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Memoria e Historia Oral
Memoria e Historia Oral
HISTÓRIA ORAL
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
Prof.ª Tathyane Lucas Simão
Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa
Prof. Ivan Tesck
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2017
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.
709
F652m Fochi, Graciela Márcia
Memória e história oral / Graciela Márcia Fochi. Indaial :
UNIASSELVI, 2017.
135 p. : il.
ISBN 978-85-69910-41-1
1. Arte – História.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
Graciela Márcia Fochi
APRESENTAÇÃO.......................................................................7
CAPÍTULO 1
História, Tempo e Memória......................................................9
CAPÍTULO 2
Memória Individual e Memória Coletiva...............................41
CAPÍTULO 3
Os Ditos e Não Ditos, os Usos e Abusos
na História Oral......................................................................71
CAPÍTULO 4
Memória e História Oral: A Pesquisa, Aspectos
Metodológicos e Éticos......................................................103
APRESENTAÇÃO
Estudar e analisar a memória e a história oral, apropriar-se das conceituações
e dos pressupostos teórico-metodológicos não representam um ofício nada
simples e sistemático, mas não é impossível, pelo contrário, é desafiador. O estudo
requer conhecer as referências historiográficas que tratam e problematizam o
tema, como, por exemplo, os profissionais da história e os métodos/técnicas de
sensibilização, abordagem, registro e captação.
Cordialmente,
A autora.
C APÍTULO 1
História, Tempo e Memória
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
ConteXtualiZaÇão
Felix (1998) discute que, quando perguntamos no presente pelo passado,
a história tende a responder diante da inquietude da busca do sentido de nossa
vida individual e da coletividade. Cada época faz as suas próprias perguntas ao
passado e essas perguntas traduzem a essência dos problemas e da perplexidade
em que o presente se debate.
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Memória e História Oral
Bosi (1994) reforça que, na cultura grega, ocorria uma síntese plástica entre
as instâncias da linguagem, do ver e do pensar. Contavam com a palavra eidos,
que designava forma ou figura e que, por sua vez, possui afinidade coma palavra
idea do latim. No latim, a expressão vídeo (eu vejo) e idea ilustram a síntese
grega. Quando conjugadas e interpretadas, ambas sugerem a concepção de
história como uma visão-pensamento que aconteceu.
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
Na mitologia grega existe Clio, que é filha de Zeus/Júpiter (deus dos deuses)
e Mnemósine (deusa da memória). Clio deriva da palavra grega “celebrar” e, pelo
fato de cantar a glória dos guerreiros e as conquistas de um povo, tornou-se a
patrona da história.
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
Croce (1962) explica que, por mais afastados no tempo que pareçam os
acontecimentos, a história liga-se e encontra-se legitimada às necessidades e às
situações presentes, nas quais esses acontecimentos têm ressonância e impacto
na realidade. De fato, Croce (1962) pensa que a partir do momento em que os
acontecimentos históricos podem ser repensados constantemente, deixam de
estar no tempo de forma aleatória e gratuita, pois, quando tomados aos estudos
e à inteligibilidade pela história, fatos e acontecimentos adquirem caráter de
conhecimento do eterno presente.
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Memória e História Oral
O Sentido da História
“Para quem não tenha a alma pequena e vil, a experiência
da história é de uma grandeza que nos aniquila”.
Henri-Irenée Marrou
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
historiadores, assim como das demais ciências que tratam do estudo do passado.
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Memória e História Oral
Rüsen (1996) aborda que quando a história foi reconhecida como uma
ciência (a ciência do passado), na segunda metade do século XIX, os estudiosos
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
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Memória e História Oral
Le Goff (1990) descreve que a ciência histórica conheceu, a partir dos anos
de 1970, avanços e renovações surpreendentes nos aspectos de novos temas,
objetos e questões de pesquisa, enriquecimento de técnicas e métodos, bem
como de aportes teóricos e de categorias de análise.
Collingwood (1989) defende que existe uma relação muito próxima entre
passado, presente e o ato de reflexão do historiador sobre o seu trabalho. O
passado é um aspecto e/ou uma função do presente e é sempre assim que ele
deve aparecer ao historiador o qual reflete inteligentemente sobre o seu próprio
trabalho, ou, dito de outro modo, deve-se ter em vista a ideia de fazer também
uma espécie de filosofia da história.
O peso das tarefas do presente, muitas vezes, recai mais sobre os jovens
do que sobre os antigos integrantes das gerações anteriores, pois aos jovens é
conferida a missão de transformar a realidade. Quando ocorre a oportunidade de
implementar algo novo no sentido de agir/transformar o presente, é comum surgir
dicotomia nas opiniões dos indivíduos, na perspectiva de que alguns defendam
que é necessário conservar tudo e outros, por sua vez, defendam que é preciso
desfazer tudo e edificar/reescrever outra vez.
O citado autor defende que a história deve ser tanto mais viva quanto mais
próxima da problemática da vida, assim terá condições de deixar de ser uma
seara de fatos mortos e infecundos. Veja novamente:
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
Atividades de Estudos:
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Memória e História Oral
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
Nesse contexto, José Saramago (1922-2010) possui uma crônica que pode
promover uma relação mais sensível, significativa e valorativa da passagem do
tempo, bem como da sua ação sobre o homem. Observe:
Para seguir sem temor pela trilha, pois levo comigo a experiência
adquirida e a força de meus anseios.
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Memória e História Oral
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
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Memória e História Oral
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
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Memória e História Oral
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
Atividades de Estudos:
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Memória e História Oral
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
Mnemosine era filha de Urano (céu) e Gaia (terra), irmã de Cronos (deus do
tempo). Era protetora das artes e da história e costumava ser invocada diante
dos perigos do esquecimento e da finitude. Foi casada com Zeus, com quem
teve nove filhos, entre eles, nasceu Clio, a musa da história, da criatividade e a
responsável por divulgar e celebrar as realizações.
Segundo Dantas (2010), uma das funções mais importantes da memória é ser
fonte de respostas às questões que intrigam o ser humano, como, por exemplo, a
sua origem, a sua identidade e a sua posição/papel no mundo, motivo pelo qual
é muito significativo que Mnemosine esteja ligada à faculdade da orientação e da
desorientação no tempo e no espaço.
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Memória e História Oral
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
1970, nos países onde ocorriam regimes militares, como, por exemplo, no Brasil
e no Chile, foi necessário mais tempo para que a temática da memória e história
oral fosse contemplada.
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Memória e História Oral
Brandão (2008) chama a atenção para o fato de que o passado não pode
ser entendido somente a partir das marcas e vestígios vistos como explícitos e
evidentes, pois, muitas vezes, tratam-se de situações e circunstâncias que são
somente do presente e não possuem origem e recorrência com o passado. A
tristeza, o sentimento de perda ou as cicatrizes físicas causadas por um acidente
constituem os vestígios e não a memória do acidente, ao passo que as recordações
podem estar disponíveis e prontas, latentes no campo emocional, sem precisar da
ajuda de nenhum vestígio ou outro recurso para serem sensibilizadas e acionadas.
As memórias e os Le Goff (1990) discute que uma das grandes preocupações das
seus espaços não classes, dos grupos, dos indivíduos que dominaram e dominam as
são espontâneos sociedades históricas esteve e está em forjarem estruturas legais/oficiais
e naturais, seus e se tornarem senhores monitores da memória e do esquecimento.
agentes antes Assim, as memórias e os seus espaços não são espontâneos e naturais,
vigiam e definem
seus agentes antes vigiam e definem o que há de ser lembrado e o que
o que há de ser
lembrado e o que deve e pode ser esquecido. Fato que ilustra isso são os arquivos de
deve e pode ser guerras e de ditaduras, em que os governos, com receio do ônus e da
esquecido. responsabilidade que lhes possam recair, destroem os vestígios e/ou
restringem o acesso das partes interessadas e da imprensa.
Nora (1993, p. 13) diz que ao abordar a memória pelo aspecto do que deve e
pode ser lembrado, comemorado e festejado, é necessário não perder de vista os
seguintes aspectos:
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
A sociedade que Nora (1993) explica como sociedade sem ritual, carrega
consigo um estigma de vazio, falta de sentido e significado; o momento presente
tem aspecto de frustração, fazendo com que se busque no passado o conforto; o
retorno ao passado se dá de uma forma romântica e idealizada, em que cenários
de outras épocas são refeitos, conceitos são atualizados (vintage, o rústico,
o retrô), no sentido de conferir e agregar bem estar aos espaços e ambientes
tanto públicos (restaurantes, cafés, bares) como privados (residências); o
rompimento dos vínculos reais com o passado causa um sentimento de vazio e
sem perspectiva de consolo.
Hartog (2013) diz que nossa memória hoje é história, vestígio e triagem.
Preocupada em fazer memória de tudo, ela é arquivística, uma espécie de
historicização do presente e de caráter psicologizado. É instrumentalizadora de
quem procura diferenciar sua identidade, como, por exemplo, descendente de
indígenas, de portugueses, de italianos, de alemães e de espanhóis. A tarefa
acaba em mim, sujeito com receio da desreferencialização e consciente de que
o passado não está mais no mesmo plano. Assim, passou-se de uma história
preocupada com a continuidade da memória, para uma memória que se projeta na
descontinuidade da história, ou seja, a memória é o que faz com que o presente
seja presente para si mesmo.
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Memória e História Oral
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
Atividade de Estudos:
Algumas ConsideraÇÕes
Nossa época, marcada pela crise do otimismo, da redenção da ciência, do
homem no futuro, conta com instituições e organizações sociais que se esforçam
em amenizar e compensar os custos causados pelos projetos de modernidade
(urbanização, industrialização, racionalização, secularização). Para tanto, podem
encontrar na apreensão da noção de tempo, espacialidade, historicidade das
memórias e lembranças recursos fundamentais promotores e ressignificadores
dos valores/sentidos culturais da humanidade.
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Memória e História Oral
ReFerÊncias
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes,
2007.
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Capítulo 1 HISTÓRIA, TEMPO E MEMÓRIA
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C APÍTULO 2
Memória Individual e Memória
Coletiva
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Capítulo 2 MEMÓRIA INDIVIDUAL E MEMÓRIA COLETIVA
ConteXtualiZaÇão
Tedesco (2001) apresenta que discutir a memória nas suas diversas
dimensões, quer individual, coletiva e social; a relação que possui com a história,
a manifestação oral, os lugares institucionais (museus, monumentos, cemitérios,
arquivos...), informais e circunstanciais (casas, ruas, porões, baús, gavetas,
paredes, galpões, caixas, armários, sótãos, porões...), os silêncios, os não
ditos; representa uma tarefa desafiadora na dinâmica de sociedade em que nos
encontramos.
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Memória e História Oral
MUSEU DA PESSOA
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Capítulo 2 MEMÓRIA INDIVIDUAL E MEMÓRIA COLETIVA
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Memória e História Oral
pode ter sentido quando interpretada em um quadro coletivo. Dito de outro modo,
a relatividade da memória é condizente com os quadros sociais e temporais que
o indivíduo viveu e vive, estabeleceu e estabelece com a sociedade (família,
amigos, religião, trabalho, esportes). Mas, por outro lado, o autor não despreza
a existência de uma memória individual, o que chama de “memória individual
relacionada”, a qual reintegra as lembranças no tempo e no espaço.
A família, por sua vez, Tedesco (2001) apresenta que a memória possui uma dupla
é o amálgama mais natureza, que é composta tanto pelo conjunto de lembranças e
favorável na prática
de incorporação imagens como pelo conjunto de representações que se possui em
e transmissão termos de valores e comportamentos. Segundo o autor, é na esfera da
do legado de família que se dá a sucessão entre as diferentes gerações (pais, filhos,
costumes, tradições e
experiências. netos e bisnetos). A família, por sua vez, é o amálgama mais favorável
na prática de incorporação e transmissão do legado de costumes,
tradições e experiências, mesmo assim não se pode almejar homogeneidade nas
lembranças, mesmo que elas sejam de grupos coesos e fechados.
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Capítulo 2 MEMÓRIA INDIVIDUAL E MEMÓRIA COLETIVA
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Memória e História Oral
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Capítulo 2 MEMÓRIA INDIVIDUAL E MEMÓRIA COLETIVA
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Memória e História Oral
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Capítulo 2 MEMÓRIA INDIVIDUAL E MEMÓRIA COLETIVA
individual, ela pode ser tanto consciente como inconsciente. O que a memória
individual grava, recalca, exclui e relembra, é evidentemente o resultado de
um verdadeiro trabalho de organização. Há uma ligação fenomenológica muito
estreita entre a memória e o sentimento de identidade. Em todos os níveis, a
memória é um fenômeno construído social e individualmente.
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Memória e História Oral
A memória familiar pode ser fonte de conflitos entre pessoas, como, por
exemplo, o caso de um nascimento ilegítimo que se torna um ponto importante
quando se trata de resolver os litígios ligados à herança (POLLACK, 1992).
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Capítulo 2 MEMÓRIA INDIVIDUAL E MEMÓRIA COLETIVA
Conforme Yúdice (2004), a cultura deve ser antes um espaço onde as pessoas
se sentem seguras e em casa, onde elas se sentem pertinentes e partícipes de
um grupo numa perspectiva em que ela é a condição necessária para a formação
da cidadania, sendo a matéria-prima e o fator aglutinador entre o patrimônio, seus
sujeitos e a arena onde se galgam as possibilidades de cidadania.
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Memória e História Oral
Atividade de Estudos:
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Capítulo 2 MEMÓRIA INDIVIDUAL E MEMÓRIA COLETIVA
Para o contexto que se configura a partir dos anos 1980, Bauman (2005)
sugere a reflexão de que uma única teoria ou modelo explicativo, como se
pensou desde a época moderna, são insustentáveis e não dão mais conta da
complexidade da experiência humana e da diversidade que caracteriza o mundo
em que se vive. Em 1994, um cartaz espalhado pelas ruas de Berlim expressava
a ideia de globalização, de movimento e circulação de culturas, que, por sua
vez, expressava a postura de protesto diante das ideias de homogeneização de
identidades e culturas. A frase era a seguinte:
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Memória e História Oral
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Capítulo 2 MEMÓRIA INDIVIDUAL E MEMÓRIA COLETIVA
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Memória e História Oral
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Memória e História Oral
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Capítulo 2 MEMÓRIA INDIVIDUAL E MEMÓRIA COLETIVA
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Capítulo 2 MEMÓRIA INDIVIDUAL E MEMÓRIA COLETIVA
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Memória e História Oral
Atividade de Estudos:
1) Descreva quais são os principais lugares de memória coletiva que
existem na sua cidade.
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Capítulo 2 MEMÓRIA INDIVIDUAL E MEMÓRIA COLETIVA
Pollak (1992) quer dizer que na memória mais pública, nos aspectos mais
públicos da pessoa, haverá lugares de apoio da memória, que são os lugares de
comemoração. Os monumentos aos mortos, por exemplo, podem servir de base
a uma lembrança de um período que a pessoa viveu por ela mesma ou de um
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Memória e História Oral
período vivido por tabela. Locais muito longínquos, fora do espaço-tempo da vida
de uma pessoa, podem constituir lugares importantes para a memória do grupo,
e, por conseguinte, para a própria pessoa, seja por tabela, seja por pertencimento
a esse grupo.
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Capítulo 2 MEMÓRIA INDIVIDUAL E MEMÓRIA COLETIVA
Nora (1993) argumenta que a história age sobre o passado e a memória como
o mar age em relação as conchas dos crustáceos, toma-os, leva-os, devolve-os;
toma-os, leva-os e os devolve novamente, em eternos retornos de resignação, um
vai e vem de conveniências e de interesses.
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Memória e História Oral
Algumas ConsideraÇÕes
“Ao pé das fogueiras acesas, crianças, jovens, adultos, até os já passados dos
noventa, teciam calorosos cantos e contos grupais, envolventes e encantados.
Hoje, em tempos de fogueiras apagadas precisamos fuçar na memória e catar os
cacos dos sonhos para engrandecer a vida e não sufocar o mito e a poesia”.
ELIAS JOSÉ
Bauman (2005) defende que as soluções locais não dão conta, não
conseguem oferecer soluções para problemas globais e vice-versa. Para
problemas globais se fazem necessárias ações globais e para problemas locais e
regionais, soluções locais e regionais. Enquanto não enxergamos ações globais
tomando forma, e ao invés de nos tornarmos reféns da globalização, que exala
ambição por poder, hegemonia e dominação, precisamos demonstrar inteligência
e sabedoria para recriarmos estruturas sociais, grupos, experiências, indivíduos
pensando e refletindo sobre a trajetória humana e como os problemas foram
superados e ultrapassados em outros tempos.
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Capítulo 2 MEMÓRIA INDIVIDUAL E MEMÓRIA COLETIVA
ReFerÊncias
ARRUDA, G. O patrimônio imaterial: a cidadania e o patrimônio dos sem eira
nem beira. Diálogos, Maringá, v. 10, n. 3, p. 117-144, fev. 2006.
BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças dos velhos. São Paulo: Cia das
Letras, 1990.
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Memória e História Oral
NORA, P. Entre história e memória: a problemática dos lugares. PUC, São Paulo,
v. 10, n. 10, p. 7-28, dez. 1993. Tradução de: Yara Aun Kyoury.
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C APÍTULO 3
Os Ditos e Não Ditos, os Usos
e Abusos na História Oral
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OS DITOS E NÃO DITOS, OS USOS E ABUSOS
Capítulo 3 NA HISTÓRIA ORAL
ConteXtualiZaÇão
Estudar memória e história oral requer que se esteja alerta para os
mecanismos de elaboração e manutenção daquelas memórias; que se leve em
consideração os sujeitos como construtores de identidade, o que, por sua vez,
coloca-nos em meio às redes de poder, nos espaços de dominação, e que,
ao mesmo tempo, podem fornecer os subsídios para renovar a produção do
conhecimento histórico e político que se encontra sistematizada e difundida.
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Memória e História Oral
Felix (2002) nos chama a atenção para o aspecto de que, mesmo diante da
verdadeira “onda da memória”, ela sempre esteve presente na construção das
memórias sociais, com a ênfase na evocação. O ato de lembrar/esquecer sempre
esteve presente em meio às sociedades nos mais diferentes momentos históricos,
em especial toda vez que estas necessitavam e almejavam a criação tanto de
heróis, de mártires como de anti-heróis.
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Memória e História Oral
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OS DITOS E NÃO DITOS, OS USOS E ABUSOS
Capítulo 3 NA HISTÓRIA ORAL
Atividade de Estudos:
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Memória e História Oral
Atividade de Estudos:
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OS DITOS E NÃO DITOS, OS USOS E ABUSOS
Capítulo 3 NA HISTÓRIA ORAL
LembranÇa e esquecimento
“Esquecer? Impossível, pois o que eu vi caiu também sobre mim, e o corpo
e a alma sofridos não podem evitar que a mente esqueça ou que a mente
lembre. Sou um demente escravo da mente. Rima? Rima, sim, e até pode
ser uma rima, mas não uma solução. A única solução é não esquecer”.
Tavares
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Memória e História Oral
Aqui se faz necessário retomar os estudos que foram feitos ainda no primeiro
capítulo, quando é apresentado o conceito de verdade (alétheia) e esquecimento
(léthe), e que, em meio a um processo dialético de conjugação de forças, a
verdade tende a submeter e aplacar o esquecimento e vice-versa.
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OS DITOS E NÃO DITOS, OS USOS E ABUSOS
Capítulo 3 NA HISTÓRIA ORAL
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Memória e História Oral
Atividade de Estudos:
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OS DITOS E NÃO DITOS, OS USOS E ABUSOS
Capítulo 3 NA HISTÓRIA ORAL
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Memória e História Oral
A sobrevivente Kim Phuc dedica sua vida a prestar seu testemunho de paz
pelo mundo. Nesse caso, recaí sobre o testemunho da experiência trágica o status
de mártir, e lhe é atribuído o sentimento de forte comoção, de compadecimento
e compaixão, instaura-se sobre esta uma espécie de fé universal, que é
legitimada diante do fato de que tal testemunho foi capaz de suportar atrocidades
inomináveis, que agora percebe e experimenta o mundo de maneira a não deixar
que se esqueçam do que uma vez ocorreu no passado.
Atividade de Estudos:
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OS DITOS E NÃO DITOS, OS USOS E ABUSOS
Capítulo 3 NA HISTÓRIA ORAL
Por outro lado, Ferreira (1995) chama a atenção para o fato de que o silêncio
surge como uma estratégia de negociação instaurada justamente para garantir
inserção do sujeito em redes, mantendo as reminiscências e sua expressão
guardadas na intimidade do seu ser, evitando a discriminação daqueles que
facilmente relacionam o relembrar com uma falta de sintonia com o presente ou
do uso do recurso oportuno de vitimização.
Tedesco (2001) explica que, em meio aos estudos de histórias de vida, obtidas
por meio das entrevistas orais, é comum identificar que os relatos ganham ênfase
e entonação conforme o valor e o significado que é atribuído aos momentos e
recordações das situações de mudanças e passagem na trajetória de suas vidas.
Esses momentos são, por exemplo, formaturas e viagens colegiais, casamentos,
mortes, nascimentos, mudanças de cidades, mudanças de trabalhos, entre outros.
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Memória e História Oral
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OS DITOS E NÃO DITOS, OS USOS E ABUSOS
Capítulo 3 NA HISTÓRIA ORAL
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Memória e História Oral
Atividade de Estudos:
O TestemunHo
O ato de testemunhar se refere e remonta à uma experiência cognitiva efetiva
e sensorial, na qual os sentidos registraram as emoções e sensações que foram
sensibilizadas diante de algo, com corpo presente, em que se experimentou,
viu-se, presenciou-se no acontecer e desenrolar de um dado fato ou fenômeno.
Consiste no ato de carregar e conservar o passado vivo no presente.
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OS DITOS E NÃO DITOS, OS USOS E ABUSOS
Capítulo 3 NA HISTÓRIA ORAL
Por outro lado, Kolleritz (2004, p. 74) descreve que o testemunho não pode
ser reduzido à tradução pura do fato percebido na sua dimensão empírica e
sensorial. Veja:
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Memória e História Oral
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OS DITOS E NÃO DITOS, OS USOS E ABUSOS
Capítulo 3 NA HISTÓRIA ORAL
A publicação de Jean Norton Cru teve como objetivo fazer uma crítica à
primeira guerra mundial e aos discursos oficiais/belicistas, que enalteciam as
figuras dos heróis guerreiros de altos escalões oficiais e o espirito patriótico
sem considerar os mortos, os mutilados, os desaparecidos, os próprios traumas
e transtornos psíquicos identificados no pós-guerra. Diante disso, propôs como
alternativa que a historiografia se abrisse para os testemunhos dos soldados,
aqueles que haviam estado no campo de batalha, que haviam experimentado os
horrores da guerra em sua face mais crua e má.
Atividade de Estudos:
A FunÇão da Memória
O direito de acesso à memória cumpre também um papel pedagógico de
ensino e aprendizagem. A partir da narrativa da experiência vivida, do exemplo e
do testemunho, criam-se referências e parâmetros ao comportamento moralizante.
Também fornece possibilidade de restabelecimento, resiliência e reconciliação na
vida dos indivíduos e comunidades.
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OS DITOS E NÃO DITOS, OS USOS E ABUSOS
Capítulo 3 NA HISTÓRIA ORAL
Os Contributos da Memória
A esfera da memória e dos depoimentos orais, genealógicos e biográficos,
estão contribuindo para o campo de análise histórica, ligando temporalidades,
fazendo-as entrecruzarem-se, bem como resgatando atores sociais silenciados,
dimensões do real muito pouco visíveis.
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Memória e História Oral
Bosi (1994) discute que, de maneira geral, a nossa sociedade rejeita o velho,
não oferece nenhuma sobrevivência à sua obra. Perdendo a força de trabalho,
ele já não é produtor nem reprodutor, descarta-se, substitui-se, sem maiores
envolvimentos e preocupações.
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OS DITOS E NÃO DITOS, OS USOS E ABUSOS
Capítulo 3 NA HISTÓRIA ORAL
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Memória e História Oral
Atividade de Estudos:
O Sentido da ‘RememoraÇão’ em
Walter BenJamin
Caro(a) pós-graduando(a), pudemos estudar que a memória constituiu
essencialmente um ato de evocação, no qual se pretende refazer imagens
mentais que pertencem ao passado. Aqui dar-se-á um passo adiante, no sentido
de procurar compreender a noção de rememoração.
Para Benjamin
Para Benjamin (1987), o desenvolvimento do capitalismo e a
(1987), o
fé no triunfo do progresso são os responsáveis pela perda e pelo desenvolvimento do
enfraquecimento da experiência, memória e individualidade. A nova capitalismo e a fé no
condição do homem foi a de submissão e servidão em meio aos espaços triunfo do progresso
urbanos. A hegemonia da técnica sobre o processo ritual de elaboração são os responsáveis
dos bens culturais ocasionou a perda da aura, da dimensão sagrada pela perda e pelo
enfraquecimento
e dos sentidos daqueles bens. Em contrapartida, como recompensa,
da experiência,
promoveu a valorização aparente do mundo, a transfiguração e a memória e
relatividade de tudo e de todos. individualidade.
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Memória e História Oral
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OS DITOS E NÃO DITOS, OS USOS E ABUSOS
Capítulo 3 NA HISTÓRIA ORAL
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Memória e História Oral
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OS DITOS E NÃO DITOS, OS USOS E ABUSOS
Capítulo 3 NA HISTÓRIA ORAL
Algumas ConsideraÇÕes
Vive-se em uma época e em um cenário abalados por crises e enigmas
que aguardam por respostas, mudanças, rupturas e descontinuidades, tanto
do homem com ele mesmo como em relação ao outro, ao seu passado, ao seu
presente e futuro. Não foi diferente ao longo da trajetória humana, mas não é
tempo ainda de conformismos e alienações.
ReFerÊncias
ANTELME, R. L’espèce humaine. Paris: Gallimard, 1957.
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C APÍTULO 4
Memória e História Oral: A Pesquisa,
Aspectos Metodológicos e Éticos
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MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: A PESQUISA, ASPECTOS
Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
ConteXtualiZaÇão
Pesquisar memórias e se utilizar de fontes orais para narrar a história exige
que nos posicionemos de forma diferente do que se estivéssemos utilizando fontes
documentais e escritas, assim como de forma diferenciada em relação ao próprio
passado. Antes de mais nada, faz-se necessário repensar e problematizar a
matriz de pensamento positivista, que previa o fazer do historiador comprometido
em explicar e mostrar o passado como “realmente” havia acontecido e, em
contrapartida, incluir as problemáticas que agora emergem das novas fontes
historiográficas.
Pois bem, caro(a) pós-graduando(a), estas são algumas das questões que
serão discutidas ao longo do último capítulo deste caderno de estudos. Agora falta
pouco, reforce a atenção e a dedicação, que o aprendizado pode ser ainda mais
proveitoso!
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Memória e História Oral
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MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: A PESQUISA, ASPECTOS
Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
Prins (1992 apud BURKE, 1992) levanta outro aspecto que advoga em
suspeita às fontes documentais. Desta vez, reside no fato de que existe grande
distância entre o texto original oral e o correspondente escrito tornado oficial; e
que é comum a reelaboração conforme a conveniência do público interlocutor. Por
outro lado, o autor defende que os problemas de má utilização de dados orais são
mais fáceis de serem localizados e resolvidos.
Prins (1992 apud BURKE, 1992) discute, ainda, que se vive em um momento
histórico em que ocorre o deslocamento para uma cultura pós-alfabetizada, que
tende a ser globalizante, digital, eletrônica, visual e oral, em especial, com a
popularização de aparelhos de comunicação móveis e aplicativos que favorecem
a comunicação instantânea; o que, por sua vez, é responsável por colocar
em apuros toda a tradição historiográfica que ainda se sustenta nas bases
documentais.
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Memória e História Oral
Nora (1993) entende que a memória é e foi sempre suspeita à história, que
a história possui como missão destruir e repelir a memória. Segundo o autor, a
história é a deslegitimação do passado vivido. Postura que é responsável por
inúmeros debates e polêmicas, tanto no campo da história como da memória.
Pollak (1992) nos adverte que as partes mais construídas dizem respeito
àquilo que é mais verdadeiro para uma pessoa, mas, ao mesmo tempo, apontam
para aquilo que é mais falso, sobretudo quando a construção de determinada
imagem não tem ligação ou está em franca ruptura com o passado real. O que
mais nos deve interessar, numa entrevista, são as partes mais sólidas e as menos
sólidas, pois no mais sólido e no menos sólido se encontra o que é mais fácil de
identificar como sendo verdadeiro, bem como aquilo que levanta problemas de
interpretação.
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MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: A PESQUISA, ASPECTOS
Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
Tedesco (2001, p. 32) analisa que a família é responsável por grande parte
do processo de mediação da memória. Veja:
Alberti (1990) apresenta que história oral apenas pode ser empregada
em pesquisas sobre temas contemporâneos, ocorridos em um passado não
muito remoto, isto é, que a memória dos seres humanos alcance, para que
se possa entrevistar pessoas que dele participaram, seja como atores, seja
como testemunhas. É claro que, com o passar do tempo, as entrevistas assim
produzidas poderão servir de fontes de consulta para pesquisas sobre temas não
contemporâneos.
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Memória e História Oral
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MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: A PESQUISA, ASPECTOS
Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
Mas antes disso, gostaria de fazer uma pequena intervenção sobre um fato/
fenômeno admirável na história da humanidade, prossiga na leitura abaixo:
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Memória e História Oral
Atividade de Estudos:
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MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: A PESQUISA, ASPECTOS
Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
Segundo Santos (2000), uma vez que nos dedicamos aos estudos e
pesquisas em memória e história oral, temos a oportunidade de perceber como os
discursos históricos e historiográficos são produzidos, em especial, perceber que
a história está presente em todos os lugares, em todos os momentos. De que o
lugar, o local seja quando, qual e onde for, encontra-se historicamente inserido em
espaços e contextos mais amplos, que se encontra profundamente enredado em
condições econômicas, políticas, sociais e culturais vividas no dia a dia por seus
habitantes, seja no município, seja no país, seja no mundo.
Félix e Grijó (1999) analisam que lidar com a história oral é uma atividade
ao mesmo tempo agradável e tensa, pois remonta-se, reconta-se toda uma
vida e este desnudar-se profissional, familiar e pessoal diante do outro, envolve
sensibilidades pessoais e alheias. Lida-se com bons e desagradáveis momentos,
com traições, desilusões, pressões, culpas, ressentimentos, marcas, feridas,
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Memória e História Oral
A memória é como os Certeau (1994) argumenta que a memória produz, num lugar que
pássaros que põem não lhe é próprio, e procura tornar mais inteligível a teoria, utilizando-se
ovos no ninho de da metáfora e analogia. A memória é como os pássaros que põem ovos
outras espécies.
no ninho de outras espécies.
Prins (1992 apud BURKE, 1992) descreve que outro tipo de fonte oral reside
na reminiscência, que consiste na evidência oral específica das experiências de
vida do informante, tais como os traumas e as sequelas que permanecem depois
da ocorrência de uma determinada experiência e vivência. Em termos de memória
e história oral, diz respeito à dimensão das reminiscências que são reconhecidas
como responsáveis por proporcionar a evocação de memórias e recordações,
ou seja, tornar possível trazer ao momento presente as experiências e vivências
passadas, imbuídas de emoção e comoção.
115
Memória e História Oral
foram colhidos em meio aos mais diversos indivíduos, bem como estiveram
acompanhando as repercussões que o ocorrido provocou;
• Roteiro semiestruturado:
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MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: A PESQUISA, ASPECTOS
Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
1. Nome completo:
2. Naturalidade:
3. Data de nascimento:
4. Nome dos pais:
5. Escolaridade:
6. Trajetória profissional:
7. Quando e como iniciou as atividades na profissão?
8. O que fez com que optasse pela profissão?
9. Mais alguém na família atuava, atuou ou atua neste ramo?
10. Quais eram as principais matérias-primas e ferramentas utilizadas?
11. Quem eram seus clientes? Como chegavam até você?
12. Alguém mais participava e lhe ajudava no trabalho?
13. Que modelos e estilos eram mais procurados?
14. Que mudanças e permanências foram ocorrendo com o passar do tempo?
15. Que importância e significado econômico, político, social e cultural você reconhece para o
exercício desta profissão?
16. Que benefícios e que dificuldades encontrou exercendo esta profissão?
17. Ocorreu-lhe algum trauma, acidente ou doença decorrente da atividade profissional?
18. Quais os fatos curiosos, vivenciados por você ao longo de sua experiência?
Agradecimentos e encerramento.
Fonte: A autora.
Atividades de Estudos:
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Memória e História Oral
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MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: A PESQUISA, ASPECTOS
Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
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Memória e História Oral
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MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: A PESQUISA, ASPECTOS
Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
Agradecimentos e encerramento.
Fonte: A autora.
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Memória e História Oral
Atividade de Estudos:
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MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: A PESQUISA, ASPECTOS
Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
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Memória e História Oral
Depois de gravada e transcrita, a entrevista será entregue para você revisar e autorizar o conteú-
do descrito. Você também pode se recusar a participar do estudo, ou retirar seu consentimento
a qualquer momento, bem como optar por sair da pesquisa sem precisar justificar e não sofrerá
qualquer prejuízo por isso.
Você não receberá e nem pagará nenhum valor econômico para participar do estudo. No entanto,
caso ocorra algum dano decorrente da sua participação no estudo, será devidamente indenizado,
conforme prevê e determina a lei.
Eu ______________________________________________________________concordo voluntar-
iamente em participar da pesquisa/estudo _____________________________________________
______________________________________________________________________________,
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MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: A PESQUISA, ASPECTOS
Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
conforme informações contidas neste TELC, que está impresso em duas vias, ficando uma com o
participante do estudo e a outra com o pesquisador.
________________________ _________________________
Fonte: A autora.
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Memória e História Oral
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MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: A PESQUISA, ASPECTOS
Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
Eu, abaixo assinado e identificado, autorizo o uso de minha imagem, som da minha voz e nome
por mim apresentados na entrevista concedida, além de todo e qualquer material entre fotos e
documentos por mim apresentados, para compor as fontes e material de pesquisa do projeto deno-
minado ________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
____________________________________________ E que estas sejam destinadas à divulgação
ao público em geral e/ou à composição de base de dados e acervo histórico.
A presente autorização abrange os usos acima indicados, tanto em mídia impressa (livros, catá-
logos, revista, jornal, entre outros) como em mídia eletrônica (programas de rádio, vídeos e filmes
para televisão aberta e/ou fechada, documentários para cinema ou televisão, entre outros), inter-
net, banco de dados informatizado multimídia, “home vídeo”, DVD (digital video disc), suportes de
computação gráfica em geral e/ou divulgação científica de pesquisas e relatórios para arquivamen-
to e formação de acervo sem qualquer ônus a __________________________________________
_______________________________________________________________________________
__________________________________ responsável pelo projeto acima referido, ou terceiros por
esse expressamente autorizados, que poderão utilizá-los em todo e qualquer projeto e/ou obra de
natureza sociocultural voltada à preservação da memória, em todo território nacional e no exterior.
Por esta ser a expressão da minha vontade, declaro que autorizo o uso acima descrito sem que
nada haja a ser reclamado a título de direitos conexos a minha imagem, som de voz ou a qualquer
outro e abaixo assino a presente autorização.
___________________________________________
Assinatura
Nome:
Endereço:
Cidade:
RG Nº:
CPF Nº:
Telefone para contato:
Nome do representante legal (se menor de idade):
Fonte: A autora.
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Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
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Memória e História Oral
Aspectos Qualitativos no
Tratamento das Fontes
O campo de pesquisa em memória e história oral reserva inúmeras questões
instigantes, tais como: confrontar testemunho versus testemunho, testemunhos
com documentos escritos; leituras de contexto, o uso de fontes múltiplas,
convergentes e divergentes; implicações de se omitir os elementos subjetivos
(risos, ironias, tensões e severidades) presentes nos depoimentos.
Santos (2000) explica que o lugar, o local seja quando, qual e onde for,
encontra-se historicamente inserido em espaços e contextos mais amplos, e está
profundamente enredado em condições econômicas, políticas, sociais e culturais
vividas no dia a dia dos indivíduos de uma cidade, de um país, uma nação e no
mundo.
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Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
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Memória e História Oral
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MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: A PESQUISA, ASPECTOS
Capítulo 4 METODOLÓGICOS E ÉTICOS
Algumas ConsideraÇÕes
Pesquisar, registrar, transmitir e preservar conteúdos de memória
Existe um mobiliário
e patrimônio é documentar a sociedade da qual somos os herdeiros e histórico e social,
sucessores mais diretos. Existe um mobiliário histórico e social, coletivo coletivo e individual
e individual (símbolos materiais, narrativas, iconografias, escritas, (símbolos materiais,
oralidades) que precisa ser documentado e preservado. narrativas,
iconografias,
escritas, oralidades)
A posse de um registro como uma experiência, testemunho por
que precisa ser
meio de entrevista, pode valorizar o trabalho de um pesquisador no documentado e
sentido de promovê-lo para além do campo das pesquisas comuns, que, preservado.
muitas vezes, resumem-se em apresentar revisionismos bibliográficos
e dados de fontes documentais clássicas, as quais vem sendo utilizadas há muito
tempo.
ReFerÊncias
ABADIE, R. Além do pagamento: abordando de questões éticas na pesquisa
qualitativa em saúde. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 25,
n. 3, p. 701-703, set./out., 2015.
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