DO POVO: Disponível em: 10,70% no valor bruto em relação ao mesmo


<http://horadopovo.org.br/author/horadopovo/ período de 2016. A produção industrial por sua
>. Acesso em 27/04/2018 ás 10:00 horas. vez cresceu 6,6% no final de setembro de 2017,
em relação a setembro de 2016. As vendas no
MDIC: Disponível em: varejo também apresentaram crescimento no
<http://www.mdic.gov.br/comercio- terceiro trimestre de 2017, cerca de 10,2% em
Exterior>. relação ao mesmo período de 2016, mostrando,
portanto, o fortalecimento do consumo das
MINISTRY OF AGRICULTURE OF CHINA: famílias.
Disponível em: <http://english.agri.gov.cn/service/
ayb/> Gráfico 1.1: Crescimento do PIB Chinês
por Trimestre
NATIONAL BUREAU OF STATISTICS OF
CHINA: Disponível em: <https://www.quandl.com/
data/NBSC-National-Bureau-of-Statistics-of-
China>.

RIBEIRO, Mariana; SABINO, Marlla. Nos Últimos


Anos, Brasil Se Tornou O Principal Beneficiário
Dos Empréstimos Chineses. Poder 360.
Disponível em:
<https://www.poder360.com.br/internacional/desde
-2005-china-emprestou-us-150-bilhoes-a-america-
latina/>. Acesso em: 03/05/2018 às 15:00 horas. Fonte: National Bureau of Statistics of China,
2018.
SANTANDER: Disponível em:
<https://pt.portal.santandertrade.com/internacionali No terceiro trimestre de 2017 o Banco
ze-se/china/fluxos- de-ied- 2>. Popular da China (PBC) continuou direcionando
as políticas monetárias para a estabilização do
The People’s Bank of China: Disponível em: crescimento, a redução do índice de alavancagem
<http://www.pbc.gov.cn/english/130727/ e a contenção de bolhas imobiliárias. Também, o
index.html>. PBC continuou o fortalecimento do crédito para
áreas prioritárias, consideradas de baixo
TRADING ECONOMICS: Disponível em: desempenho para a economia, com o intuito de
<https://tradingeconomics.com/china/indicators>. desenvolvê-las.
Para controlar a liquidez do sistema
UNCTAD: Disponível em: bancário, o PBC adotou variados instrumentos de
<http://unctad.org/en/Pages/Home.aspx>. política monetária, incluindo operações de
empréstimo permanente (SLF) e operações de
Valor Econômico: Disponível em: empréstimo de médio prazo (MLF). No período
<http://www.valor.com.br/brasil/5237373/chineses- analisado o volume de SLF’s registrou 63,7
avancam-na-fatia-de-fusoes-e-aquisicoes- bilhões de yuans, utilizados para suprir a
estrangeiras-no-pais>. necessidade de liquidez de curto prazo. Enquanto
isso, o volume de MLF’s foi de 1,57 trilhões de
World Bank: Disponível em: yuans, suprindo a necessidade de liquidez de
<https://data.worldbank.org/indicator/BX.KLT.DINV médio e longo prazo.
.CD.WD?name_desc=false&amp;view=chart>. O estoque agregado de financiamento
cresceu 13% no período, um aumento de 0,5
3º Trimestre de 2017 ponto percentual em relação ao terceiro trimestre
de 2016. A base monetária apresentou um
Assim como nos demais trimestres do ano, montante de 30,6 trilhões de yuans o que
no terceiro trimestre de 2017 o PIB da China representa uma queda de 77,5 bilhões de yuans
cresceu acima do projetado pelo governo. desde o início do ano. Por outro lado, houve um
Conforme o gráfico 1.1, no período houve uma aumento de 5,15% da base monetária do terceiro
redução de 1,47% no crescimento do terceiro trimestre de 2017, comparado com o mesmo
trimestre de 2017 em relação aos dois trimestres período de 2016.
anteriores. Entretanto, houve um crescimento de Nesse período, o Yuan se fortaleceu frente
6,8% em relação ao mesmo período de 2016, ao Dólar Americano. No final de setembro de 2017
ocasionado principalmente pelo consumo interno e a taxa de câmbio Yuan/Dólar foi de 6,6369,
pelo crescimento dos setores da construção e a representando uma valorização de 0,89% na
indústria. paridade central da moeda chinesa, em relação ao
No período analisado, o setor da mesmo período de 2016.
construção civil apresentou crescimento de

Bol. Conj. Econ./UEM, n.68, p. 17-28, Dezembro, 2016


8 BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA: SETOR EXTERNO E COMÉRCIO EXTERIOR

Em relação ao comércio, conforme 1.83% 1.91%


1.77%
mostrado no gráfico 2.1, a balança comercial da 1.66%
1.48%
China no terceiro trimestre de 2017 apresentou um 1.37%
superavit de US$ 11,71 bilhões, valor 16,23%
menor do que o mesmo período de 2016, que
apresentou superávit de US$ 13,98 bilhões.
A queda no superavit da balança 29,20%
comercial chinesa é explicada por um aumento
maior das importações em relação às exportações
da China para o resto do mundo. No período
analisado, as exportações apresentaram aumento Julho Agosto Setembro
de 6,91%, enquanto as importações cresceram - 13,09%
14,74%. O crescimento das importações chinesas - 19,13%
foi ocasionado, principalmente, pela compra de 2017 2016 Diferença
combustíveis e minérios de ferro, para abastecer Fonte: Trading Economics, 2018.
os setores da construção e a indústria.
O terceiro trimestre de 2017, embora
Gráfico 2.1: Balança Comercial da China tenha apresentado um desempenho inferior aos
no Terceiro Trimestre 2016/2017 (US$ dois primeiros trimestres do ano, foi bom para a
Bilhões) economia chinesa. O PIB cresceu além do
70.00 esperado pelo governo; os preços manteram-se
60.00 55.29 59.11 abaixo do teto proposto; a indústria o e setor da
50.00 47.40 construção civil, que têm grande importância no
40.00 41.31 sistema econômico chinês, continuaram a
30.00 apresentar bom desempenho.
20.00 13.98
11.71
10.00 3.82 6.09
0.00 Relação Bilateral: China x Brasil
Exportações Importações Saldo
-10.00
3º TRI 2016 3º TRI 2017 Variação-2.27 No que se refere ao comércio entre os
países, a China exportou para o Brasil cerca de
Fonte: Trading Economics, 2018. US$ 7,65 bilhões no terceiro trimestre de 2017, o
que representa um aumento de 27,93%. Por outro
Ao final do terceiro trimestre de 2017, o lado, a China importou do Brasil cerca de US$
índice de preços ao consumidor da China foi de 11,18 bilhões no mesmo período, representando
1,66%, representando um recuo de 13,09% no um aumento de 31,37%. Como as importações
nível de preços, em relação ao mesmo período de cresceram mais que as exportações, o déficit
2016. Essa queda nos preços gerais entre os comercial da China com o Brasil aumentou em
períodos teve grande influência da queda dos 40,08% no período analisado.
preços dos alimentos, onde a taxa de inflação para
os alimentos no terceiro trimestre de 2017 foi de - Tabela 1.1 – Balança Comercial Entre
2,70%. China x Brasil
O gráfico 3.1 permite observar que a
inflação esteve sempre abaixo do valor estipulado Períod
como teto pelo governo chinês, que era de 3% o Exp Imp Saldo BC
para o ano de 2017. Jul 2,24 bi 3,83 bi -1,59
Ago 2,62 bi 3,99 bi -1,37
Gráfico 3.1: Índice de Preços ao
Consumidor Set 2,79 bi 3,36 bi -0,57
Total 7,65 bi 11,18 -3,53
Fonte: Mdic, 2018.

Os números mostram como as relações


comerciais entre os países se fortaleceram no
terceiro trimestre, assim como em todo o ano de
2017. Embora as exportações para o Brasil
tenham aumentado, o que ajudou a China superar
os EUA como o maior fornecedor de produtos para
o Brasil em 2017, as importações tiveram peso
maior na relação. Isso porque os principais
Bol. Conj. Econ./UEM, n.68, p. 17-28, Dezembro, 2016
Murillo et al. 9

produtos importados do Brasil pela China são FEDERAL RESERVE BANK: Disponível em:
commodities, principalmente soja, petróleo e seus <https://www.federalreserve.gov/releases/h10/hist/
derivados e também minério de ferro. Com o dat00_ch.htm>.
aquecimento da indústria e do setor da construção
na China, houve grande aumento na importação HORA DO POVO: Disponível em:
de petróleo e minério de ferro, o que favoreceu as <http://horadopovo.org.br/author/horadopovo/
exportações brasileiras. >. Acesso em 27/04/2018 ás 10:00 horas.
Em relação aos investimentos entre os
países, no período analisado houve uma grande MDIC: Disponível em:
diminuição no fluxo de investimentos, pelo critério <http://www.mdic.gov.br/comercio-
de investidor imediato. No terceiro trimestre de Exterior>.
2017, as empresas chinesas enviaram para o
Brasil cerca de US$ 14 milhões, o que representa MINISTRY OF AGRICULTURE OF CHINA:
uma diminuição de 96,64% frente os US$ 417 Disponível em: <http://english.agri.gov.cn/service/
milhões enviados no mesmo período de 2016. Por ayb/>
outro lado, não houve regresso de IED’s enviados
do Brasil para a China em nenhum dos períodos NATIONAL BUREAU OF STATISTICS OF
analisados. CHINA: Disponível em: <https://www.quandl.com/
data/NBSC-National-Bureau-of-Statistics-of-
Tabela 2.1 – Fluxo de IED da China para o China>.
Brasil 2016/2017
IED - Ingresso - Participação do Capital – RIBEIRO, Mariana; SABINO, Marlla. Nos Últimos
(US$ milhões) Anos, Brasil Se Tornou O Principal Beneficiário
2016 2017 Dos Empréstimos Chineses. Poder 360.
Disponível em:
Jul 4 mi 7 mi 75% <https://www.poder360.com.br/internacional/desde
Ago 303 mi 6 mi -98,02% -2005-china-emprestou-us-150-bilhoes-a-america-
Set 110 mi 1 mi -99,09% latina/>. Acesso em: 03/05/2018 às 15:00 horas.
Total 417 mi 14 mi -96,64
Fonte: Bacen, 2018. SANTANDER: Disponível em:
<https://pt.portal.santandertrade.com/internacionali
Em relação aos empréstimos ze-se/china/fluxos- de-ied- 2>.
intercompanhias, houve um aumento de 150% no
total enviado de empresas chinesas para as The People’s Bank of China: Disponível em:
empresas no Brasil. No terceiro trimestre de 2017 <http://www.pbc.gov.cn/english/130727/
as empresas brasileiras receberam aportes no index.html>.
valor de US$ 10 milhões, sendo que haviam
recebido cerca de US$ 4 milhões no mesmo TRADING ECONOMICS: Disponível em:
período de 2016. <https://tradingeconomics.com/china/indicators>.
Outro fator de destaque nas relações entre
China e Brasil no terceiro trimestre de 2017 foi a UNCTAD: Disponível em:
aquisição da usina hidrelétrica de São Simão pela <http://unctad.org/en/Pages/Home.aspx>.
empresa chinesa SPIC, que venceu o leilão de
concessão com oferta de US$ 7,18 bilhões. Essa Valor Econômico: Disponível em:
foi a maior operação de fusão e aquisição para o <http://www.valor.com.br/brasil/5237373/chineses-
período no Brasil, fazendo com que, novamente, a avancam-na-fatia-de-fusoes-e-aquisicoes-
China figurasse entre os maiores investidores estrangeiras-no-pais>.
estrangeiros no Brasil.
World Bank: Disponível em:
<https://data.worldbank.org/indicator/BX.KLT.DINV
Referências Bibliográficas .CD.WD?name_desc=false&amp;view=chart>.

BACEN: Disponível em:


<http://www.bcb.gov.br/htms/Infecon/SeriehistFlux
oInvDir.asp>. 3.5.3 CHINA
BAUMANN, Renato. Presença da China: Brasil e 3.5.3.1 Evolução do PIB chinês
América do Sul. SEAIN/MP e UnB. Disponível em:
<http://www.funag.gov.br/ipri/images/Dialogos_inte No terceiro trimestre de 2019, a
rnacionais/20180320_ppt_Baumann.pdf>. Acesso economia chinesa registrou sua menor taxa
em: 03/05/2018 às 14:00 horas.
de crescimento real do PIB, cerca de 6% em

Bol. Conj. Econ./UEM, n.68, p. 17-28, Dezembro, 2016


10 BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA: SETOR EXTERNO E COMÉRCIO EXTERIOR

comparação com o mesmo período do ano de Apesar das incertezas sobre a


2018. Esse resultado se encontra dentro do economia chinesa e a guerra comercial com
intervalo de taxas de crescimento estimadas os Estados Unidos, as exportações chinesas
pelo governo, de 6% a 6,5%. No entanto, o apresentaram valores positivos. No terceiro
resultado de 6% ficou abaixo das trimestre de 2019, o valor das exportações
expectativas, que previam uma taxa de 6,1% chinesas aumentou 6,1% em relação ao
para a segunda maior economia do mundo. trimestre anterior, as importações diminuíram
2,9%, resultando em um aumento de 58% no
Em relação aos setores da economia
saldo da balança comercial chinesa.
chinesa, no terceiro trimestre de 2019,
Ressalta-se que a China apresentou superávit
verificou-se que o setor agrícola registrou um
comercial no período.
aumento 2,9% em comparação ao mesmo
De acordo com o gráfico 3.20, em
período do ano anterior. Os setores industrial,
relação ao terceiro trimestre de 2018, as
de construção civil e de comércio registraram
exportações da China aumentaram 3,2%, já
aumento de 5%, 6,1% e 5,5%,
as importações diminuíram em 8,6%. Por fim,
respectivamente. Além disso, destaca-se o
o saldo da balança comercial apresentou um
crescimento do setor de tecnologia, que
aumento de 91%.
novamente apresentou o maior crescimento
O resultado das importações foi
do período, cerca de 18%.
consequência da guerra comercial com os
O resultado foi consequência da EUA, que apresentou alguns atritos durante o
guerra comercial com os Estados Unidos, que período. Em setembro de 2019, o governo
dura mais de 1 ano. Apesar do aparente americano seguiu com o plano de tarifar cerca
sucesso das negociações entre China e EUA de US$ 112 bilhões em produtos chineses, o
em junho de 2019, em agosto, novos atritos governo chinês, por sua vez, também
entre os países geraram novas especulações anunciou retaliações sobre produtos
de taxações de ambos os lados. americanos.
No entanto, no final de setembro,
ambos os países começaram a retirar tarifas
10.00 sobre produtos, devido ao fato de que as
8.00 6.8 6.7 6.5 6.4 6.4 empresas nacionais desses países estarem
6.2 6
6.00 sendo negativamente impactadas pela guerra
4.00
comercial. Deste modo, o governo chinês
2.00
isentou de tarifas cerca de 13 produtos norte-
0.00
8 8 8 8 9 9 9 americanos, já o governo norte-americano
01 01 01 01 01 01 01
/2 /2 /2 /2 /2 /2 /2 isentou cerca de 400 produtos chineses.
T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3

Taxa de crescimento real do PIB (%)

Gráfico 3.19 – Crescimento real do PIB


chinês 2018- 2019 em comparação com o
mesmo período do ano anterior.
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do
NBS e FRED, 2019

Além disso, dado o contexto


internacional, o governo chinês continuou sua
política monetária expansiva adotada no
primeiro trimestre de 2019, a fim de estabilizar
sua economia internamente.
3.5.3.2 Balança comercial chinesa
Bol. Conj. Econ./UEM, n.68, p. 17-28, Dezembro, 2016
Murillo et al. 11

Gráfico 3.20 – Evolução da balança


comercial chinesa, variação em relação ao
mesmo período do ano anterior.
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do FRED e
SAFE, 2019

As exportações chinesas registraram


um valor positivo durante o terceiro trimestre
de 2019, tal fato foi consequência da
desvalorização do yuan face ao dólar.

3.5.3.3 Taxa de câmbio


Gráfico 3.22 – Evolução do IPC chinês,
De acordo com o gráfico 3.21, no
variação de acordo com mesmo período
terceiro trimestre de 2019, a taxa de câmbio
do ano anterior.
Yuan/Dólar registrou um valor médio de 7,02. Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do FRED,
Uma desvalorização de 2,9% em relação ao 2019
trimestre anterior.
3.5.3.5 Conclusões sobre a economia
chinesa
A economia chinesa sentiu, pelo
segundo trimestre seguido, as consequências
econômicas dos atritos comerciais com os
EUA. No entanto, a política de desvalorização
do yuan face ao dólar possibilitou que as
exportações chinesas registrassem valor
positivo no período.
Apesar de alguns atritos, houve um
Gráfico 3.21 – Evolução trimestral da taxa desaquecimento dos embates comerciais
de câmbio (Yuan/Dólar). entre EUA e China. Por outro lado, os
Fonte: Elaboração própria, dados do FRED, 2019. protestos em Hong Kong intensificaram um
cenário interno de crise política e social na
Em comparação com o terceiro segunda maior economia mundial.
trimestre de 2018, a taxa de câmbio chinesa
apresentou uma desvalorização de 3,2%. Para o quarto trimestre de 2019,
Esse valor foi a maior relação entre yuan e especialistas esperam que a China apresente
dólar em 11 anos, o que ocasionou crescimento de 5,8%, estabelecendo um
acusações por parte do governo norte- crescimento de 6,1% no ano.
americano de manipulação cambial.
3.5.3.4 Inflação 3.5.3.6 RELAÇÃO BILATERAL CHINA X
Conforme o gráfico 3.22, no terceiro BRASIL
trimestre de 2019, o índice de preços ao
No terceiro trimestre de 2019, as
consumidor chinês registrou valor médio de
2,86%. Tal valor representa um aumento de exportações brasileiras para a China
24% em relação ao terceiro trimestre de 2018. registraram valor de US$ 16 bilhões, e as
importações, US$ 8,7 bilhões, resultando em
um saldo da balança comercial brasileira com
a China superavitário em US$ 7,4 bilhões.
Em comparação com o segundo
trimestre de 2019, verificou-se uma queda de
5% das exportações brasileiras para a China,
além disso, as importações aumentaram 12%,

Bol. Conj. Econ./UEM, n.68, p. 17-28, Dezembro, 2016


12 BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA: SETOR EXTERNO E COMÉRCIO EXTERIOR

levando à uma diminuição de 19,6% do saldo BANCO CENTRAL DO BRASIL, Sistema


da balança comercial. Gerenciador de Séries Temporais, 2019.
Disponível em: <https://www
3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarS
eries.do?
method=prepararTelaLocalizarSeries>
BRITISH BROADCASTING CORPORATION,
A quick guide to the US-China trade war,
2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/
news/business-45899310>
FEDERAL RESERVE OF ST. LOUIS, FRED
Data, 2019. Disponível em:
<https://fred.stlouisfed.org/>

Gráfico 3.23 - Balança comercial entre MINISTÉRIO DA ECONOMIA, Boletim de


Brasil e China, valores em bilhões de Investimentos Estrangeiros, 2019.
dólares. Disponível em:
Fonte: Elaboração própria, dados do MDIC, 2019 <http://www.economia.gov.br/central-de-
conteudos/publicacoes/boletim-de-
De acordo com o gráfico 3.23, na investimentos-estrangeiros/arquivos/boletim-
comparação trimestral as exportações de- estrangeiros-paises-selecionados_no-
brasileiras para a China diminuíram 8%, 01_2019.pdf>
enquanto as importações aumentaram 13%,
MINISTÉRIO DA INDUSTRIA, COMÉRCIO
levando a uma queda de 24% do saldo da
EXTERIOR E SERVIÇOS, Comex Stat,
balança comercial.
2019. Disponível em:
Durante o terceiro trimestre de 2019, <http://comexstat.mdic.gov.br/pt/home>
apesar da retomada das exportações de
NATIONAL BUREAU OF STATISTICS OF
carne bovina para a China, as exportações
CHINA, NBSC Annual Data, 2019.
brasileiras diminuíram, resultado do
Disponível em:
desempenho da economia brasileira no
<http://www.stats.gov.cn/engolis/Statisticaldat
período, aliado à queda das importações
a/AnnualData/>
chinesas e a intensificação do embate China
e EUA, que reduz o crescimento global e o THE PEOPLE’S BANK OF CHINA, Monetary
preço das commodities. Policies Report, 2019. Disponível em:
<http://www.pbc.gov.cn/en/3688229/3688353/
Já as importações de produtos
3688356/3830461/index.html>
chineses para o Brasil cresceram, devido ao
aumento de todas as categorias de consumo UNITED NATIONS TRADE CONFERENCE
no Brasil e ao aumento das exportações ON AND DEVELOPMENT, Unctad Statistic,
chinesas, impulsionada pela desvalorização 2019. Disponível em: <https://unctad.org/en
do yuan para competir no mercado /Pages/statistics.asp>
internacional.
WORLD BANK, World Bank Open Data,
De acordo com a cartilha de 2019. Disponível em:
investimento chineses no Brasil (2019), para o <https://data.worldbank.org/>
terceiro trimestre de 2019 eram esperados
cerca de US$ 9 bilhões, no entanto, o valor CONSUMER NEWS AND BUSINESS CHAN-
total dos investimentos chineses divulgado foi NEL, China says its economy grew 6% in
de US$ 874 milhões. the third quarter, slower than expected,
2019. Disponível em: <https://
3. REFERÊNCIAS
Bol. Conj. Econ./UEM, n.68, p. 17-28, Dezembro, 2016
Murillo et al. 13

www.cnbc.com/2019/10/18/china-q3-gdp-bei- <https://www.china-briefing.com/news/the-us-
jing-posts-economic-data-amid-trade-war- china-trade-war-a-timeline>
with-us.html>

CHINA BRIEFING, The US-China Trade


War: A Timeline, 2019. Disponível em:

Bol. Conj. Econ./UEM, n.68, p. 17-28, Dezembro, 2016

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