Você está na página 1de 1

capa-9788551848890-garcabrancura-14x21-151222.

pdf 1 15/12/2022 15:11:19

a garça finge
sua brancura

a garça finge sua brancura


à maneira mais cortante
aquátil
para escrever
naufrago minha pluma
de quimérica brancura
eu queria ser do mar, no Meriti-Pavuna,
ser o mar a minha vida... um rio estreitado que hostiliza
a alma até a morte;
hoje quero ser teu, só teu, naufrago em toda sua turbidez
que não me deixa ver o verso,
em teu aquário apenas ouço os sintomas...
a enchente encobre minha pluma
Lasana Lukata, nascido São João de condensar o infinito. e há dias que escrevo lama,
Meriti, de família de pedreiros, serviu à baforadas de cólera,
Marinha do Brasil. Participou da Oficina à maneira mais cortante
Literária do poeta Ferreira Gullar, UERJ, e quem ouvirá este forte som de garça,
interpretar o amontoado,

          
resultando na Antologia Poética Próximas
na desordem desse ninho?
Palavras. Cursou Literaturas Portuguesa e
no outono caem as folhas e a garça
Africanas de Língua Portuguesa, UFRJ. deixa em queda outra pluma.
Tem poemas publicados e traduzidos: Ca- ah se, de pluma em pluma,
nadá, Itália, México, Espanha, Argentina, para alívio e gozo do poeta,
Uruguai, Panamá, Angola e Portugal. eu pudesse voar com este corpo,
demulcir teus seios!
mas o pássaro naufraga,
não encontra lastro
e tudo pesa,
tudo adumbra seu caminho
e anuncia a tua ausência.

          

Você também pode gostar