Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Acido-Base Apostila
Acido-Base Apostila
Niterói, 2017
Sumário
Agradecimentos P.1
Introdução P.2
Bibliografia P.50
Agradecimentos
Eu gostaria de agradecer a meu pai, Elder Magalhaes de Souza, e minha mãe,
Alessandra Soares Gomes. Sem vocês dois eu não seria capaz de ser a pessoa que sou e
muito menos de entender o quanto paciente se deve ser para sequer pensar em ajudar
alguém a aprender.
"Se vi mais longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes." – Isaac Newton
1
Introdução
Olá, meu nome é Gabriel Gomes Magalhães de Souza. Eu sou aluno de
graduação em Química Industrial e estou no quarto período da faculdade e sou
monitor da disciplina de Química Analítica I Teórica.
Quando eu estudei para a disciplina que contempla esta parte da química, que
na Universidade Federal Fluminense (UFF) se chama Química Analítica I Teórica, eu
não tinha um material de estudo além do passado pelo professor no quadro e os livros
didáticos não apresentavam as deduções de uma forma didática, na minha opinião.
Sendo assim, eu decidi como projeto de monitoria produzir este material.
Meu objetivo com essa apostila não é apresentar outro método de dedução,
pois eu, assim como a maioria dos professores, usarei o método sistemático para tal,
entretanto farei isso de uma forma um pouco mais didática, ou assim espero, como
por exemplo:
Usar linguagem informal e falar diretamente com você caro leitor, pois ao ler os
livros didáticos eu percebi que após poucas páginas minha cabeça já estava latejando.
Eu não conseguia reter a informação propriamente e tinha reler várias vezes.
Entretanto, quando o ‘’ livro falava comigo’’ o aprendizado fluía melhor.
Eu não vou pular nenhum tipo de etapa nas deduções, pois durante meu
aprendizado um evento foi recorrente: o professor pular uma etapa, como colocar em
evidencia alguma incógnita, e eu perdia completamente o entendimento, por isso todo
o processo será sempre explicado e repetido.
Além de explicar o mais claro e melhor que eu puder, irei fazer uma série de
observações para evitar que você cometa os mesmos erros que eu.
2
Avisos importantes
Apesar de o método ser igual, cada professor o aplica de uma determinada
maneira e com uma organização diferente, sendo quase certo que terá diferenças com
o que você verá aqui.
Apesar das deduções serem iguais, a forma dos exercícios que cada professor
cobra é diferente, por isso que esta apostila terá um foco em explicar um pouco
melhor as deduções e não em resolver exercícios.
Muitas das vezes você não verá as fórmulas que foram deduzidas aqui, mas as
verá com a função p (‘‘–log’’) aplicada a elas. Eu evitei usar isso, pois eu considero que
só dificulta as coisas para o nível cobrado na graduação. As propriedades de logaritmo
não são propriedades usadas muito corriqueiramente, além disso, o sinal negativo é o
maior mestre em confundir as coisas (e fazer você perder pontos e mais pontos nas
provas de física também). Tendo isso em mente, eu evitarei usar a função p. Mas é
quase certo que seu professor (a) usará bastante, pois essa função passa a facilitar as
coisas mais para frente.
Este trabalho é uma produção individual e como tal está sujeito a vários erros,
portanto já peço desculpas por todo e qualquer tipo de erro que possa aparecer. Os
erros que você achar, por favor, envie um e-mail para
gabrielgomes.apostila@hotmail.com para que eu possa corrigir. Saiba que eu fiz o
máximo que pude para não errar.
Lembre-se que essa apostila é só uma ferramenta para o seu auxilio. Eu parto
do princípio que algumas ideias já são subentendidas.
Caso você deseje ter uma informação mais técnica e completa, recomendo ler o
livro Fundamentos de Química Analítica – Skoog, West, Holler, Crouch – Editora
Thomson.
Além deste livro, existem outros que você pode consultar como: Ionic Equilibria
in Analytical Chemistry - Jean-Louis Burgot; Ionic Equilibrium - Jamens N Butler;
Modern Analytical Chemistry - David Harvey.
3
Método Sistemático
Bem, antes de começar propriamente as explicações, é absurdamente
importante que você entenda como vai funcionar o ‘’ Método Sistemático’’, pois você
verá que todas as deduções são feitas exatamente da mesma forma o que facilita para
você, pois é ‘’’’’’’’’só uma coisa’’’’’’’’’’’’ a se aprender.
4
Mantendo tudo organizado, você perceberá que não precisa reescrever tudo,
só fazer outra hipótese que provavelmente será oposta à sua primeira.
Exemplo: Você ganhou 1.000.000,00 dólares (reais neste ano 2017 vale muito
pouco), mas tem que pagar uma taxa de 0,01 dólares ou 1 centavo. Quanto você
ganhou? Para todos os efeitos, você continua com aproximadamente 1.000.000,00
dólares. É com este tipo de pensamento que serão feitas todas as hipóteses.
Este passo é o mais importante, pois ele que diz se você fez certo ou errado,
logo me faça o favor de não pula-lo, ok?
5
Parte B: Balanço de Carga e Balanço de Massa
É importante que se tenha uma noção prévia dos balanços. Você perceberá
como funcionam os balanços durante as deduções.
Como já dito, Balanço de Carga (BC) e Balanço de Massa (BM) são nossas
ferramentas e que serão usadas em todas as deduções, portanto é importantíssimo
que você entenda bem eles.
Exemplo:
6
Dica de ouro, PRESTE MUITA ATENÇÃO EM MULTIPLICAR PELA CARGA, em
exercícios e nas provas eu já errei isso e provavelmente você vai errar também, pois
apesar de ser algo simples e fácil, no nervosismo e pressa, você vai se esquecer e se
você esquecer isso, você vai errar!
BM:
Exemplo:
BM:
[SO42-] = C
7
Como pode ser observado, no balanço de massa a concentração é multiplicada
por um fator adequado do coeficiente estequiométrico da equação balanceada e no
balanço de carga a concentração é multiplicada pela carga dela.
Equilíbrio químico
Equilíbrio químico é um tópico muito abrangente. Esta apostila em si está
incluída em um dos seus tópicos e têm por objetivo apenas as deduções das fórmulas
usadas na disciplina de química analítica no nível de graduação. Por este motivo,
limitar-me-ei a apenas falar o necessário para o a dedução delas.
Um ácido fraco, ex. ácido acético, ao se ionizar entra em equilíbrio com seus
produtos.
[ ][ ]
Ka=
[ ]
Durante as deduções ficará claro como todos esses balanços são feitos e
utilizados.
8
Neste caso, todos os coeficientes foram iguais a 1. Entretanto pode não ser
assim, como no caso da equação geral da dissociação completa do ácido fosfórico
(H3PO4)
[H O] [PO ]
K =
[H PO ]
Note que a [H3O+] está elevado ao cubo (3) que é o coeficiente estequiométrico
do H3O+ na equação balanceada.3
(2)
HAC é uma outra forma (e menor) de se escrever ácido acético ou CH3COOH,
também pode ser escrito como HOAC.
(3)
A concentração de H2O não é colocada na equação de equilíbrio, pois não entra
líquidos puros ou sólidos.
9
Capitulo 1: Ácido Forte Monoprótico e Base Forte
Monohidroxilada
Ácidos Fortes Monopróticos
Agora começamos nossa primeira dedução e é importante que você preste
bastante atenção para entender como se aplica o método sistemático. Vamos lá.
Vamos fazer deduções que incluem repetir várias vezes uma mesma notação,
por isso é sempre importante reduzir ao máximo, então HCl vira HX, onde o X
representa o ânion a ser gerado independente de qual seja ele, exemplo: Cl-, NO3- e
etc.
Parte A: Reações
HX + H2O H3O+ + X- A.1
Esta seta, , é a sua melhor amiga, ela é a seta da certeza. Ela te dá uma
informação preciosa, você sabe que todo o X- veio do HX, mas você não pode afirmar
que todo H3O+ veio do HX, porque a água (H2O) também contribui para a formação do
hidrônio (H3O+) como visto na reação A.2.
Nós temos duas reações, uma que mostra a dissociação do ácido forte (A.1) e
outra da água (A.2). A A.1 é uma reação de completa dissociação e a A.2 não.
10
Parte B: BC e BM
No Balanço de Carga (BC) nós sabemos que a quantidade de cargas positivas
deve ser igual às quantidades de cargas negativas, pois a solução é eletricamente
neutra.
[OH-][H3O+]= Kw Eq.3
Equação de equilíbrio da água. Ela é tão importante que recebe sua própria e
única letra de constante ‘’Kw’’. Em inglês água é ‘’water’’ e em alemão água é
‘’wasser’’, assim fica mais fácil de entender o porquê de Kw.
Obs.: É muito importante que você na sua resolução numere as equações para
não se perder e para entender por completo o que está fazendo e não só apenas
copiar.
Nosso objetivo é escrever uma equação para o [H3O+] que só envolva valores
conhecidos, então vamos começar a substituir.
Depois vamos reescrever a Eq.3. Nós usaremos tanto esta forma da Eq.3 que
muitas vezes eu já usarei ela no formato visto abaixo.
Kw
[OH ] =
[H O ]
11
Reescrevendo Eq.5: Multiplicando ambos os lados por [H3O+]
[H O ] = CHX [H3O+] + Kw
A Eq.6 é uma equação de segundo grau completa, ela foi gerada sem nenhum
tipo de hipótese/aproximação, logo é uma equação poderosa, parruda, marombeira.
Entretanto, muitas vezes não é necessário resolver uma equação desta forma para de
calcular [H3O+] numa solução de ácido forte monoprótico.
As hipóteses são ideias que temos, porém não temos certeza. Elas podem ser
feitas e desfeitas facilmente, você pode fazer qualquer hipótese, entretanto depois
elas deverão ser provadas. Apesar das hipóteses poderem ser feitas sem ter um valor
para CHX é muito mais fácil de compreender quando se tem valores, então iremos
imaginar 3 cenários.
Da Eq.4 [H3O+] = CHX + [OH-], nós sabemos que [H3O+] = 1 mol/L + [OH-], mas
não sabemos quanto de [OH-].
Uma dica mega importante: imagine, só imagine, por um momento que [OH-]
seja um valor entre 10-6 e 10-8. Após isso compare com o CHX.
Pegando o maior valor, 10-6, vemos que 1 é 100.000 vezes maior que 10-6, com
esse pensamento na cabeça nós faremos a hipótese 1(H1).
Obs.: Este sinal, >>, nesta apostila, vai indicar maior que 100 vezes. Então se
fossemos ler quimicamente o que está escrito, leríamos: A concentração do ânion é
igual a concentração analítica do ácido que é muito maior (100 vezes ou maior) que a
concentração de hidroxila.
12
Substituímos Eq.2 em Eq.7
Esta equação é fraca, pois ela depende que [X-] = CHX >> [OH-], o pode não ser
verdade, como veremos em outro cenário.
Da Eq. 3 [OH ] = [ ]
temos uma relação entre [OH-] e uma constante Kw
(Kw = 1,00 x 10-14 na maioria dos casos, se não houver algum tipo de especificação) e
um valor sabido [H3O+] = 1 mol/L, portanto [OH-] = 1,00 x 10-13 mol/L.
Parte D: Verificação
Nós temos todos os valores, só falta verificar.
Nossa H1: CHX >> [OH-], vamos escrever ela com números. Para a verificação
geralmente se omite as unidades.
1 > 100 x 1,00 x 10-13. Agora você deve pensar se 1 é maior que 10-11, óbvio
que sim, então nossa hipótese está certa e nós resolvemos a questão. Agora vamos
aos outros cenários.
Da Eq.4 ([H3O+] = CHX + [OH-]) sabemos que [H3O+] = 1,00 x 10-7 mol/L + [OH-],
mas não sabemos quanto de [OH-].
Uma dica mega importante: imagine, só imagine, por um momento que [OH-]
seja um valor entre 10-6 e 10-8. Após isso compare com o CHX.
Agora compare 10-7 com a faixa (10-6 – 10-8), são valores próximos (1), nós não
podemos imaginar que o CHX será muito maior que a [OH-].
(1)
CHX não precisa estar entre a faixa (10-6 – 10-8) para se utilizar dessa fórmula.
13
Assim sendo, nós teremos de resolver a Eq.6 [H O ] - CHX [H3O+] - Kw = 0,
usando Bhaskara.
−𝑏 ± √𝑏 − 4𝑎𝑐
x=
2𝑎
Obs.: É importante colocar o sinal de ≈ para você saber que deu um valor
aproximado e você deve verificar com seu professor(a) qual as regras de aproximação
que vão ser usadas.
Da Eq. 3, [OH ] = [ ]
, temos uma relação entre [OH-] e uma constantes Kw
(Kw= 1,00 x 10-14 na maioria dos casos, se não tiver algum tipo de especificação) e um
valor sabido [H3O+] = 1,62 x 10-7 mol/L, portanto [OH-] ≈ 6,18 x 10-8 mol/L
Parte D: Verificação
Como não foi feita nenhuma aproximação, não há hipóteses a se verificar.
Entretanto durante a escrita desta apostila, eu esqueci que o valor de b era negativo e
que multiplicado por -1 se tornaria positivo. Esse erro fez com que eu achasse um valor
para [OH-] maior que [H3O+], quando eu sabia que isso não seria possível. Da Parte A:
Reações, eu e você sabemos que [H3O+] deve ser maior que [OH-], pois a adição de um
ácido a uma solução aquosa fará com que [H3O+] seja sempre maior ou igual a [OH-].
Nunca será menor.
Foi um erro bobo, mas que você poderia ter cometido durante uma avaliação e
perdido uma questão inteira.
14
Cenário 3: CHX = 1,00 x 10-12 mol/L
Agora a quantidade de ácido adicionada é extremamente pequena. Se você
percebeu, nossas aproximações são baseadas no fato de uma concentração ser muito
maior que outra concentração e neste caso, quem será desconsiderado é justamente o
ácido, vamos ver como fica.
Da Eq.1 [H3O+] = [X-] + [OH-] temos que o [H3O+] é a soma do ânion gerado pelo
ácido ([X-]) e da hidroxila ([OH-]), da Eq. 2 [X-] = CHX temos que a contribuição do ânion
é muito pequena (10-12) frente a contribuição da hidroxila (entre 10-6 e 10-8), portanto:
Da Eq.3 temos que [OH-][H3O+]= Kw, substituindo Eq.8 em Eq.3 temos que:
[H O ] = √Kw Eq. 9
Parte D: Verificação
Da nossa H2: [OH-] >>[X-]
Escrevendo com valores: 10-7 > 100 x 10-12. Como 10-7 é maior que 10-10, nossa
aproximação está correta e nosso resultado também.
Bases fortes
‘’Agora vamos as bases fortes que são exatamente a mesma coisa, sem tirar
nem por.’’
É provável que seu professor (a) tenha dito uma frase igual a essa e não
mostrado a dedução para base forte, não culpe ele (a), geralmente não há tempo hábil
para ficar repetindo as coisas, mas eu mostrarei aqui.
15
Parte A: Reações
BOH OH- + B+ A.1
Nós temos duas reações, uma que mostra a dissociação da base forte e outra
da água. Podemos tirar como conclusão que o pH deve ser maior que 71 (meio fica
básico).
(1)
Vale lembrar que o pH neutro ser igual a 7 é apenas se Kw = 1,00 x 10-14.
Parte B: BC e BM
No Balanço de Carga (BC) nós sabemos que a quantidade de cargas positivas
deve ser igual às quantidades de cargas negativas, pois a solução é eletricamente
neutra.
[B+] = CB Eq.2
[OH-][H3O+]= Kw Eq.3
Obs.: É muito importante que você na sua resolução numere as equações para
não se perder e entender por completo o que está fazendo e não apenas copiar.
Nosso objetivo é escrever uma equação para o [OH-] que só envolva valores
conhecidos, então vamos começar a substituir.
16
Parte C: Algebrismos e Hipóteses
Primeiro vamos substituir Eq.2 em Eq.1.
Depois vamos reescrever a Eq.3. Nós podemos usar a Eq. 3 tanto no formato
original ou rearranjando em função da concentração de uma espécie qualquer
([H3O+] ou [OH-]), como a seguir.
Kw
[H O ] =
[OH ]
Substituindo Eq.3 em Eq.4
[OH-] = CB + Eq. 5
[ ]
[𝑂𝐻 ] = CB [OH ] + Kw
Como você pode perceber, nós fizemos exatamente a mesma coisa e chegamos
a uma equação muito similar à equação usada em ácido forte. A diferença está no
[H3O+] ser substituído por [OH-] e CHA ser substituído por CB. Por esse motivo que
alguns professores (as) não fazem essa dedução ou mandam nós fazermos em casa.
Box da Chatice
Por mais que você tenha entendido tudo, você só vai aprender quando pegar um exercício e
fizer sozinho, sem ajuda ou consulta, então, por favor, faça bastante exercícios, pois é a única forma
de aprender essa matéria.
Como você percebeu é algo demorado, mesmo sabendo, leva tempo para escrever, então a
sua prática é muito necessária, pois em provas geralmente não há tempo suficiente, principalmente
se você for devagar igual a mim.
Para explicar melhor eu evitei ao máximo pular etapa e eu também te aconselho a não pular,
pois essa é a forma mais simples de não errar algo.
Esta parte da matéria parece algo fácil, mas na verdade não é. Tenha isso em mente.
17
Capitulo 2: Mistura de Ácidos Fortes e Bases Fortes
Na área da química é muito comum a mistura de ácidos e bases fortes, sendo
que provavelmente você fará na prática tais misturas. Vamos ver como se representa?
Ps: Eu sei que você não quer ver isso, mas você tem que ver, então
bem....Vamos lá.
Neste caso teremos um ácido forte, HX e uma base forte BOH, com
concentrações analíticas CHX e CBOH , respectivamente.
Parte A: Reações
HX + H2O H3O+ + X- A.1
Agora nós temos várias reações ocorrendo, vamos entender cada uma:
Agora em A.4 temos a mesma reação de A.3, entretanto dessa forma fica mais
fácil de perceber a reação entre o íon hidrônio (H3O+) do ácido e a hidroxila (OH-) da
base gerando água, em A.5 temos a reação global.
18
Parte B: BM e BC
BC: cargas positivas (+) = cargas negativas (-)
BM:
[OH-][H3O+]= Kw ou [OH ] = [ ]
Eq.4
Antes de fazer qualquer coisa, temos que saber quem é maior CHX ou CBOH,
portanto vou apresentar os 3 cenários.
Assim sendo:
Lembre-se, é sempre bom usar parênteses para separar CHX e CBOH que tem
valores numéricos previamente informados, PRINCIPALMENTE NA CALCULADORA SE
NÃO VOCÊ VAI ERRAR!!!
19
Provavelmente você teve a intuição de que apareceria a subtração CHX - CBOH ,
entretanto você não teve que introduzi-la, ela apareceu naturalmente e é importante
que você perceba isso, pois nada no método sistemático você precisa introduzir ou
inventar, ele aparece naturalmente.
A Eq.8 é muito similar à equação Eq.6 de ácido forte e assim sendo é resolvida
da mesma maneira. Eu particularmente prefiro resolver por Bhaskara em vez de fazer
aproximações, então neste caso resolverei sem fazê-las. Entretanto as aproximações
feitas em ácido forte também são validas aqui, só que antes havia apenas um valor e
agora há uma subtração.
−𝑏 ± √𝑏 − 4𝑎𝑐
𝑥=
2𝑎
Neste caso: x será [H O ], b será o valor de −(CHX - CBOH ), c será o valor (– Kw)
e a será 1. Devem-se substituir os valores e fazer os cálculos.
Da Eq.3 [OH ] = [ ]
temos que [OH ] = 2,00 x 10-13 mol/L
20
Obs.: Neste caso seria mais pertinente fazer as aproximações, pois como visto
(CHX - CBOH) >> [OH ], entretanto por questão de costume eu não fiz, é importante
lembrar que neste caso não faz diferença fazer ou não e ambos os jeitos dariam a
mesma resposta e estariam certo.
Partindo da Eq.5
Sabemos que agora [OH-] > [H3O+], portanto temos de isolar o [OH-].
−𝑏 ± √𝑏 − 4𝑎𝑐
x=
2𝑎
Neste caso: x será [OH ], b será o valor de −(CBOH - CHX), c será o valor (– Kw) e
a será 1. Devem-se substituir os valores e fazer os cálculos.
Para os valores de CBOH e CHX , [OH ] = 1,00 x 10-1 mol/L e [H O ] = 1,00 x 10-13
mol/L
Obs.: Aqui também seria melhor fazer aproximações como (CBOH - CHX) >>
+
[H3O ]
21
Cenário 3: CHX = 0,300 mol/L e CBOH = 0,300 mol/L
Partindo da Eq.5
Agora se ambos, CBOH e CHX são iguais, podem ser cancelados. Se eu falar
‘’cortados’’ um matemático virá me agredir, então bem, são cancelados.
[H O ] = √Kw Eq.11
Box da Chatice
Por mais que você tenha entendido tudo, você só vai aprender quando pegar um exercício e
fizer sozinho, sem ajuda ou consulta, então, por favor, faça bastante exercícios, pois é a única forma
de aprender essa matéria.
Como você percebeu é algo demorado, mesmo sabendo, leva tempo para escrever, então a
sua prática é muito necessária, pois em provas geralmente não há tempo suficiente, principalmente
se você for devagar igual a mim.
Para explicar melhor eu evitei ao máximo pular etapa e eu também te aconselho a não pular,
pois essa é a forma mais simples de não errar algo.
Esta parte da matéria parece algo fácil, mas na verdade não é. Tenha isso em mente.
22
Capitulo 3: Ácido Fraco Monoprótico
Agora começa uma das partes mais cruciais. Apesar de não ser tão difícil de
deduzir como o ‘’Sal de Ácido Fraco Poliprótico’’, é a mais importante de entender,
pois agora as aproximações são realmente necessárias.
Em ácido forte, a Equação Geral, a mãe das outras equações, aquela que não
dependia de aproximações, a mais ‘’parruda’’ de todas, era uma equação completa de
segundo grau. Portanto pode ser resolvida facilmente usando Bhaskara. Para ácido
fraco monoprótico, a equação geral será de 3º grau, coisa que você não resolverá
facilmente usando lápis e borracha, por isso as aproximações serão necessárias e você
deverá entender muito bem cada etapa.
Preste bem atenção e garanta que entendeu cada passo. Daqui para frente
ficará mais difícil e compreender esse tipo de ácido é o primeiro passo para entender
todo o resto.
Vamos lá.
Como exemplo para os ácidos fracos, nós podemos utilizar o ácido acético,
representando das seguintes formas: CH3COOH ou HAc ou HX. Como já dito, na
maioria dos casos a dedução é feita reescrevendo o ânion como X-, pois é menor que
CH3COO- para se escrever. Este ácido tem sua constante de equilíbrio ácida no valor de
Ka = 1,75 x 10-5 e como sempre nós temos uma concentração analítica CHX. Para fins de
cálculos CHX = 5,00 x 10-3 mol/L.
Parte A: Reações
23
A.1 representa a reação do equilibro do ácido fraco, é necessário usar a ⇌,
pois a reação não acontece completamente, atingindo uma posição de equilíbrio,
acontecendo nos sentidos direto e inverso com a mesma velocidade.
Parte B: BC e BM
BC:
No balanço de carga não há diferença do que foi feito até agora, entretanto no
BM existe.
BM:
Uma característica marcante dos ácidos fracos e que nós não sabemos (ainda!)
o quanto ele está dissociado. Entretanto sabemos de uma coisa:
Quanto o ácido está dissociado [X-] somado ao quanto do ácido não está [HX]
tem que ser igual à concentração analítica CHX, pois não há outra fonte de nenhum
deles.
[ ][ ]
K = Eq.2
[ ]
Desta vez nós não temos uma equação que envolva apenas um valor
conhecido. Temos uma relação entre outras concentrações que também não sabemos,
nosso famoso Ka.
24
Agora sim! Temos as ferramentas e podemos começar a trabalhar.
[ ][ ]
Eq. 5
[ ]
[X-]([H3O+] + K) = K CHX
Isola o [X-]
[X-] = Eq.6
[ ]
[H3O+] = + Eq.7
[ ] [ ]
A Eq. 7 é a equação geral, a parruda, a f0d0n@, a manda chuva, mas ela é, para
nossos padrões, sem resolução. Então, realmente precisamos fazer aproximações para
achar uma expressão que possa ser resolvida.
25
Parte C: Algebrismos e Hipóteses
Utilizando só uma hipótese
Lembrando-se da Eq.1 [H3O+] = [X-] + [OH-], nossa primeira hipótese será:
É fácil de imaginar que o [X-] será maior que o [OH-], afinal à medida que o
ácido aumenta a concentração H3O+, a concentração de OH- tem que diminuir, pois a
multiplicação de ambas tem que ser igual ao valor de Kw como visto na Eq.4.
[H3O+] = Eq.8
[ ]
Esta equação é de segundo grau e já pode ser resolvida por Bhaskara, vamos
reescrever ela para identificar quem é o a, b e c
[H3O+]([H O ] + K) = 𝐾𝐶
Fazemos a Distributiva
[H3O+]2 + [H3O+]K = KC
−𝑏 ± √𝑏 − 4𝑎𝑐
x=
2𝑎
26
Parte D: Contas e Verificação
Para os valores dados, Ka = 1,75 x 10-5 e CHX = 5,00 x 10-3 mol/L., temos que
[H3O+] = 2,87 x 10-4 mol/L
Da Eq.3 [OH ] = [ ]
, temos que [OH-] = 3,48 x 10-11 mol/L
Nossa hipótese H1 aplicada a Eq.1 leva a conclusão que [H3O+] = [X-], portanto
já temos o valor de [X-] = 2,87 x 10-4 mol/L
Vamos escrever com valores: 2,87 x 10-4 > 100 x 3,48 x 10-11
Esta hipótese vem da ideia de que como é um ácido fraco, ele está muito pouco
dissociado, sendo assim a concentração de HX (fração do ácido que não se dissociou) é
muito maior que a de X- (fração do ácido que se dissociou).
27
H3 O+ [X− ]
Vamos substituir Eq. 10 e Eq.11 na Eq.2 ( KA = [HX]
)
[H O ][H O ]
K =
C
Colocando que [H3O+][H3O+] = [H3O+]2 e multiplicando por CHX
[H3O+]2 = CHX KA
Tirando a raiz quadrada de ambos os lados
[H O ] = K C Eq. 12
Eq.4 [OH ] = [ ]
, temos que [OH-] = 3,38 x 10-11 mol/L
Verificando as hipóteses:
Colocando com valores: 2,96 x 10-4 > 100 x 3,38 X 10-11. Isso é verdade, então
nossa primeira hipótese está correta.
Colocando com valores: = 5 x 10-3 > 100 x 2,96 x 10-4. Isso não é verdade, então
nossa hipótese não está correta.
Calma, por favor, se acalme, respira, relaxa, fica zen. Não me xingue ainda.
Nossa segunda hipótese estava errada, isso quer dizer que nossa fórmula
estava errada? Não, de forma alguma.
28
O que estava errado foi o uso da fórmula para esses valores de CHX e Ka. Neste
casso nós teríamos que usar a Eq.9 como usamos quando só fizemos uma hipótese.
Vamos supor que em vez de 5 x 10-3 o valor de CHX seja 2 x 10-1 mol/L
Eq.4 [OH ] = [ ]
, temos que [OH-] = 5,35 x 10-12 mol/L
Colocando com valores: 1,87 x 10-3 > 100 x 5,35 X 10-12. Isso é verdade, então
nossa H1 está correta.
Colocando com valores: 2 x 10-1 > 100 x 1,87 x 10-3 ou que 0,2 > 0,187.
Antes que você pergunte. Sim, a diferença pode ser muito pequena depois que
se multiplica por 100. Não importa se a diferença é de 100.000.000 como na H1 ou de
0,013 como na H2, o importante é só que seja maior.
Em um exercício você não poderá mudar a concentração inicial, você terá que
mudar as hipóteses. Por exemplo, você fez as duas hipóteses e acabou dando errado a
verificação, apague a errada e considere apenas a hipótese que deu certo,
prosseguindo com a resolução do exercício.
29
Box da Chatice
Por mais que você tenha entendido tudo, você só vai aprender quando pegar um exercício e
fizer sozinho, sem ajuda ou consulta, então, por favor, faça bastante exercícios, pois é a única forma
de aprender essa matéria.
Como você percebeu é algo demorado, mesmo sabendo, leva tempo para escrever, então a
sua prática é muito necessária, pois em provas geralmente não há tempo suficiente, principalmente
se você for devagar igual a mim.
Para explicar melhor eu evitei ao máximo pular etapa e eu também te aconselho a não pular,
pois essa é a forma mais simples de não errar algo.
Esta parte da matéria parece algo fácil, mas na verdade não é. Tenha isso em mente.
30
Capitulo 4: Tampão de Ácido Fraco
As soluções tampão são de extrema importância em sistemas biológicos e
ambientais. Vários tipos de reações, orgânicas e inorgânicas, necessitam que ocorram
em uma determinada faixa de pH e se mantenham nela, mesmo que pequenas
variações possam ocorrer no meio.
Esse cara é um grande amigo dos químicos (Obrigado tampão por nos ajudar!)
e, além disso, ele também possibilita que você esteja vivo (Agradeça ao tampão
também, ok?). No seu sangue existe um tampão de ácido carbônico (H2CO3) e
bicarbonato (HCO3-) que matem seu sangue num pH de 7,4 e qualquer pequena
variação, cerca de 0,1 a 0,3, no pH sanguíneo poderia trazer graves consequências,
podendo até causar a sua morte.
Com isso na mente, vamos entender como acontece para que o tampão
mantenha a faixa de pH e como chegar à dedução de sua famosa fórmula.
As soluções tampões podem ser geradas a partir do ácido fraco e de seu ânion
(base conjugada) oriundo de um Sal em concentrações específicas, normalmente
concentrações iguais. Durante as deduções ficará mais claro de entender, fique calmo
(a).
Obs: Usa-se também CS para concentração analítica do sal, quando você for
fazer provas/exercícios é melhor usar CS, pois é menor e rápido para escrever.
Parte A: Reações
A partir das reações você terá o entendimento teórico do porquê do tampão
manter faixa de pH constante, então tente entender tudo .
31
A primeira reação que sempre acontece é a dissociação de um sal forte,
gerando Na+ para a solução e X- também.
Agora que vem a explicação do porque o tampão manter a faixa de pH, pois
tanto em A.2 e A.3 são produzidos H3O+ e OH- e à medida que se adiciona ácido ou
base a solução vai deslocando o equilíbrio químico na formação destes produtos,
neutralizando o que foi adicionado.
Como sempre a água sofre a auto ionização e entrando num equilíbrio com
H3O e OH-.
+
Agora que sabemos o que acontece, vamos ver como funciona a matemática
disso. Eu sei que você não quer camarada, mas bem, temos de ver e entender.
Parte B: BC e BM
Como deu para perceber eu sempre começo pelo balanço de carga. A partir das
reações descobrem-se quais são as concentrações envolvidas no BC.
BM:
32
CHX + CSal = [X-] + [HX] Eq.3
Nós não sabemos quanto há de X- e de HX, entretanto qualquer que seja o valor
desta soma ([X-] + [HX]) tem que ser igual a somas das concentrações analíticas (CHX +
CSal), pois apenas essas concentrações produzem o X- e HX.
O CHX gera tanto HX quanto o X-, afinal como parte ácido fraco está dissociada
na forma de X- e a outra parte do ácido não está dissociada (HX).
[ ][ ]
Ka = Eq.4
[ ]
Como todo ácido fraco, ele tem uma expressão para sua constante de
equilíbrio.
[OH ] = Eq.5
[ ]
Desta forma nós temos pelo menos uma equação para [X-] que envolve uma
constante. Lembre-se que CSal é um valor conhecido.
33
IMPORTANTE: Vamos ler a Eq.6 quimicamente.
Da reação A.2 sabemos que a maior parte do X- veio do Sal, por isso o termo CSal
somando. Da reação A.2 sabemos que parte do X- também veio da dissociação do
ácido, por isso o termo [H3O+] somando. E da reação A.3 sabemos que parte do X- foi
consumida gerando HX, por isso o termo [OH-] subtraindo.
Toda hora que eu escrevia essa equação eu lia ela quimicamente para ver se
fazia sentido, é uma forma de saber se você está no caminho certo #ficaadica
Desta forma nós temos pelo menos uma equação para [HX] que envolve uma
constante. Lembre-se que CHX é um valor conhecido.
Da reação A.2 sabemos que a maior parte do HX veio do ácido, por isso o termo
CHX somando. Da reação A.3 sabemos que parte do HX também veio da reação do X-
com H2O, por isso o termo [OH-] somando. Entretanto, reação A.2 também sabemos
que parte do HX foi consumida gerando X-, por isso o termo [H3O+] subtraindo.
Toda hora que eu escrevia essa reação lia ela quimicamente para ver se fazia
sentido, é uma forma de saber se você está no caminho certo #ficaadica
Ambas Eq.6 e Eq.7 devem ser lidas da mesma forma, só que cada termo [HX] e
-
[X ] tem origens diferentes.
34
([ [ ])
Eq.8
( [ ] [ ])
Depois disso, chegamos a essa equação monstruosa que será de um grau bem
mais alto do que você terá de resolver, por sorte nossas hipóteses tornarão essa
equação muito, mas muito simples. (Graças ao bom Lavoisier)2
2
Eu respeito toda e qualquer crença. Usei essa expressão como forma de uma
brincadeira, por favor não me processe nem me chame de preconceituoso na internet,
sou universitário e como tal, não tenho $$$ para advogado.
Vamos as Hipóteses.
Para a Eq. 8 ficar bonita e fácil, do jeito que queremos, faremos duas hipóteses:
Se você percebeu, as Eq.6 e Eq.7 foram introduzidas na Eq.8. Elas estão entre
parênteses, eu fiz isso para deixar em evidencia esses termos que são oriundos da
substituição.
35
Antes das hipóteses, nós fizemos a substituição das Eq. 6 e Eq.7 na Eq.4. Agora
faremos a substituição das Eq. 9 e Eq. 10 na Eq.4 e obtemos:
[H O ] C
Ka =
C
Nós desejamos dormir em paz, passar em tudo e termos um bom suprimento
de cerveja/Ice Tea, mas isso é quase impossível no nosso curso, então vamos ficar com
o mais básico que é saber qual a (“maldita”) concentração de H3O+. Para isso vamos
isolar o [H3O+].
[H O ] = Eq. 11
A Eq. 11 é muito linda, pois é simples e fácil de resolver, sendo assim, tudo que
queremos. Entretanto, ela geralmente não é escrita desta maneira, pois na química,
principalmente na área de analítica se usa muito a função ‘’p’’ que é ‘’ –log’’, exemplo
pH = -log ([H3O+]). Então vamos reescrever a Eq.11 usando a função p.
KC
− log([H O ]) = −log( )
C
Transformaremos o ‘’-log ([H3O+])’’ em pH e aplicaremos propriedades de
logaritmo no lado direito da equação.
Propriedades de logaritmos:
Agora aplicamos que ‘’–log (alguma coisa)’’ é ‘’ + p(alguma coisa)’’e usando P.2
nós invertemos e tornamos positivo o ‘’ –log(CHX /CSal)’’, ficamos então com5:
Essa é a famosa fórmula de uma solução tampão que aparecerá em quase todo
livro de química analítica e que você usará, sendo conhecida como equação de
Henderson-Hasselbach.
36
5
Desculpe se não ficou bem explicado, como eu disse, usar as propriedades de
logaritmo invertidas (devido ao sinal negativo) não é algo fácil.
Parte D: Verificação
Usaremos valores de CHX = 3,2 x 10-2 mol/L, CSal = 5,7 x 10-2 mol/L e que Ka =
1,75 x 10-5, faremos os cálculos. Eu sempre prefiro usar a Eq.11 que a Eq.12, não gosto
de –log.
Escrita com valores: 5,7 x 10-2 > 100 x (9,82 x 10-6 - 1,02 x 10-9).Nossa H1 está
correta.
Escrita com valores: 3,2 x 10-2 > 100x ( | 1,02 x 10-9 - 9,82 x 10-6 | ). Nossa H2
também está correta.
Como você percebeu é algo demorado, mesmo sabendo, leva tempo para escrever, então a
sua prática é muito necessária, pois em provas geralmente não há tempo suficiente, principalmente
se você for devagar igual a mim.
Para explicar melhor eu evitei ao máximo pular etapa e eu também te aconselho a não pular,
pois essa é a forma mais simples de não errar algo.
Esta parte da matéria parece algo fácil, mas na verdade não é. Tenha isso em mente.
37
Capitulo 5: Ácido Fraco Poliprótico
Até momento todo nosso trabalho foi com ácido fraco que só tinha um próton,
mas agora nós entraremos no (infeliz) mundo dos ácidos fracos polipróticos.
Obs.: Caso fosse um ácido diprótico seria H2X, caso fosse pentaprótico, seria
H5X e por aí vai.
Agora uma dica: Os ácidos fracos polipróticos sempre terão como fórmula final,
depois de todas as aproximações, uma equação de 2º grau completa. Use isso como
‘’alarme’’ para saber se você chegou a fórmula correta.
Obs.: Nesta dedução eu usei Ca em vez de CH3X porque é mais rápido para
escrever, nas deduções anteriores também pode-se usar Ca para representar a
concentração analítica do ácido. Naquelas deduções eu não usei Ca para ficar mais fácil
e rápido de entender.
Parte A: Reações
H3X + H2O ⇌ H2X- + H3O+ A.1
38
Parte B: BC e BM
Perceba o quanto chato já começa a ser.
BC:
É sempre bom lembrar que o íon tem que ser multiplicado pela a carga que ele
tem. Numa prova eu errei isso e por consequência errei toda a dedução.
BM:
Assim como no ácido fraco monoprótico, nós não sabemos o quanto existe do
ácido ([H3X]) e de cada dissociação ([H2X-], [HX2-], [X3-]), entretanto só existe uma fonte
para todos esses termos, que é a concentração analítica (Ca). Lembre-se que aqui não
se multiplica pela carga, pois estamos falando de balanço de massa.
[ ][ ]
K = Eq.3
[ ]
[ ][ ]
K = Eq.4
[ ]
[ ][ ]
K = Eq.5
[ ]
[OH ] = Eq. 6
[ ]
39
Parte C: Algebrismos e hipótese
Geralmente, as primeiras ionizações são muito maiores que as últimas isso é
visto nos valores de Ka do ácido fosfórico: Ka1 = 7,1 x 10-3, Ka2 = 6,3 x 10-8 e Ka3 = 4,5 x
10-13, por isso ele é geralmente o mais usado como exemplo.
Para ácido fraco poliprótico, nós já começamos fazendo hipóteses pois montar
a equação geral seria um trabalho muito cansativo e neste caso é desnecessário.
Esses dois valores ([H3X] ≈ [H2X-]) são muito maiores que a ‘’2[HX2-]’’. Eu
coloquei o 2 multiplicando o [HX2-] pois isso já permite aplica H2 a Eq.1
Assim como H2, os dois valores ([H3X] ≈ [H2X-]) são muito maiores que ‘’ 3[X3-] ’’
e eu coloquei o 3 multiplicando o [X3-] pois isso já me permite aplicar H3 a Eq.1
Eu fiz separado para explicar melhor, numa avaliação, por questões de tempo,
é aconselhável fazer tudo de uma vez. APENAS SE VOCÊ TIVER ENTENDIDO BEM!
40
Aplicando H1, H2 e H3 a Eq.2 temos que:
Ca ≈ [H3X] + [H2X-]
[H3X] = Ca - [H2X-]
[ ][ ] [ ][ ]
K = =
[ ] [ ]
[ ][ ]
K = Eq.9
[ ]
Veja que coisa não tão chata: temos o nosso desejado [H3O+] e constantes.
Vamos reorganizar a Eq.9 para ficar na forma de equação de segundo grau.
Multiplicamos ambos os lados por (CA - [H3O+]) e colocamos que [H3O+][H3O+] =
[H3O+]2
K (C − [H O ]) = [H O ]
Fazemos a distributiva:
K C − K [H O ] = [H O ]
[H O ] + K [H O ] − K C =0
−𝑏 ± √𝑏 − 4𝑎𝑐
x=
2𝑎
Neste caso: x será [H O ], b será o valor de (Ka1), c será o valor (–Ka1CA) e a será
1. Devem-se substituir os valores e fazer os cálculos.
41
Vamos calcular e verificar nossas hipóteses.
Utilizando esses valores na Eq.3 temos que [H3X] ≈ 4,41 x 10-3 mol/L
Utilizando esses valores na Eq.4 temos que [HX2-] ≈ 6,32 x 10-8 mol/L
Utilizando esses valores na Eq.5 temos que [X3-] ≈ 5,08 x 10-18 mol/L
Como tudo isso de valores, nós vamos verificar cada uma das hipóteses.
Escrita com valores: 4,41 x 10-3 ≈ 5,60 x 10-3 > 100 x 1,79 x 10-12. Você é um
monstro por sequer pensar em comparar isso. Olha a diferença! Assim sendo nossa H1
está correta.
Escrita com valores: 4,41 x 10-3 ≈ 5,60 x 10-3 > 100 x 2 x 6,32 x 10-8. Nossa H2
está correta.
Escrita com valores: 4,41 x 10-3 ≈ 5,60 x 10-3 > 100 x 3 x 5,08 x 10-18. Sério
mesmo?
Depois disso tudo percebemos que usamos as fórmulas correta e que nossos
valores são concordantes e corretos!
42
Box da Chatice
Por mais que você tenha entendido tudo, você só vai aprender quando pegar um exercício e
fizer sozinho, sem ajuda ou consulta, então, por favor, faça bastante exercícios, pois é a única forma
de aprender essa matéria.
Como você percebeu é algo demorado, mesmo sabendo, leva tempo para escrever, então a
sua prática é muito necessária, pois em provas geralmente não há tempo suficiente, principalmente
se você for devagar igual a mim.
Para explicar melhor eu evitei ao máximo pular etapa e eu também te aconselho a não pular,
pois essa é a forma mais simples de não errar algo.
Esta parte da matéria parece algo fácil, mas na verdade não é. Tenha isso em mente.
43
Capitulo 6: Sal de Ácido Fraco Poliprótico
Esse é nosso último tópico, não tenho história para falar dele, porem tenho
algo muito importante para dizer:
Assim como eu durante a escrita dessa apostila, você ficará de saco cheio ao
fazer essa dedução. Para piorar: você terá que refazer, sozinho e sem ajuda, pelo
menos mais 3 vezes para realmente aprender a fazer sem cometer nenhum erro e sem
ficar em dúvidas sobre o que deve ser feito. #coisachatapara(insira um palavrão)
Entretanto quando isso acontece nós temos a seguinte reação global mais
representativa:
Sabendo disso, eu vou logo tratar como se nós tivéssemos uma mistura em
iguais concentrações, acho que ficará mais fácil de entender.
Obs.: Caso as concentrações não sejam iguais ou a da base seja múltiplo inteiro
da concentração do ácido, teremos uma solução tampão de ácido fraco poliprótico,
cuja dedução não é um dos objetivos dessa apostila.
Parte A: Reações
H3X + H2O ⇌ H2X- + H3O+ A.1
44
Como sempre nas equações de A.1 à A.3 nós temos as várias dissociações do
ácido fraco poliprótico (H3X), na equação A.4 temos a clássica dissociação da base e na
A.5 nós temos a velha e conhecida equação de auto ionização da água.
Uma das formas de nós entendermos o sal é pensarmos que ele desloca o
equilíbrio.
Parte B: BC e BM
BC:
Agora além do H3O+ na parte das cargas positivas, temos o B+, isso fará toda a
diferença como você verá.
BM:
[B+] = CB Eq.2
Como é uma base forte, nós sabemos que a concentração do cátion é igual a
concentração analítica da base.
Assim como em ácido fraco poliprótico, todo o ácido ([H3X]) e suas dissociações
([H2X ], [HX2-] e [X3-]) tem que ser somadas, sendo iguais a concentração analítica do
-
E como todo ácido fraco, ele tem uma expressão de Ka para cada uma de suas
dissociações.
[ ][ ]
K = Eq.4
[ ]
[ ][ ]
K = Eq.5
[ ]
45
[ ][ ]
K = Eq.6
[ ]
[OH ] = Eq. 7
[ ]
Como dito no início deste capítulo, nós já imaginamos que o equilíbrio estará
deslocado de tal forma que [H2X-] seja a espécie predominante, por isso:
CA = [H2X-] Eq. 9
46
Depois substituímos Eq.10 em Eq.1
Agora faremos uma nova hipótese, considerando que mesmo [HX2-] sendo
pequeno, ele é muito maior que a terceira dissociação do ácido ([X3-]). Apesar do
equilíbrio estar deslocado de forma a aumentar as concentrações desses dois termos,
o [HX2-] consegue ser muito maior que o 2[X3-]
Aplicando H3 à Eq.11
[ ]
K =
[ ]
Reorganizando
[ ]
[ H X] = Eq.13
[H O ][HX ]
K =
C
Reorganizando
[ ]
[H3O+] + =
[ ]
+
[ ]
Eq. 15
47
Agora temos de reorganizar isso. No lado esquerdo colocamos o [H3O+] em
evidencia multiplicando e no lado direito colocamos em evidencia dividindo.
[H3O+] (1 + )=[ ]
(C K + Kw)
CA Ka2 + Kw
[H3O+]2 =
CA Ka2 + Kw
[H3O+] = C Eq. 16
1+ K A
a1
Finalmente chegamos a Equação para sal de ácido fraco poliprótico. Existe uma
fórmula para ele com a função p aplicada, entretanto como eu já disse isso só vai servir
para você perder ponto numa prova (não farei por birra com a função p).
Para facilitar a sua e a minha vida, quando for, por exemplo, CA = 0,100 mol/L e
CB = 0,200 mol/L, em vez de a primeira dissociação predominar, será a segunda, então
a fórmula fica:
CA Ka3 + Kw
[H3O+] = C Eq.17
1+ K A
a2
Eu sei que é chato, pois se você veio a esta bela apostila, você veio por
necessidade, mas eu te digo, faça a dedução completa da Eq.17. Você precisa aprender
e depois de tudo que foi falado aqui você tem condições.
Uma dica já foi dada, agora vem à segunda: Você pode multiplicar Eq.3 por 2
para tornar possível o mesmo tipo de substituição feita na dedução da Eq.16
48
Parte D: Contas e Verificação
Considerando que CA = CB = CS = 0,100 mol/L e que Ka1 = 7,11 x 10-3, Ka2 = 6,32 x
10-8 e Ka3 = 4,5 x 10-13 e que Kw = 1,00 x 10-14, utilizando Eq. 16, nós obtemos que:
[H3O+] = 2,05 x 10-5 mol/L
Da Eq.7 temos que [OH-] = 4,88 x 10-10 mol/L
Usando esses valores na Eq.4 temos que [H3X] = 2,88 x 10-4 mol/L
Usando esses valores na Eq.5 temos que [HX2-] = 3,08 x 10-4 mol/L
Usando também esses valores na Eq. 6 temos que [X3-] = 6,76 x 10-12 mol/L
Escrito com valores: 0,1 > 100 x 2,88 x 10-4. Nossa H1 está correta.
Escrito com valores: 0,1 > 100 x (2x 3,08 x 10-4 + 3 x 6,76 x 10-12). Nossa H2 está
correta
Escrito com valores: 0,1 > 100 x 2x 6,76 x 10-12. Nossa H3 está correta!
A partir de todas essas verificações, podemos dizer que usamos a fórmula certa
para esse problema. E eu acredito que a maioria dos seus problemas de Sal de Ácido
Fraco Poliprótico também esteja nesse modelo.
4
Esse ‘’C’’ é de chatice sim, se você percebeu isso desde o início, parabéns!
49
Box da Chatice
Por mais que você tenha entendido tudo, você só vai aprender quando pegar um exercício e
fizer sozinho, sem ajuda ou consulta, então, por favor, faça bastante exercícios, pois é a única forma
de aprender essa matéria.
Como você percebeu é algo demorado, mesmo sabendo, leva tempo para escrever, então a
sua prática é muito necessária, pois em provas geralmente não há tempo suficiente, principalmente
se você for devagar igual a mim.
Para explicar melhor eu evitei ao máximo pular etapa e eu também te aconselho a não pular,
pois essa é a forma mais simples de não errar algo.
Esta parte da matéria parece algo fácil, mas na verdade não é. Tenha isso em mente.
Bibliografia
Skoog, D. A, West, D. M., Holler, F. J., Crouch, S. R. Fundamentos de Química Analítica,
Editora Thomson, tradução da 8ª edição, 2006.
50