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1.4 Abrangéncia da Ergonomia r diversas contribuigdes para melhorar as condigdes de trate, podem variar, conforme a etapa em que ocorrem. Em algun, 30 bastante abrangentes, envolvendo a participacao dos diversos Scale ivos e varios profissionais dessas empresas. mM Cursos superiores para formagao de ergonomistas, mas si, ‘os de pds-graduacao. Nas empresas, mesmo nao existindo de. pecializados em ergonomia, hd diversos profissionais ligados a saide ni & organizacao do trabalho e ao projeto de mAquinas e equipamentos m colaborar, fornecendo conhecimentos titeis, que poderao ser aproveits. olucao de problemas ergonémicos. Entre esses profissionais, destacam-se: cos do trabalho — podem ajudar na identificagao dos locais que provocam ou doencas ocupacionais e realizar acompanhamentos de satide; A ergonomia pode d: enheiros de projeto — podem ajudar sobretudo nos aspectos técnicos, mo- ando as maquinas e ambientes de trabalho; * Engenheiros de produgdo — contribuem na organizacao do trabalho, estabele- cendo um fluxo racional de materiais e postos de trabalho sem sobrecargas; 1.4 — Abrangéncia da Ergonomia * Engenheiros de seguranca e manutengdo — tencialmente perigosas e que devem ser modifi * Desenhistas industriais — projetos de postos de trabalh « Analistas do trabalho tos de trabalho; * Psicélogos identificam areas e maquinas po- -adas; ajudam na adaptagao de maquinas e equipamentos, 10 € Sistemas de comunicagao; —ajudam sobretudo no estudo de métodos, tempos e pos- — geralmente envolvidos na andlise dos processos cognitivos, relaci namentos humanos, selecdio e treinamento de pessoal, podem ajudar na implanta- do de novos métodos; + Enfermeiros e fisioterapewtas — podem contribuir na recuperagao de trabalha- dores com dores ou lesées e podem também atuar preventivamente; Programadores de produgéo— podem contribuir para criar um fluxo mais adap- tado de trabalho, evitando atrasos, estresses, sobrecargas ou trabalhos noturnos; Administradores — contribuem no estabelecimento de plano de cargos e sala- ios mais justos, que ajudam a reduvzir os sentimentos de injusticas entre os traba- Ihadores; ¢ Compradores — ajudam na aquisi¢&io de méquinas, equipamentos e materiais mais seguros, confortaveis, menos t6xicos ¢ mais limpos. Muitos desses profissionais ja tiveram oportunidade de freqiientar cursos de pés- graduagao em ergonomia e se especializaram para atuar profissionalmente na rea. Essa abordagem interdisciplinar reproduz, de certa forma, aquela adotada pelos ingleses durante a guerra e que j4 foi apresentada anteriormente. Agora pode-se conseguir resultados mais rapidos e objetivos sob a coordenagao de um especialista em ergonomia. Ele sabe quando e porque deve ser convocado cada um desses pro- fissionais, para resolver os problemas. Para que isso se torne vidvel, é imprescindivel o apoio da alta administracdo da empresa para facilitar, encorajar ou até exigir o envolvimento de todos esses pro- fissionais na solugao de problemas ergondmicos. Contudo, ressalta-se que cada um deles tem um viés proprio. Estao acostumados a ver o problema do seu ponto de vista particular. Deverdo ser feitos esforgos para derrubar as barreiras que separam as profissées, para que eles passem a trabalhar cooperativamente na solugao de problemas. Amelhor forma de fazer isso é com a realizagao de reunides periddicas, de curta duragdo, com esses profissionais, para discutir conceitos, apresentar de resultados manté-los informados sobre a evolucao dos trabalhos. Quando surgir algum pro- blema em que se torne necessério pedir a colaboracao de algum deles, esta pode- r4 ser obtida mais rapidamente, com menor resisténcia, pois ji saberao do que se trata. A ccontribuicao da ergonomia, de acordo com a ocasi&o em que ¢ feita, classifica-se em concepgao, corregao, conscientizagao (Wisner, 1987) e participacao. Capitulo 1 — 0 que é Ergonomia Ergonomia de concep¢ao quando a contribuigio ergonOmica se faz durin, te o projeto do produto, da maquina, ambiente ou sistem Esta 6 a melhor git cai, pois as alternativas poderdo ser amplamente examinadlas, 1 Lambo s ue as decisées sfio tomadas com b maior conhecimento e experiéncia, pord situagdes hipotéticas, ainda sem uma existéncia real. O nivel dessas decisies prog, ser melhorado, buscando-se informagées em situagdes semelhantes que j4 cxistay, ou construindo-se modelos tridimensionais de postos de trabalho em madeira gy papelao, onde as situagées de trabalho podem ser simulad Os relativamenty, baixos. Modernamente, essas situagoes podem ser simuladas no computador, coy, ‘uso de modelos virtuais. A ergonomia de concepgio ocorre MK: ogy Ergonomia de corregao licada cm situagdes reais, ja existentes, para resol fadiga excessiva, doengas do trabalha- Muitas vezes, a solugdo adotada nao ¢ custo elevado de implantagio. Por A ergonomia de corregao € ay ver problemas que se refletem na segurinca, dor ou quantidade e qualidade da procucao. completamente satisfatéria, pois ela pode exigir exemplo, a substituigao de méquinas ou materiais inaclequados pode tornar-se muito onerosa. Em alguns casos, certas melhorias, como mudangas de posturas, colocagao de dispositivos de seguranca e aumento da iluminagéo podem ser feitas com relativa facilidade enquanto, em outros casos, como a reducao da carga mental ou de rufdos, tornam-se dificeis. Ergonomia de conscientizagao ‘A ergonomia de conscientizagao procura capacitar os préprios trabalhadores para a identificacao e correcao dos problemas do dia-a-dia ou aqueles emergenciais. Muitas vezes, os problemas ergonémicos nao sio completamente soluciona- dos, nem na fase de concepgao e nem na fase de correcao. Além do mais, novos problemas poderao surgir a qualquer momento, devido & prépria dindmica do processo produtivo. Podem ocorrer, por exemplo, desgastes naturais das mé- quinas e equipamentos, modificagées introduzidas pelos servigos de manuten- cdo, alteracdo dos produtos e da programagao da produgao, introdugao de novos equipamentos, substituigéo de trabalhadores e assim por diante. Os imprevistos podem surgir a qualquer momento e os trabalhadores devem estar preparados para enfrenté-los. Pode-se dizer que o sistema produtivo e os postos de trabalho assemelham-se # organismos vivos em constante transformacéo e adaptagéo. Portanto, é importam? conscientizar o operador, através de cursos de treinamento e freqtientes reciclage” ensinando-o a trabalhar de forma segura, reconhecendo os fatores de risco que P” dem surgir, a qualquer momento, no ambiente de trabalho. Nesse caso, ele deve ber exatamente qual a providéncia a ser tomada numa situagdo de emergéncia. 0 exemplo, desligar a maquina e chamar a equipe de manutencao. ‘| 1.4 — Abrangéncia da Ergonomia 4 Essa Fe aientizagao dos trabalhadores nem sempre ¢ feita s6 em termos indivi- uals. Ela pode ser feita coletivamente, em niveis mais amplos, com o envolvimento do sindicato dos trabalhadores, quando o problema afetar a todos, como no caso de poluigdes atmosféricas ou radiacdes nucleares, Ergonomia de Participagao A ergonomia de participacao procura envolver 0 proprio usuario do sistema, na so- lugdo de problemas ergonémicos. Este pode ser o trabalhador, no caso de tim pos- to de trabalho ou consumidor, no caso de produtos de consumo. Esse principio é baseado na crenca de que eles possuem um conhecimento pratico, cujos detalhes podem passar desapercebidos ao analista ou projetista. Além disso, muitos sisternas ou produtos nao sio operados na forma “correta” ou seja, como foi idealizada pelos projetistas. Enquanto a ergonomia de conscientizagao procurava apenas manter os trabalha- dores informados, a de participagao envolve aquele de forma mais ativa, na busca da solugdo para o problema, fazendo a realimentagao de informacées para as fases de conscientizagao, corregao e concepcao (Figura 1.3). Difusao da ergonomia na sociedade Em alguns patses, principalmente aqueles europeus, existem esforgos para difundir certos conhecimentos basicos da ergonomia para uma faixa maior da populagao. Os sindicatos de trabalhadores, por exemplo, procuram conscientizar os seus membros sobre os ambientes nocivos & satide (Oddone et al. 1986), para que eles nao se sujei- tem as condi¢des que podem provocar danos a satide. Para isso, preparam cartilhas ilustradas e promovem palestras com os trabalhadores. Em muitos paises existem também associacées de defesa dos consumidores, que procuram advertir 0s mesmos sobre produtos ou servicos inconvenientes, de forma mais ampla, abrangendo a po- pulacdo em geral. Os conhecimentos sobre ergonomia geralmente sao gerados através de pesquisas realizadas em universidades e institutos de pesquisa. Esses conhecimentos originais 40 apresentados em congressos cientificos ou publicados em periddicos, sob forma de artigos. Daf se difundem para o ensino universitario e a midia em geral. A Associa- do Internacional de Ergonomia considera cinco niveis de difusao dos conhecimen- tos cientificos e tecnolégicos: Concepgao | | Correcdo fcr rc = poo} Realimentagées 15 Figura 1.3 Ocasides da con- tribuigao ergoné- mica. Capitulo 1 — 0 que ¢ Ergonomia Nivel 1. 0 conhecimento 6 dominado apenas por um ntimero restrito de pesgy, dores e professores. ae Nivel 2. O conhecimento 6 dominado por especialistas da drea e por estudantes 4 p6s-graduaciio. ‘ Néwel. 8. 0 conhecimento 6 dominado por estudantes universitérios em geral, Nivel 4.0 conhecimento é dominado por empresarios, politicos e outras pessoas q, sociedade, que tomam decisdes de interesse geral. Nivel 5. O conhecimento é incorporado ao processo produtivo e passa a ser “cons, mido” pela populacdo em geral. Verifica-se que até o nivel 3, 0s conhecimentos circulam no Ambito restrito de pesquisadores e estudantes. A partir no nivel 4, passam ao dominio mais amplo dos nao-especialistas da rea. No ultimo nivel, costuma-se dizer que 0 conhecimenty chegou As “prateleiras dos supermercados” ou seja, foi incorporado aos produtos e servigos disponiveis no mercado. Os tempos que decorrem entre esses niveis podem ser muito varidveis. No século XVIII, decorreram cerca de 80 anos entre a invengao e a aplicagao do alto-forno e baterias elétricas. J4 0 telégrafo e radio, in. ventados no século XIX, encontraram aplicagdes apés 40 anos. No século XX, para invengdes como a televisdo e a penicilina, esses tempos foram. reduzidos para 20 anos. Para o nylon e o transistor, cerca de 10 anos. Atualmente, algumas invencdes encontram aplicacdes quase imediatas. Contudo, para um conjunto de conheci- mentos como a ergonomia, o tempo necessdrio para difundir-se na sociedade pode ser mais demorado. Em alguns paises industrializados, pode-se dizer que a ergonomia j4 atingiu os nfveis 4 e 5, pois seus conhecimentos foram incorporados em legislacdes e normas técnicas. No Brasil, pode-se considerar que jé foi ultrapassado 0 nivel 1 e se caminha para os niveis 2 a3. A contribuigéo ergondmica também pode variar, de acordo com a magnitude ¢ abrangéncia do problema, em andlise de sistemas e anélise dos postos de trabalho. Analise de sistemas ‘A andlise de sistemas preocupa-se com o funcionamento global de uma equipe trabalho que usa uma ou mais maquinas. Abrange aspectos mais gerais, como 4¢° tribuiao de tarefas entre o homem e a maquina, mecanizacdo de tarefas e assim P* diante. Ao considerar se uma tarefa deve ser atribufda ao homem ou & maquina, © vem ser adotados critérios como custo, confiabilidade, seguranga e outros. A am de sistemas pode ir se aprofundando gradativamente, até chegar ao nivel de dos postos de trabalho que os compée.

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