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Sinistros na

Construção
Civil

Causas e soluções para


d a n o s e prejuízos e m obras

Maurício Marcelli
Eng.° Civil formado em 1975 pela Es-
cola de Engenharia da Universidade
M ackenzie. Iniciou sua carreira profis-
sional como projet ist a e durante 15
anos atuou como calculista de estru-
t uras de concret o arm ad o , prot en-
dido, metálica e madeira, desenvolven-
do inúm ero s p ro jet o s, inclusive de
obras-de-arte e estradas.

Trabalhou durante 10 anos na CONESP


(Construções Escolares do Estado de
São Paulo) exercendo as funções de
coordenador de projetos e de obras.
Nessa época teve a oportunidade de
conviver com inúmeros problemas re-
lacionados com erros de projetos e de
execução das obras.

Po st erio rm ent e at uo u no ram o da


co nst rução civil execut and o várias
obras de todos os tipos, inclusive na
adaptação e ampliação de edificações
an t i g as, que o rig inalm ent e f o ram
projetadas para uso residencial e ao
longo do tempo foram sendo trans-
formadas para usos diversos. Experi-
ência que forneceu subsídios para es-
crever o que acreditamos ser um ca-
pítulo único na engenharia civil brasi-
leira: SIN ISTROS DEVIDO A REFOR-
MAS SUCESSIVAS.

Nos últimos 7 anos, tem atuado como


consultor de engenharia civil e perito
Junto às companhias seguradoras, par-
ticipando ativamente de inúmeros si-
nistros de incêndios, vendavais, des-
moronamentos, alagamentos, dentre
outros. Atividade esta que tem forne-
cido uma rica fonte de contato com
inúmeras e variadas situações catastró-
ficas na engenharia civil, estimulando a
necessidade de identificar causas e
apont ar soluções com desem penho
técnico e econômico otimizados.
Sinistros na
Construção
Civil

Causas e soluções para


d a n o s e prejuízos e m o b r a s

Maurício Marcelli

PIN!
SINISTROS NA CONSTRU ÇÃO C IVIL
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Todos os direit os dc reprodução ou tradução reservados pela Ed it o ra Pini Lt d a.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Marcelli, M a u r í c i o
Sinistros n a c o n s t u r ç ã o civil: causas e
soluções p a r a d a n o s e prejuízos e m obras /
Maurício Marcelli. ~ São Paulo: Pini, 2007

ISBN 978-85-7266-178-2

1. C o n s t r u ç ã o - A c i d e n t e s 2. C o n s t r u ç ã o -
Falhas 3. Engenharia civil I. Título.

07-1251 CDD-690.2Ó

índ ices p ar a cat ál o g o sist em át ico :

1. C o n s t r u ç ã o civil: Sinistros: Tecnologia


690.26
2. Sinistros na c o n s t r u ç ã civil: Tecnologia
690.26

Co o r d en ação d c M an u ai s Técn i co s: Jo siani So u za


D i ag r am ação yxvutsrponmlihgfedcbaVTSRPONMLIHGFEDCBA
e cap a: Lu n a Go u v ei a
Revi são : M ô n i ca Co st a

Ed it ora Pini Lt d a.
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Fo ne: (11) 2 1 7 3 - 2 3 2 8 - Fax: (11) 2 1 7 3 - 2 3 2 7
Sit e: vvw w .p i n i w eb .co m - E- m ai l : m an u ai s@p i n i .co m .b r

a
1 ed i ção
a
3 t irag em : m arço / 10
APRESENTAÇÃO

A m aioria das pessoas ent ende por sinistro apenas os acident es ocorridos na natureza ou nas edificações,
do tipo incêndio, queda de m uro de arrim o, colap so de um prédio, desmoronament o de terra e outras
sit uações cat ast róficas.

N o ent ant o, vam o s ab o rd ar o t em a sinist ro co m o t udo aq uilo q ue causa d ano s o u p rejuízo s e,


nesse sent id o, o b servarem o s q ue exist e um a g am a eno rm e de sit uaçõ es co m essa caract eríst ica
nas ed if icaçõ es.

Nosso objet ivo co m este trabalho é mostrar os sinistros m ais co m uns na engenharia civil, discutindo
suas event uais causas e possíveis soluções, procurando tratar os temas de forma sim ples, co m a fina-
lidade de alertar os q ue t rabalham co m projetos e execução de edificações, para algumas situações
|x?ssíveis de resultarem em danos ou prejuízos.

N ão iremos entrar no mérito do dim ensionam ent o m at em át ico dos temas que aq ui serão analisados,
nem avaliar co m profundidade a co m p lexid ad e de alguns assuntos, tendo em vista que vários casos
exig em esp ecialização profissional e conhecim ent o es|)ecífico d a matéria.

Pretendemos oferecer a todos os profissionais que at uam ou pretendem atuar nessa área d a engenharia
civil uma literatura q ue os ajud e a identificar as possíveis causas e conseqüências de algumas anomalias
que ocorrem em nossas edificações, e apresentar soluções alternativas para sanar esses problemas.

Consideramos oportuno cham ar a at enção das universidades de Engenharia Civil do Brasil para a neces-
sidade de se criar um a cadeira de ensino voltada para esse t ema, |X)is temos observado que cs alunos,
principalmente das boas escolas, co ncluem o curso conhecendo a maneira correta de co m o deve ser
feito, mas via de regra eles têm muita dificuldade para lidar co m situações adversas, principalmente co m
os erros ou falhas, quer nas fases de projeto, execução da obra, quer após a sua conclusão.

Entendemos e concord am os co m a obrigatoriedade de o aluno aprender a forma correta de co m o


deve ser feito, no entanto ele precisa ser preparado t am bém para perceber as |X)ssíveis situações de
risco, co m algum pot encial para produzir danos ou p rejuízo s.

Q U EM A PLA UD E SEUS ERROS, Q U ER VER A SUA DERROTA.

Eng. M aurício M arcelli


Diretor Técn ico d a Crit ério Engenharia
AGRADECIM ENTOS

A m i n h a esp o sa, M ar i a St ella Barb ieri M ar cel l i , p ela p aci ên ci a e in cen t ivo s co nst ant es; a
m eu f ilho Leo nard o M ar cel l i , p el a d ed i cação e car i n h o co m q ue fez t odos o s d esenho s q ue
ilust ram este livro ; aos q uerid o s am ig o s, eng . N elso n Sho t aro Yo ko i, excel en t e calcu list a q u e
nos d eu ab rig o e ap o io m o ral; eng . Fred erico Falco n i, esp ecialist a em f und açõ es e m ecân i ca
dos so lo s, q ue en riq u eceu nosso m od est o t rab alho f azen d o a revisão / co rreção co m im port an-
a
tes co m en t ário s so b re o s assunt o s referent es ao so lo ; eng Selen e Aug ust a d e So usa Barreiro ,
co m p an h ei r a d e t rab alho por vário s ano s, q ue t eve a p aci ên ci a p ara ler e co m ent ar o seu
co n t eú d o co m m uit a co m p et ên ci a, exp er i ên ci a e p ro p ried ad e; e, f inalm ent e, ag rad eço a Deu s
p ela o p o rt unid ad e q ue m e d eu p ara p ro d u zir est e livro , n u m m o m ent o d e g rand es d if iculd a-
d es, m as d e p lena co n vi cção no seu am o r p ela h u m an id ad e e no p od er d o t rab alho execut a-
d o co m car i n h o e d ed i cação .
Sumário

1. CON SI D ERA ÇÕES I N I CI A I S 11

2. SI N I ST RO S EM OBRA S DE TERRA 13
2.1. Generalidades 13
2.2. Aterro sobre solo fraco 14
2.3. Aterro sobre solo inclinado 14
2.4. Aterro com solo impróprio 15
2.5. Aterro executado em camadas com espessura elevada 15
2.6. Aterro mal compactado 16
2.7. Inclinação inadequada dos taludes 16
2.8. Aterro com presença de dutos hidráulicos 17
2.9. Terraplenagem sem tratamento adequado das águas pluviais 17
2.10. Abertura de valas 18
2.11. Sinistro devido à sobrecarga ou corte no talude 19
2.12. Sinistro devido a at erro com presença de turfa ou argila
orgânica em camadas inferiores 21
2.13. Algumas soluções para estabilizar taludes 23
2.13.1. Alívio do empuxo 23
2.13.2. Execução de drenos 23
2.13.3. Impermeabilização da superfície 24
2.13.4. Est rut uras de contenção para estabilizar taludes 25

3. SI N I STRO S EM M UROS DE A RRI M Os 27


3.1. Generalidades 27
3.2. Sinistros em arrimos devido à fundação inadequada 28
3.2.1. Sinistro em arrimos com sapat a corrida 28
3.2.2. Sinistro em arrimos com fundação em est acas 29
3.3. Sinistro em arrimos sobre terreno inclinado 30
3.4. Sinistro em arrimos mal projetados 30
3.5. Sinistro em arrimos com sist em a de drenagem deficiente 31
3.6. Sinistro devido à abertura de valas próximas de muros de arrimc 32
3.7. Sinistro devido à sobrecarga em muro de arrimo 33
3.8. Sinistro em muros de arrimo de alvenaria est rut ural 33

4. SI N I STRO S D EVI D O A RECA LQUES N AS FUN DA ÇÕES 35


4.1. Generalidades 35
4.2. Sinistro devido à fundação em solo compressível 36
4.3. Sinistro devido à fundação direta sobre solo "fraco" 38
4.4. Sinistro devido à fundação direta em aterros 39
4.5. Sinistro devido à fundação profunda em aterros 39
4.6. Sinistro devido as falhas na execução de est acas 41
4.6.1. Est acas fora da posição correta 42
4.6.2. Erros de cravação 42
4.6.3. Nega falsa 43
4.6.4. Erros em est acas moldadas no local 44
4.7. Sinistro devido a edificações sobre corte e at erro 45
4.8. Recalque devido a rebaixamento do lençol freático 46

5. REFORÇO DE FUN DA ÇÕES 49


5.1. Generalidades 49
5.2. Análise dos danos exist ent es 50
5.3. Medição da evolução das anomalias 50
5.4. Análise da infra- estrutura e do solo 50
5.5. Análise da superest rut ura 51
5.6. Definição da causa e do reforço da fundação 51
5.6.1. Reforço com est aca de reação 52
5.6.2. Reforço com est aca raiz 53
5.6.3. Reforço com injeção de calda de cimento no solo 54
5.6.4. Reforço com brocas 54
5.6.5. Reforço com sapat as 55

6. SI N I ST RO S POR FA LH A S NO PROJETO ESTRUTURA L 57


6.1. Generalidades 57

7. SI N I STRO S POR TRA VA M EN TO I N A DEQUA DO DOS PI LA RES 61


7.1. Generalidades 61

8. SI N I STRO S POR FA LTA DE JUN TA DE DI LA TA ÇÃ O


E M OVI M EN TA ÇÃ O 63
8.1. Generalidades 63
9. SI N I STRO S POR FA LH A S EM FORM A S E ESCORA M EN TOS 67
9.1. Generalidades 67
9.2. Abertura de formas em vigas 67
9.3. Abertura de formas em pilares 69
9.4. Deformação vertical do escoramento 70
9.5. Retirada incorreta do escoramento 70
9.6. Perda da calda de cimento do concreto 71

10. SI N I STRO S POR ERROS NO LAN ÇAM EN TO DO CON CRETO 73


10.1. Tempo de lançamento 73
10.2. Altura de queda elevada 73
10.3. Adensament o 74
10.3.1. Adensamento manual 74
10.3.2. Adensamento mecânico 74

11. SI N I STRO S D EVI D O A ERROS NA CURA DO CON CRETO 77


11.1. Generalidades 77
11.2. Cura por irrigação ou aspersão de água 78
11.3. Cura com lâmina de água 78
11.4. Cura com proteção da superfície 79
11.5. Cura molhando as fôrmas de madeira 79
11.6. Cura pela aplicação de pinturas 79
11.7. Cura com aplicação de cloreto de cálcio 79
11.8. Cura a vapor 79
11.9. M embranas de cura 80
11.10. Cura de peças com grande volume 80
11.11. Vibrações ext ernas durante a cura 80

12. SI N I STRO S D EVI D O A A CELERA D ORES DE CURA 81


12.1. Generalidades 81

13. SI N I ST RO S D EV I D O À CORROSÃ O DO AÇO 83


13.1. Generalidades 83
13.2. Edificações em áreas industriais 84
13.3. Edificações em atmosfera marinha 85
13.4. Edificações com vários fatores agressivos 86
13.5. Edificações em atmosfera rural 86
13.6. Edificações em atmosfera viciada 86
13.7. Cobrimento das arm aduras 87
13.8. Processo de corrosão das arm aduras 90
13.9. Corrosão em pontos localizados 92
14. FI SSU RA S NO CON CRETO ARM ADO 95
14.1. Generalidades 95
14.2. Fissuras no concreto devido à retração hidráulica 95
14.3. Fissuras no concreto devido à variação do teor de umidade 96
14.4. Fissuras no concreto devido à variação de temperatura 98
14.5. Fissuras no concreto devido à flexão 99
14.6. Fissuras no concreto devido ao cisalhamento 104
14.7. Fissuras no concreto devido à torção 105
14.8. Fissuras no concreto devido à compressão 107
14.9. Fissuras no concreto devido à punção 111
14.10. Fissuras no concreto devido à corrosão do aço 112

15. REFORÇO OU RESTA URO DO CON CRETO ARM ADO 115


15.1. Generalidades 115
15.2. Limpeza do concreto 115
15.3. Tratamento da ferragem 117
15.4. Emendas das ferragens 117
15.4.1. Emendas por t ranspasse 117
15.4.2. Emendas com luvas 118
15.4.3. Emendas com solda 118
15.5. Restauro das peças de concreto 119
15.5.1. Restauro com concreto projetado 120
15.5.2. Restauro com adesivos à base de epóxi 120
15.5.3. Restauro com arg am assas poliméricas 120
15.5.4. Restauro com graute 120
15.5.5. Restauro com microconcreto ou concreto comum 120

16. EN SA I OS E A N Á LI SES NO CON CRETO 121


16.1. Ensaios não-destrutivos do concreto 121
16.1.1. Ensaio esclerométrico 121
16.1.2. Ensaio com ultra-som 122
16.1.3. Ensaio por gamografia 123
16.1.4. Método eletromagnético 124
16.1.5. Prova de carga 124
16.2. Ensaios destrutivos do concreto 125
16.2.1. Ensaio de compressão em corpos-de-prova 125
16.2.2. Análise termodiferencial e
termogravimétrica do concreto 126
16.2.3. Análise microscópica do concreto 127
16.3. Considerações finais 127
17. V I STORI A EM ED I FI CA ÇÕES COM TRI N CA S 129
17.1. Generalidades 129
17.2. Procedimento durante a vistoria 132
17.2.1. Histórico da edificação 132
17.2.2. Histórico das t rincas 132
17.2.3. Histórico de ocorrências na região 133
17.2.4. Qualidade dos materiais 133
17.2.5. M apeamento das t rincas 133
17.2.6. Inst alações hidráulicas e elétricas 133
17.2.7. M anifestações patológicas 133

18. A N Á LI SE DA S TRI N CA S EM A LVEN A RI A S 135


18.1. Devido a alterações químicas dos materiais 135
18.1.1. Hidratação retardada de cales 135
18.1.2. Ataque por sulfatos 136
18.1.3. Perda de elementos finos 137
18.2. Devido à umidade 137
18.3. Devido ao traço 141
18.4. Devido à espessura 141
18.5. Devido à aplicação 142
18.6. Devido à flexão 142
18.7. Devido ao recalque das fundações 143
18.8. Devido ao excesso de carga 145
18.9. Devido a abert uras 146
18.10. Devido a cargas diferenciadas 147
18.11. Devido a árvores próximas 147
18.12. Devido à deformação do apoio 148
18.13. Devido à rotação da est rut ura 150

19. SI N I ST RO S D EVI D OS À AÇÃO DOS VEN TOS 151


19.1. Generalidades 151
19.2. Coberturas planas de duas águas 157
19.2.1. Vento perpendicular à cumeeira 158
19.2.2. Vento paralelo à cumeeira 159
19.2.3. Vento a 45° em cobertura de duas águas 159
19.3. Coberturas curvas 161
19.3.1. Vento paralelo à cumeeira 161
19.3.2. Vento perpendicular à cumeeira 162
19.3.3. Vento a 45° em cobertura curva 163
19.4. Coberturas múltiplas 163
19.5. Ação dos ventos em beirais 164
19.6. Ação dos ventos em platibandas 165
19.7. Pressão interna 165
19.7.1. índice de permeabilidade 166
19.7.2. Abertura dominante 166
19.7.3. Aberturas normais 167
19.7.4. Aberturas acidentais 168
19.7.5. Aberturas const rut ivas 169
19.8. Considerações finais sobre o vento 171

2 0 . SI N I STRO S EM ESTRUTURA S M ETÁ LI CA S 173


20.1. Generalidades 173
20.2. Caract eríst icas básicas do aço 173
20.3. Propriedades e caract eríst icas do aço est rut ural 173
20.3.1. Elasticidade 175
20.3.2. Ductibilidade/ plasticidade 175
20.3.3. Tenacidade 175
20.3.4. Dureza 175
20.3.5. Fadiga 175
20.4. Tipos de aços est rut urais 176
20.4.1. Aços de alta resistência mecânica e à corrosão 176
20.4.2. Aços de média resistência mecânica
e alta resistência à corrosão 177
20.4.3. Aços resistentes ao fogo 177
20.5. Reações do aço às variações de temperatura 177
20.6. Causas de sinistro em est rut uras metálicas 177
20.6.1. Ação do vento na est rut ura metálica 178
20.6.2. Ausência de contraventamento 178
20.6.3. Dimensionamento insuficiente 179
20.6.4. Ausência de manutenção 179
20.6.5. Sobrecarga adicional 182
20.6.6. Falhas em ligações e apoios 182

2 1 . SI N I STRO S EM ESTRUTURA S DE M A DEI RA


PARA COBERTURA 185
21.1. Generalidades 185
21.2. Tipos de madeira e bitolas 186
21.3. Devido a falhas de projeto e execução 187
21.3.1. Dimensionamento errado das t erças 188
21.3.2. Nó sobre apoio mal projetado 188
21.3.3. Pendurais mal executados 188
21.3.4. Falta de diagonais e t erça fora do nó 189
21.3.5. Folga nas ligações e parafusos mal posicionados 189
21.3.6 Espaçamento errado das t esouras, t erças e caibros 190
21.3.7. Emendas mal execut adas 190
21.4. Qualidade da madeira 191
21.5. Execução das est rut uras de madeira 192
21.6. Est rut uras de madeira erradas e aparentemente est áveis 192
21.7. M adeiras t ransformadas 193
21.7.1. Madeira laminada compensada 193
21.7.2. Madeira laminada 193
21.8. Preservação e tratamento das madeiras 195
21.8.1. Impregnação superficial 195
21.8.2. Impregnação sob pressão reduzida 195
21.8.3. Impregnação sob pressão elevada 196

2 2 . SI N I STRO S D EVI D O A REFORM A S SU CESSI V A S 197

2 3 . I N CÊN D I O 203
23.1. Generalidades 203
23.2. Fenômeno característico do fogo 204
23.3. Classes de incêndio 205
23.4. Temperaturas de fulgor e ignição 206
23.5. Fase inicial e evolução das cham as 206
23.6. Propagação superficial e t ransversal 209
23.7. Elementos de construção 210
23.8. Avaliação da est rut ura no incêndio 211
23.9. Comportamento do concreto no incêndio 213
23.9.1. Condição da água no concreto aquecido 213
23.9.2. Caract eríst icas do cimento no concreto aquecido 214
23.9.3. Caract eríst icas do agregado no concreto aquecido 214
23.9.4. Caract eríst icas da arm adura no concreto aquecido 214
23.9.5. Danos no concreto devido a incêndio 216
23.10. Comportamento do aço no incêndio 218
23.10.1. Tratamento térmico dos metais 218
23.10.2. Aços resistentes ao fogo 219
23.11. Comportamento da est rut ura de aço nos incêndios 219
23.12. Sist em as de proteção das est rut uras metálicas 221
23.13. Controle da propagação da chama e da fumaça 222
23.14. Proteção dos edifícios contra incêndios 223
2 4 . SI N I STRO S D EV I D O À EXECUÇÃ O DE OUTRA S ED I FI CA ÇÕES 225
24.1. Generalidades 225
24.2. Devido a escavações, aterros e tratamento inadequado dos taludes 226
24.3. Devido à presença de águas (m inas, vazam ent os, infiltrações) 231
24.4. Devido ao rebaixamento do lençol freático 231
24.5. Devido à execução de est acas 234

2 5 . M AN UTEN ÇÃO 237

2 6 . ORÇA M EN TA ÇÃ O DE OBRA S SI N I STRA D A S 245


26.1. Generalidades 245
26.2. Particularidade das obras de restauro em edificações sinistradas 247
26.3. Despesas com regularização da obra 247
26.4. Despesas com projetos 248
26.5. Despesas com instalação de canteiro e alojament o 248
26.6. Utilização de equipamentos especiais 248
26.7. Cotação de preços 249
26.8. Imprecisão orçamentária 252
26.9. Avaliação do BDI (Benefícios e Despesas Indiret as) 253
26.10. Apresentação de orçamento 255
26.11. Considerações finais 255

B I B LI O GRA FI A 257
1 Consid erações iniciais

Se fosse p o ssível ab o rd ar a g rand e part e dos caso s de sinist ro o co rrid o s nos últ im os ano s no
Brasil, seriam necessário s alg uns livros para retratar e exp l i car os fatos o co rrid o s.

Pro curand o ser fiel ao esco p o dest e t rab alho , vam o s ch am ar a at enção do leit or para alg uns
erros e falhas q ue se m o st raram m ais co m u n s na nossa eng enharia ci vi l , send o q ue e n alg uns
caso s esses erros não cheg aram a p ro vo car d anos m aio res, d evid o a um a ráp id a e ad eq uad a
int erferência para co rreção do p ro b lem a.

M as o fato é q ue o co rreram vário s sinist ros e por inúm ero s m ot ivos, dent re eles podemos desta-
car os erros d e projet os o u d e o b ra, causad o s p ela g an ân cia, d esco nhecim ent o e neg lig ência
d e alg uns p ro f issio nais q ue at uam nessa área; no ent ant o , f elizm en t e eles são ap enas u m a
p eq uena p ar cela.

Oco r r er am t am b ém m uit o s caso s d e sinist ro em q ue o s p ro f issio nais en vo l vi d o s na co n cep -


ção d a o b ra não t iveram n en h u m a resp o nsab ilid ad e; fo ram aq ueles g erad os por co n d içõ es
ad versas, t ais co m o m u d an ça de uso, alt eraçõ es d as co n d i çõ es lo cais, o b ras vi zi n h as, ação
d o t em p o e d o m ei o am b ien t e, r eb aixam en t o d e len ço l f reát ico , ab alo s sísm i co s e t ant as
o ut ras sit uaçõ es q ue p o d em num d et erm inad o inst ant e alt erar as co n d i çõ es de eq u ilíb rio d e
um a ed i f i cação .

Vam o s ab o rd ar neste t rab alho co m o sinist ro não som ent e os fat os e co n d içõ es q ue p ro vo caram
o co lap so de um a ed if icação , m as t am b ém aq ueles resp o nsáveis p elo s víci o s d e q ualid ad e d e
um a o b ra, q ue são m ais co m u n s nas co nst ruçõ es d e ed if ício s p red iais e ind ust riais e q ue em
alg uns caso s t êm p o t encial para p ro vo car ao longo do t em po elevad o s p rejuízo s.

As pessoas que p art icip am d e projet os e ob ras não d evem se d eixar levar por alg um as so luçõ es
d e d esem p enho d uvid o so , porém ap arent em ent e vant ajo sas na red ução de cust o e prazos, m as
q ue im p liq u em p ro ced im ent o s não reco m end ad o s p ela b o a t écn ica, o u q ue não levem em
co n sid eração todos os crit ério s t écnico s reco m end ad o s pelas no rm as b rasileiras.

O q ue o co rre em alg uns caso s é q ue o p ro fissio nal d esp rep arad o pode se ilud ir co m soluções e
p ro ced im ent o s errad o s, q ue se m ost ram ap arent em ent e at raent es p ela eco no m ia de t em po o u
p elo b aixo cust o, m as, no ent ant o, a exp eriên cia most ra q ue at it udes desse t ipo no rm alm ent e
result am em sinist ros; é só u m a quest ão de t em p o.

Essa co nd ut a às vezes é ind uzid a por m aus p ro fissio nais, q ue se julg am na m aio ria das vezes
m uit o exp erient es e co m p et ent es para d esp rezar as boas t écnicas, e usam co m o argum ent o
p ara defender suas o p iniõ es o fato de j á t erem execut ad o inúm eras obras d aq uele jeit o "erra-
d o " e nunca t iveram nenhum t ipo d e p ro b lem a.

Isso não é verd ad e! O fato é q ue a m aio ria dessas ob ras apresent ou p ro b lem as, só que eles
p ro curam não t om ar co nhecim ent o e, vi a de regra, não assum em as suas resp o nsab ilid ad es,
p referind o at rib uir a cu lp a a out ros fatores d a obra o u a out ros p ro fissio nais. Ag ind o dessa form a
se exi m em de rep arar os d ano s, e o cont rat ant e por sua vez p erd e a co n f ian ça no dit e "profis-
sio n al" , p referind o q ue out ros f açam os d evid o s reparos, o q ue p erm it e q ue ele realm ent e acre-
d it e na ef iciên cia das suas so luçõ es errad as.

Devem o s levar em co n sid eração q u e p o d em o s enco nt rar o b ras execu t ad as sem o s d evid o s
cuid ad o s e que até aq uela d et erm inad a d at a não ap resent aram p ro b lem as; m as basta que ocor-
ra alg um a int erferência, d o t ipo co nst ruçõ es vi zi n h as, inf ilt ração de ág uas p luviais, vazam en-
tos hid ráulico s, ação do vent o o u d o em p u xo d e t erra, para elas ap resent arem falhas.

Inf elizm ent e alg um as co nst rut o ras por neg lig ência/ inco m p et ência, o u sim p lesm ent e para au-
m ent ar seus lucro s, t am b ém não seg uem as b o as t écnicas na elab o ração dos p ro je.o s e na
execu ção d as o b ras, e o q ue é p io r nunca q uerem assum ir a resp o nsab ilid ad e d e seus at os
falho s, p referind o sem p re im p ut ar a resp o nsab ilid ad e e o ô nus p ara t erceiro s.

Um dos efeit os co lat erais m ais perversos d esse t ipo de p ro ced im ent o errad o é a cap acid ad e d e
ind uzir p ro fissio nais m enos exp erient es a acred it ar q ue nem sem p re é necessário seguir e res-
peit ar todos os ensinam ent o s p reco nizad o s pelas boas esco las d e eng enharia ci vi l .

d m uit o im port ant e q ue os p ro fissio nais da co nst rução não se d eixem ilud ir por so luçõ es d e
carát er d uvid o so , d e fácil reso lução e b aixo cust o , caso elas não est ejam em co nf o rm id ad e
co m as norm as e as boas t écnicas da eng enharia ci vi l . Pode p arecer o id eal em curt o p razo ,
m as t enham cert eza d e q ue será um a so lu ção co m grandes ch an ces d e vir a d ar problem as no
fut uro, acarret and o sem p re d anos p essoais e g rand es p reju ízo s f inanceiro s.

É sempre mais eco nô m ico e seguro fazer da m aneira correta logo na prim eira vez, visto que os
reparos, restauros e reforços posteriores sempre im p licam um custo final mais elevad o para a obra.

Pret end em o s co m est e t rab alh o alert ar o s p ro f issio n ais q ue at uam nessa área p ara a neces-
sid ad e d e est arem at ent o s a t od o t ip o d e p r o ced i m en t o q ue p o ssa levar a u m sinist ro , u m a
vez q ue el e result ará i n evi t avel m en t e em p r ej u ízo s m at eriais e p o d erá ain d a causar d an o s
p esso ai s i r r em ed i ávei s.
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Sinistros em obras d e terra

2.1. GEN ERALIDADES

N a grande m aio ria das ob ras d e p eq ueno e m éd io port e não são d et alhad os os p ro ced im ent o s
t écnico s q ue d evem ser o b servad o s na execu ção dos cort es e at erros, co m o no rm alm ent e ocor-
re em projet os m aio res, co m o os ro d o viário s, ferro viário s e d e barragens.

É claro que essas obras de grande |x>rte requerem um grau de at enção especial no item moviment o
d e terra, d e tal sorte que os projetos são volt ados para todos os detalhes que esta at ividade exige.

N o entanto, as pequenas ed ificações industriais ou residenciais t ambém d evem receber uma aten-
ção t écnica mais adequada quando se trata de obras de terra, tendo em vista que as conseqüências
d e um a obra m al execut ad a quase sem pre são graves; basta verificar os constantes noticiários d e
deslizam ent o de taludes, muitas vezes co m vít im as fatais e sem pre co m elevados prejuízos.

O que temos constatado co m m ais freqüência nessas obras é a ausência de um profissional especi-
alizad o , principalm ent e para os casos de corte e aterro, que necessitam de es|> ecificações e cuid a-
dos especiais quant o aos procediment os a serem seguidos para se obter um terrapleno estável.

Qu an d o isso não o co rre e o em p reit eiro t am b ém não t om a os d evid o s cuid ad o s, o que se veri-
fica é um acú m u l o d e erros d urant e a execu ção da o b ra, q ue, via de regra, result a na rupt ura
p arcial o u total dos t alud es.

List am os a seguir as p rincip ais causas d e sinist ros em t alud es.

• At erro sem rem o ção d a cam ad a sup erf icial de so lo m o le.


• Al er r o so b r o so l o i n cl i n ad o .
• At erro co m so lo im p ró p rio .
• Alt ura inad eq uad a das cam ad as d e at erro.
• Co m p act ação inad eq uad a.
• In cl i n ação e p ro t eção sup erf icial inad eq uad a dos t alud es.
• Presença de dut os d e água o u esgoto sob o at erro.
• Cap t ação e lançam ent o inad eq uad o das águas p luviais.
• Execu ção cie obras post eriores.
• Presença de t urfa o rg ânica num a cam ad a inferior.
• Co rt e co m i n cl i n ação m uit o acent uad a
2.2. ATERRO SOBRE SOLO M OLE

O s aterros sobre um a cam ad a d e so lo m o le, que co nt ém m at eriais o rg ânico s e p rincip alm ent e
raízes veg et ais, d evem ser cuid ad o sam ent e est ud ad o s, um a vez q ue surg em elevad as defor-
m açõ es q uand o não são t om ad os os d evid o s cuid ad o s.

Essas cam ad as d e so lo fraco ap resent am elevad as d efo rm açõ es q uand o sub m et id as a um acrés-
ci m o sig nificat ivo d e peso. Para resolver o p ro b lem a p o d em o s p ensar na t roca desse m at erial
m o le q uand o a sua espessura for p eq uena; se for elevad a, deve- se est udar out ra p o ssib ilid ad e
co m o at erro d e p ré- carg a, d renos vert icais e out ros, send o q ue nesse caso reco m end am o s a
p art icip ação d e um eng enheiro esp ecializad o em m ecân ica dos solos.

Caso esse m at erial não seja rem o vid o , ele irá ad ensar co m o t em p o de form a irregular, provo-
can d o um a m o vim en t ação do at erro e co m p ro m et end o t udo o que est iver sobre ele. N o caso d e
haver ed if icaçõ es co m f und açõ es q ue não p reviram essa sit uação , o co rrerá inevit avelm ent e
um recalq ue d if erencial co m o surg im ent o de t rincas g eneralizad as nas p ared es e, d ep end end o
d a m ag nit ud e dessas aco m o d açõ es, p o d erem o s ter um sinist ro de graves p ro p o rçõ es.

Essa sit u ação t am b ém d eve ser p revist a q u an d o há necessid ad e d e se inst alarem m áq uinas
pesadas sobre solos co m p ressíveis, p rincip alm ent e se forem eq uip am ent o s de p recisão o u q ue
p ro d uzam vib raçõ es; nessas co n d içõ es não será suficient e a execu ção ap enas de um a base d e
co ncret o arm ad o co m g rand e esp essura, pois im p licará m ais peso e co nseq üent em ent e m ais
recalq ue do so lo m o le logo ab aixo .

2.3. ATERRO SOBRE SOLO IN CLIN ADO

Inicialm ent e d everá ser verif icad a a necessid ad e de se t rocar o so lo sup erf icial, co nfo rm e cit a-
d o no it em 2.2. N a hipót ese d e não ser necessário , ent ão é im p rescind ível q ue se rem ova t oda
a cam ad a d e so lo veget al exist ent e, inclusive as raízes m ais p rofund as, e se execut em d eg raus
co n f o rm e d esenho 2 .3 .1 , d e t al form a q ue seja p o ssível a execu ção d o at erro em cam ad as
ho rizo nt ais d evid am ent e co m p act ad as.

Fig. 2.3.1. Aterro sobre solo inclinado


Co m esse p ro ced im ent o est arem os g arant ind o um a lig ação m ais ef icient e ent re a sup erfície
nat ural e o at erro. Caso co nt rário , se a veg et ação exist ent e não for rem o vid a, acab ará funcio -
nand o co m o um a int erface d eslizant e para o t errap leno , p rincip alm ent e na p resença das ág uas
p lu viais q ue irão p erco lar p elo at erro at é at ingir essa cam ad a e acelerar a rupt ura do t alud e.

N o rm alm ent e o q ue t emos o b servad o é q ue esses cuid ad o s não são o b servad o s na m aio ria d as
ob ras d e at erro sobre sup erf ície in clin ad a e, vi a de regra, a rupt ura p arcial o u total do at erro é
q uase sem p re inevit ável, d ep end end o ap enas do t em po e da int ensid ad e da ch u va.

2.4. ATERRO COM SOLO IM PRÓPRIO

Em obras d e p eq ueno e m éd io port e, é m uit o co m u m q ue se execu t em o s at erros co m o so lo


ret irado d o co rt e, sem um a análise p révia das suas caract eríst icas, p ro vid ências q ue são indis-
p ensáveis para avaliar se o m at erial exist ent e apresent a co n d içõ es m ín im as d e ser em pregado.

U m so lo p ara p o d er ser u t i l i zad o co m o at erro p r eci sa reu n ir d et erm in ad as co n d i çõ es d e


g ranulo m et ria e um id ad e, e nesse sent ido são necessário s alg uns ensaio s esp ecíf ico s de labo-
rat ório. N o caso d as p eq uenas ob ras esse p ro ced im ent o é eco n o m icam en t e inviável e d esne-
cessário , d esd e q ue se co nt e co m a p art icip ação d e um eng enheiro esp ecializad o em m ecâni-
ca dos solos, q ue pod erá fazer um a an álise d as co n d içõ es lo cais e d efinir os p ro ced im ent o s
m ín im o s ad eq uad o s p ara se execut ar a o b ra de co rt e e at erro.

Dessa form a, o que o co rre alg um as vezes é q ue se ut iliza no at erro o so lo ext raíd o d a zo na d e
co rt e, sej a ele q u al for, co rrend o - se o risco de se em p reg ar arg ilas m o les q ue não aceit am
co m p act ação e se co m p o rt am co m o um " co l ch ão d e ág u a" , fo rm and o os fam o so s "at erro s
b o rrachud o s" , ou solos arenosos q ue d evem ser co m p act ad o s co m eq uip am ent o vib rat ó rio q ue,
por sua vez, são d if íceis de ser em p reg ad o s em ob ras de p eq ueno porte.

O q ue se verif ica na p rát ica é q ue o so lo veget al enco nt rad o sem p re p ró xim o à sup erfície d o
t erreno é o m ais em p reg ad o nos at erros das p eq uenas o b ras; no ent ant o , co m o o próprio no m e
d i z, serve p ara p lant ar e não para at errar, p ois não é ad eq uad o para essa f unção e sem pre q ue
é ut ilizad o result a em alg um t ipo de sinist ro para a ed if icação .

Diant e d a realid ad e d e q ue p eq uenas o b ras d e co rt e e at erro não co m p o rt am est udos m ais


so fist icad o s d o so lo , reco m end am o s q ue se f aça p elo m eno s um a invest ig ação d e b aixo cust o ,
at ravés d e um a so nd ag em d o sub so lo , e se cont rat e um eng enheiro esp ecializad o para orient ar
todo o t rab alho a ser execu t ad o .

2.5. ATERRO EXECUTADO EM CAM ADAS COM ESPESSURA ELEVADA

Este é out ro erro co m u m nos at erros. Acred it ar q ue é p ossível se co nseg uir um a co m p act ação
ad eq uad a ap enas co m p act and o a últ im a cam ad a. O q ue se co nseg ue é ad ensar apenas os 20
o u 30 cm sup erf iciais, f icand o as cam ad as inferiores fofas e pront as para recalcarem ao longo
d o t em po, p reju d ican d o t udo que est iver sobre ele.

O q ue se ver i f i ca na m ai o r i a d as vezes é u m at erro execu t ad o em cam ad as esp essas d e


so l o , co m m ai s d e 5 0 c m c ad a, o n d e o e m p r e i t e i r o acr ed i t a q u e se co n seg u e u m a
co m p act ação ef i ci en t e ap en as co m a m o vi m en t ação d o t rat or e d o cam i n h ão n o r m alm en t e
u t i l i zad o s na o b r a. M as na r eal i d ad e esse p r o ced i m en t o r eal m en t e n ão é ef i ci en t e p ara
ad en sar ad eq u ad am en t e o so lo .

M esm o em ob ras d e p eq ueno port e, d evem o s e pod em os realizar um t rab alho corret o, b uscan-
d o para tanto execut ar um at erro co m so lo ad eq uad o e lançad o em cam ad as não superiores a
2 0 cm , d evid am ent e co m p act ad o at ravés d o uso d e um dos vário s tipos de eq uip am ent o s d e
p eq ueno e m éd io porte d isp o níveis at ualm ent e no m ercad o da co nst rução ci vi l . Porém, não
d evem o s d isp ensar a p resença de um p ro fissio nal q ualif icad o nesse t ipo de at ivid ad e.

2.6. ATERRO M AL COM PACTADO

N o cap ít ulo ant erior analisam o s a im p o rt ância de se lançar o at erro em cam ad as não sup erio -
res a 20 cm . Ag o ra vam o s falar da im p o rt ância da co m p act ação , p art ind o do pressuposto d e
q ue a esp essura d as cam ad as é a id eal.

Qu an d o d esejam o s execut ar um at erro co m co nt ro le de q ual id ad e, é necessário q ue o enge-


nheiro da o b ra t enha p leno co n h ecim en t o do t ipo d e so lo exist ent e na j azi d a d e em p rést im o .

Para se obt er um a co m p act ação ad eq uad a d evem o s co n h ecer alg um as caract eríst icas b ásicas
d o so lo , tal co m o a g ranulo m et ria, a um id ad e ó t im a e a d ensid ad e aparent e m áxim a.

Essas análises p relim inares e d ef iniçõ es de parâm et ros, na verd ad e, represent am u m co njunt o
d e info rm açõ es ind isp ensáveis para se d esenvo lver um p rojet o, q ue por sua vez reque- co nhe-
cim ent o s t écnico s esp ecializad o s.

O s t rab alhos d e cam p o , por sua vez, t am b ém p recisam d e um aco m p an h am en t o esp ecíf ico
d u r an t e a e xe cu ção d o at erro , at r avés d e en sai o s p r ó p r i o s q u e af er em a q u al i d ad e d a
co m p act ação q ue está send o execut ad a. O co nt ro le t ecno ló g ico do grau d e co m p act ação per-
mit e co m p arar os result ados dos ensaio s de lab o rat ó rio co m os d e cam p o .

Caso não sejam o b servad as todas as reco m end açõ es t écnicas necessárias, co rrem o s o risco d e
não ter um at erro co m p act ad o ad eq uad am ent e e nessas co nd içõ es est arem os sujeit o s a ruptu-
ras o u aco m o d ação fut ura d o m esm o , causand o co nseq üências para as ed if icaçõ es que est ive-
rem sobre ele.

2.7. IN CLIN AÇÃO IN ADEQUADA DOSTALUDES

Out ro fator importante é a correta inclinação do talude, e isso depende basicamente das característi-
cas do solo: um ângulo muito elevado gera instabilidade e conseqüentemente favorece a ruptura;xvutsrponmlihfedcbaY
\ x> r
sua vez ângulos menos inclinados que o necessário geram custos adicionais e exigem mais espaço.

Dessa form a, é im port ant e q ue se co n h eçam b em as caract eríst icas d o so lo para q ue >e possa
d efinir co rret am ent e o âng ulo m ais ad eq uad o de i n cl i n ação do t alud e. Essas inclinaçõ es vari-
am t am b ém em f unção de ser um t alude de cort e o u at erro, sendo q ue est e últ im o é no rm alm en-
te m ais ab at id o q ue o de co rt e.

M u i t o s si n i st r o s o co r r em d evi d o à r u p t u r a d e t al u d es p r o vi só r i o s d u r an t e as o b ras d e
t errap lenag em . N a m aio ria dos caso s esses t aludes são execut ad o s co m inclinaçõ es elevad as;
no ent ant o, alg um as vezes, m esm o co rret am ent e execut ad o s eles se ro m p em , p rincip alm ent e
na ép o ca d as ch u vas, surp reend end o os p ro jet ist as, const rut ores e alg uns vi zi n h o s p ró xim o s
q ue têm suas ed if icaçõ es afet adas o u d est ruíd as.

Ou t ro fator q ue agrava as co n d içõ es d e est ab ilid ad e dos t alud es é a falt a d e d renag em superfi-
ci al , co m o verem o s no cap ít ulo 2.13.3, q ue t em por f inalid ad e perm it ir um ef icient e esco am en-
to das águas p luviais, um a vez q ue não rest am d úvid as d e q ue a p erco lação d a água é o g rand e
inim ig o d a est ab ilid ad e dos t errap lenos.

Nesse sent ido, d evem o s escolher o m elhor tipo de prot eção sup erficial em função do tempo de
exp o sição do t alude. N o caso d e obras provisórias podem os optar pela prot eção co m lonas plás-
t icas, pint uras b et um inosas e revest im ent o co m argam assa d e cim ent o e areia; para sit uações
d efinit ivas devem os b uscar so luçõ es alt ernat ivas de longo p razo , sendo a gram a a o p ção m ais
em p reg ad a, por ser de b aixo cust o, de fácil ap licação e de aspect o m ais agradável e nat ural.

2.8. ATERRO COM PRESENÇA DE DUTOS HIDRÁULICOS

Ou t r a sit uação q ue t em co lab o rad o p ara a inst ab ilid ad e dos t alud es é a p resença de dut os
hid ráulico s e sanit ário s nas p ro xim id ad es. O fato é que eles sem p re est ão sujeit o s a vazam ent o s
por d iverso s m ot ivos e, q uand o isso o co rre, pod em os ter um d eslizam ent o d e terra se o proble-
ma não for co rrig id o a t em p o.

Essa co n d ição m uit as vezes não é fácil de ser p revist a q uand o os dut os est ão ent errados e não
se t em um a p lant a cad ast ral dos m esm o s, o u um levant am ent o d as p o ssíveis t ub ulaçõ es d e
água e esgoto p assand o p elo lo cal o nd e será execut ad o o t alud e.

A execução do aterro no local co m tubulações irá gerar um a cond ição nova de acomodação do solo
local, situação que poderá co m o tempo colaborar para que ocorram deformações e rupturas nesses
dutos. Para evitar esse tipo de problema, devemos fazer sempre um a visita prévia ao local onde será
execut ada a obra, com a finalidade de identificar e cadastrar essas tubulações, se possível.

2.9. TERRAPLENAGEM SEM TRATAM ENTO DAS ÁGUAS PLUVIAIS

A água é sem d úvid a um dos elem ent os que têm p ro vo cad o inúm eros sinist ros nos ta udes de
cort e aterro o u m esm o nat ural. A livre p erco lação das águas p luviais o u sup erficiais, sem um
sist em a eficient e de cap t ação e lançam ent o d as m esm as, é o p rincip al m o t ivo d e ruptura dos
t aludes, p ro vo cand o em alguns caso s grandes t ragédias, q uand o enorm es barrancos são arrasta-
dos p ela força d a água, dest ruindo tudo o que est iver no seu cam inho .

Devem o s ter em m ent e q ue a pior sit uação p o ssível é p erm it ir q ue águas exist ent es nas p ro xi-
m id ad es p ro curem seu p róp rio cam i n h o nos lo cais o nd e fo ram efet uad as alt eraçõ es d a topogra-
fia lo cal at ravés d e t errap lenag ens, p ois nessas co n d i çõ es elas vão i n i ci ar um p rocesso d e
ero são q ue inevit avelm ent e co m p ro m et erá a est ab ilid ad e dos t alud es.

Reco m end am o s que os p ro fissio nais en vo lvid o s nessas ob ras f açam um crit erio so estudo d e
toda a b acia de cap t ação , d im ensio nand o co m p recisão o vo lu m e real d ' ág ua que será g erad o
e p ro jet and o um sist em a ad eq uad o e eficient e de canalet as e dut os, para capt ar, co nd uzir e
lançar essas águas, p ro curand o ch am ar a at enção para a im p o rt ância desses serviço s na ob ra.
N o s caso s em q ue est es lançam ent o s forem feitos em rios o u córregos, elevemos tomar alg uns
cuid ad o s para evit ar um a ero são lo calizad a, o q ue pode ser feit o co m o em preg o de escad a
d ' ág ua, p iso rugoso d e co ncret o , enro cam ent o d e p ed ras e out ros, t endo sem p re present e q ue a
f inalid ad e em q ualq uer um dos caso s é d im in u ir a velo cid ad e e d issip ar a força d 'ág ua, impe-
d ind o assim a ero são do so lo junt o ao lançam ent o .

É necessário t am b ém q ue o p ro p riet ário do em p reend im ent o se co n ven ça d a necessid ad e de se


adot ar um a p o lít ica d e m anut enção p revent iva e co rret iva de form a p erm anent e, garant indo
assim um a ef iciên cia de todo o sist em a ao longo d o t em p o.

Esse co m p o rt am ent o já pode ser p erceb id o em alg um as em p resas p rivad as co m p reo cup ação
na p reservação de seu p at rim ô nio e na red ução de cust os a m éd io e longo p razo . N o ent ant o,
a m anut enção p revent iva é um a at ivid ad e q ue p recisa criar um a no va cult ura no Brasil, já q ue
ver i f i cam o s inúm ero s caso s de sinist ro em q ue a cau sa é a au sên ci a d e m anut enção , p o is,
ap esar d e a ed if icação ter sid o co rret am ent e p ro jet ad a, não foi cap az d e resist ir ao descaso e
total ab and o no .

2.10. ABERTURA DE VALAS

As obras de abert uras d e valas foram até p o uco t em po a causa de m uit os sinist ros na engenharia
ci vi l , em q ue a falta de esco ram ent o adequado e eq uip am ent os apropriados p ro vo cavam desmo-
ronam ent os const ant es, acarret and o muitos p rejuízo s financeiro s e inúm eras vít im as fatais.

Co m o surg im ent o d e no vas m áq uinas de escavação e um m aio r cuid ad o no esco ram ent o , esse
risco fico u red uzid o . N o ent ant o, acred it am o s q ue vale à p ena alert ar para alg uns casos d e
risco que d et erm inad as o b ras aind a represent am q uand o não se faz o u não se pode fazer uso d e
eq uip am ent o s ad eq uad o s.

Um a sit uação perigosa é a ab ert ura d e valas p ró xim as d e ed if icaçõ es co m fund ação d iret a;
nesse caso , pode o co rrer um d esco nfinam ent o co m d ef o rm ação lat eral do so lo na região d a
base d a sapat a, result and o na p o ssib ilid ad e de recalq ues co m surg im ent o d e t rincas nas alve-
narias o u até co lap so p arcial d a ed if icação (ver fig. 2.10.1).

Fig. 2.10.1. Abertura de vala próxima de edificações com fundação direta


A ab ert ura d e valas junt o a m uros d e arrim o é sem p re um a sit uação d e g rand e risco e será
ab o rd ad a no cap ít ulo 3.6.

Oco r r er am alg uns sinist ros de d esm o ro nam ent o em ob ras d e abert ura de valas durant e a sua
execu ção , d evi d o a u m a so b recarg a ad i ci o n al p r o vo cad a p ela d escarg a d e t erra, areia o u
p ed ra ao lad o d as valas, q ue, ap esar d e esco rad as co m p ranchas e t ravam ent o superior, acab a-
ram por não resist ir ao acréscim o d e em p u xo (ver íig. 2.10.2).

Rotação da Prancha

Fig. 2.10.2. Rotação da prancha devido à presença de sobrecarga

Ou t ra sit uação sem elhant e a essa e q ue t am b ém causa d ano s é a p resença d e veícu lo s pesados
t ransit and o ju n t o às val as; eles p r o d u zem el evad a p ressão na cam ad a sup erio r do t erreno ,
aum ent and o sig nif icat ivam ent e a pressão d a terra sobre as p ranchas e est ro ncas, q ue em m ui-
tos caso s não resist em e o co rre ent ão o co lap so p arcial d a o b ra (ver fig. 2.10.3).

Aumento do
bmpuxo

Fig. 2.10.3 Veículo pesado transitando ao lado da vala

2.11. SIN ISTRO DEVIDO À SOBRECARGA O U CORTE N OTALUDE

Em ob ras d e t errap lenag em para ab ert ura de ro d o vias, est rada d e ferro e até em vias urb anas,
t emos const at ad o vário s sinist ros por rupt ura de t aludes p rincip alm ent e p ela execu ção de cor-
tos em suas b ases. A sit uação se ag rava q u an d o se trata d e at erros so b re so lo s in clin ad o s;
nessas co n d i çõ es o co rt e no pé d o t alud e p ro vo ca inst ab ilid ad e, result and o na m aio ria d as
vezes na rupt ura do t alud e e no co lap so d e t udo o q ue est iver sobre ele.

N a cidade de Curit iba, no estado do Paraná, ocorreu o desmoronamento de uma residência durante a
construção de um a nova via expressa ao lado dessa moradia. O laudo pericial apontou com o causa
do sinistro o deslizamento do talude devido ao corte execut ado no seu pé para abertura da nova via.

O at erro fora co nst ruíd o h avia m ais de vint e ano s e se apresent ara est ável at é aq uela dat a; a
t errap lenag em efet uada p ela em p reit eira alt ero u as co nd içõ es d e eq uilíb rio exist ent es, resul-
t ando na rupt ura do m aciço terroso e no co nseq üent e co lap so total d a resid ência que f icava
sobre ele íver fie. 2.11.1).

Edificação

Aterro

Corte

Superfície do
Solo Natural
\ Linha de Ruptura

^ S C o
í t u r a l e Aterro

M esm o em t aludes nat urais o u execut ad o s at ravés do cort e no t erreno, a rem o ção de parte da sua
base gera um d eseq uilíb rio , tornando- o inst ável e co m risco de desm oronam ent o (ver fig. 2.11.2.a).

Fig. 2.11.2.a Corte na base do talude


Ou t ra sit uação q ue p ro vo ca o d eslizam ent o d e t aludes é a so b recarg a acid ent al q ue event ual-
m ent e é co lo cad a sobre ele; isso co st um a o co rrer d urant e a execu ção de ob ras p ró xim as d e
b arranco s, q u an d o se ut iliza eq uip am ent o p esad o nas p ro xim id ad es o u se descarrega t erra,
pedra o u areia na part e sup erio r d o t alud e (ver íig. 2.11.2.b ).

Linha de Ruptura

Fig. 2.11.2.b Deslizamento de terra devido a corte no pé do talude

2.12. SIN ISTRO DEVIDO A ATERRO COM PRESENÇA DETURFA O U ARGILA


ORGÂN ICA EM CAM ADAS IN FERIORES

A p resença d e so lo m uit o co m p ressível em cam ad as inferiores do t erreno é sem p re m ot ivo d e


at enção e cuid ad o s esp eciais, p rincip alm ent e em lo cais o nd e se pret ende at errar p ara ed if icar
post eriorm ent e, t end o em vist a q ue vão o co rrer recalq ues acent uad o s. N esses caso s se t orna
obrigat ória a p resença de u m eng enheiro esp ecializad o em m ecân i ca dos solos, u m a vez q ue
vai requerer um a análise crit erio sa d o co m p o rt am ent o de todo o co n ju n t o d urant e e após a
execu ção d a o b ra.

Cit am - se a seguir alg uns caso s em q ue t ivem os o p o rt unid ad e d e p art icip ar, co m a f inalid ad e d e
alert ar o leitor para a g ravid ad e desse t ipo de sit uação .

Durant e a co nst rução d e um co njunt o hab it acio nal na p eriferia d e São Paulo, foi execut ad o u m
at erro d e alt ura elevad a so b re u m t erreno que t inha no seu int erior um a cam ad a const it uída por
turfa o u arg ila o rg ânica (m at erial m o le), q ue por sua vez não resist iu ao acréscim o de peso e
ro m p eu, d eslo cand o o leit o do rio exist ent e na sua base e p ro vo cand o a in u n d ação d as residên-
ci as vi zi n h as.

Felizm ent e esse sinist ro o co rreu na fase in icial d a co nst rução d e um a esco la, q ue estava send o
im p lant ad a so b re esse at erro. Dessa fo rm a, os d ano s fo ram ap enas m at eriais, no ent ant o as
co nseq üências p o d eriam ter sid o t rágicas se a esco la já est ivesse em p leno funcio nam ent o .

Alg um as ed if icaçõ es q ue fo ram co nst ruíd as no lit oral p aulist a, p rincip alm ent e em cert as áreas
d o m u n i cíp i o d e Gu ar u j á, em São Paulo, receb eram at erro sobre arg ila m arinha, o que acarre-
tou ao longo d o t em p o sérios recalq ues d e piso e fund açõ es, co m p ro m et end o na m aio ria dos
caso s a est ab ilid ad e d a ed if icação .
Para sal var esses i m ó vei s, foi n ecessár i o execu t ar al g u n s ser vi ço s d e r ef o r ço e recu p era-
ção d a est r u t u r a, b em co m o a su b st i t u i ção d e u m a cam ad a d e so l o exi st en t e p o r um
m at er i al m ais l eve, no sen t i d o d e r ed u zi r o p eso so b re a ar g i l a m ar i n h a e est ab i l i zar o s
r e cal q u e s.

O u t r a si t u ação i n t er essan t e o co r r eu n a ci d ad e d e Jacar eí, em São Pau l o , o n d e o co n s-


t rut o r p o r m ed i d a d e p r ecau ção e a cr i t ér i o p r ó p r i o co l o co u u m a ar m ad u r a em t o d o o
co n t r ap i so d e co n cr et o , co m a f i n al i d ad e d e evi t ar al g u n s d an o s q u e p o d er i am surg ir na
e d i f i cação em f u n ção d e t er execu t ad o u m at er r o so b r e u m a cam ad a d e so l o m o le (ar-
g i l a o r g ân i ca).

Ap esar d a sua boa int enção , o q ue se verif ico u, no ent ant o, após alg uns m eses do t érm ino d a
o b ra, foi o surgim ent o de inúm eras t rincas nas alvenarias, d enunciand o um a d efo rm ação exa-
gerada dos b ald ram es, apesar de os m esm os t erem sid o d im ensio nad o s e execut ad o s corret a-
m ent e p ara suport ar as carg as previst as em p ro jet o .

O q ue o co rreu, a b em d a verd ad e, foi q ue a co l o cação d a tela de reforço no cont rap iso passou
a f uncio nar co m o laje arm ad a e, à m ed id a q ue ho uve ad ensam ent o d a arg ila o rg ânica, ela
recalco u e se ap o io u sobre os b ald ram es, g erand o co m isso um sig nif icat ivo acréscim o d e
carg a sobre os m esm o s, result and o num a co n d ição não p revist a no projet o est rut ural, o q ue
p ro vo co u a d ef o rm ação excessiva do elem ent o est rut ural e o surgim ent o das t rincas nas alve-
narias (ver fig. 2.12.1).

A so lu ção nesse caso foi co rt ar o p iso de co ncret o arm ad o junt o aos b ald ram es de fo rm a a
p erm it ir a sua livre m o vim ent ação sem so b recarreg ar os b ald ram es e as fund açõ es.

Contrapiso de Concreto
Armadura do Roforço
Adicionada polo Construtor
1

A f u n d a m e n t o d e Pi s o /
T
•I ••
I
H SBB H

WSÊMÊ s &

Fig. 2.12.1. Aterro sobre turfa orgânica

O ap rend izad o q ue pod em os tirar nesse caso é q ue m esm o havend o p reo cup ação com sit ua-
çõ es d esse t ip o , d evem o s an alisar cu id ad o sam en t e as so lu çõ es ap arent em ent e viáveis p ara
reso lver o u am en izar a p resença d a cam ad a de so lo ruim , um a vez q ue o assunt o requer co -
nhecim ent o s esp ecíf ico s e so luçõ es int egradas co m o restante d a o b ra, caso cont rário, pode-
m os ag ravar as co n d içõ es exist ent es, co m o o co rreu nesse caso .
2.13. ALGUM AS SOLUÇÕES PARA ESTABILIZARTALUDES

A est ab ilização d e t aludes é um a esp ecialid ad e d a eng enharia ci vi l , q ue, para apresent ar segu-
rança co m d esem p enho t écnico e eco n ô m i co , d eve ser analisad a e est ud ad a co m o m áxim o d e
crit ério e co nhecim ent o esp ecíf ico , t endo em vist a q ue vão se b uscar so luçõ es para cont rolar
forças da nat ureza, m uit as vezes co m valo res d esco m unais e q ue p o d em p ro vo car sinist ros d e
g rand es p ro p o rçõ es.

Qu erem o s co m isso alert ar o leit or para a necessid ad e de se fazer um t rab alho det alhado d e
p esq uisa e levant am ent o em cam p o d e todas as variáveis q ue en vo lvem cad a sit uação esp ecí-
f ica, tais co m o so nd ag ens, ensaio s, levant am ent o p lan ialt im ét rico cad ast ral e outras q ue se
f izerem necessárias.

Som ent e após a co let a desses d ad o s p o d erem o s iniciar o s est udos para vi ab i l i zar algum as so lu-
çõ es para a est ab ilização d o t alud e, lem b rand o q ue em m uit os caso s a so lução ideal i m p l i ca
um a co m p o sição eq uilib rad a d e so luçõ es clássicas q ue, via d e regra, são ad o t ad as de fo rm a
iso lad a, co nfo rm e ab o rd arem o s a seguir.

2 .1 3 .1 . A l ívi o d o Em p u x o

Em alg uns caso s, o nd e a alt ura do t alude é elevad a, aci m a d e 6 m , a so lu ção id eal pode ser a
rem o ção de um a p o rção d o so lo p ara aliviar o em p u xo e co m isso est ab ilizar o t errapleno (ver
fig. 2.13.1).

Fig. 2.13.1. Alivio do empuxo

2.13.2. Execução de Drenos

Alg uns t aludes nat urais d e enco st as, q uand o o nível do lenço l freát ico for elevad o , p ed em ser
est ab ilizad o s at ravés d e d renos sub - ho rizo nt ais p rofund os, co nfo rm e most ra a fig. 2.13.2.
Dreno Sub-Horlzontal

^ N.A.

DET. DO DRENO

Fu ro s 3 mm 7 BIDIM-OP-20

Fig. 2.13.2. Drenos profundos sob-horizontais

2 .1 3 .3 . I m p e r m e ab i l i zação d a Su p er f íci e

Via de regra, a estabilização de um talude implica sempre se adotarem, entre outras medidas, soluções
para impedir a erosão e a penetração cias águas superficiais, devendo-se para tanto providenciar urna
impermeabilização do talude e um eficiente sistema de captação e lançamento dessas águas.

O p ro cesso m ais co m u m e eco n ô m i co p ara prot eger a sup erf ície d e um t alud e é o uso d e
g ram a; no ent ant o, d ep end end o d o t ipo de so lo e da i n cl i n ação do t alud e essa so lução p o d e
não ser ad eq u ad a, se a g ram a não en co n t rar co n d i çõ es f avo r áveis p ara se d esen vo lver e,
nesse caso , o t alude acab ará f icand o sem p ro t eção .

Isso pode ser f acilm ent e co m p ro vad o q uand o viajam o s de carro e co nst at am o s inúm eras ruptu-
ras nos t alud es ao lad o d as ro d o vias, causad as p rincip alm ent e p ela ausência d e prot eção su-
p erf icial o u in ef iciên cia d o sist em a d e cap t ação / lançam ent o d as ág uas p luviais, q ue, por sua
vez, se exist irem n ão receb em m an u t en ção p revent iva e co rret iva ad eq uad a, co n ceit o q u e
aind a p recisa criar u m a cult ura no Brasil.

Ou t r o p ro cesso p ara im p erm eab ilizar a sup erf ície d o t alud e, p o rém d e carát er p ro visó rio , é
ch ap iscar co m argam assas d e areia e cim ent o , o u p int ar co m t int as b et um ino sas; essas d uas
so luçõ es tem vid a útil m uit o curt a, exig ind o co nst ant e m anut enção para m ant er a ef iciência; no
ent ant o são m uit o u t ilizad as em d et erm inad as et ap as d e o b ras o nd e se d eve co n viver co m
t aludes p ro visó rio s e inst áveis.

Em alguns caso s um a so lução eficient e e d e longa d uração é a im p erm eab ilização da superfície
d o t alude at ravés do em prego de um a cam ad a, co m espessura ad eq uad a, de argamassa d e ci-
mento e areia o u co ncret o , podendo em am bos os caso s ser ap licad as m anualm ent e o u projet adas
co m uso de eq uip am ent os apropriados. N o ent ant o devem os tomar alguns cuid ad o s esp eciais
para anco rar ad eq uad am ent e essa cam ad a de p rot eção no t errap leno , caso cont rário poderá
d eixar d e ser um elem ent o favorável e se transformar num p rob lem a ad icio nal (ver fig. 2.13.3).
Esse t ipo cie so lução exig e um a at enção esp ecial no d esenvo lvim ent o do sist em a d e cap t ação
e lançam ent o d as águas p luviais, um a vez q ue toda água q u e in cid ir sobre o t alud e será esco -
ad a co m g rand e velo cid ad e para a part e inferior d o m esm o .

REVESTI MENTO

CHUMBADORQU
GRAMPO CANALETA DE CAPTAÇÃO
NO TOPO DO TALUDE /
TELA
DEAÇCV

BARRA DE \
ANCORAGEM S
PISO DE
CONCRETO
ARMADO

CANALETA DE CAPTAÇÃO
NO PÉ DOTALUDE

Fig. 2.13.3. Impermeabilização de talude com argamassa e concreto projetado

2 .1 3 .4 . Est ru t u ras d e Co n t e n ç ão p ar a Est ab i l i zar Tal u d es

Det er m i n ad as si t u açõ es exi g em q u e se f aça um a est rut ura d e co n t en ção p ara se g arant ir a
est ab i l i d ad e d o t errap len o ; nesses caso s, p o d em o s co nt ar co m u m a g rand e var i ed ad e d e
so l u çõ es co n sag rad as p elo uso . N o ent ant o , p ara se esco l h er a so l u ção d e m elh o r d esem -
p en h o t écn i co e eco n ô m i co , é n ecessár i o q u e se d ef i n am vár i o s p ar âm et r o s, tais co m o
alt ura d o t errap len o , t ip o d o so lo , p resen ça d e ág ua, car act er íst i cas d e i m p l an t ação e co n -
d i çõ es d e execu ção .

As est rut uras d e co nt enção são um cap ít ulo esp ecíf ico e m uit o ext enso na eng enha- ia ci vi l ,
send o q ue um a ab o rd ag em m ais co m p let a foge ao esco p o dest e t rab alho ; no ent ant o, vam o s
cit ar a t ít ulo d e ilust ração três t ipos de m uros de arrim o bast ant e usuais na co nt enção de t alud es
(ver fig. 2.13.4).

MURO D E A R R I M O
GRAVIDADE

PODE SER DE: PODE SER DE:


-CONCRETO ARMADO -GABIÃO
-CONCRETO ALVENARIA -CONCRETO CICLÓPICO
-ALVENARIA ARMADA -CONCRETO ENSACADO
RODOVIA OU

Fig. 2.13.4. Estruturas de contenção para estabilizar taludes

O m uro d e arrim o de ílexão pode ser d e alven aria, de co ncret o arm ad o ou m ist o; o tipo a ser
d efinid o vai d ep end er d e vário s fat ores, m as essencialm ent e d a alt ura do t errap leno , sendo q ue
os de alvenaria são ind icad o s para alt uras m eno res e o de co ncret o para alt uras m aiores.

As est rut uras d e arrim o at irant ad as, por sua vez, já são m uit o eficient es e p rát icas q uand o se
p recisa co nt er t erraplenos de alt ura elevad a, send o por esse m o t ivo de g rand e ap licação na
est ab ilização de t aludes em obras ro d o viárias, ind ust riais ou m esm o p red ial d e grande porte; no
ent ant o, req uerem p ro fissio nal co m co nhecim ent o esp ecíf ico e u t ilização d e eq uip am ent o apro-
p riad o .

O s m uros de g ravid ad e p o d em ser execut ad o s co m q ualq uer t ipo d e m at erial, desde :jue seja
d urável, t enha peso elevad o e possa ser co nst ruíd o d e tal fo rm a q ue o seu peso próprio seja
cap az d e resist ir ao em p u xo d a t erra. N o rm alm ent e são ut ilizad as pedras- de- m ão sim p lesm en-
te assent ad as o u arrum ad as dent ro de cai xas fo rm ad as por t elas de aço (gabião); out ro m at erial
ut ilizad o é o co ncret o ci cl ó p i co , o u o co ncret o ensacad o .

Alg um as so luçõ es esp ecíf icas u t ilizam a p ró p ria t erra co m o elem ent o de p eso p ara co m p o r
u m a est rut ura de co n t en ção ; é o q ue o co rre no caso d as t erras arm ad as, em q ue o so lo é
co m p act ad o em cam ad as t endo no seu int erior tiras d e chap as d e aço q ue são presas na ext re-
m id ad e opost a a um a p laca p re- m o ld ad a d e co ncret o e o co njunt o todo acab a f uncio nand o
co m o m uro de arrim o .
3zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Sinistros em muros d e arrimos

3.1. GEN ERALIDADES

O s m uro s cie arrim o s t êm siclo a cau sa d e vár i o s sinist ro s no Brasil e p o r d iver so s m o t ivo s,
p r i n ci p al m en t e por erro s d e p ro jet o o u f alhas d urant e a execu ção d a o b r a. Co n f o r m e art ig o
p u b l i cad o p elo p ro f. Co st a N u n es, na revist axvutsrponmlihfedcbaYUSRPOMLJIHEDCBA
Estrutura, f o ram an alisad o s 3 0 0 caso s d e sinist ro s
em m u ro s d e arrim o , sen d o co nst at ad as as seg uint es i n ci d ên ci as d e cau sas:

1 - D ef i ci ên ci a d e d ren ag em 33%
2- Di m en si o n am en t o d e b ase insuf icient e. .2 5 %
3- In su f i ci ên ci a est rut ural .1 9 %
4- Falhas d e execu ção d urant e o at erro 10%
5 - Falhas nos ap o i o s sup erio res o u lat erais .0 5 %
6- Aci d en t es d e t rab alho .0 5 %
7- Cau sas d iversas .0 3 %

Co m o se p o d e |> erceber, as falhas m ais co m uns em projet o e execu ção são d evid as à inexist ência
o u funcio nam ent o p recário d o sist ema d e d renag em ; nessa co n d ição surge u m esforço ad icio nal no
m uro de arrim o em razão d o ernp uxo p ro vo cad o pelas águas represadas, sit uação q u e se ag rava
p rincip alm ent e nas ép o cas d e ch u vas, o nd e t em os um a m aio r incid ência desse tipo d e sinist ro.

A l ém d as ág uas p l u vi ai s, os vazam en t o s em t u b u l ação h id ráu lico - san it ária t am b ém têm sid o


um g rand e g erad o r d e co l ap so d as est rut uras d e arrim o .

A segunda m aio r causa de acid ent es co m m uros d e arrim o é sem d úvid a o d im ensio nam ent o incor-
reto das fund açõ es. Em alguns caso s o nd e o co rreram sinist ros foi const at ado q ue o t i|X) d e fund ação
exist ent e era inad eq uad o para as caract eríst icas do m uro e p rincip alm ent e para as d o solo.

O s sinist ro s d eco rrent es d o d im en sio n am en t o est rut ural insuf icient e t am b ém t êm sid o o b servad o s
co m m uit a f req üência; isso o co rre q uand o há um erro no d et alham ent o d o p ro jet o , o u q uand o o
projet ist a não leva em co n sid eração o valo r co rret o d o em p u xo q u e irá at uar sobre a est rut ura.

O p ro cesso execu t i vo t am b ém é resp o nsável p o r u m g rand e n ú m er o d e sinist ro s d o s m uro s d e


ar r i m o ; é co m u m o co r r er em alg uns t ip o s d e acid en t es, p r i n ci p al m en t e d evi d o à rupt ura p ar cial
d o t alud e d urant e as escavaçõ es, o q u e t em sid o , in f elizm en t e, a p r i n ci p al cau sa d e m ort e d o s
o p erário s q u e t r ab alh am nesse t ip o d e o b r a.
Durant e a execu ção d a m aio ria dos m uros de arrim o não se o b serva um a i n cl i n ação ad eq uad a
p ara os t aludes p ro visó rio s, nem se co l o ca esco ram ent o para im p ed ir o d esm o ro nam ent o d a
terra, p rincip alm ent e p o rq ue as co nd içõ es id eais geram cust os ad icio n ais o u d ificult am a exe-
cu ção do m uro , um a vez q ue no rm alm ent e não se d isp õ e do esp aço necessário para se d ar
um a in clin ação est ável ao t errap leno e a p resença das esco ras d if icult am so b rem aneira a exe-
cu ção d a o b ra.

O const rut or p recisa estar cient e d as suas resp o nsab ilid ad es e dos risco s inerent es ao processo
execu t ivo de um m uro de arrim o , d evend o , port ant o, t om ar todas as p ro vid ências necessárias
para evit ar q ualq uer tipo d e acid ent e d urant e a o b ra e ao m esm o t em po p ro curar seguir rigoro-
sam ent e as reco m end açõ es e esp ecif icaçõ es do p ro jet o .

Co m o se pode perceber, os m uros d e arrim o est ão sujeit o s a u m a série d e co nd içõ es perigosas


e q ualq uer um a d elas poderá gerar um sinist ro d e g raves p ro p o rçõ es, im p licand o , port ant o, a
necessid ad e d e se levar m uit o a sério t odas as variáveis q ue int erferem na est ab ilid ad e de um a
est rut ura d e co n t en ção , d e form a q ue o p ro jet ist a d everá se em p en h ar para enco nt rar u m a
so lu ção t écnica e eco no m icam ent e ad eq uad a p ara as co nd içõ es lo cais.

3.2. SIN ISTRO EM ARRIM OS DEVIDO À FUN DAÇÃO IN ADEQUADA

3 .2 .1 . Si n i st r o em A r r i m o s c o m Sap at a Co r r i d a

O s caso s d e sinist ro em m uros de arrim o co m f und ação em sapat as co rrid as foram d evid o ao
d im ensio nam ent o inco rret o das m esm as, o u p elo fato de a f und ação não ser ad eq uad a para
aq uele t ipo d e so lo , o co rrend o ent ão um recalq ue acent uad o co m p erd a d a vert icalid ad e d o
m uro ; essa co n d ição aum ent a aind a m ais a inst ab ilid ad e d a est rut ura, um a vez que o co njunt o
d as forças vert icais se d eslo ca cad a vez m ais p ara fora do t erço cent ral do núcleo de inércia,
p o d end o evo lu ir at é p ro vo car o co lap so do m uro de arrim o .

Para evit ar esse t ipo d e p ro b lem a, elevemos analisar crit erio sam ent e as caract eríst icas do so lo
o nd e será im p lant ad a a f und ação do m uro e verif icar se ele é ad eq uad o para suport ar as ten-
sõ es q u e ser ão g er ad as n aq u el e p o n t o . Por o u t r o l ad o é n ecessár i o q u e se f aça u m
d im ensio nam ent o corret o d a sap at a, para receb er as cargas vert icais acrescid as dos m om ent os
p ro vo cad o s p elo em p u xo d o so lo .

Co nst at am o s t am bém sit uaçõ es o nd e ho uve um d eslo cam ent o ho rizo nt al do m uro de arrim o ,
q ue o co rreu p elo fato d e a som at ória dos em p uxo s ho rizo nt ais t erem sup erad o as forças resis-
tentes q ue são o rig inad as pelo at rit o d a sap at a co m o so lo ; nesse caso não foi previst a um a
ch ave na base d o m uro co m a f inalid ad e d e gerar um em p u xo p assivo cap az de im p ed ir esse
m o vim ent o .

Para t ant o, é im port ant e que se verif iq uem as reaçõ es de atrito d a base do m uro co m o solo e, se
o em p u xo for m aio r q ue a força resist ent e, será necessário prever um a ch ave, send o q j e a sua
ef iciên cia vai d ep end er d a o b servância d e t odas as et ap as co nst rut ivas, q ue visam garantir um
perfeit o co nt at o ent re a face da ch ave e o so lo , p o ssib ilit and o assim um a boa anco rag em ; caso
co nt rário , d eixará de ser u m elem ent o favo rável e pod erá se t ransform ar num elem ent o p reju-
d i ci al à est ab ilid ad e do m uro (ver fig. 3.2.1).
D= Dcsaprumo Devido
à Rotação da Base
Chave para impedir Enchimento com
Deslizamento do Muro Concreto "Magro"
de Forma a Garantir
Det.-1 uma Ligação adequada
da Chave com o Solo

A Tensão M áxima no Terreno


Deve ser Compatível com a
Capacidade de Carga do Solo

Fig. 3.2.1. Arrimo com sapata corrida

3 .2 .2 . Si n i st r o e m A r r i m o s c o m Fu n d ação e m Est acas

Alg uns sinist ros em m uros de arrim o co m f und ação em est aca o co rrem por um a forte t end ência
d e se q uerer usar ap enas um a linha d e est acas, seja por d esco nhecim ent o , seja por m o t ivo s
eco n ô m ico s o u por d if iculd ad es execut ivas. N essas co nd içõ es a f und ação ap resent a pequena
cap acid ad e d e absorver m o m ent o fletor, result and o , port ant o, em p o uca ef i ci ên ci a para cont er
o em p u xo da terra e result and o , no t o m b am ent o do m uro .

O id eal é q ue se em p reg uem sem p re d uas linhas de est acas, fo rm and o um b inário resistente,
q ue é m uit o eficient e para ab so rver o m o m ent o gerado p elo em p u xo d o so lo .

Oco r r er am t am b ém alg uns caso s d e rupt ura o u d ef o rm ação excessiva nas est acas ou b ro cas
dos m uro s de arrim o , por não t erem resist ido à fo rça ho rizo nt al do em p uxo .

As est acas, via d e regra, são p ro jet ad as p ara receb er esfo rço s vert icais, send o elem ent os est ru-
t urais para resist ir a p eq uenas forças ho rizo nt ais, a não ser em co n d içõ es esp eciais, q uand o
p reviam en t e elas são d im en sio n ad as p ara essa f in alid ad e. N o ent ant o é im p ort ant e q ue se
t enha em m ent e q ue essa cap acid ad e d ep end erá t am b ém d as caract eríst icas d o so lo .

Solução ~

Fundação com
apenas uma linha
de Est acas não ó Fundação com duas
aconselhável, por não Est acas é mais
ser Eficiente para Eficiente para
absorver momentos Absorver Momentos
Fletores na Base Fletores

Fig. 3.2.2. Arrimo com estacas


3.3. SIN ISTRO EM ARRIM OSSOBRETERREN O IN CLIN ADO

O s caso s d e sinist ro s em m uro d e ar r i m o execu t ad o s so b re um a su p erf ície co m t opografia


m uit o i n cl i n ad a f o ram d evi d o a f u n d açõ es rasas q ue so f reram u m p ro cesso d e ero são d o
t er r en o p r ó xi m o à b ase, p r o v o c an d o u m d e sco n f i n am e n t o d o so l o e a co n seq ü en t e
d esest ab ilização do m uro .

H á registro t am b ém d e rupt ura do t alud e o nd e foi execut ad o o m uro de arrim o , p ro vo cad a p elo
acréscim o d e carg a q ue essa no va sit uação gerou no t errap leno .

Para evit ar sit uaçõ es desse t ipo, é necessário o b servar alg uns cuid ad o s ad icio n ais na esco lha
d o t ipo d e f und ação p ara m uros d e arrim o em t errenos inclinad o s, p rincip alm ent e se houver a
p o ssib ilid ad e de o co rrer ero são . Nesses caso s d evem o s opt ar por fund ações profundas, m esm o
q ue o so lo se m ost re ad eq uad o para f und ação rasa d o t ipo sap at a co rrid a, pois este é m ais
vu ln erável ao p rocesso d e so lap am ent o d o so lo ao longo d o t em po.

É necessário t am b ém que se verif iq ue a co n d ição d e est ab ilid ad e do t alud e, co nsid erand o - se o


arrim o execut ad o , de t al form a que se t enham garant ias q uant o à est ab ilid ad e de todo o t errapleno
(ver fig. 3.3.1).

Fig. 3.3.1. Arrimo em terrenos inclinados

3.4. SIN ISTRO EM ARRIM OS M AL PROJETADOS

O s caso s de sinist ro em m uros de arrim o por falhas de p ro jet o , infelizm ent e, aind a são m uit o
co m u n s na nossa eng enharia. A p rincip al cau sa é não levar em co n sid eração o valo r d o em p u xo
d a ág ua, q ue, por sua vez, assum e valo res elevad o s cap azes de p ro vo car o co lap so d a estrutu-
ra de co nt enção .

Ou t ra falha co m u m é não p rever sob recarg as ad icio n ais no t errap leno e um eficient e sist em a
d e d renag em , o q ue nos rem et e às co nd içõ es do parágrafo ant erior, send o q ue vam o s ab o rd ar
esse asp ect o co m d et alhes no it em 3.5.

Al g u m as est rut uras d e co n t en ção f o ram seriam en t e ab al ad as e o ut ras ch eg ar am ao co l ap -


so p elo fat o d e o p ro jet o n ão ter levad o em co n si d er ação esf o rço s ad i ci o n ai s, d eco rrent es
d a p o ssi b i l i d ad e d e so b recarg as even t u ai s, o q ue p o d e o co rrer p r i n ci p al m en t e nas ind úst ri-
as, o n d e veícu l o s p esad o s t ransit am nas p r o xi m i d ad es d o s m uro s d e ar r i m o , o u o co rre a
est o cag em d e p ro d ut o s.

Ou t ro erro de p ro jet o q ue no rm alm ent e result a em sinist ro é sub est im ar o valo r pot encial d o
em p u xo . Em alg uns caso s isso se deu por erro d e cál cu l o e em out ros p elo crit ério errado d e
d im ensio nam ent o q ue levo u em co nsid eração , de form a m uit o ot im ist a, alg uns parâm et ros q ue
p erm it em red uzir o valo r do em p u xo .

A l g u n s caso s m ai s an t i g o s d e si n i st r o c m m u r o s d e ar r i m o f o r am d eco r r en t es d a co r r o -
são d as ar m ad u r as, em f u n ção d e o el em en t o est r u t u r al est ar n o r m al m en t e em co n t at o
p er m an en t e co m a u m i d ad e, co n d i ção essa, q u e so m ad a a u m co b r i m en t o i n su f i ci en t e,
f avo r ece o at aq u e d o aço . Essas o b r as f o r am execu t ad as d u r an t e a v i g ên ci a da an t ig a
n o r m a b r asi l ei r a (N B- 1 ), em q u e a r eco m en d ação na esp essu r a d o co b r i m en t o n ão er a
co m o at u al m en t e.

A im p o rt ân cia do co b rim ent o ad eq uad o se d eve p ela p resença d a u m id ad e co nst ant e, q ue


f avo rece a o xi d ação d a ferragem e, caso isso aco n t eça, h averá u m aum ent o sig nif icat ivo no
vo l u m e do aço e os efeit o s result ant es d essa exp an são g eram um a fo rça cap az d e rom per o
co n cr et o . Essa co n d i ção p erm it irá m aio r inf ilt ração d e u m id ad e e co nseq üent em ent e u m a
acel er ação d o p ro cesso co rro sivo ; no ent ant o , co m o esse f en ô m en o o co rre na face o cult a d o
m uro , co rre- se o risco de a sua evo l u ção não ser d et ect ad a a t em p o e cau sar ent ão o co lap so
d a est rut ura (ver fig. 3.4.1).

No Caso dos Muros do Arrimo do Concroto Armado, Dovomos Tomar Cuidados Espoclals para Garantir a Proteção
da Armadura, Atravéz de um Cobrimento maior igual a Três Centímetros e Posterior Impermeabilização da Superfície
do Concreto , tendo em Vista que não será Possível Identificar o Processo de Corrosão.

Fig. 3.4.1. Cobrimento da ferragem em muro de arrimo

3.5. SIN ISTRO EM ARRIM OS COM SISTEM A DE DREN AGEM DEFICIEN TE

Um sist em a de d renag em d eficient e é sem d úvid a um dos p rincip ais m o t ivo s d e sinist ros em
m uro s d e arrim o s, t end o em vist a q ue a p resença d ' ág ua gera g rand es esfo rço s ad icio n ais
q uand o não enco nt ra cam in h o s por o nd e esco ar.
Essa falt a sc faz sent ir co m m ais f req üência d urant e as p recip it açõ es p luvio m ét ricas, cu e satu-
ram o so lo e, se não forem co rret am ent e d renad as, acab am gerando elevad o s em p uxo s hid ráu-
lico s, cap azes d e d errub ar as est rut uras d e co nt enção .

H á caso s de vazam ent o s em t ub ulaçõ es hid ráulicas que co m o passar do t em p o t êm o m esm o


efeit o d as chuvas. O u aind a a var iação no nível do lenço l freát ico, q ue apesar d e menos co -
m um , t am b ém gera em p uxo s cap azes de p ro vo car t al sinist ro.

Esse t ipo d e sinist ro no rm alm ent e o co rre p o rq ue não se p revê em p ro jet o um eficient e sist em a
d e d renag em o u, q uand o p revist o, não é execut ad o co rret am ent e. Por out ro lad o , alguns siste-
m as d e d renag em vão p erd end o a ef iciên cia co m o t em po, p rincip alm ent e p elo fenôm eno d a
co lm at ação d o elem ent o d renant e, d evid o ao acú m u l o d as p art ículas finas d o so lo que co m o
t em po acab am im p ed ind o a passagem d a ág ua, e nessa co n d ição é necessário fazer uma ma-
nut enção nos d renos para q ue volt e a f uncio nar no vam ent e.

Um sist em a de d renag em usad o co m sucesso em m uros d e arrim o co m alt ura d e at é 3,0 m pode
ser vist o na figura 3.5.1; no ent ant o, d evem o s ter em m ent e q ue eles têm um a vid a út il q ue
d ep end e d e d iverso s fat ores lo cais. Ent ão , q u an d o for co nst at ad a um a red ução d a vazão , é
sin al d e p erd a d e ef i ci ên ci a do sist em a, d evend o - se, nessas co n d i çõ es, p ro vid en ciar a sua
m anut enção co m urg ência.

Para m uros co m alt ura elevad a, devem - se execut ar, além dos d renos junt o ao m uro , outros m ais
profundos at ravés d a int ro d ução d e t ubos drenant es co m co m p rim ent o suficient e para cap it ar
um a p arcela de água em pont os m ais afast ados d a est rut ura de co nt enção .

Tratamento do Talude
(grama,cimentado etc.)

Canaleta de Captação
Detalhe do Buzinote das Águas Pluviais

V /
Manta Geotêxtil

Buzl notes

i
Elemento Drenarte
• (brita + areia)

Fig. 3.5.1. Drenagem em muro de arrimo

3.6. SIN ISTRO DEVIDO À ABERTURA DE VALAS PRÓXIM AS DE M UROS DE ARRIM O

Ob r as q ue g eram abert ura d e val as p ró xim as à b ase de um m uro de arrim o são sem pre perigo-
sas, pois cr i am um d csco nf inam ent o do so lo no seu ent orno, p o ssib ilit and o q ue as tensões d e
co m p ressão p ro d uzid as pelo m uro d e arrim o nas fund açõ es cau sem um a rupt ura do so lo d e
b ase, im p lican d o na m aio ria d as vezes sinist ros d e graves p ro p o rçõ es (ver fig. 3.6.1).
Muro de Arrimo

Abertura da Vala

mm]
Tensão do Solo

Fig. 3.6.1. Abertura de valas próximas de muros de arrimo

3.7. SIN ISTRO DEVIDO À SOBRECARGA EM M URO DE ARRIM O

Em d et erm inad o s m o m ent o s na vid a út il de um m uro de arrim o , pode o co rrer um a sobrecarga


não p revist a no projet o o rig inal e aum ent ar de m aneira sig nif icat iva o em p u xo sobre a estrutura
d e co nt enção , p ro vo cand o o seu d esap rum o , o u m esm o um co lap so nos caso s m ais graves.

Esse t ipo d e sit uação é p ro vo cad o no rm alm ent e em co n seq ü ên cia d e novas o b ras nas im ed ia-
çõ es, q uand o se passa a ter um tráfego de veícu lo s p esad o p ró xim o ao m uro , q ue, além do seu
peso p ró p rio , aind a receb e o depósit o d e areia, p ed ra, terra e out ros m at eriais na part e sup erio r
d o arrim o , g erand o co m isso um sig nif icat ivo acréscim o no em p u xo (ver fig. 3.7.1).

Sobrecarga Acidental Tráfego do Veículo Pesado

Fig. 3.7.1. Sobrecarga em muro de arrimo areia/ terra ou mat. de construção

3.8. SIN ISTRO EM M UROS DEARRIM O DE ALVENARIA ESTRUTURAL

Alg uns m uros d e arrim o têm sid o execut ad o s ult im am ent e co m m ais f req üência em alvenaria
est rut ural, d evid o à f acilid ad e e rap id ez q ue esse sist em a perm it e; no ent ant o, essa so lução não
d eve ser em p reg ad a para alt uras elevad as, o nd e se m ost raram d e p o uca ef iciên cia.
O caso de sinistro nos muros de anim o em alvenaria estrutural é devido às falhas no enchimento cios blocos
com graute ou concreto. Isso ocorre [>or dois motivos mais freqüentes: o primeiro, em razão de uma even-
tual otetrução do furo pela argamassa de assentamento dos blocos; o segundo é decorrente do adensamento
incorreto do graute, sendo que na maioria das vezes esses dois erros se somam e o resultado em qualquer
um cJos casos é o surgimento de vazios internos, também conhecidos com o bicheiras (ver fig. 3.8.1).

Q u an d o as f alhas o co r r em em est rut uras d e co n cr et o co n ven ci o n al , elas são fáceis d e ser


id ent ificad as logo ap ó s a desform a, p erm it ind o os reparos necessário s. N o ent ant o , o m esm o já
não aco nt ece no caso da alvenaria est rut ural, o nd e não se p erceb em as falhas de co ncret ag em ,
um a vez q ue f icam dent ro dos b lo co s e, nessas co n d içõ es, nenhum a p ro vid ên cia é t o m ad a
para co rrig ir o p ro b lem a, d eixand o ent ão a ferragem m ais vu ln erável ao p rocesso d e corrosão.

Essas est rut uras f icam em co nt at o d iret o co m o so lo , o nd e a um id ad e é const ant e, fator q ue


facilit a a co rro são , q ue por sua vez irá o co rrer num esp aço vazi o dent ro d o b lo co de co ncret o .
Por esse m o t ivo , a exp an são q ue aco m p an h a a o xi d ação da arm ad ura não será p erceb id a e
pod erá evo luir at é p ro vo car um co lap so d a est rut ura.

Para m i n i m i zar esse t ipo d e p ro b lem a, reco m end am o s que as execu çõ es de m uro s d e arrim o d e
alvenarias est rut urais sejam execut ad as co m m uit o crit ério , co m eçan d o p elo assent am ent o dos
b lo co s sem d eixar excesso s de argam assa no int erior dos furos q ue irão receb er o graute. Este
p or sua vez d eve ser lançad o a cad a 4 b lo co s assent ados e ter p last icid ad e e f luid ez suficient e
p ara p reencher co m p let am ent e todo o esp aço q ue t iver arm ação .

Ap esar de todos esses cuid ad os, aind a corremos o risco d e ter algumas falhas de enchim ent o. Para
cont ornar essa possibilidade, devem os execut ar um a im p erm eab ilização eficient e da face do m uro
que ficará em contato permanent e co m o solo, de forma a garantir a proteção das armaduras.

Alert am o s q ue nos reservat órios de água o u d e out ros produt os líq uid o s execut ad o s em alvena-
ria arm ad a, esse t ipo de p ro b lem a t am b ém pode ocorrer, send o q ue nesse caso os cuid ad o s
d everão ser red ob rad os.
Ferragem

Fig. 3.8.1. Muros de arrimo de alvenaria estrutural


4zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Sinistros devido a recalq ues
nas fund açõ es

4.1. GEN ERALIDADES

A corret a d efinição de um tipo de fund ação é fundam ent al para garant ir vid a longa e est abilidade
para um a ed if icação , haja vist a q ue até em cit açõ es b íb licas é dit o q ue o ho m em q ue ed ificar sua
casa sobre a rocha, o vent o e a tempestade não a d errub arão; no ent ant o, aq uele que ed ificar
sobre terreno ruim será arrast ado pelo t em poral. É claro q ue essa passagem se refere à base da
vid a d e um ser hum ano , mas serve para mostrar a im p o rt ância de se ed ificar sobre terreno firm e.

M esm o o leigo sabe q ue é fund am ent al um a boa f und ação o u alicerce, co m o co st um am cha-
mar, para evit ar sérios p ro b lem as no fut uro, co m o o surgim ent o d e t rincas vivas, que m esm o
t rat adas co m co l o cação d e ferro o u t elas de náilo n não reso lvem o p ro b lem a, um a vez q ue ele
não está na alvenaria, e sim na m o vim ent ação d as fund açõ es.

A evo lu ção das t rincas pode sugerir em alg uns caso s q ue há um p ro b lem a m ais sério nas funda-
çõ es e q ue co m o t em p o pode co m p ro m et er a est ab ilid ad e d a ed if icação , co lo can d o em risco
a seg urança de seus usuário s. N essas co nd içõ es, a co rreção d o p ro b lem a im p lica quase sem -
pre so luçõ es d e cust o elevad o e d esco nfo rt o para o usuário . Por esse m ot ivo é ind isp ensável
q ue se f aça d a m an eira co rret a logo na p rim eira vez, p o is co m cert eza result ará em m ais
eco n o m ia, m enos risco e m ais co nfo rt o .

O p ro fissio nal m enos p rep arad o o u desat ent o pode inco rrer em erros lam ent áveis co m sérias
co nseq üências a m éd io e longo p razo ; isso o co rre em alg uns caso s p ela falt a de co nhecim ent o
t écn ico , o u p ela falt a d e h u m ild ad e em reco n h ecer suas lim it açõ es. N esse caso , ele ad o t a
so lu çõ es em p reg ad as em o b ras ant erio res, sem aval i ar co rret am ent e o seu d esem p enho ao
longo do t em po, o u verif icar se ela é ad eq uad a ao so lo d a no va o b ra.

Inicialm ent e, é m uit o im port ant e co nhecer as caract eríst icas do t erreno o nd e se vai const ruir.
Exist em d iverso s tipos d e verif icação do sub so lo , sendo a m ais co m u m e t am bém de m enor
cust o a sond ag em de sim p les reco nhecim ent o a p ercussão , o nd e se m ont a um t ripé ccm t ubos
d e aço e se int ro d uzem no so lo tubos e um am ost rador- padrão.

Ap esar d e sim p les, essa sond ag em p erm it e um a classif icação d o t ipo de so lo exist ent e e um a
aval i ação m uit o b o a d a sua resist ência, elem ent o s ind isp ensáveis para se d efinir q ual a funda-
ção m ais ad eq uad a.
N as ob ras m aio res, co m o p réd io s de vário s and ares o u indúst rias de grande port e, os projet ist as
não d isp ensam a so nd ag em de reco nhecim ent o d o sub so lo para p rojet ar o t ipo de fund ação q ue
vai apresent ar o m elho r d esem p enho t écnico e eco n ô m ico .

N as ed if icaçõ es resid enciais, co m er ciais e ind ust riais de p eq ueno port e, esses cuid ad o s nor-
m alm ent e não são o b servad o s, f azend o co m q ue m uit as vezes se co m et am erros grosseiros q ue
result am em sérios sinist ros.

N o p assad o alg uns p ro f issio nais se aven t u r avam co m so lu çõ es t ecn icam en t e inad eq uad as,
p o rém co m os inúm ero s insucesso s eles fo ram se co n ven cen d o d a im p o rt ância d c se projet ar e
execut ar ad eq uad am ent e um a f und ação . Nos últ im os anos, co m o avan ço do co nhecim ent o e
o d esenvo lvim ent o d e no vas t écnicas e m o d erno s eq uip am ent o s, já é p o ssível se projet ar e
execut ar so fist icad as fund açõ es sem p ro b lem as d e recalq ues sig nificat ivo s ao longo do t em po.

N o ent ant o aind a não é p o ssível p rever co m total exat id ão os recalq ues ab so lut o s que irão
o co rrer num a f und ação . Por out ro lad o , não exist e recalq ue zero , e fund açõ es projet adas para
ter recalq ue b em p ró xim o d e zero im p licariam cust os p ro ib it ivo s, i n vi ab i l i zan d o a m aio ria dos
em p reend im ent o s.

Para se ter um result ado alt am ent e sat isfat ório, é m uit o im port ant e q ue a em p resa de sondagem
e o eng enheiro p ro jet ist a sejam reco nhecid o s p ela excelen t e q ualid ad e dos t rab alhos execut a-
d os. Ao m esm o t em p o é im p rescind ível q ue a obra seja aco m p an h ad a d urant e a execu ção d as
f und açõ es, t endo em vist a q ue é m uit o co m u m o co rrer var iação nas caract eríst icas do so lo , o
q ue irá im p licar um a pront a int ervenção do p rojet ist a.

4.2. SIN ISTRO DEVIDO À FUN DAÇÃO EM SOLO COM PRESSÍVEL

N o cap ít ulo 2 .1 2 , t ivem o s o p o rt unid ad e de verif icar o q ue o co rre co m at erros sobre turfas o u
arg ilas o rg ânicas o u so lo m uit o co m p ressível, send o q ue nest e t ó p ico vam o s tratar das suas
co nseq üências no co m p o rt am ent o d as fund açõ es de um a ed if icação .

Part icip am o s d a an álise d e alg uns caso s q ue result aram em sinist ro , d evid o à execu ção d e
at erros co m alt ura variand o ent re 0,50 m e 2,00 m sobre so lo co m p ressível. Isso o co rreu em
alg um as áreas nas cid ad es d e Gu aru lh o s, Jacareí e d o lit oral p aulist a, p rincip alm ent e em Cub at ão
e no Gu ar u j á.

N essas lo calid ad es, o at erro execut ad o , m esm o no caso d e p eq uenas alt uras, p ro vo co u d ep o is
d e uns m eses um lent o p rocesso de ad ensam ent o d a cam ad a co m p ressível do subsolo, acarre-
t ando afund am ent o dos pisos e gerando sob recarg as ad icio n ais nos b ald ram es e nas fund ações.

O afund am ent o dos pisos não o co rreu de m aneira unifo rm e, m as sem p re de form a mais acent u-
ad a no cent ro dos am b ient es d elim it ad o s por alven arias. Esse fato se just ifica t endo em vist a
q ue o co rre um a lig ação ent re o p iso e os elem ent o s d e ved ação .

Em jacareí, d evid o à m á q ualid ad e de um a cam ad a sup erf icial do so lo , o nd e seria co nst ruíd a
um a esco la, a const rut ora reso lveu t om ar alg um as p ro vid ências no sent id o d e m i n i m i zar os
p o ssíveis efeit os d ano so s d o at erro na ed if icação q ue seria execut ad a no lo cal. Ressalvam o s
q ue a so lução d ad a p ela em p reit eira foi b asead a em seus próprios crit ério s, sem co nsult ar os
p ro fissio nais resp o nsáveis p elo projet o de fund açõ es.
A so l u ção ad o t ad a foi a d e co lo car um a m al h a d e aço em t odo o co nt rap iso d e co ncret o ,
p assand o por sobre o s b ald ram es. Ag ind o assim , na m elho r d as int ençõ es, o const rut or não se
d eu co nt a d e q ue, co m o inevit ável afund am ent o d o piso, d evid o ao recalq ue d o so lo fraco, iria
so b recarreg ar as vig as b ald ram es, as f und açõ es e co m isso p ro vo car sérias rachad uras nas
alvenarias (ver fig. 2.12.1).

Em caso s sem elhant es a esse, o nd e não fo ram co lo cad as arm ad uras no co nt rap iso , os d ano s
foram m eno res, m as m esm o assim o recalq ue do piso e o at rit o lat eral co m as alvenarias p rovo-
car am sério s d anos na ed if icação .

A co r r eção ad o t ad a p ara o p ro b lem a, sem gerar g rand es cust o s e m ais t ranst orno, foi a d e
co rt ar o co nt rap iso co m d isco de d iam ant e, o m ais p ró xim o p o ssível d e todas as alvenarias,
p erm it ind o co m isso q ue o m esm o pudesse recalcar livrem ent e sem carreg ar consigo os ele-
m ent os est rut urais d e f und ação . O d esnível rem anescent e foi co rrig id o co m m at erial de b aixo
peso esp ecíf ico , do t ipo arg ila exp and id a o u t ijo lo s cerâm ico s furad os.

As so luçõ es p revent ivas para este t ipo d e sit uação p o d em ser a total rem o ção d a cam ad a d e
so lo co m p ressível e post erior at erro o u , na im p o ssib ilid ad e de tal rem o ção por m ot ivos t écnico s
o u eco n ô m ico s, est rut urar o p iso ou execut ar o at erro e se aguardar o t em po necessário p ara a
sua aco m o d ação , e só d ep o is iniciar a ob ra.

Esta últ im a so lução d em and a t em p o , m as pode ser id eal q uand o se pret ende co nst ruir obras d e
um o u d ois p avim ent o s, p rincip alm ent e co njunt o s hab it acio nais ho rizo nt ais, p ois se o aterro for
execut ad o co rret am ent e, será p o ssível a u t ilização de f und ação d iret a, q u e apresent a a vant a-
g em da rap id ez e d o b aixo cust o .

H á q ue t om ar cu id ad o t am b ém co m as fund açõ es p rofund as, q uand o a cam ad a co m p ressível


for g rand e. Nesses caso s, o at erro poderá p ro vo car aco m o d açõ es d e tal m ag nit ud e a ponto d e
gerar at rit o neg at ivo nas est acas, p ro d uzind o cargas ad icio n ais q ue, se não forem p reviam ent e
co nsid erad as, vão p ro vo car recalq ues d if erenciais nas f und açõ es.

Para co nt o rnar esse t ipo d e p ro b lem a, o projet ist a d eve red uzir a cap acid ad e no m inal das esta-
cas. Para tanto é ind isp ensável que esses cál cu l o s sejam feitos por eng enheiro esp ecializad o
em fund açõ es, p ois assim será p ossível que ele d et erm ine co m p recisão as carg as de t rab alho
q ue o elem ent o d e f und ação pod erá receber.

Nest e t ó p ico pod em os p erceb er q ue m esm o para p eq uenas o b ras é im p rescind ível um a so nd a-
g em p révia do sub so lo , pois no caso de exist ir um a cam ad a de so lo co m p ressível, devem - se
t om ar os cuid ad o s esp eciais cit ad o s ant erio rm ent e, de form a a não se ter surpresas desagradá-
veis e às vezes desast rosas.

Ap enas para se ter um a o rd em de g rand eza, em alg uns caso s co m at erros de ap enas um m et ro
d e alt ura sobre so lo co m p ressível foram const at ad os recalq ues d e at é 20 cm , p ro vavelm ent e
so m ad o co m o at erro m al execut ad o .

A d ef o rm ação d o so lo co m p ressível d ep end e b asicam ent e d as suas caract eríst icas g eo t écnicas,
d a sua espessura e p rincip alm ent e da alt ura da cam ad a de at erro que será deposit ada sobre
ele. Por out ro lad o , há q ue t o m ar os d evid o s cuid ad o s na corret a execu ção d o at erro, para não
se ter um a so m at ó ria de aco m o d açõ es em q ue o recalq ue final será a so m a d as d eform ações d o
at erro m al execut ad o co m a d ef o rm ação da cam ad a co m p ressível.
4.3. SIN ISTRO DEVIDO À FUN DAÇÃO DIRETA SOBRE SOLO " FRACO

A f u n d ação d iret a at ravés d e sap at as iso lad as o u co rrid as são as m ais usad as em obras d e
p eq ueno port e; no ent ant o, são essas as q ue d ão o m aio r núm ero de p ro b lem as. É um a so lução
ráp id a, de b ai xo cust o e m uit o ef icient e, q uand o adot ada co rret am ent e.

O que se verif icam nas p eq uenas o b ras são a falt a de sond ag em e a ausência d e um eng enheiro
d e solos para d efinir a so lução id eal. E no caso do ser esp ecif icad o o uso d e sapatas, ele irá
reco m end ar os cuid ad o s necessário s a serem t om ados.

Em m uit os caso s é co m u m que o assent am ent o d as sapat as iso lad as se dê em cot as diferent es,
em f unção d a var iação d e nível na cam ad a resist ent e. O const rut or inexp erient e o u desat ent o
pod erá g eneralizar a co t a d e ap o io de t odas as sapat as, t o m and o por base ap enas uns p o uco s
pont os d e so lo q ue ele julg ar ad eq uad o s para suport ar as carg as d a ed if icação .

Nesta situação, acaba ocorrendo que um a ou outra sapata se apóie sobre solo inadequado, causando
então um recalque diferencial, uma vez que este ponto irá recalcar de forma mais acentuada que os
dem ais, aparecendo então as trincas, inicialment e nas alvenarias e depois na estrutura (ver fig. 4.3.1).

O tamanho das sapatas e o tipo de solo também interferem nos recalques de um a fundação (ver f g. 4.3.2).

Recalque

Fig. 4.3.1. Recalque diferencial de fundações

Argilas Areias

Fig. 4.3.2. Gráficos pressão x recalque de sapatas isoladas, apoiadas em argila e areias
4.4. SIN ISTRO DEVIDO À FUN DAÇÃO DIRETA EM ATERROS

Excet o em sit uaçõ es esp ecíf icas, o nd e o at erro foi p ro jet ad o e execut ad o para receber sobre
ele as carg as d as fund açõ es, d evem o s evit ar o em preg o de f und ação diret a sobre aterros, p ois
na m aio ria d as vezes em q ue isso o co rreu as ed if icaçõ es ap resent aram sérios p ro b lem as d e
recalq ues, co m surgim ent o d e t rincas e co m p ro m et im ent o d a est rut ura, t endo em vista q ue a
m aio ria desses at erros é execut ad o sem nenhum co nt ro le d e q ualid ad e.

O s piores lo cais são os t errenos q ue receb eram at erro sanit ário , o u q ue fo ram ut ilizad o s no
passado co m o bota- fora d e lixo ind ust rial. Nesses esp aço s não se d eve ed if icar sem antes efe-
tuar m inucio so s est udos en vo lven d o vário s set ores d a eng enharia, pois além de problem as co m
as fund açõ es t emos o lenço l freát ico co nt am inad o e a p resença de gases in ílam áveis e t ó xico s
q ue são no civo s à saúd e do ho m em .

N o ent ant o, o que temos observad o é que just am ent e nesses locais o co rre o m aio r núm ero de
const ruções cland est inas, que além dos inevit áveis d anos que vão surgir nas ed ificaçõ es, irem os
ter t am bém sérios problem as de saúde p úb lica, p ela co nt am inação dos m oradores nessa região.

Nos d em ais casos onde é possível se const ruir, apesar da presença de um at erro, o engenheiro de
obras e o construtor d evem tomar todos os cuid ad o s para at ravessar o at erro e buscar um so lo
natural ad eq uad o para se ap oiar a sapat a, um a vez q ue d evem o s lem brar q ue não basta ser so lo
nat ural, o m esm o deve apresentar caract eríst icas ad eq uad as para suportar a carg a da ed ificação .

O u t r o cu i d ad o a ser t o m ad o é co m aq u eles at erro s q ue p elas car act er íst i cas d o so lo em p re-


g ad o p o d em eng anar o p ro f issio n al, q ue p o d erá en t en d er q ue se t rat a d e so lo nat ural, o u
ent ão não p erceb er q ue ap en as p art e d o t erreno é co n st it u íd o por so l o n at u r al, h aven d o
t recho s co m at erro .

Em q uaisq uer d as co nd içõ es cit ad as ant erio rm ent e, irem os ter inevit avelm ent e recalq ues dife-
renciais nas fund açõ es, acarret and o t rincas e rachad uras nas alvenarias e na est rut ura, poden-
d o levar a ed if icação ao co lap so caso não sejam t om adas as d evid as p ro vid ências a t empo.

Nesses caso s, um a so lu ção t écn ica e eco n o m icam en t e viável é o reforço co m est acas d e rea-
ção do t ipo M EGA , p o d end o ser de aço para at ravessar at erros co m m uit o ent ulho de obra, o u
d e co ncret o q uand o o at erro perm it ir. Deve ser o b servad o no caso d as est acas m et álicas q ue os
seus segm ent os sejam co rret am ent e so ld ad o s o u rosq uead os; e no caso d as est acas de co ncre-
to, os m ó d ulo s d evem ser furados na sua part e cent ral, d e forma a perm it ir a inst alação de um a
arm ad ura e post erior enchim ent o d e co ncret o . Essas reco m end açõ es t êm por finalid ad e garan-
tir linearid ad e e vert ical id ad e às est acas.

4.5. SIN ISTRO DEVIDO À FUN DAÇÃO PROFUN DA EM ATERROS

M esm o nos caso s de fund açõ es profund as at ravés de est acas (p ré- m o ld ad as o u m oldadas no
lo cal) o u t ub ulõ es, há q ue t om ar os d evid o s cuid ad o s num a corret a invest ig ação d as caract erís-
t icas do sub so lo . Prim eiram ent e para d efinir co m p recisão o t ipo de f und ação a ser em pregada
e d ep o is p ara est ab elecer as cot as de ap o io dos elem ent o s que irão co m p o r a f und ação .

A p resença do at erro gera alg um as d if iculd ad es execut ivas, in viab ilizan d o d et erm inad os t ipos
d e fund açõ es que t eo ricam ent e seriam p o ssíveis; no ent ant o, nos caso s d e at erros co m ent ulhos
do out ras o b ras, m uit as vo zes não se co nseg ue execu t ar est acas m o ld ad as no lo cal, d evid o à
p resen ça de elem ent o s de co n cr et o e ferragens exist ent es no seu int erior.

N esses caso s, d eve- se p ensar em u m a so l u ção alt ernat iva, co m o em p reg o d e Est acas M et áli-
cas, Rai z, o u Pré- M o ld ad as, sen d o q ue est a últ im a, se for d e p eq u en o d iâm et ro , t am b ém p o d e
enco nt rar d if icu ld ad es p ara at ravessar o at erro .

Ou t r a sit uação in d esejável q ue p o d e o co rrer é a cr avação d e est acas co m " neg a falsa" , o n d e
a pont a d a m esm a p ára em alg um elem ent o resist ent e no at erro . A l ém de o co m p o nent e d e
f u n d ação ter p o u ca cap aci d ad e d e sup o rt ar carg as, p o d erá recalcar junt am ent e co m o at erro
se est e ain d a não est iver est ab ilizad o , t razend o co n seq ü ên ci as d esast rosas para a ed if icação .

Tivem o s o p o rt unid ad e d e p art icip ar de um caso sem elhant e n u m a o b ra execu t ad a na cid ad e d e


Sant o An d ré, em São Paulo, o n d e foram cravad as várias est acas p ré- m o ld ad as d e co ncret o num
t erreno q ue fora u t ilizad o no p assad o co m o bot a- fora de t odo t ipo de m at erial. Ap esar d isso a
co nst rut o ra não d eu a d evid a at enção às reco m en d açõ es d o p ro jet o d e f und açõ es, result and o
assim q ue alg um as est acas f icaram co m a pont a p arad a no at erro , acarret an d o recalq ues d ife-
ren ciais co m sérios d ano s nas al ven ar i as e na est rut ura d e co ncret o ar m ad o d a ed if icação .

Devem o s levar em co nsid eração t am b ém a possibilidade de o aterro p ro vo car um "atrito negat ivo"
nas est acas d evid o à aco m o d ação do solo, o q ue resulta num acréscim o de carga nas mesmas.

Sit uaçõ es d esse t ip o exi g em cu i d ad o s esp eciais, co m eçan d o p ela p ro g ram ação d e so nd ag ens
q u e p erm it am o m ap eam en t o co rret o d o sub so lo e f o rn eçam t odos os elem ent o s ind isp ensáveis
p ara q u e seja cal cu l ad a a cap aci d ad e real d e carg a d as est acas.

Finalm ent e, deve ser obrigatório um acom panham ent o rigoroso da obra por engenheiro especializa-
d o, d e forma a se aferir o com prim ent o de cad a est aca co m a profundidade do aterro naquele [X)nto,
garantindo assim que a estaca atravesse todo o aterro e at inja o nível de solo previsto em projeto.

Sit.2 Acomodação
do Aterro \

Negativo
Aterro Compressível

Solo Natural

- No caso de a est aca parar no aterro (sit.1) ela irá recalcar na mesma proporção que o aterro acomodar
- No caso de a est aca parar no solo natural (sit. 2) ela ficará sujeita a um acréscimo de carga provocado
pelo atrito negativo

Fig. 4.5.1. Est acas em aterros


N o caso d e est acas m o ld ad as no lo cal do t ipo BRO CA S o u STRAUSS, a sua execu ção t am b ém
d everá o b servar os m esm o s cuid ad o s cit ad o s ant erio rm ent e para as est acas pré- m oldadas e ter
um a at enção red obrad a no en ch im en t o d as m esm as, d e form a a garant ir q ue não haja vazio s
na co ncret ag em p ela p resença de elem ent o s p ro venient es do ent ulho .

Para elucid ar a sit uação descrit a acim a, cit aremos co m o exem p lo a const rução d e cin co sobrados
num bairro de Eng. Go ulart , em São Paulo, em que o empreit eiro não levou em consideração que o
terreno t inha um acent uado d eclive e que havia recebido no passado aterros d e diversos tipos.

Para agravar aind a m ais a sit uação , o const rut or t am b ém jog ou o ent ulho g erad o pela p ró p ria
o b ra, co m a f inalid ad e de am en izar o d esnível exist ent e.

N ão se d and o co nt a d a sit uação , execut o u o m esm o t ipo de f und ação p ara toda a co nst rução ,
o u sej a, b ro cas m an u ais co m ap ro xim ad am ent e 2,00 m d e p ro f und id ad e. Send o assim , nos
sobrad os im p lant ad o s na part e m ais at errada as b ro cas não at ing iram o so lo nat ural, p rim eira-
m ent e p elas d if iculd ad es na ab ert ura d as b ro cas, em f unção d a p resença d o ent ulho , e segundo
p o rq ue o at erro t inha m ais de d ois met ros d e alt ura nesta região, de tal sorte que as b ro cas
f icaram curt as e ap o iad as som ent e no at erro.

O empreiteiro tentou com|x?nsar essas dificuldades usando um a quantidade muito maior de concreto
nas bases e nos baldrames, o que serviu apenas para agravar ainda mais o problema, pois agindo
assim colocou mais |X?so sobre um aterro lançado sem com pact ação e em processo de acomodação.

O result ado não p o d ia ser out ro: surg iram várias rachad uras nas alvenarias d evid as aos recalq ues
d if erenciais nas fund açõ es. N esse caso a so lução em p reg ad a para reso lver o p ro b lem a foi a
u t ilização d e est acas d e reação do t ipo M EGA , co lo cad as em pont os est rat égicos para se ter
carg a d e reação e garant ir que as m esm as at ravessassem o at erro até at ingir no so lo natural a
cam ad a id eal p ara q ue as est acas p ud essem suport ar as carg as da ed if icação .

Co m o se pode perceber, ed if icar so b re um at erro im p lica obrig at oriam ent e um a invest ig ação
d et alhad a d o sub so lo , a elab o ração crit erio sa d e um p ro jet o de f und açõ es e, por fim , u m a
execu ção co m aco m p anham ent o rigoroso de cad a et apa co nst rut iva.

4.6. SIN ISTRO DEVIDO A FALHAS NA EXECUÇÃO DE ESTACAS

Buscand o manter o escopo do nosso trabalho, vam os abordar de forma sim p lificad a os problemas
mais com uns que cost um am ocorrer co m as fundações em estacas pré- moldadas o u moldadas no
local, sem a pretensão de um aprofundament o 110 mérito da questão, um a vez que esse assunto é
ext enso e d eve ser alvo d e estudo em bibliografia esp ecífica. Pelas m esm as razões não irem os
abordar neste cap ít ulo os as|> ectos relativos à m ecânica dos solos nos recalques d as fundações.

O s p ro b lem as q ue t em o s o b servad o co m m ais f req üência na execu ção d as fund açõ es co m


est acas são :

• Est acas fora da p o sição corret a.


• Erros de cr avação .
• N eg a falsa.
• Falhas na execu ção de est acas m o ld ad as no lo cal.
• Out ro s.
4 .6 .1 . Est acas Fo ra d a Po si ção Co r r et a

Pode o co rrer um erro de lo cação por f alha d e p ro jet o o u por erro de m ed i ção na o b ra; event u-
alm ent e, por o casião d a m o vim ent ação do bat e- est acas, ele pode não ficar b em p o sicio nad o ,
o u esb arrar e d eslo car o p iq uet e ind icad o r da p o sição d a est aca.

H á sit uaçõ es em q ue apesar d e a est aca ter-se in iciad o no pont o cert o , ela pode p rod uzir um
d eslo cam ent o d a p o sição i n i ci al o u u m d esap rum o , caso enco nt re alg um o b st áculo no seu
cam i n h o , co m o um fragment o de ro cha o u out ro elem ent o q ualq uer q uand o se tratar de at erro.

Qu an d o for co nst at ad o q ue um a ou m ais est acas não se enco nt ram na p o sição co rret a, d eve ser
feito um levant am ent o p reciso dessas est acas após a cr avação e levar ao co nhecim ent o dos
projet ist as da f und ação e d a est rut ura. De posse desses d ad o s, eles p o d erão fazer uma avalia-
ção d a no va d i st r i b u i ção d e carg a nas est acas, b em co m o se h averá n ecessid ad e d e u m a
alt eração no elem ent o est rut ural.

Se não forem t om adas essas p ro vid ências, p o d erem o s ter alg um as est acas co m carg a acim a d o
p reco nizad o no p ro jet o d e fund açõ es e, co nseq üent em ent e, um a alt eração no co m p o rt am ent o
d o b lo co d e co ro am ent o d as est acas. A so m at ó ria desses fatores pod erá p ro vo car recalq ues o u
at é m esm o a rupt ura do elem ent o est rut ural.

4 .6 .2 . Erro s d e Cr a v a ç ã o

Durant e a cr avação d as est acas, pode o co rrer sua q ueb ra d evid o à co nd ut a inad eq uad a d o
o p erad o r do b at e- est aca, d ef iciên cia do m at erial q ue co nst it ui a m esm a e cam ad as d e so lo
d if íceis d e serem at ravessad as o u a p resença de elem ent o s q ue im p eçam a sua p enet ração .

M esm o que se t enha o co nhecim ent o p révio da p resença d e elem ent o s q ue possam quebrar o u
d esviar a est aca, nem sem p re é p o ssível se opt ar por out ro t ipo de f und ação , o u por m o t ivo s
t écnico s o u na m aio ria d as vezes por razõ es eco n ô m icas.

N esses caso s se t orna obrig at ório um aco m p anham ent o rigoroso d urant e a cravação das esta-
cas, o b jet ivand o - se aferir a p resença do o b st áculo p ara se alt erarem o s pont os d e cr avação
o nd e for necessário .

Pode o co rrer d e a est aca parar sobre um elem ent o est ranho d and o nega falsa, o u quebrar sem
q ue o op erad or p erceb a. Nesses caso s um p ro fissio nal m enos exp erient e p o d erá ent ender q ue
a est aca at ing iu o so lo d esejável e, no ent ant o , o que vai o co rrer é um inevit ável recalq ue
d if erencial e suas co nseq üências na ed if icação (ver fig. 4.6.2).

Part icip am os d a co nst rução d e u m a esco la na cid ad e d e Sant os, no b airro Areia Branca, q ue
por sua vez se sit ua junt o ao p é de várias m o nt anhas exist ent es no lo cal. O so lo se m ost rava
inad eq uad o para f und ação rasa, ao m esm o t em po em q ue ap resent ava vário s m at acões no seu
int erior, d if icult and o a cravação d e est acas.

Ap esar d as d if iculd ad es, a so lu ção t écnica e eco n o m icam en t e viável ad ot ad a p elo eng enheiro
d e so lo s foi a u t ilização d e est acas p ré- m o ld ad as de co ncret o arm ad o , co m um rigoroso aco m -
p anham ent o de t odas as et ap as d e cr avação . Dessa form a foi p o ssível co nt o rnar os m at acões,
fazend o - se as alt eraçõ es necessárias no p ro jet o e execut ar a o b ra co m sucesso .
Nessa o casião , t ivem os a oport unidade d e constatar no co njunt o hab it acio nal que ficava ao lad o
da esco la em quest ão, aind a em fase final de co nst rução , enorm es rachad uras nas alvenarias e
várias fissuras nas vigas d e co ncret o , ind icand o se tratar de recalq ue d iferencial na fundação.

A inf o rm ação q ue o b t ivem o s foi a d e q ue se t rat ava d e ed if icação co m est rut ura d e co ncret o
arm ad o e f und ação em est aca raiz, send o q ue p ro vavelm ent e alg um as d elas t inharr p arad o
so b re m at acão e recalcad o excessivam en t e.

N esse caso d evem o s o b servar q ue não se trata d e f und ação inad eq uad a, m as sim de execu ção
sem um aco m p anham ent o ad eq uad o .

Estaca com Ponta no Matacão

Matacão

Estaca Quobrada ^ / /" " "


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Solo Fraco

Fig. 4.6.2. Est aca cravada em terreno com matacão

4 .6 .3 . N eg a Falsa

Em solos arg ilosos, rijo s a d uro s, a est aca pod erá apresent ar nega d urant e o p rocesso de crava-
ção , não ap ro fund and o co m os golpes da cr avação , a não ser aq ueles p o uco s m ilím et ros q ue
servem para caract erizar a est aca co m o b o a.

N o ent ant o , se for ret om ada a cr avação d a est aca no d ia seguint e, ela co nt inuará d escend o;
este fenô m eno é ch am ad o de Relaxação .

N essas co n d içõ es um p ro f issio nal não esp eci al i zad o p o d erá co nsid erar a est aca co m o b o a e
ela irá r ecal car ao longo do t em p o , p r o vo can d o t rincas na ed i f i cação e p o d end o co m p ro m e-
ter a sua est ab ilid ad e. Para evit ar q ue isso o co rra é necessário p rim eiram ent e u m borr p ro jet o
d e f und açõ es, no q u al o p ro jet ist a est im e o co m p rim en t o co rret o d as est acas e f aça um rigo-
roso aco m p an h am en t o d a o b ra, p ois só assim será p o ssível se p rever e p ro g ram ar a r ecr avação
d as est acas.

A sit u ação co nt rária t am b ém p o d e o co rrer. É q u an d o a est aca não d á nega d urant e a crava-
ção e, se ret o m ad a no d ia seg uint e, não p enet ra m ais. Esse f enô m eno pode o co rrer em so lo s
aren o so s, send o q ue nessas co n d i çõ es m ais u m a vez é i m p r esci n d ível a p ar t i ci p ação d o
eng enheiro esp ecialist a em f und açõ es, p ois só ele p o d erá d ef inir q u an d o d eve ser int errom -
p id a a cr avação .
4 .6 .4 . Erro s e m Est acas M o l d ad as n o Lo cal

Vam o s ab o rd ar nest e cap ít u lo ap enas as est acas do t ipo STRA USS e do t ipo BRO CAS, co m
escavação m an u al o u m ecân i ca, nas q u ais t em o s enco nt rad o o m aio r núm ero d e erros. As
est acas do t ipo FRA N K, H ÉLICE CO N TI N U A o u BARRETE não serão ab o rd ad as nest e t rabalho,
por serem em p reg ad as em ob ras m uit o esp ecíf icas, exig in d o em p resas co m t ecnolog ia m ais
so f ist icad a para sua execu ção e p ro f issio nais alt am ent e esp eci al i zad o s e b em t reinad os, d e
fo rm a a m i n i m i zar p o ssíveis falhas.

N o caso d as est acas t ipo STRAUSS, execut ad a co m cam isa m et álica, o p ro b lem a m ais co m u m
é o surg im ent o de falhas na co ncret ag em , as fam osas " b ich eiras" . Isso o co rre norm alm ent e no
m o m ent o em q ue se iça o t ubo e o co ncret o vem junt o . A sit uação se agrava q uand o se tem
arm ad ura em toda a est aca, pois a m esm a d if icult a a d escid a do p ilão , q ue, por sua vez, acab a
am assand o - a, aum ent and o o risco do surg im ent o d as b icheiras.

Esses p ro b lem as p o d em ser co m p ro vad o s nas o b ras o nd e se execu t am est acas STRAUSS co m o
co rt inas e após a escavação do so lo é p o ssível se p erceb er as falhas d e co ncret ag em .

Para m i n i m i zar essas f alh as, d eve- se o b servar q u e d urant e o i çam en t o d o t ub o o p ilão p res-
si o n e o co n cr et o no int erio r d a est aca, d e f o rm a a g arant ir q u e o m esm o não su b a junt o co m
a cam i sa d e aço . Paralelam en t e, p o d e- se u t i l i zar co n cr et o m ais f l u i d o , co m em p reg o d e
p last if ican t es, o u u t i l i zan d o - se um t raço m ais r i co em ci m en t o p ara p erm it ir u m acr ésci m o
d e ág u a.

N as est acas d o t ipo STRA USS, ab ert as ap enas co m o p i l ão sem o uso d e cam i sa m et álica,
t am b ém cham ad as de SO Q U ETÃ O , e nos caso s d e BRO CA S, t am b ém sem p rot eção nas pare-
d es, os p ro b lem as co st u m am o co rrer d urant e a co ncret ag em , d evid o a p o ssíveis est rangula-
ment os d a est aca p elo d esm o ro nam ent o d o so lo das p ared es lat erais, o u m esm o p ela co nt am i-
nação d o co ncret o m ist urad o co m a t erra, afet ando em am b o s os caso s a cap acid ad e de carg a
d a est aca.

Um ag ravant e na execu ção d as est acas m o ld ad as no lo cal é a p resença d 'ág ua, que sem p re
pode p reju d icar a co ncret ag em . Nesses caso s não se d eve execut ar sem cam isa, e o id eal é
q ue se rem o va toda a água, ut ilizand o - se b o m b as ap ro p riad as. N ão aco nselham o s usar co n-
cret o seco na t ent at iva d e co m p ensar a p resença d e ág ua; p o d e ser um a so lução perigosa, um a
vez q ue não é p o ssível co nt ro lar a relação de ág ua e cim en t o , q ue co m o sabem os é fat or
d et erm inant e na resist ência do co ncret o .

^ Vazio Provocado no S*: ^ E n c h i m e n t o : ^ Estrangulamento pelo


c Içamento do Tubo / de Solo / Amassamento da Ferragem

Fig. 4.6.4. Falhas em est acas moldadas no local


4.7. SIN ISTRO DEVIDO A EDIFICAÇÕES SOBRE CORTE E ATERRO

A sit uação m ais co m u m aco nt ece em ed if icaçõ es resid enciais d e p eq ueno port e, onde não se
t o m am os d evid o s cuid ad o s e acab am o co rrend o o s inevit áveis recalq ues d iferenciais, poden-
d o em alg uns caso s m ais sérios causar um co lap so total o u p arcial d a ed if icação (ver fig. 4.7.1).

Fig. 4.7.1. Edificação sobre aterro e solo natural

Esse p ro b lem a é m uit o co m u m t am b ém em co nst ruçõ es d e co njunt o s hab it acio nais, obras in-
d ust riais o u em q ualq uer ed if icação que o cup e grandes áreas ho rizo nt ais. Nesses casos a exe-
cu ção d e um a t errap lanag em acab a result and o na m aio r ia d as vezes num p lat ô ho rizo nt al
co m p o st o por um a part e em at erro e out ra em co rt e.

N essas co n d içõ es é p reciso se d efinir co rret am ent e a lin h a d ivisó ria ent re cort e e at erro, bem
co m o o perfil do sub so lo vist o em vário s co rt es, d e form a a p erm it ir um a visão clara das cam a-
d as de cad a t ipo de so lo .

Dep end end o d as caract eríst icas do t erreno, é p ro vável q ue se t enha de usar m ais d e um t ipo d e
f und ação e, nesse caso , há q ue t om ar m uit o cu id ad o co m o co m p o rt am ent o esp ecíf ico d e cad a
um a, vist o q ue fund açõ es diferent es t endem a recalcar d iferent em ent e.

Um erro grosseiro é adot ar um ú n ico t ipo d e f und ação , send o que um a so lu ção ú n ica pode ser
ad eq uad a ap enas p ara cort e o u at erro. Vam o s esclarecer m elho r: pode ser q ue a so lução em
sapat a seja ad eq uad a para a reg ião em cort e, porque neste caso pode ter aflo rad o um solo m ais
resist ent e; no ent ant o , q uand o cheg ar no at erro p o d erá ser necessária um a escavação m uit o
p rofund a para se at ingir o m esm o so lo , e a sapat a não será a so lução id eal nessa região.

Em tal caso , um a so lu ção alt ernat iva seria o uso de t ubulões p ara a região do at erro, t omando-
se o cu id ad o d e verif icar p o ssíveis int erferências dos b ulb o s d e p ressão gerados por sapat as e
t ub ulõ es, o q ue p od eria acarret ar um acú m u l o d e t ensões num d et erm inad o pont o do so lo e
co nseq üent e d ef o rm açõ es d if erenciais, co m inevit áveis d ano s à ed if icação .

Um a so lução ap arent em ent e co nservad o ra p o d eria sugerir o em preg o d e t ubulões em t oda a


o b ra; no ent ant o, t emos um caso real p ara ilust rar q ue tal post ura pode não ser a m ais ad eq uad a
tanto no asp ect o t écnico co m o eco n ô m i co .
Trat a- se d e u m a ed i f i cação ind ust rial na ci d ad e d e Franco d a Ro ch a, em São Paulo , im p lant a-
d a num p lat ô co nst it uíd o por co rt e e at erro , send o q ue o p ro jet o o rig inal p ara as fund açõ es
p revia sap at as p ara a reg ião d e co rt e e t ub ulõ es p ara o s at erro s. N a o casião , o co o rd enad o r
d e p ro jet o s d a em p resa não aceit o u esse p ro jet o d e f und açõ es, aleg and o q ue a so lução não
era co n ven ci o n al .

Para tanto foi cont rat ado um reno m ad o professor de m ecânica dos solos para desenvolver um
novo projet o, que por sua vez apresent ou co m o so lução alt ernat iva t ubulões para todos os p ilares.

M ed iant e o im p asse, as d uas so luçõ es fo ram en cam i n h ad as p ara análise n u m a universid ad e


dos Estados Un id o s, q ue opt ou p ela f und ação m ist a, t endo em vist a ser m ais corret a t écnica e
eco n o m icam en t e. A so lução som ent e em t ubulões era m ais cara e ap resent ava um a séria difi-
cu ld ad e execu t iva, que era a abert ura dos t ubulões em so lo m uit o d uro .

Co m o se pode ver, d iant e dessas sit uaçõ es é p reciso avaliar crit erio sam ent e cad a casc para se
enco nt rar a so lução m ais ad eq uad a em t odos o s sent idos, do co nt rário , co rrem o s o risco d e ter
um a f und ação co m co m p o rt am ent o inad eq uad o , im p licand o t rincas e rachad uras na ed if icação ,
o u at é m esm o co m p ro m et end o a sua est ab ilid ad e.

Co n vém lem b rar que nesse t ipo de obra é im port ant e o b servar as reco m end açõ es do cap ít ulo
q ue trata dos cuid ad o s q ue d evem ser t om ados na execu ção dos at erros, p ois u m a fund ação ,
ap esar de ad eq uad a t ecnicam ent e, p od eria perder a sua est ab ilid ad e d evid o a possíveis m o vi-
m ent açõ es q ue um t alud e de at erro pode ter.

4.8. RECALQUE DEVIDO A REBAIXAM ENTO DO LEN ÇOL FREÁTICO

O rebaixam ent o do lençol freático consist e em se ut ilizar alguns sistemas esp eciais que têm por
finalidade b aixar o nível natural da água, de forma a permitir que se execut e qualquer tipo de obra.

O s sist em as m ais co nhecid o s são o de Bo m b eam ent o Diret o Su p erf icial, as Po nt eiras Drenant es
(" W el l Point s"), os Poços Pro fund o s, o Sist em a a Vácu o e finalm ent e a Drenag em por Elet ro sm o se.

O reb aixam en t o d o len ço l freát ico é u t ilizad o em t odo t ip o d e o b ra q ue req uer escavaçõ es
em p ro f und id ad es ab ai xo d o nível d a ág ua nat ural, p rin cip alm en t e em g alerias, est ação d o
m et rô, casa d e fo rça, b arrag ens, t úneis e sub so lo d e ed i f íci o s. At u alm en t e, em q ue se exig e
cad a vez m ais u m n ú m ero m uit o g rand e de vag as p ara carro s, o s ed if ício s resid enciais o u
co m er ci ai s vêem - se o b rig ad o s a execu t ar escavaçõ es p ro f und as p ara ab rig ar vário s n íveis
d e g arag ens sub t errâneas.

Qu an d o há necessid ad e d e se execut ar um reb aixam ent o do lenço l freát ico, d evem o s verif icar
as p o ssib ilid ad es d e o co rrência d e recalq ue nas fund açõ es d as ed if icaçõ es vi zi n h as, tendo em
vist a q ue vai p ro vo car t rincas e rachad uras em suas alvenarias, o u até m esm o o seu co lap so ,
caso não sejam t om adas as d evid as p ro vid ências a t em p o.

Um recalq ue pode o co rrer num a est rut ura p ró xim a ao reb aixam ent o , q uand o aco nt ecer d e a
p ressão efet iva no so lo , o nd e esta f und ação se ap ó ia, sofrer um acréscim o d e carg a resultante
d a d i m i n u i ção d a pressão neut ra. Por out ro lad o , as fund açõ es m ais afast adas d o sistema d e
d renag em vão sofrer m enos o s efeit os de reb aixam ent o e, port ant o, recalcar m eno s, p rovocan-
d o assim recalq ues d if erenciais m ais acent uad o s na est rut ura (ver figuras no it em 24.4).
Para evit ar q ue isso o co rra, d evem o s est udar o caso p reviam ent e, b uscand o d efinir um sist em a
d e reb aixam ent o q ue p erm it a um a co m p ensação da pressão neut ra, at ravés d a inst alação d e
p o ço s de recarrega m e n to art esiano , junt o às f und açõ es exist ent es. M as se essa so lução não for
vi ável , por razõ es t écnicas o u eco n ô m i cas, d evem o s p ensar em execut ar a escavação ut ili-
zand o - se p ared es im p erm eáveis, e o sist em a d e reb aixam ent o por sua vez d everá ficar restrito
ao int erior da escavação .

Qu an d o nenhum a dessas so luçõ es se most rar vi ável , o u o p ro b lem a já se enco nt ra inst alado,
ent ão p recisam o s reco rrer ao reforço da f und ação p reju d icad a, ut ilizand o - se u m dos processos
d escrit o s neste t rab alho o u out ro m ais esp ecíf ico , d ep end end o d a enverg ad ura d a obra.

Podemos encontrar mais algumas informações sobre o rebaixamento do lençol freático no item 24.4.
5 Reforço d e fund açõ es

5.1. GEN ERALIDADES

H á vário s tipos o u processos de reforço d e fund açõ es; vam o s analisar aq ueles m ais emprega-
dos em ed if ício s p red iais e ind ust riais.

• Refo rço co m est aca d e reação o u est aca m ega.


• Reforço co m est aca raiz.
• Refo rço at ravés da in jeção de cal d a d e cim ent o no so lo .
• Refo rço co m b ro cas.
• Refo rço co m sap at as.

Q u an d o um a f und ação ap resent a p ro b lem a d e recalq u e é p o rq ue ela não foi co rret am ent e
d im ensio nad a o u foi m al execut ad a, result ando num a d ef iciência na sua função d e transmitir a
carg a dos p ilares ao solo. Nesses caso s d evem o s co nsid erar cuid ad o sam ent e todas as variáveis
q ue envo lvem o p rob lem a e avaliar se a so lução é aum ent ar a cap acid ad e do elem ent o de funda-
ção para receber m ais carga, m udar o tipo de fund ação ou m elhorar as caract eríst icas do solo.

Exist em m uit as sit uaçõ es o nd e u m d et erm inad o tipo d e f und ação se co m p o rt o u ad eq uad am en-
te d urant e ano s e só veio a dar sinais de recalq ues nos últ im os t em p o s. N esse caso , o p ro b lem a
d eve estar ligado a um fator no vo q ue p recisa ser invest igado co m at enção e cuid ad o . N o rm al-
m ent e os recalq ues p o d em ser causad o s por vazam en t o hid ráulico s, inf ilt ração d e águas p luvi-
ais, reb aixam ent o de lenço l freát ico o u co nst ruçõ es d e ob ras nas p ro xim id ad es.

Al ém desses fat ores, d evem o s invest igar t odas as p o ssíveis sit uaçõ es q ue possam estar p rejud i-
can d o o co m p o rt am ent o d as fund açõ es, e som ent e ap ó s um d iag nó st ico corret o d a causa é q ue
t emos de p ensar na so lução m ais ad eq uad a para reso lver o p ro b lem a.

Ant es de se p rojet ar um reforço, p recisam o s inicialm ent e seguir um a rot ina d e p ro ced im ent o s
p relim inares, co nfo rm e ab aixo d iscrim inad o :

• An álise dos d anos exist ent es na ed if icação .


• M ed içõ es da evo l u ção das ano m alias e dos recalq ues d if erenciais.
• Análise d as caract eríst icas g eo t écnicas do sub so lo .
• Análise d as caract eríst icas d a Infra- estrutura e da Superest rut ura.
• Def i n i ção d a cau sa e d o reforço d e fund açõ es a ser ad o t ad o .
5.2. ANÁLISE DOS DAN OS EXISTENTES

A p rim eira p ro vid ên cia é um a análise d as co n d içõ es g erais d a ed if icação , em q ue d evem o s


o b servar t odas as an o m al i as exist ent es, p rin cip alm en t e o s d esap rum o s, as t rincas a 4 5 ° nas
alvenarias e as fissuras na est rut ura.

Essa análise p relim inar d eve p erm it ir um a t om ada d e p o sição co m relação à est ab ilid ad e d o
im ó vel e co nseq üent e seg urança d e seus usuário s. N a hipót ese d e exist ir risco de co lap so total/
p arcial, o u m esm o em caso de haver d úvid as nesse sent id o , reco m end am o s q ue a p rim eira
p ro vid ên cia seja a d e garant ir a int egridade f ísica das pessoas exist ent es no lo cal.

Isso post o, d evem o s iniciar ent ão um a d et alhad a vist o ria, ano t and o e d o cum ent and o q j ai sq u er
an o m alias, co m eçan d o p elo m ap eand o e m ed ição d e todas as t rincas na est rut ura e alvenarias,
ch ecan d o d ef o rm açõ es d e piso, m ed ind o o p rum o em vário s pont os, d et ect and o p ossíveis infil-
t rações d e águas p lu viais o u vazam ent o s em t ub ulaçõ es p ró xim o s d as fund açõ es e, finalm ent e,
co lh en d o info rm açõ es dos usuário s co m relação a q uaisq uer o co rrências o u alt erações o co rri-
d as na região nos últ im o s t em pos.

Para facilit ar os est udos post eriores, d evem o s fazer um relat ório fot ográfico, co m tantas fotos
q uant as forem necessárias, p ois elas vão ajud ar na vi su al i zação e na reso lução do p ro b lem a.

5.3. M EDIÇÃO DA EVOLUÇÃO DAS AN OM ALIAS

Avaliar, at ravés d e inf o rm açõ es co lh id as no lo cal, a velo cid ad e co m q ue vêm o co rrend o as


d ef o rm açõ es. Se os d ad o s f o rnecid o s e levant ad o s no lo cal in d icarem q ue se t rat a de u m a
evo l u ção lent a e a ed i f i cação apresent ar boas co n d içõ es d e est ab ilid ad e, pode- se pensar num
aco m p anham ent o dos recalq ues at ravés d a co l o cação d e m arcad o res de nivelam ent o em pon-
tos est rat égicos e post erior m ed içõ es p erió d icas co m ap arelho s t opográficos de alt a p recisão .

Paralelam ent e d everá ser feito um rigoroso aco m p an h am en t o na evo lu ção das ano m alias (ver
cap ít ulo s 17 e 18), d e form a a se ter um co nt ro le d a sit uação caso seja necessário tomar provi-
d ên cias urgentes para garant ir a int egridade d a ed if icação .

Se os danos provenientes do recalque das fundações surgiram há p ouco t empo e estão evoluindo de
forma rápida, então devem os pensar t am bém num a solução de curto prazo para estabilizar essas
deformações e garantir a est abilidade d a ed ificação , bem com o a segurança de seus usuários.

5.4. ANÁLISE DA INFRA- ESTRUTURA E DO SOLO

Esta é a fase m ais d el i cad a d o p ro cesso , em q ue se d eve f azer um a crit erio sa e d et alhad a
an álise d as caract eríst icas g eo t écnicas d o sub so lo , do p ro jet o d a infra- est rut ura, d o t ipo d e
f u n d ação exist en t e e as resp ect ivas carg as no s p i l ar es. Sem p re q ue for p o ssível elevem os
an al i sar t am b ém o r elat ó r io d e execu ção , p o is p o d e f o r n ecer el em en t o s im p o rt ant es na
el u ci d ação dos fat os.

Qu an d o não exist irem p rojet os, o q ue é m uit o co m u m nas ob ras m ais ant igas, d evem o s fazer
um levant am ent o lo cal q ue p erm it a id ent ificar o sub so lo lo cal, a infra- est rut ura, o t ipo de funda-
ção exist ent e e se p o ssível um hist ó rico d a sua execu ção . Se não ho uver so nd ag em , esta d eve-
rá ser p ro vid en ciad a o m ais ráp id o p o ssível, p ois é u m a inf o rm ação im p rescin d ível p ara se
p rojet ar ad eq uad am ent e um refo rço de fund açõ es, al ém do q ue é de b aixo cust o , rápida e fácil
d e ser execu t ad a.

O t ipo d e fund ação e os elem ent os q ue form am sua estrutura são possíveis de ser ident ificados
at ravés d e p ro sp ecção local junt o aos pilares. N a m aio ria das vezes causa enorm es transtornos
aos usuários do im ó vel, p o rém é um t rabalho que d eve ser feito q uand o não d isp om os de projetos.

O hist ó rico da execu ção d e um a f und ação , q ue não foi d evid am ent e d o cum ent ad a durant e a
o b ra, só é p o ssível q uand o lo calizam o s alg uém q ue t enha t rab alhad o nessa fase da ed if icação ,
o q ue pode ser feito t ent ando- se lo calizar o const rut or, o u por sorte em alg uns co nd o m ínio s é
p o ssível enco nt rar no q uad ro de f uncio nário s um a pessoa q ue t enha t rab alhad o d uranle a exe-
cu ção d a o b ra. D e q ualq uer form a, eles p o d em fo rnecer info rm açõ es de grande valia na inter-
p ret ação dos fatos q ue est ão co lab o rand o para o surg im ent o d e um recalq ue d if erencial.

5.5. ANÁLISE DA SUPERESTRUTURA

Já a Superest rut ura pode ser f acilm ent e id ent ificad a q uand o se trata d e est rut ura aparent e, m as
há sit uaçõ es em q ue é p reciso fazer alg uns rasgos na arg am assa de revest im ent o, d e form a a
p erm it ir lo calizar os elem ent o s d e co ncret o e, port ant o, id ent ificar a m alha est rut ural.

Devem o s ficar atentos para os caso s d e ed if icaçõ es em alvenarias aut oport ant es, em que d eve-
mos id ent ificar aq ueles p ainéis de alven aria q ue t êm a f unção est rut ural, o u seja, a responsabi-
lid ad e d e receb er as carg as d e cad a p avim ent o e levar at é a f und ação .

O t ipo e a m alha d a Superest rut ura vão d efinir as d ef o rm açõ es q ue a m esm a p o d e aceit ar o u
não . As alvenarias aut oport ant es são m ais rígidas, não aceit and o m uit a d ef o rm ação , j á no caso
d as est rut uras de b arras p o d em o s p rever um co m p o rt am ent o diferent e; no ent ant o, há q ue to-
m ar alg uns cuid ad o s, pois as alvenarias de ved ação , apesar d e d esp rezad as nos cál cu o s, aca-
b am int eragindo co m o p ainéis rígidos e, por sua vez, p o d em em alg uns caso s alt erar o compor-
t am ent o das est rut uras fo rm ad as por vig as e p ilares.

O id eal é co nsult ar sem p re um eng enheiro calculist a, p ois ele será cap az de avaliar co m m ais
crit ério as inf luências que o refo rço d e f und ação poderá p ro d uzir na est rut ura. Pois em alg uns
caso s a so lução ind icad a para co rrig ir um recalq ue im p lica erguer o u ab aixar um a oarte d a
ed if icação para co rrig ir o seu p rum o .

5.6. DEFIN IÇÃO DA CAUSA E DO REFORÇO DA FUN DAÇÃO

De posse desses dados e após um det alhado estudo de todas as variáveis que interferem no proble-
ma e suas possíveis co nseq üências, poderemos ent ão definir a causa o u causas d o problema e
pensar na solução que apresente o m elhor desempenho t écnico e eco nô m ico . Caso contrário, quando
não se t omam todos os cuid ad os citados ant eriorm ent e, correm os o risco d e agravar a sit uação
d evid o à escolha d e um processo execut ivo inadequado, o u pela d efinição d e um reforço ineficiente.

Devem o s sem p re ter em m ent e q u al é o co m p o rt am ent o f inal q ue d esejam o s p ara a nossa


f und ação após ser refo rçad a, p o is, co m exceção d o refo rço co m est acas do t ipo M EGA - que é
at iva, p o d end o in clu sive erguer a ed if icação , co m o verem o s m ais ad iant e - , todas as d em ais
são passivas e só irão at uar caso o co rram novas d efo rm açõ es. Para tanto d evem o s avaliar se é
aceit ável q ue t odo o co njunt o possa co n viver co m essa sit uação .

Ap resent arem o s a seguir alg uns tipos d e reforço de fund açõ es ut ilizad o s co m m ais freq üência
em co nst ruçõ es p red iais e ind ust riais.

5 .6 .1 . Ref o r ço c o m Est aca d e Re ação

O reforço co m est aca d e reação , m ais co n h eci d o co m o est aca M EGA , consist e na cravação d e
segm ent os d e est acas m et álicas o u de co ncret o , co m ap ro xim ad am ent e um m et ro d e co m p ri-
m ent o, ut ilizand o - se para isso m acaco s hid ráulico s eq uip ad o s co m m anô m et ro s q ue ind icam o
valo r d a pressão q ue está send o ap licad o na est aca (ver fig. 5.6.1).

Esse t ipo d e refo rço b aseia- se no p r i n cíp i o d a ação e reação d as leis d a Físi ca, em q ue o
m acaco hid ráulico , ao reagir co nt ra a infra- est rut ura d a ed if icação , co nseg ue fazer os segmen-
tos de est aca penet rar no so lo . Qu an d o o m anô m et ro ind icar o valo r d a pressão est ab elecid o no
p ro jet o d e reforço, a est aca est ará co n cl u íd a, d evend o - se ent ão fazer o cunham ent o final, ain-
d a co m o eq uip am ent o em carg a.

N o caso de se em p reg ar segm ent os d e co ncret o p ré- m o ld ad o , reco m end am o s q ue se co lo q ue


um a b arra de ferro no vazi o cent ral da est aca após a sua cr avação e se p reencha d e co ncret o ,
b uscand o co m isso garant ir um a m elho r união dos elo s. Nos caso s d e at erros m al execut ad o s,
essa reco m end ação se t orna ob rig at ória, p o is t ende a im p ed ir u m d eslo cam ent o ent re os m ódulos
se o co rrer um a p eq uena m o vim en t ação do at erro.

A so l u ção co m elem ent o s m et álico s p o d e ser feit a ut ilizand o - se p eças ro sq ueáveis, t rilhos d e
t rem o u p erfis do t ipo o u " H " so ld ad o s. Esta so l u ção é m ais cara e m ais d em o rad a p or
cau sa d o cust o d o m at erial e d o t em p o gast o no caso d e se efet uar a lig ação co m so ld a. N o
ent ant o , em at erro s co m en t u l h o d e o b ras às vezes n ão se co n seg u e cr avar a est aca d e
co n cret o d evi d o à p resença d e o b st áculo s q ue p o d em ser enco nt rad o s no cam i n h o ; nesses
caso s, co m o a est aca m et ál i ca t em u m a seção de área r ed u zi d a, enco nt ra m ais f acilid ad e
p ara sup erar esses o b st áculo s.
Devem - se t om ar alg uns cuid ad o s d urant e a execu ção dessas est acas; p rim eiram ent e, co m o
t ipo d e so lo , q ue d eve ter caract eríst icas q ue p erm it am a cr avação , sem necessit ar de um a
carg a m aio r do q ue aq uela que a ed if icação pode p ro d uzir co m seu peso p ró p rio , caso cont rá-
rio pod erá o co rrer um a t end ência de levant am ent o d a co nst rução .

O q ue pode o co rrer é a p resença d e um a cam ad a sup erf icial do so lo m ais resistente e logo
ab ai xo um a m ais fraca. N essas co n d içõ es co rrem o s o risco d e a est aca não at ravessar a cam a-
d a resist ent e e ficar curt a; nesse caso , a est aca não irá penet rar m ais, p o rem p o d erá recalcar
d evid o à cam ad a d e so lo m ais fraca logo ab aixo .

Nos ed if ício s q ue sofreram d esap rum o s d evid o a recalq ues d if erenciais, o fenô m eno do levan-
t am ent o é ut ilizad o co m o recurso para se nivelar a ed if icação o u d im in u ir o d esap rum o .

Qu an d o a f und ação exist ent e é em est acas, d eve- se co nsult ar um eng enheiro esp ecializad o
em fund açõ es para avaliar as p o ssíveis int erferências na cap acid ad e de carg a d as est acas já
cravad as. Dep end end o d o esp açam ent o das est acas exist ent es, não será p ossível uma crava-
ção ent re elas, d evid o às d ist âncias m ín im as que d evem ser resp eit ad as; nesses casos, haverá
necessid ad e d e se aum ent ar o b lo co d e ap o io .

Para as sapatas rasas, devemos tomar cuidado co m a fase execut iva, na qual a escavação abaixo da
sapata para se poder cravar a estaca de reação poderá aumentar o desequilíbrio já existente. Nesses
casos, dependendo da carga e da estrutura, precisamos criar escoramentos provisórios que reduzam
a carga da sapata que será reforçada, ou pensar em soluções alternativas co m o veremos mais adiante

O fato é que cad a sit uação exig e sem p re um est udo esp ecíf ico co m so luçõ es próprias p ara
cad a t ipo d e p ro b lem a, não se d evend o adot ar so luçõ es em p reg ad as co m sucesso em out ra
o b ra, sem ant es ter cert eza d e q ue as co n d içõ es são ig uais e q ue esta será a so lução m ais
ad eq uad a t écnica e eco n o m icam en t e.

5 .6 .2 . Ref o r ço c o m Est aca Rai z

De fo rm a bast ant e resum id a, p o d em o s d izer q ue um a est aca raiz é execu t ad a ut ilizand o - se


cam isa m et álica d e p eq ueno d iâm et ro , q ue p erm it e a injeção , co m p ressão , d a cald a de cim en-
to para o so lo e co m isso form ar o co rp o d a est aca. Ela receb e arm ad ura em toda sua ext ensão
e ut iliza eq uip am ent o d e p eq ueno port e, o q ue a t orna vant ajo sa em d iversas sit uaçõ es em q ue
a d isp o nib ilid ad e d e esp aço é u m p ro b lem a sério .

Esta so lução não é d e b aixo cust o co m o a est aca M EGA nem p erm it e a co rreção de d esap rum os
na ed if icação ; no ent ant o, o ferece out ras vant ag ens que p o d em ser d et erm inant es na esco lha
d o t ipo d e reforço a ser execut ad o .

Em alg uns caso s as d if iculd ad es de acesso e o t ipo d e f und ação exist ent e reco m end am q ue se
adot e a est aca raiz co m o a so lu ção m ais ad eq uad a tanto no asp ect o t écnico co m o eco n ô m ico .
I: o caso q uand o t emos d e refo rçar um a f und ação em sapat a e por razõ es t écnicas o u o p eracio nais
não se p o d e efet uar escavaçõ es ab aixo das m esm as.

N essas co n d i çõ es, o em p reg o d e est aca raiz pode ser a so lu ção id eal, p ois perm it e q ue se
t rab alhe sobre o p iso exist ent e e se perfure as sapat as co m b ro cas esp eciais, sendo q ue no final
é p o ssível se fazer a lig ação d a est aca co m a sap at a.
Devem o s tomar o s d evid o s cuid ad o s na aval i ação do co m p o rt am ent o est rut ural d as sapat as,
t end o em vist a q ue a m esm a não foi p ro jet ad a p ara receb er carg as p o nt uais, e sim carg as
d ist rib uíd as ao longo da face inferior. N o ent ant o, é p o ssível d im ensio nar um a q uant id ad e d e
est acas q ue, aliad a a um p o sicio nam ent o corret o, perm it e o ap ro veit am ent o d a sapat a.

Nos casos em que isso não for possível, é necessário que se projete um reforço estrutural da sapata,
para que possa trabalhar cie forma adequada a nova configuração d e so licit ação de esforços.

Para as f und açõ es em est acas, o refo rço p o d erá ap ro veit ar o b l o co exist ent e na sua fo rm a
o rig inal m ed iant e um a análise p révia do eng enheiro d e m ecân i ca dos so lo s e d o calculist a. O
p rim eiro d everá avaliar o esp açam ent o ent re as est acas e a sua cap acid ad e final de absorver
carg a; o seg und o vai analisar o co m p o rt am ent o est rut ural do b lo co para a nova sit uação . Pode
ser que ap ó s essas verif icaçõ es haja necessid ad e d e se efet uar um aum ent o d o b lo co de ap o io
para receb er as no vas est acas.

5 .6 .3 . Ref o r ço c o m I n j e ção d e Cal d a d e Ci m e n t o n o So l o

Este crit ério se b aseia no p rin cíp io d as ch am ad as est acas CCP, que at ravés de in jeção de cald a
d e cim ent o sob alt íssim a pressão penet ra no so lo d e tal form a a t ransform á- lo em so lo cim ent o
co m elevad a cap acid ad e para suport ar carg as.

Essa so lu ção pode ser em p reg ad a nos caso s d e sapat as o u at é m esm o d e est acas, q uand o um a
m elho ra na resist ência do so lo ab ai xo do nível d as fund açõ es sig nifica um a est ab ilização dos
recalq ues d if eren ciais.

Deve ser execut ad a por firm a esp ecializad a co m exp eriên cia co m p ro vad a nesse t ipo d e o b ra
e q ue d isp o nha de todos os eq uip am ent o s necessário s, t endo em vist a q ue o sucesso do traba-
lho vai d ep end er do p rocesso o p eracio n al.

Calda de Cimento

Processo Inicial Resultado Final

Fig. 5.6.3. Injeção de calda de cimento no solo

5 .6 .4 . Ref o r ço c o m Br o cas

O reforço d e fund açõ es co m a u t ilização d e b ro cas escavad as m anualm ent e o u m ecanicam en-
te pode ser ut ilizad o em p eq uenas ed if icaçõ es o u co m red uzid a carg a nos p ilares, p or se t rat ar
d e elem ent o co m p o uca cap acid ad e de absorver carg a.
N o ent ant o, pode ser de grande val i a q uand o se trata d e ob ras resid enciais o u pequenas indús-
t rias. Nesses caso s a o rd em de g rand eza d as carg as na f und ação é p eq uena e, d ep end end o d o
t ipo de sub so lo , p o d e ser um a so lu ção barat a e eficient e (ver fig. 5.6.4).

A sua execu ção se t orna d if ícil o u até m esm o inviável q uand o o t erreno lo cal é const it uíd o por
at erro co m ent ulho d e o b ra. N essas co nd içõ es a escavação não é p o ssível d evid o à presença
d e vário s o b st áculo s q ue im p end em a escavação . Da m esm a form a os t errenos arenosos co m
nível de água elevad o d if icult am a escavação d evid o ao d esm o ro nam ent o d as paredes lat erais
d a b ro ca, b em co m o a d renag em do b uraco , o q ue t orna d if ícil o co nt ro le da concret ag em e
co nseq üent em ent e o result ad o do reforço.

Devem o s t om ar cu i d ad o p ara não t rocar um a so lução exist ent e q ue vem apresent ando p rob le-
m as por out ra inef icient e, q ue além de não reso lver só iria p reju d icar aind a m ais a co nd ição já
p recária d a ed i f i cação .

Em alg uns caso s a so lução é id eal d o pont o d e vist a t écnico e eco n ô m ico , no ent ant o não é
viável d evid o ao p rocesso execu t ivo . Essa sit uação o co rre q uand o d evem o s execut ar alg um as
b ro cas profund as na part e int erna d a ed if icação e o seu pé- direit o é m uit o m enor q ue o co m p ri-
m ent o d a b ro ca; nesses caso s, a b arra d e ferro do t rado, m esm o q ue em end ad o , d ificult a m uit o
a execu ção .

O reforço de fundações co m a ut ilização de b ro cas d eve sem pre q ue possível ser execut ad o de
form a sim ét rica em relação ao cent ro d e carg a. Ag ind o assim , irem os evit ar esforços excênt ricos
nos elem ent os d e fund ação , o q ue via de regra não apresenta um com port am ent o adequado.

Parede ou Pilar
Fundação Existente
Existente \

Bloco dc Coroamcnto
(Reforço)

n Brocas de Reforço

Fig. 5.6.4. Reforço de fundação com brocas

5 .6 .5 . Ref o r ço c o m Sap at as

O reforço co m o em p reg o de sapat as p o d e ser um a so lução viável q uand o o so lo apresent ar na


sua cam a sup erio r b o a cap aci d ad e d e receb er carg a e o em p reg o d as sap at as servir p ara
red uzir a carg a nos p ilares exist ent es. Isso é p o ssível nos caso s o nd e se criam ap o io s int erm e-
d iário s nos b ald ram es, aliviand o - se a carg a nos elem ent o s o rig inais d a f und ação .

Em si t u açõ es em q u e o so l o er a ad eq u ad o p ar a sap at a i so l ad a e h o u ve u m er r o n o
d i m en si o n am en t o d as sap at as, o u u m acr ésci m o d e carg a p or m u d an ça d e u t i l i zação d a
ed if icação , é p o ssível se p rojet ar um reforço am p liand o - se essas sapat as.
Para tanto se d eve criar em volt a da sapat a um sup lem ent o em form a de anel, sendo q ue as
d im ensõ es d everão ser d efinid as p elo esp ecialist a em m ecân ica dos solos e a ferragem projet a-
d o por um eng enheiro calcu list a. Esse p ro cesso exig e um d et alham ent o d e execu ção específi-
co , p ois d everá p rever a lig ação do co ncret o velho co m o no vo , d e form a a garant ir um funcio -
nam ent o m o no lít ico do co njunt o .

Co n vém repet ir o q ue já foi dit o no in ício dest e cap ít ulo , q uand o ch am am o s a at enção do leitor
p ara um a aval i ação no co m p o rt am ent o d e cad a t ipo de reforço, p ois co m exceção da est aca
d e reação q ue é at iva, todas as d em ais apresent adas neste t rab alho são p assivas e, portanto, só
vão ent rar em carg a se houver novos recalq ues. É cert o q ue essas no vas d eform ações podem
ser p eq uenas, no ent ant o , há q ue t om ar o s d evid o s cu id ad o s na co n sid eração desse fato e
avaliar suas p o ssíveis im p licaçõ es no co m p o rt am ent o final d e todo o co njunt o est rut ural.

4 Pilar.
^ Alvenaria

Fundação Existente
/ S a p a t a Corrida

_ Fundação Existente 7
Sapata Corrida

Nova Sapata Isolada ', Ferros de


com Espaçamento om Função Ancoragem
da Carga e do Solo

Fig. 5.6.5. Reforço de fundação com sapata


6zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Sinistros por falhas no projeto
estrutural

6.1. GEN ERALIDADES

Ap esar d a exist ência at ualm ent e d e potentes co m p ut ad o res e de so fist icad o s programas p ara o
cál cu l o de q ualq uer t ipo d e est rut uras, ain d a enco nt ram o s alg um as falhas na co n cep ção e
d im ensio nam ent o dos projet os est rut urais.

O co m p ut ad o r é sem d ú vid a um a ferram ent a ind isp ensável nos nossos d ias; é p rat icam ent e
im p o ssível viver sem ele, pois passou a ser um aliad o fund am ent al nos escrit ó rio s de cál cu l o
est rut ural e na elab o ração d e t odo t ipo de d esenho s, d esd e fo rm as at é o d et alham ent o d as
ferragens, m elho rand o assim a q ualid ad e do cál cu l o e de sua ap resent ação .

O s erro s nos projet os est rut urais são p assíveis de aco nt ecer, sendo m uit o d if ícil encont rar um
escrit ó rio que t enha elab o rad o um a grande q uant id ad e d e projet os sem co m et er nenhum d esli-
ze. O q ue o co rre é que na m aio ria das vezes eles são co rrig id o s a t em po, o u não são graves o
suficient e para p ro vo car alg um tipo de sinist ro .

N o ent ant o, co m o uso cad a vez m aio r do co m p ut ad o r, alg uns eng enheiro s q ue se d ed icam ao
cál cu l o est rut ural, p rincip alm ent e o s m ais no vo s, não t iveram t em po d e ad q uirir o q ue podem os
ch am ar de " sent im ent o est rut ural" , q ue seria um a no ção int uit iva do co m p o rt am ent o est rut ural,
d a o rd em de g rand eza d as d im ensõ es das p eças d e co ncret o , da no ção da ferragem necessária
e de seu co rret o p o sicio nam ent o no elem ent o est rut ural.

N esse sent id o , t emos verif icad o alg um as falhas d e p ro jet o d ecorrent es de info rm açõ es im p reci-
sas q ue foram p assad as para o com p ut ad or, q ue por sua vez não tem co n d içõ es de d iferenciar
se a inf o rm ação passada d e um carreg am ent o d e vig a é 1,2 Tf/ m o u 0,12 Tf/ m . Send o assim , se
o eng enheiro calcu list a não est iver at ent o e ao m esm o t em po não possuir sensib ilid ad e p ara
p erceb er o erro, é m uit o p ro vável q ue irá para a o b ra um a vig a m al d im ensio nad a.

Em alg uns caso s o arm ad or, o u até m esm o o m est re- de- obra exp erient e, pode perceber q ue
para aq uele t ipo de vig a a ferragem usual é m aio r e, ent ão , ch am ar a at enção para q ue se
co r r i j a o eng ano . N o ent ant o , d ep end end o d o t ipo d e o b ra e p rin cip alm en t e se ela est iver
at rasada no seu cro no g ram a físico , é m uit o p ro vável que o erro não seja d et ect ad o por nin-
g uém . N essas co nd içõ es, p o d erem o s estar d iant e de um sinist ro q ue virá a ser de pequenas o u
eno rm es p ro p o rçõ es, d ep end end o d a im p o rt ância do elem ent o est rut ural.
Ou t ro erro co m u m é q uand o se usa o co m p ut ad o r para cal cu l ar em três d im ensõ es e não se
d efine co rret am ent e o co nceit o est rut ural, o u não se co nsid eram as carg as acid ent ais co m o a
ação do vent o , que p ara alg um as est rut uras são alt am ent e relevant es. Som a- se a isso o fato d e
q ue em alg uns caso s os d ad o s fo rnecid o s p elo co m p ut ad o r não são int erpret ados corret am ent e
p elo p rojet ist a, co m o já t ivem os o p o rt unid ad e d e p resenciar. N essas co n d içõ es, o projet o p o d e
co m p ro m et er a est ab ilid ad e d e t oda a ed if icação .

Reco m end am o s que se t om em alg uns cuid ad o s no uso do co m p ut ad o r, pois ao m esm o t em po


em que f acilit a so b rem aneira a vid a de q ualq uer p ro fissio nal, ind uz a u m co m o d ism o q ue, no
caso do calcu list a, p o d e ser fat al. É im port ant e q ue se d esenvo lva um esp írit o crít ico dc- sem p re
ver i f i car se exist e u m a co er ên ci a ent re as carg as at uant es, as d im en sõ es e a arm ad ura d o
elem ent o est rut ural.

Q u an d o se t rat ar d e p ilares, essa ver i f i cação d eve ser ain d a m ais crit erio sa, u m a vez q ue
esse elem en t o est rut ural não se co m p o rt a co m o as vig as e lajes, q ue d ão sinais de d ef iciên cia
at ravés do surg im ent o d e t rincas e d ef o rm açõ es acen t u ad as, p erm it ind o assim q ue se t o m em
p ro vid ên cias a t em p o , j á o m esm o não o co rre co m o p ilar, q ue p o d e est ar p ró xim o do co lap so
e não d ar sin ais.

Q u em já aco m p an h o u um ensaio de co m p ressão do co ncret o em lab orat ório pôde perceber


q ue o pont eiro do m anô m et ro pára de ind icar um aum ent o no acréscim o d e carg a, sig nificand o
q ue corp o- d e- p rova j á ro m p eu; no ent ant o, nesse m o m ent o o m esm o não apresent a nenhum a
t rinca vi sível .

Ú d evid o a esse co m p o rt am ent o d o co n cret o à co m p ressão q ue d evem o s d ar um a at en ção


esp ecial aos p ilares, p ois são eles o s resp o nsáveis, na m aio ria d as vezes, p elo s sinist ros d e
graves p ro p o rçõ es, um a vez q ue o co rrem de m aneira inesp erad a, sem dar aviso s co m ant ece-
d ên cia, co m o já vim o s ant erio rm ent e, peg and o sem p re de surpresa os usuário s d a ed if icação e
causand o grandes d ano s m at eriais, q uase sem p re co m vít im as fat ais.

O p ro jet o est rut ural d eve t am b ém evit ar d et erm inad as sit uaçõ es d e execu ção q ue acarret em
elevad o grau d e d if iculd ad e, p ois nessas sit uaçõ es é sem p re m aio r a p o ssib ilid ad e d e uma f alha
execut iva. Alg um as vezes o projet ist a não o b serva a co ncent ração d e ferragem em um deter-
m inad o pont o d a est rut ura, t endo em vist a q ue a ferragem d e cad a elem ent o est rut ural está
co nf o rm e o p reco n izad o p ela ABN T; no ent ant o, no enco nt ro d e um o u m ais elem ent os pode-
mos ter um co ng est io nam ent o de b arras, d if icult and o so b rem aneira a co ncret ag em , o que pos-
sib ilit a o surgim ent o d e vazio s de co ncret ag em , o u as cham ad as b icheiras.

Qu an d o a b icheira o co rre no int erior d e um p ilar e fica cam uf lad a p ela boa ap arência ext erna,
est am os d iant e d e um p ro b lem a o cult o . E, q uand o ig no ram o s a g ravid ad e d a sit uação , podem os
ter co nseq üências sérias para a est ab ilid ad e da ed if icação e, p rincip alm ent e, para a seg urança
d e seus usuário s.

Ou t ro p ro b lem a q ue co st um a o co rrer é o co b rim cnt o inco rret o d as arm ad uras, q uand o tanto o
projet ist a co m o a const rut ora m uit as vezes t eim am em não seguir as reco m end açõ es da ABN T,
cu j a p reo cup ação é d efinir um a p ro t eção m ín im a da ferragem d e fo rm a q ue ela possa ter um
co m p o rt am ent o ad eq uad o em f unção da ag ressivid ad e do m eio am b ient e e não fiq ue vulnerá-
vel à ação d e agentes ext erno s co m poder o xid ant e. Qu an d o isto o co rre, a part e o xid ad a d a
arm ad ura sofre u m a exp ansão d e vo lu m e em até 10 vezes, ro m p end o o co ncret o de co b rim ent o ,
red uzind o a seção do elem ent o est rut ural e d a p ró p ria arm ad ura.
N essas co nd içõ es, a sit uação p o d erá evo lu ir para um a p erd a d e f unção d a p eça, um a vez q ue
o p ro cesso é evo lut ivo caso não se co rrija a t em p o.

Esse t ipo de sit uação é m ais crít ica q uand o a p eça de co ncret o o u a f ace at ing id a est ão o cult as,
sit uação co m u m em elem ent o s est rut urais sub m erso s o u em co nt at o p erm anent e com o so lo ,
co m o no caso d e vig as b ald ram es, b lo co s d e ap o io , m uros de arrim o e out ros. Nessas co nd i-
çõ es, o p rocesso de o xi d ação não será d et ect ad o a t em po, evo luind o at é p ro vo car um sinist ro .

O s p rim eiro s ed if ício s co nst ruíd o s no p erío d o da avalan ch e de projet os co m est rut ura em co n-
cret o ap arent e ap resent aram m uit os p ro b lem as p elo co b rim ent o insuficient e, o u por erro d e
p ro jet o , o u por neg lig ência d a const rut ora d urant e a co nst rução , co m o verem o s m ais ad iant e.

O país todo está replet o dessas ed if icaçõ es, send o q ue p o ucas foram t rat adas de form a ad eq ua-
d a, u m a vez q ue são elevad o s os cust o s p ara se rest aurar co rret am ent e essas est rut uras. As
so luçõ es p aliat ivas não t êm m ost rado result ados sat isfat órios, um a vez q ue o problem a não é
at acad o d a fo rm a corret a e o p ro cesso d e co rro são d as arm ad uras fica int erro m p id o ap enas
t em p o rariam ent e, g erand o a necessid ad e de no va int ervenção a m éd io p razo .

Um a so lução d efinit iva d eve co m eçar p ela elab o ração de um projet o feito por firm a esp ecia-
lizad a no assunt o, q ue fará um levant am ent o m inucio so de todos os pontos afetados para diagnos-
t icar o grau d e evo l u ção dos d anos exist ent es e esp ecif icar o t rat am ent o m ais ad eq uad o d o
pont o d e vist a t écn i co e eco n ô m i co . So m ent e ap ó s o cu m p rim en t o d essas et ap as é q ue se
pod erá p ro vid enciar o reparo d a ed if icação , q ue p or sua vez t am b ém d everá ser execut ad o por
firm a esp ecializad a co m reno m ad a exp eriên cia nesse t ipo d e o b ra.

Devem o s est ar at ent os p ara o s caso s esp ecíf i co s, q ue fogem alg um as vezes ao esco p o da
ABN T. Nesse sent id o, alert am o s para a necessid ad e d e se avaliarem crit erio sam ent e os p ro je-
tos de ob ras ind ust riais, co m a f inalid ad e d e verif icar o p o t encial d e ag ressivid ad e q ue as mes-
m as vão p ro d uzir no m eio am b ient e, tanto nas partes ext ernas co m o no so lo lo cal.

Al g u m as ind úst rias t êm elevad o p o t encial d e p ro d u zir vap o res alt am ent e agressivos p ara o
co ncret o e o aço ; nessas co n d içõ es, elevemos recorrer a u m co b rim ent o alg um as vezes m aio r
d o q ue o reco m end ad o p ela ABN T, e p ara tanto p recisam o s t om ar alg uns cuid ad o s esp eciais.

Out ras, p orém , co m o no caso d as ind úst rias de d ecap ag em do aço , t êm um elevad o p o t encial
para alt erar d e form a sig nif icat iva as co n d içõ es do so lo lo cal, t ornand o o m esm o m uit o agressi-
vo , cheg and o em alg uns caso s a det eriorar o p róp rio co ncret o , co m o t ivem o s o p o rt unid ad e de
p resenciar num a ind úst ria aq ui na cid ad e d e São Paulo.

Assim send o , reco m end am o s que o eng enheiro projet ist a d e est rut uras t enha sem p re um a visão
crít ica d o seu t rab alho t ant o no asp ect o ind ivid ual de cad a elem ent o est rut ural co m o no g eral,
analisand o a q uant id ad e d e ferragem no enco nt ro d as vig as co m p ilares, o u ent re as p ró p rias
vig as. A f inalid ad e é para q ue p ense nas d if iculd ad es o u f acilid ad es q ue está p ro p o rcio nand o
para a execu ção da est rut ura e no seu m eio am b ient e ao longo do t em p o.
7 Sinistros por t ravam ent o
inad eq uad o dos pilares

7.1. GEN ERALIDADES

Para alg um as est rut uras a ef i ci ên ci a d o t ravam ent o dos p ilares é f u n d am en t al, p rin cip alm en -
te nas ed i f i caçõ es esb elt as e sujeit as à ação d o vent o , o u aq uelas o nd e a d i l at ação t érm ica
ap resent a valo res sig nif icat ivo s. Alg uns p ro jet ist as ch eg aram a p ensar q ue em alg um as sit u-
açõ es so m ent e a laje seria suf icient e p ara garant ir, co m ef i ci ên ci a, o t ravam ent o de todos o s
p ilares, m as o q ue se o b servo u foi um a p erd a d e est ab ilid ad e do co n j u n t o , result and o em
alg uns caso s no sinist ro .

D evem o s t er sem p r e em m en t e q u e u m a est ru t u ra se m o vi m en t a co n st an t em en t e, d evi d o


à ação d as car g as aci d en t ai s e p o r ef ei t o d a v ar i ação d e t em p er at u r a, se n ão h o u ver
t r avam en t o ef i ci en t e q u e g aran t a o ret o rno d a est ru t u ra às su as co n d i çõ es no rm ais ap ó s
ter cessad o essas açõ es. Po d er em o s, en t ão , t er u m ef ei t o cu m u l at i v o d e d ef o r m açõ es
r esi d u ai s, q u e p o d er á evo l u i r p ara u m a si t u ação i r r ever sível , co m p o ssi b i l i d ad e de p er d a
d a est ab i l i d ad e g l o b al .

Um exem p lo int eressant e de t ravam ent o insuficient e o co rreu num reservat ório elevad o ap o ia-
d o sobre d ois p ilares do t ipo parede de co ncret o , co m t ravam ent o por lajes esp açad as regular-
m ent e. Foram execut ad o s vário s reservat órios co m esse p rojet o, send o q ue num deles ho uve
um co lap so , sem um a cau sa ext erna ap arent e. Test em unhas q ue p resenciaram o fato alegaram
q ue no m o m ent o d a q ued a não est ava vent and o nem foram sent idos q uaisq uer vib raçõ es o u
t rem ores no so lo .

O s est udos post eriores ap o nt aram co m o cau sa do sinist ro um a perda de est ab ilid ad e do co n ju n -
to est rut ural, p o rq ue as lajes int erm ed iárias não t inham a rig id ez necessária para garantir co m
ef iciên cia o t ravam ent o dos p ilares. N o ent ant o, cab e ressalvar q ue as verif icaçõ es dos ele-
ment os est rut urais d e form a iso lad a m ost raram t ensões d e co m p ressão m uit o b aixas e a seção
d e aço aci m a do t eo ricam ent e necessário .

Di an t e d essa sit uação n ão rest ou out ra alt ernat iva senão p ro jet ar u m refo rço p ara iodos o s
reservat ó rio s execu t ad o s. N esse m o m ent o , o d esaf io foi en co n t rar um a so l u ção t ecnicam en-
te co rret a, d e b ai xo cust o e f ácil execu ção , t end o em vist a q u e fo ram execu t ad o s vár i o s
reservat ó rio s.
Polo exp o st o ant erio rm ent e, p o d em o s p erceb er a im p o rt ância d e se fazer um a avaliação p révia
d o co m p o rt am ent o g lobal d e um a est rut ura q ue se está p ro jet and o , pois um a verif icação isola-
d a dos elem ent o s que co m p õ em a m alha est rut ural pode não ser o suficient e para nos garant ir
a sua est ab ilid ad e.

Planta de um pavimento tipo, onde a laje pode não ser suficiente para travar os pilares.

MC

! t
_T_ravamento_

Inexistente 4 : Cx. do
Elevador

: !
Travamento

Inexistente 4 : Cx, da
Escada

Corto 1-1

Vista

Pilar

1 1
T
Laje de
Travamento

Lajes do .Pilar Parede


Travamento

• • Fundação

Caixa d'agua elevada com instabilidade do conjunto devido a travamento insulficiente

Fig. 7.1.1. Travamento inadequado dos pilares


8zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Sinistros por falt a d e junt a
d e d ilat açao e m o vim ent ação

8.1. GEN ERALIDADES

A junt a d e d ilat açao , co m o o p ró p rio no m e d iz, é p rojet ad a p ara garant ir um a lib erd ad e d e
m o vim en t ação da est rut ura, d evid o aos efeit os da variação d e t em perat ura que p ro vo cam dife-
renças d im ensio nais nos co m p o nent es e na ed if icação co m o um t odo. Event uais aco m o d açõ es
d if erenciais das f und açõ es t am b ém p o d em ser ab so rvid as p elas junt as de m o vim ent ação .

Nos caso s d e ed if ício s vert icais, resid enciais o u co m erciais, essas junt as o co rrem no rm alm ent e
e p r i n ci p al m en t e nos n ívei s d o p avi m en t o t érreo e su b so l o s, na j u n ção d a t o rre co m as
ed if icaçõ es an exas e t em co m o f unção p erm it ir um a m o vim en t ação t érm ica e t am bém um a
aco m o d ação d if erencial d as fund açõ es.

Um a lig ação ríg id a ent re a t orre e o s p avim ent o s sit uad o s no t érreo e logo ab ai xe p o d erá
p ro d uzir t ensões lo calizad as d e valo res im p revisíveis, d ep end end o d o t ipo d e fund ação e d o
sub so lo lo cal, um a vez q ue são co rp o s co m t end ências a m o vim ent açõ es diferent es, tanto tér-
m icas co m o de recalq ue d if erencial, p o d end o em alg uns caso s rom p er o s elem ent o s estrutu-
rais, caso não est ejam d im ensio nad o s para ab so rver esses esfo rço s.

N a cid ad e de Sant os, em São Paulo, os ed if ício s p ró xim o s à p raia e q ue foram execut ad o s co m
f u n d ação d iret a, at ravés de sap at as ap o iad as d iret am ent e na cam ad a d e areia, ap resent am
g rand es recalq ues, cheg and o a sup erar 1,0 m de p ro fund id ad e em vário s caso s, result ando em
m uit os p réd io s q ue fo ram execut ad o s no passado co m a co t a d o p avim ent o t érreo a 1,0 m
aci m a d o nível da rua e ho je est ão a 0,5 m ab aixo do nível da rua.

Para essa m ag nit ud e de d ef o rm açõ es, a junt a d e d ilat ação ent re a torre e o restante d a ed if icação
d eve ser o b rig at ó ria e b em p ro jet ad a para t odos os elem ent o s ligados na est rut ura d a t orre
p rincip al ao nível d o t érreo e sub so lo s, caso co nt rário haverá inevit áveis rupt uras da estrutura
nesses pont os, a m éd io e longo p razo .

Ap en as para el u ci d ar a cu rio sid ad e dos leit o res, q ue não est ão aco st um ad o s co m esse t ipo d e
si t u ação , escl ar ecem o s q ue b o a p art e d o sub so lo p r ó xi m o à p r ai a d a ci d ad e d e Sant os é
co nst it uíd a por um a cam a d e areia co m esp essura de ap r o xim ad am en t e 10,0 m , e logo ab ai-
xo se enco nt ra u m a arg ila m ar i n h a m uit o m o le, co m alg o em t orno d e 40 m d e p ro fund id ad e
at é cheg ar à r o ch a.
A cam ad a d e areia suport a b em as cargas q ue nela são ap licad as, o m esm o não o co rrend o co m
o so lo logo ab aixo , q ue por ser m uit o m o le sofre g rand es d ef o rm açõ es ao longo do t em p o.
N essas co n d içõ es a so lu ção t ecnicam ent e ad eq uad a seria a cr avação d e p erfiz m et álico at é
at ingir a ro cha, t end o em vist a q ue as est acas p ré- m o ld ad as de co ncret o não co nseg uem at ra-
vessar a cam ad a d e areia.

N o ent ant o essa so lu ção im p licaria a cravação de p erfiz m et álico s co m ap ro xim ad am ent e 5 0 ,0
m d c co m p rim ent o , g erand o alt os cust os e in viab ilizan d o eco no m icam ent e a o b ra. Devem o s
ressalvar q ue apesar disso alg um as ob ras foram execut ad as co m est acas m et álicas at é at ingir a
ro cha, apesar do cust o elevad o dessa so lução .

À m ed id a q ue se cam i n h a em d ireção a São Vicent e, a ro cha vai aflo rand o at é surgir r a super-
f ície e, nessas co n d içõ es, as ed if icaçõ es acab am se ap o iand o d iret am ent e nela, o nd e a sit ua-
ção se invert e e as d ef o rm açõ es são p rat icam ent e zero , p o d end o - se p ensar na junt a ap enas
co m o elem ent o de d ilat ação t érm ica.

A lib erd ad e d e m o vim ent ação , seja por um m o t ivo , seja por out ro, é fund am ent al p ara garant ir
a int eg rid ad e f ísica da est rut ura, d o co nt rário surg iriam t ensões elevad as q ue, se não fossem
co rret am ent e co nsid erad as no p ro jet o , p o d eriam causar t rincas na ed if icação , cu j a evo lução
levaria a u m sinist ro d e graves p ro p o rçõ es.

N o r m al m en t e nas ed i f i caçõ es r esi d en ci ai s e co m er ci ai s, d e p eq u en o e m éd i o p o rt e, a


d i l at ação t ér m i ca n ão t em cau sad o sério s p r o b l em as; no en t an t o , p ara ed i f i caçõ es co m
m ed i d a em p lan t a su p er i o r a 3 0 ,0 m d evem o s p rever u m a j u n t a d e d i l at ação , o u co n si d e-
rar o ef eit o d a d i l at ação t ér m i ca na est ru t u ra. A m ai o r i a d o s p ro jet ist as p ref ere o p t ar p el a
ju n t a d e d i l at ação nesse t ip o d e o b r a, t end o em vist a a si m p l i f i cação d o s cál cu l o s e a
p r ó p r i a eco n o m i a d a o b r a.

Devem o s lem b rar q ue m esm o q uand o o eng enheiro calcu list a co nsid erar no d im ensio nam ent o
d a est rut ura o efeit o d a t em p erat ura, não q uer d izer q ue est arem o s livres d as d efo rm açõ es,
ap enas q ue ela está apt a p ara co n vi ver co m as variaçõ es de co m p rim en t o p ro d uzid as p ela
d ilat ação t érm ica. N o ent ant o , t udo q ue est iver lig ad o a ela, co m o no caso d as alvenarias e
out ros elem ent o s rígidos, t am b ém d evem ser projet ados p ara aco m p anhar essas d efo rm açõ es,
caso co nt rário co nt inuarem o s a ter q ue co n viver co m as inevit áveis t rincas nos elem ent os d e
ved ação , p o rém agora sem rico s para a est rut ura.

Diant e desse fato, d evem o s fazer u m a aval i ação crit erio sa da sit uação no seu aspect o g lo b al,
co m a f inalid ad e d e verif icar a relação ent re os cust os e b enef ício s q ue t erem os ao se p rojet ar
a junt a d e d ilat ação o u não .

O efeit o da t em perat ura no rm alm ent e é levad o em co n sid eração no d im ensio nam ent o estrutu-
ral d as obras- de- art e, co m o pont es, viad ut o s e out ras sim ilares, um a vez que send o obras d e
g rand e resp o nsab ilid ad e e elevad o cust o , nem sem p re é p o ssível co lo car junt as a cada 30 m
co m o seria o d esejável.

M as, por out ro lado, o q ue acab a o co rrend o nas obras- de- art e e t em p ro vo cad o sérios d ano s
nas est rut uras d as m esm as e nos co fres p úb lico s é a falt a d e m an u t en ção dos ap arelho s d e
ap o io , cu j a f unção é p erm it ir a m o vim ent ação t érm ica das vig as. Qu an d o eles d eixam d e fun-
cio nar d ireit o perd em a sua p rincip al f unção e co m isso acab am por acarret ar sérios danos na
est rut ura, p ro vo cand o em d et erm inad as sit uaçõ es alg um t ipo de sinist ro.
Em alg um as o b ras, p rincip alm ent e as ind ust riais, o projet ist a o u at é m esm o o const rut or esq ue-
ce d a im p o rt ância da junt a de d ilat ação e execut a p anos de alvenarias rechead o s de vig as e
p ilares, co m at é 60,0 m d e ext ensão e sem junt a de d ilat ação . N o rm alm ent e nessas co nd içõ es
vai surgir in evit avelm en t e um a g rand e q uant id ad e d e t rincas na est rut ura e rachad uras nas
al ven ar i as.

O s sinist ros d ecorrent es das junt as d e d ilat ação , q ue o co rrem co m m ais f req üência, são aq ue-
les por falt a de m anut enção . É im p rescind ível q ue se m ant enham os ap arelho s de apoio em
perfeit as co nd içõ es e as frestas d as junt as isent as de q ualq uer t ipo d e det rit os, p ois eles irão
im p ed ir a sua livre m o vim ent ação e result ar, port ant o, na p erd a d a sua f unção .

H á caso s t am b ém nas ed if icaçõ es p red iais em q ue o zelad o r o u out ros p ro fissio nais cont rat ados
para fazer a m anut enção do piso d ecid em , a crit ério p ró p rio , " cim en t ar" a junt a de d ilat ação ,
t ent and o co m isso co rrig ir q ueb ras d o p iso nessa reg ião o u im p ed ir a inf ilt ração de água para o
and ar inferior e, o q ue é pior, não reso lvem nenhum dos p ro b lem as e aind a agravam a sit uação
t ravand o a junt a de d ilat ação .
9 Sinistros por falhas em fôrmas
e escoram ent os

9.1. GEN ERALIDADES

Para q ue um a est rut ura seja execu t ad a d e fô rm a co rret a, seg uind o rig o ro sam ent e o p ro jet o
est rut ural, q uant o à fo rm a e f unção d e cad a p eça, é necessária a co l o cação d a ferragem cert a
no lugar cert o e g arant ir a exat id ão e rig id ez d as fô rm as e esco ram ent o s. U m a fôrma b em
execut ad a, al ém d e garant ir p rum o , nível e as d im ensõ es corret as d a p eça, im p ed e a perda da
cald a d e cim ent o , q ue enf raq uece o co ncret o e p o ssib ilit a a f o rm ação de ninho s d e pedras.

At ualm ent e as co nst rut o ras m ais co nscient es têm ad o t ad o o crit ério d e co nt rat ar escrit ó rio s
esp ecializad o s para elab orarem o projet o do m ad eiram ent o d as fôrm as e dos escoram ent os, pois
p erceb eram q ue as vant agens são m uit as, p rincip alm ent e no sent ido de evit ar problem as futuros
e b aixar os cust os co m m at eriais e mão- de- obra, m elho rand o co m isso a q ualid ad e da obra.

Devemos ter em mente que, além do asjxíct o técnico, uma estrutura lx?m-feita e com ótima aparência
sempre causa boa impressão no cliente, que, via de regra, observa esse t i rnhgfeaXSROMJCA
|X) de serviço e costuma avaliar

a construtora co m base nessa primeira impressão ao acompanhar o desenvolvimento da estrutura.

Al ém dos aspect os q ue têm a ver co m a seg urança d a ed if icação , co m o verem o s m ais ad iant e,
alert am o s para a necessid ad e d e se p rojet ar e execut ar co rret am ent e as fôrm as, t endo em vist a
q ue esco ram ent o s e fôrm as, q uand o p rojet ad os o u execut ad o s inco rret am ent e, sem p re acab am
g erand o eno rm es p reju ízo s f inanceiro s, pois quase sem p re i m p l i cam serviço s ad icio nais para
co rrig ir d efo rm açõ es, co m p ro m et end o alg um as vezes o aspect o est ét ico da o b ra.

Cit arem o s a seguir alg um as sit uaçõ es q ue co st um am o co rrer co m f req üência na execu ção d as
fôrm as e os cuid ad o s necessário s q ue p o d eriam ser t om ados para evit ar alg uns d ano s (|ue m ui-
tas vezes são d if íceis e caro s para ser reso lvid o s e, o q ue é pior, nunca ficarão perfeitos co m o
q uand o se execut a co rret am ent e na p rim eira vez.

9.2. ABERTURA DE FÔRM AS EM VIGAS

A ab ert ura d as fô rm as lat erais d as vig as o co rre q uand o não est á b em t ravad a na sua b o rd a
sup erior, o que pode ser reso lvid o at ravés d o uso de m ão- francesa o u ut ilizand o - se t alas d e
m ad eira q ue unem as d uas bord as sup erio res das fôrm as (ver fig. 9.2.1).
Em vig as co m alt ura elevad a, o t ravam ent o sup erio r da fôrm a nem sem p re é suficient e e nesses
caso s se t orna obrigat ório co lo car t irant es int erm ed iário s p ara im p ed ir um " em b arrig am ent o "
da p eça. Em vig as d e co ncret o aparent e esses cuid ad o s d evem ser red ob rad os para se garant ir
um b o m acab am ent o final d a p eça, t endo em m ent e q ue, por m elho r que seja o reparo, sem p re
d eixará m arcas q ue f icam cad a vez m ais evid ent es co m o passar do t em po, além do que im p li-
cam cust o s ad icio nais e at rasos no cro no g ram a d a o b ra (ver fig. 9.2.2).

Chapa do Madeira Compensada


T
Sarrafos

Fig. 9.2.2. Seção de fôrma de viga com madeira compensada


9.3. ABERTURA DE FÔRM AS EM PILARES

N a b ase dos p ilares (levem o s sem p re p rever um a j an el a d e insp eção e lim p eza, d e fo rm a a
garant ir q ue não haverá elem ent o s est ranhos nesse pont o, q ue por sua vez é o nd e se co ncent ra
a m aio r pressão d e em p u xo d o co ncret o , necessit and o , port ant o, d e um reforço ad icio nal p ara
im p ed ir event uais abert uras d urant e a co ncret ag em .

O tipo de reforço a ser execut ad o vai depender das d im ensões do pilar e do acab am ent o final que
será ap licad o no co ncret o . Se o m esm o est iver ap arent e, d everão ser em p reg ad as fôrm as d e
chap a co m p ensad a resinadas o u plast ificadas, não d evend o ter nenhum a d efo rm ação . Nos casos
d e pilares d e grande d im ensão , devem - se ut ilizar tirantes para garantir a int egridade da fôrm a, o u
q uand o a sua alt ura for superior a 2,50 m d eve ser previst a janela int erm ediária para se efetuar a
concret ag em em et apas, exceção feita q uand o se prevê o uso de t rem onha (ver fig. 9.3.1).

N o ent ant o, q uand o o m esm o for d e d im ensão red uzid a e revest ido co m arg am assa, pequenas
d ef o rm açõ es inferiores a 1,0 cm aind a p o d erão ser co rrig id as sem m aio res t ranst ornos.

Fig. 9.3.1. Fôrma e escoramento de pilar


9.4. DEFORM AÇÃO VERTICAL DO ESCORAM EN TO

Isso ocorre co m mais freqüência se a base do escorament o ficar ap oiad a em solo com pressível, ou
sobre estruturas e panos de lajes deform áveis, principalm ent e se não foram previstos pelo construtor
alguns níveis inferiores de escorament os. Out ros cim bram ent os ced em quando as escoras vert icais
são execut adas sem o cont ravent ament o nas duas direções. Nessas cond ições pode oco-rer um a
flambagem das escoras e conseqüent ement e a deform ação vert ical da peça concret ada.

Qu an d o se ap o iam esco ram ent o s d iret am ent e sobre t erreno exist ent e, d evem o s t om ar o cuid a-
d o de verif icar a carg a q ue será ap licad a sobre o m esm o e analisar as suas caract eríst icas. Para
tanto p o d em o s tomar por base a p ró p ria sondagem d o sub so lo e na ausência d a m esm a fazer
um p ro sp ecção lo cal p ara id ent ificar o t ipo d e m at erial.

A f inalid ad e é avaliar se o so lo t em cap aci d ad e d e sup o rt ar o peso q ue nele será ap licad o


d urant e a co n cret ag em , sem so frer d ef o rm açõ es p r ej u d i ci ai s d urant e o p erío d o em q ue o
esco ram ent o est iver em carg a. Caso isso o co rra, pod erá co m p ro m et er o co m p o rt am ent o estéti-
co e est rut ural d a p eça.

Esse p ro b lem a assum e p ro p o rçõ es m ais sérias, exig ind o m aio res cuid ad o s, q uand o se tem p or
base u m at erro lançad o sem co nt ro le, um so lo veg et al, o u um a arg ila o rg ânica; em q ualq uer
um desses caso s o risco de afund am ent o do esco ram ent o é g rand e.

As esco ras d e m ad eira o u ferro não d evem apoiar- se d iret am ent e sobre o so lo o u p iso ; é p reciso
co lo car t ábuas d up las ou p ranchas co m o elem ent o d e t ransição , d e fo rm a a garant ir um a dist ri-
b u ição de carg a m ais unifo rm e no elem ent o d e ap o io . Por sua vez, o s pont alet es de m ad eira
não p o d em ter m ais de um a em en d a, d evend o ser t ravad os nas d uas d ireçõ es a meia alt ura,
p ara evit ar o fenô m eno da flam b ag em , e finalm ent e receb er d uas cu n h as na sua base a fim d e
d ar m aio r p ressão no t ab uleiro e p ro p o rcio nar um a d esform a m ais suave.

N o s caso s em q ue o esco ram ent o f ica ap o iad o so b re o últ im o nível co ncret ad o , d evem o s t om ar
o cu id ad o de p ro vid enciar o esco ram ent o p arcial dos níveis inferiores, de fo rm a tal que não
aco rram d ef o rm açõ es d urant e a co ncret ag em .

Qu an d o surg em as d ef o rm açõ es, seja por um m o t ivo , seja por out ro, a so lu ção adot ada na o b ra,
vi a de regra, é co rrig ir a f alha aum ent and o a alt ura do co nt rap iso d e reg ularização e a arga-
m assa d e revest im ent o no teto. Isso im p lica gastar m ais m at erial e ad icio n ar um peso ext ra não
p revist o na est rut ura, q ue p or sua vez t ende a gerar m ais d ef o rm ação .

9.5. RETIRADA INCORRETA DO ESCORAM EN TO

A ret irada do esco ram ent o d eve ser program ada em f unção do cál cu l o est rut ural, do t ipo d e
cim en t o (alt a resist ência in icial ARI), o t ipo d e cu ra, se fo ram ad i ci o n ad o s acelerad o res no
p ro cesso d e cu ra, o u ut ilizad o q ualq uer out ro t ipo de ad it ivo q ue alt ere o t em p o d e end ureci-
m ent o do co ncret o . Som ent e ap ó s um a an álise crit erio sa desses d ad o s é que se poderá d efinir
um esq uem a de d esform a lat eral e a ret irada do esco ram ent o .

Precisam o s ter em m ent e que alg um as p eças est rut urais co m grande vão o u grande b alan ço
exig em um d escim b ram ent o p ro g ram ad o , d evend o - se na m aio ria dos caso s ser p reviam ent e
d efinid o p elo eng enheiro calcu list a.
Em alg um as lajes o q ue tem o co rrid o é o surgim ent o d e flechas excessivas d evid o à retirada d o
esco ram ent o ant es d e o co ncret o at ingir a resist ência ad eq uad a. O p ro b lem a se ag rava q uand o
se tenta co rrig ir esse d esnível co m o eng rossam ent o do co nt rap iso e d o revest im ent o no teto.
Tal sit uação só acrescent a m ais carg a ad icio n al não previst a em p rojet o, o q ue t ende a provo-
car no vas d ef o rm açõ es.

9.6. PERDA DA CALDA DE CIM EN TO DO CON CRETO

As fôrm as d everão ser execut ad as co m um d et erm inad o nível d e est anq ueid ad e, p ara im p ed ir
q ue a cald a d e cim ent o esco e por ent re as ab ert uras d urant e a vib ração do co ncret o . O esco a-
m ent o dessa m ist ura d e ág ua, cim ent o e areia im p lica o surgim ent o de b icheiras pela perda
desses m at eriais, q ue por sua vez co nst it uem os elem ent o s finos do co ncret o , ficand o dessa
form a p reju d icad a a resist ência final d a p eça est rut ural.

Isso é m ais co m u m de o co rrer no enco nt ro das t ábuas o u chap as co m p ensad as nas vig as e
lajes, send o q ue no caso dos p ilares o pont o crít ico é a b ase, pois nessa região podem os ter a
so m at ó ria de fat ores q ue p o d em p rejud icar o co ncret o ; um d eles é a segregação do co ncret o
d evid o à alt ura d e lançam ent o e out ro é q ue nesse pont o a pressão é m aio r e t ende a ab rir as
fôrm as, f acilit and o a p erd a da cald a d e cim ent o , o q ue favo rece o surg im ent o d e vazio s, co m -
p ro m et end o a q ualid ad e e a ap arência do co ncret o .

Para resolver esse p ro b lem a, d evem o s co lo car t ábuas co m o cerne vo lt ad o para o interior d a
f ô rm a, ap licar p ref erencialm ent e m at a- junt as o u m assa p lást ica nas junt as, não sendo reco -
m end ad o o uso t rad icio nal d e saco s d e cim ent o o u jo rnais, t endo em vist a q ue esse p roced i-
m ent o não é eficient e para im p ed ir a fuga de m at eriais.
10 Sinistros por erros no lançam ent o
do co ncret o

10.1. TEM PO DE LAN ÇAM EN TO

O lan çam en t o do co n cret o é o ut ra et ap a m uit o im p o rt ant e na execu ção d e u m a est rut ura.
Alg uns cuid ad o s d evem ser o b servad o s no sent id o d e garant ir o seu m elho r d esem p enho . O
co ncret o d everá ser lançad o logo após o am assam ent o , não send o p erm it id o um int ervalo su-
p erior a u m a ho ra; ap ó s este p razo o co ncret o co m eça a perder a t rab alhab ilid ad e. Qu an d o
ho uver necessid ad e de aum ent ar esse t em p o , será necessário em p reg ar um ret ardador d e pega
e end urecim ent o .

At ualm ent e se usa cad a vez m ais co ncret o usinad o , m esm o cm p eq uenas o b ras, o que repre-
sent a um a vant ag em t écnica q uant o ao co nt ro le d e q ualid ad e do m at erial. N o ent ant o, alg uns
p ro fissio nais não est ão d evid am ent e p rep arad o s p ara lançar o co ncret o co m o eq uip am ent o
ad eq uad o , o q ue faz co m q ue se ult rapasse o t em po de in ício d a pega.

N essas co n d i çõ es el e co r r e o r i sco d e u t i l i zar u m co n cr et o co m o t em p o ven ci d o p ara


n ão t er q ue jo g á- lo f o ra e, d essa f o r m a, ab so r ver u m p r ej u ízo f i n an cei r o . Perd e- se assi m a
van t ag em i n i ci al d o co n t r o l e d e q u al i d ad e e p assa- se a ter u m p ro d u t o co m resist ên cia
f i n al co m p r o m et i d a.

10.2. ALTURA DE QUEDA ELEVADA

Out ro cuid ad o a ser observado é a alt ura de queda livre, que não deverá ser superior a 2,50 m .
Qu an d o não for possível respeitar essa recom end ação, devem os tomar as seguintes providências:

• Abert ura de jan ela nas form as.


• Usar t rom bas no int erior das form as.
• Usar co ncret o m ais p lást ico e rico em cim ent o .
• Co lo car 5 a 10 cm de argam assa sem agregado graúdo na base d a p eça a ser co r cr et ad a,
t o m and o o cu id ad o d e usar o m esm o t raço do co ncret o q ue será lançad o .

O s risco s q ue se co rre q uand o se lança co ncret o de alt uras aci m a do reco m end ad o sem os
d evid o s cuid ad o s é de o co rrer na base da co ncret ag em a seg reg ação d a brit a, result ando em
ninho s de pedras q ue no rm alm ent e são cham ad as d e b icheiras. Isso acarret a sérios p rejuízo s
na resist ência do elem ent o est rut ural, um a vez q ue o co ncret o nessa região f ica form ado co m
m uit os vazio s d evid o à grande p resença d e brita e p o uca areia e cim ent o .

10.3. ADENSAM ENTO

Out ro cuid ad o que se d eve observar é co m o procedim ent o de vib ração do co ncret o , cuja finali-
dade é d im inuir o núm ero d e vazio s de tal forma a se obter um co ncret o denso e com pact o. Para
se ter um a idéia d a im p o rt ância dessa etapa da concret ag em , most ramos na t abela ab aixo (elabo-
rada pelo BAUER) a relação entre a resist ência t eórica e a porcent agem d e vazio s.

Tab ela 1
Vazi o s 0% 5% 10% 20% |
Resist ên cia 100% 90% 70% 50% Q

10.3.1. Adensamento M anual

O adensament o m anual deve ser empregado em obras de menor responsabilidade, ou quando é


im possível um adensament o m ecânico ; nestas circunst âncias, a espessura m áxim a a ser com pact ada
d eve ser d e 20 cm e cessar q uand o a cam ad a superficial apresentar um a cam ad a lisa.

1 0 .3 .2 . A d en sam en t o M e c â n i c o

Sem p re q ue p o ssível deve- se d ar p referência a esse p ro cesso , um a vez que é m ais eficient e e
ap resent a m elho res result ados, p rincip alm ent e q uand o se trata de co ncret o ap arent e. N o en-
t ant o, apesar da im p o rt ância m ost rada co m relação à vib ração d o co ncret o , d evem o s ter em
m ent e q ue um excesso d e vib ração pode ser pior do q ue a falt a d e vib ração , pois pode p rovo-
car um a segregação dos agregados e aflo ram ent o sup erf icial da água de hid rat ação do cim en -
to. Isso co st um a o co rrer q uand o se trata d e co ncret o ap arent e e o const rut or vib ra além d o
necessário na t ent at iva de co nseg uir um a sup erf ície b em lisa.

Para se obter um b o m result ado, d evem o s o b servar alg um as regras b ásicas d urant e a vib ração :

• Def inir o raio d e ação d o vib rad or.


• Ap l i car o vib rad o r em d ist âncias d e um a vez e m eia o raio d e vib ração .
• Int ro d uzir e ret irar a ag ulha do vib rad o r co m velo cid ad e de 5 a 8 cm / s.
• N ão d eslo car a ag ulha ho rizo nt alm ent e.
3
• A espessura da cam ad a d everá ser de A do co m p rim ent o d a ag ulha.
• Vib rar por 5 s a 30 s, co nf o rm e a co nsist ência do co ncret o .
• N ão vib rar m uit o p ró xim o das form as.

Qu an d o esses cu id ad o s não são o b servad o s, p o d erem o s ficar sujeit os a um co m p ro m et im ent o


d a p eça em razão d e um a sig nif icat iva perda de resist ência no pont o o nd e a co ncret ag em fico u
d ef icien t e.

Um a d as co nseq üências d e u m ad ensam ent o errad o é q ue o co ncret o f ica poroso e p erm eável,
exp o n d o as arm ad uras e co nseq üent em ent e f acilit and o a sua co rro são . Esta sit uação pode se
t ornar crít ica se ho uver vazio s int ernos na p eça q ue p erm it am um a exp ansão d o aço , d evid o ao
p ro cesso d e o xi d ação , sem d ar sinais ext erno s; nessas co n d içõ es, est arem o s d iant e d e u m a
so m at ó ria d e fatores o cult o s, q ue p o d erão levar a est rut ura ao co lap so .

Essa sit uação t am b ém é crít ica q uand o se trata d e elem ent o s est rut urais q ue f icam subm ersos
o u em co nt at o p erm anent e co m o so lo , o nd e a um id ad e const ant e, so m ad a à p orosid ad e d o
co ncret o , favo rece so b rem aneira o at aq ue d as ferragens e, d ep end end o d as co nd içõ es, o pro-
b lem a pod erá não ser p erceb id o a t em p o d e se t o m arem as p ro vid ências necessárias.

Pelo exp o st o , p erceb em o s q ue é m uit o im port ant e u m aco m p an h am en t o de todo o processo d e


co ncret ag em por part e do eng enheiro resp o nsável p ela o b ra, caso co nt rário a ed if icação cor-
rerá u m sério risco de apresent ar p ro b lem as fut uros.
11 Sinistros devido a erros na cura
do co ncret o

11.1. GEN ERALIDADES

A cura do co ncret o nem sem p re é levad a a sério , p rincip alm ent e nas obras de p eq u en o e m éd io
port e. Esse p ro b lem a se ag rava q u an d o a obra é execut ad a por em p reit eiro s co m p o uco co nhe-
cim ent o t écnico , m as q ue por at uarem m uit o t em po no ram o d a co nst rução acred it am q ue já
ap rend eram t udo, não aceit and o no vo s esclarecim ent o s por aleg arem q ue todas as obras por
eles execut ad as n u n ca d eram p ro b lem as.

N a verd ad e o que aco nt ece é q ue ignoram o tato de q ue m uit as vezes ho uve necessid ad e d e se
co rrig irem seus erros em ed if icaçõ es ant erio res, u m a vez q ue isso acab a send o feito por out ros
p ro fissio nais m ais q ualif icad o s.

Em m uit o s caso s esses em p reit eiro s p referem um d i a q uent e e en so larad o p ara fazer u m a
co ncret ag em , p ois acred it am q ue assim o co ncret o " secar á" m ais d ep ressa, p erm it ind o q ue
possam d ar seq üência à o b ra co m m ais rap id ez.

O q ue eles não sab em é q ue a cu ra do co ncret o se d eve a um a reação q u ím i ca d a água co m o


cim ent o , e um a p erd a d 'ág ua por evap o ração im p ed e q ue essa reação o co rra por co m p let o .
Isso vai acarret ar um a sig nif icat iva perda d e resist ência do co ncret o e co nseq üent e p rejuízo na
est ab ilid ad e da est rut ura, sendo a causa d e alg uns sinist ros.

Para ilust rar a im p o rt ância d a cura do co ncret o , ap resent am os na t ab ela a seguir os result ados
d o eng . So uza Co ut inho , que realizo u ensaio s de resist ência à co m p ressão e flexão com cor-
pos- de- provas sub m et id o s a três tipos d e co n servação .
Tab ela 2
Esp éci m e Co n ser v ação Tensão de Rupt ura Perda d'água
Kg/ cm 2 Perda de % K%(x )
Resist . %
Cu b o Câm ar a Sat urad a 281 - - -

Co m p ressão Co m M em b rana d e Cu r a 280 0 1,6 36


Ar Livre 218 22 2,5 -

Vig as Câm ar a Sat urad a 41 - - -

15x15x55 Co m M em b rana d e Cu r a 36 12 1,7 23


Fl exão Ar Livre 29 29 8,2 -

Além da perda de resist ência, nos casos em que não se adota nenhum processo de cura, o concreto
ficará mais poroso aum ent ando a sua perm eabilidade. Iremos ter também o surgimento de inúmeras
fissuras superficiais, norm alm ent e co m uma profundidade igual ao cobrim ent o das armaduras.

Essa sit uação se ag rava m uit o q uand o t emos elevad as t em perat uras, b aixa um id ad e e a presen-
ça d e vent o s fortes d urant e a co ncret ag em , co nd içõ es q ue podem im p licar um a perda d ' ág ua
2
m uit o ráp id a, p o d end o cheg ar a 0,8 kg d 'ág ua por m de sup erfície d e co ncret o em um a hora.
Essa evap o r ação acen t u ad a e p reco ce d ará o rig em a fissuras d e o rig em p lást ica, d evid o à
ret ração do co ncret o , p o d end o al can çar p ro fund id ad es de at é 10 cm .

Co m o surgim ent o d as fissuras t erem os u m aum ent o d a p erm eab ilid ad e d o co ncret o , o q ue
facilit ara a p enet ração de agent es ag ressivo s, co lab o rand o p ara um aum ent o na velo cid ad e d e
co rro são do aço , co m o verem o s no cap ít ulo 13.

Deve- se adot ar sem p re o p ro ced im ent o corret o na cu ra do co ncret o e a reco m end ação é q ue
isso seja feito por um p erío d o m ín i m o d e 7 a 10 d ias, em q ue o co ncret o d everá p erm anecer
úm id o o t em po t odo, para im p ed ir a evap o ração d e part e d e sua água d e am assam ent o . Vam o s
ab o rd ar ap enas alg uns processos d e cu ra reco m end ad o s para t em perat uras am bient es varian-
d o ent re 15°C e 35°C, co n d i ção na q ual se sit ua a m aio ria d as ob ras no Brasil.

Lem b ram o s ap enas q ue t em p erat uras ab ai xo d e 0°C são alt am ent e d ano sas para o co ncret o
fresco, t endo em vist a q ue d evid o à so lid if icação d a água o co rre um a exp ansão q ue rompe as
lig açõ es ent re as p art ículas só lid as, d im in u in d o co nsid eravelm ent e a resist ência do co ncret o .

11.2. CURA POR IRRIGAÇÃO O U ASPERSÃO DE ÁGUA

É o p rocesso m ais sim p les de cu ra, um a vez q ue d evem o s m o lhar p erio d icam ent e a sup erfície
d o co ncret o . N esse p rocesso co rrem o s o risco d e falhas por esq uecim ent o do f uncio nário en-
carreg ad o dessa o p eração , sendo q ue no rm alm ent e é d esig nad o um ajud ant e p ara execut ar
essa t arefa. A sit uação se agrava q uand o o eng enheiro da obra não se p reo cup a em programar
essa at ivid ad e no fim de sem ana.

11.3. CURA COM LÂM INA DE ÁGUA

Esse m ét odo consist e em se m ant er um a lâm in a d e ág ua co m ap ro xim ad am ent e 5 cm ce espes-


sura d urant e todo o t em p o d e cu ra. Podem os d izer que esse é um b o m m ét odo d e cura, send o
ap licad o co m sucesso em lajes, pisos o u g rand es sup erfícies p lanas. Ap resent a um a rest rição
q uant o à necessid ad e do uso im ed iat o d a área nos p rim eiro s d ias.

11.4. CURA COM PROTEÇÃO DA SUPERFÍCIE

A p rot eção pode ser feita co m lonas p lást icas, t om ando- se o cu i d ad o d e envo lver t oda a super-
f ície e ved and o na ext rem id ad e para im p ed ir a evap o ração d a água de am assam ent o d o co n-
cret o e a p assag em d e co rrent e d e ar.

Ou t ro sist em a ad o t ad o para a p rot eção d a sup erf ície é a co l o cação d e um a cam ad a de areia/
terra o u saco s de aniag em , q ue para serem eficient es d evem p erm anecer úm id o s durant e todo
o p ro cesso d e cu ra.

11.5. CURA M OLHAN DO AS FÔRM AS DE M ADEIRA

Ap esar d e as sup erf ícies lat erais dos p ilares e vig as est arem prot egidas p elas fô rm as, d evem o s
t om ar o cuid ad o de m o lhá- las co m f req üência para q ue p erm aneçam úm id as.

11.6. CURA PELA APLICAÇÃO DE PIN TURAS

Podem os recorrer a um a im p erm eab ilização da sup erf ície co ncret ad a p ela ap l i cação de t int as
o u em ulsõ es, lem b rand o q ue esse p ro cesso em geral pod erá ter u m carát er perm anent e o u ser
d e ut ilid ad e p or um p erío d o m aio r q ue o necessário para a cura. O s p rincip ais tipos de pint uras
prot et oras são :

• Produt os d e o rig em asf ált ica.


• Produt os p ro venient es d e alcat rõ es.
• Resinas ep ó xi.
• Vernizes e t int as à base d e ó leo o u esm alt e.

11.7. CURA COM APLICAÇÃO DE CLORETO DE CÁLCIO

Essa p rot eção se faz co m um a ap licação de ap ro xim ad am ent e 1,0 kg de clo ret o de célcio por
m et ro q uad rad o d e sup erf ície; este por sua vez t em a cap acid ad e de ab so rver a água do m eio
am b ient e, m ant end o assim a um id ad e do co ncret o .

N o ent ant o, lem b ram o s q ue é m uit o im port ant e a rem o ção post erior do sal, q ue p od eria ao
longo do t em p o favo recer o at aq ue q u ím i co d as arm ad uras.

11.8. CURA A VAPOR

N o m ét odo de cura a vapor, o co ncret o é sub m et id o a um am b ient e d e vap o r cTágua à t empe-


rat ura d e 70°C, q ue pode ser sob p ressão o u não . Esse p ro cesso é ext rem am ent e ef icient e,
p o ssib ilit and o um ráp id o end urecim ent o das p eças, p o d end o at ingir em p o uco s d ias alias resis-
12 Sinistros devido a acelerad o res
d e cura

12.1. GEN ERALIDADES

Dep end end o do cro no g ram a íísico - financeiro da o b ra, às vezes é necessário q ue se acelere o
t empo de cu ra e end urecim ent o d o co ncret o , sendo em pregado nesses casos os cham ad o s acele-
radores de end urecim ent o o u pega. A esco lha desses produt os d eve ser analisad a com m uit o
cuid ad o , de forma a não se ut ilizarem elem ent os que possam interferir nas esp ecificaçõ es deseja-
d as para o co ncret o da obra, o u que p rejud iq uem a prot eção das ferragens ao longo d o tempo.

Esse t ipo de p ro b lem a o co rria co m m ais freq üência no p assad o , d urant e um p erío d o de aq ueci-
m ent o d a eco n o m ia em que as co nst ruçõ es p red iais p recisavam ser co nst ruíd as co m rap id ez
para sup rir as necessid ad es do m ercad o . A sit uação t eve co m o agravant e o fato d e ser um a
ép o ca em q ue o uso do co ncret o ap arent e est ava no aug e.

Alg uns produtos que at endem a essa finalid ad e são à base de cloret os, sendo o m ais usado o
cloret o de sódio, que por sua vez, em quant idades acim a do reco m end ad o , apresent am um sério
efeito co lat eral, q ue é a d esp assivação da arm ad ura, co lab o rand o para a corrosão da m esm a.

O q ue o co rre nesses caso s é q ue, d ep end end o d a q uant id ad e de clo ret o , ele p o d e destruir a
p elícu la p assivad o ra q ue o m eio al cal i n o nat ural do co ncret o fo rm a na am ad ura, t o n an d o o
p ro b lem a crít ico , p ois se trata de um fator que age d e dent ro p ara fora, ao m esm o t em po em q ue
facilit a os at aq ues de fora p ara dent ro. Esse assunt o será ab o rd ad o co m m ais d et alhes no item
13, co rro são do aço .
t ências. Por esse m o t ivo e m uit o em p reg ad o na ind ust rialização de elem ent o s pré- m oldados d e
co ncret o , um a vez q ue o fator t em po e q ualid ad e final d o produt o são p rim o rd iais.

11.9. M EM BRANAS DE CURA

As m em b ranas de cu ra têm a m esm a f unção d as pint uras, o u seja, im p erm eab ilizar a sup erfície
d o co ncret o para q ue não haja perda de ág ua por evap o ração ; no ent ant o, a d iferença é q ue
nesse p rocesso se ap l i cam em ulsõ es aq uo sas o u so luçõ es d e produt os resinosos o u pa^ afínicos
não - inco lo r, para p erm it ir checar event uais falhas de ap l i cação .

O result ado é u m a fina p elícula d e resina o u p arafina, co m um a vid a út il de 3 a 4 sem anas,


send o q ue após este p erío d o elas se desint egram e são fáceis d e ser rem o vid as por esco vag em .

11.10. CURA DE PEÇAS COM GRAN DES VOLUM ES

N a co ncret ag em de p eças q ue irão co nsum ir grandes vo lum es de co ncret o num a única et apa,
pod erá haver a necessid ad e de se p rever um resfriam ent o int erno d o co ncret o , t endo em vist a
q ue nesses caso s há um a g rand e lib eração d e calo r d urant e o p rocesso inicial de cura., poden-
d o o co rrer um a ret ração exag erad a d evid o a um a ráp id a p erd a de água p ro vo cad a pelo calo r.

Esse t ipo de obra d eve receb er u m aco m p anham ent o de p ro fissio nais esp ecializad o s, p ois vai
exig ir alg uns cuid ad o s esp eciais, t ais co m o o em p reg o d e g elo o u água g elad a na elab o ração
d o co n cret o e, d ep end end o d o caso , a u t ilização d e serp ent inas d e resfriam ent o que serão
em b ut id as no int erior d as form as e por o nd e p assarão g rand es q uant id ad es d e água g elad a,
co m a f inalid ad e d e resíriar o co ncret o , im p ed ind o um aq uecim ent o excessivo .

11.11. VIBRAÇÕES EXTERNAS DURAN TE A CURA

Ou t ro cu id ad o q ue se d eve t om ar na fase in icial d a cura do co ncret o é evit ar cho q ues e vib ra-
çõ es co m p o t encial de p ro d uzir fissuras na m assa d e co ncret o o u p reju d icar a ad erência d a
arm ad ura no m esm o .
13 Sinistros devido à corrosão do aço

13.1. GEN ERALIDADES

A co rro são d as arm ad uras t em sid o um a d as p rincip ais causas de sinist ros na co nst rução ci vi l ,
acarret and o eno rm es p reju ízo s f inanceiro s e infelizm ent e várias vít im as. Para evit ar esse t ipo
d e p ro b lem a, d evem o s dar at enção esp ecial às et ap as q ue co m p õ em um a o b ra, co m eçan d o
p ela elab o ração co rret a d o p ro jet o e t erm inand o por um a co nst rução p rim o ro sa.

O fenô m eno d e co rro são da arm ad ura no co ncret o é de nat ureza elet ro q uím ica, q ue pode ser
acelerad o p ela p resença de agent es ag ressivo s ext erno s, int ernos, inco rp o rad o s ao co ncret o
o u gerados p elo m eio am b ient e.

Para haver co rro são , d evem co nco rrer alg uns fatores tais co m o p resença d e o xig ênio , um id ad e
e o est ab elecim ent o de um a célu la d e co rro são elet ro q uím ica, co nfo rm e most ra a fig. 13.1.1.

Elementos Agressivos
CL S<34 02
Face do Concreto
• . • -—CL- • .
v a f e / í i y ,Eletrólito -S04 t"
,» t i-02 »
T • ( Concreto

Zona Anódlca Condutor Zona Anódlca Barra de Aço
(corroída) •e- (não corroída) Despassivada

i Concreto

LI
Fig. 13.1.1. Célula de corrosão eletroquímica do concreto

O s cuid ad o s d e p ro jet o d evem co m eçar p elo est udo do co b rim ent o corret o q ue cad a elem ent o
est rut ural t em d e receb er. Prim eiram ent e, p recisa- se analisar o t ipo de o b ra, se é ind ust rial,
co m ercial o u resid encial; seg und o, se é em co ncret o ap arent e e q ue t ipo será ut ilizad o ; ent ão ,
f inalm ent e, e t alvez seja o m ais im port ant e d e t odos, fazer um a aval i ação crit erio sa da região
o nd e será im p lant ad a a est rut ura, o b jet ivand o d efinir o p o t encial de ag ressivid ad e d a a:m o sfera
e do so lo lo cal.

Co m relação ao m eio am b ient e, d evem o s o b servar as caract eríst icas clim át icas do local o nd e
será im p lant ad a a ob ra. É de esperar q ue em am b ient es secos e co m p o uca p o luição o at aq ue
às ferragens seja m enor do que nos lo cais úm id o s e co nt am inad o s por gases, ácid o s e fulig em ;
nesses caso s, é im port ant e verif icar o índ ice d e p o lu ição lo cal, q ue pod erá ser d evid o à em is-
são d e gases aut o m o t ivo s, o u gerado p elas ind úst rias exist ent es nas p ro xim id ad es.

O índ ice d e um id ad e e a var i ação de t em perat ura são out ros fat ores q ue d evem ser o b servad o s,
um a vez q ue so m ad o s a q ualq uer out ro elem ent o ag ressivo aum ent am o p o t encial d e co rro são
d o aço . A var iação de t em perat ura pode at uar co m o cat alisad o r, acelerand o a co rro são p elo
p ro cesso q u ím ico , p o rém o efeit o p rep ond erant e o co rre asso ciad o co m a um id ad e, p ro vo cand o
m uit as vezes a co nd ensação de água na face do co ncret o .

Devem o s t om ar cuid ad o t am b ém co m as ob ras execut ad as em regiões co m at mosfera m ari-


nha, em q ue a p ro xim id ad e d o m ar p ro p o rcio na um m eio am b ient e m ais agressivo. Por out ro
lad o , lem b ram o s q ue o co ncret o é um m at erial p oroso , q ue ab so rve e ret ém o s elem ent os agres-
sivo s q ue nele são d ep osit ad os, aum ent and o assim co m o t em po a co n cen t ração d e sub st âncias
ag ressivas na sua sup erf ície, elevan d o o p o t encial d e at aq ue nas arm ad uras.

13.2. EDIFICAÇÕES EM ÁREAS IN DUSTRIAIS

N esses l o cai s d evem o s levar em co n si d er ação se as i n d ú st r i as exi st en t es p r o d u zem um


m ei o am b i en t e ag ressivo p ara o co n cr et o e p ara as ar m ad u r as. I lá si t u açõ es em q u e o
p ro jet o se refere a um a in d ú st ria na q u al el a p ró p ria t em el evad o p o t en ci al d e gerar um
am b i en t e ag ressivo , t ant o p ara a at m o sf era co m o p ara o t erreno , p o d en d o em alg uns caso s
co n t am i n ar at é o len ço l f reát ico . t o q ue o co r r e co m f r eq ü ên ci a nas ind úst rias q ue u t ilizam
áci d o s na sua p r o d u ção .

Um caso t íp ico é a ind úst ria d e d ecap ag em d e aço , q ue, d evid o a vazam ent o s em seus t anques
o u reservat órios d e produt os q u ím ico s, co n t am in am o so lo co m sub st ancias ácid as, podendo
em alg uns caso s d et erio rar o p ró p rio co ncret o , co m o já t ivem o s o p o rt unid ad e d e const at ar
n u m a ind úst ria em São Paulo.

Ou t ro t ipo de ind úst ria q ue m erece at enção esp ecial é a d e g alvano p last ia, em q ue os b anho s
ácid o s e al cal i n o s resp ing am no co ncret o e, so m ad o s aos gases em anad o s do p ro cesso indust ri-
al, fo rm am um am b ient e ag ressivo q ue im p reg na o co ncret o de sub st âncias ácid as, podendo
levar a um a d et erio ração do m esm o e co nseq üent em ent e d e sua arm ad ura.

N essas co n d i çõ es, al ém dos cu id ad o s ad i ci o n ai s co m o co b rim ent o , d evem o s t am b ém nos


p reo cup ar co m a esco lha de um co ncret o q ue possa resist ir ao at aq ue dos elem ent o s agressivos
q ue p o d erão estar present es no lo cal, p o is, do co nt rário , não irá ad iant ar um co b rim ent o ade-
q uad o se o co ncret o , ao ser afet ado num a p rim eira et ap a, não co nseg uir proteger a arm ad ura,
q ue por sua vez, q uand o at ing id a, será co rro íd a rap id am ent e.

N o caso de se co m p ro var um a co n t am in ação at m o sférica p ela p resença d e ind úst rias nas pro-
xi m i d ad es, d evem o s t o m ar o s d evid o s cu i d ad o s co m q u alq u er t ip o d e ed i f i cação q ue fo r
co nst ruíd a na região, seja ela resid encial, co m er ci al o u ind ust rial. Para tanto será necessário
verif icar o p o t encial de lançam ent o de gases e fulig ens, send o q ue os m ais freqüent es e agres-
sivo s são o H 2 S,rnhgfeaXSROMJCA
O S0 2 e o N o x.

Devem o s ter em m ent e a necessid ad e de se verif icar o índ ice d e um id ad e relat iva m édio da-
q uela região, t endo em vist a q ue a um id ad e aci m a de 7 0 % já é co nsid erad a danosa para a
ferragem . E aliad a a gases ácid o s lançad o s na at m osfera, co nt rib ui para a red ução d a alcalinid ad e
d o co ncret o , aum ent and o a velo cid ad e d e carb o nat ação e p erm it ind o co m isso q ue a cam ad a
p assivad o ra do aço seja d est ruíd a.

Para se ter um a id éia d o p o t encial agressivo d a at m osfera ind ust rial, d evem o s pensar q ue ela
pode acelerar em at é 80 vezes o p rocesso de co rro são de um a est rut ura, se co m p arad a co m a
m esm a ed if icação im p lant ad a num a zo na rural, d esd e q ue esta últ im a não est eja co nt am inad a
por agent es agressivos, co m o verem o s logo ad iant e.

13.3. EDIFICAÇÕES EM ATM OSFERA M ARIN HA

As ob ras execut ad as pert o da cost a o u sobre o m ar são at ing id as por g o t ículas o u crist ais d e
água salg ad a, p ro venient es d a p resença d e clo ret o d e sód io e d e m ag nésio na at m osfera m ari-
nha. Esses elem ent o s são ext rem am ent e agressivos e co nt rib uem para acelerar o processo d e
co rro são d as arm ad uras em b ut id as no co ncret o .

Para se ter um a idéia do p o t encial co rro sivo das regiões m arinhas, d evem o s ter em monte q ue
a velo cid ad e d e co rro são nesses caso s cheg a a ser 40 vezes sup erio r a um a reg ião co nsid erad a
p ura o u d o t ipo rural, o nd e um a event ual co rro são só pod erá ser p erceb id a após 8 ano s d a
co n cl u são d a o b ra. N o ent ant o, se a m esm a ed i f i cação est iver n u m a at m osfera m arinha, o s
m esm os sinais d everão ap arecer em ap enas 2 o u 3 m eses.

Ou t r o f enô m eno q ue co m p ro m et e o co n cret o nas regiões m arinhas é o aum ent o d e t em pera-


tura asso ciad o a um a d i m i n u i ção d e u m id ad e relat iva do ar, send o q ue nessas co n d içõ es as
ág uas salin as em co nt at o co m a sup erf ície d o co n cret o p enet ram nos seus p oros d ep o sit and o
part e dos sais e cau san d o a ef lo rescên cia. Po st erio rm ent e, co m o aum ent o d a um id ad e esses
sais são no vam ent e d isso lvid o s e reing ressam p ara o int erio r do co ncret o .

Co m a rep et ição desse ci cl o , t erem os u m a crost a d e elevad a co ncent ração salin a, que depen-
d end o d a p o ro sid ad e do co ncret o pod erá ser afet ada em at é 3 cm d e p rofund id ad e. N essas
co nd içõ es, q ualq uer arm ad ura q ue est iver p ró xim a d a sup erf ície será at ingida p elo processo d e
co rro são ; no ent ant o, d evem o s lem b rar q ue nesses caso s não basta ap enas aum ent ar a espes-
sura do co b rim ent o , m as p rincip alm ent e p ro d uzir e execut ar um co ncret o resist ent e a esse t ipo
d e ag ressão .

N as obras ed if icad as nessas regiões, d evem o s tomar m uit o cuid ad o co m o t em p o de execu ção
da est rut ura, o b servand o - se caut elas na est o cag em d o aço , q ue d everá ficar prot egido enq uan-
to ag uard a para ser ut ilizad o , d and o- se p referência a est oques p eq ueno s para um giro m ais
ráp id o e m enos p erm anência na ob ra.

Ou t ra p recaução q ue se d eve ler é q uant o ao t em p o de exp o sição dos ferros d e espera, p rinci-
p alm ent e se aco nt ecerem event uais p aralisaçõ es no and am ent o d a o b ra, pois pode ocorrer já
nessa fase um in ício d e co rro são q ue irá p rejud icar o d esem p enho fut uro d a est rut ura.

Para evit ar isso, pod em os pint ar a ferragem de espera co m cald a d e cim ent o , d evend o renová-
la a cad a 15 d ias e rem o ver um p o uco ant es da nova co ncret ag em , at ravés cie algum as p anca-
d as na arm ad ura e jat os d 'ág ua.
13.4. EDIFICAÇÕES COM VÁRIOS FATORES AGRESSIVOS

H á l o cai s em q u e p o d e h aver u m a so m at ó r i a d o s ag ent es ag r essi vo s ci t ad o s an t er io r m en -


t e. N essas co n d i çõ es, t erem o s u m si g n i f i cat i vo au m en t o no p o t en ci al d e ag r essi vi d ad e
d essa reg ião . Isso p o d e o co r r er em p ó lo s ind ust riais p r ó xi m o s ao l i t o r al , o u em reg iõ es
p r ed o m i n an t em en t e ú m i d as.

A ci d ad e d e Sant o An d r é, no est ad o d e São Paulo , é u m exem p l o t íp ico , o nd e a u m id ad e


vi n d a d a serra do m ar, so m ad a à p o l u i ção in d u st rial, gera um a at m o sfera áci d a co m el eva-
d o p o d er d e at aq u e às ed i f i caçõ es em co n cr et o ap aren t e, o q ue j á cau so u m uit o s d ano s em
vár i o s p réd io s.

13.5. EDIFICAÇÕES EM ATM OSFERA RURAL

Para se co nsid erar um a região rural, d evem o s estar a um a grande d ist ância d e q ualq uer fonte
cap az d e gerar um a at m osfera ag ressiva, tais co m o pólos ind ust riais, grandes cent ros urbanos e
o rla m arinha.

N essas co n d i çõ es p o d er em o s car act er i zar o l o cal co m o d e b ai xo t eo r d e p o l u i ção , co m


u m a f r aca ag r essão co n t r a o co n cr et o e su a f er r ag em , sen d o , p o rt an t o , m u i t o len t o o
p r o cesso d e at aq u e à p el ícu l a q u e p ro t eg e o aço , f o r m ad a em f u n ção d a alt a al cal i n i d ad e
d o co n cr et o .

Em am b ient es desse t ip o, não haverá necessid ad e de se p rever os m esm os co b rim ent o s q ue


p ara regiões m ais ag ressivas, t endo em vist a não exist ir clo ret o d e só d io nem gases ácid o s em
q uant id ad e suficient e para ag red ir o elem ent o est rut ural, o q ue i m p l i ca águas de chuva co m
p H d a o rd em de 6,5.

13.6. ESTRUTURAS EM ATM OSFERA VICIADA

Esse t ipo d e sit uação o co rre em am b ient es o u lo cais fechad o s, o nd e é m uit o b aixa a t axa d e
reno vação do ar. Nesses am b ient es não raro enco nt ram o s um a co ncent ração de gases agressi-
vo s q ue, d ep end end o da sit uação , p o d em ser gerados p elo p ró p rio am b ient e, co m o aco nt ece
nos co let o res de esgot os.

O p rocesso q ue o co rre nesses caso s é d evid o ao elevad o teor de sulfet os que se form am no
int erior desses am b ient es, send o q ue alg uns est udos ap o nt am d uas causas p ro váveis: produtos
result ant es de ação b act erio ló g ica e d escarg a diret a d e esgotos ind ust riais nos colet ores (ver
fig. 13.6.1).

N as g alerias hid ráulicas em t ub ulaçõ es d e co ncret o arm ad o , q ue não est ão t rab alhand o a se-
ção p lena, as regiões m ais sujeit as ao at aq ue da co rro são são aq uelas sit uad as na int erface d o
ar co m o co ncret o e as sup erio res, d evid o às d if erenças d e aeração e co n cen t ração de sais. As
partes sub m ersas, q ue f icam em co nt at o p erm anent e co m os fluid os que p assam pela t ubula-
ção , acab am receb end o um a p ro t eção dos m esm os, na m ed id a em q ue d if icult am o acesso d e
o xig ênio , t endo u m m elho r co m p o rt am ent o f inal.
Umidade na Suf Corrosão Resultante

Limos

Depósitos de U m o s

Fig. 13.6.1. Coletor de esgoto (ludwig almeida 1979)

13.7. COBRIM EN TO DAS ARM ADURAS

Um a vez verif icad o s os aspect os m encio nad o s nos it ens ant eriores e co nst at ad a a necessid ad e
d e se proteger ad eq uad am ent e as ferragens, d evem o s ent ão t om ar os d evid o s cuid ad o s co m o
co b rim ent o , t endo em vist a que o m esm o tem a f inalid ad e d e proteger fisicam ent e e p ro p iciar
um m eio al cal i n o elevad o , d e tal form a a gerar a p assivação do aço .

Diferent es tipos de co ncret o im p licam caract eríst icas e p ro p ried ad es int rínsecas t am bém dife-
rent es, o q ue por sua vez co rresp o nd e a espessuras de co b rim ent o s d iverso s para um m esm o
nível de p ro t eção .

N a falt a d e um est ud o m ais d et alhad o , d evem o s o b servar as reco m en d açõ es d a N BR- 6118
para as sit uaçõ es por ela p reco nizad as:

Qualq uer barra d a arm ad ura, até m esm o de dist ribuição, d e mont agem e de estribos, d eve ter
cobriment o de concreto pelo menos igual ao seu diâmetro, mas não menor que o especificado abaixo:

a) para co ncret o revest ido co m argam assa de espessura m ín i m a d e 1,0 cm :

• em laje no int erior de ed if ício s 0,5 cm


• em paredes no int erior de ed ifício s 1,0 cm
• em laje e p ared es ao ar livre 1,5 cm
• em vig as, p ilares e arco s no int erior d e ed ifício s 1,5 cm
• em vig as p ilares e arco s ao ar livre 2,0 cm

b) p ara co ncret o ap arent e:

• no int erior d e ed if ício 2,0 cm


• ao ar livre 2,5 cm

c) para co ncret o em cont at o co m o so lo : 3,0 cm

• se o so lo não for ro cho so , sob a est rut ura d everá ser int erpost a um a cam ad a d e co ncret o
sim p les, não co nsid erad a no cál cu l o est rut ural, co m o co nsum o m ínim o d e 2 5 0 kg d e cim ent o
p or m et ro cú b i co e esp essura de p elo m eno s 5 ,0 cm .
d) para co ncret o em m eio fort em ent e ag ressivo : 4 ,0 cm

Para co b rim ent o m aio r q ue 6,0 cm , deve- se co lo car um a arm ad ura d e p ele co m p lem ent ar, em
rede, cu j o co b rim ent o não d eve ser inferior aos lim it es esp ecif icad o s neste it em .

M ed id as esp eciais - al ém do co b rim en t o m ín i m o , d everão ser t o m ad as m ed id as esp eciais


p ara aum ent o d e p ro t eção d a arm ad u ra se o co n cret o for sujeit o à ab rasão , a alt as t em pera-
t uras, a co rrent es elét ricas o u a agent es fort em ent e ag ressivo s, t ais co m o am b ien t e m arin h o
e agent es q u ím i co s.

N o s caso s esp eciais em q ue p o d erem o s ter um a sit uação m ais ag ressiva, co nf o rm e esp ecifica-
d o ant erio rm ent e, d evem o s o b servar o que segue:

• Dim en sio n ar a est rut ura de form a a ter um m ín im o de fissuras.


• Est udar o agent e ag ressivo para d efinir o t ipo de co ncret o id eal.
• Def inir co rret am ent e o co b rim ent o para cad a m icro rreg ião .
• Para co b rim ent o m aio r que 3 cm , prever ferragem de p ele.

Finalm ent e d evem o s t om ar os d evid o s cuid ad o s na execu ção d a o b ra, at ravés d a co lo cação d e
p ast ilhas na ferragem e u t i l i zação co rret a d e f ixad o res e esp açad o res d e f o rm a, g arant ind o
assim o co b rim ent o id eal ao longo d e t oda a p eça.

N o caso do pastilhamento, as pastilhas d evem ser uniformes e dist ribuídas ao longo de todo o ele-
mento estrutural, e fixadas adequadament e para não caírem durante a concret agem , um a vez q ue
a sua finalidade principal é garantir um cobrim ent o uniforme ao longo de toda a p eça, tendo em
vista que variações na espessura d e cobrim ent o |M xlem gerar o fenômeno do surgimento da p ilha de
corrosão elet rolít ica por co ncent ração e aeração diferencial, co m o verem os mais adiante.

Exist em diferent es t ipos d e p ast ilhas, send o as m ais ind icad as as de arg am assa, d evid o à me-
lhor ad erência no co ncret o , além d e serem as m ais barat as e d e f ácil execu ção na ob ra. Deve-
se t om ar o cu id ad o de garant ir q ue elas f iq uem co m um a q ualid ad e co m p arável co m a d o
co ncret o que será usad o na o b ra, no q ue d iz respeit o à resist ência, à p erm eab ilid ad e, à d ilat a-
ção t érm ica e à hig ro sco p icid ad e; do co nt rário , pod erá sig nificar pont os vulneráveis que irão
p reju d icar o co m p o nent e est rut ural.

Um a m aneira d e garant ir um p ad rão sem elhant e ao d o co ncret o é usar u m t raço igual ao d ele,
sim p lesm ent e se ret irand o os agregados graúdos e red uzind o a água d e am assam ent o .

Em q ualq uer sit uação , não d evem o s ter um a relação d e ág ua/ cim ent o sup erio r a 0,5 nem um
t raço m ais pobre q ue 1:3, send o essa relação em m assa d e m at eriais seco s. Por out ro lado, a sua
execu ção p recisa ter um a vib ração eficient e para garant ir um b o m ad ensam ent o e, por fim ,
receb er u m a cu ra p rolong ad a à so m b ra e co m um id ad e co nt ro lad a.

Podem os co nt ar aind a co m as p ast ilhas p lást icas, q ue são enco nt rad as no m ercad o para várias
o p çõ es d e co b rim ent o e todo t ipo de bit ola d e aço . Ap esar de serem m uit o p rát icas, não são
eco n ô m icas e ap resent am grande d esvant ag em d evid o à p éssim a ad erência no concret o.

O lo cal m ais ap ro p riad o para a co l o cação das p ast ilhas é no cruzam ent o d as ferragens, d even-
d o ser b em am arrad as para não sofrerem event uais d eslo cam ent o s durant e a co ncret ag em . As
p ast ilhas p o d em ser co lo cad as co nf o rm e ind icad o na figura 13.7.1.
Pastilha

Fôrma
Det. da Pastilha
4 pontas da Arama rliaTP
T
^ Armadura Argamassa 1:2

Comprimento
-f
dc Projeto

Fig. 13.7.1. Colocação de pastilha de argamassa

Co m relação aos esp açad o res e fixad o res d e fôrm a, os d e n ú cleo p erd id o t êm sid o os m ais
em p reg ad o s, p rincip alm ent e o nd e há risco de p erco lação d 'ág ua at ravés d as p ared es do co n-
cret o . O s d ois t ipos m ais co m uns são os t ot alm ent e de arg am assa e os co m n ú cleo de aço e
ext rem id ad e de arg am assa. A f in alid ad e d esses elem ent o s é f ixar a f ô rm a, im p ed ind o u m a
p o ssível abert ura o u fecham ent o d a m esm a (ver fig uras! 3.7.2).

Espaçador em Barra
de Argamassa

Espaçador de Aço com


Ponta de Argamassa

Fig. 13.7.2. Espaçadores de fôrma

Ap ó s se t o m arem t odos o s cuid ad o s ant erio rm ent e reco m end ad o s, d evem o s ent ão execut ar
um a co ncret ag em o b servand o - se o p reco n izad o nos cap ít ulo s 9, 10, 11 e 12, p rincip alm ent e
co m relação ao lançam ent o e vib ração do co ncret o , b em co m o q uant o à est anq ueid ad e d as
fô rm as. O o b jet ivo é ter co m o produt o final um co ncret o ho m o g êneo , co m p act o e co m o m íni-
mo d e vazio s int ernos, o u seja, co m p o uca p erm eab ilid ad e e p o ro sid ad e.

É im p o rt ant e lem b rar q ue a q u al i d ad e d o p ro d ut o f i n al d ep en d e d e se execu t ar co rret am en-


te t o d as as f ases, caso co n t r ár i o , um a et ap a m al execu t ad a p o d erá p ô r a p erd er t odas as
o ut ras, m esm o q ue t en h am sid o b em execu t ad as. N as o b ras o nd e são o b servad o s t odos o s
cu i d ad o s r eco m en d ad o s, ai n d a assim co r r em o s al g u n s risco s d e f alh as na q u al i d ad e d o
el em en t o est rut ural.
13.8. PROCESSO DE CORROSÃO DAS ARM ADURAS

Vam o s analisar de m aneira sim p lif icad a o p ro cesso d e co rro são do aço , ap enas co m a finalid a-
d e d e ilust rar para o leit or o fenô m eno , t endo em vist a que um est udo m ais d et alhad o im p licaria
um ap ro fund am ent o d e reaçõ es co m p lexas, q ue foge ao esco p o deste t rab alho.

O m ecan ism o d e co rro são p o d e ser d ivid id o em d uas et ap as. A p rim eira, d evid o a reaçõ es
q u ím icas, em que o co rre um a o xi d ação do aço p elo at aq ue de gases, fo rm and o p elículas d e
o xid o ; isso se d á logo ap ó s a sua lam in ação , p o d end o servir d e p rot eção t em p o rária, dependen-
d o das co nd içõ es a q ue ele ficar exp o st o . A segunda e m ais im port ant e para as estruturas d e
co ncret o arm ad o é o at aq ue elet ro q uím ico , causand o a ch am ad a co rro são d o aço .

O m ecan ism o d e co rro são elet ro q uím ico o co rre b asicam ent e d evid o à p resença d e água no
co ncret o , q ue aliad a a out ros elem ent o s, co m o verem o s m ais ad iant e, é a g rand e responsável
p elo at aq ue d as arm ad uras. Por sua vez, a um id ad e relat iva d o ar é responsável p ela quant ida-
d e d e água no int erior do co ncret o , send o q ue para um a t em perat ura am b ient e de 25° p o d em o s
ter os seguint es valo res d e um id ad e para um co ncret o co m u m :

U.R. do ar umidade do concret o lit ros d' água por m 3 H


45% 3% 70 L/ m 1
70% 4% 90 L/ m* |
95% 8% 190L/ m i ||

A um id ad e do ar é sem d úvid a um dos fatores at m o sférico s q ue im p lica d iret am ent e na velo ci-
d ad e d e co rro são do aço . N o ent ant o , a sim p les p resença d e água p ura num ar t am bém p uro
t em b aixo p o t encial de co rro são , o u seja, o p ro cesso o co rre lent am ent e. Ent ret ant o, q uand o se
co m b in a co m out ros elem ent o s p oluent es o u ag ressivos, passará a ter u m a f unção preponde-
rant e no at aq ue d a ferrag em .

A um id ad e relat iva d o ar (U.R.) p o d e ser d efinid a co m o :

Ar seco U.R. at é 3 0 %
Ar no rm al U .R. ent re 5 0 % e 6 0 %
Ar úm id o U .R. ent re 8 0 % e 9 0 %
Ar sat urad o U .R. d e 1 0 0 %

A co rro são do aço aco nt ece at ravés de um fenô m eno sem elhant e ao co m p o rt am ent o d e um a
p ilha, e p ara q ue isso o co rra d evem o s ter um elet ró lit o , um a d iferença d e p o t encial e o xig ênio .

A f unção d e elet ró lit o f ica por co nt a d a p resença d a água no co ncret o e p ela fo rm ação d e
cert os produt os d urant e a hid rat ação do cim ent o Ca(OH) 2 .

A d if erença d e p o t encial p o d e o co rrer p ela d iversid ad e de u m id ad e, p ela aeração , por co n-


cent raçõ es salin as o u por t ensões no aço o u no co n cret o . As d if eren ças d e aeração no rm al-
m ent e são d evid as à m aio r o u m eno r co m p aci d ad e d o co n cret o , q ue por sua vez d ej)end e d a
p u reza d e seus co m p o n en t es e d e um a p rim o ro sa execu ção p ara se obt er um a b o a q ualid ad e
f inal d o m esm o . Esse fat or é im p o rt ant e, t end o em vist a q ue se acred it a ser a aeração d iferen-
ci al a m aio r e m ais freq üent e cau sa g erad o ra d e d if erenças de p o t en cial.
O o xi g ên i o é o f erecid o p ela at m o sfera.

Pod em os ter ain d a a p resença d e agent es agressivos q ue vão acelerar o p ro cesso de corrosão.
Eles p o d em est ar co nt id o s o u serem ab so rvid o s post eriorm ent e p elo co ncret o . Dest acam o s ent re
eles os sulfet os, os clo ret o s, o d ió xid o d e carb o no , os nit rit os, o gás sulf íd rico , o o xid o de enxo fre,
a fulig em e out ros. Eles q ueb ram o u im p end em a f o rm ação d a p elícula de p assivação d o aço ,
acelerand o a co rro são e p o d end o at uar co m o cat alisad o res.

Devem o s ter em m ent e q u e o co ncret o é um elem ent o p o ro so e q ue q u alq u er sub st ância áci d a
(gases, líq u id o s e só lid o s) p o d e p eneirar nos seus vazi o s e co n t rib u ir p ara um aum ent o d o risco
cie co r r o são . A si t u ação se ag rava m uit o q u an d o essas su b st ân ci as at in g em d iret am ent e as
arm ad u ras já em i n íci o d e co rro são , acel er an d o o p ro cesso .

O co b rim ent o ad eq uad o das arm ad uras é m uit o import ant e, pois representa um a barreira co m fun-
ção de p ro t eção f ísica d o aço . N esse sent id o , é im p o rt ant e q u e o co n cr et o t enha um a alt a
co m p acid ad e, seja hom ogêneo e não apresent e nichos no seu interior, de forma a ser o m ais imper-
m eável |X)ssível, para garantir um a prot eção cont ra os at aques ext ernos d e agentes agressivos.

Co m o já vim o s ant erio rm ent e, esses agent es ag ressivo s p o d em est ar na at m o sf era, em ág uas
resid uais, ág uas ind ust riais, ág uas d o m ar e d ejet o s o rg ânico s.

Ou t r o cu i d ad o m uit o im p o rt ant e é evit ar a p resença d e elem ent o s ag ressivo s d urant e o p rep aro
d o co n cret o , o q ue p o d e o co rrer d evi d o ao d esco n h ecim en t o o u d esp rep aro d o p ro fissio nal.
N esse caso , co rrem o s o risco de o co n cret o não cu m p r i r co m sua f u n ção est rut ural e d eixar d e
ser um a p ro t eção f ísica p ara a arm ad u ra co nt ra o s at aq ues d o m eio am b ient e e, o q ue é p ior, o
p ro b lem a surg irá de d ent ro p ara fora, send o m uit o m ais d i f íci l de ser san ad o .

O s m at eriais q u e vão co m p o r o co n cret o d everão ser an alisad o s p reviam en t e, t end o em vist a


q u e os ag reg ad o s p o d em co nt er i m p u r ezas o rg ânicas o u ferrug ino sas, send o q ue os ext raíd o s
d e regiões p r ó xim as do m ar e d e ág uas co n t am in ad as o u salo b ras t am b ém p o d em co nt er clo ret o s,
q ue, co m o vi m o s ant erio rm ent e, são alt am ent e p r ej u d i ci ai s p ara a est rut ura.

Out ra form a de se incorporar cloret os no concret o é at ravés do tratamento ou lim p eza superficial,
em q ue no rm alm ent e se usa ácid o m uriát ico , que nad a m ais é d o que o ácid o clo ríd rico co m ercial.

A l ém d a p ro t eção f ísica, o co b rim en t o t am b ém at ua co m o prot et or q u ím i co , j á q ue, p elo fato d e


ser um am b i en t e al t am en t e al cal i n o , f o rm a u m a p el ícu l a p ro t et o ra d e carát er p assivo . Essa
al cal i n i d ad e d o co n cret o d eriva d as reaçõ es d e h id rat ação dos silicat o s de cál ci o . Desse m o d o ,
o co b r i m en t o d o co n cr et o acab a p ro t eg end o essa cap a d e p el ícu l a p ro t et o ra d a arm ad u ra,
m ant end o a sua est ab ilid ad e e evit and o q ue a m esm a sej a at ing id a por im p act o s m ecân ico s.

Qu an d o não são ob servad as as reco m end açõ es ant eriores, estaremos ent ão sujeit os aos oossíveis
danos na estrutura, em que o prim eiro sint oma é o surgimento das trincas e de m anchas marrom-
averm elhadas, devidas ao processo inicial de corrosão d o aço, que sempre ocorre de forma progres-
siva através d a form ação de oxi- hidróxidos de ferro, q ue aum ent am de vo lum e em até 8 vezes, cau-
sando elevadas pressões no interior do concret o, atingindo valores superiores a 15 M Pa (150 kgf/ cm-').

In icialm en t e, essas t ensõ es p r o vo cam um a f issuração d o co n cret o , p o d end o cau sar o lascam ent o
d o m esm o , o q ue f avo rece a p enet ração d e agent es ag ressivo s e co m isso aceler a aind a m ais o
p ro cesso de co rro são .
O p rim eiro ind ício se p erceb e p elo at aq ue dos est ribos d e vig as e p ilares, p ois são eles q ue
acab am f icand o m ais p ró xim o s da face ext erna d a p eça d e co ncret o , p rincip alm ent e q u an d o
não se co l o cam p ast ilhas afast adoras na arm ad ura. N essas co nd içõ es o co b rim ent o acab a fi-
can d o d eficient e em alg uns pont os.

N o ent ant o, d evem o s ressalvar q ue o risco será sem p re m aio r nos lo cais de m aio r um id ad e e
m ais q uent es, t endo em vist a q ue eles est ão sujeit os a um a co n d en sação m aior, criand o um
am b ient e m ais ag ressivo , at acand o p rincip alm ent e as lajes.

O r i sco d e co r r o são au m en t a nos elem en t o s d e co n cr et o q u e est ão su jeit o s a d ef o rm açõ es,


si t u ação q u e f avo r ece o su rg im en t o d e t r i n cas, acen t u an d o os p erig o s d e co n t am i n ação
d as ar m ad u r as. O m esm o não aco n t ece co m as p eças q u e est ão su b m et id as ap en as a esfor-
ço s d e co m p r essão , send o q u e nesses caso s não vão surg ir f issuras d eco rren t es de t ração
no co n cr et o .

Devem o s evit ar t am b ém as est rut uras q ue ap resent em lo cais ang ulo so s, o u cant o s e arest as
p ro nunciad o s, d and o sem p re p ref erência p ara um arred o nd am ent o dos cant o s e arest as, d e
form a a se evit arem pont os f avo ráveis ao at aq ue do aço .

t 1

c iML
1
• f —

1 - Penetração de Agentes 2 - Fissuração Provocada Pela


Agressivos Expansão dos Elementos de
Corrosão

3 - Lascamento do Concreto 4 - Lascamento Acentuado e


e Aceleração no Processo de rnhgfeaXSROMJCA Redução da Seção da Armadura
CORRO«Í5O

Fig. 13.8.1. Processo de corrosão da armadura

13.9. CORROSÃO EM PON TOS LOCALIZADOS

Vam o s abordar neste t ó p ico a influência no processo de corrosão q ue diferent es pontos d e um a


m esm a estrutura podem ter. Fica fácil de perceber o nd e se enco nt ram os pontos mais vulneráveis
q uand o p ro curam o s os lo cais de m aio r um id ad e, sendo que nesses lo cais d evem o s t om ar cuid ad o
co m o tipo de co ncret o a ser em pregado e o cobrim ent o ideal para proteger a arm adura.
Q u an d o est ud am o s os p ilares co m p ro b lem a d e co rro são , p o d em o s p erceb er q u e vi a de regra o
p ro cesso se i n i ci a na b ase d o s m esm o s, sen d o q ue ao s p o u co s vai se alast rand o p ara as part es
su p erio res. Isso o co rre p r i n ci p al m en t e p el o fat o d e se ter sem p re a p o ssib ilid ad e d e um a co n -
cen t r ação m aio r d e u m i d ad e na b ase, d evi d o à p resen ça d e ág uas p l u vi ai s o u d e lavag em d o
p iso . Por sua vez, é p o ssível q u e em alg uns lo cais a u m i d ad e relat iva d o ar junt o ao piso sej a
sup erio r à d o teto em at é 2 0 % .

Devem o s t o m ar cu i d ad o co m lo cais q u e t êm m aio r p o t en cial d e co n cen t r ar u m i d ad e, d evid o a


caract eríst icas esp ecíf icas. C o q u e o co rre co m b an h eiro s, co zi n h as, áreas d e ser vi ço , lajes d e
co b ert u ra d iret am ent e exp o st as ao so l. N esses lo cais exist e u m a p o ssib ilid ad e m aio r de haver
co n d en sação d e vap o r d ' ág u a e co n seq ü en t e au m en t o na vel o ci d ad e d e at aq u e d o co n cret o e
d o aço , p r i n ci p al m en t e q u an d o se t rat a d e co n cr et o ap arent e.

Devem o s levar em co n sid eração , t am b ém , q u e o nd e há co n cen t ração d e u m id ad e exist e g rand e


ch an ce d e se ter a p resença d e b o lo r e fungos, q ue d evid o ao seu m et ab o lism o acab am g erand o
produt os ácid o s d e nat ureza o rg ânica, co nt rib uind o p ara b aixar o p H d o co b rim ent o d o co ncret o .

Pilares em Contato com o Solo

Setor 1
{ ALTAMENTE AREJADO
E MAIS SECO

ÚMIDO C O M MENOR
Setor 2
ACESSO DE OXIGÊNIO

Solo

Taxa de Corrosão
ç . , ,

{ENTERRADO SEM
* 1 ACESSO DE OXIGÊNIO

Setor 1 AÉREO

Setor 2 - í SUJEITO A RESPINGOS

Setor 3 VARIAÇÃO DA MARÉ

Setor 4 ^ SUBMERSO

Setor 5 ENTERRADO

Taxa de Corrosão

Fig. 13.9.1. Variação das t axas de corrosão para um mesmo elemento est rut ural
14 Fissuras no co ncret o arm ad o

14.1. GEN ERALIDADES

As trincas em elementos estruturais de concret o armado sempre inspiram maiores cuidados na análise
d as causas e nas so luçõ es possíveis. Alg um as fissuras podem ser d esp rezad as o u sim plesm ent e
colmat adas após um correto diagnóstico dos motivos que a geraram, com o veremos mais adiante;
outras, por sua vez, deverão receber um tratamento especial para resolver o problema corretamente.

Vam o s d ivid ir as fontes geradoras d e t rincas nos seguint es grupos:

• Devid o à ret ração h id ráu lica.


• Devid o à variação do teor d e um id ad e.
• Devid o à variação d e t em perat ura.
• Devid o à f lexão .
• Devi d o ao cisalham ent o .
• Devid o à t orção.
• Devi d o à co m p ressão .
• Devid o à p unção em laje.
• Devid o à co rro são d as arm ad uras.

14.2. FISSURAS N O CON CRETO DEVIDO À RETRAÇÃO HIDRÁULICA

As fissuras de ret ração hid ráulica no concret o são provenient es d a cura m alfeit a, em que a perda
d e água de am assam ent o durant e o processo gera t ensões int ernas na p eça, p rovocand o um a
ret ração q ue resulta em esforços d e t ração no co ncret o , o q ual, por sua vez, não resiste e surgem
ent ão as fissuras em forma de m apeam ent o geográfico sem d ireção d efinid a (ver fig. 14.2.1).

Viga Lajes

Fig. 14.2.1. Trincas no concreto por retração hidráulica


Para se evit ar o surg im ent o dessas t rincas, d evem o s seguir as reco m end açõ es p reco nizad as no
it em cu ra d o co ncret o ; no ent ant o, se o p ro b lem a já est iver inst alad o, é necessário proceder ao
selam ent o d as m esm as para proteger as ferragens co nt ra os at aq ues d o m eio am b ient e, q ue
pod erão se infilt rar por essas fissuras.

14.3. FISSURAS N O CON CRETO DEVIDO À VARIAÇÃO DO TEOR DE UM IDADE

Essa sit uação é um p o uco diferent e da ret ração hid ráulica q ue o co rre d urant e a cura. N esse
caso , a m u d an ça d e u m id ad e a q ue f ica sub m et id a a p eça d e co ncret o gera u m a var i ação
d im ensio nal por ab so rção o u p erd a hig ro scó p ica; essa alt eração d e vo lu m e pode causar fissuras
se houver vín cu lo s q ue im p eçam o elem ent o de se m o vim ent ar. N esses caso s as fissuras pode-
rão ap arecer ao longo d a p eça o u junt o aos vín cu lo s.

Ap resent am o s ab aixo um a t abela co m alg uns valo res d e referência d a um id ad e de eq uilíb rio
d e alg uns m at eriais em f unção d a um id ad e relat iva do ar.

Tab ela 3 - Um i d ad e hig ro scó p ica de eq u ilíb rio d e alg uns m at eriais

M at er i al Um idade higroscópica de equilíbrio ( %)


em f unção da umidade relat iva do ar U.R.
U.R. = 4 0 % U.R. = 6 5 % U.R. = 9 5 %
Co ncret o no rm al 3 4 8
Co ncret o celu lar 2 3 12
Cer âm i ca 0 0 1
M ad ei r a 8 12 22
Co r t i ça 4 12 20

As m o vim ent açõ es d evid as à var iação no teor de um id ad e p o d em ser reversíveis ou irreversíveis;
estas últ im as o co rrem g eralm ent e logo após a f ab ricação d o m at erial e o rig inam - se d a perda o u
g anho d e ág ua, at é at ing irem a um id ad e de eq u ilíb rio . As m o vim ent açõ es reversíveis o co rrem
ao longo do t em po, porém d elim it ad as a cert o int ervalo , m esm o no caso d e secar ou sat urar
co m p let am ent e o m at erial (ver fig. 14.3.1).

A Movimentação (%)

.A
Movimentos
Reversíveis
Movimentos
Irreversíveis

- > Tempo

Fig. 14.3.1. M ovimentações reversíveis e irreversíveis de um material devidas


à variação do seu teor de umidade
N o caso do co ncret o , a relação ág ua/ cim ent o t em um a im p o rt ância fund am ent al, um a vez q ue
int erfere d iret am ent e na ret ração do m esm o , co nfo rm e p o d em o s p erceb er na fig. 14.3.2

1,6 xvutsrponmlihgfedcbaZVUTSRPONLIGFEDCA
1,4 1 = > a/ c 0,70
r 1 ,2 zvutsrponmljihgedcbaTSPNMLIFEDCBA 2 = > a/ c 0,60
5. i,o 3
4
= > a/ c
= > a/ c
0,50
0 ,4 0
5 0,8

0,2
0,0
2 0 0 2 5 0 3 0 0 3 5 0 4 0 0 4 5 0 5 0 0 550 6 0 0 6 5 0 7 0 0

CONSUMO DE CIMENTO
(kg/m3)

Fig. 14.3.2. Retração do concreto em função da relação água/ cimento (a/ c)

A fissuração provocada pela retração hid ráulica do concret o se torna m ais evident e nos painéis
moldados no local da obra, em que norm alm ent e se ut ilizam formas de chap as metálicas para se
produzir as cham ad as paredes m onolít icas de concret o, um a vez que se emprega concret o "auto-
ad ensável" co m relação água/ ciment o elevad a e b aixa t axa de arm ad ura. Nessas co nd içõ es, as
trincas surgem normalment e nos pontos mais vulneráveis, em que estão localizad as portas e janelas
(ver fig. 14.3.3).

4 Parede M onolít ica


de Concret o

Fig. 14.3.3. Fissura em parede monolítica de concreto

Para se evit arem t rincas geradas p ela variação de um id ad e, d evem o s ter co ncret o s bem dosa-
dos co m relação ág ua/ cim ent o p ró xim o s d o id eal, execut ad o s de m aneira a result ar em p eças
b em ad ensad as co m b aixa p o ro sid ad e. Para as fissuras já exist ent es, t em o s d e p ro ced er à
co lm at ação d as m esm as co m selant es p lást ico s q ue p o ssam aco m p an h ar as m o vim ent açõ es
d im ensio nais e proteger co nt ra os at aques do m eio am b ient e.
14.4. FISSURAS N O CON CRETO DEVIDO À VARIAÇÃO DE TEM PERATURA

A var iação de t em perat ura p ro vo ca um a var iação d im ensio nal no elem ent o d e co ncret o , d e
m o d o sem elhant e à variação de um id ad e, send o q ue a so m at ó ria desses d ois fenôm enos pode
result ar em d ef o rm açõ es q ue, se a p eça est iver im p ed id a d e se m ovim ent ar, vão gerar t ensões
elevad as e co nseq üent em ent e t rincas.

N o entanto, o efeito da variação de temperatura é totalmente independente da variação provocada


pela perda ou absorção higroscópica do concreto; ela depende apenas da variação da temperatura e
5
do seu coeficient e de dilatação térmico, que no caso do concret o é da ordem de 1,0 x 10 m/ m ° C.

As p eças esb elt as e longas, co m o co st um a aco nt ecer em vig as co nt ínuas d e vário s Iram os, o u
em grandes p ano s d e lajes, est ão m ais sujeit as às t ensões p ro vo cad as p ela var iação de t empe-
rat ura, p rincip alm ent e q uand o exist em vín cu l o s q ue im p end em um a livre m o vim ent ação da
p eça d e co ncret o .

O s cálcu lo s est rut urais podem e d evem levar em co n sid eração os efeit os d a var i ação de tem-
perat ura sem p re que um a d et erm inad a sit uação exig ir, ou for reco m end o p ela ABN T. No ent an-
to, para ob ras p red iais, isso não reso lve o p ro b lem a d as t rincas nas alvenarias, um a vez q ue a
rig id ez das p ared es não vai aco m p anhar a m o vim ent ação d a est rut ura sem t rincar, p rincip al-
m ent e nos pont os d e d ef o rm ação m áxi m a.

Devem o s ter em m ent e que cad a m at erial possui seu p ró p rio co ef icient e de d ilat ação t érm ica
e, q uand o p ro vo cam o s um a int eração d e m at eriais o u elem ent o s d iferent es, est am os cr i an d o
um a sit uação d e t ensão na j u n ção dos m esm o s, p ro vo cad a p ela var iação d e t em perat ura, um a
vez q ue eles t endem a se d eform ar co m am p lit ud es d iferent es.

O que temos observado nas construções novas e mesmo nas mais antigas é um a falta de preccupação
por parte dos projetistas em querer resolver ou até mesmo m inim izar os efeitos danosos da variação de
temperatura, que |x>r sua vez atinge diariamente tcxlas as edificações do mundo. A solução do proble-
ma está na co ncep ção do projeto, que se não for levada em consideração, via de regra, torna o
problema crô nico e de difícil solução posterior, obrigando o usuário muitas vezes a conviver co m ele.

Out ro efeito que a variação de temperatura provoca é um gradiente t érm ico entre a face interna e a
ext erna d e um a laje, causand o o abaulam ent o da m esm a d evid o às diferenças de dilat ação entre as
faces. N o s apartamentos de cobert ura norm alm ent e esse tipo d e fissura é co m u m e pode estar
associado também a um a variação brusca de temperatura da laje, o que costuma acorrer nos dias
quentes na ép oca do verão, quando cai um a ch u va intensa no final do d ia. Nessas condições, o
concret o foi aq uecid o durant e todo o d ia e resíriado na face ext erna d e forma brusca pela chuva.

Já q ue é im p o ssível evit ar a d ef o rm ação dos m at eriais p ela variação de t em perat ura ou m esm o
p ela ab so rção hig ro scó p ica, d evem o s ent ão b uscar na fase de p ro jet o um a co n vi vên ci a harm ô-
nica co m o f enô m eno , at ravés de so luçõ es criat ivas q ue p erm it am um a livre m o vim ent ação
dos elem ent o s de um a ed if icação sem causar d anos à m esm a, t endo co n sciên cia q ue no caso
da var iação por um id ad e o u por t em perat ura a t rinca só surge q uand o se im p ed e o livre m o vi-
m ent o da p eça at ravés d e vín cu lo s.

As fissuras d evid o à d ilat ação t érm ica são at ivas (vivas), d evend o ser t rat adas co m selant es
elást ico s q ue p ro t ejam a p eça e possam aco m p an h ar a m o vim ent ação d a m esm a, podendo- se
t om ar por base a reco m end ação a seg uir:
a) em am b ient e int erno não- agressivo:

• abert ura < 0,3 m m , d isp ensar t rat am ent o.

• abert ura > 0,3 m m , tratar co m selant e.

b) em am b ient e ag ressivo e úm id o :

• abert ura < 0,1 m m , d isp ensar t rat am ent o.


• bert ura > 0,1 m m , tratar co m selant e.

14.5. FISSURAS N O CON CRETO DEVIDO À FLEXÃO

A p resença de m icro íissuras, o u seja, co m abert uras inferiores a 0,1 m m , em vig as e lajes d e
co ncret o q ue ap resent em d ef o rm açõ es dent ro d o esp ecif icad o p ela ABN T, é freqüent e e na
m aio ria dos caso s não d eve ser m o t ivo de m aio res p reo cu p açõ es, a não ser em am b ient es
ag ressivos o nd e p o d em servir d e porta d e acesso ao at aq ue d as arm ad uras por agent es co rro si-
vo s. N esses casos, d everão ser tratadas co nf o rm e esp ecif icad o m ais ad iant e.

N o ent ant o, pod em os ter u m a série m uit o g rand e d e caso s em q ue as d efo rm açõ es excessivas
asso ciad as às t rincas ind iq uem um a sit uação d e perigo, exig ind o est udos esp ecíf ico s p ara se
avaliar as verd ad eiras causas do p ro b lem a ant es q ue o co rra um sinist ro.

Essa sit u ação p o d e surg ir q u an d o o eng enheiro cal cu l i st a não faz um a aval i ação co rret a d a
carg a q ue será ap l i cad a no elem en t o est rut ural, o u d evid o à d ef i ci ên ci a dos m at eriais em p re-
g ad o s e em co n d i çõ es d e uso q u an d o se ap l i ca u m a so b recarg a m aio r q ue a p revist a em
p ro jet o . Em q u alq u er um a d essas sit uaçõ es vam o s ter f lechas e t rincas an o rm ais, send o q ue,
no caso esp ecíf i co d as vig as e lajes, elas vão se ap resent ar co m u m a co n f ig u ração sem e-
lhant e à d a f i g .14.5.1.

N o caso das lajes, elas t am b ém ap resent am grandes d efo rm açõ es, p o rém co m um a variação
m aio r de co nf ig uração d as t rincas, d ep end end o d a relação ent re largura e co m p rim ent o , t ipo
d e vi n cu l ação , nat ureza da so licit ação e esq uem a de arm ad ura.

Viga
w w

Laje Armada em Cruz Apoiada nas 4 Faces

Face Inferior Face Superior

0
//
Fig. 14.5.1. Trincas de flexão em elementos de concreto armado
Em q ualq uer um a d as sit uaçõ es ap resent ad as, é necessária um a aval i ação crit erio sa das co nd i-
çõ es em q ue o elem ent o est rut ural se enco nt ra para se d efinir p elo p ro ced im ent o m ais ad eq ua-
d o t écn ica e eco n o m i cam en t e; cad a sit u ação é sem p re ú n ica e as so luçõ es variad as, co m o
verem o s m ais ad iant e.

Em p rincíp io p o d em o s opt ar por um refo rço q uand o se d eve m ant er a m esm a sobrecarga at uan-
te, o u m ant er o elem ent o est rut ural na sua fo rm a o rig inal e aliviar a carg a sobre ele; isso som en-
te se as co nd içõ es de uso p erm it irem e não co nt rariarem as reco m end açõ es d a A BN T preconi-
zad as para aq uela co n d ição esp ecíf ica de uso.

Co m relação à seg urança do elem ent o est rut ural, num a p rim eira análise p o d em o s co nsid erar
q ue as p eças isost át icas ap resent am m enos recursos para ab so rver o s esforços, send o , portanto,
p eças m ais sujeit as ao co lap so do que os elem ent o s est rut urais hip erest át icos, q ue, pelas pró-
p rias caract eríst icas d a p eça, p o d em red ist rib uir os esfo rço s b uscand o um no vo pont o de eq ui-
líb rio , o f erecend o m enos risco s em curt o p razo , exig ind o , no ent ant o, a m esm a at enção e os
m esm os cuid ad o s.

N o caso d e se opt ar p ela red ução d a so b recarg a, d isp ensand o o reforço est rut ural, d evem o s
avaliar ent ão a necessid ad e d e se co lm at ar as fissuras em f unção da ag ressivid ad e do m eio
am b ient e; para t ant o, ap resent am os a seguir um rot eiro b ásico q ue pode ser seg uid o nos caso s
m ais sim p les:

b) em am b ient e int erno não- agressivo:

• abert ura < 0,3 m m d isp ensar t rat am ent o.


• ab ert ura > 0,3 m m se for p assiva, injet ar resina ep ó xi.
• ab ert ura > 0,3 m m se for at iva, t rat ar co m selant e.

b) em am b ient e ag ressivo e ú m id o :

• ab ert ura < 0,1 m m d isp ensar t rat am ent o.


• abert ura > 0,1 m m se for p assiva, injet ar resina ep ó xi .
• ab ert ura > 0,1 m m se for at iva, tratar co m selant e.

Porém , se a m elho r alt ernat iva para resolver o p ro b lem a ind icar p ara o reforço est rut ural, d eve-
mos analisar ent re as várias m aneiras p o ssíveis e opt ar por aq uela q ue for m ais ad eq uad a às
circu n st ân cia d a o b ra, no q ue d iz respeit o ao vo lu m e d o serviço a ser execut ad o , à f acilid ad e
d e o b t enção d e produt os esp ecíf ico s p ara o refo rço , à d isp o nib ilid ad e de eq uip am ent os esp eci-
ais, às co nd içõ es t écnicas de execu ção e à m ão- de- obra esp ecializad a.

A esco lha de um sist em a de reforço est rut ural d eve levar em co nsid eração t am b ém que para o
m esm o ent rar em carg a d eve haver d ef o rm ação d a p eça em q uest ão, q ue por sua vez pode
estar no seu lim it e; e se t iver q ue flet ir aind a m ais para o reforço co m eçar a funcionar, pod erá
sofrer um co lap so .

Para tanto é fundam ent al corrigir parte d a d efo rm ação exist ent e co m a finalid ad e d e aliviar as
tensões int ernas, a fim d e que assim o reforço possa absorver a p arcela d e responsabilidade q ue
se está projet ando para ele. Essa sit uação d eixa de exist ir q uand o o reforço a ser em pregado for
por m eio d e prot enção da p eça; nesse caso , o d im ensio nam ent o da so lução deverá ser cuidado-
sam ent e est udado no seu aspect o t écnico para que se obt enha o d esem penho desejado.
O refo rço co m t irant es d e p ro t enção no rm alm ent e é feito ut ilizand o - se barras d e aço co m ros-
cas nas ext rem id ad es e f ixad as nas lat erais das vig as, send o q ue a t ensão é d ad a por m eio d e
p o rcas q ue at ravés dos elem ent o s d e anco rag em t encio nam a barra (ver fig. 14.5.2).

Vista Superior

Porém , q u an d o a so lução do refo rço ind icad a exig ir um a d i m i n u i ção d as flechas exist ent es, isso
pode ser co nseg uid o co m um a red ução cal cu l ad a d a so b recarg a, o u at ravés d a d eflexão d o
elem ent o est rut ural co m u t ilização de m acaco s hid ráulico s.

Al er t am o s q u e esse p r o cesso , co m o t o d o s o s d em ai s, r eq u er em p r o f i ssi o n ai s al t am en t e


esp eci al i zad o s p ara fazer um a an álise p révia d a sit u ação , d esen vo lver p ro jet o s esp ecíf ico s,
d efinir os eq uip am ent o s e produt os q ue serão usados e finalm ent e realizar um a corret a seqüên-
cia das et apas e p ro ced im ent o s q ue serão adot ados no p rocesso d e refo rço .

Devem o s ter em m ent e q ue os p ro ced im ent o s errados do p assad o result aram na necessid ad e
d e se execut ar ob ras caras e d elicad as d e refo rço o u recup eração , e p recisam o s evit ar no vo s
erros, seja por im p erícia, seja por neg lig ência o u im p rud ência.

Vam o s apresent ar a seguir alg um as o p çõ es de reforços para vig as e lajes co m p ro b lem as d e


t rincas por excesso d e carg a, lem b rand o q ue cad a p ro b lem a ap resent a a sua esp ecif icid ad e,
p o d end o haver m ais d e um a so lução e m ais de um p ro ced im ent o para a sua co rreção .

N a fig. 14.5.3, ap o nt am o s um a alt ernat iva de reforço na ferragem d e flexão em vig a d e co ncre-
to. N esse caso o en ch im en t o pode ser feito co m m icro co ncret o b em dosado q uand o a largura
p erm it ir ou usar graute em sit uaçõ es m ais d if íceis d e p reenchim ent o .
1 a Et apa |2a Et apa


f—1—»

t %

i
1 20 cm (min.)

Novo Estribo

A Armadura de Reforço

Cortar a Face Inferior da Viga Colocar Estribo de Reforço


O b s. Dep en d en d o d a Si :u ação ,
est e Est r i b o n ão Se r á N ecessár i o

Fixar Ferragem de Reforço no Apoio Colocar a Fôrma e Injetar Graute pela


Abertura na Laje

Fig. 14.5.3. Reforço em viga de concreto

N a fig. 14.5.4 ap resent am o s out ra alt ernat iva, na q u al se em p reg a co n cret o p ro jet ad o . Essa
o p ção t orna- se vi ável q uand o o vo l u m e de serviço a ser execu t ad o just if ica a m o b i l i zação
d esse t ip o d e eq uip am ent o , send o um a excelen t e alt ernat iva t écnica, t end o em vist a q u e o
co n cret o p ro jet ad o u t iliza b ai xa relação ág ua/ cim ent o , t em alt o p od er d e ad erên cia e alt a
co m p acid ad e por se lançad o sob alt a pressão.

Corte na Laje Enchimento com


para Virar Estribo Grau te

Projetado

Armadura de
Reforço

Fig. 14.5.4. Reforço em viga com concreto projetado


Um a out ra alt ernat iva t am b ém m uit o ut ilizad a é a co lag em de chap as d e aço , co nfo rm e most ra
a fig. 14.5.5, p o rém não d eve ser usad a em am b ient es o nd e a t em perat ura é elevad a (> 55°C).

Laje
% % % % % % iWSMLIA
% %

Viga

" I —

\ \ R e f o r ç o com
Apoio

Chapa Metálica

rt
Adesivo pino Fixado Çpm
Estrutural Adesivo Estrutural

í
.Chapa Metálica
do Roforço

Fig. 14.5.5. Reforço de viga de concreto com chapa de aço

Para o refo rço d as lajes val em as m esm as reco m en d açõ es, co nceit o s e cu id ad o s que foram
p reco nizad o s para as vig as. N a fig. 14.5.6, vam o s enco nt rar os reforços dos m o m ent o s vo lvent es
e d e flexão , p o sit ivo e negat ivo, ut ilizand o - se arm ad ura ad icio n al, co lag em de chap a, enchi-
m ent o co m m icro co ncret o / g raut e ou co ncret o p ro jet ad o .

A - Momentos Volventes com Armadura

Armadura de
Corto com Reforço Superfície
Disco Escarificada

Armadura de E n c h I mento com


Reforço /Graute

Laje_
. ^ -> . i . - 7
\Trlnca
Aplicar Adesivo
Estrutural

E03
B - Momentos Volvontos com Chapas Motálicas C - Momentos de Flexão Negativo

Armadura de
Reforço
Com Armadura Nova
^Capa Nova

:. • l á:, ê s . • k W r
Aplicar Adesív Pinos de
Estrutural Ancoragem

Superfície Escartfada
o Regularizada Chapa
Metálica
C o m Chapa de A ç o

Preparar a Superfície, Aplicar Adesivo ••• - ni-- t u / '


Estrutural e Colar as Chapas
Aplicar Adesivo
Utilizando-se Pinos Fixados na Laje Pinos de
Estrutural
Ancoragem

C - Momentos de Flexão Positivos

Pinos de Ancoragem Fixados


com Adesivo Estrutural

T Laje

Concreto
Armadura d e / Projetado
Roforço

Fig. 14.5.6. Reforço de laje

Qu er em o s ch am ar a at enção do leit or ao fato d e q ue t odas as o b ras de refo rço , apesar d a


ap arent e si m p l i ci d ad e co m q ue est am o s ab o rd and o o assunt o , exig em sem p re u m a post ura
t écnica e p ro fissio nal m uit o séria; não d evem o s nos ilud ir e acred it ar q ue um t rabalho dessa
resp o nsab ilid ad e possa ser p rojet ad o e execut ad o por pessoas q ue não est ejam q ualif icad as,
p rep arad as e t reinad as p ara esse t ipo d e serviço .

14.6. FISSURAS N O CON CRETO DEVIDO AO CISALHAM EN TO

As t rincas d e cisalham ent o no rm alm ent e o co rrem nos pont os d e cort ant e m áxi m a e são gera-
d as por seção insuficient e, excesso d e carg a, falt a de arm ad ura o u dispost a d e form a errad a
p ara co m b at er esse t ipo d e esfo rço (ver fig. 14.6.1).

Da m esm a forma q ue para as t rincas d e flexão , p o d em o s reforçar a p eça a fim de que a carg a
at uant e p erm aneça inalt erad a, o u red uzir a so b recarg a e m ant er as co n d içõ es at uais da est ru-
t ura. Esta últ im a, por sua vez, vai d ep end er das co n d içõ es d e uso e d as reco m end açõ es d a
no rm a b rasileira. Lem b ram o s q ue no caso do refo rço é necessário p rim eiro aliviar tensões e
d efo rm açõ es p ara d ep o is se ap licar o refo rço .

Val em as m esm as reco m end açõ es cit ad as no cap ít ulo ant erio r co m relação aos cuid ad o s q ue
d evem ser o b servad o s na execu ção desse t ipo d e t rab alho .

, A ,
U U

Fig. 14.6.1. Trincas de cisalhamento em viga

14.7. FISSURAS N O CON CRETO DEVIDO ÀTORÇÃO


Qu an d o um a p eça de co ncret o está sub m et id a a um esfo rço de ro t ação em relação a sua seção
t ransversal, pod em os d izer q ue ela está sofrendo um a t orção (ver fig. 14.7.1).

Isso o co rre em vig as d e eixo cu rvo , p rincip alm ent e nas sacad as de ed if ício s, em vig as o u lajes
q ue tem f lecha excessiva e se ap o iam em out ras vig as, causand o um a ro t ação nest as ult im as,
o u em lajes em b alan ço do t ipo m arq uise engast adas ap enas na vig a.

Tod as essas sit uaçõ es p ro vo cam u m a ro t ação no p lano d a seção t ransversal do elem ent o est ru-
t ural e, q uand o esse esfo rço gera d ef o rm açõ es aci m a d a cap acid ad e d e suport e da p eça, sur-
g em as fissuras caract eríst icas de t o rção . Devem o s not ar q ue elas são inclinad as ap ro xim ad a-
m ent e a 45° e ap arecem nas d uas faces lat erais d a vig a na form a de segment os de retas reversas
(ver fig. 14.7.2.A).
A - Viga Balção
Pilar Pilar

Viga Suporte

c
B - Laje em Balanço " Engast ament o de Out ras Vigas

A ferragem id eal p ara se co m b at er esse esfo rço d eve ser co lo cad a d e fo rm a vert ical (estribos)
e lo ng it ud inal (ferros d e p ele); no ent ant o, se a q uest ão é execut ar um refo rço p ara com b at er as
t ensões d e t o rção já inst alad as, p o d em o s recorrer, d ent re out ros p ro cesso s, à co l o cação d e
est ribos ad icio n ais, em q ue o sist em a d e p reenchim ent o de co ncret o é feito d e form a co nvencio -
nal co m uso d e form as e lançam ent o do co ncret o at ravés d e furos feitos na laje (ver fig. 14.7.3A).

N o ent ant o, d ep end end o d as co nd içõ es lo cais e do vo lu m e d e serviço , p o d em o s optar p elo


p reenchim ent o u t ilizan d o co ncret o p ro jet ad o , send o esta um a so lu ção ef icient e, um a vez o
co ncret o tem b aixa relação ág ua/ cim ent o , fica b em ad ensad o e co m ó t im a ad erência por ser
lançad o sob alt a pressão (ver fig. 14.7.3.B).

Ou t ra so lução é a co lag em de chap as d e aço (ver fig. 14.7.3.C).


A - Com colocação de Est ribos B - Com colocação de Est ribos
e concret o Lançado e concret o Projet ado
Lançamento de
1 Concreto Graute

Laje Laje

Ferragem Ferragem de Reforço


de Reforço

Fôrma
^ Concreto Projetado

14.8. FISSURAS N O CON CRETO DEVIDO À COM PRESSÃO

As t rincas p ro vo cad as por co m p ressão em vig as e p rin cip alm en t e em p ilares são em nossa
o p in ião as q ue exig em m aio r at enção e p ro vid ên cias ráp id as, um a vez q ue o co ncret o é o
elem ent o resp o nsável em ab so rver a m aio r p arcela dos esfo rço s d e co m p ressão ; q uand o apre-
sent am fissuras, pode sig nificar q ue a p eça está na im inência d e u m co lap so , o u pior, q ue já
p erd eu a cap acid ad e de suport ar carg a, red ist rib uind o os esforços para os p ilares vizin h o s, q ue
por sua vez ficarão sob recarreg ad os e p assíveis, port ant o, d e sofrerem rupt ura t am bém .
Q u em já aco m p an h o u ensaio s d e co m p ressão de co rp o - d e- p ro va de co ncret o em laborat ório,
pôde const at ar q ue a p rensa ind ica que ho uve p erd a da cap acid ad e d e o elem ent o receb er
carg a e, no ent ant o, ele não apresent ou t rincas visíveis; ao manter- se a p rensa d efo rm and o o
co rp o - d e- p ro va, se rom pe b ruscam ent e sem acusar aum ent o d e carg a.

Al g u m as vig as e p i l ar es, d ep en d en d o d a at u ação d o s esf o r ço s, p o d em t r ab al h ar num sis-


t em a d u p l o d e so l i ci t ação , no caso f l exão e co m p r essão . N essas co n d i çõ es, p o d e h aver
um acú m u l o d e t ensõ es na reg ião co m p r i m i d a, su r g i n d o al g u m as t r i n cas car act er íst i cas
(ver fig. 1 4 .8 .1 ).

Dep end end o d as d im ensõ es e d a arm ad ura d as vig as e p ilares, as t rincas d e t ração t am bém
co st um am ap arecer no m esm o p erío d o . Esse t ipo de sit uação co st um a o co rrer em vigas e p ila-
res que ab so rvem esforços ho rizo nt ais d evid o ao em p u xo d a terra em est rut uras d e arrim o , o u
d evid o ao em p u xo d e líq uid o s em g rand es t anq ues d e arm azenam ent o .

N o caso d e p ilares sub m et id o s ap enas a esfo rço s d e co m p ressão , e q uand o a carg a ap licad a
exced e a cap acid ad e de suport e da p eça, pod em os enco nt rar t rincas t íp icas d e esm ag am ent o,
o u de falt a d e est ribos.

^ Viga
i

Trincas de

Carga Vertical

Laje ú
1 . Pilar.
\ / Trincas do
Compressão
Trincas de Tração ^

/f\ Esforços Laterais


(torra/água/vento)

Viga

Peça Comprimida

Pilar Submetido à Flexão e Compressão

Fig. 14.8.1. Trincas de compressão

Essas trincas podem ser evitadas através de um dimensionamento que considere corretamente a ação
de todos os esforços atuantes na peça e, por sua vez, que o uso seja compat ível com o carregamento
previsto em projeto. N o entanto, se o problema já estiver implantado, |> odemos recorrer ao reforço do
elemento estrutural de várias maneiras: utilizando- se a colagem de chapas de aço , ou a colocação de
armadura suplementar e posterior enchim ent o com graute ou microconcret o (ver fig. 14.8.2).
A - Colocação de Ferragem e Concret o

Obs.: Q u a n d o não for Possívol o Enchimento por Cima


o u c o m Concreto Projetado, Deverá ser Prevista uma
Etapa de Enchimento Final C o n f o r m e Detalhe Abaixo.

B - Com Chap as de Aço Coladas com Adesivo Est rut ural

Estribos e m

EZ 3
/ C h a p a s de Aço

P i l a r a ser
Reforçado
UL H
fti

[õ; E scarlficar a Aplica r


Adesivo Estrutural

Cantoneiras
de Aço

Fig. 14.8.2. Reforço de pilares

Ou t ras t rincas p ro vo cad as por co m p ressão o co rrem no rm alm ent e em co nso les e dentes gerber
e são result ant es d a co n cen t ração d e t ensões no rm ais e t ang enciais nessa região da peça (ver
fig. 14.8.3).

E
Viga

Aparelho de Apoio

Co nso le

Viga

Aparelho de Apoio

Fig. 14.8.3. Trincas em dente gerber

Isso no rm alm ent e aco nt ece p ela in ef iciên cia o u inexist ência do ap arelho de ap o io , sendo q ue
em alg uns caso s a d ef iciên cia está no d im ensio nam ent o est rut ural o u na co l o cação incorret a
d a arm ad ura.

Para evit ar esse t ip o d e p ro b lem a, d evem o s cal cu l ar levand o - se em co n si d er ação todos o s


esforços q ue irão at uar no elem ent o est rut ural e esp ecif icar co rret am ent e o m at erial que d eve-
rá ser em p reg ad o para ab so rver as m o vim ent açõ es d a est rut ura. Por out ro lad o , a execu ção
tem d e o b servar os m esm os crit ério s d e q ualid ad e, para q ue haja um d esem p enho final ef icien-
te ao longo d o t em p o.

Por sua vez, d evem o s ter em m ent e que exist irá sem p re a necessid ad e d e se fazer um a m anu-
t enção p revent iva e co rret iva ad eq uad a dos ap arelho s d e ap o io , d e form a a garant ir um a longa
vid a út il co m b o m f uncio nam ent o de todo o co njunt o ; p rincip alm ent e nas obras- de- arte, o nd e
eles são m uit o m ais so licit ad o s d evid o à ação co m b in ad a d a var iação d e t em perat ura e co ns-
tante m o vim ent ação dos veícu lo s.

O reforço de co nso les e d ent es gerber pode ser vist o na f i g .14.8.4; esse caso não co nsid era a
necessid ad e d e se alt erar a ferragem exist ent e, p o rém , se for necessário , d everá ser analisad a
a e sp e ci f i ci d ad e d e cad a caso , u m a v ez q u e v ai d ep en d er m u i t o d a q u an t i d ad e, d o
p o sicio nam ent o e d a b it o la das barras dent ro das p eças, p ara se d efinir em q ue co nd içõ es será
p o ssível um a ad ição de ferragem d e refo rço .
Pilar

Fig. 14.8.4. Reforço de dente gerber

14.9. FISSURAS N O CON CRETO DEVIDO À PUN ÇÃO

N o rm alm ent e esse fenô m eno o co rre em elem ent o s d elg ad o s, receb end o u m esfo rço p ont ual; 6
o caso d e lajes q ue se ap o iam d iret am ent e so b re p ilares o u vice- versa. As t rincas o co rrem
d evid o a vário s fat ores: q uand o há u m excesso d e carg a, co ncret o d e resist ência inad eq uad o ,
laje m uit o d elg ad a, arm ad ura insuficient e o u m al p o sicio nad a junt o aos ap o io s, erro de p ro jet o
o u f alha de execu ção (ver fig. 14.9.1).
Dep end end o d o t ipo e d as co nd içõ es d a est rut ura, o refo rço para co rrig ir elevad as tensões do
p unção pode ser feito co m co ncret o no rm al, m icro co ncret o , graut e, chap as m et álicas co lad as
co m ep ó xi o u perfis m et álico s p rot end id os (ver fig. 14.9.2).
Graute ou
A - Com Graut e ou M icroconcret o Microconcreto

Fôrma

Pilar

B - Com Chap as de Aço

C - Com Cab o s Tensionados


Laje

Chapas M e t á l i c a ^

Cabos Dywldag
G rau te
Tericionados

Pilar

Fig. 14.9.2. Reforço para trincas de punção

14.10. FISSURAS N O CON CRETO DEVIDO À CORROSÃO DO AÇO

Nos elem ent os est rut urais em q ue o aço já foi vít im a do processo de corrosão, ocorre u m aum ent o
d e vo lu m e em até oit o vezes na part e afet ada da arm ad ura, p ro d uzind o tensões de tração que o
co ncret o não resiste, surg ind o ent ão p eq uenas fissuras ao longo das arm ad uras sit uadas m ais
p ró xim as da sup erfície d o elem ent o est rut ural. Isso, por sua vez, permit e que o aço fique m ais
exp ost o ao at aque ext erno, acelerand o o processo de co rro são e t ransform ando essas trincas em
rachad uras, cheg and o a dest acar partes do co ncret o (ver figs. 14.10.1/ 14.10.2/ 14.10.3).

As t rincas em co ncret o arm ad o d evid o à co rro são das arm ad uras são m uit o co m uns em nossas
ed if icaçõ es e p recisam ser t rat adas ad eq uad am ent e, a fim de b lo q uear o p ro cesso e não ag ravá-
las co m o tem o co rrid o em alg um as obras, nas q uais não se p ro cura ident ificar, diagnost icar e
co rrig ir as verd ad eiras causas do p ro b lem a.

Para se propor um a so lução ad eq uad a, d evem o s analisar a fonte geradora do problem a e só


d ep o is de est udar crit erio sam ent e t odas as co nd içõ es envo lvid as ap resent ar um a so lução q ue
t enha um excelent e d esem p enho t écnico e eco n ô m ico . Basicam ent e p o d em o s d ivid ir as cau-
sas nos seguint es grupos:

• M á execu ção .
• Co ncret o inad eq uad o .
• Am b ient e agressivo.
• Prot eção insuficient e.
• M anut enção inad eq uad a.
• Grad ient e t érm ico .
• Presença de clo ret o .
• Desco n sid eração d e carg as d in âm icas.

Agonto Agressivo

Fig. 14.10.1. Penetração de agente agressivo at ravés


da porosidade do concreto

Trinca ao Longo dos Estribos

ÈM J

^^XTrinca ao Longo das Armaduras

Fig. 14.10.2. Fissuração devido às tensões de tração provocadas


pelas forças de expansão do aço em corrosão
Fig. 14.10.3. Lascamento do concreto e aceleração no
processo de corrosão da armadura

N o cap ít ulo 13, q ue trata do p ro cesso de co rro são das arm ad uras, p ud em o s ver co m m ais
det alhes as causas q ue d ão origem à o xid ação d a ferragem, bem co m o os procedim ent os reco-
m endados para se evit ar isso. Já no cap ít ulo 15, verem os os p ro ced im ent o s de recup eração d o
elem ent o est rut ural vit im ad o p ela co rro são d a arm ad ura.

Um a vez que na m aioria dos casos d e corrosão a fonte geradora é o meio externo, devemos evitar
o fissuramento da peça e proteger onde for necessário. Nesse sentido, a N BR- 6118, no seu item
4.2.2, especifica que as fissuras nas superfícies do concret o não deverão ter aberturas su|Xíriores a:

• 0,1 m m para p eças não prot egidas, em m eios agressivos.


• 0,2 m m para p eças não prot egidas, em m eio não- agressivo.
• 0,3 m m para p eças prot egidas.

O co nceit o d e p eça prot egida ou não é um tanto vag o , pois d ep end e d o m at erial que será
em p reg ad o co m essa finalid ad e e d e sua espessura. Por out ro lad o , o p o t encial d e agressividade
d e um d et erm inad o m eio pode variar m uit o, co m o já vim o s ant eriorm ent e; podem os ter diferen-
tes níveis de ag ressivid ad e em função dos agentes q ue vão co lab o rar p ara isso e da p ossível
som at ória de alguns d eles.

N o ent ant o, analisand o - se as reco m end açõ es d e out ras ent idades int ernacio nais, pode-se notar
q ue as reco m end açõ es sugerem q ue as abert uras d as t rincas na face d o co ncret o não d evem
superar 0,3 m m nos caso s não agressivos e 0,1 m m nas sit uações d e elevad a ag ressivid ad e.

Out ra dificuldade que se tem é definir uma medição única para uma fissura, uma vez que elas quase
sempre apresentam aberturas variáveis; no entanto, entendemos que para efeito de se avaliar o poten-
cial de corrosão, devemos sempre verificar a abertura m áxim a e se |X)ssível a sua profundidade.

A determinação da profundidade de uma fissura não é uma tarefa fácil; além de ser complexa, apre-
senta certo grau de incerteza. Podemos usar métodos não destrutivos com o o emprego de aparelhos
de ultra-som ou através da ap licação de soluções quím icas, do tipo azul de metileno ou fenol*etaleína;
porém, o mais confiável ainda é a extração de um testemunho para análise em laboratório.

Parece-nos intuitivo que, quanto maior a abertura d e uma t rinca, ou m ais profunda ela for, teremos
maior possibilidade cie ataque do aço, tendo em vista que será mais fácil quando se tem u n a aber-
tura para servir co m o porta de entrada para todos os elementos nocivos ao aço e ao concreto.
1 5zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Reforço ou restauro do co ncret o
arm ad o

15.1. GEN ERALIDADES

Fazend o- se um p aralelo co m a m ed icin a, em que se t em co m o cert o q ue o m elho r p ro ced im en-


to é o p revent ivo , na eng enharia ci vi l o m esm o se ap lica co m m uit a p ro p ried ad e, tendo em
vist a q ue é sem p re m uit o m ais eco n ô m i co e ef icient e q u an d o se t o m am t odos o s cuid ad o s
necessário s ant es d o início da o b ra.

Co m eça- se p el a el ab o r ação d e u m p ro jet o b em est u d ad o , co m p l et o , f art am ent e d et alh ad o ,


e t erm ina- se co m um a execu ção d e o b ra p r im o r o sa. A r ecu p er ação é sem p re um p ro ced i-
m ent o car o e i n d esej ável , t en d o em vist a q u e se t rat a d e u m p ro cesso d el i cad c o q u al
d em an d a t em p o , cust o s ad i ci o n ai s, m ão - d e- o b ra esp eci al i zad a e, o q ue é p io r, o result ad o
f i n al n u n ca será ig ual ao i n i ci al m en t e execu t ad o de f o rm a co rret a, n em q u an t o ao asp ect o
t écn i co o u est ét ico .

Prim eiram ent e q uerem o s alert ar para a im p o rt ância de se d iag no st icar co rret am ent e as causas
e o m o t ivo gerador cio p ro b lem a; do co nt rário , p o d erem o s reso lvê- lo ap enas t em p o rariam ent e,
im p licand o q ue o m esm o vo lt ará a curt o ou m éd io p razo . Por out ro lado, d evem o s estar atentos
t am b ém p ara alg uns caso s, em q ue co rrem o s o risco d a so lu ção ad ot ad a criar o u aum ent ar
ain d a m ais a d esco nt inuid ad e na est rut ura, o q ue poderá acarret ar o surgim ent o de corrosões
em out ros pont os da m esm a.

Qu an d o a causa do at aq ue ao aço for d evid a à p resença de cloret os inco rp o rad o s ao co ncret o ,


a so lução não é sim p les e vai req uerer um est udo esp ecíf ico para cad a caso .

15.2. LIM PEZA DO CON CRETO

É a fase inicial q ue requer um a vig ilân cia m uit o grande d o eng enheiro resp o nsável, um a vez
q ue a t end ência nat ural é q ue o f u n cio n ário não d ê a d evid a at enção , p or se tratar d e um
serviço d elicad o , lento e que exig e m uit a p aciên cia.

Tod os o s rest auros e reforços est rut urais em p eças de co ncret o arm ad o d evem seguir uma co n-
dut a rigorosa na p rep aração e lim p eza do subst rat o, q ue são os p ro ced im ent o s prel m inares
o b rig at ó rio s ant es da execu ção d o reforço/ rest auro. N ão ad iant a usar sist em as e m at eriais apro-
p riad o s so m p rep arar ad eq u ad am en t e o sub st rat o , p o is o risco d e insucesso será m uit o g rand e,
a p o nt o d e co m p r o m et er int eg ralm ent e a rest auração / ref o rço .

O p rim eiro ser vi ço é o d ezyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZXVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA


preparo do subst rat o, e p o d e ser feit o d e vár i as m an eiras, d ep end en-
d o d as co n d i çõ es lo cais, d a nat ureza e g r an d eza d o s ser vi ço s a serem execu t ad o s. Na t ab ela
4, cit am o s os p r i n ci p ai s p ro ced im en t o s d e p rep aro .

A l i m p eza da superf ície é o p r o ced i m en t o q u e d everá ser execu t ad o d ep o is d a preparação do


subst rat o e inst ant es ant es d a ap l i cação d o s p ro d ut o s d e refo rço / rest auro . Pode ser feito co m
b ase nos p r i n ci p ai s p ro ced im en t o s esp eci f i cad o s na t ab ela 5.

As t ab elas d e p ro ced im en t o s e l i m p eza ap resent ad as a seg uir t o m aram por b ase o esp eci f i cad o
no livro xvutsrponmlihfedcbaYUSRPOMLJIHEDCBA
Manual de Reparos, Reforço e Proteção de Estrutura de Concreto d o Prof. Paulo I lelen e.

Tab ela 4 - Pro ced im en t o s p ara p rep aração d o sub st rat o d o co n cr et o q u e d everá receb er res-
t auro o u refo rço est rut ural

It em Pr oced i m ent os Preparo do subst rat o


Co n cr et o c/ sup er f ície
Seca Úm i d a
01 Escar i f i cação m an u al A d eq u ad o Ad eq u ad o
02 D i sco d e d esb ast e A ce i t áv e l Ad eq u ad o
03 Escar i f i cação m e cân i ca Ad eq u ad o Ad eq u ad o
04 D e m o l i ção Ad eq u ad o Ad et j u ad o
05 Li xam en t o m an u al In ad eq u ad o A ce i t áv e l
06 Li xam en t o el ét r i co A d eq u ad o A ce i t áv e l
07 Esco vam en t o m an u al Ad eq u ad o A ce i t áv e l
08 Pist o la d e ag u l h a In ad eq u ad o In ad eq u ad o
09 jat o d e areia seca/ úm id a A d eq u ad o Ad eq u ad o
10 D i sco d e co rt e A ce i t áv e l Ad eq u ad o
11 Q u e i m a co n t ro lad a A d eq u ad o In ad eq u ad o
12 Rem o ção d e ó leo / g raxa In ad eq u ad o Ad eq u ad o
13 M áq u i n a d e d esb ast e A ce i t áv e l Ad eq u ad o

Tab ela 5 - Pro ced im en t o s p ara l i m p eza d as su p erf ícies d o co n cr et o inst ant es ant es da ap l i ca-
ção d o m at erial d e refo rço / rest auro

It em Pr o ced i m ent o s l i m p eza


Co n cr et o c/ sup er f ície
Seca Úm i d a
01 Jat o d e ág ua fria In ad eq u ad o Ad eq u ad o
02 Jato d e ág ua q uent e In ad eq u ad o A d eq u ad o
03 Vap o r In ad eq u ad o Ad eq u ad o
04 So l u çõ es áci d as In ad eq u ad o A cei t áv el
05 So l u çõ es al cal i n as In ad eq u ad o Ad eq u ad o
06 Rem o ção d e ó leo s/ g raxas In ad eq u ad o In ad eq u ad o
07 Jato d e ar co m p r i m i d o A d eq u ad o A ce i t áv e l
08 So l ven t es vo l át ei s (acet o na) A d eq u ad o Ad eq u ad o
09 Sat u r ação d e ág u a In ad eq u ad o In ad eq u ad o
10 Asp i r ação a vácu o Ad eq u ad o In ad eq u ad o
A p ó s a l i m p e za f i n al d a su p er f íci e d o co n cr et o , n o r m al m en t e d ev e ser ap l i cad o u m
ad esi v o est r u t u r al p ar a g ar an t i r u m a b o a ad er ên ci a en t r e o m at er i al v el h o e o n o vo ,
sen d o c o m u m u sar p ar a isso co l as à b ase d e r esi n as ep o xíd i cas, q u e são m u i t o ef i ci en -
t es; no en t an t o , d evem o s o b ser var co m at en ção o t em p o m áxi m o d i sp o n ív el q ue o fa-
b r i can t e d e cad a p r o d u t o esp eci f i ca en t r e o in st an t e d a ap l i c aç ão d o ad esi vo e o res-
t au r o d a p eça.

Se esse t em po, ch am ad o de " p o t - life" ou t em po d c m anuseio , for ult rapassad o, vai funcio nar d e
form a co nt rária, p o d end o gerar um a p elícu la que at uará co m o um elem ent o isolant e ent re os
m at eriais, p rejud icand o a ad erên cia ent re os m esm o s.

Em reforço/ rest auro d e sup erf ícies m uit o g rand es, co m o é o caso de lajes, se for p ossível o
em p reg o d e co ncret o p ro jet ad o , p o d em o s d isp ensar o uso d a pont e de ad erência pela d ificul-
d ad e q ue se pode ter em relação a esse t em p o d e m anuseio do ad esivo est rut ural.

15.3. TRATAM ENTO DA FERRAGEM

To d a a ferragem o xid ad a d eve ser lim p a at ravés de esco vação m an u al/ m ecân ica o u jat o d e
areia, d e fo rm a a f icar t o t alm ent e isent a d e ó leo s, g raxas e part es o xi d ad as, t om and o- se o
cu id ad o d e garant ir q ue toda a sup erfície seja at ing id a p ela lim p eza, inclusive a face vo lt ad a
para o co ncret o , por ser esta a q ue ap resent a a m aio r d if iculd ad e de acesso .

Ap ó s essa lim p eza, p recisam o s avaliar p o ssíveis red uçõ es d e seção nas b arras d e aço . Caso
isso o co rra, d evem o s co nsult ar o eng enheiro est rut ural para verif icar a necessid ad e de subst i-
t uição d as m esm as, ou a co l o cação d e arm ad ura suplem ent ar. Finalm ent e elas d evem receb er
p int ura cont ra co rro são à b ase de resinas ep o xíd icas o u d e cro m at o d e zin co , ant es do rest auro
f in al d a p eça.

Em al g u m as si t u açõ es é p r eci so av al i ar a r esi st ên ci a r em an escen t e d o aço , p r i n ci p al -


m en t e em caso s d e i n cên d i o , em q u e p o d e h aver u m a r ed u ção na cap aci d ad e d e car g a
d a ar m ad u r a, d a q u al , p ar a ser an al i sad a, d eve ser r et i r ad a al g u m as am o st r as no s lo -
cai s o n d e o s d an o s f o r am m ai o r es e p r o ced er a en sai o s d e l ab o r at ó r i o , p r i n ci p al m en t e
o d e t r ação .

15.4. EM ENDAS DAS FERRAGENS

O s seg uim ent os d e arm ad ura q ue t iverem necessid ad e d e ser t rocados p o d erão ser feitos at ra-
vés de em end as ent re as barras por um dos p rocessos ab ai xo esp ecif icad o s.

1 5 .4 .1 . Em en d a p o r Tr an sp asse

Qu an d o a p eça perm it ir abert uras q ue p o ssib ilit em a co l o cação d e no vas barras de reforço, isso
pod erá ser feito co m em end as por t ranspasse, co nf o rm e fig. 15.4.1.
Vist a Lat eral Viga de Concreto

Grampo de Costura
Danificada
Estribos das Vigas

Cort e

Fixar com Adesivo Estrutural


ou Pinos de Fixação

8.
A = Comprimento de Transpasse
B = Trecho Oxidado com Redução de Seção
Grampo de Costura C = Comprimento de Ancoragem no Concreto

Fig. 15.4.1. Emenda por transpasse

1 5 .4 .2 . Em en d as c o m Lu v as

Ou t r o sist em a u t ilizad o para em en d ar b arras é o em p reg o d e luvas d e p ressão , em q ue as


ext rem id ad es d as barras são unid as at ravés de luvas p rensad as d e tal form a q ue garant em a
lig ação d as barras (ver f ig .15.4.2).

Luva

Barra
± J>
/

( 1 1 1
1 ^

Fig. 15.4.2. Barra emendada com luva de compressão

1 5 .4 .3 . Em en d as c o m So l d a

A em end a por solda é a m ais d esejad a p ela aparent e f acilid ad e d e execu ção ; no ent ant o, exig e
cu id ad o s esp eciais, send o q ue em sit uaçõ es d e g rand e resp o nsab ilid ad e d eve ser evit ad a. A
g rand e p reo cup ação é que o calo r g erad o p elo p rocesso da so ld a pode alt erar as propriedades
d a est rut ura d o aço , red uzind o a sua resist ência, p rincip alm ent e q uand o se tratar de aço classe
B. Para d im in u ir os efeit os no civo s d a so ld a, deve- se execut ar co m m uit o cuid ad o e de forma
alt ernad a, aguardando- se q ue o aço esfrie ent re um a p assad a e o ut ra, em pregando- se elet ro-
dos ap ro p riad o s d o t ipo E 7018 o u E6013 (AW S) (ver f ig .15.4.3).

Cordão do Solda

'Recomendações
- Exige muito Cuidado para não Fragilizar o aço
Principalmente se for Classo B
- Deve ser Evitado e m Reforço com muita Responsabilidade
• Soldar e m Etapas, Esperando Esfriar Totalmente entre
uma Etapa e Outra
•Aplicar nos dois Isolados da Barra
- Usar Eletrodo E-7018 ou E-6013 (AWS)

Fig. 15.4.3. Barra emendada com solda

15.5. RESTAURO DAS PEÇAS DE CON CRETO

O s reparos nas p eças de co ncret o p o d em ser d ivid id o s em d uas m o d alid ad es:zyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZXVUTSR


superf iciais loca-
lizados o u d e grandes áreas e prof undos. Para as d uas sit uaçõ es, p o d em o s co nt ar hoje em d ia
co m um a grande varied ad e d e produt os ind ust rializad o s co m caract eríst icas d iversificad as para
at end er a cad a sit uação esp ecíf ica.

É o caso dos graut es q ue j á vêm pront os p ara ser ap licad o s, o u co m p o st o s sep arad o s q ue po-
d em ser m ist urados na o b ra, fo rm and o excelent es arg am assas de rest auro. Podem os aind a usar
ad it ivo s q u ím ico s q ue, inco rp o rad o s ao m icro co ncret o o u à arg am assa, co nf erem p last icid ad e
e boa ad erência.

O importante nessas argamassas de restauro é que ela tenha alta resistência, boa aderência e princi-
palmente que não retraia, d e forma a preencher todo o vazio , obturando definitivamente o problema.
As figuras 15.5.1/ 15.5.2 mostram algumas soluções típicas de restauros em vigas, lajes e pilares.

Vigas ou Pilares
Fig. 15.5.1. Reparos superficiais localizados com espessura máxima = 2,5 cm

Ap ós o correto tratamento da superfície do concret o, a lim p eza e os reparos nas ferragens, ent ão
podemos restaurar o elem ent o estrutural, usando-se um dos procedim ent os especificados a seguir.

1 5 .5 .1 . Rest au r o c o m Co n cr e t o Pr o j et ad o

É u m a so lução ef icient e, q ue d isp ensa o uso d e ad esivo est rut ural em f u n ção de ter boa ad erên-
ci a e q ue não requer form a; no ent ant o, ap resent a cust o elevad o e acarret a m uit a perda d e
m at erial d evid o à reflexão , não send o ind icad o para p eq ueno s reparos.

1 5 .5 .2 . Rest au r o c o m A d esi v o s à Base d e Ep ó xi

Co m o o p ró p rio nom e d iz, são co las à base d e ep ó xi co m alt o p od er de ad erir o co ncret o velh o
ao no vo , além de ser um a eficient e b arreira de p ro t eção co nt ra at aq ues de agentes agressivos;
no ent ant o, requer fo rm a e nem sem p re ap resent a u m result ado est ét ico sat isfat ório.

1 5 .5 .3 . Rest au r o co m A r g am assas Po l i m ér i cas

São arg am assas à b ase d e m et il- m et acrilat o o u ep ó xi e ap resen t am as vant ag ens d e f áci l
m o ld ag em , apesar de necessit ar d e fo rm a, têm boa ad erên cia e result ad o est ét ico sat isfat ório;
no ent ant o, req uerem m ão- de- obra esp ecializad a e g eralm ent e são caras.

1 5 .5 .4 . Rest au r o c o m Gr au t e

Fç<;f»<; produt os <;ão ef irio nt o s p or <;r»rom aut o - ad erent es, não ;iprosont nrom ro t r;ição e «;orom
fáceis d e ap licar; no ent ant o, req uerem form as.

1 5 .5 .5 . Rest au r o c o m M i cr o co n cr e t o o u Co n cr e t o Co m u m

É um a so lução de b aixo cust o , m as que exig e form as e alt o co nhecim ent o na t ecnologia d e
preparo d o co ncret o , um a vez q ue para ser eficient e deverá ser b em dosado e b em preparado,
co m b aixa relação água/ cim ent o e ap licad o co m ef iciên cia t écnica. Seu uso é reco m end ad o
q uand o se necessit a p reencher vo lum es grandes e o co ncret o projet ado não se mostra adequado.
Nesses casos, o emprego de argamassas p o lim éricas ou graute result am em cust os elevados.
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Ensaios e análises no co ncret o

16.1. ENSAIOS N ÃO- DESTRUTIVOS DO CON CRETO

Em alg um as ed if icaçõ es, d ep end end o da m ag nit ud e do sinist ro, t orna- se necessário avaliar a
cap acid ad e resid ual d a est rut ura; isso o co rre co m m ais f req üência no caso d e co ncret o arm ad o
em f unção da grande gam a de d ano s que pode o co rrer co m o m esm o , co nf o rm e foi d escrit o
ant erio rm ent e; razão p ela q ual vam o s avaliar os ensaio s m ais ut ilizad o s para o co ncret o .

Co m relação às estruturas m et álicas, faremos m ais ad iant e algum as co nsid eraçõ es quant o a al-
guns ensaios que podem ser ut ilizad os em ed ificaçõ es sinist radas por incênd io ou por corrosão.

Analisarem o s p rim eiram ent e os ensaio s não- dest rut ivos, q ue são um co njunt o d e p ro ced im en-
tos co m a f inalid ad e de avaliar as caract eríst icas b ásicas d o co ncret o sem causar nenhum d ano
à est rut ura. Eles p o d em ser:

• Por esclero m et ria.


• Por ult ra- som .
• Por g am ag rafia.
• M ét o d o elet ro m ag nét ico .
• Por p ro va d e carg a.

1 6 .1 .1 . En sai o Escl er o m ét r i co

Trat a- se de um ensaio q ue serve p ara m ed ir azyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZXVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA


resist ência superf icial do concret o, através d o
im p act o p ro vo cad o por um a ferram ent a na sua sup erf ície, send o q ue isso p o d e ser feito at ravés
d e ap arelho s cham ad o s de esclerô m eiro .

Esse ap arelho é p ressio nad o lent am ent e e d e form a p erp end icular co nt ra a sup erfície do co n-
cret o , até q ue o m art elo, um d e seus co m p o nent es, o casio ne o ch o q u e e co nseq üent em ent e a
reflexão , q ue é regist rada p elo recuo do curso r e m ed id a at ravés d e um a escala g rad uad a.

Exist em d ois t ipos de esclerô m et ro ; um d eles é o d e Caed es, q ue p ro d uz o im p act o d e um a


esfera de aço no co ncret o , p ro vo cand o um a d ef o rm ação na sua sup erfície, sendo q ue o resul-
tado se b aseia na energ ia d e im p act o e na d et erm inação da d ef o rm ação p ro vo cad a, avaliand o -
se o d iâm et ro da m arca d eixad a no co ncret o .
Ou t ro t ipo d e esclerô m et ro m ais co n h eci d o no Brasil é o Schm id t , q ue, por sua vez, se b aseia
na co n d i ção de q ue toda energia incid ent e sobre a sup erfície d o co ncret o se t ransforme em
energ ia de d ef o rm ação e q ue a energ ia cin ét ica após o ch o q u e p ert ença exclu sivam en t e ao
esclerô m et ro .

Para o em p reg o d o esclerô m et ro d evem o s evit ar regiões d ensam ent e arm ad as, o u co m ninho s
d e pedras e b icheiras, lixar a sup erfície do co ncret o co m p ed ra carb o rund um , t raçar um ret iculad o
d e 20 x 20 cm e ap licar o ap arelho sem p re d c fo rm a p erp end icular à face do co ncret o .

A nossa exp eriên cia co m a u t ilização do esclerô m et ro reco m end a que se t om e m uit o cu id ad o
na aval i ação dos result ados, t endo em vist a que é u m p rocesso m ecân ico para avaliar a resis-
t ên ci a su p er f i ci al d o co n cret o , q ue por sua vez p o d e não reflet ir a verd ad e d a resist ência
int erna do elem ent o est rut ural.

Part icip am os de um a obra em que foi em p reg ad o u m lote d e cim ent o q ue result ou num co ncre-
to de b aixa resist ência, apesar do t raço em p reg ad o estar dent ro dos padrões usuais para esse
t ipo d e o b ra.

Inicialm ent e fo ram efet uados, por um a em p resa d e co m p ro vad a exp eriên cia, alg uns ensaios d e
esclero m et ria em vário s pont os d a est rut ura, um a vez q ue os result ad o s const at ad os fo ram
m uit o d iscrep ant es. Op t o u- se, ent ão , p ela ext ração d e vário s co rp o s- d e- p ro va para ensaios d e
co m p ressão em lab orat ório.

Ob jet ivand o - se co m p arar os result ad os, as am ost ras foram t iradas nos m esm os lo cais o nd e se
fez o ensaio esclero m ét rico . Para nossa surpresa, os valo res obt idos nos ensaio s d e co m p ressão
fo ram sig n if icat ivam en t e m aio res o u m eno res q ue o s ap resent ad o s p ela esclero m et ria, não
m ost rand o nenhum a co erên cia ent re os d o is p ro cesso s.

N o ent ant o, d evem o s levar em co n sid eração q ue os result ados d a rupt ura de corpos- de- prova
são m uit o m ais co nf iáveis, um a vez q ue p o d em aferir co m b o a m arg em d e seg urança a resis-
t ência à co m p ressão do co ncret o naq uele pont o d a est rut ura.

Esse e out ros t rab alhos sem elhant es nos m ost raram q ue, d ep end end o d a g ravid ad e d c proble-
m a, o ensaio d e esclero m et ria não será suficient e para p erm it ir um a co n clu são no sent ido d e
co n d en ar o u valid ar a seg urança d e um a est rut ura, o u sej a, não p o d em o s d isp ensar out ros
ensaio s para se aval i ar co m p recisão as reais co n d içõ es do elem ent o d e co ncret o que está
send o analisad o .

1 6 .1 .2 . En sai o c o m u l t r a- so m

Esse m ét odo é m uit o ut ilizad o q uand o se d eseja co n h ecer a ho m o g eneid ad e do co ncret o , bus-
cand o - se det ect ar falhas (b icheiras), vazio s d e co ncret ag em , p ro fund id ad e de t rincas, et c. Vem
g anhand o cad a vez m ais dest aque ent re os ensaio s não- dest rut ivos por apresent ar largas possi-
b ilid ad es de ap l i cação no est udo de pat ologia do co ncret o e no co nt ro le de suas q ualid ad es.

N esse sent ido está send o feit a um a série d e est udos no Brasil e em out ros países o nd e a t ecnologia
d o co n cret o é m ais avan çad a, co m a f in alid ad e d e se invest ig ar co m esse p ro cesso várias
caract eríst icas do co ncret o , tais co m o a resist ência à co m p ressão e out ras.
O ensaio co nsist e b asicam ent e em se t ransm it ir num a das faces d a p eça d e co ncret o o nd as
ult ra- sô nicas d e p eq ueno co m p rim ent o e f req üência sup erio r a 20 H z, não cap t ad as pela aud i-
ção hum ana, e receb er em out ro p o nt o da p eça, m ed ind o- se assim a velo cid ad e d e propaga-
ção d a o nd a no m eio analisad o .

Haven d o vazio s, ninho s d e pedras o u red ução na co m p acid ad e do co ncret o , im p licará um a


sensível d i m i n u i ção na velo cid ad e de p ro p ag ação d as o nd as ult ra- sô nicas (ver fig. 16.1.2).

As velo cid ad es d e p ro p ag ação das ond as ult ra- sônicas enco nt rad as nos co ncret o s em pregados
no rm alm ent e no Brasil variam de 3.200 a 4.500, send o q ue q uant o m aio r as velo cid ad es, m ais
hom og êneo é o co ncret o .

Ap enas co m o referência, cit am o s na t abela 6 os result ados obt idos pelos pesquisadores ingle-
ses Leslie e Ch eesm an n e end o ssad o s p ela Asso ciação Brasileira d e Cim ent o Port land, em q ue
se pode ter um a id éia sobre a resist ência e ho m o g eneid ad e do co ncret o .

Tab ela 6

Velocidade de Propagação (m/ s) Condições do Concr et o


Sup erio r a 4.500 Excel en t e
3 .5 0 0 a 4 .5 0 0 Bom
3.000 a 3.500 Regular (d uvid o so )
2 .0 0 0 a 3.000 Geralm en t e ruim
Inferior a 2.000 Ruim

T tnMA
-tn • h T

Transmissão Transmissão Transmissão


direta indireta semi-dlreta

Fig. 16.1.2. Ensaios de ultrassom

16.1.3. Ensaio por Gam o g raf ia

Esse t ipo d e ensaio é m uit o út il q uand o se pret ende obt er alg um as info rm açõ es csp ec' f icas d o
co ncret o a ser analisad o , t ais co m o :

• Trincas int ernas.


• Junt as de co ncret ag em m al execut ad as.
• Diâm et ro e p o sição d as arm ad uras.
• Co rro são d e cab o s e arm ad uras.

E23
• Falhas na in jeção d as luvas de p ro t ensão .
• Rupt ura d e fios de prot ensão.
• M á ad erência d o co ncret o na arm ad ura.
• Reco nst it uição d a arm ad ura d a p eça.
• Lo cal id eal para se ext rair co rp o - d e- p ro va.
• Verif icação d a p enet ração d as resinas em vig as e luvas de prot ensão.

O ap arelho usad o nesse ensaio é sem elhant e ao usad o nos raios X, o nd e um co rp o é subm et ido
a um a rad iação em um a d as suas faces e regist rado num f ilm e na face opost a, send o que para
o co ncret o se ut iliza o raio Gam a, usand o co m o fontes rad ioat ivas o IRÍDIO, o CO BA LTO e o
BETRA TO N , d ep end end o d a espessura d e cad a p eça analisad a.

Por se tratar de ap arelho q ue em an a rad iação , d eve ser g uard ad o em am b ient e ap ro p riad o e
m anusead o de fo rm a co rret a at ravés d e co nt ro le rem ot o e d elim it ação d a área onde se está
f azend o o teste, p ara não co nt am inar as pessoas da ob ra.

1 6 .1 .4 . M ét o d o El et r o m ag n ét i co

O ap arelho usad o p ara se fazer esse ensaio é o p acô m et ro , q ue em it e um f luxo m ag nét ico
at ravés da arm ad ura do co ncret o , o q ual por sua vez varia em f unção d a esp essura d e co b rim ent o
d o co ncret o , send o p o ssível se verif icar co m f acilid ad e e rap id ez o p o sicio nam ent o exat o d a
arm ad ura dent ro da p eça d e co ncret o , b em co m o o seu d esenho , a p resença de g ancho s, o
final d a b arra d e aço e o afast am ent o dos est rib o s. Isso é m uit o út il p ara se reco nst it uírem
projet os e d efinirem - se pont os de ext ração d e co rp o - d e- p ro va sem co rt ar ferragem int erna.

1 6 .1 .5 . Pr o va d e Car g a

Ent endem os q ue a p ro va d e carg a é um ensaio co n cl u si vo d e um a est rut ura, o u apenas d e um


dos seus elem ent o s, no q ue d iz respeit o a sua cap acid ad e d e suport ar co m seg urança o u não
um a d et erm in ad a carg a. Isso é feit o at ravés do carreg am ent o em et ap as crescent es, at é se
at ingir um valo r f inal, no rm alm ent e 3 0 % aci m a do p revist o para uso.

A prova d e carg a no rm alm ent e é classif icad a co m o ensaio não- dest rut ivo; no ent ant o, já ocor-
reram caso s de rupt ura do elem ent o t est ado. Felizm ent e, tais fatos não são regra, u m a vo z q ue
se t em o co nt ro le da fissuração e da d ef o rm ação , pois, q uand o se p erceb e alg um a ano rm alid a-
d e, o p ro cesso é no rm alm ent e int erro m p id o .

O s raros caso s d e acid ent e o co rreram em sit uaçõ es em q ue a ferragem est ava sit uad a fora d a
p o sição de t ração do co ncret o , co m o , por exem p lo , nas lajes em b alan ço em que a ferragem
d everia estar na face sup erio r d a m esm a e est ava no m eio o u na face inferior. Nessas co nd i-
çõ es, ao se fazer o carreg am ent o p relim inar da laje, na fase i n i ci al d a p ro va d e carg a, o co rreu
o co lap so d a p eça.

Tod o o p ro cesso d eve ser execu t ad o por p ro fissio nais alt am ent e t reinad o s e assessorado p or
eng enheiro est rut ural, q ue vai avaliar o co m p o rt am ent o d a est rut ura d urant e o carreg am ent o e
ap ó s a sua co nclusão , analisand o todos os dados p ro d uzid o s d urant e o ensaio . Isso é m uit o
im port ant e para se p od er fazer um a aval i ação crit erio sa d as d efo rm açõ es apresent adas.
Para se realizar um a prova do carga, devemos prim eiram ent e delim it ar a área ou peça que será
testada, definir o carregament o total a ser co lo cad o , bem co m o as etapas em que será feito, escolher
que tipo de sobrecarga será empregada e, finalment e, co m o iremos instrumentar a estrutura para se
obter as inform ações necessárias que permit irão a elab o ração de um laudo co nclusivo .

A esco lha d a área, o valo r do carreg am ent o e co m o ele será ap licad o vão d ep end er dos ele-
m ent os q ue se pret ende analisar. N esses caso s, no rm alm ent e q uem d efine essas variáveis é o
eng enheiro est rut ural, q ue fará a análise dos result ados obt idos d urant e o teste.

Qu an d o a carg a a ser co lo cad a não for m uit o g rand e, p o d em o s ut ilizar alg uns m at eriais dispo-
níveis no lo cal. Em se t rat ando de o b ra em and am ent o , é co m u m o uso de saco s de cim ent o ,
t ijo lo , areia e, p rincip alm ent e, água, q ue pode ser posta sobre p eq uena p iscina feit a com lo na
p lást ica ou em t am bores e cai xas d ' ág ua p ré- fab ricad as.

Todos esses pesos apresent am vant agens e desvantagens dependendo da sit uação , porém o car-
regamento co m lâm ina de água oferece m aio r p recisão q uant o à uniform id ad e e aos increm ent os
d e carga co lo cad o s, p erm it ind o um a co rrelação ent re carga e d efo rm ação m ais precisa.

A inst rum ent ação é out ro fator fund am ent al para o sucesso d a o p eração e d eve ser feito co m a
co rret a u t ilização d e alg uns inst rum ent os, tais co m o o ext ensô m et ro , q ue m ed e as d efo rm açõ es
vert icais da est rut ura, co m p recisão de 0,1 a 0,01 m m ; o clinô m o t ro , q ue p erm it e medir a rota-
ção d a p eça em d et erm inad o s pont os co m p recisão d e 2 " (d o is seg und o s) e f inalm ent e o
t ensô m et ro , q ue p o d e m ed ir o encurt am ent o o u alo ng am ent o d as fib ras, am p lian d o em at é
3.000 vezes e co m p recisão de 0,001 m m .

Um a vez inst rum ent ad a a est rut ura, o carreg am ent o d eve ser feito em et ap as co m ano t ação
d as m ed içõ es acu sad as p elo s ap arelho s, b em co m o um a insp eção vi su al co nst ant e para se
det ect ar o surgim ent o d e fissuras o u de q ualq uer outra an o m alia. Todos esses dados d evem ser
co let ad o s e sub m et id o s a um a ap reciação do eng enheiro est rut ural, que vai avaliar o com por-
t am ent o d a est rut ura e d efinir a seq üência d o ensaio .

16.2. ENSAIOS DESTRUTIVOS DO CON CRETO

Ensaios destrutivos do concret o são aqueles nos quais temos de retirar um testemunho da |x?ça para
fazer ensaios de laboratório; isso ocorre q uand o devem os verificar algumas caract eríst icas especí-
ficas do concret o e para tanto precisamos ext rair amostras ou corpos- de- provas da estrutura.

1 6 .2 .1 . En sai o d e Co m p r e ssão e m Co r p o - d e- Pr o va

Qu an d o se d eseja aferir a resist ência à co m p ressão do co ncret o , o m ét odo ut ilizad o é a ext ra-
ção d e u m t est em unho d a p eça q ue se q uer avaliar. Isso é feit o at ravés d e b ro cas rot at ivas
d iam ant ad as q ue ext raem am o st ra do co ncret o em fo rm a d e cilin d ro s, q ue por sua vez são
co lo cad o s em prensas no lab o rat ó rio d e an álise e carreg ad o s até a rup t ura; dessa form a, ob-
tém- se um valo r represent at ivo da resist ência da p eça naq uele lo cal.

To d o o m ét odo de ext ração , p rep aro, ensaio e análise de t est em unhos é regulam ent ado p ela
N BR- 7680 e d eve ser seg uid o d e form a crit erio sa para se ter seg urança e co nf iab ilid ad e nos
result ados. Dent re eles, d est acam o s de m aneira resum id a as seguint es reco m end açõ es:
• Fazer o cim b ram ent o da est rut ura sem p re q ue se mostrar necessário .
• N ão usar b ro cas de p ercussão (m art elet e) p ara ret irada do t est em unho .
• Evit ar região arm ad a.
• Sem p re q ue p o ssível os t est em unhos d everão ter 10 cm d e d iâm et ro .
• O s t est em unhos d evem ser íntegros e sem elem ent o s est ranhos.
• A relação alt ura/ diâm et ro do t est em unho d eve ser igual a d o is, nunca m aio r.
• Sem p re q ue h/ d for inferior a dois, os valo res de resist ência à co m p ressão d everão ser co rri-
gidos m ult ip licand o - se pelos seguint es co eficient es const ant es d a t ab ela 7.

Tab ela 7 - Fator d e Co rreção para An álise de Rupt ura d e Co rp o - d e- Pro va

Relação h/ d Fat or de Co r r eção


2,00 1,00
1,75 0,97
1,50 0,93
1,25 0,89
1,00 0,83
0,75 0,70
0,50 0,50

Qu an d o se d eseja co nhecer a resist ência do co ncret o em d et erm inad a id ad e, podem- se usar os


co ef icient es d a t abela 8, q ue relacio n am o crescim ent o da resist ência co m a id ad e.

Tab ela 8 - Co ef icient es d e Resist ência do Co ncret o co m a Idade

Nat ureza do Cim ent o Idade


< 7 dias 14 dias 28 dias 3 meses 1 ano > 2 anos
Port land co m u m (N BR- 5732) 0,68 0,88 1,00 1,11 1,18 1,20
Alt a resist ência (N BR- 5733) 0,80 0,91 1,00 1,10 1,15 1,15
Alt o- forno, Po zo lâm ico , M RS
e ARS (N BR- 5735, 5736 e 5737) - 0,71 1,00 1,40 1,59 1,67

Co m b ase nos valo res ind ivid uais dos exem p lares d e um a am o st ra, co rrig id o s em função d a
id ad e, p ela int erp o lação linear, co m ap ro xim ação até cent ésim o , pod erá ser feito o cálcu lo d a
resist ência caract eríst ica de um lote d e co ncret o à co m p ressão , seg und o as norm as correspon-
dent es ut ilizad as no cál cu l o do p ro jet o est rut ural.

1 6 .2 .2 . A n ál i se Te r m o d i f e r e n ci al eTer m o g r av i m ét r i ca d o Co n cr e t o

As análises Term o d if erencial e Term o g ravim ét rica são p ro ced im ent o s d e lab orat ório em q ue se
ut iliza um ap arelho esp ecial q ue, at ravés d e um forno, subm et e u m a p eq uena am ost ra de co n-
cret o a alt as t em p erat uras (até ISOO' ^ ). Seg und o a Eng. Silvia Reg ina Soares Silva Vieira d a
A BCP (Asso ciação Brasileira d e Ci m en t o Port land ), pode- se m ed ir p ico s de t em perat ura em
f unção de produt os exist ent es no co ncret o , form ados p ela reação d o cim ent o co m a água.

W W M
Esses p ico s de t em perat ura p o d em ser d e 130°C, 285°C, 460 C, 485 C, 680°C e 750 C. Qu an d o
se ensaia um a am ost ra é p o ssível, por co m p aração , verif icar as t em perat uras que ela já at ingiu
p ela au sên cia d e um dos p ico s de t em perat ura. Dessa form a, cat alo g and o as profund id ad es em
q ue cad a am ost ra foi ext raíd a, p o d em o s avaliar co m relat iva p recisão q uais as t em perat uras
q ue o int erior d e um elem ent o d e co ncret o at ingiu d urant e um incênd io .

1 6 .2 .3 . A n ál i se M i cr o scó p i ca d o Co n cr e t o

As análises m icro scó p icas dos co ncret o s podem ser realizad as at ravés d e M icro sco p ia Eletrô-
nica d e Varred ura. Trat a- se de m ét odo int erpret at ivo q ue b aseia suas inferências na m orfologia
dos m at eriais analisad o s, sendo m uit o eficient e nos est udos da m icro est rut ura do co ncret o .

N as am o st ras d e co ncret o s severam ent e afet ad os p elo fogo, p o d em o s p erceb er claram ent e
d if erenças sig nificat ivas nas m icroest rut uras e na m ineralo g ia. O s elem ent o s que ficaram ex-
postos às alt as t em perat uras ap resent am m icroest rut ura co m asp ect o não - co eso , friável, m uit o
poroso, na q ual só se id ent if icam raram ent e produt os hidrat ados de cim ent o .

N as am ost ras não m o d if icad as p elo fogo, a m icro est rut ura do co ncret o é d iferent e, apresenta-
se m aci ça e d ef inid a por elevad o s teores de et ringit a, q ue o co rre co m o ag ulhas finas, dispersas
p ela p ast as, por p lacas d e hid rat ad o s h exag o n ais, o u sej a, co m ap arên cia co m p at ível co m
co ncret o s de boa q ualid ad e.

16.3. CON SIDERAÇÕES FIN AIS

Dep en d en d o d o g rau d e incert eza q ue se t enha em relação ao n ível de seg urança d e u m a


d et erm inad a est rut ura q ue se pret ende analisar, d evem o s m uit as vezes p ro ced er a m ais de um
ensaio , p ara se avaliar crit erio sam ent e as suas at uais co n d içõ es d e est ab ilid ad e em função do
d ano s exist ent es, o u d evid o à no va u t ilização que se pret ende dar à m esm a.

Por sua vez, d evem o s ter em m ent e t am b ém q ue esses ensaio s f o rnecem d ad o s lo calizad o s d a
est rut ura e, co m exceção d a p ro va d e carg a em toda a ext ensão , os result ados p recisam ser
an alisad o s co m crit ério , t o m and o - se o s d evid o s cu id ad o s ao se ext rap o larem esses valo res
para os d em ais elem ent o s d a est rut ura q ue se analisa, p ois co rrem o s um sério risco de sezyxvutsrqponmlkjihgfed
vali-
dar o u invalidar a m esm a sem ter de fato sub síd io s suficient es para isso.
1 7zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Vistoria em edificações com trincas

17.1. GEN ERALIDADES

As fissuras sem p re fo ram um a fonte d e p reo cup ação para t odas as pessoas que p art icip am d e
um a ed if icação , iniciand o - se p elo projet ist a, p assand o p elo const rut or e t erm inand o no usuário .
Elas inco m o d am , cau sam d esconfort o, geram p reju ízo s f inanceiro s e p o d em significar proble-
m as m ais sérios, co m o verem o s m ais ad iant e.

Qu an d o as fissuras o co rrem em im ó veis resid enciais, q uase sem p re são g rand e fonte do preo-
cu p ação , t endo em vist a q ue via de regra o m orador não sabe avaliar as co nseq üências daque-
le p ro b lem a, f icand o m uit as vezes ang ust iad o e t em eroso co m t rincas q ue não represent am
nenhum risco de seg urança ao seu p at rim ô nio o u aos seus usuário s, m as que sem p re causam
um d esconfort o p sico ló g ico .

As fissuras q uase sem p re são ind ício o u sint o m a d e q ue alg um p ro b lem a está aco nt ecend o co m
a ed if icação ; esse p ro b lem a pode ser de nat ureza sim p les, não im p lican d o m aio res cuid ad o s, a
não ser o de m anut enção co rret iva, o u ser o aviso de u m a sit uação q ue se não for cuid ad a a
t em p o e de form a corret a pod erá levar a um a sit uação crít ica. N o ent ant o, não é viável eco no -
m icam ent e p ro jet ar e co nst ruir d e fo rm a a se garant ir q ue não haverá q ualq uer t ipo de t rinca,
um a vez q ue o surg im ent o d as m esm as d ep end e d e um a séria d e fatores inerent es cu não à
p róp ria o b ra, b em co m o dos m at eriais q ue serão em pregados e o seu co m p o rt am ent o ao longo
d o t em p o . Todas essas variáveis são d if íceis de ser co nt o rnad as e um a t ent at iva nesse sent ido
im p licaria cust os tão elevad o s q ue acab ariam por in viab ilizar o em p reend im ent o .

O eng enheiro Alb ert Joisel afirm a q ue em t odas as co nst ruçõ es o nd e se usa cim ent o exist em
fissuras q ue p o d em ap arecer d ep o is d e alg uns ano s o u até m esm o d ep o is de alg um as sem anas.
Podem ser evit ad as em alg uns caso s o u p elo m eno s red uzid as, d e m aneira a red uzir gastos co m
rep araçõ es fut uras.

D i z t am b ém que a post ura d o const rut or é co lo car m ais cim ent o no co ncret o , um a vez q ue é
ele o resp o nsável p ela resist ência d o m esm o ; p o rém , não leva em co nsid eração q ue isso vai
p ro vo car um aum ent o na ret ração h id ráu lica.

Por t udo o q ue t emos vist o na co nst rução b rasileira, acred it am o s q ue os nossos const rut ores
p ensam m uit o na " ret ração h id ráu lica" , a pont o d e co lo carem cim ent o em quant idades m eno -
res q ue o m ín i m o necessário e, dessa fo rm a, os p ro b lem as acab am send o m ais sérios d o q ue
sim p lesm ent e o surg im ent o d e alg um as fissuras.
Devem o s ter em mente que as edificações são com o seres vivo s, que sofrem as interferências do
tempo através de um desgaste natural dos materiais nelas empregados, haja vista que nada é eterno.

Vale lem brar as reco m end açõ es q uant o à im p o rt ância d a m anut enção p revent iva e corret iva
p ara se p rolong ar a vid a út il d e um im ó vel. N o ent ant o, exist em alg um as sit uaçõ es que não
pod em os co nt ro lar co m o d esejaríam o s; é o caso dos recalq ues d if erenciais q ue no rm alm ent e
o co rrem nas fund açõ es.

Por m elho r q ue um a f und ação seja p ro jet ad a e execut ad a, o so lo é um m at erial heterogêneo e


sem p re sujeit o a d efo rm açõ es. O s esp ecialist as em fund açõ es b uscam sem p re m inim izar esse
co m p o rt am ent o d if eren cial p ara evit ar q u alq u er t ipo de d ano na ed i f i cação , dent re eles as
in d esejáveis fissuras.

N o ent ant o, um a so lu ção q ue b uscasse im p ed ir event uais recalq ues d if erenciais seria d e cust o
m uit o elevad o e m esm o assim não se p o d eria garant ir co m cert eza absolut a o seu com port a-
m ent o na realid ad e.

A q ualid ad e dos m at eriais em p reg ad o s num a ed if icação , a co m p o sição dos m esm os e a forma
incorret a na sua ap l i cação são fontes d e vário s tipos d e t rincas nas alvenarias e revest im ent os.
M at eriais d e b aixa q ualid ad e sofrem d et erio ração m ais ráp id a e co nseq üent em ent e geram m ais
t rincas; argam assas m uit o pobres o u m uit o ricas em cim en t o t am b ém f avo recem o surgim ent o
d e fissuras; e, ain d a, u m a ap l i cação inco rret a sem ch ap i sco o u elem ent o co lan t e antes d o
em b o ço e reb o co vai p ro vo car inevit avelm ent e t rincas.

M o st rarem o s m ais ad iant e alg um as sit uaçõ es nas q uais se const at a esse t ipo d e p ro b lem a.

Por sua vez, t emos t am b ém o co m p o rt am ent o da Superest rut ura q ue sofre a inf luência de vário s
fatores ext erno s, d ent re eles, d est acam o s a ação d o vent o , d a um id ad e e da t em perat ura, isso
sem f alar d e p o ssíveis f alh as no p ro jet o est rut ural, q u e p o d em ser d e d i m en si o n am en t o ,
co nceit uai o u d evid o à falt a de junt a d e d ilat ação . E q ualq uer u m a dessas sit uaçõ es poderá ser
fonte im port ant e na g eração de fissuras, exig ind o nesses caso s q uase sem p re u m a int erferência
t ecnicam ent e d elicad a e d e alt o cust o .

Al g u m as fissuras t êm o rig em na co n cep ção d o p ro jet o arq uit et ô nico , q u e o b rig a m at eriais
co m co m p o rt am en t o s d if eren ciad o s a t rab alh arem ju n t o s, p r i n ci p al m en t e co m relação ao
m ó d ulo d e elast icid ad e, d ilat ação t érm ica e ab so rção d e u m id ad e d e cad a u m ; é o q j e o co r-
re q u an d o se int erlig am m et ais, m ad eira, vid ro s, p lást ico s, revest im ent o s d e arg am assa, ges-
so e al ven ar i as, d ent re o ut ro s, sem p rever um a so l u ção t ecn icam en t e ad eq uad a para cad a
p ro b lem a esp ecíf i co .

O s crit ério s d e q ualid ad e d urant e a execu ção d as ob ras t êm p ap el fund am ent al no surgim ent o
fut uro d e fissuras na est rut ura e nas alven arias, co m eçan d o p elas fund açõ es q ue d evem ser
aco m p anhad as por um eng enheiro esp ecializad o , de m o d o a garant ir que o p ro jet o seja execu -
tado ad eq uad am ent e e as p o ssíveis alt eraçõ es possam ser efet uadas d e form a corret a.

A execu ção d as f o rm as, a co l o cação d as f errag ens, o l an çam en t o , a cu r a e a d esf o rm a d o


co n cr et o são o u t r as at i v i d ad es q u e se n ão f o r em co r r et am en t e execu t ad as vão g er ar
f issu ras na Su p er est r u t u r a. Da m esm a f o r m a, o cu n h am en t o d as al ven ar i as e o s t em p o s
n ecessár i o s p ara cad a et ap a d o p r o cesso t am b ém são o s r esp o n sávei s p el o su rg im en t o
d e t r i n cas nas al ven ar i as.
Tivem os a oport unidade d e constatar um a q uant id ad e elevad a de fissuras nas alvenarias de um
co njunt o hab it acio nal, o nd e as paredes foram apoiadas diret ament e sobre grandes panos de la-
jes, q ue apresent aram d efo rm ação excessiva pelas d im ensõ es elevad as e p ela desform a antes d o
t empo corret o.

O assunt o fissuras é bast ant e ext enso , sendo tratado em várias p ub licaçõ es d e m aneira am p la e
p ro fund a. N o nosso caso , p ret end em os enf o car o s p rincip ais aspect os relat ivo s às fissuras m ais
co m u n s em nossas ed if icaçõ es, o b jet ivand o p erm it ir ao leitor u m ráp id o d iag nó st ico das p ro vá-
veis causas e as so luçõ es q ue p o d erão ser ad ot ad as para cad a caso .

Sit uaçõ es em q ue as fissuras são t íp icas, co m caract eríst icas acad êm icas e q ue perm it am f ácil
int erp ret ação do p ro b lem a exist ent e, não são m uit o co m u n s na p rát ica; no rm alm ent e, as fissuras
exist ent es num a ed if icação p o d em ter causas e origens diferent es, p ro vo cand o co nfig uraçõ es
d iversas e d if icult and o um d iag nó st ico ráp id o . Alg um as vezes um p ro fissio nal m ais afoit o pode
tirar co nclusõ es p recip it ad as e ser co n d u zid o a u m d iag nó st ico errad o, o que por sua vez im p li-
cará um a propost a de so l u ção inco rret a, q ue não irá resolver o p ro b lem a, p o d end o agravá- lo
em d et erm inad as caso s.

Ap enas p ara cit ar um exem p lo , relat am os um fato curio so o co rrid o num a obra na cid ad e d e
Jacareí, em São Paulo, o nd e foi feito um at erro sobre so lo co m p ressível e o const rut or, p reo cu-
p ad o co m as p o ssíveis d efo rm açõ es d o so lo e suas co nseq üências no p iso , reso lveu co lo car,
por sua co nt a, um a m alh a de aço em todo o piso, p assand o por ci m a dos b ald ram es, a qual não
est ava p revist a no p ro jet o est rut ural.

Ap ó s alg uns m eses co m eçaram a surgir várias t rincas ho rizo nt ais nas bases d as alvenarias sem
ab ert uras e em o ld urad as p ela est rut ura, o u junt o às port as e janelas de out ras p ared es. A análise
d as m esm as não sugeria recalq ues d if erenciais, por sua vez os cálcu lo s dos baldram es e a sua
execu ção est avam corret os; ent ão , fico u um a pergunt a sem respost a: o q ue est aria p ro vo cand o
a d ef o rm ação dos baldram es? (Ver fig. 17.1.1)

Fig. 17.1.1. Trincas em alvenaria devido à deformação dos baldrames

O p rob lem a só pôde ser resolvido q uand o o construtor cont ou o que t inha feito; nesse instante,
ficou claro q ue havia o co rrid o um assent ament o do solo, p ro vo cand o um recalq ue no piso, que,
por sua vez, se ap o io u nos bald ram es em função da arm ad ura q ue t inha sido co lo cad a na m elhor
d as int enções. Nessas co nd içõ es, ho uve um a sobrecarga não previst a no cál cu l o original dos
b ald ram es, gerando deform ações excessivas e conseqüent em ent e as t rincas nas alvenarias.
O fat o m ais cu r i o so é q ue t ivem o s a o p o rt u n id ad e d e p art icip ar d e u m a o ut ra o b ra co m as
m esm as car act er íst i cas, t ant o d e so l o co m o d e at erro , sen d o q u e n essa t am b ém h o u ve
r ecal q u e d o p iso , só q ue est e, ap esar d e não est ar ar m ad o , p r o vo co u u m a so b recarg a no s
b al d r am es ap en as p elo at rit o do p iso co m a p ared e, result and o em t rin cas sem elhant es ao
caso ci t ad o an t erio rm en t e.

Co m o se pode p erceb er por esses d ois caso s, o fato da co l o cação d a m alha d e aço p arecia ser
o fator d et erm inant e p ara um a so b recarg a dos b ald ram es, p o rém a fo rça do at rit o ent re o p iso e
a parede t am b ém foi suficient e para p ro vo car o m esm o f enô m eno em out ra o b ra. Isso mostra
q ue nem sem p re é fácil se fazer u m a aval i ação co m cert eza ab so lut a dos fatores q ue levam à
f o rm ação de d et erm inad as t rincas.

Alg u n s caso s vão exig ir a p resença d e um esp ecialist a, q ue p or sua vez terá d e reco rrer a
ensaio s de lab o rat ó rio , à an álise d et alhad a dos p ro jet o s e, d ep end end o d as circu n st ân cias,
p ro ced er a um aco m p an h am en t o at ravés d o em p reg o d e inst rum ent o s q ue p erm it am avaliar
a evo l u ção d as fissuras, p r in cip alm en t e q u an d o se t rat a d e um p ro vável recalq u e d if erencial
d as f und açõ es.

17.2. PROCEDIM EN TO DURAN TE A VISTORIA

Para se f azer u m d iag nó st ico co rret o d evem o s an alisar um co njunt o d e fatores q ue de um a


form a diret a o u ind iret a pode ter co lab o rad o p ara gerar as fissuras; port ant o, é necessário q ue o
eng enheiro , ao vist o riar um a ed if icação co m p ro b lem as, assum a um a post ura de invest ig ação
crit erio sa, p ro curand o o b servar e co let ar o m áxi m o de info rm açõ es p o ssíveis.

Ap resent am o s a seguir alg uns aspect os que co nsid eram o s im port ant es de ser levant ados d uran-
te um a vist o ria para aval i ação de fissuras, um a vez q ue q ualq uer um d eles pode nos levar a
id ent ificar a o rig em o u causa d o p ro b lem a.

1 7 .2 .1 . H i st ó r i co d a Ed i f i cação

Dat a de co nst rução , exist ência de p ro jet o s, t ipo d e f und ação , sond ag ens o u d efinição das ca-
ract eríst icas d o sub so lo lo cal, t ipo d e est rut ura, alvenarias d e fecham ent o e m at erial emprega-
d o , reform as e am p liaçõ es, rep aros ant eriores em fissuras, m u d an ça de uso o u d e sobrecarga.

1 7 .2 .2 . H i st ó r i co d as Tr i n cas

Dat a p ro vável do surg im ent o de cad a u m a, evo l u ção d as m esm as {co m p rim en t o , largura e
p ro f und id ad e), se a ab ert ura co st um a variar d e t am anho , ab rin d o o u f ech an d o em d et erm ina-
d as ép o cas do an o , ver i f i cação d a exi st ên cia d e fissuras nos vi zi n h o s. Id en t if icação das fissuras
" vi vas" , q u e são aq u el as em m o vi m en t ação e d en u n ci am q ue o p r o b l em a cau sad o r est á
at uant e; o u as " m o rt as" , q ue são as t rincas est ab ilizad as, cu j a cau sa não est á m ais ag ind o
so b re a ed i f i cação .

Para se fazer um a p rim eira avaliação sobre a evo lu ção o u não d as fissuras, p o d em o s co lo car
selos de gesso o u co lar lâm inas de vid ro . Esses m at eriais vão d enunciar se está o co rrend o um a
m o vim ent ação das m esm as; por out ro lado, p o d em o s fazer m arcaçõ es nas ext rem id ad es e no
sent id o t ransversal d as fissuras, send o q ue as ano t açõ es d evem ser feit as sem p re na m esm a
hora d o d ia, regist rando os valo res o b servad o s e as resp ect ivas d at as, d e tal form a q ue nos
p erm it am fazer um a aval i ação crit erio sa do co m p o rt am ent o das m esm as.

Alg um as sit uaçõ es p o d em ind icar um a t end ência p ara a est ab ilização d a m o vim ent ação q ue
foi a fonte geradora da fissura; nesses caso s, d evem o s aguardar o t em po necessário e p rovid en-
ciar a selag em d a m esm a.

1 7 .2 .3 . H i st ó r i co d c O c o r r ê n c i as n a Reg i ão

Aval i ar crit erio sam en t e t od os o s fat o res ext ern o s q u e p o d em ter aco n t eci d o na ép o ca d o
surg im ent o das t rincas, do t ipo: ob ras vi zi n h as, vib ração p ro vo cad a por bat e- est aca, reb aixa-
m ent o d o lenço l freát ico , escavaçõ es, abert uras d e no vas avenid as na p ro xim id ad e, ou q ual-
q uer out ro t ipo d e aco nt ecim ent o ext erno i n co m u m .

1 7 .2 .4 . Q u a l i d a d e d o s M at er i ai s

M uit as fissuras são p ro venient es d as caract eríst icas dos m at eriais em pregados e d a form a co m
eles foram ap licad o s. N o caso das argam assas de assent am ent o e revest im ent o, a q ualid ad e e
a co m p o si ção dos m at eriais p o d em ser fat ores d et erm inant es para o surg im ent o o u não d e
t rincas, co m o verem o s m ais ad iant e.

1 7 .2 .5 . M ap e am e n t o d as Tr i n cas

Fazer u m levant am ent o d et alhad o de todas as fissuras, id ent if icand o o co m p rim ent o , a largura,
a p ro fund id ad e e a l o cal i zação d e cad a um a.

1 7 .2 .6 . In st al açõ es H i d r á u l i c a se El ét r i cas

Devem o s fazer um m ap eam ent o por o nd e p assam os dutos hid ráulico s e o s elet ro d jt o s d as
inst alaçõ es elét ricas.

1 7 .2 .7 . M an i f est açõ es Pat o l ó g i cas

Verif icar a exist ên cia at ual, o u no p assad o, d e u m id ad e sig nif icat iva, fungos, bolor, dest aca-
m ent o de arg am assa, ef lo rescência, et c.

Tod as as reco m end açõ es ant eriores p o d em p arecer um exag ero a p rincíp io ; no ent ant o, a ex-
p eriência m ost ra q ue m uit as vezes q ualq uer um a dessas info rm açõ es pode orient ar de fo rm a
d ecisiva o d iag nó st ico corret o d as causas q ue geraram as fissuras. Devem o s ter em mente q ue
m esm o ag ind o assim , exist em sit uaçõ es em q ue o p ro fissio nal não terá cert eza absolut a d as
verd ad eiras causas q ue m o t ivaram aq uelas t rincas o u p elo m eno s part e d elas.

E33
Em q ualq uer sit uação é sem p re im port ant e verif icar se as fissuras q ue est ão send o analisad as
p o d em de alg um a form a ind icar um a sit uação q ue co m p ro m et e em curt o p razo a est ab ilid ad e
d a ed if icação e co nseq üent em ent e a seg urança d e seus usuário s. Diant e dessa p o ssib ilid ad e,
d evem o s t om ar t odas as m ed id as d e seg urança cab íveis, at é m esm o , se for o caso , int erd it and o
a ed i f i cação , evacu an d o o lo cal e aval i an d o as p o ssíveis int erf erências d e um sinist ro nas
ed i f i caçõ es vi zi n h as.
1 8zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Análise das trincas em alvenarias

18.1. DEVIDO A ALTERAÇÕES QUÍM ICAS DOS M ATERIAIS

Nest e it em verem o s um a d as causas p rincip ais do surg im ent o de t rincas em revest im ent o, inde-
p end ent em ent e d e a ed if icação estar o u não num m eio ag ressivo, um a vez q ue o fenôm eno se
d eve aos m at eriais em p reg ad o s e à p resença de um id ad e. Analisarem o s os p ro b lem as gerados
p ela hid rat ação ret ardada d e cales e o at aq ue por sulfat o.

1 8 .1 .1 . H i d r at ação Ret ar d ad a d e Cal e s

Qu an d o as argamassas de assentamento das alvenarias são feitas co m cales mal hidratadas, podem
apresentar elevados teores de ó xid o livre de cal e magnésio, que em presença de umidade irão se
hidratar e conseqüentemente aum ent ar de vo lum e, podendo chegar ao dobro do t amanho anterior.

Essa exp an são vai p ro vo car o surgim ent o de t rincas no revest im ent o, aco m p an h an d o as junt as
d e assent am ent o dos elem ent o s q ue fo rm am a alven aria. A t end ência é q ue essas t rincas fi-
q u em na p art e m ais sup erio r das alven arias, o nd e sofrem m enos o peso d as arg am assas d e
assent am ent o . N o ent ant o , já t ivem o s o p o rt unid ad e d e co nst at ar a p resença d as t rincas em
várias alt uras dist int as d a alven aria (ver fig. 18.1.1).

São Normalmente Horizontais e Ocorrem Inicialmente


na parto mais Elevada do Alvonaria, por sor uma Região
de menos Peso.
Cort e na Alvenaria

1 8 .1 .2 . A t aq u e p o r Su l f at o s

Esse f en ô m en o é sem elhant e ao ant erio r, um a vez q ue o result ad o final será t am b ém u m a


exp ansão d as argam assas de assent am ent o dos elem ent o s q ue fo rm am a alven aria; porém , o
p ro cesso q u ím i co é t ot alm ent e d iferent e, p ois nesse caso d evem o s ter, além da um id ad e, a
p resença d e cim ent o e sul fatos em so lução .

O cim ent o é um elem ent o co nst ant e nas arg am assas m ist as e a um id ad e é out ro fator const ant e
a at orm ent ar t odas as ed if icaçõ es; fica falt and o ent ão a p resença do sulfat o em so lução , q ue
p or sua vez pode vir d e d iversas font es, tais co m o : ág uas co nt am inad as, co m p o nent es feitos d e
arg ila co m alt o teor de sais so lúveis, at ravés do so lo o u d a um id ad e p ro venient e d a lavagem d e
pisos e produt os usados no asseio co rp o ral.

U m a vez reu n id o s esses t rês elem en t o s, o co rrerá u m a r eação q u ím i ca ent re o al u m i n at o


t r i cál ci co present e no cim ent o e o sulfat o em so lução , fo rm and o a et ringit a (sulfo alum inat o
t ricálcico ), m ed iant e um a g rand e exp ansão . Esse aum ent o de vo lu m e irá p ro vo car uma série
d e t rincas nas junt as de assent am ent o d e fo rm a análo g a à hid rat ação ret ardada d e cales.

N o ent ant o, pod em os dest acar q ue o at aq ue por sulfat os p ro d uz t rincas co m m aio r abert ura e
q uase sem p re surg em aco m p anhad as de ef lo rescência (ver fig. 18.1.2).

4-
+ +~
Fig. 18.1.2. Trincas em alvenaria devido ao ataque de sulfetos
As t rin cas rep resent ad as na fig ura ant erio r ap resen t am f o rm a sem el h an t e ao p ro cesso do
hid rat ação ret ardada de cales, p o rém diferent es em d ois aspect os fund am ent ais:

• Exib em ab ert uras m ais p ro nunciad as.


• São q uase sem p re aco m p anhad as d e ef lo rescência.

1 8 .1 .3 . Perd a d e El em en t o s Fi n o s

Co m base no ant erio rm ent e exp o st o , é d e esp erar q ue as t rincas d evid as a reaçõ es q uím icas se
ap resent em sem p re d e forma ab ert a. De fato isso o co rre na m aio ria dos caso s; ent ret ant o, se
não forem t om adas p ro vid ências para sanar o p ro b lem a, co m o passar do t em p o ocorre um
p ro cesso in verso , at ravés d e u m a d i m i n u i ção d e vo l u m e d a arg am assa d e assent am ent o ,
p ro vo cad a p ela p erd a de elem ent o s finos em f unção da lavag em p elas ág uas de chuva.

N essas circu n st ân cias, vam o s o b servar que as t rincas exist ent es no revest im ent o estarão co m -
p rim id as, cheg and o um a a se sobrepor lig eiram ent e à out ra (ver fig. 18.1.3).

Face Externa
Face Interna

( Argamassa de
Revestimento

Incidência de Á g u ^ /
de Chuva

Abatimento na Espessura
J <—
Devido à Perda de Finos
Pela lavagem da água Tijolo / Bloco
da chuva

Argamassa de '
Revestimento £

Obs.: esse Fenômeno Chegou a Provocar a Inclinação de Chaminés de Tijolo


aparente para o lado das Chuvas Predominantes.

Fig. 18.1.3. Trincas em alvenarias devido à perda de elementos finos

18.2. DEVIDO À UM IDADE

A umidade pode atingir a alvenaria de várias formas, sendo as mais comuns aquelas provenientes do solo
|X)r falha no sistema de impermeabilização do respaldo inferior e nas proximidades do piso, pontos |>or
onde se inicia uma infiltração de água, e |X)r capilaridade se alastra [>or boa parte da parede.

As t rincas p ro vo cad as p ela var iação d e um id ad e nas alvenarias são d evid as a um a d ilat ação
o u ret ração do p ainel em f unção do g anho o u perda d e água do m esm o . N ão d evem o s co nf un-
d ir co m a co n d i ção dos itens 18.1.1 e18.1.2, em q ue a um id ad e é um dos co m p o nent es neces-
sários p ara q ue o co rra a reação q u ím ica.

Um p ainel de alven aria é um elem ent o rígido no sent id o d a m aio r inércia, não aceit and o defor-
m açõ es sem apresent ar t rincas. Co m o a var iação de um id ad e p ro vo ca um a var iação d im ensio nal
d a p eça (aum ent and o o u d im in u in d o de vo lum e), ent ão o surgim ent o d e fissuras é inevit ável
(ver fig. 18.2.1).

Trinca
Vigas o Pilaros
Muro de Concreto

• •
Fig. 18.2.1. Trincas em alvenaria devido à variação de umidade

A fim de se evit arem infilt raçõ es de um id ad e nas p ared es, d evem o s execut ar um revest im ent o
d e form a co rret a, o b servand o - se todas as reco m end açõ es esp ecif icad as no it em t raço, espes-
sura e ap l i cação d as arg am assas; ao m esm o t em p o em q ue se d eve d ar at enção esp ecial p ara
a im p erm eab ilização no resp ald o d a f und ação , d e form a a não haver um a inf ilt ração de um id a-
d e vind a do so lo o u d o piso ext erno , q ue por cap ilarid ad e vai p ro vo car um id ad e em boa part e
d a al ven ar i a.

Para evi t ar esse t ip o d e p r o b l em a, q u e p o r sua vez é m u it o p r ej u d i ci al e car o p ara se


r eso l ver d ep o i s d e i m p l an t ad o , r eco m en d am o s q u e se f aça u m r esp al d o co n f o r m e i n d i ca-
d o na fig . 1 8 .2 .2 .

Aplicar em Todas as Faces


Produtos Impermeabillzantes

Lado Externo Rodapé Lado Interno

Piso Acabado Interno

^Contraplso
Interno de Concreto

Elemento do Fundação
Argamassa com
(Tijolo / Bloco I Concreto)
Impermeablllzante

Fig. 18.2.2. Im perm eabilização no respaldo d as f undações

Para se resolver um a sit uação exist ent e, em q ue se t em um a ascensão d e um id ad e na base d a


alven ia, d evem o s criar um a b arreira eficient e para isso. Podem os fazer de d uas form as d iferen-
tes; um a d elas é crian d o um a b arreira co m in jeção d e produt os q u ím ico s na base d a p ared e,
co nf o rm e most ra a fig. 18.2.3.
Fazer Fur o s na Base da Alvenaria e Injet ar Produt o Quím ico,
Conf orm e Esp eci f i cação do Fabricant e

Fig. 18.2.3. Barreira química contra umidade em parede exist ent es

A so l u ção ap resent ad a na fig . 18.2.3 n o rm alm en t e é d e cust o el evad o e d e ef i ci ên ci a d u vid o sa.


Ou t r a alt ern at iva q ue co n si d er am o s m ais ef icien t e, p o rém b ast ant e t rab alho sa, é a sub st it uição
d a i m p er m eab i l i zação exist ent e at ravés d o p ro cesso esp eci f i cad o p elo eng . Ernest o Rip p er, no
seu livro xvutsrponmlihfedcbaYUSRPOMLJIHEDCBA
Como Evitar Erros na Construção, co n f o r m e t o m am o s a lib erd ad e d e t ranscrever ab ai-
xo t o d o s os passos r eco m en d ad o s (ver fig. 18.2.4).

a) Execu t ar rasg os em t o d a a p ro f u n d id ad e d a al ven ar i a, aci m a d a i m p er m eab i l i zação a ser


sub st it uíd a, co m ap r o xi m ad am en t e 15 cm d e alt ura e 1 m d e co m p r i m en t o , alt ernad o s co m
d ist ân cia d e 0 ,8 m ent re eles.

b) Ret irar a i m p er m eab i l i zação exi st en t e, l i m p ar e r eg u l ar i zar o s al i cer ces (co m o al i cer ces
ent end e- se vig a b ald r am e, f u n d açõ es o u q u alq u er b ase d a al ven ar i a).

c) Ap l i car d uas cam ad as d e felt ro asf ált ico , co l ad as co m asfalt o s o xid ad o s a q uent e o u u m a
cam ad a d e b ut il o u sim ilar, em t o d a a ext ensão d o rasgo.

d) A p l i car u m a cam ad a d e p ro t eção d e arg am assa d e ci m en t o e areia 1:4 e reco nst ruir a al ve-
naria co m t ijo lo s r eco zi d o s o u p rensad o s em u m co m p r i m en t o d e 0 ,8 m , cu i d an d o q ue seja
b em cu n h ad a a al ven ar i a aci m a. D ei xar d ent es nas ext r em i d ad es.

e) Execut ar o s rasgos d e 0 ,8 m alt ernad o s ent re os vão s j á rep arad o s, rep et ind o o p ro ced im en t o
ant erio r, f i can d o a i m p er m eab i l i zação co m um t ransp asse d e 10 cm em cad a lad o so b re a
i m p er m eab i l i zação j á execu t ad a.

f) Repet ir o p ro ced im ent o co m o nos out ros rasgos, co m p let and o assim o fecham ent o total da p ared e.

g) Dem o l i r o revest im ent o ú m i d o exist ent e aci m a d a f ai xa reco nst ruíd a e d ei xar secar a alve-
n aria d esco b ert a.

h) Revest ir co m em b o ço int ernam ent e em ad i t i vo i m p er m eab i l i zan t e, p ara d eixar q ue a al ve-


naria resp ire. Ext ern am en t e é aco n sel h ável usar no em b o ço ad it ivo i m p er m eab i l i zan t e p ara
u m a m elh o r p ro t eção d a al ven ar i a.
1 - Et apa: Cort e Alt ernado da Parede

2 - Et apa: Impermeabilização e Fecham ent o do Cort e Número 1

Plano do Alvenaria

Proteção Mocãnica com


Argamassa de Cimento e Fechamento c o m
Areia 1:3 numa Extensão alvenaria de Tijolo
do 80 cm

8o f * 10 10 * t 80
Elemento Impermeabilizante
em Toda Extensão do Corto

3 - Et apa: Cort e dos Trechos Rem anescent es na Et apa - 1

4 - Et apa: Impermeabilização e Reconst rução do Cort e 2

Transpasse com Elemento


Impermeabilizante da Etapa - 2

Fig. 18.2.4. Impermeabilização no respaldo da parede existente com infiltração de umidace


Ou t ro fator q ue p ro p icia o at aq ue d a um id ad e é um a d ef icient e co n d i ção de est anq ueid ad e da
arg am assa d e revest im ent o, o u por falt a de p int ura o u d evid o à exist ência d e fissuras p ro vo cad as
por q ualq uer um dos m o t ivo s aq ui cit ad o s, p erm it ind o assim um a inf ilt ração d e um id ad e at ravés
d as águas p luviais.

Qu an d o esse t ipo de p ro b lem a j á est iver im p lant ad o , d evem o s fazer u m a aval i ação d a g ravid a-
d e d a sit uação . Para caso s m ais crít ico s, é p reciso t rocar t odo o revest im ent o; nos mais d iscre-
tos, p o d em o s refazer a pint ura usand o tinta acr ílica para f achad as.

18.3. DEVI DO AO TRAÇO

O t raço d a argam assa co m em preg o de cim ent o d eve ser b em feit o, dosando- se corret am ent e
os m at eriais, p ois é fund am ent al p ara um co m p o rt am ent o eficient e do revest im ent o co m o um
todo, p rincip alm ent e q uant o à d urab ilid ad e e f o rm ação d e t rincas.

M u it as vezes o p ro fissio nal m eno s p rep arad o acred it a q ue d eve f azer um a m ist ura rica em
cim ent o , um a vez q ue a resp o nsab ilid ad e p ela resist ência se d eve a ele; nessas co n ciçõ es, o
revest im ent o est ará sujeit o a d esco lam ent o e a fissuração acent uad a, d evid o ao fenô m eno d a
ret ração hid ráulica, co m o foi ab o rd ad o no cap ít ulo 14.2.

Rara o s revest im ent os co m arg am assa à base d e cal, d evem o s ter em m ent e q ue o processo d e
end urecim ent o se d eve àzyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZXVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
carbonat ação da cal, d ep end end o p ara isso d o anidrido carbônico
do ar. Rara t ant o, a p orosid ad e e espessura do revest im ent o d evem ser t ais q ue favo reçam o
ci cl o de end urecim ent o .

As cam ad as de reb o co no rm alm ent e são d e p o u ca esp essura, p o rém ricas em finos, o q ue
d esfavo rece a p o ro sid ad e, p rincip alm ent e q uand o não se faz um alisam ent o int enso, que pode
p ro vo car a co n cen t ração d e leit e de cal na sup erf ície.

Ent end em o s q ue o t raço d e arg am assa m ist o d e areia/ cim en t o / cal/ ág u a, q u an d o bem d osa-
d o e ad eq u ad am en t e m ist urad o , t em m o st rad o d esem p en h o m elho r, u m a vez q ue a p resen-
ça d a cal in co rp o ra ar na arg am assa, co n f er i n d o m aio r t r ab al h ab i l i d ad e sem p recisar usar
m uit o ci m en t o .

18.4. DEVIDO À ESPESSURA

A esp essu ra d e u m r evest i m en t o não d eve ser su p er i o r a 2 cm . Q u an d o h o u ver n ecessi-


d ad e d e u m a cam ad a m ai s esp essa, en t ão o co rret o é ap l i car cam ad as su cessi vas co m
m en o s d e 2 cm , r esp ei t an d o o t em p o n ecessár i o p ar a q u e o co r r a o ci cl o d e en d u r eci m en -
t o d e cad a cam ad a.

Ap l i caçõ es de revest im ent os de argam assa m ist a co m esp essuras d e 4 e 5 cm são muito co -
m uns nas o b ras p ara co rrig ir d esap rum o s. M as q uand o são ap licad as num a ú n i ca cam ad a,
co rrem o risco de apresent ar t rincas e d esco lam ent o , por serem no rm alm ent e m ais ricas em
cim ent o , so frend o , port ant o, os p ro b lem as da ret ração hid ráulica e d a rig id ez m aior, que não
p erm it em q ue aco m p an h em a m o vim ent ação da est rut ura.
18.5. DEVIDO À APLICAÇÃO

Inicialm ent e elevemos verif icar a co n d i ção d e rug o sid ad e d a sup erf ície o nd e d everá ser ap lica-
d o o revest im ent o, t endo em vist a q ue por m elho res q ue sejam o t raço e a espessura, se não for
p ro vid en ciad a um a b o a pont e de ad erência, pod erá o co rrer o d esco lam ent o do revest im ent o.
Para as sup erfícies m ais rugosas co m o alvenarias d e t ijo lo de b arro m aci ço o u cerâm ico s, o
ch ap i sco d e areia e cim ent o b em ap licad o t em- se m ost rado eficient e.

Para revest im ent o d e m at eriais m ais lisos o u sup erfícies de co ncret o s feit os co m form as resinadas,
o u q ue receb eram d esm o ld ant e, d evem o s p rim eiro p ro ced er a um a lim p eza d e todo e q ualq uer
m at erial q ue possa servir co m o um a p elícu la isolant e ent re os m at eriais e post eriorm ent e ap li-
car argam assas ind ust rializad as, esp ecialm ent e d esenvo lvid as p ara essa f inalid ad e, ou seja, a
d e garant ir um a perfeit a ad erência do revest im ent o ao subst rat o.

A ap l i cação d o em b o ço d eve ser feit a em cam ad as n u n ca sup erio res a 2 cm . Caso sej am
necessárias espessuras m aio res, d everá ser execut ad a em et apas, resp eit and o o t empo d e se-
cag em e end urecim ent o d a ap l i cação inferio r; caso co nt rário , vai o co rrer um a ret ração poste-
rior da cam ad a ant erior, causand o t rincas na sup erf ície.

Da m esm a form a o reb o co t am b ém não d eve ser ap licad o ant es do t em po cert o nem alisad o
d em asiad am ent e, o que p ro vo cará o surg im ent o d e leit e de cal na sup erf ície do revest im ent o,
co lab o rand o p ara im p ed ir a carb o nat ação d a cal present e no em b o ço .

Se não forem o b servad o s os cuid ad o s reco m end ad o s na dosagem , no co nt ro le d a esjx?ssura e


d urant e a ap l i cação do revest im ent o de arg am assas, pod erem os ter d e co n viver co m inúm eras
fissuras m ap ead as, co nf o rm e most ra a fig. 18.5.1.

Fig. 18.5.1. Fissuras mapeadas devido à aplicação

A so lução nesses caso s pode ser um a reno vação da pint ura para as sit uaçõ es m ais brandas, em
q ue as fissuras ap resent am ab ert uras red uzid as e não at ing iram g rand es p ro p o rçõ es; caso co n-
t rário, d everá ser refeit o todo o revest im ent o, t endo em co nt a q ue não se reso lve o p rob lem a se
for feito ap enas de form a p arcial, q uand o se co m p ro va tratar-se de falha execut iva.

.6. DEVIDO ÀFLEXÃO


18zyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZXVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

O s p ainéis de alvenarias, q uand o não est ão est rut urados, resist em m uit o p o uco à ação d e for-
ças q ue p ro vo q uem um m o m ent o fletor no sent ido da m enor inércia. Isso pode o co rrer d evid o à
p ressão d iret a do vent o sobre o p ano de alvenaria o u sobre as co b ert uras; est as, por sua vez,
p o d em gerar out ros esfo rço s na part e alt a d as p ared es em f u n ção d a d ilat ação t ér n i ca, o u
q uand o se tem um a est rut ura cm arco sem t irant e.

Ou t ro elem ent o d e alvenaria m uit o vu ln erável são o s oit ões q ue, q uand o d esp ro vid o s de p ilares
d e am arração , acab am t rincand o p ela ação do vent o e d a co b ert ura (ver fig. 18.6.1).

A - Trinca e m Oitão B - Em Parede com Laje em Branco

Laje em Balanço

C - Cobertura em Arco sem Tirante Estrutura em Arco sem Tirante

Fig. 18.6.1. Trincas devido à movimentação da alvenaria

Alg um as paredes podem ficar sujeit as a momentos fletores localizados, que são gerados pela rota-
ção de element os de concret o q ue se ap o iam na alvenaria; isso norm alm ent e ocorre quando se
engastam os degraus de um a escada ou se ap o iam lajes que apresentem deformações excessivas.

Para se evit ar esse t ipo d e t rincas, d evem o s sem p re est rut urar ad eq uad am ent e as paredes para
q ue essa resp o nsab ilid ad e fique por co nt a d a est rut ura, e não d as alvenarias.

18.7. DEVIDO AO RECALQUE DAS FUN DAÇÕES

N ão seria eco no m icam ent e viável se projetar e execut ar fundações co m recalques zero, a não ser
em cond ições esp eciais em que se pode descarregar a carga de todos os pilares em rochas cont ínu-
as e sem fraturas. Co m o isso é raro de conseguir a um cust o com p at ível para as const ruções predi-
ais, devem os buscar soluções de projeto que m inim izem os recalques e suas conseqüências, um a
vez que dentro de certos limites é perfeitamente possível se co nviver co m pequenas acom odações.
N o ent ant o , d evem o s est ar at ent os p ara as t rincas q ue i n d i cam um p o ssível recalq u e d iferen-
ci al d as f und açõ es, haja vist a o g rand e núm ero d e sinist ro s causad o s p or esse m o t ivo , p rinci-
p alm ent e em ed i f i caçõ es d e p eq ueno p ort e o nd e não se t o m aram o s d evid o s cu id ad o s na
invest ig ação d o sub so lo nem na esco lh a do t ipo ad eq uad o d e f u n d ação p ara ser execut ad o
n aq u ele t erreno .

As t rincas d e recalq ue p o d em se apresent ar d e form as d iferent es. Exist e u m co n ceit o g enérico


para a m aio ria dos p ro fissio nais d a área, do q ue toda t rinca a 45" in d ica um p ro b lem a de funda-
çõ es; q ualq uer out ra co nf ig uração é d evid a a out ro t ipo d e p ro b lem a. N a verd ad e não é b em
assim , p ois vai d ep end er m uit o do t ipo de ed if icação , d a sua est rut ura o da causa geradora d o
recalq u e d if eren cial.

Qu an d o um p ainel de alvenaria sem abert uras está em o ld urad o por vig as e p ilares, podem os
ent ão ter um caso clássico no q ual as t rincas ap o nt am para o p ilar q ue est á recalcand o m ais
q ue os out ros. Nesses caso s, o q ue o co rre é fácil d e ser ent end id o co m b ase na análise d e um a
p eq uena seção da alvenaria, o nd e p o d em o s p erceb er q ue a result ant e das forças gere t rações
q ue exp l i cam o surgim ent o d as t rincas (ver fig. 18.7.1).

Estrutura

Fig. 18.7.1. Fissuração devido ao recalque diferencial das fundações

N o en t an t o , q u an d o se t êm ab er t u r as nas p ar ed es o u el as n ão são co n t o r n ad as p o r vi -
g as e p i l ar es, as t r i n cas p o d em assu m i r co n f i g u r açõ es d as m ai s v ar i ad as f o rm as, q u e
n ão a d e 4 5 ° . N o s caso s em q u e há aco m o d ação d e at er r o , n o r m al m en t e o r ecal q u e
v em aco m p an h ad o d e u m a m o v i m en t ação h o r i zo n t al p r o vo can d o r ach ad u r as, co n f o r -
m e m o st ra a fig . 1 8 .7 .2 .
Fig. 18.7.2. Trincas devido à acomodação do aterro

Um fator im port ant e a ser co nsid erad o na aval i ação do p ro b lem a é a id ad e d o im ó vel e a ép o ca
em q ue surg iram as t rincas. Se for um a obra recém - co nst ruíd a, pod em os im ag inar que se trata
d e f und ação inad eq uad a p ara o so lo lo cal.

Porém , se for ed if icação ant ig a sem hist ó rico sério de t rincas no p assad o , d evem o s verif icar
p o ssíveis event os fort uit os o u não, q ue p o ssam ter d esencad ead o o p rocesso de recalq ue, co m o
vazam ent o s em t ub ulaçõ es hid ráulicas ent errad as, ob ras no vas nas p ro xim id ad es, escavaçõ es,
int erferência de árvo res p ró xim as, reb aixam ent o do lenço l freát ico , vib raçõ es d evid o à crava-
ção d e est acas, et c.

Para se evit arem as t rincas p ro venient es d e recalq ues d if eren ciais d as f und açõ es, d evem o s
in icialm en t e f azer um a so nd ag em ad eq u ad a do sub so lo e co nsult ar sem p re um eng enheiro
esp ecializad o em m ecân i ca dos so lo s, para q ue ele p ro jet e a f und ação m ais ad eq uad a t écnica
e eco n o m icam en t e para a ed if icação .

Por sua vez, o arquit et o e o eng enheiro calcu list a elevem estar em sint o nia co m todo o processo,
analisand o os p ro váveis pont os o nd e possa ter o co rrid o um assent am ent o d if erencial e est udan-
d o so luçõ es esp ecíf icas p ara cad a caso .

Devem o s lem b rar q ue obras diferent es para um m esm o t ipo d e so lo p o d em ter so luçõ es diver-
sas, um a vez q u e vai d ep end er do porte da o b ra, da g rand eza d as carg as e do nível de assen-
t am ent o d as fund açõ es.

18.8. DEVIDO AO EXCESSO DE CARGA

A l v en ar i as su j ei t as a carg as el evad as ap r esen t am u m a co n f i g u r ação d e t r i n cas ver t i cai s


d eco r r en t es d a d ef o r m ação d as ar g am assas d e assen t am en t o e d o s el em en t o s co m p o -
nent es d a m esm a (t i j o l o s d e b ar r o m aci ço , b l o co s cer âm i co s o u d e co n cr et o ). N o r m al -
m en t e, a rup t ura não o co r r e i n i ci al m en t e na ar g am assa d e assen t am en t o a p o nt o de g erar
t r i n cas h o r i zo n t ai s, t end o em vist a q u e el as n o r m al m en t e t r ab al h am n u m si st em a t r i axi al
d e t en sõ es, q u e result a n u m au m en t o em su a cap aci d ad e d e resist ir a esf o r ço s de co m -
p ressão (ver fig . 18.8.1).
1 I 1

Fig. 18.8.1. Trincas em alvenaria devido a excesso de carga

Esse t ipo d e sit uação co st um a o co rrer em alvenarias aut oport ant es sub d im ensio nad as, o u q uand o
a d ef o rm ação d a est rut ura sit uad a na part e sup erio r da parede for m aio r q ue a inferior, provo-
can d o co m isso um a co m p ressão exag erad a na parede e g erand o as fissuras.

Para q ue isso não o co rra, d evem o s avaliar ant ecip ad am ent e esse t ipo de sit uação na fase d o
p ro jet o d e est rut ura, b uscand o um d im ensio nam ent o corret o nos caso s de alvenarias portantes
e adot ando- se so luçõ es q ue evit em flechas excessivas no caso d as est rut uras co n ven cio n ais.

Para se resolver um p ro b lem a já exist ent e n u m a alvenaria port ant e, d evem o s est udar cuid ad o -
sam ent e um p ro jet o d e refo rço q ue p erm it a aum ent ar a cap aci d ad e d a p ared e em suport ar
carg as ver t i cai s.

Qu an d o se tratar d e est rut ura de co ncret o arm ad o co m p rim in d o a alven aria, devem os p rim ei-
ram ent e fazer um a an álise d o p ro jet o e do hist ó rico da o b ra, co m a f inalid ad e de avaliar o
co m p o rt am ent o d a est rut ura no m o m ent o d a sep aração co m a p ared e. Caso esses estudos ind i-
q u em q ue isso pode ser feito, ent ão a so lução é criar um a junt a de d ilat ação na lig ação parede/
est rut ura, q ue por sua vez d everá ser p reenchid a post eriorm ent e co m m assa elást ica.

Ent end em o s por m assa elást ica q ualq uer p ro d ut o co m cap aci d ad e ved ant e, boa ad erência e
p rincip alm ent e q ue seja d ef o rm ável p ara ab so rver as m o vim ent açõ es ent re a p ared e e o co n-
cret o . O m ercad o possui at ualm ent e um a g rand e g am a desses produt os, co m tais caract eríst i-
cas e p ara essa f inalid ad e.

18.9. DEVIDO A ABERTURAS

Um a sit uação m uit o co m u m de verif icar na m aio ria d as ed if icaçõ es são as t rincas que q uase
sem p re ap arecem nos cant o s d as abert uras d e port as e jan elas das alvenarias. Isso ocorre d evi-
d o a um a co n cen t ração d e t ensões q ue surgem nesses vért ices.

Para se co m b at er essas t rincas, d evem ser co nst ruíd as verg as e co nt raverg as, o u seja, f azer
um a am arração na part e sup erio r e inferior d a ab ert ura (ver fig. 18.9.1).
Fig. 18.9.1. Trincas em alvenaria devido à abertura

18.10. DEVIDO A CARGAS DIFEREN CIADAS

Esse t ipo de t rinca o co rre p rincip alm ent e nas fund açõ es em sapat as co rrid as, o nd e, d evid o às
caract eríst icas d a o b ra, a d ist rib uição de carg as não é unifo rm e, em face d a p resença de aber-
t uras nas alvenarias p ró xim as das fund açõ es (ver fig. 18.10.1).

Fig. 18.10.1. Trincas em alvenaria com fundação contínua e carregamentos diferentes

Para m inim izar esse efeito, devemos arm ar a sapata corrida nas duas faces, superior e interior, de
forma que ela possa absorver melhor todos os momentos fletores a que ficar subm et ida, resultando
num a dist ribuição m ais uniforme das cargas no solo, reduzindo assim as deformações diferenciais.

18.11. DEVIDO A ÁRVORES PRÓXIM AS

Alg um as ed if icaçõ es co m p o rt am - se m uit o b em sem apresent ar fissuras d urant e vários ano s e


num d et erm inad o inst ant e surgem t rincas sem razão ap arent e.

O m o t ivo pode ser um a árvo re q ue foi p lant ad a p ró xim a d o im ó vel e co m o passar do t em p o


suas raízes cresceram e afet aram o co m p o rt am ent o d as fund açõ es.

Nesses caso s p o d em o s ter d o is tipos de t rincas: aq uelas d evid o a um levant am ent o d a ed if icação ,
m ais p ro váveis em co nst ruçõ es leves, e o ut ras q ue ap resent am u m recalq u e lo calizad o d a
f und ação , p ro vo cad o por um p ro vável ad ensam ent o d o so lo naq uele pont o em f unção da p erd a
d e água p ara as raízes da árvo re {ver fig. 18.11.1).

E47
Obs.: Há Casos onde as Raízes Procuram a Superfície e Suspendem a Edificação

Fig. 18.11.1. Trincas devido à proximidade de árvores

Para se evit ar esse t ipo de p ro b lem a, d evem o s plant ar árvores longe d a ed if icação e, q uand o
não for p o ssível, d ar p referência p ara veg et ações cu j o co m p o rt am ent o d a raiz seja co nhecid o
e se t enha seg urança q ue elas não irão p rejud icar o co m p o rt am ent o d as fund açõ es no fut uro.

Qu an d o o p ro b lem a já se m anifest ou, é necessário rem o ver a árvo re p ara out ro lo cal ou, se isso
for im p o ssível, ent ão se d eve co rt ar a m esm a t o m and o p ro vid ências para que ela não volt e a
crescer num futuro p ró xim o .

Co m o este é o ú n i co cap ít ulo em q ue vam o s falar d e veg et ação , q uerem o s t om ar a liberdade d e


fazer um alert a para um a sit uação q ue t em causad o eno rm es t ranst ornos a m uit as pessoas.

Trata- se dos jard ins em sacad as e cob ert uras de p réd io s resid enciais e co m erciais, onde nor-
m alm ent e são p lant ad o s d ois tipos d e p lant as, a " Fícu s" e a " CH EFLERA " . As suas raízes são
ext rem am ent e ávid as por água e f azem isso de um a form a acelerad a e d ano sa, infilt rando- se
rap id am ent e p elo s ralos e t ub ulaçõ es, o b st ruind o t ot alm ent e a passagem d e ág ua e causand o
sérias infilt raçõ es.

Co nst at am o s um a si t u ação sem elhant e a essa no j ar d i m d e u m ap art am ent o d e co b ert ura,


o nd e as raízes d esses d ois t ipos d e veg et ação p enet raram nas t ub ulaçõ es h id ráu licas, at in-
g ind o q uat ro and ares ab ai xo . N ão g erou t rincas, m as em co m p en sação cau so u grande t rans-
t orno a ci n co f am ílias.

18.12. DEVIDO À DEFORM AÇÃO DO APOIO

Qu an d o um a parede está ap o iad a sobre um a vig a o u laje que se d efo rm am excessivam ent e,
pod em os enco nt rar alg um as co nf ig uraçõ es diferent es de t rincas em f unção do t ipo de alvena-
ria, do envo lvim ent o da m esm a p ela est rut ura e d evid o às abert uras exist ent es. Isso tem o co rri-
d o em co njunt o s hab it acio nais por razõ es no rm alm ent e d e o rd em eco n ô m i ca, em que se exe-
cu t am est rut uras esbelt as co m grandes panos de laje o u vão s de vig a exag erad o s.
O resultado na maioria dos casos onde isso ocorreu é o surgimento de inúmeras trincas nas alvenarias,
provocadas |)ela deformação excessiva dos elementos que formam a estrutura (ver fig. 18.12.1 e 18.12.2).

Fig. 18.12.1. Trincas provocadas por deformação da viga de sustentação da alvenaria


Fig. 18.12.2. Trincas provocadas pela deformação maior da viga superior

Sit uação co m o a d escrit a no início deste cap ít ulo , em q ue o s b ald ram es foram so b reca'reg ad o s
p ela laje d e p iso , t am b ém é cap az d e p ro vo car d iversas t rincas nas alvenarias e no p ró p rio
co m p o nent e est rut ural.

Ou t ra co n d ição resp o nsável p elo surg im ent o de várias t rincas são o s t rechos em b alanço d as
est rut uras, um a vez q ue est ão sem p re sujeit o s a d ef o rm açõ es p ro n u n ciad as, p rincip alm ent e
q uand o d im ensio nad o s de forma arro jad a (ver fig. 18.12.3).

Alvenaria
Trinca

Estrutura

Fig. 18.12.3. Trincas em alvenaria devido à deformação do balanço


O s prédios vert icais m ais no vo s, p rincip alm ent e os resid enciais d e luxo , p assaram a ter sacad a
d e todos os tipos e t am anho s, co m p iscina, churrasq ueira e out ros eq uip am ent o s de lazer. Cm
alg uns co m arq uit et ura m uit o arro jad a o u est rut ura m al p ro jet ad a, eles co m eçar am a apresen-
tar m uit as t rincas no co ncret o e nas alvenarias, em f unção de serem no rm alm ent e elem ent os
est rut urais t rab alhand o em b alan ço e co m t o rção .

Esse t ipo de sit uação d eve ser p revist o ant ecip ad am ent e na fase de p rojet o, buscand o- se so lu-
çõ es alt ernat ivas q ue m i n i m i zem as d efo rm açõ es excessivas d a est rut ura. Ag ind o assim , esta-
rem os evit and o o d ano so surg im ent o d as t rincas.

Devem o s levar em co nsid eração q ue co rrig ir esse p ro b lem a d ep o is da obra pront a é t ecnica-
m ent e co m p l i cad o e, na m aio ria d as vezes, eco no m icam ent e inviável, send o no ent ant o obri-
gat ório q u an d o a sit uação est iver co lo can d o em risco a est ab ilid ad e d a ed if icação e co nse-
q üent em ent e a seg urança de seus usuário s.

18.13. DEVIDO À ROTAÇÃO DA ESTRUTURA

Em d et erm inad o s caso s, as vig as e lajes sujeit as a g rand es d ef o rm açõ es, q u an d o ap o iad as
d iret am ent e sobre paredes aut oport ant es, g eram t rincas d e t ração e co m p ressão nas bordas d as
alvenarias, d evid o à ro t ação do ap o io (ver fig. 18.13.1).

Estrutura
Trinca
- - ' f - wy
1
I de Tração

Trinca
de Tração

Alvenaria Alvenaria
Portante

Fig. 18.13.1. Trincas devido à rotação do apoio

Para se evitar esse tipo de trincas, devemos criar berços de apoio de modo a delinear o local da trinca
e permitir a rotação do elemento estrutural sem prejudicar a parede de sustentação (ver fig. 18.13.2).

Estrutura

Laje

Massa Elástica
Vedar com Elemento
Massa Elástica Elemento
de Transição
de Transição

Alvenaria

Alvenaria

Fig. 18.13.2. Aparelhos de apoio para permitir rotação

Um a vez q ue o p ro b lem a est iver inst alad o , é necessário frisar int erna e ext ernam ent e toda a
lig ação p ared e/ co ncret o , p ara lib erar a m o vi m en t ação , send o q ue p o st erio rm ent e d evem o s
calafet ar a junt a co m arg am assa elást ica.
1 9zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Sinistros devido à ação dos ventos

19.1. GEN ERALIDADES

N est e cap ít u l o f arem o s al g u m as co n si d er açõ es so b re a i m p o r t ân ci a d e levar em co nt a a ação


d o vent o em d et erm in ad as est rut uras. N o Brasil, não est am o s sujeit o s a t errem o t o s, neves, fura-
cõ es o u g rand es ven d avai s f req üent es, o q u e leva alg uns co nst rut o res o u p ro jet ist as d e est rut u-
ras a não d ar a d evi d a i m p o r t ân ci a p ara est es f en ô m en o s nat urais.

O s vent o s t êm sid o a cau sa d e m uit o s sinist ro s no Brasil, p r i n ci p al m en t e em alg um as reg iõ es


o n d e eles o co r r em co m m aio r int ensid ad e. N a reg ião Sul d o p aís, os ven d avai s aco n t ecem co m
m ais f req ü ên cia e cau sam en o rm es d an o s às ed i f i caçõ es, t end o em vist a q u e a m aio ria d elas
não foi p ro jet ad a o u co nst ruíd a p ara resist ir à ação d o ven t o .

O s sinist ro s nesses caso s at ing em m ais as ed i f i caçõ es alt as, l o cal i zad as em áreas co m m aio r
i n ci d ên ci a d e vent o s fort es, em p o nt o s o n d e a t o p o g rafia o u as ed i f i caçõ es p r ó xi m as f avo recem
u m au m en t o d a vel o ci d ad e d o vent o .

O s p réd io s m ais sujeit o s à ação d o ven t o são aq u eles co n st ru íd o s co m m at eriais o u co m p o n en -


tes leves, em q u e se em p reg a m ad ei r a o u m et ál i ca, send o q u e vi a d e regra o t elhad o é a p art e
m ais vu l n er ável d a ed i f i cação , p r i n ci p al m en t e q u an d o as i n cl i n açõ es são m ais b aixas.

N o ent ant o , p o d em o co rrer sinist ro s d evi d o ao vent o em l o cai s não sit uad o s em áreas de m aio r
risco , p o rém elas reúnem u m a série d e caract eríst icas q u e em d et erm in ad o m o m ent o favo re-
ce m u m a forte at u ação d o vent o .

São reg iõ es o nd e a t o p o g rafia lo cal o u m esm o a d i sp o si ção d as ed i f i caçõ es co lab o r am p ara


au m en t ar a ação d o ven t o . Por exem p l o : a vel o ci d ad e e a t u r b u l ên ci a au m en t am at rás d e
m o rro s e m o n t an h as; d a m esm a f o rm a, no s acl i ves d e t alud es e co l i n as há u m aum ent o d e
vel o ci d ad e; p o rém , p o d e o co rrer o co n t rário em val es p rot eg id os por m o rro s e m o nt anhas, em
q u e a vel o ci d ad e d o vent o t end e a d im in u ir.

As vel o ci d ad es b ásicas rep resent ad as p elas iso p let as não l evam c m co n si d er ação as caract e-
ríst icas referent es à l o cal i d ad e d a ed i f i cação , à t o p o g rafia, à rug o sid ad e d o t erreno e à alt ura
d o ed i f íci o . Dessa f o rm a, a vel o ci d ad e d e cál cu l o a ser ad o t ad a p ar a se d et erm in ar o valo r d as
carg as at uant es d eve ser axvutsrponmlihfedcbaYUSRPOMLJIHEDCBA
velocidade característica, q u e é a vel o ci d ad e b ási ca co rrig id a p ela
i n f l u ên ci a d esses fat ores.
Send o assim , t emos q ue: V k = V„ x S, x S2 x S3

On d e:

Vk = velo cid ad e caract eríst ica (m/ s)


V0 = velo cid ad e b ásica (m/ s)
S, = fator t opográfico
S, = fator de rug o sid ad e, d im ensão d a ed if icação e alt ura d o t erreno
S, = fator est at íst ico

Ap enas para se ter um a id éia dos valo res de pressão d i n âm i ca, ap resent am os na t abela 9 al-
guns valo res que foram calcu lad o s para um a casa t érrea co m 3 m de alt ura, out ra assobradada
co m 6 m de alt ura e um ed if ício ind ust rial co m 12 m d e alt ura, num a região co m velo cid ad e
b ásica d e 45 m/ s e fator de rugosidade 2 (t errenos abert os co m p o ucas o b st ruçõ es).

Tab ela 9

2
Al t u r a d a ed if icação (m ) Pressão d i n âm i ca (Kg f/ m ) II
3 m 49
6 m 64 U
12 m 93 ||

N ão vam o s nos ap ro fund ar em m aio res d et alhes para o cál cu l o desses valo res, um a vez q ue
foge ao esco p o do present e t rab alho ; no ent ant o, co nsid eram o s im port ant e dar ao leitor um a
visão dos fatores ext erno s q ue int erferem no co m p o rt am ent o d e um a ed if icação .

O s vent os são o rig inad o s p elo gradient e d e pressão, o u seja, as d iferenças d e pressão atmosfé-
rica p ro vo cam a m o vim en t ação de g rand es m assas d e ar, send o q ue isso o co rre pelo calo r
irrad iad o da sup erf ície terrestre para a at m osfera.

Qu an d o o vent o incid e sobre um ed if ício , ap arecem g rand es vó rt ices, alt erand o as pressões no
lo cal; ao m esm o t em po em q ue a co nst rução age co m o u m a b arreira não - aero d inâm ica, alt e-
rand o o f luxo de vent o no seu ent o rno (ver fig. 19.1.1).

A f ace o nd e i n ci d e o vent o é d en o m i n ad a " b arlaven t o " e f ica sujeit a a pressões p o sit ivas,
send o que nessa face o co rre um a d i m i n u i ção da velo cid ad e do vent o . Por sua vez, o f luxo d e
vent o se d ivid e p assand o p elas lat erais e por sobre a ed if icação , crian d o os vó rt ices ou t urbi-
Ihões, q ue p ro vo cam na f achad a opost a, d eno m inad a de " so t avent o " , e nas cobert uras p o uco
inclinad as esfo rço s negat ivos de su cção .

N a figura 19.1.2, pod em os ter um a id éia d a d ist rib uição d as pressões sobre um a ed if icação ,
q u an d o o vent o incid e p erp end icularm ent e à cu m eeira.

É im port ant e ressalvar q ue a form a, a alt ura, a in clin ação d o t elhad o e a d ireção dos vent o s
alt eram sig nif icat ivam ent e essas p ressões, co m o verem o s m ais ad iant e. N o ent ant o , a fig ura
19.1.3 m ost ra a d ist rib uição d e pressões em t elhad o s co m inclinaçõ es diferent es.

Podem os p erceb er q ue nos t elhad o s co m i n cl i n ação de 45°, o nd e o vent o in cid e cie fo rm a


p erp end icular à cu m eeira, t emos um a pressão de co m p ressão (p o sit iva) na água d e b arlavent o ;
sit uação q ue se invert e q uand o essa in clin ação passa p ara 30°, em q ue o s esforços passam a
ser d e su cção (negat ivos). N o s est udos que serão apresent ad os m ais ad iant e, poderem os p erce-
ber m elho r os efeit os d a form a d a ed if icação e o ang ulo de in cid ên cia d o vent o na d ist rib uição
d e pressões sobre um a ed if icação .

Ou t ra sit uação q ue elevemos ter present e q uand o analisam o s os efeit os d o vent o nos ed ifício s,
é q ue os esfo rço s não se d ist rib uem de form a ho m o g ênea em toda a sup erf ície, mas sim d e
m aneira lo calizad a, co m o esp ecif ica a at ual no rm a b rasileira N B- 599 (ver fig. 19.1.4).

N o ent ant o, é p reciso salient ar q ue os efeitos lo cais são açõ es d e curt a d uração e que por sua vez
não at uam sim ult aneam ent e, co m seus valo res m áxim o s, sobre todas as áreas m ais vulneráveis.

E53
A ação d o vent o se d á por rajad as, q ue por sua vez " o co rrem em um a seq üência aleat ória d e
f req üência e int ensid ad e" (Blessm ann), send o q ue q uant o m aio r for a velo cid ad e d e uma raja-
d a, m enor será a sua d uração . N o rm alm ent e as p eq uenas ed if icaçõ es é q ue são m ais at ingidas
pelos efeit os das rajad as.

O s m aio res d ano s no rm alm ent e são causad o s nas co b ert uras, co m o verem o s m ais ad iant e; no
ent ant o, t emos p resenciad o alg uns caso s em que eles rep resent am um a am eaça em p o t encial
à est ab ilid ad e lat eral de paredes co m alt uras elevad as e sem t ravam ent o no t opo, co m o cost u-
m a o co rrer em arm azéns, g alp õ es ind ust riais, q ue são as m aio res vít im as d a ação do vent o ,
q uand o essas ed if icaçõ es não foram p ro jet ad as o u execut ad as de form a ad eq uad a.

O q ue o co rre é q ue a fo rça do vent o at uand o nas p ared es e co b ert uras d a ed if icação produz um
esfo rço ho rizo nt al q ue result a em m o m ent o s flet ores nos p ilares e nas fund açõ es, d evend o ser
p revist a um a f und ação e um a superest rut ura d im ensio nad as p ara resist ir a esses esforços, o q ue
não aco nt ece em alg um as o b ras, e co m isso t emos um risco d e sinist ro p ela ação d o vent o.

O p io r q ue pode aco nt ecer é q uand o esse m o m ent o não é co nsid erad o nem na Infra e nem na
Sup erest rut ura. N essas co nd içõ es f ica m uit o red u zid a a cap acid ad e d a p ared e em resistir «às
rajad as de vent o . H á caso s em q ue o const rut or se p reo cup a co m o reforço do p ilar e se esque-
ce d a f und ação , o u vice- versa. O fato é q ue a f und ação e os p ilares d everão resist ir aos esfor-
ço s de vent o q ue at uaram nas p ared es e na co b ert ura.

Oco rreram diversos casos em que paredes inteiras t om baram p ela ação d o vent o, p rincip alm ent e
nos galpões indust riais, o nd e a sua est abilid ad e lateral não foi previst a corret am ent e para resistir
ao em p u xo do vent o. Nessas ed ificaçõ es, quase sem pre as paredes de fecham ent o ext erno não
são t ravadas por outras int ernas, ficand o assim m ais vulneráveis a um t om bam ent o.

N esse sent id o , pod em os p erceb er q uand o vi aj am o s q ue as ind úst rias lo calizad as ao longo d as
est radas t êm p ilares salient es d as alven arias. Isso se d eve à necessid ad e d e o elem ent o estrutu-
ral ficar co m sua inércia m aio r p erp end icular ao alinham ent o da p ared e, pois dessa forma terá
m elho res co n d içõ es d e resist ir ao em p u xo lat eral do vent o .

Co m relação ao fecham ent o lat eral d e p avilhõ es e ed if icaçõ es de m aio r alt ura, querem os cha-
mar a at enção para o uso cad a vez m aio r de p ainéis leves q ue são m o t ivo s de sinist ro d evid o a
um a f ixação inad eq uad a. Nesses caso s é m uit o im port ant e q ue se f aça u m est udo d a p ressão
d o ven t o d e f o rm a a b al i zar o sist em a m ais ad eq u ad o t écn i ca e eco n o m i cam en t e p ara a
so lid arização d as p lacas na est rut ura.

Devem o s t am b ém t om ar alg uns cuid ad o s d urant e a execu ção da o b ra, pois pode haver nessa
fase um a co n cen t ração d e esforços d evid o à ação do vent o . Esse fato o co rreu durant e a co ns-
t rução de um g alp ão ind ust rial, o nd e se t inham levant ad o ap enas três p ared es lat erais; um a
rajad a de vent o ent rando p ela ab ert ura d eixad a d errub o u a p ared e opost a, ap esar d e o p ro jet o
est rut ural ter d im ensio nad o co rret am ent e a est rut ura para a ação d o vent o .

O q ue o co rreu é q ue nesta sit uação ho uve um a co n cen t ração de esforços aci m a do previst o,
em f unção d as co nd içõ es d a obra naq uele m o m ent o (ver fig. 19.1.6).

Fig. 19.1.6. Ação do vento durante fase de execução da obra


Porém , tanto o leit or co m o nós já t ivem os o p o rt unid ad e de o b servar vário s caso s nos quais esses
cuid ad o s não foram t om ados e q ue, por sua vez, as ed if icaçõ es não foram vít im as d a ação d o
vent o . N o ent ant o, esse t ipo d e co nst at ação por um p ro fissio nal m eno s p rep arad o , o u por um
const rut or m ais p reo cup ad o em red uzir seus cust o s e aum ent ar os lucro s, ind uz, infelizm ent e, a
pensar q ue não se d eva d ar m uit a im p o rt ância à ação d o vent o .

Essa post ura acab a result and o em ed if icaçõ es ap aren t em en t e seg uras, m as q ue na verd ad e
não se pode avaliar q ual será o seu co m p o rt am ent o q uand o , d e fato, forem at ing id as por fortes
vent o s, send o q ue nesse m o m ent o est arão m ais à m ercê da sort e do q ue out ra co isa.

O q ue o co rre alg um as vezes é q ue a est rut ura de co b ert ura, d isp o nd o de alg um a reserva na sua
cap acid ad e em resist ir esforços, ven h a a f uncio nar co m o um t ravam ent o t em porário cias pare-
des lat erais, co lab o rand o assim a favor d a est ab ilid ad e d o co njunt o .

N o ent ant o , d evem o s ter em m ent e q u e essa p seud o - est ab ilid ad e d ep end e d a est rut ura d e
co b ert ura, q ue na m aio r ia d as vezes não foi d i m en si o n ad a para ab so rver t al resp o nsab ilid a-
d e, p o d end o , n u m a sit u ação em q ue a ação do vent o for m ais cr ít i ca, n ão resist ir e o co rrer
ent ão u m sinist ro .

A co nsid eração do vent o d eve ser feit a co m m uit o crit ério e cu id ad o , tanto do pont o d e vist a
t écnico co m o eco n ô m i co , um a vez q ue a ação d o vent o causa g rand es esfo rço s, porém q uase
sem p re d e fo rm a l o cal i zad a. Por esse m o t ivo é q ue se d eve avaliar os pont os d e m aio r pressão
d o vent o , evit and o - se os risco s d e um co lap so p arcial, sem a necessid ad e de um d im ensio na-
m ent o o nero so q ue leve em co nsid eração a p io r sit uação em toda a ed if icação .

As ed i f i caçõ es resid en ciais o u co m er ci ai s co nst ruíd as co m est rut ura d e co n cret o arm ad o e
fecham ent o em alvenaria não est ão m uit o vulneráveis à ação do vent o , t endo em vist a que a
t ram a est rut ural e a p r esen ça dos p an o s d e al ven ar i as p er p en d i cu l ar es f u n ci o n am co m o
t ravam ent o do co njunt o , d ist rib uind o e d issip and o os esfo rço s do vent o sem cau sar d«inos. Ex-
ceção feita aos p réd io s alt os, nos q uais, d ep end end o d a relação ent re a alt ura e a menor largu-
ra, é reco m end ad a p ela A BN T a co nsid eração d a ação do vent o na ed if icação .

Ch am am o s a at enção para alg uns ed if ício s co m er ciais m o d erno s, q ue são p rojet ad os com vão s
int ernos sem alvenarias, em q ue as d ivisõ es d e am b ient es são feitas co m d ivisó rias leves. Nes-
se caso não p o d erem o s co nt ar co m o t ravam ent o d as alvenarias, send o reco m end ad o ent ão
q ue se verif iq ue a ação d o vent o .

O m aio r n ú m ero d e sinist ro s d evid o à ação dos vent o s o co rre nas est rut uras m et álicas d e
co b ert ura, t end o em vist a se t rat ar d e elem en t o leve e, port ant o, m ais vu l n er ável à ação d as
carg as aci d en t ai s.

Por out ro lad o , a m aio ria d elas é fo rnecid a e inst alad a por em p resas q ue, para aum ent arem seus
lucro s o u g anharem a co n co rrên cia, t iram a d if erença no d im ensio nam ent o d a est rut ura, não se
p reo cu p an d o em f azer um p ro jet o cal cu l ad o o d et alhad o co rret am ent e. N essas co n d içõ es,
m uit as vezes a ação d o vent o é ignorada, result ando ent ão em inúm ero s caso s d e sinist ros.

A solução de cobertura met álica formada por arcos co m tirantes e telhas de chapa fina de aço zincad o
tem sido muito empregada, por vencer grandes vãos e ser de baixo custo. N o entanto, por ser muito
leve, está mais sujeita aos efeitos de sucção provocados pelo vento, resultando num a inversão de
esforços que ela não tem condições de absorver, im plicando inúmeros casos de sinistros.
N o rm alm ent e os esforços de valo res sig nif icat ivo s p ro vo cad o s p elo vent o são os d e sucção e
at uam sobre áreas não m uit o ext ensas, co ncent rand o - se p ró xim o das arest as e q u in as das pare-
d es, b em co m o em lo cais esp ecíf ico s do t elhad o . Devem o s ter em m ent e que são m uit os os
fatores q ue int erferem na ação do vent o e que os est udos d e lab orat ório têm co lab o rad o m uit o
para um m elho r ent end im ent o d o f enô m eno . N o ent ant o, não se co nseg ue rep ro d uzir nos t úneis
d e vent o as m esm as co nd içõ es d a nat ureza.

Tem o s o b servad o q ue, send o a ação do vent o lo calizad a, o q ue o co rro q uase sem pre é um
d ano p arcial e q ue ap enas em circunst âncias excep cio n ais const at am os um co lap so total d e
um a est rut ura p ela ação do vent o . Ap enas nos caso s o nd e ho uver um a so m at ó ria dos esfo rço s
p red o m inant es de su cção co m os event uais d e so b rep ressão int erna, ent ão poderem os ter um
co lap so g en eralizad o .

Geralm en t e as sucçõ es em co b ert uras são m aio res em t elhados co m p o uca in clin ação . Acred i-
t ava- se ant ig am ent e q ue os t elhad o s p lano s eram os q ue est avam sujeit os aos m aio res esfo rço s
o
d e su cção ; no ent ant o, os est udos m o st raram q ue isso o co rre co m in clin açõ es ent re 8 e 12°
para cert as p ro p o rçõ es de p avilhõ es, co m o verem o s m ais ad iant e.

Diant e d o anteriormente exposto, recom endam os que se analise co m cuid ad o cad a tipo de estrutu-
ra que se está projet ando, bem co m o a sua cap acid ad e de resistir os esforços acident ais cb vent o.

Esse cu id ad o d eve ser m aio r em alg um as regiões do Brasil, p rincip alm ent e no Sul, o nd e t em os
p resenciad o a m aio r o co rrên cia de vent o s fort es. N o ent ant o , d evem o s p esq uisar sem p re o
hist ó rico de o nd e se está p ro jet and o , o b jet ivand o verif icar se o m esm o já foi vít im a d e sinist ros
p ro vo cad o s por vend avais, o q ue ind icaria a necessid ad e de se t om ar os d evid o s cuid ad o s.

Dent re os fatores q ue m ais co lab o ram p ara alt erar os efeit os do vent o , vam o s analisar de forma
resum id a os referent es à d ireção , à i n cl i n ação e ao form at o d o t elhad o , e as p ro p o rçõ es d a
ed i f i cação . Po rém , exist em o ut ro s elem ent o s q ue int erferem na ação do vent o , tais co m o :
rugosidade da sup erf ície e ed if icaçõ es cap azes d e p ro d uzirem t urb ilho nam ent o , d o tipo torres
d e ig reja, ch am in és, o b elisco s, ed if ício s alt os et c. Já fo ram const at ados caso s de arrancam ent o
d e t elhas em co b ert uras sit uad as a sot avent o d e torres d e ig rejas.

19.2. COBERTURAS PLANAS DE DUAS ÁGUAS

M ostraremos a seguir alguns resultados obtidos em estudos efetuados para coberturas em duas águas,
realizados no Laboratório de Aerodinâm ica das Construções (LAC), do curso de Pós- Graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grand e do Sul, em convênio co m o IPT- Fundatec.

O o b jet ivo é most rar para o leitor que o esfo rço p ro d uzid o polo vent o nas co b ert uras atua co m
m ais int ensid ad e em pont os lo calizad o s, variand o em f unção d a d ireção do vent o , das d im en-
sões d a ed if icação , do form at o e d a i n cl i n ação do t elhad o . N o ent ant o, não d evem o s esq uecer
q ue são result ados d e lab orat órios q ue levaram em co n sid eração alg um as caract eríst icas prin-
cip ais d a ed if icação , send o que na realid ad e sab em o s q ue um a série d e out ros fatores t am b ém
int erfere de form a sig nif icat iva na ação d o vent o .

Para f acilit ar o ent end im ent o dos result ad os q ue serão ap resent ad o s em t ab elas e d esenho s
esq uem át ico s, ap resent am os a seguir a figura 19.2, a q ual fo rnece alg um as info rm açõ es co m o
âng ulo s, d ireção do vent o e no m enclat uras b ásicas.
O co ef icient e m éd io de p ressão lo cal, calcu lad o para um a f aixa d e largura unit ária d a cobert u-
ra, será d esig nad o por Ce (co eficient e de form a lo cal).
_ Corto do Tolhado com uma Água
Em Planta

19.2.1 .V e n t o Pe r p e n d i c u l a r à Cu m e e i r a

Ap resent arem o s alg uns result ados obt idos em laborat ório, para in cid ên cia d e vent o perpendi-
cu lar à cum eeira (ver fig. 19.2.1).

Fig. 19.2.1. Vento perpendicular a cumeeira de duas águas

Tab ela 10 - Co ef icient e d e form a para co b ert uras em d uas águas p lanas, co m in clin ação de 15'
e vent o p erp end icular à cu m eeira.

Dim ensõ es (m m ) Pro p o rçõ es Ce


a x b x h h/ b a/ b Ág ua d e Barlaven t o Ág ua d e So t avent o
160 x 1 6 0 x 4 0 1 - 0 ,5 0 - 0 ,5 0
320 x 1 6 0 x 40 VA 2 - 0 ,6 0 - 0 ,5 5
640 x 1 6 0 x 4 0 4 - 0 ,6 5 - 0 ,6 0
160 x 160 x 80 1 - 0 ,7 5 - 0 ,5 0
320 x 1 6 0 x 8 0 Vi 2 - 0 ,8 5 - 0 ,5 0
640 x 1 6 0 x 80 4 - 1 ,0 0 - 0 ,5 5
1 9 .2 .2 . Ven t o Par al el o à Cu m e e i r a

Ap resent am o s na figura a seguir o s co eficient es d e form a para vent o incid ind o de m odo parale-
lo à cu m eeira de t elhad o co m d uas águas (ver fig. 19.2.2).

-0.9 -0.35 -0.15 -0.15


Vento
a/ b = 2
0° -0.9 -0.35 -0.15 -0.15

a

Elevação
(Perfil de Pressão)

- v
Vento
=o0
I h h/b = 1/2
0

Fig. 19.2.2. Vento paralelo à cumeeira de duas águas

1 9 .2 .3 . Ven t o a 4 5 ° em Co b er t u r a d e D u a s Á g u as

Ap resent am o s na figura a seguir os co ef icient es d e form a p ara vent o in cid in d o d e m o d o inclina-


d o , a 4 5 ° em relação à cum eeira de t elhad o co m d uas águas (ver fig. 19.2.3).

H
0.1b 0.1b

-1.0 -0.9

-1.5 -1.8

n
5 0.2b

-1.1 -0.9

15°
J
a/4
h
-1.25 -2.3

—b—
0.1b . . 0.1b

-1 .2 - 1 .2

-1.7 - 2 .1

0.2b
M 7 —
-1.3 -1.2

-1.3 -1 .0

-1.8 -2.3

-1.26

a/4
^ i ^ — r

-1.8 -2.5
h/b = 1/2 h

Fig. 19.2.3. Ações locais do vento em telhados de duas águas. Ensaios do LAC. Valo res m édios

Tabela 11 - Pontos de sucção para vento a 45°. Telhado de duas águas co m ângulo de 15° (ver fig. 19.2.4).

Ce(m in)
a/ b h/ b
Ponto (1) Ponto (2) Ponto (3)
VA - 2 ,0 5 - 1 ,0 6 - 1 ,7 8
1
VI - 2 ,2 9 - 1 ,7 8 - 1 ,8 7
VA - 2 ,3 4 - 0 ,9 9 - 1 ,7 3
2
Vz - 2 ,3 6 - 1 ,6 6 - 2 ,1 4
VA - 2,41 - 0 ,8 2 - 1 ,5 5
4
Vi - 2 ,6 9 - 1 ,6 7 - 2 ,2 1

15°

b o1
°3

<>2

a b

t?
Fig. 19.2.4. Vento a 45°, pontos de ce (m in)
1 9 .3 . C O B ERT U RA S CU RV A S

Da m esm a form a co m o foi ap resent ad o na co b ert ura p lana de d uas águas, m ost rarem os a se-
guir alg uns result ados obt idos em est udos efet uados para cob ert uras cu rvas, realizad o s no La-
borat ório d e Aero d in âm ica d as Co nst ruçõ es (LAC), do curso d e Pó s- Grad uação em Eng enharia
Ci vi l da Universid ad e Federal do Rio Gran d e d o Sul, em co n vên io co m o IPT- Fundat ec.

Val em as m esm as reco m en d açõ es feit as p ara a co b ert ura p lana d e d uas ág uas, no q ue d iz
respeit o aos esfo rço s co m int ensid ad e em pont os lo calizad o s e varian d o co nf o rm e as d im en-
sões d a ed if icação , lem b rand o q ue são result ados t eó rico s e que na realid ad e outros fat ores
t am b ém int erferem na ação dos vent os sobre as ed if icaçõ es.

Para f acilit ar o ent end im ent o dos result ad os q ue serão ap resent ad o s em t ab elas e d esenho s
esq uem át ico s, ap resent am o s a seguir a figura 19.3.

Foram feitos ensaio s em q uat ro m o d elo s diferent es, co nf o rm e t abela ab aixo :

Tab ela 12 - Dim ensõ es e p ro p o rçõ es dos m o d elo s.

Dim en sõ es (m m ) Pr o p o r çõ es
M o d elo O
ax b xh f R axb xh f/ b
A 640 x 160 x 80 16 208 4 x 1 x 0,5 0,10 22,6°
B 640 x 160 x 80 32 116 4 x 1 x 0,5 0,20 43,6°
D 640 x 160 x 40 16 208 4 x 1 x 0,25 0,10 22,6°
E 640 x 160 x 40 32 116 4 x 1 x 0,25 0,20 43,6°

1 9 .3 .1 . Ven t o Par al el o à Cu m e e i r a

Ap resent am o s a seguir, na t abela 13, os result ados dos co ef icient es de form a m édios, para a
in cid ên cia d e vent os p aralelo s à cum eeira de cob ert uras curvas.
Tab ela 13 - Pressão m éd ia para vent o p aralelo à cu m eeira. Ver fig. 19.3.1

Valores de 100 Cp e médio para modelo


Zona M in.
A B D E
1 - 85 - 75 - 80 - 80 - 85
2 - 55 - 55 - 30 - 30 - 55
3 - 20 - 20 - 05 - 10 - 20
4 00 00 00 00 00
5 00 00 00 00 00
6 00 00 00 00 00

b/3 . b/3 , b/3 a/4 a/4 a/4

1 2 3 4 5 6
VENTO

0o

a
ELEVAÇÃO

(PERFIL DA PRESSÃO)

+ CORTE

VENTO
o =0
0

h/b = 1/2

Fig. 19.3.1. Vento paralelo à cumeeira

1 9 .3 .2 . Ven t o Per p en d i cu l ar à Cu m e e i r a

Ap resent am o s a seguir, na t ab ela 14, os result ados dos co ef icient es de form a m édios, para a
in cid ên cia d e vent o s p erp end iculares à cu m eeira de co b ert uras curvas.

lâb ela 14 - Pressão m éd ia para vent o p erp end icular à cum eeira (ver fig. 19.3.2).

Valores de 100 Cp e médio para modelo


Zona M in.
A B D E
1 - 160 - 85 - 100 - 25 - 160
2 - 80 - 85 - 55 - 65 - 85
3 - 70 - 90 - 55 - 80 - 90
4 - 70 - 65 - 55 - 55 - 70
5 - 50 - 45 - 40 - 40 - 50
6 - 35 - 45 - 30 - 40 - 45

N
S 6 f

VENTO
O h
90°

Fig. 19.3.2. Vento perpendicular à cumeeira

1 9 .3 .3 . Ven t o a 4 5 ° e m Co b er t u r a Cu r v a

Ap resent am o s a seguir, na fig. 19.3.3, o s result ados dos co ef icient es de fo rm a lo calizad o s, para
a in cid ên cia d e vent o s a 45° co m a cum eeira d e co b ert uras curvas.

f/b=
h/b=

b/10 b/10 b/10


f

, b

Fig. 19.3.3. Vento a 45° em coberturas curvas (valores de Cp e médio)

A t abela 15 apresent a o s pont os de su cção , Cp e m in (valo res m ín im o s d e Cp e para cad a inci-


d ên cia de vent o), result ant es d as três in cid ên cias de vent o .

Tab ela 15 - Pontos d e su cção

Val o r es d e 1 0 0 Cp e m éd i o p ar a m o d el o
I n ci d ên ci a M in.
A B D E
o
0 - 92 - 80 - 98 - 94 - 98
45° - 171 - 241 - 146 - 169 - 241
90° - 192 - 126 - 144 - 98 - 192
M in. - 192 - 241 - 146 - 168 - 241

1 9 .4 . C O B ERT U RA S M Ú LTI PLA S

N as cob ert uras m últ ip las, o vent o t am b ém p ro d uz esforços b asicam ent e de su cção , d evend o
nesses caso s se o b servar a linha d e esco am ent o do f luxo incid ent e, o u seja, a est eira do vent o .
Para q ue se t enha um a id éia m elho r d a ação do vent o em t elhados m últ ip lo s, m ost rarem os a
seguir alg uns result ados de co ef icient es de form a ext erno s, obt idos em ensaio s por D ' H avé -

Fig. 19.4. Vento a 90° em cobertura múltiplas (valores dos


coeficientes de forma externos - d' have - 1963)

Co m o se pode perceber, a grande m aio ria dos esforços sig nificat ivo s é d e su cção .

19.5. AÇÃO DO VEN TO EM BEIRAIS

A in cid ên cia d e sinist ros nos t elhad o s o co rre co m m aio r f req üência nos b eirais, p rincip alm ent e
q uand o o vent o incid e d e forma p erp end icular à parede d e b arlavent o , gerando u m fluxo de ar
cíeflet ido q ue p ro vo ca um a so b rep ressão no b eirai, o u seja, um esfo rço d e b aixo p ara ci m a, q ue
por sua vez vai se so m ar à su cção , p o d end o nessas co n d içõ es causar d anos no t elhad o .

Para se ter um t erm o de co m p aração , p o d em o s adot ar p ela no rm a as faixas d e variação dos


co ef icient es de pressão p ara as d iversas regiões d o t elhad o (ver t abela 16).

Tab ela 16

Região da cobertura Coeficientes de pressão


Partes cent rais do ed if ício - 0 ,7 < Cp < - 1 , 8
Beirais desprot egidos e f aixa d e cum eeira - 1,1 < Cp < - 2 , 6
Qu i n as desprot egidas Cp < - 3 ,0

Ap resent am o s a seguir, na t abela 17, o s valo res da pressão d in âm ica e na t abela 18 os valo res
d e pressão d i n âm i ca d e su cção p ara os b eirais desprot egidos, co nsid erand o - se um a casa t érrea
co m 3 m d e alt ura, um a casa assob rad ad a co m 6 m de alt ura e um a ed if icação indust rial co m
12 rn d e alt ura; foi adot ada um a velo cid ad e b ásica d e 45 m/ s, fator de rugosidade do t erreno
igual a 2.
Tab ela 17

Al t ur a da Edif icação (m) Pressão Di n âm i ca (Kgf / m 2) b


3 m 49
6 m 64
12 m 93 ||

Tab el a 18

Al t ur a d a Ed i f i cação Faixa de Pressão de Su cção Di n âm i ca


2 2
3 m 54 kgf/ m < Q A < 127 kfcf/ m
J 2
6 m 70 kft f/ m < Q A < 166 kftf/ m
2 2
12 m 102 kgf/ m < Q A < 242 kgf/ m

19.6. AÇÃO DO VEN TO EM PLATIBANDAS

O s est u d o s q u e f o r am f eit o s p ar a aval i ar a i n f l u ên ci a d as p l at i b an d as m o st r ar am u m a g r an -


d e v ar i ação d e r esu l t ad o s e m f u n ção d a alt u ra d a p l at i b an d a, d a i n cl i n ação d o t el h ad o , d a
al t u r a d a ed i f i cação , d o ân g u l o d e i n ci d ên ci a d o ven t o e o u t r o s. Em f ace d a co m p l exi d ad e
d esses r esu l t ad o s e t en d o sem p r e em vi st a q u e a p ro p o st a d o no sso t r ab al h o é alert ar p ar a
si t u açõ es q u e d evem ser evi t ad as d e f o rm a a m i n i m i zar o r i sco d e u m si n i st r o , m o st r ar em o s
ap en as t rês co n cl u sõ es d as set e ap r esen t ad as p el o p ro f . Bl essm an n n o seu l i vr o xvutsrponmlihfedcbaYUSRP
Ação do
vento em telhados.

• " U m a p lat ib an d a d e p eq u en a alt ura é m ais n o ci va d o q u e n en h u m a, p rin cip alm en t e co m


vent o o b l íq u o ."
• " U m a m esm a p lat ib an d a, d c alt ura p eq u en a o u m éd i a, em g eral será t ant o m ais p r ej u d i ci al
q u an t o m aio r a i n cl i n ação d a co b ert u ra."
• Daven p o r t , Su rry e St at ho p o ulo s (cient ist as q u e p esq u isaram o s efeit o s d as p lat ib and as em
co b ert uras) co n cl u ír am q u e: " o efeit o d e p lat ib an d as é d esf avo rável e é reco m en d ável evit á-
las q u an d o não f o rem ab so lu t am en t e n ecessár i as" .

19.7. PRESSÃO INTERNA

M o st ram o s at é ag o ra os efeit os d o vent o nas part es ext ern as d as ed i f i caçõ es. N est e cap ít u lo ,
vam o s ver al g u m a co i sa so b re os esf o rço s p r o vo cad o s p elo ven t o d evi d o às p ressõ es int ernas
em f u n ção d as ab ert uras exist ent es nas p ared es d e f ech am en t o . Essas co n si d er açõ es são im -
p o rt ant es, p o is m o st ram o ut ro fator g erad o r d e sinist ro s, u m a vez q u e os efeit o s int ernos p o d em
se so b rep o r ao s ext erno s, result and o em f o rças cap azes d e p r o vo car sério s d an o s.

Ci t ar em o s a seg uir alg uns co n cei t o s co m r el ação às ab ert uras, t end o em vist a q u e p ara se falar
u m p o u co sobre p ressão int erna p recisam o s p rim eiro ent ender, m esm o q u e d e fo rm a sup erf icial,
co m o isso o co r r e, t end o em vist a serem as ab ert uras os elem en t o s m ais im p o rt ant es p ara se
aval i ar os esf o rço s q u e surg iram no int erio r d e u m a ed i f i cação .
1 9 .7 .1 . ín d i ce d e Per m eab i l i d ad e

O índ ice d e Perm eab ilid ad e é a relação ent re a so m a d as áreas d as abert uras exist ent es em um
p ainel e a área total d o m esm o . N ão irem o s nos ater a esse it em , um a vez q ue ele tem m aio r
im p o rt ância para o cál cu l o d a p ressão int erna, o q ue foge ao esco p o dest e t rab alho .

1 9 .7 .2 . Ab er t u r a D o m i n an t e

Ab ert ura Do m in an t e é aq uela de m aio r área em relação a cad a um a d as d em ais abert uras. Para
se ter um a id éia d a im p o rt ância d a Ab ert ura Do m inant e co m relação a sua p o sição na ed if icação ,
vam o s nos ater à fig. 19.7.2, o nd e t emos três sit uaçõ es t ot alm ent e d ist int as.

Fig. 19.7.2. Localização da abertura dominante

Fig. A: N esse caso t em os a ab ert ura p r i n ci p al sit uad a a b arlavent o ; p o d em o s p erceb er q ue


o co rre um a so m at ó ria dos esfo rço s int ernos e ext erno s, tanto p ara a co b ert ura co m o para a
p ared e de sot avent o. Essa sit uação se co nfig ura co m o de alt o risco , um a vez q ue podemos ter
o co lap so d a co b ert ura se os esforços sup erarem em m uit o o peso da co b ert ura, o u até m esm o
o t o m b am ent o d a p ared e d e sot avent o, se a est rut ura de sust ent ação não foi projet ada p ara
suport ar esse acú m u l o de pressão.

Fig. B: Aq ui a sit uação se invert e e a abert ura p red o m inant e fica sit uad a a sot avent o, sit uação
q ue favo rece as co nd içõ es d e eq uilíb rio d a co b ert ura, p o rém ag rava os esfo rço s na parede d e
b arlavent o . N esse caso , t emos m aio r p o ssib ilid ad e d e os sinist ros f icarem restritos apenas à
p ared e o nd e o co rre a in cid ên cia front al do vent o .

Fig. C: Qu an d o a ed if icação pode co nt ar co m abert uras m ais o u m eno s iguais nas paredes d e
b arlavent o e sot avent o, o vent o p assará por dent ro d a m esm a sem p ro d uzir esforços significat i-
vo s q ue p o ssam ag ravar o eq u ilíb rio d e seus co m p o nent es, send o essa, port ant o, a sit uação zyxvutsrqponml
m ai s ad eq u ad a p ar a se evi t ar as p r essõ es i nt er nas.

Pelo ant erio rm ent e exp o st o , p o d em o s d izer q ue no caso d e ed if icaçõ es co m t elhados leves,
sem p re q ue p ossível d evem o s ab rir as port as e janelas sit uadas a sot avent o. Ag ind o assim esta-
rem os m i n i m i zan d o os esfo rço s na co b ert ura, q ue por sua vez é o pont o m ais fraco d e um
p avilh ão ou arm azém execut ad o co m t reliças m et álicas e t elhas leves.

O prof. Blesm ann alert a para o risco de haver eng ano e ab rirem - se as port as e janelas a b arla-
vent o . N essas co n d içõ es seria " p io r a em end a q ue o so net o " . Alert a q ue é m elho r d eixar t udo
abert o ou fechad o para se co rrer m enos risco .
Co m o acab am o s d e ver, a p ressão int erna d ep end e b asicam en t e d as áreas d as abert uras e
t am b ém do t ipo e lo calid ad e d as m esm as. Irem os fazer agora um a classif icação co m relação à
fo rm a de o co rrência dessas abert uras.

1 9 .7 .3 . Ab er t u r as N o r m ai s

Ab ert uras no rm ais são aq uelas d e co nf ig uração norm al na m aio ria d as o b ras, co m o o p ró p rio
no m e d iz, p o d end o ser: Portas, janelas, Lant ernins Vent ilad o s, Paredes Vazad as, Vent ilação na
Co b ert ura, et c. Qu an d o essas abert uras são p ensad as co rret am ent e na co n cep ção d c p ro jet o
arq uit et ô nico e levad as em co nsid eração nos cálcu lo s est rut urais, não se t ransfo rm am em fon-
tes de p ro b lem as e sim de so lução , co m o verem o s logo ad iant e.

Alg uns sinist ros q ue p o d em o co rrer d evid o às abert uras no rm ais são frutos d a falt a d e co nsid e-
ração dos arquit et os e eng enheiro s, q ue não levam em co nt a a im p o rt ância das abert uras e
seus efeit os na ed if icação d evid o à ação do vent o .

Ou t ro fator q ue causa sinist ros em ab ert uras no rm ais é o m anuseio errad o d elas, com o já foi
alert ad o ant erio rm ent e. Para ilust rar co m um fato real, vam o s cit ar um sinist ro o co rrid o no inte-
rior d o est ad o de São Paulo, o nd e um g alp ão indust rial d e grandes p ro p o rçõ es, cobert o por um
t elhad o cu r vo , t eve part e d as t elhas de al u m ín i o arrancad as.

A fig. 17.9.3 most ra os d et alhes do referido g alp ão , no q ual q uerem o s ch am ar a at enção d o


leit or para um a ab ert ura d e ap ro xim ad am ent e 50 cm ao longo d e toda a p ared e d e b arlavent o
junt o ao t elhad o e so m ent e nesta p ared e, b em co m o p ara as d uas port as, u m a em cada facha-
d a, sendo q ue no in ício d a vent ania elas est avam abert as.

O vent o in cid iu n u m a d ireção p rat icam ent e axi al , sendo q ue nas co nd içõ es em q ue se en co n -
t ravam as port as os esforços int ernos d e su cção o u sobrepressão foram d e p eq ueno valor, um a
vez que o vent o p o d ia ent rar e sair livrem ent e; no ent ant o, os f uncio nário s reso lveram fechar a
porta de b arlavent o , crian d o co m isso pressões int ernas d e su cção em t orno d e - 0 ,4 , sit uação
g erad a p ela p eq uena ent rad a junt o ao t elhad o e p ela port a abert a d e sot avent o, sendo essa
co n d i ção favo rável para a est ab ilid ad e do t elhad o .

Ent ret ant o, reso lveram f echar t am b ém o port ão de so t avent o , o q ue result o u em sob rep ressões
int ernas var i an d o ent re + 0,4 e + 0,6 d evi d o às ab ert uras p ró xim as d a co b ert ura, q ue p or sua
vez so m ad as às pressões d e su cção ext ernas p ro vo caram o arran cam en t o d as t elhas n u m a
f aixa d a co b ert u ra.

Co m o se pode p erceb er nest e exem p lo real, as abert uras em ed if icaçõ es desse t ipo d evem ser
t rat adas co m crit ério t écnico p ara se evit arem sinist ros.
1) Portões Abertos

Sucções e Vento
Sobrepressões
Pequenas

2) Portão de Barlavamento Fechado e o de Sotavento Aberto

V E N T O
Sucção Interna ,
(N - 0.4)

3) Portões Fechados
Região
Danificada
Sobrepressão r
Vento
Sucção Externa

Arrancamento de Telhas'

Fig. 19.7.3. Sinistro causado pelo aumento da pressão interna

1 9 .7 .4 . Ab er t u r as A ci d en t ai s

Ab ert uras acid ent ais são aq uelas q ue p o d em surgir de form a im p revist a, co m o q ueb ra de cai xi -
Iho/ vid ros, q ued a de p ainéis d e ved ação ou part e d a co b ert ura. Devem o s ter em mente q ue
p ainéis envid raçad o s o u m esm o cai xi l h o s p o d em ser rom p id os co m a ação d iret a d o vent o, o u
d evid o a o b jet o s lançad o s co nt ra eles.

H á caso s t am b ém d e portões de hangares e arm azéns q ue fo ram abert os pela fo rça do vent o ,
result ando no surgim ent o d e grandes esfo rço s int ernos, q ue so m ad o s aos ext erno s p ro vo caram
co lap so p arcial o u t ot al, p rincip alm ent e na co b ert ura.
Para cit ar um exem p lo , lem b ram o s de um sinist ro d e grandes p ro p o rçõ es o nd e o co rreu o total
arrancam ent o da est rut ura e co b ert ura d e um clu b e no Rio Gr an d e d o Sul, d evid o à quebra dos
vid ro s da f achad a d e b arlavent o , q ue não resist iram à p ressão d o vent o . N essas co n d içõ es
ho uve um a so m at ó ria dos esforços de su cção ext erno s co m o s de so b rep ressão int ernos, provo-
can d o o arrancam ent o de todo o t elhad o de fo rm a vio lent a.

Qu an d o o co rre ent ão um a abert ura acid ent al, est am os d iant e d e um a sit uação de alto risco ,
t endo em vist a q ue nessas co n d içõ es p o d erão surgir grandes pressões int ernas, q ue, por sua
vez, não são no rm alm ent e p revist as nos cálcu lo s est rut urais.

1 9 .7 .5 . Ab er t u r as Co n st r u t i vas

Abert uras const rut ivas são aquelas que naturalmente vão exist ir durante o processo de const rução
da obra, que por sua vez tem elevad o pot encial de gerar sinistros se não forem bem planejadas.

Qu erem o s ch am ar a at enção do leit or para alg um as sit uaçõ es esp ecíf icas, em q ue, apesar d e
os cálcu lo s est rut urais co nsid erarem co rret am ent e o s esforços d evid o à ação do vent o, aind a
assim p o d em o s ficar sujeit o s a um sinist ro d urant e a fase de execu ção da o b ra.

Pode p arecer p o uco p ro vável, m as já co nst at am o s alg uns caso s em q ue as et apas de execu ção
d a obra favo receram para q ue o vent o ad q uirisse m ais velo cid ad e e m aio r pressão. Isso ocor-
reu d urant e a co nst rução de d uas indúst rias no int erior d o est ado d e São Paulo, d evid o à se-
q ü ên cia d e levant am ent o d as alvenarias, o nd e fo ram erg uid as três p ared es d eixand o um a p ara
ser feit a post eriorm ent e. Nos d ois caso s essa abert ura fico u vo lt ad a p ara a d ireção dos vent o s
p red o m inant es naq uele lo cal, d e tal form a q ue num a d as ed if icaçõ es um a das p ared es foi total-
m ent e d errub ad a e na out ra os b lo co s d e co ncret o q ue serviam de ved ação foram lançados a
m ais de 30 m d e d ist ância sem t om bar a est rut ura de co ncret o (ver figuras 19.1.2).

A p ressão int erna tem sid o a cau sa d e alg uns sinist ros em ed if icaçõ es co m g rand es esp aço s
int ernos e co m cobert ura leve, do tipo Arm azén s Indust riais, Depósit os, Salões de Club e, I langares,
Pavilhões de Exp o sição , et c. Port ant o, nesses caso s é m uit o im port ant e um a avaliação crit eriosa
d a in f lu ên cia d as ab ert uras na p ressão q ue será g erad a p elo vent o , p rin cip alm en t e q u an d o
essas ab ert uras est ão sit uad as em zo n as sub m et id as a so b rep ressõ es el evad as, pois h averá
um a so m at ó ria co m os esforços gerados ext ernam ent e, aum ent and o a p o ssib ilid ad e de sinist ro
d evid o à sup erp o sição dos esfo rço s d e su cção .

Por out ro lado, p o d em o s p rever alg um as abert uras em pont os est rat égicos, nas p ared es e t elha-
d o s, d e t al sorte q ue p ro d uzam um efeit o d e su cção int erna, p rincip alm ent e nos t elhados, p ois
irá co m p ensar os esfo rço s ext erno s.

O prof. Blcssm ann recom enda algumas soluções apresentadas na fig. 19.7.5, salient ando que deve-
mos conjugar duas ou mais soluções para se ter um bom resultado. Diz t ambém que as soluções
apresentadas nas figs. A, B, C e D são efetivas para ventos co m incid ência normal à cum eeira; já as
dem ais soluções apresentadas nas fig. A e D são eficient es co m ventos axiais o u oblíquos, sendo
que as aberturas a sotavento o u em todo o cont orno da ed ificação sempre são efet ivas.
fecha abro fecha

VENTO \ ^ VENTO

a) Cumeeira com ventilação b) Janelas tipo válvula c) Lantemim fechado no lado


em telhados de pequena inclinação no lanternim dos ventos mais fortes

d) Tolhas especiais
com ventilação e) Aberturas permanentes f) Aberturas permanentes
nas paredes laterais, em todas as paredes
próximo a seus extremos

Telhas mal fixadas

Portão aberto
abre fecha
acidentalmente

~~' VENTO
g) Janelas tipo válvula nos oitões h) Telhas mal fixadas ') Aberturas pormanantos
em todas as paredes

Fig. 19.7.5. Soluções para minimizar ações do vento nas edificações

• Cum eeira co m vent ilação em t elhados d e p eq uena in clin ação .


• Co l o cação d e lant ernim em lo cais sujeit o s à su cção ext erna p ara q ualq uer o rient ação d o
vent o .
• Uso de t elhas esp eciais co m vent ilação .
• Ab ert uras p erm anent es, nas p ared es p aralelas à d ireção d o vent o e sit uad as p ró xim o s às
bordas de b arlavent o , que são zo nas d e alt as sucçõ es ext ernas.
• Ab ert uras p erm anent es em t oda a p eriferia.
• Janelas b asculant es co lo cad as nos o it õ es, q ue f u n cio n em co m o vál vu l as, ab rind o sem p re
p ara fora, d e tal fo rm a q ue em caso d e ven d aval a j an el a de b arlavent o se feche e a d e
sot avent o se ab ra. N o ent ant o, d evem o s ter em m ent e que essa so lução não é tão eficient e
q uant o a ab ert ura em t od a a p erif eria, p o is t ais j an el as est ão sit uad as em zo nas d e alt a
su cção ext ern a.
• Ab ert uras de em erg ência nos pont os m ais vulneráveis, co m o t elhas m al f ixad as q ue possam
ser arrancad as f acilm ent e, al i vi an d o event uais sobrepressões int ernas.
19.8. CON SIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O VEN TO

Co m o se pode p erceb er, o vent o não é p revisível e t am p o uco fácil d e ser co nt ro lad o , exist ind o
sem p re um a grande q uant id ad e de variáveis que int erferem na sua at uação , do t ipo t opografia,
l o cal i zação da ed if icação no t erreno, ed if icaçõ es p ró xim as, d im ensõ es do im ó vel, o rient ação
d o vent o , ent re out ros.

Porém , p o d em o s tirar alg um as co n clu sõ es d e o rd em p rát ica, em que o s esfo rço s de valo res
sig nificat ivo s, p ro vo cad o s ext ernam ent e p ela ação do vent o , são p red o m inant em ent e d e suc-
ção e os int erno s p o d em ser d e so b rep ressão o u d e su cção , d ep end end o do t am anho e d a
d isp o sição d as abert uras nas p ared es.

Devem o s ent ão evit ar sit uaçõ es nas q uais possa o co rrer um a so m at ó ria dos esfo rço s int ernos
co m o s ext ernos, q ue poderá result ar em sinist ro , p rincip alm ent e para as co b ert uras leves.

Assim send o, d urant e o d esenvo lvim ent o do p ro jet o e d a o b ra, é necessário se levar em co nsi-
d eração t odas as caract eríst icas e co nd içõ es esp ecíf icas d a ed if icação q ue se pret ende co ns-
truir, d e form a a se ad o t arem co rret am ent e os parâm et ros do vent o , para que os estudos p erm i-
tam orient ar a co n cep ção de form as e ab ert uras ad eq uad as, b em co m o a esco lha dos m at eriais
m ais ind icad o s p ara cad a caso .
2 0zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Sinistros em estruturas m et álicas

20.1. GEN ERALIDADES

Ap esar d a grande m aio ria das ob ras no Brasil ut ilizar est rut ura em co ncret o arm ad o , o aço tem
sid o em p reg ad o cad a vez m ais co m o um a so lução alt ernat iva em face d as caract eríst icas es-
p ecíf icas q ue ele o ferece, tais co m o rap id ez, m enor d esp erd ício d e m at eriais, m aio r lim p eza
na o b ra, além d e p erm it ir so luçõ es arq uit et ô nicas esp eciais.

Em alg um as obras- de- art e, tais co m o pont es e vias elevad as, a so lu ção usad a em alguns caso s
ult im am ent e é o em p reg o de vig as m et álicas de alm a ch ei a p ara grandes vão s, p rincip alm ent e
p ela m aio r leveza e co nseq üent e rap id ez na m o nt ag em .

N o ent ant o, vem g anhand o cad a vez m ais esp aço nas est rut uras ind ust riais e cobert uras, prin-
cip alm ent e em sub st it uição à m ad eira, q ue se tem t ornado escassa nos g rand es cent ros. Dessa
form a, a sua u t ilização é p red o m inant e na execu ção d e galpões ind ust riais, co m o estrutura d e
sust ent ação d as p ared es e co b ert ura d e grandes vão s.

20.2. CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO AÇO

De forma simplista, podemos dizer que o aço é uma liga de ferro e carbono, e o ferro fundido tem
elevado teor cie carbono, entre 1,7 e 6,7%; quando essa porcentagem c de 1,7%, denominamos aço-
carbono. Se esse teor passa para 0,2%, o ferro adquire propriedades especiais e será cham ado de aço.
N o caso do teor de carbono ficar ab aixo de 0,1%, então teremos o aço doce ou de ferro ARM CO.

• FERRO : TEO R DE CA RBO N O EN TRE 1,7 E 6 ,7 %


• A ÇO : TEO R DE CA RBO N O = 0 ,2 %
• A ÇO D O CE: TEO R DE CA RBO N O A BA I XO D E 0 ,1 %

O aço estrutural mais co m um é o aço- carbono A36 (ASTM ), que tem um teor de carbono entre 0,25%
2 2
e 0,29%, co m limite de escoamento igual a 25 kgf/ mm e ruptura variando entre 40 e 50 kgtfmm .

20.3. PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS DO AÇO ESTRUTURAL

Para se co n h ecer um p o uco o co m p o rt am ent o d o aço , ap resent am o s a seguir d ois d iag ram as
t íp ico s de t ensão e d ef o rm ação do aço , sendo que o da figura 20.3.1 se refere aos cham ad o s
aço s d o ces, o nd e há um p erío d o em q ue as d ef o rm açõ es são d iret am ent e p ro p o rcio nais às
t ensões, ch am ad o d e p erío d o elást ico . N essa fase, as d efo rm açõ es são reversíveis, sendo cal-
cu lad o nesse int ervalo o m ó d ulo de elast icid ad e do aço , d ivid ind o - se o valo r da t ensão obt id a
no lim it e d e esco am ent o p ela d ef o rm ação co rresp o nd ent e.

Já na fase p lást ica, t emos o pat am ar d e esco am ent o , em q ue as t ensões p rat icam ent e não vari-
am , p o rém o co rrem g rand es d ef o rm açõ es q ue p or sua vez são p erm anent es; na seq ü ên cia
o co rre um rearranjo da est rut ura int erna d o aço , q ue é d eno m inad a encruam ent o e sig nifica um
revig o ram ent o d a p eça, o nd e se at inge as t ensões m ais alt as.

O lim it e d e esco am en t o ap o n t ad o no g ráf ico é a co nst ant e f ísi ca m ais im p ort ant e p ara o
d im ensio nam ent o d as est rut uras d e aço , d evend o - se im p ed ir q ue essa t ensão sej a at ingida nas
seçõ es t ransversais das b arras, caso co nt rário haverá um resid ual d e d efo rm ação .

0
Deformação

Fig. 20.3.1. Gráfico de tensão-deformação para os aços doces

N o ent ant o , p ara a m aio r ia dos m et ais, o d iag ram a de t ensão / d ef o rm ação t em a f o rrra rep re-
sent ad a na fig. 2 0 .3 .2 , na q u al o t recho elást ico A - O est á b em d ef inid o , m as não ap arece o
esco am en t o . Dessa f o rm a, co n ven cio n o u - se ad o t ar u m valo r " n %" e t raçar- se um a p aralela
à i n cl i n ação d o p erío d o elást ico . O n d e essa reta co rt ar a cu r va, será d ef in id o co m o a t ensão
d e esco am en t o .

O valo r " n " adot ado no rm alm ent e é d e 0 ,2 % para os aço s, e ent re 0,1 e 0 ,5 % para os out ros
m et ais, send o esse o lim it e d e elast icid ad e, em q ue as d ef o rm açõ es não são perm anent es.

Fig. 20.3.2. Gráfico de tensão-deformação para a maioria dos metais (não doces)
N o s ensaio s d e co m p ressão , nos q uais não o co rre flam b ag em , o d iag ram a d e tensão/ deforma-
ção é sim ilar ao de t ração , p o rém co m t ensões sem p re crescent es após o esco am ent o .

20.3.1. Elasticidade

De form a sim p list a, p o d em o s d efinir que a elast icid ad e d e um m at erial é a sua cap acid ad e d e
vo lt ar à form a o rig inal após sofrer sucessivas d efo rm açõ es, q uand o sub m et id o a várias t ensões
d e carg a e d escarg a. Isso o co rre na fase elást ica do aço , q uand o d esap arece a d efo rm ação ao
ser elim in ad a a t ensão.

20.3.2. Ductibilidade/ Plasticidade

Du ct ib ilid ad e é a cap acid ad e dos m at eriais de se d efo rm arem p last icam ent e, sem se rom pe-
rem . N o caso do aço , isso o co rre na fase p lást ica e se caract eriza p elo alo ng am ent o o u est ricção
d a seção do m at erial (o aum ent o d e carb o no na co m p o sição d o aço red uz a sua d uct ib ilid ad e).
A p last icid ad e é a d ef o rm ação p erm anent e q ue fica no aço após sofrer t ensões aci m a do lim it e
d e esco am ent o .

A d uct ib ilid ad e t em grande im p o rt ância nas est rut uras m et álicas, pois p erm it e a red ist rib uição
d e t ensões lo cais elevad as, ao m esm o t em p o cm q ue ap resent am g rand e d ef o rm ação antes d e
se rom per, o q ue na p rát ica serve de aviso d e q ue o elem ent o est rut ural está co m um carrega-
m ent o m aio r do q ue ele pode suport ar, o u seja, está sobre t ensões elevad as e d evem ser t om a-
d as p ro vid ências urgent es. O m esm o não o co rre co m o ferro fund id o , q ue por não ser d úct il
rom pe sem ap resent ar d efo rm açõ es ap reciáveis, o q ue é ch am ad o d e rupt ura frág il.

20.3.3. Tenacidade

Tenacid ad e é a cap acid ad e que os mat eriais têm de absorver energia de impact o quando submeti-
dos a cargas d inâm icas. Um material dúct il, q uand o com parado co m um material frágil, de mesma
resistência, apresenta m aior cap acid ad e d e resistir ao im pact o, sendo portanto mais tenaz.

Co m as b aixas t em perat uras, o aço - carb o no perd e d uct ib ilid ad e e t enacid ad e, o q ue co nd uz a


um a rupt ura frágil. N o ent ant o , esse não é um p ro b lem a sério num p aís t rop ical co m o o Brasil.

20.3.4. Dureza

É out ra p ro p ried ad e im port ant e na co nst rução , um a vez q ue os m et ais p o d em ser ext rem am en-
te duros o u relat ivam ent e m o les. N o Brasil, adot a- se co m o parâm et ro a d ureza BRIN ELL.

20.3.5. Fadiga

t o fenô m eno q ue d ep end e das caract eríst icas do m et al e causa a rupt ura da p eça q uand o é
sub m et id a a um a t ensão rep et id a, no m esm o sent ido o u em sent id o variad o . A causa dessa
rupt ura é a d esag reg ação prog ressiva d a co esão ent re o s crist ais, que vai d im in u in d o a seção
resist ent e at é cheg ar ao lim it e. Qu an t o m ais d úct il for o m et al, m aio r será sua resist ência à
fadiga; o co nt rário o co rre q uand o o m et al é m ais rígido.

20.4. TIPOS DE AÇOS ESTRUTURAIS

Seg und o as norm as b rasileiras e a Am er i can So ciet y ío rTest in g and M at erials (ASTM ), dest aca-
mos na t abela ab aixo os p rincip ais tipos d e aço esp ecif icad o s nos projet os est rut urais.

Tab ela 19

Tipo de Aço Limit e de Escoament o (M Pa) Limit e de Resist ência (M Pa)


A STM A- 36 250 400
A STM A- 570 (grau 40) 275 380
N BR 6648/ CG- 26 255* e 245* * 410* e 410* *
N BR 6650/ CF- 26 260 410
N BR 700/ M R- 250 250 400

* Vál i d o para espessuras m enores o u iguais a 16 m m .


** Vál i d o para espessuras ent re 16 m m e 4 0 m m .

O s aço s p o d em ser d i vi d i d o s em t rês cl asses, em f u n ção d o t eor d e car b o n o , co n f o r m e


t ab ela ab ai xo .

Tab ela 20
#
Cl asse Limit e Usual de Car act er íst i cas Principais
Resist ência (M Pa) Ap l i caçõ es
Bai xo Carb o n o < 440 Bo a t enacid ad e, Pontes, ed ifício s,
C < 0 ,3 0 % co nf o rm ab il id ad e navio s, cald eiras,
e so ld ab il id ad e t ubos, estruturas
m ecân i cas, et c.
M éd io Carb o no 4 4 0 a 590 M éd i as Est rut uras p arafusad as
0 ,3 0 % < C < 0 ,5 0 % co nf o rm ab il id ad e d e navio s e vagões,
e so ld ab il id ad e t ubos, estruturas
m ecânicas, implementos
ag ríco las, et c.
Alt o Carb o no 590 a 780 M ás conformabil idade Peças m ecân i cas,
C > 0 ,5 0 % e so ld ab il id ad e, im p lem ent o s
alt as resist ências ag ríco las, t rilhos
ao desgast e e rodas ferroviárias

2 0 .4 .1 . A ç o d e A l t a Resi st ên ci a M e c â n i c a e à Co r r o são

• CO RTEN O U A242 da sid erúrg ica nacio nal C.S.N .


• SAC- 50 Eq uivalent e ao Co rt en, p o rém da Usim in as.
• CO S- AR- CO R- 500 resist ent e à co rro são d a Co sip a.
2 0 .4 .2 . A ço s d e M éd i a Resi st ên ci a M e c ân i c a e Al t a Resi st ên ci a à Co r r o são (são m ais eco -
n ô m i co s q u e o s an t erio res)

• SAC- 41 Usim inas.


• COS- AR- COR- 400 Co sip a.

2 0 .4 .3 . A ço s Resist en t es ao Fogo

São d erivad os dos de alt a resist ência, ond e se ad icio nam outros elem ent os q uím ico s, sendo os
p rincip ais: níq uel, t it ânio, vanád io , m o lib id ênio . A finalid ad e é aum ent ar o t empo de início de
d efo rm ação da estrutura.

A Usim inas d esenvo lveu, co m base em USI- SAC- 41 e USI- SAC- 50, o USI- FIRE- 400 e o USI-
FIRE- 490, q ue são aço s m ais resistentes ao fogo.

Ensaios de t ração em laborat ório do USI- FIRE- 40 a um a t emperat ura de 600°C mostram um a
perda de resist ência em torno de 2 5 %, sendo q ue o m esm o ensaio para o aço ASTM A- 36
resulta num a redução da ordem de 50%.

20.5. REAÇÕES DO AÇO ÀS VARIAÇÕES DE TEM PERATURA

Co m relação aos efeitos da variação de temperatura no aço , devemos nos reportar ao item 20.3.

20.6. CAUSAS DE SIN ISTRO EM ESTRUTURAS M ETÁLICAS

O s ed ifício s ou obras esp eciais em aço são p o uco co m uns no Brasil, d evid o à mão- de- obra
barata. Por esse m ot ivo, a nossa co nst rução se volt ou para as estruturas de co ncret o arm ad o,
ond e ad q uirim o s exp eriência e co nhecim ent o de padrão int ernacio nal.

N o ent ant o, as p o ucas ed if icaçõ es p red iais co m p ilares e vigas de aço têm sid o muito bem
projet adas e igualm ent e execut ad as, de form a que são raros os casos de sinist ro nesse tipo de
ed if icação ; exceção feita às co b ert uras nas q uais não enco nt ram o s a m esm a q ualid ad e nas
est rut uras, m ot ivo pelo q ual elas apresent am a m aior incid ência de sinist ros.

O s p rob lem as m ais co m uns em estruturas m et álicas o co rrem em cobert uras de galpões indus-
t riais e co m erciais, tendo em vist a o seu grande emprego nesse tipo de ed if icação , um a vez que
vo nro m grandes vão s o represent am a so lução m ais ad eq uad a, tonto do ponto de vist a t écnico
co m o eco nô m ico .

No entanto, temos verificad o um número grande de sinistros provocados pelas seguintes causas:

• Ação d o vent o.
• Falta de cont ravent am ent o.
• Dim ensio nam ent o insuficient e.
• Falta de m anut enção (corrosão).
• Sobrecarga ad icio n al.
• Lig ações, em end as e apoios deficient es.
2 0 .6 .1 . A ç ã o d o Ven t o na est rut ura m et ál i ca

As est rut uras m et álicas, por serem leves, estão m ais vulneráveis à ação do vent o, sendo essa
um a d as causas de m aio r núm ero de sinist ros; p rincip alm ent e as cobert uras execut ad as em
arco co m t irant es, pois não resistem aos efeitos de sucção do vent o, t endo em vist a que o co rre
um a inversão de esforços. Nesses caso s, o t irant e perde a sua função , um a vez q ue foi projet a-
d o para t rabalhar ap enas à t ração .

As t reliças m et álicas de cobert ura t am bém podem sofrer co lap so p ela ação de sucção provocada
pelo vent o. Isso o co rre q uand o há um a d ef iciência no cont ravent am ent o do b anzo inferior, que
de forma análoga aos arco s t am bém pod em flam b ar q uand o sujeit os a esforços de com pressão
d evid o à inversão dos esforços.

Outra situação de risco é quando os oitões não têm uma estrutura própria para garantir a sua estabilidade
lateral devido à ação do vento. Nessas condições, o que ocorre na prática é que as terças metálicas que
se apoiam sobre eles acabam ficando com essa responsabilidade, transferindo todo o esforço horizontal
provocado |x?lo vento para a estrutura de cobertura, que |x>r sua vez não foi projetada para tal função,
podendo então sofrer sérias deformações, ou em alguns casos vir a ruir (ver fig. 20.6.1).

Carga Terça Apoiada


na Alvenaria
a
Acidental

Oitão de Alvenaria Treliça metálica


som Estrutura

Viga

Fochamonto
Lateral

Fig. 20.6.1. Terças metálicas apoiadas em oitão instável

Quand o nas edificações industriais, além da cobertura, as colunas também forem feitas de treliça
metálica, servindo de amarração para as alvenarias, elas terão uma dupla responsabilidade: suportar
os esforços da cobertura e garantir também a estabilidade lateral das paredes de fechamento externo.

Em alguns caso s, o projet ist a ou a const rut ora não levam em co nsid eração a somat ória dos
esfo rço s de vent o q ue at uarão sim ult aneam ent e na co b ert ura e nas alven arias, im p licand o
assim o surgim ent o de tensões elevad as que poderão p ro vo car um sinist ro.

2 0 .6 .2 . A u sên ci a d e Co n t r aven t am en t o

O s elem ent os m et álicos que form am um a estrutura são m uit o eficient es para resistir esforços de
t ração. N o ent ant o, por serem p eças esbelt as, devem receber um eficient e cont ravent am ent o
para poder suport ar b em as forças de co m p ressão , sem sofrer o fenô m eno da flarnbagem , q ue é
a perda d a est ab ilid ad e lat eral d evid o à relação ent re a seção da p eça, o esfo rço ap licad o e o
esp açam ent o ent re os t ravam ent os.

Ou t ra co n d i ção de vit al im p o rt ância é a necessid ad e de se p ro jet ar e execut ar ad eq uad am ent e


o sist em a d ezyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZXVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
cont ravent am ent o do conjunt o, para resistir às carg as p erm anent es e p rincip al-
m ent e as acid ent ais, no caso a ação do vent o .

A falt a de u m sist em a ef icient e de t ravam ent o das p eças e do co njunt o result a na m aio ria d as
vezes em sinist ros, m esm o q uand o as seçõ es dos elem ent o s q ue fo rm am a est rut ura são robus-
tas e ap arent am um a enganosa folga no d im ensio nam ent o .

2 0 .6 .3 . D i m e n si o n am e n t o In su f i ci en t e

A c o n c o r r ê n c i a d e p r eço s, al i ad a à n eg l i g ên ci a o u à i r r esp o n sab i l i d ad e d e al g u m as


m o n t ad o r as, t em g erad o p ro jet o s m al d i m en si o n ad o s, p ara resist ir a t o d o s o s esf o rço s q u e
v ão at uar na est ru t u ra. Dessa f o r m a, o q u e se t em vist o em al g u n s caso s são sit u açõ es
q u e n ão l evam em co n si d er ação as r eco m en d açõ es d as n o r m as b r asi l ei r as, r esu l t an d o
em est rut uras m u i t o esb elt as q u e n ão são cap azes d e resist ir ad eq u ad am en t e às car g as
aci d en t ai s q ue n el a irão at uar.

Um a vez q ue suport am no lim it e as carg as p erm anent es, d ão um a falsa ap arên cia de est ab ili-
d ad e e seg urança. N o ent ant o , não resist em q uand o so licit ad as p ela so m at ó ria d as sobrecargas
acid ent ais, p rincip alm ent e aq uelas geradas p ela ação dos vent os.

2 0 .6 .4 . A u sê n ci a d c M an u t e n ção

A cult ura b rasileira não é m uit o vo lt ad a para a m anut enção p revent iva, apesar de ser esta a
m ais ad eq uad a para p reservar e garant ir a lo ng evid ad e de q ualq uer est rut ura; prefere na m aio -
ria d as vezes fazer a m anut enção co rret iva, q ue por sua vez é m ais t rab alho sa e conseqüent e-
m ent e m ais o nero sa.

Isso o co rre em todo t ipo de o b ra; no ent ant o, no caso d as est rut uras m et álicas essa postura pode
se t ornar p erig o sa, p o is, um a vez d esencad ead o o p ro cesso d c co rro são , a sua evo lu ção ó
ráp id a e pode levar ao co lap so .

O at aq ue d o aço é m aio r d ep end end o d a ag ressivid ad e do m eio am b ient e, co m o já foi mostra-


d o no it em co rro são d as arm ad uras no co ncret o arm ad o . N o ent ant o, co n vém lem brar q ue em
regiões lit orâneas, ind ust riais, úm id as e d e grande p o lu ição urb ana o s cuid ad o s co m a m anu-
t enção p revent iva d evem ser red ob rad os.

Qu an d o se tratar de ind úst rias q ue geram gases ácid o s, d evem o s avaliar se não é o caso d e se
p ensar em so luçõ es alt ernat ivas q ue possam resist ir de form a m ais ad eq uad a à ag ressivid ad e
d o am b ient e ind ust rial.

As part es no rm alm ent e m ais afet ad as são aq uelas q ue f i cam exp o st as aos at aq ues do m eio
am b ient e, receb end o d iret am ent e a ação do so l, da ch u va, da p o lu ição urbana/ indust rial e a
um id ad e do mar.
N o entanto, a corrosão pode ter início em qualquer parte ou elem ent o d a estrutura m et álica, depen-
dendo às vezes de pontos deficient es, do tratamento superficial que foi ap licad o , de se empregarem
mat eriais que ficaram est ocados de forma inadequada e já iniciaram o processo de corrosão no pátio.

Pode o co rrer t am b ém q ue o m at erial t enha falhas l o cal i zad as p ro venient es d a sua p ro d ução e,
nesses caso s, o at aq ue p od e iniciar- se por esse p o nt o .

O q ue tomos encont rad o co m m ais freq üência é a corrosão na base ou pé das co lunas m et álicas, ou
seja, na lig ação co m o concret o o u co m o piso, por ser esse um ponto co m m aior co ncent ração de
um id ad e d evid o às águas d c ch u vas ou de lavag em , ao m esm o tempo cm q ue sofre os efeitos d a
co rro são elet rolít ica, co m o foi most rado no item de corrosão das arm ad uras d o concret o arm ado.

Ou t r o p o nt o vu l n er ável são as lig açõ es de so ld a, q u e m o d i f i cam a est rut ura crist alina do m at e-
rial e red u z a sua resist ência n aq u ele p o nt o .

A ef i ci ên ci a das m ed id as prot et oras co nt ra a co rro são d o aço t em ap resent ad o alg um a co m p le-


xi d ad e no seu d esem p en h o ao longo d o t em p o ; cam ad as prot et oras ef icient es p ara alg uns ca-
sos p o d em não ser p ara o ut ro s.

As so lu çõ es m ais co n h eci d as para se evit ar q ue o co r r am os p ro b lem as cit ad o s nas est rut uras
m et álicas p o d em ser co m p l exas, in ician d o - se p el a esco lh a d a lig a d o m et al m ais ad eq uad o ,
p assand o p ela p ro t eção cat ó d i ca e t erm in an d o no s p ro cesso s m ais sim p les d e cap eam en t o ,
q u e p o d e ser at ravés d a g al van i zação co m zi n co , o u co m p rim er an t ico rro sivo à base d ecr o m al o
d e zi n co o u ep ó xi e p ost erior ap l i cação d e t int a ó leo / esm alt e sint ét ico o u ep ó xi , d ep end end o
d as co n d i çõ es e ag ressivid ad e d o m eio am b ien t e.

Devem o s tomar t am b ém algumas providências co m relação à proteção do mat erial, que devem inici-
ar-se no processo de estocagem, garantindo que o m esm o não o xid e antes de ser ut ilizado; e lembrar
sem pre da necessidade de se p lanejar de forma |X?riódica um a m anut enção prevent iva e corretiva.
Fig. 20.6.4. Corrosão na base de colunas metálicas

Por ser a co rro são um fenô m eno q ue tem cau sad o eno rm es p reju ízo s nas est rut uras m et álicas,
a Co m p an h ia Sid erúrg ica N acio n al (C.S.N .), a Usim in as e a Co sip a d esenvo lveram aço esp eci-
al para resist ir de form a m ais ef icient e ao p rocesso d e co rro são (ver it em 2.4.1).

O p rincíp io d efend id o p elas sid erúrg icas é de que esse t ipo esp ecial de aço não requer p int ura,
t endo em vist a q ue o p ro cesso de o xid ação cria um a p elícu la de ferrugem que por si só acab a
prot egendo o m at erial. Alg um as obras co m p ro varam esse fat o; no ent ant o , alert am os para o
fato d e q ue no [lassad o t ivem o s a o p o rt unid ad e de fazer um levant am ent o d e um lote d e aço
esp ecial para resist ir à co rro são , que f ico u exp o st o ao t em po no pát io da Fepasa em São Paulo
e, p ara nossa surp resa, co nst at am o s q ue m uit as p eças so freram sérias co rro sõ es, a pont o d e
alg um as d elas t erem p erfuraçõ es.

Esse m at erial era sobra d e perfis de chap a fina d obrad a que foram ut ilizad os para a const rução de
escolas pré- fabricadas no est ado de São Paulo. A grande m aio ria dessas ed ificaçõ es se compor-
tou b em ao longo do t empo. Porém, const at am os que duas escolas no litoral paulist a apresenta-
ram sérios p ro b lem as d e co rro são no pé das co lunas, sendo q ue um a d elas t eve co lap sc p arcial.

Pret end em os co m essa o b servação ch am ar a at enção d o leit or p ara a necessid ad e d e se ut ili-


zarem , co m alg uns cuid ad o s e at é m esm o co m alg um as rest riçõ es, event uais t ipos d e aço q ue
nem sem p re se co m p o rt am co nf o rm e as suas esp ecif icaçõ es, apesar d e ser um m at erial co m
m elho r co nt ro le d e q ualid ad e em p reg ad o na co nst rução ci vi l .
2 0 .6 .5 . So b r ecar g a A d i ci o n al

Há casos em que o usuário do im óvel não se preocup a co m a cap acid ad e da estrutura m et álica
de cobert ura e algum as vezes vai ad icio nand o cargas não previst as no projet o original, d o tipo
forro de gesso, t roca de t elhas leves por m ais pesadas, co m o por exem p lo t elhas de chap a fina
de aço por fib rocim ent o.

Q u an d o o usuário reso lve fazer um m ezan i n o ou u m d ep ó sit o im p ro visad o , usando co m o


ap o io a est rut ura m et álica, ent ão est am o s d iant e de um a sit uação em q ue exist e elevad o
p o t encial de co lap so , t endo em vist a q ue nessas sit uaçõ es o peso q ue se co l o ca no rm al-
m ent e é g rand e.

Esse t ip o de si t u ação o co rre co m m ais f r eq ü ên ci a em o f i ci n as m et alú r g icas, q uand o se


est o cam b arras na co b ert ura, o u d ep ó sit o s de m at eriais d e co n st r u ção , q ue por falt a de
esp aço est o cam d iverso s produt os no b an zo inferio r d a t reliça, p rin cip alm en t e tubos elét ri-
co s e h id ráu lico s.

2 0 .6 .6 . Falh as em Li g açõ es e A p o i o s

Esses vício s de q ualid ad es co st um am ocorrer q uand o a const rut ora em prega mão- de- obra pou-
co q ualif icad a e não faz um aco m p anham ent o crit erioso dos t rabalhos, result ando em em endas
de p eças m alfeit as, apoios que so licit am o b anzo inferior a esforços cort ant es, terças que se
ap o iam no b anzo superior e ligações inadequadas no encont ro d as barras.

Q u an d o o s nó s de l i g ação são f eit o s co m so l d a, p o d e o co r r er u m a execu ção er r ad a,


resu lt an d o em alg uns caso s num co m p r i m en t o in su f icien t e de so ld a, o u num excesso . N a
p r i m ei r a si t u ação co rrem o s o r i sco d e rup t ura da so ld a e, na seg u n d a, p o d em o s g erar
m o m ent o flet o r nas b arras, in t r o d u zin d o assim u m esf o rço não p revist o em p ro jet o (ver
fig . 2 0 .6 .6 .a).

Fig. 20.6.6.a. Falha devido ao comprimento insuficiente das soldas

N o caso das em end as, é co m um encont rar p eças co m solda de topo m al execut adas e sem
reforço de chap a ad icio nal. Nos ap o io s, verificam o s inúm eras sit uações nas q uais o centro d o
nó de lig ação não se ap óia diret am ent e sobre o pilar. Nesses casos, o que se cost um a fazer é
um prolongam ent o incorret o das barras, alt erand o co m isso o co m p o rt am ent o estrutural da
ligação (ver fig. 20.6.6.b ).
H á sit uaçõ es em que as t erças não se ap o iam nos nós d e lig ação e d escarreg am seu p eso no
b an zo superior, acarret and o co m isso m o m ent o ílelo r na barra e alt erand o t ot alment e as pre-
m issas d e cál cu l o , que p ressup õ e q ue as m esm as sejam d im ensio nad as ap enas para -esistir a
esforços d e co m p ressão o u t ração no sent ido lo ng it ud inal. Sit uaçõ es desse tipo t êm sido a cau-
sa de alg uns sinist ros em co b ert uras de est rut ura m et álica (ver f i g .20.6.6.c).

Fig. 20.6.6zyxwvutsrqponmljihgfedcbaZXWVUTSRQPONMLJIHGFEDCBA
.C. Terça apoiada erradamente fora do nó
2 1zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Sinistros em estrutura d e m ad eira
p ara cobert ura

21.1. GEN ERALIDADES

N ão pod em os falar sobre m ad eiras sem m encio nar o prof. Ant o nio M o lit erno , figura hum ana d e
carát er i n vej ável e excelent e p ro fissio nal q ue ensino u co m m uit a co m p et ência co m o se d eve
tratar esse m at erial.

As m ad eiras t êm sid o p o uco em p reg ad as ult im am ent e co m o elem ent o est rut ural, excet o q uan-
d o se trata d e co b ert uras sobre lajes, g alp ões co m vão inferior a 10 m , p eq uenas pontes rodovi-
árias em est radas d e terra, o u em alg um as regiões d o p aís o nd e a m esm a é barat a e abund ant e.

At u al m en t e a m aio r d i f i cu l d ad e na execu ção d e est rut uras d e m ad ei r a est á na q u al i f i cação


d a m ão - d e- o b ra, q ue não herd a m ai s d e seus p ais o s seg red o s d a p ro f issão , co m o o co r r i a
no p assad o .

E m uit o co m u m em nossas ob ras um carp int eiro de form as se co nsid erar q u alif icad o para exe-
cut ar um a est rut ura d e m ad eira. N o ent ant o , pelo fato d e sab er co rt ar e pregar t ábuas de p inho
o u chap as d e m ad eira co m p ensad a, não q ue d izer q ue saib a lidar co m m ad eiras do t ipo p ero b a,
ip ê, canafíst ula, o u out ras q ue são no rm alm ent e em p reg ad as nessas est rut uras.

O fato é q ue essas m ad eiras ap resent am caract eríst icas esp ecíf icas co m relação à um id ad e,
d ureza, secag em , sent id o das veias e em p enam ent o , exig ind o do p ro fissio nal co nhecim ent o s
esp ecíf ico s e m uit a exp eriên cia, pois d evem ser em p reg ad o s p ro ced im ent o s e métodos p reci-
sos na esco lha d a p eça id eal p ara cad a lo cal d a t esoura, b em co m o p ara o cort e e en caixe d e
todas as barras d a est rut ura.

Podem os d izer q ue se trata d e um a obra d e art e e, nesse sent id o, p recisam o s d e um artista. Essa
af irm ação é p o ssível d e ser co m p ro vad a em alg um as est rut uras ant igas feitas co m m ad eira e,
ap enas para cit ar um exem p lo , nos report am os à cobert ura d a q uad ra d e t ênis do est ádio Paulo
M ach ad o d e Carvalh o , em São Paulo.

Devid o ao p o u co uso d a m ad eira co m o elem ent o est rut ural, const at am os q ue são p oucos o s
calculist as p rep arad os para d esenvo lver esse t ipo de p ro jet o ; da m esm a fo rm a, o eng enheiro d e
ob ras t am b ém não está f am iliarizad o co m o m anuseio deste m at erial, f icand o na m aio ria d as
vezes na d ep end ência do p ro fissio nal q ue vai execut ar a est rut ura.
Pelos m ot ivos cit ad o s ant erio rm ent e, é m uit o im port ant e q ue todos os p ro fissio nais envo lvid o s
t enham a hum ild ad e de reco nhecer suas lim it açõ es e p ro curar o suport e t écnico necessário
p ara p ro jet ar e execut ar co rret am ent e esse t ipo est rut ura; ag ind o assim , est ará evit and o no
fut uro um p o ssível sinist ro em sua o b ra.

Cit am o s a seguir os problem as m ais co m uns que têm o co rrid o nas estruturas de m adeira d evid o à:

• Def i n i ção da b it o la c do t ipo de m ad eira.


• Dim ensio nam ent o e d et alham ent o d as t esouras e das t erças.
• Aval i ação d a m ad eira: secag em , em p enam ent o , cort e, rachad ura, b it o la.
• Execu ção : cort es e en caixes.
• M ad eiras t ransform ad as.
• Preservação e t rat am ent o das m ad eiras.

21.2. TIPOS DE M ADEIRA E BITOLAS

É m uit o im port ant e q ue o projet ist a t enha co nhecim ent o do t ipo, d a q ualid ad e e d as bit olas d as
m ad eiras d isp o níveis no lo cal o nd e será execut ad a a o b ra, para não co rrer o risco d e especifi-
car m at erial inexist ent e naq uela região o u m ed id as fora dos padrões usuais. Isso iria onerar o
cust o d a o b ra, um a vez q ue a co m p ra d everá ser feita em regiões m ais dist ant es.

Qu an d o isso o co rre exist e o risco de o const rut or, a crit ério p ró p rio , usar b it olas diferent es d a
esp ecif icad a no p ro jet o , b em co m o out ros t ipos d e m ad eira, co nf iand o ap enas no seu co nheci-
m ent o para d ecid ir q ue o m at erial alt ernat ivo esco lhid o at end e perfeit am ent e às necessid ad es
d a o b ra. N o ent ant o , essa aval i ação é q uase sem p re su b jet iva e pode levar a u m a esco l h a
errad a, result and o em alg uns caso s d e sinist ro.

Event ualm ent e, q u an d o o em p reit eiro se p reo cup a em ad o t ar alg um crit ério d e co m p ar ação
ent re o esp ecif icad o no p ro jet o e o d isp o n ível, ele ver i f i ca ap enas a r el ação d e d ureza ent re
os m at eriais. U m a m ad eira p o d e ser m ais d ura e não se co m p o rt ar ad eq uad am ent e c.o long o
d o t em p o . É o caso q uand o se sub st it ui a p ero b a- ro sa por can af íst u la, p o is, ap esar d e est a
últ im a ser m ais d ura, ap resent a g rand es rach ad u ras ao lo ng o d o t em p o e q u an d o receb e
pregos e ca vi lhas.

O co rret o ent ão é q ue p ro jet ist a p ro cure adotar, sem p re q ue p o ssível, o uso d e m ad eiras dispo-
níveis na região. Por sua vez, o const rut or p recisa co nsult ar o calcu list a sobre a p o ssib ilid ad e
d e se em p reg ar um m at erial alt ernat ivo . Ag ind o assim , m in im izarem o s o risco de sinist ro.

Ap en as para ilust rar ao leit o r, ap resen t am o s a t ab ela a seguir, ext r aíd a dos an ai s d o p r i m ei -
ro en co n t ro b r asileir o em m ad eiras e em est rut uras d e m ad ei r a, r eal i zad o na ci d ad e d e São
Car l o s, em São Paulo , d e au t o ria do en g en h eiro Am an t i n o Ram o s d e Freit as, o q u al ap resen-
ta val o r es m éd io s e co ef i ci en t es d e var i ação d e alg u m as p ro p ried ad es m ecân i cas d as es-
p écies m ais co m u n s.
Tab ela 21

Nome Den si d ad e Resi st ên ci a M ó d ulo Resi st ên ci a


Ci sal h am en t o
Po p ular 1 5 % T.U. à Fl exão d e Elast . à Co m p r.
3
g / cm V(%) M Pa V ( % ) M Pa V ( % ) M Pa V(%) M Pa V ( % )
1 Pau- M arf im 0,830 4,8 84,85 12,2 11272 11,3 37,88 15,9 12,81 11,0
2 Pero b a- Ro sa 0,773 9,3 73,61 14,4 9385 11,5 38,68 11,0 12,82 8,0
3 Gr ap i ap u n h a 0,842 5,8 88,99 10,9 12618 16,3 39,83 11,8 12,82 8,0
4 Co p ai b a 0,745 12,3 69,05 16,3 10737 16,9 35,40 16,2 10,75 12,2
5 Ced ro 0,531 17,1 49,80 18,7 8413 22,4 26,52 20,1 7,03 22,3
6 Ta p i a 0,451 8,7 36,19 11,5 7070 20,0 17,73 12,2 6,13 7,5
7 Pinho- do-
Paraná 0,551 9,3 49,29 12,2 10915 16,5 25,90 13,4 6,71 13,7
8 Leit eiro 0,840 3,9 69,51 12,4 11429 14,4 34,34 13,6 11,47 9,2
9 Eucalip t o
Robust a 0,699 14,2 67,22 14,9 10176 13,9 36,79 10,9 10,26 15,5
10 Fig u eira 0,551 10,9 43,58 18,7 7458 21,5 22,84 9,7 6,67 18,6
11 Louro- Pard o 0,756 7,9 80,30 11,6 12264 13,8 43,83 10,4 10,69 8,8
12 Peroba- do-
Cam p o 0,733 5,2 87,67 10,2 10507 13,9 45,77 9,7 11,66 8,8
13 Pau- de-
San g u e 0,519 7,8 52,39 14,6 8482 13,3 25,08 15,0 7,42 16,2
14 Jeq uit ib á- Ro sa 0,534 6,9 61,60 13,0 8576 12,7 31,75 9,2 8,54 9,0
15 Pinho - Bravo 0,456 9,1 39,33 18,5 5619 22,0 19,49 15,4 6,72 10,3
16 Jat obá 0,974 5,6 112,14 14,9 15295 11,1 64,91 10,0 17,89 15,8
17 Cab r eú va-
Ver m el h a 0,948 4,3 100,24 13,5 12851 14,4 54,14 15,8 17,66 10,4
18 Su cu p ira-
A m ar el a 1,007 5,4 114,02 9,06 14673 14,0 65,26 10,4 15,08 12,0
19 Eucalip t o
Cit rio d o ra 0,991 7,7 105,28 11,6 16644 12,5 58,00 15,9 15,71 12,9
20 Gu ar aj u b a 0,897 10,7 73,64 18,1 12048 23,2 40,23 21,0 13,12 14,0
21 An g ico -
Ver m el h o 0,887 6,6 70,23 17,5 10161 18,1 37,88 13,7 14,45 11,3
22 Ti u va 0,880 7,8 119,00 8,6 14970 5,3 66,30 22,4 16,61 8,0

21.3. D EV I D O A FA LH A S D E PROJETO E EX ECU ÇÃ O

N as regiões o nd e o uso d e est rut uras de m ad eira é m uit o red u zid o , o u q u an d o o eng enheiro
cal cu l i st a não as u t iliza hab it ualm ent e, co nst at am o s alg uns eng ano s no d im ensio nam ent o o u
no d et alham ent o d o p ro jet o , p or falt a d e exp er i ên ci a o u co n h eci m en t o esp ecíf i co nesse t ip o
d e est rut ura.

Durant e alg uns ano s em q ue t ivem o s a o p o rt unid ad e d e ser resp o nsáveis p ela an álise de proje-
tos est rut urais d a ant iga Co n esp (Co nst ruçõ es Esco lares d o Estado d e São Paulo), verif icam o s
nos projet os e na execu ção d as est rut uras de m ad eira alg uns erros m ais co m u n s, que irem o s
d escrever a seguir.
2 1 .3 .1 . D i m en si o n am en t o Errad o d as Ter ças

Algumas vezes o cálculo das terças era feito co m o flexão simples, quando o correto é como flexão
oblíqua, tendo em vista que a peça irá trabalhar com dois momentos fletores (ver fig. 21.3.1).

Empena ou Banzo Superior

Fig. 21.3.1. Terça de madeira trabalhando a flexão oblíqua

2 1 .3 .2 . N ó so b r e A p o i o M al Pr o j et ad o

É m uit o co m um encont rar nas estruturas de m adeira t reliçad as o ap o io ext rem o sobre pilares ou
vigas de sust ent ação fora d o enco nt ro do eixo das peças, ond e t eoricam ent e as forças d evem
se cruzar para que o nó fiq ue em eq uilíb rio . No entanto, a sit uação representada na fig. 21.3.2
gera esforços cort ant es no b anzo inferior, p od end o d eform ar excessivam ent e a peça ou até
mesmo levar à rupt ura.

Fig. 21.3.2. Detalhe do nó extremo sobre o apoio

2 1 .3 .3 . Pen d u r ai s M al Execu t ad o s

Al g u n s carp in t eiro s m al p rep arad o s e at é m esm o en g en h eiro s p o u co aco st um ad o s co m


est rut uras de m ad eira não se d ão co nt a de q ue o p end urai d e um a t eso ura d e m ad eira
t rab alha à t ração , n ecessit an d o , p o rt ant o , de um a lig ação ef i ci en t e co m a linha, send o
id eal o uso de p eças d up las q ue p erm it am um a lig ação p rát ica e ef icien t e. Caso co nt rário ,
seria necessário u t ilizar est ribos de ch ap a de aço p ara g arant ir a t ransm issão dos esfo rço s
(ver fig. 2 1 .3 .3 ).
Apenas Pregado Duplas Parafusadas

Fig. 21.3.3. Detalhe do pendurai

2 1 .3 .4 . Falt a d e D i ag o n ai s e Te r ça Fo ra d o N ó

Out ra sit uação m uit o co m um é encont rar t reliças de m ad eira falt ando pendurai ou diagonal, o
q ue m o d ifica totalmente a d ist rib uição dos esforços e alt era com p let am ent e o com port am ent o
est rut ural da t esoura. O m esm o o co rre q uand o um a t erça se ap ó ia ent re d o is nós, gerando
m om ent o fletor no b anzo superior, fazend o co m q ue essa p eça t rabalhe a flexo- com pressão e
não m ais a com p ressão sim p les, co m o xvutsrponmlihfedcbaYUSRPOMLJIHEDCBA
é o d esejad o nesse tipo de estrutura (ver fig. 21.3.4).

t t

Fig. 21.3.4. Falta de diagonal e terça fora do nó

2 1 .3 .5 . Fo lg a nas Li g açõ es e Paraf uso s M al Po si ci o n ad o s

Tivem o s a oport unidade de const at ar deform ações excessivas em algum as estruturas de m adei-
ra, em que o projet o foi bem d im ensio nad o . Isso o co rreu d evid o à folga nas ligações, uma vez
q ue os cortes das peças não foram execut ad o s corret am ent e, p erm it ind o assim um a acom oda-
ção da t reliça e conseqüent em ent e um a flecha elevad a (ver fig. 21.3.5).
Pondural

Parafusos Muito Próximos


da Borda do Pendurai
e = Insulficiente Para
Absorver Esforços

Fig. 21.3.5. Folga nos nós e parafusos muito próximos da borda

Um a análise m ais crit eriosa mostrou q ue o fato de exist ir um projet o co m p let o e det alhado
levou o construtor a supor, por mot ivos de eco no m ia, que o seu carp int eiro , co m exp eriência
apenas na execu ção de formas de co ncret o , poderia t am bém fazer um a estrutura de m adeira.
N o entanto, fico u evid ent e que ele não t inha hab ilid ad e e co nhecim ent o suficient e para execu-
tar tal tarefa de form a sat isfat ória.

Portanto, fica a lição de que, para se obter um result ado final co m o desem penho desejado,
d evem o s ter, além de um b o m projet o, um a execu ção elaborada por profissionais cap acit ad os
e experient es nesse tipo de at ivid ad e.

2 1 .3 .6 . Esp açam en t o Er r ad o d as Teso u ras, Ter ças e Cai b r o s

Devem o s sem pre ter em m ent e que o esp açam ent o das tesouras de m adeira está limit ado pela
t erça que pret endemos ou temos d isp o nib ilid ad e de ut ilizar, ou seja, é a lim it ação da terça que
d efine o esp açam ent o das t reliças. Por sua vez, o m esm o ocorre co m o esp açam ent o ent re as
t erças, q ue é d efinid o p elo caib ro que irem os ut ilizar; e este, por fim , depende das dim ensões
das ripas para ter o seu esp açam ent o d efinid o.

Em algum as obras, q uand o a d ist ância ent re as tesouras é m aior q ue a cap acid ad e da t erça,
p rincip alm ent e pelo fato de a m esm a t rabalhar à flexão o b líq ua, resulta q uase sem pre em defor-
m ações acent uad as dessa p eça, com prom et endo o desem penho e a est ab ilid ad e da cobert ura.

Pelos mesmos m ot ivos, se não forem tomados os d evid o s cuid ad o s no d ist anciam ent o das terças
e dos caib ro s, a flecha excessiva irá ocorrer nesses elem ent os, p ro vo cand o deform ações acen-
tuadas no t elhado.

2 1 .3 .7 . Em en d as M al Execu t ad as

Ou t ra sit uação que co m p ro m et e a est ab ilid ad e d as cob ert uras de m ad eira são as em end as
sub d im ensio nad as o u execut ad as de forma errad a e no local inadequado, acarret and o na m aio ria
das vezes grandes deform ações na estrutura e até m esm o a sua ruína.
2 1 .4 . Q U A L I D A D E D A M A D EI RA

Exist e a cl assi f i cação est rut ural q ue req uer p ro ced im en t o s esp ecíf i co s, f ug ind o ao esco p o
d est e t rab alh o . D e t al f o rm a q ue vam o s no s at er a alg u m as r eco m en d açõ es d e o rd em p rá-
t ica e vi su al .

A ver if icação inicial d eve ser feita no receb im ent o da m ad eira, se p o ssível q uand o aind a esti-
ver no cam in h ão . Dep o is d e verif icad o se o t ipo de m ad eira q ue está sendo ent regue é igual ao
esp ecif icad o no p rojet o, em seguida d evem o s ent ão p ro ced er a um a análise rigorosa da q uali-
d ad e d o m at erial, o b servand o se está seco , co m as d im ensõ es corret as e sem nós, rachad uras
o u em p enam ent o s q ue possam p reju d icar o co m p o rt am ent o d a est rut ura.

Alg um as p eças, q uand o são ret irad as m uit o p ró xim as da casca, p o d em ap resent ar falhas o u
defeit os q ue vão co m p ro m et er o seu co m p o rt am ent o est rut ural. Todos os defeit os acim a cit ad o s
int erferem na resist ência da p eça.

Um lote d e m ad eira d eve ser classif icad o co m o de p rim eira, seg und a o u t erceira, em função d o
t ipo, t am anho e q uant id ad e dos defeit os q ue as p eças ap resent arem . Devem o s ter em m ent e
t am b ém q ue, para um a m esm a árvo re, as p eças ret iradas do cerne (cent ro d a t ora) são m ais
resistentes do q ue aq uelas ext raíd as p ró xim as d a casca.

Dessa fo rm a, as p eças d e m elho r q ualid ad e e m ais resist ent es d evem ser em p reg ad as em pon-
tos crít ico s, o nd e o co rrem o s m aio res esforços. Essa classif icação só pode ser feita com co nhe-
cim ent o e seg urança por p ro fissio nais co m reco nhecid a exp eriên cia no assunt o.

Um a cl assi f i cação visu al p o d e p arecer sim p les, m as não é. Ant ig am ent e, na cid ad e d e São
Paulo , se usava p rat icam ent e ap enas peroba- rosa, q ue vin h a do est ado do Paraná; no ent ant o,
essa m ad eira está cad a vez m ais d if ícil de ser enco nt rad a ho je em d ia.

H o j e p o d em o s co m p rar co m relat iva f aci l i d ad e g rand e varied ad e d e t ipos de m ad eiras, vin -


d as p rin cip alm en t e d o N ort e d o Brasil; são as ch am ad as p ero b a- d o - no rt e. Essa cl assi f i cação
é g en érica e ab rang ent e, send o alg u m as vezes m ad eiras d esco n h eci d as, q ue, no ent ant o ,
p ela ap ar ên ci a, p o d em ser co n f u n d id as co m o ut ras j á co n h eci d as e eng anar um p ro fissio nal
p o u co exp erien t e.

Out ro cuid ad o import ant e a ser verificad o é co m relação à um id ad e da m ad eira, a qual d eve
estar realm ent e seca, pois, se o teor d e água exist ent e no seu interior aind a for alt o, irá causar o
fenô m eno da ret rat abilidade, q ue é um a ret ração nas três d ireçõ es (rad ial, axial e t angencial),
p ro vo cand o um a d im in u ição vo lum ét rica da p eça co m conseqüent es rachad uras e em penam ent os.

Caso isso ocorra depois da montagem, prejudicará o desempenho das ligações e dos elementos estru-
turais, podendo provocar alterações no comportamento de toda a estrutura e resultar em sinistro.

Ap ó s esses cuid ad o s, d evem o s est o car a m ad eira em lo cal ap ro p riad o e d e fo rm a corret a para
im p ed ir o u at é m esm o co rrig ir p eq uenos em p enam ent o s, o b servand o q ue as p eças fiquem ven-
t ilad as e prot egidas da ch u va e um id ad e.

Para não se co rrer risco s d esnecessário s, o id eal é co m p rar sem p re d e um fo rneced o r idôneo e
co n h ecid o . Qu an d o não for p o ssível, é im p rescind ível que se t enha na obra um funcio nário
q u alif icad o para receb er e id ent ificar o t ipo d e m ad eira que se d eseja ut ilizar na ob ra.
Foi feito um est udo na cid ad e de Porto Aleg re p elo ITERS, co m a exp ect at iva d e tentar avaliar a
d urab ilid ad e nat ural d e várias m ad eiras às int em p éries, result and o no q ue segue:

• M uit o p o uco d uráveis (até 2 ano s): Braq uilho , Caixet a, Caro b a.
• Po uco d uráveis (até 6 ano s): Pinho , Aço it a- Cavalo , Ang ico - Branco , Can ela- Lajean a, Can ela-
Pinho , Canela- Pret a.
• M ed ian am en t e d u r ávei s (at é 10 ano s): Bat ing a, Can el a- Br an ca, Can el a- Vead o , Car val h o
Brasileiro .
• M uit o d uráveis (m ais d e 10 ano s): Ang ico , Cam b r iú va, Canaííst ula, Can jeran a, Ced ro . Co cão ,
Gu aj u vi r a, Gr áp i a, Im b uia, Lo uro , Ip ê- Ro xo e Am arelo , Eucalip t o nas varied ad es: Cit rio d o ra,
M acu lat a, Paniculat a, Rost rat a, Rud is, Sid ero fó lia, Teret ico rnis.

21.5. EXECUÇÃO DAS ESTRUTURAS DE M ADEIRA

Sup o nd o q ue t odas as et ap as ant erio res fo ram at end id as co rret am ent e, ent ão d evem o s nos
co ncent rar na execu ção , q ue co m o já cit am o s ant eriorm ent e d eve ficar a carg o de um profissio-
nal exp erient e e sério . N a ausência deste, o q ue co st um a aco nt ecer é o carp int eiro de form as
se p ro nt ificar o u ser co n vo cad o para execut ar u m a est rut ura de m ad eira, usand o peças e pro-
ced im ent o s aos q uais ele não esta aco st um ad o , co m o já foi dit o ant es.

Por out ro lad o , d evem o s ter em m ent e q ue na sua f unção hab it ual, suas ob ras são p rovisórias,
não exig ind o , port ant o, os m esm o s cuid ad o s e co nhecim ent o s esp ecíf ico s q ue um a estrutura
p erm anent e requer.

Send o o esco p o do nosso t rab alho m ost rar os erros q ue se co m et em na execu ção de um a o b ra,
os q uais, por sua vez, p o d em levar a um sinist ro , vam o s relat ar os m ais co m u n s que t em os
o b servad o na co nst rução d e cob ert uras co m est rut ura de m ad eira.

• Selecio nar p eças inad eq uad as p ara a sua f unção ; classif icação errad a.
• N ão o b servar o s veio s das m ad eiras.
• Usar madeira empenada, com agravante de colocar com o empenamento virado para o lado errado.
• Usar pregos m uit o grossos no lugar d e p arafuso s, p ro vo cand o rachad uras na m ad eira.
• Co rt ar sem p recisão , g erand o folgas nos nós d e lig ação .
• Fazer em end as errad as.
• N ão o b servar alg uns co nceit o s b ásico s: esp açam ent o de rip as, t erças e t esouras.
• N ão criar ap o io co rret o e b em fixad o .
• N ó d o ap o io sem en cai xe, co m uso inco rret o do est ribo sem f ixação .
• Pend urais sim p les, q uand o d everiam ser d up lo s.
• Enco nt ro d as d iag o nais cent rais co m b anzo inferior e não co m p end urai cent ral.
• Dist ancia insuficient e dos parafusos at é a b o rd a d a p eça.
• Terça fora do nó.
• Emendas co m chap uz, chap as m et álicas mal dim ensionadas ou execut adas de forma incorreta.

21.6. ESTRUTURAS DE M ADEIRA ERRADAS E APARENTEM ENTE ESTÁVEIS

É fato que exist em algum as obras em que se podem const at ar esses erros e, no ent ant o, a estrutura
estar aparent em ent e est ável. Há que t om ar muit o cuid ad o para não se d eixar ilud ir e acredit ar
q ue o carp int eiro que a execut o u está cert o e todos os conceit os d a eng enharia, errados.
O q ue o co rre nesses caso s é q ue a est rut ura pode estar sup erd im ensio nad a, co m cap acid ad e
d e suport ar carg a m uit o aci m a d as at uant es, o u, por out ro lad o , nunca ter sid o subm et ida p lena-
m ent e aos esfo rço s d as carg as acid ent ais; p o rém , no m o m ent o em q ue isso vier a ocorrer, ent ão
p o d erem o s ter um sinist ro.

21.7. M ADEIRAS TRANSFORM ADAS

Exist em vário s t ipos d e m ad eiras t ransfo rm ad as, m as ab o rd arem o s ap enas aq ueles ce m aio r
uso na co nst rução ci vi l .

2 1 .7 .1 . (M ad eira Lam i n ad a Co m p e n sad a

Esse t ipo d e m at erial é co nst it uíd o p ela co lag em d e lâm inas de m ad eira dispost as de m aneira
q ue as fib ras d e cad a cam ad a fiq uem p erp end iculares um as «às out ras, result and o em chap as
co m p o uca ret rat ilidade e b o a resist ência. Tem sid o p o uco em p reg ad a co m o elem ent o estrutu-
ral, m as m uit o ut ilizad a na co n f ecção de form as d e co ncret o .

N o ent ant o, já t ivem o s a o p o rt unid ad e d e p art icip ar de alg uns caso s em q ue foram ut ilizad as
chap as d e m ad eira co m p ensad a co m o elem ent o est rut ural, send o um dos co m p o nent es em p re-
gados para co m p o r a est rut ura d e sust ent ação d e alg um as ed if icaçõ es.

Co m o exem p lo , p o d em o s cit ar um a est rut ura de m ad eira q ue ut ilizo u chap as co m p ensad as e


vig as de peroba, fo rm and o um p órt ico de co b ert ura para o pát io de um a esco la no interior d o
Estado d e São Paulo. Co m o passar do t em p o , a um id ad e nas bases dos p ilares e a p resença d e
cu p i m co m p ro m et eram essas p eças e q uase p ro vo caram um sinist ro .

Qu an d o se opt ar p elo em preg o d e chap as co m p ensad as co m o elem ent o est rut ural, reco m en-
d am o s q ue se f aça para p eq uenas o b ras e d e p o u ca resp o nsab ilid ad e, e q ue se t om em o s
seg uint es cu id ad o s:

• Ut ilizar lam inad o s co lad o s co m resinas sint ét icas do t ipo feno- form ol o u m elam ina- fo rm o l,
pois são à p ro va d ' ág ua.
• Im p erm eab ilizar as bordas co m t int as, vernizes o u out ros m at eriais q ue não perm it am acesso
de um id ad e, p ois este é o pont o m ais vu ln erável.
• Trat ar p reviam ent e co m produt os q ue a p reservem d o at aq ue d e fungos, b ro cas e cup ins (ver
it em 21.8. Preservação e t rat ament o das m ad eiras).

2 1 .7 .2 . M ad e i r a Lam i n ad a

São vig as d e m ad eira p ré- fab ricad as at ravés d a co lag em d e t áb uas. Elas p o d em ser retas o u
cu rvas, d e q ualq uer largura e co m p rim ent o , de seção co nst ant e o u variável, p ro d uzid as nas
m ed id as esp ecif icad as p elo client e; p o d em vencer g rand es vão s e são ent regues co m acab a-
m ent o final (ver figura 21.7.2).

E93
Viga Reta Viga Curva

Arco
Seção Transversal

Peças de Madeira Coladas


x
Pelo Sistema Hetzer

Fig. 21.7.2. Vigas de madeira composta

Esse tipo d e estrutura foi co nceb id o p elo alem ão Ot t o Het zer, em 1905, e tem sido m uit o ut ilizad a
em cobert uras, na forma de vigas retas, pórt icos ou arcos, p rincip alm ent e em ginásios de esporte,
resid enciais d e luxo o u ed ificaçõ es indust riais e co m erciais, em q ue o seu em prego é recom enda-
d o por razões t écnicas o u est ét icas. Em São Paulo, elas são co nhecid as co m o vigas Lam inarco .

A m ad eira no rm alm ent e ut ilizad a para a co n f ecção dessas p eças é o Pinho- do- Paraná, um a
vez q ue ap resent a q ualid ad es sat isfat órias para isso. O s result ados dos ensaio s d e laborat ório
m ost ram q ue a resist ência f inal à co m p ressão , ao cisalham ent o e a caract eríst ica relat iva ao
m ó d ulo d e elast icid ad e p erm anecem p rat icam ent e iguais aos d a m ad eira nat ural.

As madeiras empregadas na co m p o sição das vigas lam inadas devem receber tratamento especial
cont ra fungos, m icrorganism o, bact érias e insetos, o que confere um a det erm inada durabilidade.

N o ent ant o, apesar da q ualid ad e e versat ilid ad e d o produt o, d evem o s t om ar alg uns cuid ad o s
ao longo d e sua vid a út il, t endo em vist a q ue p o d em surgir sit uaçõ es d e risco , co m o t ivem o s
o p o rt unid ad e de const at ar n u m a est rut ura de m ad eira lam inad a em form at o d e arco , num p át io
esp ort ivo d e um a esco la na cid ad e d e Sant os, em São Paulo.

Ela foi vít i m a d e um severo at aq u e d e cu p i n s, q ue co n su m i u o seu int erio r sem m o st rar


si n ai s ext ern o s. Por so rt e, o p ro b lem a foi id en t if icad o e a área int erd it ad a, p o rém não h o u ve
t em p o p ara se i n i ci ar em os t rab alho s d e rest auro , u m a vez q u e ela d esab o u d urant e u m a
fort e t em p est ad e.

Devem o s ter em m ent e q ue o cu p i m at aca a p eça int ernam ent e, send o q ue na m aio ria d as
vezes não perfura a f ace ext erna, o q ue pode dar um a falsa id éia de seg urança o est ab ilid ad e.
N essas co n d içõ es o risco de sinist ro é m uit o g rand e, p ois o usuário pod erá não p exeb er a
g ravid ad e d a sit uação para t om ar as d evid as p ro vid ências p revent ivas.

Seg und o alg uns esp ecialist as no assunt o, o cu p i m só se alim ent a d e celulo se e seus d erivad o s;
no ent ant o , é cap az d e ab rir cam i n h o em q ualq uer m at erial, at é m esm o no co ncret o , co m
exceção do vid ro e d o aço .
21.8. PRESERV A ÇÃ O ETRA TA M EN TO DA S M A D EI RA S

Co nsid erand o q ue t o m am o s todos os cuid ad o s cit ad o s ant erio rm ent e co m relação à execu ção
d e um a est rut ura de m ad eira, d evem o s ent ão nos p reo cup ar co m a p reservação da m esm a, d o
co nt rário p o d erem o s ser vít im as d e um sinist ro por falt a d e um a ef icient e m anut enção p reven-
t iva e co rret iva.

O s p rincip ais produt os d e p reservação t em co m o insum o s b ásico s elem ent o s t ó xico s, fung icid as,
inset icid as o u ant im o lusco s, q ue são d iluíd o s em um so lvent e que pode ser a água o u um ó leo
d e b ai xa vi sco si d ad e. Alg u n s p ro d ut o s p ret end em co nf erir t am b ém o ut ras caract eríst icas à
m ad eira, d o t ipo im p erm eab ilid ad e ret ard ant e de ch am a e inib id o r d e ret rat ilid ad e. Dent re
eles, d est acam o s os seguint es:

• Ól eo s p reservat ivo s à base d e creo so t o .


• So lução à base d e co b re, cro m o , boro e arsênico .
• So luçõ es d e p ent aclo ro feno l d ilu íd as em ó leo de b aixa visco sid ad e.

O s p ro cesso s usuais de p reservação d a m ad eira q ue não alt eram as caract eríst icas f ísicas e
m ecân icas do m at erial são apresent ad os a seguir.

2 1 .8 .1 . Im p r eg n ação Su p er f i ci al

Co m o o p róp rio nom e d iz, esse t rat am ent o é sup erf icial, p o d end o penet rar de 2 a 3 cm no
m áxi m o ; no ent ant o, criará um a p elícu la prot et ora cap az d e resist ir a p eq uenas fendas de seca-
g em e ao at aq ue de inset o s, a q u al será sem p re u m a p ro t eção m ais ef icien t e do que u m a
sim p les pint ura sup erf icial.

São p ro ced im ent o s eco n ô m i co s e reco m end áveis para p eças d e m ad eira seca q ue serão em -
pregadas em am b ient es cob ert os e de p o uco var iação de um id ad e, tais co m o forros e t elhados
sobre laje. O p ro cesso se resum e na im ersão o u pint ura da p eça em p reservat ivo s d o t ipo Sal d e
W o l m an n d ilu íd o em água num a p ro p o rção d e 4 %.

2 1 .8 .2 . I m p r eg n ação so b Pr essão Red u zi d a

O co n cei t o é o m esm o q u e o an t erio r, o u sej a, i m p r eg n ar a m ad ei r a co m u m p ro d u t o


cap az d c p r o lo n g ar a su a vi d a ú t i l . Po rém , nest e caso , o p ro cesso p o d e ser feit o d e t rês
f o r m as d i f er en t es:

• Banho s quent es e frios.


• Sub st it uição d a seiva.
• Por osm ose.

N ão vam o s ent rar no m ér i t o d e cad a p r o cesso , t end o em vist a q ue foge ao esco p o d est e
t r ab al h o ; no en t an t o , p o d e ser vi r d e o r i en t ação p ar a o leit o r q u e d esej ar m ai s i n f o r m ação
a r esp ei t o .
2 1 .8 .3 . I m p r eg n ação so b Pr essão El ev ad a

É o t rat am ent o q ue d eve ser d ad o às p eças q ue irão sofrer um a agressão severa, co m o aq uelas
q ue f icarão sub m ersas o u sujeit as ao at aq ue de pred ad ores m arinho s. Esse p rocesso é o m ais
ef icien t e, t end o em vist a q u e é execu t ad o em au t o cl ave e co n f ere u m a p ro t eção elevad a.
Tam b ém se b aseiam na ap l i cação d e produt os p reservat ivo s, só q ue p ela cr i ação de vácu o
(p ro cesso Bet hel) o u por aum ent o d e p ressão (p ro cesso Ruep ig ).
2 2zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Sinistros devido a reformas sucessivas

M u it as resid ên cias no p assad o fo ram execu t ad as em b airro s, ruas e aven id as q ue se t ransfor-


m aram em p ó lo s co m er ci ai s, e p assaram a ser usad as co m o lo jas, escrit ó rio s, o f icinas, et c.

N ão haveria m aio res p ro b lem as, se t udo fosse feit o co m b ase em p ro jet o s, p rincip alm ent e o d e
est rut ura; no ent ant o , o q ue se ver i f i ca é q ue o im ó vel p erd e o seu hist ó rico ao longo do t em p o ,
p rin cip alm en t e p elo fat o d e q uase n u n ca exist ir um p ro jet o i n i ci al .

N essas co n d i çõ es, ap ó s a seg und a o u t erceira ad ap t ação d o i m ó vel , a p o ssib ilid ad e d e se


co m et er um erro d e aval i ação d a est rut ura exist ent e é m uit o g rand e, t end o em vist a q ue em
g rand e part e d essas o b ras, q u an d o fo ram co nst ruíd as o rig inalm ent e, os eng enheiro s e co nst ru-
tores ad o t avam u m a so l u ção b asead a na sua p ró p ria exp er i ên ci a, co m o m uit o s f azem ai n d a
h o j e, execu t an d o vig as e p i l ar es de co n cr et o ar m ad o ju n t am en t e co m as alven ar ias. Di sso
result a q ue na m aio ria das vezes o co m p o rt am ent o f inal é um m ist o de al ven ar i a port ant e co m
vig as e p ilares servin d o d e am ar r ação e t ravam ent o .

A primeira adequação não apresenta maiores dificuldades, se o engenheiro estiver atento para executar
uni adequado sistema de ajX)io nos locais onde forem removidos vigas, pilares e principalmente paredes.
Esse procedimento garantirá a estabilidade do pavimento su|x?rior ou da cobertura, se for ocaso.

Po rém , n u m a seg und a o u t erceira ad ap t ação , m uit as vezes não é m ais p o ssível id ent ificar as
caract eríst icas o rig inais d a ed i f i cação , co rrend o - se ent ão um sério risco de se rem o verem p a-
red es o u p eças d e co n cret o sem p o d er aval i ar co rret am ent e a sua real f u n ção e q ual a sua
p arcela d e resp o nsab ilid ad e na est ab ilid ad e d o co n j u n t o .

O reco m en d ad o nesses caso s é q u e p rim eiram ent e se t ent e l o cal i zar t o d o e q ualq uer p ro jet o
referent e à ed i f i cação a ser ref o rm ad a, p o is eles serão elem ent o s d e g rand e val i a para se en-
t end er co rret am en t e as alt eraçõ es q ue f o ram feit as no p assad o , p o ssib ilit an d o assim q ue se
p ro jet e a o b ra co m crit ério , eco n o m i a e p rin cip alm en t e seg urança.

N a in exist ên cia dos m esm o s, d evem o s levant ar o hist ó rico d as refo rm as ant erio res, b u scan d o
inf o rm açõ es co m os resp o nsáveis p elas o b ras p assad as e co m o p ro p riet ário . Esse p ro ced im en-
to é m uit o val i o so , no sent id o d e q ue eles p o d erão f o rnecer in f o rm açõ es p recio sas p ara se
avaliar o q u e foi e co m o foi execu t ad o . Perm it e- se co m isso b al i zar os p ro ced im ent o s futuros e
alert ar q uant o ao s cu i d ad o s q ue d everão o u não ser t o m ad o s d urant e as ab ras d e ad eq u ação .

N o ent ant o , q u an d o não for p o ssível se o b t er os p ro jet o s e o hist ó rico d as o b ras passadas não for
suf icient e p ara sanar t odas as d ú vid as, d evem o s ent ão realizar u m a cu id ad o sa invest ig ação no
lo cal, co m a f inalid ad e d e id ent ificar a p o sição de vig as, p ilares, sinais de p ared es rem o vid as
no passado e aq uelas q ue fo ram co nst ruíd as p ost eriorm ent e.

Devem o s invest igar p ara obt er o m áxi m o d e info rm açõ es p o ssíveis, sobre t odas as caract eríst i-
cas o rig inais do im ó vel e d as ad eq uaçõ es q ue foram execut ad as ao longo do t em po.

Para t ant o, é necessário f azer um a série d e p ro sp ecçõ es no lo cal, at ravés d as abert uras d e
p eq ueno s rasgos co nt ínuo s no revest im ent o d as p ared es, nas d ireçõ es vert icais e ho rizo nt ais,
b em co m o nas lajes. Esse p ro ced im ent o p erm it irá id ent if icar a p resença de vig as e p ilares
em b ut id o s nas alvenarias e o t ipo d e laje exist ent e, que pod erá ser m aci ça o u nervurad a.

Dever ão ser realizad as o ut ras ab ert uras em pont os q ue d eno t em alg um a alt eração feit a no
p assad o , do t ipo em end as de laje, rem o ção o u execu ção de alven arias, var iação de co r o u
t ext ura e até p elas m arcas diferent es de p int ura.

Ag ind o assim é p ossível se const at ar, p ela d if erença d e m at eriais, as d iversas et ap as de trans-
f o rm ação do im ó vel, um a vez q ue em m uit os caso s é p o ssível se avaliar a dat a de d et erm inad a
reform a p elas caract eríst icas do m at erial ut ilizad o .

Ou t ro cu id ad o im port ant e q ue d eve ser p ro vid enciad o é um a invest ig ação d o t ipo d e f und ação
e d o so lo exist ent e. Nesses caso s, d evem o s t am b ém p roced er a um a p ro sp ecção junt o ao piso,
at ravés da abert ura d e alg um as valas co m p ro fund id ad e suficient e para p erm it ir id ent ificar as
caract eríst icas do so lo e da f und ação exist ent e.

Q u an d o se co nst at a q ue a f und ação exist ent e é do t ipo p ro f und a, isso sig nif ica que o so lo
p ró xim o da sup erf ície não o ferece boa cap acid ad e d e suport e. N essas co nd içõ es, o ideal é q ue
essa invest ig ação se f aça at ravés d e u m a sond ag em de reco nhecim ent o d o t ipo p ercussão, q ue
irá fornecer info rm açõ es t écnicas para se avaliar crit erio sam ent e as co nd içõ es lo cais.

Essa invest igação geot écnica dará subsídios para se projet ar e execut ar a so lução de melhor de-
sem penho t écnico- econôm ico e, ao m esm o tempo, avaliar a necessidade de reforço, se for o caso.

Para se rem o ver um a parede exist ent e, d evem o s verif icar se ela não tem a f unção de sustentar
a laje d e forro o u d e p iso logo aci m a d ela, o q ue é m uit o co m u m nas ed if icaçõ es m ais ant igas,
nas q uais os p ilares e vig as q uase sem p re f uncio nam co m o elem ent o s d e am arração das alve-
narias, q ue p or sua vez acab am se co m p o rt and o co m o elem ent o port ant e e a sua retirada p o d e
co m p ro m et er a est ab ilid ad e d o co njunt o (ver fig. 22.1).

Alvenaria
Laje apoiada nas
3 Alvenarias

Deformação
da Laje
Remoção da Alvenaria

1= = 1 (=
Fig. 22.1. Rem oção de paredes port ant es
O refo rço d a est rut ura co m a u t i l i zação de vig as e p ilares m et álico s t em- se m ost rado u m a
so l u ção ad eq uad a p ara esse t ipo de o b ra, u m a vez q ue red uz sig nif icat ivam ent e o p razo e
p erm it e m aio r f lexib ilid ad e nas o p çõ es de so lu ção dos p ro b lem as exist ent es; no ent ant o, d eve-
mos ter em m ent e a necessid ad e d e se verif icar a sit uação final de d ist rib uição d as ca' g as q ue
result ará após a ad eq uação .

N a m aio ria d as vezes, d everá ser execut ad o refo rço lo calizad o na f und ação e criar elem ent os
d e ap o io s nas alven arias p ara evit ar a co n cen t ração d e esfo rço s e d ist rib uir as tensões. N o s
caso s em q ue as no vas carg as de u t ilização forem m ais elevad as que as ant erio res, é p reciso
p rever reforços co m p ilares de co ncret o ou m et álico s (ver fig. 22.2).
Corto 1-1

Alvenaria

Enchlmonto ^Lajo

Viga Metálica
a e Reforço

Alvenaria
Parede Removida
Portante
^Alvenaria Pilar de Removida
.Alvenaria Reforço

f -Oi Provo r Reforço


na Fundação í f c

Det. - 1

Laje Existente

Argamassa Cimento^,
Areia 1:3 com de Reforço
Cunhamonto om Brita Berço de Concreto ^

Alvonaria Existonto
Fig. 22.2. Reforço para eliminar parede portante

Ou t ra sit uação q ue co st um a o co rrer nas ad eq uaçõ es e pode represent ar um a sit uação de risco
são as alt eraçõ es est rut urais sem um a avaliação crit erio sa d as im p licaçõ es que isso possa acar-
retar na est ab ilid ad e d o co njunt o . N esse sent ido, p o d em o s cit ar co m o exem p lo a necessid ad e
d e se rem o ver um o u m ais vão s de lajes ou vig as co nt ínuas, causand o um a m u d an ça sig nifica-
t iva no co m p o rt am ent o d a part e restante d a est rut ura; em tais caso s, elas irão perder a co nd i-
ção hip erest át ica, p o d end o apresent ar d efo rm açõ es acent uad as o u at é m esm o sofrer co lap so
p arcial, d ep end end o d a est rut ura exist ent e (ver fig. 22.3).

A indústria de vidros Santa M arina teve de enfrentar uma situação semelhante, quando decidiu im-
plantar um novo forno no interior de um prédio existente; para tanto, precisou proceder a vários cortes
em vigas e lajes. Na ocasião, tivemos a oportunidade de elaborar os estudos necessários para permitir
a implantação do novo equipamento sem comprometer a estabilidade da estrutura existente.
Laje Removida Laje

Pilar Perde Pilar tem


Viga Removida
Travamento Aumento
Pilar Viga
Lateral de Carga

Deformação da
Laje e V i g a
Fig. 22.3. Remoção de um vão de viga/ laje contínua

N ão p o d em o s esq uecer de verif icar t am b ém a no va co n d ição d e t rab alho do p ilar que t eve a
vig a ou laje rem o vid a. M uit as vezes pod em os criar sit uaçõ es nas q uais d o b ram o s o co m p ri-
m ent o de flam b ag em d a co lu n a p ela elim in ação do co nt ravent am ent o lat eral q ue o elem ent o
ret irad o rep resent ava.

Ou t ra sit uação q ue gera risco d e sinist ro é q uand o se rem o vem vig as o u lajes int ernas sem
avaliar a resp o nsab ilid ad e q ue elas t êm para garant ir a est ab ilid ad e lat eral de p ared es ext ernas
d e grande alt ura e sujeit as à pressão do vent o , o u m esm o para absorver o em p u xo horizont al da
terra co m o t ravam ent o de co rt inas.

Em algumas situações o projetista e o construtor se preocupam apenas co m a estrutura na sua função


d e suportar cargas vert icais, esquecendo- se de que em alguns casos ela funciona também co m o
travamento para absorver esforços horizontais. Nessas condições, para que se possa fazer a sua remo-
ção , haverá necessidade de se executar previamente um a estrutura auxiliar para absorver esses esfor-
ços e somente a|x3s a sua conclusão e cura é que jxxlerem o s dar seqüência à obra (ver fig. 22.4).

Nesse Caso a Remoção da Laje, Viga e Alvenaria só pode ser


Executada após o Reforço na Contenção Lateral do Arrimo

Fig. 22.4. De empuxo lateral


Ou t ra sit uação a ser verif icad a co m caut ela é q uand o se trata de ed if ício s ind ust riais que m u-
d am o t ipo de at ivid ad e, p rincip alm ent e em im ó veis alug ad o s sem um projet o d et alhad o d a
est rut ura e co m in d icação d a so b recarg a útil ad ot ad a em cad a nível de laje.

N essas co n d içõ es, é m uit o co m u m q ue se p ercam alg uns d et alhes do hist ó rico d as at ivid ad es
ant erio res q ue foram exercid as no lo cal, p o d end o se co m et er o erro d e co lo car m áq uinas e
eq uip am ent o s sobre lajes q ue não fo ram p ro jet ad as para t al f inalid ad e, o u m esm o ut ilizar áreas
t id as co m o d epósit o no p assad o , p o rem co lo cand o - se u m peso b em sup erio r àq uele quo se
est o cava ant erio rm ent e. N essas co n d içõ es, pode- se acarret ar u m sinist ro .

A abert ura o u fecham ent o d e g rand es vão s em galpões ind ust riais é cap az de alt erar t am bém
d e form a sig nif icat iva os esforços q ue vão at uar na ed if icação , p ro vo cand o em d et erm inad as
sit uaçõ es o co lap so d a m esm a. Podem os verif icar isso co m m ais d et alhes no it em Ação d o
vent o sobre as ed if icaçõ es.

Em se t rat ando de im ó vel ind ust rial, d evem o s p ro ced er d a m esm a forma q ue foi reco m end ad a
para os caso s d e im ó veis resid enciais o u co m erciais q ue t iveram alt eraçõ es ao longo do t em po,
f azend o u m d et alhad o levant am ent o lo cal, co m p ro sp ecçõ es em vig as, p ilares, lajes e alvena-
rias, de form a a se obt er o m aio r núm ero p o ssível d e info rm açõ es. Paralelam ent e, temos d e
levant ar o hist ó rico das at ivid ad es p assad as co m o m áxi m o de dados sobre a p o sição e p eso d e
eq uip am ent o s e produt os est o cad o s.

N o s p o nt o s o nd e as in f o rm açõ es co l h i d as não f o rem suf icient es p ara se d ef inir o grau d e


seg urança q ue se d eseja em f unção d as no vas at rib u içõ es q ue a est rut ura t erá, p recisam o s
ent ão reco rrer a alg uns ensaio s q ue p erm it am avaliar co m p recisão t o d as as caract eríst icas
d a est rut ura e d a ed i f i cação , co m o co nst a no cap ít u lo d e ensaio s, aval i açõ es, recu p eração e
refo rço est rut ural.

Devem o s ter em m ent e t am b ém q ue há caso s em q ue a no va ind úst ria a ser im plant ada pod erá
p ro d uzir um m eio am b ient e m ais ag ressivo q ue o ant erior, tanto na at m osfera co m o no sub so lo ;
nessas co n d i çõ es, se a ed i f i cação não foi p ro jet ad a o rig inalm ent e co m essa f inalid ad e, vai
o co rrer inevit avelm ent e um at aq ue dos elem ent o s est rut urais a curt o e m éd io p razo , podendo
acarret ar um sinist ro , co nf o rm e d escrit o no it em Co rro são d as arm ad uras.
2 3zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Incêndio

23.1. GEN ERALIDADES

O s incênd io s em ed if icaçõ es têm sid o m o t ivo de p reo cup ação na m aio ria dos p aíses d esenvo l-
vid o s e em d esenvo lvim ent o , p elas lam ent áveis perdas de vid as h u m an as e p elo s grandes pre-
j u ízo s m at eriais q ue t êm causad o em t odos os cant os do p lanet a.

O fenô m eno d o incênd io , q uand o analisad o em todas as suas variáveis, é d e grande co m p lexi-
d ad e; no ent ant o, vem send o est ud ad o e p esq uisad o nos últ im o s ano s em vário s países, dent re
eles o Instituto d e Pesquisa Tecno ló g ica de São Paulo tem feito valio sas p esq uisas nesse sent id o .

N u m a p rim eira análise, p o d em o s d izer q ue exist e um a relação d iret am ent e p ro p o rcio nal ent re
o nível d e risco de incênd io e o avan ço t ecno ló g ico d e um p aís o u região. Co m o crescim ent o
ind ust rial e urb ano t emos um a m aio r co n cen t ração d e m áq u in as, eq uip am ent o s e m at eriais
co m b u st íveis. N as co n st ru çõ es se u t i l i zam cad a vez m ais m at eriais alt ernat ivo s, tais co m o
d ivisó rias, forros leves, vid ro s e alu m ín io , sendo todos eles m ais vulneráveis ao fogo.

Ap esar d e todo o avan ço t ecno ló g ico , o s invest im ent os cm p ro jet o s e m at eriais para garantir a
seg urança co nt ra incênd io aind a são insuficient es p ara dar m aio res garant ias aos usuários e ao
p róp rio p at rim ô nio . As em p resas d e seguros d esem p enham um p ap el im port ant e no sent ido d e
incent ivar m elho res co n d içõ es d e seg urança co nt ra incênd io , ao m esm o t em p o em q ue são
fund am ent ais para garant ir a rep o sição dos bens m at eriais e o ressarcim ent o dos danos.

Nest e t rab alho vam o s co ncent rar nossas at ençõ es nos d anos m at eriais q ue um sinist ro d e in-
cên d io co st um a p ro vo car nas ed if icaçõ es, p rincip alm ent e nas est rut uras de co ncret o e aço ; no
ent ant o, para m elho r ent end im ent o de todo o p ro cesso , ab o rd arem o s t am b ém alg uns aspect os
elem ent ares sobre o in ício e a p ro p ag ação d o fogo.

Vam o s t ecer alg um as co n sid eraçõ es co m relação aos crit ério s ad o t ad o s na elab o ração dos
p ro jet o s, na esco lh a dos m at eriais e na execu ção d as o b ras, o b jet ivan d o ch am ar a at enção
para a necessid ad e de se co nsid erar o risco de incênd io em todas essas et apas q ue envo lvem a
co nst rução d e um a ed if icação .

Entendemos que, se alguns cuid ad os ad icio nais forem tomados, poderão representar um incremen-
to d e segurança que im p licará a preservação de muitas vidas, ao m esm o tempo em que irá colabo-
rar para a preservação d a ed if icação , p rincip alm ent e no que d iz respeito à est abilidade da sua
estrutura de sustentação, resultando num a significat iva redução nos danos pessoais e materiais.
2 3 .2 . FEN Ô M EN O CA RA CT ERÍ ST I CO D O F O G O

O fogo pode ser d efinid o co m o um fenô m eno f ísico - q uím ico em q ue o co rre um a reação d e
o xi d ação co m em issão de luz e calo r. Deve co exist ir q uat ro co m p o nent es para q ue ocorra o
fenô m eno (ver fig. 23.2.1):

• Co m b u st ível : Qu al q u er sub st ância cap az de p ro d uzir calo r por m eio d e reação q u ím ica.
• Co m b u ren t e: Elem ent o às cust as do q ual se d á a co m b ust ão ; no caso de incênd io , é o o xig ê-
nio do ar.
• Cal o r : Form a d e energ ia que se t ransfere d e um sist em a p ara o ut ro , d evid o a um processo d e
t ransf o rm ação .
• Reação em cad eia.

N o s líq uid o s e gases, a q ueim a o b serva m ecanism o s m ais p reciso s q ue nos m at eriais só lid o s,
em que a área esp ecíf ica é u m fator im port ant e para d et erm inar sua razão d e q ueim a na unid a-
d e d e t em p o. O u seja, para um m esm o m at erial co m igual m assa e áreas diferent es, eles q uei-
m am em t em pos inversam ent e p ro p o rcio nais à sup erf ície de cad a um ; o q ue t iver m ei o s área
d em o rará m ais para q ueim ar, lib erand o , no ent ant o , a m esm a q uant id ad e d e calor, porém a
t em perat ura at ing id a será m enor.

N o caso d a m ad eira, t em os um a sit u ação int eressant e: na fo rm a de serrag em , o u seja, co m


elevad a área esp ecíf ica, a q u eim a não se p ro cessa co m grande rap id ez; no ent ant o, na fo rm a
d e pó m ist urado co m o ar pode ter um a reação exp lo siva sem elhant e a u m gás. Porém , em d uas
p eças d e m ad eira de m esm a m assa, send o u m a t ora e out ra um a ch ap a, esta últ im a vai q ueim ar
m ais rap id am ent e, p ro vo cand o t em p erat uras m ais elevad as.

O m ecan ism o d e co m b ust ão p recisa d e o xig enação , send o q ue no caso d a m aio ria dos m at eri-
ais só lid o s, q uand o a co ncent ração de o xig ênio em vo lu m e f ica ab aixo d e 14%, os mesmos não
m ant êm a ch am a na sua sup erfície. Dessa form a, pod em os d izer q ue a d uração do fogo depen-
d e d a q uant id ad e do m at erial co m b ust ível exist ent e no lo cal e d a q uant id ad e de ar que pod erá
ent rar no lo cal.

Qu an d o se tem um foco de incênd io num a sala, o co rre a f o rm ação de gases quent es que vão se
acu m u lan d o junt o ao forro e p enet rand o nas abert uras exist ent es. N essas co n d içõ es, o t em p o
d e q u eim a e a t em p erat ura at ing id a na sala vão d ep end er dos m at eriais co m b ust íveis e d o
sup rim ent o de ar q ue será fo rnecid o p elas ab ert uras.

N o ent ant o, q uand o o sup rim ent o d e ar for m aio r q ue as necessid ad es de co m b ust ão , a t axa d e
co m b ust ão não será m ais co nt ro lad a por esse m ecanism o , assum ind o ent ão um a q ueim a sem e-
lhant e à co m b ust ão do m at erial ao ar livre (ver na fig. 23.2.2).
Vista em Corte

Camada do
Gases Quentes
Salda de Ar Quente

Entrada de Ar Oxigênio

Foco do
Incêndio

Fig. 23.2.2. Formação de gases e fluxo de ar

Durant e um in cên d io , são at ing id as elevad as t em p erat uras e, nessas co nd içõ es, os m at eriais
lib eram gases co m b ust íveis q ue por falt a de o xig ênio no am b ient e não q u eim am . N o ent ant o,
esses gases su p eraq u ecid o s, q u an d o en co n t ram o xi g ên i o at ravés d as ab ert uras, se ig nizarn
f o rm and o eno rm es lab ared as, q ue por sua vez são as resp o nsáveis p ela ráp id a p ro p ag ação
vert ical d o fogo em ed if ício s, p rincip alm ent e co m grandes áreas envid raçad as junt o à fachad a.

Recent em ent e co nst at am o s q ue um sinist ro num ed if ício na cid ad e de Go i ás não assum iu m aio -
res p ro p o rçõ es d evid o à p resença d e g rand es sacad as co m p o uco m at erial infla m á vel, q ue por
sua vez f uncio naram co m o ant ep aro à p ro p ag ação d as ch am as, im p ed ind o q ue o fogo se alas-
trasse p ara os and ares sup erio res, lim it and o assim o in cên d io ap enas ao lo cal o nd e se in icio u
(ver fig. 23.2.3).

Pó Sacada
Sacada [

Auxéncia de Material
Combustível

Vidro^
Sacada

|
Gasos Incêndio Ficou Confinado
Quentes no Andar do Foco
í L Foco de
Incêndio

Fig. 23.2.3. Propagação vertical das chamas impedida pela sacada

23.3. CLASSES DE IN CÊN DIOS

Classe A: São m at eriais d e f ácil co m b ust ão co m a p ro p ried ad e de q ueim ar em sua sup erfície e
p ro fund id ad e, e d ei xam resíduos (t ecid os, m ad eira, p ap el, fibras).
Classe B:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
São o s produt os inf lam áveis q ue q u eim am em sua sup erfície e não d eixam resíduos
(ó leo s, g raxas, vernizes, t int as, g aso lina).

Classe C: Qu an d o o co rrem em eq uip am ent o s elét rico s energ izad o s, co m o m ot ores, t ransforma-
d o res, q uad ro s d e d ist rib uição , fios, et c.

Classe D: Elem ent o s p iro fó rico s co m o m ag nésio , zir cô n io , t it ânio, et c.

23.4. TEM PERATURAS DE FULGOR E IGN IÇÃO


Temperat ura de f ulgor: é a m enor t em perat ura na q ual um a q uant id ad e d e vap o res liberados
por um líq uid o form a um a m ist ura inf lam ável co m o ar, que ent ra em co m b ust ão ao cont at o co m
um a sup erf ície aq u ecid a aci m a d e 500° o u co m ch am a, fag ulha o u cent elha.

Temperat ura de ignição: é a t em perat ura necessária para inflam ar um líq uid o .

Apresent am os a seguir um a t abela co m a t em perat ura de fulgor e de ig nição d e alguns mat eriais.

Tab ela 22

Produt o Tem p er at ur a Tem perat ura


de Fulgor de Ignição
Acet o n a - 17 538
Acet i l en o g ás 335
Ál co o l Et ílico 13 371
Asf alt o 204 484
Gaso l i n a - 42 257
Gl i cer i n a 160 392
Hid ro g ên io Gás 584
M et ano g ás 537
N aft a li na 80 558
Ó l eo Co m est ível 37 257
Parafina 1,99 245
Qu er o sen e 38 254
So lven t e 38 232

23.5. FASE IN ICIAL E EVOLUÇÃO DAS CHAM AS

As fontes de ig nição na m aio ria dos incênd io s g eralm ent e são p eq uenas e evid en ciam um a
ínt im a relação ent re o risco de in ício d e incênd io e o uso de m at eriais f acilm ent e ig nizáveis,
tais co m o : co rt inas, m o b iliário s e artigos de d eco ração , q ue ut ilizam na sua co m p o sição m ad ei-
ras, p lást ico s, alg o d ão e out ros m at eriais d e f ácil co m b ust ão . N o rm alm en t e, nesses caso s a
p ro p ag ação do fogo é m uit o ráp id a.

Por esse m o t ivo e p ela co nst at ação d e q ue q uat ro ent re ci n co incênd io s em ed ificaçõ es t êm
in ício a part ir de p eq uenas fontes d e calo r, f ica evid ent e a im p o rt ância na seleção dos m at eriais
d e acab am ent o e d e d eco ração q ue são no rm alm ent e em p reg ad o s. Dessa form a, se pode d izer
q ue o risco de in ício d e incênd io está d iret am ent e relacio nad o co m o uso de m at eriais q ue
req uerem um b ai xo nível de energia para se ig nizarem .

Fatores que alt eram a velo cid ad e d a reação :

• Caract eríst icas do Próp rio M at erial


• Tem p erat ura
• Ag it ação
• Vent ilação
• Um id ad e do ar
• Form a f ísica
• Et c.

Co m o j á ci t am o s an t er i o r m en t e, a e v o l u ção d o i n cên d i o vai d ep en d er d as co n d i çõ es


l o cai s, q u e p o d em o u n ão f avo r ecer o seu d esen v o l v i m en t o . N o caso d e p eq u en as áre-
as co m ab er t u r as d e p eq u en as d i m en sõ es q u e d i f i cu l t em a en t r ad a d e ar no r eci n t o , o
o xi g ên i o exi st en t e é co n su m i d o r ap i d am en t e, cessan d o a r eação t ér m i ca e ext i n g u i n -
d o - se o f o g o ; r esu l t a, p o r t an t o , em p eq u en o s d an o s l o cai s e i m p ed e q u e o u t ro s am b i en -
t es sej am at i n g i d o s.

Caso co nt rário , se no lo cal o nd e t iver in ício o incênd io exist irem g rand es ab ert uras ou q uais-
q uer out ros sist em as q ue p erm it am um a boa vent ilação , a co m b ust ão será alim ent ad a por um
t em p o m ais longo, p erm it ind o a evo l u ção do fogo a est ágios m ais d esenvo lvid o s, d ificult and o o
co m b at e e a co nt enção do incênd io .

Al ém da o xig enação do am b ient e, out ro co n d icio n an t e d a evo l u ção d o fogo é a q uant id ad e d e


m at eriais co m b ust íveis exist ent es no lo cal. N o caso de ser g rand e, vai co lab o rar para q ue o
incênd io se exp an d a m ais rap id am ent e, assum ind o p ro p o rçõ es g eneralizad as.

O inst ant e em q ue as ch am as d o m in am t odo o lo cal e en vo lvem todos o s m at eriais é cham ad o


d e " f lasho ver" , o u seja, é o inst ant e d e inf lam ação g eneralizad a, p o d end o ser co nsid erad o o
m o m ent o m ais crít ico d e um incênd io (ver figs. 23.5.1 e 23.5.2).

Fase Faso do Inflamação Fase de


Inicial Generalizada Extinção
110 0

O
Tempo

Fig. 23.5.1. Curva característica de um incêndio real


Faso Inicial Crescimento Inflamação Generalizada

Fumaça e Gases Fumaça e Gases Fumaça e Gases


Quentes Quentes Quentes

iàá \M
Ignição, Quoima da Alguns
Materials com Aquecimentos
_ Chamas _

Aumento de Chamas e
da Radiação do Calor
para os Materiais próximos,
Zona de
Queima
As Chamas Envolvem
todos os Matariais
o Dominam Rapidamente
o Local.
dos Materals Próximos Elevando sua Temperatura
ató Ignição A Zona de Queima se
Extende por todo Local

A figura 23.5.1 mostra um gráfico co nhecid o co m o m o d elo nat ural de incênd io , um a vez que
p ro cura retratar a realid ad e o m áxim o p o ssível. N o ent ant o, co m o cad a incênd io apresent a
um a cu r va t emperat ura/ t empo diferent e, resolveu- se adot ar para efeit o de ensaio s e est udos
dos m at eriais um " incênd io - p ad rão " , t omando- se por base um a curva p ad ro nizad a de tempera-
tura/ tempo, conform e mostra a figura 23.5.3.

Fig. 23.5.3. Cuiva-padrão de evolução de temperatura

Devem o s ter em mente que a m aio ria dos ensaio s reproduz ap enas um aspect o lim it ado d o
incênd io e, dessa form a, não pode ident ificar co m p recisão o com port am ent o e o desem penho
dos m at eriais num a sit uação real. Dessa forma, os result ados obt idos em ensaios dependem d o
grau no q ual a int eração entre o m at erial e a fonte de calo r reflete a d in âm ica d o incênd io .

N a verd ad e, cad a incênd io representa um a sit uação única, tendo sua própria curva de tempe-
ratura/ tempo, um a vez q ue depende de diversos fatores que se int er- relacionam e variam para
cad a t ipo de am b ient e. Dest acam o s a seguir alg uns desses fatores q ue podem ser co nsid erad o s
co m o os p rin cip ais:

• Carga t érm ica ou carga de incêndio: é a q uant id ad e, o t ipo e a d ist rib uição dos m at eriais
co m b ust íveis no int erior do recint o .
• Vent ilação: é o sup rim ent o d e ar na unid ad e d e t em po.
• Form a e porosidade dos mat eriais com bust íveis.
• Form a do recint o.
• Caract eríst icas t érm icas dos mat eriais do recint o.

A curva- p ad rão de elevação de t em perat ura é um a sim p lif icação d as reais co nd içõ es de um
incênd io , p ois est e ap resent a três fases dist int as, co m o most ra a figura 2 3 .5 .1 .

A p rim eira fase se refere ao in ício d a co m b ust ão até a inf lam ação g eneralizad a, caract erizan-
do- se por um a grande inst ab ilid ad e co m variaçõ es d e t em perat ura d e pont o p ara ponto; depen-
d e d a nat ureza dos elem ent o s co m b ust íveis exist ent es no am b ient e, d a sua d isp o sição relat iva
e p rincip alm ent e d a alim en t ação de ar, um a vez que nessa fase o co rrem as p rim eiras rupt uras
d e vid ro s.

O i n íci o d a seg und a fase é d en o m i n ad o " FLA SH O V ER" e se car act er i za p el a i n f l am ação
g en er ali zad a d o lo cal co m el evação d a t em p erat ura, p ro d u zin d o um a g rand e q uant id ad e d e
gases q ue se q u ei m am ao sair p elas ab ert uras ext erio res. Ai n d a na seg und a fase, temos u m a
int ensa lib eração d e calo r, at ing ind o - se o valo r m áxi m o d e t em p erat ura co m p o ssib ilid ad e d e
p ro p ag ação do fogo p ara am b ient es p ró xim o s. O f im d essa fase o co rre p ela falt a d e co m b us-
t ível p ara q u ei m a.

Du r an t e a t er cei r a fase a t em p er at u r a vai d i m i n u i n d o , p o rém o seu ef eit o não d eve ser


d esp r ezad o , p o is ai n d a m an t ém val o r es el evad o s d e t em p er at u r a p or u m lo ng o p erío d o ,
cap azes d e ag r avar ser i am en t e o s d an o s no s el em en t o s d e co n st r u ção i n i ci ad o s na se-
g u n d a f ase.

A p ro p ag ação d as ch am as d e um am b ient e para out ro no m esm o nível vai d ep end er de: q uan-
t idade e p ro p ried ad e dos m at eriais co m b ust íveis exist ent es no recint o , razão d a q ueim a q ue é
co nt ro lad a pela vent ilação d o lo cal e finalm ent e p ela cap acid ad e d e as p ared es, d ivisó rias e
port as resist irem ao fogo.

A p ro p ag ação do fogo d e um and ar p ara out ro o co rre de d uas form as: int ernam ent e, at ravés d e
escad as, dut os d e ven t ilação , ar co n d icio n ad o e abert uras para passagem d e dut os hid ' áulico s/
elét rico s; e ext ernam ent e, p elas jan elas.

Alg um as m ed id as co m o portas cort a- fogo nas escad as e ant ecâm aras e dutos d e ar co nd icio na-
d o co m registro cort a- fogo são eficient es p ara inib ir a p ro p ag ação das ch am as int ernam ent e;
em co nt rap art id a, as so luçõ es arq uit et ô nicas q ue u t ilizam as ch am ad as " p ele de vid ro " nas
f achad as de p réd io s co m erciais t êm f acilit ad o a p ro p ag ação d o fogo ext ernam ent e.

23.6. PROPAGAÇÃO SUPERFICIAL E TRANSVERSAL

A p ro p ag ação do fogo nos m at eriais pode o co rrer d e três form as: t ransversal, sup erf icial e "post-
co m b ust ão " ; esta últ im a se refere a fenô m eno s co m p lexo s q ue o co rrem no int erior dos m at eri-
ais ap ó s t erem cessad o as ch am as e co rresp o nd e a u m a reação int erna d o o xig ênio co m o
co m b ust ível só lid o sem m anifest ação ext erio r na fase i n i ci al . Porém , const it ui um a forma part i-
cu l ar d e co m b u st ão q ue o b rig a a g rand es t rab alho s d e rescald o p ara se evit ar o risco d o
surg im ent o de novos focos d e incênd io .

A p ro p ag ação t ransversal pode ser d escrit a co m o aq uela em q ue a co m b ust ão se dirige para o


int erior d o elem ent o , o u seja, cam i n h a no sent ido da sua p ro fund id ad e. Ensaio s efet uados co m
m ad eira m ost raram q ue à m ed id a q ue a co m b ust ão vai p enet rand o no m at erial, vão result ando
as partes carb o nizad as ricas em carb o no e hid ro carb o net o s pesad os, q ue acab am f uncio nand o
co m o isolant e, d if icult and o a co nt inuid ad e do p rocesso.

Pode- se const at ar t am bém q ue a velo cid ad e de p ro p ag ação t ransversal é inversam ent e propor-
cio n al à espessura do m at erial, um a vez q ue o co rre um a m ig ração d e um id ad e para as regiões
m ais p ro fund as, t ornand o m ais d if ícil a sua evap o ração q uant o m ais espesso for o m at erial.

A p ro p ag ação su p er f i ci al , co m o seu p ró p rio n o m e d i z, se d á p elo alast ram en t o da ch am a


p ela su p er f íci e d o m at er i al , send o essa u m a d as cau sas d e g rand e d esen vo l vi m en t o d o fogo
em ed i f íci o s. O aq u eci m en t o p ro g ressivo d a su p er f íci e d o m at er i al a p art ir d e um f o co
l o cal i zad o já em co m b u st ão é feit o b asi cam en t e p or co n vecção nat ural d as ch am as e m as-
sas d e ar q uent e q u e se d esl o cam d e fo rm a ascen si o n al , e p or r ad i ação t ér m i ca do cal o r
lib erad o p elo i n cên d i o .

Devem o s levar em co n sid eração no d esenvo lvim ent o dos projet os e no uso dos m at eriais a
p ro b lem át ica d a f u m aça, de form a a m i n i m i zar seus efeit os no civo s, p rincip alm ent e para o ser
hum ano ; no ent ant o, d evem o s t er em m ent e q ue se trata d e um a tarefa d if ícil, pois são muit as as
var i ávei s en vo l vi d as.

23.7. ELEM ENTOS DE CON STRUÇÃO

O s est ud o s co m r el ação à resist ên cia ao fogo d o s elem en t o s d e co n st r u ção t êm por f inali-


d ad e p r i n ci p al d ar m aio r seg u r an ça às p esso as e evit ar o u ret ard ar t ant o q u an t o p o ssível o
co l ap so p ar ci al o u t ot al d a ed i f i cação e, ao m esm o t em p o , ci r cu n scr ever o i n cên d i o a u m a
zo n a rest rit a j u n t o ao l o cal o n d e t eve i n íci o , sem p er i g o p ar a am b i en t es p r ó xi m o s e
ed i f i caçõ es v i zi n h as.

Co m isso surge o co nceit o de resist ência ao fogo, co m o sendo o t em po d urant e o qual os ele-
mentos de const rução, sujeitos a uma elevação padronizada d e temperatura - incêndio- padrão - ,
m ant êm a sua est ab ilid ad e no caso dos elem ent o s est rut urais, o u assegura a est anq ueid ad e e o
iso lam ent o t érm ico o caso d e elem ent o s sep arad o res.

Para se t est arem os elem ent o s em lab orat ório, foi d efinid a um a curva- p ad rão d e temperatura/
t em po (ver fig. 23.5.3); no ent ant o, a cu rva real d e um incênd io não o b ed ece a essa configura-
ção , co nf o rm e se pode const at ar na fig. 2 3 .5 .1 .

Ap resent am o s a seguir um a t abela resum id a dos ensaio s d ivulg ad o s p elo IPT co m relação à
resist ência ao fogo d e p ared es co nst ruíd as co m m at eriais e t écnicas nacio nais, m ed ind o 2,8 x
2,8 m e t ot alm ent e vin cu lad as por est rut ura de co ncret o arm ad o , send o um a das faces total-
m ent e exp o st a ao fogo.
Tab ela 23

Paredes ensaiadas Espessura (cm) Result ado dos ensaios


Da Da Tempo Tempo de at endiment o aos Resist .
Arg. Parede do ensaio crit érios de avaliação (horas) ao fogo
De (min.) Int egri- Est an- 1 sol ação
Ver. dade queidade t ér m i ca
Paredes d e '/2 t ijo lo 10 120 >2 >2 1'/2 1V2
t ijo lo s de s/ rv.
b arro 1 t ijo lo * * *
20 395* >6 >6 >6 >6
5 x 1 0 cm s/ rv.
V2 t ijo lo 2,5 15 300 >4 >4 4 4
c/ rv.
1 t ijo lo 2,5 25 300* >6 >6 >6 >6
c/ rv.
Paredes d e 14 cm * * *
14 100 > V/2 > V/2 1'/2 1'/2
b lo co de s/ rv.
co n cret o 19 cm
s/ rv. * * *
19 120 >2 >2 1'/2 V/2
14 cm
c/ rv. 1,5 17 150 >2 >2 2 2
19 cm
c/ rv 1,5 22 185 >3 >3 3 3
1
Parede d e /2 t ijo lo 1/5 13 150 >2 >2 2 2
b lo co c/ rv.
cer âm i co 1 t ijo lo 1/ 5 23 300* >4 >4 >4 >4
10x20x20 c/ rv.
Parede d e co ncret o * * *
11,5 150 2 2 1'/ 2 1'/2
arm ado monolít ico s/ rv. * * *
16 210 3 3 3 3

O b s.: O ensaio foi encerrad o sem o co rrência de f alência em nenhum dos três crit ério s d e ava-
l i ação .

Pelo exp o st o , p o d em o s d izer q ue a resist ência ao fogo dos elem ent o s d e co nst rução cep end e,
port ant o, da severid ad e d o incênd io , o u seja, do seu p o t encial dest rut ivo, q ue é d et erm inad o
p ela evo l u ção d a t em perat ura ao longo do t em p o .

23.8. A V A LI A ÇÃ O DA ESTRU TU RA N O I N CÊN D I O

A o se aval i ar em i n i ci al m en t e o s p o ssíveis d an o s q ue u m i n cên d i o p o d e ter p r o vo cad o na


est rut ura d e co n cr et o co m o um t o d o , d evem o s f azer um levan t am en t o d et alh ad o das defor-
m açõ es e f issuras q ue fo ram p r o vo cad as p elo sin ist ro . Pr eci sam o s t o m ar cu i d ad o em t ent ar
sep arar an o m al i as exist en t es ant es d o i n cên d i o e aq u el as q ue realm en t e f o ram cau sad as
p elo fog o.

Qu an d o an alisam o s as co n seq ü ên cias do fogo nos elem ent o s d e co ncret o q ue form am um a


est rut ura, d evem o s tentar d efinir alg uns d ad o s im port ant es, co m o a t em perat ura m áxim a a q ue
fico u sub m et id o e, p rincip alm ent e, por q uant o t em p o.
Det erm in ar a t em p erat ura exat a d e um i n cên d i o em vário s pont os d ist int o s é p rat icam ent e
im p o ssível; no ent ant o, p o d em o s avaliar os níveis at ingidos at ravés do exam e de alguns mate-
riais enco nt rad o s no lo cal, t o m and o por b ase o seu pont o de fusão, co nfo rm e t abela ab aixo :

Tab ela 24

M at er i al Tem p erat ura de Fusão (em °C)


N íq u el 1455
A ço 1400
Vid ro / crist al 1100 a 1400
Fios elét rico s (cobre) 1083
Prat a 960
Lat ão 900
Br o n ze 900
Al u m ín i o 660
Zi n co 419
Ch u m b o 327
Est anho 232
Po liet ileno 120
Bo r r ach a 100
PVC 65
Po liuret ano 60

Precisam o s ter em m ent e q ue, p ela análise de m at eriais d erret id os, p o d em o s d efinir o nível d e
t em p erat ura at ing id o naq uele pont o, o que pode não ser a realid ad e para out ros lo cais; no
ent ant o, já é um p arâm et ro para se t rabalhar.

N o caso dos in cên d io s, o co n cret o é sub m et id o a valo res d e t em p erat uras m uit o d if íceis d e
ser q u an t if icad o s, var i an d o d e p o nt o p ara p o nt o , p o d end o cheg ar a valo res elevad o s na m aio ria
dos sinist ro s.

O u t r a v ar i áv el t am b ém d i f íci l d e ser av al i ad a é p o r q u an t o t em p o aq u el e el em en t o d e
co n cr et o fo i su b m et i d o a d et er m i n ad a t em p er at u r a, u m a v e z q u e essa i n f o r m ação é
f u n d am en t al p ar a se av al i ar at é q u e p r o f u n d i d ad e o co n cr et o fo i af et ad o p el a el ev ação
d a t em p er at u r a.

A d isp o nib ilid ad e dessas info rm açõ es p o ssib ilit ará fazer um est udo sobre as caract eríst icas re-
m anescent es do co ncret o , co m o verem o s m ais ad iant e.

O u t r o fat o r q ue afet a o co n cr et o é o r esf r i am en t o b r u sco p r o vo cad o p el a ág u a d e co m b a-


te ao fo g o , q ue p r o d u z u m ch o q u e t ér m i co n o el em en t o est ru t u ral e t em si d o em al g u n s
2
caso s o m ai o r r esp o n sável p elo s d an o s no co n cr et o , p o is a ág ua r ei d r at a o Ca( GH ) , in-
ch an d o o co n cr et o e p r o d u zi n d o f issu ras a p o nt o d e d est acar o co n cr et o q u e est á co b r i n -
d o a ar m ad u r a.

N o s caso s d e vig as e lajes q ue f icaram sub m et id as a elevad as t em perat uras na sua face inferi-
or, é m uit o co m u m q ue o co rram d efo rm açõ es acent uad as e fissuras de t ração e flexão . O ex-
cessivo calo r p ro vo cará a d ilat ação d as vig as, p o d end o fissurar os p ilares por cisalham ent o e
causar em alg uns caso s o co lap so p arcial ou total da est rut ura.
Tend o em vist a as d if iculd ad es ap ont ad as ant erio rm ent e, para se d ef inirem o s parâm et ros d e
t em po e t em perat ura at ing id os p ela est rut ura de co ncret o , d evem o s t om ar um a série de cuid a-
dos ao se analisar um a ed if icação sinist rad a.

Inicialm ent e é necessário que se f aça um exam e d et alhad o de todos os elem ent o s q ue fo rm am
a ed if icação , o b jet ivand o id ent ificar q uaisq uer an o m alias p o ssíveis d e serem p erceb id as a o lh o
nu, a fim d e se aferir num a p rim eira análise as reservas d e resist ência q ue aind a so b raram .

Post eriorm ent e é p reciso d efinir os t ipos d e ensaio s necessário s para se avaliar crit eriosam ent e
as at uais co nd içõ es d e est ab ilid ad e dos elem ent o s de co ncret o e d a est rut ura co m o um t odo.

Esse procedimento permitirá identificar e quantificar as áreas que deverão ser restauradas e/ ou refor-
çadas, bem co m o orientar para o processo de reforço mais adequado t écnica e economicamente.

Para se fazer essa avaliação da est rut ura, p o d em o s adot ar os crit ério s ab ai xo esp ecif icad o s,
d esd e q ue sup ervisio nad o s por eng enheiro esp ecializad o .

• Lim p ar a sup erf ície do co ncret o co m jat os de ar, água o u areia.


• Ext rair corp os- d e- p rova para ensaio s d e co m p ressão em lab orat ório.
• Ext rair am ost ras do co ncret o p ara análises em lab orat ório.
• Ext rair am ost ras da arm ad ura p ara ensaio d e t ração em lab orat ório.
• M ed ir d efo rm açõ es at ravés de ap arelho s de p recisão .
• Ut ilizar ap arelho s d e ult ra- som para avaliar o co ncret o .
• Ut ilizar Pacôm et ro para lo calizar as barras no int erior do co ncret o .
• Realizar p ro vas de carg a.

Estes testes p o d em ser analisad o s co m m ais d et alhes no cap ít ulo 16.

23.9. CO M PO RT A M EN T O D O CO N CRET O N O I N CÊN D I O

Para se analisar o co m p o rt am ent o d o co ncret o q uand o sujeit o a elevad as t em perat uras, d eve-
mos inicialm ent e verif icar o q ue o co rre co m os seus d iverso s co m p o nent es.

• Água
• Cim ent o
• Agregados
• Arm aduras

23.9.1. Condição da Água no Concreto Aquecido

A água co nt id a no co ncret o se apresent a d e três form as diferent es:

Ligada quim icam ent e: q ue realizo u hid rat ação dos const it uint es anid ro s do cim ent o .

Ligada f isicament e: ab so rvid a, água zeo lít ica e água d e crist alização .

No est ado livre: q ue o cu p a os p o ro s.


Para t em perat uras u m p o uco sup eriores a 100°C, o co rre a evap o ração d a ág ua livre e part e d a
ág ua ligada f isicam ent e, o q ue i m p l i ca um a ret ração da p eça, o u sej a, um a d i m i n u i ção d e
vo lu m e q ue gera m icro fissuras; por out ro lado, alt era m uit o p o uco a resist ência m ecânica d o
elem ent o est rut ural.

Qu an d o o co ncret o at inge t em perat uras m enores o u iguais a 300°C, não se alt era a co m p o sição
q u ím i ca dos co nst it uint es, o co rrend o ap enas a p erd a d e água ligada f isicam ent e a ele.

N o ent ant o, para t em perat uras sup erio res a 400°C, co m eça a exist ir a p erd a d e água ligada
q u i m i cam cn t c ao co ncret o ; nessas co nd içõ es, o co rrerá u m a q ued a co nsid erável na resist ência
d o co ncret o , co m o se pode ver na t abela 26 exist ent e no it em 2 3 .9 .5 .

2 3 .9 .2 . Car act er íst i cas d o Ci m e n t o n o Co n cr e t o A q u e c i d o

Para co ncret o s q ue em p reg am cim ent o Port land co m u m e agregados usuais, t emperat uras d e
at é 300°C alt eram m uit o p o uco as suas q ualid ad es m ecân icas; para t em perat uras mais eleva-
d as, é p referível a u t ilização d e cim ent o alum ino so e p o so lâm ico .

Qu an d o se at inge t em perat uras d e 900°C, o cim ent o se enco nt ra em risco de d est ruição t ot al.
Seg und o Bauer, esse fenô m eno é m eno s grave e o co rre m ais lent am ent e d o q ue a t end ência
dos agregados a se d ilat arem , p ro vo cand o o ap arecim ent o de fissuras.

2 3 .9 .3 . Car act er íst i cas d o Ag r eg ad o n o Co n cr e t o A q u e c i d o

Em caso de incênd io , o q ue o co rre co m o co ncret o d ep end e em grande part e do co m p o rt am en-


to do agregado q uand o d iant e d e elevad as t em perat uras. O s agregados se co m p o rt am b em até
3 0 0 ° C; aci m a d esse val o r el es co m e çam a ter u m a d i l at ação excessi v a, p r o vo can d o o
fissuram ent o do co ncret o .

5
O s calcário s são m enos afetados pelo fogo d evid o ao seu co eficient e de d ilat ação de 0.8 x 10'
5
por grau Celsiu s, m ais b aixo q ue o de granit o, 1,0 x IO . Al ém d isso, o cal cár i o t em reaçõ es
end o t érm icas q uand o aq uecid o s; no ent ant o, q uand o at inge 900°C, eles p o d em se d eco m p o r
lib erand o C O „ CA O e M g O.

O granit o e o gnaisse fissuram - se aci m a d e 500°C por m u d an ça d o q uart zo co m o calor. O


basalt o não se alt era co m o calo r; seu co m p o rt am ent o assem elha- se ao d a arg ila exp and id a e
ao d a escó ria. Co ncret o s co m alt o teor agregado/ cim ent o co m p o rt am - se m uit o m elhor em ca-
sos d e incênd io do q ue os d e b ai xo fator.

23.9.4. Caract eríst icas da Arm ad ura no Co ncret o Aq u eci d o

O s aço s resist em b em at é 3 5 0 °C, h aven d o m esm o um i n cr em en t o d e resist ên cia à t r ação


at é essa t em p er at u r a, cai n d o ver t i g i n o sam en t e p ara t em p er at u r as aci m a d esses val o r es
(ver fig. 2 3 .9 .4 .a).

Por out ro lad o , o seu m ó d ulo d e elast icid ad e d im inui co nsid eravelm ent e, p erm it ind o deforma-
çõ es acent uad as, co m o most ra a t abela 25.
Fig. 23.9.4.a Variação da resistência do aço com a elevação da temperatura

Tab ela 25 - Def o rm ação d as vig as em f unção da t em perat ura

Fl ech a Temperat ura do Aço (°C)


Concret o Arm ado Concr et o Prot endido
L/ 200 180 180
17100 345 345
L/ 50 545 445
L/ 30 670 550

Por sua v ez, o aço ap resen t a co ef i ci en t e d e d i l at ação d if eren t e d o co n cr et o e, por esse


m o t ivo , g era esf o rço s d e t al g r an d eza q u e p o d e t rin car a p eça d e co n cr et o no seu sent id o
lo n g it u d in al, p o d en d o o co rrer m esm o em elem en t o s su jeit o s à co m p r essão , co m o no caso
d o s p i l ar es.

Ou t ro fator im port ant e a ser levad o em co n sid eração é o co b rim ent o d as arm ad uras; q uand o
est ão m uit o na sup erfície do elem ent o est rut ural, o co ncret o não co nseg ue proteger a ferragem
d o calo r por m uit o t em p o , p erm it ind o rom p er o co ncret o co m m aio r f acilid ad e, um a vez q ue se
aq u ecem e se resfriam co m m ais f acilid ad e, p rim eiram ent e d evid o ao fogo e d ep o is pela ág ua
ut ilizad a no co m b at e ao fogo, que p ro vo ca um ch o q u e t érm ico e fissuras a pont o de dest acar o
co ncret o q ue está co b rind o a arm ad ura.

Co b rim ent o s d e 3 cm d ão p ro t eção à arm ad ura por um p erío d o inferior a d uas horas, oorém 5
cm de p ro t eção já são suficient es para garant ir um a p ro t eção d e 3 a 4 horas. As argam assas
m ist as d e cim ent o , areia e cal , no rm alm ent e usad as em revest im ent o , não têm se m ost rado
ef icient e co m o p ro t eção , p or se d esag reg arem co m as t em p erat uras no rm alm ent e at ing id as
d urant e um incênd io .

Por sua vez, o gesso co nst it ui um a excelen t e p ro t eção p ara o co n cret o , ap esar d e não ser
u t ilizad o ent re nós co m essa f in alid ad e, e um a cam ad a d e 3 cm é cap az d e co nferir u m a
p ro t eção d e até 4 horas.
Qu an d o o aço fica sub m et id o a t em perat uras sup eriores a 365°C, pode apresent ar o fenôm eno
d a d ef o rm ação p rog ressiva, d eno m inad o de f luência. N essas co nd içõ es, não o co rre a rupt ura
caract eríst ica por est ricção (ver fig. 23.9.4.b ).

Ruptura por Fluôncla

Ruptura por Estricção

Fig. 23.9.4.b Ruptura do aço

Nesses casos d evem o s fazer um a análise pat ológica do aço em ed ificaçõ es vit im ad as por incên-
d io , ret irando um a amost ra da barra para ensaios d e t ração em laborat ório. O lo cal ideal para se
rem over um segment o d a ferragem é nos pontos o nd e o co b rim ent o do co ncret o se encont rar
d anificad o , co nd ição em q ue a arm ad ura p ro vavelm ent e ficou expost a a alt as temperaturas.

2 3 .9 .5 . D an o s n o Co n cr e t o D e v i d o a I n cên d i o

Co m o já foi d it o, o s d ano s cau sad o s p elo fogo no co n cret o d ep end e d e d o is fat ores b ásico s: o
t em p o de exp o si ção do elem en t o est rut ural e a t em p erat ura q ue o co n cret o at ing iu, p arâm et ro s
est es na m aio r ia d as vezes d i f ícei s d e serem aval i ad o s co m p recisão , p rin cip alm en t e p el o
fato de o co n cret o ap resent ar u m g rad ient e acen t u ad o d e q ued a d e t em p erat ura no seu int e-
rior (ver fig. 23.9.5).

N a t ab ela 26 p o d em o s ter um a id éia d a red ução d e resist ência d o co ncret o em f unção d a


t em p erat ura.
Tab ela 26

Alt erações na Resist ência do Concr et o Devido à Elevação de Temperat ura


Tem perat ura (°C) Tração ( %) Com pressão ( %)
100 100 100
200 70 85
300 40 75
400 20 50
800 5 50

Alg um as b ib lio g rafias cit am , sem fo rnecer a o rig em , um a co r r el ação ent re as co res que um
co ncret o pode ad q uirir (rosa, ci n za averm elhad o , am arelo - claro e am arelo ) em f unção do nível
d e t em perat ura q ue a sua sup erf ície at ing iu.

N o s caso s em q ue t ivem o s o p o rt unid ad e de p art icip ar não co nst at am o s nenhum a evid ên cia
nesse sent id o. Nos ensaio s d e laborat ório realizad o s p elo Bauer, t am b ém não const at aram essa
o co rrên cia. M o t ivo p elo q ual não ap resent am os neste t rab alho t al t ab ela, m esm o p orq ue, na
m aio ria dos sinist ros de incênd io , o co ncret o no rm alm ent e está im p reg nad o d e fulig em , f icand o
na co r nat ural ap enas nos caso s em que o co rreu o d esp rend im ent o d a arg am assa, d evid o ao
ch o q u e t érm ico p ro vo cad o p ela água de co m b at e ao fogo.

Qu an d o se d eseja saber co m p recisão a int ensid ad e dos d ano s p ro vo cad o s no co ncret o p elo
incênd io , d evem o s fazer alg uns ensaio s esp ecíf ico s em lab orat ório, q ue d ep end erão da ext ra-
ção d e am ost ras nos pont os co nsid erad o s m ais at ingidos p elo calo r d o incênd io .

Ensaios de resist ência à com pressão p erm it em avaliar a cap acid ad e resid ual do co ncret o em
resist ir a esforços d e co m p ressão ; no ent ant o, d evem o s ter em m ent e q ue a am ost ra ret irada
pode ser co m p o st a em part e por co ncret o não afet ado p elo calo r e part e severam ent e afet ada
p elo calo r.

Isso é co m u m d e o co rrer, um a vez q ue a f ace d iret am ent e at ing id a p elas ch am as aq u ece


m uit o m ais q ue as part es int ernas d a p eça, d evid o ao g rad ient e t érm ico do co n cret o m ost rado
na fig. 2 3 .9 .5 .

N essas co n d içõ es, o result ad o do teste não vai retratar a realid ad e da sit uação , p ossib ilit and o
um a int erp ret ação errad a d as verd ad eiras co n d içõ es d o elem ent o est rut ural naq uele pont o.

Para su p r i r essa d i f i c u l d a d e , p o d e m o s co n t ar c o m a n á l i se s Ter m o d i f er en ci ai s e


Termogravimét ricas, execut ad as por laborat órios esp ecializad o s q ue são de grande valia para
se det ect ar até q ue p ro fund id ad e o co ncret o at ingiu d et erm inad as t em perat uras, b em co m o as
p o ssíveis alt eraçõ es na sua m icro est rut ura.

A Asso ciação Brasileira d c Cim en t o Port land tem realizad o co m sucesso as análises Térm icas e
d e M icro sco p ia Elet rô nica. Esses ensaio s d e lab o rat ó rio são de ext rem a im p o rt ância p ara se
avaliar co rret am ent e o s d ano s p ro d uzid o s p elo incênd io , p erm it ind o co m isso q ue se projet em
co m seg urança e eco n o m ia os rest auros e reforços necessário s.

Podem os aind a ut ilizar ap arelho s d e ult ra- som para avaliar a ho m o g eneid ad e do co ncret o e
det ect ar event uais vazio s int ernos.
Ap esar de m uit o difundido, não recom end am os o uso de Esclerôm et ro co m o um teste único e
d ecisivo , pois ele mede apenas a resist ência sup erficial do concret o, e a nossa exp eriência tem
most rado que seus resultados não são suficient em ent e co nfiáveis para se t omar decisões tão
import ant es co m o reforçar ou não um a estrutura (ver cap ít ulo 16).

23.10. CO M PO RTA M EN TO D O A ÇO N O I N CÊN D I O

O aço não se com port a bem diant e de t emperat uras elevad as, necessit ando, portanto, de um a
at enção esp ecial durant e um incênd io . Nesse sent ido, vam o s analisar de forma superficial al-
gum as caract eríst icas do aço , o b jet ivand o estudar o seu co m p o rt am ent o q uand o ocorre um
sinist ro de incênd io .

2 3 .1 0 .1 . Tr at am en t o Té r m i co d o s M et ai s

Ab o rd arem o s este t óp ico dos met ais pela im p o rt ância que representa o co nhecim ent o :1o co m -
port am ent o dos met ais q uand o aq uecid o s e resfriados de várias form as, p rincip alm ent e nos
casos de incênd io em ed ificaçõ es execut ad as co m estrutura m et álica.

A co nst it uição do aço é form ada essencialm ent e por um a liga de ferro e carb o no , sendo que
ap enas parte das suas propriedades é det erm inada p ela p rop orção ent re esses elem ent os. Po-
rém, é de grande im p o rt ância a form a co m o eles se co m b inam , e nesse sent ido o tratamento a
quent e pode alt erar essa d ist rib uição .

Co m relação à d ureza, o aço pode variar de b em m acio a b em duro, e at ravés d o tratamento


t érm ico se conseg ue cam inhar de um pólo a out ro. Isso se torna import ant e q uand o se d eseja
um aço m acio para ser m old ad o e, depois de atingir o formato d esejad o , que o mesmo t enha
d u reza elevad a.

De um a forma resum ida, podem os d izer q ue, q uand o aq uecem o s um aço co m 0 ,6 % de C, a


800°C ap arece a aust enit a; se d eixad o esfriar nat uralm ent e a 648°C, forma- se a perlit a, que
p erm anece, tendo d ureza Brinell 200; se for resfriado rapid am ent e d e 800°C até 315°C, ent ão
teremos a form ação de outro crist al, a b ainit a, de d ureza Brinell 550; no ent ant o, se for resfriado
rapidam ent e de 800°C até os 125°C, sem dar tempo de formar a perlit a ou a bainit a, ent ão
teremos um novo crist al, a m art ensit a, de d ureza Brinell 650.

Pode-se d izer que o aq uecim ent o elevad o do aço por algum tempo e o seu resfriamento brusco
é tratamento de Têm p era, q ue aum ent a a d ureza, o lim it e de elast icid ad e, a resist ência à tra-
ção , porém d im inui o alongam ent o e a t enacid ad e.

N o rm alm ent e a p erlit a, a b ainit a e a m art ensit a são est rut uras m uit o q ueb rad iças e para o uso
est rut ural necessit am o s de aço s m ais m al eávei s; isso p o d e ser co nseg uid o aq uecend o - se
no vam ent e a p erlit a, por exem p lo , a alt as t em perat uras e resfriando- se no vam ent e de form a
co nt ro lad a. Dessa fo rm a, t erem os um aço co m a m esm a resist ência da p erlit a, porém m uit o
m enos q ueb rad iço .

O processo de aq uecer o metal até det erm inadas temperaturas por det erm inado t empo e resfri-
ar de forma co nt ro lad a, co m m aior ou m enor velo cid ad e, confere inúm eras propriedades ao
aço . M ost rarem os a seguir, d e form a sim p lif icad a, d ois p rocessos de t rat am ent o t érm ico, ape-
nas para d ar um a id éia de co m o a var iação co nt ro lad a da t em perat ura alt era sig nificat ivam en-
te as p ro p ried ad es do aço .

N o r m al i zação : Aq uecer o aço até 800°C por 15 m inut o s e resfriar lent am ent e result a num m a-
t erial m ais m acio , m enos q ueb rad iço .

Tem p er a: Aq u ecer at é 900°C e resfriar b ruscam ent e at é 200" C aum ent a d ureza e resist ência,
p o rém d im in u i a d uct ib ilid ad e e a t enacid ad e.

Exist em out ros t rat am ent os dados ao aço co m a f inalid ad e d e alt erar suas caract eríst icas; no
ent ant o, fogem ao esco p o deste t rab alho , q ue é d ar ap enas um a id éia d a im p o rt ância da varia-
ção d a t em perat ura no co m p o rt am ent o do aço .

D e f o rm a r esu m id a, p o d em o s d i zer q ue Bai xas Tem p erat uras (p aíses d e cl i m a m uit o frio )
i m p l i cam p erd a d a d u ct i b i l i d ad e e t en aci d ad e, co n d u zi n d o a u m a rup t ura f rág il. As Alt as
Tem p erat uras (caso s d e i n cên d i o ) result am em red uçõ es acen t u ad as na sua cap aci d ad e d e
resist ir a esf o rço s.

Um a vez que a var i ação d e t em p erat ura é de vit al im p o rt ância no co m p o rt am ent o do aço ,
d evem o s estar atentos às lig ações feit as co m so ld a, t endo em vist a q ue m o d if icam a estrutura
crist alina no pont o de lig ação , red uzind o a resist ência a fadiga.

2 3 .1 0 .2 . A ç o s Resi st en t es ao Fo g o

São d erivad o s dos d e alt a resist ência, em q ue se ad i ci o n am out ros elem ent o s q uím ico s, send o
os p rincip ais: níq uel, t it ânio, van ád io , m o lib id ênio , e a f inalid ad e é aum ent ar o t em p o de in ício
d e d ef o rm ação da est rut ura.

A Usi m i n as d esenvo lveu co m base em USI- SAC- 41 e USI- SAC- 50, os USI- FIRE- 400 e o USI-
FIRE- 490, q ue são aço s m ais resist ent es ao fogo.

Ensaios d e t ração em lab orat ório do USI- FIRE- 40 a um a t em perat ura de 600°C mostram um a
p erd a d e resist ência em t orno de 2 5 %, send o q ue o m esm o en saio p ara o aço ASTM A- 36
result a num a red ução d a o rd em de 5 0 %.

23.11. CO M PO RT A M EN T O DA S ESTRU TU RA S DE A ÇO N O S I N CÊN D I O S

As est rut uras de aço são m ais vu l n er ávei s ao fogo do q ue as de co n cret o e se co m p o rt am


m uit o m al d iant e d e el evad as t em p erat uras, t endo em vist a q ue a 6 0 0 °C o aço p erd e p rat ica-
m ent e m et ad e d a sua resist ência e esse n ível d e t em p erat ura é f ácil d e ser at ing id o na m aio -
ria dos sinist ro s de in cên d io , cheg and o em alg uns caso s a 1100°C; e nessas co n d içõ es o aço
t em um a p erd a co n sid erável na sua cap aci d ad e de resist ir a esf o rço s d e t ração e co m p ressão
(ver fig. 23.11.1 e fig. 2 3 .1 1 .2 ).
A

150
e
3
Q. 130
3
cc
: Resistência após Resfriamento
100

90

50

: Resistência com Elevação da Temperatura

0 100 200 300 400 500 600 1000 Temperatura (°C)

Fig. 23.11.1. Resistência do aço à tração

0.05 0.15 0.2


Deformação Linear Especifica

Fig. 23.11.2. Diagrama de tensão - deformação do aço


astm a- 36 em função da temperatura

N a m aio ria d as vezes as est rut uras m et álicas não são ad eq uad am ent e prot egidas e então so-
frem co lap so total o u p arcial d urant e um incênd io , o u ap resent am d efo rm açõ es exag erad as,
im p licand o q uase sem p re a necessid ad e d e refazê- la t ot alm ent e.

O aum ent o d e t em perat ura nas est rut uras de aço p ro vo ca t am b ém g rand es d ilat açõ es nos seus
co m p o nent es, g erand o d ef o rm açõ es excessivas e co nseq üent es elevaçõ es de t ensões nos nós
d e lig ação , co m p ro m et end o assim a est ab ilid ad e do co njunt o est rut ural.

N a event ual hipót ese d e a est rut ura d e aço resistir, sem ruir o u apresent ar d ef o rm açõ es acent u-
ad as, d evem o s ent ão t om ar o cu id ad o de analisar crit erio sam ent e as co nd içõ es das ligações,
se não sofreram t rincas nas so ld as o u parafusos d evid o à d ilat ação do co njunt o . Verificar tam-
b ém a int egridade dos elem ent o s q ue fo rm am a est rut ura, se eles não f lam b aram , d ef o m ar am -
se o u sofreram red ução d e seção .
Para se avaliar as co n d i çõ es rem an escen t es d as car act er íst i cas d a est rut ura m et ál i ca ap ó s
um in cên d io , d evem o s verif icar a evo l u ção d a t em p erat ura do aço , f azen d o um est udo le-
vand o - se em co nt a o g ráf ico t em p o / t em p erat ura, q ue p ro cura si m u l ar o in cên d io o mais pró-
xi m o d a realid ad e, send o co n h eci d o co m o m o d elo d e i n cên d i o nat ural. Esse m o d elo result o u
d e ensaio s realizad o s em áreas co m p art im ent ad as, q ue p or sua vez d em o nst raram que essa
cu r va d ep end e do t ipo e q uant id ad e do m at erial co m b u st ível, b em co m o d o grau d e vent ila-
ção (ver fig. 23.1 1.3).

Temperatura °C

Por sua vez, esses est udos levam em co nsid eração t am b ém o fator d e m assivid ad e do elem ent o
est rut ural, q ue é a relação ent re o p erím et ro e a área d a seção t ransversal, o q ue sig nifica d izer
q ue para d o is co rp o s m et álico s at ing irem a m esm a t em p erat ura, o q ue t iver m aio r área d e
seção t ransversal irá ab so rver m ais calor, co nsid erand o - se q ue am b o s t enham as m esm as su-
p erfícies exp o st as ao fogo.

23.12. SI STEM A S D E PRO T EÇÃ O D A S ESTRU TU RA S M ETÁ LI CA S

Um a vez q ue as est rut uras m et álicas ap resent am elevad o risco d e co lap so , é reco m end ad o
q ue se execut e um a p rot eção eficient e d o elem ent o m et álico , co m a f inalid ad e d e se criar um a
b arreira d e p ro t eção t érm ica co nt ra o fogo, cu j a f inalid ad e é im p ed ir o u ret ardar o aq uecim ent o
d o elem ent o est rut ural de aço , p erm it ind o q ue a est rut ura possa resist ir por m ais t empo sem
sofrer co lap so .

N esse sent id o , exist em vár i o s p ro cesso s em q ue se em p reg am m at eriais d e p ro t eção p assi-


va, q u e cu m p r em a f u n ção d e p ro t eg er a est rut ura m et ál i ca d a ação d iret a d o fogo em
caso s d e i n cên d i o s.
Ap resent am o s a seg uir um a relação dos m at eriais q ue est ão send o m ais u t ilizad o s para se
f azer um en cap su lam en t o dos elem ent o s m et álico s, o u sej a, execu t ar um a cam ad a de reves-
t im ent o cu j a f in alid ad e é ret ard ar o m áxi m o p o ssível a evo l u ção d a t em p erat ura do aço em
caso d e in cên d io .

• Elem ent o s de arg ila ou cerâm ico s.


• Co ncret o .
• Cesso .
• Cesso e fibras (Cem ent it io us Firep roofing ).
• Arg am assa de Virm icu lit a (Silicat o s hid rat ad os).
• Arg am assa de Asb est o (Fib ra d e Am iant o ).
• M ant as d e fibra cer âm ica (Elet rofusão de Síl i ca e Al u m i n a).
• M ant a d e lã de ro cha (Alt eração d e Pedras Basált icas).
• Tint as int um escent es (Pint ura Fogo- Ret ardant e).

N o g ráfico d a Fi g .23.12.1, p o d em o s ter um a id éia da evo lu ção d a t em perat ura do aço sem e
co m p rot eção t érm ica, em relação à cu r va d e t em perat ura do incênd io - p ad rão .

Temperatura

Fig. 23.12.1. Gráfico da evolução da temperatura do aço


com isolamento e sem isolamento térmico

2 3 .1 3 . C O N T R O L E D A P RO P A G A Ç Ã O D A C H A M A E D A FU M A Ç A

A fum aça geradarnhgfeaXSROMJCA


JXÍ I OS incêndios tem sido motivo de grande preocupação em todo o mundo, princi-

palmente pelo falo de as estatísticas mostrarem que ela é a responsável por mais de 8 0 % das mortes.

Por out ro lad o , a f um aça t am b ém t em sid o a causa d e grandes d anos m at eriais, um a vez q ue
co nseg ue im pregnar co m fulig em grandes sup erf ícies, d if íceis de serem rem o vid as, ac m esm o
t em po em q ue d eixa um ch eiro caract eríst ico q ue cad a vez fica m ais forte em função do uso
crescent e de m at eriais sint ét icos em p reg ad o s na elab o ração d a obra e dos m o b iliário s.

O s est udos da p ro b lem át ica d as ch am as e d a f u m aça est ão send o d esenvo lvid o s nos p aíses
m ais avançad o s, m as aind a são sup erf iciais; no ent ant o, já ap o nt am para a necessid ad e de se
co nceit uar claram ent e as ch am ad as rotas de fuga e, p rincip alm ent e, se p rojet ar pensando na
p o ssib ilid ad e de se co m p art im ent ar o incênd io .

N o Br asi l , co m o em p r at i cam en t e t o d o s o s p aíses d o m u n d o , o s có d i g o d e ed i f i caçõ es


est ab el ecem d en t r o d e su as r eg u l am en t açõ es q u e, q u an d o a ár ea d e u m p i so exced er
u m d et er m i n ad o val o r , é n ecessár i o o en cl au su r am en t o d essa ár ea co m p ar ed es e p i so s
i n co m b u st ív ei s.

Co m isso se p ret end e cr i ar am b i en t es est an q u es d e t al f o rm a q u e não h aj a p r o p ag ação


d as ch am as, d o cal o r e d a f u m aça. Co n d i ção d i f íci l d c co n seg u i r em f u n ção d as ab ert u-
ras d e p o rt as, j an el as, d ut o s d e ar co n d i ci o n ad o e p assag en s d e d ut o s d as i n st al açõ es
h i d r áu l i cas e el ét r i cas.

O m ercad o d a co nst rução ci vi l o ferece alg um as so luçõ es para am en izar o p ro b lem a das aber-
t uras, dent re elas t emos os det ect ores d e fogo e/ ou f um aça q ue acio n am um sist em a aut o m át ico
p ara fecham ent o d as port as e dos registros cort a- fogo nos dut os d e ar co n d icio n ad o , co m a
f inalid ad e d e evit ar a passagem d o fogo e da f um aça para out ros am b ient es.

Esses sist em as ap resent am u m grau d e co nf iab ilid ad e d esco nhecid o , pois d ep end em de out ros
fatores co m o fo rça das m o las, calço s e o b jet o s q ue possam im p ed ir o f echam ent o das port as, o u
as p ró p rias abert uras nas lajes e p ared es por o nd e p assam os dut os de ar co nd icio nad o .

23.14. PRO T EÇÃ O D O S ED I FÍ CI O S CO N T RA I N CÊN D I O S

" U m p eq ueno incênd io o co rre q uand o alg um a co isa está errad a; u m g rand e incênd io o co rre
q uand o várias co isas est ão errad as."

Co m o fo i m o st r ad o an t er i o r m en t e, o f en ô m en o d o f o g o é g o ver n ad o p o r u m g ran d e nú-


m ero d e v ar i áv ei s, a p art ir d o seu i n íci o , cr esci m en t o , al ast r am en t o e at é a su a ext i n ção ,
o q u e n ão p er m i t e u m eq u aci o n am en t o exat o d e t o d as as m ed i d as n ecessár i as, t o r n an -
d o p r at i cam en t e i m p o ssível q u e se co n si g a o b t er t o t ais co n d i çõ es d e seg u r an ça co n t r a
o i n cên d i o .

Podem os d izer que um ed if ício é seguro co nt ra incênd io q uand o há b aixa p ro b ab ilid ad e d e


in ício d e um fo co d e incênd io , ao m esm o t em p o em q ue há um a alt a p ro b ab ilid ad e de todos o s
seus o cup ant es evacu arem o p réd io sem q ue sofram d ano s p essoais.

Por sua vez, se o fogo vier a ocorrer, ele d everá ficar co nf inad o ao lo cal o nd e t eve início , não
se p rop ag and o p ara out ros am b ient es o u out ras ed if icaçõ es, e finalm ent e q ue o s d anos à propri-
ed ad e e à seg urança do im ó vel sej am o s m enores p o ssíveis.

O co njunt o d e m ed id as d e p revenção co nt ra incênd io d eve ser ad o t ad o inicialm ent e na fase d e


p ro jet o , levand o em co nsid eração o t ipo das at ivid ad es q ue serão d esenvo lvid as em cad a lo cal
d a ed if icação , p ara p rever a co m p art im ent ação vert ical e ho rizo nt al dos am b ient es, o b jet ivand o
co nf inar o fo co de incênd io na sua o rig em .

Um fator q ue tem g erad o um a ráp id a p ro p ag ação do fogo é a g rand e u t ilização d e m at eriais


co m b ust íveis no acab am ent o e d eco ração d as unid ad es co m erciais e resid enciais. Sendo as-
sim , d evem o s esp ecif icar o m áxi m o de m at eriais inco m b ust íveis.
Por sua vez, a ind úst ria nacio nal vem se d esenvo lvend o sig nificat ivam ent e e t em at ualm ent e
p o t encial para ab ast ecer o m ercad o co m m at eriais que at end am m elho r aos q uesit os de segu-
rança q uant o à p ro p ag ação de ch am as.

O co njunt o d e m ed id as para co nt ro le, co n t en ção e ext in ção do fogo represent a o sist ema d e
p ro t eção co nt ra incênd io s e a sua ef iciên cia d ep end e d o m o m ent o em q ue o f o co in icial é
d esco b ert o , da rap id ez co m q ue se alast ra e d o t em p o d eco rrid o ent re o início d o fogo e os
p ro ced im ent o s adot ados para o seu efet ivo co m b at e.

O sucesso d a o p eração , por sua vez, vai d ep end er t am b ém do co njunt o d e eq uip am ent o e
sist em as exist ent es para a d et ecção e co m b at e ao fogo. N esse m o m ent o é im port ant e q j e todos
os eq uip am ent o s est ejam em b o as co n d i çõ es, o q ue i m p l i ca um a m an u t en ção ad eq uad a e
co nst ant e d e todo o sist em a.

Esp ecif icam o s a seguir (sem o rd em de p rio rid ad e) alg uns asp ect os q ue co nsid eram o s im port an-
tes de serem o b servad o s na elab o ração d e um projet o p red ial, para q ue se possa ter uma co n-
d i ção ad eq uad a de p rot eção co nt ra incênd io :

• Lo cali zação do ed if ício em relação a hid rant es e reserva nat ural de ág ua.
• Ed if ício co m esp aço ao redor para p erm it ir acesso do co rp o de b o m b eiro s.
• Alt ura d a ed if icação em co m p aração co m a escad a d o b o m b eiro .
• Dist ância ent re ed if ício s p ara p ro p ag ação das ch am as.
• Qu an t id ad e d e m at eriais co m b ust íveis na ed if icação .
• Co m p art im ent ação vert ical e ho rizo nt al co m m at eriais resist ent es ao fogo.
• Pro t eção das abert uras nos elem ent o s q ue fo rm am a co m p art im ent ação .
• Est rut ura p revist a para resist ir o m aio r t em p o p o ssível ao fogo.
• Sist em as de d et ecção e alarm e d im ensio nad o s co rret am ent e.
• Sist em a d e co m b at e e ext in ção eficient es, co m hid rant es, reserva ad eq uad a de água, ch u -
veiro s aut o m át ico s, ext int o res (pó q u ím i co , halo n, CO ,, esp um a, et c.).
• Rotas de fuga vert icais e ho rizo nt ais, d im ensio nad as co rret am ent e.
• Disp o sit ivo s para co nt ro le do m o vim ent o d a f um aça.
• Treinam ent o p erió d ico dos usuários da ed if icação , para co m b at e e fuga.
• Brigadas de incênd io .

Se todas essas p ro vid ências forem t o m ad as em nível d e d esenvo lvim ent o dos projet os, execu -
ção da o b ra, m anut enção e t reinam ent o dos usuário s, ent ão, t erem os os inst rum ent os necessá-
rios para m i n i m i zar o s p o ssíveis d anos p ro vo cad o s por um sinist ro de incênd io , im p licand o a
p reservação d e vid as e na p rot eção do p at rim ô nio .
24 Sinistros devido à execu ção
d e outras ed ificaçõ es

24.1. GEN ERA LI D A D ES

A execu ção de alg uns tipos d e obra im p lica m uit as vezes num risco à seg urança das ed if icaçõ es
vi zi n h as, p rincip alm ent e q uand o essas são d e p eq ueno port e o u m uit o ant igas e já apresent am
alg uns sinais de inst ab ilid ad e, tais co m o d esap rum o s, t rincas na est rut ura e alvenarias.

Podem apresent ar t am b ém out ros p ro b lem as, co m o infilt ração de um id ad e pelas bases d as pa-
redes, vazam en t o s nas t ub ulaçõ es hid ráulicas e at aq ue d e cu p in s, send o est e últ im o de g rand e
im p o rt ância q uand o t emos est rut uras de sust ent ação em m ad eira.

As co n st ru çõ es m ais no vas do t ip o resid ên cias, p eq ueno s co m ér ci o s e ind úst rias de m éd io


port e t am b ém são vít im as em m uit o s caso s d as co nst ruçõ es vi zi n h as, d ep end end o do t ipo d e
so lo no lo cal, d as f und açõ es exist ent es p ara cad a t ipo de ed i f i cação , do nível d e co nserva-
ção d e cad a im ó vel e p rin cip alm en t e d as caract eríst icas d a no va ed i f i cação q ue será execu -
t ada na vi zi n h an ça.

H o j e em d ia, co m o avan ço t ecno ló g ico , é p o ssível se co nst ruir grandes ed if ício s, q ue por sua
vez exig em fund açõ es esp eciais e grandes escavaçõ es para ab rig ar t odas as garagens neces-
sárias a um em p reend im ent o m o d erno .

N essas co nd içõ es, a no va ed if icação vai causar um a p ert urb ação no eq u ilíb rio nat ural d a re-
g ião , co m eçan d o p ela m o vim en t ação de veícu l o s e eq uip am ent o s pesados nas im ed iaçõ es,
p assand o p elas escavaçõ es i n i ci ai s, r eb aixam en t o do len ço l f reát ico , execu ção d e t irant es
p ara as co rt inas d e co nt enção e finalm ent e d evi d o à cr avação d as est acas.

N o en t an t o , d evem o s al er t ar q u e m u it o s si n i st r o s são p r o vo cad o s p o r p eq u en as o b r as,


q u e p el o seu r ed u zi d o p o rt e acab am n ão r eceb en d o os d evi d o s cu i d ad o s d o s p ro f issio -
n ais en vo l vi d o s, É o caso co m u m d e escavaçõ es o u at erro s execu t ad o s sem o s d evi d o s
cu i d ad o s, p r o vo can d o d esm o r o n am en t o s e n ão raro a m o rt e d e o p er ár i o s e m o rad o res
v i zi n h o s.

Analisarem o s a seguir alg um as co nd içõ es d e ob ras q ue são resp o nsáveis p elo m aio r núm ero d e
sinist ros nas ed if icaçõ es vi zi n h as já exist ent es.
24.2. D EV I D O A ESCA V A ÇÕES, A TERROS ETRA TA M EN TO I N A D EQ U A D O
D O ST A LU D ES

Nest e cap ít ulo , q uerem o s inicialm ent e falar d as p eq uenas o b ras, q ue no rm alm ent e não rece-
b em a at enção d evid a d e seus p ro p riet ário s, q ue na grande m aio ria d eseja obt er cust o m ín im o
e lucro m áxim o , seja p ara uso p ró p rio , seja para lo cação e para co m ércio . N essas co nd içõ es,
m uit as vezes o eng enheiro resp o nsável se d eixa en vo lver por esse cl i m a de eco no m ia e tam-
b ém acab a não d and o a at enção que o caso requer.

Devem o s ter sem p re present e q ue essa p seud o - eco no m ia, via d e regra, se t ransform a posterior-
m ent e em grandes p rejuízo s f inanceiro s, q uand o se t em d e fazer refo rço e rest aurar os d ano s
causad o s por um a so lu ção inad eq uad a. O p ro b lem a se t orna m ais g rave q uand o isso im p lica a
perda d e vid as.

Para t ant o, p recisam o s ficar at ent os a t odo t ipo d e obra q ue im p liq ue co rt e o u at erro, m esm o
q ue seja de p eq ueno port e, pois nesses caso s é co m u m o co rrer a rupt ura de um t alud e e at ingir
o p erário s o u m orad ores d e ed if icaçõ es p ró xim as.

N o caso d e co rt e em t errenos ap arent em ent e firm es, a rupt ura m uit as vezes o co rre d evid o ao
d esco nf inam ent o lat eral do so lo e à infilt ração de ág ua, p ro vo cand o assim a q ued a de b lo co s
d e t erra em t am anho suficient e para co lo car em risco os o p erário s q ue est iverem t rab alhand o
no pé d o t alud e, o u d errub ar casas p ró xim as, co m o tem o co rrid o co m m uit a freq üência nesse
t ipo d e o b ra (ver figs. 24.2.1 e 24.2.2).
Aterro

Doslizamanto do Atorro

Solo Natural

Fig. 24.2.2. Ruptura de talude de aterro

Tend o isso em m ent e, aco nselham o s q ue t odas as ob ras d e escavação e m o vim ent ação d e terra
sej am aco m p an h ad as por eng enheiro esp eci al i zad o em m ecân i ca dos so lo s. Ag ind o assim ,
est arem os m i n i m i zan d o o s risco s, aum ent and o a seg urança d a obra e co m cert eza prot egendo
t am b ém o cap it al d o invest idor ou p ro p riet ário do em p reend im ent o .

Para evit ar esse t ipo d e sinist ro, os cuid ad o s a serem t om ados d evem ser os m esm os p reco niza-
dos para co nst ruçõ es de m aio r port e, at ravés d a execu ção d e ob ras de co nt enção p rovisórias,
t alud es co m i n cl i n ação est ável e d evid am ent e im p erm eab ilizad o s, co m uso d e lona p lást ica,
tintas b et um ino sas o u ap l i cação de argarnassa.

Devem os prever também um sistema eficiente de capt ação, condução e lançament o das águas pluvi-
ais ou servidas, até um local apropriado que não cause erosão ou outro tipo de dano à vizinhança.

Qu an d o se trata d a co nst rução d e um ed if ício de m aio r port e, em q ue há necessid ad e d e se


escavar em cot as b em ab aixo dos vi zi n h o s, m uit as vezes d evem o s in iciar as at ivid ad es p ela
est rut ura d e co nt enção , q ue, d ep end end o d as caract eríst icas d a o b ra, pode ser feita at ravés d a
cr avação de est acas d e aço , o u execu ção d e co rt inas at irant ad as.

A cr avação d e perfil m et álico junt o à d ivisa no rm alm ent e p ro d uz p o uca vib ração no so lo e
co nseq üent em ent e result a em p o uco s d anos p ara a ed if icação vi zi n h a.

N o ent ant o, em f unção d a p ro fund id ad e e d o t ip o d e f und ação do vi zi n h o , p o d e ser necessário


q ue se f aça um a sub m uração (p ro lo ng am ent o d a parede da ed if icação co nt íg ua at é uma no va
base) co m a f inalid ad e de garant ir a t ransferência da carg a para um pont o m ais b aixo .

Essa et apa da o b ra exig e cuid ad o s e at enção esp ecial por part e d o eng enheiro resp o nsável,
pois haverá necessid ad e de se execut ar esse t rab alho em fases, ab rind o - se os cham ad o s ca-
ch im b o s de acesso às f und açõ es do vi zi n h o . Esse p ro ced im ent o visa m i n i m i zar os riscos d e
um a rupt ura do t alud e, o q ue p o d eria co m p ro m et er a est ab ilid ad e d a ed i f i cação vizin h a.

Por sua vez, a su b m u r ação não t em co n d i ção d e ab so rver o em p u xo d a t erra, o que t orna
necessária a execu ção d e est rut uras d e co nt enção , ligadas às est acas m et álicas, p ara garant ir
a est ab ilid ad e do co n ju n t o .
Qu an d o as et ap as co nst rut ivas im p licarem a exist ência d e t aludes p ro visó rio s, est es d everão
receb er t rat am ent o ad eq uad o p ara proteger a sua sup erfície co nt ra a ação d as águas p luviais,
servid as o u lançad as p ro viso riam ent e no t erreno o nd e se ed if ica.

N esse sent ido, p o d em o s im p erm eab ilizar a sup erf ície do t alud e ut ilizand o lo na p lást ica, t int as
b et um ino sas o u ap lican d o arg am assa co m t ela em sua sup erf ície. N o caso de ág uas lançad as
pelos vi zi n h o s no t erreno, os m esm os d everão ser no t ificad o s para co rrig ir o p rob lem a o m ais
ráp id o p o ssível. N o ent ant o, enq uant o se ag uard am as d evid as p ro vid ências, o q ue pode d em o -
rar em f unção de t rat at ivas alg um as vezes co m p l i cad as, co n vém q ue se f aça um sist ema d e
cap t ação e lançam ent o dessas ág uas, de fo rm a a im p ed ir q ue ven h am a d esest ab ilizar as ob ras
d e terra e causarem m aio res t ranst ornos.

A execu ção d e t irant es para est ab ilizar as est rut uras de co nt enção junt o às d ivisas t am bém t em
p r o vo cad o p ert urb açõ es nas ed i f i caçõ es vi zi n h as, result and o cm aco m o d ação dos p iso s o
recalq ues d if erenciais nas fund açõ es.

Co m o se t rat a d e p ro cesso q ue exi g e t écn i ca e co n h eci m en t o esp ecíf i co s, d eve ser execu -
t ad o p or em p resa esp eci al i zad a. Reco m en d am o s q ue nesses caso s se f aça um aco m p an h a-
m ent o , d esd e o i n íci o d a o b ra, p or en g en h ei r o esp eci al i zad o em m ecân i ca d o s so lo s. Ag in -
d o assim , será p o ssível co rrig ir a t em p o e d e f o rm a co rret a even t u ai s p r o b l em as q ue p o s-
sam surg ir.

D evem o s f icar at ent o s t am b ém às esp eci f i caçõ es d e p ro jet o co m r el ação às et ap as execu -


t ivas d as f u n d açõ es e est rut ura, p r i n ci p al m en t e no q ue d i z resp eit o ao t ravam ent o d as co r-
t inas em t odos o s p avi m en t o s q u e fo rem send o escavad o s; caso co n t r ár i o , p o d erá o co rrer
um a rup t ura.

Isso pode aco nt ecer q uand o se t êm vário s níveis d e sub so lo s em que a co rt ina foi execut ad a
ant es d as escavaçõ es; e p ara ter sua est ab ilid ad e g arant id a p recisa ser t ravad a em Iodos o s
níveis. Por u m a quest ão d e p razo e f acilid ad e execut iva, o const rut or reso lve p ular um t ravament o,
o q ue result a quase sem p re num sinist ro que p reju d ica a o b ra e a ed if icação vi zi n h a.

Ou t ra sit uação d e risco são os at erros execut ad o s sem nenhum t ipo de co nt ro le e apoiados em
est rut uras d e co nt enção sem f und ação ad eq uad a e q uase sem p re co m est rut uras d eficient es, o
q ue pode causar sinist ros co m vít im as fat ais.

Sen d o assi m , u m a si t u ação d e r i sco é q u an d o o at er r o d a o b r a g era u m a so b r ecar g a


co n si d er ável co m au m en t o d o em p u xo no m u r o execu t ad o p el o v i zi n h o , p r o vo can d o o
seu co l ap so . O u t r a si t u ação é d evi d o à p o ssi b i l i d ad e d e o m u r o d e ar r i m o t o m b ar so b re a
ed i f i cação exi st en t e, p or u m a f alh a no p r o j et o o u na e xe cu ção d a inf ra- est rut ura o u d a
su p er est r u t u r a, sen d o q u e em q u al q u er u m d o s caso s os d an o s p o d er ão ser el evad o s (ver
fig . 2 4 .2 .4 ).

Risco - 1 : 0 Muro não Resiste o Empuxo da Terra e Tomba Sobre a Edificação Existente
Risco - 2 : 0 Solo Existente não Suporta o Acrécimo de Carga Provocado pelo Aterro e Rompe,
Provocando o Colapso da Edificação Existonto

Fig. 24.2.4. Muros de arrimo instáveis

Out ro t ipo de sinist ro co m u m de ocorrer é q uand o se cort a o pé de t aludes d e aterros, principal-


m ent e q uand o esses não foram execut ad o s de forma ad eq uad a; nesses casos, ocorre quase sem-
pre u m d eslizam ent o do m aciço terroso na sup erfície d e lig ação do so lo nat ural co m o aterro.

N as o b ras d e t errap lenag em , p ara se execu t arem est rad as, ruas e vias exp ressas, q uand o se
escava sem levar em co n sid eração essa p o ssib ilid ad e, o eng enheiro d a o b ra pode ser pego d e
surp resa, u m a vez q ue o d eslizam ent o do t alud e e o co lap so d as ed if icaçõ es q ue est iverem
sobre ele aco rrem num curt o esp aço d e t em p o.
Para evit ar esse t ipo d e acid ent e, d evem o s levant ar sem p re o hist órico d a região onde se pre-
t ende fazer q ualq uer t ipo d e m o vim ent ação d e t erra. Ag ind o assim , p o d erem o s ant ecip ar m ed i-
d as d e p revenção e evit ar cust os ad icio nais, at rasos no cro no g ram a e p rincip alm ent e os d anos
p esso ais, que em m uit o s caso s não p o d em ser reparados (ver fig. 24.2.5).

Deslizamento do Aterro / Aterro Existente

Corte no Pé do Talude
para Construção de Rua Solo Natural

Fig. 24.2.5. Corte no pé do talude de aterro

A fim de resolver esse t ipo d e p ro b lem a, é p reciso obt er t odas as inf o rm açõ es necessárias para
se d esenvo lver um p ro jet o q ue t enha um excelent e d esem p enho t écnico e eco nô m ico , send o
q ue a so lução ad eq uad a pode ir d e u m sim p les m uro d e arrim o at é so luçõ es m ais sofist icadas,
co m est rut uras at irant ad as co m cap acid ad e de ab so rver em p uxo s elevad o s (ver fig. 24.2.6).

1- Etapa
Executar Estrutura
de Contenção
BgpisP
Atorro Existonto

Corte no Pé do talude
para Construção de Rua Solo Natural

Estrutura de Contenção
(O Tipo de Solução Irá Variar para
Cada Situação)

Fig. 24.2.6. Estabilização do talude antes do corte


24.3. DEVIDO À PRESENÇA DE ÁGUA (M ina, Vazamentos, Infiltrações)

A p resença de água num t erreno o nd e se pret ende co nst ruir é sem p re m o t ivo p ara se redobra-
rem as at ençõ es, sej a ela p ro venient e d e q u alq u er font e. Alg uns caso s ap arent em ent e m ais
sim p les, co m o vazam ent o s em dut os hid ráulico s ou infilt raçõ es de o rig em d esco nhecid a, po-
d em surp reend er se não forem t rat adas co m o d evid o cuid ad o , às vezes assum ind o proporções
cap azes de p ro vo car sérios d ano s em d et erm inad as sit uaçõ es, caso o vo l u m e venha a aum en-
tar co nsid eravelm ent e por u m m o t ivo não previst o.

É m uit o co m u m enco nt rar t ub ulaçõ es d e água e esgoto em p leno f uncio nam ent o nc t erreno
o nd e se pret ende const ruir. Nesses caso s, d evem o s p rim eiro invest igar a sua origem e post eri-
orm ent e p ro vid enciar a m u d an ça; isso ant es de iniciarem - se os t rab alhos d e escavação , p ois o
ro m p im ent o d e um a t ub ulação pode causar m uit o m ais t ranst orno nas ob ras de terra do q ue se
pode im ag inar.

Em d et erm inad as sit uaçõ es, logo ap ó s o in ício d as escavaçõ es, p o d em o s enco nt rar a p resença
d e água p erco land o p elo t erreno, sem ser p ro venient e do lenço l freát ico. Ent ão, é necessário
verif icar a p o ssib ilid ad e de vazam ent o s em dutos hid ráulico s exist ent es nas p ro xim id ad es, prin-
cip alm ent e q uand o se está ao lad o d e vielas sanit árias o u faixas de servid ão .

Da m esm a fo rm a co m o foi reco m end ad o ant erio rm ent e, d evem o s p rim eiro sanar todo t ipo d e
infilt ração de água p ara d ar seq üência, co m seg urança, às ob ras d e escavação e m ovim ent a-
ção de t erra.

Ou t ra sit uação q ue requer m uit a at enção em f unção da g ravid ad e q ue represent a p ara a o b ra e


todas as ed if icaçõ es exist ent es na p ro xim id ad e, é a co nst at ação d e m ina d e ág ua no sub so lo .
Essa sit uação exig e at enção esp ecial, at ravés de um a aval i ação co rret a d a ext ensão do p rob le-
m a, p ro curand o - se lo calizar co m exat id ão a nascent e e d et erm inand o a sua vazão .

Post eriorm ent e d eve- se p ro vid enciar um a ad eq uad a cap t ação , can al i zação e lançam ent o des-
sas águas, de form a q ue não se t orne um elem ent o de risco d urant e e após a co n clu são da ob ra.
Reco m end am o s que nesses caso s se co nsult e sem p re um esp ecialist a no assunt o para fo rnecer
um a so lução t ecnicam ent e ad eq uad a e eco n o m icam en t e vant ajo sa.

24.4. DEVIDO AO REBAIXAM ENTO DO LENÇOL FREÁTICO

O reb aixam ent o do lenço l freát ico se faz necessário q uand o o nível da água está muit o p ró xi-
m o d a sup erf ície e se pret ende co nst ruir ab ai xo d ele, o u sem p re q ue as escavaçõ es do t erreno
não p ud erem ser feitas na p resença d e água, em f unção do t ipo de so lo exist ent e no lo cal.

Nesses caso s, a so lu ção é p ro vid enciar o reb aixam ent o do lenço l freát ico , o q ue pode ser feito
at ravés da cr avação d e várias hastes m et álicas (perfuradas ao longo de sua sup erfície) ao redor
d a obra e ligadas por um t ubo co let o r a um a b o m b a d e vácu o . A f inalid ad e é criar um a su cção
d a água at ravés dos tubos por m eio d e um a red ução d e pressão no int erior desses, e co m isso
reb aixar o nível do lenço l freát ico (ver fig. 24.4.1).
Corte
Tubo Coletor
Metálicas
Nivel do
Nível Origina
da Água

Nivel de água
rebaixado

Ponteira

Fig. 24.4.1. Rebaixamento com ponteiras drenantes


Alg um as ob ras ap resent am est rut ura de co nt enção lat eral co m caract eríst icas esp eciais, q ue,
aliad a a d et erm inad o s tipos d e so lo , p erm it e q ue se execut em p o ço s d e d renag em , ou que se
f aça o esgot am ent o da água à m ed id a que se for escavand o . Nesses caso s, não haverá neces-
sid ad e d e serem ut ilizad o s p o nt eiro s co m b o m b a de vácu o ; no ent ant o , d evem o s tomar o s
d evid o s cuid ad o s em avaliar o q ue vai aco nt ecer co m o nível d o lenço l freát ico nas p ro xim id a-
des (ver fig. 24.4.2).

Cortina de Contenção

N.A. Inicial

Bombas
N.A. Rebaixado

Fig. 24.4.2. Rebaixamento por bombeamento superficial

Tod as as ob ras q ue i m p l i cam a necessid ad e de reb aixam ent o do nível nat ural de água do so lo
lo cal são de m uit a resp o nsab ilid ad e e, para t ant o, req uerem a p resença de eng enheiro esp eci-
alizad o ; caso co nt rário , o risco d e sinist ro se t orna m uit o g rand e.

O rebaixam ent o do lençol freático tem sido a causa de inúmeros sinistros na história d a const rução
civil, m ot ivo pelo qual devemos tomar todos os cuid ad os necessários para garantir que a execução
desse trabalho não cause danos além do previsto, um a vez que fazer um rebaixam ent o é sempre
um a obra de risco para as edificações próxim as, principalm ent e aquelas co m fundação rasa.

O q ue o co rre d urant e u m reb aixam ent o do lenço l freát ico é q ue, co m a ret irada d a água d o
so lo , aum ent a a pressão efet iva e, nessas co nd içõ es, o co rre um m aio r ad ensam ent o do so lo ,
result ando co nseq üent em ent e num recalq ue dos elem ent o s d e f und ação que est iverem ap o ia-
dos sobre esse m at erial.

O reb aixam ent o do nível de água pode causar sério s d anos à obra em execu ção no caso d e o
p ro cesso de d renag em ser int errom p id o por q ualq uer m o t ivo e o nível vo lt ar a sub ir e co lo car
em risco a seg urança da obra e de seus execut o res.

N o p rocesso d e reb aixam ent o p o d em o co rrer sinist ros nas ed if icaçõ es p ró xim as à o b ra, um a
vez q ue o efeit o do reb aixam ent o do lenço l freát ico p o d erá afet ar o co m p o rt am ent o das funda-
çõ es, result and o em t rincas a 4 5 ° nas alvenarias e, d ep end end o d o nível d e afund am ent o dos
elem ent o s da f und ação , levar essas ed if icaçõ es ao co lap so (ver fig. 24.4.3).
Fig. 24.4.3. Rebaixamento do lençol freático

Para t ant o, d evem o s nos p reo cup ar co m os processos d e reb aixam ent o do lenço l freát ico em
d ois asp ect os im port ant es: p rim eiro , co m as caract eríst icas do so lo lo cal e do t ipo de fund ação
d as ed if icaçõ es vi zi n h as; e, d ep o is, co m as co nseq üências p ara a obra se o co rrerem event uais
int errup ções no p rocesso d e reb aixam ent o .

N o it em 4.8, ab o rd am o s t am b ém alg uns asp ect os referent es ao reb aixam ent o do lenço l freát ico
e suas co n seq ü ên cias.

24.5. DEVIDO À EXECUÇÃO DE ESTACAS

As est acas p ré- m o ld ad as de co ncret o e as est acas d o t ipo Frank são as q ue cau sam mais pro-
b lem as na vi zi n h an ça, um a vez q ue são cap azes d e p ro d uzir vib raçõ es elevad as durant e a sua
cr avação e p ro vo car t rincas g eneralizad as nos vizin h o s, cheg and o em alg uns caso s a levar ao
co lap so alg um as d elas, p rincip alm ent e q uand o se trata de ed if icaçõ es execut ad as sobre funda-
ção diret a em so lo d e b aixa cap acid ad e.

A est aca do t ipo Frank é sem d úvid a a m ais d ano sa, d evid o ao elevad o nível d e vib ração q ue
p ro d uz no ent o rno d a o b ra, t endo cm vist a q ue o seu p rocesso d e execu ção im p lica a u íilização
d e eq uip am ent o s de grande port e, co m em preg o d e pesados p ilõ es de aço , p rincip alm ent e na
fase d e exp ulsar o co ncret o cio int erior d a est aca para fazer a sua base.

Esse p ro b lem a se faz sent ir co m m aio r f req üência nas ed if icaçõ es p ró xim as d e pequeno port e,
nas q uais q uase sem p re as fund açõ es são p recárias. N o ent ant o, m esm o ed if icaçõ es m aio res
co m o p réd io s resid enciais o u co m er ci ai s co m vário s and ares, às vezes p o d em ser afet ad as
p elas vib raçõ es d urant e a execu ção d essas est acas.

N a cid ad e d e São Paulo, t ivem o s a o p o rt unid ad e de verif icar esse t ipo de o co rrência em prédi-
os co m m ais de d ez and ares, q ue t iveram recalq ues d if erenciais d urant e a execu ção de esta-
cas d o t ipo Frank no t erreno vi zi n h o .
Por sua vo z, as est acas do co ncret o para cargas elevad as t am b ém p o d em p ro d uzir vib raçõ es
cap azes d e t rincar e at é d errub ar ed if icaçõ es vi zi n h as d e p eq ueno port e, o u, co m o no caso d as
est acas do t ipo Frank, p ro vo car aco m o d açõ es d if erenciais nas fund açõ es d e p réd io s p ró xim o s;
p rincip alm ent e se as est acas t iverem q ue at ravessar um a cam ad a m ais resist ent e do solo, o q ue
vai exig ir m ais energ ia d e cr avação e co nseq üent em ent e m aio r vib ração no ent o rno da ob ra.

Qu an d o se t iver de execut ar q ualq uer t ipo d e fund ação cap az de p ro d uzir vib raçõ es significat i-
vas, d evem o s obrigat oriam ent e fazer um a avaliação crit eriosa d e todas as ed ificaçõ es próxim as,
co m levant am ent o das suas co nd içõ es at uais, d o t ipo d e fund ação exist ent e para cad a um a e da
cap acid ad e ind ivid ual que elas terão para absorver as vib raçõ es que serão p ro d uzid as.

N o s caso s em q ue ho uver d ú vid a co m relação ao co m p o rt am ent o d as ed if icaçõ es vizin h as,


d evid o às vib raçõ es q ue serão g erad as d urant e a cr avação d as est acas, p o d em o s pensar em
so luçõ es alt ernat ivas q ue p ro d uzam vib raçõ es m eno res, co m o H él i ce Co nt ínua, Est acas Esca-
vad as co m Lam a Bet o nít ica o u Perfiz M et álico .

Paralelam ent e, ant es de se iniciar a execu ção d as fund açõ es, d evem o s adot ar p ro ced im ent o s
co m p lem ent ares para garant ir a est ab ilid ad e d as ed if icaçõ es vi zi n h as e p rincip alm ent e d e seus
usuários, t ais co m o : esco ram ent o s, refo rço d e f und ação , o u q ualq uer out ra m ed id a p revent iva
cap az d e evit ar o u m in im izar d ano s; se for necessário , d everá ser previst a a m u d an ça provisó-
rias d as pessoas at é q ue o risco seja elim in ad o .

Esses p ro ced im ent o s p o d em p arecer inicialm ent e exag erad o s e onerosos; no ent ant o , a exp eri-
ên ci a tem m ost rado q ue os cust os e as d if iculd ad es para co rrig ir os d anos depois do sinist ro são
m uit o m aio res.
2 5zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
M anut enção

O s sinist ro s na en g en h aria ci vi l p red ial, co m o foi m o st rad o nos cap ít u lo s ant erio res, tom vár i as
cau sas, d as q u ai s d est acam o s o s erro s d e p ro jet o , em p reg o d e m at eriais/ co m p o nent es inad e-
q u ad o s, falhas co n st ru t ivas e au sên ci a t ot al d e m an u t en ção , o u , q u an d o exist e, é q uase sem p re
feit a d e fo rm a in ad eq u ad a.

Neste capít ulo abordaremos a im port ância d e um procedim ent o q ue aind a não é levado muito a sério
no Brasil e tem sido a causa de inúm eros sinistros na eng enharia brasileira:zyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZXVUTSRQPON
a M anut enção Predial.

Aurélio d ef ine co m o m an u t en ção : as m edidas necessár ias para a conser vação


OxvutsrponmlihfedcbaYUSRPOMLJIHEDCBA
Dicionário
ou a p er m anênci a de algum a coi sa, o u d e u m a si t u ação ; os cuidados t écnicos indispensáveis
ao f u n ci o n am en t o reg ular e p erm anent e d e m o t o res e m áq u i n as.

Co m o se p o d e p erceb er, d ef ine co m o m ed id as necessárias e cu i d ad o s t écn i co s ind isp ensáveis


p ara g arant ir a co n ser vação e f u n cio n am en t o d e al g u m a co i sa. N o nosso caso , seria a preser-
vação d o ed i f íci o em b o as co n d i çõ es d e seg u ran ça e co nf o rt o . N o ent ant o , co m o o co n ceit o d e
m an u t en ção p red ial ai n d a não é u m p ro ced im en t o h ab it u al, foi feit a ap en as u m a ref erência a
eq u ip am en t o s m ecân i co s, em q u e o p ro cesso d e m an u t en ção é u m a realid ad e ind isp ensável
p ara o b o m f u n ci o n am en t o d o m esm o e au m en t o d a sua vid a út il.

N o caso d a en g en h aria ci vi l , a m an u t en ção d eve ser u m co n j u n t o d e m ed id as necessárias e


in d isp en sáveis p ara g arant ir em b o m est ad o d e f u n ci o n am en t o , co n ser vação e seg u ran ça d o s
eq u ip am en t o s, co m p o nent es/ elem ent o s e in st alaçõ es d e u m a ed i f i cação , d e q u alq u er t ip o o u
g r an d eza, result and o n u m co n j u n t o d e açõ es prevent ivas e corret ivas cu j a f in alid ad e é preser-
var o cu m p r i m en t o sat isf at ó rio d as f u n çõ es p ar a as q u ai s a ed i f i cação e seus co m p o n en t es
f o ram p ro jet ad o s, d e f o rm a a g arant ir a vid a út il d esej ad a d e um i m ó vel .

U m a ed i f i cação d eve ser en car ad a à sem el h an ça d e u m ser vi vo , h aj a vist a q u e so fre as m es-


m as in f lu ên cias d o t em p o , at ravés d o d esg ast e nat ural d o s m at eriais e d evid o ao uso ; al ém d o
q u e m uit as vezes é aco m et id a por d o en ças m ais o u m eno s sérias, co m o ag ressivid ad e do m ei o
am b i en t e, ação d o vent o , o xi d ação d as ferrag ens, at aq u e d e cu p i n s e fung o s, at é p ro b lem as
m ais g raves co m o os est rut urais e d e f u n d açõ es.

Tudo isso colabora para o desgaste o u seu envelhecim ent o precoce; no entanto, co m o qualquer ser vivo,
se for tratada d e forma preventiva, terá mais chance d e aum ent ar d e forma significativa a sua vida útil.

M u it o s sinist ro s o co r r em p ela falt a d e m an u t en ção p reven t iva o u p ela co rret iva m alfeit a. Essa
si t u ação se ag r ava p r i n ci p al m en t e em ed i f i caçõ es e est rut uras su j ei t as a m ei o s ag ressivo s,
gorados por p o luição urb ana, indust rial ou m arinha, quo exig em cuid ad o s esp eciais para ga-
rantir a seg urança e lo ng evid ad e do em p reend im ent o .

As ed if icaçõ es represent am ao longo d a hist ória o m aio r p at rim ô nio d a hum anid ad e e, sem
d úvid a, p o d em ser co nsid erad as co m o o m aio r invest im ent o realizad o p elo ho m em ; para tanto,
a m anut enção d eve ser tratada co m seried ad e e p ro fissio nalism o .

N os últ im os ano s, o Brasil se em p enho u na co nst rução d e ed ifício s resid enciais co m a finalid a-
d e de red uzir o déficit hab it acio nal; porém , não p rat icou ou b usco u aprender sobre a manut en-
ção , result ando assim cm co njunt o s de prédios co m p rob lem as crô nico s, em q ue o processo d e
m anut enção não foi pensado e o cust o para sanar os víci o s de q ualid ad e é m uit o elevad o .

Podemos d izer q ue isso d everá m udar em m éd io p razo, m as até agora os t rabalhos d e manut en-
ção dos ed ifício s foram neg lig enciad o s e co nsid erad o s co m o at ivid ad e d e p o uco prest ígio, sem
at rat ivos e sem m uit a im p o rt ância. N o ent ant o, dent ro de um universo g lo b alizad o , exist e um a
grande p reo cup ação por parte dos países m ais d esenvo lvid o s em se b uscarem form as eficien-
tes para mant er o est oque d e ed if ício s exist ent es em bom est ado e, ao m esm o t em po, desenvol-
ver projet os que p erm it am red uzir ou elim inar os cust os d e m anut enção .

Nesse sentido, devemos nos concentrar em duas etapas distintas: a primeira seria no desenvolvimento
de métodos e processos eficientes de manutenção das edificações existentes; a segunda, ser a a con-
centração de esforços na elaboração dos projetos inteligentes não apenas no seu as|>ecto funcional,
mas também na preocupação de escolher, definir e detalhar com muita seriedade os com rnhgfeaXSROMJCA
|X )nent es,
materiais, elementos, instalações e, principalmente, a facilidade de acesso a todos eles.

Devem o s pensar em projet os q ue sejam co nceb id o s levand o em co nsid eração a m anut enção ,
p ara q ue ela não t enha q ue ser im p ro visad a e ad ap t ad a p o st erio rm ent e. Est udar soluções e
co rrig ir falhas na fase d e p ro jet o apresent a grandes vant agens f inanceiras, se co m p arad as co m
as at ivid ad es após a co nst rução .

Podemos contar atualmente co m t écnicas de avaliação, desempenho e cont role de qualidade para
propor soluções inteligentes que resultem em baixos custos de m anut enção. O IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo) tem colaborado muito nesse sentido, através d e
estudos e pesquisas quanto à durabilidade dos componentes de um a obra, principalm ent e em rela-
ção aos materiais novos, em que se co nhece muito pouco sobre o seu desempenho e vida útil.

Vam os tratar agora um p ouco sobre os mat eriais ou com ponent es, tendo em mente que a sua
d urab ilid ad e pode ser d efinid a co m o a cap acid ad e de manter suas propriedades ao longo d o
t empo, sob co nd içõ es norm ais de uso. Essa d urab ilid ad e está associad a à vid a útil do produto; por
sua vez, a vid a útil de um a ed ificação está co nd icio nad a à d urab ilid ad e de seus com ponent es.

O s m at eriais/ com ponent es em pregados na co nst rução civil est ão sujeit os à ação do meio am b i-
ent e e seus agentes m ais ou m enos agressivos int eragem co m os m at eriais, p ro vo cand o um a
d eg rad ação d if erenciad a em f unção das caract eríst icas físicas e q uím icas d e cad a um.

Dessa forma, a previsão da vida útil é difícil de ser avaliada, em face dos inúmeros fatores que colabo-
ram na sua degeneração, bem co m o à complexidade dos mecanismos que interferem na durabilida-
de. Apesar dessas dificuldades, o IPT tem desenvolvido metodologias para estudar esses problemas.

Ap resent am o s a seguir, na fig. 25.1, alg um as curvas que m ost ram quat ro form as possíveis de se
avaliar um a variação d e propriedades d e um m at erial/ com ponent e ao logo do t em po.
Fig. 25.1. Variação das propriedades de um material/ componente ao longo do tempo

Cu r va A: É caract eríst ica dos m at eriais/ co m p o nent es m uit o est áveis em relação a um a proprie-
d ad e d ef inid a.

Cu r va B: É caract eríst ica dos materiais/ componentes que têm um comport ament o cuja propriedade
decresce de forma constante por um det erminado período e depois sofre um colap so repentino.

Cu r v a C:iWSMLIA
í caract eríst ica dos m at eriais/ co m p o nent es q ue sofrem um a d eg rad ação I near ao
logo do t em po, ad m it ind o - se q ue a linearid ad e se m ant enha ao longo de t oda a vid a út il.

Cu r va D : É caract eríst ica dos m at eriais/ co m p o nent es cu jas p ro p ried ad es ap resent am um a va-
riação exp o n en cial ao longo do t em p o.

Para se fazer um a avaliação co rret a d a vid a út il d e um produt o, d evem o s levar em co nsid era-
ção o co m p o rt am ent o d e d eg rad ação ant erio rm ent e cit ad o e acrescent ar a inf luência dos ser-
viço s de m anut enção q ue d everão ser execut ad o s, t endo em vist a q ue eles irão aum ent ar co n-
sid eravelm ent e a sua d urab ilid ad e, co nf o rm e most ra a fig. 25.2.

1 - Envelhecimento sem manutenção


2 - Envelhecimento com manutenção

Nível Aceitável
do Dosempcnho

Tempo

Fig. 25.2. Influência da manutenção na durabilidade dos materiais


Qu an d o se trata esp ecif icam ent e d e m anut enção p red ial co m o um todo, pod em os d izer q ue se
no Brasil essa at ivid ad e aind a é relegada a um seg und o p lano , nos p aíses m ais d esenvo lvid o s
exist e um g rand e p reo cup ação em b uscar respost as e so luçõ es em out ros set ores ind ust riais
alt am ent e d esen vo lvid o s.

N esse sent id o , a Inglat erra na d écad a de 1970 int ro d uziu um a co m issão d ezyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZXVUTS
Terot ecnologia,
encarreg ad a de realizar est udos na área hab it acio nal, sendo um co n ceit o avan çad o de enca-
rar a m anut enção e co m p reend e um a ab o rd ag em m ais am p la, en vo lven d o out ras d iscip linas,
tais co m o ad m inist ração , f inanças et c., o b jet ivand o a red ução dos cust os de m anut enção .

O s t rabalhos d esenvo lvid o s p ela Terot ecnologia b uscam aferir a f req üência co m q ue se execu -
ta um a m an u t en ção e, nesse sent id o , est ab elece o co n ceit o d a " conf iabilidade" , ao m esm o
t em po em q ue p ro cura avaliar a f acilid ad e co m q ue se p o d em execut ar essas t arefas, e nesse
caso surge o co nceit o d a " manut enibilidade" .

Esses conceit os são ut ilizad o s para orient ar os t rabalhos de m anut enção e p rincip alm ent e para
b alizar o desenvolvim ent o inicial dos projetos e permitir um a avaliação dos custos de manut enção.

Conf iabilidade: im p lica um co nceit o d e avaliar a p ro b ab ilid ad e de um sist em a execut ar a sua


f unção por u m d et erm inad o p erío d o d e t em p o. Visa à o p eração segura e sat isfat ória de um
sist em a p ara at ender às exig ências dos usuário s.

M anut enibilidade: im p lica o co nceit o de avaliar as d if iculd ad es ou f acilid ad es para se execu -


tar a m anut enção .

Vam o s ab o rd ar o co n ceit o de degenerescência co m o send o o p ro cesso p elo q u al as ed if icaçõ es


p erd em as suas q ualid ad es f uncio nais e est ét icas; nesse m om ent o, os m at eriais/ com ponent es e
inst alaçõ es já não ap resent am m ais suas caract eríst icas o rig inais. N a fig. 2 5 .3 , vam os enco n-
trar um a cu rva t eó rica de p erd a d e d esem p enho .

A sit uação se mostra t ot alm ent e d iferent e q uand o se passa a fazer um a m anut enção p revent iva
o u co rret iva de form a co rret a, usual e p lan ejad a, co m o most ra a fig. 25.4.
A
o

N v
c
8

1
Desempenho
Exigido \
IN
i ~
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•i
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i
i
• • ^ Tempo'
Manutenção

Recuperação

Fig. 25.4. Curva teórica de perda de desempenho com influência da manutenção

Qu an d o se d eseja fazer um p lanejam ent o da m anut enção p revent iva, o u seja, ant es que o d ano
aco nt eça, é im port ant e ter co n h ecim en t o d a cu rva caract eríst ica d e p erd a de d esem p enho d e
cad a m at erial/ co m p o nent e o u partes d a ed if icação .

N o ent ant o , essa t arefa at ualm ent e não é m uit o f ácil, t endo em vist a q ue se pode cont ar co m
p rog ram as d e m anut enção para eq uip am ent o s ind ust riais, send o q ue o m esm o não ocorre co m
a m anut enção p red ial. A d if iculd ad e inicial está no d esenvo lvim ent o e im p lant ação do sist em a,
no envo lvim ent o das pessoas, no t reinam ent o , na ad m inist ração e p rincip alm ent e na o b t enção
d e recursos f inanceiro s.

N esse sent id o , o program a d e m anut enção d eve garant ir o ret orno do invest im ent o inicial e se
mostrar vant ajo so f inanceiram ent e, a m éd io e longo p razo , enf at izand o q ue ele será um instru-
m ent o valio so co m ret orno de inf o rm açõ es p recio sas p ara sub sid iar o d esenvo lvim ent o d e no-
vo s p rojet os.

Perm it irá t am b ém que se f aça um levant am ent o cad ast ral do ed if ício e d as falhas exist ent es,
send o q ue essas d everão ser d iag no st icad as co rret am ent e, d et erm inand o - se a o rig em , as cau-
sas, a ext ensão da f alha e o m ecan i sm o d e f o rm ação , de tal fo rm a q ue p o ssa ter Iodos o s
elem ent o s necessário s p ara se p rescrever o t rat am ent o m ais ad eq uad o do pont o d e vista t écni-
co e eco n ô m ico .

A co nseq üência nat ural desse p lanejam ent o d a m anut enção p revent iva e co rret iva será a ela-
b o ração de m anuais, reco m end açõ es, rot inas d e p ro ced im ent o s e out ros d o cum ent o s necessá-
rios às at ivid ad es da m anut enção , sendo que alg um as p o d erão ser adapt adas para o rient ação e
seg urança dos usuários d aq uela ed if icação .

Devi d o à rest rição eco n ô m i ca q ue t odo p lano de m anut enção sofre, d evem o s est abelecer o
nível ó t im o na relação cust o / b enefício , co nfo rm e m ost ram as figs. 25.5 e 25.6.
A= Cust os Totais de Manutenção
e Reposição

B= Cust os de M anutenção
Nível de Manutenção
C= Custos de Reposição

Fig. 25.5. Nível ótimo de manutenção, que minimiza os custos totais

Custo de Manutenção

Economia e Manutenção

Fig. 25.6. Nível ótimo de manutenção que maximiza os benefícios

A d eg enerescência nas ed if icaçõ es se m anifest a at ravés d e f alhas q ue p o d em ter origem no


p lanejam ent o , p ro jet o , d ef inição dos m at eriais/ co m p o nent es, execu ção d a o b ra, uso e m anu-
t enção inad eq uad a.

Dessa form a, p ara aum ent ar a vid a útil de um ed if ício e m i n i m i zar os cust o s d e m anut enção ,
d evem o s d ef inir alg uns p ad rõ es de q u alid ad e p ara t odas as et ap as d a o b ra, in ician d o p elo
p lanejam ent o , elab o ração dos p rojet os, esco lha dos m at eriais/ co m p o nent es e finalm ent e a exe-
cu ção d a ed if icação .

Vam o s falar um p o uco sobre M an u t en ção Prevent iva, a f im de se cuid ar ant es para não ter do
arrum ar d ep o is, o u seja, evit ar o u m i n i m i zar o ô nus d a m anut enção co rret iva; infelizm ent e
nossa cult ura aind a não ad ot ou esse co nceit o d a m anut enção p revent iva d a form a co m o d eve-
ria p ara a co nst rução ci vi l , p referind o , via d e regra, gastar para consert ar d ep o is q ue quebrou,
q uand o sem d úvid a os p rejuízo s são sem p re m aio res.
A m anut enção p revent iva feita de form a ef icient e e b em p lan ejad a result ará em eno rm es bene-
fício s f inanceiro s para o p ro p riet ário e/ ou usuário do im ó vel, além d o q ue im p licará u m aum en-
to de seg urança, t endo em vist a q ue q ualq uer p ro b lem a será d et ect ad o logo na sua fase in icial
e reso lvid o d e form a eco n ô m i ca, ráp id a e eficient e. O m esm o não o co rre q uand o o d ano se
alast ro u m uit o - às vezes d e form a o cult a e perigosa - , exig ind o ent ão int ervenções d e alt o
cust o e risco , q ue sem p re causam um eno rm e d esco nfo rt o para todos os en vo lvid o s.

O co n cei t o d e m an u t en ção p reven t iva ef i ci en t e d eve in iciar- se na co n cep ção d o p ro jet o


arquit et ônico, co m preferência por formas e m at eriais que prolonguem a vid a do im óvel: depois,
buscar so luçõ es co njunt as co m as d em ais áreas d e est rut ura, inst alações hid ráulicas, elét ricas,
t elefonia, sist ema de segurança e out ras; e result ando no d esenvo lvim ent o sincro nizad o de proje-
tos inteligentes, q ue favo reçam a m anut enção p revent iva at ravés da criação d e "shaft s" e acesso
facilit ad o a todos os pontos d a ed if icação , co m espaços dest inados a passagem de dutos, t ubula-
çõ es e d em ais inst alações, d e form a a permit ir a co rreção de todos os elem ent os sujeit os a des-
gastes ao longo do tempo, sem a necessidade de se quebrarem pisos, tetos e paredes.

Por sua vez, a obra também deve se empenhar nos mesmos conceitos, buscando seguir a risca todos
os projetos, as normas brasileiras e as boas t écnicas de execução , objet ivando com isso atingir eleva-
dos níveis de qualidade, que por sua vez irão representar maior durabilidade do empreendimento.

Se as et ap as d e p ro jet o e o b ra f izeram a sua part e, ent ão d evem o s p lan ejar o sist em a m ais
ad eq uad o d e m anut enção p revent iva para cad a ed if icação , t endo em m ent e que isso vai de-
p end er d a l o cali zação , d as caract eríst icas do p ro jet o , dos m at eriais em pregados e sua vid a út il,
b em co m o do t ipo esp ecíf ico d e uso.

Para a im p lant ação d e um ad eq uad o e eficient e sist em a d e m anut enção , d evem o s verificar se
as form as arq uit et ô nicas p o d em proteger m ais o u m enos a fachad a dos efeit os do so l, da ch u va,
d o vent o e d e out ros agent es ext erno s; se o t ipo d e m at erial em p reg ad o na o b ra é m ais o u
m enos d urável; se a lim p eza é f ácil o u d if ícil e, por f im , a u t ilização da ed if icação .

Se for um hospit al, o nível d e m anut enção d eve ser m ais freqüente e focad o em det erminadas
funções vit ais para garantir o seu bom funcionam ent o. Os hotéis/ flats e ed ifícios co m erciais também
exigem um a m anut enção prevent iva mais constante, um a vez que neles as at ividades são intensas.

N o ent ant o, todos os ed if ício s, m esm o o s resid enciais, p recisam d e um azyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZXVUTSRQPO


ef icient e m anut enção
prevent iva e um a adequada m anut enção corret iva, p ara ter um a vid a út il longa, que possa
p ro p o rcio nar confort o e seg urança para seus usuários/ propriet ários a b aixo cust o .

Tud o isso p arece sim p les e ló g ico , co m o d e fato é; ent ão vem a pergunt a: por q ue não se faz
isso no Brasil? Acred it am o s q ue se trata aind a de um a post ura cult ural q ue não se ap erceb eu d e
todas as vant agens q ue a m anut enção p revent iva represent a.

N a verd ad e o que se faz é tentar resolver o p ro b lem a som ent e q uand o o co rre o d ano e não tem
m ais jeit o ; é nesse inst ant e, sem p ro g ram ação e q uase sem p re d e im p ro viso , q ue se cont rat a em
carát er de urg ência o p rim eiro p ro fissio nal d isp o nível e, co m o não há t em p o para avaliar as
suas q u alif icaçõ es t écnicas, o consert o é feito d e q ualq uer form a e o m ais ráp id o p ossível.

Co m at it ud es d esse t ip o é q u e co r r e u m g ran d e r i sco d e f azer er r ad o e co m p r o m et er a


est ab il i d ad e d a ed i f i cação e, co n seq ü en t em en t e, a seg u ran ça d e seus u su ário s; além d isso ,
vam o s p erd er o co n f o rt o , o co n t r o l e d a q u al i d ad e e dos cu st o s, sem co n t ar q ue será neces-
sário enf rent ar n o vam en t e o p ro b lem a cm curt o p r azo , co m t od os o s in co n ven ien t es q ue
isso i m p l i car á.

A g rand e rejeição in icial dos resp o nsáveis p elo im ó vel é p ensar q ue a despesa p reviam ent e
p rog ram ad a para a m anut enção p revent iva é um gasto d esnecessário e q ue p o d e ser evit ad o
naq uele m o m ent o ; no ent ant o, não t êm co n sci ên ci a d e q ue co rre u m sério risco d e ter de fazer
um a obra co rret iva de últ im a hora a um cust o m uit o m aior.

O fato é que na m aio ria d as vezes eles não se p reo cup am em fazer um a co m p aração de cust os
ent re um a o p ção e out ra para avaliar ao longo do t em po as vant agens de se ch ecar p erio d ica-
m ent e as co nd içõ es d a ed if icação e program ar co m ant eced ência os rest auros necessários.

N a verdade esse pensament o é equivalent e à ment alidade de não se fazer seguro, preferindo correr
o risco de perder tudo por acredit ar que se está eco no m izand o o valor do prêm io a ser pago.

Tant o um a post ura q uant o a out ra não são p rát icas n em eco n ô m i cas, para não d izer p o uco
int eligent es, um a vez q ue sem p re result am em m aio res p reju ízo s e ab o rrecim ent o s fuluros.

Felizm ent e os ventos da g lo b alização estão t razendo novos conceit os d e q ualid ad e e eficiência,
exig ind o um a m ud ança d e postura das pessoas, tanto na produção co m o na prestação de serviço,
exig ind o que elas se tornem compet it ivas para sobreviver num m ercado aberto e moderno.

N esse sent ido, p o d em o s p erceb er o int eresse de alg um as em p resas nacio nais co m a m anut en-
ção p revent iva, b em co m o de alg uns invest id o res im o b iliário s q ue se d eram co nt a d a necessi-
d ad e d e p reservar o valo r de um b em d urável num a eco n o m ia est ab ilizad a.
2 6zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Orçam ent açao de obras sinistradas

26.1. GENERALIDADES

A o rçam en t açao de um a o b ra sinist rad a não d ifere m uit o da co n ven ci o n al e d eve seguir as
m esm as o rient açõ es p reco nizad as por p ro fissio nais co m o o Eng. M o zart Bezerra d a Silva, es-
p ecialist a nesse t ipo de t rab alho .

A d iferença é q ue p recisa ser feita u m a aval i ação crit erio sa dos serviço s realm ent e necessários
para ret ornar a ed if icação às m esm as co nd içõ es que exist iam ant es do sinist ro . Co n d ição q ue
d eve ser levad a a sério nos caso s d e sinist ros p red iais co m seguro.

É muit o import ant e num a obra sinist rada avaliar corret am ent e a real necessidade dos reparos que
d evem ser execut ad os na ed if icação sinist rada, p rincip alm ent e nas estruturas d e sust ent ação.

N esse sent id o, d evem o s est udar crit erio sam ent e a ext ensão dos d ano s e o s co m p ro m et im ent o s
q ue o s elem ent o s resp o nsáveis p ela int egridade física da ed if icação so freram em d eco rrência
d o sinist ro, co nf o rm e ab ord ad o neste t rab alho nos cap ít ulo s sobre incênd io e resist ência dos
m at eriais q uand o aq uecid o s.

Alg um as vezes a o p ção ap arent em ent e m ais ad eq uad a é a d em o lição ; em d et erm inad as sit ua-
çõ es isso é inevit ável, p o rém em m uit os caso s d e incênd io a so lução m ais co rret a é a restaura-
ção p arcial o u total da ed if icação .

Para se f azer essas aval i açõ es, co m cert o g rau d e p recisão , é m uit o im p o rt ant e um est ud o
d et alhad o e crit erio so d as co nd içõ es do p réd io ant es e d ep o is d o sinist ro. Para isso, d evem o s
em alg um as sit uaçõ es m ais co m p licad as recorrer a p ro fissio nais alt am ent e esp ecializad o s, q ue
ap ó s est udos e ensaio s esp ecíf ico s p o d erão o rient ar p ara a so lu ção d e m elho r d esem p enho
t écnico e eco n ô m ico .

De m aneira g eral, d evem o s d efinir claram ent e a ext ensão d e todos os serviço s q ue d everão ser
execut ad o s, para p erm it ir um a corret a o rçam ent ação da obra e não elevar o s cust os dos restauros
além do necessário .

Dessa f o rm a, surg e a necessid ad e d e se q uant if icar e o rçar o s t rab alho s d e d em o lição dos
elem ent o s q ue realm ent e foram d anif icad o s p elo sinist ro e garant ir ao m esm o t em po a int egri-
d ad e d as part es não afet adas, co n d i ção q ue num a obra co n ven ci o n al às vezes não exist e.
É necessário levar em co nsid eração q ue na m aio ria dos sinist ros não é p o ssível se restringir aos
t rab alho s ap enas da rest auração d o que foi d iret am ent e co m p ro m et id o ; co m o é o caso dos
revest im ent os de pisos e paredes, em q ue a p int ura, os azu lejo s, as p ast ilhas, et c. foram d anifi-
cad o s ap enas p arcialm en t e.

N esses caso s, para se co nseg uir um result ado unifo rm e de acab am ent o , alg um as vezes é im-
p rescind ível refazer toda a reg ião sinist rad a, o u p elo m eno s um a p arcela d a m esm a, desde q ue
se co nsig a p reservar os p ad rões est ét icos do im ó vel.

N o caso esp ecíf ico dos revest im ent os cerâm ico s, ap enas im preg nad os p ela fulig em do incên-
d io , é sem p re aco n selh ável q ue se f aça u m teste d e l i m p eza co m em p resas esp ecializad as,
ant es d e p ensar na d em o lição . A exp eriên cia tem m ost rado q ue pod em os obt er result ados alt a-
m ent e sat isfat órios.

Qu an d o se tratar de granit os o u m árm o res, t am b ém im preg nad os p ela fulig em , podem os restau-
rar as p eças co m t rat am ent o sup erf icial execu t ad o por em p resas esp ecializad as, evit and o os
elevad o s cust os de d em o lição e reco nst rução de m at eriais caro s.

O processo d e d em o lição d e algum as estruturas sinist radas por incênd io , vend aval ou desmoro-
nam ent o pode exigir cuid ad o s esp eciais, no sent ido d e m inim izar os riscos de acident es co m as
ed ificaçõ es vizinhas e co m as partes rem anescent es do im ó vel em b o m estado de co nservação .

Sem p re q ue os esco m b ro s est rut urais insp irarem alg uns cuid ad o s, reco m end am o s, por m ed id a
d e seg urança, a co nt rat ação de firm as esp ecializad as p ara a sua d em o lição e rem o ção . Isso
pode im p licar cust os esp ecíf ico s q ue d everão ser previst os no o rçam ent o d as ob ras d e restauro.

Nos sinist ros de incênd io , algum as vezes as fund ações são afet adas durant e o co lap so estrutural,
p ro vo cand o esforços ad icio nais, tais co m o moment os de flexão/ t orção o u acréscim o de carg a.

Um a vez d evid am ent e co nst at ad o o co m p ro m et im ent o d as fund açõ es, torna- se essencial um
est udo por profissional d a área para se d ef inirem as ob ras necessárias de rest auro e, com isso,
p o ssib ilit ar a elab o ração d e um o rçam ent o co rret o desses serviço s.

N o s d esm o ro nam ent o s t am b ém é p reciso q ue se f aça um a aval i ação d et alhad a d o q ue foi


realm ent e co m p ro m et id o , de forma q ue se o rcem co rret am ent e as obras d e rest auro.

Basicam ent e, o o rçam ent o d e um a o b ra se d ivid e na co m p o sição d e p reço doszyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZXVUTS


serviços diret os
e serviços indiret os.

• Serviços Diret os

São t odos aq ueles serviço s necessário s à co m p let a execu ção d a obra e q ue co nst am d a p lan ilh a
d e o rçam ent o , cu j o cust o é a base da f o rm ação do p reço .

• Serviços Indiret os

São todos os d em ais serviço s e despesas, acrescid o s do lucro d o const rut or.

A so m at ó ria dos cust os referent es aos serviço s diret os e indiret os result ará no o rçam ent o final
d a o b ra.
26.2. PA RTI CU LA RI D A D E DA S OBRA S DE RESTA URO EM ED I FI CA ÇÕES SI N I STRA DA S

É m uit o co m u m em sinist ros p rovocad os por vend avais em ed ificaçõ es indust riais q ue haja neces-
sid ad e de se execut arem pequenos serviço s d e reparos em vário s im ó veis, co m equipam ent os
esp eciais e d e forma em erg encial, para não agravar os danos ou com prom et er a produção.

Nesses caso s o em p reit eiro terá d e p ro vid enciar um a ráp id a m o b i l i zação d e pessoal e eq uip a-
m ent os, d ivid in d o a eq uip e em vário s grupos. Co n d i ção q ue eleva os cust os por m et ro q uad ra-
d o usualm ent e aferid os para ob ras co n ven cio n ais.

Ou t ra sit uação que eleva co nsid eravelm ent e o s cust os d as ob ras d e rest auro é a necessid ad e
d e se execut ar a obra co m um a em p resa f uncio nand o , p ois é p reciso proteger os funcio nário s,
os eq uip am ent o s e o s produt os.

N a m aio ria d as vezes isso só é p o ssível q uand o se t rab alha nos horários em q ue a indúst ria não
est iver f uncio nand o , no rm alm ent e à noit e e nos finais d e sem an a.

Essas co nd içõ es ad versas de o b ra são m uit o co m u n s em caso s de sinist ros, d evend o ser anali-
sad o cad a caso em p art icular p ara se af erir o g rau d e d i f i cu l d ad e q ue será enco nt rad o no
rest auro d a ed if icação .

Ap enas para ilust rar, cit arem o s o caso d e u m incênd io num hot el co m vário s p avim ent o s, send o
d an i f i cad o ap enas um d eles. N esse caso , as o b ras d e rest auro d everão ser execut ad as sem
p reju d icar os hóspedes e a rot ina no rm al do hot el.

Tod os sab em o s q ue obra ci vi l faz b arulho , gera ent ulho e p rincip alm ent e p ó , além d e im p licar
um a g rand e m o vim ent ação de p esso al, m at eriais, produt os e eq uip am ent o s.

Tend o isso p resent e, im ag ine as d if icu ld ad es para q ueb rar p ared es, t ransport ar areia, p ed ra,
t ijo lo , cal , ci m en t o e out ros m at eriais. Co n d i ção q ue se ag rava q u an d o é p reciso efet uar a
co ncret ag em de elem ent o s est rut urais d evid o ao preparo ou lançam ent o d e co ncret o .

Essas sit uaçõ es m uit as vezes acarret am a n ecessid ad e d e se aval i ar em os cust o s de fo rm a


t ot alm ent e d iferent e dos p ad rões usuais, co m ap ro p riação dos valo res t o m and o - se por b ase
t odas essas d if iculd ad es, o q ue result ará em cust os diret os e indiret os m ais elevad o s.

N esses caso s, não é p o ssível elab o rar um o rçam ent o dos serviço s d e rest auro co m base em
p reço s usuais por m et ro q uad rad o , ut ilizad o s em obras co n ven cio n ais.

26.3. DESPESAS COM REGULARIZAÇÃO DA OBRA

A g ran d e m ai o r i a d as p ref eit u ras req u er q u e t o d a o b r a, m esm o as d e rest au ro , recu p era-


ção e r ef o r ço t en h am u m a ap r o vação p r évi a d o ó rg ão co m p et en t e, e p ara t ant o exi g e o
p ag am en t o d e t axas, em o l u m en t o s e um en g en h ei r o r esp o n sável , d ep en d en d o do p o rt e
d a o b r a.

Esses valo res não são p ad ro nizad o s, varian d o d e um a cid ad e p ara out ra, d e tal form a que se faz
necessária sem p re um a co nsult a lo cal para avaliar esses cust os.
26.4. DESPESAS COM PROJETOS

Em alg uns sinist ros p red iais, d ep end end o d o seu port e e d a ext ensão dos d ano s, poderá ser
necessário o d esenvo lvim ent o de projet os esp ecíf ico s para refo rço o u recup eração da infra-
est rut ura o u da superest rut ura.

Pode o co rrer t am b ém q ue as inst alaçõ es elét ricas, h id ráu licas, d e t elefo nia e ló g ica est ejam
co m p ro m et id as e, para serem rest auradas, t enham de ser p ro jet ad as no vam ent e para p erm it ir
um a corret a o rçam ent açao e execu ção . E em ed if icaçõ es m uit o ant igas isso d eve ser obrigato-
riam ent e feit o p ara at ender às no rm as at uais e as leg islaçõ es vigent es.

Para tanto haverá necessid ad e d e co nt rat ação d e p ro fissio nais esp ecializad o s para o desenvol-
vim ent o desses p rojet os, d evend o ser previst os esses cust os na co m p o sição de p reço da ob ra.

26.5. DESPESAS COM INSTALAÇÃO DE CANTEIRO E ALOJAM ENTO

As despesas co m inst alação de cant eiro e alo jam en t o em obras sinist rad as d evem ser cuid ad o -
sam ent e avaliad as, t endo em vist a a g rand e d iversid ad e de sit uaçõ es exist ent es.

Alg um as co nd içõ es p o d em im p licar em cust os m ais elevad o s, se co m p arad as co m os p ad rões


usuais, p rincip alm ent e se não for p o ssível alo jar m áq uinas eq uip am ent o s, m at eriais e pessoal
no lo cal da o b ra.

N o ent ant o , p o d e o co rrer o inverso , em q ue as co n d içõ es lo cais f avo reçam o alo jam ent o d o
pessoal e a g uard a dos m at eriais e eq uip am ent o s, q uand o a ed i f i cação sinist rad a d isp õ e d e
inst alaçõ es ap ro p riad as e infra- est rut ura de sup o rt e.

Para não haver d ú vid as co m r el ação ao valo r f inal da p rop ost a e p erm it ir um a ap r eciação
co rret a do o rçam ent o por part e do co nt rat ant e, é im port ant e q ue as const rut oras esp ecifiq uem
claram ent e essas d espesas, sem d iluir esses cust os no p reço de out ros serviço s.

Isso p erm it e um a aval i ação m ais p recisa dos ho no rário s q ue est ão send o co b rad o s, ao m es-
m o t em p o em q ue não co n t am i n am a co m p o si ção dos p reço s d o s ser vi ço s co m p o st o s p or
insum o s b ásico s.

26.6. UTILIZAÇÃO DE EQUIPAM ENTOS ESPECIAIS

Alg um as ob ras de rest auro, p elas suas caract eríst icas e grau de d if iculd ad e execu t iva, o u d e
acesso em d et erm inad o s lo cais, p o d em exig ir o em preg o de eq uip am ent o s esp eciais. N esses
caso s, é co m u m q ue o const rut or apresent e em seu o rçam ent o um valo r sep arad o para rem une-
rar essas d esp esas.

Para ilust rar, cit am o s o exem p lo da m anut enção d e cai xi l h o s em prédios co m alt ura elevad a,
em que se d eve por m ed id a d e seg urança em p reg ar Balan cin s Elét rico s, co m t odos os eq uip a-
m ent os d e seg urança, in clu sive aq ueles p ara proteger pessoas em t rânsit o p elo lo cal, o u mes-
mo out ras partes d a ed if icação , co m o t elas e b and ejas d e p ro t eção . Nesses caso s, a prepara-
ção fica m ais cara do que o m at erial e a m ão- de- obra ut ilizad o s d iret am ent e na rest auração.
H á out ras sit uaçõ es em q ue é p reciso ut ilizar m áq uinas esp eciais, do t ipo escavad eiras, trato-
res, torres de el evação e g uincho s esp eciais, o s q uais no rm alm ent e não seriam em pregados na
co nst rução d e um im ó vel d aq uele port e, im p lican d o assim um cust o m ais elevad o se co m p ara-
d o co m a execu ção dos m esm os serviço s caso a o b ra fosse no va.

Sit u açõ es d esse t ip o result am em o r çam en t o s nos q u ai s as d esp esas co m a m o b i l i zação /


d esm o b i l i zação , inst alação e p ro t eção são b em sup erio res aos cust o s d iret o s do m at erial e
m ão- de- obra p ara um a sim p les rep o sição do b em d anif icad o .

26.7. COTAÇÃO DE PREÇOS

O nosso t errit ório nacio nal é m uit o g rand e e apresent a caract eríst icas regionais dist int as, co m
um a variação sig nif icat iva de p reço s para um m esm o produt o o u serviço .

N o caso d a co nst rução ci vi l , isso pode ser verif icad o d e form a m uit o nít id a q u an d o se co t am
m at eriais e m ão- de- obra em cid ad es e estados d iferent es.

Ap enas para se ter um a id éia, vam o s cit ar m ais ad iant e alg um as co rrelaçõ es d e preços t om an-
do- se por base um a obra resid encial d e p ad rão m éd io , co m dat a de referência no m ês de m arço
d e 2002.

É p reciso lem b rar q ue essa co rrelação p o d e se alt erar sig nif icat ivam ent e se for co nsid erad a
out ra dat a- base, t endo em vist a que as o scilaçõ es d e p reço s d ep end em de um a série de variá-
veis q ue m ud am em f unção de diferent es fat ores.

N as co n d içõ es aci m a d escrit as, p o d em o s d i zer q ue na dat a- base esp ecif icad a, a cid ad e d e
Flo rianó p o lis ap resent ava o m aio r cust o por m et ro q uad rad o de m ão- de- obra, cheg and o a ser
6 0 % m ais elevad o q ue o s valo res prat icad os em Go i ân i a, Fort aleza e Recif e.

Co m relação aos m at eriais a sit uação é sem elhant e, send o q ue as cid ad es d o Rio d e Janeiro e
Brasília são as q ue ap resent am os valo res m ais elevad o s, sup erand o em at é 2 0 % os valo res
p rat icad o s em Flo rianó p o lis.

Pelo aci m a exp o st o , fica claro que d evem o s sem p re fazer um a co t ação d e m at eriais e mão- de-
o b ra na região o nd e o co rreu o sinist ro, m esm o p o rq ue as o b ras d e rest auro em um a ed if icação
sinist rad a m uit as vezes não ap resent am as m esm as co rrelaçõ es d e valo res ent re m at eriais e
m ão- de- obra no rm alm ent e o b servad as em ob ras no vas.

Seg und o o eng enheiro M o zart Bezerra da Silva, d evem o s est ab elecer alg uns crit ério s de cot a-
ção q ue possam garant ir a o b t enção d e um co njunt o d e ciados hom og êneo e co nfiável, confor-
m e ab aixo esp ecif icad o :

• Id ent ificação dos Insum os Im port ant es


• Preço Tot al
• Preço M éd io
• Preço à vist a
• Quant id ad e
• M éd ia Est at íst ica
Ident if icação dos Insumos Import ant es

Devem o s nos co ncent rar na id ent ificação e pesquisa dos insum os m ais importantes, q ue no setor
d as ed ificaçõ es represent am ap ro xim ad am ent e 8 5 % do cust o d a obra, e nesse universo vam o s
encont rar cerca de 8 % dos itens; os 9 2 % restantes podem ser classificad o s co m o norm ais.

N o caso d as o b ras sinist rad as, os insum o s m ais im port ant es co st um am variar m uit o em f u n ção
d a q uant id ad e e dos elem ent o s q ue foram d anif icad o s; port ant o, p recisam o s ficar atentos aos
serviço s de rest auro realm ent e necessário s e avaliar co rret am ent e os insum o s que terão um a
inf luência sig nif icat iva no cust o f inal.

Preço Tot al

A idéia b ásica é apresent ar um o rçam ent o d e fácil co m p reensão que p erm it a um a visu alização
ráp id a dos cust os d e cad a at ivid ad e a ser d esenvo lvid a. Nesse sent id o , o id eal é q ue os cust os
co m t ransport e e im post os já est ejam in clu íd o s nos p reço s co t ad o s.

N o s cust os d a m ão- de- obra d evem est ar incluíd o s t odos o s encarg os so ciais e todos os cust os
co m p lem ent ares q ue vão co m p o r o valo r total d a hora t rab alhad a. Send o assim , apresent am os
a seguir os valo res adot ados p ela PIN I.

A - Encargos So ciais Básico s

A1 Pr evi d ên ci a So ci al 2 0 ,0 %
A2 Fund o d e Garan t ia 8 ,5 %
A3 Sal ár i o - Ed u cação 2 ,5 %
A4 SESI 1 ,5 % zvutsrponmljihgedcbaTSPNMLIFEDCBA
A5 SEN A I 1,0%
A6 Seb r ae 0,6%
A7 I N CRA 0,2%
A8 Seguro Aci d . Trab alho 3 ,0 %
A9 SECO N CI 1,0%
Tot al Parcial - A 3 8 ,3 0 %

B - Encargos M ajo rad o s p elo s Encargos Básico s

B1 Rep o uso Sem anal e Feriad os 2 2 ,9 0 %


B2 Au xíl i o - En f er m i d ad e 0 ,7 9 %
B3 Li cen ça- Pat er n i d ad e 0 ,3 4 %
B4 D éci m o Terceiro Salário 10,57%
B5 Chuvas/ Af ast am ent o / Falt as 4 ,5 7 %
Tot al Parcial - B 3 9 ,1 7 %

C - Encargos N ão M ajo rad o s p elo s Encargos Básico s

C1 Verb a para Desp ed id a Injust a 5 ,9 1 %


C2 Fér i as 14,06%
C3 Aviso Prévio Ind enizad o 13,12%
Tot al Parcial - C 3 3 ,0 9 %
D - Rei n ci d ên ci as

Rei n ci d ên ci a d e A so b re B 3 8 ,3 0 % x 3 9 / 1 7 % 1 5 ,0 0 %
Rei n ci d ên ci a d e A 2 so b re C3 8 ,5 0 % x 1 3 ,1 2 % 1 ,1 1 %
Tot al Parcial de Rei nci d ênci as 16,12%

F. - Co m p o si ção Fin al d e Leis So ci ai s e Ri sco d e Trab alh o - PIN I

A Encar g os Bási cos 38,30%


B Encar gos M aj o r ad o s 3 9 ,1 7 %
C Encargos N ão M aj or ad os 3 3 ,0 9 %
D Rei n ci d ên ci as 16,12%
Tot al Parcial - E 126,68%

F - Encargos Co m p l em ent ar es

Essas d esp esas ind iret as d if erem m uit o p ara cad a em p resa, b em co m o d e u m a o b ra p ara o ut ra.
Al g u m as co nst rut o ras p ref erem co n t ab i l i zá- l as na Taxa d e BD I . O Eng . M o zart Bezerra d a Silva
não aco n sel h a est e p ro ced im en t o e, p ara ilust rar, ap resent a no seu xvutsrponmlihfedcbaYUSRPOMLJIHEDCBA
Curso Básico dc Orçamento
de Obras u m exem p l o q u e t o m am o s a lib erd ad e d e ap resent ar a seg uir:

Fo ram co n sid erad o s o s seg uint es p arâm et ro s:

• Cál cu l o p ara u m p ed reiro resid ent e no m u n i cíp i o d a o b r a.


• Sal ár i o d o p ed reiro : RS 396,00/ m ês.
• Caf é d a m an h ã.
• Fo rn ecim en t o d e al m o ço .
• Cest a b ásica.
• Seg uro d e vi d a e acid en t es p esso ais.
• Eq u ip am en t o s d e p ro t eção i n d i vi d u al .
• Ferram ent as i n d i vi d u ai s.

F1 Transp o rt e M u n i ci p al 1 7 ,6 4 %
F2 Caf é d a M an h ã 4 ,2 2 %
F3 A l m o ço 1 7 ,0 5 %
F4 Cest a Bási ca 7 ,2 1 %
F5 Seg uro d e Vi d a 0 ,8 0 %
F6 EPI 3 ,3 0 %
F7 Fer r am en t as 4 ,0 0 %
Tot al Parcial - F * 5 4 ,2 2 %

* Val o r ilust rat ivo p ar a o ex em p l o aci m a

Preço M édio
A co t ação d e p reço s d eve ser feit a levand o - se em co n si d er ação a q u an t id ad e d o s insum o s e o
lo cal d e ent reg a e d e p ref erên cia em três f o rneced o res t rad icio n ais co m u m hist ó rico co n f iável,
q u an t o à m an u t en ção d o s p reço s e p razo s d e ent reg a.

N o r m al m en t e os valo res co t ad o s p ara u m m esm o i n su m o são d iferent es, e p ara a co m p o si ção


d e cust o s d a o b ra d evem o s ad o t ar em p r i n cíp i o a m éd ia arit m ét ica dos valo res o b t id o s.
Preço à Vist a

É p rat ica co m u m do m ercad o de fo rneced o res d e m at eriais p ara a co nst rução ci vi l que alg uns
it ens sejam fo rnecid o s co m pag am ent o à vist a e out ros co m p razo q ue varia d e 30 a 90 d ias.

Essa co n d ição d eve ser levad a em co nsid eração na co m p o sição do cust o d a o b ra; no ent ant o,
é d if ícil avaliar co rret am ent e em f unção d as t axas d e juro s d if erenciad as q ue cad a em p resa
em b ut e no p arcelam ent o .

N essas co nd içõ es, o Eng. M o zart reco m end a co m o id eal q ue se co t em os p reço s dos insum o s
para pag am ent o à vist a e, d ep o is, em but e- se um a única co rreção m o net ária para todos os it ens
d a o b ra.

N o caso d e haver seguro e a i n d en ização dos p reju ízo s for feita ant ecip ad am ent e, em um a
ú n ica p arcela, o cust o f inal d as o b ras d e rest auro d everá levar em co n sid eração os valo res
co t ad o s à vist a e sem q ualq uer co rreção m o net ária.

Devem o s levar em co n sid eração t am b ém q ue o s p reço s cot ad os in icialm en t e são p assíveis d e


d esco nt o q uand o da neg o ciação p ara a co m p ra d ef init iva.

M éd i a Est at íst ica

A ad o ção d o crit ério de aval i ação d o cust o p ela m éd ia est at íst ica dos valo res co t ad o sxvutsrponmlihfedcbaYUSRP
é interes-
sant e ap enas para alg uns caso s esp ecíf ico s e p ara o s insum o s m ais im port ant es.

N esses caso s, d eve- se seguir o s p ro ced im ent o s p ad ro nizad o s d e cál cu l o est at íst ico, que não
ab o rd arem o s por fugir ao esco p o deste t rab alho .

26.8. IM PRECISÃO ORÇAM ENTÁRIA

Tod o o rçam ent o do um a obra ci vi l apresent a um a m argem do im p recisão , q ue pode estar no


esq u ecim en t o d e um serviço , num event ual acr ésci m o de t rab alho d eco rrent e d e sit uaçõ es
im p revist as, o u no grau de incert eza q ue são inerent es a alg um as at ivid ad es d as o b ras sinist rad as.

Devem o s levar cm co n sid eração q ue nas ob ras d e rest auro no rm alm ent e p o d em surgir servi-
ço s q ue não são p o ssíveis de ser est im ad o s o u aval i ad o s co rret am ent e ant es d o início d as
at ivid ad es d e cam p o .

Portanto, é aconselhável que nos orçament os decorrentes de sinistro seja prevista um a verba extra,
a titulo d e "despesas event uais", baseada num pequeno percent ual do valor global d a obra, avalia-
do |K>r sua vez em função do nível de det alhament o e confiabilidade da proposta elaborada.

As ob ras decorrent es dos sinist ros de d esm o ro nam ent o são d if íceis de ser o rçad as co m um grau
d e co nf iab ilid ad e aceit ável, p rincip alm ent e aq uelas o co rrid as em est rut uras d e co nt enção , em
q ue no rm alm ent e não se co nseg ue obter o p ro jet o o rig inal; o u , no caso da exist ência do mes-
m o , se verif ica q ue a execu ção não seguiu rigorosam ent e o est ab elecid o no p ro jet o .

N esses caso s é im port ant e q ue se f aça u m p ro jet o co m p let o e d et alhad o d e t odas as et apas
execut ivas e dos t rabalhos q ue d everão ser execut ad o s. Persist indo cert o grau de incert eza, a
so lu ção id eal o d e m enos risco para todos pode ser a co nt rat ação d a o b ra por ad m inist ração o u
p reço s unit ários de serviço s e m ão- de- obra p reviam ent e aco rd ad o s.

26.9. AVALIAÇÃO DO BDI (BENEFÍCIOS E DESPESAS INDIRETAS)

A t axa de BDI para serviço s de rest auro d eve ser aval i ad a d a m esm a fo rm a q ue p ara as ob ras
co n ven ci o n ai s, t endo present es as p art icularid ad es ap ont ad as ant erio rm ent e.

N o ent ant o, o q ue t emos o b servad o é q u e alg um as em p resas co st um am co nsid erar cert a mar-
g em de lucro nos cust os diret os, d if icult and o um a ap r eciação co rret a d a t axa de BDI ad ot ad a.

Co m a f inalid ad e d e p ro curar elu cid ar um p o uco m elho r esse im port ant e co m p o nent e cio o rça-
m ent o de um a o b ra, farem os a seguir alg um as co nsid eraçõ es resum id as sobre a t axa de Bene-
fício s e Desp esas Indiret as, co m base no p reco nizad o p elo Eng. M o zart Bezerra d a Silva.

BDI " é a m argem d e acréscim o q ue se d eve ap licar sobre o cust o diret o para in clu ir as despe-
sas indiret as e o b enef ício do const rut or na co m p o sição do p reço da o b ra" .

Ap ó s o cál cu l o dos cust os diret os, co m m ão- de- obra, m at eriais, eq uip am ent o s e leis so ciais,
referent es às obras d e rest auro, há necessid ad e d e se ap urar e alo car os cust o s ind iret o s envo l-
vid o s na ad m inist ração dos neg ó cio s d a em p resa execut ant e.

Esses cust o s são cham ad o s d e BDI - Benef ício s e Desp esas Ind iret as e var i am de um a em p re-
sa para out ra, d ep end end o d a sua est rut ura ad m inist rat iva, f inanceira, d o vo lu m e de obras em
and am ent o e d e cad a t ipo de o b ra. Dessa form a, cad a em p resa d eve d efinir seu próprio BD I,
p ois vai d ep end er d o seu d esem p enho t écnico , eco n ô m ico e ad m inist rat ivo .

De m aneira sim p list a, p o d em o s classif icar as despesas indiret as d e um a const rut ora da seg uin-
te form a:

Ad m i n i st r ação Cen t r al

São as d esp esas co m ap o io t écnico , sup ervisão e ad m inist ração d o escrit ó rio cent ral, q ue de-
verão ser rat eadas ent re todas as o b ras, co m p reend end o os seguint es it ens:

A) Desp esas gerais co m a sede d a em p resa.


B) Desp esas co m eq uip am ent o s.
C) Desp esas co m pessoal t écnico .
D) Desp esas co m lo co m o ção , alim ent ação e hosped ag em .
L) Desp esas co m serviço s t erceirizad o s.
F) Desp esas co m o pró- labore dos diret ores.

Ad m i n i st r ação Lo cal

São as despesas ind iret as geradas no lo cal d a o b ra, co m m ont ag em e m anut enção de pessoal
ad m inist rat ivo , ap o io t écnico e sup ervisão , t ais co m o :

A) Inst alação d e cant eiro .


B) Eq uip am ent o s de cam p o .
C) Vi g i l ân ci as d iversas.
D ) Seg u ran ça e p rim eiro s so co rro s.
E) Desp esas co m alu g u éis, ág ua, lu z, f erram ent as, et c.
F) Desp esas co m p esso al d e cam p o .
G) Co n t r o l e t ecn o ló g ico , l i cen ças, seg uro s, et c.

Desp esas Fi n an cei r as

As despesas financeiras geralm ent e são decorrent es d a necessid ad e de o cont rat ad o financiar part e
d as despesas iniciais d a o b ra; salvo q uand o a cont rat ant e p ag a um a sig nificat iva p arcela inicial.

Ela p o d e se t o rnar im p o rt ant e no caso d e o em p reit eiro ter d e reco rrer a em p rést im o s b an cário s,
nos q u ais as t axas d e ju ro s n o rm alm en t e são el evad as.

Even t u ais at raso s no s p ag am ent o s d as p ar cel as t am b ém o b rig am a u m ap o rt e d e verb a q u e


sem p re i m p l i ca u m a el evação d o s cust o s, m esm o q u an d o os recurso s são d a p ró p ria em p resa,
t end o em vist a a p erd a d e suas ap l i caçõ es f i n an cei r as.

Desp esas Tr i b ut ár i as

São d evid as ao s im p o st o s, t ais co m o PIS, PASEP, ISS, CO N FI N S, IR e o ut ro s.

Co n t i n g ên ci as

São d esp esas im p revist as q u e elevem ser inserid as no o r çam en t o p ara f azer frent e a p ro b lem as
t écn ico s e ad m inist rat ivo s, r elacio n ad o s co m o d esen vo l vi m en t o d o s t rab alho s no lo cal d a o b ra.

O s risco s d e en g en h aria, o s d an o s a t erceiro s e i n cên d i o s p o d em ser est im ad o s co m a co nt rat ação


d e seg uro s esp ecíf i co s p ara esses caso s. As d em ai s d esp esas, relat ivas ao s d esp er d íci o s d e
m at eriais, b ai xa na p ro d u t ivid ad e e o ut ro s m o t ivo s, d evem ser levad as em co n si d er ação p o r
p ro f issio nais co m exp er i ên ci a nesse t ip o d e t rab alho .

Benef ício do Const r ut or

É a p ar cel a referent e à r em u n er ação d a co nst rut o ra p elo s serviço s p rest ad o s.

O Eng . M o zart Bezerra d a Si l va ap resent a no seu xvutsrponmlihfedcbaYUSRPOMLJIHEDCBA


Curso Básico de Orçamentos de Obra u m a
sug est ão p ara a Taxa d e Ben ef íci o d o Co nst rut o r.

CON TRA TO POR EM PREITADA (Lucr o líquido)


fàra o b ras d e curt o p razo e/ ou m uit a co n co r r ên ci a 5 ,0 0 %
Para o b ras co m p razo s e co n co r r ên ci as n o rm ais 10,00%
Para o b ras d e lo ng o p razo e p o u ca co n co r r ên ci a 1 5 ,0 0 %

CON TRA TO POR A D M I N I STRA ÇÃ O (Lucr o brut o)


Taxa m ín i m a 4 ,0 0 %
Taxa m éd i a 6,00%
Taxa m áxi m a 9 ,0 0 %
Um a an álise m ais crit erio sa d as var iáveis q ue int erferem na d ef in ição d e valo r d e u m BDI
m ost rará que o t am anho d a obra tem um a relação inversam ent e p ro p o rcio nal, o u seja, ob ras
m aio res im p licam valo res m enores d e BD I, t endo em vist a um a in cid ên cia m enor dos cust o s
indiret os sobre os encarg o s do fat uram ent o.

Co nseq üent em ent e, p o d em o s d izer q ue para as obras d e p eq ueno port e o BDI d eve ser m aior.

Port ant o, o BDI d eve ser avaliad o para cad a caso esp ecíf ico , t endo em vist a o port e da o b ra, o
grau d e d if icu ld ad e execu t iva, a co m p l exi d ad e t écnica e as d em ais var iáveis ant erio rm ent e
cit ad as, q ue so m ad as vão p erm it ir avaliar co rret am ent e o valo r m ais ad eq uad o d a proposta.

O BDI p ara ob ras no vas, no rm alm ent e ad o t ad o na co t ação de preços d a t abela PIN I, é de 3 0 %.
Nos caso s d as ob ras d e rest auro o u reform a, essa porcent agem pode cheg ar a 6 0 %, dependen-
d o d as variáveis q ue en vo lvem cad a sit uação esp ecíf ica.

26.10. APRESENTAÇÃO DO ORÇAM ENTO

A propost a para a execu ção d as obras d e rest auro de um a ed if icação sinist rad a d eve especifi-
car claram ent e o esco p o de todo o serviço q ue será execut ad o .

N o s caso s em q ue as caract eríst icas t écnicas são relevant es, é aco nselhável que se forneça u m
cro q ui d a so lução o rçad a, aco m p an h ad a d e m em o rial d escrit ivo .

O orçam ent o deve ser o mais aberto possível e apresentado na forma de planilha, discrim inando- se
todos os serviços que serão execut ados na obra, co m as respectivas quantidades e preços unitários,
procurando- se evit ar a co t ação de algumas at ividades através dos cham ad os módulos de vert ia.

A f inalid ad e d e ap resent ar um a propost a co m todos os itens d e serviço s b em d efinid o s á p erm i-


tir um a ap r eciação m ais d et alhad a dos valo res adot ados p elo const rut or, p o ssib ilit ard o um a
análise m ais crit erio sa por part e d o cont rat ant e, o u d a em p resa de seguro, no caso de o sinist ro
ter ap ó l i ce de co b ert ura p ara d ano s p red iais.

Em alg um as obras d c p eq ueno port e, o em p reit eiro m uit as vezes prefere apresent ar o o rçam en-
to ap enas co m os t ó p ico s dos serviço s q ue serão execut ad o s co m seus resp ect ivos valo res, o u,
na p io r d as hipót eses, ap enas o cust o t ot al.

Esse p ro ced im ent o d eve ser evit ad o , pois d if icult a um a aval i ação dos t rab alhos propostos e dos
valo res p leit ead o s p ara cad a t ipo de serviço , result and o na m aio ria dos caso s em desent endi-
ment os ent re as partes en vo lvid as, d urant e o d esenvo lvim ent o dos t rabalhos e p rincip alm ent e
na co n clu são d a o b ra, em f ace d as d úvid as geradas p ela não - esp ecif icação co rret a e d et alha-
d a de todos o s cust os e serviço s q ue d everiam ser execut ad o s.

26.11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalm ent e, alert am o s no vam ent e para a necessid ad e d e se avaliarem co rret am ent e todos os
serviço s q ue realm ent e d everão se execut ad o s para se rest aurar o bem d anif icad o , até cheg ar
às m esm as co n d içõ es ant eriores ao sinist ro .
Em alg uns caso s, não p o d em o s m ant er as m esm as co n d içõ es exist ent es o rig inalm ent e, p rinci-
p alm ent e q uand o se m ost raram ineficient es e foram as causas d o sinist ro ; é o q ue no rm alm ent e
o co rre nos caso s d e d esm o ro nam ent o s d e ed if icaçõ es, m uros d e co nt enção e ob ras de t erra.

Por out ro lad o , em alg uns sinist ro s não se just ifica a co n d en ação de todo o b em sinist rado, co m o
d esejam alg um as pessoas en vo lvid as no caso , o u at é m esm o os p ro fissio nais q ue b uscam so lu-
çõ es de ráp id a d ef inição e alt a lucrat ivid ad e.

Tem os p art icip ad o de m uit os sinist ros em q ue ap arent em ent e, num a p rim eira vist o ria, o profis-
sio nal m eno s at ent o pode ser in d u zid o a co nd enar todo um im ó vel; no ent ant o, estudos m ais
ap ro fund ad o s e d et alhad o s t êm m ost rado q ue é p ossível preservar o u ap enas recup erar - obser-
vand o - se um a relação cust o / b enefício vant ajo sa - vário s elem ent o s d a ed if icação .

Ap ó s t odas essas co nsid eraçõ es é q ue p o d erem o s, ent ão, avaliar e q uant ificar ad eq uad am ent e
todos o s serviço s d e rest auro necessário s, p o ssib ilit and o a elab o ração d e um o rçam ent o corret o
d a o b ra.
Bibliografia

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TOM AS, Ercio. Trincas em Edificações: Causas e Mecanismo de Formação.

III Simpósio Nacional da Tecnologia da Construção: Patologia das Edificações, Escola Politécnica da Universidade de
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BAUER, L. A. Falcão. Materiais de Construção.

JOISEL, Albert . Fisuras y Grietas em Mortoneros y Hormigones.

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M OLITERNO, Antonio. Estruturas de Madeiras.

RIPPER, Ernesto. Como Evitar Erros na Construção.

ALVES, José Daíico; FREITAS, José Alves dc; PEDROSO, Dorival. Avaliação de Danos e Procedimentos par.i Reparos,
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Cr i t ér i o Engenharia é u m a em p resa q ue nos últ i-
m o s set e ano s t em r eal i zad o in ú m eras Perícias de En-
g en h ar i a Ci v i l p ar a as em p r esas d e seg u r o , t en d o
c o m o p r i n c i p a i s c l i e n t e s a A CF Br asi l Seg u r o s,
M ap f r e Seg u r o s, Ro y al & Su n A l l i an ce e Li b er t y
Paulist a, d ent re o ut ras.

El ab o r a lau d o s t écn i co s q ue i d en t i f i cam as cau sas,


Desm o ro nam ent o de talude
ap resen t am so l u çõ es o t i m i zad as e co t açõ es d e p re-
ço s d et alhad as, co n sid eran d o sem p re o s valo res usu-
alm en t e p rat icad o s em cad a reg ião d o p aís.

A p l i ca a exp er i ên ci a e co n h eci m en t o s d e seu s só -


ci o s, no sen t i d o d e v i ab i l i zar u m a p ar cer i a i d eal , e
nesse sen t i d o , est á sem p r e f o cad a em d esen vo l ver
n o vas so l u çõ es q ue ap r esen t em o s m el h o r es d esem -
p en h o s t écn i co s e eco n ô m i co s, o b j et i van d o co m isso
Desm o r o n am en t o de Ar m azém
p r o p o r ci o n ar ao s seu s cl i en t es resu lt ad o s al t am en - 2
co m área d e 5 .0 0 0 ,0 0 m
te sat isf at ó r io s.

Pr i m a p el o f o rn ecim en t o d e i n f o r m açõ es p r eci sas e


d et al h ad as, p r o cessad a n u m m o d er n o si st em a d e
i n f o r m át i ca, sem p re d o cu m en t ad a at ravés de lau d o s,
relat ó rio s f o t o g ráf ico s, d esenho s em au t o cad e f i l m es
g ravad o s em Cf ) o u D V D q u an d o n ecessár io .

Incênd io em g alp ão indust rial

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por d escarrilam ent o do vent o criterio@criterioengenharia.com.br
Sinist ros 03.1336

Este trabalho foi desenvolvido pensando em todos os profissionais


que de alguma forma estão envolvidos com projetos, execução de
obras, reformas, restaurações, perícia técnica e regulação de sinistros.

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