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Capttuly , cao de documentos escrita, avaliacdo psicologicg. dados técnicos e éticos Elabora com base em cui Maria Cristina Barros Maciel Pejj,; Contextualizando a avaliacao psicoldgica Avaliagao psicoldgica é uma esfera da Psicologia pugiconipreen- de um conjunto de conhecimentos, praticas, técnicas e instrumentos Reconhecendo um lugar de destaque a avaliacao psicologica, em uma ciéncia/profissao que se chama Psicologia, este conjunto caracteriza um campo desta ciéncia e um fazer desta profissdo que se destaca por sua importancia. Dessa forma, a avaliagao psicologica é recorrente em varios contextos, desde a academia a pratica profissional. A avaliagao psicoldgica é requisitada como instrumento para sub- sidiar decisoes, diminuir dividas sobre habilidades/comportamentos/ potencialidades/tragos de personalidade, de individuos Ou grupos. So- bre essa denominacdo “avaliacdo psicoldgica”, permanecem abrigados assuntos tao diversos e controversos como os testes psicologicos padro- nizados, as entrevistas, as escalas ¢ 9 psicodiagnostico Gass, 2000). Os Procedimentos técnicos enyolvidos na avaliacgao Ppsicologica Telerem-se 0s instrumentos, bem como as consequencias éticas de suas aplicacoes. Tae) elaboragao, escolha de instrumentos, aplicacdo e meee. iltados, Sendo um equivoco considerar a avaliacgao psicologicg omo geradora de um produto. 0 Sass (2000), a avaliagao psicologica & fortemente marcada Eto técnico e€ parece ocultar a sua principal determinagag, — yi discutido ou ainda nao 0 ade moderna exige tanta tecnificagao que fins. No aspecto politico, temos que uacaio de avaliagao, que ideolo- ao. Ao analisar 0s procedimen- uestio de empregar essoa esta apta ou o contexto de o aspecto politico. A respeito disso, pouco fe foi suficientemente. A socied acaba transformando os meios em ictir sobre o contexto que envolve a sit refl Ao ¢ qual sua inten¢ gia reflete esta avaliz tos técnicos da avaliagao psicologica, vem a tona a q erificar se a Pp r exemplo. N a avaliacao psicologica cao um ou outro instrumento, a fim de v inapta para algo, como portar uma arma, po Recursos Humanos, poderiamos refletir sobre se constitui-se em um instrumento de desenvolvimento ou de segrega' de pessoas? A sociedade deflagra essa solicitacao e o psicologo atende, sem muita critica sobre possiveis consequéncias. a, converte essa pretensa ciéncia A Psicologia, como ciéncia aplicad tiva de andlise nao equivale a rea- humanista em tecnologia. Essa perspec lizar ataques genéricos contra técnicas, denunciando a manutencao do status quo. Segundo Sass (2000), “se as técnicas psicologicas € sociolégi- cas reduzem os individuos a aspectos € fatores tipificando-os é porque a sociedade em que vivem ja os tipifica” (p. 6). De acordo com esse autor, 0 profissional da Psicologia somente podera atuar de forma critica se tomar como ponto de partida o beco sem saida em que se ve colocado. Ou seja, o papel de cumprir as exigéncias de uma sociedade que quer instrumen- taliza-lo, por meio de aplicacao de instrumentos psicolégicos, como se fossem técnicas neutras que detectassem motivacoes/interesses ocultos dos individuos, ou recusar-se a intervir, decretando a liquidacao dos pro- cedimentos técnicos, historicamente desenvolvidos da Psicologia. Uma terceira hipétese de realizacdo consciente da avaliacao psico- logica envolveria a utilizacao de instrumentos construidos a partir de pesquisas cientificas, complementados a uma formacao tedrica e expe- riéncia profissional e ainda pensando no aspecto politico da questao, refletindo sobre 0 uso que sera feito desta avaliagao ¢ recusando-se em situacoes aviltantes. Desta forma, devemos visualizar a avaliacao psi- coldgica sempre enquanto um processo. Processo porque envolve a in- tegragao de informacoes provenientes de diversas fontes, dentre elas, testes, entrevistas, observacoes € analise de documentos. © lugar de destaque passa também pelo espa¢o ocupado pela avaliacao psicologica na formacao do psicdlogo e, se podemos questionar 0 tamanho deste —_ 45 1¢ ele mio ganha as propor¢oes piliclade de reconhecimen, as esferas da Psicologia. Para de avaliagao psicoldgica com eposias a questOes propostas espaco na formacao hoje, no sentido de qu que deveria, mio podem to, que nao é dada da mesma forma a ou tanto, o psicdloge deve utilizar estrarégias objetivos bem-definidos para encontrar T¢: com vistas a solucdes dle problemas (Cunha, 2002): Cabesalientar que a testagem € um dos passos Impet processo, porém, constitui apenas um dos recursos de aval 0 uso das testes psicoldgicos deve ser entendido como uma das etapas da avaliagio psicologica, que pode nos fornecer informacoes relevantes para o embasamento do nosso posicionamento. A entrevista € outros recursos técnicos, como dindmicas de grupo, vivencias, jogos, enire Ou ros, também so imprescindiveis a qualquer avaliagao psicolagica (Ma chado, 2007) De acordo com Cruz (2002, p.18), quatro elementos sao essenciais para a configuracao do esquema definidor do campo de avaliacao psico- logica enquanto processo: + O objeto (fendmenos ou processos psicoldgicos). = O campo tedrico (sistemas conceituais). * © objetivo visado (fazer o diagndstico, compreender e avaliar a prevaléncia de determinadas condutas). * O método (condigao através da qual € possivel conhecer o que se pretende avaliar). Vale salientar que a integracao dessas informacdes deve ser suficien temente ampla para dar conta dos objetivos pretendidos pelo. Proce: : de avaliacao. Ressalta-se que ndo € recomendada a utilizaeao de um; =, técnica ou de um sé instrumento para avaliacdo. Conforme orienta, r ‘a do Manual de elaboracio de documentos decorrentes de ee colégicas, instituido pela resolucao do Conselho Federal de Psig a (CFP), resolucao n. 007/2003, a avaliagao psicoldgica é cena (0 proceso técnico cientifico de coleta de dados, estudos ¢ inte; fo? de informagoes arespeito dos fendmenos psicoldgicos. Esses ee sdo resultantes da relacao do individuo com a sociedade, utiliza = tanto, de estratégias psicologicas, de métodos, de técnicas ¢ j.” ntos. Esses instrumentos, métodos e técnicas sAo Uteis 4 ns os ignorar Sua Pos: es desse "a0, isto ¢ z nformagoes impor sita ter ilizar € o utilizados adequadamente, oferecem 1 os individuos avaliados. Para isso, 0 psicologo neces: hecimento em relagao as técnicas que pretende ut a as embasam. Assim como uma possibilidade de critica ae as a ‘os instrumentos de avaliagao que utiliza, pa obtendo, assim, que, quand tantes sobre um vasto con das teorias que consciente em relagao a a adequar o instrumento a demanda quando necessarlo, um melhor resultado (Cruz, 2002). F Que outros elementos entao faltariam para justificar © CS 8 avaliacao psicolégica na Psicologia a partir da complexidade em que © a deva ser realizada? Podemos levantar muitos outros elementos; Cos do, é importante nos aproximarmos da sua dimensao ética. Ea via da ética que nos diz para que fazer, com que objetivo fazer e como aa que construo com esta pratica? Caminho em direcao de qual ee A servico de que coloco minha profissao? Que profissao eu construo: a ética que nos traz claramente a transmutacao de uma pratica marca- da aparentemente pela técnica e pelo conhecimento especifico (porque carregada pelos mesmos), em uma pratica, acima de tudo, social. Ou seja, estamos falando de uma pratica na qual, em todos os momentos, a ética, isto é, o seu compromisso, deixa de ser pano de fundo e passa a assumir o lugar de destaque: fazemos avaliacao psicologica de alguém, de um sujeito concreto, que vive em uma realidade concreta, que tem um passado, que tem um futuro. Portanto, a avaliacao psicolégica rever- bera na vida deste sujeito concreto, dai o reconhecimento social deste fazer (Rios, 2004). Somos chamados a fazer avaliagdo psicolégica para subsidiar muitas decisdes: a guarda das criancas, as visitas dos pais, o encaminhamento para instituigoes ou espacos de cuidados especiais, a concessao das car- teiras nacionais de habilitagao, a concessao do porte de armas, a contra- tagdo de empregados, a necessidade de permanéncia no carcere, a avalia- ¢ao em criangas em idade escolar, entre outros. Quantas reverberacoes sociais nessa pratica! A verdade ¢ que nao existe pratica profissional que nao tenha funeao social. Toda pratica profissional é acao sobre o mundo € talvez, neste fazer, isso esteja mais explicitamente colocado. Isso nos leva a pensar sobre o compromisso social deste trabalho, a conviver vis- ceralmente com sua dimensao ética. fel ye Rios (2004) aponta que os resultados desta pratica profissional atin. gem as muitas pessoas implicadas nesta agao profissional. e qualidade das avaliagdes psicolégicas nao passa somente pela eficacia técnica, ma, envolve uma dimensao técnica-ética-politica. Garanur a cn cla técnicg € também garantir o carater ético do trabalho. Assim, Na0 © possive| pensar perspectivas de futuro sem cuidar da ética, pelo menos se est}. vermos pensando naquele futuro de uma Psicolo| compromissada, mais qualificada. Pensando na qualidade destas avaliacoes € (© devemos cuidar da qualidade da confeccao dos documentos escritos, oriundos de avalia- codes psicoldgicas. Temos visto muitos questionamentos a partir da pro. ducao escrita do profissional psicologo (Souza & Eiko, 2009). Devemos contextualizar e pensar, pois problemas éticos relacionados a avaliacao psicologica sio os que mais facilmente se formalizam como dentncia ao Orgao de classe (Conselho Federal de Psicologia). Alias, ai esta o cerne da dimensao ética, nossa pratica esta emaranhada as decisoes c portanto, a preocupacao na elaboracao de documentos escritos, Esta- mos fazendo referéncia, neste momento, aos laudos, relatorios, parece- res técnicos, documentos nos quais formalizamos o resultado do nosso trabalho quando realizamos uma avaliacdo psicoldgica. gia mais critica, mais Vemos problemas éticos relacionados as queixas sobre documentos escritos, elaborados de forma tendenciosa, pouco fundamentados, que apresentam, por diversas eee conclusdes Precipitadas. Na maioria destes problemas éticos, a anilise dos documentos revela que de fato esses problemas estado presentes na construcao do documento Resi, (Jornal Psi, 2009). ey Observa-se que 0 problema nao esta na avaliagao Psicolopi | mas no documento que dela resulta. No entanto, Pensemos: ES em si, mento nao diz respeito diretamente a avaliacao psicolg, ° i ae docu- "que expressa seu resultado e, portanto, nao é ali que a a? Nao é ele ma de avaliacdo? Nao € no documento que esta ay, S€ concretiza que dela se faa uso? Para, além diss i aliacag Se dis- usuario do nosso servico, aquele ae €corréncia do processo de avaliacao psicoldgicg avaliado, tem oficialmente se conclui a seu are °F se quej- esta expresso em um documento? © Por mei dela Comunicagées dos resultados na avaliagao psicolégica: documentos escritos A redacao de um documento deve estar bem-estruturada e definida, ar. O psicologo deve expressando objetivamente o que se quer comunic utilizar expressdes concisas, proprias da linguagem profissional, com correlagio adequada das frases. A comunicacao dos resultados de uma avaliacao psicolégica nem sempre € tarefa facil para o psicdlogo €, em al- guns casos, 0 profissional nao tinha orientagao suficiente de como faze- Ja. A partir da demanda dos proprios profissionais do CFP, instituiu-se aresolucao CFP n. 007/2003, visando preencher a lacuna de referéncias sobre 0 assunto. A resolucao aborda os seguintes itens: 1. Principios norteadores da claboracao documental. TL Modalidades de documentos. Ill. Conceito / finalidade / estrutura. TV. Validade dos documentos. Y. Guarda dos documentos. No que se refere as modalidades de documentos, a resolucao CFP n. 007/2003 apresenta as seguintes: Declaracgao ae Declaracao visa informar a ocorréncia de situacdes objetivas rela- s ao atendimento psicoldgico, como por exemplo, compareci- 0 atendido ou acompanhante; o acompanhamento psicologico ido ou informacoes sobre condicoes do atendimento (tempo, , entre outros). Nesse tipo de documento nao devem ser igndsticos, sintomas ou estados psicologicos do avalian- dave COnter somente a finalidade especifica para o li¢des psicologicas de quem é atendido. Tem J ui impedimentos, justificar est i justificar faltas 0 por finalidade jus olicitar alastamento e/ou d ivi ificas; ¢ $' ra atividades espec o ie Esse tipo de documento deve conter 0 registro do sin, sig it * ; ant as ; ame ou condicao psicoldgica, subsidiado na afirmacao atestad, a oY do fato, em acordo com o disposto na resolugao CFP n. 015/196 A resolucao CFP n. 015/1996 define que € atribuicao eo, PSicdlog, emitir atestado psicoldgico para licen¢a saude, desde 4 ue haja um diag. néstico psicoldgico deyidamente comprovado e que indique a necesg. dade de afastamento da pessoa de suas atividades de trabalho ou estud, Os registros devem ser corridos, separados apenas pela pontuacao, ser, uso de pardgrafos. O atestado exige compromisso legal; dar atestado falso € crime (artigo 302 do Codigo Penal). a apto Oy ispensa 4, ) c) Relatério ou laudo psicolégico E considerado o mais complexo ¢ completo, por possuir carater de investigacao cientifica. Propoe uma apresentacao descritiva sobre situa- ges ou condicées psicolégicas e suas determinacoes (Sociais, historicas cas, culturais), tifico adotado pelo profis- acao do sujeito, a descricao » 0s procedimentos adotados durante o Processo, a anilise , a anilis usoes do profissional, pois o 1 demanda inicial, aeenie heart ee a técnicos € a leigos, Quando for eee ante que haja um esclarecimento breve da ¢ 9 hemo guir sempre uma ordem na exposicag ee nao fique confuso, Nunca devemos eager. para o relatério/laudo, pois o relatorio/laudo € clrctnsens ao d) Parecer O Parecer constitui um documento fundamentado e resumido sobre uma questao focal. Pode ser indicativo ou conclusivo € se caracteriza por apresentar uma resposta esclarecedora a uma pergunta especifica. Sua estrutura é similar 4 do laudo, mas é mais reduzida ¢ focada, compondo-se dos itens: Identificagado; Exposigao dos motivos; Anéalise e Conclusao. Os resultados quantitativos das provas e as produgoes graficas reali- zadas pelas pessoas avaliadas nado acompanham os documentos acima, por serem material clinico e confidencial. Podem ser anexados textos cientificos que versem sobre o diagnéstico apurado, ou no item Discus- sao do laudo, podem ser inseridas exposigdes tedricas referindo/esclare- cendo o diagnéstico, A partir da explanacao de alguns itens da resolucio CFP n. 007/2003, é importante ressaltar que nao podemos perder de vista a finalidade da avaliacdo psicolégica. Vale destacar, ainda, a diferenciacao entre os docu- mentos escritos pelo psicdlogo produzidos em consequéncia do resulta- do das avaliacées psicolégicas e outros documentos escritos, solicitados para o psicdlogo, mas que nao sao resultantes de uma avaliacao psico- légica, como, por exemplo, as declaracdes e os pareceres. Estes dois ti- pos de documentos nao sao documentos necessariamente decorrentes de uma avaliacao psicolégica, embora muitas vezes aparecam desta forma. No ano de 2009, a Comissao de Etica do Conselho Regional de Psi- cologia de Sao Paulo realizou uma pesquisa especifica, publicada pos- teriormente no Jornal Psi, sobre a tematica de documentos escritos em relacdo as dentincias éticas recebidas naquela regional. Nesse estudo observaram que do total de 173 representacoes éticas recebidas, 49 (28,32%) questionavam o documento escrito decorrente de avaliacao psicolégica. Destas representacoes, 29 evoluiram para processos éticos. Os pontos questionados nestas denuincias foram referentes a falta de fundamentacao, auséncia de dados para as afirmacgoes feitas, avaliacao de pessoa nao atendida, parcialidade, uso de jargoes, conclusoes diver- gentes, uso somente da técnica de entrevista, abordagem de tematica nao pertinente a demanda, uso de testes com parecer desfavoravel pelo CFP, nado cumprimento da resolugado CFP n. 007/2003 (falta de identi- ficacdo, data, procedimentos utilizados, a quem se destinava a anilise, 51 i mento sem 0 consentiyy, : oe encaminha me roduga conclusdo etc:), P’ ados como laudos, observaram; ie do atendido. i entos intitu sr Quanto aos docum do contratante; Jando taxativo; laudo que yy, da pessoa entrevistada do tendencioso a favor deixava claro se a afirmaca do psicologo; laudo que apo : alguém nao avaliado, inclusive Ihe atri do foco inicial da avaliagao da crian¢a para wa samento técnico € metodoldgico para algumas conclusoes, entre outros A partir desses questionamentos devemos buscar parsers (ros técni- cos € éticos para poder elaborar um documento escrito de forma ade. quada e principalmente pautada na ética profissional. meeemos buscar referencias que indicam considera¢oes essenciais a serem feitas: * Considerar o objetivo e a demanda inicial do atenc¢ psicologo s6 é possivel apresentar informacées, discutir, concluir e compartilhar sobre aquilo que foi mérito, foco de seu trabalho. * Possuir um contrato de trabalho que destaque este aspecto, quc deve ser consensual por todos os envolvidos na prestacao de servi¢os o apresentada era ntava caracterisuicas de personalidade g, buindo psicopatologias; mudang, um dos pais; falta de emb, limento. Ao + Definir claramente a metodologia do trabalho a ser realizado. * Esclarecer o objetivo da elaboragao do documento: € importante que o proprio profissional tenha clareza e deixe explicito no docu- mento que produz a quem se destina o documento. Buscar garantuir que esses objetivos sejam preservados quando uti- lizados por quem o solicitou. * Utilizar uma redacao que preze pela clareza, concisdo e harmonia. fazendo com que, realmente, 0 documento possa ser um comunica- dor, preciso, coerente e compreensivel por aquele que lé * Resi 4 i e ae © carater confidencial das comunicacées, assinalando siekin onsabili / Biescs oe : ee de quem as recebeu de preservar o sigilo (artigo =. : ig0 de Etica Profissional, 2005). _ © igualmente important + e buscar referénci eae a profisso, que orientam 0 Mic has legislacoes especifi . Prouissional. Sobre esse assunto. suge- Devolutiva dos resultados O fornecimento dos resultados é uma parte fundamental na presta- cao de servicos do psicologo, O Codigo de Etica do Psicologo (2005), em seu artigo 1°, alineas “g” ¢ “h”, diz que é responsabilidade do psicologo: informar, a quem de dircito, os resultados decorrentes da prestacao de servicos psicoldgicos, transmitindo so- mente 0 que for necessario para a tomada de deciséo que afeta o usuario ou beneficidrio [e] orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados a partir da prestacao de servigos psicologicos, € fornecer, sempre que solicitado, os documentos pertinentes ao bom termo do trabalho (Cédigo de Etica do Psicologo, 2005). No que diz respeito 4 avaliagao psicologica em concursos publicos e processos seletivos, ja havia a previsao, por meio da resolugao CFP n. 001/2002, no sentido de garantir o carater facultativo da devolutiva, considerando a solicitacao do candidato. Além disso, a devolutiva de resultados esta devidamente regulamentada como obrigatoria no con- texto da avaliacao psicolégica para obtengao da Carteira Nacional de Habilitacao a partir da resolugao n. 007/2009, que revogou a resolugao CFP n. 012/2000. Pellini e Souza (2006) em uma matéria do Jornal Psi destacam que: qualquer modalidade de devolutiva realizada (verbal ou por escrito) ou documento elaborado referente ao ser- vico prestado deve ter como foco a demanda inicial do atendimento. [...] A devolutiva nao é uma tarefa nem um pouco facil em nosso trabalho, pois nao estamos somen- te transmitindo os resultados do processo de avaliagao psicologica, mas sim o fruto de um trabalho realizado a partir de uma demanda. E importante destacar o tipo de linguagem a ser empregada na devolutiva. No caso de trabalhar a devolutiva entre colegas psicologos, © comunicado pode ser feito em termos técnicos, fazendo referéncias recursos utilizados e discutir os detalhes. Ja em relacdo a outros fissionais, o psicdlogo deve compartilhar somente as informagdes ites, resguardando o carater confidencial e preservando 0 sigilo. 33 (2006) existem caracteristicas distinta, 4 : m juiz, por exemplo, a Pellini ¢ Souz § ae Uma solicitagao feita por U eh re erito no sistema judiciario, deve resulta, nomeia um psicdlogo como Pp em um laudo ou wm parecer, se tos devem ser formulados com OSC mitindo somente o que for necessarl s ’ s do Direito possam See oe 5, 0 eres deve se referir exclusivamente ag ndo que esses tipos de eccuMmentos escri, devidos cuidados de redacao e trans. 0 para a tomada de decisoes e par, compreendé-los. Para uma devoly. iva solicitada por escola eee ee na demanda inicial, em linguagem ee! = duem vai receber o documento ¢ tomando as devidas ee ee a dam a intimidade do caso por questoes que nao se relacionam ao campo pedagdgico. Nas situacdes de recrutamento € selecdo, deve-se ter claro o perfil do cargo para selecionar as técnicas que scrao utilizadas e os pro cedimentos, de forma a nao causar danos aos candidatos. No momento da devolutiva, o psiclogo deve comunicar claramente ao solicitante s¢ as caracteristicas do avaliando estao ou nao contemplando os anseios da empresa, tomando o cuidado de evitar expressGes como “vocé nao Passou no teste” ou “voce nao passou na avaliacao psicolégica”. Os resultados de um processo de avaliacdo devem abordar de forma compreensivel, objetiva e clara a problematica que causou a solicita- cao. A pessoa que € avaliada tem o direito de saber os resultados ; 3 sua avaliacao e o psicologo deve ter habilidades para integrar dif : de informagoes, provindas de diferentes fontes, 0 eee i lerentes deve conhecer a ciéncia psicologica € reconhecer que ee Fsicélogo caminham juntas. a e@ técnica O Cédigo de Etica, em seu artigo 2°, dispoe, ainda psicélogo: “emitir documentos sem fundamentacao » que S vedado ao co-cientifica; interferir na validade e fidedignidade de le qualidade técni- nicas psicolgicas, adulterar seus resultados ou fazer ee EDtog e téc- eclaracées falsag” Consideracoes finais O objetivo deste capitulo foi destacar que a qualidade a. psicoldgicas nao se restringe somente na utilizacao den on avaliacdes das. Garantir a eficacia técnica é também garantir 0 caratey aan qua_ Odor, Ta eA ete ae a técnica. E preciso lembrar o reconheci- xalta e nos denuncia. E este reco- abalho Iho, e este ndo se esgota na bo mento social que dialeticamente nos ¢ nhecimento que coloca a €lica como dimensao fundamental do tr de avaliacdo psicoldgica, Nao é possivel pensar perspectivas de futuro sem cuidar da ética, pelo menos se estivermos pensando naquele futuro de uma psicologia mais critica, mais compromissada, mais qual icada Quanto a validade do contetido dos documentos escritos, decorren- tes das avaliagées psicologicas, devera se considerar a legislacao vigente. Nao havendo definicao legal, o psicdlogo indicara o prazo de validade do conteuido emitido no documento, em fungao das caracteristicas ava- liadas, das informacoes obtidas e dos objetivos da avaliagao. A resolucao ainda destaca que, ao definir 0 prazo, o psicdlogo deve dispor dos funda- mentos para a indicagao, devendo apresenta-los sempre que solicitado Quanto a guarda dos documentos escritos decorrentes de avaliagao psicolégica, bem como de todo o material que os fundamentou, deverao ser guardados pelo prazo minimo de cinco anos, observando-se a res- ponsabilidade por eles, tanto do psicdlogo quanto da instituicao em que ocorreu a avaliacao. Esse prazo podera ser ampliado nos casos previstos em lei, por determinacao judicial, ou ainda em casos especificos, em que seja necessdria a manuten¢ao da guarda por maior tempo. Em caso de extingao de servico psicolégico, o destino dos documentos devera seguir as orientacoes definidas no Codigo de Etica do Psicélogo. Referéncias Conselho Federal de Psicologia [CFP] (1996). Resolucao CFP n. 015/1996 de 13 de dezembro de 1996. Institui e regulamenta a conces- sao de atestado psicolégico para tratamento de satide por problemas psicolégicos. Didrio Oficial da Unido. Conselho Federal de Psicologia [CFP] (2002). Resolucdo CFP n. 001/2002 de 19 de abril de 2002. Regulamenta a avaliacdo psicologica €m concurso publico e processos seletivos da mesma natureza. Didrio Oficial da Unido. Conselho Federal de Psicologia [CFP] (2003). Resolucdo CFP n. 007/2003 de 14 de junho de 2003. Institui o Manual de Elaboracao de 55

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