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164 [Meroo0.oci on PESQUSA Sta 0 PROFESSOR FESQUSADOR de prover um reforco positive a um programa que foi bem planejado e que € bem aceito. Ela nao precisa necessariamente estar associada com o fracasso, Seja cuidadoso para nao ficar convencido de que esta coma ver- dade. Toda pesquisa ¢ falivel e na melhor das hipsteses 0 pesquisador tem uma idéia de como as coisas so, Muitas pesquisas deixam as pes- ssoas sentindo que precisam saber mais a respeito do fenomeno que esta sendo investigado e podem também revelar novas areas que precisam, de investigagao. Nao estamos dizendo isso para desencorajar o profes sor de fazer pesquisa. Ao contrario, esperamos que a pesquisa seja uma atividade prazerosa, interessante e estimulante. [A principal justificativa 6 que ela traz methoras paraa escolae ajuda no desenvolvimento profissional do professor. As pesquisas realizadas por professores com esses fins nao proporcionarao respostas simples para melhorar escola, mas podem ajudar a entender por que as coisas ‘dda maneira que so e tornam o pesquisador mais bem informado sobre as implicagdes de agir de determinadas maneiras em vez de outras. O conhecimento revelado pela pesquisa ¢ inevitavelmente ncompleto, mas ele pode e deve levar a uma melhora da qualidade de ensino nas escolas, caPITULO WI e de dados qualita a entrevista Coleta e ana! Ao optar pela pesquisa qualitativa, o professor/pesquisador pode utilizar varias téenicas de coleta de dados e varias estratégias para registrar e analisar os dados, Os dados podem tomar a forma de trans. crigdes de entrevistas gravadas com o uso do gravador, anotagdes de campo em protocolos de observagio, didrio de campo das interagoes do dia sentagdes graficas. Os pesquisadores qualitativos tém estilos inves: a-dia na sala de aula, documentos, fotografias e outras repre- tigatorios bastante diversos e essa diversidade no se origina apenas dos compromissos e talentos dos pesquisadores, mas também do problema a ser pesquisado, da variedade dos cenarios sociais e das contingéncias encontradas, Por essas razDes, as técnicas de coleta de dados e as estratégias de andlise nao podem ser padronizadas. Uma tentativa desta natureza ape- has constrangeria e dificultaria os esforcos dos pesquisadores, pois os processos de coleta e de andlise de dados deve acontecer de maneira simultanea, e é enganoso vé-los como atividades separadas. Por isso, as diversas abordagens sao apresentadas com todos 0s seus elementos: técnicas de coleta de dados, selego dos participantes e andlise dos dads. professor/pesquisador deve levar em consideragao as varias maneiras de registrar e organizar 0s dados. Por exemplo, ao optar pela técnica da entrevista o pesquisador deve decidir se usa o gravador ou outra maneira de registrar a informagao. Embora haja uma variedade de téenicas e estratégias de coleta de dados, para efeitos da pesquisa de pequena escala conduzida pelo 166 Meroo010Gin o4 PESQUISA professor na escola, discutiremos neste capitulo os diversos tipos de entrevistas mais indicadas para esse propésito, bem como as viirias, cestratégias de andlise dos dados oriundos da aplicagao dessa técnica, Discutiremos também suas vantagens e desvantagens, mas acima de tudo a principal intengao é mostrar a possibilidade e o potencial que es- ses tipos de entrevistas e estratégias de anilise oferecem ao professor! pesquisador e a outros pesquisadores preocupados em explorar as suas proprias praticas profissionais. A entrevista entrevista é muito usada em quase todas as disciplinas das cién- cias sociais e na pesquisa educacional como uma técnica chave na coleta de dados. Isso levou a uma considerdvel diversidade de formas € estilos de entrevistas. Os pesquisadores abordam a entrevista de diferentes maneiras (Hitchcock e Hughes, 1995; Kvale, 1996). Essas dife- rengas dizem respeito & natureza das perguntas, ao grau de controle exercido pelo entrevistador sobre o entrevistado, ao numero de pes soas envolvidas e & posicao geral da entrevista no delineamento da pesquisa. Segundo Hitchcock e Hughes (1995), de maneira geral, a5 entrevistas podem ser consideradas como “uma conversa com um pro- pésito" ¢ podem ser divididas em duas classes: 1. Entrevistas padronizadas: Entrevistas estruturadas ou de levantamento. Entrevistas semni-estruturadas. Entrevistas em grupos (estruturadas ou semi-estruturadas). 2, Entrevistas ndo-padronizadas: Entrevistas em grupo (ndo-estruturada). Entrevista etnogrifica (ndo-estruturada). Aentrevista para a historia oral e para a hist6ria de vida. Entrevista informal. CCousra € anduse De on005 QUAL vos: ENTREMSTA 187 E importante adicionar a essa diversidade o fato de que na pesquisa, social e educacional as entrevistas podem ser realizadas diretamente pelo pesquisador ou por uma equipe de pesquisadores. As informagdes contidas nas entrevistas podem ser analisadas por quem est direta- mente envolvido na pesquisa e por aqueles que tém apenas um mini mo de envolvimento. As entrevistas podem ser realizadas com peque- nos ou grandes grupos de pessoas. Muitas das questdes que preocupam os professores na escola podem ser examinadas por meio da entrevista, mas i cialmente ha quatro questoes basicas que afetam todos os tipos de entrevistas € precisam ser consideradas pelo professor: a) Por que usar a entrevista como técnica de coleta de dados? b) Onde fazer a entrevista? ¢) Quem entrevistar? e d) Quando entrevistar? 0 professor/pesquisador precisa pensar nessas questoes tendo como referencia o problema de pesquisa e tentar respondé-las antes de iniciar o trabalho de campo. As respostas a essas questdes propiciam ao professor uma boa idéia do tipo de entre} especificas que podem ser elaboradas. sta e das perguntas A seguir discutiremos 0s trés tipos de entrevistas mais comuns Utilizados na pesquisa de pequena escala nas escolas: a) a entrevista es- truturada; b) a entrevista ndo-estruturada (conversa com um pro- posito); ec) a entrevista semi-estruturada, A entrevista estruturada € muito similar ao questionario porque tanto as perguntas como as respostas so estruturadas. Ela é mais recomendada em situagées em que os participantes tém dificuldades de completar um questionério (criangas muito novas, pessoas cuja lingua materna nao é aquela usada pelo pesquisador etc.). E importante ter um bom conhecimento do assunto antes de iniciar uma entrevista es- ‘truturada. As respostas podem ser codificadas e analisadas da mesma maneira que os dados coletados por meio de questiondrios. A entrevista nao-estruturada difere da entrevista estruturada porque nao tem um modelo com perguntas fixas, mas tem uma certa 168 -Mer200.06i a PesGUIEA PARA © PROFESSOR ESQUSADOR estrutura, pois uma entrevista genuinamente nao-diretiva nao 6 apropriada para a pesquisa. Ela ¢ realizada tendo como base um pro- tocolo que enfoca certos temas com perguntas elaboradas. principal iferenca entre a entrevista ndo-estruturada ¢ outras téenicas de en- revista 60 grau de negociacao entre o entrevistador e o entrevistado. Na entrevista ndo-estruturada 0 entrevistador pode introduzir novas questdes durante a entrevista. Em outras palavras,a entrevista nao- estruturada da ao pesquisador maior liberdade para fazer perguntas sem estabelecer previamente uma seqiiéncia 0 objetivo desse tipo de entrevista é criar uma atmosfera para que o centrevistado sinta-se a vontade para fomecer ao pesquisador informa- ‘cOes bastante pessoais. Mesmo assim, o pesquisador nao abandona totalmente a preparagao que antecede uma entrevista, pois é muito importante considerar a natureza do encontro e as perguntas-chave necessdrias para explorar 0s objetivos da pesquisa. O pesquisador pode elaborar uma lista de perguntas ou t6picos que deseja explorar, mas deve estar preparado para deixar que os entrevistados falem a vontade. A entrevista nao-estruturada assemetha-se muito @ conversacao cotidiana, mas, por ser uma entrevista para fins de pesquisa, ela envolve abordagem e técnica de questionamento especificas. Ela nao é nem ‘uma conversagéo aberta e nem uma entrevista altamente estruturada. A entrevista € transcrita eo texto escrito junto com afita cassete grava- da 60 material para a subseqiiente interpretacao pelo pesquisador. Esse tipo de entrevista proporcione uma oportunidade para explorar dreas € temas que possam nao ter sido considerados anteriormente. Acntrevista ndo-estruturada ¢ inevitavelmente mais dificil de ana lisar porque existe muito pouca uniformidade ao longo da entrevista Esse tipo de entrevista pode ser melhor empregado para iniciar um projeto de pesquisa, porque proporciona ao pesquisador a oportunt. dade de se engajar em uma discussio informal com pessoas que tenham conhecimentos sobre uma determinada area. Em outras pala- vas, as discuss6es informais e sem estruturas podem ajudar a estabe- Jecer um modelo e orientagdes para futuros estudos. CCOLETA €ANALSE OF DADS QUALATIOS: A ENTREVISTA 168 A entrevista semi-estruturada representa, como 0 préprio nome sugere, o meio-termo entre a entrevista estruturada e a entrevista nfio- estruturada, Geralmente se parte de um protocolo que inclui os temas a serem discutidos na entrevista, mas eles nao sao introduzidos da ‘mesma maneira, na mesma ordem, nem se espera que os entrevistados sejam limitados nas suas respostas e nem que respondam a tudo da mesma maneira. O entrevistador ¢ livre para deixar os entrevistados desenvolverem as questOes da maneira que eles quiserem, Ao usar a entrevista semi-estruturada, € possivel exercer um certo tipo de controle sobre a conversagao, embora se permita ao entrevista- do alguma liberdade. Ela também oferece uma oportunidade para escla- recer qualquer tipo de resposta quando for necessario, € mais facil de ser analisada do que a entrevista nao-estruturada, mas nao tio facil quanto a entrevista estruturada, 0 desenvolvimento de protocolos ou guias de entrevistas 0 termo “protocolo” ou “guia de entrevista" refere-se ao conjunto de perguntas que orientam o pesquisador durante a entrevista, princk- palmente nas entrevistas estruturadas e semi-estruturadas, A realizagao de entrevistas para 03 propésitos de pesquisa precisa seguir um plano relacionado aos objetivos estabelecidos pelo pes- quisador, Nao é suficiente encontrar-se com as pessoas e bater um pa- po informal. O pesquisador deve planejar a entrevista em detalhes & escrever as perguntas de uma forma diferente da dos questionarios, Na maioria das vezes o protocolo de entrevista nao é compartilhado: como respondente (embora algumas vezes seja necessério entregar ‘uma c6pia com antecedéncia para o respondente), de modo que ele nao sabe quais perguntas serdo feitas. O pesquisador deve julgar a {quantidade de detalhes a serem explorados por meio da entrevista e 0s, seis passos a seguir podem ajudar a organizar 0 processo e a orientar 0 pesquisador em relacZo as exigéncias de um protocolo de entrevista. 170 MeroD0L0ci DA PEEQUSA Pah © PROFESSOR PESQUIEADOR 1. Determinar as questdes gerais e especificas da pesquisa Como em toda coleta de dados, o pesquisador deve ter uma idéia muito clara dos objetivos da entrevista e do tipo de informagao neces- sdria para dar respostas aos objetivos da pesquisa. A entrevista geral- mente é um evento tinico; se o pesquisador nao obtiver as informagées nna primeira ver, talvez nao tenha a aportunidade de obté-las mais tarde. Cada parte da entrevista tem um propésito e 0 pesquisador deve refletir sobre as razdes de fazer cada uma das perguntas antes de inclui-las. 2, Elaborer as perguntas de entrevista E possivel comegara elaborar as perguntas da entrevista da mesma rmaneira como fazemos na elaboragao de questiondrios. No entanto,a forma das perguntas pode diferir daquelas usadas nos questionérios. Alguns problemas podem ser evitados quando da elaboracao do proto- colo de entrevista, A Figura I fornece cinco exemplos dos erros mais comuns na elaboragao do protocolo de entrevista Figura 1. Erros que devem ser evitados 20 preparar 0 protacalo de entrevisias. Perguntas duplas Exemplo: Vor# ja se sent estressaco e 0 que fez para preveniro estresse? Evitar perguntas duplas, Fazer uma pergunta de cada vez. Nao combinar as perguntas e esperar respostas. Posicdes opastas Exemplo: Quais s20 as vantagens e desvantagens de trabalhar nas escolas, partiouares? 'N3o combinar posicdes opostas em uma s6 pergunta Perguntas limitadoras Exemplo: Vocé acha que as mulheres so tdo boas administradoras escolares, ‘quanto 0s homens? A fraseologia desta pergunta elimina a possibilidade de que as mulheres possam ser melhores. Evite perguntas que eliminam algumas opqoes. Perguntas indutivas Exemplo:O Projeto Pedagésico elaborado na escola é muito importante para ofientar a prética pedagégica do professor na sala de aula. Qual é a sua opiniaa sabre essa questao? Nao fazer perguntas com posicionementas. Nesse tipo de pergunta, 0 entrevistador expée sua visSo ou resume as circustincias de um evento CCouer ANAL DE DADS QUALTATVOS: A ENTREUSTA 7 recente © entdo pergunta. Iso tende 2 conduit o respondente para ume cena direczo. Perguntas com carga emocional Exemplo: Voc8 € a favor ou contra o assassinato a0 concord com a liberdade de escolha das mulheres com relac0 20 aborto? Evitar perguntas como essa que transmitern uma certa carga emocional. 3. Colocar as perguntas em seqiiéncia Para que a entrevista seja interessante e natural, é essencial que haja uma variedade de perguntas. Geralmente, € melhor organizar as per sguntas em blocos sobre varios temas. Cada segao é separada com sua estruturae integridade. Ao organizar as perguntas em sees 0 pesqui- sador coloca-se em posi¢ao de comunicar os principais temas ao entrevistado no momento oportuno. Algumas vezes as perguntas so apresentadas em seqiténcia para lum propésito especifico. Muitas entrevistas estruturadas usam a tée- nica do afunilamento, de questoes gerais para questoes especificas ou vice-versa. Essa seqiténcia, do geral para o especifico, ajuda a desen- volver uma progressio légica para as respostas e ajuda o respondentea fornecer as informagSes de uma maneira conectada. Se uma seqtiéncia de afunilamento invertida for utilizada, 0 entrevistador comeca com perguntas especificas para depois apresentar as perguntas mais gerais. Esse tipo de seqiiéncia ¢ freqientemente utilizado com respondentes que sdo um pouco timidos. Ao responder perguntas especificas, 0 res pondente ganha confianca e é possivel que ele se expresse melhor du- rante o transcorrer da entrevista. Da mesma maneira que nos questionérios, as entrevistas também incorporam ramificagées. Varias perguntas-filtros sao wtilizadas para direcionar a entrevista para varios caminhos, Por exemplo, pode-se perguntar a uma pessoa sobre qual o curso de graduagao que comple- tou na universidade. Uma pessoa formada em engenhatia teria que responder perguntas diferentes das formuladas a uma pessoa formada ‘em pedagogia. O pesquisador tem que experimentar varias ordenagbes das segdes para proporcionar um fluxo natural para a entrevista, 12 4, Considerar as caracteristicas do processo da entrevista O entrevistador precisa gerenciar 0 processo da entrevista eo pro- tocolo pode também refletir essa preocupacao. Uma pergunta simples como Como vai vocé? € feita por uma razdo, Se a pessoa esquece 0 motivo da pergunta, pode passar horas discutindo os problemas pes- soais do respondente. Entre os blocos de perguntas 0 pesquisador necessita de uma transi¢ao que o leve de um tema para outro. As transigdes sao titeis, pois representam para o pesquisador e para o entrevistado um lembrete con stante sobre a direcao da entrevista, Transigdes bruscas deixam 0 entrevistado perguntando se o entrevistador nao gostou da resposta, Essencialmente, as transigdes proporcionam um resumo de onde 0 pesquisador esteve, aonde esta indo e talvez o porque. Em vi s lugares no protocolo é conveniente colocar lembretes para parafrasear ou resumir. £ muito stil também listar perguntas auxiliares para aprofundar certas questdes ou esclarecer algumas dhividas. 5. Preparar a introdugo e 0 encerramento da entrevista © protocolo comega com uma introdugao, O entrevistador explica © propésito da entrevista, quem ele é¢ por que a entrevista esté sendo realizada, Esclarece qualquer questao sobre a pesquisa e informa 0 respondente sobre a garantia do anonimato e como 0s dados serao uti- lizados. A permissao para usar dispositivos de gravagao é obtida nesse estdgio. A introducao indica o tempo da entrevista e algumas vezes pro- porciona um resumo dos principais temas que serao discutidos. O im. portante ¢ proporcionar essa informacao relevante de uma maneira rapida e eficiente, sem, é claro, reduzir o ntimero de perguntas. Tam- ‘bem & muito importante estabelecer o tom da entrevista e desenvolver ‘um bom relacionamento como respondente. Todas as entrevistas devem ser encerradas de maneira a nao surpreender 0 entrevistado, Uma declaracao verbal pode ser utlizada COLE € Ande DE OADOS QUALITATVOS: A ENTREMSTA 75 para significar o fim e um gesto nao-verbal como levantar, apertar a mdo ou abrir a porta certamente transmite a mensagem. O término deve ser reforgador e deixar ambas as pessoas com um sentimento de realizacao, Um resumo final ou referencia a uma contribuigio especial: mente util dada pelo entrevistado ajuda a fazer isso. Finalmente, 0 en- trevistador deve agradecer o respondente, confirmar qualquer arranjo vel complementacdo ou para compartilhar 0s resultados parauma poss da pesquisa. 6. O teste-piloto do protocolo Embora seja importante testar um questionario para assegurar a redago €0 entendimento do mesmo, ¢ duplamente importante testar um protocolo de entrevista. Além de testaro contetido, o pesquisador dove testar o fluxo, a utilidade do protocolo e o entendimento das per- _guntas por parte dos entrevistados. Sea entrevista for realizada por uma equipe de professores/ pes quisadores, é importante assegurar que todos entendam e usem, corretamente o protocolo. Esses entrevistadores necessitam ser tr nados para usar 0 protocolo e, de maneira ideal, devem ser monitora- dos em simulagGes de entrevista com 0 uso do protocolo Seguindo os seis passos da Figura 2, 0 pesquisador deve ser capaz de desenvolver um protocolo de entrevista, Um bom protocolo de en- trevista nao elimina todos os problemas dessa técnica de coleta de dados, mas ajuda, Figure 2. Passos na preparacdo do protocolo de entrevista 1. Determinar as questbes gerais e especificas da pesquisa (O que o pesquisader quer descabri? Qual é2 informacso essencial? 2. Elaborar as perguntas da entrevista ‘Agrupar em secdes ou temas, Rascunhar as perguntas. 3. Colocat as perguntas em sequiéncia ‘Agrupar as perguntes em segbes ou temas. Arranjaras secdes em sequéncia 174 [Metocotoci DA PESQUISA PAA © PROFESSOR PESQUISADOR 4, Considerar as caracterstcas do processo Prepatartensicbes adequedss. Preparer perguntas de apoio. 5, Prepararaintroducdo eo encerramento da entrevista Gravat as declaractes verbs. Anotar aces nbo-verbas, 6. Fazer um teste-piloto com 0 protocolo de entrevistas Testar 0 protocolo. Revisar o protocol e alterer os perguntas se necessatio, Uma série de questoes deve ser considerada quando entrevistas 530 utilizadas como fonte de dados. Essas questbes podem ser examinadas sob trés perspectivas: a selecdo dos participantes, 0s métodos de registrara entrevista e a situagao da entrevista, A selecao dos participantes A selecto dos participantes depende, é claro, do problema a ser estudaclo. 0 participante (ou caso) pode set uma pessoa ou varias pes- soas-aluno(s), professor(es) ete.~, uma diseiplina (Matemética), uma instituigdo (escola, universidade, industria ete.), um projeto, ou um conceito. A prinefpio a amostraaleatéria néo € utilizada, porque 0 pro- pOsito nao é estimar um pardmetto da populaca participantes que possam melhor contvibuir paraa pesquisa e para o conhecimento do fendmeno. Ao invés disso, a sele¢ao dos participantes. mas selecionar é inten nal; na esséncia isso significa que a amostra € selecionada levando-se em consideragao as pessoas que podem efetivamente con- tribuir para o estudo. AA logica da amostra intencional A ldgica da amostra intencional nos métodos qualitativos € diferente da logica da amostra probabilstica na Estatistica. O poder da amostra- gem probabilistica esté na selegao de uma amostra aleatoria e repre sentativa que permite uma generalizaco da amostra paraa populacao. 0 poder da amostra intencional estd na selegao de casos ricos em infor- ‘mages para o estudo em profundidade. Os casos ricos em informa- CCoLETA € anduse DE OH005 QUALTATIOS: A ENTRENSTA 175 {gbes sa0 aqueles com os quais o pesquisador pode aprender muito sobre questdes essenciais para os propésitos da pesquisa essa € a razaio da expressao “amostra intencional’ Hi varias estratégias (ver Figura 3) para selecionar amostras de casos ricos em informacbes (Patton, 1987). Cada estratégia serve a um, determinado propésito. Figura 3. Tipologia das Estratégias de Amostragern na Pesquisa Quelitativa, Tipos de amostragem bjetvo Documenta diversas veigtes © wentfcar fino maxima pode comun importantes Enfocar, red, smpliicar e aca Homoganes tentewste em grupo. Descrever em protundicade algum subgrepa, Permit a generazacao ica e 2 apcacso casos ciicas mmasima ds informaao pare outs esos laborer endive nil buscar excertes © esos conmaris @naocrtimaios | Eom endive dentficar casos de intersses apart de Bola de-neve ou em série pessoas que dca outs pessoas que ‘Seem quate cs casas rece em informacbes ‘Aprende com os cass 3s manifestarbes nto Casos extremes ‘mua do fendmeno de intaresse Cases wpces Ressakar@ que € norma ou a méda Todos os casos que anger deteinados into tes: ul pra assegur 0 adequacso d3 smote 93 eto: Segui novas dregbes;obtervantagens do Opomunicica faye Economizer temp, dinhero e esfora, mas ‘convenient {5 astas da nfornacto © cedbidade Fonte: Patton (1987, p.52) Amostragem de variacao maxima Essa estratégia de amostragem intencional tem como objetivo cap~ turaras diversas variagdes na amostra e identificar padres comuns Para pequenas amostras a heterogeneidade pode ser um problema, 76 Mero010cik OA PESQUSA PABA 0 PROFESSOR P#SOUIAOOR porque os casos individuais diferem muito uns dos outros. estratégia da variagao maxima torna essa fraqueza aparente em uma virtude aplicando-se o seguinte critério: Quais 0s padrdes comuns que emer- ‘gem dessa variagio que podem ser de interesse e de valor para o pes quisador capturar as expectativas, aspectos compartiliados e os impactos de um determinado fendmeno para os participantes da pes- quisat \¢o maxima para nar diversas Como 0 pesquisador faz a amostragem de vari uma amostra pequena? © pesquisador comeca a sele caracteristicas dos participantes para construir a amostra. Ao selecionar uma amostra pequena com uma grande diversidade, a coleta de dados deve produzir dois tipos de resultados: 1) descrigdes detalhadas de alta qualidade de cada caso que so titeis para documentar a singularidade 2) padroes compartilhados importantes que aparecem nos casos ¢ que derivam sua importancia de terem emergido da heterogeneidade. ‘A mesma estratégia pode ser utilizada em um curso ao selecionar indi- ‘viduos para o estudo, Ao incluir individuos na amostra o pesquisador estabelece como critério que os mesmos tenham experiéncias dife- rentes. Assim, é possivel obter uma completa descric&o da variagao no grupo e entender as variagdes das experiéncias, enquanto sao também investigados elementos essenciais e resultados compartilhados. O pes quisador que utiliza a estratégia da variagao maxima nao esta tentando ‘generalizar os resultadlos para todas as pessoas ou para todos 0s grupos, mas sim buscando informagoes que elucidem as variagoes € os pa- drdes comuns significativos dentro dessas variagdes. Amostragem homogénea Acstratégia de amostragem homogénea contrasta com aamostra- gem da variagao maxima, pois tem o propésito de descrever algum subgrupo especifico com profundidede. Se uma turma ou um curso post muitos tipos diferentes de participantes, podem ser necessérias informacdes em profundidade sobre um determinado subgrupo. [As entrevistas em grupos sao tipicamente baseadas em grupos homo- CCOLETA EANALISE OF OHOOS QLALTATOS: A ENTREISA cd genes e isso significa realizar entrevistas abertas com grupos de cinco aoito pessoas. A amostragem para entrevistas em grupos implica agru par pessoas com antecedentes e experiencia: imilares para participa- rem das entrevistas, Amostragem de casos eriticos Outra estratégia para selecionar amostras intencionais é buscar casos criticos. Casos criticos sao aqueles que podem ser consi jerados dramaticas ou sao, por alguma razao, particularmente importantes no contexto a ser estudado. Uma pista da existéneia de um caso erftico &: “se acontece aqui, acontecerd em qualquer lugar’, ou, vice-versa, “se nao acontece aqui; nado acontecerd em outro lugar”. Nessa instancia a coleta de dados ¢ dirigida para o entendimento do que esta acon- tecendo no caso critico. Outra pista da existéneia de casos eriticos uma observagao de um informante-chave de qu ‘se este grupo esta tendo problemas, podemos ter a certeza de que outros grupos estao tendo problemas” Buscar 0 caso ertico € particularmente importante quando 0s recursos podem limitar a pesquisa em termos de tempo. Sob tais condigdes, tom sentido selecionar estrategicamente o informante que poderia prover mais informagGes e ter 0 maior impacto no desenvoli mento do conhecimento. Embora 0 estudo de um ou poucos casos eriticos nao permita tecnicamente a proposicao de amplas generalizagdes para todos os casos semethantes, é possivel fazer generalizacbes Iogicas do peso da evidencia produzida ao estudar um simples caso critico, Ha muitos casos eriticos compardveis na pesquisa em ciéncias sociais se o pesqui. sador for criativo ao procurar por eles. icentificagao de casos erfticos depende do reconhecimento de dimensoes-chave que estabelecem 0 caso eritico. Amostragem de casos confirmatorios e nao-confirmatérios No inicio de um trabalho de campo qualitativo, o pesquisador pode estar explorando a amostra, isto 6, coletando dados para que os pa- 178 drSes possam emergir. Com o tempo o estudo exploratério da lugar ao, trabalho de campo confirmat6rio. Isso envolve testar idéias e confirmar a importancia eo significado de possiveis padrdes e verificar a viabilidade de resultados emergentes ‘com novos dados e casos adicionais, Os casos confirmatérias sao exemplos adicionais que jé se encaixam, ‘em padroes emergentes. Esses casos confirmam e detalham os resul- tados, adicionando riqueza, profundidade e credibilidade. Os casos nao- confirmatéi 0 menos importantes nesse ponto. Esses S40 0s exemplos que nao se ajustam. Eles sao fontes tivais de interpretagoes, como também uma maneira de estabelecer limites aos resultados confirmados, Eles podem ser excegdes que confirmem a regra ou excegoes que desconfirmem e alterem 0 que parecer ser resultados importantes e interpretagoes vidvels antes de lidar com o(s) caso(s) que 1nJo se ajustarao. O professor/pesquisador deve refletir a respeito do desafio de encontrar casos confirmatérios ou ndo-confirmatrios para enfatizara relagdo entre a amostragem e os resultados da pesquisa, Amostragem bola-de-neve ou em série Essa 6 uma abordagem para localizar informantes- chave que possuam informagdes ricas ou entdo para localizar casos criticos. processo tem infcio quando o pesquisador pergunta as pessoas em um determinado contexto: Quem sabe mais sobre o projeto pedag6. gico? Com quem eu deveria conversar sobre a indisciplina na escola? ‘Ao fazer essas perguntas a um certo ntimero de pessoas, a bola-de- neve torna-se maior 4 medida que o pesquisador acumula novas infor- mages e casos. Fm muitos contextos ou sistemas, poucos nomes ou eventos sao mencionados repetidamente. Poder haver divergéncia na indicagao de pessoas ou eventos relevantes por um certo ntimero de informantes em termos de possiveis fontes a serem recomendadas. Amostragem de caso extremo ou nao-convencional Essa abordagem possibilita a selegao de casos ricos em informacoes porque eles nao sao usuais ou sao especiais de alguma maneira. Casos :€ DE OADOS QUAUTATIOS: A eNTRESIA 179 usuais ou especiais podem ser particularmente problematicos ou espe- cialmente esclarecedores, tal como um sucesso ou insucesso notivel, objetivo desse tipo de amostragem é buscar condig6es incomuns ou resultados extremos que sejam relevantes para o estudo em questo. Amostragem de casos tipicos Ao descrever uma escola e os seus integrantes para pessoas que nao estio familiarizadas com o estudo, pode ser proveitoso delinear um, perfil qualitative de um ou mais casos tipicos. Esses casos sao seleciona- dos com a colaboragao de informantes-chave, tais como 0s professo- res dle uma determinada escola que conhegam as pessoas e possam ajudar a identificar os casos tipicos. E também possivel selecionar casos tipicos na andlise das caracteristicas da amostra em dados de levanta- mentos etc. O professor/ pesquisador deve ter em mente que um perfil qualitative de um ou mais casos tipicos deve ser apresentado para ilus- rar e descrever, para aquelas pessoas que ndo estdo familiarizadas com, oestudlo, que ¢ tipico e nao para fazer declaracoes generalizadas so- bre as experiéncias de todos os participantes. Amostragem por eritérios ‘A l6gica da amostragem por critérios é revisar e estudar todos os casos que tenham importancia de acordo com algum critério predeter minado. Essa abordagem 6 aconselhada para assegurar a adequagao da ‘mostra aos critérios. Os incidentes criticos podem ser uma fonte da amostra por critérios. O aspecto importante da amostra por critérios 6a certeza da inclusao de casos ricos em informagdes, porque eles podem revelar as principais fraquezas e virtudes de um sistema com vistas a melhorar um determinado curso ou o sistema de ensino como um todo. ‘A. amostra por critérios pode adicionar um componente qualitativo importante para a administraggo de um sistema de informagoes ou um, sistema continuo de monitoramento de cursos. Todos os casos que exibam certas caracteristicas predeterminadas so selecionados para a mostra, 120 Meropo19ik 04 PesQUIEA PARA PROFESSOR FESCUSADOR Amostragem oportunistica O trabalho de campo freqiientemente exige decis6es no local da pesquisa sobre a amostra para aproveitar novas oportunidades durante acoleta dos dados, Diferentemente dos delineamentos experimentais, o método qualitativo pode incluir novas estratégias de amostragem para aproveitar as oportunidades nao-previstas ap6s 0 trabalho de campo ter iniciado. Amostragem por conveniéncia A estratégia da amostragem por conveniéncia baseia-se no critério “fazer 0 que é mais répido e conveniente”. Essa € provavelmente a estratégia de amostragem mais comum — ea menos desejavel. 0 pes- quisador que utiliza métodos qualitativos sabe que a amostra que vai estudar é muito pequena para fazer generalizagdes, ndo importa os casos que ele selecione e, muitas vezes, seleciona a amostra em termos do custo e da facilidade. Embora a conveniéncia e o custo sejam con. sideracoes relevantes, eles deve ser os tiltimos fatores a serem levados emconta apés 0 pesquisador ter cuidadosamente considerado como pode estrategicamente obter a informagao de melhor qualidade e de maior utilidade do limitado ntimero de pessoas a serem estudadas. Acstratégia de amostragem intencional pode produzir informagoes cruciais sobre casos eriticos; no entanto, a amostragem por convenién- cia nao é nem intencional e nem estratégica. A credibilidade de dados obtidos com amostras intencionais pequenas Ao desenvolver 0 delineamento da pesquisa 0 pesquisador procura considerar e antecipar os tipos de argumentos que sero usados para coletar os dados e os tipos de argumentos que possam dar credibilidade aos dados. As razSes para fazer a seleco do local ou dos participantes necessitam ser cuidadosamente articuladas e explicitadas. Além do mais, € importante tornar explicitas as razbes pelas quais determinada estratégia de amostragem pode causar distorgdes nos dados ~ isto é, antecipar criticas que serdo feitas a uma estratégia em particular. Cote € AMALIE DE OADOS CUALTATVOS: A ENTREWSTA tar Nao ha orientagoes para determinar 0 tamanho de amostras inten- cionais, pois na pesquisa qualitativa o numero de participantes no estudo nao ¢ definido a priori. © mimero de participantes ¢ deter minado pelo que Bogdan e Biklen (1994, p. 96) chamam de “saturagao de dados’, isto 6, o ponto da coleta de dados a partir do qual a aquisicao se torna redundante. A amostra deverd ser grande o suficiente para ser aceitavel, dado 0 roposito da pesquisa, mas pequena o suficiente para permitir os deta Ihes ea profundidade adequada para cada caso ou unidade da amostra. Os métodos de registrar a entrevista Um dos aspectos mais importantes da entrevista est relacionado com a maneira de registré-la. Antes de iniciar qualquer entrevista é preciso pensar que alguns dos problemas relacionados ao registro da entrevista diminuem se a entrevista for estruturada, uma vez que 0 uso de perguntas mais estruturadas permite ao pesquisador registrar as, respostas dle uma maneita mais rapida. Ao contrdrio, a flexibilidade e a liberdade permitidas nas respostas dadas em entrevistas naio-estru- turadas apresentam problemas no que diz respeito ao registro, uma vez que as respostas e questdes provavelmente serdo muito mais longas € complexas. Antes de tudo, 0 pesquisador tem que tomar uma decisao sobre a maneira de registrar a entrevista, embora sejam possiveis mudangas a medida que a relagao se desenvolve e as barreiras sejam vencidas, O professor/pesquisador pode considerar trés possibilidades: a) utilizar o gravador durante toda a entrevista; b) fazer anotagdes a medida que a entrevista se desenvolve e c) fazer anotagbes dos principais aspectos ap6s 0 término da entrevista. Além do mais, registrar entrevistas nao- estruturadas € um pouco diferente de registrar entrevistas estruturadas, ‘uma vez que o entrevistador tem um papel muito mais ative no encon- tro, Portanto, 6 importante nao s6 registrar simplesmente as respostas do respondente, mas também as intervengdes do entrevistador. 182 Mer000.06ih DA PESOUSA PARA PROFESSOR PESQUESADOR (Oso do gravador na entrevista produz um registro mais completo da conversacao. Contudo, o pesquisador precisa reconhecer certas conseqiiéncias do uso do gravador. O pesquisador tem que administrar a inevitavel formalidade que o gravador traz a situagao. Os efeitos. variam dependendo de como 0 entrevistado reage presenca do gra- vador e de como o entrevistador se relaciona com o entrevistado. O pes- quisador nunca deve desprezar os possiveis efeitos que o gravador produz no modo como as pessoas reagem € no que dizem. Isso tudo depende de como o professor lida com a situagao e como estabelece ‘empatia com os entrevistados. Em qualquer situagao, 0 professor/pesquisador deve obter uma permissio dos entrevistados para gravar as entrevistas. Se isso for muito dil |, entao o melhor é simplesmente tomar notas das respostas. Antes de iniciar a entrevista, uma série de questdes praticas, tais como acolocagao do microfone, os problemas de interferencia e a localizaga0 do gravador precisam ser consideradas pelo entrevistador. Fazer anotagdes durante a entrevista ¢ outra opgao de que o pro- fessor/pesquisador pode lancar mao, mas isso também pode ter algu- mas desvantagens. Essa op¢ao também pode trazer tanta formalidade quanto a presenga do gravador. O ato de fazer anotacées durante a entrevista significa que o entrevistador pode nao dar atengiio suficiente ao que estd sendo dito porque ele est muito ocupado tentando escrever as respostas. O professor/pesquisador deve considerar esse aspecto com muito cuidado. Em todo 0 caso, é muito importante tomar notas nao apenas das respostas do entrevistado, mas também das perguntas feitas pelo entrevistador, mas ¢ importante ressaltar que nao possivel escrever to répido quanto a pessoa fala, a menos que oen- uevistador seja taquigrato, Finalmente, € possivel que 0 professor/ pesquisador faca anotagoes das respostas e reconstrua a realidade do encontro apés 0 término da. entrevista, Algumas vezes essa é a melhor opgao ou talvez a mais apro- priada, especialmente quando for necessério reduzir a ansiedade do sowesta 185 entrevistado ou reduzir a interferéncia das técnicas de gravacao citadas acima. 0 principal problema dessa op¢ao € que todo o processo ¢ re- tospective e, portanto, o pesquisador corre o risco de cometer erros provocar distorgdes nas respostas dadas pelo entrevistado, A situagao da entrevista A entrevista é uma interagao social muito complexa e ¢ importante que 0 pesquisador esteja consciente da dinamica da situagao. Os cinco t6picos abaixo sugeridos por Hitchcock e Hughes (1995) podem orientar o pesquisador na realizacdo das entrevistas: a) a influencia do pesquisador; b) as caracteristicas do pesquisador; ©) as caracteristicas do entrevistado; d) a natureza da relagao pesquisador/pesquisado; ee) a entrevista como uma conversa. 1. Ainfluéncia do pesquisado Uma das vantagens da entrevista semi-estruturada €a reduzida pos- sibilidade de o pesquisador influenciar de modo a trazer tendenciosi- dade na entrevista. Naverdade, qualquer que sejao tipo de entrevista utlizado, 0 fato de o pesquisador estar diretamente envolvido em um contato face-a-face com o entrevistado significa inevitavelmente que a presenca do pesquisador tem algum tipo de influéncia nos dados for- necidos pelo entrevistado. Muitos pesquisadores t¢m argumentado que quanto mais 0 entre- vistador envolver-se com a situaco, maior seri o potencial de sua influencia. O principal problema é saber até que ponto o entrevistador tem influéncia nas respostas do entrevistado. Em uma entrevista estruturada, é muito pouco provavel que isso aconteca devido ao fato de o conjunto de perguntas estar em uma certa ordem. Alternat vamente, existe muito mais possibilidade para que isso aconteca em ums entrevista nao-estruturada, Se, por exemplo, o pesquisadore oen- trevistado se conhecem, pode ser que ocorra uma certa reciprocidade, isto 6, 0 entrevistado pode sentir que ele tem que responder as pergun- tas da maneira que 0 pesquisador deseja. Isso € particularmente problemdtico quando é necessdrio entrevistar colegas de trabalho, RR 84 ‘Merop0.ocia 08 FESQUIEA PARA O PROFESSOR PESCLSADOR Quando aiscutimos ainfluéncia do pesquisador, normalmente nos referimos & caracteristicas pessoais do pesquisador. Esses fatores tem lum significado especial quando 0 pesquisador esta engajado no ‘ontexto educacional. Por exemplo, alguns professores entrevistados podem sentir que esta implic cana entrevista alguma forma de ava- liacao ou de critica. O professor/pesquisador necessita considerar o contexto de cada entrevista e examinar a natureza dos seus valores ou preconceitos que possam influenciar a entrevista, Por exemplo, @ pesquisador, como também o participante da pesquisa, term valores, atitudes, afiliagdes politicas e opinides sobre o que constitul uma boa pratica pedagégica. Um aspecto importante a ser considerado € que 0 pesquisador entenda 0 significado e o impacto que tem durante & realizagao de uma entrevista. 2. Caracteristicas do pesquisador "As maiores fontes de tendenciosidade na entrevista so as caracte- rfsticas pessoais do entrevistador, Variéveis importantes como idade, enero, classe e etnia desempenham umn papel crucial, Embora as ci racterfsticas do entrevistado sejam consideradas superficialmente, € jpom lembrar que a situagao deve ser vista como uma interagao de dois conjuntos de caracteristicas ‘A idade do professor/pesquisador tem uma influencia sabre & ‘natureza da interagao que ele desenvolve com os participantes. Isso se aplica a toda pesquisa social Individuos podem ser freqiientemente exeluidos de muitos aspectos das atividades sociais de um grupo com pase na idade. A velhice e a juventude sao fatores que parecem ter um significado muito particular nas escolas:as atitudes dos professores sto freqgientemente baseadas naidade das partes envolvidas. Essa é cer tamente uma dimensdo a que o futuro entrevistador necessitara pres tarmuitaatengao. Certamente, 0 género do entrevistador também é crucial. 0 mesmo éverdade com relagao a etnia. A diferenga aqui , claro, esté na possi- bilidade de o entrevistador ou do entrevistado ter uma visio estereot- pada de algumas etnias. A questo do starus das partes envolvidas era ANAise DE DADO QUALTATIVOS: A EUTREUSTA 185 as bases sobre as quais 0 pesquisador deve considerar a influéncia das caracteristicas do entrevistador. 3. Caracteristicas do entrevistado “Todos os fatores discutidos acima se aplicam ao entrevistado. Essas varidveis afetam como o sujeito interpreta as perguntas e conseqitente- mente as stias respostas ao entrevistador. Enfim, essas s40 as formas pelas quais essas caracteristicas tém funncionado na relagao entre entre- vistado e entrevistador. Embora seja muito dificil perceber todas essas infiuencias, o pesquisador deve pelo menos estar consciente de que elas existem, 4, Anatureza da relagao pesquisador/pesquisado Ha uma quantidade enorme de possiveis relagdes que o pesquisador necesita desenvolver com as pessoas entrevistadas que sao determi ppadas pelo conhecimento que o pesquisador eo participante do estuo tem um do outro, 0 status relativo ea posicao do entrevistador e a do sujeito, o ponto de vista de cada um eo grau de amizade entre eles {Em muitos casos 0 pesquisador entrevista pessoas que ele conhece ¢, em outras ocasides, ee tem apenas referéncias da pessoa que sers entrevistada. Além de con forar a identidade de ambos, um conjunto de fatores deve ser levado em consideracio se o pesquisador estiver realizando entrevistas ndo-estruturadas ou conversagdes com os alianios ‘ou com colegas de trabalho. Ao entrevistar colegas, 0 professor/Pes- quisador é simultaneamente professor e pesquisador. F: muitas vezes diffeil administrar essa dicotomia, uma vez que apés.o término do estu- 400 professor! pesquisador retorna para o convivio dos seus colegas. Essa dicotomia tem conseqiiéncias éticas e praticas que podern influen- ciara natureza de qualquer entrevista, Tanto 0 pesquisador como os participantes tem uma identidade, um passado, uma historia e uma reputagéo, Quanta informacdo pode ser divulgada na entrevista? Isso mais exacerbado quando o pesquisador e o sujeito tém postos diferen- tes na escola. Quanto cada parte esté preparada para oferecer? Isso ¢ pritico e também ético no que diz respeito ao envolvimento de ambas 186 as partes na definigo de qual éa situagao e como o pesquisador usa 0 que the foi revelado. 5. Aentrevista como conversa No momento da transcrigdo da entrevista como "conversa", esté se procurando chamar a atengao aos aspectos de comunicacao e de sua organizagio, a produgao de dados contidos na entrevista e ao material de conversaciio, com relagao ao emprego das palavras pelas partes e as Frases que esto usando, Essas questes tornam-se mais evidentes quando o entrevistador e 0 entrevistado usam estilos lingtiisticos dife- rentes durante @ entrevista. A linguagem do pesquisador e a do entre vistado esto fortemente relacionadas a definieao que fazem deles pro- prios ¢ 4 imagem que eles desejam passar. O pesquisador necessita considerar as implicagbes dessas observagdes nao apenas para a situa~ cdo da entrevista, mas para a subseqitente andlise do material. A anilise das entrevistas Para que 0s dados coletados na entrevista possam ser analisados € necessario transcrevé-los, O processo de transcri¢ao depende da ma- heira como a entrevista foi realizada, Independentemente da forma de registro da entrevista, as manifestagoes dos entrevistados devem ser transcritas literalmente. Esse proceso de transcrigao, que deve ser de responsabilidade do pesquisador, é muitas vezes lento e cansativo, mas 6 essencial para que o pesquisador familiarize-se com os dados. 0 proximo passo apés a transcri¢ao das entrevistas é analisar os dadlos, o que na verdade constitui o ponto culminante da pesquisa. Nesse estigio 0 pesquisador comega a pensar na explicagao, na avalia- a0 e nas possibilidades de sugerir formas de mudancas, porque ele formou idéias, desenvolveu nogdes e pensamentos a respeito dos dados coletados. 0 processo mais formal para analisar as entrevistas e o material de conversacao pode ocorrer em qualquer ponto da pesquisa, assim que o. material estiver dispontvel. E importante situar esse material no con- CCoLENA € MLSE DE pADOS QUALTATIOS: A ENTRENSTA 187 texto geral da pesquisa e de seus objetivos. Normalmente, 0 pesqui sador nao tem apenas o produto de uma entrevista, mas possivelmente atranscrigao de uma série de entrevistas. Todos esses aspectos devern ser levados em conta, de modo a colocar o material da entrevista em um contexto significativo para que qualquer andlise de seu contetido seja de fato justificavel Questoes preliminares na andlise de entrevistas “Muitas das questoes relacionadas com aanalise dos dados coletados por meio de entrevistas na pesquisa social aplicam-se & pesquisa edu- cacional. Embora muitos pesquisadores fagam uso de entrevistas estru- turadas ou semi-estruturadas utilizando-se de perguntas pré-elabo- radas, outros usardo entrevistas ndo-estruturadas. A andlise das respostas dadas em entrevistas estruturadas e semi-estruturadas realmente representa tarefa mais fécil do que a anilise de entrevistas, ngo-estruturadas, Ap6s um longo tempo realizando entrevistas, o pesquisador poder estar ansioso para fazer alguma coisa com os dados. O perigo é fazer uma anilise muito apressada, pois nao existe um caminho rapido e facil para elaborar uma andlise de qualidade. Se o pesquisador nao elaborou as categorias previamente, é muito importante que ele perceba os da- dos como um todo e somente ap6s essa percepcao desenvolva catego- ras para evitar a tendéncia de impor ao material categorias que nao aparecem nos dados coletados. Apresentamos a seguir algumas orientagdes para a andlise qua- litativa da entrevista e de informagdes provenientes de conversagoes. ‘Muitas das questdes levantadas abaixo sao relevantes, mesmo que 0 professor esteja envolvido na codificacao e quantificagao de respostas oriundas de entrevistas estruturadas. Orientagdes para a andlise de entrevistas A organizagao e a realizagao de entrevistas tém recebido muito nais atengdo do que a andlise das entrevista. Contudo, hé na literatura 188 Merooo1.0ci ok PESGUISA PARA © PROFESSOR PESQUIADOR de pesquisa alguns exemplos que enfocam a andlise desses tipos de dados. A seguir apresentaremos os nove t6picos sugeridos por Hitchcock e Hughes (1989) paraa analise de entrevistas e informagoes oriundas de conversacao: a) familiarizar-se com as transcrigdes; b) considerar os limites de tempo; ¢) descrever eanalisar os dados; d) isolaras unidades {gerais de significado; e) relacionar as unidades de significado aos obje- tivos da pesquisa; f) extrair padres ¢ temas; g) observar a natureza das tipificagdes e percepgdes; h) estar preparado para refletirsobre as reve- lagoes do entrevistado; ¢ i) verificar a validade, triangular os dados, entrevistar e analisar novamente, a) Familiarizar-se com as transcrigoes E muito importante que o pesquisador tenha grande familiaridade com os daclos coletados antes de desenvolver qualquer tipo de andlise sistematica, A leitura repetida do material da um sentido de coeréncia aos dados como um todo. Se possivel, o pesquisador deve escutara fita da gravagao da entrevista juntamente com alleitura do material, porque essa 6a melhor maneira de analisar e verificar as diferencas na ento- naga de voz e outros aspectos cruciais como pausas, siléncios, énfases etc. Esse proceso de familiarizaczio com os dados € um pré-requisito fundamental para o sucesso da andlise desse tipo de dado. b) Considerar as limitagdes de tempo (0 que foi sugerido acima implica o emprego de uma quantidade razoavel de tempo na leitura e releitura dos dados. Isso apresenta a0 pesquisador uma questao muito importante a ser resolvida, Dadas as restrigdes que o pesquisador encontra, poucas entrevistas do que uma andlise ruim de muitas entrevistas. melhor uma anilise boa de ©) Descrever € analisar 0s dados ‘Opesquisador move-se entre a descrigao e a explicacao. Isso signi- fica desenvolver 0 que 0s socidlogos americanos Glaser e Strauss (1967) chamaram de “Teoria Fundamentada’’ Por teoria fundamentada en- tende-se a produgao de anilise e explanacao baseada nos dados que o Coter ansuse be pADos auauiarWos: A eNTaCASTA 89 pesquisadlor coleta. Isso exige que 0 pesquisador conscientemente faga andlise’ e explanacoes emergentes a partir dos dados e, eventualmente, desenvolva a teoria. O pesquisador analisa continuamente os dados contidos nas entrevistas, nas notas de campo ou nos relatos na tentativa de sintetizar 0 que ja foi encontrado. O pesquisador pode entao retor- nar uma vez mais aos dados e &s descrigdes para obter mais evidencias, exemplos ou eselarecimentos, d) Isolar unidades de significado esse estgio da andlise,o pesquisador esta em posicao de conside- anidades gerais de significado, que sao 0s termos amplos e ques tes que aparecem fregiientemente nas entrevista F muito importante nesse estigio ter varias c6pias das transcrigdes para que se possa fazer anotacdes ¢ comentarios nas mesmas, As unidades gerais de significado referem-se a extensio das res- postas dadas pelo entrevistado e estao diretamente relacionadas aos objetivos gerais da pesquisa. Por exemplo, se um professor entrevista- do faz comentarios ou coloca suas percepcdes com relacao aum de- terminado projeto curricular, ou em relagao a um esquema de avalia- 20, as unidades gerais de significado podem ser identificadas na transcric&io como questées relacionadas com a percepgao que o professor tem do ensino, atftudes em relagao ao curriculo e sua opiniao com relago aos alunos envolvidos. 0 pesquisador precisa identi icar, extrair e comentar essas unidades gerais de significado, Lembrar que as, unidades gerais de significado surgem dos dados e nao sao impostas a priori pelo pesquisador. ©) Relacionar as unidades gerais de significado aos objetivos da pesquisa ‘Assim que o pesquisador tenha conseguido identificar as unidades gerais de significado nas entrevistas, ele deve comparé-las aos objetivos, temas e t6picos da pesquisa para verificar como os dads podem aju. dara esclarecer os objetivos. E muito importante comparar os dados com os objetivos da pesquisa e nao tentar fazer o contrario, o que 180 Merop010Gi 04 PESQUGA PARA © FROFESSCR PESQUIADOR poderia de certa maneira forgar a andlise dos dados as idéias e hipd- teses preestabelecidas do pesquisador. Essa atitude contraria, em certo sentido, as caracteristicas gerais da pesquisa qualitativa, Aextracao de unidades gerais de significado que se relacionam diretamente aos objetivos da pesquisa envolve a eliminagao de muitos dados. 0 que 0 pesquisador faz entao com os dados que nao forem usados? Dependendo da pesquisa e do puiblico-alvo, as transcrigdes po- derao ser colocadas na sua totalidade no relat6rio final como apéndice. Ao incluir esses dados no relatério 0 pesquisador oferece ao leitor a oportunidade de examinar alternativas & leitura feita pelo pesquisador. 1) Extrair padroes e temas da andlise Esse 6 0 estaigio em que o pesquisador pode explorar em profun- didade os principais temas que emergiram dos dados e as formas com que eles se relacionam aos objetivos e problemas da pesquisa. Ha um numero ilimitado de temas que o pesquisador pode ex- plorar. As restrigoes sao o tempo de que 0 pesquisador dispoe para cexplorar esses temas ¢ a maneira pela qual ele pretende exploré-los. ) Observar a natureza das tipificagbes e percepgoes Uma das abordagens de maior influéncia dentro das ciéneias hu- joa fenomenologia. A nogao de tipifi- cacao pode ser itl para a andlise das entrevistas. Certamente, 0s pro- manas nos tiltimos anos tem fessores tém tipificagbes de seus alunos baseadas nas experiéncias e nos contatos diarios, Essa tipificacao também abrange as expectativas & pressupostos de como 0s tipos de alunos identificados comportam-se em determinadas situagbes. £ claro que as tipificagdes nao esto con- finadas apenas aos atores individuais, mas também aos grupos de atores, classes, sujeitos e até mesmo aos estilos de ensino. Uma das ma- neiras de abordar a andlise das entrevistas 6 elaborar, desvelar ¢ explicar esses processos de tipificagbes. CCoLeMA ANAUSE OF BADGE QUALITATWOE: A ENTREASTA 19 h) Estar preparado para refletir sobre as revelagGes do entrevistado Aocasiao da entrevista coloca os individuos em situagdes em que eles normalmente nunca se encontraram. Nao importa 0 tipo de entrevista, ela sempre coloca o entrevistado em uma posigiio muitas vezes inchmoda, pois pergunta-se 0 que ele sente, pede-se que tome uma posicao e reflita sobre o que esta respondendo. 0 pesquisador espera que haja certos momentos na entrevista em que o grau de afinidade e de empatia entre ele eo entrevi tado seja tal que o entre vistado possa revelar-se em mais detalhes. Quando os entrevistados ficam realmente envolvidos nesse processo de auto-revelacdo, 0 pes: quisador necessita estar preparado para refleti expostos. sobre os temas i) Verificar a validade, triangular 0s dados, entrevistar e novamente analisar E muito importante verificar a validade dos dados na pesquisa qualitativa, Como foi enfatizaclo anteriormente, a familiaridade com 0 material 6 um passo vital para o pesquisador. A partir da riqueza dos dados o pesquisador tem em mente uma quantidade consideravel de conhecimento intuitivo que pode ser util na identificagao da falta de consisténcia, dos erros potencials e dos comentarios que possam ser inverdades, Basicamente, duas abordagens tém sido usadas para validar en- trevistas e material de conversacdo, Os processos da triangulacao e da reanilise sao as duas principais opcdes para o pesquisador. Esses procedimentos aplicam-se também a outras técnicas de coleta de dados para verificar-Ihes a validade e a autenticidade, mas eles sao extremamente titeis para o pesquisador que trabalha com entrevistas em pesquisas de pequena escala. Atriangulagao refere-se ao uso de mais de um método para coletar dados em um estudo. Outros termos tém sido usados para descrever esse processo, Por exemplo, método misto, multimétodos, ou estra- 192 Méro0010GiK 04 PesQUIA PARA © FROFESSOR Pe tégias multiplas. A pesquisa de campo € uma forma de triangulacao, visto que 0 pesquisador de campo pode obter dados de uma variedade de fontes e de diferentes maneiras. 4 triangulagao incentiva essa flexi- bilidade e pode, como no caso da andlise da entrevista e de material de conversacao, adicionar alguma profundidade a anélise, aumentar a validade dos dados ¢ conseqtientemente as anzlises desses dados. Embora existam algumas vantagens no uso da triangulacao para coletar dados, também existem algumas desvantagens e problemas. O pesqui- sador deve ser cuidadoso para que os dados produzidos por meio de ‘t6cnicas diferentes sejam realmente comparaveis. Em outras palavras, ha muitos tipos de dados e uma fonte de dados nao pode ser usada sem problemas para validar outra fonte. Fontes dacumentais de dados sto bem diferentes de fontes observacionais ou relatos; alternativamente, 0 pesquisacior poderé utilizar diferentes tipos de triangulacao. Denzin (1970) faz uma distingao entre a triangulagao dentro dos métodos e a triangulacao entre os métodas. A triangulacao dentro dos métodos refere-se a replicagao de um estudo, usando as mesmas técnicas como forma de verificar a confiabilidade de um estudo ¢ a natureza das teorias geradas. A triangulagdo entre os métodos refere-se 20 uso de mais de um método de coletar dados dentro do mesmo estudo, Dadas as circunstancias, 0 pesquisador provavelmente utilizard a triangulacdo metodoligica como método de verificara validade dos dados coletados. Ap6s 0 pesquisador organizar e ler os dados das entrevistas, ele pode comparé-los com outras fontes de dados que podem ser uma “observagao participante ou outras fontes. A segunda maneira de verificara validade dos dados é voltar aos entrevistados com as transcrigdes completas ou com um resumo dos principais temas e categorias emergentes. Alternativamente, pode ser possivel entrevistar os individuos novamente e realizar uma rean ise do material. Ambas as maneiras oferecem ao participante a oportuni- dade de verificar os dados que foram coletados. Uma segunda entre- COLE €ANALGE DE BIOGE QUALRATWOS: A ETREASTA 193 vista pode ser utilizada para enfocar temas e quest0es que emergiram ow respostas que nao ficaram claras para o pesquisador. Essas so algumas estratégias que o pesquisador pode usar para verificar a validade dos dados. Contudo, 0 pesquisador nao pode excluir a possibilidade do erro intencional. Em resumo, ao analisar dados qualitativos na busca de padrdes, Tesh (1990) sugere o seguinte: 1) A anilise nao é a iiltima fase do processo da pesquisa. Ela é simultanea a coleta de dados, isto 6, ela & ciclica. A andlise ea coleta de dados informam uma a outra, 2) processo de anilise € sistematico, mas nao rigido. A andlise termina quando novos dados jé ndo geram novas visoes. 3) Aandlise dos dados é uma atividade de reflexao que resulta em um con) nto de notas analiticas que orientam o proceso. 4) 0s dados sto segmentados, isto 6, divididos em unidades de signi- ficados relevantes, embora seja mantida conexio com o todo. A and- lise sempre comeca com a leitura de todos os dados de modo a proporcionar um contexto para as partes menores. 5) Os segmentos de dados sto categorizados de acordo com o sistema organizacional que é derivado predominantemente dos proprios dados 6) A principal ferramenta intelectual 6 a comparacao. O objetivo é discernir similaridades conceituais, melhorar 0 poder discriminativo das categorias e descobrit padroes. 7) As categorias para selecionar os segmentos sao hipotéticas e no infcio elas permanecem flexiveis. 8) A manipulagdo de dados qualitativos durante a andlise ¢ uma atividade eclética; nao existe uma maneira tinica. 9) Os procedimentos nem sao cientificos nem mecanicos; a analise ‘qualitativa é um artesanato intelectual 10) O resultado da andlise ¢ um tipo de sintese de alto nivel 194 Meronoxocia oa Pesquisa fxn (O enfoque apresentado neste capitulo ressalta o uso de meios tra- dicionais de realizagio e andlise de entrevistas, pois esta pode re- presentar a realidade da maioria dos professores/ pesquisadores. No entanto, estao disponiveis ferramentas da analise qualitativa assistida, por computador, que facilitam o registro e a andlise de dados quali tativos. Destacamos os softwares Sphinx Léxica, Nudist, Ethnograph e Maxqda, entre outros. CAPITULO Vil Coleta e andlise de dados qualitativos: a observacao A observagio como técnica de coleta de dados ¢ usada em u variedade de tipos de pesquisa. Em técnicas como a entrevista e com instrumentos de coleta de dados como 0 questionario, o pesquisador confia em um auto-relato de como o individuo participante do estudo comporta-se ouno que ele acredita. Uma desvantagem do auto-relato é que as pessoas podem nao ser tao .ceras sobre o que realmente sentem e podem fornecer apenas uma resposta socialmente desejavel Uma técnica alternativa consiste na observagao dos comportamentos dos participantes do estudo por meio da observagao sistematicac da observaciio participante. A observacao sistematica Os dados coletados por meio da observacao sistematica diferem dos dados coletados por meio da observacao participante de varias maneiras, Primeiro, na observagao sistematica 0 pesquisador nao se envolve com os participantes do estudo, Isto 6, o pesquisador assume uma posicao & margem dos eventos so xando gravadores ou cameras de video para registrar os dados. 0 obje- is ou retira-se do local, dei- tivo do pesquisador 6 apenas observar 0 comportamento do partici: pante ou dos participantes. Os comportamentos ineluem 0 que as pessoas dizem e fazem, mas os observadores evitam interrompe-las para buscar esclarecimentos ~ um procedimento mais proprio dos métodos interativos de observagao, Segundo, a observacao sistematica raramente 6 usada como método exploratério para tratar de proble-

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