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:: Página Principal > Blog > Confiabilidade e disponibilidade de máquinas: um exemplo prático
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O maior desafio para as pessoas que estão envolvidas com a manutenção nas indústrias hoje
em dia não é apenas saber das técnicas utilizadas na manutenção, mas decidir quais delas
realmente são ou não são importantes para determinado ativo. Se forem realizadas escolhas
certas, é possível melhorar o desempenho do ativo e ao mesmo tempo reduzir o custo de
manutenção, aumentando sua confiabilidade operacional. Por outro lado, se houverem más
escolhas, novos problemas são criados, enquanto, que aqueles que já existentes tendem a
piorar.
Este post abordará apenas uma parte da Engenharia de Confiabilidade, pois este assunto é
muito vasto e haverá outras oportunidades para aprofudarmos mais na teoria da
confiabilidade demonstrando outros métodos. Espefificamente este artigo será subdividido da
seguinte forma:
Para os que não conhecem, a análise de Weibull, também denominada análise de dados de
vida, é uma ferramenta de análise que a partir de uma amostra representativa, possui a
funcionalidade de fazer previsões de um produto dentro de uma população. Isto é feito por
“encaixe” em uma distribuição estatística de dados de vida e esta distribuição pode então ser
utilizada para estimar características importantes da vida deste produto tais como
confiabilidade ou probabilidade de falha em um período específico. A fórmula de Weibull pode
ser representada pela fórmula:
Onde:
Um operador reporta três falhas de um mesmo componente funcionando pelo período de três
meses. O gerente da área questiona: “quantas falhas teremos no próximo trimeste, semestre
ou ano? Quanto vai custar? Qual é a melhor ação corretiva para reduzir os riscos e as perdas?
Para o exemplo, vamos considerar um cilindro hidráulico que de tempos em tempos, devido ao
desgaste das gaxetas e anéis de vedação, falha com relação à sua função principal, exigindo
manutenção corretiva. Será então calculado o melhor momento para realizar a manutenção
periódica a partir da análise dos custos e da confiabilidade.
Pelos valores podemos perceber que em média a cada 4 meses e 26 dias (210379 minutos),
ocorre a falha do cilindro, exigindo manutenção corretiva. Aqui foi coletado um total de 10
amostras, porém, a partir de 3 amostragens já é possível realizar o estudo de confiabilidade.
Com os dados de amostragem de tempo até a falha, vamos agora calcular as variáveis
necessárias para obter os parâmetros da fórmula de Weibull (beta e alfa). Não é o intuito
deste artigo ir a fundo na estatística e mostrar o porquê das fórmulas e sim como utilizar a
ferramenta. Sendo assim, voltemos ao exemplo:
A partir dos dados de tempo até a falha, deve-se preencher outra tabela conforme indicado na
Figura 2 abaixo. Os passos são o seguinte:
Na coluna A, deve-se preencher os dados até a falha e logo após ordenar eles por ordem do
menor para o maior. Feito isto, deve-se proceder ao passo2;
Na coluna B, deve-se numerar em sequência de acordo com a quantidade de amostras;
Da mesma forma a coluna E deve conter valores obtidos através da fórmula “Ln(Ln(1/(1-
Median Rank)))”, onde Ln é o logaritmo do valor.
Finalmente na coluna F deve ser calculado o logaritmo do ttf (coluna A), utilizando a fórmula
“Ln(TTF do Cilindro)”.
A tabela completa com os valores calculados pode ser visualizada abaixo (Tabela 2).
Com a tabela completa, agora é necessário utilizar o recurso de regressão do Excel, que faz
parte da ferramenta Análise de dados. Deve-se proceder da seguinte forma:
Clicar na opção Análise de Dados, localizada no menu Dados. Caso o seu Excel não possua esta
opção visível, é necessário habilitá-la. Para saber como fazer isto vá até o Item7 – Anexo deste
artigo clicando aqui.
Clicar em Regressão.
Clicar Ok.
Agora, é necessário informar ao Excel quais serão as colunas utilizadas para a regressão. Assim,
proceda da seguinte forma:
Checar a opção nova planilha e dar o seguinte nome: “Regressão Linear” ou qualquer outro
nome que desejar.
O Excel automaticamente irá gerar uma planilha com os dados estatísticos calculados, bem
como o gráfico de regressão. Porém, não temos ainda todos os dados necessários. É preciso
ainda calcular os parâmetros beta e alfa através do seguinte procedimento:
1 – Na célula A19, digite: “beta (ou parâmetro de forma)”. Na célula B19, digite a fórmula:
“=B18. Na célula A20, digite: “alfa (ou característica de vida)”. Na célula B20, digite a fórmula:
“=EXP(-B17/B18). O resultado pode ser visualizado na Figura 5. Para este exemplo, temos
então o beta=4,2524 e o alfa=231126,77.
No nosso estudo de confiabilidade, para o cálculo dos custos de manutenção corretiva, devem
ser considerados, além do material e da mão-de-obra envolvida na atividade de reparo do
componente, o custo das perdas causadas pelo lucro cessante.
Na prática, o lucro cessante pode ser calculado levando-se em consideração o tempo em que
determinado equipamento ou máquina deveria estar produzindo e não produziu. É
exatamente o que ocorre quando há a quebra ou falha de um componente da máquina que faz
com que ela fique inoperante. Sendo assim, o lucro cessante é determinado quando é
computado o lucro que a empresa deixou de ganhar durante o tempo em que a máquina ficou
parada. Utilizando este conceito, vamos calcular os custos de manutenção corretiva para o
exemplo do cilindro hidráulico.
No caso do cilindro hidráulico, ao analisar as falhas, foi cosntatado que quando ocorre a
mesma, a máquina fica inoperante e sem produzir por um período em média de 4 horas. Isto
ocorre devido à localização do cilindro na máquina e dificuldade de acesso. Este tempo de
reparo abrange desde a parada da máquina, retirada do cilindro, troca do kit de vedação e
gaxetas, recolocação na máquina e início de operação. Verificou-se também que para a
manutenção corretiva, são utilizados 2 colaboradores com o custo da hora de R$13,00 cada
um. Além disto, o kit de reparo de vedação e gaxetas custa R$ 300,00. A máquina do nosso
exemplo produz perfilados e durante estas 4 horas em que a máquina ficou parada, ela deixou
de produzir 480 perfilados. Sabe-se que cada perfilado tem o peso de 1 quilo e que o lucro por
quilo produzido é de R$4,00. Vamos então calcular o custo de manutenção corretiva para este
caso:
Custo de perda por lucro cessante = qtd de produto deixado de produzir no período x lucro
unitário do produto = 480 x 4 = R$ 1.920,00.
Com estas três variáveis temos então o custo de manutenção corretiva (Cmc), que é calculado
da seguinte forma:
Cmc = Custo de mão-de-obra + Custo de material + Custo de perda por lucro cessante
A manutenção preventiva é uma manutenção que pode ser programada antes de ser realizada.
Como isto geralmente é realizado em conjunto com a operação, a empresa não considera este
tempo para o planejamento da produção e por este motivo não ocorre a perda por lucro
cessante. Sendo assim, no cálculo do custo deverá ter somente o custo de mão-de-obra e o
custo de material. Portanto o custo de manutenção preventiva (Cmp) será:
Devido aos motivos explicados acima, começa a ficar claro o porque de utilizar a análise de
Weibull atrelada aos custos para fechar o estudo da confiabilidade. Isto porquea análise de
Weibull representa exatamente a probabilidade de falha do componente ao longo do tempo.
Na mesma pasta de trabalho anterior, crie uma nova planilha e insira os parâmetros alfa e beta
conforme o procedimento:
Inserir um intervalo de tempo até a falha na coluna D que corresponda a amostragem. Neste
exemplo, foi inserido 10 intervalos de tempo com espaçamento de tempo de 40.000 até
atingir 400.000, pois o máximo de tempo até a falha atingido na amostragem que está sendo
analisada foi de 300.000.
Calcular a função confiabilidade R(t) utilizando a seguinte fórmula: Na célula F2, digitar: “=(1-
E2)”. Isto porque a função confiabilidade é o complemento da função probabilidade.
Finalizando a fórmula, estender a fórmula para as outros células.
Agora que temos as funções calculadas é possível obter os gráficos de probabilidade de falha e
confiabilidade, bastando para isto plotar as colunas E e F em um gráfico tipo linha. Os gráficos
podem ser visualizados na Figura 7 abaixo:
Na mesma planilha utilizada para traçar as curvas de confiabilidade, preencha a partir da célua
A15 até A95 os valores de 0 a 400.000 espaçados de 5.000;
Na célula C15, insira a fórmula: “=(1-B15)” para calcular a função confiabilidade R(t);
A coluna D será utilizada para auxiliar no cálculo da integral de R(t). Para calcular a integral,
utilizaremos a regra do trapézio, um algoritmo comum para cálculo de integrais. Para aplicar
esta regra, insira na célula D16 a fórmula: “=((A16-A15)*C15+(A16-A15)*(C16-C15)/2).
Com a regra do trapézio aplicada, basta calcular a integral de R(t) que é a somatório das
pequenas áreas calculadas no passo anterior. Para realizar o somatório, insira na célula E17 a
fórmula: “=SOMA($D$16:D17)”.
Como temos em mãos os valores das funções e o valor da integral , agora é possível calcular o
custo de manutenção preventiva. Basta inserir na célula F17 a seguinte fórmula:
“=($B$5*C17)/E17″.
Se o procedimento acima foi realizado corretamente, basta extender estas fórmulas para o
restante das linhas, até a linha 95 da planilha. Os valores devem coincidir com os valores da
Figura 8 abaixo.
Figura 8 – Tabela com todos os custos de manutenção
Agora que temos todos os valores calculados, basta plotar em um único gráfico os custos de
manutenção preventiva, manutenção corretiva e custo total. O gráfico obtido pode ser
visualizado na Figura 9 abaixo.
Figura 9 – Custos de manutenção ao londo do tempo
Observe que a curva de custo total possui um ponto mínimo que poderia ser obtido com o
cálculo da derivada de sua função. Caso não queira calcular esta derivada, basta achar na
coluna H da planilha qual é o menor valor. Isto pode ser feito selecionando o intervalo de custo
total e aplicando a fórmula de Mínimo do Excel.
No nosso exemplo, o valor total de custo mínimo por unidade de tempo é R$ 0,00437. Agora
basta achar qual é o valor de tempo associado a este custo para determinar o ponto ótimo de
manutenção. Para o exemplo, o TTF é 120.000.
Vale destacar que este período encontrado não garante que o cilindro possuirá manutenções
corretivas, pois ainda haverá uma probabilidade de 6% do cilindro hidráulico falhar, o que já é
bom. Podemos simular outros custos de manutenção e ver como a determinação do ponto
ótimo varia. Se por acaso o custo de manutenção preventiva não fosse R$404,00 e sim
R$800,00, o tempo ótimo passaria de 120.000 para 150.000, aumentando o intervalo de
manutenção juntamente com a probabilidade de falha que vai para 15%, mas ainda sim
obtemos a melhor estratégia. Você poderá simular isto na planilha.
Caso queira baixar a planilha utilizada neste exemplo basta clicar aqui.
Aumento da segurança dos funcionários com a tendência de menor quebra dos equipamentos;
Melhoria contínua
Como relatado no início, este post aborda apenas uma parte da Engenharia de Confiabilidade.
Especificamente, com relação à análise matemática, é fácil observar que para obter resultados
através de cálculos complexos, é fundamental que haja uma base de dados histórica confiável.
A falta desta e alguns outros problemas podem atrapalhar e até mesmo impedir que haja um
bom trabalho de confiabilidade na organização. Dentre os diversos desafios a vencer, podemos
citar:
Erros de diagnóstico da operação e de manutentores: Tão ruim quanto não ter base histórica é
ter uma apontamento de falhas que não reflete a realidade. Se utilizarmos nosso exemplo do
cilindro hidráulico, suponha que ele esteja localizado no braço esquerdo da prensa hidráulica
de uma máquina perfiladeira. Se por um acaso a prensa parar por motivo de falha do cilindro,
diferentes operadores ou manutentores podem apontar: falha na prensa da perfiladeira, falha
no braço da prensa da perfiladeira ou falha no braço esquerdo da prensa da perfiladeira. É fácil
perceber que dentre as opções, somente se for apontado a falha no braço esquerdo da prensa
da perfiladeira, a informação poderá ser utilizada para a análise da confiabilidade do cilindro.
Na maioria das vezes o apontamento não é realizado de forma correta e atrapalha toda a
análise futura. Um outro exemplo poderia ser uma contaminação no óleo hidráulico que
provoca a falha do cilindro hidráulico. Ao realizar o reparo, o manutentor pode deixar de
verificar a qualidade do óleo e constatar erroneamente que a falha foi do cilindro quando na
verdade a causa raiz que deveria ser apontada seria a contaminação do óleo.
Clique em Suplementos;
Clique no botão Ok
Após seguir estes procedimentos a opção Análise de Dados será habilitada. Para checar, basta
clicar no menu Dados e verificar no canto direito da tela, como indica o passo 3 da figura
abaixo.
configurar excel ferramentas analise2
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Engenheiro Eletricista pela UNESP com MBA em Gestão de Projetos pela FVG e certificado pelo
PMI. Atuou em gestão de ativos e gestão de projetos em grandes empresas como CBA-
Votorantim Metais, Siemens e Votorantim Cimentos. Atualmente é Diretor de Projetos na
empresa Citisystems.
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"na história da inovação, novas ideias são apenas parte da equação. A execução é igualmente
importante"
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