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CENÁRIO

MACROSSETORIAL
MUNDIAL
E BRASILEIRO

jul/19
ECONOMIA MUNDIAL
PANORAMA DO 1º SEMESTRE 2019

Após registrar forte crescimento de 2017 até o 1º semestre de 2018, a atividade econômica
mundial perdeu dinamismo ao final de 2018 e manteve baixo ritmo de crescimento ao longo
do 1º semestre de 2019. Esse movimento se deu por conta de incertezas relacionadas à:

a) queda de volume do comércio internacional em função de conflitos comerciais mundiais,


principalmente entre EUA e China por imposição de tarifas que inibiram os volumes
comercializados;
b) dúvidas quanto à manutenção do ritmo de crescimento norte-americano;
c) questões conturbadas sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit);
d) ameaça de recessão na Área do Euro influenciada pela queda de confiança dos
consumidores e;
e) China mostrando uma redução significativa em seu ritmo de crescimento, constituindo-se
em uma fonte relevante de impacto na desaceleração econômica mundial nesse período.

Essa desaceleração global influenciou na queda dos preços das commodities negociadas no
mercado internacional no 1º semestre de 2019, tendo o CRB (Commodity Research Bureau),
índice que mede os preços das commodities no mercado internacional, registrado queda
de 0,5% no acumulado desse período. Esse movimento teve impacto também nos preços
das commodities negociadas no mercado brasileiro, tendo o IC-Br (Índice de Commodities
Brasil) contabilizado queda no resultado do índice total em 6,1%, como resultado do recuo
dos seus três componentes: Energia (-10,9%, principalmente pela queda no preço do petróleo);
Agropecuária (-5,8%) e Metálicas (-1,6%).

Outro impacto advindo das incertezas ao final de 2018, especialmente por conta da guerra
comercial entre EUA e China, está relacionado ao mercado acionário norte-americano que viu o
seu índice S&P 500 fechar o ano com queda de 20%.

No entanto, o mesmo índice voltou a se recuperar no 1º Semestre de


2019 fechando em alta de 17,4%, respondendo positivamente a uma
ação menos agressiva de elevação da taxa básica de juros no país,
adotada pelo Federal Reserve Bank, atingindo em junho o intervalo de
2,25%-2,50% ao ano.

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Pelo lado dos indicadores macroeconômicos divulgados para as principais economias, o 1º
Sem-19 foi marcado por um mix de bons e ruins resultados, destacando que, para as economias
analisadas por esse documento, todas tiveram seus preços dentro das metas inflacionárias, não
sendo este fundamento, portanto, uma ameaça para um desequilíbrio inflacionário.

Veja agora uma análise dos principais mercados mundiais:

ESTADOS UNIDOS
O PIB do país no 1º trim-19 registrou em sua base anualizada alta de 3,1%, ficando acima da
expectativa do mercado, que projetava alta de 2,3% e do 4º trim-18, que registrou alta de
2,2%. A contribuição para este resultado veio:

a) das exportações líquidas impactadas pela queda das importações e;


b) formação de estoques.

Do lado dos preços esses se mantiveram controlados e dando espaço as ações de


redução de juros visando estimular a economia. Quanto à produção industrial, a variação
percentual anualizada em maio-19 registrou alta de 2,0%, seguindo uma trajetória de queda
comparativamente a 3,8% registrada em dez-18. O PMI, índice que incorpora o índice
industrial e a percepção dos empresários do setor de serviços recuou 2,4 pontos nesse 1º
semestre de 2019, vindo do patamar de 54,1 em dez-18 para 51,7 em jun-19 refletindo o recuo
da indústria manufatureira nesse mesmo período.

ÁREA DO EURO
O PIB na região, em sua base anualizada, atingiu no 1º trim-19 leve alta de 1,2%, ficando dentro
do consenso de mercado e igual ao 4º trim-18. Vale destacar que essa taxa do 1º trim-19 veio
bem abaixo de 2,5% registrada no 1º trim-18.

Um dos principais motivos para essa desaceleração diz respeito ao nível de confiança do
consumidor na região, que sofreu forte queda de 7,8% em dez-18 e manteve resultados
próximos ao longo desse semestre, atingindo em junho-19 um resultado negativo de 7,2%.

A produção industrial apresentou em sua variação percentual anualizada para maio-19


resultado de -0,5%, representando uma melhora quando comparado com dez-18 que sofreu
forte queda de 4,2%, mas mantendo ainda assim, a atividade econômica fragilizada. O PMI
subiu 1,1 ponto nesse 1º semestre de 2019, vindo do patamar de 51,1 em dez-18 para 52,1 em
jun-19 compatível com leve melhora ocorrida nos resultados da indústria manufatureira,
mesmo com a indústria se mostrando ainda em ritmo lento de recuperação.

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CHINA
O PIB do país, em sua base anualizada, atingiu no 2º trim-19 alta de 6,2%, ficando dentro
do consenso de mercado que era de 6,2% e comparativamente a 6,4% registrado no 4º
trim-18. Esse resultado que ficou abaixo de 6,7% registrado no 2º trim-18 é reflexo das
medidas comerciais adotadas a partir do conflito comercial com os EUA. Outro fator
relevante que se estendeu foi o aperto às linhas de crédito que vinham sendo controladas
desde 2017 objetivando a redução da alavancagem das empresas, tendo esse movimento
sendo revertido na segunda metade de 2018 com impactos positivos no início de 2019, se
transformando em um aumento de 40% no fluxo de novos empréstimos no início do 1º
sem-19.

Do lado da produção industrial, esta apresentou em sua variação percentual anualizada


para jun-19 resultado de 6,3%, representando uma melhora quando comparada com dez-
18, cuja variação foi de 5,7%. Esse recuo é reflexo da queda dos volumes transacionados no
comércio internacional em virtude da guerra comercial entre o país e os EUA. O PMI Chinês
registrou queda de 1,8 ponto nesse 1º semestre de 2019, vindo do patamar de 52,4 em
dez-18 para 50,6 em jun-19 como resultado da queda de confiança dos empresários a partir
também dos conflitos comerciais com os EUA, em decorrência da percepção de possível
redução dos volumes de exportação no médio e longo prazo.

PIB das Principais Regiões


Taxa de Crescimento Anualizada

Fonte: Trading Economics

Produção Industrial das Regiões PMI - Purchasing Managers Index


% Mensal Em Pontos

Fonte: Trading Economics Fonte: Trading Economics

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PERSPECTIVAS PARA O 2º SEMESTRE 2019
Os conflitos comerciais, principalmente entre EUA e China desde o final de 2018 e ao
longo do primeiro semestre de 2019, recaíram fortemente sobre as perspectivas da
atividade econômica, com as projeções de crescimento mundial sendo revisadas para baixo
comparativamente ao que se projetou no final de 2018 e início de 2019. Portanto, para o 2º
semestre de 2019 são esperadas:

A “guerra tarifária” entre EUA e China Economia Global: Continuidade


seguirá como o principal vetor para de desaceleração do crescimento
o crescimento mundial. EUA ameaça mundial. Redução do PIB de 3,5%-
aumentar ainda em 2019 a tarifa de 3,6% projetado no final de 2018 para
10% implementada no final de 2018 o ano de 2019, para algo em torno
sobre US$ 200 bi, para 25% sobre o de 2,9%-3,1% projetado no final do 1º
restante de US$ 325 bi dos produtos sem-19 para o final de 2019. Deverá
importados da China, sob a justificativa ocorrer uma maior flexibilização
do Presidente Donald Trump de dos juros domésticos em grande
que as negociações com o governo parte dos países, ou seja, juros
chinês estão avançando de forma internacionais com tendência de
muito lenta. A continuidade desta queda até o final de 2019.
disputa comercial está incorporada
nas projeções de crescimento mundial
feitas pelo mercado.
Área do Euro: Banco Central
Europeu deverá também praticar
redução de seus juros. PIB previsto
EUA: Banco Central norte- para 2019 é de 1,0% não ficando
americano deverá praticar redução muito diferente do que se previa no
de seus juros. PIB previsto para 2019 início de 2019. Inflação sob controle.
é de 2,3%, após ter sido projetado
em 2,9% no início do ano. Inflação
seguirá sob controle.
China: Seguirá mantendo um
estímulo fiscal de forma mais
moderada e o governo chinês será
cauteloso quanto à flexibilização dos
juros no país. PIB previsto para 2019
é de 6,0%, após ter sido projetado
em 6,2% no início do ano. Inflação
seguirá sob controle.

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América Latina: A atividade Commodities: Não está prevista
econômica dos principais países aceleração dos preços das
deverá seguir mais frágil do que commodities. Deverão se manter de
o esperado no início de 2019 estáveis a possíveis quedas, exceto
sob o efeito da desaceleração minério de ferro que seguirá em
econômica mundial. Uma política elevação e, portanto, se descolando
monetária mais flexível das principais das demais commodities.
economias, principalmente dos EUA,
deverá manter as moedas desses
países com menor depreciação
frente ao dólar.

PROJEÇÕES PARA AS PRINCIPAIS REGIÕES


PIB IPC
REGIÃO
2018 2019 2020 2018 2019 2020

GLOBAL 3,7% 2,9%-3,1% 2,9% - - -

EUA 2,2% 2,3% 1,3% 2,7% 2,2% 2,7%

ÁREA
1,8% 1,0% 0,9% 1,8% 1,3% 1,6%
DO EURO

CHINA 6,4% 6,0% 6,1% 2,1% 2,3% 2,5%


Fonte: FMI e fontes de mercado.

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ECONOMIA BRASILEIRA
PANORAMA DO 1º SEMESTRE 2019
A partir de nov-18, com a perspectiva de No entanto, a partir de mar-18, com sinais
que o até então candidato à Presidência da tanto de fragilidade do governo para
República Jair Bolsonaro, percebido pelo aprovar a reforma da previdência, como de
mercado como a melhor opção para colocar desaceleração da economia mundial para
o Brasil nos trilhos do crescimento venceria 2019, o índice de confiança começou a recuar
as eleições para o mandato de 2019 à 2022, o e registrou no período de mar-18 a mai-18
índice de confiança do empresário mostrou queda de 8 pontos, chegando ao patamar
uma melhora significativa em 9,5 pontos, de 56,5 pontos. No entanto, em jun-18, já
saindo de 53,7 pontos em out-18 para 63,2 com um cenário de avanço e melhora na
pontos em nov-18. Com a confirmação de perspectiva de aprovação do texto principal
sua eleição, o patamar do índice se manteve da reforma da previdência em primeira
até fev-19, quando se iniciou as discussões instância (Câmara dos Deputados), ainda que
em torno da força do novo governo com ajustes, o índice se elevou ligeiramente
para promover as reformas propostas e em 0,4 ponto, chegando a 56,9 pontos. Essa
necessárias para a retomada da credibilidade aprovação de fato se realizou no último dia
do país frente aos investidores nacionais e 11-Jul-19 com 379 votos a favor e contempla
estrangeiros. um impacto fiscal positivo para os cofres
públicos na ordem de R$ 960 bilhões em
Foi nesse ambiente de euforia que o dez anos, e visa diminuir o vultuoso déficit
ano de 2019 se iniciou, cujas expectativas do sistema que retira da economia recursos
giravam em torno dessas reformas, destinados à novos investimentos, saúde e
especialmente sobre a reforma da educação.
previdência, vista pelo mercado como o
fundamento de maior relevância para a Nesse contexto de 1º semestre mais
manutenção da saúde financeira dos gastos conturbado do que se previa, o PIB
totais do governo para os próximos anos, brasileiro sofreu aproximadamente
condicionando-se a isso a retomada do 17 revisões para baixo, impactado
crescimento do país de forma robusta e principalmente pela ruim performance da
sustentável. indústria desde o 2º sem-18 até mai-19,
compatível com o recuo dos indicadores
de confiança comentados acima, bem
como, com a queda de 1,3 ponto na
média dos 3 primeiros meses de 2019 da
capacidade instalada da indústria geral
comparativamente ao nível médio de 2018,
mostrando leve aumento de ociosidade.
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Apesar das incertezas apresentadas ao 18 sinalizando, juntamente com a inflação
longo desse 1º sem-19, o risco-país se sob controle, um ambiente favorável para
elevou moderadamente e, portanto, possível redução dos juros no 2º sem-19
juntamente à manutenção de entrada visando reativar a economia brasileira. Sobre
de investimentos externos estrangeiros isso entendemos que as reduções de juros
e saldos comerciais positivos, contribuiu ocorridas até mar-18, que normalmente
para que a taxa cambial se mantivesse surtem efeito após 6 meses de sua
com baixa volatilidade, onde apesar de aplicação, não foram suficientemente
alguns eventos pontuais apreciarem o dólar capazes de estimular a atividade econômica
norte-americano frente ao real, a moeda se do país, haja visto os ruins resultados da
manteve com relativa estabilidade. Dessa indústria desde o final de 2018 e ao longo
forma, o Real (R$) fechou jun-19 no patamar deste 1º sem-19, nos mostrando que a
de R$ 3,8588 versus R$ 3,8851 em dez-18, o ambiente de negócios no mercado
se valorizando, portanto, em 0,7% frente à brasileiro possivelmente está em busca de
moeda norte-americana. novos estímulos ou ajustes para voltar a
reagir, independentemente do recurso de
Do lado da inflação, os índices de preços, queda de juros praticadas pelo governo
tanto ao produtor como ao consumidor para esse fim.
se mantiveram em níveis baixos
comparativamente a 2018. Do lado dos Portanto, esse 1º semestre de 2019 foi
juros básicos definidos pelo governo, estes marcado por bons e ruins resultados que
seguem no mesmo patamar desde mar- podem ser avaliados abaixo:

PIB: A economia brasileira recuou em 0,2% quando comparada com o 4º trim-18 e, no 1º


Trim-19 sobre o 1º Trim-18 avançou 0,5%, após ter registrado, na mesma base de comparação,
1,1% no final de 2018, ficando dentro das expectativas do mercado. Esta taxa é a mais fraca
desde o 1º trim-17, impactada pela desaceleração do consumo das famílias que recuou de 1,5%
em 2018 para 1,3% nesse trimestre e do investimento. Por outro lado, os gastos do governo
subiram 0,1%, recuperando-se de uma contração de 0,7% no trimestre anterior. Do lado das
exportações, estas subiram 1,0%, ficando abaixo do ganho de 12% no último trimestre de 2018
versus as importações que caíram 2,5% contra 6% no 4º trim-18.

Produção Industrial: A indústria brasileira acumulou de jan-mai/19 um ganho de 1,4%, mas em


mai-19 comparativamente a abr-19 registrou queda de 0,2%, após ter apresentado ganho de
0,3% de mar-19 para abr-19. Esse movimento de quedas e elevações têm sido uma realidade
para a indústria desde o 2º sem-18. O resultado de mai-19 versus maio-18 foi de alta de 7,1%,
após uma queda significativa de 3,9% em abr-19, pois esse movimento de forte elevação em
mai-19 sobre mai-18 se deu por conta de uma base baixa registrada em mai-18 por conta da
greve dos caminhoneiros em 2018.

Inflação: A inflação no período de jan-jun/19 se manteve comportada tanto para os índices


ao produtor, como para os índices ao consumidor. O IGP-M registrou neste período variação
acumulada de 4,38% versus variação acumulada de 5,39% no mesmo período de 2018. Do lado
do IPCA, índice de preço ao consumidor utilizado pelo governo para definir meta inflacionária,
a variação acumulada de jan-jun/19 foi de 2,23% versus variação de 2,60% para o mesmo
período de 2018. Os principais grupos que contribuíram para o resultado do 1º sem-
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19 foi Alimentação e Habitação, que no mesmo período, acumularam variação de 2,89% e
2,17%, respectivamente, destacando que no grupo Habitação, energia elétrica residencial e
combustíveis domésticos foram os principais responsáveis pelo resultado do grupo.

Taxa de Câmbio: As expectativas em relação às reformas propostas pelo novo governo,


especialmente a da reforma da previdência e, o cenário externo sinalizando para dúvidas
quanto ao fim da guerra comercial entre EUA e China, com impacto sobre o crescimento
global, em alguma medida trouxeram incertezas quanto para o mercado brasileiro no 1º
semestre de 2019. No entanto, os saldos comerciais positivos com impacto para a melhora
do saldo de transações correntes e a manutenção de entradas de investimentos diretos
estrangeiros para o Brasil, trouxeram relativo equilíbrio para o mercado cambial. O dólar
dos EUA em alguns momentos ao longo do semestre se elevou, mas ao analisar o semestre
como um todo, o Real (US$) se valorizou em 0,7% frente à moeda norte-americana, saindo
de R$ 3,8851 para R$ 3,8588 de reais por dólar. O que se observou ao longo do semestre é
que a oscilação da taxa nesse patamar manteve resultados positivos tanto para os volumes
exportados quanto os importados.

Taxa de Juros: A última vez que o Banco Central do Brasil alterou a taxa básica de juros da
economia brasileira foi em Mar-18, trazendo de 6,75% para 6,50% ao ano, patamar esse que
continuou ao longo do 1º sem-19.

PIB - Brasil Produção Industrial Total


Taxa de Crescimento Anualizada % Mensal

Fonte: Trading Economics e IBGE Fonte: Trading Economics e IBGE

Inflação - Brasil
Preços ao Produtor e ao Consumidor
Índice Dez/18 = 100 Taxa Cambial

Fonte: IBGE e Projeção: COSTDRIVERS Fonte: Banco Central do Brasil e Projeção: COSTDRIVERS

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PERSPECTIVAS PARA O 2º SEMESTRE 2019
A sequência dos desdobramentos da reforma da previdência e do comportamento do
crescimento econômico mundial em função da guerra comercial entre EUA e China, são os
vetores para as previsões econômicas para o 2º semestre de 2019 no Brasil. Portanto, é esperado:

PIB: A atividade econômica deverá manter ritmo lento de crescimento com base em mais
cautela no consumo das famílias e investimentos. O mercado acompanhará os desdobramentos
da reforma da previdência que seguirá para aprovação no Senado. O PIB para 2019 deve ficar
entre 0,7% e 0,8% no ano.

Inflação: Os índices de inflação seguirão com baixa pressão e o IPCA deverá se manter dentro da
meta inflacionária. Para 2019 é esperado para o IPCA: 4,12% e para o IGP-M: 7,19%.

Taxa Cambial: A expectativa de juros mais baixos no mercado internacional, a perspectiva de


bons resultados dos saldos comerciais e de investimentos diretos estrangeiros deverão manter
o Real (R$) com baixa volatilidade frente ao dólar norte-americano. O Real (R$) deve atingir em
dez-19 o patamar de R$ 3,9000.

Juros: Acreditamos que o governo deva aguardar os desdobramentos da reforma da previdência


para decidir quanto a um novo patamar da taxa básica de juros. No entanto, o mercado já conta
com novos cortes visando estimular a economia, devendo chegar ao final de 2019 em 5,50% aa.

PROJEÇÕES MACROECONÔMICAS BRASIL

INDICADOR 2018 2019 2020

PIB (% DE CRESCIMENTO ANUAL) 1,1% 0,8% 1,7%

INFLAÇÃO (% ANUAL) - IPCA 3,7% 4,12% 3,82%

INFLAÇÃO (% ANUAL) - IGP-M 7,5% 7,19% 5,99%

TAXA DE JUROS (% ANUAL) 5,5% 5,00% 5,00%

TAXA DE CÂMBIO – R$ / US$


(FINAL DE PERÍODO)
3,8851 3,9065 3,9724

Fonte: COSTDRIVERS e Fontes de Mercado

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CENÁRIO SETORIAL
E OS IMPACTOS
PARA SUPRIMENTOS
INTRODUÇÃO
A VOLATILIDADE DAS COMMODITIES
DURANTE O 1º SEMESTRE DE 2019

As commodities são mercadorias negociadas em bolsas de valores ao redor do mundo. Os seus


preços são formados no mercado internacional e historicamente possuem uma alta volatilidade,
pois são influenciados por uma série de fatores como clima, demanda, choques de oferta,
nível de estoques, entre outros fatores que causam oscilações. Por essas mercadorias servirem
de matéria prima para muitas indústrias, é essencial compreender o comportamento das
commodities.

Ao observar os preços do petróleo neste primeiro semestre de 2019, é importante destacar


os principais fatores que influenciaram os preços. No início do ano, as cotações dos barris
de petróleo seguiam em um patamar mais baixo em função dos altos níveis de estoque e
expectativas de aumento na produção dos EUA.

Em meados de abril, observamos o petróleo Brent atingir o valor de US$74,11 por barril após
ocorrerem novos anúncios de corte de produção pela Organização dos Países Exportadores
de Petróleo (OPEP), além das sanções já impostas contra Irã e
Venezuela causarem uma expectativa de pressão na oferta. Desde
então, o preço começou a cair e em junho, o barril do Brent chegou
a custar US$60,55. Esta queda acentuada foi causada pelas tensões
comerciais existentes entre EUA e China que aplicaram altas tarifas
nas transações comerciais. Com a guerra comercial, é esperado um
enfraquecimento da economia mundial e diminuição da demanda,
além dos altos níveis de estoque de petróleo nos EUA que devem
manter o valor do barril no patamar atual.

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As commodities metálicas passam por um cenário caótico desde janeiro, quando ocorreu o
rompimento de uma barragem da Vale, na região de Brumadinho. Após o desastre, ocorreram
algumas mudanças regulatórias no setor que culminaram na interrupção de 10 barragens que não
voltarão a ser utilizadas pela mineradora. Isto corresponde a uma diminuição de 10% da produção
anual da Vale, ou seja, 40 milhões de toneladas/ano.

Em abril, outro importante produtor mundial de minério de ferro, a Austrália, anunciou uma
redução na sua produção devido a passagem de um ciclone. Com estes cenários de redução na
oferta global, os preços do minério de ferro atingiram valores recordes, em torno de US$130/
tonelada, o que representa um aumento superior a 50%.

Quando observamos os preços de cobre e alumínio, o cenário foi bem diferente, uma vez que o
consumo mais moderado, principalmente da China, deixou os preços mais estáveis e em alguns
momentos ocorreram quedas.

ACUMULADO DO 1º SEMESTRE DE 2019

COMMODITIES (GERAL) AGRÍCOLAS METAIS ENERGIA

-6,13% -5,76% -1,55% -10,97%

ÍNDICE DE COMMODITIES BRASIL - IC-BR


Base Dez/18 = 100

Fonte: Banco Central do Brasil e Projeção: COSTDRIVERS

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COMBUSTÍVEIS
PANORAMA DO 1º SEMESTRE 2019
Petróleo: As cotações da commodity Gasolina e Diesel: Seguindo as cotações do
caíram fortemente nos últimos dois petróleo, ambos tiveram comportamento
meses em função da expectativa de muito semelhante de alta no início do ano, mas
redução na demanda e reflexo de começam a responder à queda do petróleo. Em
uma menor projeção de crescimento julho a Petrobrás reduziu o preço da gasolina
econômico global. As incertezas e do diesel nas refinarias em 4,42% e 3,84%,
envolvendo China e Estados Unidos respectivamente, o menor valor desde fevereiro
recaem sobre as estimativas, para a gasolina.
esfriando a atividade comercial.
Etanol: Durante o primeiro semestre o etanol
Do lado da oferta contribui o fato da se destacou por ter ganhado competitividade
produção norte americana continuar frente a gasolina. Os altos estoques de açúcar
apresentando grandes volumes de em 2018 jogaram as cotações do produto pra
extração. baixo, fazendo com que os produtores de cana
voltassem suas safras para o etanol.

Os preços começaram a cair entre abril e maio, em resposta ao grande volume de produção,
aumentando ainda mais a vantagem contra a gasolina. Os próximos meses ainda devem ser de
preços baixos para o etanol, mas com possibilidade de diminuição da vantagem do etanol por
conta das expectativas de baixa do petróleo.

ACUMULADO DO 1º SEMESTRE DE 2019

DIESEL GASOLINA ETANOL PETRÓLEO BRENT* PETRÓLEO WTI*

3,12% 2,36% -2,79% 9,30% 11,54%


*Preços em Dólares

COMBUSTÍVEIS - Preços em R$
Índice Dez/18 = 100

FonteS: ANP, CEPEA e Projeção: COSTDRIVERS

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PERSPECTIVAS PARA O 2º SEMESTRE 2019
Os conflitos comerciais, principalmente entre EUA e China desde o final de 2018 e ao longo
do primeiro semestre de 2019, recaíram fortemente sobre as perspectivas da atividade
econômica, com as projeções de crescimento mundial sendo revisadas para baixo
comparativamente ao que se projetou no final de 2018 e início de 2019. Portanto, para o 2º
semestre de 2019 são esperadas:

Gasolina e Diesel: O cenário atual é de estabilidade até o fim do ano, considerando os estoques
de petróleo nos EUA e a perspectiva de demanda mundial mais branda sugerindo que não há
muito espaço para uma forte subida nos preços nos próximos meses.

Etanol: Os próximos meses ainda devem ser de preços baixos para o etanol, porém com
possibilidade de diminuição da vantagem do etanol, por conta das expectativas de baixa do
petróleo. A sazonalidade da safra da cana também pode influenciar com elevação de preços mais
próximo do final do ano.

COMMODITIES AGRÍCOLAS
PANORAMA DO 1º SEMESTRE 2019

Milho: Os estoques brasileiros Soja: Como consequência da produção recorde


da commodity cresceram de 2018, os estoques do grão estão altos no Brasil
gradativamente ao longo dos e em nível internacional, chegando a recordes nos
primeiros meses do ano, com Estados Unidos. Mesmo com a produção menor
desempenho positivo das lavouras e do que no ano passado, a alta estocagem fez com
boa produtividade e as estimativas que os preços caíssem no acumulado do primeiro
da Conab apontaram aumento na semestre. Importante destacar também a queda
oferta mês após mês. O excesso do na demanda chinesa, devido à peste suína que
produto no mercado pressionou os tem afetado criações de porcos. As cotações
preços para baixo, embora o preço sofreram queda de mais de 10% nas cotações do
tenha voltado a subir em junho, Estado de São Paulo de janeiro a maio.
devido ao temor de quebra da safra
norte-americana, que incentivou Açúcar: O produtor de açúcar ficou voltado
as exportações brasileiras, somado ao etanol na primeira metade de 2019 devido
também ao fim da colheita brasileira à desvalorização percebida nas cotações de
iniciada no verão. O resultado de açúcar do ano passado. Os estoques de açúcar se
junho reverteu a tendência que mantêm altos, mas a produção vem apresentando
vinha se formando de queda e o queda e isso tem começado a resultar em
acumulado dos primeiros seis meses recuperação dos preços do adoçante. A cana de
ficou muito próximo à estabilidade. açúcar apontou valorização de 4,5% de janeiro
a maio, de acordo com dados do Instituto de
Economia Agrícola de SP.
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ACUMULADO DO 1º SEMESTRE DE 2019

MILHO SOJA* CANA DE AÇÚCAR*

0,56% -10,26% 4,5%


*Variação até maio/2019

COMMODITIES AGRÍCOLAS - Preços em R$


Índice Dez/18 = 100

Fonte: CONAB e Projeção: COSTDRIVERS

PERSPECTIVAS PARA O 2º SEMESTRE 2019


Milho: Diante do novo cenário apresentado em junho, a estimativa para o restante do ano é de
uma elevação moderada, próxima da estabilidade.

Soja: O conflito comercial entre China e EUA pode trazer benefícios ao produtor brasileiro, que
pode ganhar participação nos envios ao país asiático. Dessa forma, a disputa entre demanda
doméstica brasileira e exportações pode ajudar a recuperar o grão até o fim do ano.

Açúcar: A destinação da produção deve se manter focada no etanol, restringindo a


disponibilidade de açúcar no mercado.

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FERTILIZANTES
PANORAMA DO 1º SEMESTRE 2019

Quando olhamos para o comportamento de alguns dos principais componentes dos fertilizantes
vemos certa tendência de alta nos preços entre janeiro e junho. Nos fosfatados o SSP teve
aumento superior a 6%, porém o MAP devido ao grande volume negociado apontou queda
de quase 10%. O Cloreto de Potássio, outra importante matéria-prima para o segmento,
experimentou forte elevação na casa dos 8% para preços em Real.

A relação de troca entre formulados de NPK e milho foi de 56,33 em dezembro/2018 para 60,66
em maio/2019, apontando piora em relação ao início do ano e à média de maio nos últimos anos.
A relação entre NPK e soja foi de 26,65 em dezembro/2018 para 23,16 em maio/2019, melhorando
na comparação do início do ano, mas piorando em relação à média de maio últimos anos.

ACUMULADO DO 1º SEMESTRE DE 2019

MAP SSP CLORETO DE POTÁSSIO

-9,52% 6,36% 8,14%

FERTILIZANTES - Preços em US$


Índice Dez/18 = 100

Fonte: SECEX e Projeção: COSTDRIVERS

PERSPECTIVAS PARA O 2º SEMESTRE 2019


A perspectiva é que a demanda por fertilizantes cresça na segunda metade do ano, com o início
do plantio de diversas safras, o que pode significar pressão para subida dos preços.
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METAIS
PANORAMA DO 1º SEMESTRE 2019
Os preços do minério de ferro sofreram um aumento superior a 50%, influenciados pela
diminuição da produção mundial, com destaque para o Brasil, em função do ocorrido em
Brumadinho com a Vale, que diminuiu a sua produção anual em 40 milhões de toneladas. A
Austrália também cortou a produção de minério de ferro em função de um ciclone. Os preços de
cobre e alumínio permaneceram mais estáveis e em alguns momentos ocorreram quedas, uma
vez que o consumo foi mais moderado, principalmente pela China.

PERSPECTIVAS PARA O 2º SEMESTRE 2019


Será necessário esperar alguns meses até que os estoques globais de minério se recomponham
para observar um equilíbrio entre oferta e demanda. As expectativas de preço até o final
de 2019 mostram uma trajetória de alta. Para o Cobre, os contratos futuros indicam que o
cenário até o final do ano é de estabilidade, porém para os próximos anos, com a falta de
investimentos em novas minas e o crescente aumento da demanda por veículos elétricos pode
alavancar os preços para um novo patamar. O alumínio tende a continuar no mesmo patamar
de preço atual, uma vez que a economia brasileira ainda não deu sinais de um crescimento
robusto, principalmente por parte da indústria. Além disso, ainda existem as tensões sobre a
guerra comercial entre China e EUA.

METAIS - Preços em US$


Índice Dez/18 = 100

Fonte: Market Index, LME e Projeção: COSTDRIVERS

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PAPEL E CELULOSE
PANORAMA DO 1º SEMESTRE 2019
O mercado de papel e celulose teve bons resultados ao longo de 2018, com boas exportações
dos produtores brasileiros para seus principais mercados, a China e a Europa, porém esse cenário
favorável não se repete no primeiro semestre de 2019 e não há expectativa de uma remuneração
elevada para o segundo, principalmente para o mercado de celulose.

Desde o começo do ano, o mercado de celulose sofre com instabilidades na economia mundial
que fizeram os preços despencarem, com quedas nos preços de até 12% no mercado nacional.
No caso brasileiro, há fatores internos de nossos principais consumidores que estão impactando
diretamente, sendo que a China e Europa correspondem respectivamente a cerca de 42% e 32%
do destino das exportações brasileiras.

No país asiático, há uma queda na demanda por celulose e vários tipos de papel devido a
desaceleração da economia e a guerra tarifária com os Estados Unidos, fazendo o preço de
diversas commodities despencarem no mercado local. No caso dos europeus, também há uma
queda na demanda em virtude das incertezas da economia local, além de grandes estoques de
celulose nos portos europeus que impactam negativamente os preços.

Essa queda nos preços já está causando uma queda nas exportações brasileiras de celulose,
principalmente a fibra de eucalipto (com queda -10,2% em junho), que pode se agravar nos
próximos meses com grandes players diminuindo sua produção industrial para tentar reverter
os preços. A Klabin, por exemplo, já começou a retardar a retomadas de atividade em áreas
industriais em alguma de suas áreas industriais seguindo essa tendência.

PERSPECTIVAS PARA O 2º SEMESTRE 2019


Muitos analistas já estimam que a queda de preço de celulose na China está chegando ao custo
marginal, ou seja, é esperado cortes mais frequentes nas produções no segundo semestre em
virtude de lucros se aproximarem em demasia dos custos de produção. É esperado que os
preços continuem pressionados enquanto os estoques mundiais se mantiverem elevados e
a instabilidade global esteja atingindo o mercado, porém a queda na oferta deve começar a
causar impactos nos preços, com expectativas de subida nos preços para níveis ainda abaixo
de 2018 até o fim de ano.

Para outros mercados relacionados, como o kraftliner e o papel cartão, a queda de preços
é bem mais controlada, apresentando uma estabilidade nos preços e com expectativa de
pequeno aumento ao longo de 2019, com pequenos ganhos nos últimos meses.

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ACUMULADO DO 1º SEMESTRE DE 2019 - EM R$

IPP CELULOSE E PAPEL * CELULOSE * KRAFTLINER *

-1,51% -11,06% -4,02%


*SEMESTRE NÃO FECHADO, CONSIDERANDO PROJEÇÃO

PAPEL E CELULOSE
Índice Dez/18 = 100

Fontes: COSTDRIVERS

RESINAS PLÁSTICAS
(PEAD, PEBD, PP E PVC)
PANORAMA DO 1º SEMESTRE 2019
As resinas plásticas como um todo estão enfrentando pressões de baixa em seus preços desde
o começo de 2019, seja no cenário nacional ou no internacional.

No cenário internacional, os fatores relativos à cadeia do petróleo, como a nafta, impactam


diretamente. O setor está enfrentando preços em queda devido a guerra tarifaria entre a China
e os EUA, excesso de produção de petróleo, altos estoques nos EUA, queda de consumo na
China e expectativas relacionadas a carros elétricos e fontes de energia alternativa. A OPEP
(Organização dos Países Exportadores de Petróleo) mantém diversos cortes de produção com
viés de reverter a tendência e impactar positivamente os preços, porém resultados são tímidos
em virtude de aumentos de produção de países fora da organização (Estados Unidos se tornou o
maior produtor nos últimos anos em virtude do gás de xisto, por exemplo).

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O desencontro entre oferta e demanda de algumas resinas, como o polietileno, também pesa
para contribuir na queda dos preços em USD que já ocorre há alguns anos. Nesse cenário, não
há uma reversão na oferta visível no curto prazo e, tendo em vista a expectativa de demanda
constante no mundo, pode continuar a pressionar os preços.

Quanto aos preços nacionais de resinas plásticas, a Braskem possui uma grande influência, em
virtude de ser a principal fornecedora de resina plástica no mercado doméstico e de deter uma
fatia considerável do mercado (pouco mais de 60% de acordo com dados divulgados em seu
último relatório do 1T2019). A fabricante brasileira detém certo poder de mercado, mas ainda
opera atenta ao preço internacional para se manter competitiva diante das importações de
resinas, razão dos preços praticados internamente serem suscetíveis ao cenário estrangeiro,
principalmente nos EUA.

Um dos fatores nacionais mais recentes ligados diretamente ao mercado, Braskem anunciou o
fechamento de sua mina de sal-gema em Maceió em virtude de a exploração estar causando
problemas no solo e consequente rachaduras em casas próximas, que podem vir a causar
fatalidades em caso de desabamento. Não há uma comprovação definitiva da relação entre
a exploração e as rachaduras, porém as operações foram paradas independentemente em
virtude da falta de licença social para operar a mina. Apesar da parada na mina, a fábrica de
PVC do local continua operando com um insumo importado, não havendo risco imediato de
desabastecimento do material, embora seja possível variações no seu preço.

PERSPECTIVAS PARA O 2º SEMESTRE 2019


Além dessas questões mais diretas, as incertezas da economia nacional não favorecem.
As quedas consecutivas na previsão do PIB para o ano e incertezas políticas prejudicam o
mercado, apesar dos recentes avanços com a reforma da previdência sinalizarem uma possível
melhoria no segundo semestre. Consequente com o possível cenário de melhoria no Brasil,
há também uma expectativa de melhorias na economia global no final de 2019, gerando uma
expectativa de aumento nos preços no período visível nos gráficos (que pode ser revisada em
virtude de futuros acontecimentos externos ao mercado, sobretudo na política).

ACUMULADO DO 1º SEMESTRE DE 2019 - EM US$

PVC PEBD PP PEAD

-3,79% -9,75% -4,68% -13,63%

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RESINAS PLÁSTICAS - Preços em US$
Índice Base Dez/18 = 100

Fonte: SECEX e Projeção: COSTDRIVERS

info@costdrivers.com

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