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MODERNAS TRADICOES PERCURSOS DA CULTURA OCIDENTAL séculos XV - XVIl Berenice Cavalcante Jo%o Masao Kamita Marcelo Jasmin Silvia Patuzzi Copyright ACCESS Editora Todos o disitos restvaes, A reoraducio no aariada desta pubis, por ualquer meio, sea ela total ov parcial, constitu violagio ds Lei 9.610/98 + “ a 7 JSunrdrto- PROIETO GRAFICO E EDITORAGAO Se aaa APRESENTAGAO vii Juha Sobel ANTIGOS E MODERNOS: LISTORIAS DE UMA TRADICAO, 1 REVISAO BERENICE CAVALCANTE Deleatue 7 : mee Andes nox ombros de gigantes: a invengio da tradigéio 3 A polémica renascentista 3 Homines non nascuntor, sed finguntur: Imitar, modelar, transformar:.a nogao de individuatidade na aurora dos CIP-BRASIL. CATALOGAGAO-NA-FONTE tempos modernos “4 SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ — Novos mundos a 376m As viagens renascentistas: anova geografia das idéias 2 Cavalcante, Berenice Tethos mundos, novos périplos: as “grafas” modernas 24 epee ee tr eee eeateneeeeeee Ee Un incansdvelvigjante: Michel de Montaigne, experiéncia reflerdo “4 SNES eO> Pete. De certexas. possibilidades, chivida ¢ plausibilidade: 1. Culture ~Buropa. 2. Chicago Ocidenta. 2 Calta Hist 4 racionaidate moderna 4, Pevlodo Moderne, 1, Thlo. A natureca desencartada 57 ! Occogito cartesiano 09 eer i Os “modernos” antigos: a polémica Setecentista 6 i iz HUMANISTAS, PRINGIPES REFORMADORES NO RENASCIMENTO &% SULMIA PATUZZI 0 retorno & Roma paga 8? Giorgione, nosso daca, signore e maestro 87 “Fazer de mérmore uma pessoa viva”: 0 mito da gloria ACCESS EDITORA eae ‘no Quatrocentos 95 Rita Pinheiro Guimaraes, 87 ~ Botafogo ~ Des dieeee etary eee 7 Rio de Janeiro ~ RU ~ Tel: (Oxx21)2535-1724 / 2537-1780 - ea slorificagao do eens ; . retorno & Roma crista + accessed @centroin.com.br vvoues mpainas Jt Anoes nos: ombros de. gigantes. @ treengivo he tradigio- * A polémica renascentista © conetito de moderno te ‘européias ocidentais ¢ 03 diferentes significadlos com que foi empregadto em textos literdrios, documentos administrativos ¢ teatados polttices indicam _mancira como seus autores compreendiam x época em que viviam. O uso de una longa tradigio na histéria das sociedades conceito, portanto, refletia unin determinada experiéncia de tempo, através da relagio que estabelccin entre presente € passado, Reconhecer as formas especificas dle donitituig’v do par antigo-middlerne’é, assim, um procedi mento privilegiade para recuperar os caminhes pelos quais se formou a a hist6rica no mundo ocidental A primeira noticia do enprego do adjetive modernus data do séeulo V num documento eclesiastieo, a Epistolae Pontificum (494-495), releria-se co atual em contraste com a precedente, (Cumbrecht:1992, ’, Nimediatamente” a uma sit 80). A palavra, derivaca do latim modo, sig “agora mesino”, expressendo uma realidad presente, Mas foi mmachus (507-511), de Cassiodoro, que modernus ganhou o significado antagnico ao ce antiquitas. Oemprego do termo com sentido de oposigio um passado exemplar teria profuncas conseqiiéncias na bistéria cla cultura ociclental. (Jauss: 1996, 52) * Aos professores Maria Veda Linhurese Pruncisco Paleon, meus Mestre inicindores neste pereucso. litigos ¢ Moderne: histhvias denna tradigin Foi Bernard de Chartres quem cunhou a imagem de seu tempo, o século XIl, como a de “andes sentados nos ombros dle gigantes". A imagem tor- nou-se paradigmitiea e, ao longo dos séculos subseqiientes, nos diferentes ‘momentos em que se reacendeu a polémica entre “antigos ¢ modernos”, a imager retornava, ainda que com interpretagées diversas € até mesmo con- teas. Para o mesive de Chartres representar seu tempo e sta cultura com a fi- gura aparentemente depreciativa dos andes néo significava uma dirninuigao em relagio ao passaclo, como uma interpretagéo apressada poderia suger: Ao contrétio, se 0 presente perdiia em estatura para um tempo pretérito con- sideracto gigantesco, sua pequenez era compensada pelo fato de ocupar uma posigao mais elevada e, por isso, pocler ennergar mais longe a isolado. Chartres era urn dos mais famo. Este nde foi um ponto de 80s centras de ensino na Baixa Idacle Média e dliferenciava-se por valori leitura de autores da Antigitidade, como Plato ¢ Virgilio, em lugar des Escritucas, A filosofia de ensino ali adotada distinguia 0s antigos sébios como especialistas cujos textos eram consideraclos adequados 20 conhecimento das artes liberais e, por sua vez, 05 dos Padres ¢ as Eserituras como pré- ptios para o conhecimento teolégico. Por isso, como resumiu umn de seus ilustres alunos, John de Salisbury, 0 ensing ali ninistrado considerava que “quanto mais disciplinas se conheces- se € mais profundamente se estivesse impregnado delas, tanto mais plena. ‘mente se apreciaria a justeza dos autores (antigos) e mais claramente se po- dleria ensindta.”(Le Goff:1973,18). Este método estimulava o estudo da retdrica, da ética, dat matemética, da fisica, da gramética e da poesia anti gas. A crenga na possibilidade de se alcangar uma maior compreensio dos textos e, conseqitentemente, uma apreciagéo plena de sex significado, esti- to de observacio ¢ de investigagio das fontes mulava a curiosidade, o espi da cultura pagi em Chartees Tal pratica alimentou nestes homens um vivo sentimento de orgulho por sua época. Eles acreditavam que somente a partir daquefe momento se- ria possivel desvenidar o sentido las obras antigas eas verdades que tinham, permanecido ocultas para os sibios das geragdes anteriores. Neste sentido, a 4

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