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2o Trimestre 2023 – R$ 11,30

772764 638607
ISSN 2764-6386

Entrevista Liderança Teologia


Ancionato Cuidado Interpretação
comprometido imprescindível adequada
2023
SUMÁRIO
ABR | MAI | JUN

3 Editorial
Cristo no coração

4 Entrevista
Vocação e serviço

12 AA receita
psicologia do perdão
do Médico da alma Frentes missionárias
A missão é mundial; seu cumprimento
é local; sua participação é pessoal
8

14 Apelo à fidelidade
Impacto espiritual da visitação
Faça bom uso desse recurso

17 Esboços de sermões e alimente sua igreja


ampliando cada esboço com
comentários e ilustrações

22 Quem cuida de quem cuida?


Líderes também precisam de cuidado

25 Perguntas e respostas
Jogos de azar: Como a igreja se posiciona?

26 Assim diz o Senhor


Fonte de autoridade

30 Prontos para anunciar Cristo


Evangellismo em ação

34 Reflexão
Juntos fazemos mais

35 Escreva para a Revista do Ancionato


Sua participação é imprescindível
ED
EDITORIAL
Uma publicação da

CRISTO NO CORAÇÃO
Igreja Adventista do Sétimo Dia
Ano 23 – NO 2 – 2O Trim. 2023
Revista Trimestral – ISSN 2764-6386

A
Editor: Nerivan Silva
Editor Associado: Fernando Dias
Assistente de Editoria: Isabel Camargo
os cristãos da Galácia, Paulo escreveu: “Logo, já não sou eu quem vive, mas
Projeto Gráfico: Marcos Santos
Imagem da Capa: Adobe Stock Cristo vive em mim. E esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no
Conselho Editorial: Filho de Deus, que me amou e Se entregou por mim” (Gl 2:20). Esta é uma das
Lucas Alves, Josué Espinoza,
Adrián Bentancor, Alberto Peña,
declarações mais contundentes do apóstolo Paulo: “Cristo vive em mim.”
Alvaro Cáceres, Antonio Funes, A igreja remanescente destes dias finais da história requer líderes espirituais. Em-
Claudiney Cândido dos Santos,
Edilson Valiante, Edison Choque, bora do ponto de vista técnico a capacitação para exer-
Edmundo Cevallos, Elieser Vargas,
Francisco Abdoval Cavalcanti, cer o ancionato seja importante, o aspecto devocional ou Cristo no coração:
espiritual é imprescindível. Evidentemente, um não exclui
segredo de uma
Guillermo Delgado, José Wilson Barbosa,
Levino dos Santos, Milton Mayo,
Otávio Barreto, Raildes do Nascimento o outro. É bom para uma igreja ou uma congregação ter
Artigos e correspondências uma equipe ministerial de anciãos bem preparada acade- liderança espiritual
para a Revista do Ancionato:
Cx. Postal 2600; 70279-970, Brasília, DF
micamente, mas, sem o aspecto espiritual, a igreja não se- bem-sucedida
E-mail: revista.ancionato@cpb.com.br rá “uma fonte a jorrar para a vida eterna” ( Jo 4:14). “Cristo
vive em mim” foi a confissão de Paulo. “Este é o segredo de uma vida cristã bem-
CASA PUBLICADORA sucedida: Cristo vivendo em nós, à vista de todos” (Comentário Bíblico Adventista do
BRASILEIRA Sétimo Dia, v. 6, p. 1051).
Rodovia SP 127, km 106
Caixa Postal 34, 18270-970, Tatuí, SP A espiritualidade é fator imprescindível na vida de um líder cristão. É exatamente es-
Telefone: (15) 3205-8800
Site: cpb.com.br se elemento que dará sentido às atividades (sermões, visitação, aconselhamento, etc.)
Serviço de Atendimento ao Cliente:
do líder na igreja local. Para isso, ele deve andar com Cristo diariamente. Isto causará
Segunda a quinta, das 8h às 20h um impacto na vida da igreja. “O que o ancião partilha em sua liderança e ministério
Sexta, das 8h às 15h45
Domingo, das 8h30 às 14h na igreja deve proceder do relacionamento pessoal com o Salvador, mediante oração,
Telefone: (15) 3205-8888 estudo das Escrituras e exercício dos dons do Espírito. [...] Sem a dimensão espiritual,
WhatsApp: (15) 98100-5073
Ligação gratuita: 0800 9790606
o trabalho da liderança da igreja funcionará apenas no nível da implementação das
E-mail: sac@cpb.com.br técnicas psicológicas, dos métodos organizacionais e das habilidades motivacionais.
Diretor-Geral: Edson Erthal de Medeiros Não que tais habilidades e conhecimento não tenham proveito, mas, caso não decor-
Diretor Financeiro: Uilson Garcia
Redator-Chefe: Wellington Barbosa ram da espiritualidade advinda do encontro pessoal com Cristo, não serão suficientes
Gerente de Produção: Reisner Martins para cumprir o chamado do evangelho” (Guia Para Anciãos, 2019, p. 25).
Gerente Comercial: Filipe Corrêa de Lima
Chefe de Arte: Marcelo de Souza Diariamente, na igreja local, os anciãos se deparam com situações delicadas. Ques-
Exemplar Avulso: R$ 11,30 tões que requerem uma forma de tratamento permeada de tato, sabedoria, paciência,
Assinatura: R$ 36,10
mas também firmeza. Lidar com pessoas no tempo atual é uma arte. Crises têm atro-
7179 / 46522 pelado o relacionamento humano. Além disso, há pessoas que deixam claro por suas
atitudes que Cristo está ausente do coração delas.
É exatamente nesse contexto que um líder que, à semelhança de Paulo, possa di-
zer: “Cristo vive em mim”, fará toda a diferença. No dia 24 de junho será comemorado
o Dia do Ancião. Em toda a América do Sul a igreja rende sua homenagem a estes ho-
mens e mulheres pelo ministério que desempenham em suas igrejas e congregações.
Deus escolheu e chamou você para ser uma bênção em Sua igreja. Para isso, Ele lhe
capacita diarimente com o batismo do Espírito Santo, tornando visível a presença de
Cristo em seu coração.
Pense nisso!
Foto: William de Moraes

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodu-


ção total ou parcial, por quaisquer meios, sejam
impressos, eletrônicos, fotográficos ou sonoros,
entre outros, sem prévia autorização por escrito Nerivan Silva
da editora. Editor

 Revista do Ancionato 3
ENTREVISTA

Francisco Torres Barbosa Júnior


Nascido em Fortaleza, CE, Francisco Júnior é graduado
em Administração de Empresas pela Universidade
de Fortaleza (UNIFOR). É especialista em Gestão
Empresarial pela mesma Universidade. Atua no mercado
de trabalho como funcionário da Caixa Econômica
Federal há 34 anos. Além disso, ele também atua como
consultor financeiro para empresas e pessoas, incluindo
também cursos e palestras sobre Educação Financeira
na igreja. Atualmente, ele é o primeiro-ancião da Igreja
Central de Fortaleza. Como ancião, sempre promove os
princípios espirituais da mordomia cristã. Aos 55 anos,
Júnior sempre esteve envolvido nas atividades da igreja.
É casado com Mírian Dantas Torres. O casal tem dois
filhos: Calebe Dantas Torres e Calil Dantas Torres.
Gentilmente, ele nos concedeu esta entrevista, que,
certamente, será uma inspiração para o ancionato da igreja.

VOCAÇÃO E SERVIÇO
1. Desde sua juventude, você é muito atuante uma liderança forte e engajada no serviço, cada um,
na igreja. Qual é sua motivação? em sua área de atuação, pode inspirar novos líderes
Aceitei a Jesus com 16 anos e desde então nunca a também realizar o serviço com amor e dedicação.
deixei de me envolver em alguma atividade na Igreja. Precisamos urgentemente formar novos líderes pa-
De fato, creio que a igreja é o instrumento divino pa- ra dar continuidade ao serviço do Mestre. Penso que,
ra levar a salvação ao mundo e que o envolvimento nos dias atuais, os anciãos devem voltar a ter o mes-
do membro nas atividades cumpre a ordem dada por mo engajamento no ministério da igreja local que ha-
Jesus em Mateus 28:19 e 20. Cada membro deve usar via no passado.
seus dons na realização desta grande tarefa.
3. Com a inclusão das mulheres no ancionato,
2. Qual é sua visão do ministério do ancionato que necessidades você acha que elas poderão
(homens e mulheres) na igreja local? suprir na igreja?
Foto cedida pelo entrevistado

Na igreja local, os anciãos são, de fato, os líderes e As mulheres sempre desempenharam funções re-
modelos de serviço. Os pastores, no caso o pastor dis- levantes no ministério de Jesus, quando Ele esteve
trital, permanecem na igreja por alguns anos, mas os aqui na Terra, e podem fazer o mesmo nos dias atuais.
anciãos ficam para dar continuidade ao trabalho. Com Há atividades de liderança na igreja que, de forma

4 abr l mai l jun 2023


geral, penso eu, os homens nunca desempenharam 6. Que citação de Ellen White você mais aprecia
satisfatoriamente, talvez por falta de afinidade, co- sobre mordomia cristã? Por quê?
mo o Ministério da Criança, ASA, Ministério da Mulher, Gosto de pregar sobre a influência que a vida fi-
Ministério da Recepção, etc. Nesses ministérios da nanceira exerce sobre a vida espiritual e vice-versa.
igreja, as mulheres costumam ser as líderes. A igreja Ambas andam juntas. São muitas citações, mas eu
reconhece e oficializa a participação feminina com a cito agora duas delas: “Quando alguém se envolve
ordenação. com dívidas, caiu na rede que Satanás prepara pa-
ra as pessoas. […] Negue-se mil e uma coisas antes de
4. De que forma os anciãos podem melhorar sua entrar em outra dívida” (O Lar Adventista [CPB, 2021],
liderança na igreja local? p. 323, 324). O outro é: “Você deve receber como sa-
O ancião deve ser um estudioso da Palavra. Além lário de seu trabalho uma soma determinada e viver
disso, precisa participar, com mais frequência, de dentro dos limites desta soma” (Mensagens Escolhidas,
seminários de capacitação com o objetivo de de- v. 2, p. 165).
sempenhar melhor suas funções na igreja local.
Os princípios e as doutrinas permanecem, mas, com
o passar do tempo, o ato de liderar requer novos mé-

Quando pensamos no
todos para lidar com as pessoas. Para as novas ge-
rações, as estratégias antigas já não funcionam. Em discípulo, estamos falando
muitas das nossas igrejas e congregações o quadro de alguém que tem uma vida
do ancionato, talvez por falta de pessoas para essa
função, permanece o mesmo. Em algumas igrejas isso
de comunhão com Deus.
tem sido causa de conflitos com as novas gerações.
O ancião deve inspirar e formar novos líderes. Isso
se faz com treinamento, oração e serviço contínuo. Evitar o máximo possível contrair dívidas e ter um
Creio que anciãos experientes atuando ao lado dos rigoroso controle orçamentário deveriam despertar
mais novos na função é o ideal para a liderança cres- nosso maior zelo. O não fazer isso pode levar a pessoa a
cente de ambos. ser infiel a Deus na mordomia cristã, levando-a à ruína
na vida espiritual, inclusive abandonando a Cristo.
5. Em sua opinião, que desafios a liderança da
igreja tem enfrentado nos dias atuais? 7. Que qualidades você julga essenciais para o
Penso que são dois grandes desafios: o primeiro ancionato a fim de servir melhor à igreja?
é o convívio de líderes experientes com os novos de Humildade; capacidade principalmente para ou-
diferentes gerações. A maneira de decidir e conduzir vir; habilidade no estudo e manejo da Palavra; compa-
as coisas e pessoas é diferente. É fundamental que nheirismo ético e leal com o pastor da igreja.
haja humildade por parte dos líderes mais experien-
tes para ouvir os mais novos. E estes, por sua vez, de- 8. Você atuou como gestor da Caixa Econômica
vem ser humildes para aprender com os veteranos. Federal. Fale um pouco dos desafios que um
Essa interação produz uma liderança eficaz. Mas re- adventista poderá ter ao trabalhar nessas
conheço que esse “conflito” não é algo fácil de ser ad- instituições financeiras.
ministrado. O segundo desafio é a necessidade de Tenho 34 anos de serviço. Comecei como escritu-
separar tempo para a comunhão diária com Jesus. La- rário e cheguei a ser gerente de relacionamento em-
mentavelmente, muitos anciãos de igreja, por conta presarial. O ambiente é muito estressante e a pressão
do estresse da vida cotidiana, que envolve o trabalho, para se alcançar metas é imensa. Isso causa muito
família, amigos e tantos outros, acabam sufocando e desgaste emocional, e o adventista tem de estar pre-
subtraindo o tempo tão necessário para o relaciona- parado. Além disso, dependendo do período do mês,
mento e comunhão com Deus. Liderar sem a influên- pode haver necessidade de aumentar a jornada para
cia do Espírito Santo é algo trágico e completamente além das seis horas diárias habituais; a saída antes do
improdutivo para o reino dos Céus. pôr do sol da sexta-feira é outro desafio. Deus sempre

 Revista do Ancionato 5
me abençoou, e, mesmo como gerente, sempre con- confiança e o respeito das pessoas. Isso torna a men-
segui conciliar o trabalho e as reuniões para não te das pessoas em um terreno receptivo para a se-
transgredir o sábado. No entanto, há funções dentro mente do evangelho. Em geral, o mundo empresarial
do banco que eu diria ser muito difícil um adventista é secularizado. Quanto maior o nível intelectual e fi-
exercer e permanecer fiel. Por exemplo, a função de nanceiro, maiores são as barreiras para o evangelho.
gerente-geral de agência e superintendente regional. Entretanto, o testemunho do profissional adventista
Periodicamente, tem reuniões às sextas-feiras cuja vale mais do que mil palavras. E o Senhor abre portas
duração vai além do horário do pôr do sol. e nos dá muitas oportunidades para a pregação do
evangelho nesses ambientes secularizados. Além dis-
9. Como um profissional adventista que atua no so, é o Espírito quem faz o trabalho principal.
mundo empresarial pode evangelizar?
Sejam quais forem os lugares em que estejam ou 10. Que conselhos e orientações você daria aos
as funções que ocupem, as pessoas têm os mesmos anciãos quanto à vida financeira?
problemas: traumas, dificuldades financeiras, carên- Problemas financeiros podem atingir todas as pes-
cias afetivas e tantas outras. Devemos nos aproximar soas, quer sejam religiosas ou não, e isso coloca os
delas com empatia e interesse em suas necessida- membros da igreja, incluindo anciãos e até pastores
des. Devemos ser amigos. Assim, conquistaremos a como vítimas em potencial. O apelo da mídia é gran-
de, e a tentação de dar um passo além do possível
está sempre presente. Como anciãos e modelos que
somos para a igreja, temos que dar o exemplo. Ou se-
ja, vigiar as nossas finanças pessoais; vivermos den-
tro dos nossos limites financeiros; sermos fiéis como
mordomos do Senhor.
Assim como nos preocupamos com as finanças
pessoais, também devemos nos preocupar com as
finanças da igreja.

11. Como líder espiritual, que preocupações


você tem pela igreja?
Os membros têm deixado de congregar-se na
igreja. Quando veio a pandemia da covid-19 e tivemos
que nos reunir de forma virtual, achávamos que, quan-
do a igreja reabrisse, teríamos membros sedentos pe-
la Palavra e igrejas lotadas, mas o que temos visto são
igrejas, às vezes, lotadas aos sábados e vazias nos ou-
tros dias de culto. Muitos têm se descuidado da vi-
da espiritual e dado prioridade absoluta aos afazeres
diários de trabalho, estudo e lazer. O apóstolo Paulo
disse: “Não deixemos de nos congregar, como é costu-
me de alguns. Pelo contrário, façamos admoestações,
ainda mais agora que vocês veem que o Dia se apro-
xima” (Hb 10:25). A metáfora da igreja como uma fo-
gueira, com os gravetos todos juntos e em chamas, é
adequada para simbolizar a importância de estarmos
Foto: Cedida pelo entrevistado

unidos nos “admoestando” uns aos outros. Quando


um graveto é retirado e deixado sozinho, rapidamen-
te ele se apaga. Assim é com o membro da igreja que
abandona os cultos.

6 abr l mai l jun 2023


Campanha válida de 10 de abril a 12 de maio, exceto para: assinaturas de revistas, lições, itens digitais, livros didáticos,
uniforme escolar, materiais dos desbravadores e produtos alimentícios. Disponível em todos os canais de vendas.

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ESPECIAL
CAPA

Frentes
Missionárias

A igreja local como


plataforma para o
cumprimento da
missão No território da Divisão Sul-Americana, a igreja ado-
tou quatro ênfases especiais para a igreja local a fim de
que ela, mesmo nas situações mais difíceis, possa distri-

A
buir melhor suas forças e enfrentar com mais seguran-
lguns veículos especiais são denominados ça seu percurso até o destino final na eternidade.
4 × 4. A principal característica deles é a tra- Lucas, médico-evangelista integrante da equipe
ção nas quatro rodas, ou seja, todas elas po- missionária de Paulo, escreveu a declaração de Cristo:
dem impulsioná-los. Eles possuem uma suspensão “Vocês receberão poder, ao descer sobre vocês o Es-
especial que é preparada para suportar as irregula- pírito Santo, e serão Minhas testemunhas” (At 1:8). No
ridades do caminho, bem como os espaços mais es- livro de Atos vemos o início e a expansão da igreja cris-
© Adobe Stock / PIPAT

corregadios. A característica 4 × 4 não adiciona mais tã. Deus conduzia aqueles que estavam a Seu serviço.
força ao motor, mas a distribui. Isso permite melhor É uma inspiração ver esse cuidado divino e a dedica-
circulação e mais segurança em todos os terrenos. ção de tantos homens e mulheres à missão!

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1. Escola Sabatina e Pequenos Grupos
“Todos os dias, no templo e de casa em casa, não
cessavam de ensinar e de pregar que Jesus é o Cristo”
(At 5:42). Quando pessoas se reúnem para confraternizar,
orar, estudar e compartilhar a Palavra, conversar sobre
Deus e louvá-Lo, elas crescem espiritualmente como indi-
víduos e como comunidade cristã. Por isso, é necessário
que todos participem ativamente em Unidades de Ação
da Escola Sabatina e Pequenos Grupos.
É imprescindível que se transforme as Unidades
de Ação da Escola Sabatina e os Pequenos Grupos em
encontros em que as pessoas desenvolvam seus dons
espirituais e talentos; em que se fortaleça a capacita-
ção de professores da Escola Sabatina e líderes de Pe-
quenos Grupos; em que haja união do conhecimento
bíblico e acolhimento a quem deseja se integrar à co-
munidade da fé.

Apelo
Querido ancião, como você pode tornar
essas duas frentes ainda mais relevantes
para sua igreja? Qual é sua contribuição
para fortalecer essa ênfase de Escola
Sabatina e Pequenos Grupos?

2. Estudos Bíblicos
“O eunuco disse a Filipe: Peço que você me expli-
que a quem se refere o profeta. Fala de si mesmo ou
de outra pessoa? Então Filipe explicou. E, começando
com esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a men-
sagem Jesus” (At 8:34, 35). Ao nosso redor há milha-
res de pessoas famintas do Pão da vida e sedentas de
esperança. Apresentá-las o Cristo, Salvador e Reden-
tor, sempre será o cerne da nossa missão. É necessá-
rio contar com todos os membros da igreja buscando
e atendendo seus interessados com estudos bíblicos.
ÊNFASES E APELOS Utilizar todos os métodos, materiais e oportuni-
Pregar e difundir o evangelho é nossa responsa- dades possíveis para estabelecer classes e grupos de
bilidade e privilégio. Nossa missão é contínua. Os de- estudo da Bíblia, de forma presencial ou on-line. Co-
safios também nos acompanham. Devemos estar nectar o estudo bíblico com um trabalho consistente
atentos a esses desafios, que estão sempre em mu- de discipulado, em que as pessoas não apenas apren-
dança, e investir esforços para atender a todas as ne- dam, mas vivenciem experiências reais a partir do
cessidades. É nesse contexto que surgem as ênfases contato com a Palavra de Deus.
da igreja. Elas são revisadas e atualizadas em concí-
lios nos quais participam pastores, membros e líde- Apelo e
res. Essas ênfases têm sua base na Palavra de Deus, cê já pensou no qu
Querido ancião, vo es tu do
ar outros ao
e, a partir delas, nascem as estratégias, os projetos e pode fazer para lev
qu e vo cê pode fazer para
programas que impactam diretamente o desenvolvi- da Bí blia? O rir
buscar pessoas e ab
mento espiritual do membro e da igreja local. mobilizar a igreja a nt e de las ?
us dia
a Palavra de De

 Revista do Ancionato 9
3. Novas Gerações Também é necessário fomentar e desenvolver
Timóteo tinha pouca idade quando começou seu ideias para que todos os anciãos estejam, de forma
ministério (1Tm 4:12). Ele tornou-se um grande pes- prática, mais próximos de sua comunidade, conhe-
cador de homens para o Reino celestial. Deus dese- cendo as necessidades das pessoas e sendo um apoio
ja usar o vigor da juventude para Seus propósitos. permanente, especialmente a quem está isolado, fragi-
É extremamente relevante integrar, cuidar e desa- lizado, doente ou enfrentando lutas espirituais.
fiar as novas gerações a um maior compromisso com
Deus, com a igreja e com a missão.
É necessário tornar crianças, adolescentes e jo-
vens protagonistas de projetos, programas, eventos Apelo
Querido ancião, de que modo prát
e atividades contínuas nas igrejas. Conciliar a vitalida- ico você
pode se envolver nas atividades do
de e a criatividade das novas gerações com a experi- seu
ministério em sua igreja?
ência de membros mais maduros para potencializar
a missão. Revitalizar espaços, sempre em um contex-
to permeado por uma profunda visão bíblica e cristo-
cêntrica, para debates e discussões sobre temas da Prezados anciãos, quão visíveis são hoje as ca-
atualidade com os quais as novas gerações possam racterísticas da igreja cristã primitiva em sua igreja?
contribuir com sua percepção. Pode-se dizer que sua igreja é espiritual, alimentada
com as verdades bíblicas e que tem comunhão com
Deus? Sua igreja desenvolve um culto de adoração dinâ-
Apelo pelas
mico e participativo, bíblico e cristocêntrico? É uma igre-
você tem orado
Querido ancião, jo ve ns da sua ja que cuida e envolve as novas gerações? É reverente e
centes e
crianças, adoles de le s em uma ao mesmo tempo solidária? Marca sua presença na co-
o no m e
igreja? Coloque
um hábito. munidade por suas ações e serviço missionário? É uma
lista e faça disso
igreja feliz, fiel e frutífera que gera, permanentemente,
novos crentes e novas igrejas?
4. Ancionato Pela graça de Deus, convido você a tornar eficaz a
Com relação à liderança dos anciãos, Pedro escre- sua liderança para fortalecer as quatro ênfases na vida
veu: “Aos presbíteros que há entre vocês, eu, pres- de sua igreja ou congregação. Você se comove ao saber
bítero como eles, testemunha dos sofrimentos de que milhares de pessoas morrem pela falta de alimen-
Cristo e, ainda, coparticipante da glória que há de ser to? Por acaso você não se comove ao ver os milhares
revelada, peço que pastoreiem o rebanho de Deus que morrem ou vivem sem sentido? Saiba que não é
que há entre vocês, não por obrigação, mas espon- necessário fazer o pão, pois Cristo é o Pão da Vida.
taneamente, como Deus quer; não por ganância, mas É necessário se alimentar dele todos os dias. Isso é co-
de boa vontade; não como dominadores dos que munhão. É necessário compartilhá-Lo. Isso é missão.
lhes foram confiados, mas sendo exemplos para o re- É necessário organizar sua igreja como uma padaria
banho. E, quando o Supremo Pastor se manifestar, que distribui o pão, em sua família, em sua comunida-
vocês receberão a coroa da glória” (1Pe 5:1-4). de e até os confins da Terra.
Deus deseja contar com líderes comprometidos e O Deus que disse “por que vocês gastam o dinhei-
motivados, que sejam exemplos para a igreja e a im- ro naquilo que não é pão”? (Is 55:2); o Deus que disse
pulsionem em direção aos Seus propósitos. Todo o “o ser humano não viverá só de pão, mas de toda pa-
ancionato da igreja deve desenvolver sua liderança es- lavra que procede da boca de Deus” (Mt 4:4), é o mes-
piritual e missionária. mo que, com toda autoridade no Céu e na Terra, diz:
Deve-se reforçar o papel mais amplo do ancionato “Deem vocês mesmos de comer a eles” (Lc 9:13).
como uma área de liderança espiritual que envolva a
formação de líderes, a administração da congregação
Foto: Divulgação DSA

local, a visitação e atenção aos membros e o desen-


volvimento de um trabalho que intensifique o com-
Stanley Arco
prometimento de todos com a igreja e sua missão. Presidente da Divisão Sul-Americana

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PREGAÇÃO

A PSICOLOGIA
DO PERDÃO

(v. 35), apelos (v. 36-38) e ilustrações


(v. 39-45). Tudo para dizer que o eixo
O sermão da planície contém ideias do pensamento cristão gira em tor-
que revolucionaram o mundo no da benevolência ou dessa forma
extrema de altruísmo, e todo o resto

E
é secundário ou consequência disso.
sta sugestão de sermão é ba- Seja na sua versão mais desenvol- Nesse sermão, pode-se dizer que,
seada em um texto de Mario vida, com um estilo mais didático, no no início do Seu ministério, o grande
Pereyra, psicólogo adventis- evangelho de Mateus (cap. 5–7) ou na Médico da alma entrega a receita de
ta e grande pregador. Note como es- forma magistralmente condensada, forma antecipada. Ele apresenta Suas
se autor percebe o conteúdo geral no livro de Lucas, em exatos 30 ver- prescrições para superar a amargu-
do texto bíblico de Lucas 6:20-49. sículos (Lc 6:20-49), esse célebre ser- ra e os sentimentos de vingança que
Ele mostra isso no quarto parágra- mão exala a música da vida, que flui nos dominam quando somos vítimas
fo desse texto, mas em vez de fazer entre as rochas dos problemas, co- de alguma injustiça. A medicina bíbli-
um sermão expositivo abordando os mo uma água puríssima que vai amo- ca consiste em tratar nosso adversá-
principais aspectos, ele capta aque- lecendo e modificando as asperezas rio de maneira bondosa, orar por ele,
le que sintetiza melhor o espírito do com a doce frescura de seus ensinos. desejar-lhe o melhor, nada exigir dele
texto e faz uma exposição maravi- A versão de Lucas, embora resu- e ainda estar disposto a fazer-lhe to-
lhosa, usando os quatro verbos prin- mida, mantém, de forma impecável, dos os favores possíveis. Isso resume
cipais dos versos 37 e 38. a estrutura do sermão de Cristo e ao a mais excelente norma de relações
No esboço destacado no fim des- mesmo tempo faz um recorte para se humanas, conhecida como a regra de
ta matéria veja como outro autor (R. concentrar no tema central, que dá ouro das relações sociais. Faça a seu
M. Edgar) fez um sermão expositivo sentido a todo o pensamento de Jesus. inimigo tudo o que gostaria que ele ti-
mais clássico dessa mesma passa- Qual é, pois, a ideia-chave do ser- vesse feito por você (Lc 6:27-31).
gem – M.D.G. mão da montanha para Lucas? Em Você poderia dizer: Isso é impos-
Tanto o Sermão do Monte (Mt 5:1), que consiste o fato mais significativo sível! É impraticável! Calma. Lembre-
quanto o Sermão da Planície (Lc 6:17) do ensino evangélico de Jesus Cristo? se de que quando Deus pede algo,
apresentam o assunto mais relevan- Tudo pode ser resumido em uma fra- Ele também providencia os meios
te do pensamento cristão. Contêm se bem curta: ame seus inimigos. To- e a energia necessária para realizá-
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ideias que revolucionaram o mundo do o resto do sermão enfatiza esse -lo. Temos que reconhecer que agir
antigo e ainda hoje continuam sur- pensamento essencial com explica- generosamente com quem odia-
preendendo com suas revelações ções (v. 27, 28), exemplos (v. 29-31), mos é uma excelente maneira de eli-
inesperadas. argumentos (v. 32-34), repetições minar um inimigo. Talvez não seja o

12 abr l mai l jun 2023


suficiente para convertê-lo em amigo são problemas nossos que vemos Vamos destruir os muros de se-
e também é possível que nada mude refletidos neles, como se um espe- paração através dos melhores impul-
nele, mas é claro que vai mudar algo lho estivesse mostrando o nosso sos de reconciliação. Que o perdão
em nós. E isso é o mais importante. rosto. seja um bálsamo celestial para curar
3. “Perdoe” (v. 37). Significa absol- os mais escuros ressentimentos e
CURA E PREVENÇÃO DO ÓDIO ver e desvincular, ou seja, desligar- preservar o mundo do caos total.
Os ensinos de Jesus não tratam se dos sentimentos que oprimem Essa atitude começa com o com-
apenas da cura do ódio. Eles vão mais e perturbam. Por que fazer tanta promisso de amar a nós mesmos.
além, promovendo também a pre- questão da vingança? Por que culti- É uma voz que nos convoca para a mu-
venção; indicam o que fazer para não var esse azedume que fermenta os dança. Uma palavra que nos interroga
ficar com raiva; apresentam um plano ressentimentos? Abandone o ódio. e nos chama à decisão. Lembremo-
de atenção primária da saúde men- Passe por alto a ofensa. Não permi- nos de que quem pregou esses ensi-
tal, baseado em quatro etapas; pres- ta que a ira apague a alegria do seu nos, os aplicou à Sua própria vida. Je-
crevem quatro atitudes básicas para coração. Cristo disse que quem não sus não foi um teórico de idealizações
prevenir e tratar a violência e o erro. perdoa, também não será perdoa- abstratas. Quando estava na cruz, ví-
São as seguintes: do por Deus (Mt 6:15). Há uma jus- tima das provocações mais humilhan-
1. “Não julgue” (Lc 6:37). Ellen G. tiça superior que, algum dia, emitirá tes, ferido, desfalecendo, implorou o
White explica: “Isto é, não se colo- seu juízo definitivo. Deixemos que o perdão para Seus opressores, repro-
quem como norma. Não façam de Juiz divino realize Sua obra. duzindo o perfeito modelo de como
suas opiniões, de seus pontos de vista 4. “Seja generoso” (v. 38). Se as do- se deve tratar as injustiças.
quanto ao dever e das suas interpre- ses anteriores forem insuficientes
tações da Escritura um critério para para impedir o avanço da enfermida-
outros, condenando-os em seu cora- de do ódio, a receita divina prescreve
A LEI DA VIDA
ção se não atingem seu ideal. Não cri- ainda um tratamento altamente efi- Lucas 6:20-49
tiquem os outros, conjeturando seus caz: administrar muita generosidade
Depois de uma noite inteira
motivos e formando juízos. […] Não a quem nos ofende. Isso é um exercí- passada em oração, Jesus
nos é possível ler o coração. Faltosos cio de amor, é lançar uma ponte so- nomeou Seus apóstolos. Desta
como nós mesmos somos, não nos bre o vale do egoísmo. A vingança forma, Ele organizou Seu reino.
E agora, tendo curado a todos
achamos capacitados para assentar- desperta as piores reações da mal-
os que foram trazidos ou vieram
nos como juízes dos outros. Os ho- dita condição humana, mas a gene- até Ele, Ele passou a apresentar-
mens finitos não podem julgar, a não rosidade alimenta a poesia da vida. lhes a “lei da vida”, que era
ser pelas aparências. Unicamente Quanto bem pode realizar o bom hu- também a lei do Seu Reino.
Àquele que conhece as ocultas fon- mor de uma pessoa generosa! Quan- I. Cristo diferencia Seus
tes da ação, e que trata afetuosa e ta necessidade tem o mundo de seguidores das pessoas em
geral (v. 20-26).
compassivamente, pertence decidir pessoas que sejam janelas abertas
o caso de cada pessoa” (O Maior Dis- na direção do mar, confiantes, trans- II. Cristo estabelece as regras
que Seu povo deve seguir
curso de Cristo [CPB 2022], p. 86, 87). parentes, de quem as trevas do mau
(v. 27-38).
2. “Não condene” (v. 37). Se não humor tenham sido varridas, como
III. Cristo mostra o segredo da
é possível julgar adequadamente a por uma brisa suave.
verdadeira liderança (v. 39-45).
conduta alheia, então o conselho é Os ensinos de Jesus, que Lucas re-
IV. Cristo aponta para a
não censurar nem condenar de for- colheu em seu evangelho, demons-
estabilidade dos obedientes
ma alguma as ações da outra pessoa. tram a incoerência de jogar pressões (v. 46-49).
Quando reprovamos algo que nos in- e acusações de uns sobre os outros.
R. M. Edgar
comoda, tanto Jesus (Mt 7:1-3) quan- Também que é algo doentio se refu-
to Paulo (Rm 2:1, 3; 1Co 4:5) afirmam giar no silêncio grosseiro, lançando
que nos condenamos a nós mesmos, rajadas de ódio através de olhares
Foto cedida pelo autor

pelo fato de projetarmos nos outros penetrantes. Quão mais saudável é


os aspectos negativos que mais nos projetar ondas de simpatia que po- Márcio Dias Guarda
Autor do livro
sensibilizam. A maldade ou a avareza dem revigorar vidas ressecadas. Pregação Objetiva

 Revista do Ancionato 13
MORDOMIA CRISTÃ

APELO À FIDELIDADE
A mordomia cristã como tema na visitação

S empre me perguntam onde


está o dinheiro para os proje-
tos da igreja. Recentemente,
em uma reunião de comissão, alguém
novamente me indagou: “Pastor, de
onde conseguiremos o dinheiro para
o piso novo da igreja?” Com bom hu-
mor, respondi: “Irmãos queridos, o di-
nheiro está em nossos bolsos.”
Brincadeiras à parte, um dos de-
safios da igreja é o fato de que alguns
de seus membros não contribuem
regularmente com dízimos e ofer-
tas. Por isso, eles precisam ser visita-
dos, para que o ancião, o pastor ou o
diretor de mordomia cristã da igreja
lhes prestem atendimento pessoal,
despertando neles o dom espiritual
da contribuição e da generosidade e
auxiliando-os a planejar suas doações.

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14 abr l mai l jun 2023


As pessoas estão muito atarefa- que “não deve ser negligenciada ou dizimistas ou ofertantes, visitar al-
das. No corre-corre da vida, para ga- transferida para a esposa ou qual- guns membros que sejam fiéis nos
nhar o pão material e sustentar a quer outra pessoa. Vocês devem se dízimos e nas ofertas. Isso será uma
família, a maioria trabalha até tarde, educar e treinar a si mesmos para vi- oportunidade para agradecer a fide-
considerando-se ocupada demais sitar cada família à qual seja possível lidade deles, embora não seja neces-
para receber uma visita. Nas gran- ter acesso. Os resultados dessa obra sário especificar a assiduidade das
des cidades, a visitação é dificulta- testificarão de que é o trabalho mais contribuições financeiras, mas reco-
da. Muitos moram longe, o trânsito é proveitoso que um ministro do evan- nhecer em nome da igreja o quanto
lento, as pessoas saem de casa cedo gelho pode realizar".1 Assim, deve-se é valiosa toda participação deles. Co-
e retornam tarde, e muitas vezes não priorizar a visitação aos desanima- mo os membros da igreja costumam
se consegue reunir toda a família pa- dos, aos fracos na fé, aos doentes, ter amizade entre si e se comunicam,
ra receber uma visita. aos enlutados, aos interessados na logo todos saberão que os anciãos
A pós-modernidade anuviou a igreja, aos que estão recebendo es- e o pastor estão visitando os mem-
imagem da autoridade espiritual. tudos bíblicos e aos que estão per- bros e serão informados de como foi
Muitos enxergam a liderança da to de tomar a decisão pelo batismo. a visita e do que se conversou duran-
igreja com as lentes do mundo con- Mas, e aqueles que não são dizimis- te ela. Como os primeiros visitados
temporâneo, questionando suas tas ou não são ofertantes? Como o foram os dizimistas e ofertantes e
motivações, ou seja, não reconhe- pastor, ancião ou diretor de mordo- não se tratou com eles diretamente
cem o ancião e o pastor como um mia cristã pode visitá-los e conversar do tema da mordomia, os membros
líder espiritual que deseja sincera- sobre o assunto sem parecer que es- que não são dizimistas ou ofertantes
mente a salvação das ovelhas do re- tá cobrando o dízimo e a oferta nem ficam mais receptivos.
banho de Cristo. parecer indelicado? Gostaria de su- 3. Visite tendo os relacionamentos em
Outros desejam organizar a vida gerir algumas dicas práticas, de- mente. O líder de missões modernas
primeiro. Antes de receber o ancião senvolvidas ao longo de quase três Donald McGavran dizia que “os rela-
ou o pastor, querem que a casa e a décadas de ministério. cionamentos são pontes para Deus”4.
vida estejam bem-arrumadas, a fim 1. Visitação se aprende a fazer. “To- A missão é transpor essas pontes pa-
de demonstrarem um cristianismo dos podem aprender. Não há ser hu- ra alcançar as pessoas. Quem visita
vibrante e autêntico, mesmo que es- mano que não consiga aprender.”2 com o objetivo de criar relacionamen-
sa espiritualidade forte seja superfi- Pode ser até que alguns de nós te- tos e alcançar o coração tem mais
cial e efêmera. nhamos dificuldades em visitar, não chance de obter êxito ao tratar de um
Há ainda quem tenha interroga- saibamos como ou não gostemos tema tão melindroso como a devolu-
ções sobre a visita. Quando o pastor de fazê-lo. Mas todos concordamos ção de dízimos e ofertas.
ou o ancião combina a visita, ele se com a importância da visitação. Por 4. Faça também perguntas acer-
pergunta: “O que ele quer?” “Por que isso, aprender a visitar de maneira tadas. Quando visito, procuro fazer
quer me visitar?” “Será que vai tratar eficaz é vital. pelo menos cinco perguntas (geral-
de algum assunto específico comigo?” 2. Visite com alegria e com senso de mente essas perguntas e as orienta-
Alguns estão fracos espiritualmen missão, não por obrigação apenas. É ções sobre elas permitem uma visita
te, possivelmente por falta de comu- verdade que nem sempre nosso in- de até uma hora). Antes de começar,
nhão, de leitura da Bíblia, de oração terior está bem para que o rosto bri- sempre dou a oportunidade para al-
e de participação na obra de aju- lhe de alegria. Todavia, é oportuno, guém da família me questionar sobre
dar a conduzir uma pessoa a Cristo. ao visitar, principalmente quando se qualquer assunto. Logo em segui-
Esses costumam não fazer questão vai tratar de um assunto tão delicado da, faço as perguntas para cada um
da visita ou não desejá-la. Alguns como é a mordomia cristã, lembrar- dos membros da família presentes. É
desses membros com problemas es- se de que “Deus pede não apenas a muito importante a participação de
pirituais devolvem um dízimo fictício, benevolência de vocês, mas também todos, pois promove envolvimento.
ou seja, devolvem a Deus um valor sua fisionomia alegre, suas palavras 5. Prepare-se espiritualmente para a
inferior a 10% de sua renda. Todavia, de esperança e seu aperto de mão” 3. visita e faça perguntas pertinentes, gen-
essas e outras razões não deveriam Uma estratégia eficaz é, an- tis e oportunas, de acordo com sua reali-
desmotivar ou impedir a visitação, tes de visitar aqueles que não são dade. O coração só pode ser aquecido

 Revista do Ancionato 15
por Cristo, o Sol da Justiça (Ml 4:2). Por chegar ao Céu, quais serão suas pri- suas prioridades de gastos. Só o fa-
isso, para ter êxito na visitação, sepa- meiras palavras para Jesus?” Pergun- to de a pessoa ter sido visitada e tra-
re tempo a cada manhã para orar, es- tas assim abrem os corações. tada com bondade, sem condenação
tudar a Bíblia e meditar na pessoa de Com frequência, quando as in- ou julgamento, por um líder da igre-
Cristo, e com certeza Deus o usará na dagações deixam as pessoas à von- ja, costuma suscitar nela uma cons-
visitação. “Não há limite para utilidade tade para expor sua vida espiritual, ciência de que precisa aumentar sua
de quem, pondo de parte o próprio elas mesmas falam da sua mordomia participação na igreja, inclusive sen-
eu, dá lugar à operação do Espírito cristã e confessam que não estão do fiel na devolução do dízimo e das
Santo no coração, e vive vida inteira- agindo como deveriam na devolução ofertas. Tenho observado ao longo
mente consagrada a Deus.”5 dos dízimos e das ofertas. “O ponto dos anos que, quando os líderes da
6. Faça as perguntas na ordem cor- é que todos nós temos áreas da vi- igreja praticam a visitação de todos
reta. Nunca comece perguntando so- da às quais não estamos atentos. […] os membros, mais pessoas tornam-
bre a fidelidade financeira, comece A maioria até acredita que sim, que se dizimistas e ofertantes.
com uma pergunta que toque o co- está atenta aos filhos, ao cônjuge, Sem dúvida alguma, a visitação
ração, mas que não seja necessaria- aos pais e a Deus.”6 Quando admi- faz diferença. “É evidente que po-
mente sobre algo religioso, como, tem para si, para Deus e para seu lí- demos nos ocupar com muitas ati-
por exemplo: “Conte-me algo que der espiritual que há setores da vida vidades na igreja sem que haja uma
marcou positivamente sua infância?” aos quais não estão atentas, abre-se verdadeira mudança em nosso cora-
Apesar do trabalho que muitas pes- a oportunidade para que sejam des- ção, e sem ter um envolvimento re-
soas têm para se lembrar de algo po- pertadas e direcionadas para o cres- al e compromisso com as pessoas.” 7
sitivo, muitas vezes querem relatar cimento espiritual. Sendo assim, é importante lembrar-
algo negativo. Por isso, insista no re- Não é preciso indagar muito se de que, ao visitar, se deve “buscar
lato positivo. Em seguida, pergunte mais, nem é adequado exigir que a o povo exatamente onde ele estiver,
algo como: “Por favor, quando você pessoa detalhe sua vida financeira e seja qual for sua posição ou condição
e ajudá-lo de todo modo possível”8. O
grande apóstolo Paulo nos enche de
esperança com as palavras: “Diante
de tudo isso, prezados amigos, per-
maneçam firmes. Força! Nada de de-
sânimo! Dediquem-se inteiramente
ao trabalho do Senhor, pois nada do
que fazem para Ele jamais será perda
de tempo” (1Co 15:58, A Mensagem).

Referências
1
Ellen G. White, Ministério Pastoral (Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 2014), p. 229.
2
Patrícia Konder Lins e Silva, Inteligência se
Aprende (Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2017),
p. 15.
3
White, p. 232.
4
Donald McGavran, Compreendendo o Crescimento
de Igreja (São Paulo: Sepal, 2000), p. 357.
5
Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja (Tatuí,
SP: Casa Publicadora Brasileira, 2021), v. 8, p. 18.
6
Curt Thompson, Conexões Para a Vida (São
Paulo: Vida, 2012), p. 73.
7
Timothy Keller, A Cruz do Rei (São Paulo: Vida
Nova, 2012), p. 189.
© Adobe Stock / Studio Romantic

8
White, Ministério Pastoral, p. 232.
Foto cedida pelo autor

José Mauro Ferraz


Pastor em Serra, ES

16 abr l mai l jun 2023


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SE DEUS FALOU, ACONTECERÁ… DANIEL 2
DE SERMÃO

INTRODUÇÃO aconteceria. Havia outras nações mais o mundo estava condenado a viver eter-
1. Dentre os judeus que foram levados ca- poderosas, como Assíria e Egito, que ti- namente sob a tirania romana. Todavia,
tivos para Babilônia, encontravam-se nham tudo para se tornar superpotên- Deus disse que esse reino seria dividido, e
Daniel e seus três amigos. Eles recebe- cias. Mas Deus disse que Babilônia domi- ele o foi (Dn 2:41-43; 7:7, 24). Depois dessa
ram tratamento especial do rei e o auxi- naria o mundo, e isso aconteceu. divisão, um líder religioso e civil domina-
liaram a administrar o Império. 3. Quando os babilônios imperavam, como ria durante 1.260 anos (Dn 7:8, 20, 24, 25).
2. Daniel recebeu o privilégio de interpre- a hegemonia do basquete americano Mais uma vez, Deus predisse o futuro.
tar os anúncios que Deus fez ao monar- ou inglês, Lewis Hamilton na corrida de 4. Deus tem um último anúncio. Ele disse
ca acerca dos futuros impérios mundiais. Fórmula 1, parecia impossível que per- que no tempo dos reinos divididos do
3. Ele também foi agraciado por Deus com deriam o poder. Mas Deus disse que eles antigo império, Ele implantaria um rei-
visões que desvendaram o que aconte- perderiam, e o perderam para dois povos no, representado pela pedra no sonho
ceria na disputa pelo domínio mundial, menores, os medos e os persas (Dn 2:39; de Nabucodonosor, que jamais terá fim
desde o Império Babilônico até a instala- 8:20). Para a gente daquele tempo, isso (Dn 2:44). Este reino representa o reino
ção do reino de Cristo. talvez parecesse até notícia falsa. de Cristo.
4. Quem poderia acreditar que medos e
I. DEUS PREVÊ O FUTURO persas derrotariam o Império Babilônico? CONCLUSÃO
1. 
Nabucodonosor, rei de Babilônia, so- Belsazar não acreditou nisso, pois no 1. Os cidadãos dos antigos impérios orgu-
nhou com uma estátua. Isso o pertur- dia em que medos e persas sitiaram lhavam-se de suas conquistas. Mas o Rei
bou. Ele convocou sábios para que inter- Babilônia, ele se embriagou e, mesmo dos reis anunciou que era Ele que permi-
pretassem seu sonho. Em Babilônia havia depois de avisado do cerco, desprezou tia o poder dessas nações. Seus domínios
os que se propunham a adivinhar o fu- o inimigo e continuou a festa. Deus, po- não seriam para sempre. Chegaria o mo-
turo e interpretar sonhos. Mas eles não rém, disse que os medos e persas substi- mento em que Ele destronaria os arro-
conseguiram atender ao rei. Então, irrita- tuiriam os babilônios no domínio mun- gantes dominadores.
do, ele condenou todos os sábios à mor- dial, e ainda forneceu o detalhe de que 2. Quando a nação não tinha chance de
te. Daniel e seus amigos eram alguns dos os persas, que a princípio eram menores, vencer, vencia. Quando seus reis pas-
que seriam mortos. Com esse ultimato, superariam os medos (Dn 7:5). savam a se considerar imbatíveis, Deus
Daniel pediu tempo ao rei para interpre- os deixava ser derrotados, e seus impé-
tar o sonho (Dn 2:1-15). III. DEUS PREVÊ A rios eram subjugados por outros.
2. Daniel e seus amigos oraram, e Deus re- TRANSITORIEDADE 3. Deus acertou as previsões sobre os po-
velou a Daniel o sonho e o que Ele esta- 1. Deus também predisse que o domínio vos que dominariam o mundo. Será que
va querendo dizer ao rei por meio do so- dos medos e persas não seria para sem- Ele erraria a última previsão acerca do rei-
nho (v. 17-20). pre, pois os gregos os venceriam (Dn 2:39; no eterno a ser implantado, que é o reino
3. Posteriormente, Deus deu mais sonhos 8:21). Humanamente falando, os gregos de Cristo? Com certeza não. Então, pre-
e visões, desta vez diretamente a Daniel, jamais teriam condições de derrotar as pare o coração para logo ver Cristo des-
que suplementaram a mensagem do so- forças armadas persas, equipadas com cer nas nuvens do céu para implantar o
nho de Nabucodonosor (Dn 7, 8). elefantes e uma grande esquadra naval. Seu reino eterno.
Com um general jovem, o Alexandre, na
II. DEUS PREVÊ O casa dos vinte anos, e poder bélico infe-
IMPROVÁVEL rior, era improvável que vencessem.
1. A previsão divina das nações que domi- 2. Todavia, Deus profetizou a vitória dos gre-
nariam o mundo parecia improvável de gos, e eles venceram. A partir de então
se realizar. Era como se alguém afirmasse: as nações se dobraram diante da cultu-
“A seleção de basquete da Zâmbia ven- ra grega.
cerá a seleção de basquete dos Estados 3. Deus predisse a morte precoce de
Unidos e será a campeã mundial”. Mas Alexandre e a divisão de seu império em
Deus disse que aconteceria, e aconteceu. quatro novos impérios (Dn 8:21, 22). Por
2. Ele predissera as conquistas dos babi- fim, os domínios gregos também passa-
lônios; porém, anos antes de Nabuco- ram. Roma tornou-se um império mun-
donosor se tornar um líder mundial, nin- dial dominando seus súditos com mão Antônio Costa Silva
guém em sã consciência diria que isso de ferro (Dn 2:40; 8:23, 24). Parecia que Pastor em Cariacica, ES

 Revista do Ancionato 17
ES
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A ÁGUA DA VIDA JOÃO 7:37, 38
DE SERMÃO

INTRODUÇÃO espirituais. A rocha e a água são símbolos sua esperança nas promessas divinas.
1. Cristo é a resposta para nossas necessi- de Cristo (1Co 10:4). Contudo, o Messias, a maior provisão de
dades: para o faminto, é o pão da vida, e 3. Cristo proveu água no deserto (Sl 105:41; Deus, estava entre eles, mas eles não O
quem vai a Ele jamais terá fome (Jo 6:35); Is 12:3; 48:21). Ele é tudo o que Ele mesmo receberam (Jo 1:11).
para o sedento, é a água da vida, e de seu oferece. Cristo supriu as necessidades físi- 2. Na Festa dos Tabernáculos, ao buscarem
interior fluirão rios de água viva (Jo 7:38) cas do povo no deserto, fornecendo ali- água, eles pediam provisões do Céu, mas
e nunca mais terá sede (Jo 4:14); para o mento (o maná, o pão do céu), água (a rejeitaram Aquele que o Céu lhes envia-
perdido, é a luz do mundo, e quem O se- fonte que minava da rocha) e iluminação va. Buscavam de Deus o que o coração
gue não andará nas trevas, mas terá a luz (a coluna de fogo). Ele também atende às desejava, não o que Deus queria conce-
da vida (Jo 8:12). necessidades espirituais, pois é o pão da der. Em sua cegueira, rejeitaram o indis-
2. Por que Jesus Se apresenta como a água vida, a água da vida e a luz do mundo. pensável, desejando aquilo que não sa-
da vida? Qual é o contexto e a relevância cia a sede.
dessa declaração? III. A ÁGUA DA VIDA 3. Temos nós feito escolhas semelhantes?
1. No último dia da festa, após o sacerdo- Temos trocado o que Deus oferece pelo
I. A FESTA DOS te derramar a água trazida do tanque de que agrada nosso coração sedento?
TABERNÁCULOS Siloé, Jesus Se levantou em resposta ao
1. A participação de Jesus na Festa dos pedido por provisão divina: “Se alguém CONCLUSÃO
Tabernáculos está registrada em João 7 a tem sede, venha a Mim e beba. Quem 1. Jesus prometeu àqueles que “têm fo-
10. Havia três festas anuais em Jerusalém: crer em Mim, como diz a Escritura, do seu me e sede” que eles seriam “saciados”
a Páscoa (Pessach), que celebrava o interior fluirão rios de água viva” (Jo 7:37, (Mt 5:6). “Os pobres e necessitados bus-
Êxodo; o Pentecostes (Shavuot), que co- 38). Ele fizera o mesmo apelo à mulher cam água, mas não a encontram; a lín-
memorava o recebimento da lei no Sinai, samaritana (Jo 4:13, 14). gua deles está ressequida de sede. Mas
após 50 dias do Êxodo; e a Festa dos 2. A água que jorrou da rocha “é um emble- Eu, o Senhor, os ouvirei, Eu, o Deus de
Tabernáculos (Sucot), que lembrava ao ma da graça divina que apenas Cristo po- Israel, não os abandonarei” (Is 41:17). “Ah!
povo a peregrinação no deserto, quan- de conferir, e é como água viva, purifican- Todos vocês que têm sede, venham às
do seus ancestrais habitaram em tendas. do e refrigerando a alma. Aquele em quem águas; e vocês que não têm dinheiro, ve-
2. A Festa dos Tabernáculos tinha um ce- Cristo habita tem dentro de si uma fonte nham, comprem e comam! Sim, venham
rimonial rico. Os sacerdotes tocavam incessante de graça e força” (Ellen G. White, e comprem, sem dinheiro e sem preço
trombetas durante os dias da festa. Patriarcas e Profetas [CPB, 2021], p. 357). vinho e leite” (Is 55:1). “Aquele que tem
O oitavo e último dia era o “dia da grande 3. Precisamos também da providência di- sede venha, e quem quiser receba de
hosana”. Nele o povo cantava os Salmos vina e de compreender que só em Cristo graça a água da vida” (Ap 22:17).
113 a 118. Também acontecia a cerimônia encontraremos o que buscamos. Ele é a 2. Temos sede de Deus? Você atravessa
da coleta da água: o sacerdote ia ao tan- resposta para toda inquietação da alma. um deserto? Jesus é a água da vida: “Se
que de Siloé com um jarro de ouro bus- “Jesus conhecia as necessidades da al- alguém tem sede, venha a Mim e beba”
car água, que depois derramava no altar. ma. Luxo, riquezas e honras não podem (Jo 7:37). A promessa é mais do que ter
satisfazer o coração. ‘Se alguém tem sede, a sede saciada, mas de se tornar uma
II. A BÊNÇÃO DA ÁGUA venha a Mim’ (Jo 7:37). O rico e o pobre, o fonte a jorrar: “Do seu interior fluirão
1. Deus tinha abastecido o povo no deserto nobre e o humilde são igualmente bem- rios de água viva” (v. 38). Essa água flui
com água que brotava miraculosamente vindos. Ele promete aliviar os corações de Cristo para o cristão.
da rocha. Porém, um pouco antes da en- aflitos, confortar os tristes e dar esperança 3. Contudo, existe uma condição: “Quem
trada em Canaã, a fonte secou. Em vez de aos abatidos” (Ellen G. White, O Desejado crer em mim” (v. 39). Em quem você crê?
confiar em Deus, os israelitas reclamaram. de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 361). Em que tem colocado sua confiança?
Deus, portanto, mandou Moisés falar à ro- 4. Não perca tempo buscando em outro lu- 4. Coloque sua esperança em Cristo. Aceite
cha, que já havia sido ferida, para que de- gar o que você só pode achar em Cristo. o que Deus oferece. Só Nele sua sede se-
la jorrasse água outra vez. O ritual da co- Ele é o que Ele oferece. rá saciada. Não busque seus próprios in-
leta da água representava esse episódio. teresses. Cristo é tudo o que você precisa!
Nele, o povo pedia que, por meio da chu- IV. REJEITANDO O
va, Deus continuasse a prover água. INDISPENSÁVEL
2. Havia ainda outra dimensão no rito: o 1. O templo movia a vida social e religio- Tiago Santos Dias
pedido pelo derramamento de bênçãos sa dos judeus. As festas tipificavam Pastor em Imperatriz, MA

18 abr l mai l jun 2023


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A CORRIDA CRISTÃ 1 CORÍNTIOS 9:16-27
DE SERMÃO

INTRODUÇÃO listados nomes de pessoas de fé que, acei- a vida” (Ellen G. White, O Desejado
1. A cada quatro anos, os Jogos Olímpicos tando o desafio, correram a carreira cristã. de Todas as Nações [CPB, 2021],
são objeto da atenção do mundo. Todos 3. Entre esses está Abraão, que saiu de sua p. 382).
os participantes possuem um mesmo terra rumo ao desconhecido. Muitas ve- 6. Em 1954, nos Jogos do Império Britânico,
objetivo: ganhar a medalha de ouro. Ela zes, não enxergamos a estrada toda. em Vancouver, Canadá, John Landy e
representa a recompensa do treino e do Damos o primeiro passo pela fé, confian- Roger Bannister competiam a corrida de
esforço. São milhares de atletas de diver- do que Aquele que nos chamou para a 1.600 metros. Landy, à frente, era segui-
sos países, mas somente alguns poucos corrida nos conduzirá até o fim. do a uma curta distância por Bannister.
ganham o prêmio. 4. Imagine-se numa corrida de reveza- Os dois aproximavam-se da chegada.
2. Não seria triste a caminhada cristã se só mento. Outros já correram. Agora é a A multidão contemplava. Landy sa-
um, entre nós, ganhasse o prêmio? nossa vez. O bastão já nos foi entregue. bia que seu rival estava logo atrás bus-
Paulo lembra aos hebreus que a corrida cando alcançá-lo. Mas onde estava ele?
I. A CORRIDA em que nos envolvemos não é de ape- Precisamente antes da chegada, Landy
1. Ler 1 Coríntios 9:16-27. nas cem metros. Não é uma explosão de voltou a cabeça para localizar o concor-
2. As competições esportivas surgiram entre energia para algo que logo acaba. É exi- rente. Bannister, aproveitando esse mo-
os gregos. Em Corinto, onde Paulo pregou, gido de nós que “corramos com perse- mento, arremessou-se pelo outro lado,
realizavam-se, a cada dois anos, os Jogos verança” (Hb 12:1). “É pela perseveran- num último esforço. Uma estátua em
Ístmicos. Inferiores apenas às Olimpíadas, ça que vocês ganharão a sua alma” (Lc Vancouver perpetua esse instante no
eles aglomeravam atletas e admirado- 21:19). “Consideramos felizes os que fo- granito. Ela retrata um atleta rompendo
res dos esportes. Os competidores absti- ram perseverantes” (Tg 5:11). com o peito a fita de chegada, enquan-
nham-se de muitas coisas prazerosas para to outro, a centímetros de distância dele,
poder competir. Muitos faziam um jura- III. A VITÓRIA tem a cabeça voltada para trás. Não po-
mento ao ídolo grego Zeus Olímpico, pro- 1. Ler 1 Coríntios 9:22, 23. demos olhar para trás. Só olhando para
metendo, no mínimo, dez meses de trei- 2. Tão importante quanto iniciar a corrida é Cristo chegaremos ao fim da corrida cris-
namento intenso antes das competições. terminá-la. Ninguém se lembra dos que tã. “Corramos com perseverança a carrei-
3. Em seu discurso em 1 Coríntios 9, Paulo saem na frente, mas dos que chegam ra que nos está proposta, olhando firme-
demonstra sua abnegação para salvar ao fim. mente para o Autor e Consumador da fé,
a quem pudesse. Sobre ele pesava essa 3. Quantos um dia estiveram ao nosso la- Jesus” (Hb 12:1, 2).
obrigação (v. 16). Ele desejava alcançar o do na caminhada e hoje não mais estão
maior número possível de pessoas para entre nós? Quantos abandonaram as fi- CONCLUSÃO
Cristo (v. 19). Ele fez tudo por causa do leiras de Cristo? Quantos deveriam estar 1. Se é seu desejo completar a corrida da fé
evangelho (v. 23). Então, o apóstolo des- conosco, ombro a ombro, e não estão? e ser vencedor, desejo orar por você, para
creve um pouco a carreira cristã (v. 24). 4. O que Paulo apresenta aos coríntios é que Deus, que o manteve até aqui, ajude
4. Os atletas da Grécia antiga competiam que a caminhada cristã só faz sentido se você a concluir a carreira.
para ganhar uma coroa de folhas de lou- trouxermos outros para correrem ao nos- 2. Em breve poderemos declarar junta-
ro, perecível, que rapidamente secava e so lado. “Fiz-me tudo para com todos, mente com o apóstolo Paulo: “Combati o
deixava de ter valor. Entretanto, na ca- a fim de, por todos os modos, salvar al- bom combate, completei a carreira, guar-
minhada cristã, buscamos aquilo que é guns. Tudo faço por causa do evange- dei a fé” (2Tm 4:7).
eterno. “Irmãos, quanto a mim, não jul- lho, para ser também participante dele”
go havê-lo alcançado, mas uma coisa fa- (1Co 9:22, 23).
ço: esquecendo-me das coisas que ficam 5. Como podemos correr a corrida? Olhando
para trás e avançando para as que estão para o exemplo de Jesus (Hb 12:2). O
diante de mim, prossigo para o alvo, para apóstolo Pedro andou sobre as águas,
o prêmio da soberana vocação de Deus mas afundou. Enquanto olhava pa-
em Cristo Jesus” (Fp 3:13,14). ra Jesus, Pedro caminhou. Contudo, ele
se empolgou com a façanha, desviou o
II. OS CORREDORES DA FÉ olhar e afundou. Por causa disso, “nenhu-
1. Ler Hebreus 12:1-3. ma razão tinha para se vangloriar sobre
2. 
Nós não começamos a corrida da fé. os companheiros, pois, por causa da in- Tiago Santos Dias
Outros vieram antes. Em Hebreus 11 são credulidade e da exaltação, quase perdeu Pastor em Imperatriz, MA

 Revista do Ancionato 19
ES
BO
SERVOS DE ROMANOS 1:1
ÇO
JESUS CRISTO DE SERMÃO

INTRODUÇÃO servos daquele a quem obedecem, seja o Meu jugo e aprendam de Mim, porque
1. Nas cartas antigas, era padrão constar no do pecado, que leva à morte, ou da obe- sou manso e humilde de coração; e vo-
início o remetente, a saudação e o desti- diência, que conduz à justiça?” (Rm 6:16). cês acharão descanso para a sua alma.
natário. Na Carta aos Romanos, essa in- “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me Porque o Meu jugo é suave, e o Meu far-
trodução é maior do que de costume, concebeu a minha mãe” (Sl 51:5). Ser es- do é leve” (Mt 11:28-30).
ocupando sete versículos. cravo do pecado resulta em opressão, 2. O cristão pertence a Cristo pois foi com-
2. A primeira parte chama a atenção. medo, afastamento de Deus e, por fim, prado por Ele. “Vocês foram comprados
A identificação do autor é composta por: morte. por preço; não se tornem escravos de ho-
1) seu nome, “Paulo”; 2) sua condição, 2. O pecado pode ser descrito como aquilo mens” (1Co 7:23). “Sabendo que não foi
“servo de Jesus Cristo”; 3) sua comissão, que faço: “Todo aquele que pratica o pe- mediante coisas perecíveis, como pra-
“chamado para ser apóstolo, separado cado também transgride a lei, porque o ta ou ouro, que vocês foram resgatados
para o evangelho de Deus”. pecado é a transgressão da lei” (1Jo 3:4). da vida inútil que seus pais lhes legaram,
3. Antes de Paulo ser chamado por Cristo O pecado também pode ser o que deixo mas pelo precioso sangue de Cristo, co-
para ser apóstolo, antes de ser separado de fazer. “Portanto, aquele que sabe que mo de um cordeiro sem defeito e sem
para o evangelho de Deus, antes de se deve fazer o bem e não o faz, nisso está mácula” (1Pe 1:18, 19).
reconhecer como intelectual, rabino, po- pecando” (Tg 4:17). Pecado também está 3. O cristão também deve ser um “doulos”,
liglota, teólogo ou pastor, ele se identifi- relacionado com os motivos. “Mas aque- um escravo de Cristo. “Como pessoas li-
cou como “servo de Jesus Cristo”. le que tem dúvidas é condenado se co- vres que são, não usem a liberdade como
mer, pois o que ele faz não provém de fé; desculpa para fazer o mal; pelo contrário,
I. SERVO DE JESUS CRISTO e tudo o que não provém de fé é peca- vivam como servos de Deus” (1Pe 2:16).
1. Paulo apresenta-se como “servo”. A tra- do” (Rm 14:23).
dução “servo” não expressa bem o que o 3. “Todos pecaram e carecem da glória de CONCLUSÃO
apóstolo afirmou. A palavra grega utiliza- Deus” (Rm 3:23). A verdade bíblica sobre 1. Lembre-se: “Libertados do pecado”, so-
da é “doulos”, que significa “alguém que o pecado envolve nosso passado (“to- mos “transformados em servos de Deus”
é escravo, no sentido de ser proprieda- dos pecaram”) e nosso presente (“care- (Rm 6:22).
de de uma pessoa”. Paulo não diz ser pro- cem”). Também pode comprometer nos- 2. Servir a Cristo constitui a verdadeira li-
priedade de sua própria vontade ou de so futuro, “porque o salário do pecado é berdade. “Pois quem foi chamado no
outro ser qualquer. Ele é um “doulos” de a morte” (Rm 6:23). No entanto, esse des- Senhor, sendo escravo, é liberto que
Jesus Cristo. “Por acaso eu procuro, agora, tino fatal pode ser cancelado, porque, fe- pertence ao Senhor. Do mesmo modo,
o favor das pessoas ou o favor de Deus? lizmente, “o dom gratuito de Deus é a vi- quem foi chamado, sendo livre, é escra-
Ou procuro agradar pessoas? Se ainda es- da eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” vo de Cristo” (1Co 7:22).
tivesse procurando agradar pessoas, eu (Rm 6:23). 3. Jesus é o Senhor. “Para que ao nome de
não seria servo de Cristo” (Gl 1:10). Jesus se dobre todo joelho, nos Céus, na
2. Como já demonstrado, essa não é uma III. ESCRAVO DE CRISTO Terra e debaixo da terra, e toda língua
declaração isolada. “Paulo e Timóteo, 1. “Quando vocês eram escravos do peca- confesse que Jesus Cristo é Senhor, para
servos de Cristo Jesus, a todos os santos do, estavam livres em relação à justiça. glória de Deus Pai” (Fp 2:10, 11).
em Cristo Jesus” (Fp 1:1). “Paulo, servo de Naquele tempo, que frutos vocês colhe- 4. Declare hoje com o apóstolo Paulo:
Deus e apóstolo de Jesus Cristo” (Tt 1:1). ram? Somente as coisas de que agora vo- “Porque eu, mediante a própria lei, morri
Paulo apresentava-se como servo, como cês se envergonham. Porque o fim de- para a lei, a fim de viver para Deus. Estou
um escravo de Deus e de Jesus Cristo. las é a morte. Agora, porém, libertados crucificado com Cristo; logo, já não sou
do pecado, transformados em servos de eu quem vive, mas Cristo vive em mim”
II. ESCRAVO DO PECADO Deus, o fruto que vocês colhem é para a (Gl 2:19, 20). Seja, como Paulo, um “dou-
1. A primeira verdade apresentada na Bíblia santificação. E o fim, neste caso, é a vi- los” de Jesus Cristo!
a respeito do ser humano é que ele foi da eterna” (Rm 6:20-22). Aquele que é li-
criado à imagem de Deus (Gn 1:26-28). A berto da escravidão do pecado, agora
segunda verdade bíblica sobre o ser hu- torna-se escravo de Cristo. A vida cristã
mano é que, por causa do pecado, ele não é a retirada de um jugo de servidão.
está alienado de Deus (Gn 3:5). “Será que É uma troca. “Venham a Mim todos vo-
vocês não sabem que, ao se oferecerem cês que estão cansados e sobrecarrega- Tiago Santos Dias
como servos para obediência, vocês são dos, e Eu os aliviarei. Tomem sobre vocês Pastor em Imperatriz, MA

20 abr l mai l jun 2023


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LIDERANÇA

QUEM CUIDA DE
QUEM CUIDA?
Perguntas terapêuticas
para líderes espirituais

C uidar de pessoas é uma vocação na igreja. Ne-


la, homens e mulheres atuam como líderes es-
pirituais. Eles lidam com crises do corpo, do
coração e da alma; assistem a gente que desiste da fé
por vários motivos, como descrença, conflitos familia-
res e vícios. Também convivem com pessoas que não
abandonam a igreja, mas que permanecem nela sufo-
cadas pelo pecado e por suas consequências. Mas, ao
atender aos dilemas de outros, como não ser afetado
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emocionalmente por eles? Quais equipamentos de au-


toproteção mental deveriam ser usados por esses líde-
res? Afinal, quem cuida de quem cuida?

22 abr l mai l jun 2023


Quando uma pessoa penetra o nível mais íntimo “cuidado” tornou-se o que se sabe e se faz em um lo-
de disfunções humanas, principalmente no âmbito da cal limpo, arejado, iluminado e com foco na cura de
moral, sem ter aprendido técnicas corretas ou recebi- um doente (o hospital). Porém, saúde não é algo que
do formação acadêmica suficiente, corre o risco de que se conquista apenas sob condições de observação e
esse envolvimento se torne tão íntimo que os dramas controle. Por isso, precisa extrapolar os limites frios
do atendido se transformem em seu próprio problema. dos prédios e provocar diálogos entre as diferentes
gerações e culturas a fim de solucionar os problemas
PERSPECTIVAS DO CUIDADO de cada um, para o bem de todos.
Cuidado, em termos filosóficos, é um modo de Portanto, cuidar do cuidador passará pelo diagnós-
ser e tornar-se humano. É estar presente nos colap- tico da qualidade da saúde, no contexto dos relaciona-
sos emocionais, físicos e espirituais dos semelhantes, mentos familiares. Uma igreja organizada para cuidar
cumprindo os propósitos de Deus para a própria exis- de todos emitirá alerta ao notar que os líderes estão
tência: ser uma bênção (Gn 12:3); ser voz de Deus aos em nível de exaustão emocional. Por exemplo, às ve-
demais (Jr 1:5). zes, um líder espiritual está em um estado de fragilida-
Cuidar é aceitar que a finalidade da vida cristã en- de emocional por causa do adoecimento de um filho.
volve ofertar amor tolerante, paciente e suportador Portanto, o cuidado tem que ser sistêmico, abrangendo
(1Co 13). De fato, ocupar-se em suprir as necessidades todas as pessoas conectadas ao indivíduo.
do outro é uma forma de suprir as próprias carências. Anciãos de igreja e pastores precisam aceitar aju-
Assim, quando um líder pastoreia com o foco no cuida- da da própria comunidade de fé. Podem fazer isso ao
do do próximo, ele também recebe o milagre da cura. participar de momentos sociais, festas e celebrações
Com a secularização da atividade espiritual, o ato ou mesmo passando tempo em uma roda de adoles-
de cuidar migrou da área de atuação da religião e pas- centes e jovens, sem fazer sermões. Nesses contextos
sou para a das profissões especializadas em cuidar informais, podem se dar ao direito de sensibilizar-
do corpo, das emoções, da psique. Por causa disso, a se, expressar suas próprias dores e solicitar pedidos
ideia de saúde assumiu uma perspectiva mais técni- de oração.
ca e científica. O líder espiritual sabe que errar é humano, mas
Na comunidade de fé, o cuidar não deve ser sub- que o reconhecimento de que não é perfeito também
metido a hierarquias, pois é um privilégio e dever de o é. Se anular sua própria história ao lidar com as his-
todos: é o compartilhamento de benefícios entre to- tórias dos que atende, nega seu valor individual e inu-
dos. Um doa o que tem e o outro corresponde apre- tiliza-se como benefício aos demais. Por isso, precisa
sentando suas insuficiências. Uma vez que sempre se permitir sentir, alegrar-se e entristecer-se.
teremos pobres entre nós (ou seremos um deles) Ao exercer o pastoreio, o líder espiritual precisa
( Jo 12:28), é urgente que cada membro da igreja se aceitar que estar diante do outro o expõe ao surgi-
envolva em práticas de cuidado, a partir do exemplo mento de sofrimentos, traumas, angústias e medos,
dos líderes. muitas vezes incontroláveis. Nesses casos, não há
Em síntese, o cuidado é um aprendizado que pro- imparcialidade e o afeto é moeda de troca com
move a perpetuação da vida em comunidade. E, quan- o próximo.
do relacionado à saúde, a prática envolve a ação
pontual sobre a dor e o sofrimento. CUIDADO E CORPO
O cuidador tem um corpo, usado para se locomo-
O DESAFIO DE CUIDAR DE QUEM CUIDA ver, abraçar, tocar, amar, enfim, transmitir cuidado ao
A busca por bem-estar revela que, historicamen- próximo. Portanto, quem cuida do corpo do cuidador,
te, o cuidado é inerente à existência e ao coletivo hu- uma vez que as influências sobre seu bem-estar físico
mano. Por isso, nossa percepção de existência está afetam seu trabalho?
diretamente relacionada à existência do outro. Entre- Para se locomover e para se comunicar, a saúde
tanto, na prática, quem cuida da saúde mental, emo- física precisa estar em condições para que o corpo
cional ou física de quem cuida? Como a sociedade do esteja apto para suas funções. Afinal, o poder divino
cuidado abençoa e supre as necessidades do pas- através do cuidado pastoral precisa do corpo para
tor, do ancião ou da anciã de igreja? Popularmente, transportar as bênçãos celestiais (Rm 12:1-3).

 Revista do Ancionato 23
A voz, produto do corpo, é instrumento para a co- cultos, construções ou reformas, aconselhamentos,

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municação de paz, consolo, encorajamento e exor- treinamentos, visitações, projetos sociais, preparo de
tação. Ela depende da força física. A forma como se mensagens e estudos da Bíblia, relatórios, ministra-
expressa verbalmente produz resultados para a pro- ção da Santa Ceia.
moção ou desvalorização da vida. Todavia, quem Enquanto cuidador da saúde no campo espiritual,
cuida da sua voz como estrutura fisiológica e como um ancião, anciã ou pastor precisam ter seus próprios
transporte de sentimentos? cuidadores espirituais. Ou seja, seu pastor ou ancião
Há cuidadores que são deprimidos, solitários, têm um conselheiro? Eles são ovelhas de qual reba-
amargurados, insatisfeitos, traumatizados, abusados, nho? O simples fato de estarem matriculados em uma
abalados, obesos, ansiosos, deficientes e dependentes Unidade de Ação da Escola Sabatina os coloca na indi-
de medicamentos, citando apenas alguns dos muitos cação de que também devem ser cuidados.
quadros que os afetam. Esses deverão ser proibidos
de cuidar ou deverão ser cuidados enquanto cuidam? CONCLUSÃO
Cuidar do cuidador, enquanto influenciador da Em síntese, a saúde do líder espiritual deve ser
igreja, é tão necessário quanto complexo. O ato é pe- desenvolvida de forma integral, a partir do cuidado
dagógico e obrigatório, devendo conduzi-lo a terapias sistêmico da comunidade de fé e na perspectiva da
ocupacionais, exames, recreações, etc. Enfim, a quali- prevenção, manutenção e solução de enfermidades.
dade da saúde do líder espiritual pode determinar a A criação de programas educativos é uma estratégia
qualidade da saúde comunitária da igreja. assertiva na promoção da qualidade de vida dos líde-
res da igreja. Principalmente a família, uma estrutura
CUIDADO EM MOVIMENTO tão essencial para o bem-estar da liderança, precisa
O líder espiritual, diante de sua relevância cultural ser cada vez mais reunida para diagnosticar doenças
e social, não é apenas o representante de uma insti- e construir soluções psicoterapêuticas.
tuição, mas existe em benefício de todos, para além
Referências
dos que frequentam a denominação. Ele exerce o Martin Heidegger, Ser e Tempo (Petrópolis, RJ: Vozes, 2011).
dom do cuidado em hospitais, lares, empresas, quar- A. Moreira Almeida, “Espiritualidade e saúde: passado e futuro de uma
relação controversa e desafiadora”, Revista de Psiquiatria Clínica, 2007.
téis, escolas, igrejas, enfim, onde tem gente ele se faz
M. A. Sousa, A Influência da Fé no Processo Saúde Doença sob a Percepção
necessário. O pastoreio é uma prática ilimitada quan- de Líderes Religiosos Cristãos (Goiânia: Universidade Federal de Goiás,
2009). (Dissertação de Mestrado)
to a horários, circunstâncias, exigências.
Foto: Divulgação USeB

Há a pressão provocada pela alternância de esta-


dos emocionais devido a atividades como funerais, vi- Marcos Santiago
Diretor de Ministério Pessoal e Escola
sita a hospitais, casamentos, reuniões administrativas, Sabatina da União Sudeste Brasileira

24 abr l mai l jun 2023


PERGUNTAS E RESPOSTAS
Paulo escreveu a Timóteo dizendo que nos últimos dias os homens seriam
“egoístas, avarentos [e] mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus”
(2Tm 3:2, 4). Um dos meios usados para esse fim é o jogo de azar.
O texto a seguir foi extraído e adaptado do livro Declarações da Igreja,
páginas 72 e 73, que é uma valiosa coleção de declarações e orientações discutidas,
aprovadas e votadas, desde 1980, pela liderança mundial da Igreja Adventista do
Sétimo Dia.

envolvendo drogas e prostituição. O jogo de azar não gera renda; an-


COMO SE POSICIONA A IGREJA tes, toma daqueles que não têm condições e dá a uma minoria, sendo
ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA A o maior ganhador, obviamente, o operador. A ideia de que esse jogo
RESPEITO DOS JOGOS DE AZAR? pode ter um benefício econômico positivo é ilusão. Além disso, jogar
viola o senso de responsabilidade cristã pela família, os vizinhos, os

A
pobres e a igreja (1Ts 4:11; Gn 3:19; Mt 19:21; At 9:36; 2Co 9:8, 9).
O jogo de azar afeta cada vez Jogar cria falsas esperanças. O sonho de ganhar muito dinheiro
mais e mais pessoas ao redor substitui a verdadeira esperança por um sonho falso de uma chan-
do mundo. A ideia de ganhar ce estatisticamente improvável de vencer. Os cristãos não devem
às custas dos outros tem se tornado colocar suas esperanças em riquezas. A esperança cristã de um fu-
uma maldição moderna. A sociedade turo glorioso prometido por Deus é certa – diferente e oposta ao so-
paga o preço pelos crimes associados a nho do jogador. O grande lucro que a Bíblia nos aponta é “piedade
ele, pelo amparo à vítima e pelo colap- com o contentamento” (1Tm 6:17; Hb 11:1; 1Tm 6:6).
so familiar, o que diminui a qualidade de O jogo é um vício. Isso é claramente incompatível com o modo
vida. Os adventistas se opõem grande- de vida cristão. A igreja procura ajudar, não culpar, aqueles que so-
mente a esse tipo de jogo, uma vez que frem pelo vício do jogo ou de outros vícios. Os cristãos reconhecem
é incompatível com os princípios cris- que são responsáveis perante Deus pelos seus recursos e estilo de
tãos. Não é uma forma apropriada de vida (1Co 6:19, 20).
lazer ou um meio legítimo de levanta- A organização da Igreja Adventista não aceita rifas ou loterias
mento de fundos. para arrecadar fundos e incentiva seus membros a não participar
O jogo de azar viola os princípios em tais atividades, ainda que bem-intencionadas, e também não vê
cristãos de mordomia. Deus identifica com bons olhos os jogos de azar patrocinados pelo Estado. A Igreja
o trabalho como o meio apropriado pa- Adventista convida todas as autoridades a prevenir a crescente dis-
ra adquirir benefícios materiais; não o ponibilidade dos jogos com seus efeitos prejudiciais para os indiví-
jogo de azar, que nos faz sonhar com o duos e a sociedade.
ganho à custa da perda de outrem. Es- A Igreja Adventista rejeita os jogos de azar e não solicitará nem
se jogo tem um grande impacto sobre aceitará fundos que sejam claramente provenientes deles.
a sociedade. Os custos financeiros re- Esta declaração foi votada pela Comissão Administrativa da Asso-
sultam de crimes cometidos para saldar ciação Geral para divulgação durante a assembleia da Associação Ge-
uma dívida de jogo, [...] bem como crimes ral realizada em Toronto, Canadá, de 29 de junho a 9 de julho de 2000.

 Revista do Ancionato 25
TEOLOGIA

ASSIM DIZ O SENHOR


A formação da identidade, no en-
tanto, envolve uma relação reconhe-
A Bíblia e a identidade cível entre o que se entende, o que se
adventista do sétimo dia crê e o que se faz. Este é um mecanis-
mo de causa e efeito que se mostra

A
presente no cotidiano religioso desde
identidade é um tema de os primeiros seres humanos criados
essencial relevância para o (Gn 3:5-7). Assim, é a forma como en-
ser humano. Em linhas ge- tendemos as realidades que definem
rais, a identidade é definida como “a como enxergamos o mundo e co-
qualidade do que é idêntico”, ou ain- mo reagimos aos fatos. Essa dinâmi-
da o “conjunto de características que ca, por sua vez, não ocorre no vazio.
distinguem uma pessoa ou uma coi- Desde o início de nossas vidas, nos-
sa e por meio das quais é possível sa compreensão é moldada pela fon-
individualizá-la”.1 Na prática, a iden- te na qual buscamos o conhecimento.
tidade é o nome que se dá para o À luz desta realidade, de acor-
conjunto de características que ex- do com George Knight, teólogo ad-
pressa quem somos e direciona nos- ventista, “a questão mais elementar
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so projeto de vida, o que por sua vez para qualquer grupo religioso é sua
estabelece o contexto para o que se fonte de autoridade”.2 É com base
pode esperar de nós. nesta fonte que uma denominação

26 abr l mai l jun 2023


De fato, conforme já mapea-
do historicamente, “Ellen White não
é a fonte ou iniciadora do desen-
volvimento doutrinal adventista do
sétimo dia. [...] Seus conselhos en-
riqueceram o estudo doutrinário
adventista e proporcionaram uma
influência corretiva e unificadora,
mas seus escritos nunca foram a ba-
se para a doutrina adventista funda-
mental ou a experiência cristã”.8
Mas, algumas pessoas poderiam
perguntar: Qual foi, então, o papel dos
testemunhos inspirados de Ellen G.
White? Ela mesma respondeu à ques-
tão ao lembrar que “a Bíblia é uma re-
velação perfeita e completa. É nossa
única regra de fé e prática. Mas não é
motivo para que Deus não possa mos-
trar o cumprimento passado, presente
e futuro de sua palavra, nestes últi-
mos dias, através de sonhos e visões,
segundo o testemunho de Pedro. Vi-
sões verdadeiras são dadas para nos
levar a Deus e à Sua Palavra escrita;
mas aquelas que são dadas para uma
nova regra de fé e prática, separadas
da Bíblia, não podem vir de Deus e de-
reconhece os valores, princípios e e a Bíblia somente, é a regra protes- vem ser rejeitadas”.9 Sendo os escritos
regras que lhe dão sentido e guiam tante de fé”.4 Por sua vez, Ellen White de Ellen G. White da mesma natureza
sua vivência religiosa. Além disso, es- escreveu: “A nossa regra de fé é a Bí- da Bíblia (frutos da revelação-inspira-
sa fonte serve de baliza para endos- blia, e a Bíblia somente, e não as pa- ção), eles têm a função distinta de le-
sar ou não as demais perspectivas de lavras e os feitos humanos”.5 var o leitor de volta à fonte da verdade
conhecimento que lhe são propostas. Em seus escritos, Ellen White in- e ajudá-lo a entender seu cumprimen-
Isso aponta para a relevância da refle- sistiu inúmeras vezes no princípio da to no tempo do fim. Assim, a revelação
xão acerca de qual é a fonte de dados “Bíblia somente”, usando essa expres- mais recente “amplifica, expande e es-
teológicos aceita pelos adventistas do são “para contrastar a verdade bíblica clarece a revelação anterior”.10
sétimo dia e qual o impacto de tal fon- com as posições não bíblicas das tra- Portanto, mesmo vivendo nu-
te na sua identidade e missão. dições religiosas, experiência, posi- ma época em que as denominações
ção eclesiástica e a razão humana”.6 aceitavam diferentes fontes de da-
A FONTE DE INTERPRETAÇÃO Quando o papel profético e as vi- dos teológicos, os pioneiros adventis-
Desde os primórdios do movi- sões de Ellen White foram questio- tas rejeitaram a tradição, a ciência, a
mento, os adventistas do sétimo dia nados como fonte de doutrinas, a razão (filosofias), a experiência (caris-
têm a Bíblia como sua única fonte de voz de Uriah Smith se levantou eco- mática), ou qualquer outra proposta
dados teológicos. John Andrews, pio- ando a opinião dos pioneiros a fim de fonte extrabíblica de dados teoló-
neiro adventista, afirmou que a nor- de esclarecer que as visões “não são gicos em sua formação doutrinária.11
ma do homem de Deus “é a Bíblia a fonte de onde possa ter-se origi- Para eles, além de reconhecidamente
somente”.3 Uriah Smith, outro pio- nado qualquer ponto de vista que autoritativa, a Bíblia deveria ser a úni-
neiro adventista, afirmou: “A Bíblia, adotamos”.7 ca fonte de dados teológicos.12

 Revista do Ancionato 27
O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL de interpretação, até hoje cridas e a cosmovisão e a ética bíblica que
DE INTERPRETAÇÃO proclamadas pelos adventistas do se tornaram os traços identitários
Ao entenderem e aplicarem a Bí- sétimo dia, dentre elas: o santuá- do movimento adventista do séti-
blia dessa forma, os pioneiros adven- rio celestial, a expiação processual, mo dia. A identidade profética ad-
tistas reconheceram o significado a imortalidade condicional da alma, ventista foi assim construída sobre
do princípio sola Scriptura conforme o sábado do sétimo dia, a continui- um sólido fundamento bíblico e so-
reivindicado pela própria Bíblia (Sl dade do dom profético na igreja, o mente subsiste porque seu princípio
119:105; Pv 30:5, 6; Is 8:20; Jo 17:17; juízo divino em fases com o aniqui- fundamental (sola Scriptura) é obser-
1Ts 2:13; 2Tm 3:16, 17; Hb 4:12; 2Pe lamento final dos ímpios, etc. Esse vado. Portanto, ser um adventista é
1:20, 21) e o adotaram como diretriz princípio também possibilitou a har- aceitar a Bíblia como única regra de
fundamental de sua interpretação. monização e sintetização “de várias fé e prática, buscando interpretá-la
Enquanto na perspectiva protestan- doutrinas em uma bem integrada te- em cuidadosa observância às reivin-
te o sola Scriptura era aplicado como ologia sistemática”.14 Um sistema te- dicações de seu próprio conteúdo,
sinônimo da Bíblia como fonte supre- ológico que tem “(1) Deus como seu atentando para sua natureza divino-
ma – embora não única – de dados originador, (2) o conflito cósmico co- humana (2Tm 3:15-16; Hb 1:1; 2Pd
teológicos, e na perspectiva evan- mo sua moldura, (3) o concerto eter- 1:19-21), sua veracidade (Sl 119:160;
gélica aplicado como fonte primária no como sua base, (4) o santuário Jo 17:17; Ef 1:13; Cl 1:5), sua autori-
– embora não exclusiva – de dados como seu motivo organizador, (5) dade suprema (Sl 19:1-11; Mt 15:3, 6;
teológicos, os pioneiros adventistas as três mensagens angélicas como Rm 2:14-16; Cl 2:8; 1Tm 6:20), sua to-
rejeitaram tais entendimentos. sua proclamação escatológica e (6) talidade canônica (Lc 24:27, 44; 2Pd
Eles entenderam que não bas- o remanescente como seu resultado 3:15, 16), sua unidade harmônica ( Jo

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tava dar à Bíblia lugar de honra em missiológico”.15 5:39; 10:35; Rm 1:2), sua clareza (Sl
meio à tradição, à razão e à experi- Foi interpretando à luz do so- 19:7; 119:105, 130) e sua suficiência
ência. Era necessário deixar claro la Scriptura que os pioneiros ad- (Is 8:20; 2Tm 3:15; Hb 4:12).
que a Bíblia e ela somente definiria ventistas reconheceram, somente Esse alto valor dado às Escri-
seus próprios critérios de interpre- nas Escrituras, as pressuposições, turas fica evidente no fato de que
tação e assim explicaria a si mesma,
sem interferências de ideias exter-
nas que poderiam impedir ou dificul-
tar sua adequada compreensão. Na
prática, foi reconhecido que apenas
a Bíblia deveria estabelecer as pres-
suposições, a cosmovisão, e a ética
vivencial adventista do sétimo dia.
Assim, todas as reivindicações de
verdade deveriam ser submetidas ao
“assim diz o Senhor”. Conforme men-
ciona Canale, essa perspectiva sin-
gular dos pioneiros adventistas – em
nível macro hermenêutico – foi uma
“revolução teológica gigantesca”13
que produziu frutíferos resultados.

O RESULTADO DA
INTERPRETAÇÃO
A observância do princípio bí-
blico sola Scriptura possibilitou o
resgate de importantes verdades bí-
blicas à luz do princípio historicista

28 abr l mai l jun 2023


ainda hoje, no preâmbulo de sua de- sob a perspectiva historicista. Não corretamente a Bíblia, buscando en-
claração de crenças fundamentais, é opção, então, o uso do método tendê-la, vivenciá-la e compartilhá-la
é reafirmado que “os adventistas histórico-crítico e outros do tipo, com outras pessoas, a fim de que con-
do sétimo dia aceitam a Bíblia co- reconhecidamente contrários às rei- tinuemos sendo em tudo reconheci-
mo seu único credo”, acrescentando vindicações do texto bíblico. dos como “o povo do livro”.
que, “apoiando a convicção protes-
Referências
tante da sola Scriptura (‘somente a ATALAIAS E GUARDIÃES DA 1
Antônio Houaiss, Dicionário Houaiss da Língua
Bíblia’), estas 28 crenças fundamen- BOA INTERPRETAÇÃO Portuguesa, (Rio de Janeiro: Objetiva, 2009),
p. 1043.
tais descrevem como os adventistas Como líderes e corresponsáveis 2
George Knight, Em Busca da Identidade (Tatuí, SP:
do sétimo dia interpretam as Escri- pelo rebanho de Deus em suas con- Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 59.
3
John Andrews, History of the Sabbath and First
turas para aplicação diária”.16 Esse gregações locais, espera-se que ca- Day of the Week, p. 202-203. Disponível em
princípio, no entanto, tem como im- da ancião tenha alta consideração <egwwritings.org>, acesso em 5 de fevereiro
de 2023.
plicação lógica a importância e cui- pela Bíblia e mostre-se cuidadoso 4
 riah Smith, The United States in the Light of
U
dado devido quanto ao método de com sua interpretação, dando assim Prophecy, p. 76. Disponível em <egwwritings.
org>, acesso em 5 de fevereiro de 2023.
interpretação. sua contribuição para preservação 5
Ellen G. White, Conselhos Sobre a Escola Sabatina
da identidade, unidade e cumpri- (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2021), p. 52.
P. Gerard Damsteegt, Ellen White on Theology:
O MÉTODO DE
6
mento da missão da Igreja Adventis- Its Methods and the Use of Scripture, Journal
INTERPRETAÇÃO ta do Sétimo Dia. of the Adventist Theological Society, 4/2
(1993), p. 115-136. Disponível em <andrews.
De especial importância para o Algumas dicas para isso: edu/~damsteeg/EGWtheo.html>, acesso
em 5 de fevereiro de 2023.
entendimento, preservação e pro- 1. Seja grato pela Palavra de Deus, 7
Knight, Em Busca da Identidade, p. 59.
clamação da identidade bíblico-pro- aproveitando cada oportunidade 8
 erlin Burt, Ellen G. White and Sola Scriptura,
M
fética adventista do sétimo dia é o possível para expressar valorização p. 9, 11. Disponível em <adventistbiblicalresearch.
org>, acesso em 5 de fevereiro
método usado para interpretar as Es- e apreço pela Bíblia e reconhecimen- de 2023.
crituras. O método sintetiza a manei- to de sua exclusividade e fonte su- 9
Ellen G. White, A Word to the “Little Flock”,
1847, p. 13. Disponível em <egwwritings.org>,
ra pela qual (1) nos aproximamos, (2) prema de autoridade; acesso em 5 de fevereiro de 2023.
analisamos e (3) aplicamos o conteú- 2. Ore pela obra do Espírito San- 10
W. E. Read, A Bíblia, o Espírito de Profecia e a
Igreja (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress,
do das Escrituras Sagradas. Quando to realizada através da Bíblia em ca- 2015), p. 120, 121.
o método está de acordo com as pró- da líder e membro da igreja, sendo 11
Knight, Em Busca da Identidade, p. 60.
12
Richard Davidson, “Bíblia, Interpretação da",
prias reivindicações do texto, o pro- um exemplo de submissão ao “assim em Denis Fortin e Jerry Moon, Enciclopédia Ellen
cesso de interpretação é legítimo e diz o Senhor”; G. White (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,
2018), p. 708, 709.
a integridade da mensagem bíblica é 3. Estude a Bíblia diariamente, 13
Fernando Canale, Completando la Teología
entendida e preservada. Por outro la- com diligência e de forma profunda, a Adventista: el proyecto teológico adventista y
su impacto en la iglesia - parte II. DavarLogos 6,
do, o uso de métodos incompatíveis fim de interpretá-la corretamente; e (2007), p. 130.
à Bíblia resulta no enfraquecimento 4. Proclame a Bíblia com respon- 14
LeRoy Edwin Froom, The Prophetic Faith of Our
Fathers: The Historical Development of Prophetic
do senso de identidade e comprome- sabilidade em cada ocasião, lem- Interpretation (Washington, DC: Review and
timento da unidade e missão do po- brando que o púlpito adventista Herald, 1954) v. 4, p. 1052.
15
Alberto Timm, O Santuário e as Três Mensagens
vo remanescente de Deus. precisa ecoar mensagens sólidas, bi- Angélicas: Fatores Integrativos do Desenvolvimento
Para evitar esse risco, a igreja blicamente fundamentadas e esca- das Doutrinas Adventistas (Engenheiro Coelho,
SP: Unaspress, 2007), p. 284.
orienta que “os adventistas do séti- tologicamente contextualizadas. 16
Beliefs: Seventh-day Adventist world church.
mo dia estão prontos a aceitar e se- Em síntese, cada ancião e líder do Disponível em adventist.org/en/beliefs/, acesso
em 2 de fevereiro de 2023.
guir as verdades bíblicas valendo-se rebanho do Senhor é chamado a ser 17
George Reid (ed.), Compreendendo as Escrituras
de todos os métodos de interpre- um exemplo no amor e cuidado com (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007),
p. 329.
tação que se coadunem com o que as Escrituras Sagradas, reconhecendo
as Escrituras ensinam de si mes- nossa necessidade salvífica do conhe-
mas”.17 Nessa linha, há muito se re- cimento revelado em seu conteúdo
conhece a adequação do chamado e a importância de sua correta inter-
Foto: Divulgação FAAMA

método gramático-histórico-canô- pretação para nossa identidade, uni- Carlos Flávio Teixeira
nico, o qual valoriza o profundo es- dade e missão como adventistas do Diretor do Seminário Adventista
Latino-Americano de Teologia
tudo da totalidade do texto bíblico, sétimo dia. Isso implica em abordar (Sede FAAMA), Benevides, PA

 Revista do Ancionato 29
EVANGELISMO

PRONTOS PARA
ANUNCIAR CRISTO!
Como organizar o evangelismo
de Semana Santa

O adventismo surgiu como um movimento


focado no evangelismo, no anúncio do re-
torno de Jesus Cristo. Na América do Sul,
desde 1970, o projeto evangelístico no período da
Páscoa concentra esforços e mobiliza as igrejas para
essa importante tarefa. O tema da campanha para es-
te ano é: “Jesus venceu!”
Apesar de falar de uma semana de proclamação
pública, ressalto a necessidade de um trabalho pré-
vio de estudos bíblicos individuais ou em classes que
possibilite uma colheita de decisões para Cristo. Po-
rém, caso não tenha acontecido o devido preparo dos
convidados para a Semana Santa, a ênfase durante a
semana será conseguir interessados para estudar a
Bíblia com as duplas missionárias ou nas classes bíbli-
cas. Essa estratégia é chamada “semeadura”.
Assim, apresento a seguir um conjunto de ações
que devem ser executadas. Conforme a realidade da
igreja e da comunidade local, deve-se buscar adaptá-
las para potencializar os resultados de semeadura ou
colheita em uma campanha evangelística de Semana
Foto: William de Moraes

Santa. Essas ações estão divididas em cinco partes:


1) consagração, 2) convites, 3) proclamação, 4) colhei-
ta e 5) deveres do evangelista.

30 abr l mai l jun 2023


CONSAGRAÇÃO Tempo e das redes sociais da igreja, pessoas que já vi-
A missão evangelística dada por Cristo foi prece- sitaram a igreja alguma vez em eventos, semanas de
dida pela promessa do Espírito Santo. Ele declarou: oração e Missão Calebe, ex-estudantes da Bíblia, alu-
“O Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em nos da Escola Adventista e seus pais, etc. Duplas de vi-
Meu nome, esse ensinará a vocês todas as coisas e sitação treinadas devem entregar um convite nominal
fará com que se lembrem de tudo o que Eu lhes dis- e o livro missionário.
se” ( Jo 14:26). Pensar em missão sem oração é como ◼ Criar uma segunda lista dos interessados que têm

viajar sem abastecer o veículo: haverá infelizes im- um relacionamento mais próximo com alguém da igreja. A
previstos que comprometerão tudo e todos os envol- lista deve conter o nome do interessado, seu endereço, o
vidos. Ou seja, iniciar um projeto evangelístico com contato telefônico e o nome do irmão que indicou o convi-
encontros de oração é fundamental para seu êxito. dado. É ideal que o próprio irmão que indicou a pessoa se
Esta ação é “para mutuamente nos edificarmos com responsabilize por entregar a ela o convite personalizado
o intercâmbio de ideias e sentimentos; para adquirir- e o livro missionário. Esses convidados em potencial são
mos poder, luz e ânimo ao nos familiarizarmos com a filhos não batizados e demais familiares dos membros,
esperança e o desejo uns dos outros e, ao orarmos seus amigos, vizinhos, colegas de trabalho, os desbrava-
com fé, sinceridade e fervor, receberemos refrigério dores e seus pais, pessoas assistidas pelo trabalho assis-
e vigor da Fonte de poder.”1 Assim, algumas ideias pa- tencial da igreja e alunos de estudos bíblicos.
ra reuniões de oração:
◼ V igília noturna ou diurna; PROCLAMAÇÃO
◼ Madrugada de oração ou culto da alvorada; Cinco estruturas devem ser organizadas para se
◼ Retiro de oração; ter uma semana impactante:
◼ Horários definidos para oração.

1. Equipes de apoio. A estrutura básica necessita


Outro elemento indispensável é a oração interces- das seguintes equipes: oração, recepção, programa-
sora. “A oração é a respiração da alma. É o segredo do ção diária, organização estrutural, sonoplastia e ima-
poder espiritual. Nenhum outro recurso da graça po- gem, música, sorteios, lanches e visitação.
de substituí-la e, ao mesmo tempo, a saúde da alma
ser conservada. A oração coloca a pessoa em conta- 2. Programação sugestiva.
to imediato com a Fonte da vida, e fortalece os nervos 19h00 Recepção e boas-vindas
e músculos da experiência religiosa.”2 A intercessão 19h15 Louvor
pelos interessados em Cristo desenvolve o compro- 19h30 Oração
metimento da igreja no evangelismo que acontecerá, 19h35 Sorteio
assim como desperta a paixão por salvar almas. Sugi- 19h45 Música
ro dois motivos para intercessão: 19h50 Sermão
◼ Comprometimento dos membros da igreja com 20h20 Música de apelo
a missão; 20h25 Oração de consagração
◼ Conversão de pessoas. 20h30 Despedida e lanche

CONVITES 3. Desafios diários. Isso aumenta a participação da


Para potencializar a estratégia de convites para a Se- igreja e dos convidados, trazendo dinâmica e intera-
mana Santa, sugiro três ações para lotar seu auditório: ção durante a semana evangelística. A proposta é so-
◼ Distribuição massiva de convites juntamente com licitar que o pregador faça desafios diários ao público
o livro missionário (O Grande Conflito) para toda a vizi- e apresente seu cumprimento na introdução de cada
nhança no raio de um quilômetro ao redor da igreja; sermão. Seguem exemplos de desafios:
◼ Criar uma lista, contendo o nome, o endereço e o ◼ Sábado: trazer cinco amigos;
contato telefônico, de pessoas que estão ou já estive- ◼ Domingo: trazer toda a família;

ram relacionadas com a igreja, mas sem um contanto ◼ Segunda-feira: convidar um ex-membro da igreja;
pessoal com seus membros tão próximo no presente. ◼ Terça-feira: postar na rede social um convite pa-

São ex-membros, interessados da TV e da Rádio Novo ra a noite seguinte;

 Revista do Ancionato 31
© Adobe Stock / kasto
◼Quarta-feira: auxiliar ou presentear uma pessoa; DEVERES DO EVANGELISTA
◼Quinta-feira: convidar uma pessoa para uma re- Os deveres do evangelista na Semana Santa po-
feição em sua casa; dem ser resumidos em quatro: orar, estudar, visitar e
◼ Sexta-feira: testemunhar sua conversão para pregar.
alguém; ◼ Ore a cada manhã por todas as pessoas presen-
◼ Sábado: iniciar um estudo bíblico. tes e peça ao Espírito Santo que converta os que ain-
da não aceitaram a Cristo;
4. Lanches. Ao final de cada noite deve-se despedir ◼ Estude com antecedência o tema a ser pregado e

o público com um singelo lanche para confraterniza- aplique a mensagem em sua própria vida;
ção e promover convivência. ◼ Lembre-se de pegar os dados dos visitantes da

Semana Santa e realizar visitas diariamente auxiliando


5. Sala para as crianças. É muito importante ter um essas pessoas a aceitar a Cristo como seu Salvador;
espaço reservado para as crianças com uma progra- ◼ Pregue com dependência do poder do Espírito

mação voltada para cada faixa etária, com professo- Santo, consciente de que há uma importante oportu-
res que instruam biblicamente e ensinem músicas. nidade de muitos terem a vida transformada.
A programação deverá ser similar à dos adultos, inclu-
sive com prêmios e lanche. Isso fortalecerá o desejo CONCLUSÃO
dos pais de retornarem e os deixarão disponíveis pa- Não há atividade mais satisfatória do que traba-
ra o entendimento da mensagem. lhar voluntariamente para Cristo. Converse com Deus
e com seu pastor e envolva toda a igreja na campanha
COLHEITA de evangelismo da Semana Santa. Não permita que a
Quando a Semana Santa é realizada com o pro- falta de planejamento e de preparo impeça pessoas
pósito de colher as decisões das pessoas, torna-se de terem um encontro com o Salvador. Com a ajuda
imprescindível acompanhamento diário por meio de do Espírito Santo, todo o esforço será recompensado
visitação. Assim, sugiro visitar diariamente todos os com pessoas salvas para Cristo!
interessados. Para otimizar, convém dividir sua audi-
Referências
ência em dois públicos: 1
Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja (Tatuí, SP: Casa Publicadora
◼ Pessoas que estão estudando (ou já estudaram) Brasileira, 2021), p. 470.
2
Ellen G. White, Mensagens aos Jovens (Tatuí, SP: Casa Publicadora
a Bíblia e frequentam a igreja ou os pequenos grupos. Brasileira, 2021), p. 188.
Elas deverão receber auxílio para tomar a decisão por
Cristo e serem batizadas.
Foto cedida pelo autor

◼ Pessoas que estão vindo à igreja pela primeira Manoel Rodrigues dos Santos
vez. A elas, na visita, deve-se oferecer um estudo bíbli- Professor da Faculdade Adventista
da Bahia e diretor do Instituto de
co para começar imediatamente. Missão e Crescimento da Igreja

32 abr l mai l jun 2023


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REFLEXÃO
se dedicar ao trabalho da igreja, mas
porque é consciente de que a forma-

JUNTOS
ção de novos líderes é atribuição de
um líder. Nicodemos também foi in-
ventado por mim. Seu nome significa

FAZEMOS
“a vitória do povo”, e foi escolhido pa-
ra lembrar que o bom líder é aque-
le que torna toda uma comunidade

MAIS
participante do sucesso alcançado.
O nome de sua igreja, Filadélfia, quer
dizer “amor fraternal”, e lembra uma
igreja vibrante e missionária descrita
na Bíblia (Ap 3:7-13).
Não seja
centralizador UM LÍDER SEGUNDO DEUS

Ilustração: © Adobe Stock / Nuthawut


Os centralizadores não confiam
em seus liderados. Querem que tu-
do seja feito “do jeito deles”. Ellen G.
White disse que determinado chefe
era inapto para a liderança porque

O
sentia que devia “moldar e ajustar a
irmão Autócrates é o pri- mas a atitude que ele representa é experiência de outros conforme as
meiro ancião da igreja cen- real e existe em muitas igrejas. Tal- suas próprias ideias”, e o exortou ao
tral de Egolândia. Ele é vez haja em sua congregação alguém “arrependimento e reforma”.1
muito dedicado. Sempre atento a tudo, igual a ele. Se a frase: “Se eu não fizer, Deus é o líder por excelência. Deus
ele prega quando o pastor está ausen- outro não fará bem-feito” é frequen- é um líder que delega. Ele delegou au-
te, visita os irmãos, ministra estudos te em seus pensamentos, talvez você toridade a Cristo (Ef 1:20-22), que por
bíblicos, organiza as atividades da igre- mesmo seja parecido com Autócrates. Sua vez delegou ao Espírito Santo o
ja, desde o coral infantil até o evange- O nome que eu dei ao personagem completar a obra da salvação do pe-
lismo. Autócrates também acumula deriva do grego, da mesma raiz da pa- cador (Jo 14:26). Deus delega à igre-
outras funções. Ele está tão satisfei- lavra “autocracia”, que é o exercício do ja a tarefa de pregar o evangelho (Mt
to com sua dedicação que pensa que poder sem partilhá-lo como outros. 28:20). “O Senhor não faz coisa alguma
será homenageado como “o ancião do “Egolândia” significa “a terra do eu”, e sem nossa cooperação.”2 Portanto, li-
ano” no próximo concílio de anciãos. vem do latim. A liderança centraliza- derar sem delegar é agir contraria-
No entanto, essa não é a percep- dora, ainda que comum, não pode ser mente ao modo de Deus agir.
ção dos demais quanto ao desem- considerada um estilo de liderança. Reflita sobre sua liderança. Pre-
penho dele. O tempo empregado no Assumir a maior parte das responsa- pare alguém para ser seu sucessor.
serviço da igreja compete com o pou- bilidades sem compartilhar deveres é, Peça a Deus que o ajude a pensar
co tempo reservado à família. Além na verdade, falta de liderança. como João Batista: “Que ele cresça e
disso, os demais anciãos da igreja de que eu diminua” ( Jo 3:30).
Egolândia ficam sem ter o que fazer. LIDERANÇA PARTICIPATIVA
Referências
Autócrates concentra autoridade e Já na igreja de Filadélfia, o ancião 1
Ellen G. White, Liderança Cristã (Tatuí, SP: Casa
não compartilha responsabilidades. Nicodemos atua de maneira diferen- Publicadora Brasileira, 2023), p. 33.
2
Ellen G. White, Mensagens Escolhidas (Tatuí, SP:
A congregação está insatisfeita com o te. Ele aprecia quando alguém que Casa Publicadora Brasileira, 2023), v. 2, p. 196.
“dono da igreja”. O pastor, apesar de ele discipulou desempenha a lide-
confiar nele, frustra-se com o fato de rança. Nicodemos está ultimamen-
Foto: William de Moraes

tudo depender de uma única pessoa. te ocupado em preparar uma outra


Autócrates é um personagem que pessoa para ser o primeiro ancião Fernando Dias
Editor associado da
existe apenas na minha imaginação, em seu lugar. Não porque deixará de Revista do Ancionato

34 abr l mai l jun 2023


Escreva para A Revista do Ancionato é órgão oficial da Associação
Ministerial para anciãos de igreja e diretores de

a Revista do
congregações. Publicada trimestralmente, o propósito da
revista é informar sobre o programa eclesiástico e fornecer

Ancionato
subsídios para uma liderença eficaz. A fim de ampliar o
rol de colaboradores da revista, incentivamos aqueles que
desejarem a contribuir com artigos e esboços de sermões.

COMO DEVO ESCREVER?


QUEM PODE ◼A
 s matérias devem estar digitadas em
ESCREVER?
arquivo Word, com fonte Arial tamanho 12
Líderes voluntários e pastores e espaçamento 1,5.
que tenham alguma contribuição ◼C
 itações e referências a outros autores devem
relevante para o crescimento pessoal ser indicadas em notas de fim de texto no
e espiritual do ancião de igreja. formato: Autor, Título (Local: Editora, ano), página.
◼O
 s esboços de sermão devem ter entre 4.800 e
SOBRE O QUE 5.200 caracteres com espaços.
POSSO ESCREVER? ◼A
 rtigos de uma página devem ter até 3.500
◼ Esboços de sermão; caracteres com espaços; artigos de duas páginas
◼ Temas teológicos; devem ter até 7.000 caracteres com espaço;
◼ Saúde e prevenção de doenças; artigos de três páginas devem ter até 9.500
◼ Ética e comportamento cristãos; caracteres com espaço; artigos maiores só
◼ Oratória e preparação de sermões; serão publicados excepcionalmente e a critério
◼ Espiritualidade e vida devocional; dos editores.
◼ Liturgia, culto, adoração e música;
◼ Discipulado e crescimento de igreja;
◼ Liderança e administração aplicadas QUAIS OS CRITÉRIOS
à igreja; PARA A PUBLICAÇÃO?
◼ Relacionamentos interpressoais e ◼O
 s esboços de sermão devem ser
familiares; preferencialmente expositivos, divididos em
◼ A ssuntos atuais relacionados à tópicos, com aplicação pessoal e apelo, e
liderança da igreja; coerentes com as regras de interpretação bíblica.
◼ Comentário teológico ou devocional ◼O
 s artigos devem estar em harmonia com as
de textos bíblicos; crenças e posicionamentos da Igreja Adventista
◼ Testemunhos de atividades do Sétimo Dia.
evangelísticas bem-sucedidas; ◼N
 ão se publicam matérias com pontos de vista
◼ Orientações práticas para os político-partidários, revisionismos históricos
ministérios da igreja (Escola ou científicos e especulações teológicas em
Sabatina, Desbravadores, Ministério desarmonia com a interpretação adventista
da Mulher, etc.). tradicional.

?
revista.ancionato@cpb.com.br,
COMO ENVIAR Os textos devem
ser enviados por acompanhados de uma fotografia de perfil
MEU TEXTO e-mail para digitalizada em alta resolução.

 Revista do Ancionato 35
AGENDA
DIVISÃO SUL-AMERICANA
CALENDÁRIO
2023
SEGUNDO TRIMESTRE | ABR MAI JUN

01 a 08/04
Abril Evangelismo Semana Santa

20/05
Maio Sábado da Criança e Dia do Aventureiro

03/06
Sábado Missionário da Mulher Adventista

09 a 11/06
Junho Fim de Semana da Família

24/06
Dia do Ancionato

Anote na sua agenda!

adventistas.org adventistasbrasil adventistasoficial adventistasbrasiloficial iasd

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