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Novo marco do saneamento pode gerar onda de privatizações de empres... https://www.estadao.com.br/economia/novo-marco-do-saneamento-pod...

Novo marco do saneamento pode


gerar onda de privatizações de
empresas que valem R$ 140 bilhões
Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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Legislação atual impõe uma série de barreiras para que companhias passem por um processo de
desestatização, e a principal delas é a extinção automática dos contratos de prestação de serviço vigentes
quando há perda do controle acionário

Por Anne Warth e Amanda Pupo

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Novo marco do saneamento pode gerar onda de privatizações de empres... https://www.estadao.com.br/economia/novo-marco-do-saneamento-pod...

11/12/2019
| 22h54

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BRASÍLIA - O novo marco regulatório do saneamento tem como


maior objetivo ampliar o acesso da população aos serviços de água e
esgoto, e a lei dá o caminho para que haja uma onda de privatizações
de empresas estatais. Juntas, as 22 estatais valem, hoje, R$ 140
bilhões, segundo o Ministério da Economia.

O texto-base foi aprovado nesta quarta-feira, 11, pelo plenário da


Câmara e deve seguir para o Senado assim que for concluída a
votação dos chamados destaques (sugestões de alterações).

Para o governo, a meta de universalização desses serviços básicos até


2033 não será cumprida sem participação privada – hoje, presente em
apenas 6% das cidades brasileiras. 

Atualmente, pouco mais de um terço dos brasileiros vive em


domicílios sem coleta de esgoto e 15% da população não é atendida
com abastecimento de água. A estimativa é que a universalização
demande investimentos de R$ 600 bilhões a R$ 700 bilhões.

O novo marco também é uma tentativa de organizar um setor que


tem regulação fragmentada. A titularidade dos serviços de
saneamento é dos municípios. A maioria das empresas públicas que
atuam na área pertence aos governos estaduais. Há pelo menos 52
entidades reguladoras que cobrem os serviços de saneamento em
cerca de três mil cidades, mas 48% dos municípios não possuem
nenhum tipo de regulação. 

Já o �nanciamento dos investimentos é federal, dominado pelos


bancos públicos Caixa e BNDES, com prazos de até 34 anos e
garantias asseguradas pelos próprios ativos ou recebíveis.

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Com o novo marco regulatório, os Estados poderão privatizar suas


estatais de forma facilitada. A legislação atual impõe uma série de
barreiras para que essas companhias passem por um processo de
desestatização, e a principal delas é a extinção automática dos
contratos de prestação de serviço vigentes quando há perda do
controle acionário.

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O novo marco possibilita que os contratos em vigor continuem a valer


– o que eleva o valor de mercado das companhias. Hoje, apenas três
empresas têm capital aberto na bolsa – Copasa (MG), Sanepar (PR)
e Sabesp (SP). Em todos os casos, para não perder os contratos, os
governos venderam fatias, mas mantiveram o controle das empresas.
Pela nova lei, se quiserem, os Estados poderão vender 100% de suas
ações.

Em crise, os Estados têm tido di�culdades para pagar o funcionalismo


público, o que têm reduzido o volume de investimentos necessários
para ampliar a cobertura dos serviços de saneamento. E as
ine�ciências do setor público têm prevalecido. Em 2017, por exemplo,
mais da metade (51,2%) da receita dessas empresas foi utilizada para
pagar salários, enquanto os investimentos foram apenas 16,6% do
total.

Com o novo marco, quando decidirem “delegar” o serviço de


saneamento ou quando o contrato com uma estatal estadual vencer, o
município deverá, obrigatoriamente, realizar uma licitação para
contratar uma empresa para fornecer o serviço de água e esgoto. Pela
legislação atual, a maioria (70%) fecha contratos diretamente com as
estatais estaduais, sem licitação.

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Com a concorrência pública, poderão se candidatar para prestar o


serviço em um município ou em um conjunto deles, além da estatal
estadual, empresas privadas que já atuam no setor e novas
companhias que se interessarem em entrar no mercado. A presença
de grandes empresas como a BRK Ambiental, Aegea e GS Inima no
País é prova disso. Hoje, o setor privado já atua nos poucos municípios
que �zeram licitações.

Diversos aspectos favorecem a entrada do setor privado no


saneamento básico. Além da obrigação dos municípios de realizar
licitação, o momento econômico que o País vive, com queda da taxa
básica de juros em 4,5% ao ano, favorece a entrada do setor privado
nesse tipo de investimento. A taxa interna de retorno do saneamento
é de 9,5% ao ano, o que desmonta alegações de que o setor é
economicamente inviável e demanda a presença de empresas
públicas.

Tarifas

O texto também institui a Agência Nacional de Águas (ANA) como


órgão formulador de diretrizes regulatórias para o setor, inclusive
com a metodologia para de�nição das tarifas pagas pelos
consumidores. A ideia é centralizar na ANA a edição de “normas de
referência” para serem adotadas pelas agências reguladoras
estaduais, municipais e empresas do setor.

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No Congresso, a discussão sobre privatizações sempre é polêmica,


principalmente devido à resistência política de governadores e ao
temor de aumento das tarifas para consumidores. A preocupação, no
entanto, não encontra respaldo em indicadores. As tarifas das

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empresas privadas são também muito semelhantes às cobradas pelas


estatais, segundo a associação do setor, a Abcon - R$ 3,75 por metro
cúbico nas privadas e R$ 3,64 por metro cúbico nas estatais.

Outro estudo do Ministério da Economia divulgado mostrou que,


entre 2010 e 2017, 15 das 25 empresas estaduais de saneamento
aumentaram as tarifas acima da in�ação, mas realizaram
investimentos médios de R$ 7,4 bilhões por ano - abaixo dos R$ 20
bilhões anuais mínimos estipulados pelo Plano Nacional de
Saneamento Básico.

Projeto de lei substitui a MP do saneamento Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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