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XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

Geotecnia e Desenvolvimento Urbano


COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018

MODELOS ANALíTICOS GENERALIZADOS DE CARREGAMENTO TRANSVERSAL EM ESTACA


ISOLADAS

Danilo Castro Rosendo


Unicamp, Campinas, Brasil, daniloborralho@yahoo.com.br

Paulo José Rocha de Alburquerque


Unicamp, Campinas, Brasil, prja@g.unicamp.br

RESUMO: As estacas submetidas a carregamento lateral é uma das classes de problemas da interação
solo-estrutura. Essass estacas são amplamente utilizadas para suportar estruturas carregadas
lateralmente, tais como pilares de pontes, plataformas offshore, torres de comunicação, e outras. No
projeto tais estacas, a determinação, por métodos analíticos, da máxima deflexão e do momento
máximo é um problemas desafiadores para os engenheiros geotécnicos. A maioria, dos métodos
analíticos, utilizados, estão disponíveis para uma estaca carregada lateralmente embutida em uma
única camada de solo homogêneo. Os modelos analíticos mais utilizados, desde o trabalho de Hetényi
são baseados na hipótese de Winkler com coeficiente de reação horizontal constante ou variando
linearmente com a profundidade. O objetivo deste artigo é apresentar soluções analiticas para uma
única estaca carregada lateralmente em um sistema de solo elástico e homogêneo através dos Modelos
de Pasternak, de dois parâmetros, com coeficiente de reação horizontal constante ou variando
linearmente com a profundidade.

PALAVRAS-CHAVE: Estacas, modelos analíticos, Winkler, Pasternak.

1 INTRODUÇÃO superfície do solo. Essass estacas são


amplamente utilizadas para suportar estruturas
As estacas submetidas a carregamento lateral é
carregadas lateralmente, tais como pilares de
uma das classes de problemas da interação solo-
pontes, plataformas offshore, torres de
estrutura. A interação solo estrutura é encontrada
comunicação, e outras. Nos projetos de estacas
em muitos problemas de engenharia de
isoladas carregadas transversalmente, a
fundações. Muitos métodos de análise diferentes
determinação, por métodos analíticos, do gráfico
foram propostos para resolver o problema de
do deslocamento da estaca ao longo da
uma estaca carregada lateralmente, onde o
profundidade, ou da equação do deslocamento, e
problema pode ser geralmente definido como a
também da máxima deflexão e do momento
determinação da flexão da estaca e do momento
máximo é um problemas desafiadores para os
de flexão em função da profundidade, abaixo da
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engenheiros geotécnicos, pois mesmo para os problema estão disponíveis para uma estaca
problemas como o modelo proposto por Hetényi carregada lateralmente embutida em uma única
em 1946, admitindo a hipótese de Winkler e camada de solo homogêneo. Os modelos
coeficiente de reação horizontal variando analíticos mais utilizados, desde o trabalho de
linearmente com a profundidade, é de dificil Hetényi(1946) são baseados na hipótese de
solução analítica esse problema. Miche em 1930, Winkler com coeficiente de reação horizontal
resolveu numericamente o problema da estaca constante ou variando linearmente com a
carregada transversalmente em solo com profundidade. O objetivo deste artigo é
coeficiente de reação horizontal crescendo com apresentar soluções analíticas de Winkler, que na
a profundidade. Em 1956, Matlok e Reese maioria dos trabalhos, são resolvidas
resolveram o problema que Mitche resolveu númericamente, para uma única estaca carregada
considerando a estaca isolada submetida a uma lateralmente em um sistema de solo elástico e
força transversal e um momento aplicado no homogêneo. E comparar com o modelo de
topo. Matlock e Reese (1960) fornecem um Pasternak, de dois parâmetros, com coeficiente
direcionamento para a solução do problema com de reação horizontal constante e variando
diferentes leis de variação do coeficiente de linearmente com a profundidade.
reação do solo. Em 1965 Davison e Robinson
2 O MODELO DE WINKLER
forneceram um procedimento analítico para
solução de estacas submentidas a esforços O modelo de matemático para uma estaca
transversais e verificação da flambagem. Em isolada considerando o carregamento transversal
1980, Poulos e Davis apresentam em seu livro na cabeça da estaca, Figura 01, e solo elástico-
soluções de vários autores obtidas linear, adotando a hipótese de Winkler para a
numericamente pelo método das diferenças reação do solo, e a estaca uma viga de Bernoulli,
finitas. a equação diferencial para deslocamento vertical
Nas últimas décadas, vários métodos analíticos com a profundidade é dado pela seguinte
e númericos foram desenvolvidos para estudar a equação diferencial
resposta das estacas carregada lateralmente,
𝑑4 𝑦
incluindo, o método das curvas p-y, o método da 𝐸𝑝 𝐼𝑝 𝑑𝑧 4 + 𝑘ℎ 𝑦 = 0 (1)
baseado na teoria da elasticidade, método dos
elementos finitos, método dos elementos de Onde, 𝐸𝑝 = módulo de elasticidade da estaca,
contorno, métodos híbridos e outros . A maioria, 𝐼𝑝 = Momento de inércia da estaca, 𝑘ℎ =
dos métodos analíticos, utilizados para esse coeficiente de reação horizontal do solo, D=
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diâmento da estaca, L=comprimento da estaca, 𝑒 −(−1)


3⁄4 𝑧𝛽
𝐶[3] + 𝑒 (−1)
1⁄4 𝑧𝛽
𝐶[4] (2)
E=módulo de elasticidade do solo.
4
𝛽 = √4 𝐸 ℎ 𝐼
𝑘
(3) Onde C[1], C[2], C[3] e C[4] são constantes a ser
𝑝 𝑝
determinadas. E sabendo que a rigidez relativa
solo-estaca é
Podemos resolver o problema dado pela
equação (1), considerando de acordo com a
4 𝑘
variação do coeficiente de elasticidade do solo, 𝛽 = √4 𝐸 ℎ 𝐼 (3)
𝑝 𝑝

que para problemas práticos temos os seguintes


casos : (a) 𝑘ℎ= 𝑐𝑡𝑒 e (b) 𝑘ℎ = 𝑛 z A solução analítica para equação (1)
considerando o coeficiente de elasticidade do
H
solo variando com a profundidade, 𝑘ℎ = 𝑛 z , é
dada por
L E
s 𝑦(𝑧)
y
2 3 4 1 5 4
= 𝐶[1]HypergeometricPFQ[{}, { , , }, − 𝑧 𝛼 ]
5 5 5 625
D z 3 4 6 1 5 4
𝑧𝛼 4⁄5 𝐶[2]HypergeometricPFQ[{}, { , , }, − 𝑧 𝛼 ]
+ 5 5 5 625
54⁄5
4 6 7 1 5 4
𝑧 2 𝛼 8⁄5 𝐶[3]HypergeometricPFQ[{}, { , , }, − 𝑧 𝛼 ]
+ 5 5 5 625
Figura 01: Estaca isolada carregada transversalmente. 553⁄5
6 7 8 1 5 4
𝑧 3 𝛼 12⁄5 𝐶[4]HypergeometricPFQ[{}, { , , }, − 𝑧 𝛼 ]
+ 5 5 5 625 }}
Onde, 𝐸𝑝 = módulo de elasticidade da estaca, 2552⁄5

𝐼𝑝 = Momento de inércia da estaca, 𝑘ℎ =


Onde C[1], C[2], C[3] e C[4] são constantes a ser
coeficiente de reação horizontal do solo, D=
determinadas. E sabendo que
diâmento da estaca, L=comprimento da estaca,
E=módulo de elasticidade do solo.
𝑛
𝛼 = 4√4 𝐸 𝐼 (4)
𝑝 𝑝

A solução analítica para equação (1) Para a solução desse problema de estaca
considerando o coeficiente de elasticidade do isolada pela equação (1) e representada na Figura
solo constante, 𝑘ℎ = 𝑐𝑡𝑒, com a profundidade é 01 podemos considerar as condições de contorno
dada por : com o topo livre, Figura 01, tendo apenas a
aplicação da carga transversal H na cabeça da
3⁄4 𝑧𝛽 1⁄4 𝑧𝛽
𝑦(𝑧) = 𝑒 (−1) 𝐶[1] + 𝑒 −(−1) 𝐶[2] + estaca (z=0), temos:
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Para z = 0, como:
𝑑3 𝑦 𝑑4 𝑦 𝑑2 𝑦
𝐸𝑝 𝐼𝑝 𝑑𝑧 3 = 𝐻 (5) 𝐸𝑝 𝐼𝑝 𝑑𝑧 4 +G 𝑑𝑧 2 + 𝑘ℎ 𝑦 = 0 (9)

𝑑2 𝑦 Onde, 𝐸𝑝 = módulo de elasticidade da estaca,


𝐸𝑝 𝐼𝑝 𝑑𝑧 2 = 0 (6)
𝐼𝑝 = Momento de inércia da estaca, 𝑘ℎ =

Para z = L, coeficiente de reação horizontal do solo, D=


diâmento da estaca, L=comprimento da estaca,
𝑑3 𝑦 E=módulo de elasticidade do solo. G= módulo
𝐸𝑝 𝐼𝑝 𝑑𝑧 3 = 0 (7)
de cisalhante do solo.
A solução analítica para equação (9)
𝑑2 𝑦
𝐸𝑝 𝐼𝑝 𝑑𝑧 2 = 0 (8) considerando o coeficiente de elasticidade do
solo constante, 𝑘ℎ = 𝑐𝑡𝑒, com a profundidade é
Deslocamento da estaca
y mm dada por :
H 100KN
800
𝑧√−𝜉2 −√−4𝛽4 +𝜉4 𝑧√−𝜉2 −√−4𝛽4 +𝜉4
600 L −
𝑦(𝑧) = 𝑒 √2 𝐶[1] + 𝑒 √2 𝐶[2] +
400
𝑧√−𝜉2 +√−4𝛽4 +𝜉4 𝑧√−𝜉2 +√−4𝛽4 +𝜉4

200
D
𝑒 √2 𝐶[3] + 𝑒 √2 𝐶[4] (10)

Z m
2 4 6 8 10 12
Onde C[1], C[2], C[3] e C[4] são constantes a ser
Figura 02: 𝐸 = 10𝑀𝑃𝑎, 𝐿 = 12𝑚, 𝐷 = 300𝑚𝑚
determinadas. E sabendo que
𝐺
3 O MODELO DE PASTERNAK 𝜉 = √𝐸 (11)
𝑝 𝐼𝑝

O modelo de matemático para uma estaca


isolada considerando o carregamento transversal Deslocamento da estaca H 50 KN
y mm
na cabeça da estaca, Figura 01, e solo elástico- 300
H

linear, adotando a hipótese de Winkler para a 250

200
reação do solo, mas considerando a interação L
150
entre deformações no solo, temos um modelo de
100
dois parâmetros, chamado modelo de Pasternak D
50
que é dado pela equação diferencial para
z m
2 4 6 8 10 12
deslocamento vertical com a profundidade
Figura 3. Solução para 𝑘ℎ = 𝑛 z, 𝑛 = 1.
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Uma comparação entre os modelos de


A solução analítica para equação (9) Pasternak e Winkler está na figura 05.
considerando o coeficiente de elasticidade do y mm
Deslocamento da estaca H 50KN
solo variando com a profundidade, 𝑘ℎ = 𝑛 z , 400

ainda não tem, até esse momento solução 300


analítica, devido a depencia de relação entre o
200
modulo de elasticidade do solo e o módulo de
100
cisalhamento. Podendo assim, até o presente zm

artigo, pode ser resolvida por métodos 2 4 6 8 10 12

numéricos que foge dos objetivos do nosso Figura 05 : Comparação entre Modelos de Winkler e
trabalho. Pasternak.

5. CONCLUSÃO
4. APLICAÇÃO
Os modelos analíticos utilizados até hoje nos projetos
Considere uma estaca escavada de
de estacas isoladas, são os modelos de Winkler, sabemos
concreto, comprimento 12m, diâmetro 300mm, de suas limitações, por substituir o solo por molas. O
modulo de elasticidade do solo 10MPA, as presente trabalho vem comparar o modelo de Pasternak,
soluções, para o modelo de Winkler estão dada que utiliza uma interação entre as molas, ou seja, mais

nas Figura 02 e Figura 03. realista, que o modelo de Winkler. Na Figura 05, não
percebemos uma diferença enorme entre os modelos de
Considere uma estaca escavada concreto,
Winkler e Pasternak. A perpectiva para trabalho futuro é
comprimento 12m, diâmetro 300mm, modulo de comparar o modelo de Pasternak com uma estaca
elasticidade do solo E = 10MPA, G=4MPA as experimental, instrumentada com inclinomêtros e
soluções, para o modelo de Pasternak está na comparar esse modelo para verificar seu grau de

Figura 04. refinamento, fazendo que assim passe a utilizarmos em


projetos, o modelo de Pastenak.

Deslocamento da estaca H 50 KN
y mm
300
250

200
150

100
50
Z m
2 4 6 8 10 12
50

Figura 04: solução para modelo de Pasternak.


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REFERÊNCIAS

Hetenyi, M.(1946) Beams on elastic foudation. Ann


Arbor: University of Michigan Press.

Velosso, D A. (2010). Fundações: critérios de projetos


Oficina de Texto,2ª edição, São Paulo, p.333-378.

Poulos, H. G.(1980) Pile foundation Analysis and Design,


Jonh Wiley e Sons, New York.

Matlok,H. Reese,L.C (1960) Generalised solutions for


laterally loaded piles, JSMFD. ASCE,5,P.63-95.

Terzaghi, K. e Peck, R.B. (1987) Soil Mechanics in


Engineering Practice, 2nd ed., McGraw Hill, New
York, NY, USA, 685 p.

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