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Na mesma oportunidade manifestou-se contrária a concessão da indenização o Ministério

Público, conforme parecer da Promotora de Carli dos Santos: “não cabe ao Judiciário


condenar alguém pelo desamor, senão, os foros e tribunais estariam abarrotados de
processos se, ao término de qualquer relacionamento amoroso ou mesmo se, diante de
um amor platônico, a pessoa que se sentisse abalada psicologicamente e moralmente pelo
desamor da outra, viesse a pleitear ação com o intuito de compensar-se, monetariamente,
porque o seu parceiro ou seu amor platônico não a correspondesse”.
 
No mesmo sentido entendeu o STJ, no REsp 757.411-MG, Rel. Min. Fernando Gonçalves,
julgado em 29/11/2005, publicando sua decisão que, a seguir, se resume: "Escapa ao
arbítrio do Judiciário obrigar alguém a amar ou a manter um relacionamento afetivo, que
nenhuma finalidade positiva seria alcançada com a indenização pleiteada."

Outra decisão favorável foi proferida pelo magistrado Luis Fernando Cirillo, em
05.06.2004, na 31ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo-SP (Processo n.º 01.036747-
0) [33], no qual se reconheceu que, conquanto não seja razoável um filho pleitear
indenização contra um pai por não ter recebido dele afeto, “a paternidade não gera apenas
deveres de assistência material, e que além da guarda, portanto independentemente dela,
existe um dever, a cargo do pai, de ter o filho em sua companhia”.

Prosseguindo em sua argumentação, o magistrado entendeu que não devem


prosperar teses no sentido de que julgar procedente referidas demandas implicaria numa
monetarização do afeto, até porque também “não tem sentido sustentar que a vida de um
ente querido, a honra e a imagem e a dignidade de um ser humano tenham preço, e nem
por isso se nega o direito à obtenção de um benefício econômico em contraposição à
ofensa praticada contra esses bens”.

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