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Sistemas Operacionais – Cap 3 – Estruturas de Sistemas Operacionais

Estruturas de Sistemas Operacionais

Podemos analisar um sistema operacional sob diversos aspectos:

• Os serviços que o sistema operacional oferece.


• A interface que o sistema operacional torna disponível aos usuários e
programadores.
• Os componentes do sistema operacional e suas interligações.

Componentes de um Sistema

Um Sistema Operacional só pode ser desenvolvido se for subdividido em partes


menores e mais simples. Cada uma dessas partes deve ser bem delineada, com
entradas, saídas e comportamento bem definidas.

Obviamente, nem todos os sistemas têm a mesma estrutura.

 Gerenciamento de Processos

A execução de um programa envolve necessariamente a execução


de suas instruções por uma CPU. Pode-se pensar em um processo
como um programa em execução.
• Um serviço em um sistema batch é um processo.
• Um programa de usuário de um sistema de tempo
compartilhado é um processo.
• Um tarefa de um sistema, como impressão pelo mecanismo
de spooling(armazenamento temporário dos dados em disco),
também é um processo.
• Chamadas ao sistema que permitam que os processos criem
subprocessos a serem executados simultaneamente.

Um processo pode usar vários recursos para realizar uma tarefa,


como tempo de CPU, memória, arquivos e dispositivos de E/S.
Esses recursos podem ser alocados ao processo quando ele é
criado ou durante sua execução.

• Um programa por si só não é um processo !!!


o É uma entidade passiva
o Por exemplo: O conteúdo de um arquivo armazenado
em um disco.
• Um processo é uma entidade ativa, com um contador de
instruções que determina a próxima instrução a ser executada.
• Execução de processo deve progredir de maneira seqüencial.
o A CPU executa uma instrução após a outra, até que o
processo termine.

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o A qualquer instante, apenas uma instrução de um dado


processo é executada.
 Duas seqüências diferentes de execução de um
mesmo programa constituem dois processos
distintos.
 Um programa pode originar diversos processos.
• Um sistema é constituído de um conjunto de processos, sendo
alguns desses do Sistema Operacional (rotinas do sistema) e
os demais pertencentes aos usuários.
• Esses processos podem ser executados concorrentemente,
por meio de um processo de multiplexação da CPU entre eles.

Sistema Operacional em relação ao gerenciamento de processos

• Criação e remoção de processos, tanto do sistema quando


dos usuários.
• Suspensão e reativação de processos.
• Sincronização de processos.
• Comunicação entre processos.
• Tratamento de impasses entre processos.

 Gerenciamento da Memória Principal

A memória principal tem papel central na operação de um sistema


computacional moderno.

• É um repositório de dados de acesso rápido, compartilhado


pela CPU e pelos dispositivos de E/S.
• As instruções a serem executadas pelo processador central
são lidas a partir da memória principal durante o ciclo de
busca de instruções do processador, assim como os dados
são lidos e armazenados na memória principal durante o ciclo
de busca de dados.
• Operações de E/S implementadas via DMA também lêem e
escrevem dados na memória principal.
• Para que a CPU processe dados armazenados em um
disco, é preciso que esses dados primeiro sejam
transferidos para a memória principal por chamadas a
rotinas de E/S geradas pela CPU. Da mesma maneira, para
que a CPU possa executar as instruções dos programas,
elas devem estar armazenas na memória.
• Durante a execução de um programa, são feitos acessos aos
endereços absolutos da memória, onde estão armazenadas
as instruções e os dados do programa.

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• Quando a execução termina, o espaço de memória ocupado


pelo programa se torna disponível, podendo outro programa
ser então carregado para execução.

Sistema Operacional em relação ao gerenciamento de memória


principal

• Manter informação sobre quais partes da memória estão


sendo usadas no instante atual e por quem.
• Decidir quais processos devem ser carregados na memória
quando algum espaço de memória se torna disponível.
• Alocar espaço e remover programas e dados da memória.

 Gerenciamento de Arquivos

Um dos componentes mais visíveis de um sistema operacional. Os


computadores armazenam as informações em diversos tipos de
meios físicos(fita magnética, disco magnético, disco óptico).

Para que um computador possa ser usado de maneira adequada, os


sistemas operacionais fornecem uma visão lógica uniforme do
armazenamento de informações. Eles abstraem, das propriedades
físicas dos dispositivos de armazenamento, uma unidade lógica de
armazenamento, o Arquivo.

• Associam arquivos a meios físicos e os acessam por


intermédio dos dispositivos de armazenamento.
• Um arquivo é uma coleção de informações, relacionadas entre
si, definidas na sua criação.
• Ao conceito abstrato de arquivo e às operações sobre
arquivos correspondem, respectivamente, dispositivos como
fitas, discos e dispositivos que os controlam, além das
operações sobre esses dispositivos, gerenciadas pelo sistema
operacional.

Sistema Operacional em relação ao gerenciamento de arquivos

• Criação e remoção de arquivos.


• Criação e remoção de diretórios.
• Suporte a primitivas para manipulação de arquivos e
diretórios.
• Mapeamento de arquivos em memória secundária.
• Cópia de arquivos em meios de armazenamento não-voláteis.

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 Gerenciamento de Sistemas de E/S

Um dos propósitos dos sistemas operacionais é esconder dos


usuários peculiaridades de dispositivos de hardware específicos.
O subsistema de E/S é constituído de:

• Componente de gerenciamento de memória, que inclui o


controle de usos diversos de áreas de armazenamento
temporário.
• Interface geral para os diversos controladores de dispositivos.
• Rotinas de controle (drivers) dos diversos dispositivos.

Somente o controlador de um determinado dispositivo conhece suas


peculiaridades específicas.

 Gerenciamento de Memória Secundária

O propósito principal de um Sistema Computacional é executar


programas.

• Esses programas e os dados aos quais eles têm acesso


devem estar na memória principal durante a execução.
• A memória principal é muito pequena.
• Deve existir uma memória secundária para auxiliar a memória
principal.
• Os programas são armazenados em disco até serem
carregados na memória e, depois, durante o processamento,
usam o disco como fonte e destino de dados.

Sistema Operacional em relação ao gerenciamento de memória


secundária

• Gerenciamento de espaço livre.


• Alocação de espaço na memória.
• Ordenamento e seleção das operações para o uso de discos.

 Interpretadores de Comandos

• Constitui a interface entre o usuário e o Sistema Operacional.


• Alguns Sistemas Operacionais incluem o interpretador de
comandos (Shell) no seu núcleo (Kernel). Outros, tais como o
MS-DOS e o UNIX, tratam o interpretador de comandos como
um programa especial que está em execução quando um
serviço é iniciado ou quando um usuário inicia uma seção pela
primeira vez.

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• Sua função é bastante simples: obter o próximo comando e


providenciar para que ele seja executado.
• A preferência dada por usuários a um determinado sistema é
por vezes devida à interface amigável fornecida pelo
interpretador de comandos desse sistema. Exemplo:
Macintosh e Windows.
• Outros usuários não gostam de facilidades e preferem utilizar
um simples terminal como interface. MS-DOS, UNIX.
• As especificações dos comandos podem tratar da criação e
gerenciamento de processos, tratamento de E/S,
gerenciamento de memória secundária, gerenciamento da
memória principal, acesso ao sistema de arquivos, proteção e
conexões em rede.

 Serviços Implementados por Sistemas Operacionais

Os sistemas operacionais criam um ambiente para a execução de


programas. Os serviços implementados atendem às requisições de
programas e aos seus usuários e podem variar de um sistema
operacional para outro.

• Os serviços fornecidos são realizados para maior


conveniência do programador, de modo a facilitar sua tarefa
de programação:
• Execução de programas.
• Operações de E/S.
o Por razões de eficiência e proteção, não é normalmente
permitido aos usuários controlar diretamente os
dispositivos de E/S. Portanto, o sistema operacional deve
fornecer aos programas de usuários alguma maneira de
realizar operações de E/S.
• Manipulação do sistema de arquivos.
• Comunicação
• Detecção de erros.
• Alocação de recursos.
• Contabilidade.
o Os registros dos usuários que utilizam, e quanto, cada
recurso do computador podem ser empregados como
elementos contábeis(de modo que o uso dos recursos
possa ser cobrado) ou simplesmente para acumular
estatísticas de uso.
• Proteção

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 Chamadas ao Sistema

A interação entre processos dos usuários e o sistema operacional é


feita por meio de chamadas ao sistema.

Exemplo de como as chamadas ao sistema são usadas:

Considere um programa simples que lê dados de um arquivo e


os copia para outro arquivo.

1. A primeira entrada que o programa necessitará são os nomes


de dois arquivos: o arquivo de entrada e o de saída.
2. Uma abordagem é solicitar que o usuário forneça os nomes
dos dois arquivos.
 Em um sistema interativo, essa abordagem requer uma
seqüência de chamadas ao sistema, primeiro para
exibir na tela uma mensagem de solicitação de entrada
de dados, depois para interpretar a partir do teclado os
caracteres que definem os dois arquivos.
3. Obtidos os nomes dos arquivos, o programa precisa abrir o
arquivo de entrada e criar o de saída.
 Cada uma dessas operações requer uma chamada ao
sistema. Existem também situações de erro, que
podem ocorrer em cada uma dessas operações.
Quando um programa tenta abrir o arquivo de saída,
pode descobrir que não existe arquivo algum com
aquele nome ou que o arquivo está protegido contra
gravação. Nesse caso, ele deve imprimir uma
mensagem no console(outra seqüência de chamadas
ao sistema) e então provocar seu encerramento(outra
chamada ao sistema). Se o arquivo de entrada existir,
um novo arquivo de saída deve ser criado. Pode ser
que já existe um arquivo com o mesmo nome. Essa
situação pode abortar a execução do programa(uma
chamada ao sistema) ou causar a remoção do arquivo
existente(outra chamada ao sistema) e a criação de um
novo arquivo(mais uma chamada ao sistema).
4. Estando preparados ambos os arquivos, é iniciado um ciclo de
leitura de um arquivo entrada(uma chamada ao sistema) e de
gravação em um arquivo de saída(outra chamada ao
sistema). Cada operação de leitura e gravação deve retornar
dados relativos a diversas condições possíveis de erro.
Durante a leitura, o programa pode chegar ao final do arquivo
ou pode ocorrer uma falha de hardware(como um erro de
paridade). Durante a gravação podem ocorrer vários erros,
dependendo do dispositivo de saída ( não há mais espaço em

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disco, alcançou-se o fim da fita, a impressora está sem papel


e assim por diante.
5. Finalmente, depois que todo o arquivo for copiado, o programa
pode fechar ambos os arquivos(outra chamada ao sistema),
escrever uma mensagem no console(mais chamadas ao
sistema) e, por fim, terminar normalmente(a última chamada
ao sistema).

Como podemos ver, os programas podem fazer uso freqüente do


sistema operacional.

 Programas de Sistema

Esses programas estão situados em uma hierarquia dos


componentes de um sistema computacional. No nível mais baixo
está o hardware. O próximo é o sistema operacional, depois os
programas de sistemas e finalmente os programas de aplicativos.

• Podem ser divididos em diversas categorias:


o Manipulação de arquivos.
o Informação de status.
o Modificação de arquivos
o Suporte às linguagens de programação.
o Carregamento e execução de programas.
o Comunicações.
o Programas aplicativos.

 Estrutura de Sistemas

Um sistema tão grande e complexo quanto um sistema operacional


moderno deve ser planejado cuidadosamente, se quisermos que ele
funcione de maneira adequada e possa ser facilmente modificado.
Uma abordagem comum consiste em decompor a tarefa em
componentes menores, em vez de lidar com um sistema monolítico.
Cada um desses módulos deve constituir uma parte bem definida do
sistema, com entradas, saídas e funções determinadas
cuidadosamente.

 Estrutura Simples

Existem vários sistemas disponíveis comercialmente que não têm


uma estrutura bem definida. Freqüentemente, esses sistemas
operacionais começaram como sistemas pequenos, simples e com
recursos bem limitados e então cresceram além do alcance original.
O MS-DOS é um exemplo. Ele foi projetado e implementado
originalmente por poucas pessoas que não tinham a menor idéia de
que ele iria se tornar tão popular. Ele foi escrito para fornecer o

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máximo de recursos com uma utilização mínima de espaço, em


virtude da limitação do hardware no qual ele era executado e
portanto não foi dividido em módulos de maneira cuidadosa.
No MS-DOS, as interfaces e os níveis de funcionalidade não estão
bem separados. Por exemplo, os programas aplicativos podem ter
acesso às rotinas básicas de E/S para escrever diretamente na tela
ou em unidades de disco. Essa liberdade deixa o MS-DOS vulnerável
durante a execução de programas incorretos, podendo ocasionar
grandes perdas e paradas do sistema. Como o Intel 8088, para o
qual ele foi desenvolvido, não fornece um modo dual de operação e
nenhum mecanismo de proteção, os projetistas do MS-DOS não
tinham outra opção senão deixar livre o acesso ao hardware básico.
Outro exemplo em que não houve um projeto de uma estrutura bem
definida ocorreu originalmente no caso do UNIX, outro sistema
influenciado inicialmente pelas limitações do hardware. Ele é
constituído de duas partes: o núcleo e os programas de sistema. O
núcleo é dividido, por sua vez, em uma série de interfaces e rotinas
de controle de dispositivos, que foram sendo adicionadas e
expandidas ao longo dos anos à medida que o UNIX foi evoluindo. O
núcleo é tudo aquilo que está acima do hardware e abaixo do nível
de interface das chamadas ao sistema. Nele estão o sistema de
arquivos, o sistema para alocação da CPU, o gerenciamento da
memória e outras funções do sistema operacional realizadas pelas
chamadas ao sistema. Em conjunto, é uma quantidade enorme de
funções acumuladas em um único nível.

 Abordagem de divisão de níveis

As novas versões do UNIX são projetadas para usar um hardware


mais avançado. Com um suporte adequado do hardware, os
sistemas operacionais podem ser decompostos em partes menores,
da maneira mais apropriada. O sistema operacional pode manter um
controle muito maior sobre o comportamento de um computador e
das aplicações que fazem uso desse computador. Os
implementadores têm mais liberdade para realizar mudanças no
funcionamento das partes mais internas do sistema.

A modularização de um sistema pode ser feita de diversas maneiras;


a mais atraente é a divisão em níveis(ou camadas), que consiste em
dividir o sistema operacional em diversos níveis, cada um construído
sobre os níveis inferiores. O nível mais baixo é o do hardware; o mais
alto é o da interface com o usuário.

Cada nível esconde dos superiores o hardware e certas estruturas de


dados e operações usados na sua implementação.

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A abordagem de divisão em níveis(ou camadas) foi usada pela


primeira vez no projeto de sistemas operacionais na Technische
Hogeschool Eindhoven. O sistema THE foi definido em seis níveis.

A maior dificuldade existente com o uso da abordagem de


divisão em níveis está relacionada a uma definição apropriada
dos diversos níveis. Como um determinado nível só pode usar
operações de níveis inferiores, é necessário um planejamento
cuidadoso.

Um outro problema com implementações em camadas é que elas


tendem a ser menos eficientes do que as de outros tipos. Por
exemplo, para que um programa de algum usuário execute uma
operação de E/S, ele precisa fazer uma chamada ao sistema que
está no nível de E/S, o qual chama operações do nível de
gerenciamento de memória, passando pelo nível de alocação da
CPU e finalmente chegando ao hardware.

 Máquinas Virtuais

Processos Processos Processos Processos

Núcleo Núcleo Núcleo


Máquina Virtual
Núcleo
Hardware
Hardware

Máquina não virtual Máquina Virtual

Conceitualmente, um sistema computacional pode ser decomposto


em níveis. O hardware é o nível mais baixo em todos os sistemas. O
núcleo do sistema operacional, que é executado no próximo nível,
utiliza as instruções do hardware para criar um conjunto de
chamadas ao sistema, que podem então ser usadas nos níveis mais
externos. Os programas de sistema no nível acima podem portanto
usar tanto as chamadas ao sistema quanto as instruções para
operação direta do hardware e, de certo modo, não fazem
diferenciações entre elas. Assim, embora o acesso a elas seja
diferente, ambas proporcionam uma funcionalidade que o programa
pode usar para criar funções ainda mais avançadas. Os programas

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de sistema, por sua vez, tratam as chamadas aos sistema e o


hardware como se ambos estivessem em um mesmo nível.

Alguns sistemas estendem esse esquema e permitem que os


programas de sistema sejam chamados facilmente por
programas aplicativos. Como antes, embora os programas de
sistema estejam em um nível mais alto do que o de outras
rotinas, os programas aplicativos podem ver tudo o que está
embaixo deles na hierarquia, como se fossem partes da própria
máquina.

A generalização dessa visão dá origem ao conceito de máquina


virtual. O sistema operacional VM da IBM é o melhor exemplo do
conceito de máquina virtual, devido ao trabalho pioneiro da IBM
nessa área.

Com o uso de técnicas de alocação de CPU e memória virtual um


sistema operacional cria a ilusão de múltiplos processos em
execução em seu processador com sua memória(virtual).

A abordagem de máquina virtual não oferece qualquer função


adicional, mas uma interface idêntica à do hardware sob o qual todos
os programas são executados. Assim, uma cópia(virtual) desse
hardware fica disponível para cada processo.

Os recursos do computador são compartilhados para a criação das


máquinas virtuais. A alocação da CPU pode ser usada para
compartilhar a CPU e causar impressão de que os usuários têm seu
próprio processador. Com o uso do mecanismo de spooling e de um
sistema de arquivos, podem ser criadas leitoras de cartões e
impressoras de linha virtuais.

Uma grande dificuldade da abordagem de máquina virtual tem a ver


com os sistemas de disco. Suponha que o computador tenha três
unidades de disco mas quer oferecer suporte a sete máquinas
virtuais. Com certeza, ele não pode alocar uma unidade de disco a
cada máquina virtual. O software da própria máquina virtual
necessitará de bastante espaço em disco para implementação de
spooling e memória virtual. A solução é fornecer discos virtuais, que
são idênticos em todos os aspectos com exceção do tamanho. Esses
discos são chamados de minidiscos no sistema operacional VM, da
IBM.

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 Implementação

Embora o conceito de máquina virtual seja útil, ele é difícil de


implementar. É necessário um esforço grande para obter uma cópia
exata da máquina real. A máquina real pode operar em dois modos:
modo usuário e modo monitor. O software da máquina virtual pode
ser executado no modo monitor, uma vez que ele é o sistema
operacional. As operações disponíveis na máquina virtual só podem
ser executadas em modo usuário. Entretanto, a máquina virtual deve
poder operar em dois modos, da mesma maneira como a máquina
real. Conseqüentemente devemos ter um modo usuário virtual e um
modo monitor virtual, ambos executando em modo usuário na
máquina real. As ações que causam uma transferência de modo
usuário para o modo monitor na máquina real( tais como uma
chamada ao sistema ou uma tentativa de executar uma instrução
privilegiada) devem também causar uma transferência de modo
usuário virtual para o modo monitor virtual.

A principal diferença entre o máquina virtual e a máquina real é, o


tempo de processamento. Enquanto a E/S real poderia levar 100
milissegundos, a E/S virtual poderia levar menos tempo(devido ao
uso de spooling) ou mais (porque é interpretada). Além disso, a CPU
está sendo usada em um sistema de multiprogramação, com várias
máquinas virtuais, diminuindo assim o tempo de processamento de
uma forma em geral muito difícil de prever. No caso extremo, pode
ser necessário simular todas as instruções, para oferecer uma
máquina realmente virtual.

 Benefícios

O conceito de máquina virtual apresenta muitas vantagens. Note que


nesse ambiente há uma proteção completa dos vários recursos do
sistema. Cada máquina virtual é completamente isolada de todas as
outras e, portanto não há problemas de segurança. Por outro lado,
não há um compartilhamento direto de recursos.

As máquinas virtuais estão sendo utilizados como meio de resolver


problemas de compatibilidade entre sistemas. Por exemplo, existem
milhares de programas disponíveis para o MS-DOS em
computadores que usam CPUs da Intel. Fabricantes e comerciantes
de computadores como a Sun Microsystems e a Digital Equipment
Corporation (DEC) usam outros processadores, mais rápidos, mas
gostariam que seus clientes pudessem executar esses programas
para MS-DOS. A solução é criar uma máquina virtual Intel que
execute no processador nativo. Um programa para MS-DOS pode
então ser executado nesse ambiente, pois suas instruções Intel são
convertidas em instruções do processador nativo. O MS-DOS é

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também executado na máquina virtual, de modo que o programa


pode fazer chamadas ao sistema de maneira usual. Obtém-se assim
um programa que parece estar sendo executado em um sistema que
usa um processador Intel, mas que na verdade está sendo
executado em um processador bem diferente. Se esse processador
for bastante rápido, o programa MS-DOS será executado
rapidamente, apesar de cada instrução estar sendo convertida em
diversas instruções nativas para execução.

 Java

Java é uma linguagem projetada pela Sun Microsystems, e sua


implementação usa um compilador cuja saída é chamada de
bytecode. Esses bytecodes são instruções executadas na máquina
virtual Java. Para que os programas Java possam ser executados
em uma plataforma, uma máquina virtual Java deve estar sendo
executada nessa plataforma. A máquina virtual Java é implementada
também em programas de navegação na Internet, como o Microsoft
Explores e o Netscape. Esses navegadores, por sua vez, são
executados em vários computadores, com vários sistemas
operacionais.

 Recapitulando

Os sistemas operacionais oferecem diversos serviços. No nível mais


baixo, as chamadas ao sistema permitem que um programa em
execução faça requisições diretamente ao sistema operacional. Em
um nível mais alto, o interpretador de comandos fornece um
mecanismo para que um usuário faça uma requisição sem escrever
um programa. Os comandos podem ser originados de arquivos,
quando estão sendo executados em segundo plano, ou diretamente
de um terminal, quando usam um modo interativo ou de tempo
compartilhado. Os programas de sistema são usados para atender
às requisições comuns dos usuários.

Os tipos das requisições variam de acordo com seu nível. O nível


das chamadas ao sistema deve fornecer as funções básicas, como
controle de processos e manipulação de arquivos e dispositivos.
Requisições em níveis superiores, atendidas pelo interpretador de
comandos ou programas de sistema, são traduzidas para uma
seqüência de chamadas ao sistema. Os serviços fornecidos pelo
sistema podem ser classificados em diversas categorias: controle de
programas, requisições de informações gerais e requisições
implícitas.

Depois que os serviços do sistema estão definidos, a estrutura do


sistema operacional pode ser desenvolvida. Várias tabelas são

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Sistemas Operacionais – Cap 3 – Estruturas de Sistemas Operacionais

necessárias para registrar informações que definem o estado do


sistema computacional e o estado dos serviços que estão sendo
processados.

O projeto de um novo sistema operacional é uma tarefa difícil. É


importante que os objetivos do sistema sejam bem definidos antes
que o projeto seja iniciado. O tipo de sistema desejado é a base para
as escolhas necessárias de algoritmos e estratégias.

Como para todo programa grande, a modularização é importante. O


projeto do sistema como uma seqüência de níveis ou camadas é
considerado uma técnica importante de projeto. O conceito de
máquina virtual leva a abordagem de divisão em níveis ao extremo e
trata o núcleo do sistema operacional e o hardware como se ambos
fossem hardware. Até mesmo outros sistemas operacionais podem
ser carregados na máquina virtual.

Por todo o ciclo de projeto do sistema operacional devemos ser


cuidadosos em separar detalhes de implementação de decisões
relativas a uma política adotada. Essa separação oferece maior
flexibilidade no caso de mudanças posteriores nessas políticas.

Os sistemas operacionais são hoje em dia quase sempre escritos em


uma linguagem de implementação de sistemas ou em uma
linguagem de nível mais alto. Essa característica proporciona uma
melhor implementação, manutenção e portabilidade. Para criar um
sistema operacional para uma máquina com determinada
configuração, devemos realizar um processo de configuração do
sistema operacional.

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