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MODELO UFPR I

O conceito de sociedade líquida surgiu com a decadência das grandes correntes filosóficas,
norteadores de sentido, como o iluminismo no século 18 e o positivismo no século 20. As
consequências desse cenário se estendem do plano político ao social, conforme retratadas na
crônica “A sociedade líquida”, publicada em 2015 pelo filósofo Umberto Eco. Na obra, o
escritor usa das ideias do cunhador do termo que dá nome para seu texto, Zygmunt Bauman,
para discorrer dobre as características desse agrupamento social – também chamado de pós-
moderno. Dentre elas, há a perda de poder do Estado, que, como entidade solucionadora de
problemas, sua ausência gera conflitos ideológicos e partidários, enfraquecendo a noção de
comunidade. Como efeito disso, tem-se ascensão do individualismo e o desprendimento do
conceito de justiça, já que essa requer zelo do coletivo, e o apego aos bens materiais, que são
periodicamente renovados. Diante dessa situação, questiona-se o seguinte: o que poderá
substituir essa liquefação? Em como visto na Alemanha, após ser derrotada na primeira guerra
mundial, o líder Adolf Hitler usou do próprio sentimento de tristeza dos alemães para propagar
uma ideologia nacionalista e implantar um Estado totalitário. De igual forma, tendo em vista
que a pós-modernidade não possui coesão social, é possível que líderes políticos impunham
governos autoritários sem oposição popular significativa. Ainda, é esperado que façam de uma
forma ligeiramente despercebida, já que a sociedade líquida não tem senso de justiça e é egoísta
para perceber e se sensibilizar com a vida de outrem.

Modelo UFPR II
A saturação do capitalismo e a consolidação do modelo pós-modernista enunciado por Umberto
Eco propiciaram o surgimento de uma sociedade líquida, refletida na postura das pessoas e na
maneira como se dão suas relações sociais. Assim, predomina-se entre a população um ar
individualista, manifestado através da incerteza do que tange uma modernidade heterogênea,
que desvaloriza ideias comunitárias. Como consequência, as referências ideológicas, bem
definidas, enfraqueceram-se em meio a diversidade de filosofias e a crise da potência
centralizadora do Estados. De maneira análoga, os Estados Nacionais também se enfraqueceram
ao ficarem à sombra das comunidades internacionais, que internacionalizaram seus interesses e
retiram o foco dos Estados de seus problemas locais, que se refletem no consumismo alienado,
no pessimismo humano e na violência social; frutos de uma modernidade decaída pela sua
liquefação. A fim de retomar um rumo bem definido e não liquefeito para as sociedades
modernas é essencial a presença forte e transparente dos Estados. Assim, a justiça, e
posteriormente as legislações, será respeitada e compreendida pela população. Acrescenta-se
também a importância dos partidos políticos agirem consoantes com suas respectivas filosofias
e não comovidos com interesses externos. Desse modo, o subjetivismo acompanhado pelo
sentimento de todos contra todos poderá ser substituído pelas identificações ideológicas. Em
suma, o pós-modernismo de sociedades líquidas é danoso para as relações políticas e sociais,
entretanto pode ser solucionado ao retomar os valores de comunidade fortalecida pela presença
de Estados.

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