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5 © HOMICDIO QUALIFICADO (ART. 132") ‘Teresa QuINTELA DE Barro Bibliografia: Dias, Augusto Silva — Crimes contra a vide e a integridade fsica, AAFDL, 2005, pp. 11-33 Dias, Jorge de Figueiredo — «Homicfdio qualificado. Parecer», Colectanea de Juris- pprudéncia, 1987, Tomo IV. — Comentirio Conimbricense do Cédigo Penal, Tomo I, pp. 21-22, 25-46 — Direito Penal portugués. As consequénciasjuridicas do crime, Aequitas, ito- rial Noicias, 1993, pp. 199-205. Isasca, Frederico — «Comentirio & sentenga do 3° Juizo Criminal — Homtcfdion, Revista Juridica, n° 6, Abril-Sunho 1986, pp. 262-270, Mowreito, Cristina Libano — «QualificagSo e privilegiamento do tipo lege de hom cfdion, RPCC 6 (1996), pp. 113-126. Neves, Jolo Curado — Indicios de culpa ou tipas de ifeito? — A difil relagto fenire 0 n? Le 0 n# 2 do art. 132 do CPs, Liber Discipulorum para Jorge de Figueiredo Dias, Coimbra Eaitora, 2003, pp. 721-787 (") Patsta, Maria Fernanda — «O homicidio qualifiado no novo CP», Revista do Minis- tério Piblico, an IV, Volume 15, pp. 65 € ss. — Direito Penal. Parte Especial. Crines contra as pessoas, Lisboa, 1983, pp. 40-78. Pentima, Margarida da Silva — Direito Penal Jl. Os omicidios, AAFDL, 1998, p. 20-80. Sena, Teresa — Honieidio Qualifiade. Tipo de Culpa e Medida da Pena, Almedina, ‘Coimbra, 1990, sobretudo p. $8 a0 fim. — Hlomiciaios em Série», Jomadas sobre a Revisdo do Cédigo Penal, AAFDL, 1998, pp. 119 ess. Veica, Raul Soares da Veiga — «Sobre o homicidio no novo Cédign Penal. Do con- ‘curso aparente entre homicidio qualificado e homicfdio privlepiado>, Revista Juridica, n° 4, Outubro-Dezembro 1985, AAFDL, pp. 15-53. () Testo que, nesta colectnea, serd inserido logo a seguir ao presente trabalho, v0 Terese Quine de Brio 1. TECNICA DE QUALIFICAGAO A leitura do art. 132. de imediato revela uma estrutura complexa e polémica. © n.” 1 qualifica © homicidio, se a morte for produzida em cit- cunstancias reveladoras de especial censurabilidade ou perversidade. A primeira vista, trata-se de um tipo de culpa, construfdo sobre uma cliusula geral de especial sensurabilidade ou perversidade. © n° 2 contém uma enumeragio exemplificativa de circunstancias susceptiveis de revelar especial censurabilidade ou perversidade. Por- tanto, circunstincias cuja verificago ndo implica forgosamente a qua- lificagdo do homicidio (%). Esta s6 ocorrerd se tais circunstancias exprimirem um grau especialmente elevado de culpa. Além disso, tal enumeragio, por sua vez, contém cliusulas gerais e conceitos inde- terminados. E flagrante o contraste entre a maleabilidade da téenica quaificaiva do homicidio e a rigidez da usada, por exemplo, na qualificacio do fart. 0 art. 204, contém uma deserigio taxativa de circunstincias — todas clas respeitantes a0 facto — cuja verificagio s6 nfo determinaré a quali- ficaglo, se a coisa for de valor diminuto, Mais: a propria lei define o que deve entender-se por valor diminuto (art. 202°, alinea c)). Portanto, 0 juiz dispie de uma margem de manobra muito curta na hora de qualificar 0 furto, diferentemente do que sucede com o homicidio. (©). Diferentemente, Faepenico Isasca («Comentério & sentenga do 3° Juito Crt ‘minal — Homieidion, pp. 265-266) «0 julzo de suscepsbilidade(..) nio € um juizo de probublidade ou contingéneia mas sim um juizo de aplidio (..) eada uma das cir ceunstincias enumeradas no n* 2£ 36 por si eveladora do especial desvalor da acgio do agente», em que se funda a quaificacso do homicidi.(..) As cicunstincias do n* 2 slo de ilcitude e consequentemcate elementos intereetatives do tio; portano de fun- Clonamento automdtico» J4 anteiormente, RAUL SOARES DA VEIGA («Sabre 0 homie io no novo Cédigo Penal. Do concurso aparente entre homicidio qulificado © homi- cidio privilegiade>. p. 37) adnitia a hipétese de a qualificagdo do art. 132.° como ‘uma norma de ilicitude, eventuslmente, conduzir a uma interpretagso da susceptibili- dade de revelagdo de especial culpa como efectiva revelagao da mesma, ante a verfi~ ‘ago de alguma das eircunstdncias enumeradas — taxativamente, nese caso — pelo respectivo n° 2 0 homicidio qualificado (art. 132- m art. 132° suscita dois grandes problemas. 1°) O da legitimidade do uso de cléusulas gerais ¢ de conceitos indeterminados na incriminagio de condutas, face & exigéncia de maxima determinagao da lei penal. 2°) O da compatibilidade da técnica da exemplificagao tipica com © principio da tipicidade e com a proibigao de analogia (). ‘Vamos abordé-los separadamente, A) Questo da legitimidade do uso de cléusulas gerais ou de conceitos indeterminados na ineriminagao de condutas (!) A lei penal deve ser 0 mais precisa possivel, para que nio desapa~ reca 0 vinculo do juiz a lei e se nfo abra a porta ao arbitrio judicial. Sé a clareza da lei permite 0 controlo das decisdes judiciais 0 respeito pelo principio da igualdade dos cidadaos perante a lei (5). A exigén- cia de determinagio da lei penal no respeita apenas as relagoes entre 0 legislador e 0 juiz. Prende-se também com o relacionamento entre 0 legislador e 05 cidadios (*). Quanto mais certa ¢ precisa for a lei penal, melhor cumpre a sua funcdo motivadora, pois dé a conhecer ‘0s cidadéos, de modo inequlvoco, o sentido da proibigao (). O prin- (€)_ Neste sentido, Teresa Senna, Homictdio Quaiicado: Tipo de Culpa e Medida dda Pena, Almedina, Coimbra, 1990, pp. 112 e 115. (@)_ No inicio deste ponto segue-se, de muito perto, « exposigio de AUGUSTO Sitva Dias, no Seu ensino oral de Direito Penal I (6) Semelhantemente, Mania FERNANDA PALMA (Direito Penal. Parte Geral, AAFDL, 1994, pp. $8-89): sldeia central do principio (da legalidade) € a de que a seguranga dos individuos frente 20 Estado sé se realiza através do controle da eriagio « aplicagzo do Direito Penal polos érgios de representagdo democritica. & um tal con- twolo democrdtco da lei penal é ainda 0 meio mais adequado racionalmente para a con- cretizagdo da igual dignidade da pessoa humana» (®) De igual modo, TERESA Sexe (Homicidio Qualificado,p. 116), aludindo 20 rau de vinculago do juz & ei (que depende da exactdo com que so descrios os pes Supostos e as consequéncias juridicas do crime). 8 seguranga e conianga jurtdicas © & separagio de poderes (7) Assim, Ficueteno Diss/Costa ANDRADE (Direito Penal. Questdes funda ‘mentas, A dowrina geral do cine, Universidade de Coimbra, Paculdade de Dieito, 1996, p. 168-165, 172), referindo-se aos fundamentos internos do principio da legalidade | | m Teresa Quintela de Brito cipio da determinagao da lei penal também se alicerga na ideia de mixima previsibilidade das manifestagBes do poder punitivo. Ora, quanto menor for 0 grau de sujeigao do juiz & lei penal, menor o grau de previsibilidade da reacgio punitiva estatal Nao obstante tudo isto, hé que reconhecer a impossibilidade de o legislador redigir textos que permitam uma compreensio inequivoca. Essa impossibilidade prence-se com a natureza do texto (8). Nas pala- vras de TERESA SERRA (°): «0 texto é portador indefinido de sentidos, uma vez que existe sempre disponivel para assumir sentidos miltiplos», con- soante 0 contexto, Além disso, a estrutum pluralista da sociedade actual impoe com- portamentos ¢ modos de vida em constante mutagéo, inclusive ao nivel da criminalidade. Por isso, comportamentos cada vez menos suscepti- veis de enumeracio casuisica. Daf a tendéncia de abertura normativa da legislagao penal (1) Finalmente, como bem nota Sousa & Brivo ("), 0 caso concreto des- crito na lei nunca & um puro facto, mas uma «unidade de sentido social- mente relevante», que integra elementos culturais de dificil definig&o. Ora, a lei niio pode descrever uma «unidade de sentido socialmente relevante» através de conceitos precisos. Todos estes factores apontam para a necessidade de um entendimento ‘mais realista da exigéncia de determinago da lei penal. Mas no podem (ou scja, especificamentejuridico-penais), que seriam a prevengdo gral e a culpa. Con- tua, José DE Sousa e Brivo (wLei penal na Constituiglo», Texts de Apoio de Direto Penal, Tomo Ml, AAFDL, 1983/84 pp. 22 ¢ ss), para quem principio da legalidade deriva de qualquer das teorias tedcionais dos fins das penas» (@) Tenesa Seer, Homictdio Qualifcado, p. 116. 14 anteriormente, Jose De Sousa & BRITO («lei penal na Constituigfon, p, $2) esclarecia; «uma toll determina- 0 € impossivel devido 2 propia natureza da linguagem. Uma enumeragio dem siado casustica multiplica as lacanas e dificult a determinagio do que & essencial em cada caso», @). Tdem, pp. 116-117 2) Castanea NEVES, « principio da legalidade criminal, © seu problema Juridica e 0 seu ertério dogmilico», Extudos em Homenagem ao Professor Doutor Eduardo Correia, Boletin da Facdldade de Diveita da Universidade de Coimbra, rimero especial, 1984, pp. 335 e ss (1) «Let penal na Constitution, p. 52 13 0 homiciio qualifeado (art. 132°) : fazer-nos esquecer a excepcionalidade do uso de cléusulas gerais ¢ de conceitos indeterminados na incriminagio de condutas. O recurso a ais elementos $6 é legitimo, se for imposto pela espécie de matéria a regular (2) Por outro lado, com razo, sustenta MARGARIDA SILVA PEREIRA ("9): 1 tipicidade nao é incompativel com a utilizagdo de cléusulas gerais © de conceitos indeterminados. Necessatio € que esse uso ndo tome a norma incriminadora desconforme aos corolirios do principio da legalidade (4). Por isso, se for inevitdvel 0 uso de cldusulas gerais e de conceitos inde- terminados, 0 legislador deve dotd-los de wm contetido previsivel, atra- vés de definicdes € de exemplos ttpicos ('5). ‘Antes de avangar mais na exposicdo, convém precisar em que con- sistem as cliusulas gerais ¢ os conceitos indeterminados. — Cliusullas gerais e conccitos indeterminados: breve defi- nigéo (!®) Indeterminado € 0 conceito de contetido ¢ alcance largamente incertos, Os conceitos indeterminados podem ser descritivos ou nor- rativos. Os descrtivos referem-se a realidades facticas, apreensiveis através da experigneia, Os normativos reportam-se a realidades normativas, apenas compreensiveis no contexto com o mundo das normas. ‘A cldusula geral contrapGe-se a uma construcio casuistica das hips- teses legais. E uma «porgao de legislagiio deixada em aberto» ("7). AA cldusula geral visa regular condutas. ‘Tem origem extrajuridica, reme- tendo para valoragées éticas, psicol6gicas ou sociol6gicas. Pode exis- (2) Nestes termos, AuGUSTO SILVA DIAS, Apontamentos de Direito Penal II (1996-97), (8) Direto Penal Il, Os homictdios, AAFDL, 1998. p. 0. (4) No mesmo sentido, MARIA FERNANDA PALMA, Direito Penal. Parte Ger Pp. 96 © 97, e Ficveineno DiasiCasta AnpRave, Divito Penal, 1996, pp. 172-173. (3) Assim, Auousto Siva Dias, Apontamentas de Direito Penal 11 (1996-97). (8) Sobee esta questio, veja-se TeREsa StaRa (Homicidio Qualificado, pp. 118-120, 75), cuja explieagdo se segue de muito pert, () Auausto Sitva Dias, Apontamentos 4 Teresa Quintela de Brito tir sem conceitos indeterminados, mas, normalmente, dada a sua ampli- tude, opera em conjunto com eles. Exemplos: On? Ido art, 132.° contém uma cléusula geral que recorre a dois conceitos indeterminados: a «especial censuralidade ou perversidade do agente». «acto de crueldade para aumentar 0 sofrimento da vitimay € um conceito indeterminado, que exige uma valoragao. As expresses «qualquer motivo torpe ou fitil> ¢ «qualquer outro ‘meio insidioso» constituem cliusulas gerais que operam conjuntamente, com conceitos indeterminedos. II — Técnica dos exemplos-padrio: primeira aproximacio Na qualificagao do homicidio, o n.* 2 do art. 132.° ecorre a técnica dos exemplos-padrio, através da qual se pretende determinar e conere- tizar a eldusula geral de especial culpa ("), Em que consiste a técnica dos exemplos-padrio? Nas sintéticas palavras de TeResa Sera (19), a técnica dos exem- plos-padrao estrutura-se scbre uma cliusula geral, concretizada através de uma enumeracdo casufstica exemplificativa de circunstancias agra- vantes de funcionamento niio automitico. Segundo FIGUEIREDO Dias (2), os exemplos padrdio so circuns- tncias modificativas agravantes especiais. Especiais, porque se aplicam apenas a certo tipo de crime, € nio & generalidade dos crimes, como sucede com a reincidéncia (arts. 75.° ¢ 76.°) ou com a atenuagao espe- cial da pena (art. 72°). Modificativas e agravantes, porque determi- nam a substituigio de uma moldura penal por outra mais grave. No caso em anilise, a moldura penal do homicidio simples é modificada ou substituida pela do homicfio qualificado. (Assim, Tenesa Seas (Homieidto Qualifiado, p. 120) e FicveteDo Dias (Comensério, Tomo I. § 5 a0 art. 132., p. 28) . (9%) Ibidem, pp. 120 € 125. 8) Direito Penal portgnés. As consequénciasjuridicas do crime, pp. 199-20. 175 0 homicidio qualficado (art. 132. Mas trata-se de circunstincias modificativas agravantes muito peculiares, por duas razdes: 1) Nio sio meramente referidas através de uma pura cliusula indeterminada de valor, como a contida n.° 1 do art, 132.° 22) $6 que também nao sio tio detalhadamente descritas quanto os elementos tipicos. Sao simplesmente nomeadas por via de uma exemplificagdo padronizada. ‘Daqui decorrem duas consequéncias: 1.) As circunstancias descrtas no n° 2 do art. 132° constituem ape- nas exemplos indiciadores de um caso especialmente grave de homici- dio. O juiz pode afastar esse indicio, por via de uma valoragao global do facto e do seu autor, se entender que, em concreto, se mio verifica a razio de ser da agravacio. ‘A verificagio de um dos exemplos-padrao previstos no n.° 2 no desencadeia de imediato a agravagdo (*!). Assim acontece, porque os cexemplos-padrio do n.° 2 funcionam por referéncia 3 cléusula geral do no I. Bles t&m de ser interpretados, procurando descortinar, em cada um, © especifico fundamento de uma especial censurabilidade ou perversidade do agente 2), 28) Sendo meramente exemplificativa a enumeragao legal, 0 juiz pode decidir que a razio de ser da agravagio também procede num ‘caso no expressamente previsto nessa enumeragio. No entender de Teresa Serra (), € facil compreender o carécter exemplificativo da enumeragao contida no n.° 2. Se tal ndo sueedesse, frustar-se-iam a razio e os objectivos que levaram o legislador a edifi- car o homicidio qualificado sobre uma cldusula geral de especial cen- ©) Assim, jem 1985, RAUL SoARES DA VeIGA («Sobre o homieidio no novo Cédigo Penal», pp. 36-37, salientando que mesmo as circunstanias relativas 40 modo de ser objetivo da aio o ‘qusureatyeuou Jewoulaludo 2p apepssooeu v ese OR UoTE w PAINS "IBHOSSYH OPUEND *(5-6p A ‘sossad so mmo sauney qo2dsy ang) VI VONYREL OVW Ecc) ‘3809 woo ‘oypJorwuoy Op oBSeaYTEND v as-mnMIpE apod “nsI9A-29!A No ‘opE} -dope opt opeaqus o seyeur oyseiped 0 as (ge) Vina YSERA, opunsag wauayqord Q — 1 eySojeue ep opsiqoad 9 ogsped-soduioxg (gq jeuag ovang wa epymued opSerardsaqur -p soupenb sou wrpiueur as 28 no “wiopeulwi}iout e(FoyeuE NM vIAsEq as oaidne opeoyrrenb oypsonuoy wn ap oxSerase was sende ws9y ead 12] up opSeunaua\op mUNPPUI ap wIauZSTXO v WOD FaxsIEdWOD 9 xpUe ‘anratuqepsadse sose2 ap oamuoyes odnud umn ap earssaxdxa anowoyuarouns ion» un owto9 aims ,ZET “We O “eaNEOTdLUAXD t r ‘euin ap 2 edjna yejoadsa ap qeiad wynsngl> ein ap opeutquiod of! op spe -Rny “«osou sjugureanenfenb opeynsar umn x opuzmpuos ‘anno o aiqos ‘eaysfoap wouanJul eULN aa1axo> ,'ZET “We Op solauUNK sop wun ope) pod ogu zinf o “ayueUt BA ea NSD w 2 JOPEA yeoe FQ, "edyno soreu op ojwauuEpuny sey ed LN ¥jou ropuoasdans ‘opuemsoid 7 ,u op seauge sup ewin wpe serudronu © eBugo anb , ZT ue OP T «#09 195 NE “(g) Z gf OP SOANLDSap SaiorDaxI09 sop tn EpED ‘ong ap wpm waa, SSSSSSS~«SR ‘ee mow 9 gzy “d opeer ‘fh ered ‘oa nb otprorwioy op ean v eavd ‘owst,euor9 =Ipos 01189 ap anuap ‘Soj-gfatal Jayanb ap 0 seu *(~) 50 sopo1 ta opty ye edyno ap odn 0 e1120t2 Je190s opp oP ue oan 11S © “Gy) WARIS VSR, sod eiay opxeya & eu09 wD os-ioy axop ‘O¥saND wIso B wWOUsa! 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(Ora, parece que, implicitamente, isto equivale ao reconhecimento do carécter proibido da interpretagio extensiva, jé que esta ultrapassa 0 sentido possivel do texto ara se ater a um pensamento imperfeitamente ‘expresso € revelado por élementos extra-titeras, Il — Posig&io de AUGUSTO SILVA Diss quanto a interpretagio permitida em Direito Penal Se bem se v8 a questio, parece mais coerente a posigio preconizada por AUGUSTO SILVA Dias, nos seus Apontamentos de Direito Penal It (1996-97). Até porque, como bem nota 0 mesmo Autor, € 0 art, 132.° que tem de ser integrado no sistema juridico-criminal portugués (“%). De acordo com Sitva Dias, @ interpretagao permitida em Direito Penal situa-se entre 0 minimo de correspondéncia verbal na letra da lei e a ideia fundamental do preceto, isto 6, a sua especifica intencionalidade, correspondente @ sintese valorativa dos respectivos elementos constitu- fivos. $6 assim se integra a (tradicional) interpretacdo extensiva no mbito da interpretagio cdmissivel em Direito Penal (*). ‘A construgio de SUVA D1AS mantém, claramente, o homicfdio qualificado atipico, no euadro da interpretago permitida em Direito Penal, Necessério é, porém, admitir que uma interpretaglo, fundada hhuma intencionalidade normativa também revelada por elementos extracliterais e que apenas tem na letra da lei um minimo de corres- pondéncia verbal, nfo prejudica a vinculagio do juiz & lei, nem impede que 05 cidadiios prevejam o sentido dos casos especialmente graves de homicidio. (A mesma ideia nos ransmite RAUL SoARES DA VsIGA (eSobre 0 homicidio ‘no novo Cédigo Penal», p. 50a propdsito da defnigio correcta de concurso aparete 1s definigées ou clasifieagaes € que devem alicergarse nas solugJes ou valorayoes jjuriieas; as primeiras jamais podem «forgar» as segundas. (©) Uma exposigio mai desenvolvida da posigio de Aucusto Suva Dias eneon- tease em «Delicta in se» e «Delicta mere prohibitas: wna andlise das descontinuida- des do ilfcito penal modemno 2 Iuz da reconsirucdo de uma disingdo cldssca,disser- tagdo de doutoramento np., FDL, 2003, marine pp. 415-425, 0 homicidio qualfcade (art. 132-1 iss SILVA DIAS entende que nio. FERNANDA PALMA e MARGARIDA SILXA Pereira tém muitas dividas quanto a legitimidade de um alargamento do art. 132° a casos ndo expressamente previstos no n. 2. IV — Criticas de MARGanma Sitva PEREIRA e de MARIA FER- NANDA PALMA & aceitagio de casos de homicidio qualifi- cado atipico MARGARIDA SiLvA Peneina (5) afirma que a enumeragio legal de certos casos especialmente graves de homicidio constitui sempre 0 pro- duto de uma decisio politica, ditada por um certo contexto. A qualifi- cago do homicidio néo se revela politicamente neutra, nem se decide no puro plano dos prineipios. Nao sendo exclusivamente racional a produgio normativa penal, é duvidoso que se possa criar novas regras, a partir de outras regras do sistema. ‘Termina concluindo ser uma ousa- dia criar homicfdios qualificados, sob influéncia de um caso concreto © sem a legitimidade democritica do legislador penal MARIA FERNANDA PALMA (51) entende que 0 respeito pelo prinefpio da legalidade deveria impedir 0 alargamento a circunstancias diferentes das referidas na lei. Vejamos porqué, Segundo esta Autora, & possivel compatibilizar 0 art, 132, com 0 principio da tipicidade, através da descoberta de um tipo expressivo de culpa agravada, em cada uma das alineas do n.° 2. Tal tipo assentaria na explicitagio do fundamento da agravagio, em cada circunstincia do n2 2. Explicitagio, primeiro ao nivel da danosidade social do facto; 86 depois no plano da culpa do agente. Nas palavras desta Autora, 0 tipo expressivo corresponde a uma «lefinigdo abstracto-concretam, em que 0 conceito de culpa que se no consegue descrever com contornos preci- sos, «6 substituido por ua imagem dos casos mais representativos que se incluiriam no conceito ausente>. Note-se que ta! tipo expressa um conceito de culpa «inatingivel», porque «indescritivel» (32). Logo, parece que ele tem de aderir aos (®)Direito Penal 11, pp. 64-61 ©) Parte Especial, pp. 47-50. (©) As palavas ent aspas dle Tenesa SenRA, Homicidio Qualificad, p. 71 186 7 Teresa Quinela de Brito casos representativos enumerados na lei, de modo que se torna impos- sivel estendé-lo a outras sitagdes, sem modificar 0 préprio tipo expres- sivo. Isto mesmo se afigura reconhecer MARIA FERNANDA PALMA (°3), ao sustentar que cada corrector descritivo do n.° 1 do art. 132." — plas- mado nas diversas alineas do n.* 2— necessita, por seu (urno, de uma specifica correcgdo normstiva. Assim sendo, afigura-se-nos que 0 res- peito pelo principio da legalidade deveria obstar a um alargamento a circunstincias diferentes das referidas na lei, E que, para cada cir- cunstancia nova, seria necessério descortinar o correspondente cor- rector normative. O que equivaleria a modificar 0 origindrio tipo expressivo, V — Objecedes de TERESA SERRA A ideia de tipo expressivo; 0 «Leitbild> dos exemplos-padrio "TeRESA SERRA (*') serve-se desta conclusio de MARIA FERNANDA PALMA — de que cada corector descritivo necessita, por seu tumo, uma especfica correccio normativa — para demonstrar a impossibilidade de 0 tipo expressivo fornezer critérios seguros para a afirmagio de uma especial censurabilidade ou perversidade, na auséncia de qualquer das cit- cunstincias exemplificadas no n.° 2 Recorde-se que o tipe expressivo de wma culpa agravada substitui tun conceito indescritivel e, por isso, forgosamente ilimitvel. Dat que nao permita delimitar os casos que nele podem ser integrados, nem, portanto, estabelecer a fronteira entre interpretagao e analogia, "TenEsA SERRA prefere recorrer & ideia de Leitild dos exemplos-padtio, para conformar os casos admissfveis de homicidio qualificado atipico. Leitbild deve apreender, de cada uma das alineas do n° 2, 0 seu espe- cial grau de gravidade e a sua peculiar estrutura valorativa, ‘Tal estrutura valorativa extrai-se da ideia condatora agravante, que subjaz a cada uma das circunstincias exemplificadas. Através da recondugio de qualquer homicidio qualificado atipico ao ©) Parte Especial, pp. $9.50. ©) Ider, pp. 72, 73 7. © homiclo qualified (art. 132. 187 Leitbild de algum dos exemplos-padrio, vincula-se 0 juiz as valoragées legais, impedindo que ele decida, segundo o seu proprio critério, quais, (08 casos susceptiveis de revelar uma especial culpa. Simullaneamente, dota-se o art. 132° de uma certa taxatividade. VI — «Leitbild> dos exemplos-padrio e interpretacao permi- tida em Direito Penal ‘A grande divida que ainda persiste & a de saber se a taxatividade — que se imprime ao art. 132.° através da sua limitagio ao Leitbild dos exemplos-padrio — o mantém dentro dos limites da interpretaga0 permitida em Direito Pena Neste ponto, a razio assiste a MARIA FERNANDA PALMA, quando, no seu ensino oral de Direito Penal TI, sustenta que tal problema ndo pode ser iludido, dizendo que o art. 132." ndo contém um verdadeiro tipo de homicidio qualificado, mas uma simples regra de determinacio judicial de uma moldura penal agravada. E que o principio da legalidade e os seus corolérios também abrangem a matéria da pena (°), Afigura-se que a peculiar técnica de qualificagéo do homicédio sé serd compativel com o principio da legalidade, se a ultrapassagem do sentido posstvel das palavras da lei ndo tornar imprevisivel a pena por um homictdio qualificado atipico. Se néio impedir os cidadaos de pre- verem o sentido dos casos especialmente graves de homictdio. A explicitagio do Leitbild de cada um dos exemptos-padri da (65) Nas palavras desta Autora: «As regras de medida da pena no esto exelut- das do tipo de garantia, nem isentas de submissio ao principio da legaidade, Seja ‘qual for a interpretagio que se Faga do an. 132°, sempre se coloca o problema da ati= culagdo da no taxalividede das eircunstincias com o principio da legalidade>. Raticalmente diferente & o entendimento de RAUL SOARES DA VEIGA («Sobre 0 homictdio no novo Cédigo Penal», pp. 38-39), que restringe o tipo de garantia & tipi ficagde de resultados desvaliosos.. Logo, «0s tipos de ilcito eujo espectfico funda reno & um certo grau de culpa» — que se repercute no desvalor da acgio referido 20 agente — undo tém que ser tomados como tipos de garantian. A pena méxima do at. 132° pode ser superior & pena maxima do ar. 131 e nada obsta a que o n° 2 do ‘at, 132° contenha uma enumeragao exemplifcativa, porque, em seu entender, a mat ria da culpa se nfo encontra subordinada ao principio da legaidade. 188 Teresa Quintela de Brito respectiva ideia condutora agravante, afigura-se ser a tinica forma de hharmonizar a ultrapassagem do sentido possfvel das palavras da lei com 4 previsibilidade de uma pena por homicidio qualificado atipico. Em iiltima andlise, a propria técnica de qualificagéo do homict- dio que nos obriga a reequacionar a nogdo de interpretagdo permitida ‘em Direito Penal e a reccnhecer que esia nem sempre coincide com 0 sentido possfvel das palavras da lei. Necessério € que a reacgao puni- tiva estaral ndo seja imprevisivel. Nao podemos partir do sistema — ou melhor, de uma certa visfo do sistema — para a anélise do art. 132.° Este & que tem de ser integrado no sistema ©) Uma altima chamada de atengdo. Como bem nota TERESA ‘Serna (°), a prOpria lei chsta A multiplicagdo de homicfdios qualifica- dos atfpicos. Construindo 0 n° 2 do art. 132.° sobre uma série de cléu- sulas gerais e de conceitos indeterminados, que podem ser preenchidos por intimeras situagdes de facto, a lei toma desnecessatio 0 reconheci- mento de um homicidio qualificado atipico. 2. ESPECIAL CENSURABILIDADE OU PERVERSIDADE DO AGENTE Segundo MARta Ferxanpa PALMA (58), a censurabilidade a per- versidade correspondem « diferentes concretizagdes da ideia de culpa. A censurabilidade constitu: 0 micleo da concepgio normativa de culpa. Consiste na reprovabilidade do facto ao agente por se nio ter determinado pela norma juridica, apesar de 0 poder fazer, apesar de The set razoavelmente exigivel um comportamento diferente. A especial censurabilidade traduz-se num profundo distanciamento entre uma not- mal determinagio pelos valores e a do agente. ‘A censurabilidade reporta-se Aquelas circunstdncias que podem revelar uma maior culpa em consequéncia do maior grau de ilicitude do (6) Assim, desde sempre, AuausTO SILVA DIAS, no seu ensino oral de Ditto Penal IL ©) Homicidio Qualificedo, p. 75. (6) Parte Especial, pp. 44, 45 (e nota 1) © 43, 0 homictaio qualifeado (art. _9 facto. MARIA FeRNaNDA PALMA chama-thes ccircunstincias relativas a0 modo de ser objectivo da conduta». Eo que parece suceder com as actuais alineas a), b), c), g) h), j) € ), € com a nova alinea b) do Ante- projecto de Cédigo Penal de Abril de 2006. A perversidade tem em vista uma concepgio emocional de culpa, constitufda pelo conjunto de ideias comuns de que o intérprete dispde Respeita & manifestag2o no facto de motivos ¢ sentimentos absoluta- mente rejeitados pela sociedade, Especialmente perversa, especialmente rejeitivel & a «atitude eticamente ma, de crasso e primitivo egoismo do autor» ©). De acordo com Sousa & Briro (), a perversidade refere-se as componentes da culpa relativas ao agente, enquanto a censurabilidade res- peita as componentes da culpa relativas ao facto. Na opiniio de Manta FERNANDA PALMA, a perversidade reporta-se as circunstincias relativas 20 «modo de implicagio pessoal do agente na section. A implicagdo do agente na acgio caracteriza, identifica a pré- pria espécie da accio, por referéncia a critérios de eticidade pré-juridica, Sim, porque os motivos so sempre formas de explicagio social das rages de uma conduta. Se bem se vé a questio, respeitam ao modo de implicagio pessoal do agente na acgio as circunstincias previstas nas alineas d), e) e f) Estas trés alineas reportam-se, claramente, a perigosidade social do agente, & espécie de relago que ele mantém com a sociedade. Porém, de acordo com MARIA FERNANDA PALMA (*"), a perigosidade ainda & critério de danosidade social, porque a sociedade transforma a parti- cular perigosidade de certos agentes em elemento de danosidade social, que é preciso evitar para proteger especialmente a sociedade. Mancaripa SiLva Pereira (®) também reconhece que a perigosi- dade social do autor e as exigéncias de prevengao geral relevam para a qualificago do homicfdio. Tal como relevam para a detetminacio da pena concreta a luz do art. 71., cujo n.° 2, alinea ¢), alude aos «senti- ©) Assim, Buen, apud TexEsa Senna, Homicttio Qualfcado, p. 6A (®) No seu ensino oral de Direto Penal t, apud TeRESA SeRRA,ibidem. (©) No seu ensino oral de Direito Penal I (©) Direito Penal Il. Os homictaios, pp. 35, $6 e SB 190 Teresa Quintela de Brito mentos manifestados no cometimento do crime» aos «ins ou motivos que o determinaram», No entender desta Autora, a perigosidade social do autor e as exi éncias de prevenc&o gerel constituem a pedra-de-toque para a qualifi- cago do homiefdio, na étea de sobreposigao entre as penas dos homi- cidios simples ¢ quali Xe icado (entre os 12.¢ os 16 anos de prisio). Nesta zona de sobreposigio, o juiz, dentro de certos limites, pode sempre optar pela aplicagio do ar. 131.° ou do art. 132.° Uma vez que a culpa sempre terd de suportar una pena entre estes limites (%), a recondugdo do facto ao homicidio qualificado ou ao homictdio simples necessaria- mente se funda em consideracées de prevenedo. Respectivamente, de pre- vengdo geral e de perigosidade (censurdvel) do autor, para efeitos de aplicagio do art. 132.°, de prevengio especial, para efeitos de aplicagio do art. 131° ‘A frieza de fnimo, a que se refere a alinea i), é elemento da atitude do agente. Mas, na sua 2ase, tem de encontrar-se a reflexdo sobre os ‘meios ou 0 protelamento da intencio de matar. Tanto a reflexio, como 6 protelamento respeitam ao maior contetido de ilfito do facto (**) Ao reflectir sobre os meins, 0 autor esforga-se por garantir 0 resultado, de modo que mais intensa a lesio do bem juridico (®). O protelamento da decisio de matar implica uma maior intensidade do dolo, da decisio criminosa, jé que 0 agente teve tempo para ponderar «os prés e os con- tras» da pritica do crime. Logo, houve uma superior possibilidade de rmotivagio pela norma Por tudo isto, caracterizaria esta circunstincia, logo a0 nivel do (©) Sobre a fundamentigdo da pena pela culpa, veja-se José De FARIA E Costa, 0 perigo em Direto Penal, Coimbra Editora, 1992, pp- 373 € $5. MARIA FERNANDA Pain, ws alteragdes reformadacas da Parte Geral do Codigo Penal na revisto de 1995. desmantelamento, reforge © prasad sosiedade punivan, Jornadas sobre a revi- sido do Cédigo Penal, AAFDL, 1998, pp. 37 € 55» ¢ JOsé DE SOUSA € BRITO, «Os fins das penas no Céigo Penal», Problemas findamentais de Direto Penal. Homenagem a ‘Claus Roxin, Universidade Lusiada Editora, Lisboa, 2002, sobretudo pp. 163-171. (@) Assim, Manta FERYANDA PaLaa, Parte Especial, pp. 67 € 70, © AuOUSTO Siva Dias, no seu ensino oral de Direto Penal 1 (©) Neste sentido, José be SOUSA & BRITO, no seu ensino oral de Dizeito Pent © homicidio quatficado (art. 132.) 191 n2 2 do art. 132°, como um misto de ilicitude e de culpa (). © que dificulta a sua integragdo num dos dois grupos de circunstincias atrés identificados. A recondugio do fundamento da agravagio a. uma maior ilicitade ou uma maior culpa tem obviamente consequéncias no plano do dolo, dda tentativa e da comparticipacio eriminosa. 3. ART. 132°: TIPO DE ILICITO, TIPO DE CULPA OU SITUA-SE JA NO PLANO DAS CONSEQUENCIAS JuRi- DICAS DO CRIME, ENQUANTO REGRA DE DETER- MINACAO DE PENA AGRAVADA EM FUNCGAO DE UM ESPECIAL TIPO DE CULPA? Entre nds, todas estas teses 1ém defensores. 3.1, Posigio de MARIA FERNANDA PALMA, A caracterizagdo do homicidio qualificado como um tipo de ilicito ‘auténomo implicaria uma enunciago taxativa e fechada dos factores agravantes e, sobretudo, uma aplicagio automatica do preceito, ante a verificagio dos respectivos pressupostos (°7). E evidente que o art, 132.° ndo foi concebido para funcionar como sl, Sth aria seo de rim desde cost ee xo sobre os meat ow a perastnia da resold cmos, mplqu frgosamete {uate do homie Coo ter nota Mata Fetmanon Pan (Parte petal P70), ena de anim 36earacero na tte, no 2 Vlg do agen com 4 orms.Conseuenement, lana os di sobs & maior poses de ne $0 pela norm, so 6 ehe a epi xg doa. To) Net seni, 6 Eoinaoo CoMkaae POUSREDO Ds (Actes de ees de Camis Revisor Poe Eee, AKFDL 197, pp. 22 ¢ 2623) Deal mod, “Tenesa Sexaa (omicdo Quafoado, p. 59) © Matoahion Stsa Ponca (Dito Peal I pp 45-52). FaeveicoIasea (ob. ci, pp 269-266), no obsate cnert oat 132" cono uma evan da cents vane ao tp bases por tum, como um rine qualifedn eno somo um chine espedl (eam lene Up Ica) = fecha oto, araés de uma inert abrogate ds expe “ene cata no n* I do ar 132", preconnaofnionamentosuomaico dom? 2 12 Teresa Quintela de Brito tum tipo de ilfcito. Dai que MARta FERNANDA PALMA (“#) critique 0 preceito, dizendo que teria sido preferivel a técnica inversa de partir de um contetido descritivo, taxativo e fechado, depois corrigido por diversos conceitos normativos a propésito de cada circunstncia ou por uma cldusula geral, semelhante & que constava do art. 156°, n.° 3, da versio origindria do Cédigo Penal de 1982 («A coucglo s6 seré pu yel quando for censurével a utilizagao do meio para atingir 0 fim visado>). Esta Autora vé nas vircunstancias do n° 2 do art. 132.° elemen- tos de um tipo de ilfcito agravado (). Contudo, reconhece que, em Siltima andlise, a qualifieagio do homicidio depende sempre da pos~ sibilidade de afirmar uma especial culpa, apesar da maior ilicitude do facto, ‘Assim procede, por entender que a culpa no pode fundamentar por si uma nova moldura penal. A intervencio penal nao se alicerga no desvalor pessoal do agente, mas apenas na necessidade de protecgio de bens juridicos e de acautelar a realizagio de prestacées sociais impres- ‘eindiveis a uma justa vivéncia social. Por isso, a culpa apenas pode fun- cionar como critério de determinagio conereta da pena, dentro de uma moldura suportada pela danosidade social do facto, E 0 que resulta do disposto no art. 71.2, que apenas atribui 8 culpa a funclio de determinar a medida concreta da pena, dentro dos limites definidos na lei, com base na danosidade social do facto (%) (") (8) Parte Especial, p. 45, 47 € 49-50. (@) Teese Beurza (Direito Penal. Texas de actalisagdo, 2* Volume, AAFDL, 1988, pp. 35-36 ¢ 60-61) vai ais long, sustentando a consagragio, no n® 2 do a. 132%, de tipos-de-ifito agravados. De igual modo, JoX0 Cuaoo Neves («0 homiciio pri- ‘ilegiado na doutrina e na jrsprudéncia do Supremo Tribunal de Justigar, RCC 11, 2001, p. 211): was varias alineas do n 2 do art. 132. contém verdadeitos tipos de if tito agravado © ndo simples suposigBes de culpa acrescida». elo contdrio, FREDERIO DA Costa PrvTo («Crime de homicteio privilegiado> RPCC 8 (1998), pp. 289 e ss.) entende que os arts. 131%, 132° e 133.° consagram tipos de culpa autGnomos, eo simples regras de medida da pena. (C0) Semelhante€ a posigio de FREDERICD Isasca (b. cit, pp. 263-264: iletude —e nao a culpa — constitu! o fundamento da pena abstract; todavia, um grau espe ‘ialmenteelevado de culpa pode fundamentar um tipo de ifeito, sem que este passe & 0 homicidio qualifeado (art. 193, E Sbvio que esta posigdo se repercute em sede de dolo, de tentativa ¢ de comparticipagao criminosa. a) Consequéncias quanto ao dolo Maria FERNANDA PALMA (2) exige que o dolo abranja todas as circunstincias agravantes, mesmo as relativas ao modo de implicago pes- soal do agente na acgdo. Deste modo, a especial perversidade do homi- cidio determinado por avidez, pelo prazer de matar, pela satistasio do instinto sexual, por 6dio politico, etc., depende do facto de tais razdes serem racionalizadas pelo agente, de serem motivos conscientes do agir, de o autor explicar o seu facto como sendo determinado por um desses ‘motivos altamente rejeitéveis pela sociedade. cei oon um ig apt 9 er do ets gee ‘erence opouro culpa sm ed desde — nein je de ete ‘em sentido material. ™ eee (') Ratt So4nes DA Veoa ( por espero i conseqvncas juries do ane pig. dtermaro da pena Apert, a eustnels mot mem sar de ume especi grag do eles constatves do cme ween aida epee acess ov diminvie do o-decto ov) do Weeit dipo Menno nese eso, estes pee regres de dceminago pena {To ascent teu ie guia Oi ob een oes 2d ‘Snap a pnw nao exo eteros opel eigenen jerdic-constuioal do nallom rte gen ado estan o acl enn do peo da legal penal Sao pep naan crime, como naa potas een 0 ie emi 1Rar several ndtrminagto du ees de medi a ena. : tin 199 (ConcnntaConmbrcense, Tomo Ip 27). rea a hipsese do xemplve pur conten simples crcunstncias determinants medida ds frown cohen oie const oe aa ie Soa sents ages ques suo é moda peal do homo simples, pr aa SS foe ae eve alerayes ao nivel do ipo de culpa pasado wo at 1317 iret Pena 929. 0 homicidio qualifieado (art. 132." 197 ébvia a consequéncia que daqui decorre. Como s6 pode aplicar-se 0 n° 2 do art. 132.° se existir um grau especialmente elevado de culpa, 0 homicidio qualifieado nunea entra numa relagio de concurso aparente com 0 homicidio simples ou com algum dos homicidios privilegiados (#2). A cada um destes preceitos corresponde um peculiar sentido de culpa, que os torna incompativeis entre si ®). 4) Critica primeiro problema que esta posigdo parece suscitar € o seguinte: Ao condicionar a realizagio do n.° 2 do art. 132.° & existéncia de uma especial censurabilidade ou perversidade, acaba com a necessidade de se transitar, do n° 2 para 0 n 1, em busca da revelagio, em canereto, de um especial grau de culpa. ‘Tomma-se uma e a mesma coisa, «preencher» uma das circunstincias agravantes e revelar, no facto, uma culpa agravada (*). Em altima (®)_ Assim, expressamente, CustiNa Lipano MaNTEIRO («Qualfieacto © privi- legiamento do tipo legal de homicidion, pp. 124-126): no hé coneurso entre «um cle- ‘mento qualiticadore a cléusulageral de alenuagio especial da penan, mas «um juizo de ‘culpa unitério © por isso mesmo definitive quanto & pena aplicével». Ou, ainda: 0 homicidio «nasce logo classificado», em Fungo da culpa eoncreta; a coneusio do «con- {reto © uno» jufzo de culpa slevari de imediato a que se subsuma a conduta ou 20 an. 131, ou a0 at. 132%, on anda, ao at 133%. De igual modo, Prenerico Da Costa Preto («Crime de homicido privlegiodo», pp. 291-294) ene os ars. 1312, 152° € 133°, existe, quando muito, uma «"aparéncia de Concurso aparente”e munca um verdadeio con- curso aparente,jé quen, existindo indcios de privlegiamento do homicigo, sfaltard 0 _au de culpa (ou s sua prova para além da divida razadvel) que permite invocar quer art 131, quer 0 art, 132°. (©) Maxcantoa Siva Pexeina (Direito Penal If, pp. 27 e ss.) refere-se a tipos e culpa exclusivos». «Exclusvidade que se deve as clivagens que nio a ilcitude, mas a culpa diferente provoca entre duas realidades. ) ‘Com efeito, esta consrugdo assezura, por via de uma anteposigao do juizo de especial culpa A aplicabilidade do n* 2 do at. 132: 0 funcionamerio automatic esse himero. posibilidade de no qualificag20 do homicidio, apesar da veriieagio de uma das circunstincias descritas no n* 2, deixa especialmente angustiados alguns dos que defendem a fundamentagdo do homicidio qualifcado numa agravagao do conteddo de illeito, Em contrapartida, com JORGE DE FIGUEIREDO Dias, a susceptibilidade de reve- OonIBCAY WpqUIE, ‘198 OP O19 1 9 apponcs oe unjads hea vous aves eon nba ‘opens wssy j2 vise wipqUIEA amb owsaUu “awAEiBe eu 2p ePDUR EF 0 pas oa us) -uog (v vouyje op ovsped-ojdutoxe op ,oqaunysuaaid,, o 2 0198) nas Op ‘v os-reuyze epod zefos no “oIpjorwoy op vonpid y 20d -sou onb y eonugpr opSnjex wun snsixo vous 2 aad enue eg -TeuoUL eSuaop euin 9p jeuruur asey wu “RNUODUD 9s =rs9 oNb UID ZO; OIL -tJ0s ojad opjopuoo ‘ted o we anb ‘oyjy op oseo ou as-asuIq (gs) 0198) OP OHH! ap OpHaIuos op Jax} OF sesINO se WOD seuIN UAL -ajroiur anrouresoamnbaur seusiou seiso anb vf “(cs) Os0T0p o4psontioy op SseIOpRUTUITZOUY SeULION stewap sea. ZET “UE Op Z ,U O aNUD — «aquOL -ade osinouog ap wougiede> eaun seuade 4ofy wa — warede osinotioa f 9p opgoiuod op opSeawiBe arwapuodsani0> umn (Wo ayuuretzessezou ayzaljau 26 no) 10d epeuodns soseo $0 sopor ua 9 vdino up opSeaesde © anb epuajap as anb v ordjound ap seoSoalqo ‘edjno ap nesa yerzadso wn op opSejeaa: vjod epeuot Joy op oxSeoyifenb e anb ayaar Zan eum 1 SCS EF HB) BPHRAOM oapHORADY 70 speaviie poy tuad ruin seuodns wdjno soweu bun 2p apepmigssod & ‘5 ib ap ap08 wid e3ou 2 vpnemmp edyno wun wa epEs0os9 eu ave 9 anb opSiperucs © sesedns an p no stud sep opunsou ewixpus EP 143 g9 siou “19 Qo) VORA va SaHvOS 7H¥Y "UO hoine 3p fovag ons] win 30d op wg ed wad 8 mae ot op SeIouRSUNS joyne oyiouwo}uny un ap expen ou apusaiduioo 26 98 (HOINE Ep [BUOID ‘agp ap ozjno2}opep19 wun seu0}suEN ‘apepgeqond ap ozynf»eusus tn smgnsuo> ap ext nda ap nes# soUadns wT ore ‘anb ‘apepaioos jad sopmjafas amtaureanjosqe “soquaustuas @ SOAnOU Sop {upape oquafe op opepisosiiod y -[e190S apeprsouep ep OWUaUHAp= 9 SA ua soui2a op apepisodtiad (axgmnstiag 9) zejnowed v anbiod *o1ot) OP ‘pmoyl sotwur eu wwesuonua “(/ (9 (p seauyye se) antade op wuZzU apm sive y urewodsas seuadn ‘oyuauaquarede ‘onb seioupsunos{> Se OWS ) nosryeid anb or2ey ofed ou & ‘opeptyeuosiod ens vjad aquode 0 arund 2s “[euly ou “ap ead qos “epnita ij soreus wun op «epeumfsap» edyno sou cuin ap ovssiupe e aodu sou oet pf “apmioy! 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Posigio de TERESA SERRA Esta Autora (2) recusi-se a qualificar os exemplos-padirio como ele- ‘mentos constitutivos do tipo de culpa, porque entende que alguns deles respeitam claramente a0 maior conteddo de ilicito do facto 0). Eo que se passa com as alineas a), c),g), h) ej). Em principio, esse aumento da ilicitude traduzir-se-4 num correlativo aumento do grau de culpa. elo contrério, em seu entender, outras circunstancias do n° 2 exprimem tum maior desvalor da culpa, em virtude da intervengio de elementos auténomos nio relacionados com a ilicitude. E 0 que, segundo a mesma ‘Autora, acontece, por exemplo, na alinea d). ‘Na linha da doutrina alema dominante, situa os exemplos-padriio no Ambito das consequéncias juridicas do crime, vendo-os como regras de determinagao da medida da pena. Assim, concebe o art. 132.° como regra de determinacéo de uma moldura penal agravada, através da inter- vengio auténoma de um tipo de culpa. Portanto, TERESA SERRA admite 0) Eavband seem pesos nto nae ecnidenescom os aca desc, RAUL Soanes bn Wien (beep. Add) hep 9 ca Sl, wo SBS Sona ene motvspvepianes © qualidade o get. Sista de, por cca ds po deep nag plein dea esuno de mas cs ore te estes em sade de capable no oon elementos djelvos da mor gos tomas en pie ha em mata de ee) mas os lee seRSivos de aps. 0 Autos poem erteade qu nes hips se ta de um RG Conca saree no de ua “apuno de coos ape" pe {Sat ontclonar bem esuaia do con apres 8 rea da previo SE Sia sormas conconens (pp 17-18) 0 i cen 0 rs uee set Oct por ty set pssvel a veifcago on? db at. 32° oD unc Son, HontloQuifend, pp. 6566 12. > Nertinha do csitamento oral de Soute Baro. Este Autor sustentando eno ae 9153. cont um ip de culpa seme extend qe ee tm Speer Grontincas relates a at Al oda, 2 exepys ds relives a8 © homicidio qualif uma agravagao da pena legal apenas em fungdo da maior culpa do agente, a0 abrigo de um conceito de culpa, material e graduavel, que tem por objecto © maior ou menor desvalor da atitude do agente actuali- zada no facto. Na sua opinido, o «aumento da culpar, que & «mera consequéncia do aumento da ilicitude, s6 pode exprimir-se no ambito da medida con- creta da pena». Jamais «imporé uma moldura penal correspondente a um. grupo valorativo mais grave» (4), Esta outra moldura penal estriba-se, necessariamente, numa intervengao auténoma da culpa, relativamente a0 contetido de ilfeito do facto. 3.4, Ponto de ordem. Compatibilizago do entendimento do art, 132° como regra de determinagio de pena agravada, em fungao de um especial grau de culpa, com a exigéncia de fundamentacao da pena legal numa maior ilicitude do facto Neste momento, é mais do que evidente que a grande ciséo na doutrina se deve ao enquadramento atribuido aos motivos e sentimentos revelados pelo agente na perpetracio do crime. ‘Una parte da doutrina (°5) integra-os no chamado desvalor da con- duta referido ao agente ou «desvalor pessoal da acgo» (FREDERICO Isasca). Este desvalor, constituido por «circunstincias que radicam na pessoa do autor» (RAUL SOARES DA VEIGA), formaria o juizo de iicitude, juntamente com o desvalor da conduta referido ao facto (°). Desvalor (05) Tenesa Seana, idem, pp. 9495 (°9)_Refiro-me a Magia FERNANDA Pata (Crimes contra as pessoas, sbretwdo pp. 43-47), RAUL SOARES DA VEIGA (ob. cit, pp. 38-39), FREDERCO IsASCA (ab. cit Pp. 263-266) e Manoanins SiYA PEREIRA (Os homictdios, pp. 54-59). (08). Sobre a dstngBo entre esas das formas de desvalor da condula, vejase Jes ‘cuiece, Trtado de Derecho Penal. Parte General, taducio da 4. edi alemi de José Luis Maszanares Samavicco, Editorial Comares, Granada, 1993, pp. 44, 217, 220 © 287. Segundo o Autor, 0 desvalor da acco reportase 8 forma de ataque ao object dda conduta. Nele se integram as modalidades extemas do comportamento e circunstincias ‘que coneorrem na pessoa do autor, De ene as lim, interessam-nos os elementos sub Jectivos do ilieito, que caracteri2am, com maior precisio, a vontade drigia & lesio do Teresa Quintela de Brito da conduta referido ao facto que, no caso do homicidio qualificado, se exprime nas circunstincias relativas a0 modo de ser objectivo da acca Outro sector da doutrina entende que tais motivos sentimentos se prendem apenas com a culpa, com o desvalor da atitude intema do agente. Figuemepo Dias e TERES® SERRA identificam-se com este sector. Na conclusio atrés azontada, afigura-se que JORGE DE FIGUEIREDO Dias (7), implicta e simultaneamente, aceita que 0 desvalor da conduta referido ao agente mais no é do que 0 suporte ou o reflexo de wma maior culpa no conteiido de ilicito do facto. Ora, parece que uma maior culpa, que se estriba ou se repercute no contetido de ilfcito do facto, também respeita, necessariamente, & categoria sistemética da ili- citude que, alids, a precede (8). Ow melhor: uma vez aceite que 0 juizo de ilicitude integra, a0 nivel do desvalor da acgio, aquele que se refere ao facto ¢ aquele outro que conceme ao agente, parece intl dis- cutir se, no caso das circunstincias relativas aos motivos e sentimentos do agente, hé uma intervengdo aut6noma da culpa que, depois, se reflec- tiria num agravamento do conteddo de ilfcito do facto ou, antes, um acréscimo da culpabilidade escorado num prévio aumento da ilicitude. Tal discussio aproxima-se perigosamente daqueloutra em que se perora sobre quem nasceu primeiro: “o ovo ou a galinha”? Tanto mais que, ine- vitavelmente, foi a imagem (social) de um homicidio especialmente culposo que orientou o legislador na modelagao dos exemplos-padrao. Portanto, logo no plano da tipificagzo do homicidio qualificado, coube 8 culpa («em abstract») uma importincia decisiva (°9). Necessério & ‘bem juriico, sproporcionando a descrcao extema do ilicto, conta no tipo, 0 acento intemo do desvalor». Nao obstante 2 inlusio de elementos pessoas, ailicitude per- rmanece uma categoria objectiva. Idenifca-se com a infracgio do que & objectiva- mente vilidae exigido ao cidadio, atendendo a sua pasigSo na comunidade, sem valo- rar ainda a esirutura da sua mctvagéo, ©) Comentério, Tomo |, § 4 a0 art. 132.9, p. 27 (08). Semelhanternente, cm toda a azo, FREDeRco ISAsCA, ob cit, pp. 264-265. (®) Neste sentido, Mats FERNANDA PALMA («As alleragies reformadoras da Parte Geral do Cédigo Penal ns revisto de 1995», Jomadas sobre a revisdo do Cidigo Penal, p. 38 notas 15 e 16): «a tipicidade (..) € condicionada, tradiionalmente, por critrios de culpa», isto &, de scensurabilidade social da conduta e do danow; «a deci io de punir exige um primero juizo de culpa (em abstracto) sobre o facto» O homicidio qualificado (art 132-*) 203 — claro — que se nio confunda a caracterizago social da conduta a par- tir dos motivos ¢ sentimentos nela revelados pelo agente (ilicitude) com a avaliagio da relagdo do agente com a Ordem Juridica e os seus valo- res (culpabitidade). Por estas razées ¢ também porque se niio concebe que uma maior cculpa suporte, por si s6, uma pena legal agravada, hi que fundamentar © homicidio qualificado, desde logo, num superior grau de ilicitude do facto e s6 depois num especial grau de culpa. Mas, isto niio obsta a que se veja no art. 132.° uma regra de deter- ‘minagio judicial de uma pena agravada, em funcio de uma culpa espe- cialmente grave, tal como faz MARGARIDA SitvA Perera (1%), Segundo esta Autora, 0 art, 132.° é regra de determinagio de uma pena agra- vada, por trés razdes: 1) 0 tipo de art, 131 24) Nao sendo o art. 132° um tipo de ilicito auténomo © uma vez que um «nio tipo» carece, por definigao, de moldura penal pré- pria, é errado procurar nele a plena moldura penal do ilicito que quali- fica, Tal moldura s6 se obtém conjugando as penas previstas nos arts. 131.° € 132.° Ou seja: a lei acaba por estatuir uma pena de prisio de 8 a 25 anos para 0 homicidio doloso de gravidade média e de gra- vvidade superior. Dir-se-d ser esta uma pena legal demasiado ampla e, por isso, per- ‘medvel ao arbitrio judicial e violadora do principio da legalidade. A ver- dade € que tal principio nio impde qualquer limite & extensio das mol- duras penais. Apenas exige que elas sejam delimitadas pela lei e conectadas com a descrigao de certos pressupostos de punibilidade (1), ito do homicidio qualificado € o contido no (©) Diveto Penal Ih, pp. S459. (9) Motguras pena com este amplitude podem & conduzir, em cancrto, a vio- lagdes do principio da necessidade da pena, Assim, expressamente, SOUSA & BRITO, ‘no seu ensino oral de Direito Penal Il, No mesmo sentido, FiGUEIREDO Dias (As con- sequéncias juridicas da crime, pp. 203 ¢ 312-313), slientando a inconveniéncia poll tieo-eriminal, tanto dos wcasos especialmente graves» como dos seasos especialmente Pouco graves», bem como da eldusula geral de alenuagéo especial da pena, conta no at. 2° Tereza Quinte de Brito Na mesma linha de raciocinio, sustenta José DE Sousa & BRITO, no seu ensino oral de Direito Penal Il; se 0 tipo de ilicito do homicidio qualificado € 0 mesmo do homicidio simples, o art. 131.° poderia ter inclufdo as circunstancias do homicfdio qualificado. Mas, entio, nio é inconstitucional que 0 legislador se thes refira separadamente ('°), 38) A zona de sobreaosigio das penas do homicidio simples e do homicédio qualificado, que se situa entre os 12 € os 16 anos de pristo, permite a0 juiz optar pela aplicagio do art. 131.° ou do art. 132.%, sem que haja qualquer variago na pena do homicidio simples, Nas palavras de MARGARIDA Siva PEREIRA (1), isto «prova uma vez mais que a lei nio cindiu dois tipos aulGnomos, antes construiu uma coabitagio de efeitos criminais». 4, DUPLO EFEITO DE IND{CIO DOS EXEMPLOS-PADRAO Esta uma questio que ajuda a afastar 0 espectro do arbitrio judicial, imediatamente associado & ideia de determinagio da pena, por homici- dio doloso de gravidade média e superior, dentro de uma moldura penal compreendida entre os 8 ¢ 05 25 anos de prisio. ‘Sepundo TERESA Sena (1%), a verificago de uma das alineas do 22 desenvolve um efeito de indicio de um caso especialmente grave de homicfdio. Indicio esse, que s6 pode ser contraprovado por cit- unstincias excepcionais,relativas a0 facto ou ao autor, que, diminuindo de forma acentuada a ilicitude e/ou a culpa, alterem a imagem global do facto concreto, destacando-o claramente do caso-regra de homicidio ‘qualificado. Assim, em seu entender, no permitem contraprovar o efeito de indfcio dos exemplos-padrio circunstincias atenuantes gerais (bom comportamento anterior, canfissdo espontinea, ete), nem especiais (como 4 tentativa ou a cumplicidade). 1G) Se bem se percebeu, este Autor restringe © tipo de garantia 38 condigBes de ‘existéncia da pena. quer respeitem & iliitude, 8 culpa ou 8 puniblidade. Pelo contré- fio, as condigbes de Fundamentago judicial da medida concreta da pen j8 se no inte- ‘ram no tipo de garantia. A elas se refere 0 art. 132." (0) Idem,p. 56. (™) Homiciaio Qualifeado, pp. 65:75 0 hamiciaio qualificado (art 132.) Mais: 0 juiz tem de fundamentar pormenorizadamente a revoga- gio do efeito de indicio e, em caso de diivida quanto & qualificagao do homicfdio, hé que atribuir 20 efeito de indicio a competéncia para a resolver. Ou seja: baseando-se na valoracio feita pelo legislador, o juiz. deve aceitar um caso especialmente grave de homicidio (195) Por outro lado, a nao verificagio de qualquer das circunstancias exem- plificadas no n2 2 exerce um efeito de indicio em sentido contritio, isto 6, indicia a inexistincia de uma especial culpa. Logo, o juiz s6 poderd afir- ‘mar um homicidio qualificado atipico, recorrendo a ideia condutora agra- vante de algum dos exemplos padrio contidos no n.°2 do art. 132.° §. TOMADA DE POSICAO QUANTO AO ART. 132. RECAPITULACAO A semelhanga de MARGARIDA SILVA PEREIRA, defende-se uma posi- G0 de sintese, de superagio, das teses — aparentemente antagénicas — sustentadas por MARIA FERNANDA PALMA € TERESA SERRA. (55) Peeneico 0 Costa Poco («Crime de homicido privilegtadon, pp. 292-294) citca esta tse de TeRESA Senna, por, alegadament, ser contiria a principio in dubio pro reo. Critica que, todavia, canecta com a sua concepeio do ant. 133° como um tipo autGnome. Por este preceito ni conter uma regra de medida da pena, o seu rela: ionamento com o art. 132° no se reconduz a um problems de valoragio da intensi- dade dos indicios de cirunstancas agravante e atenuantes, Pelo contro, havendo dvi- das quanto & verficagdo de um homicfdio privilegindo, tals divdas tém de resolverse favor do arguido,acetando o privlégio. ‘A solugio desta questo parece-me residir nas palavras de RAUL SOARES BA VEGA (ob. cit, pp. 37 e 47): «as citcunstancias do n 2 funcionam como presungées (Subs- ‘antivase ndo probatrias) juris tantum de (espcial]censurabildade ou perversidade do agente», Logo, acrescento, nio dispensam a prova da respectva veiicaglo, nem de um superior grau de culpa Em sede de prova, toda a divida tem que valora-se a favor do agente. Verbi gratia, na divide quanto 3 motivagio (qualficante ou privilegiate) pre: valecente no caso conereto, havendo, porém, a conviegéa de que qualquer delas © pode- Fi ter sido, 0 prinepio in dubio pro reo imp aplicaszo do tipo privilegiada — assim, Raut Soares D4 VEGA ob cit, p. 45. Daf que a divida quanto A qualifeagio do hom ‘idio — a que Texisa Seana se refere — nd possa ser, evidentemente, uma edvida em matéia probatéria», mas, tlos6, uma «divida de qualficasio de stuagdes»,relatva- ‘mente as qua nlo existe precisamente a primeira espécie de dvd,

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