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WILLIAM WALKER ATKINSON

MENTAL
SEGUNDA EDIÇÃO

Direitos reservados da Empresa Edit. “O Pensamento”

EMPRESA EDITORA “O PENSAMENTO"


Rua Rodrigo Sn.va N.° 40 — São Paulo — (Brasil) — .1928
w OBRAS DE-WILLIAM WALKER ATKINSON

■ A FORÇA Dp PENSAMENTO —r Sua acção na, vida<-0 nos ne ]


’ gocios. Licções de Magnetismo Pèsâoal. Irifluencia Psychlca, Poder do
1 Pensamento, Concentração^ de Energy e Conhecimento Pratico» das ।
’ Forças da Alma Humana. Ei^ ohitti ajpresfenta a& regras vgaia sim- s
! píes e praticas para o desenvolvimento detícésas capacidades e para i
( a realização de nossas ambições na vida,pormais altas que sejam, i
i — Preço: Brochado, 4$0QÕ; 0qjead., 6$00<k Pelo correio, mais 500 réis. 1
» .w ’
। FASCINAÇÃO AfBNTMz ®r à melhor obra publicada sobre a 1
i influencia mental e o modo deipratical-a. Dácabal explicação de todos 1
i os factos maravilhosos da magia, do fakirisàio,da suggestfío, da fasci- ’
i nação, etc. O autor demonstra e expMca,qüe.’<mfente é a única produ-
1 ctbra de todos os grandes phenomena» õ ç^odftgios, pois é nella que l(
[ residem todos o» poderes, por mais extraordinários que sejam. — ।
, 01000; encadernado, 7$0Ò0. Pelo correio «riais 500' rs. i
Preço: Brochado. **
I A LEI DO NOVO PENSAMENTO — O * Novo Pensamento” é uma J
f doutrina tão antiga como o mundo, sendo elle quem nos mostra as leis i
C da felicidade e da evolução e nos proporciona os mais interessantes i
w conhecimentos sobre nossa existência, nossa organisãção mental e a 1
i constituição do universo. O .autor nos mostra que o medo é o espectro 1
J que mais assusta otneophyto, quando este quer penetrar no plano astral. *
r — Preço: Brochado, 3$000; encad., 5$000. Pelo correio mais 500 réis. ,
r PSYCHOMANCIA PRATICA — As forças que em nós dormitam ]
í podem ser facilmente despertada» por aquedle que tenha a persistência ।
Ç de pôr em pratica, diariamente, dura#té um quarto de hora, os simples ।
í ensinos desta obra. A visão no crystal é-a chave dá felicidade, pois ,
S permitte tprevêr os acontecimentos e orientar-se em todas as emergen- ,
J cias. — Preço: Broch., 3$000; enc., 5$000. Pelo correio mais 500 réis.
MAGIA MENTAL — Esta notabilissima obra se recommenda, de
J modo especial, a todos os occultistas e ás pessoas que, crendo no podér
2 mental, desejam applical-o. Nenhum autor moderno aprofundou tanto
? o assumpto das forças mentaes, como Atkinson, que, além de conhecer
J bem a theoria, nos apresenta a pratica e nos mostra os resultados que
Ç podemos tirar desta. Este livro é dos mais importantes da nova psy-
í chologia, pelas innumeras observações que encerra sobre a energia men-
Ji tal. — Preço : Broch., 10$000; enc., 15ÇOOO. Pelo correio mais 1$000.
í A MENTE E O CORPO — Esta obra é necessária a todos aquelles
2 que se dedicam ao estudo do mentalismo e é uma bellissima rwelação
2 para todos os demais que se não preoccuparam ainda com taes pro-
r blemas. Altamente benefica, faculta aos estudiosos ou aos simples
t curiosos ensejos para observações próprias, nas suas admiráveis expli-
í cações sobre os estados mentaes e as condições physicas. Recommenda-
Ç mos a leitura de tal livro, que assegurará uma concepção perfeitamente
S sadia do duplo papel que desempenham, em communhão, o corpo e a
2 mente. — Preço : Broch., 5$000; enc., 7$000. Pelo correio mais 500 rs.
í PEDIDOS A’ LIVRARIA “O PENSAMENTO”
í Rua Rodrigo Silva N.® 40 -------- SÃo Paulo --------- (Bbasil)
WILLIAM WALKÈR ATKINSON

FASGINACAO MENTAL
SEGUNDA. EDIÇÃO

Direitos reservados da Empresa Editora “0 Pensamento”

Empresa- Typographic.! Editora “O Pensamento”


Bua Rodrigo Silva N.° 40 —— S. Paulo----- 1928
INDICE

Pags.
Prefacio ................................................................................. 3
Capitulo I — Que é “Fascinação Mental” ........... 5
II — A Fascinação Mental entre os animaes 11
Ill — A historia da Fascinação Mental .. 23
.. IV — A reconciliação ............................ 39
V — O Exame da Fascinação ................. 49
„ VI — Impressionabilidade ......................... 63
VII — A fabula do par mentativo ............. 77
„ VIII — Fascinação experimental ...................... 93
IX — Experiencias da sensação induzida 119
„ X — Os phenomenos de imaginação indu­
zida . 135
- XI — Uma investigação de certos pheno-
menos ............................................... 147
„ XII — Os perigos do Psychismo ................. 159
XIII — Fascinação Oriental . .......................... 169
„ XIV — Impressão do futuro ......................... 183
SJ XV — Estabelecendo um centro mentativo 189
XVI — Atmosphera pessoal ............................ 203
FASCINAÇÃO MENTAL

Bags.
Capitulo XVII — Influencia pessoal directa ............. 223
„ XVIII — Expressão do olhar ............................ 23ú
,, XIX — A fascinação dos olhos ..................... 243
„ XX — O uso dos instrumentosmentativos 251
„ XXI — Instrucção final ................................ 267
PREFACIO

Este livro é o Manual complemento N. 1 que acom­


panha a minha obra intitulada O Segredo da Magia
Mental e sáe em forma de uma continuação ou supple-
mento, ou commentarios a esse respeito. Os outros Ma-
nuaes de que este é o primeiro, são designados para
mostrar os detalhes e feições especiaes de varias lieções
de que se compõe O Segredo da Magia Mental; e dar
algo em natureza de Instrucção Especial concernente
á operação ou trabalho actual dos principies expostos
nas lieções de minha obra principal.
O presente manual está na relação acima mencio­
nada com esta licção em tainha obra capital intitula­
da Influencia Pessoal.
Para prevenir a repetição da informação contida
em minha obra, fui forçado a fazer constantes referen­
cias a esta.
Seria indesculpável fosse o presente livro offere-
cido como uma obra separada e independente, porque
seria justamente considerada domo um esforço ten-
4 FASCINAÇÃO MENTAL.

dente a pôr minha obra principal sob a attenção do


leitor, para o fim de augmentar a sua venda. Mas,
ainda que o presente livro se annuncie como um Com-
mentario e sua relação com minha obra principal es­
teja plenamente mencionada em cada noticia — e par­
ticularmente a sua venda seja quasi exclusivamente
entre as pessoas que já adquiriram e estudaram minha
obra acima — penso poder razoavelmente pedir ser
desculpado de taes suspeitas.
Eu penso que condensei muitas informações va­
liosas nas paginas deste livro, e confio em que meus
leitores gostarão da obra tanto quanto eu. Mas, seja
o que fôr, desafio alguém a que o leia sem ganhar uma
realização forte e pratica da parte poderosa para o bem
ou mal que a Fascinação Mental está exercendo no
Vigésimo Século do nosso mundo. E eu sinto que a mór
parte concordará commigo que chegamos ao tempo
em que esta influencia poderosa deve ser estudada,
comprehendida e seu jerrão, extrahido por um tal co­
nhecimento universal de seus principles, servirá tam­
bém para destruir a sua acção maléfica. Âquelles que
consideram antes ser este um perigoso conhecimento
que não deve ser divulgado, eu digo que a ignorância
não deve ser protecção — creio que, em todos os ca­
sos, o melhor meio para dissipar a ignorância, e todos
concordam commigo, é procurar a Luz.
Possaes recebel-o assim.

William Walker Atkinson.


CAPITULO I

QUE É FASCINAÇÃO MENTAL

Fascinação significa o “acto de fascinar” ou es­


tado de ser fascinado ! A palavra fascinar vem do ter­
mo latino fascinare, que significa encantar; enfeiti­
çar, arrebatar pelos olhos ou lingua; captivar, attrahir,
etc. A definição do termo inglez fascinate, é a seguinte:
operar por alguma poderosa ou irresistivel influencia;
influir por um encanto irresistivel; seduzir ou excitar,
irresistivel ou poderosamente; encantar, captivar ou
attrahir, poderosamente; influenciar a imaginação, ra­
zão ou vontade alheia, de uma desordenada maneira;
encantar, captivar ou attrahir irresistivelmente.
A definição supra é condensada de um numero
dos melhores diccionarios, e apresenta a nata da idéa
contida no termo.
6 FASCINAÇÃO MENTAL

MINHA DEFINIÇÃO

Usarei neste manual do termo Fascinação Mental


com o sentido- de: A acção da Força Mental que injlue
poderosamente sobre a imaginação, desejo ou vontade
de outro. Esta é a minha propria definição que inclue
largamente todos os phenomenos variados do Magne­
tismo Pessoal, Influencia Psychologica, Hypnotismo,
Mesmerismo, Encanto, etc., etc., dos quaes todos são,
como considero, phases de phenomenos de uma Força.
Todas estas cousas são uma parte da mesma peça, a
despeito das reclamações ao contrario de uma parte
daquelles que desestimam a affinidade.

A NATUREZA DA FORÇA

Qual é a natureza da Força que produz o que cha­


mamos Fascinação Mental, que ultimamente definimos
coimo a acção da Força Mental que influe poderosa­
mente sobre a imaginação, desejo ou vontade de outro?
A Fascinação Mental é a manifestação que é a natu­
reza da Força Mental que influencia poderosamente?
Como haveis de ver em vários dos capitulos se­
guintes, houve muitas theorias avançadas a serem con­
sideradas sobre esta Força, variando ellas do flwido
magnético para as meras, simples suggestões sobre a
parte da influencia pessoal. Quasi cada escriptor tive­
ra a sua propria theoria favorita sobre este assumpto.
QUÈ E’ A FASCINAÇÃO MENTAL 7

Mas ainda que estas theorias variaram e differiram


grandemente, os effeitos produzidos foram os mesmos,
o que naturalmente nos leva a olhar o principio de al­
guma base compmum operando sob todas as formas, sem
se importar com muitas theorias avançadas por elles
produzindo os effeitos. Aqui como em qualquer outra
parte está a velha historia.
Um homelm acha que elle é capaz de produzir cer­
tos phenomenos por certos methodos. Elle opera ao
longo de linhas praticas por um tempo, tentando aper­
feiçoar seus methodos e augmentar a variedade e ef-
fectividade dos phenomenos.
Quando elle deu alguns passos ao longo dessas li­
nhas, começa a procurar em torno de si uma theoria
para accommodar os factos do caso, e aqui é onde elle
usualmente commette o seu erro.
Elle desenvolve algumas theorias phantasticas, que
lhe parecem explicar os effeitos produzidos, e então
tenta accotomodar os factos ás theorias. Se os factos
se não adaptam bem a ellas, tanto peior para os factos
— e ou elle descarta os factos que se não conformam
com ellas, ou aliás ignora ou nega-os. Este foi o curso
dos theoristas desde o principio. Depois de certo
tempo, algum homem de mente mais scientifica exajmina
os factos recordados, e descobre os verdadeiros princi­
ples fundamentaes, e reconcilia as differentes theorias
dos théoristas originaes por uma nova synthese que
combina os verdadeiros princípios com toda outra theo­
ria, descartando os predilectos caprichos ou prejuizos
s FASCINAÇÃO MENTAL

das prévias autoridades. E assim é no caso da Fascina­


ção Mental, como veremos.

AS THEORIAS PRINCIPAES

Não terei muito que dizer sobre theorias neste


livro. Expliquei a theoria e o principio principal da
Fascinação Mental em meu livro maior, intitulado: O
Segredo da Magia Mental, de que este pequeno manual
é uiibí Elucidario. Neste livro explanei que a Força prin­
cipal que jaz sob todas as formas de Magia Mental,
— a Fascinação Mental é uma destas formas — é a
Energia mentativa universal, de que, e em que, cada
mente individual é, e póde ser transmittida de unia
pessoa á outra por meio de correntes mentativas e on­
das tendentes a induzir nas mentes de outras pessoas,
as emoções òu sentimentos existentes nos Estados Men-
taes da pessoa que envia as ondas ou correntes.

OS POLOS MENTAES

Eu já explanei que ha dois Polos Mentaes conheci­


dos coiino os Polos Emotivos e Motivos, que manifes­
tam, respectivamente, Poder-Vontade e Força-Desejo.
A Força-Desejo actúa na direcção de tirar, puxar, at-
trahir, engodar, enganar, encantar, etc., ao passo que
o Poder-Vontade actúa na direcção de compellir, for­
çar, levar, impellir, commandar, demandar, etc. O
Desejo sempre attráe seus óbjectos para si mesmo; em-
QUE E’ A FASCINAÇÃO MENTAL 9

quanto a Vontade sempre sujeita e compelle seus obje-


ctos, no sentido geralmente de leval-os á acção. Na
Fascinação Mental, a Força-Desejo e Poder-Vontade
empregam-se geralmente em coimjbinação.
A Força-Desejo chamou-se a phase Feminina de
Energia Mentativa; e o Poder-Vontade, a Masculina.
E tanto nesta como em outra qualquer cousa, a com­
binação das duas qualidades produz os resultados mais
notados. O estudante que quer ler as paginas deste li­
vro, em que se dão exemplos de Fascinação Mental,
será capaz de discernir entre a acção destas duas pha­
ses da força.
Isto é tudo que terei a dizer ácerca de theorias
neste livro, excepto onde se trazem vários pontos para,
illustração dos exemplos dados. Eu devo remetter os
meus estudantes ao meu Segredo de Magia Mental,
para os detalhes de theoria e principio.
O presente livro trata do Como? — antes que do
Porque ?
CAPITULO II

A FASCINAÇÃO MENTAL ENTRE


OS ANIMAES

Mesmo antes que se desenvolvesse a raça humana,


a Fascinação Mental era conhecida instinctivamente
pelas mais baixas formas de vida. Diz-se que as cel-
lulas no sangue das cousas vivas se tornaram conscien­
tes da presença de outras, sem ter em conta a distancia
que deve separar algulma theoria do sentido ordinário
de consciência. Não só ellas reconheciam ou sentiam
a presença de cada uma, mas viam-se attrahidas umas
ás outras pela mesma força ou fascinação, que deve
operar ao longo das linhas de Desejo ou Vontade.
Informam-nos eminentes «cientistas que mesmo
os átomos manifestam uma attracção uns para ou ou­
tros, variando esta em graus conforme a natureza dos
átomos respectivos. Dizem-nos as mesmas autoridades
que esta attracção se opera ao longo das linhas de um
12 FASCINAÇÃO MENTAL

desejo para cada outra, e uma vontade que as faz voar


para cada outra.
Não é razoavel suppôr que nesta manifestação de
Attracção instinctiva, e a resposta á Attracção, entre
os Átomos, deve achar-se o principio de Fascinação
Mental, e Attracção Magnética, relativas á Attracção
humana? E não são os phenomenos de Attracção Elé­
ctrica ligados por uma serie de connexões?

AS DUAS PHASES

Mas, deixando a questão acima sem outras consi­


derações, podemos achar ulma abundancia de provas
entre as mais altas formas dos mais baixos animaes.
Achamos, entre os animaes, muitos exemplos do
poder de encantar ou fascinar, ambos os quaes sustento
serem varias formas de manifestação de Fascinação
Mental, termo de que uso, isto é, a acção de uxma Força
que influe poderosamente sobre a imaginação, desejo
ou vontade de outro.
Esta Fascinação Mental, entre os animaes, mani-
festa-se ao longo de duas linhas, a saber: l.°, ao longo
das linhas de Desejo operando na direcção da mani­
festação do sexo, tal como a attracção de companhei­
ros, etc.; e 2.°, ao longo> das linhas de operação de Von­
tade na direcção de subjugar a presa do animal, tal
como o encanto dos passaros pela serpente, ou dos me­
nores animaes pelos tigres, etc. Estes casos são capa­
zes de livre illustração e provas, e a historia natural
A FASCINAÇÃO MENTAL ENTRE OS ANIMAES 13

fomece-nos á saciedade autoridades para a acceitação


das mesmas.

EXEMPLOS DE FASCINAÇÃO MENTAL

Eu li recentemente uma narração de um natura­


lista, que referiu que um dia, em um paiz tropical, elle
observou um insecto alado girando em torno a um es­
corpião. Depois de um pouco, o insecto fez uma série
de desesperadas precipitações sobre o escorpião, como
se em um furioso desejo estivesse de terminar o en­
canto; o escorpião abateu o insecto logo e o devorou
depois. Relatam os viajores que, quando alguém se
acha repentinamente na presença de um leão, tigre
ou leopardo, suas pernas parecem paralysadas, e os
olhos da besta exercem uma fascinação peculiar e po­
der sobre si. Eu vi um rato manifestar a mesma emo­
ção na presenta de um gato; e o mesmo é verdadeiro a
respeito de uma ratazana na presença de um furão ou
inimigo semelhante. Por outra parte, cada observador
tem observado o maravilhoso poder de encamto que os
animaes exercem sobre outros de sua especie, do sexo
opposto. Se já testemunhastes o cortejo de u(m> passaro,
durante a estação do ajuntamento, tereis um vivo sen­
tida da realidade do poder empregado. Um dos pas-
saros, pode ser o macho ou a femea, será visto a fasci-
na/r ou encantar energicamente a um do sexo opposto,
estando este quieto, com as azas tremulas e uma ex­
pressão de fraqueza em seus olhos.
14 FASCINAÇÃO MENTAL

Comparada a attitude deste eom a de outro pas-


saro, quando encantado pela serpente, a semelhança é
pasmosa.

TESTEMUNHO SCIENTIFICO

Tive deante de mi|m< um livro, escripto em 1847,


que relata perfeitamente um numero de exemplos da
operação da Fascinação Mental entre os mais baixos
animaes. Direi-vos um delles, abreviado.
Cita-se o Prof. Silliman que narra que um dia,
quando atravessava o Rio Hudson, em Catskill, passou
por um estreito caminho tendo de um lado um rio e de
outro uma alcantilada encosta coberta de bosques. Sua
attenção foi attrahida á vista de um numero de pas-
saros, de especies variadas, que voavato para deante e
para traz, cruzando o caminho, dando voltas e giros
extranhos e, semelhantemente, com um forte chilrear,
pondo-se no centro de um ponto particular do caminho.
Fazendo observação, o Professor achou uma enor­
me cobra preta, parte enroscada, parte erecta, mos­
trando uma apparencia de grande animação, com seus
olhos luzindo como um diamante acceso, e dardejando
a sua lingua pdia dentro e para fora. A cobra era o
centro do movimento dos passaros.
Ajuntou o Promissor que, supposto a cobra desap-
parecesse no bosque, receiando o approxilmar dos ho­
mens, não obstante os passaros pareciam perturbados
para escapar, e pousaram na vizinhança do bosque,
A FASCINAÇÃO MENTAL ENTRE OS ANIMAES 15

evidentemente esperando o reapparecimento de sua


jascinadora,

A FASCINAÇÃO PELA SERPENTE


O mesmo livro relata um incidente de um homem
em Pensylvania, que viu uma grande serpente preta
a encantar um passaro. Descrevia este, gradualmente,
decrescentes circulos em torno á cobra, lançando ao
mesmo tdmpo piedosos pios. Quando elle pareceu
quasi a cahir na bocca da cobra, o homem afugentou-o
desta e o passaro ergueu o seu vôo com um canto de
alegria.
Outro caso se conta de um esquilo que se via a
correr para adeante e para traz, entre um regato e uma
grande arvore pouco distante. Sua pelle estava um
pouco encrespada, e elle mostrava medo e afflicção.
A investigação mostrou a cabeça e o pescoço de uma
cobra cascavel, sahindo da trincha da arvore, e pondo-
se em direcção ao esquilo, O pobre esquilo, finalmente,
deixou de luctar e, rendendo-se á fascinação, foi pou­
sar a sua cabeça bem perto da bocca da cobra. Ia esta
arrojar-se sobre o roedor, quando um golpe de chicote
das mãos do observador a afastou dag^ua caça. Livre
do feitiço, o esquilo lançou a fugir com alegria.
fr
EXEMPLOS INTERESSANTES

Cita-se o Dr. Good que fez um estudo bastante do


poder curioso de fascinar exercido pela cobra casca-
1G FASCINAÇÃO MENTAL

vel sobre pequenos animaes, taes como os^ passaros,


ardas, lebres novas, etc. Refere elle que estes animaes
se mostram incapazes de escapar aos olhos da cobra,
e, supposto pareçam luctar para fugir, comtudo não
fazem mais que approximate gradualmente do réptil,
como se fosse arrastado para elle, ou dito» mais bem,
attrahido por um poder superior ao seu instincto na­
tural. Elie prosegue a relatar que o animal se arrasta
cada vez miais perto, até que, finalmente, se introduz
na bocca da serpente, que já se acha aberta para o
receber.
Cita-se o Dr. Barrow como fornecedor de vários
exemplos desta ordem, conhecidos pelos camponezes
em todas as partes do mundo. Williant, o viajor afri­
cano, fala de um exemplo em que elle assistiu uma
pega parda no acto quasi de ser fascinada, á distancia,
por uma grande cobra, cujos olhos e bocca estavam
abertos ao approximate a ave gradualmente, mani­
festando tremor convulsivo e lançando pios agudos
de afflicção. O viajor disparou contra a cobra, mas,
ao colher o passaro, achou-o morto ou fosse pelo receio
ou poder da serpente, ou pelo violento roímper do fei­
tiço. Elle mediu a distancia entre a cobra e a ave e
achou ser ella áe tres pés e meio.

HISTORIAS EXTRAÍNHAS
y
Relata-se um caso em um dos primeiros relatórios
da Sociedade Philosophica, no qual um rato foi posto
A FASCINAQÃO MENTAL ENTRE OS ANIMAES 17

em uma gaiola com uma víbora, a titulo de experien-


cia. Primeiramente o rato pareceu muito agitado, se­
guindo-se a este estado uma condição de fascinação;
avançava-se o rato cada vez mais perto da vibora, que
se puzera imlmiovel, com as queixadas extendidas e
olhar scintillante. O rato, finalmente, entrou, de facto,
na bocca da vibora e por esta foi devorado. Relata
Bruse, viajor africano, que os indígenas de uma +ribu
interior parecem ser pela natureza protegidos contra
as mordeduras de vibora e picadas de escorpiões. Di­
zem elles que tanto que tocam estes animaes sem re­
ceio, parecem os mesmos ficar como que faltos de seu
poder de resistência. Refere aquelle viajor que, no» mo­
mento em que os ditos animaes são tocados por algum
daquelles barbaras, adoecem e algumas vezes ficam
tão exhaustos pelo poder de fascinação invisível, que
morrem em pouco tempo. E accrescent a estas pala­
vras: “Eu observei constantemente que uma vibora,
por mais vigorosa que fosse, quando era tocada por al­
gum destes .barbaros, adoecia e fraquejava, frequente­
mente fechava os olhos e nunca tornava sua bocca
para o braço que a tinha”.
Pessoalmente, presenciei alguns casos semelhantes.
Quando menino, em Maryland, conhecí um trabalha­
dor de uma herdade que era havidoi por encantador de
cobras. Como elle fazia, não sei dizer, poréta sei que
exercia uma sorte de influencia sobre todas as especies
de cobras egualmente as venenosas, e punha-as numa
tal fascinação que, num movimento súbito, chegava a

2
18 FASCINAÇÃO MENTAL

isegural-as pelo pescoço com uma das mãos nua. Pa­


recia estar este homem perfeitamente contente, quan­
do, tendo uma cobra mettida em sua algibeira, dei­
xava a cabeça della de fora a olhar para a pessoa com
quem elle conversava.
Os negros daquelle logar tinhalm um horror mor­
tal a este homem e preferiam cortar largo a passar
perto da casa delle.

FASCINAÇÃO FORTE DE ANIMAES

Indubitavelmente alguns possuem, em vários graus^


o poder de fascinar animaes, cães e bestas ferozes. Quasi
toda gente conhece o encanto que certos homens exer­
cem, como por um poder mágico, sobre os cavallos mui­
tos bravos. Li eu casos de certos ladrões que eram ca­
pazes de aquietar os mais ferozes cães de guarda. Fala
nos Lindecrantz, um escriptor sueco, de certos indíge­
nas de Lapland que possuíam o processo de encantar
cães a um grau tal, que chegavam a metter medo até
mesmo aos maiores cães de caça, os quaes, tanto que
os viam, deitavam a correr com todos os signaes de
objecto receio.
Muitos de meus leitores já viram ou ouviram falar
de alguns domadores de cavallos, domadores que se
acham em varias partes do paiz. Encerram-se elles com
os cavallos bravos em uma estrebaria e por certos “se­
gredos” com os taes cavallos, conseguem! domal-os com- e
pletamente e fazel-os passivos á sua vontade.
A FASCINAÇÃO MENTAL ENTRE OS ANIMAES 19

FASCINADO POR UMA COBRA

Recordados ha em que alguns homens que foram


fascinados por uma cobra, cederam em suas experiên­
cias. Um destes casos relata que um homem estava tra­
balhando em seu jardim, quando repentinamente se
achou em presença de uma cobra, cujos olhos brilha­
vam de uma singular maneira. Achou-se o homem fas­
cinado como por encanto e incapaz de desviar os seus
olhos dos daquelle animal. A cobra (narrou elle de­
pois) parecia tornar-se intmensamente maior e assu­
mir, em successões rapidas, um mixto de côres bri­
lhantes. Sua vertigem augmentou e teria cahido na
direcção da cobra, se sua esposa não chegasse a tempo
de quebrar o feitiço, lançando em torno delle os seus
braços. Semelhante caso se relata, no qual um homem
achou um seu companheiro parado em silencio no ca­
minho, com os seus olhos attentamente fitos sobre os
de uma grande cobra cascavel. Olhava-o fixamente esta
com os seus olhos scintillantes e a cabeça levantada.
Inclinava-se o homem para o lado da cobra e já ia a
cahir sobre ella, gritando, fraca porém piedosamente:
Ella vae morder-me! Ella me matará! Segura/mjymtè
ella me matará! Replicou o amigo: Porque não te afas­
tas dahit Mas o homem parecia perfeitamente pertur­
bado e distrahido, e não respondeu. Finalmente o com­
panheiro apanhou um pau e deu com elle na cobra, a
<pial se deslisou dalli raivosamente. O homem fascinado
ficou doente por algumas horas depois.
20 FASCINAÇÃO MENTAL

UMA EXPERIENCIA PESSOAL

Quando eu era menino, tive uma experiencia uim


tanto semelhante, supposto não assim tão grave. Pas­
seando eu em meio a umas arvores pertencentes a meu
avô, vim a dar com os olhos em uma cobra e me puz
a fital-a attentamente. Tinha ella cerca de dois pés de
longo e seus olhos brilhavam como dois diamantes. Em
ulni; momento, não vi mais nada se não aquelles olhos
terríveis que luziam e apresentavam ao meu olhar es­
pantado todas as côres do prisma.
Não era passado mais que um momento, quando
a cobra deu a fugir parecendo anciosa por safar-se de
mim, como eu por me ver livre delia. Não posso; dizer
se o feitiço fôra quebrado por mim, se a cobra se não
movesse dalli. Talvez sim, talvez não. Tudo me lembra
agora, depois de passados trinta e cinco annos, é que
não pareci sentir receio logo ao dar com; ella. Meu sen­
timento ou emoção foi semelhante a uma grande admi­
ração, e espanto proveniente do que eu vi naquelM
olhos.

UMA FORÇA ELEMENTAR

t Mas já eu disse bastante sobre a manifestação da


Fascinação Mental entre os mais baixos animaes. Ha
muitos exemplos interessantes desta sorte, dispersos
pelas paginas dos livros que se escreveram sobre a vida
A FASCINAÇÃO MENTAL ENTRE OS ANIMAES 21

dos animaes, e quem quer que viveu no bosque ou le­


vou uma vida agreste, pode referir vários factos dessa
ordem acontecidos sob a sua observação. Mencionei
esta face da matéria unicamente para mostrar-vos que
tratei coto o principio geral da natureza que se mani­
festa por toda a vida.
Este livro trata da manifestação desta força en­
tre os homens. Mas, ao terminar este capitulo, peço-vos
observeis a semelhança entre a manifestação da força
dos animaes de um lado, e do homem de outro. Em­
pregam os animaes a força para dois fins: captivar o
companheiro e capturar a presa. E qual o uso que delia
fazem o homem e a mulher ? O de fins semelhantes. Isto
digo eu, por m&is assustador que pareça. Não usam,
pois, os passares e animaes a fascinação para attrahir
um sexo ao outro? E não usam os homens e mulheres
influenciar os seus semelhantes em proveito de seus
negocios ou interesse pessoal, fascinação em tudo idên­
tica ao poder de encantar, exercido pelos animaes, ser­
pentes, etc.? Podeis ver que a evolução muda apenas
a forma do uso nisto e em outras qualidades naturaes,
e que a força ou poder sob todas as mudanças fica
sendo a mesma. E não é importante para nós compre-
hendel-a, estudal-a e guarda-nos contra o emprego de
utoa força elementar como esta que se manifesta por
todos os planos de vida, desde os mais baixos ? Respon­
do emphaticaniente: Sim!
CAPITULO III

A HISTORIA DA FASCINAÇÃO MENTAL

Corre a historia da Fascinação Mental ao lado da


historia da raça humana, pois aquella foi sempre co­
nhecida do homem em muitas formas. Vindo ao ho­
mem primitivo desenvolta com outras heranças das
mais baixas formas, foi usada do principio. Suas mais
primitivas formas foram similares ao seu emprego pe­
los animaes inferiores, tal como se mencionou no ca­
pitulo precedente. A raça de vontade mais forte influiu
e dominou sobre a de vontade mais fraca. Sem compre-
hensão de suas leis, os barbaros de vontade mais firme
descobriram que possuiam um extranho poder de in­
duzir os estados mentaes aos seus companheiros mais
fracos e se tornaram assim capazes de operar sobre
aquelles. Muitos dos leaders das raças barbaras con-
fessalm suas posições de proeminencia e superioridade
por esta lei de indúcção mental.
24 FASCINAÇÃO MENTAL

A MAGIA DOS PADRES

Mas com o levantar dos chefes manifestou-se tam­


bém um crescimento em poder e influencia dos padres.
Todas as raças tiveram seus padres e temol-os hoje.
Um padre é um homelm; cujo officio é o de mediador
entre o homem e as suas divindades — um homem que
pretende representar as entidades sobrenaturaes nas
relações destas com o homem — um religioso ou middle­
man espiritual, por assim dizer (uso- esta expressão
com toda seriedade, sem, comtudo, pretender colmi isso
metter a ridículo o officio sacerdotal que desempenhou
uma parte importante na historia da raça). Não se
occupando os padres com a guerra ou com a agricul­
tura, em virtude de ser a sua manutenção contribuída
pelo povo, acharam tempo de sobra para pensar em
um privilegio algo raro nos antigos dias (e mesmo nos
tempos actuaes, para esta materia). E, dest’arte, gra­
dualmente se alçou entre o povo e a casta sacerdotal que
possuiu a capacidade intellectual da raça. Começaram
logo estes padres de reconhecer a importância das For­
ças Mentaes, e estudaram os princípios fundamentaes
e leis de operação. Deu-lhes isso, sem duvida, uma in­
fluencia additional e poder sobre o povo. Parece não
haver duvida em que, nos primeiros dias da raça, a
casta sacerdotal teve um largo conhecimento das leis
e praticas da Fascinação Mental.
A HISTORIA DA FASCINAÇÃO MENTAL 25

OS MYSTERIOS ANTIGOS *

Entre os Mysteries Antigos e varias cerimônias


dos templos das primeiras raças, vemos muitos exem­
plos do uso da Fascinação Mental. Atraz dos ritos e
cerimônias houve sempre os mesmos principios fun-
damentaes da Inducção Mentativa. No uso mais antigo
da força, fez-se um largo emprego delia em todas as
linhas de cura, de cujo aspecto ou phase de materia
deixamos de falar neste manual particular, ainda que
forme o assumpto geral da Magia Mental. Mas ainda
nós leimos nas paginas mais velhas muitos exemplos
de Fascinação Mental, pura e simples. Aquillo que
veio depois a chamar-se Mesmerismo, Hypnotismo, etc.,
coneheceram-n?o, de facto, os antigos; muitos dos resul­
tados lembrados vieram-nos do passado e nunca foram
egualados pelos modernos experimentadores. Obras
eguaes ás dos modernos magos hindus ou fakires, que
serão mencionados em detalhes, ao proseguirmos, nun­
ca foram feitas pelos hypnotistas do Occidente.

A HISTORIA DOS MAGOS

< Colmo eu expuz na Licção IV da Magia Mental, o


nome Magnetic foi pelos antigos dado á pedra-iman, ou
magnete natural, por serem as suas propriedades obser­
vadas semelhantes ao poder mental dos Magos ou sa­
cerdotes esotéricos da antiga Persia e Média. Foram
26 FASCINAÇÃO MENTAL

estes padres os Magos ou Sábios do Oriente que desen­


volveram maravilhosos poderes mentaes e se tornaram
conhecidos como prodigiosos operadores.
A palavra Magia tem a mesma origem. Quando se
propalou o poder de attrahir a propriedade de induc-
ção da pedra-iman, notou-se tamberm que os phenome-
nos physicos eram estrictamente parecidos com os phe-
nomenos mentaes dos Magos, razão pela qual a pedra-
iman foi chamada pedra maga ou pedra de Magia, de
onde se originaram os termos Magnate e Magnetismo,
Quando, passados séculos, o mundo occidental pôz
sua attenção nos phenomenos mysteriosos do Mesme-
risino, etc., no século décimo oitavo, a mente publica
instinctivamente relacionou os phenomenos com os do
Magnetismo, e os termos Magnetismo Ajnimal, Magne­
tismo Pessoal, etc., foram usados de modo geral. E es­
tes termos são hoje correntes, e já ouvimos as expres­
sões: muito magnético, falho magnetismo, persona-
dade magnética, etc., etc., applicadas pelo povo.
Dest’arte a historia dá-nos um exemplo da lei de
compensação. O Magnete, que tomou o seu nome por
se parecerem as suas propriedades com os phenomenos
resultantes do uso da Influencia Mentativa, tornou a
pagar a sua divida depois de muitos séculos, e serviu
para dar um nome ás manifestações mentaes semelhan­
tes ás dos Magos nos tempos escuros. O Magnete res-
titue aos modernos Magos o nome que elle tomou dos
Magos da antiga Persia. E? este um trecho interessante
A HISTORIA DA FASCINAÇAO MENTAL 27

da Historia Occulta, pouco conhecido do publico em


geral.

FASCINAÇÃO DE JULIO CESAR

A historia antiga está cheia de exemplos da ope­


ração de Fascinação Mental entre os povos dos tempos
passados. Contam de Julio Cesar que, quando era jo­
vem, cahiu em mãos dos piratas perto da Ilha de Rho­
des, os quaes capturaram o seu navio e o fizeram pri­
sioneiro.
Assim o tiveram por varias semanas, esperando
que os seus parentes o fossem resgatar com dinheiro.
Refere Plutarco que, emquanto o jovem Cesar estava
captivo dos piratas, exerceu sobre elles um dominio
tal, que parecia senhor antes que prisioneiro delles.
Quando elle desejava descançar ou dormir, prohibia-
Ihes que fizessem barulho, e elles obedeciam-lhe cega­
mente. Elle não hesitou em ameaçal-os com morte,
quando tornasse a ganhar a sua liberdade, e elles não
o castigaram — e depois disso Cesar cumpriu bem as
suas ameaças.

PODER MYSTICO DE ALCIBIADES

Refere-se de Alcibiades, o Atheniense, que apos­


tara com outros jovens athenienses que elle daria pu-
blicamente um murro etm| Hipponikos, varão grande­
mente respeitado e venerável. E não só elle apostou que
28 FASCINAÇÃO MENTAL

faria esta cousa, mas ainda affirmou que o obrigaria^


além disso, a dar-lhe sua filha predilecta em casamento.
No dia seguinte, quandoi Hipponikos sahia, indo-lhe
Alcibiades ao encontro, pespegou-lhe um sôcco. Offus-
cado e desorientado, o velho homem recolheu-se á sua
casa. Levantou-se um grande rumor publico e o man-
cebo pareceu cahir como victima sob a indignação dos
cidadãos. No proximo dia, Alcibiades dirigiu-se á casa
de Hipponikos e, fingindo sutoiietter-se ao castigo, con­
seguiu induzir no velho um sentimento de humor fran­
co e alegre, e obteve seu perdão e boa vontade, e foi
esta crescendo de ponto que se devotou todo ao man-
cebo e lhe offereceu a mão de sua filha em casamento,
a qual foi acceita. Quem teve noticia do recordado ca­
racter dos athenienses, convirá em que foi esta uma
admiravel occorrencia. Foi, sem duvida, uma pasmosa
exhibição da Fascinação Mental.

O ENCANTO NAPOLEONICO

Todos os grandes generaes da historia tiveram


esta qualidade. Cesar, Alexandre o Grande, Napoleão,.
Frederico o Grande, e o moderno Guerreiro-Mystico
gen. Gordon, todos commandavaim seus homens de um
modo tão mysterioso e admiravel, que suas tropas os
adoravam como a deuses, e iam de boa vontade e ale­
gres para a morte. O unico exemplo de Napoleão, quan­
do elle voltou do Elba, e encontrou o exercito de Bour­
bon que se puzera em ordem de batalha para o prenderr
A HISTORIA DA FASCINAÇÃO MENTAL 29

fôra bastante para dar a um a idéa do maior poder de


Fascinação possuidoi por aquelle homem extraordiná­
rio. Estaes lembrados de que as tropas se haviam posto
dmi ordem de batalha para atacar a Napoleão, e já ti­
nham as suas espingardas apontadas para o peito delle
em obediência ao commando: Apontar- armas! Napo­
leão, que se achava em pé, avançou deliberadamente
para as tropas, com passos medidos, olhando directa-
mente para seus olhos. Então os officiaes gritaram:
Fogo! Uma só descarga fôra sufficiente para matar
Napoleão e trazer ao soldado que a dera uma fortuna
do Rei Bourbon. Mas nenhum dos soldados obedeceu á
ordem, tão completamente estavam] sob o encanto da
fascinação mental de Napoleão. Em vez de elles atirar,
lançaram suas espingardas e, cheios de alegria, corre­
ram para o corso, exclamando: Viva o Imperador!
Seus officiaes fugiram, e Napoleão, pondo-se á frente
das tropas, marchou sobre Paris. Outras tropas reu­
niram-se sob o seu estandarte em cada ponto em que
elle as encontrau, ainda que tinham sido mandadas
para prendel-o. Quando elle alcançou as portas de Pa­
ris, commandava já um| exercito numerosíssimo'. A
fascinação manifestada por este homem foi um dos
exemplos mais notáveis da posse delia de que temos
memória. E parece que dura até hoje — quasi um século
depois de sua morte. A simples menção de seu nome
causa-nos um formigamiento do sangue.
30 FASCINAÇÃO MENTAL

EXEMPLOS MODERNOS

Todos os grandes directores de homens, estadistas,,


oradores, politicos, etc., têm desenvolvido o poder da
Fascinação Mental a um grau considerável.
Se já vos achastes em contacto com um homem
desta sorte, lembrareis sempre a impressão que elle vos
causa. Todos os homens que conheceram a James G.
Blaine, recordar-se-hão de seu Magnetismo Pessoal, de
que tanto se disse no tempo dm que viveu.
Quem quer que ouviu o famoso discurso de Vm.
J. Bryan, na Convenção de Chicago, em que elle usou
da famosa expressão : Ta não apertarás a coroa ãe es­
pinho na fronte do operário; tu não crucificarás a Hu­
manidade em uma Cruz de Ouro, não necessita de mais
prova da realidade da Fascinação Mental.
Bryan passou quasi desconhecido á maioria dos
delegados e não pensaram em fazer menção delle. Mas
seu Magnetismo foi tão grande, que elle levou como
uma poderosa maré toda a convenção deante de si,
após o que os delegados o carregaralmj no hombro em
torno á sala e o nomearam seu presidente. E ainda que
derrotado duas vezes, comtudo este homem exerceu
uma poderosa fascinação sobre cem mil de seus compa-
tricios que vinham pôr-se em roda de seu estandarte
quando elle os chamava.
Henrique Ward Beecher, no grande meeting em
Inglaterra manifestou o mesmo poder. Todo o comicio
A HISTORIA DA FASCINAÇAO MENTAL 31

declarou-se contra elle e abafou suas palavras com.


apupos, gritos e outros ruidos. Mas Beecher olhou-os
directamente nos olhos, e gradualmente metteu-os no
jugo, e então falou-lhes por duas horas e suavemente
tomou a assembléa popular de assalto. Eil-o agora a
fazer um só homem de mil outros hostis a si e deter­
minados a impedil-o de falar. Mas um mero homem
ganho — pelo poder da sua Fascinação Mental, que se
manifestou na phase de VONTADE.
* Nestes casos, não obrou simplesimente a palavra,
mas a VONTADE atraz delia.
A VONTADE é uma força realmente viva, e uma
das duas grandes phases, em polos, da Fascinação
Mental.

MESMER E SUA OBRA

Volvendo á ultima parte do décimo oitavo século


e omittindo toda referencia aos phenomenos de Fasci­
nação Mental recordados da Edade Media, achamos que
pode chamar-se o principio do restabelecimento desta
materia entre os occidentaes.
Alludo á obra de Frederico Antonio Mesmer, um
homem que sabia imuito mais do que ensinava e era ha­
vido pelos sabichões ignorantes de seu tempo como um
charlatão e um impostor.
Os que estão informados a respeito da historia se­
creta de Mesmer, sabem que elle foi um occultista de
grande merecimento e como tal se viu forçado a en-
32 FASCINAÇÃO MENTAL

cobrir os seus reaes ensinos com as theorias populares


e phenomenos sensacionaes afim de chamar a attenção
do mundo e escapar ás perseguições religiosas.
Nasceu Mesmer em 1734, e em 1775 começou a sua
obra em Vienna, escrevendo e ensinando do fluido uni­
versal mysterioso que era capaz de dominar as vonta­
des do povo, curar-lhes as enfermidades e de ser diri­
gido e operado pelo homem. Ensinava que este fluido
universal penetrava todas as cousas e se prestava a re­
ceber e communicar todas as sortes de movimento e im­
pressões. Que elle actuava directamente sobre os nervos
em que está incorporado, e produzia no corpo humano
phenolnienos semelhantes aos da pedra-iamn ou magnate.
Chamou Mesmer a este fluido magnético animal e en­
sinou que este magnetismo flue rapidamente de corpo a
corpo; actúa á distancia; é reflectido por um espelho,
como luz, etc., etc. Attrahiu Mesmer a si grande at-
tenção e não menor abuso; pois não só elle foi escarne­
cido e apupado, senão também expulso das egrejas como
possesso do poder domoniaco e feiticeiro. Isto não
obstante, soube elle captivar partidários e attrahir es­
tudantes. Mesmer foi examinado por uma Colmfmissão
Real e por um corpo de scientificos, os quaes obtiveram
vários resultados. Neste interim, rebentou a Revolução
Franceza que interrompeu o interesse geral na mate­
ria durante muitos annos. Os discipulos de Mesmer
seguiram as linhas geraes das praticas e theorias do
seu mestre, com addições ou mudanças de somenos im­
portância.
A HISTORIA DA FASCINAÇÃO MENTAL 33

O ABBADE FARIA

Em 1814, âttrahiu o Abbade Faria muito interesse


dm? Paris. Suas theorias differiam das de Mesmer, tanto
mais quanto elle inculcava que o somno produzido por
Mesmer e seus proselytos não era o resultado de uma
força exterior, mas causadoi pelo mesmo paciente. Por
vários annos, a animada contestação sustentou-se entre
as duas escolas de Mesmerist as e nasceram daqui mui­
tos sentimentos maus.

BRAID E O HYPNOTISMO

. Veiu depois James Braid, o cirurgião de Manches­


ter, que se pôz a demolir as theorias acceitas, substi­
tuindo-as pela sua. Braid pôde ser chamado o pae do
Hypnotismo; foi este termo prtajeiramente empregado
em connexão com a sua obra. Sua theoria foi que não
havia uma tal cousa como magnetismo animal, mas os
phenomenos obtidos por Mesmer e seus seguidores só
eram causados por uma condição physiologica effe-
ctuada por meios physicos, taes como fixação do olhar,
rigidez dos musculos, etc. Braid contribuiu importan-
temente para o conhecimento da materia, ainda que os
seus escriptos ou ensinos foram coloridos com as suas
theorias particulares. Braid considerou o somno hy-
pnotico produzido por seus methodos, como condição
necessária e causa dos phenomenos do» Magnetismo
animal.

3
34 FASCINAÇÃO MENTAL

Seus escriptos attrahiram para o assumpto a at-


tenção dos medicos que haviam evitado, no seu tempo,
tocar nelle por lhes parecer fóra de sua profissão. Pro­
vocou também os escriptos de Braid uma série de in­
vestigações da parte dos medicos, as quaes começaram
a ser feitas tanto na França como na Allemanha e con­
tinuaram até este tempo.
O resultado de taes investigações foi collocar a
materia sob uma base scientific®.

LIEBAULT E A SUGGESTÃO

O Dr. Liebault, da Escola de Nancy, França, foi


o primeiro que apresentou a theoria da Suggestão, que
attrahiu muitos adeptos. O Dr. Bernheim, um discípulo
de Liebault, em seu livro Therapeutic® Suggestiva, ex-
pôz as Theorias de seu mestre e ainda foi adeante. A
theoria da Suggestão, ensinada por Liebault e Ber­
nheim, inculcava que os phenomenos do mesmerismo e
do magnetismo animal dependiam da Suggestão ver­
bal ou Ordem verbal, dada pelo hypnotisador ao sujeito
que a recebe sob o estado do somno hypnotico.
Este somno hypnotico foi considerado como ante­
cipadamente necessário, base e fundamento dos phe­
nomenos. Para os mestres, estudantes e investigadores
daquelle tempo, o Somno era tudo — e a maior parte
delles estava ainda sob a influencia dos velhos ensinos.
A HISTORIA DA FASCINAÇÃO MENTAL 35

O ENGANO DE BERNHEIM

Coimio um exemplo de quão pertoi um homem pode


estar de uma cousa e, não obstante, a não achar, men­
ciono aqui que Bernheim recordou que em raros casos,
onde as condições fossem excepcionalmente favoráveis,
elle poderia obter resultados, mesmo quando o sujeito
não estivesse dormindo. Mas não teve a opportunidade
de seguir esta direcção e no cabo de tudo abraçou a
crença e a theoria que o somno hypnotico era de uma
precedencia necessária para a obtenção dos phenome-
nos. Elle tentou produzir a condição de somno profun­
do ou hypnose profunda, crendo ser o mesmo uma con­
dição necessária para a suggestihilidade. A mesma pa­
lavra Hypnosis vem do termo grego que significa acal­
mar-se para dormir, por onde o leitor pôde ver quão
profunda esta idéa de somno era e é entre os hypno-
tistas. Lembremo-nos que Hypnose significa uma con­
dição de somno, e nunca usaremos da palavra em ou­
tro sentido. Fascinação Mental não é Hypnose, ainda
que a Hypnose é uma forma de applicação da Fascina­
ção Mental.

A NOVA ESCOLA

Durante os dez annos passados ou cousa seme­


lhante, esteve de pé uma nova escola de investigadores
dos phenomenos de Mesmerismo, etc. Procedeu a nova
36 FASCINAÇÃO MENTAL

Escola da theoria que o somno hypnotiico era mera-


mente um incidente, e que todos os phenomenon obti­
dos pelas mais velhas autoridades eram possiveis sem
a producção da condição soporifica. Em outros termos,
o somno não é uma condição necessária de suggests
'bilidade.
Isto põe a escola dos suggestionistas muito perto
da idéa occulta de Fascinação Mental, ainda que haja
differenças radicaes, como passoi a demonstrar.
Em 1884, o doutor Bremand annunciou que elle
descobrira que ha um quarto estado (?) hi/pnotico a
que elle chamava Fascinação, a qual punha o sujeito
em plena consciência de tudo quanto o cercava e lem­
brança do que havia occorrido.
Se Bremand tivesse tido a coragem sdmente de
omittir o idolatrado termo hypnotico em sua propo­
sição, teria certamente fundado uma nova escola. Mas
não o fez! O allemão Froman escreveu um livro vo­
lumoso sobre Fascinação, no qual a definia como Hy *
pnotismo que não leva o somno.

A VERDADE SOBRE A SUGGESTÃO

Muitas das melhores obras sobre hypnotismo sem


somno (?) forafrn escriptas pelos experimentadores ame­
ricanos (medicos principalmente), levados quasi todos
pela crença que a suggestão é a explicação da cousa
toda, e que não ha passagem de correntes mentaes.
A HISTORIA DA FASCINAÇÃO MENTAL 37

Sustentam alguns suggestionistas que o sujeito


age sob a ordem ou suggestão immediata e faz o que
ella diz — e que isto é tudo o que ha.
A condição suggestive! para elles significa a em
que o sujeito presta toda sua attenção ao operador e
se torna, dest’arte, suggestive!, variando os graus com
o temperamento^ do sujeito, etc. Quando os suggestio-
nistas crêem que a Suggestão é a explicação toda a
causa, eu sustento — que ella é somente um dos metho-
dos de produzir os effeitos, e que atraz da suggestão
está a Inducção do Estado Mental pelo operador, como
já referi na minha obra sobre Magia Mental e como in­
dicarei no presente manual.

MAGNETISMO PESSOAL

Ao lado das novas theorias de Suggestão sem


somno, levantou-se um grande interesse no Magne­
tismo Pessoal, durante poucos annos passados. Houve
muitos escriptos sobre este assumpto — uns bons e
outros ridículos, e alguns entre os dois extremos. As
leis sobre tal materia estão sendo estudadas pelo pen­
samento publico. Tem havido uma grande reanimação
no interesse do occultismo, o qual juntamente com va­
rias phases da Sciencia Mental, Theosophia, Novo Pen­
samento e outras matérias semelhantes, attrahiu a at­
tenção de uma grande porção do publico para o as­
sumpto geral da Magia Mental, e o especial da Fasci­
nação Mental, em particular. E este manual escreveu-
38 FASCINAÇÃO MENTAL

se em resposta ao pedido presente de uma informação


sobre o assumpto.
Acho-me habilitado a mostrar-vos que a Lei da
Energia Mentativa, em sua operação pelas linhas de
correntes mentativas, como eu já expuz em meu livro
sob Magia Mental, dará razão de todos os phenomenos
mencionados acima na Historia do Assumpto geral,
tão bem como de muitas outras formas. Eu creio que
posso trazer tudo sob a definição de: A acção de uma
jorça mental que influe poderosamente sobre a imagi­
nação, desejo ou vontade de outro — que é a definição
que dei á Fascinação Mental,
CAPITULO IV

A RECONCILIAÇÃO
Em meu ultimo capitulo mostrei-vos as theorias
oppostas das varias escolas que investigaraimi e expe­
rimentaram ao longo das linhas de Fascinação Men­
tal, sob alguns de seus vários nomes. Todos destas es­
colas obtiveram resultados, não obstante suas theorias
varias e diametralmente oppostas — notae bem — a
mesma sorte de resultados.
E? mais do que isto, todos elles obtiveram estes
resultados em grande quantidade do mesmo modo,
quando vieram a examinar a essencia da producção,
depois de descartar as fôrmas addicionadas para har-
toiionisal-os com as theorias particulares do profissio-
uista.

UMA NOVA SYNTHESE

Eu creio que todas as theorias oppostas das es­


colas podem conciliar-se por uma nova synthese — a
40 FASCINAÇÃO MENTAL

da Energia Mentativa com seus phenomenos fortuitos


de Inducção Mentativa, como mostrei em meu livro
Magia Mental e explico mais neste pequeno manual,
de que este capitulo é uma parte. Eu creio que theo­
rias tão divergentes como o Fluido Magnético de Mes­
mer, o Somno do Abbade Faria, o Hypnotismo de Braid,
a Eelectro-Biologia de Bovee Dod, a Suggestão de Lie-
bault, a Suggestão de Bernheim e mais tarde a Sugges-
tão-sem-soànmo, a Fascinação de Bremand, e varias
outras theorias avançadas desde o tempo de Mesmer
— tudo isso pode conciliar-se e harmonisar-se por uma
applicação cuidadosa da theoria da Inducção Menta­
tiva como propuz em minha obra sobre Magia Mental.
E eu creio que todos os phenomenos obtidos por
algumas ou todas as escolas supracitadas; bem como
os phenomenos dos Fascinadores Antigos; e os phe­
nomenos conhecidos como Magnetismo Pessoal, En­
canto, Influencia Pessoal, Personalidade Magnética
etc., dos tempos antigos e modernos, podem ser consi­
derados sob a mesma theoria. E, assim, este capitulo
será dedicado á conciliação de varias theorias velhas
com seu principio básico de Inducção Mentativa.

MESMER EXPLICADO

Examinemos os factos reaes que servem de base


ás theorias de Mesmer sobre o Fluido Universal Ma­
gnético. Ensinava Mesmer que existia um fluido subtil
peculiar, magnético em sua natureza, que se diffun-
A RECONCILIAÇÃO 41

dia por todo o espaço; que penetrava tudo e era capaz


de receber e communicar todas as sortes de movimen­
tos e impressões. Ensinava que este fluido passava li­
vremente de um corpo a outro, actuava á distancia e
podia ser reflectido por um espelho, etc. Elle não ex­
plicava o que este fluido era, se não que produzia ef-
feitos magnéticos, devendo, por isso, ser de natureza
magnética. Elle provou que poderia produzir éffeitos,
e estabeleceu uma theoria accommodada com os factos,
a qual estava ao alcance da comprehensão do povo de
seu tempo.
Agora, appliquemos a idéa da Energia Universal
Mentativa, com seus accidentaes phenomenos de In-
ducção Mentativa, á theoria de Meslmer, e vejamos
quão fácil é effectuar-.se a conciliação. A Energia Men­
tativa, como o Fluido Mesmerico, é universal; diffun-
de-se por todo o espaço; penetra todas as cousas. Como
o fluido, ella apparentemente passa de um corpo a ou­
tro e communica impressões, etc. Mas nós sabemos
presentemente que a Energia se transmitte em ondas
de vibrações que reproduzem o sentimento original pela
Inducção Mentativa na segunda pessoa. Não ha neces­
sidade para correr o fluido mais que para correr o
fluido electrico pelos fios ou pelo ar. A idéa de fluÂdo
substituiu a de onda tanto na physica como na meta-
physica.
Podemos protaiptamente ver que a theoria do fluido
magnético de Mesmer pode ser explicada pela theoria
da Energia Mentativa e Inducção Mentativa. Não ha
42 FASCINAÇÃO MENTAL

fluido “magnético”. A Energia é mental em natureza


e operação e os phenomenos que provêm delia também
são mentativos. Procurou Mesmer sua resposta na phy-
sica — mas achou-a na metaphysica. A força não é phy-
sica — é mental. Todos os phenomenos obtidos por
Mesmer e seus adeptos podem ser classificados na
theoria da Energia Mentativa e Inducção Mentativa.
Os Estados Mentaes do Meslmerista podem communi-
car-se ao seu sujeito por ondas de Energia Mentativa e
um sentimento correspondente ou Estado Mental é in­
duzido pela Inducção Mentativa.
Como veremos ao proseguirmos, o somno dos Mes-
meristas e Hypnotistas é meramente uma condição in­
duzida que nasce de um desejo na mente do operador,
acompanhado pela suggestão de sua parte.

FARIA EXPLANADO

A theoria do Abbade Faria, que a condição do


somno não era o resultado de nenhuma força exterior,
mas nascida do interior do mesmo paciente, reconcilia-
se também pela theoria da Energia Mentativa e In-
ducção.
Sem duvida, o somno vem do mesmo paciente —
mas é induzido pelas ondas de Energia Mentativa do
operador, acompanhadas de suas activas suggestões.
A RECONCILIAÇÃO 43

BRAID RECONCILIADO

A theoria de Braid é também reconciliada. Sus­


tentou elle que o phenomeno era de natureza physica
mais que de natureza mental, e que era acção de re­
flexo physico produzida pela fixação do olhar, rigidez
dos musculos, etc. Seu somno hypnotico foi indubita­
velmente aperfeiçoado pela pratica de cançar os olhos
e os musculos, sob o mesmo principio que ulmía pessoa
se cança mentalmente pelo desusado exercício dos olhos,
como nos casos de visitar uma galeria artística, museu,
cidade extranha, etc., e que o poder de resistência é,
deste modo, enfraquecido, ficando ella, por isso, mais
inclinada a acceitar as suggestões das ondas mentati-
vas. Quantos de nós têm-se sentido mentalmente actua-
<lo depois de visitar um museu ou assisitr a uma parada
ou sentar-se depois de ter feito os exercícios do moder­
no circulo coto suas tres voltas ao mesmo tempo? E
quem não se lembra das loucuras que commetteu, quan­
do se achava exposto ás suggestões e influencias dos
que o cercavam?

UM SIGNAL DE PERIGO

Muitas vezes uma rapariga vae a perder-se pelas


suggestões subtis e influencia de algum dom-joão di­
rigidas para ella depois de um espectáculo ou circulo
ou depois de ura dia de encontro em uma cidade ex­
tranha.
44 FASCINAÇÃO MENTAL

Digo-vos, amigos, que em taes casos a Vontade se


torna cançada pela pratica de uma desusada tarefa e
inapta ou incapaz de resistir aos ataques que se lhe di­
rigem. Como já eu vos recomtaendei no meu livro maior,
torno a dizer-vos aqui: acautelae-vos contra todas as
suggestões, etc. quando vos achaes em um estado can-
çado.
Tende sempre o habito de dizer Não! ás tentativas
para comprometter-vos em qualquer tempo. Esperae até
que vos sintaes vigoroso e forte e que vossa Vontade
seja capaz de attender aos seus negocios por vós.
Muitas vezes um homem disse Sim! á sua tristeza,
ás proposições que se lhe avançaram, quando já se
tinha cançado dos trabalhos do dia, depois que sua
Vontade estava fraca e incapaz de resistir. Eu nào
posso dizer-vos isto muitas vezes, e por isso o trouxe
de novo a este lugar. Ha um grande principio psycho-
logico neste ponto e bem fareis elmj graval-o em vossa
memória. A theoria de Braid póde reconciliar-se com a
idéa da Energia Mentativa e Inducção, quando virmos
que a sua fixação do olhar, e rigidez muscular são me­
ramente meios de produzir uma condição suggestively
convem saber, uma condição em que as suggestões são
mais promptaíntente acceitas, e as correntes mentati-
vas mais promptamente recebidas — deixando em am­
bos os casos a Vontade cançada que entre a influencia
exterior.
A RECONCILIAÇÃO 45

A SUGGESTÃO EXPLICADA

As theorias da Suggestão não são contrarias ás da


Energia Mentativa e Inducção, quando propriamente
comprehendidas. Os factos dos suggestionistas são in-
dubitaveis, mas elles erram por ignorância dos Estados
Mentaes do Suggestionista. Elles pensam que seus effei-
tos são produzidos só pela Suggestão e esquecem o es-
tado mental atraz da Suggestão que é a força motriz
real. Se suas theorias são verdadeiras, porque é que
dois homens que usam as imiesmas palavras de Sugges­
tão, com o mesmo sujeito, produzem vários graus de
effeito? E? porque os Estados Mentaes ou Mentação
Dynamica de dois homens variam em qualidade e grau.
Pensa o Suggestionista que ella dirige meramente
a suggestão por palavras, etc., para o sujeito, mas todo
o tempo elle lança uma corrente de Energia Mentativa
que rapidamente induz no sujeito o estado mental de­
sejado. Os melhores suggestionistas são aquelles que
adquiriam a Maneira Mentativa que se desenvolve pelo
exercicio e linguagem e commandos autoritários, phy-
sico aspecto, maneira e tom produzidos por uma re­
flexão do Estado Mental interno. Eu vi isto no caso
de um dos mais celebres suggestionistas americanos,
um medico e scientista proeminente, a quem eu me as­
sociei em revista a outras obras nos annos de 1900-01.
Eu vi o doutor dar a miais poderosa suggestão a um
dos seus collegas ou clinicos — de modo tal que os
46 FASCINAÇÃO MENTAL

membros da classe puderam distinctamente sentir os


effeitos das poderosas emanações de Energia Menta­
tiva e ao mesmo tempo vel-os. E, comtudo, o doutor,
que se achava aterrado ás suas theorias particulares
de Suggestão pura e simples, depois de uma tão admi-
ravel manifestação, pôde calmamente informar a sua
classe de que aquillo não era mais que Suggestão —
naãa mais. E elle acreditou isto; mas cem dos seus
collegas foram firmemente convencidos que havia sem­
pre mais alguma cousa para isto, e que havia uma
cousa atraz desta Suggestão, A theoria da Suggestão
é toda certa — mas que é o que assenta atraz da Sug­
gestão? Que é o que dá sua força á Suggestão? De que
cousa interna e invisível é a Suggestão o signal visível
e externo? Da Energia Mentativa.

DESHARMONIA HARMONISADA

E minha theoria de Energia Mentativa *e Inducção


pôde reconciliar-se com as theorias dos últimos sug-
gestionistas — incluindo as que ainda se adherem á
illusão do somno, tão bem como as que foram além
desta.
Explica ella todos os phenomenos dos antigos, coíin
seus ritos mysticos e religiosos. O phenomeno do En­
cantamento, Fascinação, Magnetismo Pessoal, Influen­
cia Pessoal, etc., tudo é abarcado pela theoria avan­
çada neste e no meu livro maior que o precedeu. Ao
proseguir esta obra, mostraremos que a Energia Men-
A RECONCILIAÇÃO 47

tal é Inducção Mentativa em operação activa actual


nestas varias phases de phenomeno, mas confio em que
este capitulo vos mostrará que ha um principio básico
para todas as varias theorias e phenolmenos, e que os
factos de Energia Mentativa e as operações da mesma
em seus incidentes phenomenos de Inducção Menta­
tiva são sufficientes para incluir e cobrir todas as ma­
nifestações varias da Força que observáveis sob os
disfarces de theorias antagônicas de varias escolas e
cultos.
Não ha senão uma causa principal, e esta é a Ener­
gia Mentativa. Não ha senão uma lei basica de opera­
ção desta Força destinada a affectar outras mentes,
e esta Lei é a da Inducção Mentativa, quer directa,
isto é, pelas Correntes Mentativas; quer indirecta, isto
é, pela Suggestão; ou (como é geralmente o caso) com­
binada por ambas.
CAPITULO V

O EXAME DA FASCINAÇÃO

Neste capitulo apresentar-vos-ei o excmc da Fasci­


nação, isto é, uma exposição dos principles de sua ope­
ração. Comquanto os phenomenos da Fascinação se ex-
tendem sobre uma vasta area ou campo, achamos, coan-
tudo, uma certa unidade de principio e operação as­
sente sob todas as formas e phases.
Deste ponto de vista, podemos falar da Sciencia
da Fascinação tão bem como da Philosophic, da Fasci­
nação.

O PRINCIPIO FUNDAMENTAL

O principio fundamental da operação do Pheno-


meno Mental conhecido como Fascinação, acha-se na
theoria de Inducção Mentatica, como expuz em minha
obra sobre Magia Mental e tratei brevemente no pri-
50 FASCINAÇÃO MENTAL

•meiro capitulo do presente livro. Esta theoria, lem-


brae-vos, sustenta que cada Mente Individual é uim
Centro de Energia Mentativa, e que a Energia Menta’
tiva de uma Mente Individual pode ser, e é, transmit-
tida de uma pessoa á outra por Ondas ou Correntes
Mentativas; que estas Corrente ou Ondes Mentativas
tendem a induzir nas mentes de outras pessoas as emo­
ções e sentimentos existentes nos Estados Mentaes da
pessoa que emitte as Ondas ou correntes. Nesta con-
nexão, devemos também lembrar que ha dois Polos
Mentaes, conhecidos respectivamente como Polos Mo­
tivo e Emotivo. O Polo Motivo manifesta-se como Von-
tade-Poder, e o Emotivo como Desejo-Força. O Desejo-
Força actúa no sentido de chamar, puxar, attrahir, en­
godar, agradar, encantar, etc., ao passo que a Vontade-
Poder actúa no sentido de compellir, forçar, levar, im-
pellir, commandar, ordenar, etc. O Desejo-Força &t~
tráe sempre para si seus objectos; a Vontade-Poder
obriga sempre e compelle seus objectos no sentido ge­
ral de os levar á acção.

INDUCÇÃO MENTATIVA

Esta Inducção Mentativa actúa ao longo das li­


nhas similares á Inducção de Electricidade e Magne­
tismo, isto é, estabelece estados semelhantes no objecto
affectado. E esta semelhança é mesmo mais bem no­
tada, quando consideramos que o phenomeno da Ele­
ctricidade se parece muito com a acção da Vontade,
O EXAME DA FASCINAÇÃO 51

tanto mais quanto ambos tendem a manifestar-se na


fórma de uma Força Impulsora; e que o phenomenoi do
Magnetismo se assemelha com a acção do Desejo, es­
pecialmente quando ambos tendem a mostrar-se na
fórma de uma Energia Attractiva.

UMA QUESTÃO INTERESSANTE

Nesta connexão, todavia, desejo chamar a atten-


ção do estudante para um facto concernente ao effeito
de estados induzidos que alguns deixaram de alcançar
em meus ensinos em minha obra sobre Magia Mental.
O assumpto pôde ser exposto por uma pergunta
de um estudante da ultihnia obra aqui mencionada no
modo seguinte: Informae-me, por favor, como é que um
estado mental induzido reproduz o estado mental ori­
ginal do Mentador nos casos seguintes: um homem de­
seja que outro execute certo acto, e envia-lhe uma cor­
rente mentativa que actúa por inducção sobre a mente
da segunda pessoa, formandodhe u)m estado mental in­
duzido. Então, a segunda pessoa executa o acto dese­
jado pela primeira pessoa. Agora, se o estad^ mental
induzido fosse o mesmo que o original, a segunda parte
também não desejara que a primeira fizesse o mesmo
acto, tanto quanto a primeira parte desejou que a se­
gunda o fizesse?
Mas isto não se opera deste modo, porque a se­
gunda parte não deseja assim, mas em vez de mera­
mente desejar fazer o que a primeira parte desejou que
52 FASCINAÇÃO MENTAL

ella fizesse, sente emi si o desejo de fazer o que a pri­


meira parte desejou que se fizesse. Parece-me que o es­
tado induzido é realmente o opposto do estado original.
PodeixS instruir-me sobre isso?

A RESPOSTA

Contento-me com ter a opportunidade de pôr os


meus estudantes ao facto deste ponto. Um pequeno, mas
cuidadoso exame, mostrará que ambos os estados são
semelhantes. Por exemplo, A deseja que B faça certa
cousa e induz um estado semelhante em B. O estado
induzido produz em B uimi desejo semelhante que a
cousa seja feita, e se põe a fazel-a. Existirá aqui ou alli
acção opposta? A essencia do DESEJO em ambos os
casos é a mesma, a saber, que a cousa se faça. A expres­
são do sentimento de duas pessoas no caso, como l.° Eu
desejo que façaes, e 2.° Eu desejo fazer, respectivamen­
te, são meramente as fôrmas de expressão pessoal, e
não a essencia do desejo ou sentimento. O desejo ou
sentimento, em sua real essencia, é Eu desejo esta
cousa feifa. E ambas levam o mesmo desejo, A encerra
o desejo original ou sentimento, e B o desejo induzido
ou sentimento. Pensae nisto um pouco, até que vejaes
o ponto.
A Vontade induzida actúa no mesmo caminho,
como o exemplo da acção do desejo induzido mencio­
nado acima. Sem duvida, em todos os casos da acção
do desejo, a Vontade é também chamada a opefrar.
O EXAME DA FASCINAÇÃO 53

No caso acima citado, ella obra como segue: A,


sente o desejo de que uma cousa se faça, e assirçi sua
Vontade é chamada a operar a concentração das Cor­
rentes Mentativas e a projectal-as sobre um ponto en­
focado na mente de B; então B, sentindo o desejo in­
duzido de que a cousa se faça, desperta sua Vontade
e faz a cousa. Vêde também isto? Fareis bem fixando
este processo firmemente em vossas mentes, pois elle é
a chave da operação do principio de Fascinação, e ou­
tros phenomenos mentativos.

FAZENDO A OUTRO TER UM “SENTIMENTO


SEMELHANTE”

Tornemos agora ao primeiro principio, que é que


uma pessoa póde fazer a uma segunda pessoa SENTIR
como que fazendo uma cousa que a primeira pessoa
deseja ter feita.
Esta é a castanha em sua casca. Ao grau que a
segunda pessoa sente como que fazendo a ccgasa, egual
será o grau do Desejo e Vontade induzida nella, e con­
sequentemente a possibilidade de realizar o acho.
Vêde que a materia do Sentimento Semelhante
está assente no fundo de tudo. Isto sendo assim, vê-se
facilmente que se alguém é capaz de induzir um estado
de sentimento idêntico a uma pessoa, esse possue o se­
gredo de controlar as acções alheias.
54 FASCINAÇÃO MENTAL

ESTA E’ A BASE DA FASCINAÇÃO MENTAL!

Vejamos, agora, como este principio opera em, um


caso de Mesmerismo ou Hypnotismo, assim chamado, o
qual, depois de tudo, não é senão uma phase de Fasci­
nação Mental, governada pelo principio acima mencio­
nado.
Prefiro o termo Mesmerismo, por varias razões,
entre as quaes está o facto de que elle é um reconhe­
cimento de Mesmer, seu descobridor ou re-descobridor;
e também o facto de que Hypnotismo significa sonvno,
ao passo que Mesmerismo abrange todo o phenomeno,
a saber: a condição de somno e a de vigilia.

UM CASO DE MESMERISMO

Bem, supponhamos um caso de Mesmerismo. O


Mesmerista, a quem chamarei o operador, encara o su­
jeito. O operador assume o estado positivo de mente,
sua Vontade-Poder está activa e concentrada, haven­
do-lhe est# augmentado em virtude da pratica ao longo
destas linhas. O sujeito naturaltaente assume um es­
tado mental negativo, abrindo seu Polo Mental Emo­
tivo á influencia da Mente ou Vontade do operador, e
deixando seu Polo Mental Motivo ficar quiescente ou
relaxado. Convém saber, elle abre sua mente de Desejo
á influencia do operador, e deixa sua Vontade ficar
inactiva e relaxada. O operador deseja e quer que o su­
O EXAME DA FASCINAÇÃO 55

jeito seja influenciado, e o sujeito consente, consciente


ou inconscientemente, em ser influenciado — um quer,
e o outro está bem disposto (paradoxal expressão esta,
cujo significado é que elle não tem vontade) (* ).
O operador naturalmente affirma sua positivida-
de, ao passo que o sujeito assume um estado decidido
de negatividade — aquelle affirma a Supremacia de
Vontade; este se lhe submette. Desejo chamar vossa
attenção para o facto que não ha coacção physica, ou
influencia, no caso — é toda ella uma questão de Men-
tação! E aimibas as partes reconhecem plenamente a
realidade do phenomeno.

O OONFLICTO SILENCIOSO

O estado mental acima mencionado de duas pes­


soas é apparente em grau maior ou menor quando quer
que duas pessoas se encontram. Um é sempre mais forte
mentalmente que o outro e de um conflicto silencioso
sahido de um e de outro, emerge o vencedor — e o re­
sultado é reconhecido e possuído pelo vencedor e ven­
cido. Ordinariamente, comtudo, a distincção não é quasi
tão notada ou tão grande como no caso de um forte Mes-
merista e seu negativo sujeito, quando este foi prova­

(*) Convem comprehender, por isso, que o sujeito se re-


mette a um estado de passividade, isto é, ao de receber e não
transmittir a vontade: daqui a expressão acima: “elle não tem
vontade”. — (Nota da Traducção).
56 FASCINAÇÃO MENTAL

velmente levado á Negatividade por repetidas provas


e experiencias tanto em particular como em publico.
Por isso, conhecei que, assim como a Positividade
pode ser cultivada, desenvolvida e fortfiicada pela pra­
tica e effectives exercicios, assim (ai!) a Negatividade
pode ser encorajada, desenvolvida e feita habitualmente
por uma pratica continua de se ahandonar á Vontade
alheia, — é uma questão de habito.

POSITIVO E NEGATIVO

Eu estarei em que, dado uma vez um sujeito e es­


tando o operador nos referidos graus de relativa Posi­
tividade e Negatividade, aquelle terá uma tendencia de
acceitar, obedecendo-lhe, os desejos e commandos do
operador ccto um grau minimo de resistência. O opera­
dor desejará fortemente que o sujeito sinta de um certo
modo e actuará sobre o sentimento.
Para chegar a esse resultado elle concentrará seu
Desejo por sua Vontade e depois dirigirá um combinado
e centralisado ataque á mente do sujeito. Provavel­
mente elle chamará a Suggestão em seu auxilio ao ata-
cal-a e, assim fazendo, será capaz de obter uma vanta­
gem additional, pois uma Suggestão (como eu já re­
feri em meu livro sobre Magia Mental) é um Agente
Physico de inducção dos Estados Mentaes — ou um
signal exterior e visivel de um sentimento interno ou
estado mental, o qual tende a induzir um sentimento
semelhante na mente receptora da Suggestão.
O EXAME DA FASCINAÇÃO

A ORDEM SUGGESTIVA

O operador dá ao sujeito a Suggestão pela ordem,


e de accordo com a phase de Suggestão conhecida como
Suggestão pela ObedÂencia (veja a isto a minha obra
sobre Magia Mental) o sujeito obedece. Não se deve es­
quecer, todavia, que a Suggestão é simplesmente o sym-
bolo exterior do estado mental interno do' operador, e
que ella se torna effectiva só em virtude deste facto.
O operador lança seu intensificado Desejo-Força e Von-
tade-Poder dentro da Suggestão, e recebe um effeito
pela linha de triplicada Actividade. Gom sua vontade
elle produz um effeito dual, isto é, 1? — elle captiva o
Desejo do Sujeito e induz nelle o desejado estado de
semelhante sentimento; 2.° — elle torna captiva a Von­
tade do sujeito e subjuga-a ao> seu prazer. E, ao mesmo
tempo, por seu Desejo, elle também produz um effeito
dual, isto é, l.°— elle induz um desejo similar na mente
do sujeito pelas ondas mentativas ou correntes, e 2.° —
elle engana ou seduz a Vontade do sujeito pela força
de seu Desejo. O resultado deste ataque combinado
faz a mente do sujeito agir como auxiliar, que ajunta
á operação um terceiro effeito dual, isto é, l.° — o De­
sejo do sujeito (sendo induzido colmlo dirigido pelo
operador), concorre para sujeitar mais a sua Vontade
á do operador, e assim fazendo submette-se a um De­
sejo induzido; 2.° — a Vontade do sujeito (fixamente
dirigida pelo operador) actúa sobre seu proprio De­
58 FASCINAÇÃO MENTAL

sejo, e assim fazendo o sujeito cede á Vontade in­


duzida.
Deve-se aqui lembrar que as tres operações mentaes
acima mencionadas, são concorrentes, isto é, actuam
ao mesmo tempo, e exercem uma acção conjuncta e do­
mínio sobre a mente do sujeito. Nem o operador nem o
sujeito são necessariamente conscientes de haver tres
acções duaes no mesmo fim. O operador simplesmente
deseja e quer, com ou sem Suggestão; emquanto o su­
jeito sente semelhantemente (como referi atraz) e ac-
ceita a suggestão que lhe é dada, sem reconhecer que as
varias operações mentaes lhe produziram o sentimento
semelhante, A explicação detalhada pode fazer a ope­
ração parecer complicada — quando, émí realidade,
tanto para o operador como para o sujeito a materia
é por demais simples.

O ESTADO DE SONHO

O processo acima é o mesmo, quer produza o ope­


rador meramente o mais simples resultado sobre o su­
jeito, quer conserve elle as mais notáveis e assustado­
ras exhibições do control de uma mente sobre outra.
O principio de operação é o mesmo em todos os
casos. Com o somno ou sem somno, elle é o mesmo. De
facto, como veremos, a verdadeira condição de somno
é produzida como são justamente produzidos outros
effeitos, e sua producção tende meramente a produzir
O EXAME DA FASCINAÇÃO 59

no sujeito um estado de sonho a assim fazel-o agir


como se estivesse sonhando, com apropriadas illusões.
Os phenomenos do somino são meramente um dos la­
dos do Mesmerismo, quando o verdadeiro principio é
comprehendido.
Em nossa consideração da operação do Mesme­
rismo não devemos esquecer-nos da parte que o habito
e a repetição desempenham nesta materia.
Por exemplo, o operador pode ser capaz de pro­
duzir somente os mais simples effeitos nas primeiras
tentativas; mas nas subsequentes em que elle ganha
um dominio cada vez maior sobre o sujeito e uma sub­
missão maior e maior grau de obediência, é capaz de
obter um effeito ainda mais considerável. Se lerdes as
notas sobre Suggestão pela Repetição em minha obra
sobre Magia Mental (pagina 120) ficareis convencido
da formidável força de repetição e habito, tão bem
como do poder de um juizo repetido. Este facto psy-
chologico é como a operação da cunha de extremidade
fina que cada golpe addicional a mette mais dentro.
Opera elle tanto nas linhas do bem como nas do
mal; lembrae-vos que o sabio usa delle, para sua pro­
pria fortaleza, ao passo que o louco faz delle a sua
perdição. Acautelae-vos contra as finas pontas da
cunha dos hábitos de pensamentos e acções que não
são de desejar.
60 FASCINAÇÃO MENTAL

UMA LEI PSYCHOLOGICA

O Mesmerista comprehende bem, tantas vezes muito


bem, a natureza e resultados da lei psychologica acima
mencionada. Eu achei pela experiencia que, supposto
seja difficil controlar um sujeito pela primeira vez, será
isto mais facil á vez mais próxima; e assim seguida­
mente até que obtenha sobre elle um perfeito dominio.
E, ai, quantos os que sabem que este mesmo principio
está em operação em cada vida do dia (* ), ainda que
parecendo não ter nada com o Mesmerismo. Quantos
são capazes de lastimar o dia da penetração do fino
corte da Cunha.
Outro ponto a ser lembrado é que o sujeito que
está sob um bello grau de control não sente como se
elle estivesse obedecendo á ordem da Suggestão, tal
como um cavallo apressa seus passos quando mandado
ou um soldado age immediatamente em obediência ao
commando, etc., etc. Mas o motivo para a acção ou sen­
timento parece vir do interior proprio a um grande
grau. Elle tem a força e o effeito de uma acção i/nstin-
ctiva passa/ndo pelas linhas da sub-consciencia.
O sujeito parece desejar fazer a causa de seu pro­
prio accordo. Esta é a phase perigosa.
Em um modo geral, é esta, pois, a razão physica
da Fascinação Menta], vista como em sua phase de

(*) Isto é, diariamente.


O EXAME DA FASCINAÇÃO 61

Mesmerismo e exhibições correspondentes nas linhas


menos pronunciadas.
Se vós vos familiarisardes com estes principios de
operação, tereis uma idéa geral da matéria.
Em nossoi proximo capitulo, farémtos um exame
<1ob Estados Mentaes do Operador e do Sujeito, exame
que nos trará muita luz sobre o assumpto ante nós.
CAPITULO VI

IMPRESSIONABILIDADE

No ultimo capitulo fiz-vos uma exposição dos


principies da operação da Fascinação Mental, par­
ticularmente em suas phases de Mesmerismo. O estu­
dante que seguiu o que eu disse nessa parte, viu que
deve, necessariamente, haver uma marcada differença
nos graus de Impressionabilidade ou Receptividade
para a Inducção Mentativa, differença manifestada
pelo operador e sujeito respectivamente para que o
phenomeno pronunciado possa ser manifestado. Mas
esta differença de grau de Impressionabilidade é ma­
nifestada por todos os homens e mulheres.
Entre um ponto extremo na escala de Impressio­
nabilidade e outro extremo ha vários graus — e cada
pessoa (homem ou mulher) tem o seu proprio grau,
sujeito, sem duvida, á mudança pelo desenvolvimento.
64 FASCINAÇÃO MENTAL

POSITIVIDADE MAGNÉTICA

Para illustrar este ultimo ponto mencionado, cito


de miinha obra Magia Mental o que eu disse nella: “Eu
não quero significar que o grau de Magnetismo Posi­
tivo está fixado permanentemente em cada pessoa, pois
contrario é o caso. Uma das pessoas que é realmente a
mais forte, de ordinário, pode ser a mais fraca em um
momento particular, devido ao facto de estar a sua
vontade fatigada, ou em virtude de haver relaxado a
sua Vontade-Poder, como é este muitas vezes o caso. E
em tal condição, o derrotado pode ser o vencedor no
ultimo encontro, ou, no ultimo 'momento, podem suas
energias reanimar-se e assim mudar de face o negocio.
Um pode ter uma forte Vontade em momentos de acti-
vidade e, comtudo, em momentos de passividade pode
relaxar-se demasiado. E, não obstante, este é um facto
mais importante: um pôde augmentar tanto sua Von­
tade-Poder que será capaz de dominar completamente
os que o supplantavam e até mesmo os que lhe incutiam
temor. Todos conhecemos exemplos desta ordem eim
nossa propria experiencia pessoal”.

OS DOIS EXTREMOS

No ponto extremo da Positividade Mentativa, es­


tão os homens de extraordinária força de vontade, os
quaes são guias natwraes e chefes.
IMPRESSIONABILIDADE 65

No extremo ponto Mentativo-Negativo acham-se os


que são movidos pelas suggestões passageiras ou cor­
rentes mentaes com que elles podem vir em contacto
— as pessoas impressionáveis que parecem viver no
plano emocional de seu ser, e que estão sempre abertas
ás influencias exteriores e são comoi catavento movido
por toda a brisa que passa. Estas pessoas são realmente
o reflexo dos pensamentos, desejos e vontades de ou­
tros — a ultima pessoa que lhes comprehende os pen­
samentos é a unica a seguir directamente.
Conheceis o typo, não é isso?
Eu não quero significar por isto que só os de von­
tade fraca podem ser naturalmente mesmerisados. Mas
digo que, quando os de vontade forte se deixam mes-
merisar, devem relaxar sua Vontade e tornal-a pas­
siva ou negativa ao operador, de modo contrario não
haverá nenhum resultado. Um hoímem de vontade forte
póde voluntariamente relaxar e tornar-se negativo para
ser mesmerisado.
Eu vi fazer-se isto em muitos casos, ainda que
sempre me pronunciei contra o facto, porque consi­
dero imprudência a submissão da vontade em tal or­
dem, mesmo para o fim de investigação scientifica. Es­
tou certo que eu não faria assim e por isso não posso
approvar semelhante pratica da parte de outros.
O TEMPERAMENTO ARTÍSTICO
Por outro' lado, conheci pessoas de ulm; tempera­
mento artístico altamente desenvolvido, taes como:
66 FASCINAÇÃO MENTAL

actores, poetas, artistas, escriptores e outras, que pos­


suíam Vontade forte para deixar que se tornassem
muito impressionareis, em virtude de suas activas ima­
ginações. Convem sabem: ellas se deixavam levar com
a idéa de serem impressionados por forma tal, que se
collocavam por si mesftnios na parte do sujeito mesme-
risado e se mesmerisavam a si mesmos, ainda que dei­
xassem que os operadores se julgassem causadores do
mesmerismo. Esta ultima explicação lançará luz na
phase do phenomeno que apresenta apparentemente
uma excepção á regra, mas que, quando visto assim
esclarecida, virá estrictalmente cahir no caso da Posi-
tividade e Negatividade.

UM TRICK (*) DE MESMERIST A

Os provocadores públicos de mesmerismo, quando


encontram um sujeito imaginoso, cuja vontade se
presta á submissão, começam de inclinar os seus es­
forços para levantar a imaginação da pessoa e assim
pôl-a em condição subjectiva ou passiva de agir sob a
suggestão delles. Em casos taes, não ha comflictos de
vontades, quaesquer que sejam, mas, pelo contrario, o
sujeito desempenhará a sua parte e se tornará um
cooperador do mesmerista, em vez de seu adversário.
Neste caso, o sujeito mesmerisa-se e deixa voluntaria­
mente levar-se pelas suggestões do operador tanto

(*) Engano, pega, ardil.


IMPRESSIONABILIDADE 67

quanto as suggestões deste se harmonisam ou identi­


ficam com as suas. Este instincto de autor é muita
forte em algumas pessoas e seu auto-mesmerismo é
muito mais commum do que se pensa. Vê-se no thea­
tre; entre prosadores e escriptores.

SUJEITOS MESMERICOS

Muitos, mesmo, dos melhores sujeitos mesmericos


que viajam com os mesmeristas profissionaes perten­
cem, a um certo grau, á classe dos mencionados atraz.
Elles são capazes de, por si mesmos e muito bem, de­
sempenhar a sua parte, com tanto que não sejam con­
trariamente affectados por esse meio. São seres diffe-
rentes dos de fraca vontade, creaturas frouxas das
quaes se vêm os mesímeristas acompanhados. O sujeito
profissional imaginativo vive só para os seus interes­
ses e como um amigo meu mordaz, que estudou demo-
radamente o sujeito, disse uma vez, ainda mesmo que
o sujeito mais obediente desta classe deixasse inteira­
mente de agir sob a suggestão de seu poderoso opera­
dor em signal de consentimento na reducção de seus
salaries semanaes, produzir-se-ia, sem duvida, o estado
profundo do somno hypnotico.

NÃO ABANDONEIS A VOSSA VONTADE

Mas eu considero que mesmo esta classe imagina­


tiva de sujeitos commette uma imprudência em deixar-
68 FASCINAÇÃO MENTAL

se guiar e governar pelas suggestões e ordens de algum


operador, pois creio que mesmo um tal habito é damno-
so para a Vontade. A Vontade é uma cousa preciosa e
não devia ser prostituida de modo nenhum. Não posso
insistir sobre isto de uimt modo mais vigoroso do que
dizendo-vos: “Guardae a vossa Vontade contra as in­
fluencias extranhas”. Olhae-a como uma honrada mu­
lher olha a sua Virtude, não deixeis que alguém se en­
tre em liberdade com ella (*).

QUEM PÓDE EXERCER A FASCINAÇÃO

Um termo médio de pessoas que possuem confian­


ça propria e força, póde exercer e exerce a Fascinação
Mental sobre outros com que entra em contacto, ainda
que isto requeira uma Vontade desenvolvida para tor­
nar-se um habil na obra mental.
Além disto, ha indubitavelmente certa destreza e
arte ácerca desta obra, que se adquire pela pratica,
ainda que muitos parecem) tel-a desenvolvida natural­
mente. Ha gênios na Fascinação como os ha na arte —
e outros ha que adquirem o dominio não só pela pra­
tica cuidadosa se não também pela determinação.

(*) Aqui se vê o inqualificável damno que póde causar


a mania do hypnotismo tão commum entre o povo. — (Nota
da Traducção).
IMPRESSIONABILIDADE 69

REQUISITO PARA A FASCINAÇÃO MENTAL

Considerando as qualidades que deve ter a pessoa


em quem a Fascinação Mental poderá ser fortemente
desenvolvida, enumeral-as-ei como segue:
l .° — Bem-estur physico; porque ha uma certa
força no homem ou na 'mulher, de forte, robusta saúde,
a qual força deve ser tomada em consideração.
Verdade é que muitas pessoas, não de constituição
physicamente boas, mas doentias, exerceram fortes po­
deres de Fascinação, a qual, a despeito de sua falta
de saude physica, foi devida a uma forte Vontade sua
que lhes superou os obstáculos. Mas, estando tudo em
harmonia, ha um poder na pessoa, forte, vigorosa, sa­
dia, que se faz sentir.
2 .° — Crença cm um Ser Vnico; pois sem esta
ninguém manifesta Positividade. Crêde em vosso pro-
prio poder e habilidade e impressionareis a outros com
a mesma crença.
A confiança é contagiosa. Cultivae o Eu posso e
quero,
3 .° — Repouso; porque o homem calmo, repousa­
do, imperturbável, tem uma enorme vantagem sobre
um de qualidades fracas. O homem que encarar as cir-
cumstancias com firmeza d’wm/mo tem algulmia cousa
que o faz olhado como um chefe natural — tem uma
das qualidades de Positividade. Cultivae o modo equi­
librado, calmo.
70 FASCINAÇÃO MENTAL

4 .° — Valor; pois o medo é a emoção mais nega­


tiva do homem. A coragem é a qualidade mais posi­
tiva, como o medo a mais negativa. Cultivae o Eu faço
— Ouso fazer.
5 .° — Concentração; pois a “Centralisação da
mente” é a intensificação da Vontade-Poder sobre um
objecto. Fazei uma cousa em um tempo, e fazei-a com
todo poder que está em vós.
6 .° — Fixidez de proposito; pois deveis apprender
a conhecer o que desejaes fazer, e então traljalhae-o
com assiduidade, até que o tenhaes feito. Cultivae a
qualidade do Bull-dog — ella é necessária.
Aos que reconhecem a necessidade das qualidades
mencionadas acima e não as têm, eu recommendo o
estudo cuidadoso e a applicação determinada dos prin­
cípios de Architectura Mental, de que tratei na Licção
Sétima de meu livro intitulado Magia Mental, na qual
o assuimipto está desenvolvido em detalhes, com exer-
cicios, etc.

ABSURDOS EXPOSTOS

Houve muitos absurdos escriptos sobre quaes são


os bons sujeitos, em obras que tratam de Mesmerismo,
Hypnotismo, etc., e muitas regras divertidas se deram
para a determinação do grau de impressionabilidade
por vários escriptores. Muitos dizem que as raparigas
trigueiras são as mais impressionáveis, e outros affir-
mam que as louras são as que se impressionam mais
IMPRESSIONABILIDADE 71

proimiptamente, etc., etc.; mas o investigador experi­


mentado ri-se de taes distincções. Muitos consideram
que as mulheres são os melhores sujets, ao passo que
outros asseguram que os homens são influenciados com
maior felicidade. Minha propria opinião é que a por­
centagem é a mesma em ambos os sexos. Por outra
parte, devemos lembrai que os graus de impressiona-
bilidade são relativos. Por exemplo, A pode ser posi­
tivo para B, ao passo que B pode ser positivo para C,
e assim até o fim do alphabeto. E, usando a mesma
illustração, M é negativo para L, supposto positivo
para N. Vêdes isto?

UMA MENTIRA PREGADA

Muitos escriptores tentaram fazer crer ao povo


que somente a gente de mente forte podia ser mesine-
risada, e dão-nos como prova disso o facto que os idio­
tas e loucos são quasi immunes da influencia hypno-
tica e mesmerica. Este é um argulmento predilectO' de
hypnotistas profissionaes que delle se servem para
tranquillisar os seus sujeitos ou possiveis sujeitos, que
poderiam não desejar apparecer comoi gente de mente
fraca. A verdade é que a razão que as classes acima
citadas estão isentas, é: l.° — porque os idiotas têm
pouco ou nenhum poder de attenção, e são como simples
machinas e, por conseguinte, não podem ser induzidos
a prestar attenção um tempo sufficiente para serem
mesmerisados, mas todos os estudantes adeantados de
72 FASCINAÇÃO MENTAL

Influencia Mental sabem que os idiotas, tão bem como


os animaes, podem ser influenciados pelas Vibrações
Mentaes ou Ondas Mentaes, etc., pelos tratamentos;
2.° — os loucos são usualmente levados com uma idéa
fixa ou illusão, e estão, de facto, em um estado affini
ao produzido pelo processo hypnotico ou mesmerico a
um grau considerável.
Suas mentes centralisaram-se na illusão e não po­
dem retiral-as dalli. Se a attracção pudesse ser remo­
vida, o paciente não ficaria louco por mais tempo ; e
ainda que a condição de somno não possa ser induzida
em pacientes loucos, comtudo as melhores autoridades
conhecem que taes gentes obedecem a fortes suggestões,
e tratamentos mentaes, a um certo grau, de modo que
a regra nem sempre se mantem..

GENTE IMPRESSIONÁVEL

A classe de gente que obedece mais promptamente


á Influencia Mesmerica (pondo de parte a sub-classe
da gente imaginativa mencionada poucas paginas atraz)
forma-se daquelles que não manifestaram sua Vontade,
Determinação e Confiança propria bastante. As pes­
soas que levaram uma vida em que cultivaram implí­
cita obediência a extranhos, confiança éini outros —
essas taes são as mais impressionáveis. Elias não fi­
zeram uso de sua Vontade, e estão mais inclinadas ao
dominio voluntário de outros ou ser levadas por extra-
nhas emoções.
IMPRESSIONABILIDADE 73

Conforme eu disse em meu livro maior: “O grau


de obedieneia á Suggestão pelo commando observa-se
em maior escala entre aquelles que sempre dependeram
de outros por ordens, instrucção e não fizeram uso
de seu proprio engenho e recursos na vida. Os traba­
lhadores imperitos e os filhos de hoimíens ricos que ti­
veram sempre quem pensasse por elles, pertencem a
esta classe. Esta gente parece ter necessidade de que al­
guém pense por ella, mesmo nas minimas circumstan-
cias de suas vidas, e é a mais impressionável entre as
outras classes. O grau de Positividade, pois, levanta,
como considerámos, aquelles que se habituaram a obrar
por si mesmos, sem dependencia de segundos. A posi­
tividade tem o seu grau máximo entre aquelles que
exerceram ordem outros ou que dependeram de seus
proprios recursos, de seu proprio engenho, em todos
os passos da vida. Os homens de reconhecida iniciativa
têm apenas um traço desta forma de suggestibilidade.
Iniciativa (vós conheceis) é um termo que significa:
fazer cousas sem ser levado por outrem — usando seu
proprio talento, recursos e VONTADE. O referido aci­
ma applica-se egualmente ao sujeito de impressionabi-
lidade exposto ás influencias mesmericas. E que signi­
fica todo elle, quando seriamente examinado?
Justamente isto: — que o grau de impressionabi-
lidade depende do grau de falta de Desenvolvimento
de Vontade.
A palavra Vontade é a nota tônica! E isto apesar
de toda loquacidade, bacharelice e absurdos escriptos
74 FASCINAÇÃO MENTAL

e falados por aquelles que se interessam em ter o povo


como admirador das “assombrosas virtudes (?) do
Hypnotismo”.

O “ESPIRITO DA MULTIDÃO”

A razão pela qual o povo se deixa influenciar é que


elle abandona sua Individualidade e Vontade Indivi­
dual e a deixa confundir-se com as Vontades alheias,
até que nina Vontade do povo é criada, a qual repre­
senta o termo médio da multidão, sendo a força do todo
dissolvida pelas vontades mais fracas.
Quando esta porção de juntas e fracas vontades se
mistura propriamente, fica em uma condição offuscada
e excitada até que algum Individuo solte para frente
— como um chefe de homens que se apoiaram sobre
sua Vontade Individual — e imprime a sua Vontade
sobre as mais negativas da multidão, e esta aeceita
suas suggestões e segue-o como unia enfiada de carnei­
ros ou sujeitos mesmerisados, e cumpre as suas ordens
até que outro chefe lhe chame a attenção e interesse.

EMOCIONABILIDADE (*)

Ha outra phase de mentalidade que tem seu as­


pecto no grau de impressionabilidade.

(*) Emotionability.
IMPRESSION ABILIDADE 75

Refiro-me á qualidade conhecida como emociona-


biliãade. Uma pessoa emocional é a que se despe mais
promptamente da influencia ao jogo do lado emocional
de sua natureza. Uma tal pessoa é mais impressionável
do que aquella que não é tanto emocional, mas cuja
Vontade é realmente mais forte.
A razão disto é que, por seus hábitos mentaes, ella
se acostumou a abrir seu Polo Emotivo de Mentalidade
ás influencias exteriores, deixando-o ficar inactive. Em
vez de dominar seus sentimentos, deixou que elles o do­
minassem — e que sua Natureza Emocional usurpasse
o throno de sua Vontade, relegando esta para o ultimo
]ogar. E a consequência é que sua natureza emotiva fi­
cou mais aberta ás irresistiveis influencias e impressões
exteriores e a responder mais promptamente a ellas,
tendo assim adquirido o habito
* de se impressionar.
Vêdes isto? Esta ultima explanação lançará alguma
luz ao facto que certas raças são mais impressionareis
do que outras. Ellas são mais emocionaes, eis tudo.

QUEM E’ UM “IMPRESSIONAVEL”

No seguinte capitulo usarei o termo impressiona­


rei como um nome designando uma pessoa que é bas­
tante impressionável para responder á influencia de
um mesmerista ou hypnotista a umi grau maior 3ou
menor. Estes impressionareis são comparativamente
impressionados pela Força Mentativa e SuggestÕes ao
76 FASCINAÇÃO MENTAL

longo destas linhas. Lembrae-vos do sentido em que usa­


rei do termo.
Posteriormente, usarei do termo hyper-impressio­
nável como um nome indicando uma pessoa excessiva-
rnlente ou anormalmente sujeita a impressões de mes-
mericas influencias. A ultima classe se descreverá no
seu proprio logar, no livro.
Deixaeme dar-vos uma tosca illustração do su­
jeito de impressionabilidade. Elle formará o assumpto
de nosso proximo capitulo, que se intitulará “A. Fa
bula do Par Mentativo”. Não só explicarei a materia
de resposta á influencia mesmerica, mas ainda lança­
rei luz no exercicio da Influencia Mental-Pessoal, que
está continuamente em acção em todos os dias da vida,
em todos os tempos, onde quer. Tereis uma idéa miuito
clara do assumpto depois de lerdes esta Fabula —- e
apprendereis a pôr-vos em guarda da licção que aqui
se vos offerece. Não deixeis de a ler cuidadosamente e
de procurar o segredo que nas suas linhas se contém.
CAPITULO VII

A FABULA DO PAR MENTATIVO


Certo tempo viveu no paiz de Mentalvania, em urn
soberbo edifício chamado o Castello Mentativo, um ho­
mem e uma mulher, por nome “O Par Mentativo”. El­
ies eram felizes emquanto casados. Viviam em harmo­
nia, porque um ao outro se prestava. Um não era com­
pleto sem a presença do outro, nem fazia a sua obra
melhor, a menos que o outro estivesse presente.

VOLOS E EMOÇÃO
Bem. Agora, o homem chamava-se Volos (que é o
mesmo que se dissesse Vontade) e a mulher chamava-se
Emoção, que na linguagem do paiz significava uma
como combinação de Emoção, Desejo e Imaginação.

AS DUAS NATUREZAS
Agora, o chronista informa-nos que estas duas
pessoas tinham natureza inteiramente differentes uma
78 FASCINAÇÃO MENTAL

da outra, como bem se disse. Dissemos que Volos era


austero, inflexivel, forte, de natureza positiva; prompto
a levar a termío uma cousa começada; cheio de vontade
de viver, de vitalidade, de determinação e espirito com
uma forte dose de deixa-me só e sáe de view caminho em
sua acção; com um gosto de encontrar difficuldades e
vencer obstáculos e um bom grau de habito de procurar
e possuir o que a Emoção quer e necessita e tendo, além
de tudo, uma poderosa porção de respeito proprio e con­
fiança em si mesmo.
Elle estava sempre prompto a ser firme, ainda que
a sua firmeza se não medisse pela obstinação do asno
e tinha por nota principal ou tônica a sua Força. Elle
era um bom guerreiro e defensor de seu castello. Mas a
Emoção era de um typo, temperamento e caracter dif­
ferent es.
Ella era mais impressionável, imaginativa, emo­
cional, crédula, caprichosa, cheia de desejos, curiosa,
sympathica e facilmente persuadida. Volos, pelo contra­
rio, era todo Resolução e Juizo. A Emoção era toda
Sensibilidade.

FOGO E AGUA

Volos era de um: caracter forte, mas carecia de


certas qualidades que trazem o exito. Estas possuia-as
a Emoção e nisto suppria a deficiência de Volos.
Tinha Volos que figurar todas as cousas, emquanto
a Emoção1 possuia intuição e ia a seu termo mais de­
A FABULA DO PAR MENTATIVO 79

pressa que Volos, que não podia atinar com o processo


de sua companheira. Quando elle lhe pedia explicação
disso, ella lhe dizia ligeiramente: “Oh, justamente
porque!”, resposta que provocava, muitas vezes, um
discurso profano e irreverente da parte de Volos.
Isto não obstante, elle sabia respeitar estes por­
quês de Emoção e achava que elles o auxiliariam em
seus negocios. Emoção perdia-se em sonhos e via cou-
sas muito antes de se realizarem, e Volos procurava
pôr estes planos em operação. Elle não podia ver mais
além do proprio nariz, ao passo que Emoção via mi­
lhas além e annos muito adeante.
E além desta faculdade da imagem mental que
fôra para os negocios de Volos de tão proveitoso em­
prego, Emoção também possuia um vivo e ardente de­
sejo para as cousas que ella usava de communicar a
Volos, obrigando-o por esse meio a sahir e a obrar cou­
sas que de outro modo nunca chegaria a fazer.
Emoção era como o Fogo, e Volos como a Agua.
A Agua chegava a conter o Fogo, mas ao mesmo
tempo o Fogo aquecia a Agua e o resultado era o Va­
por da Acção. E assim, vêdes estes dois — este Par
Mentativo — formava uma bella sociedade, e prospe­
rava muitissimo.

ENTRA O TENTADOR

Mas, ai! o Tentador entrou no Eden — e o Extra-


nho Attractive tomou pelo caminho do Castello Men-
80 FASCINAÇÃO MENTAL

tativo e tanto que lá chegou, plantou a perturbação. E


eis o que aconteceu:

O GASTELLO SEM GUARDA

Um dia, Volos estava ausente do Castello, tendo-se


entregado a algumas arduas empresas. Por isso, o
Castello achava-se sem vigia. Volos tinha prevenido isto
por algumas instrucções dadas á Emoção, nas quaes lhe
recommendava que tivesse bem fechada a Porta do Cas.
tello emquanto elle estava fora e não se puzesse a olhar
em sua ausência, porque nisso havia perigosas e myste-
riosas ciladas. Tinha Emoção observado, com boa fé, as
recommendações de seu senhor, supposto andasse, como
mulher que era, a arder em curiosidades. Muitas vezes
ella ouvira extranhos batidos á porta do Castello, mas
acautelou-se e absteve-se de olhar pelas fisgas, ainda
que o fez a contra gosto e torcendo a sua inclinação,
pois não via nenhum mal no simples facto de olhar.

O EXTRANGEIRO FASCINADOR

Mas, tornando ao nosso conto, este dia particular


em que Volos estava ausente de casa, a curiosidade de
Emoção era maior quando ella sentia os batidos na
porta. E, infringindo a ordem, aventurou-se a mostrar-
se fora. Olhando para baixo, viu um extrangeiro muito
attractive, em cujos lábios pousava um sorriso. Pare­
ceu-lhe elle tão forte como Volos, e ter certo traço de
A FABULA DO PAR MENTATIVO 81

mulher, por accrescimo. Elle tinha a Força a que reu


na o Encanto que Emoção reconheceu como parte de
sua propria natureza. “Ah! — suspirou Emoção — eis
aqui um homem que póde comprehender-me”. O Ex­
trangeiro fascinador sorriu-]he docemente e, pondo seus
olhos nos delia, pediu-lhe habilmente que permittisse a
sua entrada no palacio. “Não, não — replicou Emoção,
—- não posso deixar-te entrar, porque Volos m?o prohi-
he”. “Ah, bella jovem — insistiu o Extrangeiro, — Vo­
los pretende ter toda razão, mas é um velho rotineiro
e ficou atraz dos tempos. Elle não comprehende como
eu e tu. Deixa-me entrar”. E, como Mãe Eva, Emoção
cedeu ao engano.

“QUANDO O GATO ESTA’ AUSENTE”, ETC.

Bem, para encurtar uma longa historia, direi que,


quando Volos voltou á casa, achou que Emoção havia
assignado, por ordem de Villeveaux Modern Art, uma
bella obra publicada por De Luxe Bros, Quinta Aveni­
da-, para ser distribuida em 824 partes semanaes, ao
preço de $5 cada parte — tendo sahido 739 partes, que
foram em breve entregues. Tinha Emoção também dado
outras ordens para Varias Mercadorias que deslumbra­
ram a sua Imaginação imprudente e inhabit Volos cla­
mou pelos Deuses nacionaes — mas fel-o já tarde, por­
que o Contracto tinha sido firmado.

G
82 FASCINAÇÃO MENTAL

O PEIOR E MAIS DISTO

Mas, não foi isto senão o principio. Volos não com-


prehenjeu do que se tratava, e contentou-se com ralhar
a Emoção, que, á vista disso, se derreteu toda em lagri­
mas. Mas o veneno tinha feito a sua obra mortal.
Quando Volos se ausentava de casa, o habito se
firmava alli novamente, entrando o Extrangeiro Fasci­
nante dentro do Castello todas as vezes que á sua porta
ia bater. Certa occasião, ao recolher-se, Volos achou o
Castello guarnecido, desde os baixos até as torres de
observação, de custosas tapeçarias e moveis e vários ou­
tros artigos comprados da Morganstern’s Popular Ins­
tallment House, ao preço de $1,000 e $100 por semana.
Elle achou também que o Castello tinha sido armado
de pára-raios desde o sólo ás torrinhas, em cada ala, em
cada torre e seus annexos; e que as Notas em que esta­
vam impressos os signaes da lei e as penas da sua iu-
fracção, tinham sido trocadas por outras. Então Volos
jurou pelas Barbas de Marte, Deus da Guerra, que
tal facto não se repetiria mais — que elle de então para
deante não se afastaria mais de casa e assim fez. Mas
o astuto Extrangeiro era Onto, o Jogo no todo de seus
Detalhes, que continuou a sua obra, ainda mesmo que
Volos estivesse presente.
A I'ABULA DO PAR MENTATIVO 83

COMO VOLOS COMMETTEU UM EERO

Poucos dias depois que Volos determinou ficar em


casa, chegou um bando de embusteiros, cantando, dan­
çando e fazendo manhas de pilotiqueiros. Volos sen­
tou-se em uma grande pedra ao lado da porta do cas-
tello, que estava aberta, e sua attenção foi attrahida
pelos sons e vistas. Quanto mais depressa giravam os
dansarinos, mais forte soavam os tambores, mais sua­
ves tornavam-se os cantos, mais confusas as proezas dos
charlatães — até que o pobre Volos se esqueceu de tudo
quanto dizia respeito á porta aberta do castello, tão em­
bebido ficou nas extranhas vistas, sons, danças e lanços
de prestigios. Então um dos do bando dos saltimbancos
(que era aquelle mesmo estrangeiro disfarçado com or-
nato de diversas côres) passou por volos sem ser visto
e, em um momento, travou conversa com a impressioná­
vel Elnoção.
Volos vigiava a multidão, até que esta se moveu
dalli, e entrando de novo no Castello e fechando a porta
atraz de si, encontrou Emoção banhada em lagrimas
pelo facto de deter a vinda de uma tempestade.
“Ai de mim, como sou desgraçada! — dizia ella —
Estou outra vez perturbada, 6 Volos, meu soberano se­
nhor! O Extrangeiro Encantador, que passou por vós
na porta, recommendou-me uma grande Boneca, que se
move por si, automatica, e um Cravo com valvula de
ar liquido, Carbureto de Radium, instrumento este com
84 FASCINAÇÃO MENTAL

que eu posso produzir-vos todas as classes de musica e


com especialidade uma bonita aria muito popular de
Gotterdammerung de Vagner, intitulada “Beijo vosso
Bébé, Adeus!”, aria cheia de ternura, muita expressão,
sentimento de alma, conforme as palavras do extran­
geiro, a quem dei minhas ordens”.
“Mariola! — bradou Volos — sou eu forçado a
pronunciar alto o nome da producção de Vagner, mes­
mo mencionada por ti. E pela minha Santa Virgem, até
mesmo virás a cantar-me logo as palavras da melodia
do tempo dos farrapos, justamente citada por teus fal­
sos, vermelhos lábios! Irra! Na verdade fui incommo-
dado novamente por este extrangeiro encantador. Não
devo mais ter contemplações com estas scenas passa­
geiras de alegrias e assombros, para não ser novamente
ornado com orelhas de burro. Ah! Volos é novamente
elle mesmo e, á primeira vez que o extrangeiro encanta­
dor apparecer em scena, dar-lhe-ei nas ancas e na coxa
com a minha fiel acha de armas e meu riso quebrará
sua feia carcassa”.
Mas, oh! mesmo uma vez mais o pobre Volos foi
enganado, ludibriado — uma vez mais a pobre Emoção
foi fascinada pelo extrangeiro. E isto succedeu do modo
seguinte:

SUA ULTIMA RUINA

No dia de sua ultima ruina, Volos estava sentado


a um degrau em frente á porta estreitamente aberta
A FABULA DO PAR MEN TATIVO 85

do Gastello. “Ninguém passará agora por mim”, excla­


mava.
Mas o Fado quiz o contrario. Pois tanto que Volos
se sentou aqui, a cercaram-se delle varias gentes que po­
voaram os outros degraus deante da porta, e concita-
vam a Volos com calorosos e enfadonhos discursos á
Vigilância sobre as novidades; a Campanha Presiden­
cial; a Questão dos Japonezes; a Raça Suicida; a Nova
Theologia; Quão velha era Anna; o Problema do Re­
sultado final da Collisão entre a Força Irresistivel e
o Corpo Immovel; os Cannes de Marte; o que fará
Roosevelt, quando seu tempo expirar; e muitos outros
topicos importantes, de interesse, suggest!vos. de ge­
ral interesse.
Quanto mais agradaveis eram estes visitantes,
tanto mais indulgentes eram os sentimentos de Volos.
E ainda que elles parecessem, no começo, differir
delle, comtudo elles delicadamente se deixaram pouco
a pouco convencer por elle, até que, finalmente, com-
prehenderam que elle era Invencivel em Argumento e
Invulnerável em Lógica.
“Este é o extrangeiro importuno — disse Volos,
— mas não obstante é verdade — que Eu sempre me
acho do lado direito de toda questão^.
E sua admiração subiu de ponto, depois que todos
o acclamaram no fim. “Estou-me — disse — verdadei-
rameiite desenvolvendo em uma sábia lingua”.
86 FASCINAÇÃO MENTAL

A PALHA ULTIMA

E, assim pensando, sentiu-se suavemente adorme­


cer ao sahir do rigor das disputas. As attenções lison-
geiras, a alegria da Victoria e a excessiva somma de
attenção e interesse mostravam que elle tinha gasto
muita força e a Natureza Humana é limitada mesmo
no caso de um truculento Volos. E, tanto que elle dor­
miu, o Extrangeiro Encantador (que era em carne e
osso o chefe daquella quadrilha de visitantes importu­
nos) metteu-se pelas pontas a dentro do palacio e car­
regou sobre Emoção uma escolhida collecção de gene-
ros mineiros de borda dourada (puro ouro, já se vê);
uma machina de voar de correntes; um automovel de
marca Perigo Ama/rello e um carro de observação com
vestibulo e sala de visitas e força de 5.000 muares.
Quando Volos viu o que tinha acontecido, chorou e ex­
clamou amargamente: “São restos da discórdia, é a
morte de um certo “Eu sou o Barão E. Z. Marli”.
E sobre isto mandou chamar o Sabio que habitava
na próxima baronia.

O SABIO CHAMADO

Veiu o Sabio, e depois de ouvir a historia, disse:


“Meus filhos, vosso caso é triste, mas importa que seja
A FABULA DO PAR MEN TATIVO 87

aceommodádo sem uma visita aos Sioux (*) Tails,


e sem levantar-se questão concernente á Pensão. O
obstáculo é o seguinte:

VOLOS SEM EMOÇÃO

“Volos, sem Emoção, não tem desejo ou incentivo


para fazer as cousas. Elle não tem necessidades a sa­
tisfazer, e por isso não faz nada. Elle necessita de
Emoção para supprir os desejos. Sem Emoção, Volos
não tem sentimento, é uma mesquinha ostra ).(** Por
isso, elle precisa delia para preencher o sentimento,
pois verdadeiramente o sentimento é uma especie de
vida. Sem Emoção, Volos não tem Imaginação, e não
póde ver nada além da ponta de seu nariz. E que é a
vida sem Imaginação? Por todos os numes, a gente
podería ser bem uma múmia!

EMOÇÃO SEM VOLOS

•E por outra parte, Emoção sem Volos é um fogo


de desejo consumidor; uma desenfreada Imaginação;
uma Faculdade Intuitiva degenerada na mais baixa
superstição, na mais deplorável credulidade, na mais

(*) índios da America do Norte, aqui tomado em sentido


figurado. Sem grandes embaraços.
(♦♦) Clam-shell, pequena ostra americana. Figura damente;
uma cousa mui pequena, um quasi nada. — (Notas da Trad.),
88 FASCINAÇÃO MENTAL

ociosa phantasia. Volos não tem Desejo, Emoção ou


Imaginação de si mesmo — ao passo que Emoção não
tem. Vontade de si mesma.

A FORÇA ESTA’ NA UNIÃO

Verdadeiramente, não se pode ver por tudo que


este Par necessita um do outro nas peiores circumstan-
cias? Cada um isolado é incompleto. Unidos, elles se
mantêm — separados, cahem. A força dos dois está
na união.

O PERIGO DA SEPARAÇÃO

E mais do que isso, cada um, sem o outro, cáe como


presa nas malhas de algum Fascinador Extranho.
Vimos como Emoção foi fascinada e controllada
pela vontade do extrangeiro que ganhou accesso no
castello.
Mas vimos também (pela minha arte magica) que,
quando Volos se afastou da casa em negocios importan-
ies, sem o ter guardado Emoção fortemente, elle cahiu
victima nas ciladas do Desejo e Imaginação de um bell o
extrangeiro ao cruzar o rio, e cumpriu as ordens delia
e empregou sua vontade para cumprir a sua tarefa em
vez das desejadas por sua propria Emoção. Na verda­
de, se estas duas entidades fossem independentes uma
da outra, não deviam agora recomeçar. Verdade é que
a Harmonia será sua, quando andarem juntas.
A FABULA DO PAR MENTATIVO 89

O SEGREDO DA RUINA

“E este é o Segredo da ruina de Emoção”.


Sem a Vontade de Volos para protegel-a, dirigil-a
e aconselhal-a, Emoção deixou correr impetuosamente
o Desejo e a Imaginação, como se estivessem desenfrea­
dos. E assim ella se fez tão impressionável que se dei­
xou governar pela Vontade de um Extranho que se
aproveitou da mesma e de muitas outras ordens por si
mesmo escolhidas. Mesmo quando Volos estava assen­
tado á porta, vigiando os jogadores, dansarinos e pelo-
tiqueiros, sua ATTENÇÃO estava tão occupada com
o que via, que o Extrangeiro Encantador passou pela
porta — e fêl-o como se Volos estivesse ausente de casa.
E, por outra parte, quando Volos deixou enredar-se nos
discursos da turba de visitadores, e empregou a sua
Energia e Força em argumentos e disputas com ella
— e quando elle se mostrou contente com a falsa se­
gurança de seus Irmãos unidos da Pedra da Lisonja —
elle descurou sua vigilância, deixou-se cançar, ficar
somnolento e dormiu e, aproveitando-se o Extrangeiro
do somno de Volos, penetrou outra vez no interior de
seu castello, onde recebeu as ordens de Emoção para
aquelles generos.

O REMEDIO DO SABIO

E este é, pois, o Remedio (como meu successor


Lawson of Boston), dirá nos séculos seguintes — este
90 FASCINAÇÃO MENTAL

é O REMEDIO. Cada pessoa deste Par Mentativo deve


ligar-se estreitamente á outra.
Volos não deve ter negocios importantes através
do rio, deixando Emoção sem um protector e conse­
lheiro. Emoção, por sua vez, deve unir-se fortemente a
Volos e satisfazer a curiosidade, a imaginação, a emo­
ção e desejo proprios, dispondo o seu companheiro a
crear as cousas por meio delia, a fazer as cousas que
ella sonha, a alcançar as cousas que ella deseje e ex­
pressar aquellas que ella sentiu. Este é o segredo do
successo, caro Par Mentativo — Trabalho mutuo pelo
Desejo e Vontade, com fé um no outro — guardando
um ao outro do Extrangeiro Encantador, que os as­
salta quando separados. Agora, pois, Filhos, LANÇAE-
VOS A’ OBRA!”
Isto dizendo, o Sábio desappareceu da vista.

A MORAL

E a Moral desta Fabula do Par Mentativo é esta:


Que a Mente de todos os Homens e Mulheres é um Cas­
tello Mentativo habitado por Volos e Emoção.
E o que aconteceu ao Par na Fabula, póde acon­
tecer, e acontece a muitos em cada dia da vida. A Von­
tade, afastando-se da casa, e attendendo a outras at-
tracções, deixa o Castello sem guarda e o Extrangeiro
Encantador penetra nelle. Por outra parte, a Vontade
tem sua attenção distrahida por objectos de interesse
passageiro e esquece a porta do Castello. E outra vez,
A FABULA DO PAR MENTATIVO 91

a Vontade deixa-se ficar cançada, fatigada e divertida


por argumentos inúteis, conversas e cogitações instiga­
das pelo artificioso e encantador Extrangeiro, e este
se insinua pela porta. Em todos os casos, Emoção está
ao lado interior da porta, sem protecção e innocente,
fiel á sua propria natureza, crédula, imaginativa, phan-
tasista, desejosa e emocional — é admissive! que ella
ordene bens que não sejam de necessidade para a fa­
mília ?
E o Remedio do Sabio, como foi dado ao Par Men­
tativo, pode ser, e será applicado a todos os homens e
mulheres em seu Castello Mentativo.
E7 esta, pois, a Moral da Fabula.
CAPITULO VIII

FASCINAÇÃO EXPERIMENTAL

Nesta obra darei ao estudante uma idéa dos me-


1 bodos de conduzir a obra experimental nesta phase de
Fascinação que se chamou Impressão Mental, etc., se­
guindo as linhas dos melhores investigadores e experi-
mentadores na America e Europa.
Minha razão por assim fazer é que o estudante pôde
ter uma idéa completa da obra pratica, ainda mesmo
que elle não possa desejar conduzir taes experimentos
em pessoa. Eu penso que todos podem familiarisar-se
com estas cousas como materia de conhecimento, e tam­
bém para os fins da auto-protecção que nasce de uma
comprehensão do assumpto.

PHENOMENOS ATERRADORES EXPLICADOS

Desejo também informar o cuidadoso estudante e


investigador de que os factos, tests e phenomenos que
94 FASCINAÇÃO MENTAL

até aqui foram olhados pelo publico geral como inse-


paravelmente connexos com o mesmerismo, hypnotis-
mo e sleep-conditions, podem ser reproduzidos sem o
fim de condição de somno, e sem as peloticas do pu­
blico operador.
Os phenomenos inteiros de mesmerismo, hypno-
tismo, etc., podem ser produzidos pelos methodos scien-
tificos, simples ao longo das linhas da Fascinação Men­
tal, por meio da Inducção Mentativa, sem nenhuma ten­
tativa de produzir somno como uma condição prece­
dente.
Quando este assumpto for completamente conipre-
hendido pelo publico, o clamor e o sensacionalismo do
publico mesmerico desvanecer-se-ão, e a materia rece­
berá a consideração scientifica que merece.
Mas, ao mesmo tempo, o povo começará a realizar
a poderosa força da Influencia Mental que é capaz de
produzir taes manifestações surprehendentes em um
estado de vigilia, e procurará guardal-os contra o abu­
so do poder.

AS PRATICAS HYPNOTIGAS CONDBMNADAS

Fôra quasi desnecessário para mim ajuntar que


eu não me sympathise com as praticas publicas desta
phase de Impressão Mental conhecida como Hypnotis-
mo, Mesmerismo, etc., na qual os sujeitos executam, por
mandado, varias sortes de loucura e praticas absurdas.
Além da minha objecção ao povo que sujeita a sua von-
FASCINAÇÃO EXPERIMENTAL 95

fade á Vontade de outro neste caminho, eu sinto que


taes exhibições são falhas de sentimento, bom gosto e
muitas vezes de decencia. Para dizer o menos, ella (*)
se converte em um jogo de mão de um phenomeno scien-
tifico. Eu não me sympathiso com taes manifestações
ou exhibições e falarei deltas nesta obra para condem’
nar somente os methodos empregados.

METHODOS SCIENTIFICOS

Em minhas notas, dou instrucções, ao longo das


linhas de methodos scientificos, de accordo com as
melhores autoridades sobre a materia e com todas as
regras observadas nos experimentos de taes autorida­
des levadas a bom termo, e nos quaes estive frequente­
mente presente.
Desejo que meus estudantes se colloquem em uma
attitude scientifica de mente, como se justamente es­
tivessem ouvindo leituras sobre o assumpto em cursos
scientificos de alguma das principaes Universidades.
O assumpto é estrictamente scientifico e seria
abordado, considerado e investigado somente de accor­
do com o espirito scientifico de investigação. A ma­
téria não é para risos (?) ou ocioso passatempo. Con­
fio em que fiz a minha posição sobre este ponto suffi-
cientemente clara para todos, por maneira que não
póde haver falsa comprehensão a respeito da mesma.

(*) A Vontade do povo.


96 FASCINAÇÃO MENTAL

A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO

Não aconselho todos os meus estudantes a darem-


se a esta ordem de experiencia, desde que não haja
necessidade para isso. O que eu realmente tento fazer
é tornar-lhes conhecidos os methodos usados nessas ex­
periências, e os resultados» obtidos. Por este meio, el-
les podem adquirir um considerável conhecimento da
materia, o qual os fará capazes de compreliender real-
mente as differentes phases, e prevenirá de manter
idéas errôneas a respeito da matéria. Este conheci­
mento pôl-os-á também no estado de descobrir alguns
symptomas de uma tentativa para usar esta força so­
bre elles em todos os dias da vida.
Quando uma pessoa se faz conhecedora do interior
de uma cousa, por maneira que a reconheça em qual­
quer tempo que a vê, corre pouco perigo de cahir no
erro, olhando-a. Este conhecimento de uma cousa é u’a
meia batalha para repulsal-a. E com esta comprehen-
são, passarei agora a descrever a obra na Fascinação
Mental, que é precisamente executada pelos investiga­
dores scientificos nos collegios e outros lugares, neste
paiz e na Europa.

MEIOS FAVORÁVEIS

O investigador acha que elle póde obter resulta­


dos muito melhores, quando seus experimentos são fei­
FASCINAÇÃO EXPERIMENTAL 97

tos em lugar quieto, cuja aitmosphera é proveitosa e


conduz á calma e aos estados de paz mentaes imper­
turbáveis.
Esta atmosphera affecta o operador e o sujeito,
contribuindo para que aquelle concentre sua mente e
este lhe preste bem attenção e descance em um estado
mental passivo. Bem será, se as experiencias se fizerem
em um quarto remoto, afastado da rua e apartado»
quanto possivel do resto da casa, de sorte que qual­
quer especie de rumor não possa penetrar alii. O ex-
perimentador tomará medidas tendentes a prevenir e
evitar que se não interrompam a concentração e a at­
tenção do sujeito.

IMPRESSÕES DO SENTIDO

Os melhores experimentadores vêm que o seu


quarto de experiencias está singelamente mobilado,
sem quadros ou decorações, etc., que pudessem attra-
hir a attenção do sujeito.
Um macio tapete que abafasse o rumor de seus
passos fôra aconselhável. Eu vi até mesmo alguns ex­
perimentadores collocarem pontas de borracha ou al­
mofadas sob os pés das cadeiras e das mesas, etc., nos
quartos de experiencias, afim de se evitarem os ruidos.
O quarto deveria manter-se em uma temperatura
agradavel, que não fosse muito quente ou muito frio,
visto como os extremos incommodarão o sujeito, im­
possibilitando-o de prestar toda a sua attenção ao ex-
98 FASCINAÇÃO MENTAL

perimentador. De quartos frios, e corrente de ar, etc.,


ouvi dizer que interrompem as mais bem encaminha­
das experiencias e todos os experimentadores estão ao
facto de que um dia escuro e quente é seriamente des­
favorável a taes experiencias. Evitae cuidadosamente
uma luz deslumbrante no quarto. São aconselháveis as
sombras de macios verdes ou azues e estas mesmas cô­
res seriam de conveniência quando usadas nas decora­
ções dos quartos pelo experimentador que deseja obter
os melhores resultados. Lembrae-vos da expressão, uma
luz fraca, religiosa, e alcançareis a idéa da luz.

EFFEITOS PSYCHOLOGICOS

Vários experimentadores queimaram incenso no


quarto antes de se fazer a experiencia, por ser a dita
essencia muito apropriada a acalmar os nervos e a
communicar um sentimento de quietação a todos que
estiverem no quarto» Haveis de conhecer que as con­
dições que tendem a produzir os resultados de maior
exito nestas experiencias são as mesmas que as egrejas
cerimoniaes de todas as raças adoptaram em seus ser­
viços, etc. Este facto só precisa ser mencionado clara­
mente ao pensador.
E’ bem conhecido que a musica suave, quieta, re­
ligiosa, produzirá uma condição psychologica em que
as pessoas se tornam impressionáveis, e muitos psycho-
logos francezes se aproveitaram deste facto. A theoria
inteira assenta na producção de um sentimento de
FASCINAÇÃO EXPERIMENTAL 99

conforto no sujeito. Por conseguinte, é apenas neces­


sário accrescentar que os assentos devem ser conforta­
reis e commodos.

O QUARTO DE UM IMPORTANTE
SUGGESTIONISTA

Posso concluir estas notas sobre as condições de­


sejáveis, citando um artigo de u'm magazine escripto
por mim ha uns sete annos, sob pseudonymo. Descre­
via o artigo uma experiencia do quarto de um celebre
suggestionista americano, em uma serie dellas levadas
a termo ante uma classe de investigadores e estudantes,
na minha presença. Penso que a descripção offerecerá
ás vossas mentes as condições ideaes para as experien­
cias ao longo destas linhas. Eu disse no artigo:
“O quarto é bem ventilado e claro, ainda que a luz
não seja forte. E? notavelmente quieto e livre de sons
disturbantes e vistas, sendo de notar o ar do sitio e o
afastamento de scenas. A pessoa, ao penetrar nelle, tem
a impressão que lhe deixa o interior de alguma rural e
quieta capella, em uma tarde de outono, quando tudo
em torno parece indicar a falta de existência de um
mundo exterior, salvo as brisas occasionaes soprando
as faces e algum som abafado que vem de algum ponto
muito distante e o zumbido de algum zangão extravia­
do que, porventura, entrou pela porta. O ar semi-reli-
gioso torna-se ainda mais grave pela fraca luz religio­
sa e pela voz do experimentador, quando dá as repeti­
100 FASCINAÇÃO MENTAL

das suggestões ao paciente, no mesmo tom monotono,


esperançoso e encorajador, e em que fica ao mesmo
tempo um pedido solicito. Os objeetos em torno, a tran-
quillidade, o tom do operador, a posição inclinada do
paciente, tudo dá uma suggestão mais forte de quieta­
rão, calma, paz, commodidade e descanço.
A influencia suggestiva de tudo quanto alli rodeia
á distinctamente sentida pelo visitante e este assume
também inconscientemente o papel de assistente na ca-
pella. Ao escriptor foi dito por muitos dos pacientes
que elles se tornavam totalmente esquecidos da pre­
sença da classe e ficavam entregues a todos os intentes
e propositos do operador só, não tendo outros pensa­
mentos que as suggestões dadas por elle”.
Eu poderia ajuntar que as suggestões dadas aos
patientes no principio do tratamento foram calculadas
para augmentar o estado desejado de descanço, calma
e quietação.

COMO DETERMINAR A IMPRESSIONABILIDADE

A primeira cousa que o experimenta dor faz é de­


terminar o grau de impressionabilidade do Impressio­
nável. Ha muitos modos de determinar isto. Um dos me-
thodos mais effectives que se acharam é ter o impres­
sionável extendido parcialmente sua mão e braço es­
querdos, até que obteve uma posição commoda. Então,
se elle pôz a mão com a palma para baixo, levanta ou
eleva o terceiro dedo (geralmente conhecido como o
FASCINAÇÃO EXPERIMENTAL 101

dedo anular), conservando os outros dedos firmes, e


em baixo, ao nivel com a palma, então dizei-lhe que vos
dirigireis á VONTADE de que elle ha-de sentir no dedo
uma sensação de comichão, a qual, começando a espa­
lhar-se por toda a mão, pulso e braços, se extenderá até
os hombros. Dizei-lhe que este sentimento será fraco no
principio, mas que, começando a formigar cada vez
mais, irá augmentando até parar no estado que se des­
creveu. Depois disto, concentrae vossa propria mente
sobre o sentimento que desejaes produzir nelle, tendo
uma forte VONTADE que elle se produza. Passado
um momento, perguntae-lhe se elle não sente uma fraca
sensação> de formigueiro — mas, notae isto, perguntae-
lhe de um modo tal que lhe daes uma positiva sugges­
tão de que elle sente — desta maneira, por exemplo:
Vós já sentis a comichão, não é verdade? Esta forma
é já uma suggestão, porque formulae» a cousa antes
de fazer a pergunta.
Quando disserdes : Não é verdade? — pronunciae
a pergunta com emphase, forte e positivamente. Acha­
reis que a sensação se percebe em um momento ou dois,
em uma grande porcentagem de casos, e em muitos del-
les se obtem os mais pronunciados resultados.
O grau de sensação produzido determina o grau de
impressionabilidade da pessoa experimentada.
Quando concluirdes a prova, em todos os casos,
tratae de tomar a mão do sujeito, colhei-a firmemente,
e dizei-lhe com amabilidade: “Vossa mão está inteira­
mente boa agora — inteiramente boa”. Pronunciae as
102 FASCINAÇÃO MENTAL

palavras “inteiramente boa” com emphase, firme e po­


sitivamente. Dizei sempre estas cousas com um ar de
convicção e segurança — porque em taes tons ha uma
grande qualidade suggestiva.

EXPERIMENTANDO UM QUARTO CHEIO


DE GENTE

Se estaes experimentando muitas pessoas, um


quarto cheio de gente, por exemplo, omittireis rapi­
damente o numero a experimentar-se até que tenhaes
acabado. Podeis experimentar o quarto cheio, de uma
vez, como acima, se desejaes. Não façaes como se esti-
vesseis ligando muita importância á experiencia; di-
zei-lhes que estaes meramente cxperirti(nilamdo-os pela
impressionabilidade, etc. Mas, quando tiverdes aca­
bado, conhecereis justamente a grau de impressiona-
bilidade de cada pessoa no quarto e deste modo sereis
capaz de escolher os mais impressionáveis para a pró­
xima experiencia.

IMPRESSIONANDO O SUJEITO

Tendo escolhido um numero desejado de impres­


sionáveis, tirae um delles, mandae-o ficar em pé deante
de vós, olhar-vos directamente os olhos (veja-se a di­
recção para adquirir o Olhar Mental, no ultimo capi­
tulo), dizendo-lhe em um tom de palavra quieto, mas
firme e positivo para este effeito: “Agora dae-me vossa
FASCINAÇÃO EXPERIMENTAL 103

inteira attenção. Desejo que fixeis vossa attenção fir­


memente sobre mim e sobre o que eu digo, porque só
deste modo se podem obter os melhores resultados. De­
veis esquecer todas as cousas e pessoas no quarto e ou­
vir somente minha voz e sentir meus pensamentos. Fa-
zei-vos perfeitamente receptivo e passivo aos meus pen­
samentos e palavras. Deve parecer-vos que eu e vós só
nos achamos aqui e ninguém mais. Não deveis ver nin­
guém mais além de mim; não ouvir outra voz que a
minha; nem sentir outros pensamentos que os meus”.
Falae-lhe um pouco neste estylo, e então dizei-lhe:
“Tendes razão, estaes a dar-me toda vossa attenção —
estaes agora sentindo men pensamento — tudo vae
bem”, etc., etc., em um tom encorajador, naquelle mes­
mo espirito em que dirieis a uma creança que se está
ensaiando na obra de alguma tarefa sob vossa direcção.

INDUZINDO A RELAXAÇÃO

Ensinae-o a relaxar todos os seus musculos — a


tirar a sensação delles. Dizei-lhe que, assim fazendo,
elle attráe sua vontade fora de seus musculos, que é
realmente isto que deve acontecer. Se elle parece um
pouco vagaroso em receber esta idéa, dae-lhe uma pra­
tica illustração da relaxação, erguendo uma de suas
mãos e deixando-a cahir. Se ella não cáe livremente,
então elle não a relaxou. Exercitae-o até que elle ap-
pmida o significado da relaxação. Esta pratica trará
104 FASCINAÇÃO MENTAL

um estado de passividade que tenderá ao exito em vos­


sas experiencias.

EXERCÍCIOS DE RELAXAÇÃO

E? de maior importância que o sujeito que se ex­


perimenta seja levado a uma condição mental passiva.
E o melhor meio para induzir esta condição desejada
é realizar uma passiva condição de corpo, porque esta
terá uma acção reflexa na mente, conforme leis esta­
belecidas. Os seguintes exercicios ajudar-vos-ão a rea­
lizar a condição do relaxamento, preparatória para as
vossas experiencias psychologicas.
Exercidos. — Ensinae o sujeito a subtrahir sua
vontade de sua mão direita, tornando-a completamente
jlexivel, de modo que elle possa movel-a mollemente de
sua munheca.
Deixae-o depois leval-a para deante e para traz.
Repeti o exercicio com a mão esquerda. Tentae com as
mãos ambas ao mesmo tempo, fazendo-lhe communicar
ás mãos um movimento de torsão para uma parte e
para outra, partindo da munheca.
Deixae-o depois leval-a para deante e para traz.
Repeti o exercicio com a mão esquerda. Tentae com
as mãos ambas ao mesmo tempo, fazendo-lhe commu­
nicar ás mãos um movimento de torsão para uma parte
e para outra, partindo da munheca, sem duvida, dei­
xando torcel-as bambamente.
FASCINAÇÃO EXPERIMENTAL 105

Fazei-lhe retirar a Vontade de seus braços, depois


sacudi e movei-os em torno de seus hombros, como se
fossem umas vazias mangas. Levantae os seus braços
acima de sua cabeça e deixae-os cahir aos lados como
um peso morto — a queda deve ser occasionada pelo
peso dos braços e não ajudada pela Vontade — sua
Vontade deve ser completamente retirada.
Os exercicios acima devem ser variados e ampli­
ficados, conforme se achar conveniente.

PONDO OS SUJEITOS EM TRANQUILLIDADE

Muitos dos melhores experimentadores tomaram


um tempo considerável em pôr em trmquillidade as
pessoas que se lhes offereciam como sujeitos nas suas
experiencias psychologicas, e ao mesmo tempo realiza­
vam o estado desejado de relaxação. Consideraram o
descontentamento e o receio que alguma cousa como
hypnotismo inspira nas mentes populares, devido ás
praticas publicas delle e evitaram alguma suggestão
de condições similares.
Começaram geralmente por falar do valor da re­
laxação e como pouca gente é capaz de relaxar os seus
musculos. Depois explicaram a materia mostrando aos
sujeitos como pouco delles são capazes de os relaxar
facilmente.
Isto leva ao tentame dos exercicios de Relaxação
acima mencionados ou outros similares, que, como ha
pouco mostrámos, levam directamente ao primeiro e
106 FASCINAÇÃO MENTAL

real test (*) da Inducção e Suggestão Mental, que é


conhecido como a prova de cahir para deamde e que é
uma das experiencias mais samples conhecidas no la­
boratorio psychologico. Desta prova a outras, é mera­
mente questão de estados Isuccessivos. Assim, o experi-
mentador começa realmente sua obra com o processo
de pôr o sujeito no estado de trauquâltidade, treinan­
do-o na relaxação. Nesta connexão eu devo dizer que
poucos conhecem como relaxar o corpo e algum ensino
é necessário na maioria dos casos. Os exercicios acima
devem ser sufficientes.

A PRIMEIRA EXPERIENCIA

Depois de instruir o sujeito na relaxação, dizei-


lhe: “Agora, olha-me direito nos olhos, e deixa que
meu pensamento actúe sobre ti. Estás sentindo uma
inclinação de cahir para deante — CAHIR PARA
DEANTE — CAHIR PARA DEANTE, para meu
lado! Não a contraries. Deixa-a, eu digo! Eu te se­
guro se cahires. Agora, cáe para deante, para meu lado,
vagarosamente. E' isto; estás a cahir um pouco, agora.
Vem, vem, vem agora, assim, assim. AGORA!”
Extendei as vossas mãos ambas, uma de cada lado
de sua cabeça, mas um pouco em frente delle, de modo
que elle possa ver as palmas de vossas mãos se as ti­
vera encarado. Depois tanto que repetirdes a sugges-

(*) prova, ensaio.


FASCINAÇÃO EXPERIMENTAL 107

tão acima mencionada, retirae vagarosamente vossas


mãos delle, como se o estivesseis attrahindo por um
physico poder. Esta é umÉ forte suggestão que o tor­
nará mais susceptível á vos^i Vontade. Quanto mais
realidade puzerdes na acção de atrtrahir, mais força
dareis á vossa Vontade e mais promptamente elle vos
obedecerá.

USANDO A VONTADE
Emquanto falaes estas palavras, olhae attenta-
mente para os olhos delle e tende a VONTADE de que
elle cáia para deante. Em um momento, elle começará
a pender um pouco e, se mantiverdes concentradas a
VONTADE e a suggestão, elle cahirá para vós. Sêde
prompto em amparal-o e segurae-o com as vossas mãos.
Esta prova é muito mais simples do que pareceria da
leitura da descripção delia, e pode ser produzida em
uma larga porcentagem de casos, em que as pessoas dei­
xarão suas mentes tornarem passivas ás vossas.
Onde parece haver resistência, dizei á pessoa: Man­
tem o pensamento que se está inclinando para deante.
Muitos acham mais facil sentir a sensação da
queda para deante, com seus olhos fechados do que
com elles abertos. Com outros o contrario é verdadeiro.

A PROVA CONTRARIA
Depois de terdes sido bem succedido nesta expe-
riencia, ponde-vos de pé atraz da pessoa, cousa de uma
108 FASCINAÇÃO MENTAL

jarda, e concentrae vosso olhar sobre um ponto na


base do craneo, a qual está situada onde o pescoço en-
tronca com a cabeça. Depoisilizei-lhe que sentirá uma
sensação de estar cahind^ para traz, egual a que teve
na prova de cahir para deante. Não deixeis de dizer-
lhe que vós o segurareis quando vier cahindo, etc., afim
de o tranquillizar. Usae os pesmos tons, etc., como na
prova da queda para deante, salvo se substituirdes a
palavra para traz por para deante. Em poucos momen­
tos, obtereis o mesmo resultado como na queda para
deante.
Ambas estas experiencias estão collocadas entre
as provas mais fáceis conhecidas pelos experimenta­
dores, mas não deixam por isso de ser importantes
por servirem de inspirar confiança em si mesmo, na
mente do experimentador, e uma passiva confiança na
mente do impressionarei.
Depois é sempre bem começar por estas provas
fáceis e subir como por graus ás mais difficeis, em
subsequentes occasiões.

A PROVA DA PALMA LIGADA

A próxima experiencia deve ser como segue: Dizei


ao impressionarei que colloque a palma de sua mão
sobre a da vossa, deixando que ella descance aqui al­
guns momentos; que tire toda a sua Vontade de sua
mão e que a deixe perfeitamente relaxada como um
FASCINAÇÃO EXPERIMENTAL 109

peso morto. Dizei-lhe, depois, que estaes a ligar sua mão


á vossa, pelo pensamento.
Em seguida, olhando-o directamente nos olhos, di­
zei em tom forte, firme, positivo: “Agora não podes
afastar a tua mão — não podes, não podes, não podes,
eu digo”, etc. Accentuae sempre as palavras não podes,
nestas experiencias, porque estas são as palavras que
desejaes levar ao cerebro delle.
Deveis, sem duvida, acompanhar vossas palavras
com o vosso pensamento NÃO PODES — deveis QUE­
RER que elle não possa. Tirae a impressão dizendo:
Muito bem, agora — muito bem.

A PROVA DOS DEDOS FECHADOS

A próxima experiencia é a de ligar as suas pró­


prias mãos. Esta é feita mandando-o fechar os dedos de
suas mãos ambas, mantel-os tesos o mais que puder e
empregar no acto a sua Vontade. Dizei-lhe depois:
“Agora não me resistas, mas ficas como estás. Agora
NÃO PODES soltar tuas mãos — NÃO PODES, eu
digo, NÃO PODES; tenta, mas NÃO PODES”, etc.,
ao mesmo tempo que concentraes vosso olhar e VON­
TADE cobre suas mãos, mantendo-as ambas juntas.
Pôde ser-vos de auxilio pegar as suas mãos juntas com
as vossas primeiramente e depois gradualmente ir af-
frouxando as vossas, até se afastarem completamente
das suas, repetindo, neste interim, as vossas sugges-
110 FASCINAÇÃO MENTAL

tões. Removei a impressão como previamente se acon­


selhou.

A PROVA DA MÃO FECHADA

Vossa próxima experiencia pode ser a de impedil-o


de fechar a mão. Procedei como na prova ultima, dizen­
do-lhe que feche sua mão tão apertadamente quanto pu­
der e depois dizei-lhe : “Agora não podes abril-a — NÃO
PODES, eu digo”, etc. Passará algum tempo antes que
elle possa conseguir abrir a mão. Removei a impressão.

A PROVA DAS MÃOS GIRA}NTES

A próxima experiencia pode ser a de fazer que o


sujeito mova as suas mãos em roda. Procedei dizendo-
lhe que relaxe suas mãos um pouco, mas começae a
dar-lhes giro em torno uma de outra em direcção ex­
terna. Dizei-lhe: “Mais depressa, mais depressa, mods
depressa. Mais apressadamente. Com mais pressa que
puderes”. Então, quando suas mãos estiverem girando
rapidamente, dizei-lhe: “Agora, NÃO PODES paral-as
— NÃO PODES, eu digo — tenta, mas NÃO PODES,
não podes”, etc. E, passado algum tempo sem que elle
possa parar as mãos, removei a impressão pela sugges­
tão: “Muito bem — muito bem”.
FASCINAÇÃO EXPERIMENTAL 111

A PROVA DE ATTRAHIR

A próxima experiencia póde ser a de attrahil-o para


deante ou para traz de vós. Isto se faz pondo-vos em
pé deante ou atraz delle, conforme o pedir o caso.
Dizei-lhe que elle andará para vós, em frente ou
atraz, conforme desejardes. A ordem deve ser feita
acompanhada pela VONTADE. Removei depois a im­
pressão.
Semelhantes a esta são as seguintes experiencias:
l.a — Prohibil-o de avançar (*) de todo; e 2.° —
prohibil-o de sahir fóra de uri circulo imaginário quC
traçastes no assoalho. Estas experiencias são, sem du­
vida, acompanhadas pelas próprias suggestões e uso
da Vontade. Removei a impressão.

A PROVA DA CADEIRA

Outra experiencia semelhante é a de prohibil-o


de sentar-se em uma cadeira, ou falar-lhe para ficar
sentado em uma cadeira de onde será, ao depois, inca­
paz de se levantar. Esta prova pode-se fazer do mesmo
modo. Removei a impressão.

(♦) Dar um passo adeante.


112 FASCINAÇÃO MENTAL

OUTRAS EXPERIENCES

Outra experiencia commum é a de dar ao impres­


sionável um bastão è dizer que o tenha firme; accres­
cent e-sed he depois, com energia, que elle o não poderá
lançar de si, porque está pegado ás suas mãos, etc. Ti-
rae a impressão.
Outra experiencia semelhante é a de prohibil-o de
erguer um peso leve, uma caixa ou uma cadeira, pelas
vossas suggestões de “Tu NÃO PODES”, acompanha­
das pelo uso de vossa Vontade. Removei a impressão.

A PROVA DO NOME

Alguns experimentadores tentam a prova de pro-


hibir o impressionável de pronunciar seu nome, por
suas suggestões de não podes. Uma variação desta é
fazer-lhe dizer que seu nome é Thomaz Jones ou outro
qualquer nome falso, pelas meras suggestões de: Tho­
mas Jones, és Thomaz Jones, eu d/igo, segundo' a sa­
gaz questão, Qual é vosso nome?
Por mais extranha que esta experiencia possa pa­
recer, ella é coroada de muito exito. Removei a im­
pressão.

A EXPERIENCIA DA PALPEBRA

A experiencia de fechar as paJpehras se faz do se­


guinte modo: Tendo o impressionável fechado levemen­
FASCINAÇÃO EXPERIMENTAL 113

te suas palpebras e tendo-as conservado nesta posi­


ção durante alguns minutos, dizei-lhe: “Agora NÃO
PODES abril-as. NÃO PODES. Tenta, se queres, mas
NÃO PODES”, etc., etc., como acima se descreveu.
Apagae a impressão. A rijeza de braços ou pernas se
faz pelo mesmo processo, usando-se da suggestões e
Vontade. Removei a impressão.

A EXPERIENCIA DA OATALEPSIA
A prova da catalepsia dos hypnotistas profissio-
naes não é senão uma ampliação das experiencias
musculares, e consiste em produzir uma condição de
rigidez em todo o corpo do sujeito. Eu não aconselho
que se faça esta experiencia, porque muitos accidentes
occorreram em muitos casos e ha outras razões pelas
quaes ella não é aconselhável.
Aqui a menciono somente como um assumpto de
interesse scientifico. Apesar de pretenderem os hypno­
tistas que esta experiencia é capaz de produzir-se quan­
do o sujeito está no estado profundo de hypnosis, co­
nhecido como o estado cataleptico, todos os psychologos
reconhecem que ella póde produzir-se quando o sujeito
está bem accordado e é meramente uma prova muscular
que nada tem com o somno.

UM PRINCIPIO FUNDAMENTAL
Vereis que uma lei governa todas estas provas e
milhares outras de natureza semelhante que podem oc-

s
114 FASCINAÇÃO MENTAL

correr ao experimentador. E toda ella do uso da VON­


TADE e da SUGGESTÃO do experimentador acompa­
nhada pela relaxação da Vontade de outras jpessoas. A
Lei da Inducção Mentativa é a causa real atraz dos phe­
nomenon.
As suggestões tornam duplamente efficiente o Po­
der da Vontade do experimentador dando á mente do
impressionável uma imagem mental em torno á qual
os Polos Mentaes materialisam uma acção.

EXPERIENCIAS MUSCULARES E OUTRAS

As experiencias acima são as que são conhecidas


como musculares, dependendo ellas do> control dos
musculos do impressionável pela Vontade do experi­
mentador. Muitas destas experiencias são julgadas
pelos Hypnotistas e Mesmeristas como possiveis de
se reproduzirem, somente quando seus sujeitos estão
no estado de somno profundo, ou finalmente só depois
que foram postos a dormir e despertados depois.
Como uma materia de facto, as condições de somno
não têm nada que fazer com estes phenomenos, como
se pode provar pelo facto que todas as experiencias
acima podem ser feitas sem nenhuma suggestão de
somno ou condição similar. Ha uma classe mais no­
tável de phenomenos que as mencionadas acima, a qual
pode ser considerada no proximo capitulo; todas as pro­
vas desta classe podem ser produzidas sem se tentar
a inducção ao somno.
FASCINAÇÃO EXPERIMENTAL 115

Esta illusão do somno desnorteou a muita gente


durante annos, mas presentemente se sabe que os phe­
nomenos do somno são meramente um effeito da Im­
pressão e Suggestão Mental, em vez de causa de vários
phenomenos conhecidos como Mesmerismo e Hypno-
tismo.

A REMOÇÃO DA IMPRESSÃO

Referindo-me á minha repetida advertência: Re­


movei a impressão, desejo chamar a vossa attenção
para um facto de que os melhores experimentadores
insistem na conveniência, se não absoluta necessidade,
de remover a condição induzida da mente da pessoa que
se presta á experiencia.
De outra forma, ella poderia levar comsigo a con­
dição induzida ou impressão, que é muitas vezes mais
profunda e mais forte do que commummente se crê ser
o caso. Insisto nisto especialmente: Não vos esqueçaes
de remover a impressão.
As condições podem ser promptamente removidas
pela suggestão de “Agora vaes muito bem — não ha
novidades, — comprehendes perfeitamente que TUDO
VAE MUITO BEM”. Acompanhae esta suggestão de
uma pintura mental de estar livre da condição indu­
zida. O brando toque da mão, com uma pancadinha1
na parte controllada, servirá para accentuar o effeito
da suggestão muito hem.
116 FASCINAÇÃO MENTAL

REMOVENDO CONDIÇÕES NÃO DESEJÁVEIS

Nesta connexão, póde ser bom mencionar que, se


vos succede achar um impressionável com uma ten­
dência manifesta á condição de somnolento, chamada
estado de somno de hypnotismo causado, provavelmen­
te, quer pelas suggestões directas de um hypnotisador,
quer por uma exhibição hypnotica, podeis accordal-o
pelo methodo já dado, removendo a impressão. Em tal
caso, podeis fazer passes dirigidos para cima, em toda
a extensão aos lados de sua cabeça, dizendo-lhe viva e
positivamente: “ACCORDA — desperta agora, eu
digo — DESPERTA! DESPERTA inteiramente AGO­
RA — Estás bem accordado! inteiramente desperto!
eu digo, perfeitamente DESPERTO! MUITO BEM,
COMPLETAMENTE ACCORDADO!” Podeis accres-
,centar o effeito, dando estalos com os dedos perto de
sua face, e batendo-lhe delicadamente nos hombros.
Falae-lhe positiva, firme e vivavnente, como um pae o
teria feito, ao accordar o seu filho de manhã, e não
percaes a vossa cabeça (* ). Não é provável que te-
nhaes necessidade deste conselho, mas dou-vol-o no
caso que vierdes a encontrar algum impressionável ou
hyper-impressionavel (vejam-se os últimos capitulos)
que póde ter sido previamente hypnotisado por algum
operador que creu na Condição do somno e realizou

(♦) Não vos deixeis tomar de impaciência.


FASCINAÇÃO EXPERIMENTAL 117

alguma pela suggestão (vejam-se os últimos capítulos);


ou algum outro sujeito da mesma classe que viu su­
jeitos hypnoticos irem a dormir e induziu em si mesmo
aquelle estado pela auto-impressão imitativa. Em tal
caso, aconselho-vos que deis ao sujeito um bom, perfeito,
suggestive tratamento, com o fim de que elle nunca vá
a dormir outra vez deste modo — e para que elle fique
immune das suggestões do somno hypnotico — e a ou­
tros respeitos, forme em si uma resistência a esta de­
plorável condição.
Estes hypnotisadores partidários da condição de
aomno têm muito que responder, visto como a causa
da. sua ignorância não é bastante sufficiente.
CAPITULO IX

EXPERIENCES DE SENSAÇÃO
INDUZIDA
No ultimo capitulo consideramos exemplos de ex­
periências de Fascinação Experimental por meio do
Control Muscular. Neste capitulo consideraremos os
phenomenos dependentes da Sensação Induzida, dos
quaes todos seguem a mesma lei de causa e são produ­
zidos do mesmo modo e pelos mesmos methodos como os
phenomenos musculares.
Comecemos nossa consideração pelo Control dos
sentidos com a prova familiar da mão que arde,

A EXPERIENCIA DA MÃO QUE ARDE

Esta se faz da seguinte maneira: Ponde-vos em pé


ante o impressionarei e extenda este a sua mão para
vós com a palma virada para baixo. Collocae os primei­
ros dois dedos de vossa mão direita sobre as costas de
120 FASCINAÇÃO MENTAL

sua mão e conservae-os assim por um momento, tendo


o vosso olhar e vossa Vontade concentrados em sua
mão. Depois dizei-lhe, viva, rapida e positivamente:
“Estou queimando tua mão — estou queimando tua
mão. Ella está quente, quente, quente — está-se quei­
mando, queimando, queimando — queimando — eu
digo, retira-a, depressa, digo-te que ella se está quei­
mando”, etc., etc. (accentuando sempre as palavras
quente e queimando') e ao mesmo tempo DESEJANDO
que elle sinta quentes os vossos dedos. Será surprehen-
dente o numero das pessoas que experimentarão a sen­
sação do calor, se fizerdes convenientemente as provas,
concentrando bem a vossa VONTADE e acompanhan­
do-a de vivas suggestões. Uma variação desta experien-
cia é dar ao impressionarei uma moeda de prata e di­
zer-lhe que a tenha entre o pollegar e o index. Passado
um momento, dae-lhe as suggestões de estar ella quente,
quente, QUENTE — a queimal-o, a queimal-o, etc. Po­
deis imprimir-lhe a idéa que emquanto ella o está quei­
mando, elle é incapaz de lançai-a de si, etc.

A DOR INDUZIDA

Outra experiencia de sensação se mostra do se­


guinte modo. Tendo o impressionável conservado a sua
mão e o seu braço completamente extendidos, collocae-
vos em pé deante delle e com um alfinete entre o index
e o pollegar de vossa mão direita, pretendei picar a
vossa própria mão. Fingindo picar-se e fazendo caran-
EXPERIENCED DE SENSAÇÃO INDUZIDA 121

tonhas como se sentisseis a dor, dizei-lhe ao mesmo


tempo: “Tu vês, tu sentes a dor deste alfinete — elle
espeta-te, elle fere-te, eu digo — tu sentes a dor em
vez de eu a sentir — vês, tu a sentes agora (fingi cra­
var o alfinete em vossa propria mão) — tu a sentes —
eu digo”, etc. E’ notável como muitas pessoas tomarão
a dor que suppondes sentir. Sem duvida, vossa imagi­
nação deve actuar sob o control de vossa Vontade, por
maneira que vos deixareis levar pela imaginação de que
sentis a dor. Vi tentarem-se experiencias desta sorte
em um quarto cheio de gente e muitos dos expectado-
res receberem, com o impressionável com quem a ex-
periencia era feita, a dor induzida.
Não vos esqueçaes do que eu disse no ultimo ca­
pitulo sobre a remoção da condição induzida depois de
feita a experiencia.
Nos casos acima, esfregae vosso dedo sobre a parte
queimada (?) ou ferida (?), dizendo: “Está muito bem
— MUITO BEM — a dor já se foi”.
Se não fizerdes isso, o impressionarei levará com-
sigo uma sensação de que sua mão esteve sujeita ao
calor ou á dor.

PHENOMENOS NOTÁVEIS

Nesta connexão, póde ser mais proprio chamar


vossa attenção para o facto de que a historia do su­
jeito apresenta casos em que as chagas foram effecti-
vamente produzidas nos corpos das pessoas por fortes
122 FASCINAÇÃO MENTAL

suggestões, secundadas com auxílios physicos, por


exemplo, sellos de carta collocados sobre partes do
corpo com a suggestão que elles são cáusticos, e as
empolas appareceram. Vereis que a materia é toda ella
do dominio do sentimento induzido, que os resultados
mais notáveis põem simplesmente em evidencia o po­
der da mente do indivíduo nas porções de seu corpo,
como mostrei no capitulo intitulado Therapeutic® Men­
tal, em minha obra sobre Magia Mental. Muitas outras
experiencias ao longo das linhas do Control dos senti­
dos poderíam ser mencionadas, mas são todas formas
differentes da mesma cousa. A habilidade do experi-
mentador indicará muitas variações, se elle se dispõe
a seguir de perto o sujeito.

SENTIDO DO CHEIRO INDUZIDO

A sensação do cheiro pode ser induzida pelo ex-


perimentador suggerindo este ao impressionarei que
um frasco contém um liquido cheiroso, como certos
perfumes, etc.
Esta experiencia pode variar-se, mudando a sug­
gestão por maneira que todos os perfumes bem conhe­
cidos podem ser sentidos como a lenda do frasco de
perfume mágico do encantador, a qual provavelmente
não foi outra que o caso da inducção habil da sensação
do cheiro pelo methodo aqui mencionado.
EXPERIENCIAS DE SENSAÇÃO INDUZIDA 123

EXPERIENCIAS PESSOAES

Vi um numero de casos desta sorte em minha ex­


periencia pessoal, na qual muitas pessoas foram im­
pressionadas desta maneira. Em um caso, eu estava
assistindo a uma representação, cuja scena se passara
no sul, e em que um dos personagens notou: “Oh que
cheiro de magnolias! quão forte é seu odor neste ar,
pesado, quente”, e em um momento todo o auditorio
accusou um perfeito odor de magnolias a fluctuar na
casa. Tão forte foi a impressão que muitos insistiram
em que o dono da casa havia realmente introduzido
alli aquelle odor, afim de encarecer mais o effeito, mas
o exame mostrou ser isto erroneo, porque nenhum odor
tinha sido usado.
Mais recentemente, assisti a uma peça (A rapariga
de olhos verdes), em que um dos personagens se suppôz
ter suicidado, affrouxando o gaz á plena vista do au­
ditorio. O quarto era espaçoso e a mulher provocou ja­
ctos e jactos de muitos candelabros, hracket-lights, etc.
Em pouco tempo o auditorio começou a aspirar e di­
zer : Cheiro de gaz, até que todos pensaram que o chei­
ravam e muitas mulheres desmaiaram. Sem duvida, a
impressão original foi dada pela suggestão physica,
mas tanto que a gente recebeu a impressão, esta espa­
lhou-se como um contagio pela lei de inducção mental,
até que todos mais ou menos a sentiram.
124 FASCINAÇÃO MENTAL

A EXPERIENCIA DO PROFESSOR

Recordados casos ha de ser o effeito deliberada-


mente produzido, por exemplo, a historia do velho pro
fessor aliemão, que depois de dizer á sua classe que
elle devia abrir uma garrafa que continha um com­
posto chimico conhecido por seu mau odor, destapou a
garrafa de agua distilada que não tinha nenhum cheiro.
A classe sentiu immediatamente o supposto cheiro
e fileiras após fileiras de estudantes patentearam seu
desgosto. As ondas do supposto vapor fluctuaram por
todo o quarto como teria sido o caso, se o genuine li­
quido tivesse sido destapado. As plataformas mais
perto sentirani-n’o primeiro, depois as mais próximas
fileiras e assim por deante, até que toda a sala se en­
cheu do dito ether. Mesmo depois que o professor ex­
planou a natureza da experiencia, a classe ainda so­
prava fóra, e muitos estudantes recusaram crer na ex­
plicação, tão forte foi a impressão. Estes casos não são
nada mais que exemplos de sensação do olfacto indu­
zida ao longo das linhas da Impressão Mental.

VISÃO INDUZIDA

O sentido da vista póde ser induzido do mesmo


modo. Uma experiencia commum com uma pessoa muito
impressionável é como segue. Dizei-lhe que extenda a
sua mão com a palma para baixo; depois com o index
EXPERIENCIAS DE SENSAÇÃO INDUZIDA 125

marcae uma cruz nas costas da sua mão, comprimindo


bem a sua pelle e dizendo ao mesmo tempo: “Vedes,
eu marquei uma cruz preta em vossa mão — em vossa
mão, uma cruz preta — vede-a aqui — vós a vêdes ago­
ra — preta, preta, wmii cruz preta — vós a vêdes, não
é verdade?”, etc. Se elle for bastante impressionável,
vel-a-á. Quanto mais preta imaginardes a cruz, mais
forte será a sua impressão.
Se podeis chamar a attenção da gente para a ex­
traordinária côr azul do céo, ella estará prompta em
acquiescer, alguns individuos ficarão até mesmo arre­
batados, ainda que o céo não esteja mais azul do que
outras vezes. E’ de admirar como; muitas dessas ex­
pressões são dadas e tomadas em todos os dias da vida.
Alguém pensa que o quarto está muito fechado, e
immediatamente muitos começam a sentir-se suffoca-
dos e desejam que se abram as janellas. Um outro sug-
gere um perigo e muitos começam a tremer. Um tal
nota quão excessivamente quente está o dia e todos co­
meçam a franzir as testas. E assim no mais. Tudo são
partes da mesma peça.

AUDIÇÃO INDUZIDA

O sentido da audição póde ser induzido do mesmo


modo. Dizei ao impressionarei que elle ouve o canto de
um passaro ou o silvo da locomotiva e ao mesmo tempo
usae vossa própria imaginação vigorosamente, e dae as
126 FASCINAÇÃO MENTAL

suggestões sufficientemente fortes, e elle ouvirá os sons


mencionados.
Se puderdes tentar isto em um quarto com vária
gente, em uma occasião ordinaria, pretendei ouvir o
zunido de uma abelha ou um distante sibilo ou algum
outro som fraco tal como o choro distante de uma cream
ça, e algumas pessoas presentes, depois de um momento
ou dois de audição intensa, affirmarão que ellas ou­
vem o som.

GOSTO INDUZIDO
A sensação do gosto é facilmente induzida.
A bem conhecida experiencia de suggerir o gosto
de limões com um correr de saliva e gosto de acido, é
um bom exemplo.
A um bom impressionável podeis induzir-lhe a sen­
sação da mudança de gostos, indo da extrema DOÇU­
RA á extrema ACIDEZ, em um simples copo de agua
insipida. Tudo depende do grau de impressionabilida-
de das pessoas experimentadas e da força de vossa
propria vontade e suggestão.
E? tudo uma questão de sensação induzida. O
hypnotisador profissional tira disto um bom partido
em seu entretenimento.

EXPERIENCIAS PESSOAES

Nesta connexão devo dizer que, ha vários annos,


quando eu me dedicava á experimentação, curei mui­
EXPERIENCIAS DE SENSAÇÃO INDUZIDA 127

tos casos de mascar-tabaco, de fumar cigarros, etc., por


meio de fortes suggestões acompanhadas da visualisa-
), manifestando-se como inducção mental. Criei
ção (*
uma imagem mental do tabaco ou cigarros com sabor
detestável — um gosto provocador de nauseas, e con­
centrei a minha mente e sentimento sobre a outra pes­
soa e dei-lhe ao mesmo tempo as suggestões mais for­
tes de desprazer, nauseas, enjoo, etc., etc., até que ella
deixou de mascar o tabaco ou fumar o cigarro. Depois
continuei dando-lhe as suggestões futuras mais fortes
que ella teria sempre a sensação de nausea quando se
lembrasse de mascar tabaco e que o tabaco e o cigarro
lhe induziriam sempre aquelles sentimentos, de modo
que se viesse a curar per feitamente daquelle habito.

O ESTADO DE SOMNO NÃO E’ NECESSÁRIO

Alguns práticos da Therapeutica Suggestiva acha­


ram feliz successo no tratamento de alguns hábitos
não desejáveis, deste modo.
Verdade é que muitos jjrofissionaes criam que era
necessário produzir o somno hypnotico afim de alcan­
çar os resultados, mas isto é simplesmente porque elles
mesmos se haviam auto-hypnotisado com a illusão do
wmno; se elles desfizessem o feitiço e se puzessem a
experimentar outros meios, veriam que os mesmos re-

(*) “Visualisation”.
328 FASCINAÇÃO MENTAL

sultados se obteriam sem a mais leve tentativa de obter


o somno.

SENSAÇÕES INHIBIDAS

Assim’ como os sentidos podem ser restituidos pela


inducção, assim elles podem ser inhibidos pela mesma
maneira.
Algumas das mencionadas experiencias com os sen­
tidos podem ser invertidas á vontade. Dizei ao vosso
impressionável que elle não pôde ouvir um certo som;
cheirar um certo odor; provar um certo gosto; sentir
uma certa sensação; ver uma certa cousa. Se fordes
sufficientemente positivo e sufficientemente impres­
sionável; se empregardes bem vossa imaginação e sug
gestão; os sentidos serão inhibidos em sua mente por
algum tempo.

EXEMPLOS NOTÁVEIS

A respeito da inhibição da sensação do tacto, obti­


veram-se muitos resultados importantes. De facto, to­
dos os resultados ao longo destas linhas alcançados
pelos hypnotisadores com o auxilio do somno profun
do, podem ser obtidos sem o estado de somno. Vi faze­
rem-se as menores operações por influencia da inhibi­
ção do sentido do tacto induzida. Vi extrahirem-se den­
tes com pouca ou nenhuma dor, desta maneira. Vi pa­
cientes nervosos resistirem a trabalhos dentaes sem
EXPERIENCIAS DE SENSAÇÃO INDUZIDA 129

manifestar desconforto, por meio de tal inhibição do


sentido do tacto. Mesmo as experiencias brutaes de
muitos dos estados de hypndtismo, que se fazem inu­
tilmente hypnotisando as faces do paciente e tornan­
do-o assim insensível á dor, mesmo essas podem ser du­
plicadas sem se necessitar do somno induzido, ainda
que eu considere taes praticas deploráveis, fastidiosas
e dignas das condemnações mais severas. Menciono-as
aqui para mostrar simplesmente o poder da sensação
induzida ou inhibição da mesma pela inducção.

O SEGREDO DA INHIBIÇÃO

O segredo da inhibição dos sentidos é que a Von­


tade é dirigida para interceptar a attenção a uma parte
ou orgão. Se a attenção pode ser removida ou interce­
ptada, nenhuma dor se sentirá.
Muitas pessoas praticaram comsigo mesmo, até
que conseguiram inhibir a dor nas partes de seus cor­
pos. E induzindo o effeito em outras pessoas, usaram
<> mesmo methodo, acompanhando-o de suggestão.

ANESTHESIA MENTAL

Póde interessar a vários estudantes o fazer eu aqui


uma referencia pouco detalhada á Anesthesia pela In-
ducção Mental. A Anesthesia, como sabeis, é uona perda
inteira ou parcial ou ausência do tapeto ou sensação.

o
130 FASCINAÇÃO MENTAL

Pensamos geralmente ser esta condição causada por


algo como o ether, gaz, etc.
Mas tudo aquillo que tende a inhibir a sensação
é um anesthesico. A palavra inhibir, como sabeis, si­
gnifica reprimir, deter, conter, etc.
E tanto a dor como a sensação podem ser inhibidas
pela impressão mental tão só.

EXEMPLOS HISTÓRICOS

A historia está cheia de exemplos de inhibição da


dor, pelo sentimento mental forte, emoção, extase, etc.
Os fanaticos religiosos mutilaram-se barbaramente, sem
sentir dor. Os índios Americanos, em suas danças sel­
vagens, feriam-se sem sentir dor.
Na índia os devotos fanaticos torturam-se de modo
horrivel, como um rito religioso e mostram-se insensi-
veis á dor.
E martyres foram devorados pelas bestas ferozes
com a mais risonha e manifesta plenitude de alegria.
Todos esses exemplos e muitos outros da mesma ordem
mostram que é possivel para a mente de uma pessoa
inhibir a dor em si mesma.
E a inhibição da dor em uma pessoa por outra é
meramente um effeito do mesmo poder pela inducção
e suggestão. Não é uma creação do poder na pessoa,
mas simplesmente uma provocação do que está já nella.
EXPERIENCES DE SENSAÇÃO INDUZIDA 131

COMO INHIBIR A DOR EM OUTROS

O seguinte, mas muito effectivo methodo, é usado


nos melhores laboratories psychologies. O impressio­
nável é confortavelmente sentado ou collocado em po­
sição reclinada deante do experimentador. Supponha-
mos que se desejou inhibir a sensação em seu braço.
Neste caso, o experimentador começará a passar a mão
pelo braço delle, de baixo para cima, das pontas dos
dedos até os hombros.
O effeito desta passagem de mão é reter a circula­
ção, que mais tarde responde promptamente á tal sug-
gestão, como já vimos um pouco atraz. O experimenta­
dor diz: “Agora eu tiro a circulação de teu braço, e po­
nho os nervos em descanço. Começarão elles a sentir
uma sensação de frescura e entorpecimento ir-se espa­
lhando pelo teu braço, das extremidades dos dedos até
os hombros. Agora, tu a sentes — teu braço vae-se tor­
nando entorpecido, entorpecido, eu digo — muito en­
torpecido. Vae-se entorpecendo, entorpecendo, entorpe­
cendo, entorpecendo, ENTORPECENDO, ENTORPE­
CENDO. Vês: eu pico-o com esta agulha, mas não sen­
tirás nenhuma dor. Podes sentir o toque, mas não sen­
tirás nenhuma dor”.
E assim por deante, até a completa inhibição ef-
fectuada.
Quando fordes a pical-o com a ponta da agulha,
fazei-o delicadamente, ainda que pareça que o fazeis
132 FASCINAÇÃO MENTAL

com força — isto tranquillizará o paciente e fará com


que elle relaxe mais a sua vontade resistente.

RESULTADO DA REPETIÇÃO

O processo continuado acima em uma boa pessoa


e da maneira mais propria, produzirá resultados admi­
ráveis. De facto, deste modo se produz a inhibição da
sensação, afim de que se possam fazer aquellas menores
operações, sem o emprego do ether, etc. Uma pouca pra­
tica de alguns dias, torna os effeitos mais apreciáveis
cada vez, até que se obtem o grau desejado. O methodo
acima é o mais simples e, comtudo, o mais effective e
em uso entre os psychologos experimentaes e, se é feito
persistente e intelligentemente, produzirá admiráveis
desenvolvimentos.
Fora desnecessário para mim a juntar que o expe
rimentador deve guardar ante sua propria mente, vi-
vidamente, a condição que elle deseja produzir no pa­
ciente. Elle deveria realmente ver o paciente insensível
á dor, e pôr toda a sua crença e solicitude na suggestão.
E’ necessário um trabalho maior que o dos lábios,
apenas.

DIRIGINDO A CIRCULAÇÃO

Em connexão com as experiencias acima, é interes­


sante o seguinte: Podeis tomar uma pessoa impressio­
nável e augmentar-lhe a circulação em uma parte do
EXPERIENCIAS DE SENSAÇÃO INDUZIDA 133

corpo ou, contrariamente, inhibil-a em parte, como o


desejardes.
Podeis provar isto tirando-lhe a circulação de um
braço e augmentando-lh’a em outro. O resultado é que
um braço ficará medonhamente branco e o outro toma­
rá uma côr vermelha pronunciada. Da mesma maneira
póde-se tirar o sangue da cabeça e alliviar a dor de
cabeça.
Mas devo parar aqui, para não usurpar o que é
do dominio da Therapeutica Mental.
Nesta direcção da circulação para cima ou para
baixo (como o caso: requer), passes de mãos serão de
grande proveito, porque seu movimento é seguido pela
attenção, e ha um axioma na Therapeutica Suggestiva,
o qual diz que a circulação segue a attenção. Passes
para baixo augmentam a circulação aos orgãos. Passes
para cima inhibem-n’a. Falei dos effeitos acima produ­
zidos sobre os impressionareis. Quero significar por
este termo que taes gentes são as mais promptamente
affectadas.
Mas, lembrae-vos que mesmo um homem ou uma
mulher de mais forte vontade póde ser affectado do
mesmo modo, se elle ou ella, dirigindo a sua vontade,
cooperar na matéria. Por exemplo, um homem de forte
vontade pôde ajudar a inhibir a dor pela Suggestão,
porque elle cooperará com o Suggestionador. Todos os
effeitos vêm do poder interno em qualquer caso — e
tudo o que o experimentador ou suggestionador faz, é
chamar este poder a effeito. Cousa semelhante é diri­
134 FASCINAÇÃO MENTAL

gir uma parelha de fortes cavallos ou a corrida de uma


machina com força de 1.000 cavallos.
O poder não está no director ou engenheiro; não
obstante, elle faz a cusa ewmwlhar.
Encerrando este capitulo, insisto outra vez na im­
portância de remover o experimentador, sempre, a im­
pressão, depois de feita a experiencia. Lembrae-vos do
final importante: Agora estás muito bem, muito bem,
muito bem!
No capitulo seguinte, consideraremos os Phenome-
menos de Imaginação Induzida.
CAPITULO X

OS PHENOMENOS DE IMAGINAÇÃO
INDUZIDA
Levar-vos-ei agora á consideração de uma classe de
experiencias mais marcadas em suas feições sensacio-
naes do que as relatadas nos dois capitulos prévios.
Estas experiencias são reputadas como as dos mais
altos phenomens hypnoticos, ainda que realmente são
distinctas das condições de somno hypnotico, como ge­
ralmente se consideram. As que pretencem aos pheno­
menos liypnoticos podem ser todas produzidas por ou­
tros meios que não os methodos dos hypnotisadores no
que concerne á producção das condições de somno.
Chamo a esta classe de phenomenos Imaginação Indu­
zida.

O QUE E’ A IMAGINAÇÃO

O termo Imaginação, como sabeis, significa: “o


poder da mente para criar as imagens mentaes de ob-
136 FASCINAÇÃO MENTAL

jectos do sentido; o poder de reconstruir ou recombi-


nar os materiaes fornecidos pela experiencia, memó­
ria ou phantasia; uma imagem mental formada pela
faculdade da imaginação”, etc. etc. A palavra deriva-se
do vocábulo inglez Image, que se radica no latino imi­
tar i, significando imitar.

IMAGINAÇÃO E PHANTASIA

A imaginação é creadora em sua natureza e obra


com o material plástico da mente. Os escriptores fazem
usualmente uma distincção entre o que é chamado pro­
priamente imaginação por uma parte, e phantasia por
outra.
Por imaginação propria entendem elles as mais al­
tas formas de actividade da faculdade creadora, tal
qual se manifesta na creação de literatura, arte, mu­
sica, theoria philosophica, hypotheses scientificas, etc.
Por idéa significam as mais altas formas da manifes­
tação da faculdade imago-creadora, taes como as phan-
tasias ideaes e sonhos do homem; as imaginações capri­
chosas e arbitrarias, etc. A imaginação própria pôde
ser considerada como uma phase positiva; é phantasia
como uma phase negativa da faculdade imago-creadora.

IMAGINAÇÃO POSITIVA

A imaginação em sua phase positiva é a faculdade


mais importante do ser humano. Assenta na base da
OS PHENOMENOS DE IMAGINAÇÃO INDUZIDA 137

manifestação mental activa. Alguém deve formar uma


imagem mental de uma cousa antes que possa manifes­
tai-a em fôrma objectiva.
E’ distinctamente creadora em sua natureza e fôr­
ma realmente o molde em que se vasam os factos e as
acções; fôrma o plano de architecto, que usamos para
construir a nossa vida de acções e actos.
E, considerae isto, é a faculdade usada nas prati­
cas occultas conhecidas como Visualisação, da qual se
trata em muitas obras de Magia Mental. A imaginação
positiva está muito longe de ser uma cousa phantastica,
caprichosa, leve, extravagante, que muitos pensam ser.
E’ uma das manifestações mais positivas da mente. Não
sô ella a precede, é-lhe necessária para a producção dos
actos objectives e das cousas materiaes, mas ainda é a
faculdade por meio da qual imprimimos nossas imagens
mentaes nas mentes de outros pela Inducção Mentativa
e uso do desejo e vontade. A imaginação é a mãe das
Ideas.
Uma idéa é uma imagem formada na mente (Webs­
ter), e a imaginação é a faculdade em que a imagem (ou
idéa) se fôrma. Em proporção á actividade da imagi­
nação é a força da imagem ou idéa.
Como é a força da imagem ou idéa, assim é o grau
de seu poder para se imprimir nas mentes extranhas.
Como vêdes, a imaginação em sua phase positiva é uma
cousa forte, real.
Mas é largamente em sua phase negativa que temos
de tratar delia.
138 FASCINAÇÃO MENTAL

A NATUREZA DO CONTROL MESMERIOO

Todos vós que testemunhastes uma exhibição do


mesmerismo ou hypnotismo, ou lestes as descripções do
mesmo, ficastes, sem duvida, maravilhados com o phe-
nomeno da execução pelo sujeito de todas as sortes de
acções peculiares e ridiculas sob a direcção do hypnoti-
sador. Houve muitas theorias avançadas a respeito
deste phenomeno e a mor parte dellas complicadas e
trabalhadas. Mas eu descartei theorias e theorias deste
genero por achal-as incapazes de explicar o complicado
processo mental e muito menos o principio em que elle
se funda. Eu vim á conclusão tirada de minhas próprias
experiencias e investigações que vos darei aqui.
Esta theoria ou explanação, pois, é apenas uma
theoria; não tenta penetrar intimamente a questão que
é a mente, nem dividir ou subdividir a mente.
Explica simplesmente o trabalho cia mente nesta
classe de phenomenos.

UMA EXPLANAÇÃO

A explanação já mencionada é como segue: Tenho


que a acção do sujeito hypnotico pode ser explanada
sob a hypothese de que sua Imaginação Negativa ou
Phantasia, se preferis chamal-a assim, é influenciada
pelas Suggestões e Correntes mentaes do operador, e
um estado induzido de Imaginação Negativa se esta-
OS PHEN OMEN OS DE IMAGINAÇÃO INDUZIDA 139

belece. Convém saber, nos phenomenos hypnoticos, que


em vez de ser a Imaginação Negativa do sujeito exci­
tada pelo seu proprio Desejo ou Vontade, ou outros
planos de sua Mentalidade, tal condição é excitada
pela Inducção Mentativa, causada pelas Correntes
Mentativas do operador, e auxiliada pela Suggestão.
Vejamos se isto é razoavel.

IMAGINAÇÃO INDUZIDA

Todos vós conheceis que vossa imaginação Nega­


tiva pôde ser excitada por pessoas ou cousas exteriores.
Ouvis um trecho de musica e, antes de o conhecer,
vossa imaginação procura pintar todas as sortes de pin­
turas em vossa mente e induzir todas as sortes de senti­
mentos.
Um quadro pode affectar-vos do mesmo modo que
a obra de um poeta, ou poema, pode arrebatar-vos nas
azas da imaginação. Um livro pode levar-vos a um mun­
do de phantasias e chimeras até o ponto de esquecer­
des tudo quanto vos rodeia. Não o experimentastes
ainda? O mais notável de todos os casos acima refe­
ridos é o effeito da representação de uma scena, em que
o mundo e os personagens da peça vos dominam de
tal sorte, que vos parecem reaes; então rides e excla-
maes quando elles riem e exclamam. Mostrae-vos som­
brio em presença do vilião b tremeis vendo o perigo
da heroina. Folgaes com o êxito do heroe e choraes com
os desgostos e tristezas dos personagens soffredores.
140 FASCINAÇÃO MENTAL

Sentis estas cousas á medida que vossa Imaginação ou


Phantasia Negativa entra em actividade pela inducção.
Lembrae-vos que os autores, poetas, escriptores, com­
positores ou artistas criaram seus effeitos pelo exerci-
cio de sua Imaginação Positiva; emquanto o effeito so­
bre vós é induzido em vossa Imaginação Negativa.
O primeiro é um acto de Criação Positiva e o se­
gundo apenas uma Reflexão impressa em vossa mente
ou pela Suggestão ou pela Energia Mentativa do autor.
Em vossa consideração do exposto acima, lembrae o que
eu disse ácerca da Suggestão no primeiro capitulo.
A Suggestão é somente a apresentação do senti­
mento interno em um symbolo externo.

O ENGANO DOS SUGGESTIONADORES

A escola radical dos suggestionadores que batem a


idéa da Energia Mentativa não tem nada que fazer com
os phenomenos que vamos considerando.
Sustentam elles que a Suggestão é sufficiente para
fazer tudo isso. Sem entrar fundamente na discussão da
matéria, pergunto a esses gentis-homens: Porque é que
as mesmas palavras, preferidas no mesmo tom, por dois
differences suggestionadores, produzem graus de effeito
inteiramente difference? Mais: Que Força Pessoal pe­
culiar é essa que SENTIMOS, quando certas pessoas
nol-as suggerem? Está ella ausente nas suggestões de
outras? Minha resposta é que a differença assenta no
grau do sentimento que entra em actividade na mente
OS PHENOMENOS DE IMAGINAÇÃO INDUZIDA 141

da pessoa que suggere — o grau de Energia Mentativa


enüttido por ella. Penso que um investigador cuidadoso
concordará commigo nisto, se abrir sua mente a todas
as impressões recebidas durante suas investigações, em
vez de a estreitar dentro de uma theoria previamente
concebida.

SUJEITO ALTAMENTE IMPRESSIONÁVEL

A face dos phenomenos que consideramos agora é


importante. O investigador achará que, supposto as
condições mencionadas nestes dois últimos capitulos
-— a inducção muscular e a do sentido — possam res­
pectivamente ser produzidas em uma grande porcen­
tagem de impressionáveis, comtudo ha comparativa­
mente poucos delles em que se podem induzir as pha­
ses mais admiráveis. Porque isto?
A resposta é que ha um certo numero de pessoas
que reunem em si mesmas as qualidades negativas dos
impressionáveis^ combinadas com as faculdades alta­
mente desenvolvidas de Phantasia ou Imaginação Ne­
gativa. Esta combinação faz que a pessoa que a possue,
seja um sujeito ideal para as experiencias aqui refe­
ridas.
Tal pessoa é a que os francezes hypnotisadores
chamam uma somnanibula ou hyper-sensitiva, mas cujo
termo abandono em razão da sua associação hypnotica
e o substituo pelo hyper-impressionaAel. Expliquei o
sentido em que uso o termo impressionável. A palavra
142 FASCINAÇÃO MENTAL

hyper é um prefixo que significa: sobre, acima, exces­


sivo, anormalmente grande, etc. O termo hyper-impres-
sionavel que eu uso, significa uma pessoa excessiva-
mente impressionarei, Esta impressionabilidade exces­
siva ou anormalmente grande, como eu disse, nasce da
combinação da Vontade Negativa com a faculdade de
Phantasia excessiva, sendo esta ultima uma fórma de
Imaginação Negativa, lembrae isto. Assim vêdes que
a negatividade está toda sobre estas pessoas.

UMA COMBINAÇÃO PSYCHOLOGICA

Afim de mostrar que estou certo fazendo esta clas­


sificação, chamarei a vossa attenção para o facto que
um impressionável ordinário, ainda mesmo com o poder
de vontade mais fraco, não pode ser induzido a fazer as
experiencias do hyper-impressionável, se a sua facul­
dade de phantasia não fôr excessiva. E, por outra par­
te, podemos tomar uma pessoa de imaginação positiva
altamente desenvolvida — e ha tantas no meio de nosso
povo — e difficilmente conseguiremos influencial-a des­
te modo. Taes pessoas estão, de facto, constantemente
affectando e influenciando outras. Os homens que exer­
cem as mais fortes influencias pertencem a esta classe
mencionada. Assim vêdes que o ideal hyper-impressio-
navel deve ter a combinação de negatividade e phanta­
sia. Elle é em uma classe tudo por si mesmo.
OS PHENOMENOS DE IMAGINAÇÃO INDUZIDA 143

O HYPER-IMPRESSIONAVEL

Em primeiro lugar, elle é o mais crédulo, supersti­


cioso, extravagante, fanatico e instável.
Elle pertence á classe cuja imaginação é facil­
mente exaltada e induzida e cuja tendencia é geral­
mente de dar ás cousas de nada uma habitação local e:>
um nome; pertence á classe para a qual apenas se lhe
mostra um ovo, todp o ar, ao depois, parece cheio de
pennas!
Elle é também inclinado' á Imitação e gosta de
seguir o meu chefe, antes que crear um novo> caminho
para si. Só tem pouca originalidade e iniciativa, que
são altamente desenvolvidas no homem de forte Ima­
ginação Positiva. Parece-se com o carneiro e ganso,
antes que com a aguia ou leão. E? sempre dependente
de outros por idéas, informação, conselho, e muitas
vezes sustento material. Sua imaginação é negativa,
isto é, tem pouca ou nenhuma acção original, e age só
(e commodamente) quando induzido ou excitado por
suggestão ou mentalidade de outros. Não tem habili­
dade executiva e sente-se melhor quando tem alguém
que lhe dê ordens e o que fazer. E’ um bom copista, mi-
rnico, imitador e é, muitas vezes, bastante serviçal em
lugares onde o trabalho é mechanico e se necessita de
um bom copiador.
O mysterioso e pouco commum tem uma fascina­
ção para elle parecida com a fascinação exercida sobre
144 FASCINAÇÃO MENTAL

alguns passaros por um pedaço de panno de cor a


fluctuar. E? governado por suas emoções antes que por
sua razão. E’ excessivamente phantasista e imagina­
tivo (como o termo é geralmente usado) e tem uma
decidida tendencia hysterica, uma disposição para ver
c ousas e sentir extranhamente. Tem muitas experiên­
cias extranhas.
Não tem senão um minimum de dominio proprio,
e é capaz de fugir promptamente. Falta-lhe a attenção
voluntária e não é applicado, sua mente está sempre
prompta a errar como vagabunda, O unico tempo que
elle póde estar quieto é quando algum indivíduo posi­
tivo o dirige e superintende. O homem colorido, excitá­
vel, emocional, que se faz religioso em cada campo
que encontra e na próxima semana apóstata, é uma il-
lustração da classe deste typo. Elle absorve prompta­
mente os estados mentaes das pessoas que o cercam e
acceita promptamente uma suggestão forte e positiva.

OS SIGNAES

Ha muita gente desta classe no mundo, assim na


alta como na baixa vida. Mas, alta ou baixa, ha uma
forte semelhança de familia na formação de seu men­
tal. Ha dois grandes característicos pelos quaes elles
podem ser distinguidos, como se referiu — l.°: uma
Vontade Negativa e 2.°: uma faculdade excessiva de
Phantasia. Estes dois característicos combinam-se para
OS PHENOMENON DE IMAGINAÇÃO INDUZIDA 145

manifestar um exemplo notável de Imaginação Nega­


tiva.

OS “ SILJEITOS-PRESAS” DOS HYPNOTISADORES

Agora, a razão que me leva a ferir a questão da na­


tureza e caracter das pessoas hyper-impressionaveis é
esta: E’ das fileiras destas pessoas que os hypnotnsado^-
res tiram os seus sujeitos. Se comprehenderdes a na­
tureza destas pessoas, comprehendereis tombem como
os phenomenos se produzem.
Sem duvida, a maior parte dos hypnotisadores pro-
fissionaes negam isto, e pretendem que seus sujeitos per­
tençam á ordem da gente que tem qualidades peculiares
devidas á sua habilidade de concentrar, etc., porém
cada um dos hypnotisadores conhece intimamente a
verdade do que acima ficou exposto'. Os que tiveram a
opportunidade de se relacionar familiarmente com es­
tes sujeitos conhecem que todos elles se acham bem
classificados conforme o que acima se disse, exce-
ptuando-se as pessoas conhecidas como horses (*) —
nome este dado pelos hypnotisadores profissionaes
âquellas pessoas que viajam como sujeitos profissio-
'uaes e desempenham a sua parte como o faz qualquer
actor.

(*) Cavallos.

io
146 FASCINAÇÃO MENTAL

Estes cavallos são treinados para desempenharem


o seu papel e servirem como bell-wethers (*) ou guias
do rebanho dos hyper-impressionaveis que são tomados
de entre o auditorio. Sei o que digo quando assim me
exprimo, não obstante ser commummente acceita a opi­
nião do publico ignorante — que os “sujeitos-prêsas”
formam um termo medio do rebanho. Assistamos agora
imaginariamente a uma experiencia publica afim de
fazermos uma idéa clara da materia.

(*) Carneiros de guia.


CAPITULO XI

UMA INVESTIGAÇÃO DE CERTOS


PHENOMENOS

E agora, para a nossa execução de phenomenos


hypnoticos públicos, fazei o favor de tomar os vossos
assentos.

AS EXPERIENCIAS HYPNOTICAS

Os assistentes estão sentados, e o hypnotisador


apparece.
Elle faz uma curta e delicada elocução preliminar
em que dá a historia do hypnotismo e mesmerismo.
Evita o lado scientifico do assumpto, excepto as par­
tes delle que despertam o interesse do auditorio.
Mostra que a opinião geralmente acceita de pos-
suirem os sujeitos vontade fraca, etc., é errônea e que
muito longe de ser este o facto, ninguém, a não serem
as pessoas que têm poder de vontade, pode ser hypno-
148 FASCINAÇÃO MENTAL

tisado. Menciona a historia gasta pelo tempo que os


idiotas, os loucos e as creanças mui tenras não estão
sujeitos á influencia do hypnotismo, e destas cousas
elle saca a moral que a habilidade para ser hypnoti
sado é uma honra e uma prova de mentalidade forte,
antes que o contrario. Isto, sem duvida, lisonjeia os
hyper-impressionar eis que se apresentam como reba­
nho nas experiencias hypnoticas, sendo ahi levados por
seu amor á curiosidade, e a fascinação que taes esehi-
l)içÔes parecem ter para esta gente.

A CHAMADA DOS SUJEITOS

O hypnotisador chama então os sujeitos amadores.


O auditorio não parece ter pressa em responder, ainda
que se encontram alguns que ficam agitados em suas
cadeiras e poucos delles quasi se levantam de seus as­
sentos como se fossem para deante. O hypnotisador
encoraja e commanda: “Vinde, vinde agora; direito
deste modo; vinde direito”, etc., e a inclinação a ir
para deante torna-se maior. Então um joven inclina-se
tremulo para deante como um canniço e outro de outro
lado da casa. Póde ser um terceiro ou um quarto. De­
pois vem a grande onda. Os primeiros que se moveram
para deante são geralmente os sujeitos pagos que tra­
balham com o hypnotisador, e a sua vinda á frente
assusta aos impressionareis e hyper-impressionareis en­
tre o auditorio e um pouco aos curiosos. Os sujeitos
UMA. INVESTIGAÇÃO DE CERTOS PHENOMENOS 149

assalariados obram como os guias para o rebanho de


carneiros humanos.

EXPERIMENTANDO E ESCOLHENDO SUJEITOS

Os sujeitos curiosos (inclusivé os pagos) estão ago­


ra agrupados no fundo do theatro, em grande semi­
círculo. O hypnotisador começa a passal-os por provas.
Commummente principia pedindo ao semi-circulo para
olhar as suas mãos ou algum objecto brilhante collo-
eado entre seus dedos.
Depois que se aquietam, tornam passivos e atten-
tos, o hypnotisador chama-os um por um á frente e
dá-lhes uma prova para a impressionabilidade.
Usualmente começa com os sujeitos pagos, porque
sabe perfeitamente o que hão de fazer, e suas acções
têm uma impressão poderosa sobre os outros, ao longo
das linhas da suggestão imitativa. Como de costume,
elle tenta a prova da queda para deante e para traz e.
talvez, o fechamento das mãos ou qualquer outra prova
simples dos musculos. Aquelles que respondem a estas
provas são acceitos e mandados sentar novamente, ao
passo que aos que deixam de responder ás taes provas,
manda-se dizer que retomem seus lugares no auditorio.
visto não haver necessidade delles. O hypnotisador
deve racionalmente ter cousas certas para operar com
êxito, produzindo promptos resultados, e não póde em­
pregar o seu tempo no desenvolvimento de sujeitos, o
qual deve ser feito pelo experimentador no labora to-
150 FASCINAÇÃO MENTAL

rio. Finalmente, elle separa as cabras das ovelhas, leva


estas para um lugar de honra no theatro e manda
aquellas para o auditorio.
Tendo os primeiros passado por sua iniciação, são
agora acceitos como sujeitos.

A HISTORIA DOS “SUJEITOS PAGOS”

Agora, tratemos um momento dos sujeitos pagos.


Muitos delles são genuinos hyper-impressio^imeis,
que são fascinados pela natureza mysteriosa dos ne­
gócios e lisonjeados pelo lugar de distincção que se
lhes dá no theatro e que viajam com o hypnotisador,
sujeitos a um pequeno salario e mesa paga. Os cavai-
los (*) são differentes sortes de gente — andam só por
dinheiro e são geralmente jakires. Habituam-se a resis­
tir á dor e deixam que se lhes metta a agulha nas faces
e se submettem a outros estúpidos e semelhantes trata­
mentos. Muitos delles, com o tempo, se graduam como
actores de variedades e em poucos mezes desenvolvem,
como taes, um genuino e alto talento.
A mor parte delles são jovens a que chamam ciga­
rette type, os quaes, achando-se fora de casa por al­
gum tempo, se comprazem com representar a sua parte
nos theatros, tendo pagas as despesas de mesa e via­
gem e abiscoitam ainda o dinheiro para os cigarrinhos
e uma certa quantia livre com a notoriedade da re­

(*) E’ assim que o autor chama a essa ordem de sujeitos.


UMA INVESTIGAÇÃO DE CERTOS PHENOMENOS 151

presentação. Os mais astutos pedem e recebem bons sa­


laries como mais avançados na escala e poucos repre­
sentantes de estrella nos negocios exigem e alcançam
salaries mais gordos.
Os cavallos desenvolvem, nas linhas de suggestão,
extraordinária habilidade e arrastam com seus actos
aos sujeitos curiosos que pela força da suggestão imi-
tativa, com menor resistência lhes obedecem. Estes
representantes de estrella entre os cavallos, são hypno-
tisadores tão hábeis como os seus patrões, por onde
muitos dos successes da representação são devidos aos
seus esforços.

PRODUCÇÃO DO SOMNO (?)

O proximo estado na representação é o da inducção


cio somno (?) nos sujeitos. Faz-se isto primeiro indu­
zindo a fixação das palpebras por meio do control
muscular de que falei
Depois, as suggestões do somno são dadas pelo
hypnotisador, taes como: “Vaes tornando-te somno-
lento, somnolento — tuas palpebras estão pesadas, pe­
sadas, pesadas como chumbo — vaes adormecendo’’,
etc.; logo as cabeças dos cavallos e as dos liyper-impres-
sionareis se vão inclinando. Os impressionáveis que não
são affectados pelas suggestões do somno são separa­
dos e remettidos ao auditorio, ficando somente os ca-
ratios e os liyper-ini pressionareis^ entre estes os repre-
sentadores pagos e os sujeitos curiosos.
152 FASCINAÇÃO MENTAL

Acto continuo, o hypnotisador obtem o que tentou.


Elle tem um circulo de hyper-impressionaveis e
cavallos que acceitam todas as suggestões que elle lhes
dá e respondem a cada pergunta que elle póde induzir
em sua Imaginação Negativa.

A CONDIÇÃO DO - SONHO”

Mas não estão elles realmente dormindo? pergun-


taes-me. Não!
EHes não estão dormindo. Sua condição é a da
somnolencia, estado de sonho, tal como muitos de nós
sentimos quando em delirio ou disposição de ausente.
Elles tiveram o sentimento de somnolencia induzido
nelles pelas suggestões e influencia do hypnotisador e
tiveram sua Imaginação Negativa actuada por elle. até
que se remetteram ao estado de sonho. Elles sabem
o que se passa em torno de si e realizam a illusão que
estão agindo, mas são assim passivos, porque sua ima­
ginação está parcial mente fora do control e é induzida
e manejada pelo hypnotisador por meio de sua Ima­
ginação e suas Suggestões. E’ um estado singular. Fa­
lei com muitas pessoas destas e penso que medi o es­
tado mental existente nellas. Estão vivendo em dois
mundos. Suas Vontades são passivas e sua Imagina­
ção Negativa, ou Phantasia. é mais activa e está sob o
control do hypnotisador.
UMA INVESTIGAÇÃO DE CERTOS PHENOMENOS 153

A EXPLICAÇÃO DO “BRINQUEDO DO URSO”

Uma explicação que dei a muitos dos meus leitores


a, este respeito, póde dar-vos também uma idéa mais
clara do assumpto.
E como segue: Uma parte das creanças faz o brin­
quedo do urso. Uma dellas é o urso e põe-se a rosnar,
agitando a cabeça e mostrando seus dentes de uma
feroz maneira. As outras fingem ter medo, mas depois
de certo tempo, induzem em si mesmas um sentimento
de real terror — e o tal terror torna-se quasi real para
eilas. As creanças possuem a Imaginação Negativa
mui viva e soffrem muitas vezes grandes torturas pelas
suggestões de loucura do papão; o grande urso pega-vos;
alguma cousa arrebata-vos quando fordes acima, etc.
(*). Uma comprehensão da suggestão mostra a lou­
cura e culpabilidade de taes cousas. O terror entre
as creanças torna-se mais agudo e as lagrimas mistu­
ram-se com o riso, quando eilas correm do urso. Final­
mente, uma das mais tenras corre gritando para sua
mãe e esconde a sua pequena face no seio materno, di­
zendo: “Fal-o ir embora”. “Porque? Não é um urso,
Maria, é o Joãozinho que se vestiu como urso”, diz a
mãe, procurando tranquillizar a filha. “Sim, eu o
sei”, soluça a pequena Maria, aventurando um olhar
assustado atraz da mãe; “mas eu tenho medo, de qual­

(*) Por aqui se vê quanto ha de prejudicial em metter


medo ás creanças. — (Nota da Traducção). ,
154 FASCINAÇÃO MENTAL

quer modo”. Bem, esta é a condição do liyper-impres-


sionavel que é hypnotisado. Elle sabe que é Joãozirího,
mas tem receio, de qualquer modo!
Não é tudo isto um fazer-crer, como alguns inves­
tigadores radicalmente iconoclastas affirmaram -—
parte é real, parte irreal. O hyper-impressionável hy­
pnotisado não é um fakir ou enganador teimoso — é
um gerador de crença, cuja illusão parece em parte
real ou mesmo mais ainda, supposto menos que meia
em alguns casos, variando o grau de impressionabili­
dade por uma parte e a vivacidade da Imaginação Ne­
gativa por outra.

VISTAS OPPOSTAS RECONCILIADAS

Tratei antes, plenamente, do estado mental dos


sujeitos genuinamente hypnoticos pela razão de que
os argumentos de duas escolas de investigadores são
diametralmente oppostos uns aos outros sobre a mate­
ria. A velha escola de mesmeristas e hypnotisadores
insiste em que os sujeitos estão em uma condição de
verdadeiro somno e esquecidos absolutamente de tudo
que os cerca, a não ser de suas illusões sob cujas sug-
gestões estão agindo.
A nova escola de Suggestão sustenta, por sua vez,
que os sujeitos ficam inteiramente accordados como de
costume e acceitam simplesmente as suggestões que
lhes são dadas como acceitariam outras; são total­
mente conscientes do que estão fazendo e geram as
UMA INVESTIGAÇÃO DE CERTOS PHENOMENOS 155

crenças por todos os meios, do principio ao fim. Penso


que a minha theoria ou explanação fará a Reconcilia­
ção, entre as duas vistas oppostas, e creio que ella terá
a approvação de muitos que, como eu, tiveram a op-
portunidade de examinar esta gente e fazer uma con­
clusão do assumpto.
Verdade é que muitos destes sujeitos vos dirão
que elles são totalmente conscientes do que fazem, mas
isto é porque, assim fazendo, elles levam as suggestões
expressas ou implicitas, do hypnotisador, que lhes diz
que elles são liypnotisados e nada sabem, etc. Uma
cousa engraçada ácerca destes sujeitos é que cada um
delles pensa que elle é o unico que ficou meio-accor-
dado e que seus companheiros estiveram completa-
wente sob a influencia. Lembrae-vos qu efalo agora
das condições de transe, que pertencem á outra phase
do sujeito, e não dos cavallos, no grau dos jakires que
de todos os modos contribuem para o interesse e acção
do espectáculo.
Minha descripção do estado mental do sujeito per­
tence aos casos genuínos de hyper-impressionabilidade
no estado de sonho.

O ESPECTÁCULO HYPNOTICO

Tomei vosso tempo e espaço descrevendo as varias


faces da representação hypnotica — a scena da barbea­
da; o giro do balão; o jogo de õase-õall; a colmeia de
abelhas; a sessão da escola; e as mil variedades repre­
156 FASCINAÇÃO MENTAL

sentadas pelos exhibidores e representadores, dos quaes


muitos são artistas em suas linhas e mostram uma ad­
mirável habilidade em fazer as suas exhibições interes­
sei ras tão semelhantes ao espectáculo de vaudeville.
Quasi todos que lêm estas linhas viram uma re­
presentação desta sorte e conhecem o que eu digo. O
principio é o mesmo em todos os actos ou representa­
ções/ Os cavallos e os hyperdmpre^sionu/veis acceitam
as suggestões, e depois são também impressionados pela
Imaginação Positiva do hypnotisador, servindo-se este
das suas Correntes Mentaes pela Inducção.
Mas mesmo as mais admiráveis e complicadas ex­
periencias são combinações das experiencias de Sensa­
ção Induzida. mencionadas no Capitulo IX deste livro,
levada ao grau superlativo por meio da Imaginação In­
duzida. As experiencias que eu fiz, e outras da mesma,
são as pedras do edificio com que se constroem as mes-
mericas estrueturas, — o estylo, variedade, decoração
e estabilidade dependem da arte do operador ou di­
rector.
Ha muitos livros sobre o Hypnotismo que ensinam
o operador a construir as scenes effectives. E’ questão
de arte de construir antes que de conhecimento scien-
tifico.
O hypnotisador de êxito deve ser um homem de
habilidade suggestiva forte — capaz de focalisar suas
forças em seus tons, e também de Imaginação activa
positiva, forte e, assim, capaz de formar uma pintura
mental clara, viva, da scena que deseja executar no
EMA INVESTIGAÇÃO DE CERTOS PHENOMENOS 157

palco. Formando esta imagem mental e usando com


sua vontade projectar e focalisar a Energia Mental
sobre os sujeitos, elle é capaz de induzir nelles as sen-
sacòes e chimeras desejadas. Seu successo com o ho­
mem de diversão requer, sem duvida, habilidade como
um gerador de scenas, etc., a qual nada tem com a sua
habilidade como hypnotisador.

EXPERIENCIAS PARTICULARES

Os princípios que entram em jogo


* nos trabalhos
experimentaes de psychologia privada são os mesmos
por nós tratados nas experiencias publicas de hypno­
tism o.
Naquella não ha auditorio para se recrear, e po­
de -se empregar muito mais tempo no desenvolvimento
de nm sujeito e na producção de interessantes pheno­
menos. Os cavallos aqui são eliminados.
CAPITULO XII

OS PERIGOS DO PSYCHISMO

Nos capítulos precedentes, tratei do assumpto ra­


cional do Mesmerismo com o fim de mostrar-vos que
os seus phenomenos e os do
* Hypnotismo não dependem
das condições de somno, mas podem ser promptamente
produzidos pela Fascinação Mental pura e simples,
sem intervenção do somno, que se crê associado aos
phenomenos.
Indiquei não só os princípios geraes básicos da
materia, mas dei detalhadamente a technica e os me-
thodos pelos quaes um experimentador pode produzir
os phenomenos. Os methodos dados aqui são os que
estão em uso constante nos principaes laboratorios de
experiencias psychologicas deste e de outros paizes, e
os resultados mencionados podem ser duplicados por
uma pessoa que puzer em operação os princípios men­
cionados.
160 FASCINAÇÃO MENTAL

PORQUE SE DA? O ESCLARECIMENTO

Mas eu desejo expôr que o meu primeiro objecto,


dando o dito esclarecimento, não foi que os estudantes
do livro devem necessariamente intentar uma serie de
experiencias psychologicas, mas principalmente que el­
les podem comprehender o poder e a força do principio
mental conhecido como Fascinação Mental e ver suas
operações praticas em todas as suas phases varias. Eu
desejo que elles conheçam as experiencias nos laborato­
rios psychologicos; os trabalhos dos mesmeristas pú­
blicos ou hypnotisadores, e o uso Influencia Mental no
commercio de todos os dias posto em operação por to­
dos os lados, e em- todos os tempos, são todos phases
do mesmo principio fundamental.

CERTAS PHASES MENCIONADAS

Ha uma phase dos phenomenos mesmericos ou hy-


pnoticos que eu omitti. Chamarei vossa attenção para
esta, brevemente, de modo que podeis saber que eu a
não desprezei e podeis também conhecer as razões por­
que não entrei no detalhe desta classe de phenomenos.
Alludo ás chamadas classes mais altas dos phenomenos
mesmericos ou hypnoticos — ás varias formas da con­
dição de transe.
OS PERIGOS DO PSYCHISMO 161

AS CONDIÇÕES ANORMAES

Este phenomeno de transe, se é produzido pelos


processos mesmericos ou por outros meios, são anor­
maes ou doentios, e phases não desejáveis de condição
mental. Eu não posso falar fortemente contra o in­
centivo e instrucção do desenvolvimento (eu quasi disse
Devil-opment) (* ), destes estados anormaes, ou pelas
praticas próprias ou por meio das praticas mesmeri-
cas ou hypnoticas. E’ tempo de que alguém chamasse
a attenção do publico para os perigos deste assim cha­
mado psychismo. Eu sei positivamente: que este psy-
chismo não é a cousa desejável que se suppõe ser. Eu
sei bem que elle está muito longe do Desenvolvimento
Occulto.
Este psychismo, quando comparado com o verda­
deiro Occultismo, é um merencoreo clarão de lua em
contraste com os vivificadores, quentes e brilhantes
raios do sol. Este falso Occultismo, que não é de todo
< hcultismo, mas simplesmente psychismo, envolveu
muitos em suas malhas e levou seus adeptos a planos
semelhantes a tremedaes e pantanos, seguindo o ignis
fat nus, ou ivhill-o’-the-wisp (*) do Psychismo.

(*) Devil-opment, em lugar de development, trocadilho jo­


coso em que o autor critica o desenvolvimento destes estados
nu condições anormaes. — (Nota da Traducgão).
(*) Fogo fatuo.

11
162 FASCINAÇÃO MENTAL

A ANTIGUIDADE DAS PRATICAS

Quasi todas as raças descobriram que ha, nas gen­


tes, meios possiveis por onde ellas podem produzir em
si mesmas condições anormaes, conhecidas como transe.
De tempos remotos até hoje, tem havido homens
que se devotam a estas praticas deploráveis. Vários são
os meios pelos quaes estes estados são obtidos, sendo
os methodos predilectos: olhar um» objecto brilhante ;
fixar os olhos na raiz do nariz; contemplar o umbigo;
fitar uma gotta de tinta; inhalar vapores; ouvir sons
metallicos; etc., etc. Muito deste Occultismo irrisorio,
que é realmente psychÀsmo, depende destes methodos
para seus resultados, manifestação e phenomenos. Os
jakires hindus e os dervishes arabes servem-se livremen­
te destes methodos e produzem resultados que, com-
quanto altamente estimados por elles, são, comtudo,
ouvidos com desgosto, horror e repulsão pelos verdadei­
ros occultistas de todos os paizes, incluindo-se entre
estes os reaes Yogis (*) Hindus, Sufis Persas. Estes
últimos occultistas orientaes aqui mencionados olham
estas praticas como nocivas e os phenomenos que dellas
resultam como falsos e enganadores.

(*) A lidima expressão portugueza é Jogue e não Yogi.


Mas estamos tão habituados a escrever1 Yogi, que, parece, se o
deixarmos, deixaremos com elle o seu significado e effeito.
Tanta é a força do habito. — (Nota da Traducção)
OS PERIGOS DO PSYCHISMO 163

OS ERROS DO O0CIDENTE

Grande parte do moderno Psychismo do Occidente


baseia-se sobre as mesmas praticas e produzem seme­
lhantes resultados.
Nesta connexão devo dizer que algumas praticas
adoptadas por alguns do Novo Pensamento pertencem
a esta classe.
Eu vi methodos preconisados para Entrar no Si­
lencio^ nos quaes o estudante é aconselhado a focali-
sar o olhar sobre a raiz de seu nariz, etc., methodo este
idêntico ao usado por Braid para produzir condições
hypnoticas e empregado pelos fakires hindus para pro­
duzir condições de transe,
Não é tempo que a verdade no tocante a estas cou­
sas seja conhecida?

BAIXOS ESTADOS — NÃO ALTAS CONDIÇÕES

Estas condições anormaes auto-induzidas podem


ser também produzidas pelos methodos hypnoticos, le­
vando-se o sujeito a estados mans profundos, de que fa­
lam algumas autoridades, como se elles fossem um alto
estado espiritual, porém que não passam das taes con­
dições de transe miseráveis, anormaes, deploráveis, a
que me referi. Estas condições podem ser produzidas
pelos methodos hypnoticos, simplesmente porque algum
estado mental póde ser assim produzido, e não por qual­
164 FASCINAÇÃO MENTAL

quer processo ou conhecimento mystico ou cousa se­


melhante.
Lancemos outro olhar rápido sobre as assim cha­
madas condições de somno de hypnotismo, afim de que
possamos fazer uma idéa clara do assumpto.

A ILLUSÃO 1)0 SONHO

No primeiro lugar, não ha real condição de somno.


Vejamos porque isto é assim. Bem, para partir do prin­
cipio, muitos dos somnos não existem de todo. Em mui­
tos casos, o sujeito acquiesce meramente á suggestão
que elle dorme, e então age sob a suggestão, como agi-
ria sem alguma suggestão. Elle desempenha sua parte
— eis tudo. Esta phase é mais commum do que a mór
parte dos estudantes do hypnotismo pensam. Elles ou­
vem ao sujeito dizer que elle dorme, e não lembram uma
cousa que se lhe disse ou que fez. Mas tudo isto> está
simplesmente na linha da acquiescencia e no desempe­
nho da parte, facto este que foi positivamente provado
por adeantados experimentadores. Ha outros estados
de somno.
O primeiro na ordem é o estado de sonho que eu
descrevi com a phase do brinquedo do urso. Mesmo este
não é um verdadeiro somno, mas uma condição seme­
lhante á do sonho.
E’ neste estado que a mór parte dos exemplos de
phenomenos hypnoticos se produzem. Muitas vezes, o
sonho torna-se mui profundo, e a condição de transe é
OS PERIGOS DO PSYCHISMO 165

quasi alcançada. Comtudo, esta ainda não é somno,


como geralmente se usa esta palavra.

TRANSES IIYPNOTICOS DEPLORADOS

Na próxima ordem vêem vários estados de condi­


ção de que falam os hypnotisadores como sendo a de
somno profundo, mas que positivamente não é outra
<pie a condição de transe, na qual cahiram gentes de
todas as nações e tempos pelos inethodos mencionados
a traz.
A unica differença é que o operador induz a con­
dição pela Influencia Mental e Suggestão, como indu­
ziría outro estado mental — em vez de induzil-o em si
mesmo.
E’ a mesma pratica, velha, anormal, perigosa, em
outra forma.
O que se disse contra a condição da auto-inducção,
applica-se egualmente á induzida do operador. Elias
são a mesma!

PRATICAS ENFRAQUECEDORAS DA VONTADE

Não levarei mais longe a deseripção das condições,


nem darei instrucção sobre a producção dellas. Consi­
dero-as essencialmente perigosas e nenhum outro fim,
falando dellas, tenho que prevenir e acautelar o estu­
dante contra taes condições em que possam ser postos
pelos experimentadores. Esta pratica enfraquece a vou-
166 FASCINAÇÃO MENTAL

fade, visto depender ella do cançaço desta pelo exer­


cício dos olhos e outros orgãos do sentido. Os que pra­
ticaram a Influencia Mental, durante todos os tempos,
reconheceram este facto e empregaram objectos que
estimaram como enfraquecedores da vontade. Empre­
garam-se objectos brilhantes para serem fitados pelo
sujeito com o fim de cançar-se-lhe a vista.
Os Orientaes usaram sons monotonos em um-m-m-m
para cançarem o sentido da audição com certa suavi­
dade; da mesma forma serviram-se dos vapores, perfu­
mes e incenso para submetterem o sentido do olfacto —
com o fim exclusivo de enfraquecerem a Vontade e tor-
narem-n’a PASSIVA, ANNULLANDO A SUA RE­
SISTÊNCIA.
Feita a Vontade passiva, ou cançada, a mente tor­
na-se receptiva e impressionável e, em casos extremos,
malleavel como a cera em mão do operador.
Lembrae-vos destas cousas, estudantes, e vereis
que estes princípios são empregados varias vezes, em
lugares inesperados.
Acautelae-vos contra os methodos que tendem ao
enfraquecimento da vontade por meio de drogas.

PSYCHISMO COMO UMA COBRA VENENOSA

Peço-vos, com instancia, que eviteis o Psychismo


— afastae-vos delle como de uma cobra venenosa, pois
elle procura ferir a vossa vontade, paralysar a vossa
mentalidade. Evitae tudo quanto tende a vos fazer fra-
OS PERIGOS DO PSYCHISMO 167

cos. Acautelae-vos contra as pretenções ao desenvolvi­


mento da alma on progresso-espiritual por meio desses
methodos, pois elles não são senão Psychismo com a
mascara de Occultismo ou Philosophia Espiritual (* (**)
).
Lembrae-vos da minha prova: Isto faz-me forte?
Applicae a pedra de toque e alcançareis dominar-
vos. Este é um conselho para o Prudente — cuidado
com isto!

A PROVA

Concluindo esta parte da materia, direi que, se


alguns de vós se dispuzerem a questionar a certeza do
enunciado acima, não terão mais nada a fazer que exa­
minar os typos de psychicos (*) vistos de todos os la­
dos. Não são todos elles hyper-impressionaveis, exces­
sivamente sensitivos, doentes dos nervos, hystericos,
passivos, negativos? Não se tornam elles meras har­
pas psychicas, de que tiram vários sons as brisas men­
taes peregrinas? Lembrae-vos, agora, e eu vos falo de
genuinos psychicos, que não de falsos psychicos que
viajam por dinheiro e formam uma classe sagaz, as­
tuta, a qual, longe de ser impressionável, usa em reali­
dade do poder mesmerico para impressionar e influen­
ciar as pessoas crédulas que cahem sob sua acção.
(*) Como se vê, o autor faz aqui, parece, uma distincção
entre Psychismo e Occultismo ou Philosophia Espiritual.
(**) Subentende-se sujeitos (sujeitos psychicos).
(Notas da Traducção).
168 FASCINAÇÃO MENTAL

Não faço allusão a estas pessoas, mas aos pobres


sensitivos negativos, de vontade fraca, os quaes são tão
impressionáveis como placas photographicas e para
quem o desenvolvimento não significa mais que mani­
festar as impressões exteriores. Aconselho-vos a que se-
jaes pessoas POSITIVAS e não NEGATIVAS.
CAPITULO XIII

FASCINAÇÃO ORIENTAL

Neste ponto, desejo chamar vossa attenção para


uma feição da materia, que recebeu pouco apreço dos
escriptores occidentaes. Alludo ás manifestações admi­
ráveis de Fascinação Mental empregada por alguns Ma­
gos do Oriente, particularmente da India e da Persia.
Estes factos são executados, hoje, naquelles paizes
e pertencem a alguns dos admiráveis exemplos, por nós
relatados, dos antigos Persas ou Magos Egypcios.

FASCINAÇÃO MENTAL NO ÉSTE

Sem fazer uma extensa consideração da materia em


questão, menciono alguns dos exemplos recordados de
Fascinação Mental entre Orientaes, afim de dar-vos uma
Idea do grau de poder possivel a um adepto na pratica
da Influencia Mental. Descreve um escriptor uma exhi-
hição desta ordem na índia, presenciada por elle. Era
170 FASCINAÇÃO MENTAL

este escriptor um profundo sceptico, e acreditou que


tudo aquillo era feito por ligeireza de mão ou methodos
semelhantes — isto é, elle assim creu até que realmente
testemunhou a demonstração. Relata elle que o Mági­
co (*) era um Hindu de apparencia nobre e imponente,
rodeado de numerosos assistentes da sua proprie raça.

O FACTO DA SERPENTE

Sentou-se o Mágico no chão e pôz deante de si can­


taros, caixas, utensilios e outros paraphernaes instru­
mentos. Abriu a sessão por uma numerosa producção
de cobras miúdas que tirou de uma das caixas e col-
locou no chão, deante de si, á plena vista do auditorio,
permittindo a este que examinasse as serpentes e, deste
modo, se certificasse da realidade dellas. Um natura­
lista inglez presente classificou as cobras como perten­
centes a uma variedade indigena muito conhecida. Co­
meçou o Mágico, então, a entoar uma cantiga vagarosa,
lugubre, sussurrante, monotona, cujo som predominante
era como o sussurro de um zangão? ou
de um distante moinho de serra. As cobras levantaram
e moveram suas cabeças de um lado a outro ao som
do canto.
Tocava-as o Mágico de tempos a tempos e branda­
mente com sua varinha.

(*) Um fakir, sem duvida. — (Nota da Traducção).


FASCINAÇÃO ORIENTAL 171

Aos olhos do auditorio, as cobras pareciam augmen-


tar gradualmente, indo de finas proporções até final­
mente assumirem o tamanho de immensas giboias, que
causaram grande alarma entre o auditorio, composto
de inglezes e naturaes. Pediu o Mágico aos assistentes
que ficassem quietos e assegurou-lhes que não havia
perigo.
Então elle inverteu o processo e viu-se que se fo­
ram as cobras gradualmente diminuindo até que desap-
pareceram completamente da vista.

O HINDU QUE DESAPPARECE

O proximo acto foi egualmente maravilhoso. Col-


locou o Mágico um dos assistentes no centro do circulo
traçado na areia e com gestos e cerimônias apropria­
das executou alguma encantação magica. Viu-se, então,
o rapaz andar á roda e, posto cada vez mais accelera-
damente como uma grande pitorra, começou depois, na-
quelle mesmo giro, a elevar-se no ar até que se sumiu
inteiramente. Então o Mágico inverteu o processo, tra­
zendo o rapaz abaixo, das aereas alturas. Primeira­
mente o rapaz começou a apparecer como uma pequena
mancha que gradualmente se foi tornando maior á me­
dida que se approximava da terra, até que se pôz deante
do auditorio, cumprimentando-o e rindo-se.
172 FASCINAÇÃO MENTAL

O FACTO DA MANGUEIRA

O acto seguinte foi a collocação de alguns caro­


ços de manga na terra, construindo-se um outeirinho
em torno delles.
Começou o Mágico os seus cantos e agitou suas
mãos sobre o monticulo. Viu-se apparecer em um mo­
mento uma plantinlia que foi gradualmente crescendo,
até que se tornou uma grande mangueira coberta de
folhas. Viram-se as flores e appareceram fructos ma­
duros, os quaes foram entregues ao auditorio. Rever­
tendo-se o processo, a arvore foi decrescendo gradual­
mente e, por fim, o Mágico tirou da terra as sementes
e mostrou-as ao auditorio. E, facto admiravel, os fru­
ctos que tinham sido distribuidos pelo povo desappare-
ceram juntamente.

A PROEZA DA CORDA

Este acto final foi tão extraordinário quanto os


precedentes.
Produziu o Mágico um rolo de corda real, a qual
passou de mão em mão para ser examinada. Isto feito,
deu um nó a uma das extremidades da corda e lançou-a
ao ar. Um dos assistentes approximou-se da corda e pe­
gou delia.
A um grito do Mágico, o rapaz começou a subir
rapidamente pela corda e em um curto tempo desappa-
FASCINAÇÃO ORIENTAL 173

receu, depois de se fazer tão pequeno como uma man­


cha no ar. Então, á outra palavra do Mágico, a mesma,
corda fluctuou no espaço e desappareceu.

A PROVA E EXPLICAÇÃO

Isto fez fim ao espectáculo. Mas aqui ha um notá­


vel proseguimento. Um inglez presente provou um es­
talo com seu apparelho photographico de algibeira, jus­
tamente no tempo em que o rapaz trepava pela corda.
Quando a negativa se desenvolveu, não houve nenhum
signal de corda, nem do rapaz nem de nenhuma mitra
cousa pertencente á manifestação. O Mágico mesmo
achava-se fora do centro da scena, sentado em um ter­
reno ao lado, tendo nos lábios um sorriso de conten­
tamento. Demonstrou este facto o que similares tes­
temunhas também provaram; convém saber: que os
factos não se cumpriram realmente, mas foram apenas
illusões produzidas por impressões sobre as mentes do
auditorio.
De facto, houve exemplos de Magia Mental ao longo
da phase de Fascinação Mental, proveniente da Von­
tade concentrada, e Visualisação de Imagens Mentaes,
transmittidas por Correntes Mentaes e agindo por meio
da Inducção Mentativa. Dar-vos-ei outra prova disto,
em um momento ou dois, depois que eu referir um pouco
mais de exemplos desta estupenda manifestação- da
Influencia Mental.
174 FASCINAÇÃO MENTAL

UM HOMEM ADMIRAVEL

Relata outro escriptor, correspondente de um jor­


nal americano, que, indo uma vez em viagem de recreio
sobre um vapor por um dos rios da índia e, parando em
um lugar, viu subir á margem, com a rapidez de um
macaco, um indígena, tendo simplesmente um panno
nas costas e fortemente ligada á parte posterior do pes­
coço uma trouxa vermelha, para guardal-o da agua,
quando nadava da praia. Não havia nada nelle que o
distinguisse de um fakir ordinário. Mas elle logo mos­
trou a sua qualidade.
Passando por deante do convez, apanhou um rolo
de corda fina que alli se via, da qual, desenvolvendo
uma ponta, deu-lhe um nó e lançou este no ar, por onde
a dita corda foi subindo, até que desappareceu, con­
soante referimos no capitulo precedente. Passando um
marinheiro com parte de um coco na mão, contendo
o liquido ou agua da amêndoa, tomou o Mágico a casca
de suas mãos e, segurando-a sobre um balde, da nau,
alii proximo, vasou-a nelle até que o encheu, e repe­
tiu o processo com outro balde, enchendo-o da mesma
forma e mais doze baldes foram egualmente repletos
da dita agua tirada do pedaço daquelle coco.
Isto feito, tomou um dos baldes cheios e, tendo-o
em sua mão, fel-o gradualmente diminuir até que des­
appareceu. Um momento depois, mostrou um pequeno
balde em sua mão, o qual gradualmente foi crescendo
FASCINAÇÃO ORIENTAL 175

até que novamente se mostrou cheio do dito liquido


que lhe chegava ás bordas, o qual foi por elle entor­
nado no convez.

UMA EXTRANHA OCCORREiNCIA

Presenciando a extranha acção, estava uma joven


mãe com seu filho ao lado> e uma aia também moça, á
distancia de uns pés. Com certo horror, a mãe viu en­
tão a governante levantar-se no ar uns poucos pés e
dirigir-se para o seu filho como se ella se deslisasse
para elle e erguer-se no ar com a creança nos braços,
até que desappareceu com elle entre as nuvens. Pôz-se
a mãe a gritar desesperadamente e a olhar para cima;
e, estando ainda a olhar, viu apparecer uma nuvem
branca como lã, a qual gradualmente tomou a forma
da governante que se foi tornando maior á medida que
descia, até que finalmente alcançou o convez novamente
e entregou a creança á sua mãe já contente. A mãe,
depois de apertar a creança contra o seio, bradou:
“Como te atreves a tomar meu filho?”, quando com
sua surpreza a rapariga respondeu: “Porque, mama,
teu filho esteve sempre dormindo e eu não toquei nelle”.
Então o fakir pôz-se a rir e disse: “Mem Sahib esteve
soai ente sonhando entranhas cousas”, Dei aqui sim­
plesmente um exemplo de Impressão Mental de um
grau de poder notável, produzida pela Vontade e Ima­
ginação Mental do fakir; os factos precedentes foram
egualmente assim produzidos.
176 FASCINAÇÃO MENTAL

MARAVILHAS SOBRE MARAVILHAS

Mas isto foi só o principio. Desatou o fakir a sua


trouxa vermelha e, tirando delia um coco, mostrou-o
aos passageiros, passando-o de mão em mão para ins-
pecção. Isto feito, pôz o fructo na extremidade de um
bambu e, agitando este, mandou-o em Hindi chover
como uma fonte e, immediatamente, brotou delle um
jacto de agua que cahiu sobre o convez como chuva co-
piosa. Então mandou parar a chuva e esta obedeceu-
lhe. Depois, fêl-a novamente cahir. Isto elle repetiu va­
rias vezes. Em seguida, materialisou uma cobra no ar
e fêl-a desapparecer ao seu mando, depois de haver
com ella aterrorisado os passageiros. Feito o que, ma­
terialisou varias fôrmas humanas em plena luz, á vista
dos passageiros, e mandou-as, depois, desapparecer
gradualmente até dissipar-se como uma nuvem de va­
por. E tomando alli uma collecta, que foi bastante
liberal, em rápido nado, ganhou a praia.

O SEGREDO REAL

Os naturaes entre os passageiros do navio riam-se


da admiração dos europeus presentes e zombavam da
conversação sobre a pelotica ou poder mágico, infor­
mando-os de que aquillo era somente um exemplo do
Mesmerismo Hindu, ou Influencia Mental, e de que
os de entre elles que resistiam ao feitiço, não viam nada
FASCINAÇÃO ORIENTAL 177

do phenomeno, excepto ao fakir com seus olhos scin-


tillantes, e toods attestaram o exercicio da Vontade
concentrada como poderoso. Estes factos são bastante
communs em muitas partes da If^dia, mas são alli co­
nhecidos como illusões mentaes; os que tentaram1 apa­
nhar a exhibição ou placas photographicas falharam,
pois ellas nada mais revelaram que o mágico em um es­
tado de concentração mental.
Estes mágicos desenvolveram o poder de fazer que
muitas pessoas ao mesmo tempo, illusoriamente, ve­
jam, ouçam, gostem e cheirem cousas que não têm exis­
tência material.
Trata-se da Imaginação Mental Induzida em um
grau desenvolvido, porém differe somente em grau dos
phenomenos mais familiares no Occidente.

TESTEMUNHO DE UM SABIO HINDU

Nesta connexão apraz-me ajuntar o testemunho e


a explicação que me foram dadas pessoalmente por um
grande e estimado amigo meu, um sabio indio, que via­
java neste paiz. Recebeu este amigo meu uma alta edu­
cação em addição aos seus conhecimentos orientaes, e
se tornou mui versado assim nos ensinos de Este como
nas doutrinas do Occidente. Disse-me este gentleman
(*) que na sua juventude presenciou varias exhibições

(*) Homem fino, de boa sociedade, perfeito cavalheiro.


(Nota da Traducção).

12
178 FASCINAÇÃO MENTAL

da ordem já relatada no seu torrão nativo. Primeira­


mente foi confundido e mystificado pelos fakires, po­
rém a direcção scientifica que deu á mente, fez-lhe pro­
curar uma solução. AÜim, pôz-se a experimentar, e logo
se achou apto ao menos para classificar os phenomenos
como do dominio de pura Illusão Mental.
Achou elle que a multidão costumava juntar-se
mui estreitamente em torno do Mágico, posto que se
reservava certo numero de jardas afastadas do opera­
dor para as ultimas instrucções e necessidades. Meu
amigo achou que, se elle se retirava poucas jardas da
vizinhança do povo, não podia ver nada a não ser a
mágico, e todos os seus factos mágicos desappareciam.
Quando elle se juntava á multidão, via plenamente as
mysticas apparencias. Tentou vários modos, com o
mesmo resultado. Em resumo, a influencia confinava-
se a uma certa area e a influencia mental era, sem du­
vida, augmentada pelo contagio das differentes mentes
na multidão. Meu amigo presenciou o muito conhe­
cido facto da mangueira e do desapparecimento da cor­
da (ambos relatados nestas paginas) e desta maneira
determinou que tudo aquillo era obra de Illusão Men­
tal em vez de ser uma occorrencia que annullasse as
leis estabelecidas da Natureza.
O testemunho deste cavalheiro corroborou a opi *
nião que eu já formei a este effeito, a qual concorda
com as das melhores autoridades.
FASCINAÇÁO ORIENTAL 179

UMA IDÉA ERRÔNEA

Terminando este capitulo, desejo indicar aos estu­


dantes desta obra uma idéa errônea que se infiltrou em
muitos livros do Occidente que tratam de hypnotismo,
etc., e que eu menciono e explico. Os mágicos Hindus,
ou mesmeristas, frequentemente ficam de cócoras du­
rante seus encantamentos, sussurrando um canto mo-
notono, vagaroso, como já se descreveu, e, ao mesmo
tempo, movendo o corpo da cintura para cima, em mo­
vimento circular, de torsão dos quadris, e ao mesmo
tempo fixando firmemente seu olhar sobre o auditorio.
Este movimento e torcedura é meramente um acompa­
nhamento ao canto moroso, muito parecido com os mo­
vimentos dos bailarinos orientaes que torcem seus cor­
pos em um modo> semelhante em rhythmo á musica. O
movimento é simplesmente um costume entre estes po­
vos e nada tem com a producção do phenomeno, como
todos os Occultistas Hindus sabem e já vos dissemos.
De facto, os mágicos mais altos entre os Hindus não
fazem mais que manter uma posição digna, calma, per­
manente, ou a -firme posição do Yogi, na qual o corpo
mantem uma postura egual e firme, em uma posição
de descanço e de respeito, postas as mãos sobre os joe-
ihos, estando as costas de uma dentro da palma da
@utra.
180 FASCINAÇÃO MENTAL

UMA IDÊA IMPRUDENTE

Todos os naturae^ da India comprehendem a ma­


téria acima, mas os visitantes occidentaes concluem
que este giro circular do corpo, começando dos qua­
dris, tem alguma relação com o poder manifestado. E,
como eu disse, muitas obras occidentaes sobre este as­
sumpto entraram em consideráveis detalhes sobre este
maravilhoso Hypnotismo Oriental que elles affirmam
ser completado por este movimento corporal.
Elles podem do mesmo modo apontar alguns en­
ganos physicos de movimento de cada hypnotisador
occidental afamado e sustentar que o dito movimento
é o segredo de seu poder.
Penso não ser necessário um novo commentario
neste caso. Os movimentos, as attitudes, etc., são sim­
plesmente partes da disposição da peça ou, possivel­
mente, partes do trabalho scenico, destinados a realçar
a impressão do mysterio. Isto é tudo.

METHODOS ORIENTAES DE DESENVOLVER


O PODER

Fui informado por uma autoridade — cuja pala­


vra merece os maiores respeitos, por ter gasto mui­
tos annos na índia e outros paizes orientaes — de que
o seguinte methodo é usado por estes Mágicos Orien­
taes para desenvolver dentro em si mesmos o poder de
FASCINAÇÃO ORIENTAL 181

criar fortes imagens mentaes nas mentes daquelles


que assistem ás suas praticas. O Mágico principia,
quando moço, a praticar imagens mentaes em sua
propria mente. Á
Este processo é parecido com a Visualisação, como
eu mencionei no meu livro sobre Magia Mental.
Em primeiro lugar, o Mágico usa de sua Vontade
e tenta formar uma imagem mental distincta de muitos
objectos familiares, como uma rosa, por exemplo. Elle
faz este exercicio até que realmente vê a cousa deante
de si, com os olhos de sua mente, da mesma forma que
certos pintores eminentes adquiriram a faculdade de
visualisar as faces das pessoas com quem se encontram,
de modo que podem reproduzil-as na téla em novas
posturas.

SUPERLATIVA INDUCÇÃO DO SENTIDO


ALCANÇADA

Então o Mágico experimenta com objectos maiores


e com grupos de objectos, e assim por deante para ima­
gens mais complexas.
Após annos de constante experimentação e pratica
na producção daquella obra, elle se vê habilitado a pin­
tar algumas destas scenas descriptas neste capitulo
como jactos — convém saber: elles se tornam capazes
de pintal-as claramente em suas próprias mentes. Isto
leito, o Mágico se faz apto para, por sua Vontade alta­
mente educada, projectar a Imagem Mental nas mentes
182 FASCINAÇÃO MENTAL

dos que o cercam. E? a Inducção do Sentido, descripta


por mim neste livro, levada somente a um grau de
manifestação maior.

ORIENTAL VERSUS OCCIDENTAL

O povo do Oeste não dedica o tempo e a attenção


ao cultivo de taes faculdades, ao passo que o povo
oriental gasta voluntariamente parte de sua vida para
o fim deste alcance. Mas, por outra parte, o occidental
dedica todo seu tempo á acquisição do poder da von­
tade e concentração com o fim de se fazer um Esta­
dista ou Financeiro.
Cada um — conforme o seu gosto e temperamento
— não trocaria os lugares ou poderes com o outro. Am­
bos empregam, não obstante, a mesma força, e pouco a
pouco conseguem o que desejam.
CAPITULO XIV

IMPRESSÃO DO FUTURO

Agora desejo chamar vossa attenção para o que


pode chamar-se Impressão do Futuro, ou como os
hypnotisadores lhe chamam, post-hypnotismo, etc. As
futuras impressões são como sementes plantadas na
mente, as quaes, em um tempo futuro, germinam, flo­
rescem e produzem fructos.
Os hypnotisadores produzem este phenomeno, dan­
do ao sujeito, quando em somno hypnotico (?), a sug­
gestão que, em certo tempo ou em alguns minutos ou
horas, ou dias, elle fará ou sentirá certas cousas.
Mas a nova escola de psychologistas descobriu que
estas impressões futuras podem ser feitas no estado
receptivo ordinário, como no caso em que se operam
Quaesquer outras formas de Impressão Mental, e o re­
sultado será o mesmo que o obtido pelos hypnotisado-
pes, em que pese a outras theorias e methodos.
184 FASCINAÇÃO MENTAL

OS PRINCÍPIOS geraes

Não tenho por fim entrar em detalhes sobre esta


classe de phenomenos, pois tudo o que é necessário di­
zer-se pode resumir-se em duas fôrmas: l.° — que, ge~
ralmentc falando, todos os phenomenos de Impressão
Mental ordinaria immediata podem produzir-se como
Impressão-Futura; 2.° — que todos os phenomenos de
Impressão-Futura produzidos pelo operador sobre o su­
jeito, podem ser semelhantemente produzidos pela auto-
impressão do sujeito (convém saber: pelas impressões
que o sujeito produz em si mesmo).

COMO SE DÃO FUTURAS IMPRESSÕES

Em primeiro lugar, nos principios estatuidosKaci­


ma se diz meramente ao sujeito: “Farás isto e isto em
tal e tal tempo”, em vez de “Faze isto”. Por exemplo,
em vez de dizerdes ao impressionável que sua cadeira
se está queimando, dizei-lhe que, em dois minutos, elle
sentirá queimar-se a sua cadeira — o resultado será
semelhante em ambos os casos. Applicae o mesmo prin­
cipio a outros phenomenos mesmericos mencionados
nos capitulos precedentes e o resultado será idêntico.
A força da impressão, o grau de impressionabilidade,
etc., desempenhará a mesma parte tanto na Impressão
Immediata como na Futura. Este principio é posto
IMPRESSÃO DO FUTURO 185

em pratica pelos suggestionadores quando tratam de


hahitos.
Dão-se estas suggestões ao sujeito, dizendo-lhe:
“Todas as vezes que pegares de um cigarro, sentirás
nauseas ao pensares na escarradeira da sala contigua
ao armazém de cerveja”, etc., etc. E sempre um caso
da suggestão farás isto em Futura Impressão.

EXEMPLOS DA VIDA DIARIA

Dão-se muitas suggestões imprudentes na vida dia-


ria nas linhas de Futura Impressão, e ai! muitas dei-
las são acceitas descuidadamente, por falta de conhe­
cimento do principio. Quantas vezes tem-se dito a uma
impressionável recem-casada: “Não importa, ficarás
cançada delle depois de certo tempo”, etc. Ou ao ho­
mem: “Espera até que a novidade acabe, e ficarás des-
gostoso do negocio que fizeste”. Ou: “Perderás o inte­
resse e o enthusiasmo, daqui a pouco tempo”. Ou:
“Achal-o-ás depois de algum tempo e verás que elle
não é o que parece”.
E assim por deante. Podeis ajuntar a estes exem­
plos os de vossa propria experiencia. Muitas vezes es­
tas suggestões são secundadas e tendem a fazei
* que as
pessoas as tenham conto verdades.
Muitas predicções de adivinhos se fizeram verda­
deiras deste modo, pelas pessoas impressionáveis e
ignorantes. Dei-vos a chave para este principio, agora
— cuidado com a licção! Se sentirdes que uma tenta­
186 FASCINAÇÃO MENTAL

tiva de Futura Impressão se está fazendo, afastae-a de


vosso mental com esta fórma: “NÃO, NÃO QUERO!’’
Este é o antídoto para o Veneno. Lembrae-vos disto e
ficareis salvos de perturbação algum dia.

O SEGREDO DE AUTO IMPRESSÕES FUTURAS

O segundo principio já exposto em vários para-


gfaphos atraz — isto é, que todos os phenomenos de
Futura Impressão podem ser duplicados pela Auto-
Impressão, ou Impressões feitas por si mesmo — é ver­
dadeiro e digno de consideração. Entregae á vossa
mente que deveis accordar ás quatro horas da manhã
do dia seguinte, para tomar um trem, e accordareis no
tempo certo. Impuzestes ao vosso mental a hora de
alarma.
Se tendes um compromisso para as tres da tarde,
podeis encarregal-o á vossa mente, como segue (falan­
do a vós mesmo, sem duvida) : “Agora, vê aqui! Lem­
bra-te que deves ver ao snr. Smith, ás tres da tarde
— ás tres, tres, digo! Lembra-te agora, ás TRES, eu
digo!”
E, se a impressão na vossa mente for sufficients
mente forte, um pouco antes das tres, começareis a sen­
tir-vos incommodado, e então o compromisso com o snr.
Smith, sahindo da região de vossa sub-consciencia, se
precipitará, dentro de vossa mente e tomareis vosso so­
bretudo e chapéo. Lembrae-vos da hora do alarma men­
tal! Refere-a toda a historia.
IMPRESSÃO DO FUTURO 187

A HORA MENTAL DE ALARMA

Vêdes, o experimentador, dando a Impressão Fu­


tura, põe a hora mental de alarma nas linhas impressio­
náveis. Elle faz a impressão mental e liga a esta a hora
mental de alarma. Quando o Alarma sáe da Impressão,
salta no campo de consciência e age como se tivesse sido
rapidamente feito. Esta é toda a historia toscamente
narrada.

PROTECÇÃO DE SI-MESMO

Mas não vos assusteis, ó timida gente. Lembrae-


vos que não acceitareis uma Futura Impressão a me­
nos que não acceiteis também uma Impressão Presente
— o grau de Dnpressional)ilidade é o mesmo em ambos
os casos. A unica razão que uma Futura Impressão tem
vantagem sobre a presente é que aquella é mais subtil
do que esta e que o povo não se acautela das cousas fu­
turas mais que das presentes.
Sentis uma impressão que fazeis esta cousa agora,
ao passo que prestareis pouca attenção á solicita im­
pressão que d’aqui a um amuo sentireis isto e aquillo
acerca de tal matéria, e despedis o assumpto com um
encolher de hombros, em vez de dizer pelo menos men­
talmente: NÃO, NÃO QUERO! A impressão presente
£ bastante para attrahir vossa attenção mais forte-
mente, porque ella é mais apparente — ao passo que
188 FASCINAÇÃO MENTAL

a futura impressão é mais insinuante, Mas agora que


estaes ao facto deste assumpto, podeis rir-vos de am­
bas e extrahir o ferrão com o vosso: — NÃO, NÃO
QUERO.

COMO MATAR AS VELHAS E CONTRARIAS


IMPRESSÕES

E, mais uma palavra. Se sentirdes que estaes nu­


trindo uma futura impressão feita, no passado, em
vós, e contra a qual o Alarma ainda não partiu, podeis
matal-a pela impressão pessoal (*) directa ou Auto-
Suggestão em sentido contrario. Convém saber: podeis
dizer: “Eu não quero que nenhuma Impressão adversa
que me haja sido feita, obre sobre mim — eu QUERO
lançal-a de minha mente — eu A MATO neste momen­
to pelo poder da minha VONTADE”. E ao mesmo tem­
po fazei uma Pintura Mental da Impressão obliterada
pela acção de vossa Vontade, assim como um traço de
giz é apagado do quadro negro pela escova. Tentae isto
e sêde livres! Muitos de vós hão de ficar-me gratos por
este conselho; marcae as minhas palavras.

(*) Propria, de vós-mesmo.


CAPITULO XV

ESTABELECENDO UM CENTRO
MENTATIVO

Tocamos a parte deste livro a que cada estudante


individual é chamado para decidir se deseja ou não to­
mar seu lugar no mundo como uma vida, centro activo
de Energia Mentativa ou se prefere ficar como um cen­
tro meio-vivo, passivo, negativo. Não importa o plano
que possaes escolher, o certo é que não deixaes de ser.
de alguma sorte, um centro. A questão que deveis de­
cidir é: “Que ordem de centro devo tornar-me?”

CADA INDIVÍDUO E? UM CENTRO

Expliquei em minha obra sobre Magia Mental e no-


v amente no primeiro capitulo do presente livro, que
cada individuo é um centro de Vida, Energia e Força
no Grande Oceano de Energia Mentativa Universal.
190 FASCINAÇÃO MENTAL

Cada indivíduo é um centro em torno do qual gira seu


proprio mundo, seja este maior ou menor. O principio
é o mesmo em todos os casos. E cada mundo do homem
é largamente o que elle faz — o que elle attráe para si.
Do momento que a crença começa a affirmar o Eu
nelle, começa ella também a crear por si mesmo este
mundo. Ella attráe esta pessoa e cousa, repelle aquella
pessoa e cousa, de accordo com sua natureza mental, e
muda constantemente seu pequeno mundo conforme o
progresso de sua natureza.

CONSTRUCÇÃO DO MUNDO MENTAL

Em vista desta lei de vida, não é para nós impor-


tante construir nosso mundo mental com cuidado e
com o melhor material possível? Não deveriamos tor­
nar-nos Centros Activos de Energia que podemos ter o
necessário poder de construir forte e bem? Não deve­
riamos desenvolver nossos poderes de Attracção que
nos podem attrahir as cousas, pessoas e circumstancias
que contribuem para o nosso bem-estar e contentamen­
to? Não deveríam desenvolver o poder de nossa von­
tade afim de exercer esta Força que é necessária para
nos guiar por meio dos embaraçados abrolhos da vida
e tornar para nós o caminho largo? Respondei estas
questões como quizerdes. Eu as respondí por mim mes­
mo e deveis fazer o mesmo por vós mesmos.
ESTABELECENDO UM CENTRO MENTATIVO 191

A DECISÃO IMPORTANTE

E assim procederei com esta obra, tendo por certo


que respondestes ás minhas perguntas affirmativa-
mente e vos destinastes a crear um centro activo men­
tativo por vós mesmos. Se optastes pelo negativo, fe-
chae este livro agora mesmo e não cogiteis das instruc-
ções que foram dadas nas linhas acima.

A FORÇA DUAL

Paremos por um momento e vejamos que Forças


se combinam neste centro activoi mentativo. Em pri­
meiro lugar, vemos que o aspecto dual da Energia
Mental sempre se manifesta. Aquillo que chamamos
Força-Desejo e o que denominamos Vontade-Poder (*)
apparecem como dois polos mentativos. Bem o sabeis,
pois estudastes minha obra principal sobre Magia Men­
tal, onde este ponto foi tratado por illustração. Mas ha
um aspecto do assumpto que não tratei de apresentar
com muito interesse no dito livro.
Alludo á semelhança das duas phases de Energia
Mentativa, convém saber, Desejo-Força e Vontade-Po­
der para os phenomenos physicos de Magnetisino e Ele­
ctricidade respectivamente.

(*) Vontade-Poder e não Poder-de-Vontade.


(Nota da Traducçao).
192 FASCINAÇÃO MENTAL

LEIS PHYSICAS NO MUNDO MENTAL

Desejo-Força, como Magnetismo, manifesta-se em


forma de poder de attracção, de arrastamento, cha­
mado, ao passo que Vontade-Poder, como Electricidade,
manifesta-se em forma de poder de impulsão, arranco,
constrangimento. Desejo-Força, como Magnetismo, ten­
de a chamar as cousas para dentro, para si mesmas; em-
quanto Vontade-Poder, como Electricidade, tende a le­
var as cousas para fora e para longe de si-mesmo. Esta
manifestação dual de Energia manifesta-se em toda a
Natureza e em todas as formas e condições.
Ha sempre uma attracção para o centro — e uma
impulsão para fora do centro. Esta lei manifesta-se
tanto sobre o Plano Mental, como sobre o Plano Phy-
sico.

ELECTRO MAGNETISMO MENTAL

Da gente magnética já ouvimos dizer muito que


tem o poder de attrahir as pessoas, mas este poder é
simplesmente uma phase da operação da Energia Men-
tativa. O mesmo não ouvimos dizer dos que são Eléctri­
cos, e, comtudo, o termo é tão proprio e applicavel como
o Magnético. A gente electrica é aquella em que a Von­
tade-Poder está fortemente desenvolvida e manifestada.
Esta gente domina a outros e obriga-os a fazer as cou­
sas. Ella é activa, enei^gica, compõe-se de homens e mu­
ESTABELECENDO UM CENTRO MENTATIVO 193

lheres fortes que se collocam atraz das cousas e as im­


pellent para deante.
Todos os grandes chefes possuem esta phase de
Energia a um grau notável. A simples menção da ma­
téria para vós levar-vos-á a pensar nos exemplos dos
que possuem a Electricidade Mentativa. Homens ha
que são capazes de obrigar a multidão que os cerca a
fazer a sua Vontade — elles transmittem ao povo a sua
Vontade. Taes homens, se vê, possuem um extranho
poder, mas poucos o comprehendem. Este poder é in­
teiramente differente do da personalidade fascinante,
attrahente, encantadora, do homem Magnético, porque
elle força e compelle pela só força de caracter e Von­
tade, em vez de puxar e attrahir. Vereis porque falei
destas duas phases como Masculina e Feminina res­
pectivamente, quando considerámos suas differentes
maneiras de manifestação.

O INDIVÍDUO electromagnético

Mas, emquanto ambas estas fôrmas de Poder, o


Magnético e o Eléctrico, têm seus pontos fortes e van­
tagens, eu sustento que o individuo mais altamente
desenvolvido deve ter ambas estas phases altamente
desenvolvidas. Em resumo, em vez de ser meramente
um individuo muito Magnético de um lado, ou um in­
dividuo muito Eléctrico de outro lado, o homem deve
ser um Individuo Electro-Magnetico, Em outras pala­
vras, elle deve ter ambos os lados de sua Energia Men­

is
194 FASCINAÇÃO MENTAL

tativa altamente desenvolvidos e em plena operação.


Desta maneira elle torna-se capaz de manifestar uma
influencia combinada que o fará um verdadeiro gigante
de Energia Mentativa.

DA THEORIA A’ PRATICA

Agora eu disse o bastante acerca da theoria da


cousa.
Peço-vos que leiaes o que eu disse ácima varias
vezes, e que o torneis a ler, se é que o não comprehen-
destes totalmente. Recommendo-vos a pratica e o exer­
cicio moderado da obra, afim de que possaes desenvol­
ver em vós as qualidades mencionadas.
Admittindo que considerastes, cuidadosamente, o
que eu disse, peço-vos que façaes os seguintes exercícios:

PRIMEIRO EXERCÍCIO PARA REALIZAR


O CENTRO

Exercicio I — Para realizardes a verdade de que


sois um centro do Poder Mentativo, deveis primeiro
realizar a existência do Grande Oceano da mesma Ener­
gia Mentativa. Não passeis por isto ligeiramente, pois
este ponto é muito importante. Deveis começar por
criar uma Imagem Mental do Universo como um Gran­
de Oceano de Energia vivificante, vibrando com vida,
força e poder. Tentae fazer esta Imagem Mental tão
clara quanto puderdes, vendo-a com os olhos dc vossa
ESTABELECENDO UM CENTRO MENTATIVO 195

mente, até que ella se torne real para vós. Figurae-vos


conio estando só no universo e cercado de todos os la­
dos pelo mar de vibrações e pulsações de Energia ou
Poder. Vêde que TODO PODER está contido neste
oceano, e que o oceano existe EM TODA PARTE. Cor-
tae de vosso Campo Mental todas as outras pessoas,
cousas ou condições.
Imaginae-vos só no grande Oceano do Poder.
Deveis fazer, frequentemente, esta Imagem Men­
tal, até vos tornardes capaz de visualisal-a distincta-
mente. Não quero dizer que tendes de vel-a realmente
como impressa em uma pagina; mas que vos tornareis
capaz de sentil-a realmente.
Começareis a comprehender o que tenho em vista
depois de praticardes um pouco. Este Grande Oceano
de Poder Universal deve tornar-se REAL para vós e
deveis praticar até que o alcanceis.

A IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO

A importância do exercicio acima póde ser com-


prehendida quando eu vos disser — que será possivel
para vós manifestar mais que um grau médio de poder
até que vos torneis capaz de realizar que vós mesmo
sois um Centro. E será possivel para vós realizar que
vos mesmo sois um centro, desde que realizaes a exis­
tência do mesmo Oceano de Poder. Pois como podereis
julgar-vos como um Centro de Poder em um Oceano de
196 FASCINAÇÃO MENTAL

Poder, se não realizardes a existência deste mesmo


Oceano?
O Oceano Universal de Energia Mentativa contém
em si mesmo todo o Poder. Força e Energia que ha;
Elle é a fonte de todas as formas de Energia.
Elle está cheio de um numero Infinito de peque­
nos Centros de Energia, dos quaes sois um. Recebereis
a força no mesmo grau em que a sacardes delle. Tentae
por todos os meios visualisar claramente este Grande
Oceano Mentativo, porque elle é a fonte de toda a
Força que tendes e esperaes adquirir. Entrae nesta
Grande Realização, amigos, pois ella é o primeiro passo
para o poder.

SEGUNDO EXERCÍCIO PARA REALIZAR


O CENTRO

Exercicio II — O segundo exercicio que tenderá


a augmentar vossa vibração como um Centro de Força,
é como segue: Imaginae-vos claramente como um CEN­
TRO DE FORÇA no Oceano Mentativo. Ao mesmo
tempo que vêdes o Oceano cercando-vos por toda parte,
deveis ver-vos como o Centro delle.
Não vos assusteis com esta idéa, pois ella se ba­
seia sobre a Verdade. Dizem-nos os Ensinos Occultos
mais altos que o Grande Oceano Mentativo tem o seu
centro em toda parte e sua circwmferencia em nenhuma
parte. Isto é, que, sendo o infinito no Espaço, não ha
Jugar finito que seja realmente seu Centro, e, comtu-
ESTABELECENDO UM CENTRO MENTATIVO 197

do, por outra parte, todo ponto de actividade pode ser


chamado seu Centro.
Extendendo-se infinitamente a todas as direcções,
sua circumferencia não existe. Por isso, com direito e
justiça, considerae-vos um Centro do Oceano-Poder.
Todo individuo é um Centro; tem o seu mundo que em
torno delle gira e faz a sua revolução.
Uns têm um pequeno mundo, outros um mundo
maior. Ha centros tão poderosos e exaltados, cuja im­
portância não pode ser alcançada pela mente humana.
Mas mesmo os Pontos de Actividade mais peque­
nos são outros centros em si mesmos. Assim, não duvi­
deis, mas começae por formar uma Pintura Mental de
vós mesmos como um CENTRO DE PODER.

UM PONTO FOCAL DE FORÇAS

Praticae este exercicio até que possaes claramepte


xentir-vos como um Centro de Poder. Deveis apprender
a julgar-vos como um Ponto Focal de Força no Grande
Oceano Mentativo. Assim como um corpo grande de
electricidade se manifesta em pequenos pontos de acti­
vidade, assim a Energia Mentativa se manifesta em
que sois um Ponto de Actividade nella. Aconse­
lhando-vos a aperfeiçoar-vos nesta realização, exponho-
vos este facto, conhecido de todos os occultistas adean-
tados: que o grau de Poder que haveis de possuir será
egual ao da realização vossa desta Natureza real do Eu.
198 FASCINAÇÃO MENTAL

Todos os homens fortes de nosso tempo têm, in­


tuitiva ou instinctivamente, esta realização, como egual-
mente a tiveram os homens fortes de todas as edades.
Isto é, ainda que elles não conheceram a philosophia ou
sciencia da matéria, comtudo sentira/m e sentem este
Poder do Ego em si mesmos, o qual lhes dá a confiança
para obrar as causas e a Vontade-Poder e Desejo-Força
para realizar seus emprehendimentos.
E’ este sentimento de Força inherente o que faz os
homens fortes, bem succedidos e positivos. E este sen­
timento ou realização póde ser desenvolvido em uma
pessoa, comtanto que esta o deseje sufficientemente
forte. Pelo exercício de vosso Desejo e Vontade podeis
realizar este Poder e, ao realizal-o, virá para vós cons­
tantemente uma onda sempre crescente de Desejo e
Vontade. Na medida de vossa Expressão estará a de
vossa Idéa da Fonte de todas as Idéas Positivas.

TERCEIRO EXERCÍCIO PARA A REALIZAÇÃO


DO CENTRO

Exercício III — O terceiro exercício consiste na


realização da Natureza da Força. Esta Força, Energia
ou Poder que vos está enchendo, e sendo attrahida para
o vosso Centro, consiste na Manifestação Eléctrica de
Vontade-Poder e Manifestação Magnética de Desejo-
Força. Ambas estas constituem as Phases de uma
Força. Por isso, podeis começar a realizar que estas
qualidades estão dentro em vós, para que possaes ex-
ESTABELECENDO UM CENTRO MENTATIVO 199

pressal-as, ganhando assim uma addição e augmento


de Força que vem para os que sabem expressal-a. De­
veis começar a realizar que tendes uma VONTADE
capaz de expressar-se nas cousas, homens e circums-
tancias de vosso mundo — e deveis começar a realizar
que tendes um DESEJO que vos attráe as cousas, ho­
mens e circumstancias de vosso mundo e que, de facto,
vos tira o puro material daquelle de que o mundo está
cheio. Tanto que realizardes esta força dual dentro em
vós, começareis a expressal-a automaticamente. O acto
de realização faz ao mechanismo mental começar a
obrar suave e effectivamente.
Por isso figurae em vós mesmo esta Força Dual.
Representae-vos produzindo uma influencia e acção
sobre o mundo que vos cerca. Vêde-vos como um Poder
no paiz. Vêde-vos como uma Força attrahente, tra­
zendo-vos o que necessitaes, quereis e pedis consciente
e inconscientemente. Figurae-vos um individ/uo electro-
Tnagiietico.
Sois um individuo, porque sois um Centro de Po­
der. Sois electro-magnetico, porque possuis a Vontade
Eléctrica e o Desejo Magnético.

UMA FORTE EXPOSIÇÃO

Levae com vos co constantemente este pensamento e


l epeti-o muitas vezes a vós mesmos e achareis nelle uma
fonte de Força — achareis que a Força flue para vós,
quando o disserdes ou pensardes. Quando vos sentirdes
200 ' FASCINAÇÃO MENTAL

fracos, ou sentirdes a necessidade de ajuntar Forças,


usae desta Formula:

EU SOU UMA VIDA ELECTRO-MAGNETICA.

E, quando disserdes e pensardes isto, figurae-vos


representando o significado da phrase; d’aqui a impor­
tância do conhecimento de sua significação. Não passeis
ligeiramente por esta exposição de Força tão impor­
tante, mas tentae pratical-a realmente e vereis que se
acha nella uma Bateria. Os que vos cercam se farão
conscientes de um novo sentido de vosso Poder interno.

NÃO VOS ENCOSTEIS A OUTROS NEM DEIXEIS


QUE OUTROS SE ENCOSTEM A VÓS

Guardae comvosco este conselho. Não provoqueis


o ridiculo daquelles que vos cercam, falando-lhes da
Fonte de vossa Força. Não vos apoquenteis com elles.
Se elles são individuos, comprehenderão isso, sem que
alguém Ih’os diga. Se elles não são individuos, tudo que
se lhes venha a dizer não os esclarecerá. Tratae da
vossa parte, cuidae de vossos proprios negocios e dei-
xae que elles façam o mesmo. Ninguém pode construir
sua Individualidade a não ser de dentro.
Cada um deve alcançar a sua própria salvação e
subir por seus pés a escada do aperfeiçoamento. Quanto
mais cedo chegar o povo a este conhecimento, melhor
para elle. A ninguém sirvaes de apoio ou poste-de-en-
ESTABELECENDO UM CENTRO MENTATIVO 201

costo. Não vos encosteis a ninguém, nem deixeis que


outros se encostem a vós.

VIVEI VOSSA PROPRIA VIDA E DEIXAE QUE


OS OUTROS VIVAM A SUA

Houve muita tolice no dizerem que devieis viver


a vida de outros por elles, ou deixar que elles vivessem
a vossa vida por vós. Cada homem ou mulher deve tor­
nar-se um individuo por seu proprio trabalho e vida.
Não ha uma tal cousa como Individualidade de substi­
tuição. Não receieis afíirmar o Eu — reclamar a he­
rança que vos cabe por justiça e o vosso direito a ser
um Individuo e não uni parasita. Não temaes desem­
baraçar-vos das pessoas parasitas que impedem o vosso
desenvolvimento individual.
Lancem os parasitas as suas raizes na terra como
o fizestes; agarrem-se elles ao grande corpo de Força e
Poder em vez de pegarem do corpo mental de alguém.
Cesse o seu nutrimento de segunda-mão e apprendam a
tifal-o da Primeira Fonte. Este é o unico meio; a falta
de conhecimento disto é o que tem enchido o mundo de
homens fracos em vez de Individuos. Por isso, pensae
bem nestas cousas; conservae-as bem na vossa menté,
quando fizerdes o vosso enunciado de Força:
“SOU UMA VIDA ELECTRO MAGNÉTICA’.
CAPITULO XVI

ATMOSPHERA PESSOAL

A Força Mentativa que emana de todos os indiví­


duos cria em torno delles uma Atmosphera Mental que
se extende muitas vezes a uma considerável distancia
de seu corpo, especialmente no caso dos indivíduos for­
tes. cuja Atmosphera Mental é sentida, quando entram
em um quarto ou lugar publico.
As pessoas cuja personalidade é mais fraca têm
uma Atmosphera Mental que se extende a poucas pol-
legadas (*) de seus corpos, e que é difficilmente perce­
bida por aquelles com quem ellas entram em contacto.

A AURA POSITIVA

A homem de Individualidade Positiva — nosso ho­


mem que sente ser uma Vida Electro-Magneticd — leva
’*
) Inch.
204 FASCINAÇÃO MENTAL

comsigo uma aura, cuja Atmosphera Mental é de Força


Positiva. Esta atmosphera é sentida pelas pessoas com
quem elle se junta. As gentes dizem de um tal homem:
Elle tem alguma cousa ao seu redor, a qual os impres­
siona sem ser por ellas comprehendida. Será bem que
empregueis o vosso tempo no estudo desta Atmosphera
Mental de alguns homens fortes com quem vos relacio­
nardes, pois agora que tendes o segredo do assumpto,
podeis tomar delle algumas lieções de valor.

O “AR EM TORNO” DOS INDIVÍDUOS FORTES

Eu disse em minha Magia Mental


*. “Não posso des-
crevervos muito bem este ar; a menos que não encon­
treis uni homem desta ordem, não podereis comprehen-
der isto.
Mas é uma cousa muito differente do pomposo in-
funado, impostor, espalhafatoso ar e procedimento ma­
nifestado pelos imitadores baratos destes grandes ho­
mens.
O homem magnético não vos diz quão grande,
smart (*) ou importante elle é. Isto elle o deixa para
os seus imitadores. Elle faz-vos sentir sua força por
seus modos e atmosphera, sem dizer uma palavra. Elle
tem este algo em torno de si que o povo conhece e admi-

(*) Vivo, provvpto, espirituoso, é o sentido em que o termo


é aqui empregado. Prefiro o original por estar em uso.
(Nota da Traducção).
ATMOSPHERA PESSOAL 205

ra. E este algo vem de sua consciente ou inconsciente re­


lação com a Vontade Universal”.

INDIVIDUALIDADE, NÃO PERSONALIDADE

No paragrapho acima, mostrei ao estudante a


amêndoa (*) da materia. O menor companheiro que
pensar ser elle um dos maiores, crê que sua força vem
de sua personalidade, e mais cedo ou mais tarde, cáe,
por causa de seu erro. Mas aquelles que são realmente
grandes de vida, sabem melhor; elles podem não enten-
del-o todo, mas sentem, de algum modo, que ha Alguma
('ousa atraz delles da qual tiram Força e Poder, e
crendo elles isto, enchem-se de coragem e audacia e ir­
radiam a sua força de todos os lados. Elles podem falar
de sua estreita feliz ou providencia especial, ou crer-se
especialmente favorecidos de Deus (como é o caso, pelo
menos, com um dos grandes financeiros modernos), mas
qualquer que seja a interpretação especial deste Algo,
todos elles reconhecem sua existência e confiam nella.
E esta convicção e realização communica aos individuos
fortes este ar de calma, poder positivo e confiança pro­
pria que impressionam aquelles com quem elles entram
en> contacto e que formam sua Atmosphera Mental.

(*) O essencial.
206 FASCINAÇÃO MENTAL

VOLTA AOS PRIMEIROS PRINCÍPIOS

Dando-vos instrucções na arte de construir por vós


mesmos uma Atmosphera Mental positiva, não posso
fazer mais que vos remetter aos primeiros principies
e pedir-vos realizeis que sois um Foco Dynamico — um
Centro de Força — na grande Vontade Universal, o
qual tem dois attributes: Vontade-Poder e Desejo-For­
ça. Que sois, em summa, UMA VIDA ELECTRO-MA-
GNETICA.

A REALIZAÇÃO TRAZ O PODER

Se alcançardes fixar firmemente esta realização em


vossa mente, creareis automaticamente para vós mes­
mos a Atmosphera Mental mais positiva que será sen­
tida por todos com quem entrardes em relação. Assim,
em primeiro e ultimo lugar, e em todos os tempos, tra-
tae de alcançar esta Realização. Dizei-vos: Eu sou uma
Vida Electro-Magnetica. Pensae isto, sonhae isto,
obrae isto. Sem duvida, realizareis o que tudo isto si­
gnifica. Sois um Electro-Magnete por onde flue a Von­
tade-Poder universal e em relação á corrente que per-
mittis manar por vós, será o Poder que sois capazes de
manifestar.
ATMOSPHERA PESSOAL 207

COMO USAR DA REALIZAÇÃO

Quando desejardes manifestar um grau especial


de Poder, fazei que esta exposição se inflamme em vossa
mente, como se nella estivesse esçripto em letras vivas.
Quando sentirdes que se approxima de vós uma pes­
soa, cuja influencia vos contraria, levae a effeito esta
exposição e vereis este effeito actuar sobre a dita pes­
soa. Ella sentirá a fortaleza de vossa Atmosphera
Mental e cessará de vos contrariar. Quando mesmo não
houver necessidade de vos recorrer ao Poder da Expo­
sição, será bem que a deixeis arder em vosso interior,
pois assim fazendo, fortaleceis a vossa realização e a
vossa Atmosphera Mental reflectirá em vosso estado
mental mais intimo.

ATMOSPHERAS MENTAES ESPECIAES

Uma egual quantidade para a Atmosphera Men­


tal Geral.
A7 medida que proseguirmos, veremos que o In­
dividuo Electro-Magnetico cria Atmospheras Mentaes
especiaes por meio de seus Estados Mentaes, depen­
dendo isto ao mesmo tempo de sua Vontade ou De­
sejo. Não só sua Vontade e Desejo affectam directa-
mente outras pessoas por meio de Correntes Mentaes,
nias ainda a Inducção Mentativa é estabelecida pela
Atmosphera Mental, sem nenhum esforço especial de
sua parte.
208 FASCINAÇÃO MENTAL

MANTENDE VOSSA POSITIVIDADE

Nesta parte desejo chamar vossa attenção para a


importância de manter sempre vossa positividade como
um meio de educação de vossa mente. Não vos torneis
negativo a outros, ainda mesmo que não haja nada a
perder com isso, pois pelo vosso descuido, podeis criar
um habito negativo que vos trará serias perturbações
mais tarde.
Se alguma pessoa topa comvosco e parece domi­
nar ou sujeitar-vos, interponde por todos os meios uma
resistência mental directa. Não necessitaes manifestar
a mesma em palavras, pois isto provocaria o ridicule
em muitos casos; nem precisaes dar uma physica ex­
pressão especialmente ao vosso estado mental. Olhae
simplesmente para os olhos da pessoa com bondade e
sem nenhum esforço mental e dizei ao mesmo tempo
mentalmente: Eu sou umu Vidu ElectroMagnctico.
Achareis que vossa Positividade se ergue até egualar-
se com a sua, e vosso sentimento de negatividade des-
apparecerá. Em casos excepcionaes, podeis ajuntar
mentalmente: Sou tão positivo como vós.

COMO CRIAR AURAS POSITIVAS

Fareis bem criando Atmospheras mentaes para


estabelecer o habito e assim aproveitar-vos das mesmas
em dadas occasiões.
ATMOSPHERA PESSOAL 209

As opportunidades de todas as sortes se vos apre­


sentarão todos os dias. O essencial é cercar-vos de uma
Aura Mental de uma natureza tal, que a gente proce­
derá para comvosco, conforme fôr do vosso agrado.
Poucos exemplos tornar-vos-hão mais clara a idéa que
eu quero significar, assim com este dou-vos a mesma.

UM EXEMPLO INTERESSANTE

Eu conheço uma joven em Chicago que se queixava


constantemente de que o povo a atropelava sempre, na
Rua State (uma das mais frequentadas da grande me­
tropole Occidental). Disse-me ella que os transeuntes
a impelliam para os lados do passeio, acotovelando,
apertando e encontrando-a de um modo o mais desagra­
dável. Pediu-me que lhe dissesse o que ella pode­
ría usar para prevenir ás pessoas que assim não
fizessem. Respondi-lhe que não julgava necessário con­
siderar, no caso, separados os individuos, mas que ella
devia tratar a multidão como um corpo e proteger-se
por meio de uma Atmosphera Mental. Aconselhei-a a
que construisse esta em torno de si com estes dizeres:
Povo, respeita9 meus direitos; não é justo que me ve-
a es na rua; nego á m ultidão o poder de me incommodar.
Segui ella este aviso e, em curto tempo, construiu em
torno de si uma Atmosphera Mental que actuou quasi
magicamente sobre o povo, o qual parava ao lado e
lhe deixava franca passagem na via. Pôz-se, então, ella
51 transitar calma e serenamente, sem incommodos, e a

14
210 FASCINAÇÃO MENTAL

multidão a deixava só. Devo accrescentar aqui que a


perturbação original nasceu de um desgosto sub-con-
sciente para a multidão e um extremo receio do povo,
resultando disso que seu desgosto actuou quasi como
Medo e attrahiu para si a interferencia do povo. A nova
Atmosphera Mental expelliu a velha e deu á joven,
além disso, uma Positividade AddicionaL

RECEIO COMO FORÇA DE ATTRACÇÃO

Nesta connexão, chamo vossa attenção para o facto


psychologico notável que o Receio actua como uma. força
attrahcnte, em via negativa. Se desejaes muito uma cou­
sa, vós a attrahis e se a receives, a attrahis da mesma
maneira. Esta contradicção apparente embaraçou mui­
tos estudantes do assumpto, mas parece-me clara.
Eu penso que a sua explicação é que, em ambos os
casos, se opera uma pintura mental viva, e a attracção
se realiza pela Visualisação que tende sempre a ma-
terialisar a Imagem Mental.
Vêdes o que eu quero significar? Pensae um pouco
sobre o assumpto e vel-o-eis claramente'.

A TRANSFORMAÇÃO DE UM CAPACHO HUMANO

Outro caso de experiencia real. Outra joven, tam­


bém residente em Chicago, queixava-se de que os cie-
ATMOSPHERA PESSOAL 211

rigos, na sua maior parte, a não tratavam cortezmente,


mas conservavam-n’a esperando sem prestar-lhe a me­
nor attenção; em outros termos, tratavam-ifa como
um “capacho humano”. Disse-me ella que não teria
pensado tanto no caso, se outras mulheres fossem pe­
los mesmos egualmente tratadas, mas em quanto ella
era ignorada, outras recebiam a maior attenção; os clé­
rigos, correndo para eilas, serviam-ifas. Eu disse-lhe
que ella tinha gradualmente construido em torno de
sua pessoa uma Atmosphera Mental de Expectação —
que ella tinha cahido no habito de esperar tal trata­
mento, e , por conseguinte, tinha o que esperava.
Eu penso que no principio ella tinha manifestado
um estado de mente timido, humilde, brando, rasteiro,
quando dava entrada no meio daquella gente, que de
algum modo a opprimia. Então, depois que isto lhe
attrahiu sobre si o descuido dos reverendos, que se
mostravam mui promptos a limpar seus pés no capa­
cho humano, ella se pôz regularmente a esperar o re­
voltante tratamento. Não era o caso uma questão de
vestuário, ou algo semelhante, pois ella se trajava muito
bem — e no tocante a isso, eu conheço mulheres que,
supposto andam vestidas pobremente, conseguem to­
davia um bom tratamento, porque eilas conhecem as
leis mentaes que lhe evitam os maus tratos.
Foi, pois, este caso simplesmente o de uma At­
mosphera Mental, como muitos de vós claramente vêm.
212 FASCINAÇÃO MENTAL

COMO A MUDANÇA OCCORREU


Bem, eu disse-lhe que se fortalecesse e criasse uma
nova Atmosphera Mental, por meio destes dizeres ge-
raes: “Os clérigos gostam de mim; gostam de attender-
me; prestam-me toda attenção; fazem isto porque me
estimam. e também porque eu INSISTO NISTO como
meu Direito!'’ O encanto obrou em curto tempo, e
agora a boa joven diz que os padres não só a tratam
muito bem, mas se dão mesmo ao trabalho de chamar
a sua attenção para as escolhas desejáveis, especiaes
ajustes, e tudo o mais desta ordem. A cura foi perfeita.

UMA ANALYSE

Chamo vossa attenção para o referido acima —


peço-vos notar que a primeira parte do caso foi ope­
rado pelo Desejo-Força e a outra pela Vontade-Poder.
O caso da jovem mencionada primeiro (a que se oppôz
á multidão da rua) deu-se ao longo das linhas da Von-
tade-Poder.
Peço aos estudantes que examinam cada um dos
ditos casos, pois só fazendo assim, poderão applicar os
principios que se lhes offerecerem e nos proprios.

A JOVEN A QUEM “NINGUÉM AMAVA”

Certa occasião aconselhei uma jovem que lasti­


mava a sua impopularidade, dizendo-me que ninguém
a amava, etc., etc., a que seguisse egual methodo.
ATMOSPHERA PESSOAL 213

Ella criou uma Nova Atmosphera Mental em torno


de sua pessoa por meio da affirmação geral: “A gente
gosta de mim; acha-me attractiva; ama-me e se apraz
de estar em minha companhia”. Passado certo tempo,
referiu-me ella que, de flor desprezada, (*) se fizera fa­
vorita e só lhe faltava accommodar-se ás condições no­
vas, pois sentia ainda uma qualquer cousa embaraçosa
de gostos e amores. Foi este pura e simplesmente o caso
de Desejo-Força.

NECESSITA SE MAIS DO QUE PALAVRAS

Imaginae, agora, por um momento, que, nos casos


acima e em centos de outros de mim conhecidos pes­
soalmente, o resultado desejado se obtem meramente
pela repetição papagueada ou a modo de um phonogra-
pho das palavras da Formula. Estas recitações do Po­
der de Meras Palavras )(** e todo o resto de taes par-
landas, cançaram-me de facto. Desde que travei conhe­
cimento com certas pessoas que se consideram no Novo
Rensamento, vi e ouvi tão grandes absurdos, que me não
apraz usar as palavras Representação ou Affirmação.
Imaginou esta gente que por mera repetição de pala­
vras, obrariam milagres. Ora essa! Que desatino! Con­

(*) No original se lê. “estado de goivo amarello”. wall-


Rawerdom,.
(**) As maiusculas sào do original: Power of Merc
ords. (Notas da Traducção).
214 FASCINAÇÃO MENTAL

sidera-me como a um chinez ou a outro povo que escreve


longas preces em tiras de papel e as deixam fluctuar á
brisa, esperando que os deuses acceitem suas supplicas,
emquanto os supplicantes se põem a folgar em outros
lugares. Umas vezes prendem ás taes supplicas peque­
nos guisos para attrahir a attenção dos deuses. Ou­
tras fixam as preces em uma roda movida pela agua
e a cada volta desta pedem um favor para ella. Que
orações baratas! Oh, não riaes, muitos de vós obraram
como loucos. Fizestes vossas Representações e Affir-
mações no mesmo espirito, e agora sentis desaponta­
mento, porque nada aconteceu. Sem duvida, nada acon­
teceu; como poderia ser de outro modo?

O SENTIMENTO ATRAZ DAS PALAVRAS

E disse centenares de vezes — e agora repito outra


vez — que as palavras por si nada valem; a virtude real
jaz no sentimento atraz das palavras. Se não ha sen.
timento, não ha resultado. Para alcançarmos os resul­
tados, devemos erigir o vigamento das palavras e cons­
truir em torno delle a estructura do sentimento e ex­
portação e visualisação. Este é o meio para chegar ao
fim. As palavras são meramente o esqueleto — a carne
e o sangue são os sentimentos e visualisações materia-
lisadas.
ATMOSPHERA PESSOAL 215

IDE E FAZEI EGUALMENTE

As jovens atraz mencionadas, que eu apresentei


como casos typicos para illustrar o principio — não fi­
caram contentes com as palavras, porque não deixei que
o ficassem. Prevenindo-lh’o, instei com ellas que usas­
sem os proprios exercicios mentaes e methodos — que
foram os autores da obra.
E agora dou-vos a mesma instrucção e direcções
que Ihei dei — applicae-as aos vossos proprios casos e
sereis semelhantemente bem succedidos.

O ESSENCIAL (*) DA MATERIA

O essencial do processo^ de criar a Atmosphera Men­


tal baseia-se no que eu chamei Visualisação^ e de que
tratei no meu livro sobre Magia Mental. Esta Visuali­
zação é simplesmente a criação de uma Imagem Mental
forte da cousa desejada, aperfeiçoando-a cada dia até
que ella se torne tão clara como uma cousa material
existente. A Visuallisação tende, pois, a materializar-se,
convém saber, começa a construir-se em torno de suas
condições materiaes puras correspondentes ao vigamen­
to mental.
O corpo de palavras é o modelo em torno do qual a
Imagem Mental Visualidade se forma.

f.*) No original: A amêndoa, — the kernel.


216 FASCINAÇÃO MENTAL

E a Imagem Mental é o esqueleto em torno do qual


as verdadeiras condições materiaes se constroem. Lem­
brae-vos do exemplo do Mágico Hindu mencionado em
um capitulo anterior? Bern, este dá-vos uma idéa. A
joven fez sua Imagem Mental da rua em que a multi­
dão inconscientemente sentiu-a e se ajustou em torno
delia. Assim no caso da joven no departamento po­
voado e outros mencionados. A Imagem Mental mani­
festa-se como uma Atmosphera Mental e materializa-se
gradual mente.

COMO VISUALISAR

A cousa a fazer na Visualisação é trazer a Imagi­


nação Positiva a ver e sentir a cousa como real mente
existente. Então, por uma pratica constante e medita­
ção, a Atmosphera Mental torna-se formada e o resto
é tudo questão de tempo. Vêde-vos a cós mesmos como
desejaes ver-vos. Vede as condições que desejaes que
existam.
A Materialisação far-se-á após a Visualisação do
mesmo modo que este se formou logo depois da Formula.

GRAUS DE RECEPTIVIDADE

Nesta connexão, todavia, devo chamar vossa atten­


ção para o facto de que os graus de receptividade das
pessoas para as vossas Atmospheras Mentaes e Ima­
gens Mentaes, dependem inteiramente do grau de Posi-
ATMOSPHERA PESSOAL 217

tividade dellas. Ellas respondem-vos somente no gran


que respondem a outras influencias mentativas. Os for­
tes evitam as influencias a que os fracos se sujeitam,
tanto nesta como em outras phases do phenomeno. Mas
não deixeis que a causa receie de vossa parte.
Fazei-vos positivo — tendes instrucções para isso.
— e agora fazei o resto.

LEDE ENTRE AS LINHAS

Eu poderia escrever um livro todo a respeito da


Visualisação na phase da formação das Atmospheras
Mentaes, mas que utilidade teria ? Dei-vos aqui os prin­
cípios funda mentaes e alguns exemplos illustrative»;
deveis fazer o resto por vós mesmos.
Se lestes cuidadosamente este livro por entre as li­
nhas tão bem como pelas mesmas linhas, comprehendes-
tes os pequenos detalhes que escapam áquelles que não
fizeram o mesmo. Cada um achará nelle a parte que
lhe é própria (*). Penso que vós, os cuidadosos estu­
dantes, comprehendereis muito bem o que eu quero si­
gnificar. Se assim não fôr, não posso auxiliar-vos, até
Qne alcanceis uma outra comprehensão desenvolvida.
Mas acho convinhavel que façaes deste livro e do
da Magia Alentai varias leituras.

(*) Each will finei in this book that for which he or she
w ready. Cada um achará neste livro aquillo para o qual elle
°u ella está preparada. — (Nota da Traducção).
218 FASCINAÇÃO MENTAL

Todas as vezes que o relerdes, achareis alguma no­


vidade a (bccrescentar ao vosso conhecimento, e em cada
leitura descobrireis muitos significados occultos que
só agora se vos fizeram claros.

O ESSENCIAL PARA O EXITO

O homem que desejar exito no trato com seus seme­


lhantes, deve cercar-se de uma Atmosphera Mental Po­
sitiva. Elle deve criar uma atmosphera de Confiança
Propria e Positividade que supplantará a Negatividade
daquelles com quem entrar em contacto.
Esta Atmosphera Mental Positiva é aquella subtil
influencia que emana dos negociantes fortes, e que af
fecta, influencia e domina o povo em um grau maior do
que a onda de termos que muitos affectam crer ser a
chave do successo. Quando entrardes em relação com
uma pessoa que tem uma Atmosphera desta ordem, se­
reis consciente ou inconsicentemente affectado por ella.
E se notaes este effeito sobre vós no caso de outras pes­
soas, porque não procuraes alcançar vós mesmos este
poder? Porque não vos tornaes Positivos em vez de
Negativos?

COMO PROCEDER

As direcções e exercicios dados neste capitulo, se­


cundados pela instrucção dada em outros capitulos
deste livro, habilitar-vos-ão a formar em torno de vós
ATMOSPHERA PESSOAL 219

unia Atmosphera Mental mais positiva, que vos dará


poder. i
Depende, porém, tudo isso de vós mesmos. Deveis
exercitar vossa Vontade e Desejo, tal como um musculo
que desejaes desenvolver. A mesma regra que opera no
mundo physico, opera no mental. Em addição aos Exer­
cicios dados um pouco atraz, suggiro-vos o seguinte que
pode aproveitar-vos em casos especiaes, formando uma
Atmosphera Mental Positiva.
Dou-vos simplesmente o vigamento verbal, em torno
do qual deveis edificar a Imagem Mental, que, por sua
vez, produzirá a Atmosphera Mental. Lembrae-vos, po­
rém. que mesmo praticando estes exercicios, não de­
veis perder de vista a principal Formula de França:
Eu sou uma Vida Electro-Magnetica, por meio da qual
communicareis Vida, Vitalidade e Energia a outras
Imagens e Representações Mentaes.
Aqui estão as referidas Formulas-Vigamentos ver-
baes em torno das quaes construireis vossa Pintura Men­
tal que deveis materialisar no plano objective. Achal-
as-eis proveitosas em muitos casos.

VIGAMENTOS (*) MENTAES

I. Cerco-me de uma Atmosphera de Exito.

A) Affirmações, dir-se-ia excellen temente. — (N. da T).


220 FASCINAÇÃO MENTAL

II. Sou positivo. Tenho uma forte Vontade. Impres­


siono positivamente aquelles que entram no
campo de minha Força.
III. Não tenho medo. Absolutamente não tenho re­
ceio. Nada pôde prejudicarmie.
IV. Mato todo iwcomvmodo e desanimo. Irradio Es­
perança, Alegria e Bom humor. Sou vivo, ale­
gre e feliz e faço tudo em torno de mim sentir
o mesmo.
V. Sou equilibrado, calmo e senhor de mim mes­
mo. Domino perfeitamente meu temperarmênio,
emoções e paixões, e todos reconhecem que isto
é um facto.
VI. Estou tranquillo aqui. Não tenho nenhum aca^
nhamento e timidez. Estou calmo, sereno e sin­
to-me em casa.
VII. A gente aprecia-me. Estou cercado de uma At­
mosphera Mental que faz que a gente goste de
mim.
VIII. Sou senhor do que me cerca; nada me pertur­
ba; nada me affect a contraria-mente; sou o
Senhor.
IX. Estou protegido por uma A tmosphera Mental
que me rodeia. Nenhum pensamento contrario,
corrente ou suggestões inimigas podem pene­
trar esta armadura protectora.
Estou fóra de ataques mentaes; sou livre,
forte e positivo.
ATMOSPHERA PESSOAL 221

Usando alguns dos dizeres acima, não deixeis de


parte meus conselhos e instrucções concernentes ás Ima­
gens Mentaes, que restem de carne estes esqueletos ver-
Iws, transformando os ossos seccos das palavras em,
uma Força Viva.
Lembrae-vos da importância da Imagem Mental
e Vistualisação para criar Atmospheras Mentaes.
CAPITULO XVII

INFLUENCIA pessoal directa

Falei, no ultimo capitulo, do effeito das Atmosphe-


ras Mentaes de que as pessoas podem cercar-se e cer­
cam-se. Notareis que em minha discussão sobre parte
da materia, falei somente da injluweia geral exercida
sobre outros, e não da Influencia Pessoal Directa exer­
cida por um homem sobre outro em suas relações pes-
soaes.
O presente capitulo e os que seguem a este, serão
dedicados á parte da materia que trata da Influencia
Pessoal Directa.

O CONFLICTO MENTAL SILENCIOSO

Já vos eu disse em outra parte: todas as vezes que


^uas pessoas se encontram, dão lugar a um conflicto
dental silencioso ou lucta pela supremacia, da qual
224 FASCINAÇÃO MENTAL

uma dellas sáe victoriosa e o facto é reconhecido por


ambas as partes contendoras.
Esta lucta mental é habitualmente o combate en­
tre os poderes mentaes das duas, e não tem nada com
os estados mentaes induzidos ao mesmo tempo. Mas o
homem que é versado na arte da Fascinação Mental
vae além disto, porque reconhece que elle póde concen­
trar sua Energia Mental em modos e fôrmas differen-
tes sobre a outra pessoa e com uma força e poder taes,
que a segunda pessoa terá um estado mental semelhan­
te, induzido pelos meios familiares ao estudante deste
livro. *

AS LINHAS DE OPERAÇÃO

A influencia pessoal directa opera-se por meio da


Força do Desejo e do Poder da Vontade, sem duvida.
Já expliquei, em outro lugar, como o Poder da Von­
tade póde ser usado para despertar o Desejo em outrem;
e como elle póde também vencer a Vontade de segunda
pessoa. Expliquei como a Força-Desejo induz um Desejo
semelhante na segunda pessoa; ê, por outra parte, como
é usado para subjugar a Vontade de outra pessoa. Não
é necessário que eu repita estas cousas. Supponho que
já vos inteirastes disto pelo estudo deste livro e do da
Magia Mental. Passarei a considerar os Meios de Ex­
pressão da Influencia Pessoal e os methodos commum-
mente empregados para o uso delia.
INF LVENCIA PESSOAL DIRECTA 225

OS MEIOS DE EXPRESSÃO

Estes meios de Expressão podem ser classificados


<]o modo seguinte:
1. Meios Suggestivos que consistem (a) na ma­
neira Suggestiva, (b) no Tom Suggestivo e (c) na Pa­
lavra Suggestiva.
2. O meio dos olhos.
3. O meio do tacto.
Todas as tres formas mencionadas acima são, sem
duvida, meramente meios pelos quaes a Mente se expres­
sa : em outros termos: são canaes por onde sáe a Ener­
gia Mentativa.
Consideremol-os na ordem acima.

MEIOS SUGGESTIVOS

Peço-vos agora tornar-vos ao meu capitulo sobre


Suggestão Alentai em meu livro Magia Mental. Nelle
vereis estabelecidos os principios da Suggestão Mental,
com que vos tornastes •familiarisados, pois neste livro
uão repetirei as instrucções.
Vereis que a Suggestão é o symbolo externo do Es­
tado Mental Interno e que é o estado mais interno que
dá vitalidade á Suggestão. Fixae firmemente esta idéa
eni vossa mente, e pensae sempre na Força de suggestão
•a traz descripta.

15
226 FASCINAÇÃO MENTAL

Expliquei-vos também que, quando alguém recebe;


uma Suggestão por uma agente physico, induz em si
mesmo o estado mental correspondente ao que originou
esta Suggestão Physica. Por exemplo: se vos sentirdes
cheio de confiança, energia e coragem, vossa apparent
cia exterior reflectirá o estado interno, e causará uma
suggestão a outros. Estes outros sentirão instinctiva-;
mente que o vosso estado interno é semelhante ao que!
estabeleci. E, isto sendo assim, uma Suggestão Physica
tornada mais forte que usual, produzirá em outros uma
impressão mais funda que a que é causada pela sugges­
tão ordinaria.

A MANEIRA SUGGESTIVA

Em vista do exposto acima, vereis porque é que


aquelles que se familiarisam com o assumpto conside­
ram importante cultivar os meios suggestivos. Princi­
piando com (a) a Maneira Suggestiva, vereis porque
é que nos impressionam as maneiras delicadas de um ho­
mem que manifesta Energia, Confiança-propria e Po­
der em todos os seus movimentos. E também porque nos
inspira confiança um homem, cuja maneira indica que
elle é uma pessoa em quem outros depositam suas con-
fianças. Eu poderia mencionar aqui centenas de exem­
plos que mostram que, se a maneira de um homem traz
a impressão que nos faz, de certo modo, confiados e
crentes que elle age de uma certa maneira, estamos
aptos para acceitar a Suggestão de Maneira e cahimos
INFLTJEN CIA PESSOAL DIRECTA 227

na linha com o resto da gente. E, se o homem succede


ger um bom actor, podemos ser illudidos e enganados
pela sua maneira suggestiva.

A REGRA OPERA AMBOS OS MODOS

Não só esta lei se mantem boa no caso da maneira


e apparencia de Successo, Força, Confiança, etc., mas
ainda opera ao longo das linhas de apparencia e ma­
neira de mau exito, fraqueza e desconfiança. Conheceis
casos em que sentistes que certas pessoas não foram
dignas de confiança ou não eram acceitas onde se re­
queria a força de caracter; ou não pareciam ser bem
succedidas? Sem duvida que os conhecestes e agistes
inteiramente sob uma Suggestão.

UMA ILLUSTRAÇÃO

Illustrando este ponto, usei frequentemente o


exemplo de dois cães; um levando uma maneira que
indica respeito proprio e uma habilidade para preve:
nir e evitar liberdades inconvenientes; outro levando
seu rabo mettido entre as pernas em modo e apparen­
cia de indicar que elle espera ser lançado a ponta pés
e burros. O primeiro cão é quasi invariavelmente tra­
tado com respeito, mesmo pelos rapazotes malcreados;
a° passo que o segundo quasi sempre convida os cou-
as latas de estanho, os pedaços de tijolos e as bas-
t°uadas dos jovens da vizinhança.
228 FASCINAÇÃO MENTAL

E esta illustração é tão verdadeira no caso do povo,


como no caso dos cães.
Melhor é a idéa que encerra!

COMO ADQUIRIR ESTA MANEIRA

Mas, podeis dizer, como adquirir a gente esta Ma­


neira propria Suggestiva? Minha resposta é que só ha
um meio certo, que é começar a pensar fortemente em
um corpo, a visualisal-o, a represental-o. Vereis a phi-
losophia disto em minha licção sobre Architecture
Mental, em meu livro Magia Mental. Em outros termos,
se desejaes obter uma Suggestiva Maneira de confiança,
principiae por PENSAR na Confiança, desde manhã
até a noite. Deveis também iniciar a Visualisação da
Confiança, até que o consigaes; isto é, fazei uma Ima­
gem Mental de vós mesmos manifestando a confiança.
Deveis também começar de FAZER a VOSSA PARTE.

FAZENDO VOSSA PARTE

Agora, ácerca desta acção, devo dizer-vos que não


só significa o desempenho de vossa parte em vossa rela­
ção com as pessoas, senão também uma serie de recita­
ções, quando estiverdes só, como farieis se estivesseis
vos preparando para representar um papel em publico,
no theatro. Deveis formar uma Imagem Mental de vosso
olhar e acção confiada ao approximar das gentes. Acha­
reis que a pratica vos será muito proveitosa neste ca­
INFLUENCIA PESSOAL DIRECTA 220

minho e adquirireis uma maneira que será vossa segun­


da natureza, e que servirá para dar Suggestão ás pes­
soas com quem vos relacionardes. E, mais do que isto,
servirá, além de tudo, para obrar a vossa propria con­
fiança. Imaginae a approximação de gente extranha, e
então fazei vossa parte do melhor modo possivel, au-
gmentando. cada dia, em commodidade e brandura de
acção.
Pensae no como vos impressiona o actor no theatro
— e lembrae então que a sua maneira elle a adquiriu
por uma pratica e trabalho constantes; que podeis fa­
zer o mesmo e chegar, como elle, a impressionar as gen­
tes. O que é verdadeiro no caso da Confiança, o é tam­
bém a respeito da personagem que desejaes desempe­
nhar. Desta maneira podem-se desempenhar algumas ou
todas as personagens e uma apparencia e maneira ad­
quirida que a Suggestão a outrem.
Desejo e posso fazer-vos considerar que ha vários
modos neste methodo. Se puderdes considerar quantos
homens o empregaram para adquirir qualidades que os
habilitaram a conquistar o publico, vereis quão impor­
tante elle vos será por seu uso legitimo.

A PRATICA FAZ-VOS PERFEITO

Nesta representação, deveis lembrar que a pra­


tica vos fará tão perfeito, que vossa parte parecerá
Natural, quando a representardes em publico. Mas, sem
Ppatica, uma tentativa desta ordem, em publico, seria
230 FASCINAÇÃO MENTAL

ridícula. Lembrae-vos da illustração do actor real, e


tereis o segredo da representação. Lembrae-vos também
de que, na medida que puzerdes vossa mente na parte,
nessa será obtido o vosso exito. Quando praticardes,
deveis applicar a vossa mente na acção, como se o
fizesseis com muito interesse. Lembrae-vos de que a
mente jáz atraz de tudo.

O TOM SUGGESTIVO

O segundo meio suggestivo é o Tom Suggestivo.


Este só pode ser adquirido pela acção. Deveis pra­
ticar até que vos sintaes capazes de expressar a vossa
idéa em sentimento de modo tal que os vossos ouvin­
tes possam ser impressionados. Deveis começar vossa
pratica pelo uso diário de algumas simples palavras
— Bom dia, por exemplo. Tentae-o agora e vereis quão
grosseira, aspera e cruelmente fazeis as vossas sauda­
ções diarias. Tentae imaginar que tendes bom animo,
energia e alegria, depois lançae este sentimento ao
vosso l)om dia e vereis quão differente elle parece. Pra-
ticae isto por algum tempo, e logo adquirireis um tom
natural, franco, alegre, vigorisador, quando disserdes
tom dia. Não necessitareis de um mestre para vos di­
zer, em palavras, como fazer isto.
Procurae SENTIR a parte e expressal-a-eis com
naturalidade. Fazei os vossos sentimentos mais flexí­
veis e vossos Tons os reflectirão. Depois que tiverdes
INFLUENCIA PESSOAL DIRECTA 231

conseguido os termos mais simples de expressão, pas-


sae ás sentenças maiores.
Sentados sobre cadeiras, em vossos quartos, ex-
perimentae-as, imaginando ter deante de vós o povo;
falae a este com sentimento e expressão até que adqui-
raes a arte. Não consideraes quanto ganhareis com taes
praticas, antes de a experimentardes. Desejo que ouçaes
o testemunho daquelles a quem communique! esta cousa.
A IMPORTÂNCIA DO TOM SUGGESTIVO
Não ha nada mais importante na Influencia Pes­
soal do que um bom Tom Suggestivo. Pensae no povo
que conheceis, e então imaginae que influencia têm suas
vozes sobre vós. Não só a qualidade da voz, mas o Tom.
Vós realmente reconheceis a differença entre o tom da
pessoa hesitante, timida, desconfiada, e o do individuo
confiado, tranquillo.
Ha uma vibração subtil no tom deste ultimo, a
qual gera em outro a confiança e o respeito e exige obe­
diência em um modo quieto e calmo, fóra de rumores e
bacharelices. Lêde o que eu disse ácerca deste assumpto,
em minha licção sobre a Influencia Pessoal, em meu li­
vro Magia Mental.

EXEMPLO DO USO DELLE (*)


Se lerdes do presente livro a parte que trata da
Experimentação Psychologica, vereis que muito depende
‘ *) Do Tom Suggestivo. — (Nota da Traducção).
232 FASCINAÇÃO MENTAL

do Tom. Vereis que, quando disserdes ao sujeito: Tu


NÃO PODES, o tom em que pronunciardes “NÃO PO­
DES” concorrerá grandemente para a producção da
resposta.
E o mesmo acontece com o Tom Suggestive qual­
quer que seja o que exprima. Elle sempre deixa a im­
pressão daquillo que o emissor quiz que elle significas­
se. Esta é a razão pela qual muitos homens públicos se
esforçam annos após annos por alcançar este meio de
influencia — o Tom Suggestivo.
Remetto-vos novamente ao exemplo do Actor.
Vêde como elle consegue pôr Sentimento em seu Tom.
Podeis fazer o mesmo, se vos derdes á pratica com
interesse, levando a vossa mente á obra.
Pensae em uma cousa que desejaes expressar, vi-
sualisae-a e então representae-a em vosso Tom. Fica­
reis surpresos do rápido progresso que fareis. Lem­
brae-vos sempre do pensamento; o Tom só é um meio
de expressão da MENTE que jaz atraz delle.

USAE DOS NERVOS (*


), NÃO DOS MUSCULOS

miu. Em outros termos, elles parecem levar a força


muscular aos seus tons, em vez da energia nervosa, e,
assim fazendo, praticam um erro grave, pois onde a
Commettem muitos o erro de falar com os musculo s
em vez de com os nervos, como um escriptor se expri-

(*) Da força, do vigor. — (Nota da Traducção).


INFLUENCIA PESSOAL DIRECTA 233

primeira tem um effeito lento, não penetrante, a ulti­


ma vibra subtilmente e alcança a parte sensível de uma
mente. Falae com sentimento, sentimento, sentimento,
todas as vezes que desejardes que vossa linguagem im­
pressione, e vossos tons reflectirão o mesmo e induzi­
rão em outros um sentimento correspondente.

A PALAVRA SUGGESTIVA
A terceira fórma do Meio Suggestivo é a Palavra
Suggestiva. Posso explicar isto mais claramente, quan­
do chamar vossa attenção para o facto de que toda pa­
lavra é uni pensamento crystallisado. Em toda palavra
ha um pensamento impresso. Quando alojaes uma pala­
vra na mente de uma pessoa, a cobertura crystallina
delia se dissolve e o pensamento nú se manifesta. Isto
sendo assim, importante é para alguém — escolher cui­
dadosamente os pensamentos crystallisados ou pala­
vras que deseja implantar na mente de outrem. Falei
disto em meu livro maior, em minha licção sobre Sug­
gestão Mental, á qual eu vos remetto. Mas desejo dizer-
vos aqui, outra vez, que deveis estudar as palavras até
que vos sintaes capazes de distinguir entre as que levam
llm pensamento rwo, activo, de sentimento e as que são
menos fortes.

EXEMPLOS
Toniae a palavra FORTE, por exemplo. Não vos
faz ella sentir força, quando a ouvis forte e sensível­
234 FASCINAÇÃO MENTAL

mente pronunciada? Tomae a palavra AFFAVEL e


vêde os sentimentos que ella desperta em vós. Pronun-
ciae as palavras LEÃO e CORDEIRO e vêde os
differentes sentimentos que experimentaes nos diffe-
rentes sons.
Tomae a palavra ESTRONDO, e vêde como ella
suggere a cousa que estala, se choca, se rompe e as­
susta, da qual quereis dar idéa. Oomparae o som das
palavras ÁSPERO e SUAVE — e vereis o que eu
quero significar. O unico meio que posso indicar-vos
para adquirirdes o uso das Palavras Suggestivas é o
estudo das mesmas. Ouvi as palavras usadas por ou­
tros e notae o effeito que vos ellas causam. Tomae um
pequeno vocabulário, correi as suas paginas e, em breve,
colleccionareis termos effectives, bons e fortes para o
vosso uso em dadas occasiões. Não precisa ser um
homem altamente educado, no sentido commum deste
termo, para usar as palavras suggestivas, fortes. Ins-
tinctivamente alguns escolhem palavras vitaes, carre­
gadas de sentimento e fazem suas palavras sentidas.
Pensae sobre este assumpto.

INSTRUCÇÕES DE POUCO VALOR

No uso de todos os tres Meios Suggestivos, lem-


brae-vos de que o fim essencial é fazer a outros SEN­
TIR O ESTADO MENTAL que expressaes.
Esta é toda a cousa que se recommenda aqui.
CAPITULO XVIII

EXPRESSÃO 1)0 OLHAR

O proximo dos Instrumentos de Expressão Men-


tativa em ordem na nossa lista é o olhar, o mais admi­
rável dos orgãos humanos e o que é tanto um meio para
a Expressão da Força Mentativa como um instrumento
sensorial da vista. Consideremol-o no seu primeiro as­
pecto.

O OLHAR COMO INSTRUMENTO SUGGESTIVO

Em primeiro lugar, o olhar é um dos meios de


Suggestão mais poderosos e effectives, ainda que eu o
£ão inclui nesta classe. A expressão do olhar induzirá
em outros as condições mentaes pelas linhas de Sug­
gestão, e aquelles que comprehenderam e adquiriram
e$ta arte do uso dos olhos, puzeram á sua disposição
11111 admirável instrumento de Influencia Suggestiva.
Aquelles de entre nós que encontraram um homem
236 FASCINAÇÃO MENTAL

gnetico ou uma mulher encantadora e fascinante, le­


varão comnosco uma clara lembrança da expressão dos
olhos de uma tal pessoa. Ac tores e oradores públicos,
tanto quanto aquelles cuja mira é encontrar e impres­
sionar o povo, fizeram um acurado estudo da expressão
do olhar para, por este meio, produzir grandes effeitos.
Comquanto esta phase do assumpto pertença mais
propriamente ás varias Escolas de Expressão em nosso
paiz (*), comtudo pode ser de proveito pararmos um
momento e examinar alguns dos básicos principios desta
Arte de expressão-do-olhar, considerada sem referencia
á phase da Energia Mentativa.

EXERCÍCIOS DA EXPRESSÃO DO OLHAR

Começae pelo estudo de vossos olhos, em um es­


pelho. Vereis que no centro do globo ocular (*) ha
uma preta mancha; esta se chama a fpupiUa do olho.
O circulo maior que contorna a pupilla chama-se íris.
O branco do olho cerca o Iris. A palpebra superior
que se move sobre o globo ocular produz uma variedade
de expressões das quaes cada uma dá ao rosto uma ap-
parencia totalmente differente, expressão de signifi­
cado suggestivo.

(♦) Refere-se aos Estados Unidos da America do Norte.


(Nota da Traducção).
(*) A menina do olho, como geralmente se diz.
(Nota da Traducção;.
EXPRESSÃO DO OLHAR 257

Todos nós reconhecemos a significação destas ex­


pressões differentes, mas mui poucos comprehendem o
mechanismo que produz a expressão. Collocae-vos dean-
fe de vosso espelho, estudae estas varias expressões.
*0s seguintes exercicios podem ser-vos uteis.

EXERCÍCIOS das palpebras

1. Tende as palpebras superiores em uma posi­


ção tal, que as suas bordas descancem a meio, entre
a. pupilia e o iris. Isto dá uma expressão de tranquil-
lidade.
2. Descançae a borda das palpebras superiores no
alto da pupilla. Isto dá uma expressão de Indifferença.
3, A borda da palpebra em descanço no alto do
iris, dá uma expressão de Forte Interesse.
I. A borda da palpebra descançando sobre a pu­
pilla, em meio, dá uma expressão de pensamento pro­
fundo.
5. A borda da palpebra descançando em cima da
extremidade do iris e, assim, mostrando uma risca bran­
ca entre a borda da palpebra e a extremidade do iris,
dá uma expressão de Actividade Emocional.
b. A posição acima, exaggerada de modo a mos­
trar a maior parte possivel do branco entre a extremi­
dade do iris e a borda da palpebra, dará uma expressão
de Excitamento Emocional.
238 FASCINAÇÃO MENTAL

COMO PRATICAR OS EXERCÍCIOS

Os mestres da Arte de Expressão ensinam os seus


discípulos a praticar as expressões e posições aciílla;
acham elles que, com um pouco de pratica, quasi todos
podem facilmente adquirir a arte de expressão nos qua­
tro exercícios primeiros; mas os dois últimos são mais
difficeis de ser adquiridos. O ultimo exercicio — Exci-
tamento Emocional — é especialmente bastante diffi-
cil de se adquirir, e os mestres sustentam que só uma
media porcentagem de seus discípulos póde produzir
a expressão sem pratica considerável. Praticae estes
movimentos até que chegueis a produzil-os sem o auxi­
lio do espelho, tal como um homem póde apprender a
barbear-se sem espelho, por meio de uma pratica cons­
tante deante de um (* ). Os exercícios não só vos ha­
bilitarão a expressar commoda e livremente os diffe-
rentes estados mentaes, mas ainda tenderão a fortale­
cer os musculos e os nervos dos mesmos olhos, median­
te o vossoí proseguimento gradual sem sobrecarregar
demasiado os olhos no principio. Não façaes carranca,
carregando os sobr’olhos nas praticas. Uns poucos mi­
nutos por vez são tudo quanto deveis empregar na
pratica.

(*) Entende-se espelho, isto é, deante de um espelho.


(Nota da Traducção).
EXPRESSÃO DO OLHAR 239

O EXERCICIO SÉTIMO

Senhores já dos exercícios acima, especialmente


números 5 e 6, podeis tentar o seguinte, que é o mais
diífjfil de todos:
7. Descançae a palpebra na posição de forte in­
teresse (N.° 3), e, ao mesmo tempo, erguei a borda da
palpeRra inferior á extremidade mais baixa da pupilla.
Esta posição dá a expressão de exame minucioso.

O PODER DE EXPRESSÃO

Ficareis surprehendidos com o grande Poder de


Expressão que a pratica cuidadosa dos exercícios aci­
ma vos dará. Sereis capaz de manifestar mais Senti­
mento Suggestivo, e de induzir em outros emocionaes
estados de sentimento.
Uma pouca de pratica dar-vos-á uma tal convicção
disto, que não deveis mais incommodar-vos com aper­
feiçoar-vos nella.
As expressões de Actividade Emocional e Excita-
mento Emocional dar-vos-ão especialmente um assom­
broso resultado, se forem usados em occasiões apro­
priadas, quando desejardes exhibir a apparencia do
Excitamento e Força Emocionaes.

exercícios de desenvolvimento

Os seguintes Exercícios de Desenvolvimento são


altamente recommendados pelos mestres que emprega­
240 FASCINAÇÃO MENTAL

ram annos de estudo e pratica ao longo destas linhas.


1. Abri bem os olhos, mas não demasiado que
os cance; mantende-os nesta posição por uns poucos
segundos, olhando em vosso espelho, que deve estar
directamente em vossa frente, ao nivel de vossos ol^os.
Emquanto olhaes, abri-os um poucochinho mais,
sem fadiga e communicae-lhes uma intensa expressão.
Não movaes as sobrancelhas, mas deixae-as na posição
normal.
2. Tomae de novo a posição acima, e depois tro-
cae-a pela expressão de Forte Interesse (vejam-se os
precedentes exercicios), olhando-vos ao espelho como
se olhásseis outra pessoa com esta expressão.
3. Tornae á posição l.a, depois passae gradual­
mente á expressão de Actividade Emocional (vejam-se
exercicios precedentes), olhando-vos ao espelho.
4. Voltae á posição l.a e passae, depois, gradual­
mente, á expressão de Excitamento Emocional (ve­
jam-se os exercicios precedentes), olhando-vos no es­
pelho.
5. Retomae a posição l.a e, depois, gradualmente,
a Expressão de Exame Minucioso (vejam-se os prévios
exercicios), olhando-vos ao espelho.
Nos exercicios acima deveis agir como se a vossa
reflexão no espelho
* fosse a de uma outra pessoa que de-
sejaes influenciar. Quanto melhor o fizerdes, tanto me­
lhor será o resultado.
6. Praticae a expressão de forte interesse sobre
as pessoas que ouvis, até que sintaes que despertas tea
EXPRESSÃO DO OLHAR 241

unia resposta nellas. Posso accrescentar que a expres­


são de profundo interesse consiste na mesma expressão
ennobrecida por um sentimento melhor atraz delia; e
a expressão de interesse benevolente (*) é o mesmo, so-
mrnte maior sendo tal. Este sentimento melhor pode ser
on verdadeiro ou assumido, como no caso do melhor
actor.
7. Praticae a expressão de Exame Minucioso so­
bre outras pessoas em occasiões apropriadas em que
desejardes apparecer como se interessando profunda­
mente em alguma proposição, empresa, theoria, etc.
Muitas pessoas construiram uma reputação, com se­
rem boas ouvintes e finas observadoras por esta pra­
tica. Menciono isto porque pode ser-vos util. Dou-vos
simplesmente as regras do jogo, não sendo necessário
o aconselhar-vos a jogar.

P) O original diz: Interesse de Amor.— (Nota da Trad.).


(Nota da Traducção).

16
CAPITULO XIX

A FASCINAÇÃO DOS OLHOS

E agora alcancei esta parte do assumpto em que


devo falar do Poder dos olhos para levar a jorça men­
tativa.
Devida á mesma lei do mechanismo nervoso não
totalmente comprehendida ainda, os olhos são um dos
meios mais effectives para a passagem das Correntes
Mentativas de uma pessoa á outra.
Não tento armar uma theoria especial sobre o as-
sumpto, mas passarei á descripção dos factos no caso.
Posso accrescentar, todavia, que os occultistas adean-
lados nos referem que, porções do cerebro humano, du­
rante uma manifestação de grande esforço emocional,
°u exercicio de Vontade, se parecem com uma super­
fície incandescente, brilhante, phosphorescente.
E também que se vêem grandes raios desta ener­
gia incandenscente sahindo dos olhos da pessoa, e pro­
curando a mente de outras pessoas. E, mais do que isso,
244 FASCINAÇÃO MENTAL

esses raios de energia transmitter estados mentaes^


pensamentos, etc., da pessoa, como os scientistas achai
ram que raios de luz levam ondas de electricidade, tor­
nando-se, assim, capazes de serem portadores de men­
sagens telegraphicas e mesmo telephonicas.

RAIOS MENTATIVOS (♦) DE ENERGIA

Quem se tornou habil na Fascinação do olhar, se


fez capaz de transmittir a outros mais promptamente
as Correntes Mentativas tendentes a produzir-lhes es­
tados mentaes semelhantes pela Inducção Mentativa,
conforme se explanou em outro lugar deste livro, e no
da Magia Mental. Se vos lembrardes da illustração aci­
ma dos raios de luz, com os quaes as correntes eléctri­
cas e magnéticas viajam, e formarão uma Imagem Men­
tal destes raios mentativos que partes do olhar, com-
prehendereis muito melhor o processo e tendereis, ao
mesmo tempo, a dar aos vossos proprios raios mentati­
vos uma realidade substancial, por meio das linhas de
Visualisação. Isto é, quando desejardes usar os Raios
Mentativos, imaginal-os-eis como existindo de facto, em
plena força e realidade. Isto vos fará dar-lhes uma rea­
lidade material, e tornal-os assim um meio altamente(*)

(*) E’ o inglez Mentative que se não encontra nem no


Lacerda, nem no Bensabat, nem no Webster, que temos á mão,
edição de 1895. Força é criarmos também nós o termo Menta-
tivo, por não servir, no caso, o Mental, que corresponde ao In­
glez Mental. — (Nota da Traducção).
A FASCINAÇÃO DOS OLHOS 245

efficiente para a passagem de vossas Correntes Menta-


tivas.

O OLHAR FASCINANTE

E agora o caminho direito para vos instruir é o uso


proprio dos olhos no que se chamou O olhar magnético,
mas que melhor se intitulara O olhar fascinante.
Vários absurdos se escreveram a este respeito e eu
mesmo, nos meus primeiros escriptos, inculquei alguns
princípios que trato de substituir hoje por methodos
melhores e mais racionaes, em vista de certos resultados
que colhí do estudo e experiencia propria e de outros ao
longo destas linhas. Estou disposto a fazer estes repa­
ros tanto nos meus methodos como nos de outros. Não
tenho um falso orgulho a este respeito, pois se amanlV
eu achar que posso corrigir minha obra de hoje, o farei
de boa mente e darei aos meus estudantes os beneficios
da correcção, em vez de, obstinadamente, sustental-a,
por amor unico a uma theoria, facto ou resultado de
formação minha.
Não ha immobilidade na obra scientifica — aquelle
tpie fica quieto, realmente fica atraz.

OS PRIMEIROS METHODOS

As primeiras instrucções concernentes ao Olhar


Magnético mandam ao estudante concentrar seu olhar
raiz do nariz de outra pessoa, isto é, no ponto que
246 FASCINAÇÃO MENTAL

fica entre os dois olhos. Tudo isto foi muito bem, mas
ha um plano melhor.
Esta concentração do olhar entre os olhos de outra
pessoa resulta certamente num cruzamento de vossos
olhares, roubando-o a uma porção do directo poder ele
ctro-magnetico que ella possue. Podeis provar isso, pon­
do um lapis deante de vossos olhos e focalisando o olhar
nelle á medida que o approximeis de vossos olhos.
Quanto mais vos avizinhardes do lapis ou de outra
pessoa, tanto mais se enfraquecerá o vosso olhar e se
diminuirá o effeito delle. O olhar de um par de olhos
cruzados não é tão fascinante como o de um par de olhos
direitos, que dêem uma impressão directa, poderosa.

O NOVO METHODO

O novo Olhar Fasduanfe opera-se como segue:


Não focaliseis vosso olhar no ponto entre os olhos de
outra pessoa, mas olhae, directa e tensamente, com
ambos os vossos olhos, entre os seus. Achareis isto dif-
ficil e fatigante, se o fizerdes de um modo ordinário
— e aqui jaz o segredo. Em vez de focalisar vossos olhos
sobre os seus, como se quizesseis realmente ver a cor de
seus olhos, deveis focalisal-os de modo que olhaes atra­
vés delles, como se fossem transparentes e desejásseis
ver alguma cousa além delles. Uma pequena pratica
deante do espelho mostrar-vos-á o que quero significar
melhor do que uma explanação por palavras.
A FASCINAÇÃO DOS OLHOS 247

A pratica de olhar através dos objectos ajudar-vos-á


na acquisição deste olhar. Tentae, por exemplo, focali-
sar vossos olhos sobre a parede qne vos fica opposta,
tanto que levantardes o olhar destas paginas. Depois
qne olhardes na parede, passae vagarosamente vossa
mão deante de vossos olhos a uma distancia cerca de
dois pés, mas não mndeis a vossa focalisação — não
vejacs a mãos distinctamente, mas conservae o vosso
olhar focalisado sobre a parede, como se a visseis atra-
rés ãe vossa mão.

OOMO PRATICAR

Este olhar não deve consistir em um estado per­


plexo. vago, estúpido, mas intenso e vehemente.
A pratica com os objectos, como acima ficou es­
tabelecida, e com um espelho, ajudar-vos-á no aperfei­
çoamento de vosso olhar. Ser-vos-á util a companhia de
um amigo com quem puderdes experimentar.

O EFFEITO SOBRE OUTROS

A outra pessoa não estará ao facto de que não a


e stars vendo e através delia. Parece-lhe que lhe estaes
dando um olhar profundo, intenso, firme, vehemente.
Ella verá dilatadas as vossas pupillas, como sempre
ficam quando olham um objecto distante, e vossa ex­
pressão será uma calma, de poder sereno.
248 FASCINAÇÃO MENTAL

O NOVO METHODO NÃO CANÇA OS OLHOS

Outro ponto importante deste olhar é que podeis


mantel-o longo tempo sem cançar os olhos, sem que la­
crimejem ou se turbem (*). Podeis encarar outra pes­
soa ou animal, desta maneira, sem fadiga, emquanto
outros olhos se tornam fatigados e fracos.
Tanto é isto verdade, que os resultados de minha
propria investigação a este respeito me convenceram
de que os animaes que manifestam o olhar fascinante
(conforme vem mencionado no capitulo antecedente),
focalisam realmente seus olhos além do objecto justa-
mente deste modo. Se vos derdes ao trabalho de exa­
minar um animal fascinando a outro, vereis que tenho
lazão nesta theoria.

A EXPLANAÇÃO SCIENTIFICA

Este olhar através de outra pessoa completa-se por


uma certa accommwdação dos olhos, como lhe chamam
alguns oculistas e opticos, e emquanto o executaes, não
podeis examinal-os distinctamente, ou ver distincta-
mente os olhos da outra pessoa, porque vossa concen­
tração é differente. Para vos mostrar porque sois ca­
pazes de manter este olhar um tal tempo sem cançar
vossos olhos, lembro-vos a commodidade com que podeis
(♦) No original se lê: ou se cegem.
A FASCINAÇÃO DOS OLHOS 249

manter a expressão de ser arrebatado em pensamento,


na. visão dos sentidos accordados, distrahido num pro-
fundo estudo, no pcnsannento das cousas, etc., com que
estaes familiarisado. Em um tal estado mental, sois ca­
paz de olhar no espaço por longo tempo sem a menor fa­
diga, ao passo que uns poucos minutos de concentração
de vosso olhar sobre um proximo objecto, bastarão, com
effeito, para o cançar demasiado. E então, novamente,
conheceis quão longo tempo podereis olhar um objecto
muito ao longe no mar, ou através um grande deserto,
ou cruzando ao longe uma montanha, sem fatigar vossa
vista. Todo o segredo disto é: uma concentração curta
do olhar sobre um objecto cança os olhos muito mais
do que uma grande concentração do olhar no espaço.
Sendo este o caso, cançar-vos-eis menos, olhando atra­
vés de uma pessoa, do que olhando-a fixamente e ven­
do-a em curto tempo.

REGRAS PARA A PRATICA

Praticando a preservação do olhar por um largo


tempo, previno-vos contra o cançaço da vista, por se
fixar sobre objectos mui approximados.
Melhor é exercitar a vista, olhando objectos dis­
tantes, até que consigaes manter o olhar por muito
tempo, como sereis capaz de o fazer depois de uma pe­
quena pratica.
Be facto, aconselho-vos a praticar o olhar no espa-
ço, porque a proficiência nisso vos levará ao aperfeiçoa­
250 FASCINAÇÃO MENTAL

mento do olhar. Depois que houverdes praticado parte


do methodo deste olhwr, transversal, podereis fitar um
objecto a uma boa distancia (*) e olhar directamente
através delle, isto é, conscientemente não o vereis como
objective, ainda que o contempleis apparentemente.

PRATICAE COM MODERAÇÃO

Evitae todos os exercicios que vos cancem os olhos


e praticae com moderação, passando dos minimos suc­
cesses aos de maior importância. Ficareis surprehen-
dido ao ver quanto uma pequena mas intelligente pra­
tica ao longo destas linhas vos dará um olhar penetran­
te, firme, vehemente, e cheio de Fascinação e Magne­
tismo, sem a mais leve tensão do sentido, fadiga ou es­
forço. Desejastes muito uma tal expressão -— eil-a.

(*) A’ letra: um par de pés de distancia, — (N. da T.).


CAPITULO XX

O USO DOS INSTRUMENTOS


MENTATIVOS

No uso dos olhos com o fim de transmittir Correm


ie-s Mentativas, deveis sempre lembrar-vos que o SEN­
TIMENTO é o poder real atrás dessas correntes de
Força, e que o Cerebro é o Dynamo de que as correntes
se originam. O Cerebro, sabeis, é o grande Transforma­
dor ou Convertedor da Energia Mentativa e opera no
sentido de transmittir grandes ondas de Força.
Por conseguinte, se desejaes enviar a outros Cor­
rentes Mentaes com o fim de induzir algum sentimento
nelles, deveis, primeiro, ter tal SENTIMENTO gerado
em vosso Dynamo Mental.

EXERCÍCIOS valiosos

Será bem para duas pessoas o praticarem ambas


juntamente o exercicio do olhar, mas na falta de um
252 FASCINAÇÃO MENTAL

amigo em quem confiardes, deveis obter excellentes re-


sultdos, praticando deante de vosso- espelho predilecto.
Em qualquer caso, deveis, primeiro, levantar em vossa
mente o sentimento que desejaes exprimir em Correntes
Mentativas. Ponde vosso sentimento em vosso olhar e
este será sentido.
Exercício I — Olhae dentro dos olhos de vosso ami­
go (ou dos vossos mesmos, no espelho) e depois dizei
mentalmentea “Sou mais forte do que vós”. Lançae
dentro de vosso olhar o mais que puderdes de Senti­
mento de Força.
Exercicio II — Dizei rverbtaltnente', “Sou mais
positivo do que vós. — Estou a olhar-vos”. Lançae po­
sitividade em vosso olhar quanto puderdes, sendo, sem
duvida, a mesma inspirada por vosso sentimento.
Exercicio III — Dizei e senti: “Tendes medo de
mim. — Estou fazendo-vos sentir a minha Forca”.
Lançae o sentimento em vosso olhar.

PRATICA POSITIVA

Adquirida a faculdade de fazer vossa força sen­


tida por meio dos exercicios acima, podeis usar a mesma
sobre outra pessoa em occasião opportuna.
Se sois interrompido por alguma pessoa que, pen-
saes, tenta dominar-vos mentalmente, ou cuja forte in­
fluencia desejaes combater, podeis usar sobre ella o
methodo acima. Como de regra, a pessoa que está agin­
0 USO DOS INSTRUMENTOS MENTATIVOS 253

do ou conversando tem uma pequena vantagem sobre


o ouvinte ou egual, quando menos.
O que fala é o mais positivo, porque expressa maior
Energia. Mas podeis agir de modo contrario, se sois o
mivinte, lançando-lhe simplesmente um olhar acompa­
nhado do Sentimento de: Disperso a vossa Força — não
í>otleis affectar-me! (").

PONTOS DE PRATICA

Resistindo a um ataque desta sorte, mantende fe­


chada a vossa bocca, cerrados os dentes, pois isto ((*)
)
**
denota Força e Firmeza, e põe em jogo as partes do
cerebro que manifestam estas qualidades, e assim car­
rega as vossas Correntes Mentativas destes sentimen­
tos. Ao mesmo tempo, olhae firme e fixamente os olhos
(*** empregando a Fascinação do olhar. Pe-
do outro ),
ço-vos que vos lembreis das minhas notas na Magia Men­
tal sobre a posição da pessoa que tem vantagem sobre
o que está assentado. Evitae assentar-vos quando outras
pessoas estiverem de pé. Não lhes dê esta vantagem,
mas tende-a vós mesmo, se quizerdes.

(*) Este me no original está com M maiusculo: affect Me.


(**) This bite, este bocado, esta parte.
(***) Dentro dos olhos do outro — é a letra.
(Notas da Traducção.
2Õ4 FASCINAÇÃO MENTAL

ORDENS MENTAES E RECUSAS

Falando ás pessoas e pedindo-lhes que façam al­


guma cousa, deveis acompanhar o pedido verbal de um
Commando Mental.
Por exemplo, se dizeis: “Fareis isto para mim,
quereis?” (*) (esta é uma forma suggestiva de pedido,
lembrae-vos), deveis acompanhar a questão com o
COMMANDO (feito mentalmente), com o proprio
olhar: Fareis isto.
Se sois a pessoa a quem se requer o serviço que
não desejaes fazer, deveis responder: “Não, não cuido
de fazer isto”, ou “Não vejo um meio claro de fazer
isto”, ou “Não posso satisfazer-vos”, etc., etc., mas ao
mesmo tempo dae a vossa resposta mental, acompa­
nhada do olhar: “INão farei isto, e vós não podeis obri­
gar-me a isso”.

CERTOS ENSINOS PERIGOSOS

Um mestre bem conhecido ha vários annos ao longo


destas linhas, ensinou aos seus discipulos que olhassem
dentro dos olhos das pessoas a quem elles desejassem
affectar, dizendo-lhe ao mesmo tempo mentalmente:

(*) Ou Far-me-eis isto, quereis? ou Quereis fazer-me isto?


(Nota da Traducção).
0 USO DOS INSTRUMENTOS MENTATIVOS 255

Olho-vos, olho através de vossos olhos, dentro de


rosso cerehro.
Meu poder de vontade é mars forte do que o vosso.
Estaes soh o meu domínio. Compillo-vos a fazer o
que eu desejo. Deveis fazer o que eu digo.
Fareis isso. Fal-o-eis a um tempo.
Ver-se-á que isto produz uma Corrente Mentativa
poderosa, se vae sufficientemente acompanhado de um
forte Sentimento, Vontade e Desejo. Mas, por via de
justiça, dou-vos aqui também um Antídoto para esta
sorte de Influencia.
Nos casos em que fordes mentalmente atacados,
podeis dissolver a Força por uma POSITIVA RE­
PULSA.

A RECUSA POSITIVA

A RECUSA POSITIVA é a poderosa Força que


espalha em fracções tenues a Força dirigida contra um.
E’ um agente destructive, tal como é a FORMULA (*)
POSITIVA uma formula constructiva ou creativa.
Quem comprehende o uso scientifico desta força
destruetiva, pode desfazer a obra mentativa de outros,
a um grau surprehendente. Algum dia terei mais a di­
zer a respeito destas duas forças antagônicas pelas li-

(*) No original se lê: POSITIVE STATEMENT, cuja


traducção ã letra é: Exposição Positiva. Uma Formula Posi­
tiva, isto é, uma linguagem positiva.
2Õ6 FASCINAÇÃO MENTAL

nhas mais largas da Telementação )',


(** mas limito-me
presentemente ao seu uso na Influencia Pessoal. Por
uma Recusa Forte, Positiva, podeis dispersar e desin­
tegrar toda Influencia Mentativa dirigida contra vós.
Esta formula dar-vos-á uma idéa geral delia. Supponde
que repellis uma exposição tal como a que se vê acima.
Neste caso deveis dizei’ mentalmente, servindo-vos ao
mesmo tempo do vosso olhar carregado do Sentimento:
“NEGO POSITIVAMENTE VOSSO PODER SOBRE
Mim (*). Nego a sua existência. Não DESEJO CUM­
PRIR vossa ordem, NEGO vosso poder e direito de
mandar-me. NEGO vosso poder e affirmo o meu.

COMO CULTIVAR ESTE PODER

Podeis cultivar este poder de usar da RECUSA


POSITIVA, praticando com uma imaginaria pessoa
que, podeis suppôr, procura influenciar-vos. Imaginae
uma pessoa forte, positiva, deante de vós, a tentar in­
fluenciar-vos e então ponde em pratica a Recusa Posi­
tiva contra ella, até que sintaes que a supplantaes e
que ella bate em retirada. Estas batalhas imaginarias
dar-vos-ão um grande poder de resistência mentativa e
aconselho-vos a fortificar-vos ao longo destas linhas, se
sentis que sois fraco.
(♦♦) Telementation, neologismo necessário. Telementação
quer dizer Transmissão da mente. Do grego e ° Iatini
mens. — (Notas da Traducção).
(*) O M maiusculo é do original" over Me. — (N. da T.).
0 USO DOS INSTRUMENTOS MENTATIVOS 257

Podeis augmentar alguma cousa ao exercício aci­


ma, imaginando que o vosso inimigo se retira e que o
perseguis com as vossas affirmações, trocando a vossa
posição de defensor pela de atacante.

LICÇÕES DE ESGRIMA MENTATIVA

Estas imaginarias repetições serão mais proveito­


sas para uma pessoa do que se pensa possível. Elias são
como as repetições theatraes que tornam o Actor per­
feito. São umas especies de licções de esgrima de que o
hábil esgriinidor (*) ganha destreza e força. A pratica,
a pratica, a pratica )(** dá-vos a perfeição em todas as
cousas, tanto na obra Mentativa como na physica. Ha
boas razões psychologicas e occultas atrás deste me-
thodo e pratica presentemente não trato destas.
Este livro está destinado a dar-vos o Como da ma­
téria antes que o Porque delia.

O SEGREDO DA LINGUAGHM EFFECTIVA

Em conservação pessoal com outro, achareis que é


do maior valor ver tão claro quanto uma pintura men­
tal, carta ou mappa, do que lhe estaes a dizer. Assim
fazendo, imprimireis mais efficazmente sobre sua mente
aquíllo que desejaes seja visto por elle visto e sentido.

(*) $ wordsman.
(**) Practice, practice, practice.

17
258 FASCINAÇÃO MENTAL

Neste exposto está comprehendido o Segredo da Lin­


guagem Effectiva. No grau em que VEDES e SENTIS
o pensamento que exprimis em palavras, está o grau de
impressão, e Inducção Mentativa feitas sobre a outra
pessoa.
O segredo do curso assenta na Lei de Visualisação
como está explanada na Magia Mental e neste livro.

EXPERIENCIAS PSYCHOLOGICAS

Podeis achar uma evidencia do desenvolvimento


de vossa Influencia Mentativa, tentando uma experien­
cia psychologica de Querer que as pessoas se movam
deste ou daquelle modo, olhando-as intensamente. Nesta
experiencia não vos é necessário olhar dentro de seus
olhos. Olhando as suas costas, preferivelmente a parte
superior do pescoço, na base do cerebro, tereis a res­
posta.
Podeis experimentar querendo que as pessoas olhem
em torno na rua ou nas praças publicas, etc. Ora, po­
deis querer que ellas tornem o olhar para a vossa es­
querda ou direita, quando próximas umas das outras,
na rua. Ora, nos lugares onde a multidão se apinha, po­
deis querer que um certo clérigo sáia do numero para
vos servir. Estas e outras semelhantes experiencias têm
um interesse para a mór parte dos estudantes, e fazem-,
ise, commodamente, depois da pratica necessária. O todo
da theoria e pratica assenta na firmeza do olhar, na or­
dem mental, querendo que as pessoas façam isto e aquil-
0 USO DOS INSTRUMENTOS MENTATIVOS 259

lo, esperando, rehementomente, obedecer ao commando


e imagem mental de sua acção. Isto é tudo.

CONSELHO GERAL

No uso dos olhos como Instrumento Mentativo,


lembrae-vos, primeiro, ultimo e todos os tempos, que
o DESEJO e a VONTADE são as phases da Energia
Mentativa, e que o grau em que o Desejo se accende e
a Vontade se exerce, será o do Poder expresso por vós
e impresso sobre outros.
Lêde a Magia Mental algumas vezes, até que alcan­
ceis, completamente, os principios fundamentaes. De­
pois, tornae a ler este livro, e retende na memória taes
exercicios e instrucções. Em seguida, praticae, frequen­
temente, e aperfeiçoae-vos nos methodos indicados, até
que os torneis vossa segunda natureza. Sereis conscien­
tes de um gradual crescimento e desenvolução ao longo
das Unhas do Poder e Influencia Mentaes. Uma vez ac-
cesa a chamma do Poder Mentativo, não se extinguirá
jamais. Conservae-a cuidadosamente, tende prompto e
Hmpo o pavio, enchei a lampada de oleo e ella arderá
por certo, emittindo calor, luz e poder.

O TACTO MAGNÉTICO

O ultimo Instrumento Mentativo mencionado no


Precedente capitulo é o tacto. Houve um tempo, em
üieus primeiros graus de experimentação e pesquiza
260 FASCINAÇÃO MENTAL

psychologica, no qual me ri da idéa de desempenhar o


tacto uma parte real na obra da Influencia Mental.
Sem duvida, vi o effeito do tacto em certas phases da
obra psychologica, mas julguei que tudo era mera
suggestão.
Pouco tempo depois, apprendi que o tacto era real­
mente o Instrumento (*) mais poderoso de Energia
Mentativa.
Agora explico-o por ser a idéa dos nervos como
uns fios, pelos quaes passam as correntes eléctricas.
O Cerebro é o Dynamo, ou Transformador da
Energia, e supposto esta viage em ondas e correntes
sem arame ( como o faz o telegrapho sem fio), comtu-
do, se ha um arame a ser tomado (* ), ella segue as li­
nhas de menor resistência e avantaja-se aos arames-
nervos. Certas partes do corpo possuem as cellulas-
nervos altamente desenvolvidas, que são umas espe-
cies de cerebros em miniatura.
Os lábios são também altamente desenvolvidos a
este respeito, como os phenomenos, conhecidissimos, de
evidencias de beijos. Os dedos e mãos são excellentes
meios polares portadores da Energia Mentativa que
do cerebro flue sobre os nervos, por onde se transmitte
a outras pessoas.

(*) Meio.
(*) Tomado ou, dito mais bem, carregado da dita Ener­
gia. — (Nota da Traducção).
O USO DOS INSTRUMENTOS MENTATIVOS 261

COMO USAR AS MÃOS

O uso do tacto das mãos como um canal para


transportar a Energia Mentativa, depende principal-
mente do desenvolvimento das mãos pelo indivíduo.
Aquelles que comprehendem este assumpto, desen­
volvem a conductividade das mãos, tratando-as do modo
seguinte: Pensae em vossas mãos como excel!entes con-
ductores de Energia Mentativa, e imaginae que podeis
sentir inanar a Energia nos nervos de vossos braços e
de vossas mãos, obedecendo á vossa Vontade, quan­
do apertaes as mãos das pessoas.
Logo desenvolvereis vossas mãos a um grau tal, que
muitas pessoas sensitivas sentirão realmente a corrente
a passar para eilas. Acompanhae sempre a passagem da
corrente com o pensamento ou sentimento que desejaes
induzir em outras pessoas, como fazeis, quando usaes
do olhar fascinante. De facto, o olhar e o aperto de mão
devem ser usados juntamente, quando possível por modo
Tal que não haja duvida do effeito.

O APERTO DE MÃO MAGNÉTICO

Quando apertardes a mão a uma pessoa, lançae a


Mente e o Sentimento no acto, e não caiáes no methodo
ínechanico e frio (*) tão commum entre as gentes. Lan-

(*) O original diz: inanimado (lifeless). — (N. da Tr.).


262 FASCINAÇÃO MENTAL

çae vosso sentimento em vossa mão e, ao mesmo tempo,


fazei uma ordem mental ou locução apropriada ao caso.
Por exemplo, com sentimento e interesse, apertae
a mão a uma pessoa, e dizei-lhe mentalmente, ao mesmo
tempo: Gostaes de mim. Depois, recolhei a vossa mão,
e, se for possivel, ao afastal-a, deixae que vossos dedos
se deslisem sobre a palma em um modo de afago, e que
os primeiros dedos passem por entre o pollegar e o in­
dex, rente ao gancho daquelle.
Praticae isto bem, até que possaes executal-o sem
pensai’ no caso, isto é, fazei delle vosso natural modo
de saudar. Achareis que este methodo de apertar as
mãos despertará no povo um novo interesse por vós e
por vossa vez descobrireis suas vantagens. Jamais co­
nhecestes uma pessoa fascinante que não tivesse um
bom modo de apertar a mão. O aperto de mão faz parte
da personalidade fascinante.

OUTROS USOS DAS MÃOS

Muitas pessoas ha bem firmes nos principios psy-


chologicos que servem de base á Fascinação Mental, as
quaes usam das mãos como um meio para a Energia
Mentativa, sem apertal-as. Por exemplo, sentam-se
junto ao individuo e collocam as suas mãos de modo que
seus dedos apontem para o individuo, desejando, ao
mesmo tempo, que a corrente flua pelos dedos e para
O USO DOS INSTRUMENTOS MENTATIVOS 263

elle (*). Este ultimo plano torna-se altamente effective,


quando usado com apropriados gestos, pois elle é affim
ao passe mesmerico das mãos.
Nesta connexão, devo aconselhar-vos que vos acau­
teleis com a pessoa que procura sempre pôr as suas
mãos sobre vós. Evitae-o de um modo ordinário, se pos-
sivel, ou praticae determinadamente a RECUSA NE­
GATIVA, sustentando a idéa e a formula mental: “NE­
GO o poder de vosso magnetismo — espalho-o por mi­
nha Recusa”.

UMA ADVERTÊNCIA A’S MULHERES

Concluindo este capitulo, devo especialmente avi­


sar ás jovens e outras senhoras mais edosas que não
permitiam familiaridade com os homens que usem de
semelhantes praticas (*
). Não só esta familiaridade en­
gendra desprezo, mas outras boas razões ha, pelas quaes
esta pratica deve ser condemnada. Vistes que parte de­
sempenham as mãos na magnetiscvção, como é chamada,
e não se discerne claramente como alguém pôde usar
das mãos nesse acto de acariciar e toda sorte de cousa
para affectar psychologicamente a pessoa? Não falo
agora dos affagos que se desculpam nos honraveis, ver­
dadeiros amantes, porque toda a linguagem no mundo

(*) O individuo.
(*) Segurar as mãos e outras idênticas, de que tratou o
Autor no parte intitulada Uso das nulos. — (Nota da Trad.).
204 FASCINAÇÃO MENTAL

não mudaria a sorte da cousa., mas alludo ás indiscri­


minadas meiguices de homens extranhos, as quaes são
* recebidas pelas jovens. Ha um perigo nesta sorte de
cousa, e eu tive desejo que não sejaes extranho a elle
(*
). Se tiverdes irmãs ou parentas, preveni-as contra
esta cousa e dizei-lhes a razão.

UM AVISO PARA OS HOMENS

E a mesma cousa se applica aos homens que estão


sempre pondo suas mãos sobre os hombros de outros ou
abraçando-se com elles ou apoderando-se delles de modo
carinhoso durante uma conversação. Taes homens po­
dem ignorar a psychologia da cousa, mas comprehende-
ram que esta sorte de carinho faz as pessoas mais im­
pressionáveis e dóceis ás suas influencias e assim o
praticam. Interrompei-os, já vos afastando, já vos ser­
vindo da RECUSA POSITIVA.

A PROTECTORA ARMADURA

Mais de uma vez agora lembrae-vos do poder desta


RECUSA POSITIVA que tem uma Influencia contra­
ria, dispersante, desintegradora.
Se este livro vos não ensinasse nada mais além
disto, seria ainda assim digno de vossa attenção só por
este ponto de instrucção.

(*) Isto é: desejo que conheçaes este perigo. — (N. <1. T.).
0 USO DOS INSTRUMENTOS MENTATIVOS 265

Pois esta Recusa Positiva é uma Armadura Posi­


tiva que vos protegerá; é uma Espada Mentativa com
qu evos defenderá; um Raio Mentativo que clareará a
Atmosphera Mental. Apprendei o Segredo da Formula
Positiva e Recusa Positiva e ficareis vestido em uma in­
vulnerável armadura e armado de um gladio (*) de
força.

<♦) No original se lê Weapon, que significa arma offen-


^iru. — (Nota da Traducção).
CAPITULO XXI

INSTRUCÇÃO FINAL

Alcançamos agora o fim de nossa consideração so­


bre o assumpto da Fascinação Mental, neste livro.
Mas tocaremos somente o principio da materia,
quando fechardes estas paginas, porque o objecto real
fica na acção dos princípios da vida real.

O EFFEITO DA INSTRUCÇÃO

Ainda que possaes não vos sentir disposto a pôr em


operação muitas das instrucções dadas aqui, comtudo,
de vosso conhecimento do que foi nestas paginas ensi­
nado. sereis compellido a ver a operação dos princípios
na vida diaria em redor de vós. Vel-os-eis em operação
eni todos os lados, agora que vos tornastes familiares
com as leis de operação. Achar-vos-eis instinctivamente
prevenido contra suas influencias como vos prevenis
contra um golpe physico terrível. Ficareis surprehendi-
268 FASCINAÇÃO MENTAL

dos e, comtudo, algumas vezes afflictos ao ver que al­


gumas pessoas, de quem não suspeitaveis uma tal acção,
procuram, por este meio, influenciar-vos. Sereis, sobre­
tudo, uns homens ou mulheres mais fortes em virtude
das instrucções que este livro vos deu. Tereis a vanta­
gem de saber o modo de residência e defesa, dispersando
a influencia contraria que procurava supplantar-vos,
Lembrae-vos da affirmação da Vontade Positiva e do
uso da Recusa Positiva.

INSTRUCÇÃO ADDICIONAL

Ha uma cousa maior para a qual desejo chamar


vossa attenção, antes de concluir.
Ainda que estrictamente falando, ella forma parte
da matéria de Influencia Telemental (*) antes que a de
Fascinação Mental. Mencionei esta materia em meu li­
vro sobre Magia Mental, em minha licção sobre A Scien-
cia de Telementação.
Refiro-me ao uso da Telementação para o fim de
Fascinação Mental, que é exercida por algumas pessoas
que tiveram conhecimento da materia.

(*) Neologismo de que já tratámos a traz. E’ composto do


grego TvjXs (téle) e do latino mens. Está aqui tomado por
adjectivo e significa: transmissora da mente.
(Nota da Traducção).
INSTRUCÇÃO FINAL 269

FASCINAÇÃO DISTANTE
A pessoa que deseja influenciar outra, á distancia,
■corno o faria no caso de uma entrevista pessoal, forma
uma Imagem Mental da que elle deseja influenciar e
então procede como se a pessoa estivesse realmente
deante de si, conforme os methodos mencionados nesta
obra. Sei, finalmente, de um mestre que aconselha seus
discípulos a tratarem freguezes distantes e outros com
quem elles esperam relacionar-se, do modo seguinte:
“Imaginae vosso freguez distante, ou outra pessoa,
sentado em uma cadeira, deante da qual estaes de pé.
Fazei uma pintura mental tão forte quanto possí­
vel pois disto depende o vosso exito.
Passae a tratar a pessoa como se ella estivesse real
mente presente. Concentrae sobre ella vossa mente e
falae-lhe o que esperaes dizer-lhe quando vos encontrar­
des cora ella. Usae todos os argumentos em que puder­
des pensar e ao mesmo tempo mantende o pensamento
que ella DEVE fazer como dizeis.
Tentae imaginal-a submettendo-se aos vossos dese­
jos, em todos os respeitos, pois esta imaginação tende­
rá a verificar-se quando realmente encontrardes a
pessoa. ■'
Esta regra deve ser usada não só no caso de co­
nhecidos ausentes (*), mas ainda nos casos de pessoas
one desejaes, de qualquer maneira, influenciar.

(♦) Isto é: vistas ã distancia, tratadas á distancia.


(Nota da Traducçao).
270 FASCINAÇÃO MENTAL

COMO IMPEDIR A INFLUENCIA

Agora, tudo isto é claro ao estudante deste livro


e de minha obra sobre Magia Mental, pois os principies
empregados são familiares aos meus estudantes. O re­
sultado da pratica, como se estabeleceu acima, tenderá
indubitavelmente a esclarecer um caminho Mentativa
na mente de outras pessoas, e tornar mais facil o ef­
feito de uma subsequente entrevista. Pois a outra pes­
soa estaria assim acostumada á idéa, pensamento ou
sentimento, e a obra de esclarecer os arbustos mentaes
se faria de antemão.
Felizmente, porém, para nós todos, teremos o An­
tidote para este veneno, se conhecermos os principies
fundamentaes do assumpto. Tão importante considero
a obra da Protecção propria contra esta Influencia Te-
lemental, que proponho accrescentar ás minhas notas
sobre esta materia vários paragraphos de meu livro
Magia Mental, paragraphos que, supposto os tendes
já lido, ficarão bem collocados neste lugar para, em
connexão com o que vos disse, serem impressos em
vossa mente.
Desejo que releiaes o que eu disse sobre a protec­
ção propria. Assim aqui fica a reproducção de algumas
regras de que devereis usar, quando julgardes que al­
guém trata de vos influenciar. Estudae-as cuidadosa-
mente. Eil-as:
INSTRUCQÃO FINAL 271

REGRAS VALIOSAS

1. Em primeiro lugar, firmae vossa mente e acal­


ma e vossos sentimentos. Ficae quietos por um momen­
to e dizei estas palavras: “ESTOU tranquilla e effi-
cazmente formando uma pintura mental de vós mes­
mos como um Centro de Força e Poder no Grande Ocea­
no de Mente”. Vêde-vos como estando sós e cheios de
Poder.
Depois, formae mentalmente uma imagem de vossa
Aura, extendendo-se cerca de uma vara a todos os vos­
sos lados em forma de um ovo. Vêde que esta Aura está
carregada de vosso Poder-de-Vontade; que mana de vós,
repellindo algumas suggestões mentaes contrarias que
vos foram dirigidas, e fazendo-lhes tornar á fonte de
onde vieram.
Um pouco de pratica tornar-vos-á hábeis no aper­
feiçoamento desta pintura, que vos ajudará a criar uma
Aura de Vontade forte e positiva, a qual vos servirá de
Armadura Magnética e escudo.

UMA AFFIRMAÇÃO UTIL

A affirmação Eu Sou é a mais forte que se conhece


fia Sciencia Occulta. Podeis usar também, se vos apraz,4
a seguinte affirmação : Affirmo minha individualidade
como um Centro de Força, Poder e S&r. Nada pôde
adversam ente affect ar-me.
272 FASCINAÇÃO MENTAL

Minha Mente é propriamente minha (*) e recuso


admittir as suggestões desagradareis por influencias!
Meus desejos são os meus proprios e recuso admittir
desagradareis vibrações por Inducção ou por outra
qualquer fórma.
Minha Vontade é a minha propria e carrego-a de
Poder para combater e repellir todas as influencias in-
commodas. Estou cercado de uma Aura de Vontade Po­
sitiva, que me protege absolutamente.

UMA RECUSA PROVEITOSA

A seguinte Recusa foi por muitos considerada


como de maior valor: Nego, a todos ou a alguns, o per­
der de influenciar-me contra os meus melhores interes­
ses. Sou meu proprio Senhor. Estas palavras podem
parecer simples, mas se usardes dellas, ficareis sur-
prehendidos com a sua efficacia.
Realizaes, sem duvida, que é o Estado Mental for­
mado pelas palavras o que faz a obra e não alguma es­
pecial virtude das mesmas palavras.

GUARDAE-VOS CONTRA OS IMPULSOS

2. EvitWagir sob impulso^. Quando sentirdes um


impulso 'repentino ou inesperado para fazer esta ou
(*) Estas e^pçessões, comquanto apparen temente viciosas,
são legitimas e de grande valor-em Occultismo.
(Nota da Traducção).
INSTRUCÇÃO FINAL 273

aquella cousa, parae e affirmae vossa Individualidade


Positiva. Depois, lançae fora todas as influencias exte­
riores, repetindo as Affirmações, etc., dadas acima, e
criando a propria Imagem Mental.
Quando tiverdes restabelecido vosso equilibrio, exa-
iiiinae o impulso e decidi se elle tende aos vossos me­
lhores interesses ou se não. Sereis capazes de ver isto
claramente, em virtude da limpeza de vossa camara
mental um momento antes. Se o impulso parece ser
contra vossos melhores interesses, lançae-o de vós, di­
zendo : Lanço-vos de mim, não me pertencei#, tornae
aos que me vos enviaram.
Isto pôde tornar-se mais forte, se criardes uma
Imagem Mental das idéas que sabem de vós em fórma
de uma tenue onda de pensamento. Estas pinturas
mentaes ajudam-vos materialmente tanto na emissão
de uma idéa como no descartal-a.

A AURA POSITIVA

3. Cultivae a pintura e a idéa de uma Aura Po­


sitiva, e pensae sempre em vós mesmos como protegi­
dos por uma. Vêde-vos como um Eu forte e positivo —
tnn Centro de Poder dentro de uma Inexpugnável bai­
nha de Força Aurica. gereis assim capaaes de vos hr-
*11 ar dentro de um Centro Poderoso.
Ficareis surprehendido com a maneira confusa
das pessoas que tentam influenciar-vos^ quando esbar-
t’arem com a vossa Aura e acharem que suas^sugges-

18
274 FASCINAÇÃO MENTAL

toes e Correntes Mentativas, sabem de retorno sobre


ellas. Taes pessoas acham-se todas separadas, quandó-
encontram uma condição como esta que não compre-'
hendem por não serem práticos occultistas.
A imagem mental de vós mesmos como um Centro
de Poder, cercado de uma Aura Positiva, tornar-vos-á,
se persistirdes, extremamente positivos por maneira
que vossa influencia será sentida por aquelles que se
relacionarem comvosco.

CONSEQUÊNCIAS AGRADAVEIS

Sereis, varias vezes, divertidos pelas occorrencias


que se seguirem á rejeição destes impulsos extraviados,
etc. Achareis que, se tiverdes tido um impulso para
certa cousa, ou vender uma certa cousa em um sacri-
ficio; em um dia, ou talvez em uma hora, se approxi-
mará de vós uma pessoa que vos aconselhará a fazer
tal cousa, sendo ella provavelmente a beneficiada com
o tal schema ou plano.
Não quero dizer que tal pessoa tentasse necessa­
riamente influenciar-vos pelas Correntes Mentativas,
pois^ella pode não ter feito isto conscientemente, po­
rém isto é o que acontece e seu Desejo ou Vontade pôz
estas Correntes em vossa direcção e as sentistes.
Agora que vossos olhos se abriram a este facto, fi­
careis divertidos e surpresos com ver quantas provas
corroborativas recebereis.
INSTRUCQÁO FINAL 275

Firmae, porém, vossa Individualidade como um


Centro de Poder, e tudo vos correrá ás mil maravilhas,
nestas matérias.

O AGENTE PROTECTOR

Espero que a reproducção acima do conselho dado


na Magia Mental vos será proveitosa.
Uma vez mais lembrae-vos do poder da RECUSA
POSITIVA como um Agente Protector.
Do seu uso podeis dispersar e espalhar as Corren­
tes Mentativas d eoutros e cercar-vos de uma armadura
impenetrável de Energia Mentativa. Lembrae-vos tam­
bém o que eu vos disse em outro lugar, isto é, que a Lei
de Vida diz respeito á protecção do individuo e dá a
cada qual as armas com que defenda a sua individua­
lidade.
E tão verdadeiro é isto, que os occultistas sabem
que ha a maior differença no uso do Poder Mentativo,
como uma Força offensiva e como uma Força defen­
siva. Explicarei isto brevemente.

INDIVIDUALIDAE PROTECTORA

Uma Força Mentativa do homem é immensamente


mais poderosa quando elle a usa para proteger sua In­
dividualidade do que quando a emprega para atacar a
Individualidade de outrem. De facto, se alguém com-
276 FASCINAÇÃO MENTAL

prehende as leis da Defesa Mentativa, e quer servir-se


das informações dadas por mim sob este titulo, haverá
quasi uma total ausência de Ataque Mentativo em vista5
de que a futilidade do mesmo seria promptamente re­
conhecida.
A unica razão que os Individuos Forte são capa­
zes de affectar os mais fracos tão frequentemente, é por­
que estes não conhecem seu intimo Poder e não se de­
fendem. De facto, a mór parte do povo não conhece de
todo estas leis ; e, se alguém lhes diz, elles chacoteam e
riem-se a proposito, batendo na fronte para indicar que
o informante tem o juizo um tanto alterado. Pobres
carneiros e gansos, são felizes em sua ignorância e jul­
gam que é digno de lastima quem os disturba.

PODER PROTECTOR DA NATUREZA

Mas voltemos ao meu assumpto. Achareis que pro­


teger a vossa Individualidade requer muito menos es­
forço do que atacar a Individualidade de outrem.
Achareis que a Lei está de vosso lado quando di­
zeis: “NÃO QUERO SER INFLUENCIADO — NEGO
o poder de outrem para enfraquecer minha Individuali­
dade”, pois fizestes operar a Lei da Natureza que está
sempre em actividade e que dá ás suas creaturas em
caminho uma força instinctiva de protecção.
Assim não ha razão de terdes receios — sois im-
munes de ataques, se vos firmardes na Força interna.
INSTRUCÇÃO FINAL 277

A GLORIA DA INDIVIDUALIDADE

E agora, amigos, em conclusão peço-vos lembrar­


des que sois Individuos — Centros de Mente, Poder,
Força e Energia, sim, Centros de VIDA no grande
Oceano do Ser. Cada um de vós é algo differente de
outro Centro, e a Lei deseja que vivaes a vossa propria
vida; desenvolvaes a vossa propria individualidade;
firmeis a vossa propria herança — e na medida que o
fizerdes assim, a Lei estará de vosso proprio lado. Não
caiaes na armadilha do Orgulho Pessoal, não deixeis
que elle vos apanhe em suas malhas, porque elle é uma
illusão. Mas gloriae-vos em vossa Magnificência de In-
dividualdiade, e não fiqueis assustados, acariciados, se.
duzidos, enganados pelo pensamento da Raça e por elle
levados á condição de vermes da terra. Não sejaes ca­
pachos humanos, carneiros ou gansos seguindo passo a
passo algum chefe leviano, ou uma especie de carneiros
marchando atraz de seu chefe. Lembrae-vos que sois ho­
mens e mulheres — que sois Individuos, por isso que a
cósmica mechanica esteve trabalhando durante edades
para desenvolver-se.

A FORMULA DE INDIVIDUALIDADE

A Formula de Individualidade — Estou aqui agora


é poderosa. Será sempre Eu sou comvosco — será
sempre Aqui — será sempre Agora. Qualquer que seja o
278 FASCINAÇÃO MENTAL

estado que a Individualidade tenha alcançado; qualquer,


que seja o periodo de tempo, será sempre verdade que
“ESTOU AQUI, AGORA!” Pois será sempre vosso Eu
que fala — será sempre certo que estou comvosco em
qualquer parte em que esteja este Aqui.
Todo tempo para vos é Agora.
Desenvolvei-vos em uma percepção desta formula
de Individualidade. j
Se assim o fizerdes, alcançareis um plano mental
onde os mesmos principios aqui ensinados vos parece­
rão elementares — pois tereis remontado a elles e á sua
operação. Sirvam-vos esta e outras obras minhas de
escada para aquillo que puderdes alcançar, podendo lan­
çai-as de vossos pés quando dellas já não tiverdes ne­
cessidade. :
Estudantes, agradeço-vos. Digo-vos Auf Wieder-
sehen! Proteja-vos a Lei até que de novo nos encon­
tremos !

FIM
Circulo Esotérico da Communhão do Pensamento

IOD-HÈ-VAU-HÉ

Os fins da Communhão do Pensamento

“Circulo Esotérico da Communhão do Pensa­


O mento” tem por objecto levar a todos os que se
filiarem nelle a “mensagem d’alma”.
Essa mensagem diz que o homem é alguma cousa
mais do que um simples animal que traja roupas e
que a sua natureza intima é divina, ainda que a sua
divindade se conserve occulta pelo veu da carne.
O homem, affirmamos, não é simplesmente um phe-
nomeno da vida, ou um joguete da casualidade, mas
uma potência; é o Creador e Destruidor da casualidade.
Por meio de sua força interior, vencerá sua indo­
lência, libertar-se-á da ignorância e entrará no Reino
da Sabedoria. Então sentirá amor por tudo que vive
£ se constituirá em poder inexhaurivel para o bem da
especie.
Audaciosas palavras são as nossas e para alguém
poderão parecer fora de proposito neste mundo de per­
mitas, de confusões, de vicissitudes e de incertezas.
Affirmamos, entretanto, que são palavras de ver­
dade e, portanto, palavras de vida.
OS FINS DA COMM;. DO PENSAMENTO

No futuro a philosophia será alguma cousa mais


o que uma gymnastica mental; a sciencia supprirá o
aaterialismo; a religião será anti-sectaria; o homem
igirá então com toda a justiça e amará seu irmão como
t si mesmo, não porque espere uma recompensa ou tema
imá punição “post mortem” ou pelas leis humanas,
nas somente porque reconhecerá que elle é uma parte
ie seus semelhantes e que elle e seus semelhantes são
partes de um todo e que o todo é “Uno”; elle não pode
ferir a seu irmão sem ferir-se a si mesmo.
Na lucta pela existência diaria, os homens atro-
pelam-se mutuamente no emprégo de seus esforços para
obterem exito; e, mesmo que o alcancem, á custa de
privações e soffrimentos, não estão satisfeitos; buscam
um ideal sem perceberem que perseguem uma sombra
e, quando conseguem alcançal-a, esta se desvanece.
O egoismo e a ignorância fazem da vida um ter-
rivel pesadelo e da terra um inferno ardente.
Aos gemidos arrancados pela dôr unem-se as gar­
galhadas dos venturosos; paroxismos de mentirosa fe­
licidade são seguidos de accessos de desesperação; cada
vez mais o homem se vincula ás causas de seus males,
uma vez que esteja escravisado por ellas.
E’ por isso que a enfermidade sobrevem e o ataca
em suas fibras mais intimas; é então que elle escuta
a “mensagem da alma”.
Esta mensagem é sempre de força, de amor e de
paz; é a mensagem que nós também queremos entregar.
Offerecemos a “força”, que liberta a mente da
ignorância, do preconceito e do erro; queremos dar
valor para que busquem a verdade por todos òs mo­
dos; o “amor” pelo soccorro mutuo; a “paz” que sem­
pre chega a uma mente illuminada, a um coração
aberto, e á “consciência”'de uma vida immortal.
EXTRACTO DOS ESTATUTOS
— DO —

Circulo Esotérico da Communhão do Pensamento

I0D-HÉ-VAU-HÉ

Artigo l.° — O “Circulo Esotérico da Communhão do Pen­


samento”, fundado em 27 de Junho de 1909, na cidade de São
Paulo e com séde nella, é um circulo de communhão de pensa­
mento de seus membros e tem por fim: (* )
a) Promover o estudo das forças occultas da natureza e
do homem;
?> ) Promover o despertar das energias creativas latentes
no pensamento de cada filiado no sentido de lhe assegurar o
bem-estar physico moral e social, mantendo-lhe a saude do
corpo e do espirito;
c) Concorrer na medida de suas forças para que a Har­
monia, o Amor, a Verdade e a Justiça se effectivem cada vez
mais entre os homens;
d) Desenvolver uma propaganda activa e efficiente en­
tre seus filiados, por meio de publicações, conferências, etc.,
nas quaes recommendará o máximo respeito e tolerância para
com todas as religiões e credos philosophicos;
e) Empregar todos os meios ao seu alcance em prol do
bem-estar da humanidade, empenhando-se no combate aos vi­
cies que a flagellam, como: o alcoolismo, os toxicos inebriantes,
maus habito», etc.;
f) Auxiliar, na medida de seus recursos, todo o emprehen-
dimento humanitário e altruista;
y) Animar entre seus membros o culto civico dos grandes
bem feitores da humanidade, o respeito ás leis e aos poderes
constituidos do paiz;
(♦) Os estatutos acham-se registrados na Capital Federal sob o
de ordem 486 e 102.292 de 22 de Maio de 1911, e em S. Paulo sob
° n.° 344 de 5 de Dezembro de 1911 e averbados sob 0 n.° 1 de 26 de
Maio de 1924.
II ESTATUTOS DO CIRCULO ESOTERICO

70 Fomentar relações com outras aggremiações conge-


neres, quer nacionaes, quer extrangeiras.
Artigo 2.o — O “Circulo Esotérico da Commnhão do Pen­
samento” constará de illimitado numero de membros, sem dis-
tincção de sexo, nacionalidade, côr, posição social ou crença.
Artigo 3.° — A filiação no Circulo será feita mediante pe­
dido por escripto do pretendente, com a declaração de se com-
prometter a bem cumprir os seus deveres para com o Circulo.
Artigo 4.° — São as seguintes as categorias dos membros
do Circulo: Effectives, accumulativos, bemfeitores, honorários
e remidos.
Artigo 5.° — Effectives são os filiados que pagarem no
acto da admissão 30$000 correspondentes ao primeiro anno e
lõ$OOO por annuidade subsequente. Para o extrangeiro, 60$000
de filiação e 20$000 de annuidade nos annos seguintes.
§ Unico — O anno social termina sempre no mez de JU­
NHO DE CADA ANNO.
Artigo 6.° — Accumulativos são os que pagarem, quando
admittidos, 15$000 de taxa de inscripção e 5$000 de annuidade
nos annos subsequentes, não tendo, porém, direito a receberem
as instrucções e a revista de que tratam as letras l) e c, § l.°
do art. ll.o.
§ Unico — O membro accumulative só poderá ser admitti-
do por proposta de um seu parente já filiado no Circulo.
Artigo 7.° — Bemfeitores são os membros que prestarem
serviços relevantes ao CiVculo ou a elle fizerem vultuosos do­
nativos.
Artigo 8.° — Honorários serão os grandes vultos que. ou
pela imprensa, pelo livro o upela tribuna, tenham desenvol­
vido uma propaganda efficiente em beneficio dos ideaes de­
fendidos pelo Circulo.
Artigo 9.° — Remidos são os que contribuírem de uma só
vez com a importância de 2008000. Para o extrangeiro 300$.
§ l.° — Ficam os socios remidos obrigados a communicar
annualmente á directoria do Circulo o seu endereço, para a
boa ordem na remessa da revista e na falta da communicaçao
será aquella suspensa.
Artigo 10.° — São deveres dos filiados:
§ l.° — Porem-se em communhão mental com os demais
membros uma vez ao dia (horas e instrucções reservadas).
§ 2.o -— Praticarem os exercícios que lhes são recommen-
dados, mantendo secretas as instrucções que lhes forem mi­
nistradas.
ESTATUTOS DO CIRCULO ESOTERICO III

§ 3.° — Empregarem todos os esforços na propaganda dos


ídeaes do Circulo, procurando angariar o maior numero de
adeptos, attenta á consideração de que quanto. maior1 fôr o
numero dos trabalhadores, tanto mais poderosa serã a sua
acção no Plano Invisivel.
§ 4.° — Prestarem todo o seu concurso moral e material,
acceitando as incumbências que lhes forem confiadas pelo Su­
premo Conselho.
§ 5.° — Pagarem pontualmente as suas contribuições an­
nua es.
Artigo 11.° — Todo filiado quite terá direito ao seguinte:
§ l.° — Receber gratuitamente as publicações abaixo:
a) Diploma de filiação;
fr) Instrucções esotéricas e exotericas;
c) Revista mensal “O Pensamento”.
§ 2.° — Gosar das regalias de que trata o art. 24.
NOTA — As importâncias pagas pelos filiados nas suas,
contribuições são correspondidas pelas publicações que recebem.
Artigo 24.° — As sessões exotericas terão lugar’ ás segun­
das-feiras, ás 20 h. 30 em ponto (8 e meia da noite) podendo
ser assistidas por todos os membros que estiverem quites com
o Circulo.
Artigo 2õ o — Só será permittido o ingresso aos profanos
nas sessões exotericas quando se fizerem acompanhar por fi­
liados do Circulo, que pela conducta dos mesmos se respon­
sa bilisem.
Artigo 26.° — Servirá de ingresso na séde do Circulo o
documento que prove achar-se o filiado quite com as suas con­
tribuições. (Recibo de filiação ou annuidade).
Artigo 47.° — Ao associado que não renovar sua annui­
dade dentro de tres mezes de seu vencimento, isto é, até o dia
de Setembro de cada anno, perderá o direito ás regalias de
que tratam as letras a, b e c, § l.° do art. 11.° e o art. 24.
Artigo 48.° — Na hypothese de que trata o art. precedente,
o considerado decahido o associado, podendo, entretanto, ser
readmittido logo que satisfaça as suas contribuições em atrazo.
Artigo 49.° — Os nomes dos filiados no Circulo, só figu­
*
rarão no registro do Supremo Conselho e sobre todos os as-
uimptos exotericos serão impressos por numeração.
Aos interessados., enviaremos estatutos completos, bastando pe-
dil-os á séde : — Rua Rodrigo Silva, 23 — São Paulo (Brasil).
COMO DEVEM ESCREVER PARA PEDIR SUA INICIAÇÃO NO CIRCULO:

IOD-HÉ-VATJ-HÉ

Circulo Esotérico da Communhão do Pensamento

Rua Rodrigo Silva, 23 — S. PAULO (Brasil)

Obrigo-me, sob palavra de honra, a não fazer mau uso dos


conhecimentos que adquirir por intermédio do “Circulo Esoté­
rico da Communhão do Pensamento33, a evitar meu embruteoi-
mento pelo abuso do álcool e a cumprir com os deveres sotáaes,

ASSIGNATÜRA

Nome ............................................. -............-.................................... ......


Logar de residência .................. ........................................ ...............
Rua ................................................................................... N.o .............
Estado de................................................ Paiz.....................................

), de con-
P. 8. — Inclusa envio a contribuição de 30$000 (*
. formidade com o artigo 5.° dos Estatutos, afim de que me se~
•* jam remettidas as Instrucções, etc., para a indicação acima.

(*
) Enviar mais 2$000, se quizer que as Instrucções sejam re­
mettidas todas sob registro do correio.
A filiação com direito ás Instrucções ricamente encadernadas em
3 volumes e bem acondicionadas numa caixinha, 40$000, indo tudo
registrado pelo correio.
Para o extrangeiro, 60$000; com as Instrucções encadernadas,
70$000.

Toda a correspondência deverá ser dirigida ao CIRCULO


ESOTERICO — Rua Rodrigo Silva, 23 — S. Paulo (Brasil).
INSTITUTO DE SCIENCIAS HERMÉTICAS
(PSYCHOLOGIA EXPERIMENTAL)
ASTROLOGIA. — De todas as seu estado e suas condições: basta
artes adivinha torias, a Astrologia é saber como e querer agir! — Preço:
a mais completa. O conhecimento 10$000. Pelo correio, 11$000.
da astrologia constitue um verdadei­ GRÃPHOLOGIA. — Este é um
ro guia na vida, fornecendo ao estu­ tratado positivo e experimental so­
dante uma directriz certa para pro­ bre o modo de conhecer o caracter,
gredir na vida. Todos temos qualida­ aptidões e qualidades pelas formas
des para obter exito, fazer fortu­ da letra. E’ muito util para o ho­
na, gosar das boas cousas que a vida mem que trabalha numa profissão
nos offerece, porém ignoramos o ca­ commercial e relacionada com o pu­
minho que devemos seguir para isso blico, pois pela assignatura ou al­
e, muitas vezes, procuramos a feli­ gumas linhas de manuscripto, pode
cidade e o progresso onde só pode­ conhecer o intimo do indivíduo com
mos encontrar soffrimento e insuc- quem está tratando. — Preço:
cesso. — Preço: 30$000. Pelo cor­ 10$000. Pelo correio, 11$000.
reio, 31$000. HYPNOTISMO. — Quer dominar
CHIROMANCIA. — Este é o mais sobre as multidões, fascinar os ou­
completo tratado que ha sobre a tros com o olhar? Estude o hypno-
arte de ler a mão. A pessoa que o tismo. Nelle encontrará a origem do
conheça bem, está habilitada a des­ poder dos fakires, apprenderã a fa­
cobrir os mais intimos segredos das zer a transmutação das cousas. Os
outras, a predizer-lhe o futuro e a processos aqui revelados para a ac-
revelar-lhe o passado em todos os quisição do poder
* hypnotico são, in-
seus detalhes. Além disso, cada qual contestavelmente, superiores a quaes-
apprende a conhecer a si mesmo, a quer outros, permittindo ao estu­
analysar seu lado fraco e a prever dante ser bem succedido desde os
quando terá prosperidade e quàndo primeiros ensaios. As experiencias
o destino lhe será adverso, podendo, variadas que este tratado apresen­
assim, prevenir-se em tempo. — Pre­ ta são simples e fáceis de serem
ço: 10$000. Pelo correio, 11$000. realisadas, ao mesmo tempo que
EDUCAÇÃO PESSOAL. — Quem exercem uma notável influencia so­
seguir as lieções de educação pes­ bre o publico. O professor encontra
soal, em pouco tempo se torhará os meios de educar seus alumnos e
outro homem. Tem falta de memó­ desenvolver-lhes as boas qualidades,
ria ou intelligencia fraca? A licção o pae de família apprende a corrigir
VI ensina a desenvolvel-a assombro- seus filhos, a dar-lhes vida e saude.
samente. Quer adquirir a influen­ — Preço: 10$000. Pelo correio, 11$.
za pessoal? Quer fazer fortuna? MAGIA. — Este tratado mostra a
A licção VII ensina os meios de o magia sob seu verdadeiro aspecto,
conseguir. Este tratado ensina o ho- dando instrucções claras e praticas.
*
Iaeni a remodelar-se e a se refazer As instrucções são divididas em tres
coxnpletamente, por peor que seja o graus. As do primeiro grau ensinam
a obter dominio sobre as cousas de culdades transcendentaes, como, por
interesse material, no segundo gr'au exemplo, a psychometria, a visão á
entrará em contacto com os entes distancia, o desdobramento. Na li.c-
astraes e no terceiro grau com as ção IX, apprende-se a combater to *
jerarchias celestes e os espiritos pla­ das as doenças por meio do magne­
netários. E’ muito util a todo estu­ tismo. — Preço: Í0$000. Pelo coi>
dante sério do occultismo, apresen­ reio, ll$000.
tando vistas novas e originaes e in- RADIOPATHTA. — O Sol consti
*
dicando-lhe o caminho seguro para tue um precioso elemento para o
veneer o Phantasma do Humbral. — tratamento das doenças, por mais
Preço: 20$000. Pelo correio, 21$000. graves que sejam. A applicação
MEDICINA OCCULTA. — E’ uma dos raios solares e das irradiações
exposição completa da. verdadeira humanas no tratamento das doenças
medicina universal. E’ um comple­ constitue o objecto da rad/iopathitâ
mento indispensável «aos conheci­ O verdadeiro meio de renovar a nai
mentos medicos da sciencia actual. tureza humana é pelo emprego dos
A verdadeira origem das doenças e raios solares. O tratamento da&
suas causas reaes são estudadas de doenças mais graves pode ser per-
modo a ficarem completamente es­ feitamente emprehendido por qual *
clarecidas. Os conhecimentos neces­ quer pessoa, por mais pobre que
sários ao verdadeiro medico são ex­ seja. Moysés, que conhecia a enor­
postos com toda clareza. Um dos co­ me importância que têm os raios
nhecimentos mais necessários ao solares na purificação do corpo hu *
medico é o dos orgãos atacados e o mano e na renovação do sangue 0
da determinação exacta das doenças, dos tecidos, estabeleceu certas re *
não pelos seus nomes, mas pelos gras de purificação em que os raios
symp tomas reaes que apresentam. O solares têm papel importante. —
medico que conhece a medicina oc­ Preço: 10$000. Pelo correio, ll$000.
culta pode descrever a doença, sem PHYSIOGNOMONIA p PHRE-
mesmo ter visto o doente. — Preço: NOLOGIA. — Este tratado comple­
10$000. Pelo correio, 11$000. to sobre a arte de conhecer o ho­
MAGNETISMO. — Este tratado mem pelas formas de seu rosto, seu
ensina de tal modo a adquirir a for­ olhar, seu porte, seus gestos, tem
ça magnética que, em pouco tempo, vastíssima applicação na vida pra­
se pode causar assombro pelos phe­ tica, em que quasi sempre encon­
nomenos prodigiosos. O pensamento tramos pessoas que estão destinadas
do estudante, orientado pelo metho- a prejudicar-nos por uma forma ou
do aqui exposto, será uma poderosa outra. A physiognomonia nos revela
alavanca para demolir todas as bar­ as qualidades boas ou más das pes­
reiras que se lhe apresentarem na soas e nos permitte avaliar sua ho­
vida. A licção IV ensina a vencer a nestidade, sinceridade e capacidade
timidez e dominar as emoções. Na para as luetas da vida. — Preço:
licção V, apprende-se a adquirir fa­ 10$000. Pelo correio, ll$000.
PEDIDOS A’ LIVRARIA O PENSAMENTO”
Rua Rodrigo Silva, 40 S. Paulo — (Brasil)
5
FELICIDADE, FORTUNA E SAUDE
somente podem ser obtidas pelo conhecimento das forças psy-
chicas, educação do pensamento e desenvolvimento da vontade,
de aécordo com o extraordinário livro:

MAGNETISMO PESSOAL
------------ de H. DURVILLF ----------- I;
Este volume deve ser o companheiro inseparável de todos, ]
quer do pobre, quer do rico, pois cada um encontrará nelle aquil- (
lo de que mais necessita para ser feli», porquanto nos ensina a ]
desenvolver a vontade e a energia mental; a conquistar a sym- ।
pathia, o amor e a ]
confiança; a alcan- j
çar exito nos empre
* •
hendimentos e ven- ।
cer todos 0» obsta- ]
culos que se oppõem ।
aos nossos desejos; '
a adquirir autorida- t
de sobre os outros, ’
tornando-os instru- ।
men tos do nosso '
progresso} a obter ।
as melhores posi- ]
ções na vidà; a ।
conservar a nossa ]
saude ou a adquL ।
ril-a e a permanecermos sempre jovens de espirito e de corpo. ]
Tudo isso se obtém pela acquisição do magnetismo pessoal, que ।
existe em estado latente em todos nós. O desenvolvimento das ]
forças magnéticas no homem obedece a certas leis que, sendo ।
conhecidas e applicadas, levam o individuo á saúde, ao bem- •[
estar e á felicidade. Foi com esse intuito que o prof. Durville ।
publicou esta obra, simples e pratica. Bello volume, ornado de [
numerosas gravuras e impresso em papel superior. — Preço: ।
Brochado, 5$000; encadernado, 7$000. Pelo correio mais 500 réis. ]
PEDIDOS A’ LIVRARIA “O PENSAMENTO” I
Rua Rodrigo Silva N.° 40 —------ São Paulo--------- (Bràsil) J
ÍEMPRESA EDITORA “O PENSAMENTO”!
í — ---------------CASA FUNDADA EM 1907 (EDIFÍCIO PROPRIO)---------------------- M

EXTRACTOD O CATALOGO
A Anthroposophia, enc. 6$, broch. 4$000 Magia Theurgica (do Instit.), broc. 20$000 i
A Chave dos Grandes Mysterios, Magnetismo Pessoal, enc. 7$, broc. 5$000 I
encadernado 25$000, brochado . 20$000 Medicina Occulta (do Instit.), broc. 10$000 |
Adaptação Magica, enc. 4$, broch. 2$000 Methodo .de Hypnotismo, encader­
A Felicidade pelo Pensamento, en­ nado 7$000. brochado ............ 5$000 T
cadernado 5$000. brochado .... 3$000 Mysterio Sacerdotal, enc. 5$, broc. 3$000t
A Grande Mensagem, enc. 7$, broc. 5$000 No Jardim da Alma, brochado .... 2$000 T
A Iniciação. Egypcia, enc. 5$, broc. 3$00ô Nossa Vida durante o Somno, en­
Alchimia Mental, enc. 5$, brochado 3$000 cadernado 5$000, brochado .... 3$00Ó 1
A Maravilhosa Fonte Interna, en­ O Adepto, encad. 5$000, brochado 3$000 |
cadernado 6$000, brochado ......... 4 $000 O Christianismo Esotérico, enca­ 7$000 I
Amor e Sacrifício, enc. 5$, broch. 3$000 dernado 10$000, brochado .......
A Renovação do Homem, encader­ O Espirito Consolador, enc. 7$, br. 5$000 •
nado 5$000, brochado ................ 3$000 O Filho de Zanoni, enc. 15$, broch. 10$000 !
As Forças do Bem e do Mal, enca­ O Homem conforme a Magia, en­
dernado 5$000, brochado .... 3$000 cadernado 5$000, brochado .... 3$000 I
Astrologia (Tratado de), brochado 30$000 O Iniciado Indiano e a Feiticeira 3$000 t
A Usina Humana, enc. 7$. brach. 5$000 Russa, encad. 5$000, brochado ..
A Vida Triumphante. enc. 5$. broc. 3 $000 O Occultismo e o Amor, enc. 7$, br. 5 $000.'J
Caminho da Realisação, enc. 7$, br. 5 $000 O Poder da Vontade, enc. 7$. broc. 5$000 ?
Catecismo Espirita, brochado .... $500 O Poder do Desejo, enc. 7$, broch. 5$000 f
Christianismo Mystico, enc. 7$, br. 5$000 O Poder Espiritual, enc. 7$, broch. 5$00Õ ?
Como desenvolver as Faculdades O Poder Regenerador, enc. 7$, br. 5$000 I
Intuitivas, encad. 5$000, broch.. 3$000 O Problema do Além e dQ Destino,
Como fazer se Yogi, enc. 6$. broch. 4$000 encadernado 7$000, brochado .. 5$0004
Como governar as Forças Astraes, Os Pensamentos são Cousas, enca- *• *
encadernado 5$000, brochado . . 3$000 dernado 5$000, brochado ....... 3 $000
Consciência Cósmica, enc. 7$. broc. 5$000 O Sonho da Esphinge, enc. 7$, broc. 5$000
Cruz de Caravaca, enc. 3$, broch. 2$000 Padre Nosso Esotérico, brochado ... 1$000
Curso de Iniciação Esotérica, en­ Para combater o Medo, brochado . 1$000-
cadernado 15$000, brochado ... 10$000 Pelas Portas de Ouro, enc. 6$. broc. 4 $000
Em hesrpanhol, enc. 25$. broch. 208000 Phenomenos Psychicos, enc. 7$, br. 5$OQO
Diário dos Invisíveis, enc. 7$, broc. 58000 Physiognomonia e Phrenologia (do
Discursos sobre a Verdade, broch. 2$Ó00 Instituto), brochado.................. 108000 I
Doutrina Secreta dos Rosacrucia- Preces Espíritas, enc. 2$000, broch. $500 |
nos, encadernado 10$000. broch. 7$000 Propedêutica Respiratória, encader­
Elementos de Chiromancia, enca­ nado 30$000, brochado 25$000 •
dernado C$000, brochado ............ 4$000 Psychomancia Pratica, encad.’ .... 5$000 |
Ensaio sobre a Evolução da Idéa, Que é o Occultismo?,’brochado .. 2$000 |
encadernado 58000. brochado . . 3$000 Realização do Homem Superior, en­
Estudo da Religião,- enc. 7$, broc. 5$000 cadernado 4$000. brochado .... 2$000 ?
Força Attractiva do Pensamento, Reencarnação, encad.. 7$000, broch. 5$000 |
encadernado 7$000, brochado . . 5$000 Religião do Amor e da Belleza, en­ 5$0O0 |
Forças Occultas, encad. 15$. broch. 12$000 cadernado 7$000, brochado ....
Gnani Yoga, encad. 7$000, broch. õ'$000 Sciencia da Cura Psychica, enca­ 4$000 I
Guia da Mediumnidade, encaderna- dernado C$000, brochado .......
nado 6$000, brochado .................. 4$000 Sciencia Secreta, 2 volumes, enca­
Homeopathia Domestica Brasileira, dernados 50$000, brochados . . . 40$000 ?
encadernado 7$000, brochado . . 5$000 Simão o Mago, enc. 5$000. broch. 3$000 ?
Ideas e Commentaries, brochado . 3$000 Swaramadra (Medida da Respira­ ?
Jesus, encadernado 7$000. broch. 5$000 ção), brochado ..................... . . 3$000 |
Lei da Vida, enc. C$000, brochado 4$000 Um Romance de Dois Mundos, en­
Leitura Pratica do Pensamento, en­ cadernado 7$000, brochado . .. 5$000 4
cadernado 5$000, brochado .... 3$000 Vantagens da Riqueza, enc. 4$, br. 28000 l
Luz no Caminho, enc. 5$, brochado 3$0O0 Voz da Natureza, brochado ............ l$000 ç
Magia do Sertão, enc. 7$, brochado 5$00G * Zanoni, encad. 25$000, brochado . 20$000
Pelo correio: quantia inferior a 10$, mais $500 por vol.; de 10$ para cima, mais 1$ |
Pedidos á Livraria O Pensamento - Rua Rodrigo Silva, 40 - S. Paulo I

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