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ISSN Eletrénico: 1984-0187 ISSN Impresso: 1518-5648 BNO 6 secsnanntnicnmnantonnn Um olhar reflexivo sobre a Base Nacional Comum de Formacao-BNC-Formacao A reflective look at the National Common Training Base-BNC-Training Una mirada reflexiva a la Base Nacional Comin de Formacién-BNC-Formaci6n ‘Ana Paula Pinheiro! © hetps://orcid.org0000-0003-0700-2327/ Altair Alberto Favero® © https://orcid.org/0000-0002-9187-7283 Resume: O artigo traz olhares sobre os documentos legas, Resolugio n° 2, de I° de julho de 2015; Parecer da BNC-Formacio, de 18 de setembro de 2019: Resolucio do CNEICP n° 02/2019 (BNC-Formacio), que se constiuem nas Diretrizes Curriculares Nacionals para a formagéo inicial em nivel superior nos cursos de licenciatura. Fez-se uso de objetivos exploratério-analticos, pelos quais se propds a analisar e descrever as caracteristicas dos documentos estudados a partir de procedimentos de pesquisa documental e bibliografica, amparada na abordagem qualitativa de natureza bisica. Analisou-se sob a perspectiva da Pedagogia das CCompeténcias e do curricula tendo por base Sacristin (2011), Dourado (2016; 2017), entre outros autores que abordam a presenca da matriz neoliberal nos documentos curriculares legais. Dialogou-se com a formacio docente voltada para a formacio humana trazida na Resolucio n° 2/2015. Abordouse, brevemente, 0 context tem que se configuram a construcio das diretrizes a as concepgdes pedagdgicas que permeiam esta construcio, ou reformulagio curricular. Palavras-chave: Formasio docente, BNC-Formacio. Pedagogia das Competéncias. Abstract: The article takes a look at the legal documents, Resolution No. 2 of July 1, 2015. BNC-Formation Opinion of September 18, 2019, CNE/CP Resolution No. 02/2019 (BNC-Formation), which constitute National curriculum Guidelines for initial training at a higher level in undergraduate courses, exploratory-analytical objectives were used, in which it was proposed to analyze and describe the characteristics of the documents studied from documentary and bibliographic research procedures, supported by the qualitative approach of a basic nature. Analyzing the perspective of Pedagogy of Competencies. from the curriculum Sacristin (201). Dourado (2016: 2017), among other authors who address the neoliberal matrix present in legal curriculum | Doutoranda em Educagio pelo PPGEdu/UPF. Professora do Centro Universitario UNIDEAU — Getilio Vargas- RS. E-mail: anappmuffs@gmail.com ou 86784@upfbr 2 Pés-Doutor em Universidad Autonoma del Estado de Mexico Facultad de Ciencias: Toluca, Estado De México, MX. Professor do PPGEdw/UPF. E-mall: favero@upfbr Olhar de professor, Ponea Grossa, v.25, p, 1-20, ¢-20828068, 2022. Disponivel em Um olhar reflexivo sobre a Base Nacional Comum de Formacéo-BNC-Formacéo. documents. Dialogue with teacher training focused on human training brought in Resolution No. 2/2015. It briefly addresses the context in which the construction of guidelines and the pedagogical concepts that permeate this construction, or curricular reformulation, are configured. Keywords: Teacher training. BNC-Training, Pedagogy of Competencies. Resumen: El articulo orienta la mirada a los documentos legales. Resolucién N° 2 del | de julio de 2015, BNC- Formacién Dictamen del 18 de septiembre de 2019, Resolucion CNE/CP N° 02/2019 (BNC-Formacién). que constituyen Lineamientos Curriculares Nacionales para la formacién inicial a nivel superior en los cursos de Licenciatura, Para ello, se uulizaron objetivos exploratorio-analitcos, en los cuales se propuso analizar y describir las caracteristicas de los documentos estudiados a partir de procedimientos de investigacion documental y bibliograica, apoyados en el enfoque cualtativo de cardcter bisico. Se hizo el andlisis de la perspectiva de la Pedagogia de las Competencias desde el curriculo, a partir de Sacristén (2011). Dourado (2016; 2017), entre otros autores que abordan la matriz neoliberal presente en los documentos curriculares legales. Se dialog con la formacién docente orientada en la formacién humana planteado en fa Resolucién N° 2/2015, De igual forma, se abordo, brevemente, el contexto en el que se configura la construccién de lineamientos y los conceptos pedagégicos que permean esta construccién o reformulacion curricular. Palabras-clave: Formacién de profesores. BNC-Formacién Pedagogia de las Competencias Introdugao Esta pesquisa ampara-se na abordagem qualitativa de natureza bisica com objetivos exploratério-analiticos, pois se propée a analisar € descrever as caracteristicas dos documentos estudados a partir de procedimentos de pesquisa documental ¢ bibliogréfica, lancando olhares aos documentos legais, como a Resolucio n° 02, de 1° de julho de 2015, e a Resolucio n° 02, de 20 de dezembro de 2019, que se trata da Base Nacional Comum de Formacio — (BNC-Formagio). Vislumbra responder a seguinte questio: Que concepcio pedagogica, visio de sujeito, de mundo e de sociedade embasa a construgéo desses documentos legais, orientadores curriculares em ambito nacional, voltados para formacio docente? Parte-se do pressuposto de que as alteracdes curriculares propostas na BNC-Formacio constituem-se em elementos de implementagao de uma proposta advinda da légica mercantil neoliberal, sendo assim, a perspectiva epistemolégica que permeia o olhar € as reflexdes deste estudo € a critica. As premissas tedricas que ancoram o estudo configuram-se na questiio do curriculo como forma de amalgamar os sujeitos, no sentido de confundir os principios a que se propéem, transvestindo as mudancas como garantias de qualidade. O referencial te6rico foi elencado a partir da vertente da teoria critica, fornecendo suporte a formula¢do da questdo problematizadora, escolhas metodologicas, andlise dos resultados e concludes. ‘A problemdtica principal que embasa o estudo trata-se de: A partir da presenca da perspectiva neoliberal, inserida na matriz curricular, por meio da Pedagogia das Competéncias, a qual inviabiliza processos formativos mais amplos. O que se altera com uma formacio docente voltada as competéncias e habilidades? Busca-se desvelar essa perspectiva neoliberal a partir da anélise documental nas diretrizes da BNC-Formacio, comparando com a Resolugio n° 02 de 2015, a qual trazia varios principios formativos, Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em ‘Ana Paula Pinheiro; Altair Alberto Févero tendo, como base, a indissociabilidade entre a teoria € a pritica a praxis, a formagio humana € interdisciplinar, bem como © compromisso social e 0 reconhecimento da relevancia do profissional da educacio. (BRASIL, 2015). Para embasar a arguicio a essa problemitica, tem-se, na pesquisa bibliogrifica, a busca por conceitos teéricos que auxiliam as reflexdes apresentadas. Para tanto, 0 estudo ancora-se em: Bernstein (2003), compreensio da polissemia do termo competéncia; Ramos (2011) e Sacristan (2011), Gomez (201), para tratar da Pedagogia das Competéncias; Dourado (2016, 2017), Dourado; Siqueira Simons (2014) Nussbaum (2014), sobre a formacio docente; Freitas (2002) sobre a desprofissionalizagio; Felipe (2019), para tratar sobre as politicas educacionais; Freire (2015), Masschelei (2021), Moreira e Silva (2001), Silva e Alves Neto (2020), Favero; Centenaro; Santos (2020), que tratam das influéncias da perspectiva neoliberal e sua insercio no contexto da educagio. A anilise documental permeia 0 Parecer da terceira versio da BNC-Formacio, de 18 de setembro de 2019, Resolucdo Conselho Nacional de Educacio/Conselho Pleno - CNE/CP n° 02/2019 (BNC-Formacio) e Parecer CNE/CP n° 22/2019 € a Res. CNE/CP n° 02, de outubro de 2020, Resolugio n° 02, de I* de julho de 2015. Com isso, o objetivo deste estudo é compreender a visio de formagdo docente apresentada nos documentos legais, suas concepcdes de sujeito em formacio e as tendéncias pedagdgicas presentes na BNC — Formagio, que configuram a influéncia da perspectiva neoliberal. Partindo da premissa de que a construcdo curricular é essencialmente politica, sendo assim, © curriculo formativo constitui-se um elemento de poder. Assim posto, o artigo estrutura-se nas seguintes secdes: O olhar sobre a Resolugdo n° 02, de IP de julho de 2015, apresentando seus principais pressupostos quanto 4 formacio docente: © olhar sobre a terceira versio do parecer de 18 de setembro de 2019", a qual culminou na Resolucio n° 2, de dezembro de 2019, BNC-Formagéo ¢ 0 Parecer n® 22, de 07 de novembro de 2019, na terceira seco; ea ultima “Entrecruzamento de olhares sobre o curriculo”, apresentam-se as andlises reflexivas sobre as duas Resolugdes sobre a formagio docente. Finaliza-se com as consideracdes finais a partir das reflexes suscitadas no artigo. © olhar sobre a Resolugio n° 2, de 1° de julho de 2015 Inicia-se a se¢io apresentando 0 periodo histérico referido no texto. Ha de se considerar que © periodo histérico vivido no pais era de construgio de politicas educacionais curriculares, no qual se vinha discutindo e debatendo propostas na busca de uma valorizacio profissional e da construgio de uma base nacional que fosse comum. Isso corrobora com a aprovacio do Plano Nacional de Educagio em 2014, (BRASIL, 2014). Um ano antes da Resolucdo n° 02, de I° de julho de 2015, que se propés a Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em Um olhar reflexivo sobre a Base Nacional Comum de Formacéo-BNC-Formacéo. definir Diretrizes Curriculares Nacionais para a formacio inicial em nivel superior nos cursos de licenciatura. (BRASIL, 2015). Conforme Silva e Alves Neto (2020), as plendrias para construgio da Base Nacional Comum, Curricular - BNCC iniciaram em 2014. Mesmo ano que ocorreu a 2* Conferéncia Nacional pela Educacio (CONAE), de 19 a 23 de novembro de 2014. Os fatos que se sucedem sio 0 | Seminario Interinstitucional para elaboragio da BNC, que reuniu especialistas para compor os envolvidos na elaboracdo da Base, o que aconteceu entre I7 © 19 de junho de 2015, sendo que, a partir desse evento, foi composta a Comissio de especialistas para dar inicio ao proceso de construgdo da BNCC. O préximo episédio da construgao da BNCC aconteceu em 16 de setembro de 2015, quando lizada. De 2 a 15 de dezembro de 2015, conforme Brasil (2020), houve uma mobilizagdo das escolas brasileiras para a discussio do documento preliminar da BNCC. De acordo. a I? versio foi disponi com Silva ¢ Alves Neto (2020): "Em 13 de fevereiro de 2017, 0 Governo promulga a Lei n° 13.415 que consolida a proposta da Medida Provisoria ~ MP, n° 746 de 2016." Ademais, ocorreu a mudanca dos responsiveis iniciais escolhidos para o trabalho com a BNCC. De acordo com Favero, Centenaro ¢ Santos (2020, p. 2): “A tereeira versio da BNCC adotou como fio condutor a pedagogia das competéncias, defendidas pelos integrantes do Ministério da Educacio entre 2016 e 2018." Iniciou-se ‘a imersio na Pedagogia das Competéncias. © foco desta seco € direcionar os olhares para Resolucio n° 02, de 1° de julho de 2015, & buscar, na sua narrativa, a concep¢io pedagégica de sujeito a ser formado e para qual contexto. A partir disso, analisou-se, no documento, a forte presenca de principios da base de uma formagao humana: a proposta de uma formagdo tedrica, s6lida e interdisciplinar, seguindo pela consolidacao da relagio teoria e pritica, por meio do trabalho de forma coletiva, envolvendo todas as areas do conhecimento. Alem disso, cabe destacar que a Resolugio n° 02/2015 trazia a compreensio da agio educativa como um processo que é pedagogico e intencional, o qual envolve métodos, conhecimentos especificos € valores éticos, politicos, estéticos que perpassam pelo ensinar e aprender, trazendo também uma Perspectiva embasada no didlogo como premissa para a construcdo das identidades socioculturais, para alm da orientagio para o mundo do trabalho. (BRASIL, 2015, p. 02). Outro ponto fundamental que a Resolucdo n° 02/2015 aborda é no que tange aos aspectos voltados aos direitos humanos, quando destaca, conforme Brasil (2015, p. 2): “Considerando que a educagio em e para os direitos humanos é um direito fundamental constituindo uma parte do direito a educacdo ¢, também, uma mediacdo para efetivar © conjunto dos direitos humanos reconhecidos pelo Estado brasileiro”. A Resolucio traz a premissa do fortalecimento da democracia, da valorizacio do profissional do magistério, que so garantidos por meio dos direitos legais. Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em ‘Ana Paula Pinheiro; Altair Alberto Févero Nesse viés, é preciso considerar a relacdo entre a aplicagio da lei, no contexto real, a partir dos sujeitos envolvidos e que fazem as leis tornarem-se ages. De acordo com Dourado (2017, p. 46), “aprender que as imbricacdes entre a realidade social dinémica ¢ os atores sociais sio permeadas por categorias analiticas (teérico-conceituais) e procedimentos politicos (fins visados),” Com isso, compreende-se que a efetivacio de uma lei depende das acdes de seus sujeltos socials, bem como existem outros fatores que podem afetar a efetivagio ou nfo de uma lel. O referido autor afirma ainda que a “materializacio [de uma Lei] se efetiva na interseccio entre regulamentacio, regulagio © agio politica, marcados por disputas que traduzem os embates histéricos entre as classes socials e, [.] 08 limites estruturais que demarcam as relacdes sociais capitalistas”. (DOURADO, 2017, p. 46). ‘A concepeio pedagégica apresentada no texto da Resolucio n° 02/2015 traz elementos de uma formagao humana, voltada para a perspectiva dialética, reforcada com a presenca de varios termos como: 0 coletivo, ainterdisciplinaridade, a democracia, a praxis, os direitos humanos, o contexto social ‘A partir desses elementos, tem-se que a percepcdo formativa no busca apenas formar sujeitos competentes para um fazer especifico, mas formar pessoas humanas capazes de construir um mundo melhor para todos. Embora a Resolucio n° 02/2015 ainda estivesse em fase de implementacio legal nas instituices de ensino superior no Brasil, as mudancas curriculares advindas da BNCC também chegaram nesse nivel de ensino, ou seja, de 2017 2 2018, alterou-se 0 curriculo do ensino fundamental ¢ ensino médio, dessa forma, mudando a Educagio Bisica obrigatéria no pais. Em 2019, tem-se alterages na legislagio de formagio dos professores para que a formasio ficasse alinhada a proposta da Pedagogia das Competéncias, que é apresentada pela BNCC e reforgada na BNC-Formagio. Com isso, esquece-se a Resolugéo 02/2015 e passa-se a ter uma base formativa a partir do que se deve ensinar 20 nivel que 0 curso de licenciatura destina, Deixa-se a perspectiva da formacdo do formador, para a preparagdo para ser o formador a partir do que se deve ensinar €0 que se encontra descrito na BNC. © olhar sobre a Resolucio n® 2 de 2019, BNC-Formacio A partir dos cendtios vividos no recorte temporal de 2015 a 2020, a BNC-Formagio surge de forma aligeirada, pois, em 2017, tem-se a BNCC para o Ensino Fundamental; em 2018, a BNCC para © Ensino Médio e, na sequéncia, em 2019, a BNC-Formagio é aprovada sem que ocorresse um estudos @ debates nas academias sobre a nova matriz curricular destinada a formacao inicial de docentes no Brasil. Segundo Pinheiro € Agostini (2022, p. 30): “A proposta da Base Nacional Comum Formagio, destinada aos alunos das licenciaturas apresentou-se em trés versdes, das quais duas possuem livre acesso, sendo a segunda versio preliminar e a tiltima versio a aprovada”. As autoras também tratam da trajetéria da BNC-Formagio e deixam claro: Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em Um olhar reflexivo sobre a Base Nacional Comum de Formacéo-BNC-Formacéo. No entanto, antes da tiltima versio ser aprovada, ela recebeu um parecer de 18 de setembro de 2019, o qual trouxe a descricio de varios argumentos [.] da necessidade de uma nova Base Nacional Comum para a Formagio Inical e Continuada de Professores da Educagio Basica. (PINHEIRO; AGOSTINI, 2022, p. 30) Interessante para as anélises deste estudo € que, primeiro, fol necessiria uma série de justificativas para alteragdo da Resolugio 02/2015, pois, de fato, ela ainda se encontrava em processo de implementagio nas instituigSes de ensino superior, quando surge uma nova Resolucio para regular ‘a Formagio Docente no pais. Para comecar a olhar para a Resolucéo n° 02 de 2019, miditatizada como BNC-Formacio, & preciso observar a partir de algumas lentes e contextos histdricos. Para tal, toma-se uma explicagio a partir da légica social’ (BERNSTEIN, 2003), sobre o termo competéncia, faz-se necessiria ¢ tem-se em Bernstein (2003, p. 78): Lantincio de uma democracia universal de aquisi¢io. Todos os sujeitos sfo intrinsecamente competentes © todos possuem procedimentos em comum. Nao ‘existem deficits: 2. que 0 sujeito 6 ative criativo na construcio de um mundo valido de significados e pratica. Aqui ha diferengas. porém nao déficits. 3. énfase no sujeito ‘apaz de se autorregular, o que é um desenvolvimento positvo. A instrucio formal nfo promove outro avango ou expansio além desse. 4, visio critica, cética, das relagSes hierarquicas. Isto € continuacio do ponto (3), pois, de acordo com algumas teorias, a fungio dos sociaizadores nao deve ir alem da facilitagio, acomodacio © controle do contexto. As teorias sobre competéncia tém um tom emancipatério. [.-] 5. mudanca da perspectiva temporal para o tempo presente. O tempo apropriado procede do ponto de realizagio da competéncia, uma vez que & esse ponto que revela © passado e prenuncia 0 futuro, As cinco caracteristicas que sio trazidas por Bernstein (2003) fazem pensar sobre o efeito social do emprego de um termo, fornecendo a ilusio que se trata de algo extremamente benéfico, porém, ha um idealismo no termo “competénci "Ou seja, ndo se € competente em alguma coisa, mas com muito esforco poderd ser, dependendo da autorregulacio do sujeito, do seu esforco. Essa questio na area da Educacio é perigosa, pois retira do poder piiblico a sua responsabilidade de dever com as desigualdades de oportunidades e generalizacdo da oferta de uma democracia universal de aquisicdo. Recai, assim, sobre o individuo buscar adquirir, desenvolver, construir suas competéncias, recaindo sobre © préprio individuo a culpa de seu fracasso ou sucesso, Todavia, as diversidades de oportunidades de cada sujeito nio so consideradas, Portanto, as teorias sobre competéncias possuem, aparentemente, um cardter emancipatério, positivista, mas que desconsideram fatores humanos de uma sociedade complexa ¢ desigual. 3 Por légica social, Bernstein (2003) refere-se ao modelo implicito do social, © da comunicagio, da interacio e do sujeto inerente ao conceito. Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em ‘Ana Paula Pinheiro; Altair Alberto Févero De acordo com as cié cognitivas, o termo competéncia surge com uma marea fortemente psicolégica para interrogar e ordenar priticas socials. Ramos (2011) elucida o que os pesquisadores como Cabillaud et al. (1997) pensam sobre a inser¢éo do imperativo da mobilizagéo de competéncias que faria desta um modelo de qualificacio mais adaptivel ao sistema sociotécnico requerido pelo mercado econémico do século XXI. Sendo assim, a qualificacio € compreendida cada vez mais como uma construcio dinamica da sociedade que deve estar atrelada as trés dimensGes: social, conceitual e experimental e nunca isolada em uma delas. Depende, sobretudo, das condicdes objetivas e subjetivas dos sujeitos que fazem parte do proceso, De acordo com Ramos (2011, p. 54): A qualificagio individual €, ao mesmo tempo, pressuposto e resultado de um processo de qualifcacio coletiva, processo este dado pelas condicées na organizacio da produgio social. O grau de complexidade em que se expressa a qualificagao individual depende das possibilidades de potenciagio dos tipos de trabalho conhecidos na sociedade. E por esse motivo que a qualificagdo do trabalhador néo pode ser considerada somente a efetivagdo pratica das competéncias individuals, Com isso, as competéncias individuais sozinhas néo constituem objetos a serem analisados sem © contexto a complexidade das relagdes sociais, da formacao humana. Neste sentido, é importante trazer a reflexdo realizada por Sacristin (201 I, p. 8): “causa certa perplexidade a faclidade com que se péem em circulagfo linguagens e metaforas que nos levam a denominar de forma aparentemente nova aquilo que, até entio, reconheceriamos de outra forma.” Destaca-se, conforme a compreensio aqui adotada que 0 termo competéncia nao é algo novo discutido e apresentado no campo da Educacik mas surge com outra roupagem forjada por determinados interesses. De acordo com Sacristan (2011, p. 8), “a linguagem que escolhemos na educagdo nunca € neutra, porque com ela compreendemos a realidade educacional de uma forma ou de outra, adotamos um ponto de vista”, € por meio da linguagem que se destacam determinados problemas ¢ tomam-se determinadas atitudes, posicionamentos em determinadas situagdes e contextos. A partir da década de 80 e coma globalizacio, surgiram demandas de um mercado econémico, que se torna 0 eixo das aces, o qual busca regularizar os demais aspectos da sociedade, dentre eles, a educacio. Passava, assim, a girar em torno das competéncias necessérias para destinar ocupacdes ao mercado econémico. Tem-se ideas como flexibilizagio da produgio e a reorganizacio das ocupacées a partir das multifuncionalidades dos sujeitos que devem estar preparados © possuirem as caracteristicas que o mercado necessita. Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em Um olhar reflexivo sobre a Base Nacional Comum de Formacéo-BNC-Formacéo. Os professores dos Institutos Federais', que vém realizando um debate significative de andlise da BNC-Formagio, partem de discusses dos arquivos: da primeira versio da base formacio e do terceiro parecer que traz um relatério minucioso que veio a ser a ultima versio aprovada e publicada em 20 de dezembro de 2019. Antecedentemente 20 documento, no més de setembro de 2019, divulgou-se a terceira versio do Parecer das Diretrizes Curriculares e Base Nacional Comum Curricular para Formagio Inicial e Continuada de Professores da Educacio Bisica. Esse Parecer realizou uma revisio ¢ atualiza¢o da Resolucio do Conselho Nacional de Educacdo/Conselho Pleno (CNEJCP) n° 02/2015, criando um documento tinico para todas as licenciaturas. © Parecer de 18 de setembro de 2019 apresenta um conjunto de justificativas para a instauracio da BNC- Formagio e traz elementos importantes que foram simplificados na versio publicada, sendo alguns bem direcionados as perspectivas de demandas e de justficativa de mercado e de comparacdes com outros paises. O terceiro Parecer que antecedeu a BNC- Formacio apresentou dados como: Histérico das Politicas da formagio e valorizagio do professor, indicadores de aprencizagem das criangas e uma correlagio com a formacio docente no Brasil, justificando os dados com cruzamento de dados das avaliagdes em larga escala no periodo de 2007 a 2017, abordando também os estudos da Organizagio para a Cooperagio e Desenvolvimento Econémico (OCDE), atrelando “a qualidade dos professores e do ensino ministrado é 0 fator mais importante para explicar o desempenho dos alunos” (BRASIL, 2019a, p. 7 ). No que se refere a0 Brasil, documento apresenta estudos de autores brasileiros para abordar a precariedade da formacio inicial do professor no Brasil, apontando os curriculos formativos € trazendo pesquisas realizadas por Gatti etal (2019) O texto base do parecer de 18 de setembro de 2019 traz: Quadro | - Argumentos que lustifeam a implantaio da BNC-Formagio a) no se voltam |b) no observam | c) cém uma caracteristca | é) nos cursos de Pedagogia quase para questdes | relages ——_efetivas | fragmentaria no se encontra aprofundamento ligadas 20 campo da | entre teoria e pritica dos conteudos que devem ser pratica profissional ensinados na escola, enquanto nos demais cursos de licenciatura prevalecem os conhecimentos da rea discipliar especializada, em geral, totalmente desarticulados do ensino desses conteudos e do estudo dos fundammentos pedagégicos da acio docente. 4 IF Baiano realiza | Seminério Online de Formacdo de Professores. https:/ifealano.edu.br/portal/bloglf-baiano- realiza-i-seminario-online-de-formacao-de-professores! Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em ‘Ana Paula Pinheiro; Altair Alberto Févero ‘e) sio poucas os | f) os estigios constam | g) segundo os prdprios cursos que | das propostas | alunos de licenciatura, o promovem curriculares sem | cursos, em geral, sic aprofundamento da | planejamento e sem | dados em grande parte formacio ra | vinculacéo clara com | com suporte em ‘educagio infantil e | as escolas € com os | apostilis, resumos ¢ no ciclo da | sistemas escolares, | c6pias de trechos ou alfabetizagio sem explicitar as suas | capitulos de livros, formas de realizagio |fieando evidente 3 superviso. pauperizacio dos conhecimentos oferecidos. Fonte: Extraido do Parecer de 18/09/2019, (BRASIL, 2019a, p. 7), terceira versio da proposta que culminou © documento segue com a apresentacio de varios dados, percentuais que indicam a precariedade da Formacio Docente no Brasil, traz dados da OCDE, do IBGE, do PISA. Ao trazer dados do IBGE, aponta para o fator que os/as alunos/as ingressam nas licenciaturas com deficiéncia do Ensino Bisico, 0 documento também traz estudos do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID) de 2018, dados de um estudo encaminhado pelo setor privado que, cada vez mais, adentra © campo da Educacio. Embasando-se no que € trazido na justificativa do quadro |, que a formacio docente até entio possuia uma caracteristica fragmentaria, percebe-se a discursiva de que a nova proposta passa a largos passos dessa perspectiva, mas 0 que se considera € que, na Resolugio n° 02 de julho de 2015 abria-se um leque de possibilidades para o trabalho interdisciplinar, ou seja, jd fazia parte dos principios da resolugao que ainda nao havia sido aplicada na sua integra, mas que, como toda politica educacional, exige recursos financeiros que a respaldam, © parecer traz também uma visio sobre os referencias docentes que sio apresentados em trés dimensGes, as quais so mantidas na Resolucdo n° 02/2019, sendo: a) do conhecimento sobre como os alunos aprendem em diferentes contextos educacionais e socioculturais; b) saberes especificos das dreas do conhecimento ¢ dos objetivos de aprendizagem (atrelado ao curriculo vigente); ©) © 08 conhecimentos pedagégicos sobre a relacdo entre docente e discente, bem como trata de processo de ensino aprendizagem, trazendo, nessa dimensio, o desenvolvimento integrado de competéncias cognitivas € socioemocionais. (BRASIL, 2019c) Percebe-se a presenca forte do que os futuros docentes devem saber para poder ensinar € 0 alinhamento a BNC. Mas, com relagio a formagéo humana, filos6fica, social, critica € cultural da docéncia, bem como a identidade do docente pesquisador no aparecem com relevancia. © foco é na formagao do aluno a ser ensinado, esquecendo- se que o docente é um profissional em formacio, As anélises do Parecer de 18 de setembro de 2019, antecedem o Parecer n° 22, de 7 de novembro de 2019, que foi homologado pela Portaria n® 2.167, publicada no Diario Oficial da Unio, de 20 de dezembro de 2019, assim tem-se a Resolugio CNE/CP n° 2, de 20 de dezembro de 2019, Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em Um olhar reflexivo sobre a Base Nacional Comum de Formacéo-BNC-Formacéo. que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formacio Inicial de Professores para a Educagio Basica e institui a Base Nacional Comum para a Formagao Inicial de Professores da Educacao Bésica (BNC-Formacio), que se configura com a versio do terceiro parecer de 2019, De acordo com Pinheiro e Agostini (2022, p. 31): Um aspecto a destacar na andlise deste documento € que se 2 BNC traz dex competéncias gerais que dever ser trabalhadas com estudantes, bem como a BNC - Formacio que também apresenta dez competéncias gerais a serem trabalhadas com fs futuros docentes e as competéncias especificas, intituladas competéncias profissionals. as quals encontram-se em trés grandes etxos, sendot a) Conhecimento Profissional, b) Prética Profissional,c) Engajamento Profissional ‘As autoras apresentam anilise sobre © alinhamento entre a BNCC € a BNC-Formacio, principal objetivo da Resolucéo n° 02/2019, bem como a configuragdo de todas as aprendizagens € conhecimentos serem organizados a partir de competéncias. Freitas (2002, p. 148) traz o termo “desprofissionalizagio” e pode-se atrelar esse termo a proposta trazida na BNC-Formagéo de 2019, a qual tem, em seu parecer n° 18 € na versio final da Resolugio CNE/CP n° 02/2019, a afirmagio da valorizacio profissional como principio, mas que se transfigura no contrério. A autora faz uso do termo desprofissionalizagdo em suas anélises, realizadas em 2002, mas se percebe, atualmente, na BNC-Formacio (2019) a presenga de uma mesma logica trazida na década de noventa, 6 com toques de aperfeicoamento e de certa forma vestida de “neo”. Conforme Felipe (2021, p. 01), as duas diretrizes propostas para formacio docente, a de 2002 € a de 2019, trazem trés grandes pilares que apontam para a desprofissionalizacio, sendo que se considera, para este artigo, o principal: “competéncias como fio condutor do curriculo € da avaliagéo, elas quais se busca alinhar os conhecimentos € as priticas profissionais dos professores a padrdes externamente estabelecidos” (FELIPE, 2021, 01). Com esse alinhamento que busca a padronizacéo, tem-se 0 que legitima a presenca da Pedagogia das Competéncias a serem desenvolvidas no contexto educativo brasileiro Para compreender um pouco sobre a origem dessa Pedagogia das Competéncias é importante entender que 0 conceito de competéncia relaciona-se com a ideia de conhecimento pritico, voltada a0 fazer, a aplicagio imediata, ou rapida. O que no processo de formacdo humana em situagdes formativas ndo pode ser visualizado de forma imediata, sendo assim, a forma condutiva com que se apresenta a formagio por competéncias retira toda complexidade da estrutura interna das competéncias que € apresentada aqui na visio de Gémez (2011, p. 84), quando realca o que seria competéncia como: “o conjunto de atributos mentais que sustentam a capacidade e a vontade de aco dos sujeitos humanos nas diferentes situagdes ¢ contextos, com uma forte orientagéo ética.” Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em ‘Ana Paula Pinheiro; Altair Alberto Févero Para melhor compreensio das interpretagdes apresentadas neste texto, faz-se necessirio relatar quais sio as prioridades educacionais da OCDE (2006), que sio apresentadas no documento: Definigfo ¢ Selegio de Competéncias: Fundacdes Teéricas ¢ Conceptual - DeSeCo. Elas sto apresentadas no quadro a seguir, que enfoca as trés competéncias fundamentais ou chaves. Quadro 2: As prioridades educacionais da OCDE apresentadas por Gomés (2011) ‘Competéncia-chave | ‘Competéncia-chave 2 ‘Competéncia-chave 3 Competéncia para__uttilizar | Competéncia para funcionar em | Competéncia para agir de forma Interativamente e de forma eficaz | grupos sociais cada vez mais | auténoma. O que significa tanto o as ferramentas e instrumentos de | complexos e heterogéneos, O | desenvolvimento da _prépria todo 0 tipo, que a sociedade da | foco esta na interagio com o | identidade pessoal, quanto o informagio requer. desde | outro, com os outros diferentes. | exercicio de autonomia relativa ¢ linguagens até conhecimentos | Os seres_humanos dependem|com critérios préprios no (cédigos. simbolos, textos. | sempre dos lacos sociais que | momento de interpretar, decidir, informagio. conhecimento, | estabelecem com os demats, | escolher e atuar em cada contexto, plataformas tecnolégicas...) para | préximos ou distantes, por isso, ¢ | Essa complexa. competéncia compreender e se localizar no | preciso saber e querer conviver e | requer: capacidade e vontade para territério social, econémico, | atuar em diferentes grupos | defender e afirmar os préprios politico, cultural, artistico e | humanos com maior ou menor | interesses e direitos, assumir as pessoal. Utlizar uma ferramenta de | grau de heterogeneidade. Isso | responsabllidades derivadas da forma interativa e eficaz supdes nio | implica se relacionar bem com os | liberdade e compreender as apenas a familiaridade eo dominio | demais, saber © querer | possibilidades e limites das préprias, da-mesma como também a] compreender © cooperar, bem | atividades: e capacidade e vontade compreensio de seu carter | como capacidade e vontade para | para formar e desenvolver os instrumental e contingente a um | resolver com empatia e de forma | préprios projetos de vids que contexto a uma épocae por sua | pactica € — democratica os | incluem © ambito pessoal, social e vez entender que as ferramentas. as | inevitivels confltos da vida social. | profsstonal. medigdes, mudam a maneira como vemos e nos relacionamos com o mundo e a perspectiva a partir da qual 0 contemplamos. Os Instruments eas mediagdes simblieas compem a cultura da humanidade, Sao construidos por nés e ao mesmo tempo nos constroem, Fonte: Organtzado a partir Gamez (2011, p. 91-92), o qual apresenta as prioridades educacionais da OCDE (2006). ‘A Pedagogia das Competéncias longe de ser uma proposta ingénua, almeja induzir, na reforma curricular, as mudancas do ser € agit dos sujeitos. Tem-se que © curriculo escolar constitul as mais variadas formas de relacSes subjetivas de poder. Com isso, € importante ter em mente que o curriculo escolar vem sendo debatido ao longo dos anos da existéncia da escola, sendo inegivel a sua importincia € significancia para a formacio dos sujeitos que passam pela Educagio Basica. Além disso, a discussio sobre curriculo também perpassa pelos bancos académicos, porquanto a formagio para docéncia Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em Um olhar reflexivo sobre a Base Nacional Comum de Formacéo-BNC-Formacéo. pensada a partir das areas de conhecimento que sio trabalhadas na Educacio Basica e, a partir de agora, com a BNC-Formagio, considerando competéncias e habilidades. Freire (1996) traz que a ideologia fatalista é imobilizante e anima o discurso neoliberal, 0 qual se encontra presente em varios contextos educacionais ¢ faz parte do discurso de garantia da qualidade. Esse discurso, com ares de pos-modernidade, i ce em tentar convencer que nada se pode fazer contra a realidade social que, de historica e cultural, passa a ser ou a virar “quase natural”. Frases como “a realidade ¢ assim mesmo, que podemos fazer?” ou “o desemprego no mundo é uma fatalidade do fim do século” expressam bem o fatalismo dessa ideologia e sua indiscutivel vontade imobilizadora. Do ponto de vista de tal ideologia, sé ha uma saida para a pritica educativa: a de adaptar o educando a essa realidade que ndo pode ser mudada, na qual se precisa, por isso mesmo, € 0 treino técnico indispensavel a adaptacio do educando 4 sua sobrevivéncia. ABNC- Formacio surge como prescricéo de competéncias a serem desenvolvidas nos futuros professores e tem, como foco principal, a garantia de que a BNC serd aplicada na educacio basica, De acordo com o Parecer CNE/CP n° 22/2019, “os professores devem desenvolver competéncias profissionais que os qualifiquem para colocar em pritica as dez competéncias gerais, bem como as aprendizagens essenciais previstas na BNCC” (BRASIL, 2019b, p.1). Na mesma diego, a Let n° 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, que altera a letra da lei da LDB 1996, na insergio do pardgrafo 8, no Artigo 62, 0 qual dispde que “os curriculos dos cursos da formacio de docentes terio por referéncia a Base Nacional Comum Curricular”, (BRASIL, 2019¢, p. 2), ou seja, tudo passa a ser a partir do que a BNCC prescreve para ser trabalhado. Percebe-se que todas essas reformas curriculares, que se iniciaram com um viés voltado para formagio humanizadora em 2014, recebem outros direcionamentos que so voltados para uma logica da formacao por competéncias, acentuando-se em 2016, pelo contexto politico vivido no pais, Também se vislumbra que, de 2017 2 2019, ocorreu, a toque de caixa, toda reformulago curricular da educagao bisica € da formacio docente, discusses de longa data acabam por culminar na implementagio da Pedagogia das competéncias abrangendo a educagao brasileira como um todo. Entrecruzando 0s olhares com o curriculo ‘A faldcia discursiva ancorada no termo competéncia com garantia de qualidade na educacio vem adentrando de forma paulatina e subjetiva no contexto educacional. Sabe-se que o curriculo constitul elemento de poder e induz concepgées € procedimentos de formacio. Muito embora, compreende-se que a materializacio do curriculo perpassa pelas aces dos sujeltos que fazem parte das priticas reais, bem como das leituras, interpretacdes que estes fazem dos enunciados propostos, Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em ‘Ana Paula Pinheiro; Altair Alberto Févero sabe-se que as praticas discursivas sio virulentas ¢ sé por meio de uma formacio critica, sdlida, embasada na praxis e no pensamento reflexivo que se pode contra-argumentar ao que se considera invidvel a sua realidade. Segundo Moreira ¢ Silva (2001, p. 8): O curriculo no é um elemento inocente e neutro de transmissio desinteressada do conhecimento social. O curriculo esta implicado em relagdes de poder. 0 curriculo ‘transmite visbes sociais particulares e interessadas, o curriculo produz identidades individuais e sociais particulares. O curriculo no € um elemento transcendente acemporal - ele tem uma histéria, vinculadas a formas especiicas e contingentes de organizacdo da sociedade e da educacio. Assim, Moreira e Silva (2001) apontam o curriculo como um terreno de produgio e de politica cultural, no qual se configuram matéria-prima de criagio, recria¢io ¢, sobretudo, de contestacio, transgressio, de contradi¢ao, mas também de aceitagio e de passividade. Os referidos autores também explicam que no existe uma visio tnica de curriculo, “na concepgio critica, nio existe uma cultura da sociedade, unitiria, homogénea e universalmente aceita e praticada e, por isso, digna de ser transmitida as futuras geragdes através do curriculo.” E complementam: “que a cultura é vista menos como uma coisa e mais como um campo e terreno de luta, no qual se enfrentam diferentes conflitantes concepgdes da vida social.” (MOREIRA E SILVA (2001, p. 27) Sendo assim, correto que ambos os curriculos devem estar interligados (Educacio Basica e Formagio docente), pols uma boa formacéo docente no Ensino Superior colabora para uma boa Educagio Basica aos jovens estudantes. Contudo, fundamentar a formacio do docente somente nos aspectos de interligacéo entre 0 que se deve ensinar, € como ensinar, € um equivoco formative, O futuro docente nio é apenas um desenvolvedor de competéncias nos estudantes. Arroyo (2007, p. 17) traz postulagdes de que “durante as iiltimas décadas, o curriculo tem sido central nos debates da ‘academia, da teoria pedagégica, da formacio docente e pedagégica.” Ou seja, as mudancas jd eram pensadas a partir de uma perspectiva humanizadora de curriculo. Havia um clima de construcio ressignificagao curricular que caminhava para um desvelar de novas perspectivas para Educacao Basica, inclusive, com a proposta de uma Base, mas com vies diferente do que se configurou no final de 2017 com a BNCC ¢, em 2019/2020, com a BNC- Formacio. ‘As alteracdes advindas da BNCC interferem na formacio docente que ocorre nas universidades, nos cursos de licenciaturas e na formacio continuada de professores/as em servico. O curriculo delineia relagdes de poder, que se expressam nas estratégias metodolégicas utilizadas para o processo de ensino e aprendizagem, isto é, uma formagio humanista pautard sobre viés participativo, de colaboragio entre os sujeitos e de seus processos, nos quais 0 fim nao € 0 propésito a ser alcangado (suposta competéncia), mas a compreensio de que sempre é possivel aprender. Ademais, uma formagao voltada para o desenvolvimento de competéncias e habilidades tem fungio especifica e acaba Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em Um olhar reflexivo sobre a Base Nacional Comum de Formacéo-BNC-Formacéo. desconsiderando 0 processo, porque foca no fim em si mesma, ou seja, o desenvolvimento ou niio de uma competéncia. © termo competéncia ganhou um novo significado a partir do entendimento do mercado, dos aspectos psicoldgicos, no sentido de que esta a servigo do mercado, tornando-se 0 eixo de todos os processos. A partir da década de 80, configuram-se novas especificidades ao mundo do trabalho, como a flexibilizagio da produglo, a reorganizacio das ocupagées a partir das ideias de multifuncionalidades € a polivaléncia, devendo serem caracteristicas dos trabalhadores para 0 novo mercado. (RAMOS, 2011), O desenvolvimento de competincias praticas nos trabalhadores, atrelado a flexibilizagio das regras de acesso e permanéncia no mercado de trabalho constituem 0 novo conceito de competéncia, no qual o sujeito deve ser empreendedor de si mesmo. Entram entio no campo formative as questdes de que a capacidade potencial do trabalhador no sentido de poder fazer sobrepde-se a uma formagio real voltada para a sua subjetividade, pensamento critico mais amplo, pois deve formar-se voltado as necessidades do mercado de trabalho. Nessa perspectiva formativa, deixa-se de lado, segundo Ramos (2011, p. 39), “qualificagio humana como proceso através do qual as subjetividades individuais ¢ coletivas se enriquecem, apropriando-se das forcas sociais existentes e dos conflitos, estimuladas pela busca de superagio de desigualdades exigidas pelas necessidades historicas de desenvolvimento.” Ramos (2011) traz a qualificacio como relacio social, atentando para outro viés do termo, 0 qual ela apresenta em propésitos que diferem do que a Pedagogia das Competéncias busca qualificar. Quadro 2: Propésitos para o debate sobre uma qualificasio como relagio social Propésito |_| Reordenar. conceitualmente. a compreensio da relagdo trabalho-educagio, desviando 0 foco dos empregos. das ocupacaes e das tarefas para o trabalhador em suas implicacées subjetivas com 0 trabalho: Propésito 2 | Institucionalizar novas formas de educarlformar os trabalhadores e de gerit 0 trabalho internamente as organizagées e no mercado de trabalho em geral, sob novos codigos. profissionais que configuram as relagées contratuals, de carreira e de salério: Propésito 3. | Formular padres de identticagio da capacidade real do trabalhador para determinada cocupacio, de tal modo que possa haver mobilidade entre as diversas estruturas de emprego em nivel nacional e em nivel regional (como entre os paises da Uniao Europeia e do Mercostl) Fonte: Ramos (201, p. 39) Ramos (2011) pontua, a partir dos trés propésitos, a estreita relagio que a proposta neoliberal estabelece com © contexto educacional, cabendo ressaltar que a proposta do padrio do trabalhador, no caso do docente a ser formado, nao tem nada de novo, trata-se de uma estratégia resgatada, Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em ‘Ana Paula Pinheiro; Altair Alberto Févero A proposta de padronizagio curricular surge com medidas de convergéncia entre sistemas educacionais, © que se torna complexo em meio a tanta desigualdade social e cultural € a0 mesmo tempo em um pais tio diverso culturalmente. Sacristin (201, p. 9) ressalta que “o movimento das competéncias é um chamado para que observemos os rendimentos do ensino ¢ 0s apliquemos. De que forma? Sio os professores que estdo por tris da hipotética falta de qualidade rumo 4 qualidade.” A mudanga curricular para uma base comum auxilia 0 processo das avaliagdes externas dos sistemas de ensino, interessa as instituigdes internacionais que avaliam os paises por avaliagSes em larga escala, cujo foco principal encontra-se no desenvolvimento econémico. Conforme Silva (2003, p. 29): “A histéria da escola e do curriculo tém evidenciado 0 quanto sua organizagio tem se pautado por mecanismos de controle que visam A adaptacio que igualmente tém como resultado uma formagio de cardter mecanicista ¢ instrumental.” Isso é configurado na histéria do pais pelas tendéncias liberais que dominaram por um longo periodo a Educagao Basica. Com a homologagio da Lei n° 5.692/71, o Ensino Médio, na época também chamado de 2° Grau, deveria possuir fins de formagio profissionalizante, expressando a ideologia de que a dada parcela da populagio cabia encerrar seus estudos, em nivel médio, e ser inserida no mercado de trabalho. Com isso, percebe-se as relagdes de poder presentes no curriculo formativo direcionando os jovens a uma profissio e encerrando sua formagio no nivel médio. Trata-se, portanto, de uma semiformagio cultural e estritamente técnica para uma ocupacio. Silva (2003, p. 31) corrobora com essa anilise quando afirma: Tomando por referéneia os eseritos da Teoria Critica da Sociedade, conforme Horkheimer, Adorno e Marcuse, a educacio no capitalismo, ao tomar como referéncia predominance trabalho na sua forma. mereadoria, circunscreve processos de uma semiformacio cultural, e impée limites 4 formagio para a autorrefiexio critica. A cultura converte-se em instrumento de adaptagio, que tem ‘como consequéncia a dominagio. O tipo de conhecimento trabalhado pode ou nao desalienar os sujeitos, sendo assim, curriculo 6 uma forma de poder, a falta ou a pequenez dele pode levar a semiformacio cultural. A acomodagio do oprimido e a sua condigio de dominagio perpassa pela formacio sem autorreflexio critica. A perpetuacio de uma ideologia hegemdnica perpassa pelo convencimento ideolégico dos sujeitos, que se configura em sua maxima quando a doxa naturaliza-se nos individuos. Assim, a contra hegemonia so Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em Um olhar reflexivo sobre a Base Nacional Comum de Formacéo-BNC-Formacéo. pode ser realizada por meio da desnaturalizacio dos conceitos dogmaticamente instituidos. Ainda para Silva (2003, p. 59): (© curriculo nio se reduz a definigéo das intencdes da formacio que se explicita em uum certo modo de planejar as ages educativas. O curriculo comporta pelo menos ‘rs dimensdes: uma dimensio prescritiva, na qual se formalizam as intencdes © os contetidos da formacio; uma dimensio real, na qual 0 curriculo prescrito ganha materialidade por meio das praticas colocadas em curso nos momentos da formacio: ainda a dimensio do curriculo oculto, que emerge das relacdes entre educandos & ‘educadores nos momentos formais e informais dos inuimeros encontros nos quals, trocam ideas, valores, etc..e que também convertem-se em conteudo da formagio. mesmo que ndo se houvesse explicitado sua intencionalidade. Curriculo é um todo complexo que movimenta uma escola, a qual possui suas especificidades, pois, como afirma Freire (2015): “Escola é sobretudo, gente”, e gente diferente, diversamente diferente, em um pais multicultural, no qual a configuracio para o desenvolvimento de competéncias & habilidades tenta moldar. Entretanto, as agdes realizadas a partir do que se propde na BNCC sio diversas em cada realidade, em cada contexto educacional do Brasil e a mensuracio por meio das avaliagdes em larga escala ndo conseguem auferir essas variaveis. De acordo com Dourado e Siqueira (2019, p.298): "O conhecimento pritico requerido nas habilidades e competéncias da BNCC é aquele mareado pela légica pragmstica, utilitarista e reducionista.”. Ademais, corroborando os autores Masschelein e Simons (2014) apontam que tanto conservadores, quanto progressistas possuem ciéncia de que através da escola, do corpo docente e do curriculo, a geracio mais jovem pode ser domada para as finalidades que desejam, sendo assim, a escola e a educacéo acabam sempre como alvos de ideologias dominantes. De acordo com Ramos (201, p. 222) ‘A Pedagogia da Competencia passa a exigr, tanto no ensino geral, quanto no ensino profissionalizante, que as nogées associadas (saber, saber-fazer, objetivos) sejam acompanhadas de uma explicacio das atividades (ou tarefas) em que elas podem se rmaterializare se fazer compreender. Essa explicitacZo revela a impossibilidade de dar uma definigdo a tais noges separadamente das tarefas nas quais elas se materializam. Esse modelo de educar para desenvolver competéncias parte de principios do ensino técnico € profissionalizante, no qual se busca a justificativa para sua validade nos seus resultados. Volta-se, assim, a.um ensino preparatério para, mas para algo nao garantido ou possivel de ser vislumbrado, como uma geleia que ndo possui forma especifica, mas que depende de sua forma para moldar-se. Eis © desejo da flexibilidade dos sujeitos que devem servir ao onipotente mercado. Hegemonia de concepcio de educacao que busca por meio do curriculo escolar padronizar 0 tipo de sujeito a ser ‘formado’ pela escola, orientando o que aprender, quais competéncias e habilidades devem ser desenvolvidas, Entretanto, cabe ressaltar que mesmo a Base trazendo a hegemonia ¢ a padronizagéo, ela preserva a escola. De que maneira, conforme Macedo (2019, p. 43) esclarece: “Talvez Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em ‘Ana Paula Pinheiro; Altair Alberto Févero seja, ainda, cedo para avaliar o impacto dos discursos conservadores ~ prevalentes no MEC = no futuro, da BNCC." © curriculo depende de sua materializagio no contexte educacional, bem como de politicas educacionais de implantacéo ¢ ages. Entretanto, compreende-se que o curriculo direciona a acio dos sujeitos dentro de um proceso, organizando a formagio, no caso da BNCC dos jovens brasileiros e da BNC-Formacdo dos formadores dos jovens brasileiros, estruturando, assim, uma cadeia formativa, cujo foco passa a ser o desenvolvimento de competéncias necessirias a um mercado de trabalho que governa o que deve saber fazer para obter 0 sucesso, sucesso incerto, pois as politicas puiblicas passam a ser enxugadas, na certeza que © sujeito é responsivel pelo seu préprio processo de aprendizagem, como se somente a sua vontade fosse a garantia de prosperidade. Consideragées finais ‘Apés a andlise nas duas Resolugées, bem como as reflexées do entrecruzamento de olhares para © curriculo, tem-se como conclusdes que as alteracdes sio um retrocesso € ao mesmo tempo uma retomada de proposta da diretriz para a formagio de professores datada de 2002, mas com requintes do * 1e0", novo, a partir de uma discursiva enredante e persuasivo com relagdo a0 termo competéncia. Um termo que surge como proposta inovadora na busca da qualidade. Mas, como foi apontado neste trabalho hi de se pensar: Qual qualidade? Qualidade para quem? Quando se tira 0 financiamento da educagdo ¢ possivel que se garanta qualidade mudando a proposta curricular? Séo inquirigdes para as reflexdes apés toda pesquisa. Elas no carecem de respostas escancaradas, pois estio ao longo da leitura deste artigo. Quanto a problematica apresentada, compreende-se que a Concepcio Pedagégica segue a vertente neoliberal e que resquicios de um escolanovismo surgem, mesclados de perspectivas tecnicistas mais sofisticadas, pois se tem a visio de sujeito que deve servir estar pronto para o mercado de trabalho, o qual rege e mantém as rédeas das situagdes € no qual o sujeito € responsivel direto pelo seu sucesso ou fracasso, por ser competente ou nio. Com relagio 4 compreensio de mundo, nessa visio de sujeito, segue-se a ldgica do capitalismo, a sociedade é a do consumismo que atende a esse mercado. O profissional docente a ser formado deve ser flexivel e adaptivel s mudangas continuas. Instaura-se, com isso, 0 que Favero; Tonieto € Consaltér (2020) chamam de retérica de um gerencialismo empresarial que visa desqualficar a escola publica e a formagio humanista das novas geracdes e induzir uma educacio focada no utilitarismo tecnicista Embora se compreenda que o curriculo para ser materializado depende das acdes dos sujeitos envolvidos, compreende-se que sio varios os interesses em formar os professores dentro dessa légica das competéncias, inclusive o de retirar temiticas mais criticas dos niicleos formativos, justificando que a formacio deve focar na BNCC e no que se deve ensinar para 0s sujeitos, de acordo com cada faixa Olhar de professor, Ponex Gross. v.25, p. 1-20, 20828069, 2022, Disponivel em Um olhar reflexivo sobre a Base Nacional Comum de Formacéo-BNC-Formacéo. etiria ou nivel de ensino. © enfoque no fazer, na pritica, tem seus propésitos do aprender a “dar aula” de uma maneira que 0s fundamentos que configuram a formagio humana do professor nio tenham espaco nos curriculos formativos fazendo com que se tenha um profissional preparado para o que mercado deseja, e siga os propésitos a que se destina De modo algum, pretende-se com as reflexdes e andlises suscitadas neste estudo apresentar uma generalizagio da situacio, pois também se compreende que a materializacio da lei depende das acdes dos sujeitos que as fazem ocorrer. Mas, a discursiva da Pedagogia das Competéncias € envolvente, sendo assim, a construgdo de um pensar reflexivo, de um pensar certo, na perspectiva freiriana, constitui-se com uma formagio sélida a partir das humanidades, como nos assinala Nussbaum (2014), ou seja, 0 futuro docente no deve ser um aplicador da BNCC, deve ter sua identidade profissional desenvolvida, aprimorada por meio de uma formagio que possibilte reflexdes, leituras, pesquisas € préticas a partir de embasamentos tedricos sélidos, concisos e com devido tempo formativo necessario. Referéncias ARROYO. M. Indagacdes sobre curriculo Educandos e Educadores: seus Direitos € 0 Curriculo. Brasilia: Ministério da Educagao, Secretaria de Educacio Basica, 2007. Disponivel em: hetp://portal:mec.gov. br/seb/arquivos/paf/Ensfund/indag2.pdf. Acesso em: 20 maio 2020. BERNSTEIN, B. A pedagogizacao do conhecimento: estudos sobre recontextualizagio. Traducio Maria de Lourdes Soares e Vera Luiza Visockis Macedo. 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