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FUNDIU E AGORA?
O primeiro passo é saber a causa. Alguém pode dizer "já foi mesmo, não interessa agora tem
que fazer tudo" mas é importante saber o que REALMENTE aconteceu. Até porque o que fez o
motor "fundir" assim digamos influi até no custo final da retifica. Sim, se um motor fundiu
por falta de óleo, pode ter comprometido a parte de baixo toda, se foi um leve
superaquecimento que fez os anéis perderem a sua maleabilidade e perda de compressão,
tudo isso de uma certa forma acaba influindo no que fez um motor "parar". Cansaço, uso
continuo provocam desgaste mas ai é um desgaste mais progressivo, uniforme...Tudo isso é
importante saber afinal, se foi mal uso, temos que nos atentar para não repetirmos os
mesmos erros.
O PROCESSO DE SE "FAZER UM MOTOR"
Quando um motor "funde" o processo básico que envolve o trabalho de retifica é sempre o
mesmo. Desmontagem, lavagem química das peças, o serviço de usinagem, a montagem do
motor com as peças novas e o funcionamento.
Os primeiro passos são a desmontagem e lavagem das peça. As vezes, um anel de segmento
rompido provoca danos na cabeça do pistão e no cabeçote. Má lubrificação provoca desgaste
acentuado no bronzinamento e por conseqüência, a necessidade de passe no virabrequim. A
desmontagem por uma pessoa qualificada faz esse trabalho e verifica o custo final do
serviço, pois é neste processo que o mecânico/retifica terá a exata dimensão do que ocorreu
com o motor e por conseqüência, quais peças terão de ser usinadas, trocadas, ou poderão ser
reaproveitadas. É neste momento que se tem uma exata dimensão de quanto se gastará para
fazer o motor completo.
O processo de usinagem, propriamente dito, é bastante
especifico. Cada motor tem suas peculiaridades, mas, em linhas gerais, o processo de
retifica consiste em retificar o virabrequim, quando necessário, eventualmente abrir o bloco
para colocação de pistões sobremedida ou encamisamento, verificar o alinhamento dos
suportes dos mancais onde se prende o virabrequim, verificar estado geral do cabeçote
(existência ou não de trincas) e fazer o plainamento na base, fazer o assentamento de
válvulas, além de outros serviços, alguns deles particulares a cada tipo de motor.
A montagem é um dos processos mais importantes e onde ocorrem os grandes "erros": O
motor tem que ser montado com as peças novas, sempre procedendo os apertos corretos
especificados pelo fabricante (o famoso "torque correto"), sempre obedecendo a lubrificação
das partes, conforme vão sendo montadas.
Por fim, existe o teste de funcionamento. Algumas retificas procedem testes em bancada e
dinamômetros para verificação do correto funcionamento do motor. A maioria delas procede
a montagem no veiculo e ai é que se faz o funcionamento inicial. Alguns mecânicos dão o
famoso "purgante" nessa etapa. Para quem não sabe, "purgante" era um costume muito
antigo (coisa de motor 2 tempos) que consistia na colocação de óleo lubrificante na admissão
Sérgio Holanda
PERKINS A3.151
Motorzinho de injeção indireta de diesel, conhecido pela sua robustez, economia de diesel
e....vazamentosUm dos meus MF 235 equipados com este motor estava com 800 horas após
retifica completa quando houve a quebra do virabrequim. Mandei brunir os cilindros, trocar
anéis, o virabrequim propriamente dito, os respectivos bronzinamentos e o trator voltou a
trabalhar normalmente por mais 2 anos, quando o vendi.
O outro, mais antigo, empenou o cabeçote e começou a consumir óleo. Procedi a troca de
anéis (e o brunimento das camisas) e a retifica do cabeçote, entretanto o motor agüentou em
sua parte de baixo a maior compressão e fundiu. O comprador do trator sabia que eu havia
feito uma "meia sola" (eu avisei) entretanto, dado o fato de ele ter apenas trabalhado por
dois dias em pulverização de café, ajudei-o com a compra de um kit camisa/pistão e anéis
novos.
FORD GENESIS 3.3
Motor diesel desenvolvido na Europa, pela Ford/New Holland. Durável, robusto e potente que
chega a surpreender o mais experiente operador de trator. A contrapartida fica por conta do
elevadíssimo custo das peças, que tem de ser compradas apenas nos revendedores New
Holland, uma vez que não existe genérica (Mahle, KS, etc.).
Um Ford 4630 equipado com este motor, por conta de um mal funcionamento no indicador de
temperatura superaqueceu e começou a jogar óleo lubrificante pelo escapamento. Devido ao
elevadíssimo custo das peças (cada pistão custa R$750,00), procedi a troca do kit
camisa/pistão e anéis, mantendo o bronzinamento e toda a parte de baixo. A retifica coube
apenas a colocação das camisas no bloco e o plainamento do cabeçote. O motor em si ficou
bom, parou de jogar óleo, entretanto seu funcionamento ficou estranho, uma vez que ele
bate mancal (a maior compressão acelerou o desgaste da parte de baixo).
MWM D229/4
Dispensa apresentações. Equipa, na linha agrícola, o Valmet 785. Este motor especificamente
eu tive de fazer completo e não reclamei.
Com 11.500 horas de uso intenso (lembrando que este trator em especifico passa 3 meses do
ano arrastando uma máquina colheitadeira de café de 7 toneladas, e tocando, com sua
tomada de força uma bomba hidráulica que gera pressão para tocar os mais de 8 motores
hidráulicos e pistões que equipam essa máquina) o motor começou a estourar igual
Volkswagen fora de ponto, além de soltar, numa aceleração/desaceleração fumaça de todas
as cores (branca, azul e preta).
Aberto o motor, decidiu-se pelo serviço completo. Havia desgaste inclusive no virabrequim
(coisa rara, em se tratando de MWM).
Saliento que todos os meus motores diesel foram desmontados e montados por meu
mecânico, cabendo a retifica apenas o serviço usinagem do motor.
VW/FORD CHT
Quando da primeira "fundida" do meu Gol 92, já com 350 mil km originais, fiz um serviço de
retifica completo até porque eu usava o carro inclusive para pequenas viagens. Motor
montado pela retifica. Após alguma reclamação (o motor veio "rajando" da retifica) trocaram
os pistões (desconfio que era de segunda linha) e tudo voltou ao normal.
Entretanto parei de usar o Gol e ficou na mão do pessoal da Fazenda que num prazo de 2 anos
literalmente acabou o carro, havendo um "esquente" depois disso que acabou por me obrigar
a abrir o motor pela segunda vez. Dado o elevado estado de precariedade do carro (ele
simplesmente está com o monobloco rachado, sem suspensão e o câmbio sem a terceira
marcha) e o uso (anda muito pouco, apenas rápidos trajetos entre a Fazenda e a cidade, coisa
de 20km), fiz uma "meia sola" trocando apenas o kit camisa/pistão e anéis. O carro está bom
(em outras palavras, anda, consegue rodar o trajeto dele) mas o motor permaneceu rajando.
Até quando agüenta? Só Deus sabe...
VW 1600 refrigerado a ar
Tenho um Fusquinha 1983, herança do meu avô que tirou o carro zero km. Adoro o Fusca e
depois de muito pesquisar, comprei um motor VW 1600 de uma Kombi apreendida e
posteriormente leiloada. Meu amigo Dimas, mecânico com mais de 40 anos de experiência e
cursos inclusive na fábrica da Volkswagen, literalmente reconstruiu o motor, que de original,
restaram apenas a carcaça, os cabeçotes, virabrequim e bielas. O resto foi tudo trocado e
montado de acordo com a especificação da Volkswagen e o resultado final foi o mais
compensador possível.
Parece um motor novo, nenhum ruído estranho. E acima de tudo, com um ótimo desempenho,
potência e até agora, sem nenhum defeito (nem uma válvula desregulada) após 5 mil km de
uso e um ano.