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Foe 3454 = = CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE SOJA NOCOES BASICAS DE NEMATOLOGIA Nocoes basicas de nematologia. 1978 FL-3751 1iet= 1 APOSTILA PREPARADA POR : 0.M.SILVA. TEC.LABORATORIOI-CNPSoja LONDRINA-I978 CONTEODO ORGANIZACAO DOS NEMATOIDES........- es Forma do corpo Parededo corpo .....- Aparelho diltgestviom taemeers =e. use WireireeMice to. fa ‘Aparelho resplratonlowe Sm te «manent Aparelho circulatorlo™. (6.2. 68h. Sistema nervoso Orgaos sensoriais . .- +s. e+e ee eee Sistema excretor . se ee eee ee eee Reprodugao Ww. eee ee eee ee Aparelho reprodutor da fémea Aparelho reprodutor do macho Composigdo quimica ..... see ASPECTOS BIOLOGICOS . . 1... 2.2. ee ee eee Simula biolégica Dormencla =. - - - 2s st es te e's Papel dos nematdides como parte do complexo bidtico do so ROM en ge ee ee es Modalidade de parasitismo em plantas Acgao dos nematdides sobre as plantas hospedeiras Sintoma das doengas causados por nematdides Sintomas gerais no campo... . . Biligtomas ‘nas plantas atacadas .-.+...-++--++- Alguns fatores dos quais dependem a atividades dos nema~ Me te NEMATOIDES CAUSADORES DE GALHAS BMS et et ew Mmeometologia «1. 1 ee te ee ee Disseminacao Plantas hospedeiras .... +... e-e Controle Fases do ciclo de vida IDENTIFICAGAO DE ESPECIES DE MELOIDOGYNE Teste do hospedeiro diferencial Carolina do Norte Padronizacgao do teste do hospedeiro ol a1 a 03 06 06 06 07 07 08 08 o9 10 10 10 iW 12 12 13 13 14 14 15 15 16 7 18 19 19 20 21 21 25 Identificagao ao microscopio . +. +++ + ees Testesudepresiistencle eu. cetum et. 2+ Anatomia dos nematdides do género Meloidogyne «~~ + INSTRUGOES PARA COLETA, EMBALAGEM E ENVIO DE AMOSTRAS DE SO LO E RAIZES DE SOJA PARA IDENTIFICACAO DE NEMATOIDES .. - METODOS DE EXTRAGAO DE NEMATOIDES DO SOLO E DOS TECIDOS DE PLANTAS Métodos de separar nematdides do solo Métodos de separar nematdides dos tecidos de plantas Isolamento de ovos de nematdides do solo e tecidos de plantas 6 6 ee ee ee ee es Coloragdo dq nematdides "in situ" em tecidos de plantas Métodos de fixar nematdides em laminas permanentes . BATE (0 GRUAE IA erere esti nttefet stirs cette] t-te tec be tf Soe ted 26 29 30 31 33 ay 36 37 38 38 ko ORGANIZACAO DOS NEMATOIDES FORMA DO CORPO - Os nematdides sao animais tipicamente fusifor mes, isto é€, alongados e afilando-se para as extremidades. 0 com primento das espécies do solo varia de 0,5 a 4mme a largura de 50 & 250 micros. No caso das fémeas de espécies de certos géneros parasitos de vegetais, tais como Meloidogynee Heterodera, durante o seu de senvolvimento ocorre um notavel aumento da largura, resultando nematoides com forma aberrante, de lim&o, periformes etc. Estas fémeas s80 incapazes de se locomover, vivendo como parasitas. A cavidade do corpo dos nematdides, nao sendo revestida de tecido epitelial, @ referida como pseudoceloma. Este é@ cheio de um liquido (fFlufdo pseudocelémico) e técido fibroso, no qual se notam grandes células conhecidas como pseudocelomécitos. PAREDE DO CORPO - 0 corpo dos nematoides possui um revestimento nao celular, elastico, formado de um complexo de substancias ma xime protéicas, denominado cutfcula. Esta é geralmente transpa rente, podendo, porém, apresentar-se amarelada ou .brancacenta. A coloragao, &s vezes, apresentada por certos nematdides, resul ta de substancias coloridas presentes no intestino, ingeridas pe los mesmos. Além de recobrir o corpo, a cutfcula penetra pelas abertu- ras, revestindo a cavidade bucal, esofago, reto, vagina, poro ex cretor e certos drgaos sensoriais. A cuticula pode ser lisa, to é, destitufda de qualquer ris ca ou outra ornamentagao. Pode, porém, apresentar-se estriada longitudinal ou transversalmente ou com pontilhagdes. Em certos géneros, a estriagao transversal se apresenta muito evidente, sen do a cutfcula referida como anelada. As estrias ou anéis jamais correspondem a septos internos, uma vez que os nematdides tém o corpo indiviso. Expansoes logitudinais da cutfcula sao referi- das como asas. Os machos, em certos géneros, apresentam asas na regiao caudal, relacionadas com o processo de cépula, consti tufndo a bursa. A cutfcula assenta-se sobre a hipoderme, a qual pode se a presentar formada de células distintas ou constituindo um sincl Lébios Cavidade bucal fago Eso A Bulbo mediono com vdivulas —|__ Sistema nervoso central | Poro excretor Canol excretor | Bulbo terminal \ com véivulos 4 ovdrio anterior Espermateca _Ovono titero | __Espermateca | __ovdrio posterior Giéndulas retais /___anus Fasmidio 82, cio. A hipoderme exibe quatro espessamentos, formando as cor das longitudinais: uma dorsal , outra ventral e duas laterais « As cordas laterais geralmente s3o mais desenvolvidas e podem mostrar células glandulares a brindo-se no exterior através de poros localizados na cutfcula . Células de mesmo tipo podem o- correr na regiao caudal, as. quais se abrem no exterior por um poro de localizagao terminal referido como''spinneret". As cordas laterais sao de marcadas externamente na cuticu la, af constituindo os campos laterais, que os autores costu mam figurar nas suas descrigoes de espécies, pelo interesse que apresentam. ‘0 tecido hipodermal, entre as cordas, &@ destitufdo de nu- cleos. Nas cordas, 0 tecido se apresenta complexo, contendo i- nimeros nucleos mitocéndrios , granulos de glicogénio, substan cia graxa etc. A cutfcula apresenta-se um tanto complexa, sendo constftui, da por um certo nimero de cama das, varidvel segundo o género a que pertence o nematoide, se larva ou adulto, bem ainda de acordo com a regiao do corpo con siderada (HIRSCHMANN, 1971). A musculatura somatica dos nematdides € formada de grandes células, muito caracterfsticas, constitufdas de uma parte provi +03. da de fitas contrateis e de outra, que contém o nicleo, destitul da desses elementos. Essas células dispoem-se em camada simples ao longo de seu comprimento, sob a hipoderme, nos espagos exis- tentes, entre as cordas longitudinais. Ha, pois, quatro campos de masculos. Quando ha poucas células em um dado campo, o nematdide é de nominado meromiario; quando existem muitas células por campo, re cebe o nome de polimidrio. 0 tipo de célula permite reconhecer: a) nematéide platimiario, quando as fitas contrateis se dispdem apenas na parte da célula que mantém contacto com a hipoderme; b) nematéides celomiario, quando as fitas se estendem também dos lados da célula. Ha nemat@ides que nao apresentam cordas longitudinais ou a presentam somente duas cordas. Nestes casos, a camada muscular ou € continua ou se apresenta dividida em apenas dois campos. 0s dois tipos sao conhecidos como holomiarios. Muito caracterfsitica das células musculares dos nematdides @ a relac3o que mantém com os nervos das cordas longitudinais , por meio de prolongamentos de sua parte sarcoplasmica, denomina- dos processos de enervagao. . Além da musculatura descrita, existem nos nematdides muscu los com fungdes especiais. Nos machos, por exemplo, podem exis- tir masculos transversais, em nimero variadvel, estendendo-se das cordas laterais até a parte ventral do corpo, denominados muscu los copuladores; ao nfvel do anus, aparece um misculo em forma de H, com a fungao de dilatar o reto e, dessa forma permitir a defecacgao, conhecido como depressor ani etc. APARELHO DIGESTIVO - A abertura oral localiza-se na extremidade anterior, sendo rodeada por labios. No geral existem seis la- bios, sendo dois laterais, dois subventrais e dois subdorsais Em muitos géneros, ocorreu fusdéo de labios, aos pares, reduzindo, entao, o numero para trés; em outros a fusado foi total, resultan do um extremo anterior liso, no qual nao mais se pode delimitar labios. Em certos géneros, os labios foram substitufdos por estrutu ras denominadas probolae. Em Acrobeles, por exemplo, tais probo lae sao muito evidentes. A abertura oral da entrada 4 cavidade bucal ou estoma, cuja forma varia grandemente, podendo ser cilindrica, mais ou menos 04, ampla, provida ou nao de dentes ou dentfculos etc. A cavidade bucal pode nao existir, sendo substitufda por um drgao denomina do estilete. Este pode ser projetado para o exterior e depois re colhido, sendo acionado por misculos especiais. Costuma-se com parar 0 estilete a uma agulha de injegao, por ser provido de ca~ nal interno, por onde passam liquidos. Todos os nematoides para~ sitos de plantas possuem um estilete. Tipicamente, o estilete consiste em trés partes, isto é,uma parte anterior conica, uma haste cilfndrica mediana e trés dila tagdes basais denominadas bulbos, sendo um dorsal e dois subven trais. Aos bulbos vem se prender a musculatura encarregada da movimentagao do estilete em diregao ao exterior. Tais mUsculos prendem-se anteriormente, & base da moldura esclerosada cefalica ou & parede do corpo ou 4 ambas. 0 estilete apresenta numerosas variagdes, nos diferentes géneros de nematdides parasitos de ve getais, apresentando-se ora comoum 6rgao delicado, destitufdo de bulbos basais, ora como um 6rgao altamente esclerosado, forte, provido de bulbos grandes. Em certos géneros, os machos podem nao ter estilete, aparentemente nao se alimentando. Formas lar vais, porém, sao sempre providas desse 6rgao 0 estilete & mantido em sua posigao por meio de um complexo aparelho guia; este se estende da base do esqueleto cefdlico aos bulbos basais do estilete. Quando estilete se apresenta com a ponta cortada em bisel a linha oblfgua se denomina abertura. A cavidade bucal segue-se 0 eséfago, que € um Srgao musculo so e glandular. Existem usualmente trés glandulas, unicelulares, embutidas na parede esofagiana: uma dorsal e duas subventrais,cu jos condutos se abrem no canal esofagiano. A luz do esdfago é trirradiada, sendo esta uma caracterfstica dos nematdides. A constituigao do esdfago varia grandemente nos diferentes grupos de nematdides. Ao fitonematologista interessa conhecer as modificagdes so fridas pelo eséfago, em que a cavidade bucal é substitulda por um estilete, que pode ser resultante da transformagao de toda a cavidade bucal, sendo entao denominado estomatostilio, ou ser re sultante da transformagao de apenas um dente (odontostflio). Existem trés tipos fundamentais de esdfago entre os nema- téides portadores de estilete, os quais sao denominados segundo os grupos sistematicos que caracterizam tal, como segue: “ +05. a) Tipo tilencdide - Neste tipo, caracterfstico da superfa mflia Tylenchoidea, o conduto da glandula dorsal abre-se, no ca nal do esofago, na altura do procorpo, ou seja, nas proximidades do estilete. Este & um estomatost{lio. Nos mais importantes gé neros dotados deste tipo de esdfago, o bulbo terminal desapare- ceu e o istmo, consequentemente, passou a se unir diretamente com o intestino. As glandulas esofagianas passaram a constituir um lobo caindo sobre o comego do intestino, recobrindo-o. Em umcer to namero de géneros, contudo, permaneceu o bulbo terminal, em cujos tecidos se conservam, embutidas, as glandulas esofagianas. b) Tipo afelencéide - Aqui, o conduto da glandula dorsal ne-se com o canal do esdfago ao nivel do metacorpo ou bulbo me- diano. 0 bulbe terminal desapareceu nos géneros ma importan. tes, apresentando-se as glandulas esofagianas tais como em tilen céide. Este tipo caracteriza os nematdéides da superfamflia Aphe lenchoidea. 0 estilete constitui um éstomatostilio. c) Tipo dorilaimédide - Caracterfstico da superfamflia Dory laimoidea, este tipo difere bastante dos anteriores, a comecar pelo estilete, que & um odontost{lio. Apresenta-se formado de duas partes, uma anterior, de menor diametro e ,outra basal, alar gada, cilfndrica e muito musculosa, a qual contém as glandulas esofagianas. Destas glandulas, em exemplares fixadosno geral se pode divisar apenas os nicleos. Ao esdfago, segue-se o intesti no, o qual se apresenta como um tubo cuja parede é formada de uma sé camada de células epiteliais. A conexao dos dois Orgaos, existe um aparelho valvular chamada valvula esdfago-intestinal , que por vezes se projeta para o interior da luz do intestino,fre quentemente como um corpo cénico, sendo, entao, referido como car dia. Ao se aproximar da extremidade posterior, o intestino so fre uma constrigao e, desse ponto até abrir-se no anus, recebe o nome de reto. Usualmente, observam-se glandulas retais, uma de posigao dorsal e duas subventrais, abrindo-se todas no reto . Em certos nematdides, o reto @ precedido por uma porgao intesti nal de estrutura diferenciada do restante que, por isso, se deno mina pré-reto. A superficie livre das células intestinais exibe projecgoes protoplasmaticas para a luz do orgao, chamadas microvilosidades, as quais aumentam grandemente a area de absorgao do Grgao. Nema téides existem cujo intestino nao apresenta uma luz definida. .06. ESQUEMA DO ESOFAGO DE NEMATOIDES PROVIDOS DE ESTILETE (seg. STEINER, 1951) A - tipo tilencdide B - tipo afelenc! C - tipo dorilaimoide APARELHO RESPIRATORIO . Nao existe nos nematdidesnenhum Orgao res piratério especial. As trocas de gases dao-se por difusao da pa rede do corpo. APARELHOCIRCULATORIO - Nao existe no organismo dos nematdides nenhum drgao pertinente a este aparelho. SISTEMA NERVOSO - Um anel de fibras nervosas rodeando o esdfago, geralmente 4 altura do istmo, e diversos gl&nglios associados formam o 6rgao nervoso central dos nematdides. Nervos longitudi nais procedentes do anel nervoso dirigem-se para as duas extre midades do corpo. Para a regiao anterior, dirigem-se seis ner vos destinados as papilas e dois aos anffdios. Para a extremida 107. de posterior, correm geralmente um par dorsal, um ventral, qua~ tro submedianos e dois ou trés pares de nervos laterais. Todos estes nervos localizam-se na hipoderme, existindo comissuras en tre os mesmos. ORGAOS SENSORIAIS - Os Grgaos sensoriais mais notaveis geralmen te descritos para os nematdides sao os seguintes: a) Anffdios - Receptores de estimulos quimicos, localizados na extremidade anterior, um em cada lado, abrindo-se no exterior por meio de aberturas com formas muito variadas nos diferentes grupos de nematdides. b) Papilas cefdlicas - Diminutas elevagdes existentes nos labios, que recebem terminagdes dos nervos papilares, constituin do drgaos tacteis. Quando s3o Srgaos longos, igualmente enerva dos, sao chamados setas. c) Deirfdios - $30 papilas grandes, localizadas nos campos laterais, uma de cada lado do corpo, ao nivel do anel nervoso.Ad mite-se serem Orgaos tacteis. d) Hemizonfdios - Estrutura de forma biconvexa, muito re- fringente, localizada nas proximidades do poro excretor e unida por fibras nervosas ao anel perisofagico. e) Fasmidios - Orgaos pares, laterais, localizados na re- giao posterior. Aparecem externamente nos campos laterais, ou como diminutos poros ou como grandes placas, sendo, no Ultimo ca so, denominados escutelos. Em certos nematdides, verifica-se a presenga de uma célula glandular associada a cada um deste or- gaos. f) Grgdos suplementares ou suplementos - Nos machos de cer tos nematéides aparecem estes drgdos, na linha ventral, os quais devem funcionar como Grgaos tacteis durante a copula. Ora se presentam como simples papilas, ora como 6rgaos glandulares. SISTEMA EXCRETOR - Muitos nematdides apresentam, na linha ven- tral, um mindsculo oriffcio, conhecido como poro excretor. Nou- tros nematdides tal poro nao foi jamais divisado, sendo conside- rado inexistente, pouco ou nada se sabendo, sobre o seu sistema excretor. Alias, entre nematoides, nenhum outro sistema apresen ta maior nimero de variagoes do que este. Uma caracterfstica do sistema excretor dos nematdides € a absoluta ausencia de células flamas, particularidade esta apro 08. veitada para diferenciad-los dos outros grupos de animais comumen te referidos como Aschelminthes. REPRODUCAO - Entre os nematdides, os sexos sao geralmente separa dos. 0s machos sao prontamente .reconhecidos pela posse de Srgaos de copula, tais como espfculos, asas caudais, papilas especiais etc. No mais, frequentemente sao menores que as fémeas. Em al- guns géneros de nematdides parasitos de plantas, ocorre forte di. morfismo sexual, sendo as fémeas globosas, piriformes etc., e os machos apresentando a forma alongada usual. Em populagoes de certas espécies, machos e fémeas podem o- correr em igual nimero. Noutras espécies, contudo, os machos po numerosos, mesmo raros, nao tendo, em muitos casos, x jamais sido vistos, certamente nao existindo. Verifica-se, aqui, dem ser pouco reprodugao sem concurso de machos, sendo conhecidas formas parte nogenéticas e formas hermafroditas. Na partenogénese, os ovos se desenvolvem sem serem fertilizados. Nas espécies hermafroditas , espermatozoides e dvulos formam-se nas gonadas do mesmo individu. Na maior parte dos casos, as génadas primeiro produzem espermato zéides, os quais s30 conservados para posterior fertilizagao dos ovos produzidos pela mesma gonada (hermafroditismo prot&ndrico). APARELHO REPRODUTOR DA FEMEA - Consta das seguintes partes: ova “rio, oviduto, Gtero, vagina e vulva 0 ovdrio & um tubo cego, em cujo interior se da a ovogénese As fémeas podem apresentar um ou dois ovarios, sendo denominadas, respectivamente, monodelfas e didelfas. Quando o ovario Unico se estende anteriormente em relagao 4 vulva, a fémea denomina-se prodelfa; a fémea & opistodelfa quando o tubo ovariano é poste rior. Entre os nematéides de vida livre ou parasitos de plantas didelfos, os dois ovarios geralmente se apresentam opostos, is- to &, dispdem-se um anteriormente e outro posteriormente em rela ¢40 & vulva sendo, por isso, referidos como anfidelfos. ¥ A zona inicial do ovario, correspondendo ao fundo do tubo cego, onde na maioria dos nematdides tém origem os odcitos, cha . ma-se zona germinal ou zona de multiplicagao (nematdides telogd nicos). Em alguns nematdides parasitos de animais, porém, as célu- las germinativas formam-se ao longo de todo o comprimento da gd nada (nematoides hologonicos). 09. Nos nematéides parasitos verifica-se um aumento no tamanho de todo o aparelho reprodutor. Os Gteros e a zona de crescimen- to dos ovarios se apresentam especialmente mais desenvolvidas, re sultando em maior produgao de ovos Ao ovario, segue-se o oviduto, o qual se une com o dtero. 0 oviduto é um tubo estreito e de comprimento variavel. Ao nfve da untao dos dois Gltimos 6rgaos, pode o oviduto alargar-se, for mando uma espermateca de forma variavel, onde armazenam esperma~ tozdides. 0 Gtero é um amplo tubo, de paredes delicadas, no qual os ovos permanecem até serem langados ao exterior. Durantea permanéncia nesse Srgdo, os ovos adquirem o seu revestimento pro téico externo e passam ao menos por parte de seu desenvolvimento embriondrio. \ Quando a fémea é monodelfa, pode o Gtero estender-se do la do oposto ao que apresenta o ovario, formando um saco uterino . Este pode servir como érgao de armazenamento de espermatozdides. 0s Gteros ligam-se com uma vagina, geralmente curta e provi da de musculos, que se abre no exterior pela vulva ou abertura genital feminina. Uma musculatura especial produz a dilatacaoda vulva no momento da passagem dos ovos. , A posicao da vulva varia nos diferentes géneros de nematoi des parasitos de plantas, sendo expressa pelo valor-V. Quando se diz V = 50%, a vulva localiza-se exatamente ao nivel do meio do corpo; quando o valor V & menor que 50%, a vulva € anterior ao melo; se V @ maior que 50%, a vulva situa-se posteriormente ao meiodo corpo. Os ovos de nematdides costumam apresentar trés envoltorios distintos a saber: um revestimento protéico secretado por célu- las da parede uterina, uma casca quitinosa e uma membrana lipoi de. 0s dois Gltimos envoltérios sao produzidos pela propria cé lula-ovo. Nos ovos dos nematéides parasitos de plantas, geralmen te nao existe o revestimento protéico exterior. 0s ovos sao geralmente ovais, arredondados, elfpticos, reni formes etc. No caso dosnematoides de vida livre, podem apresen tar expansoes, tais como espinhos, ganchos, etc APARELHO REPRODUTOR DO MACHO - Ex os ovadrios e os testiculos, pois estes também se apresentam como te uma grande analogia entre tubos cegos, nos quais também se pode reconhecer uma zona de mul tiplicagao ou germinativa, onde tém origem os espermatogonios e 10. uma zona de crescimento, onde os mesmos se desenvolvem. Quando o testfculo & muito longo, pode apresentar uma ou mais reflexées , a fim de se conter no corpo. 0 testfculo continua-se pelo vaso deferente, o qual se estreita e, com o nome de canal ejaculador, abre-se no reto. Os machos dos nematdides sao, pois, providos de cloaca. Os espermatozdides sao armazenados em uma parte dilatada,de nominada vesfcula seminal, que separa o vaso deferente da regiao de crescimento do testfculo. Os espermatozdides sao células arredondadas, ou alongadas, a mebéides, locomovendo-se por meio de pseuddpodes. Espermatozoides contidos no vaso deferente se apresentam morfologicamente diferentes quando contidos na espermateca da fé mea, indicando que os gametas continuam se diferenciando depois da passagem para o corpo feminino pela cépula (HIRSCHMANN, 1971) Os machos podem ser.mondrquicos ou didrquios, segundo apre sentem um ou dois testfculos respectivamente. Como Srgaos de cépula, os machos apresentam dois Grgaos es clerosados, mais ou menos arqueados, com dimensoes muito varia- veis, chamados espfculos. &m muitos grupos de,nematdides, exis- te uma peca acesséria, localizada sob os espfculos, chamada gu bernaculo. A cutfcula na regiao caudal dos machos pode expandir -se formando asas caudais, providas de um numero variavel de pa pilas genitais. COMPOSICAO QUIMICA - A composicgao quimica dos nematdides parasiv tos de plantas esta ainda pouco estudada. Neste campo, os auto res tém trabalhado principalmente com espécies nocivas aos ani ma que, em consequéncia, sao melhor conhecidas do ponto de vis ta em aprego. ASPECTOS BIOLOGICOS SOMULA BIOLOGICA - Os ovos dos nematdides, ao serem depositados pelas fémeas, podem apresentar-se sem qualquer indicio de segmen tagao ou mostrar-se em uma fase mais ou menos avangada do pro cesso embriogénico. Quando, ao serem eliminados, os ovos ja con tém larvas completamente formadas e movendo-se no seu interior a espécie & referida como ovovivipara. wll. 0 termo larva é empregado para designar os nematdides jo- vens, os quais apresentam todos os 6rgaos dos adultos, exceto or gos reprodutores. Trata-se de uma designagao seguramente inade quada, uma vez que se aplica a animals imaturos que em tudo se assemelham aos adultos, diferindo apenas por nao possufrem o apa relho reprodutor formado. Este é geralmente representado por penas algumas células, as quais, em conjunto, constituem o pri mordium genitale. Entretanto, embora impréprio, o uso do termo generalizou-se entre os nematologistas, desde os mais antigos, sendo por isso mantido. Durante o desenvolvimento da larva, dao-se quatro trocas de cutfcula ou eqdises, sendo os perfodos entre duas trocas segui das referidos como fases ou estadios larvais. Com a quarta ecdi se, termina o quarto estddio larval, ingressando o nematdide na fase adulta. Em certos géneros, a primeira ecdise tem lugar quando a lar va ainda se acha dentro do ovo, antes, pois, da sua eclosao. Nes tes casos, 0 exame de ovos contendo larvas prestes a eclodir per mite divisar, em seu interior, restos da cutficyla abandonada por ocasiao da primeira ecdise, ja ocorrida. A velha cutfcula geral mente @ abandonada. Ha, porém, géneros em que ela permanece en volvendo o exemplar, pelo menos durante um certo tempo. Ao se liberar da cutfcula, uma nova. ja se acha sob a mesma, perfeitamm te formada, tendo sido produzida pela hipoderme Durante a vida larvaria, os nematoides geralmente apenas au mentam de tamanho e os Grgaos reprodutores se desenvolvem. Em certos géneros de nematéides parasitos de plantas, as fémeas, du rante o seu desenvolvimento, perdem a forma alongada tfpica e adquirem formas aberrantes, de péra, limao etc. DORMENCIA - Uma das caracterfsticas mais notaveis de certos nema téides, parasitos principalmente de drgaos aéreos, reside em sua capacidade em passar a um estado especial denominado dorméncia e, assim, se conservar vivos durante longos perfodos desfavoraveis. Em dorméncia, apresentam-se os exemplares em completa inativida- de e o metabolismo se mantém muito baixo. 0 perfodo durante o qual os exemplares assim se conservam depende das suas reservas de nutrientes e da severidade das condigdes ambientais. Sabe-se que os nematoides dos graos do trigo (Anguina Triti 12. ci) podem se conservar, nas sementes, vivos, por um perfodo de a té 30 anos (FIELDING, 1951). STEINER & ALBIN (1946), examinando plantas de centeio mantidas em um herbario por 39 anos, puderam obter, do caule, cinco exemplares, vivos, do nematdide Tylenchus polyhypnu: Esses autores estabeleceram, assim, o mais longo perfodo de vida dormente observado entre nematoides. Apenas nas regtdes tropicais e nas casas de vegetagao podem os nematéides se desenvolver e reproduzir durante 0 ano todo.Nas areas onde duas culturas sao separadas por um perfodo de forte frio ou seca, os exemplares apenas sobrevivem por passarem a vi da dormente, PAPEL DOS NEMATOIDES COMO PARTE DO COMPLEXO BIOTICO DO SOLO - Os seres vivos que habitam o solo constituem, em conjunto, o seu complexo bidtico. Este & formado de uma parte vegetal, dada por bactérias, fungos, algas, etc; e outra animal, representada por protozodrios e metazodrios de varios grupos, tais como nematé des, anelfdios, rotfferos, tardigrados, artrdépodos. Sabe-se que em um metro quadrado da superficie, até & pro fundidade de 15cm., podem ocorrer muitos milhdes de nematéides . Desta forma, estes animais podem constituir 98% ou mais da fr g30 de metazodrios dos solos MODALIDADES DE PARASITISMO EM PLANTAS - Os nematéides parasitos podem penetrar no organismo vegetal, sendo designados endoparasi tos. Por outro lado, podem parasitar do lado de fora, introdu- zindo na planta apenas o estilete e parte do pecogo, constituin- do-se em ectoparasitos. Nao & possfivel, contudo, separar as es pécies de nematdides nos dois grupos, de uma forma rigorosa. é que uma dada espécie pode comportar-se das duas formas em -dife- rentes perfodos de seu ciclo ou em plantas diferentes. Os nema tdides causadores de galhas do género Meloidogyne, por exemplo, s30 primariamente endoparasitos; as suas larvas, contudo, alimen tam-se das células da superficie da raiz antes de penetra-la, a tuando, pois, inictalmente, como ectoparasitos. Certos nematoi des espiralados do género Helicotylenchus comportam-se principal mente como ectoparasitos mas, em determinadas plantas sao surpre endidos no interior dos tecidos, agindo, pois, como parasitos internos. Qs nematdides endoparasitos podem penetrar no vegetal na fa 136 se de larvas e dele nao mais sair, instalando-se definitivamente nos tecidos, sendo, pois, parasitos sedentdrios. Outros nematdi, des penetram no vegetal e 0 abandonam, voltando ao solo, no caso de as condigdes ali reinantes se tornarem, por qualquer motivo desfavoradveis. Atuam, pois, como parasitos migradores. Os nema tdides das galhas do género Meloidogyne e os nematdides do géne- ro Pratylenchus exemplificam os dois casos respectivamente. Os ectoparasitos comportam a mesma classificagao em sedenta rios e migradores. 0 nematdide dos citros (Tylenchulus semipene trans) exemplifica o primeiro tipo (sedentario) e os espiralados (fam.Hoplolaimidae) o segundo (migradores). Todas as partes das plantas podem ser invadidas por nematéi des, tais coma rafzes, tubérculos, caules aéreos, folhas, flores e sementes. 0s ataques 4s rafzes e a outras estruturas subterra neas sa0, porém os mais frequentes e os ma importantes. AGAO DOS NEMATOIDES SOBRE AS PLANTAS HOSPEDEIRAS - A acdo dos ne matéides sobre as plantas hospedelras se manifesta de trés manei ras: agao traumatica, agao espoliadora e agao toxica. As trés maneiras podem ou nao se manifestar simultaneamente. A agdo traumatica advém das injdrias mecanicas resultantes da movimentagao que certos nematéides realizam dentro do vegetal, através dos seus tecidos. No caso dos nematdides do género Pra tylenchus, esta ago pode ser importante. Noutros géneros, pare ce ser minima. A ac3o espoliadora das substancias nutritivas que sao des- viadas para o sustento do organismo do nematéide parasito. A maior parte dos prejufzos causados 4s plantas provem das reagées as substancias libertadas no organismo do vegetal pelo parasito. Essas substancias sao secretadas pelas glandulas eso- fagianas dos nematdides, também conhecidas como glandulas saliva res. Trata-se, pois, de agao téx SINTOMATOLOGIA DAS DOENCAS CAUSADAS POR NEMATOIDES - Antes de tratar dos sintomas apresentados pelas plantas infestadas, sera preciso lembrar que os nematdides podem ser migradores e, dessa forma, podem ser observados sintomas quando os mesmos ja nao mais se acham presentes no material ou apenas nele ocorrem em pe queno namero, tendo migrado para o solo. £ 0 que acontece, por exemplo, em plantas atacadas por nematdides do género Pratylen lA, Por outro lado, ha casos com tnexisténcia de sintomas. Tubér culos de batatinha, por exemplo, atacados pelo nematdide dourado, apresentam-se sadios, nao exibindo qualquer anormalidade. Isto fez com que o mal fosse inicialmente relacionado a deficiéncia de substancias minerais do solo, constituindo um dos muitos casos em que uma infestagao por nematdides recebeu interpretagado erronea. 0s sintomas exibidos pelas partes aéreassao, em esséncia,os mesmos resultantes de todas as condigoes que impedem que as plan tas desenvolvam um sistema radicular sadio. As plantas atacadas perdem vigor, agindo os nematdides como um fator de enfraquecimen to. Esta hoje demonstrado que as plantas possuem piores condi. des para suportar perfodos desfavoraveis, decorrentes por exem= plo de seca ou frio. Isto quer dizer que em perfodos secos ou frio intenso as plantas atacadas suctimbem em muito maior ndmero do cue as livres de infestagao. Vamos a seguir, alistar os principais sintomas geralmente a presentado pelas plantas. SINTOMAS GERAIS NO CAMPO: a) Tamanho desigual de plantas. b) Murchamento durante a parte mais quente do dia. c) Amarelecimento e queda prematura de folhas. d) Folhas e frutos pequenos. e) Deperecimento ou declinio vagaroso. f) Nanismo e entouceramento de plantas. g) Sintomas exagerados de defi ncia de certos elementos essen ciais, em regides onde o solo é deficiente de tais elementos. h) Diminuig’o na produgao. SINTOMAS NAS PLANTAS ATACADAS: a) Sistema radicular muito denso, com formagao excessiva de late rats. b) Sistema radicular pobre, deficiente. c) Formagao de galhas em raizes, tubérculos, bulbos, e mesmo or g30s aéreos que estiverem em contacto com o solo etc. d) Rafzes com forma de dedos (ex.: cenouras atacadas por nematéi «1S. des do género Meloidogyne). e) Descolamento e quebra do cértex radicular. f) Rachaduras ou "crackings" (ex.: batata-doce rachada, atacada por Meloidogyne incognita). g) Paralizagao do crescimento (rafzes amputadas) ou morte da pon ta das rafzes. h) Necrose em Grgaos aéreos e subterraneos. i) Manchas escuras em folhas (ex.: plantas de crisantemo ataca das por Aphelenchoide smabosi), caules, frutos (amendoim atacado por espécies do género Pratyle etc ALGUNS FATORES DOS QUAIS DEPENDE A ATIVIDADE DOS NEMATOIDES - Os nematdides panasitos se mantém no solo por um perfodo variavel de seu ciclo. Os ectoparasitos, naturalmente, ali passam toda a sua vida, concentrando-se principalmente na rizosfera. 0s endo- parasitos penetram no vegetal e, portanto, dispendem no solo uma parte bem mais curta de seu ciclo. Finalmente, os parasitos de Grgaos aéreos dispendem uma parte mfnima de seu ciclo no solo,ja que permanecem no interior dos tecidos hospedador. 0 agente do ilus), po~ “anel vermelho" do coqueiro (Rhadinaphelenchus. cocop rém, conseguiu libertar~se definitivamente do solo, pois os nema téides passam de uma planta para outra por meio de Insetos Os principais problemas resultantes da agdo de nematdides re ferem-se aos parasitos de drgaos subterraneos, os quais se acham por um tempo mais ou menos longo em contacto com o solo. Portan to, as variacgoes de temperatura e umidade, as caracteristicas ff sicas do solo etc., devem influir sobre a atividade desses compo nentes do "complexo bidtico". NEMATOIDES CAUSADORES DE GALHAS (GENERO MELOIDOGYNE) 0 género Meloidogyne foi revalidado em 1949, passando a con ter os nematoides formadores de galhas que hoje, segundo WHITE HEAD (1968), sao representados por mais de duas dezenas de for mas distintas. As espécies mais difundidas no Pafs sao as se- guintes: M. javanica, M. exigua, M. incognita, arenaria, M. hapla eM. coffeicola. ~ 16. BIOLOGIA - No interior de uma rafz parasitada pode-se, com faci-~ lidade, localizar as fémeas adultas. Estas sao brancacentas, bri Ihantes, globosas, providas de um pescogo mais ou menos longo se gundo a espécie envolvida. 0 tamanho varia de menos de 0,5mm a mais de 2mm. 0s ovos sao depositados pelas fémeas no interior de uma uma substancta gelatinosa que previamente flui pelo Gnus, formando o otecas. Tal substancia resulta de atividades secretora de glan- dulas retais, sendo clara ao ser depositada e escurecendo no ex terior, até tornar-se pardo escura, quase negra. As fémeas produzem, em média, 400 a 500 ovos cada uma, ha- vendo, porém, registro de fémea que produziram mais de 2.000 o vos. SAIGUSA, (1957) contou 700-800 ovos para cada fémea de M. incognita e 550-650 para M. hapla. A deposigao dos ovos pode dar~se no interior dos tecidos. En tretanto, em muitos casos, as fémeas, durante o seu desenvolvin en to, rompem o cértex radicular e emergem & superficie da raiz, de positando os ovos no exterior. Nas rafzes em que ocorre este ti po de parasitismo observa-se, apés lavagem, a presenga de = man- chas escuras salientes, correspondendo cada uma a uma ooteca de positada externamente. Dos ovos eclodem as larvas migrantes ou infestantes ou ain da pré-parasitas, as quais podem permanecer na mesma planta ou ganhar o exterior. Sendo muito delicadas, podem facilmente su- cumbir quando as condigdes se tornam adversas. Vagando pelo solo, as larvas se poem em contacto com uma rafz favoravel e nela penetram, tornando-se sedentérias. Ganhando os tecidos, as larvas libertam o produto de suas glandulas esofagianas. Esta secregao tem a propriedade de hiper trofiar as células, convertendo-as em massas protoplasmaticas co nhecidas como células gigantes e também como células de néctar, pelo fato de serem secretoras, Da secregao dessas células ali mentam-se as larvas durante todo o ciclo, a partir do momento em que penetraram na rafz. Antes da penetragao, podem se alimentar de células da epiderme. Logo depois, de se instalar na rafz, as larvas passam a alterar a sua forma, engrossando-se e adquirin do a forma comumente referida como de salsicha (larva parasita). 0 desenvolvimento prosseguindo, a larva ira finalmente adquirir a forma de péra das fémeas, desenvolvendo-se, entao, os orgaos se xuais. -7. As larvas pré-parasitas sao larvas de segundo estagio, pois passaram pela primeira ecdise quando ainda se encontravam dentro do ovo. Apresentam.0,4 a 0,5mm de comprimento. A evolugao dos machos é a seguinte: uma larva parasita para liza o seu desenvolyimento e em seu interior tem inicio a forma ¢30 de um macho, que resulta de uma metamorfose da larva. Pelo rompimento da cuticula, o macho liberta-se. Vé-se, pelo exposto, que os machos parasitam a planta ape~ nas durante uma parte de seu ciclo. Nessa fase paras ta, contu do, prejudicam as plantas da mesma forma que as fémeas, igualmen te incitando o aparecimento de galhas. Evidentemente, sua noc vidade se faz sentir por um perfodo mais curto que o das fémeas. Embora haja evid@ncia de que ocorram cépulas, nenhum autor as observou. Sabe-se, por outro lado, que os machos nado sao ne cessarios, sendo normal neste género de nematoides parasitos de plantas a reprodugao sem o concurso dos mesmos (partenogénese). 0 tempo que decorre desde a penetragao da larva na planta a té 0 momento em que a mesma, convertida em fémea, deposita os primetro ovos, esta na dependéncia de alguns fatores. A tempera tura variando de 27,5 a 30°C, esse ciclo da-se em 17 dias. Dimi nuindo a temperatura, o namero. de dias aumenta. Assim, a 24,5°C, 0 ciclo da~se entre 21 e 30 dias. A tempe alta que 33,59C, as fé- raturas mais baixas que 15,52C, ou ma *neas nao atingem a maturidade, nao se realizando o ciclo. Vé-se que se trata de parasitos de climas quentes. Sabe-se que riqueza em potdssio do solo interfere no desen- volvimento de certas espécies do género Meloidogyne. SINTOMATOLOGIA - As plantas infetadas por nematédide do género Meloidogyne podem ser referidas como atacadas de meloidoginose. Trata-se dos nematdides mais bem conhecidos dos agriculto res e isso certamente devido as deformacoes geralmente presentes nos Grgaos atacados. Ja vimos que essas deformacgées, conhecidas como galhas, resultam de hipertrofia de células afetadas pela "saliva" produzida pelas glandulas esofagianas das larvas infes tantes. Outros nematdides, pelo fato de as infestagoes nao conduzi rem a0 aparecimento de galhas, muito frequentemente passam des- percebidos dos lavradores, sendo os efeitos de sua presenga nas culturas erroneamente atribufdos as mais diversas causas, maxime deficiéncias de elementos minerais, pH desfavoravel etc. Porém, as galhas nado s40 os iinicos sintomas e ha casos de ataques por estes nematéides sem o aparecimento dessas malforma gées. Cafeeiros atacados por M. exigua, por exemplo, frequente- mente nao mostram galhas nas rafzes. Nas plantas atacadas por M.hapla, observa-se Intensa produg3o de laterais nas imediagdes da area invadida, resultando um sistema radicular muito denso.0u tras espécies determinam grande redugao do sistema radicular. Quando se trata de uma leguminosa, ha a possibilidade de os nédulos causados pelas bactérias fixadoras do azoto serem confun didos com galhas. 0s nddulos podem ser reconhecidos pela sua consisténcia esponjosa e localizagao lateral, podendo ser desta cados com facilidades. As galhas resultam do engrossamento da propria rafz, nao podendo, identemente ser destacadas. No mais a superficie da galha apresenta consisténcia igual ada rafz. Observa-se que a nodulagdo & sempre reduzida, por vezes au sente, cm rafzes pesadamente atacadas por estes nematdides. Outros sintomas das partes subterraneas das plantas sd0 os do crescimento da seguintes: deslocamento do cértex, paralizag ponta da rafz, rachaduras, etc. dos: murc No campo podem ser observa nento/de plantas duran te a parte mais quente do dia, declinio vagaroso, queda prematu~ ra de folhas, queda na produgSo, sintomas de deficién¢ias de mi- nerais etc. DISSEMINAGAO - A disseminagdo natural de nematdides do género Meloidogyne se faz pelas larvas pré-parasitas, as quais cami- nham no solo. Entretanto, sabe~se que progridem no solo, em 1 nha reta, apenas cerca de um cent{imetro por dia, ou 30cm por més. A capacidade de expansao das larvas @, pois, bastante reduzida. A difusdo no s6 destes como de outros nematdides se faz pela intervengao de certos agentes de disseminagao, resultantes das atividades agrfcolas humanas, tais como: a) material vegetal destinado ao plantio, como bulbos, tubérculos, rizomas, etc.; b) mudas enrafzadas produzidas em viveiros infestados; c) solo ade~ rente as ferramentas e maquinas agricolas, pés de animais etc. , © qual pode conter ootecas do nematdide; d) enxurradas e agua de irrigagdo, quando o sistema usado permite @ agua passar de = uma para outra gleba; e) excremento de animais (mamiferos) etc. Quanto ao tipo de solo, os solos soltos, arenosos, sao con- a Ips siderados os mais favoraveis aos nematéides, permitindo mais am pla movimentagao das larvas pré-parasitas. Porém, infestagées podem ocorrer em outros tipos de solo, sendo desfavoraveis ape nas os terrenos muito dmidos ou excessivamente compactos. PLANTAS HOSPEDEIRAS - Contam-se &s centenas as plantas hospe- deiras dos nematéides deste género. Entre elas estado as nossas culturas mais importante, a comegar pelo cafeeiro que, em nosso Pats, & prejudicado por trés espécies distintas, ou seja, M. incognit exigua, M. coffeicola eH. i Dentre as plantas hospedeiras de uma dada espécie, algumas podem ndo ser altamente susceptivets, nao sendo, por isso, muito prejudicadas. \ Por outro lado, hd plantas que se apresentam mui to susceptfveis a uma ou, mais espécies do género, sendo resisten te 3s demais. 0 algodoetro, por exemplo, & atacado por Hw incognita, sendo mais ou menos resistente aos ataques das demais CONTROLE ~ As principais medidas de controle da meloidoginose que tém sido propostas pelos especialistas sao as seguintes: a) Emprego da "Crotalaria spectabilis"s b) Inundag3o do solo; c) Culturas armadilhas; d) Rotagdo de culturas; e) Variedades resistentes; f) Revolvimento do solo; g) Controle quimico. 1204 FASES DO CICLO DE UM NEMATGLDE DO GENERO MELOIDOGYNE - Fémea jovem - Macho - Ovo Ovo encerrando larva - Larva pré-parasita - Larva parasita anmooaDr - Macho encerrado na cutfcula da larva parasita erie | IDENTIFICAGAO DE ESPECIES DE MELOID 1. TESTE DO HOSPEDEIRO DIFERENCIAL ~ CAROLINA DO NORTE: A. Introdugao: 0 Teste do Hospedeiro diferencial da Carolina do Norte foi criado para identificar as espécies de Meloido mais amplamen te distribufdas como: M. incognita (4 ragas), M. naria (2 ra gas), M. javanica eM. hapla. . Pode ser usado em Jevantamentos com um teste para cada nova populagao encontrada e & especialmen te Gtil para a identificagao de populagoes provenientes de novas localidades ou novos hospedeiros no territério abrangido pelo le vantamento. B. Procedimento: 1. Colete amostras de solo de um campo infestado com Melo c dogyne. : a. Se o campo nao estiver plantado, a ahostra devera ser coletada nas linhas onde bh aviam plantas na safra an- terior. b. Se o campo estiver plantado, tome a amostra coletando solo e rafzes com o mator némero de galhas possivel. c. Uma amostra pode ser constitufda apenas de rafzes com galhes. A amostra deve ser composta de no minimo 1000 centfmetros cébicos de solo ou 500 gramas de rafzes, provenientes de pelo menos 5 pontos no campo. 2. Divida a amostra e use para inocular 8 ou mais vasos. Os vasos devem conter 1000cc de solo arenoso ou solo mistu- rado com areia (nota: substitua por sacos plasticos ou latas finas se nao tiver vasos disponiveis. Fure o fun do para drenagem). Transplante mudas de tomateiro eS vres de nematdides para os vasos e mantenha-os em casa de vegetacgao (se possivel). &m regides quentes, dispo- nha-os mesmo ao ar livre, em lugar sombreado sobre ta- buas que devem estar de 20 a 30cm acima do solo (vasos colocados no chao ou em laminas de plastico estendidas no ch3o podem ser facilmente contaminadas por nematdides og do solo). Regue os vasos diariamente e ponha um pouco de adubo completo a cada 2 semanas. Mantenha as popula gdes em mesas separadas na casa de vegetagao ou em ta buas separadas se ao ar livre. Contaminagdes de uma pa ra outra populagao podem confundir os dados se espécies de Meloidogyne estiverem envolvidas. Apds um minimo de 45 dias, seu indculo estara pronto para uso. 3. Para um teste de hospedetros, sera necessario ter inécu lo para 24 vasos. 0 melhor solo para os vasos é um solo areno~argiloso misturado com igual quantidade de areia de rio. Esta a Istura deve estar livre de nematdides pa- rasitas de plantas, particularmente espécies de Neloido gyne. \ Solo esterilizado com Brometo de Hetila ou por au toclavagem podem ser usados se disponfveis. Um método pratico de matar espécies de Meloidogyne do solo, é espa jha-lo, em uma camada de 2cm de espessura sobre um chao de concreto ou uma lamina de plastico expd-lo ao sol até que seque. 4. Esvaste seis dos vasos inoculados, corte as rafzes em pe dacos pequenos e misture-as como solo. Divida esta mis tura em 24 partes e use cada parte para! inocular da um dos 24 vasos com solo esterilizado. Provavelmente o me lhor procedimento & encher o vaso até 3/4 com solo este~ ‘ rilizado, adicionar o indculo e terminar de encher com uma camada de solo esterilizado de aproximadamente 2emde espessura. Encha quatro vasos com apenas solo esterili- zado. Guarde os outros dois vasos para serem usados ca~ so precise comegar tudo de novo. Transplante uma ou duas mudas dos seguintes espécies em cada quatro dos vasos inoculados: 1) fumo NC95, 2) Ai godao Deltapine 16, 3) Piment&o California Wonder, 4) Me lancia Charleston Grey, 5) Amendoim Florrunner e 6) Toma te Rutgers. 0s vasos néoinoculados so plantados com toma~ te Rutgers. (nota: sementes destas espécies podem ser obtidas através da Central do Projeto Internacional de Meloidogyne. P.0.B0x 5397, Raleigh, North Carolina 27607, USA.) 6. Tomando todos os cuidados para prevenir contaminagao co mo especificado no {tem 2 acima, regue, adube, e@ deixe as plantas crescerem por 50 dias se a média de temperatu ra for de 24-309C. Se a temperatura for mais alt ecultiL ve por 45 dias; se mais baixa por 55 dias. 7. Remova as plantas dos vasos, lave gentilmente o sistema radicular e examine sob microscopio esterioscopico ou lente de aumento. Procure por galhas e massas de ovos maduras (marrom claras). Dé nota para cada rafz como se gue: Sem galhas ou massas de ovos = 0; uma ou duas ga~ s ou massas de ovos = 13 tres a dez = 2; onze a trin 3; de trinta e um a cem = 4; mais de cem = 5. Faga duas tabelas separadas uma para galhas outra para massas de ovos. Para cada planta calcule um fndice médio de ga lhas e um separado para massas de ovos. Normalmente bos og Indices serdo semelhantes; mas em alguns casos 0 EY 3 g Indice de massa de ovos sera menor. Seo fndice de mas sas de ovos for menor, use este para tomar a decis nal. A suscetibilidade & medida pela reprodugdo e néo pela formagao de galhas. C. Identificagao: através A rer bem loi terdo uma média de notas de tas com sinal mais (+) na 4,0 ou mais, e aquelas com sinal menos (-) terdo uma média de tas de 0, 1,0 ou 2.0. To} e & suscetivel a todas as espécies e ragas e € a plan ta indicadora. Se as plantas de tomate dos vasos com solo inocu lado estSo altamente infectadas, as outras notas positivas sero altas. Se slo baixas, a probalidade & que o indculo foi inadequa do e as outras notas serdo anormaimente baixas. A graduagao ve ser julgada parcialmente em relagao a graduagao do tomate. In fecgao nas plantas de tomate dos vasos nao inoculados indicam que a mistura do solo estava infestada, e esse experimento deve~ ra ser repetido. Se uma populagao com duas ou mais espécies de Meloidogyne é testada, haverdo muitas graduagées mais (+). Nesse caso o expe- rimento devera ser repetido usando massas de ovos das plantas hos pedeiras diferenciais, isto é, plantas as quais tem sinais dife- rentes na tabela. Em uma mistura de M. incognita e M. javanica por exemplo, pimentao @ o hospedeiro diferencial. 2h. Para ganhar experiéncia na identificagao por caracteres mor folégicos as espéctes identificadas pelo metodo do hospedeiro Spico diferencial deveria ser verificada através de exame microse usando a técnica que sera deserita no. ftem Ith. Tabela |. Tabela de Identificagio do t rencial. es/Cultivares Fumo Alg odzo Pimentao felancia e. Dolta= California Charleston NC95 pine 16 Wonder Grey \ - f + + + - + + - + - * + - + + + + + - + - : * + + + - - . - + + - - - + + - + - * + * Funo (Nicotiana Tabacum) cv. NC95; Algodo (Gossypium hirsutum cv. Deltapine 16; Pimentao (capsicum frutescens) cv.California Wonder; Melancia (Citrullus vulgaris) cv. Charleston Gr mendoim (Arachis hypogeae) cy. Florrunner; Tomate (Lycopersicon esculentum) cv. Rutgers. D. Limitagdes do teste do hospedeiro diferencial Os propdésitos principais do te do hospedeiro diferencial Carolina do Norte sao para identificar as quatro espécies e@ seis ragas mostradas na tabela 1, e detectar variagoes cas dentro de populagdes de espécies. bs resultados nao podem ser interpretados como o estabeleci mente de gama de hospedelres decsas espScies ou rages. A revig mente. 0 tSncia de cultivares & formagao de galhas varia grand teste de todas as cultivares de qualquer cultura seria praticay mente imposstvel. Mas até que isso seja feito, ninguéem pode di zer que uma espécie de nematéide nunca se reproduz em dada espé- ie de planta. Ha também evidéncias de variagoes individuals em populagoes de Meloidogyne Conforme Sasser (1954) afirmou no inicio do desenvolvimento do teste do hospedetro diferencial "0 niimero relativamente peque no de plantas testadas nesses estudos ngo revelam nenhum padrao geral o qual capacitaria a predigao de resisténcia ou

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