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Eletrônica de Potência I: Vinícius Novicki Obadowski
Eletrônica de Potência I: Vinícius Novicki Obadowski
POTÊNCIA I
Introdução
Tiristor é o primeiro termo que o estudante da área de eletrônica de
potência deve conhecer e cujo significado deve apreender, pois todos
os estudos da área fundamentam-se nos princípios acerca dessa família
de componentes, cada um com sua particularidade e emprego ideais.
Diversos equipamentos modernos são projetados utilizando tiristores:
conversores de frequência, retificadores e chaves eletrônicas remotamente
acionadas são alguns dos exemplos. Embora esses nomes ainda não lhe
sejam familiares, vão ser conforme você se aprofundar nos estudos na
área de eletrônica de potência.
Neste capítulo, você conhecerá esses componentes e suas di-
ferenças. Assim, você verá como reconhecer a simbologia e curva
característica de um tiristor, como analisar as características reais
dos tiristores e como descrever circuitos de comando e acionamento
com tiristores.
Tiristor: definição
Tiristor é um termo que se refere a uma família de chaves eletrônicas de três
terminais cujos principais representantes são: o retificador controlado de
silício (SCR, Silicon Controlled Rectifier), o tríodo para corrente alternada
(TRIAC), o tiristor desligado pelo gatilho (GTO, Gate Turn-off Thyristor) e
2 Tiristor
SCR
O retificador controlado de silício é um tiristor composto por três terminais:
anodo, catodo e gatilho. Os dois primeiros terminais são idênticos àqueles
presentes no diodo comum, enquanto o gatilho é o terminal responsável por
permitir a condução de corrente quando a tensão anodo-catodo for positiva
(HART, 2012). Em outras palavras, o comportamento do SCR é idêntico ao do
diodo comum, exceto que se caracteriza por possuir um terceiro terminal que
pode ser empregado para permitir que o SCR entre em estado de condução. A
Figura 1 apresenta o símbolo adotado tradicionalmente para a representação
do SCR em circuitos elétricos.
Tiristor 3
Como você pode inferir, um circuito que possua um SCR não funciona de
forma autônoma, como ocorre com circuitos projetados com diodo. Nesses, no
instante em que a tensão anodo-catodo for positiva, o diodo inicia a condução
de corrente a despeito de qualquer outro elemento externo, interrompendo
somente quando a condição de disparo não for mais satisfeita. No SCR, por
outro lado, somente ocorre a condução quando a tensão anodo-positiva e uma
corrente for fornecida ao gatilho e, similar ao diodo, o SCR para de conduzir
no instante em que a tensão anodo-catodo se tornar igual ou menor que zero.
Para facilitar a compreensão dessa questão, observe as Figuras 2a e 2b, que
mostram a diferença nas curvas ideias do diodo e do SCR.
Figura 2. (a) Curva ideal de um diodo comum. (b) Curva ideal de um SCR.
Fonte: Segundo e Rodrigues (2015, documento on-line).
4 Tiristor
Figura 3. (a) Curva real de um diodo comum. (b) Curva real de um SCR.
Fonte: Segundo e Rodrigues (2015, documento on-line).
IG é a corrente no gatilho;
IA representa a corrente de anodo;
VBR é a tensão máxima reversa que o SCR suporta antes de entrar em
condução ao ser polarizado reversamente (este é um modo de operação
normalmente não desejado);
IR é o valor da corrente mínima na condução reversa;
VBO é a tensão de breakover, que indica o ponto no qual não é necessária
corrente no gatilho para que o SCR inicie a condução;
VT é a queda de tensão quando em operação do SCR (equivalente à
queda de tensão do diodo real);
IGT é a corrente mínima de gatilho necessária para que um SCR sub-
metido à tensão VAK = VT inicie a condução de corrente;
IH é a corrente de manutenção que deve ser mantida no gatilho para
manter o SCR em condução;
IL é a corrente de carga mínima necessária para dispensar a corrente
de manutenção no gatilho.
Perceba, na Figura 5, que, ao fechar a CH2, o TIC 106 não dispara pela
ausência de corrente no gatilho; porém, no fechamento da chave CH1, em
função do divisor de tensão, uma corrente passa a ser fornecida ao gatilho e,
toda vez que a tensão anodo-catodo encontrar-se em um valor superior ao VT
do TIC 106, ele disparará. No entanto, por estar submetido a uma fonte AC,
próximo ao cruzamento pelo zero de tensão da rede, a corrente de anodo será
inferior à de manutenção, fazendo com que o circuito desligue naturalmente.
Outra opção é a chamada comutação forçada, em que o objetivo é inter-
romper a corrente que passa pelo tiristor. As Figuras 6 e 7 apresentam duas
técnicas distintas para realização desta tarefa.
Figura 6. Circuito com comutação forçada do TIC 106, bloqueio por chave.
Fonte: Segundo e Rodrigues (2015, documento on-line).
8 Tiristor
Figura 8. Simbologia
padrão para TRIAC.
Fonte: Hart (2012, p. 8).
10 Tiristor
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