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Zane

Eles pertenciam a mundos diferentes, mas eram perfeitos juntos.

Patrícia Rossi
1ª Edição
2015
Copyright © 2015 por Patrícia Rossi

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem
autorização por escrito do autor.

Equipe Editorial
Revisão: Ariane Silva
Diagramação Digital: Patrícia Rossi
Capa: Franz Gerbatin
AGRADECIMENTOS
Eu não teria outra forma de começar esse agradecimento, senão dizendo muito, muito obrigada para as minhas lindas e amadas
leitoras! Sem elas, nada disso seria possível. Vocês mudaram minha vida, meninas!
Mari Novaes, minha gêmula siamesa! A você eu tenho de agradecer (de novo), por ter me apresentado Olly Foster, esse modelo
lindo que me inspirou a escrever essa história! Muito obrigada, linda!
Eu também devo agradecer a dona Vitória, minha mãezinha, que desde cedo despertou em mim esse amor pela leitura. Você é a
razão de tudo isso estar acontecendo, meu amor!
Isa Feijó! Minha preciosa! Quase uma coautora! Salvou-me em muitos momentos. Obrigada, amiga.
Li Quesada, Jéssica Silva, Elisama Almeida! Minha quadrilha, juntamente com Isa! Amo vocês, meninas!
Cris Spezzaferro, você é especial para mim! Sempre me apoiando, me auxiliando! Te amo, linda!
Mariza Fernandez (Mari Izaf), muito obrigada também, amor. Sabe do meu carinho por você, não é?
As meninas dos meus grupos no facebook, Zane e Quinn e Patrícia Rossi Romances, muito obrigada, meus amores!
Bom, eu espero não estar deixando ninguém de fora. Para todos, a minha gratidão.

“É oficial!” Pensava Quinn. “Eu vou matar o Blane!”


Por conta de seu empregado e amigo, se encontrava do outro lado da cidade, num bar que era
frequentado na sua grande maioria por homens. As poucas mulheres que ali estavam, lhe lançavam
olhares no mínimo curiosos. Claro, obviamente que seu belo vestido azul-escuro e seu tailleur no
mesmo tom, feitos sob medida, seu altíssimo scarpin e sua enorme bolsa de grife, não combinavam
com o lugar. O jeans predominava ali, tanto nas calças como nas jaquetas.
Mas ela estava irritada demais para também se aborrecer com aquilo. Até para notar que era o
centro das atenções também para os homens.
— Blane, Blane! Cadê você? — murmurou, mais para si mesma, consultando o relógio caro e
lançando outro olhar para a porta.
Ele estava quase meia hora atrasado. E ele sabia que ela não gostava de atrasos!
Havia pedido somente uma água, acreditando que sua espera não seria longa. Cruzou as pernas,
balançando um pé nervosamente.
De repente, Tito e Tarantula começou a soar deliciosamente pelo ambiente, com Back to the
House. Procurou sua origem e notou que vinha de uma antiga Jukebox. Amava aquela música. Sorriu
suavemente. Ao menos algo de bom naquela tarde! Havia tempos que não ouvia aquela música!
Então uma risada ao fundo lhe chamou a atenção. Era máscula, crua e arrogante. E foi quando ela
o viu. A primeira coisa que notou era que ele era muito alto, talvez 1, 90 m, 1, 95 m. Ele era largo
também. Era moreno ou bronzeado de sol, não podia dizer. Vestia uma camiseta branca, com um
decote v e apesar de solta, não lhe escondia o peitoral poderoso, ou seus braços extremamente bem
definidos e colossais. O jeans claro lhe moldavam as coxas fortes. Que braços, que pernas! Uma
tatuagem surgia de seu braço esquerdo, sob a camiseta, num emaranhado negro. Ela não entendia de
tatuagens e nunca se interessara por elas. Mas aquela parecia feita para talhar aquele homem em
especial.
Quinn aproveitou que seu lugar era privilegiado junto à janela e assim, ficava mais afastada das
demais mesas para examinar o sujeito que estava distraído no jogo de sinuca. Com aquela música,
que ela considerava extremamente sexy de fundo, começou sua apreciação. Seu rosto era
extremamente anguloso, maxilares bem acentuados, cobertos por uma sombra escura que era sua
barba por fazer. Seus cabelos eram raspados, deixando sua cabeça também com uma sombra escura
muito suave. Adorou como o trapézio dele se destacava nos ombros.
Quando ele ergueu seus braços para comemorar um ponto, ela teve um vislumbre de seu abdômen,
como não poderia deixar de ser trincado? Assim como notou o cós da boxer dele, pouco acima da
cintura de sua calça e que ele tinha outra tatuagem no quadril esquerdo que subia até quase suas
costelas. E sem poder se deter, seus olhos continuaram a descer. Um homem daquele tamanho devia
ser bem-dotado também.
Percebendo que estava despindo o homem mentalmente, e também imaginando sua grossura e
circunferência, e sim, sentido que ficava molhada, Quinn engoliu uma respiração e fechou os olhos
por um segundo. Com os diabos, era só um homem!
Para sua salvação, o garçom chegou naquele instante:
— Deseja beber algo, senhorita?
Ela lhe sorriu, esperando que não estivesse rubra como a bandeira de um toureiro:
— Chá gelado com limão, por favor. — Ela até queria algo mais forte para aplacar um pouco o
calor que agora a dominava, mas ainda tinha trabalho a fazer.
— Trago num minuto. — O rapaz lhe disse, endereçando uma piscadela.
De novo sozinha na mesa, ela sorriu para si mesma. O rapaz até era bonitinho. Mas não era seu
número. Muito menos aquele enorme homem tatuado, viril e sexy como o inferno que estava na mesa
de sinuca ao fundo do bar.
Não que fosse preconceituosa, mas no mundo em que vivia, homens como ele não eram...
Aceitáveis. A alta sociedade tinha regras idiotas, mas se tinha de viver nela, tinha de conviver com
elas.
Mas mesmo com isso em mente, seus olhos voltaram a procurar por ele no fundo do salão. E ficou
decepcionada ao não encontrá-lo. Enrolando um dedo em uma mecha de seu cabelo bem cuidado, que
estavam presos a um rabo de cavalo, Quinn começou a vaguear o lugar, discretamente, tentando achá-
lo. Sua busca não foi muito longa. Deu com olhos penetrantes a encará-la por sobre um copo que lhe
parecia ser de uísque, do outro lado do balcão.
Por segundos, esqueceu-se de como se respirava. Viu-se presa naquele olhar, que mesmo a
distância, tinha um magnetismo implacável. Teria ele a visto examiná-lo? Não, não devia. Estava
distraído. Mas então por que seus olhos não deixavam os dela, nem por um instante? Oh, Deus, ela o
havia examinado. Com um pouco mais de afinco! Se houvesse sido flagrada, voaria porta afora.
Sabia que podia parecer um belo pimentão no momento, mas o que fazer?
Teve até a impressão de que ele até lhe endereçou um leve meneio de cabeça. Seus lábios se
entreabriram e só então ela soltou o ar. E foi salva de novo pelo garçom oportuno que voltava.
Ele se posicionou entre os dois e ela quase lamentou quando o contato visual foi quebrado.
“O que é isso, Quinn?” — se repreendia — “Você não é de flertar com homens num bar de
reputação duvidável!”
Tentou prestar atenção no rapaz, que parecia querer ser percebido, pelo jeito doce com que se
dirigia a ela.
— Sua bebida, madame. — Sorriu-lhe.
O que ela achava que ele considerava ser seu sorriso sexy, meio de lado, curvando-se com
reverência diante da mesa.
— Obrigada... — buscou pelo nome dele em seu crachá — Adam. Você é muito gentil. — e já que
estavam trocando sorrisos, lhe retribuiu com seu melhor, mostrando sua fileira de dentes brancos e
brilhantes.
Notou que deixou o jovem atordoado por um instante. Aquilo fez muito bem ao seu ego.
— Ah... — ele pareceu perder também a voz, mas se recompôs logo, sem jeito — se precisar, é
só chamar, por favor.
— Eu chamo.
Assim que o rapaz partiu, ela pensou:
“Ok, flertar com um garçom já é demais! Pensava assim que o rapaz saiu. Você precisa sair
mais, Quinn! Socialmente. E ter um bom sexo, coisa que há muito não tem.”
Isso ela não tinha desde que rompera seu longo noivado com Ashton Dawson III. Se bem que um
bom sexo, ela não tivera nem mesmo durante essa relação. Seu ex era do tipo... Egoísta, por assim
dizer.
Falando, ou melhor, pensando em sexo, seus olhos lentamente voltaram para o bar, onde aquele
belo exemplar masculino ainda a encarava, agora recostado em sua cadeira, preguiçosamente. Seus
braços poderosos cruzados, fazendo seu olhar deslizar por sua tatuagem, seus músculos definidos.
Teve de baixar seus olhos. Estava ficando acalorada. De novo! E muito mais importante, não
queria que o sujeito pensasse que flertava e decidisse tomar a iniciativa de uma aproximação.
Fingiu examinar suas mensagens no celular para não mais ter de fitá-lo. E foi quando realmente
encontrou uma mensagem de Gwen, sua assistente e amiga.
Blane me ligou e disse que não poderá encontrá-la. Sinto por isso.
Simples assim. Ela quase deixou escapar uma praga bem feia. Não era de palavrões, mas desejou
esbravejar um, bem naquele momento.
Estivera ali, há quase quarenta minutos por nada! Ele era uma espécie de caça tesouros. Quinn
Armentrouth tinha uma loja conceituada que vendia artigos raros e de luxo. Blane dissera ter
encontrado uma família que havia herdado um Monet e que queriam vendê-lo. Ficara de se encontrar
com ela naquele bar para levá-la a casa dos possíveis vendedores. E nem tivera a dignidade de ligar
para ela e avisar que não viria! Sabia que enfrentaria sua ira e, com certeza, isso o acovardara. Ela
era uma mulher muito ocupada para perder seu precioso tempo daquele jeito.
Bufando de raiva e frustração, provou enfim do chá, que até era muito bom, considerando o lugar.
Foi então que notou números anotados no guardanapo sob o copo. Não pôde evitar um novo sorriso.
Adam havia deixado seu número de telefone. Pobrezinho! Era óbvio que ela nunca ligaria. Já se fosse
o número do bonitão. Aí menos ainda devia ligar, mas ficaria tentada. Muito tentada.
Contendo o desejo de novamente examinar o tatuado, guardou o pedaço de papel na bolsa, deixou
uma nota graúda sobre a mesa e levantou-se para deixar o local.
Mas antes de se voltar e sair, seus olhos, puxados por uma força maior, pousaram de novo no
moreno. Agora ele tinha os dois braços apoiados no balcão, fitando-a com uma expressão séria, que
lhe fez gelar os ossos. Perigoso. Essa era a definição para ele.
Baixando seu olhar, rumou para a porta e então estava na calçada. O lugar era um bairro de classe
média e tivera muito receio de deixar seu belo Corvette vermelho na rua, assim optara por uma
garagem, dois quarteirões dali.
Já estava escurecendo. Ao notar que a rua estava praticamente deserta àquela hora, a deixou
receosa. Mas colocou-se a caminho, com passos firmes. Seus saltos ecoavam sobre a calçada.
Não havia alcançado nem mesmo meia quadra, quando teve a impressão de que alguém a seguia.
O medo se apossou dela. Ao virar-se para contornar a esquina, arriscou um olhar para trás e viu
quando alguém se escondeu sob a sombra de uma árvore. Agora ela estava aterrorizada. Aumentou
seus passos e já quase corria.
“Meu Deus! Não me deixe ser assaltada! Ou pior, estuprada e morta aqui!” — rogava.
Outro olhar e constatou que seu perseguidor vinha muito próximo. Quando alcançou a garagem,
ela já corria a passos desesperados. E para seu total desalento, não havia ninguém na portaria. Tocou
a sineta inúmeras vezes, mas ninguém apareceu.
Quando ouviu sons de alguém se aproximando da entrada, correu para os fundos, onde os carros
ficavam. Pensou que talvez pudesse se esconder lá.
Entrou no meio dos carros pretendendo se abaixar entre eles, quando ouviu o chamado:
— Moça?
Virou-se abruptamente, seus olhos arregalados de terror. Seu coração disparado de tal maneira,
que mal conseguia respirar, pensar. E seu pânico foi ainda maior, ao reconhecer seu perseguidor.
Não era outro, senão o belo moreno tatuado! A decepção e vergonha se apossaram dela. Como temia,
ele devia ter entendido seus olhares como flertes, enfim.
— Senhorita... — ele avançou um passo em sua direção.
— Não, por favor! Não me machuque! — suplicou, encolhendo-se no canto, agarrando-se a bolsa,
como se disso lhe dependesse a vida.
Ele franziu o cenho e estacou:
— Por que acha que vou machucá-la? — parecia realmente surpreso pela acusação.
— Você estava me olhando... Lá no bar. — Acusou.
Ele sorriu de canto de lábios, torcendo a cabeça para um lado:
— Bom, você também estava me olhando.
Quinn engoliu em seco, ainda não se sentindo segura:
— Mas você estava me perseguindo!
— Não, eu corri até aqui porque você deixou isso na mesa. — Ele lhe estendia o celular.
Ela realmente não havia dado por falta dele. Não fez nenhum gesto em direção ao aparelho. Podia
ser algum truque para fazê-la baixar a guarda. Podia até mesmo não ser seu aparelho.
— Mas como sabia onde me encontrar?
— Porque seu ticket do estacionamento estava grudado a ele. — Mostrou também o pequeno
pedaço de papel.
Mas então ele se interrompeu por um momento, voltando a franzir o cenho:
— Espera, disse que estava sendo perseguida?
— Si-sim...
— Tem certeza?
— Tenho. Eu vi... Vi alguém se esconder, quando me virei para olhar.
Cauteloso, depositou o celular e o ticket sobre o carro ao lado dela e lhe disse:
— Fique aqui, está bem? Não saia daqui! — ordenou — ok? — insistiu, quando ela não
respondeu.
Ela se abraçou, meneando a cabeça rapidamente. Então o estranho retrocedeu alguns passos. Sem
conseguir segurar sua curiosidade, Quinn foi até a traseira do carro, ver o que acontecia.
— Hey! — o tatuado então gritava.
Logo na entrada, ela pôde vislumbrar a silhueta de um homem que parecia observá-los. Vestia um
agasalho de moletom e sua cabeça estava escondida sob o capuz.
— Perdeu alguma coisa, amigo?
Ao perceber que o moreno se dirigia a ele, o sujeito se colocou a correr freneticamente, sendo
perseguido pelo homem tatuado.
Ao se ver sozinha naquele lugar imenso e deserto de novo, Quinn gemeu, tremendo até a alma.
Teve de admitir que ficou aliviada ao ver o belo moreno voltar até ela. Primeiro por se sentir em
segurança e depois... Bom, saber que não era ele quem queria lhe fazer mal. Ela estava aliviada.
Quando ele parou diante dela, Quinn tinha uma mão sobre o peito, onde seu coração ainda batia
descompassado e engoliu, sentindo a garganta extremamente seca.
— Bom, o que quer que o cara desejava, ele não quis parar para explicar — Brincava o sujeito,
parecendo querer acalmá-la.
— Eu imagino! — ela bufou.
— Você está bem? Quer uma água?
Ela até queria, mas o desejo de sair daquele lugar o mais rápido possível era maior:
— Não, tudo bem. E muito obrigado! Eu acho que o senhor acaba de salvar minha vida!
Ele riu tenuemente, suas mãos enfiadas nos bolsos de um casaco de moletom escuro. Também
tinha um gorro preto em sua cabeça. Possivelmente para protegê-la do ar fresco da noite.
— Não acho que seja para tanto.
— Sabe-se lá o que aconteceria se você não aparecesse! Eu poderia ser assaltada... Ou coisa
pior, nesse momento! — ela estremeceu diante da ideia.
— Acho que era só um viciado em busca de uns trocados. E a sorte foi ter esquecido suas coisas
no bar. — Ele apontou o celular e o ticket, ainda sobre o carro.
Olhando para as peças, ela gemeu baixinho, agora muito envergonhada:
— Me desculpe te acusar daquele jeito!
— Tudo bem. Você estava sendo seguida e aí eu apareci. É lógico.
Então, como não havia de se evitar, o momento de constrangedor silêncio se instalou. E como
também não dava para evitar, eles se examinava. No ambiente mal iluminado do estacionamento, ela
não pôde ver a cor dos olhos dele. Mas pode reafirmar sua primeira impressão, de que o rosto dele
era anguloso, com maxilar largo e queixo quadrado e bem destacado. Um nariz largo e proeminente.
Seus lábios eram finos, mas bem desenhados. E por que não dizer convidativos?
Antes que seu pensamento tomasse um rumo indevido, estendeu a mão, tentando quebrar o clima:
— Sou Quinn Armentrouth.
Por um instante ele a fitou, tanto seu rosto, quanto sua mão estendida, como se não a
compreendesse. Mas então retribuía o contato.
Ela teve de disfarçar um arrepio, ao encontro com a pele dele. Sua mão era enorme, calejada e o
pensamento dela correndo por suas curvas, tomando um seio em sua palma se materializou na mente
como se fosse a coisa mais natural do mundo. Agradeceu aos céus por ele não poder ler
pensamentos...
— Zane — ele dizia, ao mesmo tempo muito quieto — Zane Hudson.
— Zane — ela saboreou seu nome, involuntariamente — Bom, obrigada novamente por salvar
minha vida, Zane! — emendou, para que a situação não se tornasse mais constrangedora para ela, que
se sentia como uma adolescente diante do capitão do time da escola!
Ele riu suavemente de novo, correndo uma mão sobre a nuca, enquanto enfiava a outra no bolso do
jeans:
— Não foi nada, senhorita Armentrouth...
— Quinn, por favor!
— Ok. Quinn.
Oh, Deus, a forma como ele pronunciava seu nome! Limpando a garganta, segurou um arrepio que
ameaçou percorrer seu corpo.
— É seu carro?
— O quê? — só então percebia que ele apontava para o veículo ao lado deles — Oh, não. Eu
tenho ainda de pegar as chaves.
— Ok, então aguarde aqui. — Ele pegava o ticket e rumava para a portaria do lugar.
Antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele já se afastara. Ela aproveitou para continuar a
examiná-lo. Sim, ele tinha um lindo bumbum também, como não poderia deixar de ser!
Num ímpeto de rir, pensou que agora era ele quem corria o risco de ser atacado... Por ela!
Observou quando ele parou na portaria, tocando a mesma sineta que ela havia tocado,
insistentemente. Ao notar que não era atendido, ele levou dois dedos aos lábios e deixou um agudo
assovio escapar. Tão rústico, tão cru e másculo.
Quando enfim, alguém apareceu. Ele abriu os braços, de forma arrogante, como se pedindo
explicações e dando uma bela bronca. Não houve discussão de volta. Também, quem, em sã
consciência, enfrentaria aquela montanha de músculos e sua cara brava?
Quinn assistia, encantada, aquele show de testosterona, algo que parecia tão natural nele. Até
meio primitivo.
Mordendo o lábio, ela teve de esfregar as coxas, uma contra a outra, para aliviar um leve
formigamento que se apossou de suas entranhas. De repente, estava muito consciente de ter uma
vagina. Que não recebia a visita de um membro oposto fazia tempos! Tudo o que ela podia pensar
que era que seu belo vibrador verde teria trabalho a fazer naquela noite!
Mal conteve um suspiro frustrado, ao que ele se aproximava com suas chaves. O que não daria
para trocar aquele pedaço de borracha pelo homem de carne e osso, que se encaminhava para ela.

“Foque nos olhos, Zane!” — ordenava a si mesmo — “Não nos lábios sexy como o inferno! E
nem fique tentando um vislumbre daquele bumbumzinho arredondado que viu ao que ela saia do
bar. E por Deus, ignore o cheiro que emana dela! Quer ficar de pau duro, diante de uma
estranha? Mesmo que uma linda estranha, estonteante que lhe invoca imagens quentes a mente!”
Ele havia reparado naquele traseiro bem-feito assim que entrou no bar, toda segura de si, mesmo
não estando em seu ambiente natural. Porque isso era óbvio: ela não era da área. Tanto pela maneira
como se vestia, com uma elegância ímpar, que as garotas do lugar não tinham, tanto também... Bom,
ele teria notado uma belezinha daquela pelas redondezas.
“Essa mulher não é para o seu bico!” — continuava a se advertir. “Assim como Camille.”
Ao que se aproximava de Quinn, forçou-se a tirar o pensamento da outra. Não devia sequer
lembrar o nome dela!
— Suas chaves! — estendeu a ela e percebeu que seus dedos ainda estavam trêmulos.
Pobrezinha! A boneca havia passado por um susto e tanto! Nem queria pensar no que poderia ter
acontecido se ele não aparecesse... Não quisera alarmá-la, mas sabia que a região era perigosa e ela
havia corrido um grande risco.
— Obrigada. Deixe que eu reembolse você...
— Não, tudo bem — Ele a interrompeu, ao que ela buscava a carteira na bolsa, com um gesto de
mão.
— Por favor, eu faço questão.
— Eu também! — teimou, embora lhe sorrisse.
Ela pareceu sem jeito. Talvez pensando que ele era um belo pé rapado, e que aquele dinheiro iria
lhe fazer falta. Ótimo! Um perseguidor e um pé rapado!
“Parece que causou uma boa impressão mesmo, não, Zane?” — se punia, contendo um meneio
de cabeça.
Talvez sua aparência induzisse a tal conclusão. Para algumas pessoas, tatuagens, cabeça raspada e
o jeito despojado de se vestir era como carregar uma placa de vagabundo desordeiro na testa. Bom,
ele não se incomodava com isso. Estava tranquilo com o que era. Sabia quem era, suas convicções e
cada detalhe talhado em seu corpo tinha uma razão de ser. Assim, pouco importava a opinião dos
outros. Mesmo que esse outro fosse uma coisinha deliciosa como aquela:
— Vou te acompanhar até seu carro.
— Ok. Espero me lembrar onde ele está — ela pareceu tomar uma respiração profunda e ensaiar
um passo, para ter certeza de que estava bem para voltar andar.
Zane disfarçou um sorriso. Como era graciosa, mesmo parecendo tão vertebrada quanto uma alga
marítima! E obviamente pensou em como seria deixá-la mole daquela forma, em seus braços, sob seu
corpo em uma cama.
Ele afundou as mãos nos bolsos, para que sua a ereção, que se insinuava, não ficasse tão visível e
começou a segui-la. E com ela a um passo na sua frente, ele podia, não só apreciar o bumbum
perfeito, como também suas longas pernas torneadas. Inferno, que visão! Aquelas pernas em torno de
sua cintura, enquanto se afundava nela...
“Comporte-se, rapaz!” — agora ralhava com seu amigo lá embaixo, que mais parecia um
adolescente virgem. “Sim, ela era de parar todo o trânsito da cidade de Nova Iorque, mas ele sabia
se controlar, não?”
Quinn caminhava insegura e só se direcionou para o carro, quando acionou o alarme e as luzes do
automóvel indicaram seu lugar.
Ela relanceou um olhar para ele, seguido de um sorriso tênue. Por muito pouco não o flagrara
admirando seu traseiro:
— Não consigo imaginar como vocês se equilibram nessas coisas — Disse, para tentar disfarçar,
caso ela tivesse visto seu olhar, apontando seus sapatos, que só serviam para deixar suas pernas
ainda mais torneadas.
— Fala dos saltos? — riu suavemente — costumo dizer que nasci com eles! Se não pareço muito
elegante com eles agora, é porque minhas pernas estão tão firmes como gelatina!
Zane riu baixinho. Além de linda e sexy, ela tinha bom humor.
“Tenho de me casar com ela!” — brincou consigo
— Não se preocupe. Ainda está graciosa — galanteou.
Quinn lhe sorriu encabulada:
— Aqui estamos! — ela parava ao lado de um belo Corvette.
Zane deixou escapar um agudo assovio.
— É um carro e tanto!
— É uma herança de família. Pertenceu a minha avó. Quando ela decidiu parar de dirigir, com
seus oitenta e poucos anos, ela o deu para mim. Ela sabia que eu era apaixonada por ele em segredo!
— Foi restaurado? — Zane perguntava, rodeando o carro, examinando com muito interesse.
— Sim, com peças originais — Ela acrescentou, com orgulho.
— Bom — Ele apreciava.
— Entende de carros?
Zane curvou a cabeça para um lado, sorrindo enigmático:
— Pode se dizer que sim.
“Que o silêncio maldito não se instale novamente!” — Quinn implorava aos céus. Sentia os
olhos gulosos lhe examinado o corpo, embora ele educadamente tentasse disfarçar e isso a deixava a
beira de estremecer de antecipação. E antecipação por algo que não aconteceria.
E se ficassem novamente em silêncio, temia por pular no pescoço dele, como uma faminta por
sexo! Ela quase riu de si mesma.
“Quinn Armentrouth! Você é uma piada! Uma bela de uma coisinha frustrada!” — pensou.
Ela não estava tanto tempo assim sem sexo para parecer desesperada daquela forma! Não que
tivesse tido nada muito satisfatório, mas... O caso era que aquele homem aguçava seu apetite.
Diferente de qualquer outro homem com o qual tivera contato. Não que fosse rude, mas tinha um jeito
quase primitivo, sedutoramente macho, que despertava nela uma necessidade que ela nem sabia que
tinha. Parecia saber levar uma mulher. Bom de foda, como diria sua amiga Júlia.
Agora, assim de perto, podia constatar como ele era grande. Ela não era baixa, e com seus saltos
de quase dez centímetros de altura, ela devia lhe alcançar a ponta do nariz.
Ele agora vestia o pesado casaco de moletom, mas não disfarçava seu corpo largo. Ao qual ela
não conheceria, pois estava se encaminhando para a despedida e muito provavelmente nunca mais o
veria em sua vida. Seus rumos eram completamente diferentes e seria muito improvável que se
encontrassem novamente. Tal pensamento lhe causou desapontamento.
Zane alisou o capô bem encerado do Corvette, sentindo-a muito quieta. Mas sentia também que o
examinava. Que ela não prosseguisse com tal escrutínio, pois ele podia cometer uma loucura, como
lançar seus braços a volta daquele belo corpo curvilíneo e a beijar com voracidade. Porra, nunca
antes uma mulher o balançou, atraiu, assim de cara. E isso tinha de acontecer com outra madame da
sociedade! Até parecia que ele gostava de sofrer. Masoquista!
— Bom, acho que é isso — ela dizia baixinho, quando parou diante dela.
Inferno, por que ela tinha de ser tão linda? Mesmo agora que parecia um pouco sem jeito. Seu
rosto era fino e comprido. Sobrancelhas altas e curvas, um nariz afilado e uma boca! Bom Deus, que
boca! Feita para o pecado! Uma forma perfeita de coração e com seus dentes grandes e brancos que
teimavam em aparecer por entre eles, lhe conferindo um ar docemente vulnerável.
Ele limpou a garganta antes de falar. Caso contrário, a rouquidão nela o denunciaria:
— Acho que sim.
— Bom, mais uma vez obrigada, Zane.
Amava a forma como ela dizia seu nome. O que não daria para tê-la o sussurrando em seu ouvido,
enquanto seus corpos se enroscavam, suados e quentes de prazer!
Ele nem tentou falar dessa vez. Dispôs-se apenas a fitá-la, enquanto ela abria o carro e jogava sua
bolsa lá dentro.
Então ela se voltou e como ele havia dado um passo à frente, para lhe segurar a porta agora
estavam muito próximos. Tanto que sentia em seu pescoço, a respiração um pouco acelerada dela.
Sabia que a afetava, tanto quanto ela a ele. E isso só deixava as coisas ainda mais complicadas de
serem ignoradas.
Quinn nunca fora mulher de cometer loucuras, aventuras de uma única noite, mas como gostaria de
ter essa coragem naquele momento! Coragem de propor aquele desconhecido que fazia seu sangue
correr mais rápido em suas veias, que a fazia ter plena ciência de que era uma mulher com
necessidades carnais, como uma fêmea no cio, que a tomasse, nem que por uma noite! E agora que
ele estava ali, a um palmo de distância, essa necessidade quase gritava em seu corpo. O cheiro dele
era másculo, num misto de loção pós-barba e... Ela não sabia distinguir que cheiro mais emanava
dele, se de sua pele, mas era tão... Tão... Homem!
Zane sentia a hesitação dela.
“Que ela entre de uma vez nesse maldito carro e parta, antes que eu faça algo do que sei que
posso me arrepender... Propor a ela que venha até minha casa e a foder a noite toda!” — pensou.
Então ela pousou uma mão em seu ombro e veio lhe depositar um beijo no rosto. Zane
instintivamente virou sua cabeça e então seu nariz estava mergulhado em seus cabelos. Maçãs
verdes! Era o cheiro dela.
E tão rápido quanto foi o ato, ela já se encontrava dentro do automóvel. Só percebeu que a
impedia de fechar a porta, quando essa tocou em seu quadril. Como um robô, deu um passo para o
lado e a viu dar partida e então sair com seu pequeno Corvette.
Muito lentamente, como se incerta do que fazia, ela rumou para a saída do estacionamento. Por um
momento, cruzando os dedos atrás da nuca, ele torceu para que ela parasse o carro... Mas ficou
aliviado quando a vislumbrou alcançar a rua e então partir. Ao menos esperava se sentir assim.
Sabia que a havia impressionado. Talvez por sua aparência exótica para o estilo de vida dela.
Grã-finas como ela, adoravam se aventurar com tipos como ele. Não que ele se desse a esse luxo.
Tinha de manter distância de tipos como ela. Não queria correr o risco de ter seu coração destroçado
de novo.
E foi dessa forma que Quinn Armentrouth entrou e saiu muito rapidamente de sua vida. Inferno, era
melhor assim! Não precisava de outra madame da alta sociedade para enlouquecê-lo! Não outra
Camille.
Porra, mil vezes porra! Precisava parar de trazer o nome daquela maldita à mente! Correndo as
mãos sobre o rosto, bufou de frustração e retomou o caminho para o bar. Quinn e sua bela boca.
Quinn e seu belo traseiro arredondado. Suas pernas.
Lola se encontrava no bar. Era uma garota muito bonita e de corpo cheio de belas curvas. E
parecia bem interessada em passar umas horas com ele. Ela havia deixado isso bem claro, na forma
como lambia o canudo de sua bebida, enquanto o fitava. Ou então quando esfregava suas belas coxas
uma contra a outra, como se dizendo que precisava dele entre elas. Já tinham passado alguns
momentos juntos e ele sabia que ela fodia divinamente. Assim como fazia um boquete de fazer
qualquer homem esquecer seu nome e revirar até os dedos dos pés.
Bom, ela não era Quinn, nem mesmo se assemelhava a ela, tendo seus cabelos cacheados pintados
num tom de ruivo bem quente. Era uma mulher muito bonita, de beleza agressiva. Já Quinn era toda
uma dama, traço fino e um queixinho delicado, bem-feito como uma bonequinha de porcelana.
Mas que inferno! Por que estava pensando de novo em uma mulher que muito provavelmente
nunca mais veria?
Com tal pensamento, terminou de beber o refrigerante de seu copo, deixou uma nota sobre a mesa
e caminhou decidido até Lola. Não seria Quinn, mas teria sim uma mulher em sua cama, naquela
noite! Era aquilo ou a outra opção era se acabar nos próprios dedos. Porque com certeza precisava
foder naquela noite! Muito!

Quinn depositou as chaves no aparador, descalçando os sapatos, seus dedos rumando para os
botões do tailleur, seus olhos vidrados em nenhum lugar específico.
Na verdade, a imagem de Zane Hudson, em seu retrovisor, lá parado, com as mãos cruzadas em
sua nuca, como se lamentasse vê-la partir, ainda estava bem nítida em sua cabeça.
E se ela houvesse voltado?
Bufando, chutou um sapato longe:
— Maldita seja, Quinn! Se foi covarde a ponto de não pagar para ver, agora durma com essa!
Descendo o zíper lateral de seu vestido, foi rumo ao banheiro. Nunca antes sentira seu corpo tão
desperto, necessitado de um toque. E esperava mesmo que Hulk, seu potente vibrador verde, desse
conta do recado!
Essa pequena e agora essencial pecinha fora presente de sua melhor amiga Júlia McIntyre, quando
terminou seu noivado com Dawson. Disse que seria melhor companhia que aquele safado,
mulherengo e arrogante sujeito. E ela estava com a razão. Tivera mais orgasmos com aquele pedaço
de borracha do que com o egoísta de seu ex-noivo.
Terminando de despir o vestido, deixou-o a um canto do banheiro e ligou as torneiras para encher
a banheira. Precisava de um longo, quente e perfumado banho.
Voltando em seu encalço, vestindo agora somente seu conjunto de lingerie preto da Victória
Secrets, foi recolhendo as peças deixadas para trás. Estava tentando se acostumar de que agora,
morando sozinha, tinha de cuidar de suas próprias coisas. Já não tinha o conforto da casa grande e
cheia de empregados da qual usufruía, há apenas seis meses atrás. Foi quando deu um giro de 180
graus em sua vida.
Abandonou um noivo prepotente, abusivo por conta de sua posição social e, além disso, infiel.
Esse último detalhe ninguém lhe dissera. Tivera o infortúnio ou sorte de descobrir sozinha.
Deixou a casa que por vinte e oito anos fora seu lar, com um pai amoroso, mas praticamente sem
voz de autoridade e uma mãe, essa sim, a verdadeira dona da casa. Sua relação com Valentine Ann
Fitzgerald Armentrouth era suportável até ela romper com o candidato a genro perfeito!
Sabia que tudo se tornaria um verdadeiro inferno, depois do acontecido e então decidiu deixar a
mansão e procurar seu próprio canto, que, aliás, era o que desejava fazer havia muito tempo. Achava
que isso só aconteceria com o casamento.
Sua mãe ainda a perturbava muito, querendo forçá-la a reconsiderar sua decisão de pôr fim ao
noivado de cinco longos e tediosos anos! Ela não sabia de toda a história e Quinn não se sentia na
obrigação de contar. Talvez nem mesmo isso fizesse Valentine ter outro conceito sobre a integridade
de caráter de Ashton Dawson III. O que importava era seu sobrenome pomposo. Filho de um
influente dono de uma cadeia de hotéis de luxo, espalhados pelo mundo todo, Ashton era o genro
sonhado por qualquer mãe no país e fora dele. Mas como homem, companheiro e principalmente
parceiro de cama, deixava e muito a desejar.
Pegando seu celular, notou uma mensagem de Blane. Sem nem mesmo ler seu conteúdo,
respondeu:
Falo com você amanhã!
Buscou por uma garrafa de um bom vinho e uma taça. Decidiu que não estragaria sua noite
pensando em Ashton, sua mãe ou Blane. Com um sorriso carregado de malícia nos lábios, pensou que
com certeza o alvo de seus pensamentos naquela noite seria outro. Um homem de verdade, com
cheiro de homem, sexy, de olhar penetrante, mãos grandes...
“Oh, Zane Hudson, o que eu não daria para ter você comigo aqui, a caminho daquela
banheira?”
Já no banheiro, colocou Feeling Good, na voz deliciosa de George Michael para tocar e retirou o
restante das peças de roupa, dançando sinuosa ao ritmo da música. Imaginou se despindo para aquele
belo moreno, expondo seu corpo feminino e pronto para ele.
Serviu-se de uma boa dose de vinho e entrou na água quente que recebeu seu corpo, fazendo-a
suspirar de puro deleite. Hulk estava ali, a postos.
Mas primeiro ela queria se tocar e imaginar que eram as mãos grandes, que tinham dedos
calejados a tocar sua pele delicada.
Provou do vinho, o líquido dançando entre seus lábios, deixando uma leve dormência em sua
língua. Estava pronta para explorar cada recanto seu, por Zane, pensando nele.
Começou pela nuca, deslizando suavemente seus dedos, deixando as unhas bem-feitas roçarem,
arrepiando-a. Lembrou-se da voz dele, um pouco rouca, grossa. Sua risada abafada. Teve de se
contorcer, sentindo uma languidez a dominar. Roçou as pernas umas contra a outra, sentindo sua
vagina muito sensível. A tal ponto, que talvez Hulk nem precisasse entrar em ação.
Fechou os olhos, agora tocando seus seios fartos, trêmulos e de mamilos eriçados. Lembrou-se da
boca dele. Oh, como seria tê-la sobre seus bicos ultrassensíveis? Os lamberia? Ele os sugaria com
força? Os tomaria em suas mãos, juntando-os, como ela fazia agora? Diria que eram lindos e então
voltaria a saboreá-los?
Quinn voltou a se contorcer e gemeu imaginando a cena:
— Zane — sussurrou, seus dedos mergulhando entre suas pernas, alcançando um dolorido clitóris
que reivindicava atenção.
Arfou ao se tocar. Não, Hulk não seria usado naquela noite. Queria prolongar ao máximo aquele
momento, aquela sensação. Se usasse o vibrador, acabaria tudo muito rápido. Já que não tinha o
homem ali, que ao menos a fantasia dele a tocar fosse mais longa.
Mergulhou dois dedos dentro de si, mordendo o lábio. Como seria a sensação do pau dele ali?
Voltou a gemer alto, imaginando que ele seria grande, que a preencheria total e completamente.
Seria esmagada sob seu corpo torneado e rígido, enquanto ele investia furiosamente contra seu
centro.
Outro gemido torturado ecoou pelo banheiro, agora silencioso, já que a música acabara.
Voltou a acariciar seu clitóris inchado e pronto para fazer seu corpo explodir. Com movimentos
cadenciados, levou-se a outra dimensão, gritando o nome de Zane, quando o orgasmo a arrebatou.
Quinn manteve seus olhos fechados, a respiração suspensa e seus lábios entreabertos. Ao mesmo
tempo em que o corpo se estilhaçava num orgasmo, a frustração a alcançava quase que
imediatamente. E uma simples constatação também a atingia: aquilo só não era o suficiente para seu
corpo sedento por prazer. Sedento por Zane.


Ao estacionar seu reluzente Maverick nos fundos da Harper’s Restauração de Autos, Zane sentia o
corpo esgotado, mas a mente a mil. Dera uma bela canseira em Lola, mas terminara a noite frustrado.
Tivera uma mulher, mas não a que desejava.
Inferno, nunca mais veria Quinn Armentrouth na vida, então tinha de parar de se martirizar por
ela!
Desceu de seu carro, seu tesouro, junto com a Harley que tinha em casa. Havia comprado os dois
por preços de banana e os restaurara quase que como se houvessem acabado de sair da fábrica. E
isso só fora possível pelo que aprendera com seu amigo, Jake Harper, a quem podia dizer, devia sua
vida.
Trabalhava na empresa de restauração de carros e motos antigas há cerca de onze anos. Eram
considerados os melhores da cidade e região nesse quesito.
Se não fosse por Jake e aquele emprego que amava tanto, nem sabia o que teria sido dele. Muito
provavelmente teria se afundado no mundo do álcool e das drogas.
Travou o carro e seguiu para a porta dos fundos da Harper’s, coçando a cabeça. Era uma hora
estranha para remoer o passado. Mas sabia o que trazia tudo aquilo a tona: conhecer Quinn
Armentrouth!
Mesmo sendo tão diferente de Camille, ao menos fisicamente, de alguma forma ela o arremetera a
um passado o qual queria manter bem enterrado. Era um lugar sombrio, onde uma mulher fora capaz
de o deixar a ponto de perder a cabeça. E era onde entrava Jake que o tirara das trevas.
Por todas essas razões, devia estar grato por não mais colocar seus olhos na doce bonequinha
Quinn! Ela era linda, gostosa como o inferno, mas trazia consigo também um aviso de perigo para a
sanidade de Zane.
Mas para torturá-lo como nada antes, enquanto fodia Lola, era no cheiro de maçã verde que
pensava. E quanto tinha seu pau sugado por uma boca faminta, que nem mesmo seu apadravya parecia
incomodar, desejava que seus dedos estivessem emaranhados em cabelos castanhos, com nuances
mais claras, aqui e ali, e não em cachos vermelhos.
Maldição, que primeira impressão aquela mulher havia causado nele! E que ela se fosse logo!
A grande verdade era que ele era um grande filho da mãe fodido que crescera cercado por
problemas, brigas em família e miséria. Abandonado pela mãe, aos nove anos, junto com sua irmã,
seis anos mais velha, ele cresceu tendo tudo para ser um perdido na vida. Por conta do abandono da
esposa, seu pai se tornará amargurado, ausente e procurara consolo para seus problemas na bebida.
O pouco dinheiro que trazia para casa mal dava para alimentá-los. Anna, sua irmã e ele tiveram de
aprender a se virar sozinhos e ele começou a trabalhar cedo, sempre em oficinas, de onde veio a
nascer sua paixão por carros. Carl Hudson morreu quando Zane tinha apenas dezesseis anos,
consumido pelo álcool. Em vinte e dois anos não tivera notícias de sua mãe. Não que ele as
desejasse. Uma mulher que deixa seus filhos por outro homem, nem mesmo deve ser tratada como
mãe!
Os vizinhos de sua antiga cidade Phoenix, Arizona, diziam que era estranho por conta de suas
tatuagens e cabeça raspada. Achavam que era um garoto perdido, o encaravam como se sempre
esperassem que ele fizesse algo próprio de sua aparência. Como roubar, se drogar e até mesmo
vender esses entorpecentes. Ele não se importava com a opinião deles. Estava seguro de quem era e
que não tinha nada a provar para ninguém. Tudo o que fazia de sua vida tinha um sentido, até mesmo
suas tatuagens. E era um homem bom. Até conhecer Camille Fairfield.
Por tudo isso, garotas como Quinn Armentrouth, obviamente vindas de famílias ricas e
tradicionais, nunca entrariam em sua vida para ficar. Já devia ter aprendido.
Na cozinha bem equipada da loja, contou aos amigos sobre o acontecido da noite anterior.
— Espera aí. A mulher te confundiu com um tarado, é isso?
Quem constatava isso era Boo Summers. Era um cara legal, mas um pouco lento de raciocínio. De
aparência bonachona, era corpulento, com cabelos que pareciam não ver uma tesoura há bastante
tempo. Podia não bater muito bem da cabeça, mas era um artista na pintura de autos e motos.
— De tudo o que falei, foi nessa parte que prestou atenção? — fingia se indignar Zane, parando de
mexer o açúcar em sua xícara fumegante de café.
— Eu sempre disse que você era estranho. Assustador — ele prosseguia com sua voz lenta,
calma, como se nada pudesse deixá-lo abalado — Careca e com esses desenhos estranhos nos seus
braços... Que mulher que der de cara com você à noite não teria medo?
Jake e Zane trocaram um olhar divertido. Aquele era o Boo de sempre! A diversão do lugar:
— Eu a salvei, entendeu, cara? Na verdade eu fui um herói, está certo?
— Eu só estou falando! — o outro disse, saindo rumo a sua área de trabalho. Que aliás, lhe era
sagrada. Ele não permitia que ninguém mexesse em suas ferramentas.
— Mas então, Zane? Ela era gata mesmo? — Jake inquiria, após a saída do pintor.
— Gata? Não, essa expressão não pode definir aquela mulher. Ela era escultural, linda, uma
bonequinha! Tão gostosa que se eu não tivesse me arranjado com a Lola, na noite passada, teria me
acabado na mão — ele fez um gesto de masturbação, arrancando risos do amigo — se é que você me
entende...
Eles gargalharam enquanto deixavam a cozinha e rumavam para o escritório bem decorado de
Jake. Ele não tinha secretária. Dizia que não era necessário, que podia lidar com tudo sozinho.
— Mas apesar disso tudo — Zane prosseguia, acomodando-se na cadeira frente a enorme mesa de
vidro de Jake, enquanto esse se sentava na cadeira atrás dessa — ela não é para o meu bico.
— Por quê?
Zane torceu a cabeça para um lado, suspirando:
— Ela... Pela aparência e pelo carrão, é uma garota de dinheiro. Da alta, entende? Como disse,
não é para o meu bico.
Notou que Jake franziu o cenho, prestando mais atenção ao amigo:
— Sim, tipo Camille! — Zane respondeu a pergunta nos olhos do outro — diferente na aparência,
mas... De alguma forma como ela.
— Então realmente é melhor manter distância, amigão — sua voz soava grave — você não
precisa de outra mulher como aquela na sua vida! Definitivamente! — ele concluía sério.
Somente ele conhecia a fundo, tudo o que Zane havia passado. Se não fosse sua mão estendida ou
o puxão que ele lhe havia dado...
— Eu sei disso, meu irmão! — Ele batia nos braços da cadeira, antes de se colocar de pé — sei
bem disso! Mas isso não me impede de notar como a garota era gostosa, não é? — ele fazia o
contorno de um corpo de mulher com as mãos, com um sorriso sem vergonha no rosto — sou um
homem de carne e osso, caramba!
Jake também sorriu, parecendo aliviado:
— Olhar não arranca pedaços, não é verdade?
— É isso aí! — abrindo a porta, anunciou — agora me deixe trabalhar que é para isso que você
me paga...
— Muito bem por sinal, não? — Jake gritava para ser ouvido por todos na oficina.
Como se podia imaginar, houve um burburinho por parte dos empregados.
— Bem? — Zane gargalhou, já no corredor — faça-me rir, Ryan! — e seguiu para o seu
“escritório.” Na verdade, uma desordem onde só ele se encontrava. Costumava dizer que era o
estúdio onde fazia sua mágica.
Bom, sim, ele sabia que Quinn Armentrouth era inalcançável! Mas isso não impedia de ficar de
pau duro, só de pensar naquele belo par de pernas. Ou naquele traseiro bem-feito, o qual adoraria
moldar com suas mãos, ele pensava sorrindo travessamento, enquanto vestia o macacão estilizado da
Harper’s Restauração. Seria difícil trabalhar naquele estado. Nem mesmo ter passado a noite dentro
de Lola havia acalmado aquele desejo insano e repentino demais por aquela bela bonequinha. Era
toda certinha e ele adoraria bagunçar um pouco seus cabelos, deixá-la ofegante, esgotada e pedindo
por mais.

Quinn chegou a Tesouros de Violet, às 08h30. Precisara caprichar na maquiagem para disfarçar
suas olheiras. Os enormes óculos escuros em seu rosto delicado ajudavam um pouco... Após se
deliciar na banheira e terminar frustrada, não fora novidade ter sonhos quentes com um certo tatuado.
Sorriu, conformada ao abrir a porta pesada de vidro da loja. Era tudo o que teria dele: sonhos
eróticos!
Àquela hora, somente as funcionárias estavam por ali, organizando as coisas para começar a
receber público, às 09h00. A loja levava o nome de sua avó materna, que fora quem inaugurara o
lugar. Desde criança a admirava, tanto seu gosto por antiguidades, como seu jeito doce, tranquilo de
ser. Era seu exemplo de mulher! Não podia entender como Valentine podia ser filha de uma mulher
sensacional como aquela! Quando ela estava à beira da morte, já com seus noventa e dois anos bem
vividos, pedira à neta que cuidasse da loja. Não foi um fardo, já que sempre amara aquele lugar.
Crescera brincando por entre aquelas prateleiras e balcões. Como não podia deixar de ser, sua mãe
fora contra, quanto resolveu assumir de fato a loja, antes mesmo de a avó falecer, seis anos atrás. A
verdade era que não se imaginava fazendo outra coisa. Mesmo sua faculdade de administração fora
feita já com essa pretensão, e não para ajudar o pai no mundo dos negócios, como seus pais
desejavam. De certa forma, desde que se entendia por gente, sabia que seu destino era cuidar da
Tesouros de Violet.
Assim que entrou, Gwen, sua assistente, fiel escudeira e amiga veio ao seu encontro.
— Bom dia, chefinha!
— Ele só será bom se ligar para o Eric e pedir um café da manhã completo! — sorriu para a outra
— Com café duplo!
— Ok! Você manda! — ela já se voltava para ligar para a Delicatessen preferida delas que
pertencia a um amigo, estacou chamando por ele — Blane, está te esperando no escritório — avisou,
sorrindo de lado, sabendo que a outra estava pronta para dizimar o colega.
Quinn estreitou os olhos, como se estivesse arquitetando um assassinato:
— Oh, ele vai se ver comigo agora! — rumou para seu escritório, pisando duro.
Quando entrou, ele estava comodamente instalado na poltrona à frente de sua mesa, jogando uma
pedra fóssil que valia o preço do apartamento dele, de uma mão a outra. Pedindo para morre!
Pensou. Sabia que ela não gostava que mexessem em nada que se encontrava em seu recanto
particular.
Assim que notou sua presença a suas costas, colocou a pedra de volta à mesa rapidamente e se
colocou de pé:
— Quinn, minha rainha! — ele a recebia, com um sorriso largo no rosto, abrindo os braços num
gesto muito teatral — Por favor, eu preciso do seu perdão!
Ela conhecia o amigo. E só havia uma razão para ela a ter “esquecido” na tarde anterior.
— Qual é o nome dela, Blane?
— O quê? Não. Quem? Eu não...
Obviamente que ele ia se fazer de desentendido!
— O nome da garota que te prendeu ontem, a ponto de ter esquecido o nosso compromisso! — ela
o fitou de braços cruzados, encarando-o de forma impassível.
Blane sabia que havia sido pego. Assim nem tentou alongar aquela situação que já estava bem
complicada para ele:
— Ok, o nome dela é Sophie e... Meu Deus, eu acho que estou apaixonado! — ao notar a
expressão contrariada da patroa, se empertigou — mas eu só fui atrás dela depois de constatar que o
Monet da família lá era falso, ok?
Quinn bufou:
— E não podia ter me avisado disso? — o rapaz ficou sem jeito, correndo uma mão pela nuca,
sem jeito.
— Ah, eu... — evitava seus olhos — me perdoe, Quinn! Eu estava para te ligar quando vi a
Sophie... Então eu... Me deu um branco, foi isso.
— Foi isso? — Quinn o interrompeu incrédula — você sabe o que aconteceu comigo, sozinha
naquele bairro que eu não conhecia? — aproximou-se dele, falando com gravidade — eu fui
perseguida!
Notou quando o amigo ficou extremamente pálido. Quase teve pena, mas ele precisava saber qual
poderia ter sido a consequência do ato dele.
— Eu poderia ter sido assaltada, estuprada e Deus sabe mais o que, se uma boa alma não
aparecesse para me ajudar!
— Quinn... — ele se sentou, ainda muito pálido, engolindo em seco — eu... Você está bem agora?
Sim, graças a Zane Hudson, meu herói! Poderia dizer. Tinha de admitir que não estava de todo
brava com ele, pois com sua falta, tivera a oportunidade de conhecer aquele homem incrível. O lado
ruim era não mais vê-lo.
Porém Blane tinha de aprender a honrar seus compromissos! E se Zane não aparecesse? Ela nem
gostava de pensar nisso.
— Estou, mas e se aquele bom homem não aparecesse? Tem ideia do que poderia ter acontecido
comigo? Tudo por que você não pôde resistir a um rabo de saia? — cruzou os braços e suspirou,
demonstrando sua decepção com o amigo — eu estou muito desapontada com você, Blane! — só não
mais por causa da oportunidade de ter conhecido aquele homem que ela sabia, frequentaria seus
sonhos por um bom tempo.
— Por favor, Quinn! — agora todo o ar zombeteiro, constante na expressão de Blane, havia
sumido — me perdoe! — ele se aproximava, as mãos unidas frente ao corpo — isso não vai se
repetir, eu prometo!
Ela sabia que ele estava realmente arrependido. Conhecia bem o amigo. Não era um mau caráter,
só tinha um fraco muito grande por mulheres bonitas.
— Eu vou pensar em uma forma de me redimir! Só me dê uma chance, querida! — ele buscava sua
mão, pegando-a entre as suas e a levando aos lábios, enquanto fazia sua melhor carta de
conquistador.
Ele sabia que seu charme não a atingia, pois se conheciam a mais de anos, mas devia estar
desesperado.
Quinn apertou os lábios e libertou sua mão, indo para trás de sua mesa:
— Oh, você terá de fazer algo bem grande para se redimir comigo, Blane! Algo como encontrar
um colar perdido de Cleópatra!
Blane arqueou as sobrancelhas, esperando que ela dissesse que estava brincando. Quinn parou de
ajeitar a cadeira e o fitou ainda séria:
— Algum problema, Blane?
Ele ergueu as mãos e deu um passo atrás, meneando a cabeça:
— Claro que não! Saindo agora, a procura dos tesouros de Cleópatra!
Quando ele fechou a porta, Quinn enfim pôde sorrir. Ele era louco o suficiente para partir em
busca de algo da rainha do Egito!
— UH! — sua assistente voltava — Blane saiu com uma cara num misto de alívio e estou
enrascado!
— Eu tinha de colocá-lo em seu lugar! Ele é um bom amigo, mas não pode agir com tanta
displicência em relação ao trabalho! E essa não é a primeira vez que acontece uma falha dele por
causa de mulher!
— Eu sabia! — Gwen socava o ar — Tinha de ter uma envolvida, senão não seria Blane!
— Pois é, só que dessa vez as coisas quase saíram do controle...
— Ah, espere, antes de mais nada, deixe eu te avisar que Ashton O Chato III ligou três vezes a sua
procura!
— Oh, Deus! O que ele quer agora? Se o bloqueei em meu celular e não o atendo em casa, o que o
faz pensar que vou atender aqui?
— Bom, não sei! Eu disse que você não havia chegado e que seu dia seria cheio. Aí ele fez
ameaças ao meu emprego, como se ele pudesse fazer algo em relação e tudo mais, caso eu não lhe
passasse seu recado dizendo que ele ligou e precisava muito falar com você!
Quinn soprou o ar para fora junto com uma exclamação. Ashton já estava se tornando
inconveniente! A ponto de ligar de madrugada, bêbado como um porco, somente para lhe dizer que a
amava, que sentia sua falta. Agora era tarde demais para lamentar. Que pensasse antes de fazer o que
tinha feito.
Gwen o odiava com todas as forças. Sabia de tudo o que havia feito à patroa e amiga. Começara a
trabalha na Tesouros de Violet há uns quatro anos e por causa de seu jeito fácil de lidar, logo se
tornara amiga de Quinn.
— Aquele palhaço! — murmurava ela. — Quando vai entender que mancadas do tipo que ele fez,
não se perdoa? Mesmo amando muito, o que não é o seu caso.
— É um filhinho de papai mimado, acostumado a ter tudo na hora que quer! Isso não me inclui!
— Hey, meninas! — era Júlia quem entrava carregando a cesta de café da manhã, erguendo-a ao
ar — olhem o que eu encontrei perdido lá fora? E isso é ótimo, pois estou faminta!
Quinn conhecia Júlia de toda sua vida. Era uma loira radiante, de lindos e expressivos olhos
azuis.
— Melhor ainda eu ter pedido tudo dobrado! — Gwen ria. — Você é um verdadeiro dragão para
comer, Júlia, nem sei como consegue se manter toda gostosa assim! — ajudou—a a ajeitar a cesta no
aparador e logo todas estavam em volta da comida.
— Malho muito, para poder comer tudo o que quero, senão... Já estava uma bela porquinha! – ela
gargalhava, batendo em sua barriga lisa.
Quinn também riu e pegou seu café. Não era ninguém sem um belo café preto e forte!
— Bom, agora que as duas estão aqui, preciso compartilhar minha aventura da noite passada! —
já estava de volta a sua cadeira e sentou-se depositando os pés, agora descalços, sobre a mesa,
fazendo ar de mistério — e o Deus em forma de homem que conheci no processo!
Pronto! Já conseguia total atenção das garotas que a fitavam com muito interesse agora. Os
bolinhos e pãezinhos da cesta foram temporariamente esquecidos.
O sorriso de Quinn se alargou. Se envolvia homens, elas logo estavam alertas.
— Muito bem, cadela! — Júlia se sentava frente a ela, as mãos repletas de petiscos — Comece a
falar!
— Agora! — Gwen, também munida de gostosuras, sentou-se ao lado da loira. — Com detalhes,
por favor!
— Ok! — prostrou-se para frente e narrou à noite passada, começando pela perseguição que
sofrera.
— Meu bom Deus! E tudo por causa de Blane! Por isso ele saiu daqui com aquela cara! —
concluía sua assistente — deve estar se sentindo muito culpado, e afinal, ele é!
— Total! Ele não resiste a uma mulher bonita e eu sei disso, mas dessa vez passou dos limites!
— Tudo bem. Blane é um mulherengo, mas vendo que você está bem, onde entra o Deus em forma
de homem?
Quinn riu do jeito afobado e direto da amiga:
— Bom, enquanto eu esperava por Blane no bar, vi esse homem...
Tanto Gwen quanto Júlia se apuraram, até mesmo parando de mastigar.
— E? — Júlia inquiriu ao que Quinn fez uma pausa dramática.
— Pensem num homem grande. Forte, com um corpo musculoso como um Apolo! Com cara de
mal, de homem! Com uma bela tatuagem por todo seu braço... — olhou diretamente para a loira, pois
sabia que a amiga adorava tatuagens, mas não tinha coragem de fazer.
— Caramba! — os olhos azuis eram vidrados agora.
— Quieta, assanhada! Deixe ela prosseguir! — cortava Gwen, humorada.
— Por favor, não se detenha por mim!
— Bem, acontece que foi ele quem me salvou de ser atacada! E, meninas... — Quinn recostou—se
na cadeira, revirando os olhos com ar sonhador — que homem, que voz, que mãos! Um olhar
misterioso, como se estivesse me desnudando em sua mente...
— Oh, pare ou terei de passar em casa para trocar de calcinha!
— Cale a boca, Júlia! — Gwen ralhava de novo. — Pare nada! Quero detalhes!
Quinn gargalhou:
— Eu bem que gostaria de ter mais detalhes, Gwen, mas foi só isso... — ela suspirou, resignada.
— Ele me salvou, eu agradeci e fui embora!
— Só isso? — Júlia se exaltava — como assim? Você conhece um homem de verdade e... É só
isso?
A outra só torceu os lábios, dando de ombros:
— O que eu poderia fazer?
— Eu não sei o quê, mas algo! — Gwen erguia um dedo, rodando-o no ar — eu faria! Esse cara
parece ser o meu número!
— O meu também! — interrompeu, sentindo certa possessão. — Mas isso não significa que eu vá
usar...
— Por quê? — as duas perguntaram em uníssono.
— Porque muito provavelmente eu nunca mais o verei e... Imagina Valentine Fitzgerald
Armentrouth vendo a filhinha dela com um cara com essas características?
Gwen fez uma careta de desagrado. Ela não se dava nada bem com sua mãe. Apenas a suportava.
— Titia ia surtar! — concluiu Júlia. — Mas você não iria ser casar com ele!
— É, apenas uma boa trepada bastava! — ela se levantava e cutucava Júlia, sugestivamente,
dando uma piscadela maliciosa. — Certo?
— Muito certo! — a loira erguia a mão para bater na da outra. — Titia nem ficaria sabendo da
existência desse tesão de homem!
Quinn suspirou frustrada, outra vez.
— Mas acontece que eu sou uma covarde e deixei minha oportunidade passar! E agora, eu nunca
mais o verei.
— Não pegou o número do celular dele? — a assistente se indignava.
— Não deu o seu a ele? — Júlia com voz esganiçada.
— Oh, sim! Claro, não é, meninas? – Quinn também se exaltava. — Eu havia acabado de me safar
de ser estuprada e morta, e ia sair distribuindo meu número ao primeiro que aparecesse! Sim, ele era
gostoso, tesudo como o inferno, que me deixou de calcinha tão molhada, que eu tive de me aliviar
sozinha, senão nem conseguiria dormir...
— Hulk! — Júlia deduzia, dando de ombro em Gwen.
— Ele nem foi necessário, amiga! — Quinn elucidava. — Mas como eu dizia. Ele me
impressionou, de um jeito que nenhum homem antes conseguiu, mas, ainda assim, era um
desconhecido!
— Ele salvou você... — Júlia dizia, como se algo estivesse óbvio ali.
— Sim, mas... Eu não podia...
— Pedir que ele a possuísse loucamente, que a fizesse gritar de prazer? — Gwen resumia
teatralmente.
— Bom, está precisando disso, depois do canalha do Ashton... E você mesma disse que não teve
nenhum sexo interessante desde que terminou seu ex...
— Nem durante o ex dela! — sua assistente lembrava.
Quinn bufou revirando os olhos:
— Bem isso!
— Perdi sete preciosos anos com aquele idiota e nem fui bem fodida! Sei disso tudo, garotas. Mas
eu não sou assim, não teria coragem... Sabem, de simplesmente me insinuar dessa forma. Parecer
desesperada, entendem? Não era uma situação típica, nós nem ao menos estávamos no bar, flertando
um com o outro mais. Eu havia acabado de quase ter sido atacada e ia me oferecer? O que ele ia
pensar de mim?
— Isso ia importar? Depois da transa vocês nem iam mais se ver... — a loira dizia, com ares de
riso.
— A menos que fosse muito boa e quisessem repetir — Gwen emendava — Mas até então, o que
importa o que ele pensaria de você? E eu duvido, bonitona como você é, com esse corpão, minha
filha, que ele recusaria!
Quinn sorriu, com ar convencido:
— Não, ele não recusaria. Ele estava me devorando com os olhos. Como disse, parecia me
desnudar mentalmente. Era como um predador, prestes a atacar...
— Oh, meu Deus! Tatuado, musculoso e me olhando desse jeito... Que calor! — Júlia se abanava.
— Eu não deixava passar! Pulava no pescoço grosso dele e dizia: me devora, seu gostoso!
Júlia e Quinn riram com vontade do gesto de Gwen, jogando a cabeça para trás e prostrando os
seios para frente.
— Eu queria ter tido essa sua coragem, mas não tive! Então o jeito é seguir com essa frustração e
continuar a vida!
Dessa vez foi a assistente quem suspirou frustrada:
— Pois é! Sendo assim, eu vou trabalhar! E pensar no seu tatuado... — já ia pela porta, quando se
voltou — ah, não se esqueça: ligue para o senhor Dumas. Ele quer falar com você.
— Ok.
— Bom! — Júlia também se colocava de pé — Já que você não fodeu com esse gostosão... Me
resta ir trabalhar também. Almoçamos juntas?
— Marcado. — Ela respondeu distante.
Não, ela não havia fodido com Zane Hudson, mas como queria…

O dia seria longo, então Quinn teria de se esforçar para tirar Zane da cabeça.
Depois de se fartar com o que restara do ataque de Gwen e Júlia à cesta do café da manhã, começou
a examinar sua agenda. No topo delas, estava: ligar para o senhor Dumas, em letras grifadas. Ela
franziu o cenho. Pelo jeito, precisava mesmo falar com ela. Antônio Dumas era um cliente muito
especial, tanto por ser um homem muito educado e gentil, como também não ter nenhum receio em
gastar em antiguidades, quando essas realmente lhe interessavam. Gostava de quadros, vasos e até
moveis que viessem de seu país de origem, a Espanha, mas era verdadeiramente aficionado em motos
antigas. Há anos estava em busca de Harley Davidson. E Quinn já havia encontrado várias, algumas
até mesmo parecendo novas. Mas nenhuma era o que ele estava procurando. Pegando o telefone,
discou o número dele, que já sabia de cor. O hobby de colecionar antiguidades, só aflorara no
homem após a morte de sua mulher, uma autoritária espanhola de sangue quente. Seria cruel da parte
dela achar que o senhor Dumas parecia mais feliz após a morte da esposa? Mas assim lhe parecia. O
casal sempre frequentara a casa de seus pais, desde a infância, por isso pensava de tal forma.
Henriqueta Dumas era... Bom, ela tinha um gênio forte, enquanto Armand era suave, um verdadeiro
cavalheiro.
— Senhor Dumas? — cumprimentou assim que o senhor atendeu ao celular.
— Menina Quinn! Como vai?
Sorriu. Ela já até conhecia sua voz:
— Soube que está a minha procura.
— Sim, querida. Eu a encontrei!
— Desculpe... — começou, sem entender direito do que ele falava.
— Minha Harley, menina.
— Oh, mesmo? Isso é muito bom! Como conseguiu? — estava realmente curiosa, pois tanto ela
quanto Blane procuravam pela moto, sem ter muito sucesso.
— Muito por acaso, navegando pela internet.
Quinn franziu o cenho. Tentou imaginar o senhor Dumas navegando. Ele realmente estava se
redescobrindo. Era um vinicultor aposentado e de muito dinheiro, vindo não só de seus vinhos, como
também de herança. Somente após deixar a presidência de suas empresas, foi que enfim essas foram
modernizadas. Por isso a surpresa em ouvi-lo dizer que estivera pesquisando na internet.
— Mas como? Onde? — ela estava de fato perdida. Esteve em contato com várias pessoas
ligadas ao ramo de motos antigas, à procura da bendita moto e ele conseguira assim? Tão
facilmente?
— Participo de alguns grupos de colecionadores de motos e de admiradores das mesmas. E num
bate papo, descobri esse senhor que estava se dispondo da sua Harley — Quinn teve de segurar o
riso. E as surpresas não paravam! O homem estava se tornando bem moderno!
— Mas tem certeza de que é mesmo uma Harley sem modificações?
O homem ficou quieto por um instante do outro lado da linha:
— Senhor Dumas?
— Bom, querida, eu realmente preferia que a visse pessoalmente.
— Claro, é só me dizer onde ela se encontra... Ela buscou por uma caneta e papel para anotar o
endereço.
— Ótimo! Te espero às 14h00 em minha casa!
— O quê? Mas o senhor já comprou?
— Sim! — ele anunciava animado.
Ela não questionou. Ficou surpresa, mas não questionou. Ele era um homem esperto demais para
ser passado para trás. Mas se já encontrara sua peça tão desejada, por que ainda necessitava dela?
Bom, só saberia ao visitá-lo.
— Ok, às 14h00 estarei aí.
— Obrigado, querida! Estarei ansioso a sua espera!
Quinn se despediu enternecida de notar como o homem parecia uma criança diante de seu doce
preferido.
Tão logo desligou, Gwen aparecia à porta:
— Ashton de novo! Ele é maluco, né? Fala de um jeito como se eu não quisesse passar suas
ligações para você... — ela se deteve e pareceu ponderar — Ok, ele tem razão nisso! — riu,
perversamente — Mas é que agora a coisa está ficando séria! Ele simplesmente não para de ligar!
Está até bloqueando o aparelho, não consigo fazer ou retornar ligações! Disse que se não o atender
agora, vai aparecer por aqui.
Quinn bufou:
— Maldito seja! Pode deixar, Gwen, eu vou atendê-lo.
— Isso — a outra disse, gesticulando com a mão no ar, com seu jeito petulante — E o mande
pastar!
— Ele que force muito! — resmungou, rindo do gesto da amiga e pegando o aparelho telefônico
de novo.
— Linha dois — Dizia a assistente, já saindo e fechando a porta.
Antes de clicar no número informado, Quinn respirou fundo. A última coisa que queria era ouvir a
voz de seu ex. Mas ele parecia não entender que não desejava qualquer contato com ele. Ou fingia
não entender.
— Ashton?
— Quinn? Eu não acredito que enfim me atendeu! — ele realmente parecia surpreso do outro lado
da linha.
— Sim, eu o atendi, mas principalmente para exigir que deixe minha assistente em paz! Ela só está
cumprindo ordens, entendeu? — foi seca.
— Essa garota não gosta de mim, Quinn! — seu ex retrucava com seu tom presunçoso.
— Ela não é a única... — resmungou baixinho.
— O quê? Eu não te ouvi, querida.
Oh, como ela odiava quando a chamava de querida! Sempre soou tão falso.
— O que você quer, Ashton? Eu tenho de trabalhar.
— Preciso ver você! — foi direto e soava meio apreensivo agora.
O que era estranho nele, que sempre fora seguro de si.
— Ashton... — ela começou, num tom pesaroso.
— Por favor, Quinn!
Ele estava implorando? E o melhor, parecia ansioso. Ashton Dawson III estava implorando por
ela! Isso era ótimo!
— Só um jantar...
— Estou com minha agenda cheia...
— Um café, um sorvete, o que seja! Mas eu preciso mesmo, muito — enfatizava as últimas
palavras — te ver!
Contendo uma respiração pesada, Quinn conteve o desejo de desligar o telefone na cara dele.
Não, o pedido dele não a comovia. Tudo o que passara com aquele homem a deixara insensível
sobre tudo em relação a ele.
— Ashton, eu vou ser sincera com você. Outra vez! Não temos nada que conversar! Nada! Eu já
disse tudo o que tinha a lhe dizer naquela tarde...
— Mas eu não disse! Você não deixou que eu me defendesse...
Quinn soltou uma exclamação chocada. Ele era mesmo muito cara de pau! Doente! Mimado!
— Se defender? — agora ela estava exaltada — se defender? Acha mesmo que você ainda
precisava se defender? Eu vi, Ashton! Eu estava lá!
— Quinn, eu...
— O que vai me dizer? Que estava sendo atacado? Que você não estava fazendo aquilo por livre
e espontânea vontade? Oh, por favor, respeite a minha inteligência, sim?
Ele ficou em silêncio do outro lado da linha. Esperava tê-lo colocado em seu lugar.
— Eu me arrependi... — retornava ele, sua voz quase inaudível.
— Sim, se arrependeu porque eu o flagrei! Caso contrário, logo estaríamos casados e você
continuaria... Com suas orgias!
— Não, eu ia parar quando me casasse com você!
Quinn quase riu, embora não fosse cômico. Ele era mesmo tão infantil!
— Você sempre foi a única mulher de fato na minha vida, querida! As outras eram somente...
Diversão!
Meneando a cabeça, ela se sentia esgotada. Ele tinha esse poder sobre ela. Fazê-la se sentir cansada,
deslocada. Às vezes até inútil. Mas essa fase tinha acabado.
— Está dizendo que eu não era divertida? — não acreditou que essa pergunta havia saído de seus
lábios. Era segura de si o suficiente para aquilo não a perturbar.
— Não é isso, querida! Com você era diferente. Você era... Sagrada para mim! Meu bem maior, o
meu tesouro!
Ok, aquelas palavras haviam soado sinceras. E talvez houvessem tido alguma importância tempos
atrás, quando se sentia um só troféu que ele gostava de exibir. Mas agora eram só palavras.
— Ashton, eu realmente estou muito ocupada agora. Quando estiver com a agenda livre, eu te ligo,
ok? E por favor, pare de ligar para o meu trabalho. — E antes que ele pudesse dizer algo mais,
desligou.
Revirou seus olhos, imaginando a cara de perplexidade que ele devia fazer agora, por ela ter tido
a ousadia de desligar em sua cara.
— Mas ela está... Praticamente destruída! — Quinn lamuriava, agora observando a Harley
Davidson diante dela.
Sim, você notava que era a bendita moto, mas estava amassada, com pneus furados e muito
riscada.
O senhor Dumas sorriu complacente, sempre acompanhado de um charuto:
— Menina Quinn! — ele meneava a cabeça — Você não está olhando direito para ela.
Quinn cruzou os braços e franziu o cenho, observando com mais atenção ao monte de ferro
retorcido, pois era isso que ela via diante de si.
— Ok, senhor Dumas! — ela cruzava os braços — Me diga o que o senhor vê então.
O homem enlaçou seus ombros e começou, apontando a moto:
— Eu vejo a história dela. Venha, olhe isso — ele mostrava o hodômetro da moto que mostrava
sua quilometragem avançada — Vê? Ela já andou muito! Imagine por onde ela levou seu dono!
Lugares que eu sempre sonhei ir, montado numa dessas e nunca o fiz! E agora já tarde demais! É isso
que vejo nela! Eu imagino os caminhos que ela percorreu... — ele acariciava seu banco com tanta
ternura, que o coração de Quinn se enterneceu — e agora eu a quero inteira, aqui comigo. Porque eu
não pude participar do passado dela e suas histórias ficaram guardadas para sempre com seu antigo
dono... Mas o final dela será aqui, junto de mim!
Bom, ele a havia convencido. Agora fitava a moto com outros olhos. Sentia todo o sentimento que
o velho homem já nutria por aquele Harley.
— Meu Deus, senhor Dumas! — começou suavemente, enternecida — só agora consigo entender
porque nenhuma outra das motos que lhe foi oferecida lhe agradou. Tinha de ser a moto!
Ele sorria satisfeito e até mesmo emocionado:
— Era isso mesmo, menina! Eu a estava procurando e ela a mim! Não importa o estado que tenha
chegado, eu a aceito!
Foi a vez de Quinn sorrir também, emocionada:
— Pois eu vou em busca do melhor restaurador de motos que exista!
— Não esperava menos de você, querida!
Ao sair da casa do senhor Dumas, ela já sabia a quem procurar.
Após umas algumas ligações, Quinn já se encontrava de frente a Harper’s Restauração de Autos e
era recebida por seu dono. A moto seguia atrás dela, em uma caminhonete alugada para o transporte.
— Senhorita Armentrouth! Há quanto tempo!
— Olá, Jake. Mas por favor, apenas Quinn, ok?
— Certo. Quinn. É muito bom vê-la de novo! Está ainda mais bonita! Como é possível?
Jake era um galanteador. Um belo galanteador. Alto, de um porte atlético, os cabelos um tanto
compridos que lhe caiam sobre a testa e o homem tinha duas lindas covinhas para tornar seu sorriso
ainda mais sedutor.
Da última vez que estivera ali, a pedido de um cliente, ela ainda estava noiva de Ashton. Já havia
notado o quanto ele era bonito e charmoso, mas não lhe dera qualquer abertura, mesmo ele
demonstrando interesse.
Bom, agora já não havia noivado. E já que Zane estava fora de alcance, quem sabe não lhe dava
uma chance?
— Obrigada, Jake! — endereçou-lhe um belo sorriso — você é um sedutor, isso sim!
— Sou apenas sincero e aprecio uma bela mulher quando a vejo. — Ele levou sua mão aos lábios,
sem tirar os olhos dos dela.
Quinn não fazia o gênero tímido. Não era uma convencida nem nada, mas sabia que era bonita.
Assim, retribuiu o olhar dele, instigando-o.
Ele deve ter percebido sua abertura, pois seu sorriso se tornou ainda mais largo:
— Por favor, venha se sentar...
— Oh, não. Tenho algo para lhe mostrar lá fora.
— Ok. Por favor, vá na frente.
Essa era velha. Sabia que a queria a sua frente para examinar o material. Se era assim, Quinn a
atiçaria.
Caminhou sinuosa até a frente da grande garagem.
— Uau! O que você tem aqui? — ele exclamava assim que parou diante do caminhão que trazia a
moto.
— É de um cliente. Ele quer reformá-la. E eu logo me lembrei de que sua oficina é a melhor nesse
quesito.
— Obrigado por se lembrar de mim — enviou-lhe outro de seus belos sorrisos — tenho o cara
certo para o serviço! — ele enfiou a cabeça pela abertura de uma porta, que dava para os fundos do
lugar e berrou — Hey, Hudson! Traga essa sua bunda aqui para frente agora!
Ele havia dito...
— Hudson? — ela se viu inquirindo.
— Sim, é um de meus melhores funcionários! O cara é um artista quando se trata de motos!
rincipalmente Harleys. Ele é fã incondicional dessas belezinhas. Levou anos reformando a dele.
Era apenas coincidência! Dizia a si mesma. Havia vários Hudsons por Nova Iorque. Mas a
simples menção do nome dele ou do nome igual ao dele, a deixou sem ar.
— Chamou, patrão! — uma voz com tom de divertimento soou.
E foi quando o ar de Quinn realmente abandonou seus pulmões. Aquela voz era inconfundível!
Então ela voltou-se de queixo caído para encarar a personificação de seus sonhos mais eróticos, a
apenas alguns passos de distância dela.
E não podia estar mais sexy! Vestia um macacão preto com a parte de cima amontoada em sua
cintura, uma camiseta também preta, justa, moldando seu peito e seus braços definidos. Seu abdômen
liso estava evidente e marcado pelo macacão. E ele trazia um sorriso zombeteiro nos lábios,
enquanto encarava o patrão.
Ela teve de engolir, pois sabia que salivava olhando todo aquele material:
— Zane? — se viu dizendo, com voz esganiçada.
O sorriso dele sumiu assim que ouviu seu nome e a fitou. Pareceu tão surpreso ou mais que ela.
Oh, Deus! Era ela... Tão doce quanto uma visão, ali estava Quinn Armentrouth, encarando-o com
seus belos olhos castanhos, quentes como chocolate o encarando. Ele não havia identificado sua cor
na outra noite, pois estavam numa penumbra. Seus lábios estavam entreabertos e sua face delicada
refletia sua surpresa.
A simples imagem dela ali tão perto, em carne e osso tinha um impacto tão grande sobre ele! Um
frio na espinha, a boca seca e o coração que parecia num galope frenético.
— Quinn?
Ela então esboçou um leve sorriso, fazendo o estômago dele se contrair. Era linda quando sorria.
Por um instante ele simplesmente não conseguiu fazer nada, nem mesmo outro movimento além de
encará-la. Só a vira uma única vez, então como era possível que houvesse sentido saudades daquele
rosto?
— Vocês se conhecem? — Jake perguntou quando percebeu que os dois não faziam nada mais do
que se encarar.
Percebeu que Quinn ficou sem graça, correndo os dedos sobre as orelhas, para ajeitar um cabelo
que não estava fora do lugar:
— Oh, sim... Zane me ajudou na noite passada. Foi um herói!
— Espere! — Jake estalava, parecendo entender tudo — Quinn é a garota que falava mais cedo?

Quinn? Por que diabos Jake a estava chamando pelo primeiro nome? Qual seria a real relação de
um com o outro? Não seria a primeira vez que se viam?
— Sim, é ela! — cortou-o seco. O fez para que não se estendesse muito no assunto e fazendo uma
nota mental de lhe perguntar de onde conhecia Quinn e que interesse tinha nela — O que a traz aqui,
Quinn?
— Trabalho! — ela disse simplesmente.
Ele franziu o cenho, parecendo não compreender. Era Jake quem explicava:
— Quinn tem uma loja que vende antiguidades. De vez em quando ela traz algumas coisas aqui
para serem restauradas...
Ali estava ele de novo, chamando-a pelo primeiro nome! Que grau de intimidade teria com ela?
Se não era a primeira vez que ela passava por ali, como nunca a vira antes? Bom, provavelmente
porque ele sempre ficava enfiado em sua oficina.
— E sei que você vai gostar do que ela trouxe! — Jake concluía, apontando uma caminhonete que
só naquele instante ele notava.
E foi só então, que seus olhos se deslumbraram com, ainda que muito danificada, bela Harley
Davidson sobre a carreta:
— Wow! Mas o que temos aqui! — exclamava subindo na traseira para examinar de perto.
Quinn molhou os lábios, apreciando como ele se movimentava com graça, não fazendo mais que dois
movimentos para subir no automóvel. Os musculosos de seus braços potentes se flexionavam a cada
gesto, numa expressão de força. Suas mãos grandes deslizavam pelo corpo da moto e ela desejava tê-
las deslizando sobre o seu...
A voz de Jake a tirou de seu transe:
— Sabia que ele gostaria! — se divertia ao ver o amigo, parecendo criança diante de um enorme
brinquedo.
Percebeu que Zane se dirigia a ela.
— O que houve com essa gracinha?
— Ah... — ela limpou a garganta, implorando para que não soasse rouca — eu na verdade não
sei! Um cliente a comprou neste estado e a queria reformada.
— Ele a comprou assim?
Jake gargalhou da pergunta do amigo:
— Não entendo a sua surpresa, Zane. Lembra-se como encontrou Delayla?
O sorriso na face de Zane foi algo doce, como que para si mesmo. Quinn amou aquele sorriso
quase encabulado.
— Bom, mas eu ia fazer todo o serviço nela... Já aqui, o cara vai morrer com uma grana boa para
tê-la como nova!
— Ok, acho que entendi. Delayla é a sua Harley? — ela concluía.
Zane franziu o cenho, parecendo confuso:
— Como sabe que tenho uma dessas?
— Eu disse a ela — Jake disse endereçando um sorriso seguido de uma piscadela a moça.
Zane decididamente não gostou daquilo. Ainda mais quando Quinn retribuiu com doçura seu
sorriso. Ele não estava flertando com uma cliente sua! Ainda que fosse aquela. Era contra sua própria
política. Mas o que fazer se ela era realmente linda? Mas se ele estava nutrindo qualquer ideia de tê-
la em sua cama, com toda certeza daquele mundo que ele seria um empecilho! Bem grande.
Mas sentiu certa tranquilidade e até um certo convencimento quando ela quebrou contato visual
com Jake para procurar por ele e nele se deter. E a forma como ela o fitava! Deixavam os pelos de
sua nuca eriçados. Parecia esconder o que vinha em sua mente, mas seus olhos e seu sorriso tênue
quase a denunciavam.
Ok, Jake Harper era sim muito bonito. Mas assim que avistou Zane Hudson novamente, qualquer
chance que pudesse ter pensado em dar lhe havia se esvaído. Sua atenção e todos os seus sentidos
estavam voltados para aquele monumento coberto de músculos nos lugares certos. Esperava não
parecer uma adolescente ansiosa, mas o que podia fazer se aquele homem a encantava?
Uma mão pousando em suas costas e um limpar de garganta que foi próprio para atrair sua
atenção, fez com que Quinn deixasse de fitá-lo e se voltasse para Jake.
Nem era preciso dizer que ele havia odiado aquela maldita mão boba do amigo. Qual liberdade
tinha para tocar nela?
— Mas então, Quinn. Quer que Zane dê uma olhada naquela belezinha e lhe faça um orçamento?
Ela meneou a cabeça, fazendo seu rabo de cavalo balançar. Nas duas vezes em que se viram, ela o
estava usando. Gostaria muito de ver aquela cascata de cabelos castanhos soltas, correr seus dedos
entre os fios e constatar se ainda cheiravam à maçãs verdes.
— Sim, é exatamente isso! E, por favor, Zane...
Oh, ele adorava ouvir seu nome pronunciado por aquela boquinha! Impossível não tentar imaginar
como seria ele sussurrando em seu ouvido, com suas unhas bem-feitas fincadas em suas costas,
enquanto se enterrava entre suas pernas...
— Não tenha receio! Quero que faça o melhor orçamento para essa moto! O senhor Dumas dispõe
de muito dinheiro e realmente quer investir nela. Ele diz que ela o escolheu, então... — ela deu de
ombros.
— Eu o entendo! — ele dizia, percorrendo a moto com olhos encantados — foi assim comigo e
com Delayla também.
— Bom, qualquer um pensaria que é loucura da parte dele, mas ver a paixão com a qual ele fala
dessa moto... Realmente te convence!
— Tenho certeza de que Zane também entende isso! Quando bateu os olhos em Delayla...
Precisava ver, parecia uma criança diante de um picolé gigante!
Quinn não pôde evitar o sorriso. Era bem assim que agora fitava Zane Hudson. Um grande,
delicioso e suculento picolé gigante ao qual adoraria lamber...

Ela teve de baixar seus olhos, pois eles a denunciariam.


“Comporte-se, Quinn!” — repreendia-se. “Está mais para uma ninfomaníaca do que uma adulta
e saudável.”
— Bom, então vamos ao meu escritório para que assine os papéis, certo?
Zane estreitou os olhos. Era impressão sua ou Jake havia lhe lançado um olhar de provocação,
enquanto dirigia Quinn para longe? E aquela maldita mão boba nas costas dela? Não gostou nada da
sensação de possessão que sentia ao vê-la ser tocada por outro homem. Mesmo que seu melhor
amigo. Sabia bem que no momento em que dissesse a ele que tinha interesse na garota, ele se
afastaria. Mas... Tinha mesmo interesse nela? Bom, isso era meio óbvio, mas nada havia mudado
desde que a virá antes. Continuava a não pertencer a seu mundo.
Que tudo isso fosse para o inferno! Agora que estava claro que não podia e nem conseguiria evitá-
la, ela seria sua! Nem que por uma única noite, teria Quinn Armentrouth em sua cama. Exploraria
cada recanto daquele corpo, até se saciar de todo aquele desejo insano por aquele docinho.
Enquanto eles sumiam rumo ao escritório do amigo, Zane suspirou num misto de alívio e agonia.
Alívio porque afinal, tomara uma decisão. E agonia. Por temer tomar o caminho errado novamente.
— Hey, companheiro — ele chamava o motorista da caminhonete — me dá uma mão aqui? Vamos
descer essa belezinha.
Quando Quinn retornou, Zane já havia descido a moto e a empurrava, sem muito esforço. A força
daquele homem a impressionava. E admirou como suas costas eram largas.
Antes que se visse estática a examiná-lo, voltou-se para Jake:
— Acho que tudo está certo agora, não?
— Sim, Quinn. E assim que Zane der o parecer dele, entramos em contato. — Ele era todo
sorriso.
Ela podia não olhar, mas sentia que seu tatuado se aproximava. Seu?
— Eu vou te acompanhar até o carro... — Jake se oferecia.
— Pode deixar, parceiro — era Zane quem chegava e se colocava entre os dois, fitando sério seu
patrão — eu a acompanho — seu tom dizia que não era um pedido e sim um aviso.
Jake fez menção de protestar, mas Zane o encarou, a espera da réplica. Mas o outro não se
manifestou.
— Quinn — Jake lhe estendia a mão, dando—se por vencido — foi muito bom te ver de novo!
Ela não podia estar se sentindo melhor. Ser disputada, ainda que discretamente, por dois homens
divinos. Não era todo dia que isso acontecia.
— Digo o mesmo, Jake — Cumprimentou-o rapidamente e então era guiada por Zane até o grande
estacionamento do lugar.
Agora que já se encontravam sozinhos, ele parecia mais leve.
— Não é estranho que já tenha vindo aqui algumas vezes e nós nunca tenhamos nos vistos?
Ela pensou sobre aquilo.
— Sim. Louco, não?
— Bom — ele começava, fazendo um gesto com as mãos — se bem que uma garota como você, se
cruzasse com um tipo como eu, nem me dignaria um segundo olhar...
Quinn o fitou, franzindo o cenho, confusa:
— O quê? Uma garota como eu? E que tipo eu seria?
Ele dava de ombros, torcendo os lábios:
— Hum... Esnobe, metida...
Deixando uma exclamação ofendida sair de sua boca, ela cruzou os braços:
— Oh, puxa! Que belo conceito faz de mim, não?
Zane gargalhou, jogando sua cabeça para trás. Ela adorou o som da risada dele...
— Só estou te provocando. Mas é óbvio que é uma garota com dinheiro, assim eu nem teria
chance...
— Meus pais têm dinheiro! — ela o interrompeu com o dedo em riste diante de si e disse, como
se aquilo explicasse tudo.
— E tem diferença?
— Sim, porque eu tenho de trabalhar para ter o meu dinheiro!
— Ok, se você está dizendo. — O tom dele era descrente.
Ela revirou os olhos e riu da atitude dele.
— Então você entende um pouco de mecânica, não? — ela o lembrou.
Ele riu novamente, balançando sua cabeça:
— Hã... Talvez um pouco mais que um pouco.
— Há quanto tempo trabalha nesse ramo?
— Bom, desde que me entendo por gente. Com Jake já há mais de dez anos.
— Uau! Então você e Jake devem ser muito amigos.
— Sim. Como irmãos! E quanto a sua relação com ele?
Quinn pensou não ter ouvido direito:
— Minha o quê?
— De onde conhece o cara?
— Hora, daqui mesmo!
— Oh... — foi só a resposta dele.
Ela o encarou, desconfiada:
— O que quer dizer com esse “oh”?
— Nada, esqueça.
— Ok... — assim que alcançaram o pequeno e vermelho Corvette, ela acionou o alarme — aqui
estamos de novo.
Zane se curvou para abrir porta para ela, seu corpo grande ficando bem próximo do dela.
Quinn não ousou se mover quando o sentiu tão perto. Aquele “perto” ainda não lhe era o
suficiente. Desejava tanto poder tocá-lo. Sentir a textura da pele de seu rosto, sua barba rala. Então,
quando ele se endireitou diante dela, não recuou um passo sequer.
Quando seus olhos, que descobriu serem verdes claros, se detiveram em seus lábios, teve de se
conter muito para não correr a língua sobre eles.
— Sem beijo de despedida hoje? — sua voz era baixa e levemente rouca.
Sorrindo de forma a erguer um canto de sua boca coberta de gloss, Quinn provocou:
— Hum, não quero te deixar mal-acostumado...
— Isso é prenúncio de que vamos nos ver de novo?
— Parece que sim...
— Gosto da ideia.
— Eu também...
— E também gosto da ideia de nos despedirmos com beijos... — os olhos dele passeavam sobre
sua face, parecendo querer decorar seus contornos e depois voltavam a seus lábios — mesmo que no
rosto.

Quinn o olhou de soslaio, como se ponderando sua proposta. Então se colocava na ponta dos pés e
lhe tascou um beijo rápido no rosto áspero pela barba.
Quando ela já ia se afastar, Zane segurou seus braços com as mãos grandes, mantendo-a no lugar,
muito perto de seu corpo grande, e então procurou seus olhos.
— Quando tiver um orçamento — falava muito vagarosamente e, mesmo o assunto sendo trabalho,
a forma como ele pronunciava cada palavra, indicava que não era exatamente o que ele queria
dizer... Ou o que desejava fazer — entro em contato.
Quinn se viu mordendo o lábio inferior. Oh, como desejava que a beijasse. Mas sabia que ali não
era o lugar certo. E sabia também que agora que o havia reencontrado. Aquele beijo aconteceria. E
temia ser ela a agarrá-lo, tamanha era sua necessidade dele.
— Ok — aspirou fundo, tentando captar seu cheiro. Sentiu um misto de colônia, tinta, graxa e...
Cheiro de homem. Da pele dele, de suas roupas, ela não sabia. Mas queria carregar aquele odor,
porque naquela noite, quando tocasse seu corpo pensando nele, era daquela fragrância que queria
lembrar: o cheiro de Zane Hudson — vou aguardar... Ansiosa — assim dizendo, colocou seus óculos
escuros e entrou em seu carro e partiu.
Zane ficou parado no lugar, mesmo depois de Quinn já ter desaparecido de suas vistas.
Porra, que mulher sexy! Flertara com ele sem pudor algum. Com braços cruzados e pernas
separadas, pensava no quanto havia sido difícil não beijá-la. Tinha certeza de que ela não iria repeli-
lo. Muito pelo contrário. Podia notar na forma como o fitava, seus olhos cheios de desejo.
Bem, estava decidido: teria de antecipar aquele encontro! Ou ficaria louco, pensando naquelas
curvas bem-feitas envoltas naquele vestido justo. Porque agora também tinha uma certeza: nenhuma
outra mulher que colocasse em sua cama, seria o suficiente para aplacar seu desejo por Quinn
Armentrouth.
Com tal pensamento, sorriu e voltou para a Harper’s, determinado. Quando passou diante do
escritório de Jake, empurrando a danificada Harley, esse parou a porta e o observou:
— Hey, o que está fazendo?
— Hora, o que parece? Meu trabalho!
— Mas você tem outras prioridades agora, Hudson. Outras motos na frente dessa.
— Nada que Tracy não possa assumir. — Referia-se a um outro mecânico da equipe.
— Eu? Mas... — o homem se manifestava. Mas bastou um olhar para o sério Zane, que era o
responsável pelo setor de motocicletas, para deixar a frase morrer. Além de evitar bater de frente
com o amigo, duas vezes maior que ele, lhe devia muitos favores. — Claro! Sempre cabe mais uma
na garagem do velho Tracy...
— É assim que se fala, amigão! — e Zane retomava seu caminho, tendo se detido para encarar o
outro mecânico em desafio.
As suas costas, sabia que seu amigo Jake estreitava os olhos a examiná-lo. E como imaginava, o
chamado não tardou a chegar:
— Hudson! Será que precisamos conversar?
— Relaxa, mamãe! Sei o que estou fazendo... — sentindo que aquilo não era o suficiente para
tranquilizar o outro, voltou-se e o encarou — está assim por causa da garota... Ou por minha causa?
Jake se aproximou, tentando sorriso debochado, mas falhando terrivelmente:
— E se eu disser que pelos dois?
— Bom, então eu digo para relaxar. Tenho tudo sobre controle...
— Mesmo?
— Jake, ela não é Camille, ok? — assim, achando que tudo já estava esclarecido, retomou seu
caminho. Mas antes falou em alto e bom tom — e trate de ficar longe da garota, entendido?
A gargalhada de Jake o perseguiu.

Enquanto isso, a caminho da Delicatessen de Eric onde ordenara a Gwen e Júlia, através de
mensagem, que a encontrassem, Quinn havia abaixado a capota de seu Corvete e cantava a plenos
pulmões com Joss Stone que estourava no rádio com While You’re Out Looking For Sugar.
Mal podia esperar para contar as novidades para as amigas. Havia reencontrado Zane Hudson! E
dessa vez ela não o deixaria desaparecer! E não sossegaria até ter suas pernas em volta daqueles
quadris estreitos e se fartar de seus beijos! E se deliciar com cada pedaço de seu corpo quente e
trabalhado.

— Hey, eu não posso simplesmente abandonar meu emprego assim, no meio do expediente, sabia?
— Gwen fingia reclamar, quando Quinn chegou, já se acomodando — eu tenho uma patroa muito
sistemática, que não gosta dessas atitudes!
— Pois tenho certeza de que ela não vai se importar hoje! E isso porque ela está muito feliz!
— Hum, e qual o motivo dessa felicidade toda? — Júlia queria saber, bebericando um
cappuccino.
— Estão preparadas? — ela fazia suspense.
— Ai, meus sais! Fale logo, mulher! — sua assistente usava de toda sua delicadeza.
— Segurem-se nas cadeiras: nunca vão adivinhar quem encontrei, ou melhor, reencontrei hoje?
As duas se entreolharam e exclamaram em uníssono:
— Tatuado?!
— Sim!
— Mas como isso? — Júlia se inclinou para a frente, muito interessada.
Quinn resumiu os acontecimentos para as duas, que ficaram de bocas-abertas.
— Eu não acredito nessa coincidência toda! — Júlia ria — que sorte, garota!
— Só espero que dessa vez você não deixe passar! — bufava Gwen — uma oportunidade desse
tipo não costuma acontecer duas vezes na vida!
— Com certeza que não vou desperdiçar essa segunda chance!
— Deu seu número a ele?
— Nem foi preciso. Ele terá de entrar em contato comigo para passar o orçamento.
— E se o chefe gostosão, como você disse, for quem vai entrar em contato?
Quinn sorriu de forma convencida:
— Você não está entendendo, Júlia. Zane vai ligar!
— Hum, confiança é tudo! — Gwen debochava.
— Vocês não viram a forma como ele me olhava, meninas! Era quente! Por isso eu sei que ele vai
ligar!

Depois de passar horas estudando os danos na Harley, Zane estava satisfeito. Já tinha uma base do
que seria necessário no conserto da moto. Na manhã seguinte, ele faria as ligações para seus
fornecedores e então poderia dar um orçamento a Quinn. E logo poderia encontrá-la de novo.
Ela não lhe saíra da cabeça o dia todo. Era linda, sexy e receptiva. Sabia que se tivesse tentado
beijá-la, seria aceito. Suspirou. Se não estivessem no estacionamento de seu trabalho, correndo o
risco de serem vistos.
Correu as mãos pelo rosto. Que garota! E tinha de admitir; estava feliz em revê-la. Muito feliz.
Não seria como com Camille. Ele tentava se convencer. Dessa vez não se atiraria de cabeça. Era
atração física, uma química incomum que se resolveria com uma boa dose de sexo.
E pensar em sexo com Quinn Armentrouth já fazia seu corpo reagir e ficar duro. Precisava malhar!
Era isso. Cansar o corpo para tentar desligar a mente. Pensou em chamar Jake para acompanhá-lo,
mas sabia que esse o encheria de perguntas. Assim, recolheu suas coisas e saiu o mais discretamente
possível da Harper´s.

Dois dias depois, Quinn estava ansiosa. Zane não havia ligado. Ainda! E Gwen e Júlia não
ajudavam, perguntando a todo momento se ele já o havia feito.
A cada toque do aparelho sobre sua mesa era um sobressalto. Ela estava de dar pena. Tão ansiosa
por um homem, como nunca antes.
Já passavam das três da tarde quando sua assistente entrava toda esbaforida:
— Quinn! — Gwen sacudia as mãos no ar.
— O que foi, mulher? — ela se alarmou.
— Acho que seu tatuado está aqui! Acho não! Tenho certeza! O nome dele não é Zane Hudson?
O ar faltou aos pulmões de Quinn, por um momento. Ela esperava que ele ligasse, não que viesse
pessoalmente!
— Sim... Mas... — de repente ficou nervosa — o que ele está fazendo aqui?
— Eu não sei, mas que é aquilo? Tão... Viril! Ainda mais com aquela jaqueta de couro... — ela
juntou as mãos sobre o peito e depois se abanou, revirando os olhos — que homem!
— Oh, droga! Eu não o esperava! — ela se agitou, alcançando os sapatos que haviam sido
esquecidos sob a mesa.
— Puxa, é a primeira vez que te vejo nervosa por causa de um cara! — a outra lhe piscava,
cúmplice — mas eu te entendo, amiga!
— Eu estou bem? Não estou toda amassada? — perguntava, correndo para seu banheiro e
soltando os cabelos que estavam presos num coque frouxo e foi se examinar no espelho.
— Está impecável, querida!
— Mesmo? — ela alisava seu vestido azul-marinho — eu só vou retocar o batom e já vou... Não
diga isso a ele! Só diga que já vou recebê-lo, ok?
— Ok. Pode ficar tranquila. Eu faço companhia a ele, até que chegue... — e Gwen saia, deixando-
a nervosa e sozinha.
Zane estava ali! Viera procurá-la!
Depois de algumas respirações, alisou o vestido uma vez mais e caminhou para a porta,
aparentando uma calma que estava longe de sentir.
Alcançando a loja, o vislumbrou. Aquele monumento de homem vestindo uma bela jaqueta preta
de couro, calças jeans lhe emoldurando as coxas fortes e por que não dizer seu belo traseiro? Botas
de solado grosso e um par de óculos tipo aviador encaixado na gola da camiseta de decote v
completavam o traje dele. Sim, ele contrastava com o lugar e por isso atraia olhares dos demais
clientes. Mas ele não parecia se importar, observando algumas peças com atenção.
Ela sorriu e cumprimentou um cliente e outro até chegar a ele. Quando a notou próxima, lançou um
longo e preguiçoso olhar por todo seu corpo. Quinn sentiu a temperatura do lugar subir alguns graus.

— Hey. — Ele disse simplesmente, assim que ela parou a seu lado.
— Hey. — Imitou-o.
— Eu estou me sentindo um elefante numa loja de cristais... — confidenciou humorado.
Quinn riu:
— Então me acompanhe até minha sala — ofereceu — talvez se sinta melhor lá.
— Claro. — Ele concordou e indicou que fosse a frente.
— Eu não esperava por você — ela enfim confessou, já em sua sala, quando ele cruzou a porta e
ela fechou-a — você poderia ter ligado...
— Sim, eu podia — Ele disse simplesmente.
Quinn sorriu disfarçadamente. Ele poderia ter ligado, mas preferiu vir pessoalmente, porque
desejava vê-la:
— Bom, isso é para você — Zane lhe estendia uma folha de papel com uma lista detalhada de
cada item necessário na restauração e o total da nota — não vai ficar muito barato, mas posso lhe
garantir que com esse material, aquela belezinha vai ficar como nova!
— Uau! — ela exclamava, ao ver o preço — isso realmente não é barato. Mas vou passar todos
os detalhes para o Sr. Dumas e vamos ver o que ele resolve.
— Ok. Então é aqui que você esconde o verdadeiro tesouro? — ele dizia, apontando uma estante
de vidro que ocupava toda uma parede e onde estavam expostos muitos colares, brincos e anéis com
diamantes ou em ouro puro.
Ela se aproximou, admirando as peças também:
— Bem, na verdade, meio que é isso mesmo. Essas são as relíquias mais preciosas da Tesouros
de Violet. Estão por aqui há muitos anos. Foi minha avó quem as adquiriu. Algumas delas nem está
realmente à venda.
— O monte de zeros atrás desse anel... Está certo? — ele se espantava.
Quinn riu da expressão dele, quando notou que ele se referia a uma joia denominada La Gema:
— Sim, está. E não é só pela sua bela pedra de esmeralda, mas também por sua história.
— Esse anel tem uma história? E qual é ela? — ele cruzava os braços fortes em frente ao peito,
suas pernas ligeiramente afastadas. Tão másculo.
— Quer ouvir?
— E por que não?
— Ok. Bom, lá pelos anos de 1550, um conhecido barão do café, no México, chamado Arturo
Gamboa tinha se apaixonado por uma camponesa. Ela se chamava Ana Quintanilha. Arturo começou
a cortejar a jovem que se encantou também por ele. Quando decidiu pedi-la em casamento, mandou
que fizessem um lindo anel, com uma grande pedra de esmeralda, pois queria que tivesse a cor dos
olhos de sua amada: verde obviamente. O que acontece é que ele nunca teve a oportunidade de fazer
o pedido e tão pouco colocar o anel no dedo de Ana, pois uma enchente destruiu o vilarejo em que
ela vivia e dizimou toda sua família e região.
— Puxa, isso é triste — ele comentou vago.
Quinn se surpreendeu que ele realmente estivesse ouvido.
— Sim... Triste. E dizem que ele nunca se casou. Passou anos procurando pelo corpo de Ana.
Arturo queria que ela fosse enterrada com o anel... Mas, naquela época, imagine como era difícil,
tudo era feito manualmente, sem ajuda de máquinas. Ele nunca a encontrou. E por isso a joia ganhou a
fama de maldita.
— E você acredita nisso?
Ela admirou o anel, pensativa:
— Não. Eu realmente não acredito nisso. Acho que é só um lindo anel. O que aconteceu com essas
pessoas... Foi apenas o destino...
Ao dar um passo atrás, ela se desequilibrou e Zane rapidamente espalmou suas mãos em seus
braços, para lhe impedir a queda. No movimento, suas costas acabaram coladas no peito amplo dele.
Ele não fez nenhum movimento para se afastar. Tão pouco ela.
E Quinn prendeu sua respiração ao sentir o nariz dele entre seus cabelos, aspirando
profundamente:
— Maçã verde... — ele murmurou, muito próximo.
— É o meu shampoo! — ela também murmurou, adorando o jeito que os dedos dele lhe seguravam
os braços. Com firmeza, mas, ao mesmo tempo, com muito cuidado.
— Eu gosto. E eu me perguntava se seu pescoço tem o mesmo cheiro. — Como se dando
permissão, Quinn curvou um pouco a cabeça para o lado, facilitando seu acesso.
Zane sorriu suavemente e deixou seu nariz deslizar suavemente pela pele macia, delicada. Diante
de seus olhos, viu essa mesma pele se eriçar. E constatou que o cheiro do pescoço dela era ainda
melhor. Ele não soube identificar exatamente sua essência, mas era deliciosamente feminina, sensual.
Tão Quinn!
Adorou a reação dela a sua aproximação. Mais um passo e seu pau, já duro como rocha estaria
colado ao bumbum arrebitado:
— Porra, você cheira fodidamente bem!
Oh, ela não esperava que ele fosse tão... Explícito em suas palavras. Mas tinha de admitir: gostou
da forma como ele se expressou. Pareceu legítimo. Primitivo.
— Hã... Obrigado.
— Eu preciso te dizer uma coisa, Quinn. — Agora a boca dele estava junto a seu ouvido.
Ele estava perto. Tanto que ela sentia as ondas de calor que emanavam do corpo dele. E ainda
assim, ele não parecia perto o suficiente. E sua voz era baixa, rouca e grave, que ela sentia que a
qualquer momento, podia estremecer de antecipação:
— O quê?
— Eu estou louco para te beijar, desde a primeira vez que a vi.
Um sorriso nervoso brincou nos lábios de Quinn. Se ele soubesse...
— Sério?
— Muito sério!
— E o que o está impedindo?
Ela pode sentir o sorriso dele em sua orelha, seguida de uma pequena mordida. Pronto! O corpo
dela quase entrou em convulsão e foi impossível esconder o estremecimento que passou pelo corpo
dela.
Quinn deixou uma exclamação frustrada escapar de seus lábios e como não podia deixar de ser, o
sorriso dele se alargou. Maldito, sabia o poder que tinha sobre ela, sem nem mesmo ainda tê-la
beijado.
— Isso não foi justo... — sussurrou
— Não? — ele inquiriu num tom desavergonhado.
— Nem um pouco.
— Então vamos corrigir isso — deixando sua mão deslizar pela face dela, fez com girasse, até
ficar de frente para ele.
As mãos de Quinn pousaram no peito dele e mesmo por sobre a camiseta, podia sentir seus
músculos bem definidos. Ela colou todo seu corpo ao dele e podia sentir toda a extensão de sua
rigidez junto a seu ventre.
— Você é tão linda, Quinn! — ele sussurrou seus olhos vidrados em sua boca.
Ele deslizou o polegar sobre os lábios dela e Quinn deixou a língua roçar no dedo dele. As
sobrancelhas dele desceram, seus olhos se turvaram de desejo e ele gemeu baixinho e abafado.
Então, sem premissa, Zane baixou sua cabeça e a beijou. Não procurou explorar, conhecer. Ele só
tinha de beijá-la. Tomou posse de sua boca com a dele, exigindo, sugando, provando. E, bom Deus,
ela era tão deliciosa quanto podia imaginar.
Quinn sentiu todo o ar desaparecer de seus pulmões. Era só um beijo, mas parecia que lhe estava
tirando os pés do chão. Uma mão dele estava em sua nuca, emaranhando os dedos em seus cabelos e
a outra alcançava a cintura, puxando-a de encontro ao seu corpo. Parecia tão desesperado por aquele
beijo quanto ela. Era voraz, faminto.
Foi a vez dela gemer quando a língua áspera dele pediu passagem entre seus lábios. E
prontamente permitiu, agora segurando o rosto dele entre suas mãos.
Ele iria perde sua sanidade! Simplesmente não conseguia raciocinar com aquele corpo de curvas
deliciosas coladas ao seu. A fricção que seus movimentos faziam junto ao seu pau. Sentia que podia
explodir a qualquer momento, como um maldito adolescente virgem. Ela teria noção do que fazia?
Provavelmente sim, pois ondulava seus quadris sutilmente contra ele. Era loucura. Explorou suas
costas, apertando sua carne. Suas mãos alcançaram as curvas macias de seu bumbum e Quinn arfou e
ficou na ponta dos pés.
Quando ela mordiscou seu lábio inferior, Zane teve de conter uma exclamação. Afastou-se um
instante para fitá-la. Era uma deusa sensual, seus olhos de chocolate quente ainda mais vivos, os
cabelos bagunçados por suas mãos, a boca úmida e inchada por seu beijo. Irresistível. Ele queria
poder jogá-la naquela mesa e a foder com força ali mesmo.
Com um grunhido, Zane a empurrou até que suas costas estivessem coladas no vidro da enorme
estante.
Ela não pareceu se assustar. Deixou seus braços erguerem ao lado de seu corpo e o encarou de
forma desafiadora.
Zane entrelaçou os dedos aos dela e veio afundar sua cabeça no pescoço dela. Aspirou, mordeu e
lambeu sua pele macia.
Quinn jogou a cabeça para trás, se deliciando com a barba dele que lhe raspava a pele delicada.
Seus dentes arranhando a curva delicada a fez ofegar. Um calor intenso a dominava, a queimava.
Estava em chamas por aquele homem.
As mãos grandes dele deslizaram por seus braços, lentamente, e continuaram um caminho de
descida e ela prendeu a respiração quando elas passaram nas laterais de seus seios doloridos. Quase
lamentou quando ele não os tocou.
Enquanto lhe mordiscava o lóbulo da orelha, as mãos grandes e quentes lhe chegavam novamente
as suas nádegas, puxando-a de encontro a sua possante ereção. Aquilo era muito bom!
Não tentou pensar se aquilo tudo era um avanço de sinal, se devia detê-lo e colocar um limite. Se
devia de alguma forma se dar ao respeito. Ela desejava tudo daquele homem. Se a despisse e tentasse
possuí-la ali mesmo, ela não teria nenhuma força para resistir.
Zane afagou de novo e de novo aquele bumbum macio, esfregando-a contra seu membro rijo. Mais
um pouco e ele não resistiria e enfiaria a mão entre suas coxas para sentir seu centro. Da forma como
reagia a seus toques e beijos, tinha certeza de que ela estava molhada e pronta para ele. Tal
pensamento o deixou alucinado. Alcançando a barra do vestido dela, elevou-a suavemente, tocando
suas coxas roliças no processo. Meteu uma coxa entre as pernas dela, sentindo sua boceta quente
contra seu jeans.
A forma como ela arfou e cerrou os dentes... Oh, bom Deus! Era sexy ao extremo. Segurou seu
rosto de novo com uma mão e exigiu sua boca.
Quinn estava praticamente montada na coxa forte, friccionando sua vagina necessitada nele. Mais
um pouco e ela gozaria contra a perna máscula. Seu clitóris sensível pulsava. Era loucura o que Zane
Hudson a fazia sentir. Sua mente estava enevoada, distante. Mas tinha plena ciência das mãos dele,
de sua boca, de sua intimidade sendo esfregada contra ele.
Nesse instante, o telefone em sua mesa soou. Zane não pareceu tomar conhecimento, continuando a
devorar sua boca.
Foi Quinn, mesmo com muita dificuldade, quem interrompeu o beijo, depositando suas mãos sobre
o peito arfante dele:
— Zane... O telefone... Eu preciso atender. — Murmurou contragosto.
Ele ainda parecia vidrado em sua boca, segurando sua cabeça entre as mãos:
— O quê?
— O telefone — ela sorriu e apontou — eu tenho de atender.
Zane pareceu buscar ar, acariciando os lábios dela de novo com seus polegares.
— Zane? O telefone.
Ele meneou a cabeça e a liberou, tirando sua perna dentre as dela. Quinn sorriu, um pouco
encabulada, ajeitando a saia e caminhou a passos incertos até sua mesa. Devia ter caminhado com a
elegância de uma gazela, pois não sentia firmeza em seus passos.
— Sim? — ela atendia, tendo limpado a garganta antes, para limpar a rouquidão e não deixar
transparecer seu tremor.
Evitava olhar para Zane, quieto no mesmo lugar onde o deixara. Não fazia o tipo tímida, mas...
Bom, estava se esfregando descaradamente com um homem que vira duas vezes na vida.
— Eu odeio interromper a sua... Reunião — uma Gwen que beirava ao riso dizia do outro lado da
linha — mas a senhora Stuarts está aqui.
Quinn teve de engolir uma exclamação de surpresa ao sentir Zane atrás dela novamente. Logo ele
fuçava em seus cabelos com o nariz, sua mão grande espalmada sobre sua barriga chata, puxando-a
de encontro a sua virilidade ainda intumescida novamente.
— E você sabe que ela faz questão de ser atendida somente por você! — prosseguia a assistente
do outro lado.
Mal conseguindo raciocinar com ele agora lhe tendo afastado os cabelos para o lado e estava
mordendo seu pescoço, Quinn respondeu de forma abafada:
— Me dê dois minutos, Gwen — e desligou.
Tão logo o telefone pousou na mesa, Zane a fez voltar-se para ele e buscava novamente seus
lábios. Quinn riu em sua boca, se deliciando com seu gosto, mas teve de afastá-lo. Ou ao menos
tentar, pois empurrar seu tórax maciço era o mesmo que empurrar uma parede.
— Eu tenho de ir... — se lamuriava, tentando se esquivar da boca exigente.
— Não! — ele murmurava, mordiscando agora seu queixo.
— Zane, eu realmente tenho de ir! Não posso passar a tarde fechada nessa sala com você... — ela
segurava o rosto dele, exigindo sua atenção. Não resistiu e mordeu seu lábio novamente — mesmo
que isso pareça muito atraente.
Dando umas respirações, Zane forçou-se a dar um passo atrás:
— Me desculpe... Não quero atrapalhar seu trabalho.
Quinn lhe sorriu, vindo limpar o brilho que ficara ao redor da boca dele:
— Você com certeza não me atrapalha... Ai! — ela se assustou quando ele mordeu seu dedo
suavemente.
Zane riu meio torto, mostrando seus dentes afiados e brancos.
— Se você está assim, eu nem quero imaginar como eu estou! — deduzia ela, se encaminhando
para o banheiro. — Meus Deus! — se espantou ao ver seu reflexo no espelho. Seus cabelos eram
uma desordem só — uma olhada para mim, e todos saberão o que estivemos fazendo aqui dentro!
Zane parava no batente da porta, apoiando um cotovelo ali e a examinando com olhar preguiçoso:
— Para mim você está ótima...
— Claro, você não tem esse problema! — apontava seu cabelo raspado.
Ele riu abafado, correndo sua mão grande sobre cabeça. Quinn achou o movimento extremamente
sensual.
— Bom, aqui pode estar tudo certo, mas... — ele insinuou, levando seu olhar para seu pau ainda
rijo.
Quinn seguiu seu olhar e riu, desviando o olhar:
— Você pode dar um jeito nisso? — pediu divertida, fazendo um gesto para as calças dele.
— Hum... Acho que não. Ele tem vida própria.
Ela passou por ele e revirou os olhos evitando tocá-lo. Se o fizesse, corria o risco de não sair
mais daquela sala.
— Bom, terá de fazer algo a respeito, pois eu realmente tenho de sair.
Ver ele se contorcendo e tentando... Ajeitar seu brinquedo seria hilário, se não fosse sexy. Quase
se ofereceu para ajudar...

Ela teve de esconder o riso e vestir sua melhor cara de paisagem ao deixar sua sala e caminhar
para a loja. Achou melhor não olhar de novo para Zane alguns passos atrás dela.
— Amy! — rumou para a senhora muito bem-vestida e coberta por belas joias que examinava
algumas peças ao canto do salão — que bom vê-la!
A mulher a acolheu num abraço carinhoso:
— Querida! Cada vez mais bonita, menina!
— São seus olhos!
— Meu bem, sabe que minha netinha vai se casar, certo?
— Claro! Será o evento do ano!
— Pois espero que sim — dizia sem falsa modéstia. A família Stuarts era do ramo hoteleiro,
tradicional e muito, muito abastada. E a única neta mulher iria se casar com um outro filho de
magnata. Com certeza seria o evento do ano — Bom, eu dei aos noivos a viagem de lua de mel, mas
queria algo especial que eles pudessem ter na casa deles. E logo me lembrei de você e sua linda loja,
que tem artigos preciosos!
— Puxa, que honra, Amy! Deixe-me apenas levar meu amigo até o carro e serei toda sua!
Foi então que a mulher notou Zane próximo a elas. Seu olhar o percorreu todo, demoradamente,
com muito interesse. Quinn novamente teve de conter um riso.
— Senhora — Sabendo que era apreciado, Zane endereçou um sorriso torto e um curvar sutil de
cabeça para a senhora.
— Meu jovem — Amy retribuía, sem esconder disfarçar a admiração.
— Eu volto logo — anunciou Quinn, segurando o braço dele e já pronta para seguir rumo à saída.
— Zane?
Quando ouviu uma mulher chamar por ele. E o sentiu ficar tenso sob seus dedos; e antes de se
voltar lentamente, balbuciou um palavrão que ela nunca teria coragem de pronunciar em voz alta.
Franzindo o cenho, notou como o queixo dele se retraiu ao fitar uma espantada Camille Fairfield.
Ele parecia grudado ao chão, encarando-a como se fosse uma aparição.
— O que faz aqui? — a outra inquiria seus enormes olhos verdes como os de um gato, fixos na
mão de Quinn, ainda pousada no braço dele.
— Estou trabalhando! — ele resmungou, parecendo muito pouco à vontade — Eu realmente tendo
de ir, Quinn — e foi se encaminhando para a porta, sem olhar para trás.
Quinn endereçou um sorriso rápido, que não foi retribuído à Camille e se apressou para segui-lo.
Zane não diminuiu seus passos, mesmo quando notou que ela vinha em seu encalço. Muito
estranho. Não gostou da forma como ele reagiu à outra mulher. De repente era como se ela, Quinn,
não existisse. Mesmo depois de... Bom, de quase a ter fodido em sua sala.
— De onde conhece Camille? — ela não resistiu a perguntar.
Percebeu que ele tomou uma respiração profunda antes de murmurar sua resposta:
— De muito tempo atrás.
Bom, estava claro que ele não queria falar sobre o assunto. Quinn mordeu o lábio, sem saber
direito como agir. Ela não o conhecia. Não sabia o que havia entre ele a socialite em sua loja. E Zane
Hudson não parecia ser o tipo dela. Pensando nisso, ele também não era seu tipo, mas a atraia como
mosca ao mel. Mas Camille era casada e já há alguns anos. Será?
Meneou a cabeça e se impediu de fazer presunções. E nem perguntas. Não tinha esse direito.
Quando ele enfim, se deteve ao lado de uma bela Harley, Quinn pensou que encontrara o motivo
ideal para quebrar aquele clima tenso que se criara:
— Uau! Então essa é Delayla? — ela assoviou em admiração — Minha nossa, é realmente uma
beleza! Se a moto do Sr. Dumas ficar assim, ele vai ficar muito satisfeito!
— Bom, ficara se eu puder usar todos os itens da lista que lhe passei — podia sentir que ele ainda
exalava algum desconforto — Existem opções mais baratas, mas que no final não terão o efeito que
seu cliente procura.
Havia se recostado naquela máquina reluzente, poderosa, onde predominavam as cores prata,
preto e alguns detalhes em azul. Também havia colocado seus óculos de aviador. Oh, Deus! Não
poderia haver no mundo uma imagem mais sexy! Um macho alfa, em toda sua essência. Seus ombros
largos evidenciados pela jaqueta de couro. Até mesmo a carranca que exibia no momento servia para
completar o quadro.
Teve de menear a cabeça para que seu queixo não caísse enquanto o admirava:
— Eu entendo. Você é o especialista e eu confio em você! Vou passar todas suas sugestões ao
meu cliente e vou informar a ele exatamente o que me passou — ela cruzou as mãos na frente do
corpo, se sentindo estranhamente deslocada. E ela nunca se sentia assim.
Zane a fitou. Talvez tendo percebido o quanto fora seco com ela, instantes atrás, suspirou
pesadamente e buscou sua mão:
— Eu gostaria muito de beijar você agora — falou baixinho.
Um sorriso teimou em surgir na face dela. Aquele era o Zane que ela queria ver.
— Mas eu acho que isso chocaria seus clientes...
— Ou os deixaria com inveja — ela deu de ombro — Quem sabe?
Ele também sorriu, parecendo mais leve agora:
— Eu quero muito te ver de novo, Quinn. Que tal jantar comigo essa noite?
O sorriso dela se tornou ainda mais largo. Com certeza de queria vê-lo naquela noite!
— Sim, eu... — mas ela se interrompeu de repente — não, espera! — fechou os olhos, tomada
pela frustração — Eu tenho que jantar com os meus pais.
— Oh! — Zane exclamou baixinho em desapontamento.
— Mas... — Quinn começou, com medo de que ele retirasse o convite — quem sabe podemos nos
encontrar depois. E tomar um sorvete, quem sabe?
A certeza que tinha era de estar com ele naquela noite! Mesmo que não rolasse uma noite quente
regada a muito sexo, precisava de mais beijos como os trocados momentos atrás.
— Isso seria ótimo!
Explicou a ele onde ficava sua sorveteria preferida:
— Pode me encontrar, lá? Digamos... Às 21h00?
— Eu com certeza estarei lá, Quinn. — Falou docemente, seus dedos acariciando os dela.
Zane pegou o capacete que estava no guidom da moto e o colocou. Logo ele dava partida e Quinn
se afastou para que ele pudesse manobrar e então partir.
Ela teve de conter para não dar saltinhos de alegria. Estaria com Zane novamente.
Quando voltou a loja, surpreendeu-se ao ser interpelada de forma brusca por Camille:
— O que há entre você e Zane? — a outra inquiria, sem qualquer preâmbulo.
Quinn examinou a atitude dela. Suas mãos estavam pousadas em sua cintura fina, seu queixo
erguido de forma ameaçadora. Dando um passo para trás para melhor encará-la, disse simplesmente:
— Ele está prestando serviços para mim...
— Que tipo de serviço? — interrompia Camille com uma ponta bem destacada de agressividade.
Bom, elas não eram íntimas, se conheciam porque frequentavam o mesmo ciclo social. Mas sabia
da fama de encrenqueira da outra. Só que Quinn não tinha medo de cara feia:
— E você? De onde o conhece?
— Isso não é da sua conta! — a ruiva bufou, seus olhos parecendo faiscarem.
Relanceando um olhar à volta, percebendo que já estavam chamando a atenção das demais
pessoas na loja, Quinn baixou o tom ao falar controladamente:
— Se precisar de algo relativo às mercadorias, as meninas estão aí para auxiliá-la. Agora se me
der licença — e lhe deu as costas, indo até a senhora Stuarts.
Percebeu que a moça quase bufou de raiva. Não devia estar acostumada a ser ignorada. Tanto
aquela sua atitude, quanto a reação de Zane ao vê-la ficaram na cabeça de Quinn. Qual realmente
seria a relação entre os dois?
Bom, mas no que isso importava? O passado de Zane não era da sua conta. Muito provavelmente
não passaria tanto tempo ao lado dele, para se aprofundar dessa forma em sua vida.
Ele era um cara interessante, extremamente gostoso, mas era só. Depois de passar longos sete
anos em um compromisso monótono que terminara em desgosto, ela queria curtir um pouco a vida de
solteira. Se divertir e ter uma boa dose de sexo no processo. E Zane Hudson era o homem certo para
o serviço, pensava com um sorriso nos lábios.

Zane pilotava quase às cegas. Quase voava, sua cabeça num turbilhão de emoções. Por que agora?
Porra! Tudo que ele não precisava era de Camille em sua vida de novo. Não agora, não nunca! E,
inferno, continuava tão ou mais linda, agora com aqueles cabelos ruivos escuros, quando antes era
loiro e delicado. Aqueles olhos! Merda, mil vezes merda! Ela não tinha o direito de ainda o afetar
daquela forma!
Mais ainda por essa razão, precisava estar com Quinn. Ela era uma brisa em comparação ao
furacão Camille. Bom, até certo ponto. Era também combustão pura, atiçara fogo em suas veias.
Deixara claro, sem rodeios ou hipocrisia que o desejava também. Beijá-la havia sido algo tão
perfeito, tão certo! E sabia com desespero, que precisava se enterrar em sua vagina quente.
Não queria usá-la para limpar seu sistema da outra, mas seria necessário. Quinn Armentrouth
seria a distração perfeita para aquela noite. Teriam um tempo bom juntos e cada um seguiria seu
caminho. Assim seria, pois assim era melhor.
— Hey, por onde esteve? Procurava por você. — Jake inquiriu assim que o viu entrar na oficina.
— Fui ver um cliente... — respondeu vago.
— Falando em cliente, tem o orçamento de Quinn pronto? — ele sorria, como se a lembrança da
mulher lhe viesse à mente — quero passar a ela.
Zane fechou ainda mais sua expressão, depositando o capacete e óculos sobre a bancada:
— Ela era o cliente que acabei de visitar! — foi seco.
Jake se espantou, abrindo os braços:
— O quê? Foi vê-la? Podia ter ligado!
— Eu sei!
— Aliás, devia ter me passado as contas e eu — apontou para seu próprio peito — deveria ter
feito a ligação!
— Bom, mas eu já fiz a coisa toda, ok? — resmungou, deixando bem claro seu estado de espírito
— e vê se para de me perturbar, cara!
— Wow! O que houve? — o outro esboçou um risinho irônico — não foi bem recebido pela
Quinn? — agora ele gargalhava com gosto, pensando ter adivinhado o acontecimento — botou você
no seu lugar, meu chapa?
Zane veio encará-lo, sua cara de zangado ainda mais dura:
— Muito pelo contrário, meu caro!
Jake torceu os lábios, erguendo as mãos ao alto, como se em rendição:
— Se diz... Mas então, por que a cara de poucos amigos?
Remexendo em suas ferramentas, sem nem mesmo saber o que procurava, fingiu não ouvir a
pergunta do amigo. Mas sabia que esse não desistiria fácil.
— Zane? Eu estou esperando, cara
Com um suspiro pesado, voltou-se para o outro:
— Não vai adivinhar quem encontrei na loja da Quinn.
— Quem?
— Camille.
A expressão zombeteira do amigo se tornou imediatamente séria e por um momento ficou sem
saber o que falar.
— E? — perguntou, pouco depois — como foi?
— Foi... Uma merda, isso que foi! — Zane jogou uma chave de roda sobre as outras ferramentas,
fazendo barulho — achei que estava preparado para vê-la de novo. Depois de dois anos, realmente
achei!
— E não estava! Acho que isso é normal, cara. Com a história que vocês tiveram juntos...
— Mas não é justo que ainda tenha algum efeito sobre mim! — ele se remoía — não depois de
tudo o que ela fez a mim, não depois de... Tudo o que eu fiz a mim mesmo por causa dela!
— Talvez seja por tudo isso que reencontrá-la tenha tido esse impacto em você. Trouxe essas
lembranças a tona de novo. Mas tenha calma, homem! — a voz de Jake era grave — ela é casada
agora. E mesmo que não fosse, você não precisa dela na sua vida outra vez!
— Acha mesmo que precisa me dizer, irmão?
— Bom, é que... O efeito Camille foi devastador em você. Só queria ter certeza de que...
— Não vou ter uma recaída? Dupla, certo? Não confia em mim?
— Claro, cara, confio sim. E como... Como ela está?
Os ombros de Zane se se retesaram e deixou escapar outro suspiro:
— Linda como o inferno!
— E isso não ajuda em nada, certo?
Decido dar fim aquela conversa, ele despiu a jaqueta e recolheu seu macacão que estava
pendurado na porta de seu armário:
— Amigo velho, eu preciso trabalhar um pouco, certo?
— Certo — Jake balbuciou e saiu da oficina. Ele conhecia muito bem o amigo. Sabia quando
devia deixá-lo sozinho.

Às 19h00 ela terminava de se ajeitar para jantar com seus pais. Se fosse somente para se
encontrar com Zane, optaria por algo mais sexy. Mas com uma mãe conservadora como a sua, só
daria motivo para um bom sermão.
Assim, vestiu uma saia de pregas estilo colegial, mas o cós era mais largo, moldando seus
quadris. Era xadrez de azul, perto e branco. Era um pouco mais curta do que costumava usar e isso
era de propósito. Uma camisa também branca, justa a seu corpo e um cardigã azul-marinho
completavam o traje. Não abusou da maquiagem, mas colocou o gloss na bolsa, para retocar antes de
se encontrar com Zane.
Optou por chamar um táxi. Dessa forma poderia acontecer do Zane lhe oferecer carona, ela
poderia convidá-lo para entrar e uma coisa podia levar a outra. Ela nunca fizera algo parecido, do
tipo induzir um sujeito a sua cama. Mas que as “normas” de boa moça se explodissem! Queria aquele
homem! E não seria hipócrita quanto a isso. Sentia como se já tivesse perdido muito tempo de sua
juventude. Precisava recuperar o tempo perdido. Não que fosse transar com todo cara que lhe
surgisse pela frente. Somente om aqueles que realmente lhe atraíssem.
Pouco mais de cinco minutos depois, fitava incrédula a enorme Land Rover preta estacionada
frente a casa de seus pais. Sabia bem a quem aquele carro pertencia: Ashton! Mas o que ele estava
fazendo ali? Como se ela realente tivesse de se fazer aquela pergunta!
— Bolando sua rota de fuga, querida? — era seu pai quem se aproximava.
Ela suspirou desanimada. Sabia que com ele não precisava fingir:
— Por que não me avisou que ele estaria aqui? — apontou para o grande carro.
— Bom, sabe como sua mãe é.
Seth era um bom homem. Mas dominado pela esposa. Quinn sempre teve pena dele por isso. O
que ele tinha em bondade, tinha em falta de atitude em relação à mulher.
— Quando será que ela vai entender que as coisas não vão mudar entre mim e ele?
— Nunca. Ouviu que a esperança é a última que morre? — ele lhe sorriu e a enlaçou pelos
ombros, beijando o topo de sua cabeça. Vamos, garota. É só por uma horinha ou duas. Só esteja
preparada, ele trouxe os pais.
Quinn bufou revirando os olhos. Gostava dos pais dele. Mas esses também queriam a volta do
casal e não disfarçavam isso.
Ao entrar, cumprimentou a todos, deu um beijo suave na face da mãe e teve de se esquivar de um
beijo mais íntimo de Ashton, quando se aproximou. Ele não aprendia! Queria agir diante de seus
familiares como se ainda estivessem juntos! Mostraria a ele como estava errado.
Não foi surpresa que o único lugar com a louça do jantar disposta para ela fosse exatamente ao
lado dele na mesa. O ímpeto de cometer uma rebeldia e puxar os pratos e talheres para outro canto, a
mordeu, mas sabia que não teria essa coragem. Primeiro para não desafiar a mãe e criar um caso.
Sabia que isso iniciaria uma discussão que poderia levar horas! E queria muito sair dali o mais
rápido possível. E porque os pais dele não mereciam tal grosseria. Todos naquela mesa, com
exceção de seu pai, que não sabia toda a verdade, mas que confiava no julgamento da filha, achavam
que Ashton era o homem perfeito, totalmente de bem. Se desconfiassem.
Com o jantar correndo, percebeu que ele simplesmente não parava de admirar suas coxas, bem
expostas pelo cumprimento da saia. Ela quase riu. Nunca, enquanto estavam juntos, flagrara tal olhar
faminto por parte dele.
Num gesto feito premeditadamente para provocá-lo, Quinn cruzou as pernas lentamente. Era algo
do tipo: Olhe o que você perdeu, idiota!
Não precisou olhar para saber que ele estava de pau duro. Remexeu-se na cadeira, como se para
se ajeitar melhor.
Ela só não esperava que ele tivesse a ousadia de disfarçadamente pousar sua mão na perna dela,
sob a mesa. Com um sorriso doce nos lábios, curvou-se para ele, falando baixinho para que só ele
ouvisse:
— Juro, que se não parar de me tocar nesse exato momento, vou furar sua mão com meu garfo!
Percebeu como ele ficou sem graça e a obedeceu. Com certeza ainda achava que tinha algum
poder de sedução sobre ela. Pobre coitado! Adoraria poder dizer em sua cara lavada que aquela saia
tinha sim função de seduzir, mas não a ele!
Examinando disfarçadamente seu relógio de pulso, constatou que já eram 21h10. Conteve uma
bufada. Zane já devia estar a sua espera.
Quando o jantar enfim terminou, Seth se levantou e sugeriu:
— Que tal os homens irem à biblioteca provar um belo uísque, enquanto as damas colocam a
conversa em dia?
— Sinto que não poderei me estender mais — comunicava Quinn. Notou o olhar mortal que a mãe
lhe endereçou, mas foi sutilmente ignorada — combinei de tomar um sorvete com Gwen e Júlia! —
não teve outra opção senão mentir.
— Posso ir com você? — convidava-se um ansioso Ashton.
— É um encontro de meninas, Ash. — Fingiu um tom meigo.
— Entendo. — A expressão dele murchou — então deixe-me lhe dar uma carona.
— Não é necessário, eu pedi que o táxi viesse me buscar...
— Eu faço questão! — ele insistia.
Quinn teve vontade de dizer umas boas verdades na cara daquele convencido filho da... Mas não
queria criar uma cena na frente de todos os familiares presentes. Assim, apenas sorriu a ele e disse:
— Ok! — depois de se despedir dos demais e ouvir um sussurrado: preciso conversar com você!
de Valentine, deixou a mansão.
O sorriso satisfeito na cara de seu ex tinha um prazo bem curto para durar. Assim que as portas
da casa foram fechadas, Quinn se voltou para Ashton:
— Vamos deixar uma coisa bem clara aqui — era seca e direta — você não tem mais o direito de
me tocar! E se convidar para o jantar com meus pais, foi golpe baixo!
— Eu não me convidei! — se esquivava ele — o convite partiu de sua mãe!
Ela fechou os olhos, suspirando:
— Claro! Só podia! E uma outra coisa. Eu dispenso sua carona!
— Mas como...
— Pare de me cercar, Ash! — nesse momento o táxi estacionava no portão — pensei que havia
entendido que acabou...
— Não, não pode acabar assim! — ele buscou sua mão — não posso aceitar isso!
Com um puxão, ela se libertou:
— Já disse para não me tocar! E você não tem de não aceitar, é só entender! É fato e pronto!
— Quinn... — seu tom era de súplica — precisa me perdoar! Já admiti que errei, droga!
Voltando-se, o fitou num misto de pena e incredulidade. Então meneou lentamente a cabeça e
disse:
— Você não errou, meu caro. Você fez uma opção, agora conviva com ela. — E começou a se
encaminhar para o carro.
Ainda o ouviu gritar, exasperado:
— O que vou dizer aos nossos familiares lá dentro?
Sem se voltar ou parar de andar, ela deu de ombros:
— Olha como estou me importando!

Eram 21h30, quando enfim, conseguiu chegar à sorveteria. Temia que Zane tivesse perdido a
paciência, pensando que ela não apareceria e ido embora.
Mas ficou aliviada em visualizá-lo ao fundo da sorveteria. Sorriu-lhe e foi retribuída. Enquanto
caminhava em sua direção, ela se deleitou em notar como ele lhe admirava as pernas.
— Esperou muito? — perguntou assim que se aproximou.
— Não muito. E valeu a pena... — falou baixinho, beijando suavemente sua face — que sorvete
vai querer? — ele perguntou assim que ela se acomodou.
— Hum... — Quinn notou que ele já degustava uma bela taça gelada — é de chocolate?
— Sim.
— Quero igual, por favor.
— Espere aqui que vou buscar.
Como sempre, ele se vestia informalmente num jeans lavado, camiseta preta e um casaco de
moletom com capuz preto e tinha um boné na cabeça. A calça pendia de seus quadris e quando ele
chegou ao balcão e apoiou seus cotovelos ali, o elástico de sua boxer ficou à mostra. Ela mordeu
seus lábios. Sexy!
Logo ele voltava. Os acentos da sorveteria eram estilo cabines dos anos 60, redondas. Em vez de
se acomodar em seu lugar anterior, Zane depositou o sorvete na mesa e veio sentar-se bem perto
dela, lançando o braço no encosto atrás da cabeça dela:
— Acho que não disse o quanto você está linda — sussurrou em seu ouvido esfregando o nariz em
seu pescoço — e esse seu cheiro não me saiu da cabeça, à tarde inteira, sabia?
— Hum... — Quinn mordeu o lábio — só o meu cheiro não saiu da sua cabeça? — provocou.
Achava simplesmente delicioso o jeito abafado que ele ria junto a seus cabelos:
— Garota! Eu adoro esse seu jeito direto. Venha cá que vou lhe mostrar no que mais pensei à
tarde toda... — e puxando-a de encontro a seu peito, reivindicou sua boca generosa, sugando-a,
mordendo-a.
Oh, sim, ela necessitava daquele beijo. Era como se seu cérebro entrasse em curto e
descarregasse uma onda elétrica por todo seu corpo. Ele beijava com gula, exigindo, pressionando.
Possessivo.
Mas logo terminava com ele acariciando sua face. Precisavam ter consciência de que estavam
num lugar público:
— Como foi o jantar com seus pais? — interessou-se, sua mão pousando suavemente em sua
perna, na altura do joelho.
Quinn teve de fazer um grande esforço para pensar na resposta. Aqueles dedos grossos fazendo
pequenos círculos em sua pele. Era de tirar a concentração de qualquer uma. Mas enfim, torceu os
lábios:
— Já tive melhores... — e deslizou a língua sobre seu sorvete, provando-o pela primeira vez —
não me entenda mal, eles não são ruins, mas... Bom, minha mãe é um pouco exigente!
— Sei — ouviu-o balbuciar, sua mão subindo um pouco mais por sua coxa.
Limpando a garganta e ainda tentando manter o raciocínio lógico, comentou que havia mais
convidados, sem entrar em detalhes. Outra lambida sobre a massa gelada e sentiu-o deslizar a mão
ainda mais, separando um pouco suas coxas. Oh, Deus, mais um pouco e ela não seria capaz de
respirar. Um esticar de dedo e ele encontraria sua minúscula calcinha molhada.
Tentando baixar sua própria temperatura, deu outra longa e lenta lambida em seu sorvete. Só que
ela não sabia que Zane estava atento em cada gesto seu. Assim, ele apertou sua coxa com um pouco
mais de pressão. Quinn primeiro fitou a mão grande em sua perna. Então o encarou e percebeu o que
acontecia. Arqueando uma sobrancelha, terminou sua lambida, agora com mais vagar ainda.
Vislumbrou a pupila dele se tornar maior, quase encobrindo o verde de seus olhos.
— Você por acaso ouviu o que eu disse? — provocou-o.
— Inferno, não! Eu não pude pensar em qualquer outra coisa, com você lambendo esse maldito
sorvete...
E antes que Quinn pudesse ter qualquer reação, Zane segurou sua nuca, buscando seus lábios ainda
gelados pelo sorvete. Ok, eles estavam no meio de uma sorveteria e ele tomava sua boca com fome,
numa cena quase erótica, mas ela pouco se importava. Enlaçou o pescoço dele e aproveitou o
contato.
Logo a língua dele reivindicava passagem e ela prontamente o permitiu, entreabrindo os lábios.
Oh, como beijava bem aquele homem!
Tentou equilibrar o sorvete em sua mão, mas sabia que ele logo escorreria e corria o risco de
molhá-lo. Mas como interrompê-lo?
Quando ele sugou sua língua, um gemido escapou do fundo de sua garganta. Quase lamentou
quando ele quebrou o contato.
— Melhor irmos embora, não acha? — sugeriu ainda junto a seus lábios, ofegante.
— Acho... Acho uma boa ideia... — concordou rapidamente. Mas então, notou o estrago em sua
mão, por conta do sorvete que derretera — mas primeiro preciso lavar minha mão.
— Vá. Espere. Você veio de carro?
— Não, vim de táxi...
— Ótimo! Vou buscar o carro e te espero lá fora, certo?
— Certo.
Ao se fitar no espelho do banheiro, notou como seus olhos brilhavam. Até que não precisara usar
de muita sedução com Zane. A forma com que ele a olhava, como se não pudesse se conter, a fazia se
sentir uma mulher sexy. E aquilo fazia um bem enorme para o ego dela.
Zane a aguardava na porta da sorveteria com o motor ligado. Quando a avistou vindo em sua
direção, desceu rapidamente e deu a volta para lhe abrir a porta. Foi impossível não lhe admirar as
longas e torneadas pernas. Porra, aquela saia! Fazia-o querer rezar em agradecimento por seu
comprimento diminuto. Ela caminhava sinuosa, seu corpo esguio e quente, seus cabelos se
esvoaçavam a cada passo... E até os seios dela pareciam seguir um compasso, num lento e delicioso
sobe e desce. Oh, bom pai, ele tinha de foder aquela garota naquela noite! E como lhe agradava o
jeito dela, sem qualquer frescura ou do tipo de garota que gosta de enrolar um cara, quando na
verdade está tão cheia de vontade quanto ele. Sem hipocrisia. Ela o desejava e demonstrava isso.
Quando o percebeu a fitá-la, deu um sorriso que fez o coração dele falhar uma batida. Era linda
demais, uma tentação de mulher!
— Olhe só isso! — exclamou admirando o Maverick — com certeza outra obra sua, certo?
— Bom... — ele curvou os lábios num sorriso — eu entendo um pouco de mecânica, lembra?
— Sim, sei...
— Para onde agora, boneca? — ele perguntou lhe acariciando o queixo, quando já estava para
entrar no carro.
Dando de ombro e o fitando de forma languida:
— Eu não moro longe.
O sorriso de Zane se alargou e ele beijou seu pequeno nariz arrebitado:
— É só me mostrar o caminho.

Não pôde deixar de notar que ele ficou surpreso por ela morar num bairro de classe média.
Quando resolveu se mudar, decidiu que queria experimentar algo mais simples em sua vida. E aquele
bairro residencial muito mais modesto de onde estava acostumada morar, se encaixava perfeitamente
em seus planos.
E algumas pessoas com certeza a chamariam de louca por levar um quase desconhecido para sua
casa. Mas sentia que podia confiar nele.
Ao chegarem, se atrapalhou com a fechadura, pois ele estava colado a suas costas, segurando seus
quadris contra sua ereção proeminente, enquanto lhe mordia o pescoço:
— Com problemas aí, docinho? — conspirava ele em seu ouvido, a provocando.
— O que acha?
Depois de algum tempo, conseguiu abrir a maldita porta e deu espaço para que ele entrasse:
— Surpreso que minha casa não se pareça com o castelo da Barbie? — cutucou quando ele
percorreu o ambiente pequeno da sala — Sim, porque... Como você disse? — fechava a porta
depositando as chaves e a bolsa no aparador — Uma riquinha esnobe...
Ele sorriu de lado, coçando o queixo, sem tirar os olhos dela:
— Um pouco surpreso.
Quinn também sorriu, mas de forma sensual, despindo o cardigã, lentamente. Zane estreitou os
olhos, acompanhando seus gestos:
— Mas acho que você não está aqui para admirar minha decoração, certo?
— Com certeza não. — Zane avançou para ela, segurando sua nuca e cintura e a puxou com força
contra seu peito.
Esmagou seus lábios com os seus, num beijo guloso. O gemido de antecipação que veio do fundo
da garganta dela fez os pelos de sua nuca se eriçarem. Ela se tinha nas pontas dos pés e correspondia
com igual ardor a sua investida.
— Você é tão linda, Quinn! — murmurou em sua boca, segurando suas ancas, esfregando-a em seu
pau sofridamente duro — Sexy como o inferno! Você me deixa louco, garota!
— Zane! — gemeu ela empurrando o boné dele fora de sua cabeça e segurando seu rosto entre as
mãos, mordendo seu lábio inferior.
— Você me quer, tanto quanto eu te desejo, não é, docinho?
— Sim... — respondeu de pronto, sem qualquer hesitação — eu quero muito você, Zane Hudson.
— E você me terá, Quinn Bee! — as mãos dele desceram para o bumbum macio, apertando-o
uma, duas, diversas vezes.
Ela até sorriu do trocadilho que ele fez com seu o nome, mas esse riso morreu rapidamente
quando ele a apalpou daquela forma. Suas mãos eram tão grandes que suas nádegas cabiam quase que
completamente nelas. Tinha de admitir, seu traseiro era um de seus pontos fracos. Adorava ser
apertado e ele fazia isso com maestria.
— Você não está usando calcinha, mulher? — se surpreendia ele enquanto a tocava.
— Claro que estou. Só que ela é bem pequena — completou de forma desavergonhada.
— Foda, eu preciso ver isso!
E antes que pudesse imaginar, ele estava de joelhos ao seu lado erguendo sua saia. Sentiu-se
exposta, mas não invadida. Na verdade, a ideia dele ali, vislumbrando aquela parte de sua anatomia.
Era muito, muito excitante!
Mordeu o lábio enquanto ele deslizava seus dedos por seus globos gêmeos, fazendo-a se arrepiar.
— É a calcinha mais sexy que vi na minha vida! — agora mordia a pele delicada e depois a
acalmava com pequenos beijos e um lento deslizar de língua que a fez ofegar — mas acho que não
vamos mais precisar dela, benzinho — puxou-a abruptamente e logo em seguida, não passava de um
pedaço de tecido sem qualquer outra utilidade.
Oh, Quinn simplesmente adorou aquilo! Tão selvagem!
— Hey! — fingiu retrucar — eu gostava daquela calcinha!
— Sinto muito! — Zane redarguiu sem uma nota de remorso na voz, voltando para a boca dela.
Suas mãos ainda estavam sob a saia dela e logo rumavam para seu centro que estava ansiosa por
seu toque. Quinn segurou sua respiração quando ele a tomou na mão, segurando toda sua vagina.
— Porra, garota! Tão molhada, tão pronta! — já não a beijava, a fitava, observando suas reações
a seu toque.
Quanto a ela, estava em suspenso, temendo fazer qualquer movimento e se perder ali mesmo.
Gravava suas unhas em sua jaqueta, suas pernas trêmulas como gelatinas.
— Você me quer aqui, Quinn? — segurava ainda seu traseiro, mantendo-a firme no lugar,
enquanto a tocava.
— Sim! — murmurou — Mas eu também quero tocar você!
Assim dizendo, Zane desceu o zíper do moletom. Para se despir, ele teve de tirar sua mão do meio
das pernas de Quinn. Ela não lamentou, pois sabia que logo teria mais que a mão dele ali.
Com movimentos atrapalhados e nervosos, Zane despiu também sua camiseta.
Quinn ficou simplesmente maravilhada com a visão do peito nu dele. Era uma profusão de
músculos muito bem definidos e um lindo pacote de seis em seu tanquinho. E pouco acima do cós de
sua calça, um lindo V se esculpia em seus quadris. E contemplou sua tatuagem que vinha sobre seu
ombro e que terminava em seu peitoral direito. Era algo fascinante!
— Você é incrível, Zane! — não pôde se conter. Exclamou fascinada. Estendeu suas mãos
diminutas frente àquele tórax trabalhado, louca para senti-lo.
Era firme, mas que retesava sob seu toque. Quando fez menção de beijá-lo, ele segurou seus
pulsos e a manteve afastada. Ela o fitou confusa:
— Terá tempo para tudo isso mais tarde, gracinha, mas agora... — e, dois puxões depois, os
botões de sua camisa voaram longe e ela estava com seu sutiã de renda exposto frente a um par de
olhos famintos.
Era tão primitivo! A deixava louca, ansiosa, excitada ao extremo.
A boca dele estava de volta a sua pele, provando seu pescoço enquanto tomava um seio farto na
mão, massageando-o com vontade:
— Tão macia!
Como o sutiã era de fecho frontal, logo era afastado para o lado se deleitando com a visão dos
peitos palpitantes de Quinn. Ouviu-o grunhir alguma prece, ou mesmo um palavrão antes de se
apossar de um mamilo rosado.
Quinn deixou sua cabeça pender quando ele a sugou com força, uma, duas, três vezes. Logo a mão
dele estava de novo no meio de suas pernas, e sem qualquer aviso, mergulhou entre suas dobras e ela
ofegou com força.
Agora suas unhas se gravavam nas costas largas. Mordeu seu ombro no processo, quando quase
mudou sua boca para o outro seio e retirou o dedo e tornou a mergulhar, girando-o dentro de seu
corpo. Era insano! Pura loucura. Ela estava alucinada.
O grito de urgência que ouviu podia bem ter escapado de sua garganta. Devia deixar a mão dele
ensopada, pois sabia que estava molhada como nunca antes, pronta, muito pronta para ele:
— Zane! — se ouviu gemer alto — Eu preciso...
— Do que você precisa, docinho?
Quinn engolindo, buscando por ar, puxou o rosto dele para perto do seu, suplicando entre dentes:
— Eu preciso que você me faça gozar! — nunca tinha dito tal frase em voz alta e aquilo era
libertador.
— Seu pedido é uma ordem, bonequinha! — foi o grunhido de volta.
De repente, seus pés eram tirados do chão e era levada para o sofá. Quando o viu se ajoelhar a
sua frente e erguer suas pernas para seus ombros, não teve tempo de protestar. Não que ela o fosse
fazer.
Quando a boca dele a tomou, Quinn não pôde evitar um grito, ao mesmo tempo de agonia e prazer.
— Oh, Deus! Zane! — seus gemidos eram incessantes, torturados.
Parecia tão possuído pela excitação, pela luxúria, provando-a, deslizando sua língua por toda a
extensão de seu sexo. Então a mergulhava fundo.
Quinn estava à beira de convulsionar. Suas costas se erguiam no ar, suas mãos cravadas na
almofada sob sua cabeça. A cada movimento seu para fora do sofá era um puxão dele de encontro a
sua boca. Não resistiu, ondulou suas curvas para ele. Lamentos escapando do fundo de sua garganta.
— Isso, benzinho — estimulava ele, chupando seu clitóris, um dedo a invadindo — Esfregue essa
bocetinha doce na minha cara! Abra-se para mim, querida.
Podia morrer. Logicamente o obedeceu, serpenteando seu corpo, arfando a cada investida.
Percebendo que ela estava próxima de vir, ele começou a fodê-la com sua língua, enquanto
brincava com seu clitóris com o polegar.
Quando os gritos dela se tornaram mais próximos e mais altos, soube que ela estava prestes a
explodir e aumentou seu ritmo. Mais rápido e mais fundo. Ele não podia se conter. Queria colocá-la
na borda para fazer ela cair longa e lentamente em uma espiral de prazer.
Quinn experimentou a ausência quase total de sentidos, quando o orgasmo mais intenso que teve
em toda sua vida a dominou. Cada simples nervo seu se contorceu e em seguida estremeceu
violentamente para depois se tornar um amontoado de músculos frouxos e sem qualquer força.
Enquanto ofegava muito, sentiu ele lambê-la longamente uma última vez. Seu corpo estalou e ela
franziu o cenho, ainda tomada por tremores de menor intensidade.
Zane começou a se levantar devagar, passando uma mão sobre a face. O contemplou por seus
olhos entreabertos. O sorriso dele era satisfeito, pervertido, como se insinuando que ainda não havia
acabado com ela. Oh, esperava mesmo que não!
Então ele sentou-se no sofá e a puxou esparramada sobre seu colo. Por sorte era forte o suficiente
para aguentá-la, pois ela era um pequeno pedaço de carne moldável e desmembrado. Enquanto a
beijava uma vez mais, fazendo sentir seu próprio gosto, terminou de libertá-la do resto de suas blusas
e sutiã. E então, moldava os seios em sua mão e beliscava os mamilos delicados.
Quando ela tocou seu pênis, ele trancou os dentes. Esperava conseguir ter autocontrole o
suficiente para não passar vergonha. Queria tanto estar dentro dela que doía.
Quinn se surpreendeu com o que tocou. Zane parecia ter um eixo bem grosso e longo. Rápida e
desajeitada, desafivelou o cinto dele e logo avançava para seu zíper. Então descia sua boxer... No
momento em que seus olhos pousaram no pau dele, lindamente duro e apontando em sua direção. Sua
boca encheu de água e sua vagina se contraiu, com urgência.
Mas um pequeno detalhe lhe chamou a atenção:
— Wow! O que é isso? — ela se espantou ao ver algo brilhando perto da ponta do eixo bem
generoso dele.
Na semiescuridão, pode ver-lhe o meio sorriso debochado:
— Isso, bebê, é um pênis, o órgão sexual masculino. — Falava de forma didática, tentando impor
um tom sério em sua frase. Mas ela não prestava atenção nisso. Como, se ele tomava seu belo
equipamento em uma mão, fazendo um delicioso movimento de subir e descer?
Ela teve de morder o lábio, para não substituir a mão dele pela sua.
— E está fazendo festa para você… — concluía ele.
— Eu sei bem o que é isso, seu bobo! — ela riu, um pouco nervosa. Nunca tinha estado com um
homem tão sexy, tão seguro de si. E adorava o humor dele. Era quente. — Me refiro a isso —
apontou, sem tocá-lo — nele.
— Oh, fala disso! — ele tocou na pequena peça brilhante, que parecia ser feito de metal — se
chama apadravya.
— Apadravya — ela experimentou o nome — ok, me chame de leiga, mas eu nunca ouvi falar
sobre isso!
— É uma espécie de piercings.
— Piercings? Aí? Eu já vi essas coisas em sobrancelhas, nariz, boca e mamilo. Mas no… Hã…
Nele nunca. Dói?
— Nop! Mas eu tenho de confessar que quando eu o coloquei… — ele coçou o queixo de barba
por fazer — eu posso ter chorado como uma garotinha!
— Isso eu posso imaginar.
— É o nosso segredinho, ok? — piscou-lhe.
— Ok. E… Isso não vai me machucar, quando estiver dentro de mim? — a perspectiva dele estar
dentro dela num futuro muito, muito breve, a deixava arrepiada.
— Não, docinho, com certeza não! — enfatizou-o com certeza.
— Nenhuma outra garota reclamou antes?
— Não, muito pelo contrário. Todas adoraram!
De repente, pensar que ele estivera com outras mulheres a incomodou… O quê? Delete tal
pensamento, Quinn!
— Mas, se ele não é um adorno, visto que está escondido... Tem alguma função?
— Sim. Dar prazer. — Foi direto, observando sua reação.
Talvez percebendo sua quietude, ele lhe sugeriu:
— Mas se estiver receosa, posso retirar… — ele parou com aquela perturbadora massagem em si
mesmo e ela quase lamuriou. Era um lindo show de se ver.
— Não, eu acho que quero provar… — Quinn se interrompeu, quando ele levantou uma
sobrancelha, sugestivamente — experimentar… — enfim, ela escondeu o rosto entre as mãos, sem
jeito — Oh, Deus, você entendeu!
Ele jogou a cabeça para trás, numa gostosa e sexy gargalhada. Ela teve de olhar para aquilo. Zane
Hudson rindo tinha o poder de fazer seu sexo pulsar e se apertar.
— Eu posso tocar?
— Será um prazer e quando digo prazer, é prazer mesmo!
— Ok — Ela novamente se viu mordendo o lábio e estendendo a mão, vagarosamente rumo ao pau
dele.
Estava escuro, ela mal podia ver, mas sabia, mesmo na penumbra, que ele era grande. Mas quando
o envolveu com sua mão, soube que era grande, macio ao mesmo tempo que duro, muito duro.
No momento de seu contato, Zane arfou novamente jogando a cabeça para trás. As coxas fortes nas
quais estava sentada estremeceram sob seu corpo.
— Porra, mulher! Se eu não estivesse controlado, eu poderia gozar nessa sua mão, como um
maldito adolescente!
Sorriu tenuemente. Era delicioso a forma como ele reagia a ela. Fazia-a se sentir sexy, poderosa,
como nunca antes.
Incentivada pelo leve tremor que ainda sentia nas pernas dele, na respiração pesada que lhe
escapava do peito, Quinn acrescentou uma outra mão. Tocou-lhe a coroa grossa de seu pênis,
sentindo a umidade de seu pré-sêmen. Em outras ocasiões, sentia nojo de entrar em contato com esse
líquido… Mas nele, em Zane Hudson, a deixou louca, sua boca salivando, desejando prová-lo. Quem
sabe numa outra oportunidade?
Não, Quinn! Não haveria outra oportunidade. Aquilo seria uma transa de uma noite só. Eram
completamente diferentes e não havia chance de mais que isso entre eles!
Aproveitando sua umidade, a espalhou sobre a ponta e deslizou um pouco mais, até tocar o
apadravya dele. Ele voltou a se contorcer, soltando uma maldição baixinha, grave.
E de repente, as mãos dele estavam acolhendo sua cabeça, trazendo seus lábios bem próximos aos
dele, onde ofegava:
— Quer me fazer desmanchar nas suas mãos, mulher? — sussurrou, seus dentes cerrados.
— Isso é bom?
— Você não faz ideia!
Quinn arqueou seu corpo rumo ao dele, agora imitando o movimento de subir e descer dele, sobre
seu eixo, enquanto com a outra mão, circulava seu piercing e a glande dele.
— E isso? — perguntou, lambendo seus lábios, de forma bem provocante.
Ele grunhiu com selvageria, tomando seus lábios num beijo que fez sua boca doer. Mas quem se
importava? Sabia que seu rosto de pele sensível ficaria vermelho, por conta da fricção da barba
dele, mas... Oh, era tão bom!
A língua dele era mesmo algo excepcional! A lambia, se enroscava na dela, instigando, buscando
a sua para sugar com volúpia.
Então ele interrompia o beijo bruscamente, acrescentando sua mão a dela em seu pau, fazendo-a
apertar com mais força, impondo um ritmo mais acelerado, enquanto confessava ainda junto a sua
boca:
— Eu preciso dele enterrado — fez uma pausa, mordendo seu lábio e o soltando rapidamente —
bem fundo em você!
— Eu não vou protestar contra isso! — gemeu em resposta.
Alcançando a carteira no bolso traseiro, buscou por um preservativo e logo o vestia:
— Venha cá, benzinho — Com as mãos em seus quadris, a fez pairar sobre ele. Mas antes, levou
alguns dedos à boca, deslizando-os em sua língua e depois veio esfregar na vagina dela, e isso sem
deixar de fitá-la.
Quinn arfou ao contato dele. Ainda estava muito sensível de seu orgasmo. Apoiou sobre os
ombros dele, quando a direcionou rumo a seu lindo pau:
— Oh, porra! — murmurava entre dentes, quando a ponta grossa encontrou resistência para entrar
— Você é tão apertada…
— Ou você que é muito grosso?
— Uma ótima combinação, não acha? — ria, mas seu nervosismo era evidente.
— Acho que não posso com tudo… — se agoniou ela.
— Pode sim. Mas vamos começar lentamente, para que se acostume comigo. Logo galopará feito
uma amazona!
Quinn sentia sua pele reclamar contra a tentativa de invasão. Poucos centímetros haviam entrado e
mesmo com a camisinha, pode sentir o frio do apadravya dele contra sua abertura quente. Era bom.
Diferente, mas muito bom.
Zane a segurava no ar, não deixando que seu pênis avançasse mais do que ela podia aguentar:
— Tudo bem? — inquiria com tom contido, até um pouco preocupado.
— Está tudo ótimo! — beijou-o para tranquilizá-lo.
Não sentia exatamente dor. Era apenas um pequeno incômodo.
— Mais? — oferecia ele.
— Sim, mais!
E mais alguns centímetros estavam dentro dela. Uma sensação poderosa a dominou. Seu corpo
parecia feito para recebê-lo.
— Mais? — voltava a dizer ele.
— Sim, eu quero tudo, Zane Hudson! Quero você todo dentro de mim!
— Você é uma mocinha bem gulosa, não? — provocava, deixando-a descer todo o caminho,
vagarosamente.
A boca dela se abriu em um “o” perfeito. Sentia-a se remexer para melhor acomodá-lo. Se
soubesse que seus movimentos o estavam matando! Sua vontade era de investir contra ela com fúria!
Porém, nunca faria isso. A última coisa que desejava era machucá-la. Queria fazê-la se dobrar de
prazer. Mas o modo como ela mordia seu lábio, sua expressão concentrada em senti-lo, era de fazer
qualquer ser mortal perder a cabeça.
— Agora você me tem todo dentro dessa sua bocetinha gostosa, bonequinha! — grunhiu segurando
as nádegas macias e espalhadas em suas coxas.
— Tenho? — Quinn o abraçou, seus seios esmagados contra o peito dele.
— Sim... Agora vamos à parte mais difícil.
— E qual é ela?
— Mover-se.
— Assim? — e ela rebolou sobre ele.
Zane cravou suas mãos em sua cintura fina e prendeu a respiração:
— Exatamente assim! — seus dentes estavam cerrados, o maxilar tenso. Sim, o controle dele o
estava traindo.
— Mais? — imitou-o, erguendo uma sobrancelha.
— Sim! — ria ele, sem conseguir relaxar — eu quero tudo!
Quinn correu um dedo pelo queixo dele:
— Você é um menino guloso...
— Sim! Estou faminto por você!
Segurando-a pelos quadris, ergueu-a até quase tirá-la de seu pau. Quinn cravou as unhas em seus
ombros e mordeu o lábio quando a baixava de novo por todo seu comprimento:
— Oh, Deus! Isso é muito bom!
E Zane repetia o gesto, e de novo, e de novo... E Quinn arfava e se contorcia a cada estocada.
Jogava sua cabeça para trás e gemia. Logo o ritmo era acelerado um pouco mais.
Quando ela veio encostar a testa na dele, lambendo seus lábios de forma devassa, deu um puxão
mais forte nela contra ele.
— Sim! — ela murmurou em reposta.
E logo Zane estocava com força e Quinn gritava de prazer. Que visão! Aquela mulher deliciosa
cavalgando sobre ele! Sabia que não duraria muito, mas queria apreciar cada segundo.
Ainda vestia a saia. Agora que era ela quem ditava o ritmo, apoiando-se em seus ombros, ergueu
o tecido, amontoando-o em sua cintura fina, para ter uma visão de seu eixo sumindo dentro dela. Era
tão estreita que parecia sugar seu pau, massageando-o no processo. Porra era muito bom!
— Eu não disse, bonequinha? Uma verdadeira amazonas!
— Oh, Zane! — lamuriava contra sua boca. Estava suada, trêmula.
— Sim, Quinn Bee! Deixe-me te levar, querida — assim ele voltava a assumir o controle, rolando
com ela sobre o sofá, as pernas dela se enrodilhando em seus quadris, para recebê-lo fundo.
Zane esqueceu qualquer controle. A fodia com força, medindo o prazer dela por seus gemidos e
gritos de êxtase.
— Foda, garota! Você é gostosa demais!
Sentiu-a enrijecer sob seu corpo grande e gritar mais uma vez seu nome. Com um grunhido
selvagem, ele acelerou ainda mais suas estocadas quando Quinn começou a convulsionar, apertando-
o ainda mais entre suas pernas.
Zane urrou sua libertação no momento em que ela esticava seu pescoço para trás, seus lábios
entreabertos, sua respiração suspensa. Sim, ela estava em meio a um lindo orgasmo.
Ele pensou que nunca tinha gozado tanto em sua vida. Sentia os jatos quentes esvaindo ao longo de
seu pau ainda tenso, seu coração batendo tão descompassado que achava que fosse explodir em seu
peito.
Esgotado, deixou-se cair sobre ela, sua cabeça repousando entre seus seios. Quinn parecia um ser
desmembrado e tão ofegante quanto ele.
Resmungou um gemido quando se retirou dela:
— Tudo bem, docinho? — perguntava com uma nota de preocupação na voz. Teria perdido o
controle? E se a tivesse machucado?
Mas o longo e dengoso suspiro, acompanhado de um serpentear de corpo e um sorriso lânguido na
boca o fizeram perceber que estava bem e satisfeita.
— Acho que nunca estive melhor, Zane Hudson!

Zane riu aliviado e mordeu suavemente a lateral de seu seio saindo do meio de suas pernas. Ela
fez uma careta, não sabia se de dor por sua partida:
— Onde fica o seu banheiro, moça? — perguntou de forma preguiçosa.
Apontou a direção, com gestos econômicos. Quando ele se levantou e seguiu para o rumo
indicado, Quinn aproveitou para admirar seu traseiro bem-feito e suas costas largas. Foi então que
notou outra tatuagem no quadril esquerdo. Com a pouca iluminação, não pôde ver detalhes, mas
parecia ser idêntica a que já tinha. Que corpo tinha aquele homem! E fodia divinamente! Não se
recordava de ter tido dois orgasmos tão intensos e deliciosos como os que lhe dera.
Esticando os músculos ainda frouxos, levantou-se e caminhou para seu quarto. Desceu o zíper da
saia e a deixou cair no chão, ao lado da cama. E então era seu corpo que desmoronava de bruços
sobre o colchão.
Enrolou-se no lençol e experimentava uma semiconsciência quando o sentiu parar à porta. Com
seu corpo tão relaxado, não conseguiu fazer um único movimento.
Quando ele se juntou a ela na cama, não sabia de devia abraçá-lo. Era uma situação nova a que
vivia ali. Sim, tinha estado com outros homens depois do término com Ashton, poucos, mais tinha. Só
que nunca os levara para sua casa. E nunca transara com eles no primeiro encontro. E naquele exato
momento, não se tratava exatamente de um interlúdio romântico. Era apenas sexo entre um homem e
uma mulher.
Mas teve de admitir que adorou quando ele se enfiou sob seu o lençol e a puxou para seus braços,
exalando satisfeito. Quinn sorriu e se aconchegou em seu peito amplo. O cheiro dele era viciante.
Pele, sexo e macho.
— Eu gostei da decoração — Ele soou divertido.
Quinn olhou na direção em que apontava. A um canto da parede, junto à porta de seu armário,
havia várias tábuas e sapatos espalhados. Ela riu e escondeu a cabeça sobre o lençol por um instante.
— Me dê um desconto! Estou aprendendo a ser dona de casa, ok?
— E aquilo. — Apontava.
— Era para ser o meu armário de calçados, ok? Contratei o marceneiro, comprei todo o material
que me foi exigido e cadê que ele apareceu?
Zane riu e ela pensou que era o som mais agradável que ouvira:
— Sei bem como são esses caras! Mas então, está aprendendo a cuidar de uma casa? — pareceu
confuso.
— Sim. Deixei a casa de meus pais há seis meses — brincava sobre o peito dele com um dedo,
contornando o trecho de sua tatuagem que ficava em seu tórax — lá havia, ou melhor, ainda há uma
empregada para cada coisa! E sozinha, estou tendo de descobrir como... Lavar minhas roupas, limpar
uma casa... E comer! Meu Deus, essa é a pior parte! — ria — acabei por descobrir que não tenho
nenhum talento ao pilotar um fogão!
A mão dele deslizava para cima e para baixo em suas costas. Era delicioso!
— Bom, cozinhar não é realmente para qualquer um...
— Você cozinha? — perguntou, apoiando a cabeça nas mãos e sobre o peito dele para encará-lo.
— Moro sozinho há muitos anos. Tive de aprender na marra — O dedo dele veio acariciar seu
rosto, suavemente.
— Oh, puxa! Eu invejo isso! Quem me salva às vezes é Emma, cozinheira da minha mãe. Ela
prepara alguns pratos que posso congelar. Senão, tenho de recorrer a pizzas, comida japonesa...
Enfim, se continuar nesse ritmo, vou engordar! Fato!
Zane sorriu de lado:
— Por hora, eu não vejo nada fora do lugar. Muito pelo contrário — relanceou um olhar para os
seios fartos que estavam apertados contra seus músculos peitorais — Aprecio muito a vista.
Quinn jogou a cabeça para trás, rindo também:
— Diz isso agora! Espere para me ver daqui a seis meses! — ela se arrependeu da frase, mas
disfarçou. Planos para dali a meses? Esqueça, mulher!
Ela mordeu o lado inferior de sua bochecha, seu dedo agora contornando o maxilar firme e
quadrado dele. E então, desenhou seus lábios finos. Ele era muito bonito. Um tipo de beleza rústica,
um macho ao natural:
— Na garagem, naquela noite... — começou pensativa — você disse que eu também o estava
observando. O que exatamente você me viu observar?
O sorriso dele se alargou como se recordasse a cena. Inflando seu peito, começou:
— Bom, notei você assim que entrou naquele bar. A coisinha mais fresca que eu já tinha visto por
aqueles lados...
— Fresca? — Quinn se empertigou.
Após uma curta gargalhada, tentou se explicar:
— Fresca do tipo... Tanto as mulheres como homens vestiam jeans e couro naquele lugar. Aí você
chegou... Toda cheia de estilo. Bem vestida, entende? Bom, você me pareceu bem agradável aos
olhos.
— Hum — ela relaxou, voltando-se a se ajeitar confortavelmente junto ao corpo rijo, mas, ao
mesmo tempo, acolhedor — assim está melhor!
— Tenho certeza de que sabe que chamou a atenção de todos no lugar, não?
— Fiquei desconfiada. Não é o tipo de lugar que realmente costumo frequentar.
— Deixou até aquele pirralho do garçom meio desorientado!
— Oh, ele era um fofo! Deu-me até o número dele num guardanapo!
Zane bufou:
— Pirralho! Pirralho com fé!
Quinn riu com gosto.
— Então — ele prosseguia — essa coisinha linda entra naquele bar — dizia correndo um dedo
pelo braço dele. Quinn franziu o nariz, divertida — claro que eu conferi o belo material. Mas sem
qualquer expectativa de que você me notasse.
“Mal sabia ele!” Pensava ela.
— Mas qual não foi minha surpresa, ao flagrar esses lindos olhos de chocolate quente sobre mim!
— ergueu um dedo, fazendo um pouco de suspense — mais especificamente em uma certa parte da
minha anatomia...
Quinn deixou uma exclamação escapar de sua boca e seu queixo caiu.
— Como se me medindo mentalmente...
— Não! — gritou, ela, escondendo a cabeça sob o lençol de novo e dessa vez ficando lá — Você
não viu isso!
Zane gargalhava com gosto:
— Oh, sim. Eu vi isso!
— Não, não viu! — rebatia muito envergonhada.
— Depois desse flagra, eu tive de correr, me esconder, pois senão, teria uma noção muito boa do
tamanho do meu eixo! Você me deixou bem duro com esses olhares cobiçosos sobre mim!
Quinn deixou apenas os olhos de fora, perscrutando-o de forma desconfiada. Então descobriu-se e
fez beicinho. Que ele achou altamente beijável.
— Não pense que sou do tipo que sai por aí... Examinando as partes baixas dos homens! — se
defendeu, fingindo ultraje — é só que você me chamou a atenção com todo esse seu tamanho... Porte,
eu quero dizer! — corrigiu-se rapidamente, fazendo-o rir de novo. E acrescentou em tom de
confidência, quase que para si mesma — e porque já fazia um algum tempo que eu não tinha um sexo
de qualidade!
— Hum! — Zane franziu o cenho divertido — e tivemos um “sexo de qualidade” hoje?
Quinn gargalhou. Mas pensou por um segundo, que ele podia não ter ouvido sua declaração final.
Sim, podia afirmar que fora a melhor transa de sua vida!
— Nem vem que eu não vou encher a sua bola! De jeito nenhum!
Com um movimento rápido de corpo, Zane estava em cima dela, pressionando-a contra o colchão
com seu peso:
— Eu sempre posso usar de persuasão — ameaçou de forma sexy.
Quinn lhe enviou um olhar falsamente inocente, enquanto suas pernas enlaçavam os quadris dele:
— E quem poderá te impedir?
Logo podia sentir o pau dele simplesmente criar vida junto a suas coxas e logo se flexionava em
suas carnes macias.
Zane mergulhou sua cabeça em seu pescoço, beijando e mordiscando enquanto fazia um delicioso
movimento de subir e descer com o quadril. Agora todo o eixo dele se esfregava em sua vagina, que
ainda estava bem sensível pela última vez. Mas era algo tão bom que ela correu as unhas pelas costas
dele, languidamente, sua cabeça indo para trás.
— Hum — gemeu longamente.
Sentiu Zane sorrindo, subindo por sua mandíbula até encontrar sua boca. Mordeu seu lábio, com
um pouquinho mais de força. Não a ponto de causar dor, mas de deixá-lo sensível. Então, sem deixar
de lhe fitar os olhos, lambeu lentamente o lábio delicado e a forçou até que entreabrisse a boca.
Então mergulhava a ponta da língua devagar e em seu recanto úmido, para em seguida retirá-la,
provocando-a.
Quinn estreitou seus olhos, desafiando-o:
— Ainda não me sinto impelida a dizer nada!
— Mas eu ainda nem comecei! — assim dizendo, beijou-a vorazmente, deixando-a sem ar.
Quinn gemeu junto a sua boca, entregando-se. Ele sabia beijar! Dominava numa dança sensual,
provando, deixando-se provar e depois assumindo de novo o controle. Quando ela pensou que podia
se viciar naquele beijo, Zane deslizou para explorar seu pescoço esguio, não se detendo muito tempo
ali. Logo enchia seu colo de pequenos beijos e então estava admirando seus seios palpitantes.
— Olhe para essas meninas! — sussurrava, uma mão correndo entre seus vales, fazendo a pele
dela se arrepiar e ansiar por mais e mais — tão lindos!
Quinn sorriu e mordeu o lábio, enquanto o sentia beliscar um mamilo. Mas o riso sumiu
abruptamente quando o sentiu abocanhar o outro. Ele o chupou e o soltou e tornou a sugar para sua
boca e depois correu a língua em volta do biquinho intumescido, sempre a fitando nos olhos. Era
erótico.
Ela se contorceu debaixo dele e gemeu de forma manhosa. Umedecendo os dedos em sua boca, os
levou ao clitóris dela, fazendo-a arfar e prender a respiração. Zane se deleitou em vê-la erguer seu
belo corpo da cama, enquanto fazia movimentos circulares em seu pequeno botão delicado.
— Oh, Zane! — ela balbuciava.
— Disposta a falar agora, docinho? — Zane provocou com voz suave e rouca.
Quinn voltou a morder o lábio, um sorriso na boca:
— Falar? Eu estou me esforçando para me manter lúcida, homem!
Ele deu uma daquelas risadas abafadas junto a seu seio, antes de o lamber longa e lentamente:
— Você está me deixando mais curioso e isso só me fará mais determinado, querida...
— Ok... Eu digo algo... — se curvou até estar cara a cara com ele — você é melhor que o Hulk...
Zane deteve seus movimentos, fitando muito confuso:
— Hulk?
Ela riu alto e o instigou a prosseguir:
— Não pare e eu falo!
E ele voltava a atormentá-la com seus deliciosos dedos e boca:
— Sou todo ouvidos, benzinho. — Murmurou com um mamilo túrgido entre seus lábios.
— Hulk é meu vibrador! — confessou, sem olhá-lo.
Encantou-se com a risada dele junto ao seu peito:
— E a coisa só melhora! — E em seguida, Zane pergunta com a sua mão passeando por suas
carnes macias — Está dolorida, bonequinha?
Quinn remexeu seu quadril em direção ao seu toque:
— Um pouquinho... — soerguendo o corpo, o suficiente para provar os lábios deles, sussurrou ao
que uma boa lubrificação não resolva.
Zane devorou sua boca com gula, os dedos emaranhados em seus cabelos bagunçados:
— Vejamos o que podemos fazer a respeito.
E antes que Quinn pudesse raciocinar, ele descia sobre seu corpo e suas pernas estavam de novo
sobre os ombros dele. Ficou em suspenso, aguardando o toque, mas ele não veio imediatamente.
Sentiu primeiro o toque suave de sua mão, seus dedos separando suas dobras. Então a voz dele,
baixa e parecendo encantada soou:
— Você tem uma linda bocetinha, Quinn Bee.
Ninguém, nunca havia elogiado sua... Bom, aquela parte de sua anatomia. Nesse momento,
agradeceu intimamente a Gwen que a convencera de fazer uma depilação estilo brasileira, chamada
biquíni.
Logo sentia a boca dele tomar seu clitóris, sugando-a levemente e o soltando em seguida, como se
estivesse conferindo o resultado do que fizera:
— Sim, linda e gostosa, muito gostosa, bonequinha — assim sussurrando, deixou uma mão pousar
sobre seu ventre chato e a outra a puxava pela coxa, tomando-a de vez em sua boca.
Quinn se esqueceu de como se mandava ar para seus pulmões. Era muito bom! A cada açoite da
língua dele era uma dimensão que ela ultrapassava. Ficou imóvel, somente absorvendo as sensações
alucinantes.
A certo momento, apoiou-se sobre seus cotovelos para vislumbrar o trabalho dele. Era a coisa
mais erótica que já vira. Aquele homem extremamente sexy, fitando-a enquanto a fodia magicamente
com sua boca.
Ela não conseguiu encontrar uma única palavra para dizer a ele. Nem precisava. Os olhos dele
brilhavam com luxúria pura, investindo mais e mais, atento as reações dela, apertando-a, deixando as
marcas de suas mãos cravadas em suas coxas. Quinn só fazia gemer e se surpreender quando seu
corpo se convulsionava, e como um ímã, era atraído cada vez mais para ele.
Então ela gemia alto, chamando pelo nome dele e desabava sobre o colchão, esgotado, trêmulo.
Sentiu-o lambê-la uma vez mais e então se afastar. Mas tão rápido quanto ele se fora, estava de volta,
já vestindo uma camisinha em seu membro lindamente duro:
— Acho que já está o suficiente molhada para mim, não, bonequinha?
Quinn mordeu a ponta da língua e o chamou com as mãos:
— É o que vamos descobrir agora, não?
— Com certeza! — assentiu beijando-a ao mesmo tempo em que se ajeitava entre suas pernas
novamente.
Quando sentiu a ponta do pau dele, num conjunto com seu apadravya, Quinn interrompeu o beijo
por um instante:
— Devagar no começo, certo? — sugeriu com um pouco de receio. Ele era grande, tinham de ir
com calma no começo.
— Claro, docinho! Terei todo o cuidado do mundo — prometeu, já a penetrando, bem suavemente
— Minha última vontade é fazer você sentir dor — ergueu uma de suas pernas, forçando um pouco
mais sua passagem, relaxando-a com suas palavras ditas em sussurros junto a seus lábios — Até que
eu esteja, como agora — um último movimento de quadril — Enterrado em você, coisa gostosa!
— Sim — Quinn sorria, suas mãos descendo pelas costas dele e detendo-se em seu bumbum
firme, cravando suas unhas ali — E eu gosto disso.
— Porra, garota, você é tão sexy que me deixa louco! — ele admitia, mordendo seu pescoço,
começando a se mover com cautela, seu maxilar contraído e centrado em se conter.
Mas ela se serpenteou sob seu corpo grande, pedindo mais dele. E Zane foi aumentando suas
estocadas até estar num ritmo alucinado dentro dela.
Quinn agarrava-se em seus ombros, recebendo-o, gemendo seu nome, mordendo seu queixo.
Logo a respiração dela se tornava irregular, suas curvas se arqueando de forma desconexa, seus
lábios entreabertos. E Zane tinha de olhar para tudo aquilo, pois era lindo demais.
Quando ela atingiu seu orgasmo, cravou os dentes em seu ombro, o suficiente para deixá-lo
marcado. E ele simplesmente perdeu a cabeça com isso. Sentando-se, sem se desconectar dela,
segurou suas duas pernas, coladas a seu peito e investiu com força, grunhindo como um selvagem
descontrolado.
Quando gozou, sentiu como se seu cérebro entrasse em curto. Manteve-a bem apertada junto dele,
seu pau bem fundo nela, até que sentiu o último jorro de sêmen abandonar seu corpo.
Completamente esgotado, deixou-se cair de lado, retirando o preservativo, amarrando sua ponta e
jogando-o num cestinho de lixo providencial ao lado do criado-mudo. Ele não se encontrava em
condições de fazer uma caminhada até o banheiro dessa vez.
Acolheu Quinn que se aninhava em seu peito, suspirando levemente:
— Só uma questão — ela começava. Sua voz era muito suave e sonolenta — Como pude viver
tanto tempo sem um apadravya em minha vida?
Zane reuniu um resquício de força para rir, apertá-la na curva de seu braço e beijar o topo de sua
cabeça:
— Isso é um mistério! — balbuciou quase dominado pelo sono.
Sabia que não devia adormecer ali. Mas ao que parecia, Quinn já desabara. Ele iria somente tirar
um cochilo.
O dia ainda não havia amanhecido por completo. Quinn pôde notar isso pelas cortinas
entreabertas. Estava cansada, mas extremamente relaxada e por que não dizer, feliz? Sorrindo, o
primeiro pensamento que lhe veio à mente foi: Agora sim eu sou uma mulher que foi bem fodida!
Mordeu o lábio para segurar o riso e voltou-se lentamente para se aninhar novamente ao peito de
Zane... Mas encontrou o lugar ao seu lado vazio.
Franzindo o cenho, apoiou-se em seus cotovelos e apurou os ouvidos para tentar ouvir algum som.
Nada. Nem mesmo o chuveiro parecia ligado:
— Zane? — chamou e aguardou. Não houve resposta.
Livrando-se do lençol, deixou a cama e rumou para a sala à procura dele:
— Zane? — tornou a chamar.
Definitivamente ele não estava ali. Ela mordia a unha do polegar, pensativa. Ele havia ido embora
sem se despedir? Mas por quê?
Ela bufou e foi para o banheiro. Bom, o que esperava? Que ele ficasse para dividir o café da
manhã com ela? O pensamento incômodo de que gostaria daquilo se apossou dela.
Meneou a cabeça frente ao enorme espelho. Agora você é uma mulher moderna! Teve uma noite
de sexo quente com um quase desconhecido. E que noite! Somando todas as outras que passara com
seu ex, nem de perto se assemelhavam ao que tinha desfrutado nos braços de Zane Hudson. Fechou os
olhos recordando dos detalhes. Seu corpo dava sinais de que gostaria de mais.
As únicas evidências de que ele estivera ali, além do cheiro dele em seu corpo, eram os três
preservativos dispensados no cesto do banheiro. E havia o outro no cestinho do quarto.
Examinando-se melhor no espelho, notou alguns hematomas em seu pescoço e uma mancha
arroxeada em um de seus seios. Não conseguiu evitar um sorriso, apesar de sua aparência
deplorável.
— Bem fodida — Gemeu, não por dor, mas por frustração.
Adoraria que ele tivesse ficado. No mesmo instante, se achou infantil. Não tinha sentido ele ficar
e sabia bem disso. Mas se Zane gostara tanto da noite que tiveram juntos, quanto ela, possivelmente a
procuraria de novo.
Ergueu um ombro, roçando seu queixo nele. E com certeza ela aceitaria um convite para uma
segunda rodada.
10º

— Hey, Hudson? O que há, homem? É a terceira vez que erra a nota da música! E olha que essa é
uma das suas músicas preferidas!
Zane levantou os olhos e fitou Carter, o vocalista da banda onde tocava guitarra. Por um instante,
não entendeu o que ele falava. Enfim suspirou, correu as mãos pela nuca:
— Desculpe, cara! Minha cabeça está um pouco longe hoje...
— Sei! — provocava Stevie, o baixista — isso aí só tem um nome: mulher!
— Não enche! — grunhiu entredentes, deixando seu mau humor transparecer.
O outro riu indo buscar uma garrafa de água na geladeira.
Fazia parte dessa banda, Os Infernais, onde tocavam por diversão, sem grandes aspirações.
Ensaiavam na garagem da casa de Carter aos sábados. Adorava aquelas horas e as que faziam shows,
em festas de amigos e pequenas casas noturnas na cidade e redondezas. Mas naquele dia não estava
com cabeça. Não conseguia se concentrar.
— Eu sei de uma coisinha que te fará se sentir melhor — insinuava Matt, o baterista.
Sabia do que ele estava falando. A maioria dos caras da banda eram chegados em remédios e
outras drogas ilícitas. Zane estava fora dessa onda. Já há alguns anos.
Entendendo o silêncio do amigo, Carter ralhou com o outro:
— Você sabe que ele não curte mais essas paradas, Matt! Deixe o cara em paz! Bom, vamos fazer
uma pausa, ok? Meia hora? — sugeria.
Zane bateu em seu ombro em agradecimento e rumou para o banheiro. Lá chegando, jogou água no
rosto e se fitou no espelho. Já faziam três dias desde que ficara com Quinn. E simplesmente não
conseguia tirá-la da cabeça! Tinha esperança de que depois de passar a noite com ela, faria com que
toda aquela atração ao menos diminuísse. Ledo engano! Só fizera aumentar.
E percebeu isso, horas depois de foder com gosto aquele corpinho receptivo e quente. Acordou no
meio da noite e lá estava ela, nua em pelo, deitada ao seu lado. Era tão linda, mesmo dormindo.
Quatro transas e ele se via de novo duro, ansioso por estar de novo dentro dela, provar de seu sexo
delicioso, doce... Um gosto que ainda sentia em sua boca. Ele não era assim. Uma, duas transas com
a mesma mulher na noite já lhe eram o suficiente. Mas com Quinn... Parecia que ele nunca
conseguiria o suficiente. E isso o deixara assustado. Não queria de novo esse tipo de dependência de
uma mulher. Por isso partira sem se despedir, sem deixar qualquer recado. E estava decido a não
procurá-la mais.
A sensação de ter sido um canalha com Quinn o atormentava. Correu a mão pela cabeça raspada,
pela milésima vez naquele dia. Estava realmente inquieto. Eles não haviam acordado um segundo
encontro. Era para ser uma noite, de sexo quente, selvagem e descompromissado. E assim fora. Mas
infelizmente deixara um gosto de quero mais na boca e por todo o corpo de Zane.
Mas mulheres como Quinn Armentrouth não eram o tipo que desejaria uma segunda noite com
homens como ele! Sim, sabia que ela havia gostado e muito das horas que desfrutaram juntos, porque
ela fazia questão de demonstrar isso, seja em sua entrega total ou seus gemidos de prazer, mas isso
não significava que o queria em sua vida.
E ele também não devia desejar algo mais com a garota. De certa forma, a tinha usado como
válvula de escape para tirar Camille de sua cabeça, após o fatídico reencontro. No entanto, sequer se
lembrara da existência da outra nos momentos em estivera nos braços de Quinn. Que mulher! Sexy
como um inferno, quase o levara à loucura! É fácil de conversar! Apesar de sua posição social, era
sem frescuras, bem-humorada. Oh, sim, ele adoraria uma segunda rodada. E se policiava a cada
segundo para não discar o número dela, roubado dos arquivos de Jake. Tantas outras estivera a ponto
de deletar, mas a coragem sumia no segundo seguinte.
“Você é uma piada, Zane Hudson! Ficar de quatro por uma mulher que não deve! É um
sadomasoquista mesmo!” — ele pensava.

— E Zane Hot? Já te ligou? — Gwen perguntou, quando deram uma pausa na malhação.
Quinn suspirou e torceu a tampa de sua garrafinha de água:
— Inferno! Não! — ela olhou adiante, para nenhum ponto específico da academia lotada na manhã
de sábado.
— Não sei do que está reclamando! — Júlia vinha, segurando as pontas de sua toalha envolta do
pescoço — não era você quem fantasiava com uma noite com um desconhecido? Sexo quente, sem
amarras ou compromissos?
— Verdade! — Gwen concordou, alongando as costas — conseguiu o que queria, não?
Quinn mordeu o lábio, pensativa:
— Sim... Mas acho que acabo de perceber que não sou esse tipo de garota! — meneou a cabeça,
tomando um gole de água — ou talvez a noite com Zane tenha sido tão... — ela se interrompeu,
revirando os olhos — oh, Deus, eu nem sei como classificar! Mas o que sei é que nunca me senti tão
mulher como quando estava com ele! Aquelas mãos, aquele corpo rijo e macio ao mesmo tempo! E
claro, aquela boca que ele sabe como usar! — insinuou, com um sorriso malicioso, dando de ombro
para a loira.
— Ok, ostente, morena! Um dia Júlia e eu teremos nosso Zandelicius para esfregar na sua cara!
— Mas isso está demorando, não, amiga? — retrucou a outra, torcendo o nariz.
Gwen bufou:
— Sim, um pouco...
— Mas você sabe onde ele trabalha — constatava — Daí para conseguir o telefone dele é um
passo.
— Isso é bem verdade. Por que não liga para ele?
— E parecer desesperada? — Quinn quase gritou, dando-se conta a tempo do lugar onde estavam
e se controlando a tempo.
— Mas você está desesperada! — Júlia foi lógica e sarcástica.
— Só que ele não precisa saber disso! — gesticulava — Essa é toda a verdade: estou frustrada
porque eu queria mais e ele foi embora quando teve o suficiente. O fato de não ter entrado em contato
deixa isso bem claro! — foi a vez dela bufar e voltar a revirar os olhos — Eu decididamente não sou
mesmo mulher de uma noite só! Não sou tão moderna assim. E para Zane Hudson foi fácil ir embora,
sem olhar para trás! E talvez isso seja normal para ele, para todos os homens! Desde que me entendo
por mulher, eu estive presa com o idiota do Ashton! Então não sei bem como é não estar num
relacionamento! Se for normal para os caras darem uma e depois saírem de fininho, como se nada
tivesse... Valor. E eu pensei que Zane seria diferente, sabem? Nós não só... Fodemos a noite toda! —
acrescentou baixo para as amigas — Nós conversamos, entendem? Achei realmente que ele não seria
esse tipo de cara!
— E está brava com ele por isso, certo? — Gwen resumia.
Voltou e suspirou, sentando-se:
— Sim, eu admito. Estou brava com ele! Eu achei que tivesse sido algo especial... Mas aí vai a
minha inexperiência — ela fez aspas com os dedos — em encontros de uma noite só! Talvez eu não
devesse, pois sou uma mulher evoluída, mas... Estou me sentindo usada — confidenciou.
— Zane Tesudo não lhe fez nenhuma promessa, Quinn... — Júlia insistiu em lembrar.
— Eu sei! — bufava — E é por isso que estou brava comigo também! Por esperar que... Sei lá!
Que ele se importasse de alguma forma! — se levantava inquieta — Maldição, eu preciso tirar esse
homem da minha cabeça!
— E eu sei um jeito! — sua assistente levantava um dedo — Arranjado outro homem a altura!
— Sim, como se isso fosse fácil de acontecer! — balbuciou Júlia.
— Merda! — Quinn deixou escapar, exasperada.
— Somos bonitas, gostosas! — Gwen também deixava sua frustração transparecer — Por que
essa dificuldade em encontrar um homem?
— É que quando encontramos são uns safados como Ashton! — a loira acrescentava.
— Ou porque esse homem também quer outro homem! Concorrência desleal! — ria a assistente,
com humor.
As três gargalharam alto, chamando a atenção, mas pouco se importaram com isso:
— Ou um gostoso como Zane Hudson, que só quer te foder por uma noite! — elas seguiram para
as esteiras, subindo cada uma na sua, enquanto Quinn prosseguia — É, a vida não está fácil! O
problema é que só ontem consegui conversar com o Sr. Dumas, porque ele estava viajando. Ele
concordou com a reforma da moto e agora terei de ir a Harper’s para acertar os últimos detalhes.
— Então verá o Zane? — Júlia imprimia velocidade em seu aparelho.
— Não se eu puder evitar! As coisas que fizemos naquela noite... E depois ele simplesmente deu
as costas, como se nada tivesse acontecido? Não, com certeza não quero vê-lo!
— Não é meio infantil da sua parte? — Gwen apontava — Está misturando trabalho com a vida
pessoal.
— Sim, mas eu tenho um orgulho para zelar, certo? E a vergonha de olhar para ele, depois de tudo
que deixei que fizesse comigo? Em uma noite, Zane Hudson conheceu meu corpo como Ashton não
fez em sete anos!
— Uau! — Gwen se abanava — E a egoísta, vai guardar todos esses detalhes só para ela! Não
será meio impossível não encontrá-lo, uma vez que trabalha lá?
— O que tenho de tratar, posso tratar com Jake.
— O bonitão que estava interessado em você?
— Sim, ele.
— Vadia! Com dois homens na manga e nós sem nenhum. Isso não te deixa furiosa, Júlia?
— Mas agora eu não quero mais o Jake — Quinn interrompia — Depois de estar com um homem
como Zane... Droga, eu espero um dia me recuperar disso.

— Wow! Wow! Wow! — repetia vez após vez o Olly, personal trainer com quem Zane estava
praticando sua aula de Muay Tai , enquanto tentava se esquivar dos golpes furiosos do aluno —
Amigo! Amigo! — agora ele erguia as mãos em pose defensiva.
Zane parou depositando as mãos nos quadris, extremamente ofegante. Riu do amigo que se livrava
das luvas aparadoras de socos, sacudindo os braços após isso.
— Muito duro para você, professor? — provocou também despindo suas luvas.
— Hoje eu admito! Joguei a toalha! Você me pareceu muito mais empenhado em me socar nesse
treino! Fiz algo errado e não estou me recordando? — brincava.
O outro riu novamente, meneando a cabeça:
— Não, você não fez nada. É só que eu precisava gastar um pouco de energia...
— Sim, percebi isso! E a causa seria... Falta de sexo? — Olly apontou, servindo-se de água e
oferecendo uma garrafa a Zane.
— Não — ele respondeu, tomando vários goles do líquido e deixando um pouco cair sobre seu
rosto suado — Não é falta de sexo — E sim de um sexo específico, poderia dizer.
— Ok, por que avisto três lindas coisinhas no bar que adorariam resolver seu problema, se fosse
um problema, claro! — o personal indicava as garotas que os olhavam com interesse — Já que sou
casado e elas sabem disso, tudo aquilo é para você, bastardo sortudo!
Zane olhou na direção das moças e lhes endereçou um leve menear de cabeça, sendo retribuído
por risinhos e acenos. Eram realmente bonitas e com corpos sarados que elas faziam questão de
mostrar com orgulho. Mas, estranhamente ele não sentiu-se atraído por nenhuma delas. Só conseguia
pensar em Quinn. O que já não lhe era surpresa.
— Eu passo, amigo! Não é o que eu estou procurando!
— Não? Falou, bastardo! Ainda se dá o direito de escolher!
Não pôde impedir de rir novamente:
— Sabe quando você tem a noite perfeita, com a garota perfeita? Que tem a sensação de que
depois dela, nenhuma outra vai ser boa o suficiente?
Olly sorriu:
— Sim! Por isso me casei com a garota perfeita! Isso se chama amor! — constatava.
Zane bufou humorado:
— Não, cara! Não é para tanto. Mas foi a noite mais incrível e... Porra, a garota não me sai da
cabeça!
— E por que não liga para ela?
Antes que ele pudesse responder, Olly foi chamado por um aluno. Dando uns tapas no ombro do
amigo, ele partiu, deixando Zane perdido em seus pensamentos.
Bem queria ligar para Quinn! Só mais uma noite perdido naquele corpo não seria nada, nada mau!
No entanto, àquela altura, a garota devia estar furiosa com ele, por não ter entrado em contato
antes. Suspirou fortemente. Talvez sua oportunidade já tenha passado, pensava.
E para piorar, Camille voltara a ligar. Algum tempo atrás, ansiava por ouvir a voz dela. Agora
não mais. Não retornava. Assim, ela passou a enviar mensagens possessivas, do estilo: O que você
tem com a Armentrouth? Ou o que vocês estavam fazendo juntos naquela sorveteria? E quando
percebeu que de fato não seria respondida, lançou mão de ameaças, como: Você não sabe com quem
está se metendo? Isso não vai ficar assim! Você ainda vai se arrepender por me ignorar!
Nem estranhou o fato de a garota saber onde estivera e com Quinn. Sabia que ela tinha muitas
ligações.
Recolhendo suas coisas, rumou para o vestiário. Para isso, teria de passar diante do bar.
— Moças! — cumprimentou com um sorriso torto.
— Já para o chuveiro, Zane? — perguntou uma delas num tom bem sugestivo.
— Sim, já deu para mim hoje.
— Deixe-nos saber se precisar de ajuda, querido. — Oferecia outra.
Ele apenas sorriu em retribuição. Não era tímido e com certeza em outras épocas teria aceitado o
convite velado das garotas. Mas não naquele dia.
E às vezes se assustava com o desprendimento das mulheres modernas. Mesmo já tendo usufruído
disso antes, muitas vezes.

Na segunda-feira, logo pela manhã, depois de um fim de semana que se arrastou, Quinn já estava
na porta da Harper’s. Sairia com as amigas para se distrair, mas fora em vão. A cada toque ou vibrar
de seu celular, uma ponta de esperança se apossava dela. E ao constatar que não era Zane Hudson
ligando, ficava furiosa consigo por ainda esperar por aquilo, passados tantos dias do encontro deles.
E para piorar, começara a receber mensagens com tons ofensivos, chamando-a de vadia, vaca, coisas
do tipo. Não conhecia o número. Nem tentou responder. Não tinha paciência para esses joguinhos.
Só podia constatar que o sujeito era um galanteador, que fazia todas as mulheres que usava se
sentirem as únicas, especiais! Cachorro! Ela bufava para si mesma, descendo de seu Corvette e já
visualizando o Maverick no estacionamento. Esperava realmente não o encontrar! Mas se o fizesse,
temia despejar na cara dele umas verdades!
Revirou os olhos, seguinte para a loja. Ela nem mesmo tinha o direito de dizer o que queria para
ele! Nem se conheciam, Zane sequer sabia o que esperar dela. E, muito facilmente, fora Quinn quem
o convidara para sua casa. E lá estava de volta naquele sentimento bipolar de se odiar e odiar o
homem! Ele não tinha o direito de ser tão gostoso, de fazê-la gozar tantas vezes seguidas, fazê-la se
comportar como uma cadela no cio, para depois simplesmente sumir!
Retirando os óculos de sol, reformulou o pensamento: não queria encontrar Zane Hudson na sua
frente!
O celular vibrou e ela logo olhou para o visor. Era outra mensagem:
Eu vou pegar você, sua vadia!
Quinn franziu o cenho. Aquela era a primeira mensagem com tom de ameaça que recebia. Mal
contendo uma exclamação, guardou o aparelho. Tinha de lidar com as ligações do insistente Ashton e
agora aquilo? Parecia que estava entrando em um inferno astral!
Ao entrar, foi com alívio que notou que a grande porta de correr que levava à oficina, estava
fechada. Seguiu rapidamente para o escritório de Jake, encontrando-o a sua mesa e melhor, sozinho:
— Olá! — cumprimentou para chamar a atenção.
— Quinn! — ele abria um largo sorriso ao vê-la — Isso é que é jeito de se começar o dia!
— Sempre galanteador...
— O que fazer se você parece estar cada dia mais bonita! Vamos, entre — Dizia, estendendo a
mão para ela.
Quinn aceitou seu gesto, sorrindo. Antes tivesse se envolvido com Jake Harper! Ele não parecia
interessado em uma única noite de foda. Mas o que sabia sobre isso? E tinha de admitir: não se
arrependia da noite que desfrutara com Zane. Só queria mais...
— Aceita um café?
— Ah, não! Na verdade essa é uma passagem bem rápida. Tenho um outro compromisso, então
serei muito breve...
— O que é uma pena — Interrompia o homem. Uma coisa precisava reconhecer, o cara era bonito.
Com seu sorriso torto e covinhas, devia fazer estrago em corações alheios.
— Eu só vim dizer que meu cliente concordou com a reforma...
— Hey, isso é muito bom! Deixe-me chamar Hudson, ele vai adorar a notícia...
— Não! — ela quase gritou. Mas então, notando que deixara o outro um tanto espantado com sua
reação, sorriu de forma doce — Realmente estou com pressa, Jake. O Sr. Dumas concordou com todo
o projeto proposto e... — fuçava na bolsa — mandou a metade do pagamento e o restante na entrega
— estendeu a ele um envelope com o cheque pomposo.
— Ok. Passarei todas as informações para Hudson e dizer que já pode começar a transformação
naquela belezinha.
— Ótimo! Bom, acho que por hora é tudo, certo?
E tão rápido quanto chegou, Quinn partia. De alguma forma aliviada e decepcionada. A grande
verdade era que queria ver Zane.
11º

Zane terminava de vestir seu macacão no vestiário, com os demais caras quando Jake adentrou:
— Caras, essa Quinn Armentrouth, além de ser bem jeitosa — ele imitava o formato de um corpo
sinuoso com as mãos, e tinha um sorriso pervertido no rosto — ela cheira deliciosamente bem...
Ele logo se empertigou:
— Onde viu Quinn? E como sabe que ela cheira bem?
— Bom, ela acabou de sair do meu escritório...
— Ela esteve aqui?
— Sim, há pouco. Se for até minha sala, ainda poderá sentir o cheiro dela.
— E ela perguntou por mim?
— O quê? Não! Aliás, ela parecia ansiosa para ir embora logo. Mas por que diabos ela
perguntaria por você?
— Por nada — Dissimulou, terminando de subir seu zíper, notando que a conversa era
acompanhada por todos ali com interesse:
Jake lhe relanceou um olhar desconfiado, mas depois prosseguiu:
— Ok, então, prosseguindo. Seria estranho se, depois de terminarmos a restauração da belezinha
Armentrouth, eu a convidasse para um jantar?
Antes que pudesse se controlar, Zane se encontrou a quase um nariz de distância do amigo e
patrão, sua expressão bem fechada:
— Não se aproxime de Quinn, está me ouvindo? — avisou.
Jake não retrocedeu e o encarou:
— Opa, agora isso soou possessivo! Minha sala! — ordenou firme.
Quando chegou a sala do patrão, Zane o encontrou com braços cruzados e expressão fechada.
— Agora desembuche, homem! O que houve entre você e Quinn Armentrouth? Por que ela parecia
estar ansiosa para sair daqui o mais rápido possível e quase teve um ataque quando disse que te
chamaria?
Mal contendo uma exclamação, Zane correu uma mão pela nuca, pela enésima vez. Estava fodido!
Aquilo só o confirmava o que já desconfiava. Quinn estava furiosa com ele!
— Cara, eu estou esperando!
— Bom... Naquele dia em que fui levar o orçamento para ela... Nós nos encontramos para tomar
um sorvete e... Passamos a noite juntos! É isso!
Esperou pelo sermão, mas estranhamente ele não veio. Então encarou o amigo que tinha uma
expressão entre divertida e confusa no rosto:
— O que é, Jake? — inqueriu, irritado.
— Eu pensava que você não deve ter dado o seu melhor, irmão! Ou que perdeu a mão. Porque a
mulher não parecia muito satisfeita... — incitou o outro, mal segurando o riso.
— Porra, cara! Eu aposto suas bolas como a deixei bem satisfeita! E várias vezes, só para
constar.
— Então por que ela parecia querer fugir de você, como o capeta da cruz?
Ele meneou a cabeça, irrequieto, indo para janela:
— É que eu... Meio que fui embora durante a noite. E não liguei para ela, desde então.
— Uau! Você não fez isso com aquela gracinha, homem! Isso é tão... Cafajeste!
— É, eu sei — Zane admitiu, sentindo a culpa aumentar.
— Por que então agiu dessa forma? Eu não posso acreditar que a noite tenha sido assim tão
terrível! Estamos falando de Quinn Armentrouth! Aquela mulher é um espetáculo! Se você não fosse
um fura-olho, eu estaria atrás dela, dentro de pouco tempo...
— Hey, não fui fura-olho! Tecnicamente ela me escolheu — sorriu convencido, os braços abertos
e polegares apontados para si.
— Sim, e olha a merda que você fez! — retrucou Jake, parecendo ter seu orgulho ferido.
Zane ficou sem graça e sentou-se apertando os dedos com a palma com força:
— Você não entende...
— Me explique! — o amigo se encostava-se a sua mesa de trabalho, cruzando os braços à espera.
— Quinn é mesmo especial. As coisas que ela provoca em mim... Foi tudo muito intenso e de
forma muito rápida! Eu tenho de admitir que fiquei assustado com o que sentia... Então me afastei. —
Para Zane era um alívio enfim falar sobre aquilo com alguém. E sabia que a melhor pessoa para tal
era seu grande amigo.
Jake o fitava, como se ponderando suas palavras. Então tomou uma quantidade de ar e foi se
acomodar em sua cadeira:
— Olha, cara. Eu, mais que ninguém, me preocupo com o seu emocional. Por tudo o que
aconteceu... E sabemos que Quinn... Bom, ela pertence a outro mundo. Mas você não se relaciona
mais profundamente com ninguém há muito tempo. E acho que um dia vai desejar ter uma família,
certo? Então terá de encarar esse seu medo de se envolver. Meu chapa, nem todas as mulheres são
como Camille.
Ele tocou no ponto específico em que Zane temia.

Quando o fim daquele dia chegou, tudo o que Quinn desejava era um longo banho. Assim, logo ao
chegar em sua casa, rumou diretamente para o banheiro e ligou as torneiras de água quente da
banheira. Colocou um pouco de sais de banho e despiu-se, colocando todas as peças no cesto de
roupa suja. Já não deixava tudo largado a esmo. Teria de recolher de qualquer forma. Colocou os
sapatos no canto onde deveria ser sua sapateira. Deveria, mas ainda era um monte de madeira
entulhada. Maldito marceneiro!
Logo desfrutava da deliciosa e morna sensação de ter seu corpo envolto na água morna. Suspirou
ajeitando os fones de ouvido e clicou em seu celular para que Andrew Belle começasse a cantar In
my vains. Fechou os olhos para apreciar a melodia.
Amava aquela música! Tinha o poder de deixá-la relaxada. Mas então chegava o refrão onde ele
dizia:
Oh, você está em minhas veias,
E eu não consigo te tirar...

Ela abriu os olhos imediatamente e um suspiro frustrado escapou de sua boca. Por que aquilo a
fazia lembrar de Zane Hudson? Por que sentia saudades de um homem que mal conhecia?
Antes que tivesse tempo de ponderar, ouviu um grande estouro vindo da parte da frente de sua
casa. Assustada, saiu da banheira e enrolou-se na toalha mais próxima e rumou na direção de onde
viera o som.
Ao chegar à sala, encontrou a janela estilhaçada, cacos de vidro desta estavam espalhados por
todo o sofá e chão. E ali localizou o tijolo que causara toda a bagunça. E havia sido embrulhado em
uma folha de papel. E um Deixe meu homem em paz, sua vagabunda! Lia-se nele.
Ainda atordoada, olhou para fora, através do que sobrara da janela e vislumbrou ninguém menos
que Camille Fairfield lhe sorrindo de seu excêntrico Porsche negro.
Ela lhe sorriu de forma maléfica e então saiu cantando pneus. Aterrorizada demais para ter
qualquer reação, Quinn somente ficou a observá-la desaparecer de seu campo de visão.
Então, como se despertando de um devaneio, correu para a porta, escancarando-a. Mas deu com
uma caixa de sapato deixada ali. Tinha um enorme laço vermelho a enfeitá-la. Deu vários passos
para trás, assustada. Sabia-se lá o que tinha ali dentro.
Correu de volta para dentro e bateu a porta. Mordendo uma unha, um gesto que se repetia sempre
que estava nervosa, pensava no que devia fazer a seguir.
Num estalo, soube a atitude que devia tomar. Buscou pelo celular e ligou para a Harper”s. Era
pouco mais de cinco horas e o pessoal, incluindo Zane, ainda deveria estar por lá... Esperava.
Foi com alívio que ouviu Jake atendeu:
— Harper’s Restauração de Autos.
— Jake! — suspirava, tomando uma respiração — é Quinn.
— Hey, Quinn... — ele pareceu estranhar — em que posso ajudá-la?
— Zane Hudson ainda se encontra por aí?
Houve um breve silêncio do outro lado da linha:
— Bom, acho que ele está no vestiário. Quer falar com ele?
— Sim, por favor. Eu aguardo na linha, ok?

— Em primeiro lugar, se eu estou ligando, é porque estou realmente furiosa!


Foi o que ela soltou, assim que Zane atendeu ao telefonema. Mesmo soando tão furiosa, adorou
ouvi-la. Se estava ligando para acabar com a raça dele, bem, aguentaria todo seu desabafo e depois
se desdobraria para conseguir seu perdão. Pois era só ouvir sua linda voz e ele já estava duro.
— Quinn...
— Porque diabos sua amante psicopata está me atacando?
Zane ficou realmente confuso e alerta:
— Amante? Mas do que é que você está falando?
— Camille Fairfield! — o silêncio do outro lado da linha disse muito à Quinn. Sentiu uma
pontada de decepção. Ele não estava negando ser amante da louca...
— Ela atacou você? — a voz dele soou preocupada, exaltada — Como? Você está bem?
É ele não estava negando!
— Não, eu não estou! — esbravejava, vendo sua raiva aumentar em muitos graus — Estou
furiosa! Ela estilhaçou minha janela com um tijolo! E ainda deixou um recado, exigindo que eu deixe
o homem dela em paz!
— Mas que porra! — exclamava do outro lado — Você está ferida, Quinn? — perguntou já um
pouco mais controlado.
Sim, ela estava. De alguma forma, sentia-se muito ferida por dentro:
— Não! — bufou simplesmente — Mas ela deixou uma caixa na minha porta e sabe-se Deus o que
há dentro! Pode ter um animal peçonhento. Ou uma bomba!
— Escute, Quinn — falava pausadamente — fique o mais longe que puder dessa caixa, me
entendeu?
— Ok — retrucou contragosto.
— Eu estou a caminho...
— O quê? — ouviu-a exclamar — Não! De jeito nenhum! Eu não preciso de você aqui!
Aquilo foi como levar um soco certeiro, bem no estômago. Mas ele não desistiu. E não desistiria
até vê-la e saber se realmente estava bem.
— Quinn, como disse, não sabe o que pode conter nessa caixa! Por favor, afaste-se e espere por
mim... Ok? — esperou tenso pela resposta dela.
Ela bateu o pé mordendo o lábio. Tinha de admitir que estava assustada quanto ao pacote em sua
porta. Mas queria Zane em sua casa de novo? Bom, no momento ele era tudo com o que podia
contar...
— Ok — balbuciou, desligando o celular e correndo para seu quarto.
Não sabia identificar se estava ansiosa pelo acontecido ou porque veria Zane Hudson novamente,
pensava enquanto se vestia. Ela nem sequer havia tirado a espuma de seu corpo, ao sair da banheira.
Precisaria tomar outro banho depois.

Num tempo de menos de cinco minutos, já se encontrava frente a porta de Quinn. Ficara muito
assustado quando dissera que fora atacada por Camille. Sabia bem do que aquela garota era capaz.
Logo localizou a caixa. Alcançando um graveto na calçada, fuçou e fuçou, com cuidado, até
conseguir tirar a tampa. O que encontrou lhe causou ânsia. Havia um bicho, provavelmente um gato
que fora atropelado, com certeza. E não duvidava de que sua ex tivesse feito tudo aquilo ao pobre
animal, somente para assustar Quinn. Sobre o que restara do felino, havia um bilhete com os dizeres:
Afaste-se ou o mesmo acontecerá a você.
— Psicopata! — murmurou, mal contendo a raiva.
Fechou a caixa rapidamente e colocou a caixa na lata de lixo mais próxima. Então foi à procura de
Quinn. Encontrou a porta destravada e foi entrando, chamando por ela:
— Quinn? — observava a bagunça que os estilhaços da janela faziam no chão da sala — Quinn?
Onde você está?
— Aqui — Ela respondeu, abrindo a porta de seu quarto com cautela.
— Você está bem? — rumou até ela com passos largos, segurando seus braços e a examinava em
busca de qualquer tipo de ferimento.
— Assustada, mas inteira — Respondeu parecendo contragosto.
Percebeu que evitava fitá-lo nos olhos.
Mesmo assim, sem pensar, tomado pelo alívio de vê-la bem, ele a apertava firme em seus braços.
Quando ela começou a se desvencilhar de seus braços, ele relutou um pouco, mas a deixou ir. Era
óbvio que não queria que a tocasse. Inferno!
— Aquela mulher é uma sádica! — dizia Quinn, caminhando para a sala.
— Tem certeza de que foi ela?
— Sim, porque ela ficou parada ali na frente, até ter certeza de que eu a visse!
— Porra! — deixou escapar, correndo uma mão pela nuca.
— Espere — se detinha, com uma suspeita — As mensagens que eu estava recebendo... Como não
me toquei antes? Eram dela!
Zane meneou a cabeça, parecendo bem chateado:
— Isso é bem a cara dela!
Então Quinn parava a um canto da sala, cruzando os braços, tendo uma expressão fechada em sua
face bonita. Deus, como adoraria beijar aquela boquinha que agora tinha um lindo biquinho!
— Viu a caixa?
— Sim.
— E o que tinha dentro?
— Um animal morto — achou melhor deixar a nota e fora. Ela já parecia estar carregada de
horror o suficiente.
— Porque ela faria isso? — alfinetou — não disse a ela que não somos um casal?
— Eu não devo satisfações da minha vida para ela... — falou baixinho.
— Avisou isso também? — atacou, sua voz expressando sua raiva — Porque ela está me
perseguindo por algo que não tenho culpa!
Zane exalou, frustrado. Era horrível ver aquele olhar de repúdio nos olhos de chocolate quente.
“Você é mesmo um idiota, Zane Hudson! Merece esse tratamento! E ainda tem Camille!”
— Acha que devo ligar para a polícia? — inquiria ela, um pouco mais controlada.
— Bom, pode tentar, mas duvido que dê em algo. Sendo o pai dela um juiz importante em Nova
Iorque... Eu vou falar com ela...
— Sim, é melhor esclarecer as coisas! — balbuciou Quinn, sentindo-se incomodada por saber que
ele se encontraria com a ruiva. Bom, mas ao que dera a entender sobre a outra é que eles não só
conversavam. A raiva voltou a dominá-la, e começou a recolher os cacos do chão, meio às cegas.
— Pare! — protestou Zane, segurando sua mão — Você vai se machucar!
Foi notória a velocidade com a qual ela desvencilhou sua mão de seu toque. Como se tivesse
levado um choque. Zane mal escondeu um suspiro exasperado. Franziu o cenho numa carranca.
— Tem uma vassoura e pá?
— Na cozinha — ela foi vaga, evitando encará-lo.
Quando ele saiu, Quinn deixou o ar sair de seus pulmões. Inferno, inferno, inferno! O toque dele
parecia fazer sua pele e todo seu corpo formigar. Era como se uma corrente elétrica lhe percorresse
cada poro... Estava sendo muito, muito difícil não voar no pescoço dele e lhe reivindicar um beijo.
Que rasgasse toda a sua roupa e a possuísse ali no sofá como na primeira vez.
Quando ele retornou, ficou quieta num canto, observando-o recolher toda a sujeira com muito
jeito. Percebeu que ele estava tenso, por seu belo maxilar contraído.
— Ouça, eu acho que não é uma boa ideia ficar aqui sozinha essa noite — dizia ele, ao retornar,
depois de se livrar do lixo — talvez devesse ficar comigo essa noite...
— AH! — ela bufava, sarcástica — Isso é que não! Eu entendi que fui apenas uma noite de foda,
ok? Não precisa fingir que se importa mais que o necessário, Zane Hudson! — deixou escapar.
Eles se fitaram por um instante, mas Quinn desviou o seu olhar, já arrependida de sua explosão.
— Porra! Mas então vá para a casa de seus pais, um amigo. Realmente não acho que deva ficar
aqui sozinha.
Quinn pensou. Júlia não estava na cidade e Gwen dividia um minúsculo apartamento com a irmã.
Ficar com seus pais? Com sua mãe a enchendo de perguntas, afirmando que Ashton era o homem
certo para ela e insistindo para que voltasse para casa? Não, isso é que não!
— Eu vou para um hotel, então...
— Hum, essa ideia também não me agrada.
— Por que? Ela não vai me encontrar num hotel!
— Você não a conhece como eu, Quinn. Ela tem... Contatos! Se quiser te encontrar, ela vai.
— Contatos? — foi sarcástica — Com a máfia?
O silêncio dele a deixou alarmada:
— Zane?
— Algo do tipo — ele soou vago.
Quinn mordeu o lábio, agora ainda mais irritada e assustada. Maldita Camille! Suspirou
exasperada:
— Eu vou para a casa dos meus pais, então...
— Ok — ele não pareceu aliviado com sua resposta — precisamos fechar essa janela, antes de ir.
Ainda tem aquelas madeiras no seu quarto?
— Sim, ainda estão lá!
— E tem martelo e pregos?
— No quartinho nos fundos do quintal. Acho que vai encontrar o que precisa lá.
— Certo. Nesse meio tempo, vá separar as coisas que quer levar. Vou te deixar na casa de seus
pais. E isso não é discutível! — já acrescentou firme, quando percebeu que ia começar a protestar.
Enquanto procurava as ferramentas, Zane se martirizava. Por sua causa Camille estava fazendo
toda aquela bagunça na vida de Quinn. Aquela mulher! Só trazia problemas! Não desejava se
aproximar dela, mas o teria de fazer. Obrigaria ela a deixar Quinn em paz.
Sabia que seu receio de uma reaproximação, se devia ao medo de todas as coisas que poderia
sentir quando estivesse perto da ruiva. O poder que ela tivera sobre ele no passado quase o destruíra.
Era algo louco, intenso, que o deixava fora de si. Mas também entendia que um pouco disso tudo, que
tal atração era elevada por conta de estar quase que o tempo todo alto ou bêbado.
Já não era o mesmo homem daquela época. Estava mais senhor de si, capaz de raciocinar com
lucidez. Esperava que tudo isso contasse quando tivesse frente a frente com Camille Fairfield.
Quinn separava algumas peças de roupa quando Zane parou à soleira, parecendo sem jeito:
— Hã... Eu vou... Pegar as madeiras...
Ela não conseguiu dizer nada. Era muito estranho. Da última vez que estiveram juntos naquele
quarto... As coisas que haviam feito. Não o encarou. Sabia que estava corando. E não era mulher
disso. Mas também nunca deixara um quase estranho a levar daquela forma.
Zane recolheu algumas tábuas e deixou o cômodo rapidamente. Era torturante demais estar junto
dela ali. O cheiro, a cama grande, o corpo nu e quente de Quinn. Maldição! Estava duro,
doloridamente duro. Descontou toda sua tensão nas marteladas na pobre janela.
Quieta no canto, Quinn o admirava. Havia chegado de jaqueta de couro, mas a despira, graças ao
bom Deus, para fazer os reparos. Se não podia tocar, podia se deslumbrar com seus músculos
lindamente esculpidos trabalhando. Suas costas, seus braços e até mesmo seu belo traseiro faziam um
show particular para seus olhos.
E lá estava, quente, palpitante, sentindo sua vagina como só sentia quando estava junto de Zane
Hudson! Pulsava e se encharcava, como se chamasse pelo pau dele!
Tentando controlar sua respiração irregular, pensava em como seria se tivesse coragem de pular
sobre aquele homem e exigir que a tomasse naquele exato momento.
Mas obviamente não o faria! Tinha o orgulho maior que seu tesão. Não seria usada novamente e se
ele não estava lhe dando qualquer satisfação de nada, não seria ela a inquirir isso!
Depois de ajeitar o necessaire e uma pequena mala no banco de trás de seu Maverick, Zane abriu
passagem para que ela entrasse. Tão perto, era impossível não sentir o cheiro de sua pele, seus
cabelos, presos num rabo de cavalo displicente. Ele aspirou sua essência, contendo-se a muito custo
para não afundar seu rosto na curva sensual de seu pescoço, para melhor apreciação.
Tinha uma expressão fechada, indicando que não estava para conversas. Por tudo isso, a viagem
foi feita em quase total silêncio, sendo apenas quebrado quando ela lhe indicava a direção a ser
tomada.

— Boa noite, Ted — Quinn cumprimentava um homem robusto, vestindo um terno preto, ao se
deterem na portaria de um luxuoso condomínio.
— Boa noite, senhorita Armentrouth.
— Meus pais estão em casa?
— Estão sim, senhorita. Quer que os avise da sua chegada?
— Não, não é preciso. Obrigada, Ted.
— Não por isso. — Zane não pôde deixar de notar o olhar especulativo que o sujeito lhe lançou.
Ignorou. O que podia pensar o cara, com uma bonequinha linda e delicada ao lado de um
brutamonte mal-encarado como ele?
Zane deixou escapar um longo assovio ao admirar a casa dos pais de Quinn:
— Quantas pessoas moram aí? Um Esquadrão?
— Apenas meus pais... Bom, os empregados ocupam os quartos dos fundos, no térreo.
— Uau!
— Depois de me mudar para a minha casinha de um quarto só, foi que percebi que não
necessitava de tanto espaço assim.
— Você não ficava perdida aí dentro? — ele brincou.
Quinn sorriu também:
— Não. Eu cresci aí.
Zane notou que ela não estava fazendo qualquer movimento para descer do carro, enquanto fitava
a casa pensativa. Não parecia animada com a ideia de ficar por ali.
— O que vai dizer a eles? — inquiriu, falando suavemente.
— Eu não sei. Talvez que estou dedetizando a casa...
— Por que tenho a impressão de que não quer ficar por aqui?
Deixando um longo suspiro lhe escapar pelos lábios, viu-a se encolher no acento:
— Não conhece minha mãe! Vai me encher de perguntas...
— Bom, o convite para que venha comigo ainda está de pé.
Ela o encarou, com desconfiança. Depois fitou a casa novamente. Enfim voltou-se no acento para
ficar cara a cara com ele:
— Se eu for para sua casa, que fique claro que não vou dormir com você!
Ele não respondeu de pronto. Depois balbuciou algo como Você não tem de se preocupar com
isso. E arrancou com o carro.
Quinn quase bufou. Odiava bancar a “mulherzinha”, mas queria deixar claro que não se
submeteria de novo aquela situação. Ou fazia isso para que ele não tentasse, pois podia não resistir.
Zane morava num bairro humilde, mas muito charmoso. As casas eram pequenas, mas com lindos
jardins diante delas.
Ele estacionou de frente a uma casa onde tinha pedras escuras ao longo de todo o rodapé da
varanda. Era muito charmosa.
Ao entrarem, Quinn ficou desconfortável em perceber que, ele sendo homem, mantinha sua casa
mais organizada que a dela.
Via-se que era uma casa tipicamente masculina. Os tons escuros imperavam, do preto ao cinza.
Dois sofás antigos, já bem gastos, davam um ar de “lar” à sala. Havia muitos discos de vinil na
enorme estante de mogno. Uma televisão gigantesca e um consolo do último tipo abaixo dessa. Havia
alguns instrumentos musicais a um canto também. Não teve muito tempo de examiná-los, pois Zane
parava a seu lado, trazendo suas coisas:
— Sua casa é muito aconchegante — Comentou.
— Obrigado.
— Você tem dois quartos aqui?
— Hã... Sim, mas um deles está cheio de tralhas.
— Então como vamos dormir?
— Você fica com o quarto e eu me ajeito no sofá.
Ela olhou para o móvel. Era sim aconchegante, mas pequeno.
— Você não vai caber ali! — constatou.
— Não se preocupe comigo. Dou um jeito — E começou a despir a jaqueta.
O movimento fazia sua camiseta se moldar ao peito largo e se erguer um pouco, deixando seu
abdômen a vista. Notou que isso prendia a atenção dela. Decidiu se exibir, fazendo cada gesto
pensado, flexionando os músculos, tudo muito vagarosamente.
Viu os olhos dela se tornarem turvos e então mordia um canto do lábio. Era sexy! E era um bom
sinal, claro! Quem sabe?
Talvez notando que o degustava com os olhos, Quinn cruzou os braços e virou-se bruscamente.
Mas logicamente ele não perderia a oportunidade. Alguns passos e estava às costas dela, e
colocou as mãos com cautela em seus braços. Ela sobressaltou, mas não se moveu. Outro bom sinal.
Quinn fechou os olhos ao senti-lo tão junto de seu corpo. Oh, bom Deus! Logo podia sentir seu
membro rijo contra a curva de seu bumbum. Sim, ele estava duro, deliciosamente, tentadoramente
duro! E o nariz dele fuçava suavemente em seus cabelos, causando pequenas ondas de arrepios por
sua pele.
— Ou nós podemos dividir aquela cama. O que acha, bonequinha?
As pernas dela ameaçaram virar gelatinas, ao ouvir ele chamá-la daquela forma. Mais um pouco e
logo estaria entregue.
Não! Ralhou consigo mesma, de repente. Não ia se entregar assim tão fácil dessa vez!
Endireitando suas costas e assumindo uma postura rígida, perguntou de forma acusativa:
— Foi com essa intenção que me trouxe para cá? Seduzir-me?
Ao ouvir tais palavras, Zane automaticamente soltou-a, deu um passo atrás, as mãos pairando
abertas ao lado do corpo dela:
— Não! — respondeu seco — Não foi por isso. Foi só um momento de fraqueza... Eu achei...
Desculpe-me, não vai acontecer de novo. Prometo... Não tocar em você novamente! Eu... — ele
começou a se afastar, parecendo sem jeito — Acho que vai querer tomar um banho, certo? — e ele
sumia por um corredor.
Quinn quase lamentou seu afastamento. Bom, na verdade ela estava mesmo lamentando. Mas as
coisas não podiam ser do jeito que ele desejava. Não seria a transa da noite novamente! Ah, não
seria mesmo! Embora seu corpo implorasse por ele.
Seus mamilos estavam rijos e doloridos sob o sutiã. Fechou a blusa rudemente. Corpo traiçoeiro,
o seu! No entanto, tinha de ter orgulho próprio. Precisava manter em mente, que Zane Hudson
usufruíra de seu corpo por toda uma noite e partira sem qualquer satisfação. E Zane não estava dando
nenhuma explicação sobre aquilo. Ou talvez fosse considerado normal para o modo de ele agir com
suas mulheres. E ainda havia Camille Fairfiled! Era outra explicação que lhe estava sendo negada:
qual a relação dele com a ruiva?
— Quinn? — ele chamava de algum lugar do fundo do pequeno corredor.
— Estou indo — Pegou sua pequena mala e seguiu sua voz.
Passou por ele no corredor, que lhe indicava a porta aberta do banheiro, de queixo erguido.
Achou ter visto um sorriso divertido nos lábios dele, mas ignorou-o.
Havia trazido suas coisas, como sabonete, xampu e creme hidratante, assim como escova de dente
e pasta.
Tomou um banho rápido, esfregando com a força de sua frustração. Como queria aquele homem!
Inferno! Lastimava-se enquanto aplicava seu creme na pele. Se ele ao menos lhe desse uma
justificativa! Ou possivelmente não achava que lhe devia uma! Bufou.
Vestiu seu pijama de oncinha, calçou suas pantufas e recolheu seus pertences, jogando-as no
nécessaire.
Saindo para o corredor, não estava preparada para o que encontrou. Zane estava parado à porta de
seu quarto, que fazia frente a do banheiro, vestindo somente seu jeans desbotado. Até os sapatos
haviam sido descartados. Os pés estavam cruzados na altura dos tornozelos, uma mão coçava o
queixo e outra enfiada no bolso frontal.
O ar dela se esvaiu e seus olhos se detiveram, teimosamente, no peito amplo a sua frente.
Zane, que tinha os olhos baixos, os levantou lentamente para fitá-la preguiçosamente. Então sabia
que havia caído numa armadilha. Talvez não planejada, mas como poderia Quinn resistir a tudo
aquilo?
Mas de repente as feições dele se tornaram duras, seus olhos verdes mais escuros:
— Porra, esse seu cheiro! — grunhia, vindo em sua direção.
— O que tem ele? — ela se alarmava, dando um passo atrás, voltando para dentro do banheiro,
seu necessaire caindo no processo, até dar com as costas na parede de azulejo.
E ele parecia um animal enjaulado, avançando rumo a sua presa, faminto.
— Me deixa louco! — então a segurava com força pelos braços, afundando a cabeça em seu
pescoço.
— Zane! — protestou com voz sumida — Você prometeu não me tocar de novo...
— Inferno, eu sei bem o que eu prometi! — parecia torturado.
— Então?
— Esqueça! Eu vou ficar louco se eu não te beijar agora! — agora seu nariz fuçava em seu
cabelo, assim como seus dedos se emaranhavam neles, parecendo desesperado por absorver a
essência do cheiro dela.
No entanto, logo em seguida, estacava no lugar, respirando pesadamente. Em seguida encostou a
testa no ombro dela, parecendo tentar se controlar muito ofegante.
De repente, socou a parede ao lado da cabeça dela, fazendo ela sobressaltar-se.
Talvez percebendo que a assustou, Zane pousou as mãos em seus braços, falando pausadamente:
— Me desculpe! Eu não queria assustar você. Está segura comigo, pode ficar tranquila. — E
começou a se afastar...
12º

— Você não me ligou! — deixou a acusação escapar, enfim, fazendo-o estacar frente a ela — Eu
não sei como trata suas mulheres, Hudson, mas eu não gostei de ser tratada assim! Até tentei me
enganar, fingir que podia... — dizia rapidamente, se atropelando nas palavras — ter um lance de uma
única noite, mas eu não sou assim! E quando acordei e você havia partido, sem nem mesmo se
despedir... Eu me senti usada! — confessou por fim.
O viu franzir o cenho, e quase unir suas sobrancelhas:
— Oh, porra! — exclamava — Eu não queria que se sentisse assim, Quinn! — realmente estava
mal pelo que a fizera sentir. Envergonhado era a palavra — Se eu... Sai, daquela forma tão
sorrateira, foi porque... Eu acordei no meio da noite. Você ali, tão colada a mim! — seu olhar
percorreu o corpo dela, coberto por aquele fofo pijama de oncinha. Era quase infantil, mas nela, até
aquilo se tornava sexy — O cheiro do seu corpo me deixando louco! — desejava muito, mas evitou
tocá-la — E tudo o que eu podia pensar era... Em me enfiar entre suas pernas e te sentir na minha
boca. E então te possuir novamente, até a exaustão.
Quinn mordeu o lábio. O olhar faminto que ele tinha nos olhos, as coisas que dizia, deixavam suas
pernas tão firmes como manteiga:
— Bom, eu acho que eu não ia te impedir e você devia saber disso.
— Acontece que eu também sabia que só isso não seria o suficiente — seu tom agora era mais
baixo e grave — E, Quinn... — usou de sinceridade num desabafo — eu não posso me apegar a
você...
Notou o olhar perdido dele, como o de um garotinho assustado:
— Não estou pedindo que se apague a mim, Zane! Não estou pedindo sequer um compromisso! Eu
também não estou pronta para outro relacionamento agora. Só... Realmente não gostei da forma como
você fugiu da minha cama daquela forma!
Zane esboça um sorriso ao ouvir a frase dela, mas logo ficou sério novamente, recebeu o olhar
ameaçador de Quinn:
— Se eu não saísse da sua cama naquele momento, é possível que ainda estivéssemos nela...
Percebi um pouco tarde demais que fui um babaca! Fiquei assustado com a intensidade do que sentia
quando seu corpo estava colado ao meu...
— Isso é verdade?
— Sim, juro que é, Quinn Bee! Os dias se passaram e julguei ser tarde para ligar — foi então que
tocou a face dela, deslizando um dedo por sua extensão e se detendo em seu queixo — Você pode me
perdoar, bonequinha? — usou seu tom mais sedutor de voz, baixo, quase rouco.
— Pelo quê? — fitava a parede atrás dele, os braços cruzados sob os seios, numa expressão
irredutível.
Ele voltou a sorrir. Percebeu que suas desculpas seriam recusadas se não dissesse as palavras.
Era um bom sinal de que seu humor estava voltando:
— Por eu ter sido um babaca, idiota! E não, não é daquele modo que trato minhas mulheres! —
inclinou sua cabeça, seus olhos fixos nos lábios dela — se você me permitir...
— Não tão rápido, marujo! — o deteve colocando o dedo indicador em seu peito — Primeiro me
diga. O que há entre você e a Fairfiled?
Não sabia se ia gostar da resposta. Ainda mais quando o maxilar dele ficou rijo a menção do
nome da outra.
— Não tenho nada com ela, Quinn! — respondeu de forma seca, como se não gostasse de tocar
naquele assunto.
— Como não, Zane? Ela me advertiu de várias formas para ficar longe do “homem dela!”
— Uma coisa sobre Camille, ela é louca, ok? Tive um relacionamento com ela, mas foi há muito
tempo.
Perscrutou a face dele, tentando descobrir se dizia a verdade:
— E por que eu devo acreditar em você?
— Bom — seu polegar roçava no lábio inferior dela — eu acho que terá de confiar em mim.
Deveria? Não o conhecia de fato. Mas o que sabia era que o desejava e muito!
— Bom, eu acho que vou ter de te dar um voto de confiança — Quinn arqueou sua pélvis para
frente, encaixando os dedos nos passantes do jeans dele, puxando-o para se roçar na protuberância
nas calças dele — porque você tem algo que eu preciso muito.
Zane sorriu, apoiando os cotovelos na parede, ao lado da cabeça dela:
— E o que seria isso, doçura?
Quinn não se fez de rogada, deslizando a mão entre eles, até alcançar o membro teso que pulsou
ao seu toque. Zane soltou um gemido abafado e ofegou.
— Talvez eu tenha sentido falta do seu apadravya.
Ele acolheu sua cabeça entre seus braços, roçando o nariz no dela. A expressão sensual que Quinn
tinha na face, enquanto seus dedos subiam e desciam sobre o contorno de seu pau torturadamente
duro, era algo que o estava deixando louco:
— Só dele, bonequinha? — investigou seus lábios muito próximos aos dela.
— E de suas mãos... — sussurrava — sua boca...
— Então deixe-me colocá-las em ação — Assim dizendo, espalmou suas mãos grandes no
bumbum macio, puxando-a mais e mais para si. Tomou os lábios com os seus, devorando-os.
Quinn bebeu seu beijo, ansiosa. Suas mãos se enroscaram no pescoço dele, empurrando-se contra
ele. Nunca estaria perto o suficiente. O corpo dele era quente, aconchegante.
Quando os dedos grossos se esgueiraram no cós da calça, depois da calcinha e acolheram seu
sexo úmido na palma da mão, foi à vez dela gemer em sua boca, mordendo seu lábio inferior.
— Tão molhada! Tão pronta! — murmurava Zane, deslizando um dedo para dentro de sua vagina
e o retirando em seguida. Repetiu o gesto várias vezes, sempre a fitando nos olhos.
Quinn por sua vez, segurava o rosto dele entre as mãos, não desviando seu olhar. Sua boca se
abria num “o” perfeito, cada vez que investia.
— Você gosta, bonequinha? — indagou, afagando um seio sob a blusa, instigando seu mamilo
sensível, ansioso por ser provado — Gosta do meu dedo dentro de você?
— Sim! — sussurrou de volta, rebolando de encontro ao seu movimento — Mas me tortura! Eu
quero seu pau aí, Zane! — assumiu entre dentes.
As pupilas dele se dilataram ao ouvir seu pedido. Retirou a mão e a beijou com volúpia,
esmagando-a contra a parede:
— Oh, e você o terá, Quinn Bee! Todinho, bem fundo em você! — ele prometeu, agarrando a
frente da camisa de seu pijama e a puxando bruscamente, fazendo meia dúzia de botões voarem.
Ela exclamou pelo susto, mas em seguida ria de puro deleite. Então ele estava mordendo seu
pescoço, seu ombro, enquanto a livrava da peça. Afastou-se um instante para examiná-la:
— Não me canso de admirá-los! — tomou ambos os seios fartos em suas palmas, sentindo seu
peso, sua textura — Tão perfeitos, tão lindos!
Quinn arqueou as costas, os oferecendo a ele. Zane rapidamente aceitou sua oferta, tomando um
bico rijo entre seus lábios, gemendo no processo. O outro continuava a ser afagado por seus dedos.
Enquanto era sugada, quase que com selvageria, ela buscou pelo jeans dele, alcançando o botão,
soltando-o e então era o zíper que descia. Manobrando a boxer para baixo, enfim tomou o pênis
grosso, longo, como nunca tinha sentido antes, sob seu tato.
Tanto ela quanto Zane gemeram ao contato. O membro dele parecia ter vida própria, pulsando e,
como se ainda fosse possível, aumentando seu tamanho. Sua mão deslizava por todo o comprimento.
Macio e deliciosamente duro ao mesmo tempo:
— Zane! — murmurou, suplicante — Eu preciso! Agora!
Em instantes, o restante das roupas deles desapareciam e ele fazia bagunça no pequeno armário do
banheiro, derrubando seu conteúdo na pia, em busca da caixa de preservativos.
Quinn deu graças ao bom Deus ele ainda ter um pouco de lucidez para se atentar aquele detalhe...
Porque, tinha de admitir; estava sedenta demais por tê-lo dentro dela, que não pensara na bendita
camisinha.
Encontrando o que queria, Zane pegou um e descartou a caixa no chão mesmo. Com gestos rápidos
e precisos, ele colocou a peça de látex em torno do pênis mais lindo que ela já vira. Então estava de
volta para ela:
— Quer sentir, de fato, o que meu apadravya pode lhe dar, bonequinha?
Quinn o beijou, apertando seus seios no tórax trabalhado:
— Sim! Me mostre todo o seu potencial, Hudson.
— Será um prazer, benzinho — agarrando-a pelo quadril, virou-a de costas, num gesto que a
pegou de surpresa — Abra-se para mim, Quinny — pedia junto ao seu ouvido, baixinho, já
separando suas pernas com o joelho — Assim mesmo, minha linda.
Quinn se arrepiava aos comandos dele, trêmula, ansiosa por senti-lo:
— Agora traga esse lindo traseiro para perto de mim — com uma mão em seu ventre, puxou-a
delicadamente para trás.
Ela sabia que estava exposta, mas isso pouco importava. Sua respiração entrecortada era só um
exemplo de sua excitação, elevada ao extremo.
— Porra, Quinn! Você tem um lindo e redondo bumbum! — Zane murmurava, seus dedos
emaranhados em seus cabelos, puxando-os para pousar em seus lábios, em sua testa, enquanto a outra
mão acariciava uma, depois a outra face de suas nádegas — Será que um dia você vai me deixar
fodê-lo?
Ela arfou. Pensou que não era hora de dizer que nunca tinha feito aquilo. A ideia antes sempre lhe
pareceu chocante. Mas imaginar-se fazendo aquilo com Zane... A boca dela ficou seca.
Segurando agora seu queixo, exigiu seus lábios, esmagando-os, devorando-os. Encontrou seu
clitóris ultrassensível, esfregando seus dedos em movimentos rápidos, causando pequenos espasmos
em uma Quinn a beira do êxtase, sem nem mesmo ter sido penetrada.
Zane a manteve no lugar, pressionando-a contra seu pau. Então um dedo a invadia de novo,
testando-a, preparando-a para ele:
— Você me quer aqui, Quinny? Você me quer enterrado fundo em você, bonequinha? —
murmurava contra sua face.
— Zane! Oh, Deus, sim! Por favor!
— Por favor, o que, docinho?
Ela voltou sua cabeça, encarando-o com olhos fulminantes de desejo. Ele estava brincando com
ela, levando-a à borda. E Quinn precisava de um grande salto:
— Me foda, Zane Hudson! — ordenou, entredentes — Agora!
Dessa vez ele não ousou sequer sorrir. Entendia a urgência dela, porque era igual à sua.
Separando suas dobras com os dedos, encaixou a cabeça larga de seu pênis em sua abertura.
Quinn não conseguiu conter uma exclamação. Nem sabia o que havia dito, mas a surpresa da
agradável sensação dele tão perto de possuí-la a entorpecia.
O queria inteiro, todo seu comprimento, e, mesmo sua vagina reclamando, inclinou ainda mais os
quadris para trás, querendo tomar mais dele.
— Devagar, docinho — acalmava Zane, segurando-a pela cintura — Bem devagar. Eu não quero
te machucar. E você é fodidamente apertada!
E tentou ser o mais gentil possível, dentro de seu próprio martírio. Nunca desejava tanto foder
uma mulher, desenfreadamente como o queria fazer com aquela coisinha deliciosa junto ao seu corpo.
Quinn podia sentir o piercing dele. Por. Cada. Centímetro! Seu julgamento? A sensação era
extasiante. Se havia alguma dúvida de que existia o ponto G, acabara de elucidá-la. Porque ele ainda
nem estava se movendo e ela já se sentia perto de uma explosão, de um orgasmo de lhe tirar da
órbita.
Quando estava todo dentro dela, Zane o retirou, quase que completamente e ela lamentou. Mas
logo ele voltava a meter-se todo para dentro de suas carnes macias.
Lançando a cabeça para trás, Quinn gemeu alto:
— Foda! — Zane grunhia junto aos seus cabelos.
E então repetia sua retirada e de novo a tomava, devagar no começo, mas logo investia com
vontade. Segurando seu quadril fortemente, para mantê-la no lugar.
— Oh, Deus! — contorcia-se ela, sua mente enevoada, distante. A cada arremetida contra seu
traseiro, era uma milha a mais que ela se afastava da terra — Zane! — exclamou, sentindo próxima a
onda que a levaria de vez.
— Sim, Quinny! — ele investiu ainda com mais força, suas bolas batendo nas coxas roliças dela.
Torcendo os cabelos dela em seu pulso, puxou-os para poder ter acesso à sua boca, devorando-a.
E seus dedos encontraram novamente seus clitóris, o estimulando, sem parar suas estocadas.
Quinn arfou, mordendo seu lábio:
— Isso, benzinho — incentivou, sabendo que estava chegando ao êxtase — Deixe vir. Goze para
mim, Quinn! — ordenou entredentes.
Ela não pôde evitar os gritos que saíram de sua garganta, quando um orgasmo devastador a
atingia. Zane a mantinha cativa, parecendo querer beber esses gritos.
Algumas arremetidas mais e ele urrava sua libertação dentro dela, estremecendo fortemente.
Ainda bombeou uma ou outra vez, parecendo não desejar o fim daquela sensação.
Então ele sorria junto a sua boca, ofegante, esgotado, mas muito satisfeito. Quinn tentou retribuir,
mas nem para isso tinha forças. Se não fosse o corpo dele pressionando-a contra a parede, com
certeza não se sustentaria de pé:
— Tudo bem por aí, docinho? — ele perguntou em seu ouvido.
— Não — foi sua resposta sussurrada e fraca.
Sentiu Zane ficar tenso atrás dela e não pôde evitar rir baixinho. Então voltou-se, enlaçou seu
pescoço e o fitou, com olhar preguiçoso:
— Meus ossos e músculos foram transformados em gelatina.
Ele suspirava aliviado, encostando a testa na dela:
— Mulher, você me assustou! Eu pensei que a tinha machucado! Posso ter sido um pouco bruto...
— acariciava sua face, com ternura.
— Sim, você foi bruto — Quinn o beijou suavemente — Mas eu gostei. Muito!
Zane sorria satisfeito. Afastou-se um instante para se livrar da camisinha e a puxou para o
chuveiro com ele:
— É como eu disse... — começou, abraçando-a — me assusta o que sinto quando seu corpo está
perto do meu! Eu perco o controle!
— Sinto algo parecido, não se preocupe. E isso é bom, porque podemos nos divertir um pouco.
Acho que provamos que somos bons juntos, não?
— Oh, sim! Somos muito bons juntos, Quinn Bee.
Ela sorriu diante do apelido. Nunca fora de apelidos, mas adorava os que ele lhe dava:
— Agora, seja honesto comigo — inquiria, agora já bem instalados na cama grande dele, com o
queixo apoiado em seu peito — Me trouxe até aqui com a pior das intenções, não foi?
Zane sorriu de forma marota:
— Pelo contrário, bebê. Foi com a melhor das intenções. De jeito nenhum! Eu não preciso de
você aqui! — Imitava-a, fazendo trejeitos afeminados.
Quinn jogou a cabeça para trás, rindo alto:
— Eu não falo assim, tão afetado, ok? Estava furiosa naquele momento! Eu nunca imaginaria que
terminaria a noite de volta a uma cama com você!
— Não mesmo? — provocava ele.
Com olhos estreitados e mordendo o lábio, o fitou de soslaio. Por fim admitiu:
— Bem, digamos que eu almejava isso. Mas tinha de me preservar, ao menos até arrancar um
pedido de desculpas seu! Hey! — ela pulava da cama de repente — Que horas são? — antes mesmo
de esperar a resposta, já saia do quarto, anunciando — Preciso do meu celular. Meu pai me liga toda
noite para desejar boa noite, se não atendo, já viu. Fica todo preocupado – terminava, em tom alto, já
que se encontrava na sala.
Ela aproveitou e vestiu sua calcinha que estava jogada no chão do banheiro e retornou ao quarto,
com o celular nas mãos:
— Porra, garota! Você é muito gostosa! — ele dizia quando ela veio sinuosa, suas curvas
expostas, os seios fartos, firmes desnudos e sentou-se sobre suas coxas.
Quinn jogou os cabelos para trás, orgulhosa e sem pudor algum em mostrar seu corpo.
Sorriu-lhe provocante, deslizando suas unhas do pescoço dele, por tórax definido e por seu
tanquinho rasgado:
— Você também é muito bom de se olhar.
Ele beliscou lhe um mamilo, em resposta:
— Por que a calcinha? Planejo tirá-la daqui a pouco...
— Bom, eu achei que seria meio estranho, atender ao telefonema de meu pai, completamente nua.
Zane riu, meneando a cabeça:
— Se ele demora a ligar, iria te pegar no meio de algo bem mais embaraçoso.
Ela deu de ombros:
— Um risco que corro — ela indagou de repente — Quando começou a malhar?
Seus olhos examinavam atentamente os seios palpitantes dela, o desejo estampado neles:
— Bem cedo. Acho que com dezesseis anos.
Quinn arqueou seu corpo para mais perto dele, para contornar os músculos dos ombros, então seu
belo peitoral. Zane, por sua vez, aproveitou para tomar os seios dela em suas mãos, massageando-os
suavemente.
— E você deve malhar pesado, não? — ela falou, pausadamente, adorando o que ele lhe fazia —
Para ser assim tão definido.
— Bastante — agora os polegares dele roçavam o mamilos escuros, deixando-os eriçados — Eu
gosto. É algo que me tira o estresse.
— Ok — sua pele se arrepiava sob os comandos dele. E já desejava que ele os tomasse em sua
boca e os sugasse até a exaustão — E quanto a essa tatuagem — seus dedos contornavam os
desenhos, vagarosamente, os olhos dele acompanhando seu trajeto — Quando a fez?
Zane deixou os seios dela e ela quase lamentou. Ele a pegou pelos quadris e encaixou sob seu pau,
que estava sob o lençol, já duro como pedra novamente. Ainda a segurando, fazia com que deslizasse
para frente e para trás sobre seu eixo.
— Assim que completei meus dezoito anos. Foi o presente que dei a mim mesmo.
Quinn adorou o contato. Mais um pouco para cima e seu clitóris entraria na brincadeira. Sabia que
se isso acontecesse, ela não duraria muito. Então aceitou o ritmo dele que a estava deixando molhada
e pronta para recebê-lo de novo, num futuro não muito distante, esperava.
— E o que ela significa? — ela não sabia como ainda conseguia raciocinar.
Zane olhou pensativo para o desenho negro ao longo de seu braço, pensativo e parou de movê-la
sobre ele. Quinn cogitou reclamar, mas a expressão dele a deteve. Estava sério:
— Eu estava numa época em que me encontrava meio perdido. E vi esse desenho no portfólio do
tatuador e de alguma forma, parecia que ele representava o momento em que eu estava passando.
Labirintos, caminhos sem saída... Sem saber direito o que faria da minha vida. Ao mesmo tempo em
que me lembrava de um olho de um tigre — ele apontava o ponto que realmente se assemelhava com
o olho do felino, que ficava bem em cima de seu peito, no lado esquerdo — voraz, com vontade de
viver. Era exatamente o que eu procurava. Então, alguns anos depois, quando eu já sabia o rumo que
queria dar a minha vida, fiz essa — ele mostrava a outra tatuagem, a qual ela ainda não tivera muito
tempo para examinar. Essa se estendia de seu quadril direito, até sua coxa forte, seguindo o mesmo
tom da anterior, mas um pouco diferente em seus traços, mais parecendo um rascunho de um grande
pássaro — que para mim representa liberdade. Que posso voar para onde quiser ir, sem amarras ao
passado.
— Uau! — declarava, encantada com a narrativa dele — é uma bela descrição!
Zane riu um pouco encabulado. Nunca tivera de explicar as origens e o porquê de suas tatuagens:
— Penso que não se deve fazer uma tatuagem simplesmente porque decidiu no momento. Isso é
uma marca, vai te acompanhar pelo resto da vida. Tem de ser bem pensado.
— Nunca se arrependeu de tê-la feito?
— Nunca! — afirmou com veemência — Elas têm esse significado para mim. Marcam épocas que
quero lembrar sempre.
— E planeja fazer outras?
— Não. Acho que está bom assim, não? — ele olhou para todo seu peito, fazendo-o inflar, com
um sorriso convencido nos lábios.
Quinn sorriu, admirando-o. Ele sabia que era irresistível.
— Sim. Está ótimo assim — ela se mexeu sobre ele, provocando-o — Se eu fosse tatuar algo no
meu corpo, o que acha que combinaria comigo?
Zane deu uma bufada, enquanto a apertava contra seu pau novamente:
— Sua pele é perfeita assim, Quinn.
Ela revirou os olhos:
— Falando hipoteticamente, Zane. O que acha que combinaria comigo?
Zane examinou seu corpo lentamente. Quinn não se fez de rogada, voltando a jogar os cabelos
para trás, empinando os seios para afrente. Ele apreciou seu gesto, acariciando suas coxas com as
mãos grandes:
— Cerejas — disse de repente — Duas únicas cerejas — ele deslizou o polegar sobre seu quadril
esquerdo, pouco acima da calcinha, que era baixa — Bem aqui, onde só eu possa ver — seu tom era
rouco, sexy — e lamber. E admirar, enquanto te fodo com minha boca — fitou-a sério e Quinn
prendeu o ar.
13º

— Ok. Você sabe como deixar minhas pernas feito gelatinas. Agora eu me vejo tentada a fazer
uma — segurou o rosto dele entre as mãos e o beijou, remexendo seus quadris sobre ele,
provocando-o.
Zane, por sua vez, espalmou suas mãos grandes no bumbum dela, apertando-o, esfregando-a em
seu membro para lá de rijo:
— Você não precisa ter uma tatuagem para que eu te foda com minha boca, Quinn — murmurou
contra seus lábios — Isso é sempre um prazer.
Ela gemeu e aprofundou ainda mais o beijo, apertando-se contra seu corpo grande. Aquela voz
dele, a perspectiva de sua boca... Lá, a deixavam tonta de antecipação. Aquele homem era combustão
pura e incendiava suas veias.
Beijou sua face, mordiscou seu queixo, descendo por seu ombro, traçando alguns contornos de sua
tatuagem com a língua e continuou sua descida. Notou que Zane tinha os olhos estreitados, respiração
suspensa, observando-a:
— Tenho outra curiosidade — dizia enquanto enfiava a mão sob o lençol, agarrando o pau dele.
Ele arfou e soltou uma exclamação, quando ela o manuseou com um movimento lentamente
doloroso:
— O que você quiser, minha deusa!
Quinn lhe sorriu maliciosa, o descobriu, seus dedos girando em torno de seu piercing:
— Seu apadravya. Quando decidiu colocá-lo?
Notou que o maxilar dele ficou rijo e temeu ter feito uma pergunta inoportuna:
— Zane? — investigou, sem parar suas carícias.
— Bom, eu temo que não vá gostar muito da resposta, bonequinha.
— Arrisque — sugeriu, dando de ombros.
Ele acariciou sua face, parecendo tentar escolhe as palavras:
— Foi uma sugestão da Camille...
Quinn bufou e girou os olhos:
— Bom, então nesse caso eu devia agradecê—la! — foi sarcástica — você disse que a Camille é
louca... Diga-me uma verdadeira loucura que ela tenha feito.
— Hã... Fora ela ter quebrado sua porta? Deixe-me ver... Uma vez ela cismou que uma garota
estava flertando comigo. Ela pôs fogo no cabelo da garota!
— O quê? Você está brincando!
— Não, não estou — ele realmente estava muito sério — Por sorte conseguimos apagar sem
causar um dano mais sério à menina.
— Algo mais?
— Quer mais? — Zane riu, mas sem humor — Bom, uma noite ela chegou de surpresa na minha
casa e simplesmente deduziu que eu havia traído ela, que a casa estava com o cheiro de outra mulher.
Eu neguei, afinal, nada tinha realmente acontecido. Ela riscou meu Maverick. Todo ele!
— Oh! Eu imagino o quanto você tenha ficado furioso com isso...
— Furioso? Eu fiquei cego de raiva! E ainda por cima eu estava... — ele se interrompeu,
parecendo não saber se devia continuar — eu estava bem alto, então eu parti para cima dela. Acho
que só não a agredi porque Jake estava em casa. E isso não é tudo. Ela realmente não bate bem,
Quinny. Por isso peço tanto que não se aproxime dela.
Alto? O que ele queria de fato dizer com aquilo? Não questionou, mas sabia que aquilo iria
assombrá-la:
— Mas vocês não chamaram a polícia para ela?
Zane passou a mão na nuca, parecendo desconfortável:
— Bom, além de ela ser filha de um futuro juiz, na época, tanto eu, a garota do cabelo ao qual ela
colocou fogo e a própria Camille... Bom, nenhum um de nós queria muito a polícia por perto. Foi...
Um tempo meio tenebroso de nossas vidas, Quinn.
— Eu... Eu entendo — Mas a verdade era que não entendia não.
— Eu não me lembro de muita coisa daquele período, mas o pouco que me vem à mente, alguns
flashes... Eu realmente não gosto do que eu era! — ele a investigava, estudando suas reações.
— Não tem de falar sobre isso se não quiser, Zane...
— Sim, eu preciso. Você precisa saber como eu era. Eu não sei como não terminei morto, ou
matando alguém! Vivia fora de mim. Eu tinha “muitos amigos” dos quais eu não precisava. E os quais
me incitavam a fazer coisas que eu nunca faria se estivesse no meu normal. E não sei como não perdi
aqueles que realmente me importavam. E nesse período, eu estava com a Camille. A força do eu
sentia por ela... Isso mexeu com a minha cabeça e isso foi o que me fez afundar no mesmo buraco que
ela.
Quinn de fato não gostou daquela declaração. A força do que eu sentia...
— E quando ela me deixou... Estive à beira de cometer uma loucura. Se não fosse Jake estar ali e
me estender a mão...
— Eu entendi, Zane! — ela o interrompeu. A verdade era que não queria ouvi-lo falar daquela
mulher.
— E é por tudo isso que peço que fique longe daquela mulher, Quinn Bee. Ela é realmente
perigosa...
Quinn realmente não queria falar ou ouvir sobre Camille. E a única forma de encerrar aquele
assunto, sem dizer as palavras, ela sabia bem. Assim, sem aviso prévio, deixou sua língua deslizar
longa e lentamente pelo pênis deliciosamente ereto em sua mão:
— Porra! — Zane grunhiu, pego de supressa, seu quadril se arqueando para fora da cama.
Sorrindo de lado, ela ficou feliz em ter alcançado seu intuito. Ele não estava mais falando da
ruiva:
— Algum problema, grandão? — Quinn o provocou, falando mansamente, e voltando a deslizar a
língua por sua extensão tesa.
— Não! — ele bufou, rapidamente, o maxilar fortemente contraído e respiração irregular —
nenhum, bonequinha...
— Ótimo! — Baixando seus olhos para o pau dele, ela de fato o admirou. Seu apadravya... Visto
de perto, podia até ser algo assustador. Mas ela sabia do prazer que aquele pequeno apetrecho lhe
proporcionava.
E ele era grande, bem grande. Nunca caberia inteiro em sua boca.
Lambendo os lábios, dirigindo um rápido olhar para um tenso e expectante Zane, o tocou com a
ponta da língua, brincando um instante com seu piercing, mas logo em seguida, o tomou em sua boca,
gemendo no processo.
Zane não pôde evitar a torrente de palavrões que escaparam de sua boca. Mas era humano! E ter a
boca de Quinn em volta de seu pau. Era a sensação mais alucinante de sua vida!
Ela tinha o belo traseiro erguido enquanto sua cabeça estava para baixo, para que o saboreasse. O
que fazia com maestria. Queria ter uma visão melhor daquela linda bunda, mas estava oposta a ele.
Juntou os cabelos dela com as mãos, fazendo um rabo de cavalo e o segurando para assistir
melhor a cena. Ela sugava com gosto, hora se detendo na coroa rosada de seu pênis, lambendo-o... E
quando fazia isso.... Suas bolas se retorciam e seu baixo-ventre se contraia:
— Assim, meu bem — a incentivava — Oh, Deus! — sua cabeça pendia para trás, seus olhos se
fechavam, quando ela gemeu junto a sua carne e o sugava lentamente outra vez — Oh, Quinn! Essa
sua boca — puxando-a pelos cabelos, a trouxe para um beijo intenso, sentindo seu gosto nela.
Quando a soltou, ela voltou a tomar seu membro na boca. Zane ofegou. Agora usava uma mão para
manuseá-lo, gemendo e se contorcendo, parecendo tão alucinada quanto ele.
Não duraria muito! Sabia disso! Seu inconsciente o incitava a meter com força naquela boca e
teve de se controlar muito para não o fazer. Ao contrário, mantinha-se quase imóvel, apreciando cada
mínimo detalhe:
— Quinn!— seu corpo todo ficou rígido, muito perto da explosão.
Queria avisá-la do que estava prestes a acontecer, assim como também adoraria gozar na boca
dela. Mas não o faria sem o consentimento dela.
E ele tentou afastá-la, colocando mais pressão no aperto em seus cabelos, na tentativa de puxá-la,
mas Quinn resmungou e libertou-os, continuando a degustá-lo. Bom, esse era um consentimento.
Dessa forma, Zane assistiu ao mais belo espetáculo da terra; ela o sugava com paixão, sua língua
fazendo um estrago, tanto lá embaixo, quanto na mente dele.
Não foi muito longe. Logo Zane se libertava diretamente na garganta dela. Mesmo durante sua
empreitada rumo ao orgasmo, teve ciência de examiná-la, para ver se não havia nenhum tipo de
desconforto por parte dela. Podia bem ter se arrependido no meio do processo.
Mero engano. Quinn parecia compenetrada em terminar e de forma esplêndida o que tinha
começado. Não o soltou, até fosse um amontoado de músculos soltos sobre a cama e que houvesse
sugado sua última gota.
Então o soltou, sorrindo como uma gata saciada, deslizando os dedos pelos cantos de seus lábios
e veio se aconchegar na curva de seu braço e ombro. Só faltou ronronar, mas soltou um longo suspiro
languido:
— Ainda bem, grandão?
Zane deixou uma longa respiração escapar. Colocando um braço sobre a nuca, beijou o alto da
testa dela:
— Você sugou a minha alma!
— Eu não acredito que você disse isso! — Quinn gargalhou.

Eram quase quatro horas da manhã, quando Quinn acordou sedenta... Por água. Zane insistira em
pagar pelo que ela havia feito por ele, na mesma moeda. E a brincadeira se estendera por horas, até
caírem esgotados, suados e ofegantes um nos braços do outro. Ele era insaciável... E ela amava isso!
Ok, amar era uma palavra forte. Adorava aquilo!
Voltou-se delicadamente, encontrando-o ao seu lado, deitado de barriga para baixo, seu longo e
tonificado corpo exposto, já que ela lhe roubara todo o lençol. Não pôde evitar admirá-lo, suas
costas largas, seu traseiro bem-feito e suas pernas muito compridas e trabalhadas. Resistiu ao
impulso de tocá-lo. Não queria acordá-lo. Ainda. No fundo, tinha esperanças de uma rapidinha, antes
de ir para casa.
Muito devagar, deixou a cama e então o quarto. Recolheu a calcinha e a camisa dele no caminho e
as vestiu na sala. Sorrindo como boba, pensou que nunca se recuperaria daquela noite nos braços de
Zane Hudson. Caminhou em busca de água e tentou não pensar no que seria dali para frente.
Pensamentos como o que de fato Camille significava para ele, o assunto sobre estar “alto”. E
principalmente o que ele dissera sobre não querer se apegar a ela e que não procurava um
relacionamento. Tudo isso girava na cabeça dela, agora que estava fora daquela nuvem de luxuria
que seu corpo andara mergulhado. Ela sabia estar com um homem e não se relacionar com ele?
Como é que isso funcionava? Principalmente para ele. Será que... Seria possível que ele ainda a
procuraria, mas também teria outras mulheres?
Inconscientemente ela franzia o cenho. Não gostava de compartilhar. Com certeza não gostava. E
também não estava interessada em sair com mais ninguém, além do homem enorme jogado na cama a
poucos metros dela. Sorriu brevemente da lembrança, mas esse mesmo sorriso morreu rapidamente.
Obviamente não queria ser a chata e o encher de perguntas sobre o futuro.
Bufou, caminhando sem notar para a sala. Esperava não trocar os pés pelas mãos. Se envolver
demais pelo moreno tatuado e ter seu coração partido de novo. Além de um belo macho, era
engraçado, carinhoso e fodia magistralmente muito bem! Belas combinações para um homem e muitos
riscos para a saúde mental de uma mulher como ela.
Um movimento chamou sua atenção.
Zane se detinha no batente da porta, vestindo uma boxer branca. Sexy como o inferno, coçando
preguiçosamente o peito:
— Por um momento eu pensei... — ele começou, seu tom rouco de quem acabara de acordar.
— Que eu tivesse ido embora? — Quinn socou o ar, fingindo raiva — Droga, porque eu não
pensei nisso? Seria um ótimo castigo pelo que fez comigo!
— Eu acho que já pedi desculpas... De várias formas!
— Será preciso muitas outras noites como essa para que eu te desculpe! — Quinn quase se
arrependeu pelo que havia acabado de dizer. Várias noites? Melhor ir com calma.
Mas Zane sorriu e veio enlaçar sua cintura, acariciando seu rosto e ela ficou mais tranquila:
— Isso nem será um castigo — trouxe seu rosto para perto, beijando-a docemente, provando seu
lábio inferior e depois o superior.
Logo investia, invadindo seu recanto úmido, buscando sua língua. Quinn era receptiva, aceitando
suas investidas e as devolvendo:
— Mas o que está fazendo aqui e não na minha cama?
— Eu senti sede e não quis te acordar por isso. Estava voltando e parei uma instante para admirar
seus instrumentos — mentiu e mostrou as peças dispostas em seus devidos pedestais — São lindas!
Zane as fitou parecendo orgulhoso:
— Me custaram uma boa grana!
— E elas estão aqui de enfeite, ou você toca mesmo? — provocou.
Zane bufou com despeito, fazendo-a se sentar no sofá e pegando a guitarra:
— Com toda certeza de que ela não é só um enfeite! — e se acomodava na mesinha de centro,
frente a ela — Eu tenho uma banda, sabe?
— Tem? — Quinn se surpreendeu.
— Sim. Tocamos só por diversão, na casa de amigos e em algumas boates na cidade e
redondezas.
— Hum, e pela sua aparência, country não é o que você toca.
— Gosto de ouvir de tudo um pouco, mas o que tocamos mesmo é rock.
Quinn fez uma careta:
— Hum, não sou muito uma garota de rock. Eu gosto de música clássica, pop, jazz... E eu curto
Britney Spears! — anunciou num tom de desafio, o queixo erguido.
— Britney Spears, garota? — agora era Zane quem fazia careta.
— Sim, eu gosto e assumo isso! — deu de ombros, rindo — mas o que amo mesmo é jazz. Frank
Sinatra e atualmente Michael Bubblé.
— Ok, jazz-girl! Mas o que toco não é hard rock, apesar de curtir também. Toco muito clássicos
do rock. Por exemplo essa — ele começou a dedilhar alguns acordes na guitarra — Impossível que
você não goste dessa!
E então ela reconheceu Waiting for a girl like you – Foreigner. Impossível não sorrir. Os acordes
eram bem suaves e quando ele começou a cantar a letra... Um longo e lânguido arrepio lhe percorreu
a coluna. Tinha uma voz linda, falando, sussurrando em seu ouvido, mas cantando, era de deixar
qualquer calcinha molhada.
Fora que a letra tinha um quê de haver com eles no atual momento...
Esperando Por Uma Garota Como Você

Por tanto tempo, tenho procurado tanto,


Estou esperando há tanto tempo
Às vezes não sei o que vou achar
Só sei que é questão de tempo
Quando você ama alguém,
Quando você ama alguém,
Parece tão certo, tão verdadeiro
Preciso saber se você sente isso também
Talvez eu esteja errado
Você me diria se eu estivesse forçando a barra
Esse meu coração já foi machucado antes
Dessa vez quero ter certeza
Estava esperando por uma garota como você entrar na minha vida
Estava esperando por uma garota como você, a cujo amor sobreviverei
Estava esperando, alguém novo Pra me fazer sentir vivo
Yeah, esperando por uma garota como você entrar na minha vida
Você é tão boa, quando fazemos amor pode-se entender
É mais que um toque ou uma palavra que dizemos
Somente em sonhos isto poderia ser desta forma
Quando você ama alguém, sim,
Eu realmente amo alguém
Agora, sei que é certo
Do momento em que acordo até o fim da noite
Não tem outro lugar onde eu gostaria de estar
Do que aqui te abraçando, ternamente
Estava esperando por uma garota como você entrar na minha vida
Estava esperando por uma garota como você, a cujo amor sobreviverei
Estava esperando, alguém novo Pra me fazer sentir vivo
Yeah, esperando por uma garota como você entrar na minha vida
Estava esperando,
Esperando por você, ooh,
Estava esperando
Estava esperando
(estava esperando alguém como você, estava esperando)
Você não vai entrar na minha vida?

Quando ele terminou, fazendo um gracejo, ela jogou a cabeça para trás, numa gargalhada
deliciada:
— Ok. Dessa eu gosto. E agora ainda mais — declarou, segurando o rosto dele entre as mãos e o
beijando com carinho — Você já deve ter pego muitas garotas tocando para elas, não?
Ele deu um risinho suave e piscou para ela, com cara de culpado, mas sem vergonha, coçando o
queixo:
— Bem, sim, eu já baixei muitas calcinhas assim...
— Seu cachorro! — ela o encarou, injuriada e deu-lhe vários tapas no peito — Que fique claro
que comigo não foi assim!
— Bom, a sua eu tirei antes de cantar... — alfinetou sem pena
Quinn fechou os olhos e gemeu:
— E eu me odeio por isso! Bom — ela se punha de pé e o puxava para ocupar seu lugar no sofá
— Mas agora que você me mostrou algo que sabe fazer, eu vou te mostrar algo que eu sei fazer...
— Vai me chupar? — ele sugeria, abandoando a guitarra ao lado e sua mão grande deslizando
sobre seu pau que já ameaçava uma ereção.
Quinn riu revirando os olhos, se colocando de pé:
— Eu já fiz isso, seu tarado!
— Não me importo em repetir a dose. Finjo que é a primeira vez de novo...
— Não! — ela o cortou.
14º

— E se eu pedir, por favor?


— Seja um bom garoto e se comporte! E quem sabe depois? — deixou a sugestão no ar, olhando-o
por sobre o ombro, enquanto se encaminhava para o centro da sala.
Então, limpando a garganta, ela parou ereta frente a ele, os braços flexionados com as palmas para
baixo e pés voltados para fora. Zane franziu o cenho, não entendendo o que ela planejava fazer.
Agora ela esticava os braços, separando as pernas. O que se seguiu diante dele o impressionou.
Quinn graciosamente se punha nas pontas dos pés, queixo erguido e dava pequenos saltos de um
pé para o outro, sempre complementando com os braços. A postura dela se assemelhava a uma ave
graciosa, até mesmo os gestos que fazia com as mãos o arremetia a isso.
Suas longas pernas estavam desnudas e a blusa dele que vestia, subia com os gestos, expondo suas
coxas firmes e bumbum arrebitado. Era uma perfeição.
Zane sorria assistindo fascinado do sofá, os giros elegantes e delicados que dava agora.
Segurando agora a ponta de um pé, ela o elevou até sua longa perna estar rente a seu corpo. Ele
não pôde se conter, torceu a cabeça para um lado, admirando toda sua flexibilidade. E também não
pôde evitar um assobio agudo, fazendo-a sorrir.
Para completar, Quinn deu vários giros no lugar, esticando e recolhendo uma das pernas, até por
fim, terminar no chão, com um belo e perfeito espacate.
Zane aplaudiu e voltou a assoviar, enquanto ela se levantava com toda graça e se curvava num
cumprimento:
— Uau! Isso foi incrível, bonequinha! E eu achando que estava arrasando ao dedicar uma guitarra
— dizia, de fato admirado, quando ela veio se sentar na mesinha a sua frente — Essas coisas todas
que você fez... — gesticulava com as mãos, tentando descrever os passos dela, fazendo-a rir — o que
posso dizer? Uau!
— Obrigado, gentil senhor — Agradecia, fazendo um gesto que ele já estava se acostumando e
que parecia ser uma mania dela, morder a língua antes de uma frase. Além de tudo era muito sexy,
como agora, quando ela torcia os braços, dedos entrelaçados e um ombro erguido, como se estivesse
encabulada.
— Mas fiquei pensando... Você deve ficar uma delícia naqueles collants bem apertadinhos de
ballet!
Dando de ombro, torceu os lábios:
— Já me disseram que não fico mal.
— Eu imagino!
— Agora, eu estou tentando imaginar você também naqueles collants masculinos — não conteve-
se e começou a rir, olhando para o pênis volumoso dele sob a boxer.
Zane seguiu seu olhar:
— Acho que seria muita exposição.
— Indecência!
— E seria assustador para alguns... — ele deslizou sua mão grande por todo seu eixo, que agora
ameaçava se armar, de forma convencida.
— Não me assustou!
— Nem um pouquinho? Nem mesmo da primeira vez?
Quinn olhou para cima, como se recordando:
— Ok, talvez um pouquinho, senhor pênis enorme! — dramatizou ela.
— Eu gostei desse apelido! — ele coçou o queixo.
Bufando, ela revirou os olhos:
— Homens e seus brinquedos!
— Onde, como aprendeu tudo isso? Essa dança?
Quinn suspirou, como se tentasse se lembrar:
— Acho que danço balé desde que comecei a andar — abraçou um joelho, trazendo-o até seu
peito — sabe? Era sonho da minha mãe ser uma bailarina clássica profissional. Mas ela infelizmente
não tinha o talento necessário. Assim, com o meu nascimento, transferiu seu sonho para mim! E logo
me colocou para dançar. Eu gostava, quando criança. Mas depois de algum tempo começou a ficar
uma coisa séria, não mais uma diversão. Minha mãe me impediu de ir a várias festas de amigos,
porque no dia seguinte, havia algum teste. E o pior; começou a regrar, de forma sufocante, o que eu
comia! E, você não entende, eu adoro comer! — riu de si mesma — mas era o sonho dela e não tinha
coragem de dizer nada. Tudo ficou tão sufocante! E aos meus doze anos, uma grande companhia russa
veio para a cidade para fazer audições. Nossa, minha mãe ficou eufórica! E eu sabia que ia passar
naquele teste! Não só por causa do meu talento, que era razoável, mas porque minha mãe era muito
amiga do diretor da companhia. Fiquei simplesmente desesperada! Sabia que depois desse passo,
não haveria volta! Estava tão tensa, que num salto cai de mau jeito e machuquei meu joelho. Não foi
nada sério, mas por sorte, o médico que me atendeu no hospital era o meu padrinho e eu implorei
para ele que dissesse que era coisa grave e que eu não poderia mais dançar!
— Garota má! — ralhou Zane, fingindo reprovação.
— Hey! Eu me senti mal por aquilo, ok? Mas era a minha vida, eu tinha de agir!
— E seu padrinho te ajudou!
— Sim. Contragosto, mas ajudou. Ele sentiu todo o meu desespero.
— E como sua mãe ficou com isso?
— Pode imaginar? Devastada! Tanto que quase mudei de ideia e contei a verdade. Quase! Eu
gostava e ainda gosto de dançar balé, mas não era o que eu queria fazer como carreira! — seu
semblante ficou sério ao continuar — eu amo minha mãe, mas... Bom, ela pode ser bem opressiva
quando quer. Um dos fatores de eu ter saído de casa, foi para tentar evitar ficarmos batendo de frente
uma com a outra — percebendo que estava divagando, suspirou e lhe inquiriu — mas e você? Não
me falou nada da sua família.
— Bom, tenho uma irmã que mora em Atlanta. Meu pai morreu há alguns anos.
— Oh, sinto muito. E sua mãe?
Quinn notou que ele evitou seu olhar e um músculo no pescoço dele pareceu saltar e seu maxilar
ficou tenso. Mentalmente, tentou descobrir se havia dito algo errado.
— Eu não tenho mãe.
Foi a resposta seca que recebeu e decidiu não questionar, além disso. Mas o silêncio, que era uma
novidade entre eles, imperou por um instante.
Mas logo Zane suspirava e esfregava as mãos em suas coxas musculosas:
— Sabe o que notei agora?
— O quê?
— Que já devem fazer, pelo menos, vinte minutos que não a beijo! — seu semblante era
teatralmente sério.
Quinn torceu os lábios e meneou a cabeça, negativamente:
— Falta grave, grandão! Muito grave!
Ele sorriu, chamando-a com dois dedos:
— Então traga esse corpinho delicioso até aqui, porque eu já estou sedento por sua boca, docinho!
— ordenou.
Toda sinuosa, Quinn começou a se levantar, lentamente, para apreciação de seu olhar quente, que
vagueava por todo seu corpo. Apoiou as mãos nos joelhos dele, lhe oferecendo os lábios. Ele os
aceitou, beijando-a e mordiscando, lançando longos arrepios por toda a espinha dela.
Logo as mãos estavam em sua cintura e descendo para seu traseiro, puxando-a esparramada sobre
seu colo. Ajeitou seu corpo grande, deslizando-o para a beirada do sofá e suas costas apoiadas no
encosto. Assim, Quinn tinha seu pau rijo bem em contato com seu clitóris. E o maldito devia saber
disso, pois começou a massagear seu bumbum, de forma a estimulá-la:
— E ainda não me esqueci do; Quem sabe depois? — murmurava junto a sua boca.
Quinn jogou a cabeça para trás, numa gargalhada sonora. Zane aproveitou esse movimento para
abocanhar um mamilo sob a blusa, mordendo-o:
— Homem insaciável!
— O que eu posso fazer se você é muito boa com essa sua boca também? — emaranhando os
dedos entre seus cabelos, buscou novamente seus lábios, provando-os com fome.
Ela sorria entre o beijo, rebolando sobre ele:
— Bom, se fizer um bom trabalho, posso pensar no seu caso...
— Faço o que desejar, minha boneca!
— Bom! Comece me beijando outra vez...
— Posso fazer outras coisas também — Sugeria, enfiando as mãos sob a blusa, acolhendo os
seios fartos em suas mãos e provocando o mamilo já rijo.
Quinn apoiou as mãos ao lado do corpo dele, no encosto do sofá, agora fazendo um longo e lento
movimento, para frente e para trás, deslizando toda sua boceta na extensão tesa do pau dele. Era
muito bom!
— Bom, você sabe. Posso ser muito bom com a minha boca também.
Ela bufou e voltou a revirar os olhos:
— Bah! Muita conversa e pouca ação, apadravya boy! — incitou-o.
Zane parou suas carícias e a encarou, parecendo ofendido:
— Isso foi um desafio, bonequinha?
— Entenda como quiser!
Antes que concluísse a frase, foi jogada sobre o sofá e ele estava sobre seu corpo. Ela deixou um
grito de surpresa escapar da boca:
— Eu nunca fujo de um desafio, Quinn Bee!
No entanto, quando Zane se abaixou para atacar sua boca, o estômago roncou ruidosamente. Quinn
arregalou os olhos.
— Me desculpe! — ela escondia sua cabeça no ombro dele, rindo constrangida — Mas você sabe
que não foi de propósito! A verdade é que não comi nada desde o almoço...
— Quem deve desculpas sou eu bonequinha — acariciava seus cabelos, como que confortando-a
— Fiquei fodendo esse seu lindo corpinho quase que por horas e nem sequer ofereci te alimentar!
Essa sim é uma falta grave!
— Não que eu estivesse reclamando... — Quinn deu de ombros, o encarando de novo — mas é
que realmente a fome me apertou agora!
— Ok. Então tire toda sua delícia de cima de mim que vou te alimentar decentemente! —
anunciou, batendo em seu bumbum — vou preparar algo para você comer...
— O quê? Você vai cozinhar para mim? — ela exclamava, surpresa.
— Claro! Acho que tenho ingredientes para uma omelete na geladeira...
— Eu amo omelete! — Quinn exaltou, pulando nas costas dele, quando este se colocou de pé.
Zane ria gostoso, carregando-a para a cozinha, que era dividida da sala por um balcão. A
depositou nesse, enquanto abria a geladeira:
— Ovos... Queijo, tomates, alguns temperos... — colocou os ingredientes ao lado dela, que
esfregava as mãos — Acho que é isso.
— Para mim, parece perfeito!
— Ok, então você corta os tomates... — os entregou a ela, depois de lavá-los, que os encarou
como se fossem bolas de fogo.
— Tem certeza?
Zane colocou uma mão na cintura e a outra sobre os olhos, meneando a cabeça:
— Meu Deus! Qualquer um pode picar tomates, Quinny!
— Se você diz...
Ainda meneando a cabeça, ele voltou-se para pegar uma tigela onde quebrou os ovos, com uma
desenvoltura que deixou Quinn de queixo caído.
E ficou tentando descobrir de que forma começar a cortar os tomates. Dando de ombros, começou
como achou que deveria.
Ficou admirada em como ele parecia saber exatamente o que fazer numa cozinha. Sentiu-se
envergonhada. Como mulher, ela devia entender daquelas coisas...
— Bonequinha... — Zane interrompia seu devaneio, fitando os tomates esquartejados que estavam
de frente a ela — eu vou rechear a omelete com isso aí. Não ao contrário. Pique em tamanhos
menores, ok?
— Pique em tamanhos menores! – balbuciou, o imitando, fazendo careta — Eu disse que não
sabia fazer isso! Aí! — gritou surpresa, quando um tapa estalado lhe acertou o traseiro.
— Não reclame e corte direito, mulher!
— Chauvinista!
Ele voltou a rir e ela lhe mostrou a língua, num gesto de rebeldia.
Depois de dispor os pratos sobre o balcão, ele disse em tom de desculpa:
— Eu não tenho nada alcoólico em casa, mas tenho suco de laranja, uva...
— Uva está ótimo!
Momentos depois degustavam a iguaria. Ela, faminta, gemia de contentamento a cada garfada,
deixando Zane tão encantado, que mal tocava em seu prato:
— Sendo uma draga dessa forma, como se mantêm tão gostosa? — provocava.
Quinn levou uma mão à boca, para conter o riso e segurar o alimento, já que essa estava cheia:
— Você não tem noção do que tenho passado desde que sai da casa dos meus pais! Eu tenho quase
passado fome, então acredite, quando encontro uma boca livre, eu de fato aproveito!
— Pobre garota rica! — ironizava ele.
Quinn apontou o garfo em direção a ele, enquanto terminava de mastigar. Depois o ameaçou:
— Se sua canela estivesse ao meu alcance...
— Você não existe! — ponderava Zane, sentindo seu encantamento por aquela garota aumentar
cada vez mais. E ele não sabia se isso era bom.
— Cale a boca e coma, senão vou atacar a sua parte também!
Zane meneou a cabeça, divertido, voltando para seu prato, pensando que daria sua porção com
gosto para ela. Sentiu que daria a ela o que quisesse. Outro pensamento bem perturbador.
Depois de limpar seu prato, estando saciada, Quinn suspirou e espreguiçou-se, não conseguindo
controlar um bocejo. Procurou por um relógio e o encontrou sobre a geladeira:
— Meus Deus, já passam das cinco da manhã! — se espantou.
— Parece que sim — franzindo o cenho, Zane pensou que nunca o tempo havia passado tão
rápido. E pensou que logo, Quinn iria embora. E depois?
Ela veio se apoiar no balcão ao lado dele, encostando a cabeça em seu ombro:
— Eu realmente preciso de algumas horas de sono, Zane! Não quero parecer um zumbi na loja
amanhã! Hoje, aliás!
— Eu entendo, bonequinha — levantou-a nos braços, e rumou para o quarto — Eu vou te colocar
na cama, talvez cantar uma cantiga para te fazer dormir...
— Hum, com essa voz sexy, melhor não. Senão dormir será a última coisa que vou querer fazer.
Porém foi impossível deitar e de fato dormir. Quando Zane a beijou, o seu beijo de boa noite,
logo se enroscava em seu pescoço e um simples beijo de boa noite se tornava profundo e as mãos
começavam a explorar...
Não demorou muito e seus corpos estavam nus e Zane no meio das pernas dela, abrindo espaço
entre suas dobras molhadas para seu pau duro, deliciosamente duro. Mas daquela vez diferente. Foi
tudo muito calmo, ele muito carinhoso, beijando sua face seu queixo e então sua boca.
Falava baixinho, muitas vezes indecências, fazendo a rir de puro deleite. Então seus movimentos
eram mais rápidos, as palavras morreram e os olhares estavam presos, das bocas escapavam
gemidos agoniados de prazer.
Quinn sentiu cada detalhe de seu êxtase, contendo-se com muito custo para manter os olhos
abertos e ainda o fitando.
Quando ele gozou, urrando sua libertação, jogou sua cabeça para trás, mas ela o trouxe de volta,
buscando seus lábios, bebendo seus gemidos.
Logo adormecia, esgotada e feliz nos braços dele.

Descendo do Maverick, Zane contornou o carro para abrir a porta para ela:
— Vai mandar que consertem essa janela hoje, certo?
— Vou sim, Grandão — ela descia e o enlaçava pelo pescoço, tascando um beijo estalado em sua
boca que estava esticada numa linha fina: — Não se preocupe — o tranquilizava — Aquela louca
não vai voltar.
Zane riu com ironia, recostando-se no carro e circulando sua cintura fina com um braço e a
colocando em seu corpo:
— Acho que não estamos falando da mesma louca...
— Nossas famílias são muito próximas, embora nós duas não! Acho que ela não faria nada que
prejudicasse essa relação. Ela não é burra! E Bruce, o marido dela está se candidatando a deputado.
Não perdoaria um deslize do tipo de um escândalo desses!
— Mesmo assim, ela veio atrás de você, te ameaçou!
— Creio que pensou que isso me afastaria de você, de uma vez por toda — sorriu maliciosa —
Mal sabe ela.
Zane fitou seus rosto bonito e acariciou sua face lisa:
— Foi uma noite incrível, bonequinha...
Quinn jogou a cabeça para trás, numa risada cristalina:
— Eu não esperava que dissesse o contrário, meu caro! — ela deslizou a língua sensualmente
pelos seus lábios — Eu dei — fez uma pausa proposital, provocando-o — meu melhor, na noite
passada!
Emaranhando os dedos nos cabelos dela, os puxou, fazendo-a erguer sua cabeça:
— Sim, você deu — não concluiu a frase, devolvendo sua provocação.
Então a beijava, tendo seus olhos ainda abertos, assim como ela. Um sorriso foi inevitável:
— Eu realmente tenho de entrar agora, se não quiser chegar atrasada na loja...
— E eu preciso investigar se ainda tenho um emprego, visto que devia estar nele há meia hora
atrás! Ligo para você, mais tarde...
— É bom mesmo! — ela se fingia de brava, segurando a gola da jaqueta de couro dele — Porque
agora, eu sei onde você mora! — completou, entredentes.
— Oh, não! Uma maníaca no meu pé já o suficiente! — balbuciou — Agora tire esse corpinho
gostoso de perto do meu, antes que eu mude de ideia, te jogue sobre meus ombros e a leve para
dentro e a foda de várias maneiras, por todo o dia.
Quinn mordeu os lábios e estreitou os olhos, como se ponderasse a ideia:
— Não me provoque, garota! Sou bem capaz de fazer isso!
Sorrindo, mas muito contra gosto, se afastou do corpo rijo dele:
— Foi uma noite incrível para mim também, Grandão — Admitiu por fim.
— Quer dizer que tivemos um sexo de qualidade?
Foi impossível não rir da lembrança dele.
— Sim, muito sexo da melhor qualidade! Tanto que é possível que eu guarde o Hulk no fundo da
gaveta, por enquanto...
— Pobre Hulk! Perdeu seu parque de diversões! Não que eu me sinta culpado! E o melhor é que
podemos repetir sempre! — segurou o rosto dela entre as mãos dando-lhe um longo beijo faminto.
Em seguida a soltou e deu um tapa em seu traseiro:
— Agora vá, bonequinha.
Ela caminhou sinuosa até a porta e Zane deixou-se ficar, recostado no Maverick, admirando o
balanço sensual de seus quadris. Quando ela fechou a porta, ele já se encontrava duro de novo.
Sorriu colocando seus óculos escuros tipo aviador e tomou lugar na direção, rumando para a
Harper’s, esperando encontrar Jake de bom humor.
No caminho, não conseguia para de sorrir, ao lembrar-se dos acontecimentos da noite passada.
Quinn era quente, sexy como o inferno e divertida. Que mulher! A sensação de estar enterrado em sua
bocetinha quente. As expressões que ela fazia, enquanto arremetia contra seu corpo delicado.
Correu a mão pelo rosto, contendo o ímpeto de dar meia volta no carro.
Tentou não pensar em como seria dali pra frente. Havia dito a ela que não queria se apegar...
“Parece que já é tarde demais, meu camarada!” — dizia a sim mesmo, enquanto manobrava o
carro numa curva. “Parece que Quinn Armentrouth te pegou de jeito, chapa!” — suspirou,
resignado.
Conhecia aquele sentimento. E não sabia se ele era bem-vindo. Outros adoravam aquela sensação,
mas ele passara por algo parecido e não terminara bem.
Foi então que se lembrou de que precisava fazer algo. Parando o Maverick no meio-fio, sacou o
celular. Discou uns números que sabia de cor.
Ao terceiro toque, Camille atendia:
— Zane? Meu amor, eu não acredito que finalmente está me ligando! Eu senti tanto a sua falta!
Ela continuava a falar e ele esperou sentir a boca seca, seu coração descompassado e seu pau rijo
ao um ponto doloroso, que era o que acontecia no passado, quando falava com ela.
Não sentiu nada. Um sorriso de surpresa brotou em seus lábios. Era como se tivesse sido
libertado de uma clausura que lhe tomara anos! Camille Fairfields já não tinha mais poder sobre ele!
Aquela dependência, como todas as outras já era!
— Camille... — tentou interrompê-la, mas sem sucesso.
— Eu quero te ver, Zane! — sua voz agora era pastosa, quando antes considerava extremamente
sexy — me diga onde você está e irei ao seu encontro...
— Camille! — a cortou, de forma seca e brusca — Não estou ligando para falar de nós!
— Zane? — parecia muito surpresa com seu tom — Por que está falando comigo assim?
— Só quero lhe pedir uma coisa, garota. Deixe-me em paz! E por favor, pare de perseguir a
Quinn! Está me entendendo?
Ouve silêncio do outro lado da linha. Mas então, soando incrédula, ela começou:
— Está me ligando para falar da Armentrouth? Ela foi se queixar com você? Aquela vaca...
— Não ouse, Camille! Não vou permitir que faça mal a ela, fui claro? Não me procure mais, não
me ligue, não me mande mensagens! Deixe-me em paz! — repetiu, enfatizando cada palavra — Você
me deve isso!
Outra vez o silêncio, mas dessa vez, ele podia ouvir a respiração ofegante dela. E logo uma
torrente de xingamentos e ameaças se fez ouvir. E ela gritava. Tão alto que ele teve de afastar o
aparelho do ouvido.
— Você está fodendo com aquela desgraçada, não é? Você não pode me trocar por ela! Você me
ama! Me. Ama! Sabe disso!
— Não mais, Camille...
— Seu merda! Não finja que não sente mais nada! Tudo o que nós passamos...
— Eu espero um dia, você possa me esquecer!
— Seu cretino! Maldito! Eu mato você e mato aquela vagabunda...
Zane fechou o semblante:
— Se ousar se aproximar de novo da Quinn — falava pausadamente e fez uma pausa para se
controlar — nem sei do que sou capaz de fazer com você! — ela voltou a esbravejar, mas dessa vez,
ele ignorou e concluiu — Eu espero ter sido claro com você!
E desligou. Estava aliviado. Era fato. Estava livre de Camille.
15º

Zane tentou passar despercebido quando chegou ao Harper’s. Tentou. Mas Jake apontou na porta
de seu escritório, assim que o avistou:
— Mas olhem quem resolveu dar o ar de sua graça?
Colocando dois dedos sobre os olhos, Zane sorriu. Ao menos a voz do amigo aparentava bom
humor. Assim voltou-se, com braços abertos:
— Prometo compensar com hora extra, patrão!
— Oh, sim você vai! — concordou, se aproximando — Olhe para a cara desse bastardo filho da
mãe! Além de se atrasar, tem a ousadia de me aparecer aqui com essa cara de fodi à noite toda! E o
pior: com certeza com aquela gracinha da Quinn Armentrouth!
Ele não se deu trabalho de negar, coçando o queixo e carregando um sorriso preguiçoso nos
lábios.

Ao adentrar na loja, Quinn fez sinal para que Gwen a acompanhasse até sua sala. A outra estreitou
os olhos, diante de sua expressão. No caminho, havia mandado mensagem para Júlia, pedindo que as
encontrasse.
— Hum, essa sua cara...
— Querida, Gwen! Não me traga nada muito estressante hoje! — dizia com modo exageradamente
afetado — Pois tive uma noite muito — enfatizou a palavra — agitada, então... Posso estar um pouco
lenta, entende? — sorriu maliciosa.
A morena estacou de queixo caído:
— Você se encontrou com Zanedelicius?!
— O quê? — Júlia também estacava, carregando a cesta do café da manhã — Esteve com Zane
Hot? Mas como? Não estava com raiva dele?
— Não entendi... — Jake franzia o cenho, confuso — a garota estava te evitando, fui testemunha
disso! Até fiquei esperançoso, ao notar que ela fugia de você como o diabo da cruz...
— O que posso fazer, se ela não resiste ao tatuado aqui? — Zane voltava a abrir os braços, seu
peito parecendo ainda maior, com seu tradicional sorriso convencido na cara.
— O que posso fazer, se não resisto àquele tatuado? — Quinn dava de ombros.
— Ok. Mas comece a falar tudo. — A loira depositava a cesta no aparador e elas a cercavam,
recolhiam cada uma um bolinho e se espalhavam pelas cadeiras da sala, Quinn na sua, atrás da mesa.
— Como foi que o perdoou, assim tão fácil?
— Bom, eu fui sincero, só isso — Zane concluía, já na sala do amigo, bebericando um café — e é
claro, joguei meu charme — deu uma piscadela.
— Seu safado! Mas por que ela te ligou, se parecia que preferia um cão raivoso em sua frente, a
você?
— Isso foi por causa da Camille...
— Camille? — Júlia e Gwen exclamavam em uníssono.
— O que ela tem a ver com tudo isso? — sua assistente indagava.
— Acho que me perdi na história. — A outra balbuciou.
— Bom, é que Zane e ela tiveram uma história no passado...
— Mentira! — a morena a interrompeu.
— Não é! E mais, ela não gostou de me ver com Zane. Assim, como represália, ficou mandando
mensagem com ameaças e ontem, logo que cheguei em casa...
... Zane concluiu o acontecido e notou o ar de preocupação estampada na face de Jake:
— Eu não acredito que essa mulher quer voltar para sua vida! Depois de tudo o que ela fez?
Depois de eu ter de limpar a bagunça em que ela o deixou? — parecendo ter se arrependido do que
dissera, o outro comprimiu os lábios — sinto muito, cara. Eu não queria...
— Você tem toda razão, amigo. Não se preocupe.
— O que de fato me preocupa é... O que você está sentindo, com a reaproximação dessa mulher?
Zane se colocou de pé e começou a caminhar pela sala, pensativo. Entendia onde o outro queira
chegar:
— Também temi quando a reencontrei, Jake. E minha primeira impressão foi de... Pânico, acho.
Levei muito tempo para superar o que sentia e então ela ressurge... Mas ter Quinn do meu lado me
ajudou muito — não conseguiu evitar um sorriso — ela é... Bem, eu não posso colocar em palavras o
que sinto quando estou com ela, mas o fato é que nem me lembro que existe uma tal de Camille por aí
— agora seu sorriso era aliviado, tranquilo.
— Mas o que diz Bruce a respeito de a mulher dele estar atrás do ex-amante? — Júlia redarguia.
Gwen bufou, sarcástica:
— Do que está falando, garota? Qualquer um sabe que esse casamento é pura fachada! Repare que
ela nem usa o sobrenome do marido! E que Bruce Silverstone, com todo aquele porte másculo,
adoraria desfrutar de Zane, ao invés da própria esposa.
As outras riram:
— Você é má, mulher! — Quinn ralhou — Quero mesmo morrer sua amiga.
— Não disse nenhuma mentira — retrucava a morena, dano de ombro e atacando seu bolinho.
— Bom, o fato é que aquela louca quebrou minha janela, deixou um bicho morto em minha porta,
como aviso!
— Mal sabe ela que só ajudou a unir o casal... — Júlia ponderou.
— E não é mesmo? — Quinn sorriu largamente.
— Agora eu não sei se fico aliviado ou duplamente preocupado... — Jake coçava o queixo
quadrado.
— Quem ficou sem entender agora fui eu. Me sinto livre de Camille Fairfield! Isso não é bom?
— Sim, mas e quanto a você e Quinn Armentrouth?
— O que tem ela?
— São um casal agora?
— Eu realmente não sei onde está querendo chegar, irmão.
— Que você tem a tendência de se jogar de cabeça num relacionamento.
— Isso não é verdade! — rebateu Zane — Eu só tive uma relação longa em minha vida.
— Sim, e olhe no que resultou.
— Você não pode de forma alguma comparar uma com a outra, Jake! Camille era nociva, um uma
louca descontrolada! Quinn é como... Eu posso respirar ao lado dela. Ela é linda, divertida...
Quente... — de novo sorria.
— Ok, você não tem permissão de me falar da sua vida sexual com aquela gracinha! Ou me quer
fantasiando com sua garota?
— Não! — foi seco — Não quero nem que pense em Quinn! Porque ela está comigo agora!
— Então são um casal? — Júlia inquiria com olhos sonhadores.
Quinn foi pega de surpresa pela pergunta. Bufou, procurando as palavras:
— Eu não sei! O que é ser um casal? Nós passamos duas noites juntos e... Foi muito bom! E em
contra partida, passei sete anos com Ashton e não sei se posso considerar aquilo como uma relação
saudável!
— Você está fascinada por ele, Quinn! Qualquer um pode ver isso! Está muito diferente de quando
estava com Ashton...
— Isso é totalmente verdade! — concordou com Gwen — porque meu ex-noivo era grudento,
mandão e um... Merda na cama, sejamos realista! Ao menos comigo! — reforçou — Zane me trata
como mulher de verdade! Ele sabe o que fazer com suas mãos, com sua boca... Usa sua força, sem, no
entanto, me machucar e sabe ser terno, mesmo num homem daquele tamanho — ela narrava, com
olhos sonhadores, sem perceber a troca de olhares das amigas — me faz sorrir... Até cozinhou para
mim... — interrompe-se bruscamente, ao notar as expressões de Júlia e Gwen — o quê?
— Melhor não se apaixonar pelo moço tatuado aí, queridinha! Não quero nem ver a cara da titia
Valentine quando for apresentá-lo à família...
— Melhor não se apaixonar? — sua assistente ria irônica — Estou achando um pouco tarde para
esse aviso — e se punha de pé.
— Hey! Meninas, acalmem-se! Eu estou sim encantada, porque nunca fui tratada assim antes — se
esquivava — só vamos ver onde tudo isso dá, ok? Não estou planejando pedi-lo em casamento... —
resumiu, com um sorriso malicioso — mas, com certeza, vou usufruir muito daquele corpinho...
— Corpinho? Jesus, me abane! É um insulto chamar tudo aquilo de corpinho!
— Puxa! — Júlia se lamentava — Só eu que não o vi ainda! — retirando sua câmera fotográfica
da frasqueira, fez sinal para que se juntassem — S selfie do dia, moças.
Júlia tinha um estúdio fotográfico no centro da cidade, não tinha mais de um ano. Mas por ser filha
de uma ex-modelo famosa, já tinha uma clientela boa e já estava ficando conhecida no meio, pois era
muito boa no que fazia.
As três se abraçaram e forçaram sorrisos e Júlia clicou, esticando o braço com a máquina em
punho.
— Cadela! — resmungava, enquanto olhava a foto na tela da câmera último tipo — Eu nem
precisarei tratar a imagem dela! Olha essa pele? — mostrava para Gwen.
— Sim, pele de quem está com a foda em dia! Eu a odeio! — dizia entredentes.
Quinn gargalhou, puxando a máquina para verificar:
— Também amo vocês, meninas! E eu nunca precisei de retoques em minhas fotos, ok? — fingiu-
se indignada.
Júlia e Gwen reviraram os olhos e caíram na risada:
— Mal sabe ela... — a fotógrafa alfinetava.

Ao longo do dia, tentou não pensar na pergunta de Jake. Se eram um casal. A única coisa que
sabia era que desejava muito estar com Quinn. Sentir seu corpo fodidamente delicioso. Admirar seu
sorriso fácil, em seu rosto bonito. Em uma coisa Jake tinha razão, estava se apegando muito rápido a
ela... Mas era outra coisa na qual não queria pensar.
Dedicou-se a moto do sr. Dumas. Amava de fato o que fazia e sabia como trabalhar com aquelas
máquinas. Deixaria aquela belezinha com uma joia novamente!
Era difícil não comparar o que tinha com Quinn e com seu relacionamento com Camille. Olhando
para trás, podia ver que aquilo nunca fora amor. Fora semelhante a uma doença. Uma obsessão que
quase lhe tirara a vida.
Quando a conheceu, achou a mulher mais linda que já vira. E tinha de admitir que muito do que o
prendera a ela, fora o sexo. Camille era vulcão, insaciável e criativa.
Até por causa dessa criatividade, lhe arranjara um apadravya.
Não pôde evitar um sorriso. Quinn gostava muito de seu piercing. E ele adorava a forma como ela
reagia a ele.
Gostou da forma como seus pensamentos não mais pairavam sobre a ruiva. E também se agradou
de notar como era diferente pensar em Quinn. Ela lhe fazia bem.
Tinha ciência que se aquilo se tornasse uma relação, algo mais forte e algo que não o
desagradaria, teriam muito o que enfrentar. Ele não era exatamente o tipo de homem que uma ricaça
da alta sociedade desejaria para sua filha. E como a própria Quinn citara, a mão dela não era a
pessoa mais fácil do mundo.
Mas também não sabia o que se passava com a cabeça de sua bonequinha. Era fato que gostava de
foder com ele. E parecia apreciar sua companhia, além da cama, mas daí a desejar que aquilo se
tornasse algo mais.
Sim, era fato! Estava se apegando rápido demais a ela. E uma vozinha lá em seu interior lhe
advertia para que se preservasse.
Suspeitava de que se seu coração se quebrasse agora, talvez nunca mais se recuperasse.
Já passavam das nove quando o celular tocou na casa de Quinn. Se jogando no sofá, agarrou o
aparelho. Era Zane! A foto que ela tinha tirado estampava o rosto dele na tela com um sorriso largo e
satisfeito depois da foda.
Tomando um tempo para controlar sua respiração ofegante, pensou que ansiava muito por ouvir a
voz dele. Então atendia, com uma calma que estava longe de sentir. Agora entendia o dito borboletas
no estômago:
— Alô?
— Hey, bonequinha — Ele soava preguiçoso, fazendo os pelos da nuca dela se eriçarem.
Lembrou daquela voz lhe dizendo indecências ao pé do ouvido:
— Quem é? — fingiu-se de desentendida.
O riso abafado dele era delicioso:
— Bom, sou alto, careca, tatuado e sexy como o inferno...
— E modesto também?
— Sim, muito! E faço algo que te deixa muito satisfeita...
— Hulk! Você se tatuou e agora fala?
Zane grunhiu do outro lado:
— Vai ver o que farei com esse Hulk, quando colocar minhas mãos nele! — ameaçou.
— Isso nunca vai acontecer, grandão. Então você me ligou?
— Claro! Não queria correr o risco de ser esquecido...
— Sem querer te deixar ainda mais modesto, posso dizer que não corria esse risco.
— Bom, isso faz um bem enorme para meu ego. O que está fazendo agora?
— Hum, vegetando no sofá.
— E o que está vestindo? — baixou um tom de sua voz, deixando-a rouca.
— Eu? — ela olhou para si e resolveu ser sincera, até para provocar ele — A parte de cima de
um pijama, meias e uma daquelas calcinhas bem grandes. Aquelas estilo vovozinha, sabe? Que
cobrem todo o bumbum?
Ele suspirou longamente:
— Você deve estar uma delicia!
Quinn gargalhou com gosto:
— Acho que não entendeu, grandão! Eu disse que estou vestida como uma velha!
— Bonequinha, eu sei o quanto sua bocetinha apertada é quente em volta do meu pau. Então,
mesmo que estivesse envolta em uma cortina, eu te acharia a coisa mais sexy desse mundo!
Arfando, ela mordeu o lábio:
— Ok, você sabe como me deixar de calcinha molhada, apadravya boy.
— Não fale isso, gostosa, pois me deixa com água na boca!
— É mesmo? — provocou — e o que você gostaria de fazer a respeito?
— Deixar você ainda mais molhada, com a minha língua... — ele respondia de pronto.
Engolindo em seco, Quinn roçou as pernas uma na outra, sentindo sua vagina reagir às palavras
dele:
— Zane — não pôde evitar gemer.
— Bonequinha, você pode fazer algo por mim?
— O que você quiser, Grandão...
— Quero que se toque...
— Oh, meu Deus! Jura que faremos sexo pelo telefone? — jogou a cabeça para trás, de puro
deleite, levando uma mão à boca.
— Parece que estamos nos encaminhando para isso...
— Hum, eu gosto da ideia! Ainda mais porque será minha primeira vez...
— Então vamos fazer isso de forma quente — soou carregado de promessas.
— E vai se tocar para mim também?
— Você quer?
— Quero!
— Ok. Espere.
Quinn se ajeitou no sofá, ouvindo um farfalhar de roupas, um zíper descendo e algo como sapatos
sendo jogados contra uma parede, tudo de forma bem apressada. Então o som de um corpo desabando
sobre algo macio:
— Estou pronto para você, bonequinha.
— Está nu?
— Completamente!
— E duro?
— Como uma rocha! Somente o som da sua voz o deixa assim.
— Hum... Aguardando instruções... Grandão.
— Certo. Sua blusa tem botões?
— Sim, muitos deles.
— Então comece a desabotoá-los, bem devagar.
— Bem, não se sinta desconfortável se eu não falar muito. Acho que estou um pouco nervosa...
— Você não tem de falar nada, bonequinha. Eu ouço sua respiração e esse som arrepia minha
pele. Já está com sua blusa aberta?
— Sim.
— Agora tome um seio em sua mão. Apalpe-o suavemente. Está fazendo isso, Quinn Bee?
— Estou...
— E é bom?
— Sim... Mas seria melhor se fosse a sua mão.
— Teremos essa oportunidade. Pegue essa pequena cereja que o coroa e a segure entre os dedos.
Quero que o belisque e o torça, sem causar dor. Depois faça o mesmo com o outro, bem devagar,
apreciando cada instante. Está me seguindo, docinho?
— Estou — obedecia cada pedido dele, seu corpo languido, sensível, queimando por ele.
— Bom! Deixe sua mão descer suavemente sobre sua pele, até a sua linda boceta, meu anjo. Não
tire sua calcinha ainda...
— Zane...
— Estou aqui, bebê. Tome sua vagina quente na palma da sua mão. Ela está molhada, meu bem?
Pode sentir?
— Sim. Estou molhada.
— Oh, porra! — foi um alívio perceber que ele parecia tão torturado quanto ela — Isso é tão
sexy!
— Você está se tocando?
— Com toda certeza, Quinny! Estou acabando com meu amigo aqui, louco para enterrá-lo fundo
em você!
— Não o judie muito. Sinto que vou precisar muito dele.
— Ele é todo seu, delícia! Ainda está tocando sua bocetinha, minha linda?
— Oh, sim, estou!
— Tire essa calcinha de vovó! — ordenou.
Quinn riu suavemente, obedecendo rapidamente:
— Pronto.
— Agora deslize seus dedos por suas carnes macias. Você deve estar cremosa e receptiva, do
jeito que meu pau gosta.
Quinn arqueou as costas para fora do sofá, manipulando seu clitóris, o corpo dando sinais de que
um longo e delicioso orgasmo se aproximava:
— Sim! Cremosa, receptiva e se contraindo por você! — balbuciou roucamente.
— Porra, bonequinha! — ele parecia grunhir entredentes — Não me fale essas coisas, ou então
vou gozar antes do planejado. Eu nunca me permitiria ir antes de você!
— Oh, Zane! Eu estou tão perto — gemia, engolindo em seco, na ânsia de tê-lo sobre ele, a
preenchendo, fazendo-a ainda mais molhada.
— Eu também, meu anjo — A voz dele soava entrecortada e isso devia ser pelos golpes que
estava dando em seu pênis duro.
O que não daria para que ele estivesse ao seu alcance, para rodear seus dedos em torno de seu
eixo. Quem sabe correr sua língua por todo ele e então o tomar em sua boca.
Gemeu o nome dele outra vez, escondendo o rosto no encosto do sofá:
— No que está pensando, Quinn?
— Que eu poderia chupar você! — as palavras saíram de sua boca de forma direta.
Quem gemia agora era ele, abafado, em agonia:
— Foda, garota! Me diz essas coisas e eu fico louco aqui! Eu devia levar você e não o contrário.
— Você está... — interrompeu-se, uma onda a varrendo, lhe dizendo que ela quebraria logo — eu
estou... Oh, Zane, eu vou...
— Sim, bonequinha! Me deixe beber seus gemidos!
Então ela gozava e como imaginara, longa e deliciosamente, não se importando com os sons que
lhe escapavam da garganta. Sabia que ele podia ouvir e por isso os deixou fluir.
Tomada por tremores involuntários, acabou por deixar o celular cair de seu ouvido.
Por alguns instantes, ficou muito quieta, a cabeça vazia, somente usufruindo dos últimos espasmos
que tomavam seu corpo.
Então lembrou-se de que não o ouvira gozar. Quando retomou o celular, pôde constatar, pela
respiração ofegante dele, que realmente havia perdido o fato:
— Desculpe! Deixei o telefone cair.
De novo ria de forma preguiçosa, fazendo o corpo ainda sensível reagir, se arrepiando:
— Eu notei. Mas pude apreciar o show.
— O show?
— Sim. Os sons que você fazia. Eu vou ter de me lavar, porque fiz uma grande bagunça aqui por
causa disso. Ouvir você gozar é simplesmente mágico! Me fez explodir instantaneamente. Agora o
que acha de se vestir...
16º

— Me vestir? — ela o interrompia, saindo de seu torpor — Depois de tudo o que disse, depois de
me deixar como que desossada nesse sofá, você quer que eu me vista? Isso não é meio contraditório?
Não vai terminar o que começou? Porque, meu querido, isso só me atiçou, está me entendendo?
Ouvir a gargalhada sonora do outro lado da linha a fez sorrir. Simplesmente adorava o som de sua
risada:
— Meu bem, você já jantou? — Zane inquiria, ainda divertido.
— Não — Quinn começou, sem entender o que aquilo tinha a ver com... Bem, com as
necessidades dela — Estava em dúvida entre um pão amanhecido e macarrão instantâneo — torceu
os lábios, enquanto recolhia a calcinha e a girava nos dedos, ainda largada no sofá.
— Bom, então, se for uma boa mocinha e se vestir, vou te levar para jantar...
— Vai? — ela se iluminava.
— Sim. E depois de deixá-la alimentada, cuidarei das suas outras necessidades — prometeu —
Porque eu não quero seu estômago atrapalhando meus esquemas outra vez!
— Seu cachorro! E eu aqui, achando que você queria zelar pelo meu bem-estar!
— Oh, isso também, querida!
— O que devo vestir? Não sei onde vai me levar.
— Depende do que queira comer.
— Por favor, eu preciso de um belo cachorro-quente com fritas! — exclamava, fazendo-o rir de
novo.
— Sério, eu não consigo entender como você ainda tem esse seu corpinho tão delicioso, da forma
como come!
— Já disse, me exercito muito!
— Sim, e hoje eu vou fazer você se exercitar muito, Quinn Bee. — Adicionou, malicioso
— Vou cobrar isso, grandão! Mas então, o que devo vestir?
— Hum... Um jeans bem colado...
— Você gosta do meu traseiro num jeans, não é? — provocou.
— Querida, eu gosto do seu traseiro de qualquer jeito, mas principalmente nu. Adoro apertá-lo
enquanto estou te fodendo...
— Melhor parar por aí, ou vou exigir outra sessão daquela de a pouco.
— Não, a próxima sessão, com certeza não terá distância alguma nos separando. Bom, eu estou
indo para um banho.
— Também vou...
— Hey, vista uma jaqueta quente, ok?
— Por quê?
— Porque você vai montar... — deixava a frase em aberto, deliberadamente.
— Montar? Hum, você sabe que sou boa nisso.
— Oh, sim, eu sei bem disso! Uma exímia amazona! Mas hoje você vai montar na minha moto... E
mais tarde pode, com certeza, me montar, bonequinha. Você é sempre bem-vinda!
Quinn puxou o ar, sentindo-se muito quente:
— Ok, grandão! Pare de promessas e deixe-me ir para o meu banho! Ou sei onde essa conversa
vai terminar!

Zane desligou, mas não conseguia arrancar aquele sorriso bobo da cara. Pegando a camisa do
chão, limpou seu peito, abdômen e coxas do seu sêmen desperdiçado. Mas muito em breve teria o
corpinho gostoso de Quinn junto ao seu e então não haveria nenhum desperdício.
Correu o tecido sobre seu membro ainda esboçando algum intumescimento e voltou a sorrir:
— Você é um filho da mãe sortudo, cara!

Ao ouvir o ronco da moto a chamando da rua, Quinn teve de se conter para não sair saltitante ao
seu encontro. Ao contrário, esticou a jaqueta de couro azul escura, ajeitou os cabelos presos num
rabo de cabelo e só então saiu, parecendo a calma em pessoa. Mas seu coração, que já estava
descompassado, deu um salto ao dar com ele, recostado em sua moto. Todo de negro, perigosamente
sexy. Mesmo na penumbra, era possível ver sua barba por fazer, escurecendo o queixo bem-feito.
Um canto dos lábios finos se ergueu, num sensual sorriso, enquanto a examinava, desde suas botas
de salto, seu jeans claro, muito justo a suas curvas e seu rosto com pouca maquiagem. Com um gesto
de dedo, pediu que girasse, para admirá-la melhor.
Quinn o fez, com desenvoltura, arrebitando o bumbum, quando notou que sua atenção estava ali:
— Realmente, seu traseiro fica uma delícia nesse jeans.
— Eu sei! — concordou, dando de ombros.
Zane meneou a cabeça:
— Depois eu é que não sou modesto! — balbuciou, colocando-se de pé.
Quando estava próxima, Quinn apoiou as mãos em seus ombros, encostando o no dele:
— Olá, grandão.
— Olá para você, coisinha gostosa. Você está linda! — sussurrou, bem perto de sua boca.
— E você está tentador! — e segurando seu rosto entre as mãos, beijou seu sorriso.
E como se não estivessem em uma calçada, ao alcance de olhares alheios, Zane deixou suas mãos
correrem pela cintura dela, até seu bumbum, o qual apalpou e então a puxou para junto de sua ereção.
Arfou junto a seus lábios, com o gesto. Ignoraria fácil sua fome por uma rapidinha...
E até pensou em convidá-lo, mas logo se afastava, mesmo parecendo contragosto:
— Sua carruagem, madame. — Apontava a moto.
— Obrigado, gentil senhor! — curvava-se.
— Mas primeiro... — Estendia-lhe o capacete.
Enquanto colocava o equipamento, Zane lançou sua longa perna e tomou o comando da moto.
Assim que a viu pronta, estendeu uma mão para ajudá-la:
— Enfim vou montar Delayla!
— Agora coloque seus braços a minha volta e segure-se firme, entendeu? — Ele sugeria.
— Assim? — Quinn enfiou as mãos sob sua jaqueta, encontrando os músculos rijos de seu
abdômen trabalhado, cobertos pela malha de sua camiseta.
Pode sentir que ele sorria, esfregando seus braços:
— Melhor impossível.
Quando acelerou, ainda sem sair do lugar, Quinn sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha. Fazia
anos que não andava de moto, ainda mais uma tão potente. Mas estar colada ao corpo quente de Zane
a deixava um pouco mais tranquila:
— Segure-se, bonequinha. Nós vamos voar! — colocou Delayla em movimento.
Um pouco nervosa, agarrou-se, se é que era possível, ainda mais a ele. Sentiu que Zane ria de sua
reação e ela lhe beliscou uma costela e baixou sua viseira.
Não se surpreendeu ao notar como dominava a máquina. Cortava o trânsito facilmente,
manobrando com desenvoltura. Tinha de admitir que a sensação de liberdade era muita e boa!
Logo estacionavam de frente a uma lanchonete bem simpática e movimentada. Nunca estivera ali,
porque... Bem, não era o tipo de lugar que costumava frequentar. Mas estava muito animada por ele a
introduzir em seu meio.
Depois de pendurar os dois capacetes no guidom de Delayla, e depositar um beijo estalado em
sua bochecha, Zane veio lhe enlaçar a cintura, de forma possessiva.
Logo se acomodavam em uma mesa surgida do nada, dada à quantidade de pessoas no lugar.
Notou que ele parecia ser bem popular. Muitos o cumprimentavam pelo nome, com camaradagem. E
obviamente também era muito conhecido pelas mulheres, que distribuíam sorrisos melosos para ele e
a ela dirigiam olhares hostis.
Quinn revirou os olhos. Sendo bem resolvida e segura de si, não se sentiu ameaçada. Até porque
Zane não dispersava muita atenção às outras, seus olhos a devorando a cada instante.
Logo o garçom chegava e ela pediu um belo cachorro quente com molho e fritas. Quando o jovem
perguntou o que beberiam, sugeriu:
— Cervejas?
O viu abriu a boca, mas pareceu um tanto sem jeito. Não entendeu porque, mas não questionaria:
— Sem álcool para mim. Um refrigerante está ótimo! — decidia.
— Bom, então me traga um suco de laranja, ok? — Quinn resolvia.
— Você não precisar deixar de beber por minha causa. — Zane dizia, assim que voltaram a ficar
sozinhos.
— Tudo bem por mim. Eu não sabia que você não bebia.
— Meu pai era alcoólatra — começava, ainda parecendo não muito desconfortável — Mas eu não
tinha nenhum problema com isso, até... — coçava a nuca, deixando a frase inacabada, como se não
tivesse certeza de que devia concluí-la.
Acontece que Quinn era muito esperta e deduziu tudo:
— Até conhecer Camille! — sentiu vontade de gritar de frustração. Não gostava da forma como
aquela mulher sempre parecia estar entre eles.
— Bem, é isso. Acho que um vício influiu no outro. — Não a fitava.
— Zane, não tem de falar sobre isso, está bem? — tentou tranquilizá-lo.
Com um suspiro exasperado, ele tomava sua mão entre as dele:
— É que você sabe muito pouco de mim, Quinny. E eu quero realmente que saiba quem eu fui...
Mas que mudei completamente, ok?
Parecia tão desarmado, mesmo num homem tão grande como era:
— Ok. — Concordou docemente.
Logo estavam desfrutando da refeição. Zane não conseguia parar de admirá-la devorar seu lanche.
Fez algumas piadas sobre isso, mas ela o ignorava, dando de ombro.
Mais tarde um pouco, quando ela já se encontrava saciada e desfrutando de um belo sundae,
inquiriu com cuidado:
— Por que quis vir comer um cachorro-quente?
— Hum, acho que não entendi sua pergunta...
— Bom, poderia comer o que quisesse... Mas fiquei pensando... Será que não escolheu comer
esse lanche, por achar que eu não teria condições de levá-la aos lugares chiques que costuma
frequentar?
Percebeu que havia dado um tiro no pé, tão logo terminou a frase. Quinn engoliu restante de
sorvete que estava em sua boca com dificuldade, parecendo muito surpresa e suas feições também
mudaram. Seus olhos fixaram-se em seu copo e sua linda boca se curvou para baixo. E ele desejou
engolir cada palavra de merda que saíra de seus malditos lábios!
— Bom... — começava ela — Isso é... Estranho, porque... Tal ideia nem me passou pela cabeça,
Zane.
Definitivamente não gostou da forma como seu nome soou na voz dela. Foi mais intenso do que se
ela tivesse esbravejado:
— Quinn... Você ficou chateada! — constatava — Porra! Eu sou mesmo um imbecil sem jeito com
as palavras!
— Eu não gosto da forma como fica me lembrando de que sou rica! — Quinn redarguiu seca —
Parece que esse fato te incomoda. E eu acho que você terá de aprender a lidar com isso, caso
contrário, teremos problemas! — cruzou os braços e montou uma bela carranca.
Zane não pôde deixar de achá-la linda com aquele biquinho, mas se sentiu mal por aborrecê-la:
— Ok, bonequinha! Esqueça tudo o que eu disse, está bem? Foi uma ideia idiota que me cruzou a
cabeça... Eu nem devia ter tocado nesse assunto!
Ela suspirou, evitando encará-lo:
— Hey! — Zane a chamava, segurando seu queixo de leve, mas, ainda assim, ela não o fitava —
Olhe para mim, docinho.
— Não! — apenas resmungou.
Foi então, a vez dele suspirar exasperado. Abandonando sua cadeira, que ficava de frente à dela,
sentou-se ao seu lado, envolvendo-a em seus braços:
— Pode dizer, eu fui um grosso insensível!
— Você foi um grosso e insensível! — repetia, ainda num balbucio e sem lhe dirigir o olhar.
— Está se sentindo melhor agora?
— Não!
— O que eu posso fazer para que esqueça tudo isso? — colou sua boca ao ouvido dela, mordendo
seu lóbulo, suavemente e sussurrou — Eu faço qualquer coisa, bebê. É só dizer — continuava sua
exploração, agora pelo pescoço dela, se animando ao notar como os pelinhos de sua nuca se
eriçavam ao contato.
Estava se fazendo de dura, queria continuar brava, mas a barba rala roçando sua pele delicada, os
dentes que a mordiscavam, a língua que a lambia delicadamente, desarmavam-na deixando seus
músculos feito gelatina. A atração que sentia por aquele homem a dopava! O cheiro másculo da
colônia dele inebriava-a.
Quando voltou a segurar seu queixo, forçando-a a fitá-lo, tentou resistir, mas foi impossível, já
que lhe sussurrava pedidos de desculpas e continuava a lhe distribuir pequenos beijos pela face:
— Vamos! É só pedir e eu faço qualquer coisa que queira...
— Eu vou pensar em algo bem diabólico, está me entendendo? — prometeu, já pronta para sorrir
para ele.
Zane bufou, mas estava aliviado:
— Você vai, não é?
— Pode apostar, querido! — reforçou, correndo o indicador sobre a boca dele, pouco antes de
tomar seu lábio inferior entre os dentes e o soltar vagarosamente, sem deixar de fitá-lo.
Então o lambia, de forma provocantemente lenta, vendo as pupilas dele se dilatarem, segundos
antes de segurá-la pela nuca e a tomar num beijo possessivo. Bom, com certeza não era o tipo que se
incomodava com demonstrações de carinho em público e Quinn, quando antes se policiava quanto a
isso, já não tinha tanta inibição.
Era muito bom beijar aquele homem! Parecia certo, perfeito! O contato de sua língua buscando a
sua, sugando-a, reivindicando-a, como se lhe pertencesse por direito.
O pensamento, surgido, sabe-se lá de onde, a assustou. Sua reação a ele, mais se assemelhava a
sentimentos, do que a uma simples atração física. O problema era se podia ter reciprocidade ali.
E de novo se viu surpresa com os rumos que tomavam sua mente. Devia estar aterrorizada com o
fato de poder estar se apaixonando e tudo o que conseguia pensar era se podia acontecer o mesmo
com ele! Mas recordou-se do que ele dissera, que não queria se apegar a ela. Ele conseguiria separar
as coisas?
Se sim, esperava ser capaz do mesmo. Com certeza não queria se ferir de novo!
— Algo errado, bonequinha?
Viu-se saindo do breve devaneio ao som da voz dele:
— O quê?
— Por um instante você não estava mais aqui...
Quinn colocou seu melhor sorriso nos lábios, enlaçando o pescoço dele:
— É que eu estava pensando num bom castigo para você, grandão!
Ele meneou a cabeça, resignado:
— Ok! Se terminou — apontou a mesa — podemos ir?
— Já? Por que a pressa, Grandão?
— Tenho uma surpresa para você.

Minutos depois, ele parava a moto num grande e deserto estacionamento de um supermercado.
Quinn desceu, olhando a volta, curiosa:
— Mas o que estamos fazendo aqui? Não tem a fantasia de fazer sexo ao ar livre num lugar como
este, tem? — brincou.
No entanto, quando ele desceu da moto, retirando o capacete vagarosamente e a encarando
demoradamente, depois percorrendo todo seu corpo com um olhar malicioso, o sorriso morreu nos
lábios de dela:
— Zane? — chamou, começando a ficar nervosa.
Recostando em Delayla, ele coçou o queixo, ainda misterioso:
— Bonequinha — falava baixinho e de forma misteriosa — você não faz ideia do que farei com
você...
17º

— Ora, vamos, linda! — Zane a volteava, correndo sua mão grande sobre sua barriga lisa e então
parava nas suas costas, falando em seu ouvido — por que não, bonequinha? Só estamos você e eu
aqui. Com Delayla por testemunha...
— Você está me assustando, Zane! — Quinn tentou se desvencilhar do abraço, sem muito
empenho. Ainda mais se ele roçava sua ereção poderosa em seu bumbum.
Mordendo o lóbulo dela, prosseguia:
— Não pensei que fosse covarde, Quinn Bee...
— Grandão, eu não quero ser presa por atentado ao pudor!
Não resistindo mais, Zane caiu na gargalhada, junto aos cabelos dela:
— Zane? — estranhava.
— Relaxe, preciosa! Eu não sou nenhum pervertido... — ao dizer isso, a encarou e ela tinha uma
sobrancelha arqueada, como se contestasse o que ele dizia — Ok! — se viu corrigindo — Eu sou um
pervertido, mas não a tal ponto!
Aliviada Quinn suspirou, olhando em volta:
— Mas então, o que estamos fazendo aqui?
— Já pilotou uma moto antes?
— Não.
— Então... Chegou a hora! — comunicou, aproximando-se de Delayla.
Os olhos dela se arregalaram. Sua expressão era tão doce, como a de uma criança que recebia um
enorme presente. Zane desejou beijá-la mil vezes e guardar aquela imagem na mente. Com as lindas
imagens de quando fazia amor com ela, principalmente quando a fazia gozar. Ou mesmo quando o
montava. Ou então... Bom, só o fato de ter Quinn ao seu lado era incrível. É algo que realmente
queria preservar.
— Vai me deixar pilotar a Delayla? — parecia incrédula.
— Sim... E é por isso — correu uma mão sobre o banco da Harley, lentamente — que espero que
cuide bem dela.
Quinn já estava pronta para responder que tomaria cuidado, mas ele se dirigia à máquina, e não a
ela:
— Certo, garota?
Ela se sentiu enternecida. Da forma como Jake falara do apreço dele pela moto, imaginava quanto
podia estar lhe custando tal oferta.
Caminhou até ele e segurando-o pela gola da jaqueta, trouxe sua boca para perto da sua:
— E eu também prometo cuidar bem dela, grandão.
Zane lhe respondeu com uma piscadela sexy, fazendo seu baixo-ventre se contrair. Oh, precisava
beijá-lo e o fez, colando seu corpo longo a cada centímetro do dele.
Como muitas outras vezes, o beijo foi faminto, mas dessa vez era ela quem dominava, explorando,
exigindo.
Ouviu o gemido surpreso e abafado de Zane, que lhe enlaçava a cintura fina e aceitava o ataque.
— Se eu soubesse que essa seria sua reação a oferta de pilotar Delayla, já o teria feito há muito
tempo.
Quinn balbuciou alguma coisa, enquanto lhe mordiscava o queixo. Zane sentia os pelos de sua
nuca eriçados, seu pau pulsando dentro das calças. Enfiando a mão sob a jaqueta dela, colheu um
seio, apalpando-o suavemente, o polegar instigando o mamilo que inchava ao toque:
— Bonequinha, se continuar a me atacar dessa forma, vou repensar a ideia de sexo ao ar livre...
Quinn sorriu e depois de um último beijo nos lábios dele, se afastou, contragosto:
— Não vamos correr esse risco, certo? — esfregando as duas mãos, examinava Delayla com
interesse — Por onde vamos começar?
— Deixe eu me endireitar primeiro — resmungava, enquanto ajeitava o pau duro sob a calça, com
uma mão, tendo de arquear o quadril para isso.
Ela teve de morder os lábios para não rir ou se oferecer para ajudá-lo...
— Isso dói? — perguntou com inocência.
— Ah... Um pouco. Se eu não gozar nas próximas horas, posso nem mesmo conseguir dormir... —
respondeu, sugestivamente.
— Oh, pobrezinho! — Quinn fez biquinho, deslizando o dedo sob o queixo dele — Prometo
cuidar... — pausou propositalmente, continuando de forma sexy — de você mais tarde. Não quero
você com dor, Grandão!
— Eu vou cobrar isso, com toda certeza! — deu um tapinha no traseiro dela, enquanto lhe estendia
o capacete — agora coloque isso de volta.
— Certo... Mas e se eu fizer algo... Digamos ruim com a Delayla?
— Bom — indicava que subisse na moto e assim que se acomodou, sentou-se atrás dela — não
pretendo deixar que nada aconteça, nem a você, nem a ela, mas... Ainda bem que sou mecânico!
Ela riu com gosto:
— Sim, isso pode ser providencial — remexeu-se no assento, esfregando-se nele,
intencionalmente, claro.
— Garota, estou começando a achar que você gostou da ideia de transar aqui mesmo!
— Não! — exclamou, afastando-se imediatamente.
— Pois é o que vai conseguir, se continuar me provocando!

Quinn prestou muita atenção a tudo o que lhe era explicado. Estava nervosa e por conta disso, ria
muito.
Zane ficava a cada momento mais encantado. Era muito fácil esquecer todas as preocupações,
todas as diferenças que havia entre eles, com ela tão feliz junto ao seu peito.
Quando enfim, conseguiu colocar aquela máquina enorme em movimento, não pôde conteve um
gritinho de contentamento:
— Tente não se empolgar demais e perder o controle, Quinny... — advertia-lhe.
— Ok. Essa velocidade está boa?
Ele riu com gosto. Não passavam dos 20 km por hora:
— Bom, eu acho que aquela lesma ali vai nos ultrapassar! Pode aumentar um pouco, mas devagar
e não demais, certo?
— Wow! — exclamava Quinn, quando a Delayla deu um solavanco.
— Com calma, bonequinha. — Suas mãos estavam fortemente encaixadas em sua cintura, lhe
transmitindo segurança.
Após alguns minutos, já dominava até bem a máquina:
— Uma exímia amazonas e agora uma bela motoqueira! — disse-lhe, quando pararam e já
retiravam os capacetes.
— Hum — fazendo um gracejo, ela descia da moto — Eu aprendo rápido, meu caro!
— Percebi isso... — sorria malicioso — agora vamos para minha casa, para ver o que mais você
pode aprender... — aproximava-se para um beijo.
— Não tão rápido, grandão! — o deteve, com um dedo em riste no peito dele — Quem está em
débito aqui é você! — então, como se uma ideia lhe cruzasse a mente, seus olhos se arregalaram e um
largo sorriso lhe tomou os lábios — E eu acho que já sei como você pode pagar sua dívida!
— Oh, Deus! Por que sinto que estou ferrado?
— Você, meu querido — enlaçou o pescoço dele, ainda sorrindo diabolicamente — fará um strip-
tease para mim!
— O quê? — Zane se esquivou dela, rindo — Está brincando, certo?
— Não, não estou! — cruzando os braços, o encarou decidida — É o preço que terá de pagar, se
não quiser... Dormir com dores.
Zane encaixou as mãos nos quadris estreitos, rindo de puro escárnio e meneando a cabeça:
—Ok! Se é isso o que quer... — alcançando sua cintura, puxou-a bruscamente contra o peito — é
o que terá, bonequinha! Mas eu aviso: — deslizou um dedo sobre os lábios dela — corre um sério
risco de se apaixonar por mim, depois disso!
Antes que ela respondesse, beijou-a rápido e duramente e se afastou. Ainda meio tonta, o
vislumbrou subir a moto e apontar que o seguisse.

Minutos depois, já se encontravam na casa dele. Todo misterioso, tascou-lhe outro beijo na boca,
pedindo que o esperasse na sala:
— Não está fugindo, está? — provocou.
Zane bufou:
— Benzinho, se vou fazer isso, será bem-feito. Assim, se acomode e espere o show — E sumiu
rumo ao quarto.
Quinn esfregou uma mão na outra, sentindo a excitação atingir as alturas. Correu para apagar as
luzes, deixando apenas um abajur aceso. Descalçou as botas, despiu seu jeans para ficar mais
confortável e sentou-se no meio do sofá, ansiosa. Não estava acreditando que Zane faria mesmo
aquilo!
Então, ele surgia, recostando-se no batente da porta. Tinha um chapéu enfiado em sua cabeça,
escondendo seu olhar. Uma camisa preta, com os pulsos abertos. Um jeans claro e justo,
emoldurando suas coxas fortes.
Sexy. Como. O. Inferno.
Sacou o celular e os acordes de uma música tomou o ar. Conhecia a canção. Era Closer, com Nine
Inch Nails. Ela nunca tinha achado aquela música sensual. Nem era de seu gosto, mas quando Zane
ergueu sua cabeça, de lado, somente o suficiente para lhe dirigir uma piscadela mortal, Quinn teve de
reformular sua opinião.
Então ele encaixava os polegares no cós de sua calça e começava a mover seus ombros largos ao
ritmo da batida. E escorregava seus pés sobre o chão, dando um giro e parando de costas para ela, no
meio da sala.
Ela quase suspirou, não conseguindo evitar admirar o traseiro bem-feito dele, delineado pelo
jeans. Oh, bom Deus! Ele o balançava de um lado paro o outro, ainda seguindo o ritmo. Desejou
apertá-lo e muito!
E agora virava-se lentamente, correndo os dedos sobre a aba do chapéu e descendo por seu rosto,
detendo dois dedos sobre os lábios e lhe enviando um beijo.
Quinn fingiu pegá-lo no ar e o levou a boca. Os dentes brancos dele surgiram. Mas era o sorriso
mais pervertido que já tinha visto em sua vida. Sentia-se vibrar. O homem era quente!
Ficou encantada em ver que mesmo com todo aquele tamanho tinha tanta desenvoltura para dançar,
e ele o fazia maestria!
Os botões saiam de suas casas muito lentamente. Ela se deleitava com cada centímetro de pele
que aparecia. Sua tatuagem surgindo, como a marca registrada de seu homem. A camisa deslizava por
seus ombros e Zane fazia seus belos e trabalhados músculos peitorais se flexionarem, um, depois o
outro.
Gostaria de ter exclamado: porra! Aquele sujeito estava colocando fogo em suas veias!
A camisa voava em sua direção e Quinn a agarrou levando-a imediatamente junto a seu nariz, para
aspirar à essência dele. Um cheiro que era uma mistura de perfume masculino e algo mais. O cheiro
de Zane, másculo, cru... Macho!
Quando a batida da música chegava ao seu ápice, vislumbrou-o deslizar suas mãos grandes sobre
seu abdômen trincado e seguir para suas coxas... Puta que pariu! Ele estava duro! Quinn salivou e
deixou a língua deslizar sobre seus lábios, muito lentamente. Estava deixando ela faminta!
Nesse trecho da letra, o cantor dizia:

Quero te foder como um animal...

Zane tocou o pau rijo e destacado no jeans e repetiu esse trecho da música para ela, enfatizando o
te foder, olhando fixamente para ela.
Quinn esqueceu-se de como era respirar. E sentiu seu sexo pulsar, estava molhada, cheia de uma
necessidade que só ele poderia satisfazer.
Muito calmamente, ignorando o desejo quase desesperado que despertava nela, agora ele
desabotoava o cinto, tão devagar, que parecia a calma em pessoa.
Não pôde evitar um riso nervoso. Estava pagando por sua ousadia!
Então vinha em sua direção, sem tirar os olhos dos seus, parando diante dela. Quando o cinto já
estava fora, enrolou suas pontas firmemente em suas mãos e passou-o em torno do pescoço dela.
O trecho: Quero te foder como um animal, se repetia e Zane fez o gesto com os quadris, como se
estivesse metendo com força contra ela. Oh, sim! Zane Hudson estava fodendo com o cérebro dela!
Quinn estendeu as mãos para tocar sua ereção, mas ele se esquivou, fazendo que não com um
dedo.
Ela fez beicinho.
De novo se tocava, para cima e para baixo, por toda sua extensão, fazendo-a roçar uma perna na
outra, para conter um pouco do frisson que rolava entre elas.
Então, o botão estava fora e o zíper descia. Diante do olhar ansioso e guloso de Quinn, ele se
deteve, sorrindo diabolicamente. Então a chamou com dois dedos.
Não se fazendo de rogada, colocando-se de pé e se rebolando toda ao ritmo da música. Zane abriu
os braços para recebê-la. Colou suas costas ao peito largo, suas mãos apoiadas nas coxas rijas e
claro, roçando seu bumbum no membro duro dele.
Zane gemeu e lhe mordiscou a orelha:
— Está gostando do show, bonequinha?
— Oh, bom Deus! Não sabe o quanto! Você está quase me fazendo subir pelas paredes, grandão!
Espalmando sua mão grande sobre seu ventre, apertou-a ainda mais junto ao seu pau que latejava
por ela:
— E veja como eu estou com você me devorando com os olhos dessa forma...
— Ah, eu vou te devorar de outro jeito, Zane Hudson! — voltando-se, buscou sua boca, sugando,
exigindo, gemendo no processo — Eu te quero tanto! — murmurava contra seus lábios — Agora
deixa eu despir o resto, antes que eu enlouqueça de desejo...
— Sou todo seu, Quinn Bee. — erguia os braços, rendido ao ataque dela.
Nenhum dos dois se atentava de que a música já havia cessado. Metendo as mãos entre o jeans e a
boxer preta que o vestia, apertou seu traseiro, como ansiara antes, sorrindo travessadamente. Mordeu
seu lábio inferior, então descendo por seu queixo, seguindo a linha bem-feita de sua mandíbula.
Adorava o sabor da pele dele.
Enquanto descia sua calça, sua boca continuava a explorar agora sua garganta, logo seu peitoral
arfante. Provocou um mamilo túrgido e voltou a sorrir quando ele deixou uma exclamação lhe
escapar.
Agora seus dedos estavam encaixados no cós da boxer e seus joelhos bateram no chão, segurando
o olhar de expectativa dele. Quando seus lábios roçaram em seu abdômen, ele prendeu a respiração:
— Porra, Quinn! Você quer me deixar louco, mulher?
— Minha vez! — deu de ombros, prosseguindo com sua exploração.
Mais um puxão e o pênis enorme, rijo, lindamente rijo, saltou diante dela. Admirou-o bem, como
nunca o fizera antes. Era grosso, com sua ponta rósea, adornado com seu belo apadravya. Veias
grossas saltavam aqui e ali... E sim! Era deliciosamente grande..
Correndo a língua sobre seus lábios, uma vez mais, fitou-o por um instante, encontrando sua
expressão turvada de desejo:
— Você é lindo, Zane! — e o tomou no interior de sua boca.
Sentiu-o arfar e soltar um palavrão, mas ela não se importou. Aliás, gostava do palavreado chulo
que usava quando transavam. Era másculo, natural, demonstrando de fato tudo o que sentia.
Os dedos dele vieram enrolar em seu rabo de cavalo e sabia que devia estar se controlando para
não puxar sua cabeça, e assim o foder fortemente com sua boca. Mas também devia saber que não
seria capaz, nem em duas vidas, tê-lo inteiro em sua boca.
Para compensá-lo de tal possível frustração, enrolou sua língua em torno de seu eixo e voltou a
suga-lo. Sentia o piercing dele roçar no fundo de sua garganta:
— Oh, Quinn! — ele gemia, sentindo os joelhos feitos de gelatina.
Sua bonequinha sabia usar a língua, porra, como sabia! Zane assistia ao espetáculo, seu cérebro
fritando com a imagem sensual da deusa Quinn, com sua linda boca em torno dele:
— Olhe para mim, olhos de chocolate quente!
Ela obedeceu e quase se sentiu explodir, com a sensualidade devassa que encontrou em sua
expressão:
— Porra, Quinn! Eu não posso com isso! — com cuidado para não a machucar, retirou seu
membro da boca dela e logo em seguida a puxou de pé.
Tomou sua boca com fome, enquanto suas mãos encontraram a frente da blusa dela. Não havia
tempo para delicadeza. Queria ela nua. Precisava estar dentro dela imediatamente, senão
enlouqueceria. Assim, não hesitou em rasgar em pedaços a blusa dela. Tão pouco ela pareceu se
importar, recebendo seus beijos com igual fervor. Logo o sutiã também estava fora do caminho e não
demorou e a calcinha tinha o mesmo destino da blusa.
Puxando-a pela cintura fina, levantou seus pés do chão e a levou para o sofá. Depositou-a
escancarada e ajoelhou-se entre suas coxas.
Enquanto sacava um preservativo tirado do bolso traseiro da calça, ainda embolada em seus pés,
não pôde evitar admirar o sexo dela. Tinha lábios róseos, transbordando umidade, inchado, pronto
para ele:
— Eu já disse que você tem uma bela bocetinha, não, bonequinha?
Ela apenas meneou a cabeça, arfando quando ele tomou sua vagina em sua mão, esfregando,
espalhando seu creme, preparando-a para recebê-lo:
— E me deixa doido para prová-la, foder com a minha boca... Mas agora que preciso mesmo estar
dentro dela! Não faltará oportunidade para que eu a aprecie, como merece
Quinn envolveu suas pernas nos quadris dele, quando se ajeitou e preparou-se para penetrá-la:
— Sim — balbuciou ao senti-lo em sua entrada.
Tinha o ímpeto de puxá-lo e fazê-lo entrar com força, com todo o tamanho da fome de seu desejo
por ele. Mas sabia que Zane, mesmo a beira de seu controle, o que podia notar por seu maxilar
contraído, as veias pulsando em seu pescoço e suas mãos apertando-a com força, que não faria isso.
Nunca a machucaria. E era isso que a encantava sobre ele. A protegia, apesar de seu martírio.
Zane separou os lábios dela e encaixou a ponta úmida de seu pênis vibrante. Devagar, a despeito
do que desejava, sempre devagar.
A forma como ela moveu seu quadril para ele... Oh, Cara! Poderia arremeter fundo e sem piedade,
se não fosse seu zelo em não machucá-la:
— Oh, Quinn! Eu amo como sua bocetinha é apertada! Como ela suga o meu pau! Como se
pertencesse a ele... — o que havia acabado de dizer? Ah, merda! Era o que sentia. Que havia nascido
para foder com Quinn Armentrouth. Pertencia-lhe de todas as formas possíveis. Não era só seu corpo
ali. Sentia que sua alma havia sido completamente tomada, dominada por essa sensação mágica de
fazer o certo.
Vislumbrou seu membro desparecer dentro dela, centímetro a centímetro. Inferno, como era
quente!
Ergueu seu quadril do sofá, fazendo-a recebê-lo todo. O jeito que sua garota se contorcia, as mãos
tocando os próprios seios... Que imagem!
Quando sabia que ela estava pronta, aumentou seus movimentos, sentindo suas bolas baterem no
traseiro sexy.
— Zane!
— Sim, bonequinha! — seu polegar veio encontrar o clitóris sensível, manipulando-o.
Quinn gritou, seu corpo convulsionando:
— Oh Deus! Zane! — rebolando contra ele, veio segurar seu rosto entre as mãos, os dentes
cerrados contra a boca dele — Sim!
— Quinn! Você é minha! — exclamava possessivo, abraçando a cintura dela, metendo com toda a
força de que era capaz, fora de controle. Uma vez e outra, até não poder parar mais, golpeando-a e
sendo aceito — Minha!
— Sim!
Sentiu quando ela gozou. O grito que veio do fundo de sua garganta, o jeito que seu corpo
estremeceu junto ao dele, então a languidez que a tomava, seus lábios entreabertos, e olhos
fechados... Um conjunto perfeito! Era tão linda, fodidamente linda, no sentido literal.
Foi impossível se segurar muito, além disso. Quinn cravou as unhas em suas costas e Zane mordeu
seu ombro, arremetendo uma última e longa vez.
O gemido trêmulo de Quinn em seu ouvido era música. Abraçou-a junto ao peito, mantendo-a ali,
sentindo o coração dela tão descompassado quanto o seu. Era preciosa, aconchegante. Desejou que
aquele instante nunca chegasse ao fim: ter o corpo quente de sua bonequinha entrelaçado ao seu,
suado e relaxado.
No silêncio da noite, o único som que ecoava pela casa, era o de suas respirações ofegantes. Tudo
parecia tão perfeito! Como nunca antes.
18º

Quinn pensou que a vida não poderia estar melhor. Já havia pouco mais de um mês que Zane e ela
estavam juntos. Não davam um nome ao que tinham. Apenas curtiam o tempo que passavam juntos. E
era muito bom! E não somente sexo. Conversavam muito, sobre tudo. Mas sentia que ele não gostava
muito de falar do passado e ela também não o inquiria muito sobre isso.
Principalmente por não querer saber muito do que houvera entre ele e Camille. E essa parara de
atormentá-la, não mais lhe enviando mensagens ou fazendo visitas sinistras. O que era um alívio.
Até Ashton deixara de ligar. Devia estar furioso com ela. Que apreciava muito o fato!
E Blane a recompensou, achando verdadeiros tesouros, para desculpar-se da mancada que dera:
— Quando é que vai aceitar jantar comigo, Quinn? — perguntava, da sua forma preguiçosa,
esparramado no sofá da sala dela, No Violet , enquanto examinava joias que haviam pertencido a
Elizabeth Taylor.
Ela riu, debochando dele:
— Sabe que não misturo negócios com prazer, meu caro. E você é meu empregado, lembra?
— Ok, então eu me demito!
— Sim, claro! E vai viver de que, se lhe pago uma verdadeira fortuna pelo seu trabalho?
O moreno suspirou exasperado:
— Não se pode ter tudo... — balbuciou.
— Mas, espere. E a mulher que havia conhecido naquele dia em que me esqueceu? Não era amor
de verdade? — o provocou.
Blane torceu os lábios, fazendo pouco-caso:
— Não, foi apenas sexo mesmo...
— Oh, Deus, você não presta! E ainda me pergunta por que não aceito sair com você!
Mas o tempo de calmaria estava perto de acabar. Ao retornar do almoço, deu com a ruiva,
acomodada em sua cadeira, com os pés cruzados sobre sua mesa.
Teve de piscar algumas vezes para se certificar de que enxergava bem:
— Como é que entrou aqui? — pensou que Gwen ainda não devia ter regressado, pois ela nunca
permitia a invasão da outra.
— Você devia selecionar melhor seus seguranças, benzinho. Foi só mostrar um pouco mais do
meu decote que aquele palhaço ficou todo bobo e foi dar uma olhada no pneu do meu carro... E
assim, cá estou eu!
— Não acha que é muita ousadia a sua, aparecer aqui, depois do que fez na minha casa?
— Foi um aviso, querida. Mas parece que você não entendeu muito bem... E correu como uma
idiota para o Zane...
— Eu pensei que ele tinha conversado com você.
Os olhos da ruiva faiscaram e ela se colocou de pé, vindo em sua direção de forma intimidante.
Mas Quinn não se moveu, limitando-se a cruzar os braços e elevando seu queixo:
— Eu pensei que tinha sido clara! Não quero você perto do meu homem!
Examinou a postura da outra. Qualquer outra estaria apavorada, diante de imensos olhos verdes
vibrantes, narinas dilatadas e uma expressão assassina na face. Mas além do verde de sua íris, havia
o vermelho que nublava também seu olhar. E sabia bem o que causava aquilo. A garota estava
chapada. Só podia sentir pena... E alívio por Zane não mais estar nessa onda.
— Em primeiro lugar, ele não é mais seu homem. E me diga, o que Bruce pensa sobre isso?
— Bruce é um merda! Não se mete na minha vida e eu não me meto na dele. Você não entende,
Quinn! — a outra corria as mãos sobre seus cabelos vermelhos — sou uma infeliz! A única época em
que me lembro de ter sido feliz foi quando estava com Zane. Eu o amo...
— Se é assim, por que o deixou? — retrucou de pronto.
— Não que isso seja da sua conta, mas eu fui ameaçada!
— E desde quando você se acua diante de uma ameaça? — zombou da outra.
— É porque... A ameaça não era direcionada a mim. E sim a Zane.
Quinn tentou disfarçar, mas a garota conseguia sua atenção. E diferente de antes, não parecia
afetada. De alguma forma, sentia que estava sento sincera:
— Meu pai descobriu que estávamos juntos. E disse que se eu não o deixasse e me cassasse com
Bruce... Ele acusaria Zane de tráfico.
Ela se odiou, mas tinha de tirar aquela dúvida da cabeça:
— E Zane... O fazia?
— Não, queridinha. A gente só usava... — riu sarcástica e meio fora de controle — e muito!
Quinn revirou os olhos e Camille limpou a garganta, voltando ao seu tom sério:
— Mas meu pai tinha os meios de fazê-lo, montar toda uma situação para incriminá-lo. Então eu
fiz o que ele me exigia... E me casei com o paspalho do Bruce!
Podia entender toda a revolta pela qual Zane havia passado. Ter sido trocado por um
mauricinho... Por isso, às vezes, ele apontava as diferenças entre os dois, com ironia. Sentia-se ainda
preterido:
— E contou tudo isso a Zane?
— Não. E eu me arrependi completamente de não ter feito, de não ter lutado pelo amor dele... Mas
eu temia muito pelo que meu pai teria feito! E eu não podia suportar ver o homem que eu amava
sofrer por minha causa!
— De qualquer forma, ele sofreu! — rebateu amarga.
— Mas não tanto quanto se tivesse ido para uma prisão! Quem sabe se ele sobreviveria lá dentro?
A ideia aterrorizou a mente de Quinn. Um arrepio de insinuou em sua coluna. Zane em uma
penitenciária? Não queria nem mesmo pensar em tal hipótese. Dessa forma, se compadeceu de
Camille, por tudo o que tinha passado.
Talvez sentindo sua súbita fraqueza, veio rogar para ela:
— Mas eu quero concertar meu erro agora, Quinn. Eu o amo e quero lutar por ele! Contra todos,
inclusive meu pai... Ou você. Sabe que ainda tem muito de mim em Zane! Ele não me esqueceu, estou
impregnada sob a pele dele...
Mantendo seu olhar fixo na parede, tentou fervorosamente fingir que aquelas palavras não a
atingiam, mas era difícil. Sabia que fugia de conversar sobre a ruiva com Zane, por medo de enxergar
que ainda havia sentimento ali. Tudo entre os dois era tão recente. E ele havia sofrido muito e por
muito tempo pela outra. Era sim, possível, que ainda tivesse algo ali por ela. Isso a feria, mas era um
fato que podia ser real.
— Então, se você se afastar...
Fitou a rival de frente:
— Eu poderia tentar de novo! Eu preciso dele, Quinn! — sua voz soou desesperada, embargada
— Não sabe como tem sido a minha vida! Só ele pode me salvar...
Oh, Deus! A outra estava à beira das lágrimas. Teve de se afastar, ou então cairia na besteira de
consolá-la:
— Ouça, Camille. Sinto muito pelo que passou e... Pelo que ainda passa — postou-se atrás de sua
cadeira e apoiou suas mãos em seu espaldar — e não posso impedi-la de procurar por Zane... — não
acreditou que estava dizendo aquilo. Afinal, estava abrindo uma brecha para a outra. Mas ele
merecia saber a verdade dela, que não havia sido rejeitado. E com isso, correria sim, o risco de
perdê-lo... A hipótese a aterrorizou — e contar tudo o que aconteceu.
Teve o vislumbre de um sorriso na face da outra.
“Não tão rápido, ruiva,” pensou.
— Mas, — enfatizava — se ainda assim, se depois de conversarem, ele vier a minha procura, —
encarou-a com decisão — saiba que vou lutar por ele!
Manteve-se olhando a outra. Que se demonstrava incrédula, e em segundos, raivosa. Camille
avançou furiosamente em sua direção, socou o tampo de sua mesa, dizendo entredentes:
— Vamos ver quem ganha essa, coisinha! Se você ousar ficar no meu caminho, eu a esmago!
— Uma coisa que precisa saber sobre mim, Fairfield — aproximou-se até quase ficar nariz a
nariz com a outra — não tenho medo de você!
Meia hora depois que Camille tinha partido, bufando e pisando duro, ela se perguntava se havia
feito a coisa certa. Mas Zane tinha direito de escolher. E se aquilo tinha de acontecer, que fosse logo
agora, no começo. Não quando já estivesse apegada demais. Mas então, se perguntava também: Já
não estava apegada o suficiente para sofrer, caso ele.
Suspirando frustrada, decidiu que agora tinha de esperar. Se ele ainda a procurasse, então tudo
bem. Caso contrário, teria de sobreviver.

Quando parou frente ao escritório de Jake, Zane não acreditou em seus olhos. Ali não estava outra
senão Camille Fairfield. Estacou a porta. Ainda não o tinha visto, distraída, olhando pela janela.
Depois de quase um mês de silêncio, eis que simplesmente aparecia.
Seus cabelos tinham ganhado um tom mais avermelhado do que se lembrava, mas sua postura era a
mesma. Cabeça erguida, boca carregada de um batom vermelho, um pouco retorcida, como se
estivesse sempre descontente com alguma coisa. Seu olhar era carregado de arrogância. Ela
definitivamente não tinha a elegância e suavidade de Quinn.
Jake, em pé atrás de sua mesa, recostado a estante, fitava o chão, parecendo preocupado. Quando
entenderia que já era um homem crescido e que sabia cuidar de si mesmo?
Mas tinha de ponderar também. O homem havia estado ao seu lado quando enfrentou toda aquela
crise. Era normal que ficasse apreensivo.
— Zane, amigão... — foi o primeiro a notá-lo — disse que você estava ocupado, mas...
Assim que o viu, Camille se endireitou, sorrindo largamente e veio ao seu encontro, parando perto
demais. Se antes adorava o perfume dela, agora ele somente o arremetia a tempos que desejava
deixar enterrados:
— Eu tinha de vê-lo! Para que dissesse tudo aquilo na minha cara...
— Zane... — chamava de novo o amigo.
— Está tudo bem — tranquilo o outro — Eu falo com ela.
— É isso aí, Jake – a ruiva dizia, prepotente, sem deixar de fitá-lo — Não precisamos de você
aqui!
Nem mesmo ele notou a saída do patrão. Estava fitando a mulher que um dia fora sua razão de
viver. Agora não passava de uma desconhecida.
— O que está fazendo aqui, Camille? — inquiriu, calmamente.
— Eu precisava te ver, querido! — declarou com muita ênfase, segurando o rosto dele entre as
mãos, muito próxima de sua boca — eu estava com tanta saudade...
— Camille! — Zane a segurou firmemente pelos pulsos, procurando seus olhos.
Ela estava agitada e ele bem sabia o que a deixava assim:
— Você voltou a usar? — estava incrédulo.
A garota se desvencilhou com um puxão, afastando-se e evitando encará-lo:
— Não sei do que está falando...
— Sabe sim, garota!
— O quê? Vai dizer que nunca mais experimentou, meu caro?
— Não! — foi direto e seco — Quase morri, tentando me livrar daquilo! Consegui sair do
inferno, por que quereria voltar para lá?
— Não sabe tudo o que passei! Você não tem a vida que eu tenho...
— Acredita que a minha é fácil? É uma luta por dia — interrompeu-se. Tinha vontade de colocar
para fora, tudo o que ainda estava entalado em sua garganta. Mas, mesmo dentro de sua atitude
arrogante, Camille parecia frágil.
— Eu não uso sempre, Zane... — a ouviu murmurar, sua voz soando infantil, quase como uma
desculpa.
— É um caminho sem volta — rebateu, amargo. — Ou você está fora... Ou não está!
— Eu não vim para falar disso! — fugia do assunto — é sobre aquela ligação. Falar tudo aquilo
através de um aparelho é muito fácil — sua voz adquiria um tom baixo, macio, enquanto seus
enormes olhos verdes o examinavam, de forma languida.
Algum tempo atrás, todo aquele conjunto o teria deixado de joelhos aos pés dela. Ainda mais com
as mãos dela de unhas longas e bem-feitas, agora passeando sobre seu peito.
Zane ficou ali, deixando-se tocar e mesmo quando o corpo longilíneo da ruiva colou-se ao seu, ele
não sentiu nada. Não havia mais aquele fascínio de antes. Camille Fairfield já não exercia qualquer
poder sobre ele.
— Quero ouvir você repetir tudo, agora, na minha cara! — sua boca vermelha, antes tão
convidativa, estava a milímetros da sua.
Sim, ela era linda, extremamente sexy, mesmo seus olhos exibindo um tom vermelho, que sabia de
onde vinha. Mas só conseguia sentir pena da garota. Compaixão pela dependência que ainda
enfrentava.
— O que você veio fazer, — começava, bem devagar — é testar seu poder sobre mim. Achou que
eu ainda me rastejaria, implorando sua atenção, como já aconteceu antes — viu a surpresa começar a
surgir na expressão dela — Veio me impor sua presença, crente que assim eu me acovardaria e cairia
de novo nas suas graças — segurou os pulsos dela, tirando suas mãos e sobre ele — mas isso não vai
acontecer, Camille.
— O quê? Zane, eu sei que acredita que eu o troquei por outro, mas não foi como pensa...
— Isso já não me importa!
— Mas você precisa me ouvir, saber de toda a verdade! — balbuciava ela, os olhos arregalados,
desesperada.
— O homem que você deixou, dois anos atrás, já não existe mais. Ele era um doente,
completamente dependente... De todas as formas possíveis. Mas isso de fato acabou, Camille. A sua
verdade já não me interessa!
— Só pode estar brincando comigo! Você era louco por mim! Me amava! — ela já começava a se
alterar, como bem desconfiava que aconteceria — Isso não pode ter mudado tão rápido assim!
— Eu fui ao inferno, por sua causa! — declarou entredentes — Não é algo que eu queira de volta.
— Mas não precisa ser daquele jeito! — o tom dela era de súplica, de novo segurando seu rosto,
procurando seu olhar, quando ele se esquivava — eu posso mudar! Faço o que você quiser, Zane! Eu
amo você! Sinto tanto a sua falta! Se me der uma oportunidade... Por favor, amor! — tentava beijá-lo,
desesperada.
— Camille...
— Me dê só uma chance... Por favor!
— Camille! — Zane já estava sentindo a paciência se esvair, enquanto ainda tentava escapar dos
beijos dela, sem ser rude demais.
— Você era louco por mim, isso não pode ter morrido completamente! Eu sei...
— Já chega, Camille! — foi ríspido dessa vez, fazendo cessar seu ataque.
Estava ofegante, quando se afastou para o outro lado da sala. Correu as mãos pela nuca, em busca
de controle. A mulher trêmula, estática parada a metros dele parecia desamparada. Zane sentiu muito,
mas já não queria fazer parte do mundo dela. Não poderia reconfortá-la:
— Não está se esquecendo de um pequeno detalhe, minha cara? Você é casada!
— Um casamento de aparências... — ouviu-a murmurar.
— Sinto muito saber disso. Mas não muda minha posição.
— Está me desprezando por causa daquela vaca, não é? — concluía, com raiva.
— Não recomece, Camille. Apenas vá embora!
— Acha mesmo que isso vai dar certo? Que aquela dondoca vai assumir você para a família dela?
Tentou ignorar suas palavras, fingir que não o atingia:
— Não estamos pensando nisso ainda.
— Não conhece os pais dela! Se acha que meu pai era ruim, espere até conhecer Valentine
Armentrouth! Ela vai dizimá-lo, meu caro! Nunca vai permitir que a filhinha dela se relacione com
um tipo como você!
— Acho que nós já terminamos por aqui... — caminhou rumo à porta, mas foi interpelado pelos
socos que a ruiva começou a desferir em seu peito, enquanto esbravejava.
— Não pense que vou deixá-los em paz, seu cretino! — e assim começou uma profusão de
insultos e ameaças, típico dela.
Zane de fato não estava surpreso com a explosão. Não seria a mesma Camille Fairfield de tempos
atrás, se aquilo não acontecesse. Aquela altura, praticamente todos os funcionários da loja se
encontravam do lado de fora da porta de vidro, observando a cena. Estavam dando um show!
— Eu vou acabar com aquela vagabunda! Vou matá-la...
Enquanto as ameaças eram dirigidas contra ele, podia lidar. Mas quando ela ameaçou machucar
Quinn, a fúria o tomou. Segurando seus pulsos com uma mão, empurrou-a até deixar suas costas
presas junto à parede e fez com que o fitasse, segurando seu rosto com a outra mão:
— Escute bem, garota! Você desgraçou com a minha vida uma vez! Eu me recuperei e estou
seguindo em frente! E juro, — seu rosto muito perto do dela — se ousar se aproximar da Quinn, se
ousar machucá-la de qualquer forma... Eu vou atrás de você, garota! Deixe-nos em paz!
— Zane! — Jake chamava da porta.
Instantaneamente soltou a moça, que parecia aterrorizada com o súbito ataque. Até sentiu-se
culpado ao ver as marcas bem desenhadas de sua mão no rosto pálido. Mas ouvir que faria mal a sua
bonequinha... O deixou cego!
Muito ofegante, encarou o amigo por um instante, antes de deixar a sala, pisando duro. Cortou
caminho entre a pequena multidão do lado de fora e rumou para sua sala, trancando-se lá.
19º

Estava inquieto demais. Era o efeito Camille. Mas dessa vez, mais letal. E o sentimento envolvido
na história era outro. Aquela descontrolada! Ah, se ousasse se aproximar de Quinn! Não era um
sujeito violento, mas acabaria com a raça de qualquer um que machucasse sua bonequinha!
Não podia ficar ali! Sentia-se acuado, enjaulado.
Cruzando os dedos junto à nuca, puxou algumas respirações procurando se acalmar. De repente,
soube bem qual seria a única coisa que o acalmaria no mundo. Sacando o celular, discou o número...

Já estava no finalzinho do expediente quando o celular de Quinn tocou sobre sua mesa, fazendo-a
sobressaltar.
Mas em seguida um sorriso lhe brotou quando o rosto de Zane pipocou na tela. Atendeu mais que
depressa:
— Hey, grandão!
— Quinn, onde você está?
Ela estranhou. A voz dele parecia carregada de urgência. Era um bom ou mau sinal?
— Ainda na loja. Por quê?
— Eu preciso te ver! Estou indo para sua casa. Encontra-me lá?
Não teve nem de pestanejar:
— Sim!
Despediu-se rapidamente de Gwen, pedindo que terminasse de fechar a loja e partiu. A outra nem
perguntou o porquê de sua pressa. Pelo sorriso na cara de Quinn, já devia ter uma ideia.

Logo estacionava seu Corvette ao lado da Harley reluzente. Zane a esperava no alpendre, suas
mãos apoiadas na madeira do teto, fazendo-o parecer ainda mais alto. Ao vê-la, um breve sorriso lhe
cruzou a face:
— Hey — cumprimentou-o, buscando pela chave na bolsa.
Antes mesmo que terminasse sua frase, ele a segurou pela nuca, puxando sua cabeça e a tomando
pela sua boca, com a mesma urgência que parecia carregar na voz, instantes antes. Quinn gemeu de
surpresa, mas aceitou o assalto, enquanto ele provava seu lábio inferior, então o superior. Logo
reivindica passagem, sua língua a invadindo. Ela o sugou, deliciada. Era bom beijar aquele homem.
Ainda mais depois da visita tensa de mais cedo. E podia imaginar que a ruiva também o procurara. E
por isso ele estava ali. Ali, a sua procura! Pensava, sorrindo junto à boca dele.
Mas, tão abruptamente quanto começara, o beijo terminava. E um apressado Zane tomava as
chaves de sua mão. E antes que a porta batesse fechada, era empurrada contra ela e prensada contra a
mesma e o peito arfante e largo de Zane. E então seus beijos selvagens estavam de volta, exigindo
sua total atenção.
Ela não tinha de perguntar nada. Seus corpos falavam por si. Os temores desapareceram, assim
que a língua de Zane voltou a lhe invadir a boca. O mundo deixava de existir, toda vez que ele fazia
isso.
Com um gemido baixinho, enfiou as mãos sob a jaqueta e então sua camiseta, alcançando suas
costas e fincando suas unhas ali. Recebeu um leve grunhido e uma mordiscada no lábio como
resposta.
Tudo o que passava pela mente de Zane naquele momento era que faria tudo por sua bonequinha.
A protegeria do que fosse e principalmente de Camille Fairfield.
Quinn Armentrouth já não era simplesmente uma foda. Era sua amante, amiga... Era essencial.
Aprofundou o beijo, emaranhando seus dedos nos cabelos com cheiro de maçã verde, que ele
adorava. Buscou sua língua, sugando-a, absorvendo o gosto delicioso daquela mulher. Suas curvas
coladas ao seu corpo, entregue, aberto e o aceitando sem restrições.
Abraçou-a forte, como se não pudesse ter o suficiente. Precisava dela, sexualmente,
emocionalmente. Isso era assustador e ao mesmo tempo libertador. Ela lhe pertencia, assim como
seria todo e completamente dela, se assim o desejasse.
Minutos depois, totalmente ofegante, deu fim, lentamente ao beijo, com inúmeros outros beijos
curtos:
— Oi, bonequinha...
— Hum, você notou que eu estava aqui?
Ela sorria daquela forma que o dominava, encantava e o colocaria de joelhos. Era linda demais.
Num gesto que nem lhe pareceu exigir força, puxou-a pela cintura, tirando seus pés do chão e
fazendo com que lhe envolvesse os quadris. E podia sentir sua proeminente ereção:
— Ele notou você. Ganha vida, a simples menção do seu nome, gostosa! — espalmando as mãos
em seu traseiro, a esfregou contra si — Por que e é que você não está de saia, mocinha? Meu pau
agradeceria muito, nesse momento...
— Você sabe. Eu sempre posso despir a calça...
— É o que vamos tratar agora! — com movimentos rápidos, colocou-a no chão, que já foi
chutando seus sapatos scarpin para longe, enquanto ele encontrava seu zíper.
Por sorte, era uma calça de brim, social e solta, não um jeans colado. Logo a peça estava no chão,
junto com sua minúscula calcinha de renda.
Agora Zane fuçava em seu cinto, muito apressado. Quinn segurava seu rosto entre as mãos,
beijando e rindo ao mesmo tempo em que ele se enrolava para descer a calça. Seu pau majestoso
saltou para cumprimentá-lo.
Sem muita gentileza e sem despir completamente a peça de roupa, ele tratou logo de vestir uma
camisinha e em seguida, a reivindicava novamente. A içou para que voltasse a lhe envolver os
quadris. Com um braço em torno de sua cintura, segurou-a firme no ar. Então deslizou uma mão sobre
os lábios e então sobre a vagina quente dela, espalhando umidade.
Quinn arfou, cravando suas unhas na jaqueta de couro dele. E então ele enfiava um dedo, depois
outro, tratando de lubrificá-la:
— Eu acho que agora você está pronta para mim — murmurou entredentes, encaixando a ponta de
seu membro vibrante entre suas dobras.
Ela o fitou, seus olhos turvados de um desejo insano, enquanto o sentia deslizar cada milímetro de
seu eixo para dentro dela. A sensação de preenchimento, seu corpo reclamando da intromissão e
então se amoldando a ele. Era tudo muito perfeito!
— Eu precisava estar dentro de você, Quinn! — sussurrou de forma grave, seus olhos fixos nos
lábios dela.
— Eu com certeza não estou reclamando, Grandão — interrompeu-se quando ele a elevava, com
outra estocada poderosa e longa — Isso é bom!
— Você gosta do meu pau nessa sua bocetinha quente, Quinn Bee? — inquiria ele, seu maxilar
contraído, as veias de seu pescoço largo saltando feito loucas.
— Sim! — foi só o que conseguiu balbuciar, antes de receber outro golpe certeiro e profundo.
Qualquer outro pensamento racional a deixou a partir daquele momento. Tudo que importava era
aquele homem esculpido em músculos, retirando-se quase que completamente de seu corpo, para
novamente a invadir. Erguendo suas mãos, as espalmou na parede atrás de sua cabeça, oferendo sua
pélvis para ele, abrindo-se, oferecendo-se a Zane Hudson. Seu homem.

— Eu acho que já disse isso, — ele murmurava contra seus cabelos, momentos depois, já
acomodados na cama, com Quinn preguiçosamente espalhada sobre seu peito — mas quero que tome
cuidado com a Camille...
— Hum, ela também foi te procurar, certo?
Zane a fez girar o corpo para encará-lo:
— Por quê? Ela foi atrás de você? E o que aquela louca queria?
— O de sempre: fique longe do meu homem, blá, blá, blá!
— Maldita!
— Vocês conversaram? Ela te disse...
— Quinn, eu não tenho interesse algum ao que quer seja que aquela mulher tenha a me dizer! Só
quero que nos deixe em paz! — e completou de modo sisudo — é melhor que proíba a entrada dela
na sua loja.
Quinn mordeu o lábio para não rir da proteção exagerada dele:
— Não precisa tanto, Zane! E eu não tenho medo dela! Acho que fala muito e age pouco...
— Você não a conhece como eu, Quinny! — segurando seu queixo, forçou-a a olhar para ele —
prometa-me que vai tomar cuidado.
— Sim, senhor, senhor! — afirmou de bom humor, batendo uma continência — tomarei cuidado.
Eu bateria meus calcanhares também, mas eles estão presos sob os seus, então...
— Você — Zane começava de forma lenta, perigosamente lenta — não está me levando a sério?
— Claro que estou, meu senhor! — exagerava ela, mal contendo o riso.
— Não, você não está! E por isso, — num movimento rápido, girou o corpo, sentando-se sobre os
quadris dela e lhe segurando ambos os pulsos ao lado de sua cabeça — acho que vou ter de lhe
ensinar um pouco de disciplina, mocinha!
Quinn ria tanto que mal conseguia falar:
— Não, meu senhor! — se debatia — prometo me comportar!
— Tarde demais, senhorita!
Ela resolveu entrar na brincadeira. Colocando um sexy sorriso em seus lábios, moveu-se sinuosa
sob ele, projetando os seios alvos para cima, prendendo o olhar guloso dele ali:
— E que tipo de castigo acha que mereço, Grandão?
— Um tipo de castigo que acho que você não vai gostar...
Lançando um lento e malicioso olhar sobre seu belo tórax, seu abdômen trincado e seu majestoso
pênis, já bem desperto, ela o provocou:
— Hum, eu duvido que eu não vá gostar.

Dias depois, Quinn acabara de sair do banho, deixando Zane ainda sob a ducha. Terminava de se
vestir quando uma batida suave se fez soar na porta da frente. Estranhou. Quem bateria à porta dele
àquela hora da manhã? Não eram oito horas ainda.
Como ele ainda estava no banho, resolveu atender.
Deu com uma mulher que aparentava ter cinquenta anos. Que a encarava com curiosidade:
— Pois não?
— Aqui é a casa de Zane Hudson?
— Sim.
A transformação no rosto da mulher foi surpreendente. Iluminou toda sua face clara e tornou seu
sorriso ainda mais largo:
— E ele está em casa?
Ainda estranhando um pouco a reação da mulher, inquiriu:
— A quem devo anunciar?
— Minha mãe! — disparava um incrédulo Zane, escancarando a porta que Quinn segurava.
O queixo dela caiu. Ele havia lhe dito uma vez que não tinha mãe! Vestia apenas o jeans, os pés
descalços, o dorso ainda molhado, como se tivesse se vestido muito rapidamente.
Estava entre os dois que se encaravam. Zane com as sobrancelhas unidas, lábios numa linha reta.
Não parecia muito feliz com a visita.
Já mulher, o olhava fascinada. Era como se não o visse há muito tempo:
— Olá, Zane! — ela balbuciou. Sua voz era carregada de emoção — você está tão...
— O quê? Parecendo um monstro? — apontava para seu peito nu, mesmo na defensiva.
— Não! — a mulher rebatia, chocada — você está um homem lindo! Tão grande!
Percebeu que Zane ficou desarmado por um instante, mas não deu o braço a torcer:
— O que você está fazendo aqui? — sua pergunta soou seca.
Quinn realmente estava desconfortável por presenciar a cena. Apesar de que naquele momento,
nenhum dos dois parecia notá-la ali parada:
— Será que eu poderia entrar? Prometo que serei breve.
Por um instante, pensou que Zane lhe diria um sonoro não. Mas então, se afastou da porta,
abruptamente, deixando a critério dela decidir se entrava ou não.
Coube a Quinn lhe indicar que entrasse. Trocaram um breve sorriso enquanto se cruzaram. Era
estranho. A mulher de alguma forma, parecia avaliá-la.
Na sala, ele andava de um lado para o outro, inquieto. Que situação! A única coisa que podia
deduzir até o momento, era que não se viam há muito tempo. E que Zane muito provavelmente
preferia que continuasse assim.
Então ele se sentava esparramado no sofá, sua cara ainda de poucos amigos. Novamente foi Quinn
quem lhe indicou que se acomodasse na poltrona oposta a ele.
Sem saber exatamente o que fazer, sugeriu:
— Eu vou passar um café — e deixou a sala.
A casa era pequena e mesmo que tentasse não ouvir, era impossível. Apesar de eles não estarem
conversando muito.
— O que está fazendo aqui? — Zane repetia a pergunta.
— Queria muito te ver...
— Depois de todo esse tempo? — seu tom ainda era seco e um pouco grosseiro.
— Eu tenho te procurado por muito tempo, meu filho! — a mulher parecia na defensiva.
De repente lhe ocorreu que ela nem sabia o nome da mãe dele e que ele não fizera questão de
apresentá-las.
Por sorte, Zane tinha uma moderna máquina de café expresso. Rapidamente preparou três xícaras
e voltou para a sala. Serviu aos dois, que no momento estavam em completo silêncio, cada um
olhando para um canto do chão.
Parada ao lado do sofá, Quinn realmente se sentia uma intrusa:
— Eu acho... Que vou para casa e deixar vocês conversarem mais à vontade...
Assustou-se quando Zane buscou rapidamente sua mão, puxando-a para sentar-se a seu lado,
dizendo rispidamente:
— Você não tem de ir a lugar algum!
Ok, seu tom era sim ríspido. Mas sentia sua mão gelada, levemente suada. Ele não queria que ela
fosse embora. Precisava dela ao seu lado. Um homem tão grande, de expressão fechada, mas que de
alguma forma, estava se sentindo inseguro. Obviamente que sendo assim, não sairia do lado dele de
forma alguma, mesmo estando tão desconfortável:
— Sou Quinn Armentrouth — Estendia a mão, enfim se apresentando à mulher, já que obviamente
Zane não tinha intenção de fazê-lo.
— Emma Taylor – retornou o cumprimento e então sua atenção se voltava de novo para o filho e
sua cara fechada — Zane, eu não esperava ser recebida com flores...
— Ainda bem! — ele era sarcástico, uma forma que nunca o vira antes — Porque você não pode
esperar voltar depois de vinte dois anos e realmente esperar flores! Ainda mais se abandonou seus
filhos, que a idolatravam, para ficar com outro homem! — acusou, sem qualquer piedade.
O queixo de Quinn voltou a cair. O que ele dizia era muito sério! E agora ela entendia um pouco a
reação dele à mulher.
E quando seus olhos se voltaram para Emma, ficou preocupada. A outra estava muito pálida, seus
olhos arregalados de espanto, parecendo mesmo em choque:
— Foi o que seu pai lhe disse? Que os abandonei por outro homem?
— É tudo o que sei! É com o que cresci sabendo.
Emma engoliu em seco, observando sua xícara de café:
— É uma pena que Carl tenha sido tão... Olha, meu filho, você devia exigir que ele lhe contasse a
verdade!
— A verdade? — ironizou ele — existe outra verdade?
— Sim, existe e Carl devia lhe dizer toda ela!
— Bom, infelizmente isso não será possível! Ele morreu, pouco tempo depois de você o
abandonar. Foi consumido pela bebida! — seu tom era acusativo.
— Oh! Eu sinto muito! Eu não sabia... Sinto muito por isso! — a mulher pareceu abalada — Mas e
sua irmã? Nunca lhe disse nada?
— O que tem Anna a ver com isso?
— Ela era mais grandinha. Via mais as coisas. Você era pequeno. Eu tentava te poupar de certas
situações.
Zane perscrutou a face daquela agora desconhecida. O que ela estava dizendo? Que não tinha
abandonado por outro homem? Que toda a dor de ser deixado por uma mãe a quem amava demais,
tinha sido em vão?
— Por que não conversa com ela, Zane? — rogava baixinho – e eu preciso muito vê-la! O
investigador que contratei para encontrar vocês não a localizou. Pode perguntar a ela, se aceita me
ver?
Ele não respondeu de pronto. Então depois de um suspiro, falou parecendo contragosto:
— Vou falar com ela.
O alívio na expressão de Emma foi visível:
— Obrigado! E peça que lhe conte sobre... Tudo o que ela possa ter visto, ok? — então, se
colocando de pé, anunciou. — Bom, eu só vim para saber como você estava. Mas gostaria muito de
te ver de novo. Você almoçaria comigo amanhã?
Quinn apertou os dedos dele, que estavam entrelaçados com os seus. Como se houvesse esquecido
do contato, Zane baixou seu olhar para as mãos unidas. Sim, ela estava apelando para que aceitasse o
convite. No fundo, sabia que ele precisava de respostas. Depois de um instante, respondia:
— Ok.
— Ótimo!
Como Zane não fez um único movimento para acompanhá-la até a porta, Quinn o fez. Não era uma
atitude muito educada dele, mas podia compreender. O que lhe constava, aquela mulher ainda o havia
abandonado e não merecia seu respeito.
Assim que as mulheres rumaram para a porta, Zane foi para a cozinha.
Já do lado de fora, Emma estendeu a mão para Quinn:
— Sei que Zane não é casado, mas fico feliz que tenha uma namorada como você — disse,
surpreendendo-a — Me parece uma garota legal!
Um pouco sem jeito, Quinn sorriu. Era a primeira vez que era chamada de namorada de Zane. E
aquilo lhe soava bem!
— Obrigado. E eu torço para que se entendam.
— Ao que parece, não será uma tarefa fácil, mas eu não vou desistir até ter de volta o carinho do
meu filho.
Depois de mais algumas trocas de gentilezas, a mulher partiu.

Zane simplesmente não estava acreditando que aquilo estava acontecendo! Era surreal demais!
Depois de vinte e dois anos, sua mãe reaparecia do nada, sem nunca antes ter entrado em contato!
Saia do banho, quando ouviu a voz dela. Reconheceu-a de imediato. Era a mesma que o
abençoava ao dormir, que lhe desejava que tivesse uma boa aula, quando deixava-o no colégio. A
mesma que lhe dava broncas quando fazia uma arte e a mesma que o acolhia, sempre que se
machucava ou adoecia.
Agora, quebrando alguns ovos em uma frigideira, como se fosse a coisa mais normal do mundo,
ainda estava aturdido. O que ela quisera dizer, com descobrir as verdades? Anna sabia de algo que
ele não? Teria sentido todo aquele rancor, magoa da mulher que lhe fora a pessoa mais importante no
mundo, sem uma razão plausível?
Não sabia identificar o que sentia no momento. Raiva, frustração. Saudade. Emma não havia
mudado muito, a não ser claro que estava mais velha. Continuava com sua fala doce, pausada.
Feições suaves, agora marcadas por discretas rugas. Até seu cabelo cacheado parecia levar o mesmo
corte, curto à altura dos ombros. E tinha uma aliança em sua mão esquerda. Estava casada de novo,
óbvio! E podia bem ser com o homem com quem partira, ao deixar sua casa.
Mal segurando um suspiro exasperado, sentiu-se meio idiota, ao notar que de fato sentira falta
dela. E que essa saudade não era maior do que a raiva que devia sentir da mulher. E não queria se
deixar enganar pela expressão sofrida que a outra carregava na face. E desejava ter ignorado quando
notou que ela parecia muito querer abraçá-lo.
Só notou que os ovos estavam queimados, quando o cheiro lhe alcançou o nariz. Furioso, jogou
todo seu conteúdo na lixeira mais próxima.
Pegava mais ovos na geladeira, quando Quinn o deteve, encostando-se no batente da porta. Seu
olhar era inquiridor, mas não disse nada:
— Eu sei que você tem um monte de perguntas, Quinn, mas eu não estou pronto para respondê-las
agora.
Ela suspirou e veio se apoiar no balcão:
— Ok! Vou tentar engolir minha curiosidade então!
Enquanto pegava outra panela no armário, olhou-a de soslaio. Suas sobrancelhas estavam erguidas
e ela mordia os lábios. Devia estar se contendo a muito custo para não o encher de perguntas. Ele riu.
Estava encantadora com aquela expressão e percebeu que não poderia negar nada a ela:
— Não tem muito que falar, Quinny. Você ouviu: ela abandonou sua família por outro homem e
nunca olhou para trás e fim!
— Sei. Sinto muito por isso, querido — veio deslizar sua mão pela face de barba por fazer dele
— eu não fazia ideia.
Zane fechou seus olhos por um instante, junto ao toque. Mas, com um suspiro, afastou para o
fogão. O gesto dela o deixava desarmado e não queria parecer um bebê chorão:
— Não é um assunto que eu goste de comentar, meu anjo.
— E sobre o que ela falou? Que devia procurar respostas com sua irmã? — Quinn se sentava na
bancada ao lado do fogão, para poder sondar a face dele.
— Não posso acreditar que haja algo que minha irmã tenha me escondido.
— Mas vai procurá-la, certo?
— Você com certeza acha que eu devia. Não é?
— Sim, eu acho. Você sabe que precisa dessas respostas, não e verdade? Até posso te
acompanhar, se quiser — se ofereceu, arqueando as sobrancelhas rapidamente — e conhecer minha
cunhadinha! – brincou.
Zane riu com gosto, pela primeira vez naquela manhã:
— Cunhadinha?
Foi a vez dela gargalhar, daquela forma que o fazia para tudo para admirar, jogando sua cabeça
para trás:
— Sim, sua mãe já me aceitou. Me chamou de sua namorada!
— Oh, e você é minha namorada agora? — Zane parou o que fazia e veio parar diante dela, as
mãos apoiadas ao lado das coxas dela.
— Bom, — erguendo a barra da saia, para então separar os joelhos e o puxar pelos passantes da
calça, para que se encaixasse entre eles, cruzou seus calcanhares no traseiro dele — se não sou sua
namorada, o que eu sou?
— Uma amiga com benefícios? — sugeriu de forma bem cafajeste, somente para provocá-la.
— Uma amiga?! Você está brincando comigo, não, Zane Hudson? — ela o beliscou em um
mamilo, fingindo-se de brava.
— Ai! — exclamou de dor e pegou as mãos delas, segurando-as junto a suas costas. Então a
puxava junto a seu peito, ela tendo de erguer a cabeça para encará-lo — Você pode ser muitas coisas
para mim, bonequinha! E uma única palavra não poder definir isso — e beijou-a docemente.
Não havia erotismo naquele beijo. Havia carinho, sentimento. Ao menos era o que Quinn sentia.
Seu coração dava pulos, ao efeito da confissão dele. Oh, homem! Ele estava transformando seus
músculos em gelatina ao som de sua voz, e seu cérebro funcionava a marcha lenta quando a beijava
como agora.
— Agora trate de me soltar, garota. Eu preciso te alimentar, lembra? — dizia ele, desvencilhando
das pernas dela.
Bufando e revirando os olhos, Quinn desceu do balcão e encostou-se na parede oposta a ele:
— Você sabe, quando me beija assim, me deixa faminta, mas não de comida... — insinuou.
— Mais uma sugestão do tipo e vou te arrastar para aquele quarto e a foder pelo dia todo.
— É uma promessa?
— Não brinque com fogo, bonequinha! Estou tentando ser gentil aqui — Apontava a comida.
Quinn voltou a bufar:
— Oh, sim! Com a delicadeza de um animal!
De costas para ela, Zane se deteve abruptamente, seus ombros se enrijecendo.
Quinn se empertigou, temendo tê-lo ofendido:
— Zane... Eu...
Ele começou a se voltar, lentamente, muito quieto e a encarou. Ela se encolheu junto à porta.
— Animal? Eu? — falou, perigosamente sério.
— Zane, era só uma brincadeira...
— Eu vou lhe mostrar quanto animal eu posso ser!
Então, diante dos olhos dela, Zane começou a se abaixar, até ficar de quatro... Patas? Sua posição
era exatamente como a de uma grande pantera-negra. Ainda mais quando ele levantou os cantos de
sua bela boca, lhe mostrando os dentes e rosnando para ela?
— Zane? — ela chamou, num misto de surpresa e receio.
Ele voltou a rosnar, dessa vez mais alto, estreitando seus lindos olhos verdes e deu um passo, com
a mesma graciosidade que o animal verdadeiro faria, seus músculos se flexionando a cada
movimento. Era estranhamente belo e fodidamente sexy.
Quinn soltou um riso nervoso, recuando um passo, enquanto ele avançava outro, olhando-a como
se fosse a presa.
— Você só pode estar brincando.
Zane rosnou de novo e mais alto, antes de saltar e avançar para ela.
Quinn gritou de surpresa e se pôs a correr pela casa, com ele em seu encalço. Seus saltos também
se assemelhavam muito aos de um grande felino, jogando as mãos na frente e depois dando impulso
com os pés.
Quando se viu encurralada no canto da sala, Quinn estendeu as mãos a sua frente, para se
defender, ainda entre o riso e o nervosismo.
Ele se deteve, espreitando-a. Com outro rosnado, como se avisando que ela devia ficar quieta, foi
se aproximando até estar diante dela. Começou a “farejá-la”, desde seus pés, subindo por suas
pernas, lentamente. Deteve-se um pouco mais de tempo em seu sexo, esfregando seu nariz ali.
Quinn deixou um gemido escapar. Mesmo por sobre as roupas, o contato dele com seu clitóris a
excitou. Recebeu outro rosnado e um olhar predador. Ela segurou a respiração.
Então ele continuou sua inspeção, Quinn acima, contornando um seio dela com o nariz. Logo lhe
alcançava seu pescoço e ela curvou seu pescoço para lhe permitir mais acesso.
Agora ele colava o corpo ao dela, deixando-a bem ciente da ereção potente sob suas calças.
Rosnou uma vez mais junto ao seu ouvido e deteve-se ali:
— Isso foi animal o suficiente para você, Quinn Bee? — sua voz tinha uma nota de humor.
Ela mordeu o lábio, suspirando. Então começou a estapear o peito dele, rindo:
— Seu bobo! Me assustou!
Zane se defendia do ataque dela com os braços, rindo abafado:
— O que pensou? Que eu ia me transformar num lobo?
— Eu não sei! Você parecia mesmo um animal, com todos os trejeitos de um! Já assistiu Beaty
and the Beast?
— Bom, eu tenho outras habilidades animais — ele enlaçava a cintura fina dela, esfregando seu
membro teso no ventre dela.
Quinn arqueou as sobrancelhas, fazendo desenhos desconexos na frente do peito dele, muito
interessada agora:
— Mesmo?
— Sim... Lamber é uma delas... — como demonstração, deslizou a língua áspera pelos lábios
dela.
20º

— Mas afinal, o que foi isso tudo que você fez? — ela perguntava, gesticulando e mostrando onde
ele passara.
Zane riu, acariciando a face dela:
— Se chama ginástica animal, onde imitamos os animais, claro.
— Nossa! — Quinn lhe enlaçou o pescoço, arqueando seu quadril para frente, encostando-se a ele
— isso foi sexy!
— Deixa eu te levar ali para o meu quarto, que eu vou lhe mostrar o que é sexy e animal... — e
pegando-a de surpresa, jogou-a sobre um ombro e a levou.

— Vai procurar sua irmã? — sua voz soava sonolenta, cansada, após acasalar com seu enorme
felino.
— Sim, vou — ele tinha uma mão sobre a cabeça e a outra acariciava os cabelos de Quinn,
deitada sobre seu peito. Aspirou seu cheiro. Maçã verde. Ele adorava! — Ligarei para Jake e
explicarei que tenho de viajar.
— Onde sua irmã mora?
— Em Boston.
— Você é de lá, ou nasceu aqui em Nova Iorque?
Zane riu de forma preguiçosa, do jeito que ele a deixava arrepiada:
— Moça, eu vim de Tucson, Arizona.
— Moço, você está um bocado longe de casa!
— Se eu for te contar, por quantas mudanças passei. Acho que morei em quase todo canto desse
país.
— Por que se mudou tanto?
— Bom, depois... Que minha mãe saiu de casa, meu pai ficou meio perdido. E não ficávamos mais
de um ano em uma mesma cidade. Depois que ele morreu, Anna e eu nos mudamos para Boston. Ela
se casou e quando completei dezoito anos vim para Nova Iorque.
— Eu só posso dizer: ainda bem que você veio para Nova Iorque! — enroscou-se ainda mais a
ele, envolvendo seu pescoço. — Bom, são umas boas quatro horas daqui a Boston. Vai pegar avião?
— Não, acho que prefiro dirigir. Pensar um pouco.
— Eu falei sério quando disse que iria com você, se quiser. — Encarou-o, apoiando a cabeça nas
mãos cruzadas sobre o tórax rijo dele.
— Não quero atrapalhar o seu trabalho, meu anjo. E vou ficar bem, não se preocupe.
— Ok... Eu espero que encontre as respostas que precisa. E quem sabe se entenda com sua mãe?
— Isso é... Tão surreal! Eu sofri por anos, achando que ela poderia ter abandonado a mim e a
minha irmã... Odiando-a! O que pode mudar tudo agora?
Quinn ficou pensativa:
— Eu fico imaginando você, um garotinho, perdendo a mãe desse jeito...
Ele ficou quieto e ela sentiu o peito dele arfar lentamente:
— Foi complicado! Meu pai sempre foi um homem difícil e assim eu me apeguei muito a ela. E
quando isso aconteceu... Eu me senti tão traído quanto meu pai. Ferido de morte. Para um garoto de
nove anos, ouvir seu pai aos berros te dizer... Sua mãe não te amava! Ela fugiu com outro e te
deixou aqui!
Ele suspirava e Quinn teve a impressão de que a voz dele estava embargada. Oh, Deus, se ele
chorasse, o que faria?
— Foi a última vez que falei com ele sobre minha mãe. Foi a última vez que falei sobre ela com
qualquer um!
— Talvez por isso sua irmã não tenha lhe dito nada.
— Eu não sei. Anna sofreu tanto quanto eu. Garanto isso. Já era uma mocinha e perdeu sua
referência feminina... Nós ficamos mais próximos depois disso. Mas não falávamos dela. Acho que
porque era doloroso para os dois.
— Eu nem posso imaginar isso! Você acha que ela vai querer ver a mãe?
— Não sei. E também não sei se quero vê-la de novo. Dependendo do que Anna disser.
— Tudo vai se resolver, vai ver.
— Espero! Mas agora, — ele pulava da cama e segurava os pés dela, puxando-a — Vamos tomar
um banho que eu tenho de terminar de preparar o café, ou vai chegar atrasada na sua loja! — assim
concluindo, pegou-a da cama e a jogou sobre os ombros novamente, levando-a rumo ao banheiro.
— Sempre um cavalheiro... — resmungou ela aos risos.
— Sempre!

Quinn enrolou-se na única toalha disponível no banheiro. Torceu seus cabelos para retirar o
excesso de água e saiu para o quarto.
O cheiro vindo da cozinha estava divino, fazendo seu estômago reclamar. Sorriu ansiosa por
desfrutar da refeição feita por Zane.
Procurou outra toalha no quarto. Encontrou uma sobre a cama, a que ele havia acabado de usar.
Estava muito molhada. Obviamente, pois Zane era um homem grande. Para secar todo aquele corpo,
teria mesmo de ser uma peça enorme.
Resolveu buscar por outra dentro no guarda-roupa dele. Bingo! Só estranhou ela estar na última
prateleira...
Mas ao puxá-la, levou um susto. Dentro dela, embrulhado com muito cuidado, havia uma dezena
de fotos, que se espalharam pelo chão.
Abaixou-se para recolhê-las rapidamente, antes que ele aparecesse e pensasse que estava
bisbilhotando...
Mas estacou ao notar de quem eram. Camille. Algumas de Zane, mas ela estava na grande maioria.
E o pior, eram fotos íntimas, onde a ruiva posava nua sorrindo largamente para a câmera... E sabia
bem quem estava com o dedo no clique.
Eram fotos das mais variadas: ela em frente ao espelho, sentada no sofá... Na cama, chamando por
ele.
Algumas dele, durante o banho, comendo, massageando os pés dela...
E essa, em que Camille estava de frente pra ele, de joelhos. E fuçava em seu zíper com um sorriso
devasso na cara. Não havia como disfarçar o volume em suas calças. Sabia que não devia continuar a
olhar, mas era mais forte que ela.
Mas foi quando Zane a chamou da sala:
— Quinn? O café está pronto.
Com o susto, deixou as fotos caírem de novo:
— Eu... Eu já estou indo! — gritou de volta, gaguejando.
Rapidamente recolheu tudo, com medo de que ele surgisse a qualquer momento. E um outro baque:
o nome Cami estava bordado na toalha. Era a tolha daquela vaca! E ele a guardava! Se duvidasse,
ainda tinha o cheiro dela! Piscou repetidas vezes, para tentar conter lágrimas que ameaçavam rolar.
Por que ele guardava aquilo tudo? Será que passava horas olhando para aquelas imagens? Ou
cheirando a peça, em busca da essência da ruiva?
Devia confrontá-lo? Possivelmente não. Ele pensaria que estava fuçando em suas coisas. E achava
que poderia não gostar da resposta. Ou mentiria para ela, de qualquer forma, aquilo não tinha como
terminar bem.
— Inferno! — fungava, enquanto vestia suas roupas, desesperada para sair dali.
E ainda havia o fato de que ele estava no meio daquela situação com sua mãe e irmã! Não seria
justo criar uma situação agora:
— Idiota! — disse para sua imagem refletida no espelho, por ainda pensar no bem-estar dele.
Tomando algumas respirações, enrolou os cabelos ainda úmidos e os prendeu em um nó, no alto
da cabeça, ergueu o queixo e logo estava na sala.
Percebeu que ele conversava com Jake pelo telefone. Quando a encarou, suas sobrancelhas se
uniram, como se notasse algo em sua expressão. Tapando o bocal do celular, lhe perguntou:
— Algo errado?
Teve de conter o ímpeto de lhe gritar uns bons desaforos, mas conteve-se. Quando ele retornasse e
resolvesse seus problemas, aí então seria a hora de conversar. Ou não...
— Tudo certo! Mas eu já vou indo...
— Não vai tomar café?
— Não, tenho mesmo de ir. Problemas na loja.
Ele pareceu não gostar e ainda estar desconfiado, mas concordou, chamando-a com os dedos para
um beijo.
Um pouco contragosto, Quinn foi até ele. A angústia de pensar que aquele seria o último beijo
trocado com ele, a dominou. Assim, tomou o rosto dele entre as mãos e o beijou longamente,
absorvendo seu gosto. Maldita vontade de chorar! Não era chorona, mas estava à beira de um pranto.
Por isso precisava sair dali logo.
— Bebê, está mesmo tudo bem? — inquiria ele de novo, tocando sua face.
Forçando um sorriso, Quinn se afastou, antes que as lágrimas rolassem na frente dele:
— Tudo certo! Boa sorte com sua irmã — Desejou, já rumando para a porta.
— Eu te ligo mais tarde, ok?
Ela não respondeu, apenas meneou a cabeça de leve. Assim que se encontrou em seu Corvette,
enviou mensagem para Júlia, que a encontrasse na loja. Precisava de suas amigas e fiéis escudeiras
com urgência.

Zane esqueceu-se de que estava no meio de uma ligação. Estava enganado ou vira lágrimas nos
olhos de Quinn? Mas como? Por quê? Seria sua imaginação?
Já se preparava para correr atrás dela e a interrogar melhor, quando a voz de Jake do outro lado
da linha o trouxe de volta:
— Zane? Ainda está aí?
— Hã... Sim — respondeu, enquanto via o carrinho vermelho de Quinn partir — aqui.
Uma sensação estranha o invadiu... E o beijo que lhe dera? Como se estivesse se despedindo...
— Cara, você está ou não comigo? — Jake ria do outro lado.
— Sim, sim, estou aqui. É só que... — como explicaria o que nem ele mesmo estava entendendo?
— nada, irmão. Esqueça...

Depois de uma breve passada em casa para escovar os cabelos e trocar de roupa, voou para a
loja. Precisava de uma grande xícara de café, um donutts gigante de chocolate e colo. As imagens de
momentos antes ainda estavam em sua cabeça. Não podia aceitar. E se ele de fato não esquecera a
outra? Se ela fosse apenas um passatempo, uma forma de manter a outra fora de seu sistema, pelo
menos por algumas horas? Podia aceitar isso?
Sabia que a resposta era não. Não queira ser estepe para ninguém. Queria Zane Hudson inteiro,
não só seu corpo, mas sua alma, seu coração. Revirando os olhos para enganar as lágrimas que lhe
ardiam nos olhos, arrancou rumo à loja.
Júlia e Gwen já a guardavam em seu escritório:
— Opa, você está com uma cara de cansada e não do tipo: Estive fodendo com meu Zanão a
noite toda! — sua assistente deduzia. — O que houve, mulher?
A loira, que ocupava sua cadeira quando chegou, colocou-se logo de pé lhe estendendo um copo
plástico com um fumegante café preto:
— O que houve, amiga? — repetia ela, parecendo preocupada.
Quinn se deixou cair na cadeira com exaustão. Explicou a elas rapidamente o que havia
encontrado no armário de Zane.
Ao fim, as duas se entreolharam, parecendo não saber direito o que dizer:
— Hã... Quinn... — Gwen começava. — São só fotos antigas...
— Só fotos? Você não as viu! Eram... Fotos quase pornográficas, senão totalmente pornográficas.
Até onde olhei, eram bem... Ousadas!
— Ok! Não vou colocar panos quentes! — Júlia explodia — por que ele guardaria essa droga
toda, se diz não suportar a vermelhinha?
Logo recebia uma cotovelada de Gwen:
— Ai!
— Ela está certa! Por que ele guardaria, senão para... Matar a saudade?
— Amor, minha chefa, querida! Vai entender os homens Talvez ele simplesmente as tenha
esquecido ali!
Quinn suspirou, se afundando mais na poltrona:
— Eu não sei, mas quanto mais penso, mais chego as conclusões que não gosto...
— Não disse nada a ele, certo? — a loira inquiria.
— Não. Ele está nessa situação toda com a mãe dele.
Como elas não entenderam nada, explicou também esse acontecido:
— Wow! Momento errado! — Júlia balbuciou, meio sem saber o que dizer.
— Momento errado ou não, devia ter tentado falar com ele. Agora fica com essa cabeça cheia de
ideias.
— Gwen, você não entende? Não sei muito, mas sei que a história deles foi intensa. Ninguém sai
de um tipo de relacionamento como esse sem marcas! E as coisas que aquela ruiva vadia me disse...
— Não se ligue com que VaCamille diz! — repreendia a morena — ela não passa de uma
drogada, empata namoro de uma figa!
Suspirando desanimada, Quinn deixou o café de lado e debruçou-se sobre sua mesa:
— Sabe, com Ashton... Foi difícil, mas... Eu sabia que já não existia amor, ao menos da minha
parte...
— Nem da dele, para ter feito o que fez... — balbuciou Gwen que agora era cutucada por Júlia —
ai!
Como se elas não a tivessem interrompido, prosseguiu:
— Foi um alívio quando terminou. Mas com Zane... Ah, droga! Não sei se aguento tudo isso! —
segurou as mãos entre as cabeças — Tudo entre nós é tão intenso! E sinto que está se encaminhando
para algo mais forte. Eu acho que talvez seja melhor parar por aqui, antes que eu me machuque mais.
— Vai deixar aquela cadela magrela vencer? — a loira cruzava os braços sobre os seios.
— Não se trata de ganhar ou perder — involuntariamente, o queixo de Quinn tremia — Se trata de
me preservar.
— Não está se precipitando, chefinha?
— O que sei é que estou apavorada! Deus sabe o quanto me dói pensar em ficar longe de Zane.
Mas não sei se posso viver à sombra daquela mulher...
O celular dela começou a tocar. Mesmo sem olhar, sabia que era ele. Então as três ficaram a
encará-lo através da tela do aparelho:
— Mas que merda! O bastardo tinha de ser lindo? — Gwen reclamou — Olha esses dentes!
— Você não está facilitando, garota! — Júlia a reprovava — Quinn? Não vai atender?
— Eu não sei o que dizer a ele.
Antes que pudesse pensar, sua assistente atendia, deixando-a aterrorizada:
— Alô? Zane? Como vai? É Gwen. Quinn? Oh, sinto muito, ela acaba de entrar em uma reunião.
Sim, eu aviso — desligou e simplesmente entregou à chefe — Dessa eu te livrei, mas ele pediu que
ligasse para ele, assim que possível.
Ela apenas conseguiu suspirar, mordendo o lábio.

Já fazia duas horas que Zane estava na estrada e aquela sensação de que havia algo errado não o
abandonava. Decidiu parar em um posto logo à frente, para esticar as costas e claro, ligar de novo
para Quinn.
Enquanto abastecia o carro, discou os números nervosamente. Depois de muito chamar, caiu na
caixa postal:
— Mas que porra! — murmurou entredentes, olhando para o aparelho em sua mão.
Ainda arriscou mais três vezes, com o mesmo resultado. Resolveu deixar recado:
— Hey, bebê. Estou na metade do caminho. E mudei de ideia, essa viagem está um tédio sem
você! Queria que estivesse aqui. Liga pra mim, ok?
Ao fim, espalmou as mãos nos quadris, sentindo o ímpeto de pegar a estrada de volta. Mas seria
perda de tempo. Chutando o pneu do Maverick, decidiu retomar a estrada, mas se sentia frustrado.
Poucas horas depois, estacionava de frente à casa de sua irmã. Estava simples como antes, tão
aconchegante quanto se lembrava. Depois de duas batidas breves na porta, ela foi aberta, que sempre
esteve destrancada, pois o bairro era bem família e seguro:
— Alguém em casa?
Uma Anna de olhos arregalados surgia da cozinha:
— Zane? Mas como?
Indo até ela, abraçou-a brevemente. Eram unidos, mas não tão expansivos em carinho:
— Olá, mana! Como está?
— Surpresa! Se tivesse me dito que viria, teria feito aquela torta de maçã que tanto gosta! — ela
indicava que a acompanhasse até a cozinha.
— Mas você sabe, pode fazer enquanto conversamos... — sugeria sorrindo.
— Sempre espertinho! Mas o que o trouxe até aqui? — agora ela parecia desconfiada. — Alguma
emergência?
— Acho que podemos colocar assim — dizia, sentando-se na cadeira que ela indicou. — A mãe
foi me procurar.
Viu a cor sumir do rosto da irmã. Então ela engolia em seco e vinha se sentar frente a ele:
— Sério? Depois de tanto tempo?
— Sim. E quer muito te ver.
— Quer? Por que agora? O que mudou?
— Ela disse que tem nos procurado há muito tempo. Você quer vê-la?
— Hum... Eu não sei.
— Anna, quando eu a acusei de nos deixar por outro homem, eu achei que ela fosse desmaiar, de
tão pálida que ficou.
— Você disse isso a ela? — a irmã exclamou, chocada.
— Sim, eu disse porque foi a informação com a qual eu cresci. E então me sugeriu que procurasse
a verdade com o pai. Quando informei sobre sua morte, me disse então que procurasse você. O que
ela quis dizer com isso, Anna? Nossa mãe não nos deixou por outro homem?
Viu a irmã suspirar profundamente, se ajeitando na cadeira:
— Era isso que o pai queria que eu acreditasse também. E, juro, não sabia que você pensava
assim. Mas eu estava lá, era mais grandinha e via as coisas.
— Meu deus, Anna! Não me deixe confuso! O que afinal você quer dizer com tudo isso?
— Zane, você era novo e a mãe tentava te preservar. Mas eu via as brigas extensas que ocorriam
naquela casa!
— Eles brigavam? Quando? Como eu não via isso?
— Você estudava, tinha seu treino de futebol. Só estava em casa à noite. E ela evitava a todo
custo que visse essas cenas. Sempre ele chegava bêbado em casa, a mãe dava um jeito de nos levar
para algum lugar, seja jantar na vovó ou comer um simples cachorro-quente em algum lugar. Quando
voltávamos, o pai já estava dormindo. Acho que ela não queria que tivesse uma imagem ruim dele...
— Mas acha que foi por isso que foi embora?
— Na noite anterior a partida dela, o pai fez algo que nunca, mesmo com tantas brigas, tinha feito
antes — sua voz era grave. — Ele bateu nela.
— Ele bateu nela? — Zane repetiu, sentindo uma grande revolta o tomar.
— Sim, ele o fez. Deixou uma marca no rosto dela, — Anna gesticulava, apontando o rosto, como
se ainda estivesse vendo o acontecido — roxa, enorme! Eu nunca a vi chorar tanto!
— Meu Deus, Anna! Por que não me contou isso?
— Eu não sei! Você nunca me perguntou e eu também não tinha vontade de falar! Não queria
relembrar. Na manhã em que ela partiu, eu sentia de alguma forma que algo ruim ia acontecer. Assim
eu não fui à aula. Se eu soubesse que seria a última vez que a veria... — os olhos dela estavam
marejados, e sua voz embargada. Depois de limpar a garganta, prosseguiu — ela deixou você na
escola e veio falar comigo. Chorava muito. Disse que estava indo, mas que era para buscar um futuro
melhor para nós todos. E que voltaria logo para buscar você e eu. Mas então, o pai não parava de nos
levar de um canto ao outro nesse país e acho que isso era premeditado para que ela nos perdesse de
vez.
Zane levantou-se, cruzando os dedos junto a nuca, exasperado. Respirava rapidamente. Era muito
informação para processar:
— Tem ideia do que passei todos esses anos, fingindo para mim mesmo que não me importava se
ela tinha ido embora? Fingindo que não sentia sua falta? E tentando descobrir se a culpa era minha
por ela ter ido?
— Hey, de onde tirou essa ideia? — Anna se levantava, vindo esfregar as costas dele, como fazia
quando ele era pequeno.
— Eu era uma criança! Estava perdido, confuso.
— Eu estou me sentindo culpada agora! — Anna disse em voz baixa e fitando o chão.
Zane deixou uma longa respiração lhe escapar dos pulmões. Penalizou-se ver a irmã daquele jeito.
Então a puxou junto ao peito, beijando o alto de sua cabeça:
— Não se sinta assim, querida! De certa forma éramos pequenos e não sabíamos bem o que fazer.
Mas talvez agora seja nossa chance... De dar o perdão a ela.
Fungando, Anna levantou seus olhos para ele:
— Você acha que consegue?
Ele deu de ombros:
— Não sei. Preciso ouvir o que ela tem a dizer primeiro, mas... Estou disposto a tentar. E você?
— Acho que também.
21º

Anna o convenceu a passar à noite. Disse que seus sobrinhos, Ryan de nove e Tyler de onze iriam
adorar vê-lo. Assim como seu marido David.
E foi bom ver o cunhado e os meninos, mas estava inquieto. Ainda não conseguira falar com
Quinn. Sempre caia na caixa postal e ela não havia retornado suas ligações. Inferno! O que havia de
errado?
Viu-se repassando os acontecimentos da manhã, tentando entender se de alguma forma, podia ter
feito algo errado.
— Quinn? — e lá estava de novo deixando mensagem em sua caixa postal — Estou começando a
me preocupar, meu anjo. Por favor, ligue para mim, ok?

Quinn estava encolhida numa poltrona, no canto da sala escura, sendo iluminada apenas pela luz
da rua.
Zane não parava de ligar.
E ela estava se sentindo perdida, sem saber se devia responder. Mas o que diria, se o atendesse?
Sabia que não poderia conversar com ele simplesmente, sem falar das fotos. E a cabeça dele já
estava cheia demais para mais aquilo.
Continuava a se sentir idiota por estar preocupada com ele, se sentindo traída. Cada foto daquela
mulher era como uma faca enfiada em seu peito. E como em flashes, revivia cada detalhe daquelas
malditas fotos.
As palavras da outra ecoando em sua mente:

Sabe que ainda tem muito de mim em Zane! Ele não me esqueceu, estou impregnada sob a pele
dele...

E se ela tivesse razão? E se Zane de fato ainda não a houvesse esquecido? Odiava se sentir tão
insegura!
Estava perdida! Já não conseguia se imaginar sem seu Grandão! E sabia bem que já não era mais
só sexo. Estava encantada com tudo sobre ele. Mesmo seu passado complicado não era suficiente
para fazê-la desejá-lo menos.
Uma noite sem ele e já sentia muito sua falta. De seu cheiro, seus beijos. Sua voz. Da forma como
a chamava de bonequinha.
Sorriu. Amava quando a chamava assim! Sentia-se pequena, delicada. Cuidada. Oh, aquele
homem mexia com sua cabeça e com seu coração.
E tristemente, como não fazia há muito tempo, sentia lágrimas quentes rolar por seu rosto. Nem
mesmo quando descobrira a traição do ex ela derramara uma única gota. E agora, diante da
possibilidade de não mais ter Zane em sua vida, seus braços... Oh, Deus, era desesperador.

Logo pela manhã, Zane já pegou a estrada. Precisava estar no serviço, ao menos no período da
tarde. Não era justo com Jake, que o deixasse na mão por dois dias inteiros. E tinha ainda maior
necessidade de ver Quinn. Definitivamente algo estava errado.
Preferiu não ficar fazendo divagações, pois não ia chegar a nada. Até porque simplesmente não
fazia ideia do que poderia ter acontecido.
Quando chegou à casa, passavam pouco das onze da manhã. Sacando o celular, ligou novamente
para Quinn e de novo sem sucesso. E também tentara a loja, mas era sempre informado de que ela
estava em reunião, ou atendendo um cliente ou ainda não se encontrava. Pedir que lhe retornasse já
não adiantava mais.
Suspirou profundamente, frustrado. Aquele silêncio o estava deixando louco! Sua vontade era de
correr até onde ela estivesse naquele momento e a interrogar. Por mais que tentasse entender, não via
razão para a distância dela.
Mas não poderia ir atrás dela, como gostaria. Tinha aquele almoço com sua mãe. Era um assunto
que precisava ser resolvido.
Ligou no número que havia sido deixado com Quinn e perguntou se poderia encontrá-lo em meia
hora. Ela assentiu com entusiasmo. Passou-lhe o endereço de um restaurante não muito longe.
Tomou uma ducha longa, para tentar também refrescar sua cabeça. Só conseguia pensar em sua
bonequinha e no pavor de não mais a ver.
Sim, porque ela podia ter simplesmente se cansado dele. Um cara com passado complicado, uma
ex que era psicopata e uma mãe que aparecia do nada. Não era exatamente um exemplo de homem!
A água tépida corria sobre suas costas largas, mas não faziam o efeito desejado de relaxá—lo.
Socando a parede, deixou o banho.
Minutos depois, chegava ao restaurante, onde sua mãe já o esperava, com olhar ansioso:
— Oi! Que bom que veio, que me ligou. — Dizia, seu nervosismo transparecendo.
— Sem problema. — Balbuciou, acomodando-se na cadeira de frente a ela, depositando o celular
sobre a mesa. Não queria arriscar perder uma ligação de Quinn, mas a verdade era que já não
esperava que ligasse.
— Você viu sua irmã? — foi a pergunta ansiosa de Emma.
— Sim, fui falar com ela.
— E como ela está?
— Está ótima!
— Como reagiu, quando soube da minha volta?
— Posso dizer que ficou confusa.
— Entendo — ela baixou seu olhar, enquanto apertava os dedos uns contra o outro — Isso
significa que ela não quer me ver?
— Pelo contrário, ela quer sim — Tentou logo a tirar daquele tormento.
O sorriso brincou nervoso na face da mulher. E Zane tinha de admitir: também estava emocionado.
Estar próximo ao fim daquele tormento e não conseguir falar com Quinn estava acabando com ele.
— E você conversou com ela?
— Sim. Ela... Me contou das brigas e que... Carl... Agrediu-a.
Viu Emma fechar os olhos e teve a impressão de ter ouvido um gemido agoniado, como se as
lembranças a atingissem:
— Por que não me contou essas coisas na época? Para mim vocês não eram um casal perfeito,
mas pareciam normais!
— Eu não queria que você visse aquilo tudo. Era tão novo! Não queria que Anna visse também,
mas ela sempre estava presente... Não pude poupá-la daquele tormento.
— Você foi embora com outro homem? — ele mesmo se assustou com a rapidez com que essa
pergunta saltou de sua boca.
Pacientemente, como se já esperando por aquilo, sua mãe sorriu de forma compreensiva, como
fazia, quando ele era criança:
— Não! — foi direta — Não saí de casa para ficar com outro homem. De fato, demorei muito
para me relacionar depois que parti. Mas você deve estar querendo saber para onde fui, certo?
— Sim, muito. Até onde eu acreditava em uma coisa. Hoje já não sei de nada!
— Lembra que eu trabalhava para um jovem advogado?
— Acho que sim.
— Bom, ele recebeu uma proposta de ir trabalhar na Inglaterra. E me pediu que fosse com ele. No
início, disse não. Mas depois daquela briga com seu pai... Eu repensei e aceitei.
— Mas por que não nos levou? — não pôde evitar o tom acusativo em sua voz.
— Eu não tinha como! Seria uma estrangeira num país desconhecido, sem dinheiro! E eu sabia que
com a mudança, eu teria um salário muito melhor e poderia dar uma vida confortável a vocês dois.
Eu disse a Anna que voltaria logo e voltei, dois meses depois. Meu patrão já tinha arranjado toda a
papelada, passaportes, inclusive. Carl só teria de concordar em me deixar levá-los. Mas quando fui
buscá-los, não os encontrei. Já haviam se mudado e ninguém sabia para onde, nem mesmo os poucos
parentes que tínhamos. Contratei uma agência de detetives para procurá-los, mas sempre que chegava
perto, era tarde demais! Vocês já não estavam mais lá.
— Nós nunca moramos mais que um ano em uma mesma cidade. E acho que Carl o fazia de
propósito, pensando agora. Todas essas mudanças eram para que eu não os encontrasse.
— Sim, creio que sim. Quando parti, avisei que voltaria para buscar minhas crianças. Mas Zane,
— ela estendeu a mão e segurou a dele sobre a mesa — não teve um dia, durante todos esses anos,
em que eu não tenha me arrependido de não levá-los comigo! E eu nunca parei de procurá-los! —
enfatizava — Nunca! Mas há pouco tempo descobri que a agência de detetives que havia contratado,
estava me enganando! Eles perderam o rumo de onde vocês estavam e diziam que ainda os
procurava, mas em anos, nunca mais me trouxeram resultados. Desconfiei, e eu acabei descobrindo
que estavam trapaceando. Até estou processando-os por isso. Então, no começo desse ano, contratei
outra agência. E há uma semana, me informaram que haviam te encontrado! — seu sorriso era largo
agora — Foi o dia mais feliz nesses anos todos! E sabia, que se você aceitasse me ver, eu teria a
chance de encontrar sua irmã também. Você me entende, filho? — seu tom era suplicante.
Zane deixou seus olhos pousarem nas mãos que seguravam a sua sobre a mesa. Percebeu que já
não havia rancor. Entendeu os motivos dela. Infelizmente o destino brincara com eles, os afastando. E
um mal-entendido o fez se ressentir com sua própria mãe por anos. Mas aquilo estava para ser
mudado:
— Sim, eu entendo — tocou a mão dela, acariciando-a e acalmando-a — Entendo sim.
— Oh, graças ao bom Deus! — ela suspirava aliviada — Eu sei que vamos ter de nos conhecer de
novo. E vamos levar tudo ao seu tempo, meu filho. Responderei suas dúvidas, qualquer uma que
tiver...
E a conversa foi longa e esclarecedora. Zane acabou descobrindo que ela havia se casado cinco
anos depois de partir e que tinha um casal de irmãos adolescentes agora. Que sua mãe se tornara uma
decorada de certo sucesso na Inglaterra. Disse-lhe também, que estava em uma boa situação
financeira e que poderia ajudá-lo se o necessitasse:
— De forma alguma quero seu dinheiro! — recusou firme — Vivo bem com o que tenho... — ele
se interrompeu assim que seu celular vibrou na mesa.
Mas suspirou desanimado. Não importava quem era só que não era Quinn:
— Está esperando uma ligação?
— Não... Quero dizer, sim, — Ele correu a mão sobre o rosto, sem conseguir esconder sua
exasperação.
— É daquela moça bonita que estava na sua casa? — Emma foi perspicaz. — Gostei muito dela,
sabe? Muito simpática e educada.
Zane não pôde evitar de se lembrar dela:
— Ela é realmente especial!
— É sua garota, certo?
— Ah... — ficou sem saber o que dizer por um momento. O que fazia dela sua garota? Não parar
de pensar nas horas em que ficavam juntos? Adorar seu corpo quente e aconchegante? Se inebriar
com o cheiro que emanava daquela pele sedosa? Estar a ponto de enlouquecer, só de pensar que
nunca mais faria amor com ela? Nem veria seu sorriso sedutor? Provaria de seus lábios doces? Não
poder mais admirá-la enquanto dormia ao seu lado? Não acordar com a essência de maçã verde se
desprendendo dos cabelos dela? Não sabia se conseguiria viver sem tudo isso. Então, de toda forma
possível, Quinn era sim sua garota. Era a garota — Sim, ela é! — resumiu.

Já fazia duas horas que estava em casa e Quinn estava ansiosa, nervosa, muito agitada. Sabia que
a qualquer momento, Zane bateria a sua porta. Ele disse que o faria, em uma de suas inúmeras
mensagens.
Mas quanto mais se recordava das fotos, mais furiosa e magoada ficava. Tentava imaginar qual
seria sua explicação para elas estarem ali e nenhuma delas agradava-a. E também sabia que poderia
se portar como uma idiota perto dele! Bastaria que lhe sorrisse da forma preguiçosa que deixava sua
calcinha molhada, ou que a tocasse que estaria entregue! E não queria bancar essa garota! Uma boba
apaixonada que se rende tão facilmente. E com o tamanho da saudade que estava de seu grandão, era
bem isso que poderia acontecer!
Sendo assim, ligou para Gwen e Júlia:
— Meninas, eu preciso de uma noitada! Quem topa?

Zane já havia esmurrado a porta, gritado por Quinn até os vizinhos reclamarem. Era fato: ela não
estava em casa. Isso o deixou furioso e intrigado. Havia avisado que viria e se ela não estava ali,
logicamente o estava evitando, deliberadamente!
Sem conseguir se conter, chutou fortemente a porta, deixando a marca de sua bota na madeira.
Sentou-se em Delayla, correndo as mãos sobre sua cabeça e deixando os dedos cruzados na nuca.
Onde a encontraria? Por que agora estava fugindo dele? Inferno, o que ele poderia ter feito para
causar essa bagunça?
Quinn não era o tipo de garota que fazia essas coisas! Era centrada, bem resolvida. Algo estava
bem errado e desconfiava que poderia ter sido culpa dele... Mas que porra poderia ter feito?
De repente, seu celular começou a vibrar e mais que rapidamente ele o retirou do bolso dianteiro
da calça, pensando ser ela. Suspirou já pensando em devolver o aparelho no bolso, ao ver que era de
Camille.
Mas sua curiosidade falou mais alto. O que aquela louca ainda tinha para lhe dizer?

Por que será que prevejo problemas no paraíso?

Começava sarcástica, claro. O que ela queria dizer? Prosseguiu a leitura:

Será que está procurando aquela cadela afetada da Quinn?

Ok, ela tinha conseguido a atenção dele.

Porque não a procura naquela sorveteria em que a levou? Acho que vai ter uma surpresa,
otário!

A essa altura, Zane já bufava de raiva. Não devia cair na dela. Mas, inferno, aquela vagabunda o
tinha deixado extremamente curioso. Ponderando se devia compactuar com as sandices da outra,
acabou por decidir verificar. O que poderia encontrar?
Colocando o capacete, imprimiu toda velocidade capaz que Delayla obtinha. A cabeça de Zane
estava a mil. Quinn estaria lá? Sozinha? Ou pior; acompanhada?
Não, ela não faria isso... Faria? Teria se enganado tanta assim sobre o caráter dela?
Em poucos minutos parava em frente ao estabelecimento lotado. E para infelicidade dele, não foi
difícil localizar Quinn... Acompanhada por outro homem que segurava sua mão.
O sangue ferveu em suas veias. Ela havia cansado de brincar com ele e já arranjara outro
brinquedinho? E para piorar a merda da situação, o outro parecia ser um grã-fino, um filhinho de
papai cheio da grana.
Contraindo o maxilar, vislumbrou as mãos unidas. Não podia ver a face de Quinn, de onde estava,
mas ela não parecia ter pressa em liberar-se do contato.
Aquele idiota não tinha o direito de tocar nela! Era sua garota, inferno! Ao menos era assim que
pensava, dois dias antes.
A vontade de arrancar a cabeça do sujeito só aumentou quando esse acariciou de leve o braço
dela. Sem hesitar, caminhou a passos duros até a mesa.
Quinn não conseguiu disfarçar outro suspiro enfadonho. E resistia a muito custo em não dar um
puxão em sua mão que Ashton insistentemente segurava. Só não queria fazer uma cena no meio do
salão repleto de conhecidos. Sabia que de qualquer forma seriam o assunto do dia seguinte, mas que
não fosse por causa de um escândalo. Pois o que de fato tinha vontade era de esfregar o restante de
seu sorvete derretido na cara de seu ex. presunçoso.
— Quando disse que íamos ter uma noitada, — resmungará Gwen, quando entraram na sorveteria
— pensei que seria regada a bebidas, dança e quem sabe sexo quente com um desconhecido, não à...
Sorvete? — ela apontava o enorme cartaz no alto do estabelecimento.
— Amiga, estou mal e se começar a beber, acho que não paro mais! Então, prefiro boicotar minha
dieta que meu cérebro!
Mas, para sua total infelicidade, Ashton apareceu do nada e insistiu em conversar com ela. Bastou
um olhar a volta para perceber que todos seus conhecidos estavam espalhados pelo lugar e os
encaravam com curiosidade. Não teve outra saída a não ser aceitar.
E então era a mesma ladainha de sempre, que estava arrependido, que a amava, que a queria de
volta...
Sobressaltou-se, ao que Zane se materializou ao lado da mesa, com cara de poucos amigos:
— Quinn! — disse de forma seca, seus olhos a queimando.
— Zane? — não conseguiu evitar exclamar.
Quando os olhos dele pousaram em suas mãos unidas, retirou-a imediatamente. O que ele estava
fazendo ali? E, oh, Deus, como sentira sua falta! Parecia cansado, o queixo sombreado pela barba
crescida. Ainda assim, tão lindo!
Só percebeu que ficaram se encarando mutuamente, quando Ashton limpou a garganta para chamar
a atenção deles para si:
— Hã... Ashton, esse é Zane Hudson — viu-se forçada a apresentá-los — Zane, Ashton Dawson...
— O noivo dela! — dizia o outro, colocando-se de pé e estendendo a mão, de forma arrogante.
Zane curvou a cabeça, suas sobrancelhas quase unidas, encarando-a de forma interrogativa,
ignorando solenemente o homem a sua frente e sua mão pairada no ar:
— Ex! — Quinn se apreçou em corrigir — Ex-noivo!
— Mas estou fazendo de tudo para que me aceite de volta... Então, se não se importa, amigão...
— E se eu me importar? — Zane o encarou, seu maxilar contraído, um olhar mortífero, os punhos
cerrados — e eu, com certeza, não sou seu amigão!
Notou quando Ashton engoliu em seco, mas manteve o olhar travado em seu oponente. Eram quase
da mesma altura, mas Zane tinha o dobro de sua massa em músculos. E se resolvesse acertar seu
ex.... Ele não teria chance nenhuma.
Notou que toda a sorveteria os encarava com interesse, naquela altura. Teve de intervir:
— Garotos, por favor. Comportem-se!
— Eu preciso falar com você, Quinn! — Zane foi direto, encarando-a de forma autoritária.
Foi o estopim para Quinn. Como usava aquele tom com ela e em público?
Cruzando os braços de forma petulante, o que não era de seu feitio e só faltando bater o pé,
retrucou:
— No momento não posso!
Zane estreitou seus olhos, parecendo não acreditar naquilo tudo. Então seu olhar voltou a um
Ashton que não disfarçava sua satisfação.
Temeu que seu ex. pudesse perder o queixo, tamanho era a raiva com que Zane o encarava. Mas
esse, depois de lhe dirigir um olhar frio, começou a se encaminhar para a saída a passos duros.
Mas Quinn não resistiu e seguiu em seu encalço, quase tendo de correr para alcançá-lo, já no
estacionamento:
— Hey, como me encontrou? — foi tudo o que conseguiu pensar em dizer, para chamar sua
atenção.
— Isso realmente interessa? — então ele parava abruptamente, encarando-a — Ele era a razão de
você não responder minhas chamadas, minhas mensagens patéticas?
Ela definitivamente não podia suportar mais e explodiu:
— Trate de maneirar esse tom comigo, Grandão! Então se acha no direito de ficar enfurecido a me
ver conversar com meu ex? — cuspiu as palavras, sem conseguir evitar o fato — E o que eu deveria
pensar, quando encontro fotos, quase pornográficas daquela branquela no seu armário? — e lá estava
ela, jogando os fatos na cara dele.
— O quê? — ele de fato pareceu surpreso — De que fotos está...
Mas quando se interrompeu sua expressão se suavizando e então ele empalidecia, ela soube:
— Parece que lembrou-se agora, certo?
Zane ficou quieto e evitou seu olhar. Não era necessária uma confissão:
— Onde as encontrou? — seu tom era baixo.
— Não estava bisbilhotando, se é o que pensa — continuou atacando, já fora de controle — Eu
procurava uma toalha e encontrei aquela. Mas ela já tinha dona: Cami!
A forma como continuava fazia com que ele evitasse encará-la... Talvez para que não visse culpa
em seus olhos? Bem, ele não estava necessariamente se defendendo.
— Ah! Quer saber? — erguia as mãos, exausta, consumida pela situação — Eu não posso fazer
parte disso! Você que resolva o que de fato deseja! — e para sua infelicidade, as lágrimas
ameaçavam aparecer, aterrorizando-a — Não quero falar sobre isso! — deu-lhe as costas, para que
não visse seus olhos marejados — Tenho de voltar...
— Claro! — ele soava sarcástico — Por que desperdiçar essa oportunidade de reatar com aquele
franguinho?
— O quê? — quase gritou, frustrada e ainda furiosa. Era fato: estavam discutindo e ele não havia
sequer se desculpado pelas fotos.
— Olhe para nós! — apontava para ele e para a sorveteria, como se indicasse a direção de
Ashton — As diferenças são gritantes! É fato, vocês sempre voltam para os seus!
Quinn entendeu o que ele estava querendo dizer e retrucou entredentes:
— Não ouse me comparar com aquela vadia!
— Não! — ele meneava a cabeça, veementemente — Vocês são sim muito diferentes. Mas uma
coisa tem sim em comum: no final, sempre vão preferir os caras do seu meio!
E deu-lhe as costas, montando em Delayla e saindo do estacionamento a plena velocidade.
22º

Depois que Zane partiu, Quinn ficou estática no lugar, tentando assimilar o que acontecera. Ele
tivera a audácia de compará-la com Camille, aquela vaca?
Rolando os olhos para impedir as lágrimas, voltou para a sorveteria.
— Estou indo embora... — comunicou a Ashton, assim que alcançou a mesa, já recolhendo sua
bolsa.
— Eu ainda não estou acreditando que me deixou plantado aqui, para correr atrás daquele
troglodita! — resmungava, petulante — E agora, provavelmente está indo embora com ele! — foi
direto, mas seu tom era baixo. Com certeza não queria que seus amigos ouvissem que havia sido
trocado por exemplar como Zane — Você está fodendo com ele, Quinn?
Ela deteve seus movimentos e o encarou firme. Ficou revoltada com toda a arrogância, daquele
que por sete anos, fora o homem de sua vida. Um ser patético, filhinho de papai, mimado dos
infernos!
— E se eu estiver? Isso é da sua conta? Que eu saiba, estou solteira! — acusou — Bem diferente
de você, quando levou aquelas duas vagabundas para foder na casa que seria nossa, em poucos
meses! — cuspiu as verdades na cara dele.
Viu o ex empalidecer e olhar a volta, provavelmente temendo que alguém os tivesse ouvido.
— Eu já pedi desculpas... — murmurou, agora suas faces num vermelho vibrante.
— Eu até posso perdoar, mas esquecer nunca! Quer saber de uma coisa, Ashton? — sentava-se
novamente, atacando-o irada — Quando eu olho para sua cara, tudo o que me vem à mente, é aquela
vaca que te sugava como louca, como se fosse arrancar seu pau fora, enquanto você tinha a cabeça
enfiada no meio das pernas da outra vagabunda! E isso me dá nojo!
— De mim?
Oh, ele era patético!
— Sim, de você! E eu tenho mantido isso só para mim...
— Eu sei que contou para suas amigas! — retrucou — Aquela Gwen me metralha com os olhos e
Júlia nem conversa mais comigo...
— Elas são leais! Coisa que você não foi! Divido tudo com elas, mas tenho certeza de que não
vão contar para ninguém. E não quero que seus pais ou os meus saibam dessa merda toda, porque sei
que seria uma decepção enorme! Minha mãe te tem num pedestal! Mas, juro, se não parar de me
atormentar, vou gritar tudo isso aos quatro ventos, está me ouvindo? Entenda: deixe-me em paz, de
uma vez por todas!
— E Valentine sabe que anda fodendo com um sujeito como aquele? — sua pergunta soou com um
tom de ameaça, enquanto ele tinha um sorriso soberbo na cara que um dia achara bonita.
Quinn meneou a cabeça levemente, sua boca curvada para baixo, sentindo o asco por aquele
sujeito aumentar. Sem pensar duas vezes, pegou a taça de seu sorvete derretido e o despejou sobre a
cabeça dele, sorrindo de puro deleite. Ele ficou sem ação, a boca aberta, enquanto o líquido melava
seus belos cabelos, cuidadosamente penteados.
Àquela altura, todos vaiam, aplaudiam e riam muito a volta deles. Quinn apenas deu de ombros e
partiu. Sentia a alma lavada em relação ao seu ex.
Mas ao alcançar seu pequeno Corvette, quando já estava sentada de frente ao volante, o silêncio a
dominando, foi que sentiu a realidade voltando. Ele não disse nada sobre as fotos. Nem uma
justificativa sequer de tê-las em sua casa, tão ao alcance de suas mãos.
O que acontecera, afinal? Fora o fim? Ele estava saindo de sua vida?
Ela engoliu em seco, sua respiração ofegante, como se não encontrasse mais ar... Havia perdido
seu grandão?
Um soluço involuntário a sacudiu. Então outro, e outro... Logo desabava em lágrimas que lhe
turvavam a visão.
Mesmo tendo seu corpo trêmulo, resolveu que precisava sair dali. Logo Gwen e Júlia, que ainda
estavam dentro da sorveteria viriam atrás dela e não queria que as suas amigas a vissem naquele
estado.

Assim que chegou a sua casa, tomado pela ira, Zane deixou a porta bater com estrondo. Mas isso
não amenizou sua raiva. Não podia acreditar que Quinn ainda estava lá com seu ex-noivo, aquele
merdinha arrogante!
Num acesso de fúria, lançou o capacete que ainda estava em sua mão contra a parede. A força foi
tanta que a peça se partiu ao meio, um buraco se fez no concreto e todos os quadros foram ao chão.
Estava sim, se sentindo um babaca pelo que havia dito a ela. Nunca deveria ter insinuado que
tivesse qualquer semelhança com a louca! Mas fora tomado pela raiva. Ficou magoado por ela ter
preferido ficar com Asthon
As fotos! Ele se lembrou num estalo. Correu para seu quarto, buscando por elas. E ficou chocado
quando as encontrou.
Não era possível! Ele as tinha queimado, assim que voltou da reabilitação! De repente, uma
constatação o atingiu! Só havia um modo daquelas malditas fotos estarem ali: Camille!
Ele fechou os olhos. Não se defendera ao ser acusado de tê-las, porque temia saber de que fotos
Quinn falava.
Bastou examiná-las rapidamente que um gemido de agonia escapou de sua garganta. Quinn tinha
toda a razão em estar furiosa! Se ela viu tudo o que tinha ali. OH, merda! Estava de fato ferrado!
Amontoando todo aquele conteúdo dentro da toalha, seguiu para o quintal de sua casa, pegou uma
garrafa de álcool e fósforos ao passar pela cozinha. Jogou tudo dentro do cesto de lixo, jogando o
líquido inflamável em cima, deixando tudo muito molhado e ateou fogo, assim como fizera atrás,
quando já estava recuperado de todos seus vícios, inclusive de Camille.
Dela ele cuidaria mais tarde. No momento, precisava correr de volta à sorveteria e pedir perdão à
Quinn! Jogaria ela nos ombros e a arrastaria com ele se ela não quisesse ouvi-lo. E se aquela merda
de seu ex-noivo tentasse interferir. Melhor ainda! Estava louco para quebrar alguns daqueles dentes
brancos dele!

Quinn estacionou em frente a sua garagem e desceu. Nem tinha fechado a porta do Corvette ainda,
quando o clarão de um farol a alcançou e cegou por poucos segundos. Então, Zane se aproximava
devagar.
Ela bufou e revirou os olhos ao vê-lo descer de Delayla. Inferno, por que tão grande, sexy,
parecendo perigoso com aquela cara de mal?
— O que está fazendo aqui? Está me seguindo? — atacou, já fazendo seu caminho para a entrada
de casa.
Odiava agir como uma criança birrenta, mas estava tomada pelo ciúme. Era a primeira vez que
experimentava aquele sentimento e não estava gostando nada dele!
— Não! Bem, não — ele seguia em seu encalço — Eu voltei à sorveteria e não a encontrei mais.
Então resolvi vir para cá e esperar...
Já com a chave na fechadura, evitava encará-lo. Não queria que notasse seus olhos inchados.
— Me esperar? – foi sarcástica — E se eu resolvesse não voltar? Quem sabe estivesse por aí,
comemorando ter reatado meu noivado!
Zane contraiu o maxilar, nem querendo imaginar aquela hipótese. Segurou a porta que ela jogou.
Talvez com a intenção de acertá-lo:
— Era um risco. Mas você voltou. Sinal de que não deve ter voltado com aquele... Sujeito, certo?
Despindo sua jaqueta, a jogou, com sua bolsa e chaves sobre o sofá. Inquieta, alisou o vestido
leve que usava. Então correu as mãos sobre os cabelos:
— Zane, escute, estou cansada, minha cabeça está explodindo, por favor, vá embora. Eu não quero
falar sobre... — suspirou profundamente — oh, Deus, eu só quero que esse dia termine! — deu-lhe as
costas para que não notasse que seus olhos estavam de novo marejados.
Zane veio lhe segurar os braços, seu corpo grande encostando-se a suas costas, seus lábios junto a
seus cabelos. Ela conteve uma respiração. Era tão bom estar de volta ao aconchego do corpo dele!
Era como se fosse seu lugar de direito.
— Eu voltei naquela sorveteria disposto a quebrar cada dedo daquele maldito, por ousar tocar em
você! — confessava entredentes.
— Zane...
— Eu fiquei fora de mim, quando te vi com ele! — o nariz dele se esfregava em cabelos — Você.
É. Minha! Não posso suportar pensar em outro homem tocando em você, Quinn! Eu enlouqueço com
essa simples ideia!
— Por favor, não faça isso... — era agoniante ele falar aquelas coisas, quando mantinhas aquelas
imagens para si.
— Eu fui até a minha casa e encontrei aquelas fotos...
Ela enrijeceu:
— Não! Não quero falar delas! Me Machuca muito!
— Eu não tinha mais aquelas fotos, Quinn! — sacudiu-a de leve, como se para reforçar o que
dizia — Precisa acreditar em mim! Eu as queimei, assim que voltei da reabilitação. Não tinha como
elas estarem ali! Só há uma explicação para isso.
Quinn de repente ficou muito interessada no que ele dizia e girou em seu eixo, dentro dos braços
dele, uma ponta de esperança a invadindo:
— O que está tentando me dizer?
— Eu nunca troquei as fechaduras e Camille tinha todas as chaves — seu tom era grave, seu olhar
sério, suplicante — Ela pode ter colocado aquelas fotos lá e sabe o que mais pode ter espalhado pela
minha casa para que você encontrasse.
Ela franziu o cenho. Aquela cadela ruiva bem que podia ter feito isso! Não duvidava nem por um
segundo do que era capaz. Sentiu um grande alívio a invadir. Ele realmente não tinha mais qualquer
interesse na outra?
— Você acredita em mim, anjo? — Zane dizia baixinho, erguendo seu queixo — Por favor,
preciso que acredite! Esses dois dias longe de você quase me enlouqueceram! — beijou sua testa e
confessou num sussurro — eu preciso de você!
— Ela disse que o que vocês tiveram foi muito intenso, que ela ainda está em você...
— Quinn, não acredite em nada do que aquela maníaca diz, porque é tudo o que ela é: uma
maníaca! Escute uma coisa e nunca se esqueça, ok? — segurou seu rosto para que o fitasse — Eu sou
louco por você, bonequinha!
Um sorriso brincou nos lábios dela, pouco antes que ele os tomasse. A forma como ele deixou
aquelas palavras saírem de sua boca... Não havia como não serem reais. Beijou-a de forma sôfrega,
ansiosa:
— Senti tanta a falta dessa sua boca! — murmurou, provando-a de novo — Desse seu corpo
quente! — abraçou-a forte, moldando seu corpo ao dele.
— Zane! — foi só o que conseguiu balbuciar, antes de lhe envolver o pescoço grosso, entregue ao
beijo, cheia de saudade e alívio.
Ele devorou seus lábios, agarrando seus cabelos, mordendo sua boca e depois a acalmando com
beijos:
— Minha! — grunhiu junto a sua garganta.
Gravou seus dentes na curva entre seu pescoço e ombro, como se para marcá-la. A marca de Zane
em sua pele. Quinn gemeu. Já estava mais que entregue. Queria aquele homem impregnado em sua
pele, dentro de seu corpo.
Logo ele alcançava a barra de seu vestido, subindo-a e fazendo a saia da peça se amontoar em sua
cintura. As mãos grandes vieram lhe apertar o traseiro, grosseiramente, fazendo seu ventre sentir a
dureza de seu membro:
— Obrigado por usar esse vestido, bebê — sussurrou logo abaixo de sua orelha, aproveitando
para mordiscar seu lóbulo.
Quinn riu, empurrando a jaqueta dele fora e então subindo sua camiseta, até que também estivesse
no chão. Gravou as unhas em suas costas largas, enquanto ele distribuía beijos em seu colo. Quando a
roupa não lhe permitiu avançar, puxou-a para cima, retirando-a pela cabeça.
Então se colocava de joelhos, admirando suas curvas, mal cobertas por um sutiã e calcinha
minúscula de renda preta.
— Tão fodidamente linda! — murmurou, sua boca provando a pele de sua cintura, enquanto suas
mãos calejadas roçava-a, marcando-a.
Quinn baixou seu olhar para o homem a sua frente. Tão lindamente rústico, másculo, adorando seu
corpo. Os olhos verdes nunca deixando os seus, mesmo agora que sua língua deslizava por seu ventre
chato, fazendo a respiração acelerar.
Quando encontrou seu umbigo, brincou com ele, enquanto lhe apalpava suas nádegas, suas unhas
curvas a marcando.
Então, endereçando-lhe um olhar predador, ele foi descendo, até seu nariz roçar na vagina quente,
úmida, pulsante, ansiosa por tudo dele.
Com lábios abertos, o vislumbrou absorver sua essência, com um gemido de apreciação:
— Eu amo seu cheiro, Quinn. Me diz que está excitada, pronta para mim!
Ela engoliu em seco. Não tinha voz para responder, ainda mais quando os dedos grossos vieram
lhe atormentar, correndo para frente e para trás em sua abertura. Teve de se agarrar aos seus ombros
fortes, pois suas pernas estavam a ponto de se transformar em gelatina.
— Eu não disse? Molhadinha, tão pronta!
— Zane! — murmurou num gemido, agora que ele brincava com clitóris inchado e sensível e sua
boca mordiscava logo acima da linda calcinha.
— O que você quer, anjo? Sou todo seu!
— Você! Eu preciso de você!
— Onde, Quinny?
— Dentro de mim!
— Oh, eu vou, bonequinha! Bem fundo e forte! Vou fodê-la com todo meu ser! — rapidamente se
colocava de pé, sedento de sua boca, possuindo-a, invadindo-a.
Livrou-a do sutiã, acolhendo os seios rijos em suas mãos. Puxando-a para cima, fez com que lhe
enlaçasse o quadril, abocanhando um biquinho túrgido que surgia diante de seus lábios. Caminhava
lentamente em direção ao quarto, degustando um mamilo, depois o outro, torturando-os com
mordidas, lambidas e sendo sugados com força.
Sentindo a cama logo abaixo deles, Zane a jogou sobre os lençóis, fazendo-a rir. Como ele
adorava aquele som.
— Você está tomando anticoncepcionais, bonequinha? — perguntava, de pé, enquanto fuçava em
seu cinto, sob o olhar aguçado de Quinn, apoiada sobre seus cotovelos.
— Hum, por que essa pergunta, grandão?
— Porque eu estou louco para sentir sua bocetinha engolindo meu pau, sem nenhuma porra de
barreira!
Os seios alvos dela se elevaram junto com uma respiração mais profunda ao ouvir suas palavras.
Tão linda! Tão sexy! Ele morreria feliz se aquela fosse a última imagem que pudesse ver.
— Pedindo desse jeito — respondia de forma lânguida, erguendo um ombro.
Ele agora despia sua boxer branca e, oh, era tão magnífica nele! Quando o membro dele surgiu,
esplendidamente dura com uma rocha, teve de reformular seu pensamento: ele era divino nu!
— Olhe a animação dele, — dizia Zane, agarrando seu pênis lindo e o manipulando para ela — só
de pensar que estará dentro de você, em pouco tempo.
A vagina dela parecia ter vida própria, seus sucos inundando sua calcinha, a boca também
salivando por senti-lo:
— Eu não sei... Não posso vê-lo direito dessa distância. Por que não o traz para mais perto? —
esticando uma perna, roçou o pé no eixo dele, fazendo-o arfar, enquanto sorria com inocência.
Zane lhe endereçou um olhar mortal, agarrando um calcanhar, depois o outro:
— Você vai me pagar por essa, gracinha! — prometia.
— Não vejo a hora! — Quinn deslizou a língua pelos lábios, de forma provocativa.
Logo ele estava de joelhos na cama, entre as pernas dela. Beliscou um mamilo, com um pouco
mais de força, deixando a pele dela eriçada de desejo.
— Deixe-me ver você... — pedia, sua mão seguindo a linha da calcinha.
— Mais ainda? — o provocou.
— Sim! Quero ver cada pedacinho do seu corpo delicioso — juntando as pernas dela, as levando
para cima, puxou a única peça que a vestia e voltou a lhe esparramar as pernas, deixando-a toda
aberta aos olhos aguçados dele.
De forma alguma, se sentia tímida com ele. Era tudo tão natural. Mesmo agora que ele molhava os
dedos em sua boca e esses mesmos vinham separar seus grandes lábios, deixando-a ainda mais
exposta.
— Oh, Deus! Olhe isso! Tão perfeita! — sua outra mão ainda se manipulava e Quinn teve de
admitir que vê-lo fazer aquilo, a deixava alucinada, em ebulição.
Então ele trazia seu pau, lindamente adornado por seu piercing, com sua ponta brilhante por conta
de seu pré-sêmen, para roçar em toda a extensão de sua boceta quente.
Quinn gemeu, mordendo os lábios e movendo os quadris em direção a ele. O contato do
apadravya com seu clitóris. Geladinho! Ela se contorceu, uma mão deslizando por seu rosto, sua
boca e se detento num mamilo rijo, o torcendo, para deleite dele.
Zane agora encaixava a ponta do eixo em sua abertura, detendo-se por um instante:
— Você tem de olhar para isso, Quinn! — sugeriu, sua voz grave, carregada de possessão — Olhe
como nos encaixamos perfeitamente, anjo!
Ela voltou a se apoiar sobre seus cotovelos, e observou em êxtase quando ele se empurrava,
encontrando uma pequena resistência no começo. Mas então, toda a extensão dele sumia dentro dela,
fazendo-o urrar de prazer, jogando a cabeça para trás por um instante.
— Porra, Quinn! Isso é tão bom! Eu sinto seus músculos me aceitando, me aquecendo! — ele
retirou, quase que completamente o pau maciço e macio ao mesmo tempo, para voltar a mergulhar
fundo e lento. E de novo ele urrava — Eu posso morrer agora!
— Não ouse! — Quinn rebatia arfando, rebolando seus quadris para ele — Não sem terminar isso
aqui, Grandão!
Dentro de toda sua concentração para não perder o controle diante de tanto tesão, Zane riu
nervosamente para ela. Aquela garota era mesmo um achado! Como conseguia achar humor, quando
ele mal conseguia pensar?
Segurando os ombros dela, puxou-a para montá-lo, ele sentado em suas pernas dobradas.
— O que eu fiz para merecer você, bonequinha? — suas mãos se emaranharam nos cabelos dela e
buscou sua boca, sedento por seu beijo, com fome do gosto dela — Você é tão perfeita! Sou louco,
completamente louco por você, Quinn! — beijou-a com desespero, sua língua instigando, procurando
a sua, sugando-a, enquanto puxava-a com força contra seus quadris, num delicioso e frenético vai e
vem.
Ela mordeu o lábio dele, o prendendo. Temia abrir sua boca e dizer um monte de besteiras. O que
estava sentindo por aquele homem era tudo muito forte, de uma intensidade a qual não sabia lidar.
Ele estava possuindo não só seu corpo. Sua alma e seu coração estavam indo juntos no processo.
Agora que a fodia de forma cadenciada, profunda, levando-a a caminho de um orgasmo mágico.
Segurou o rosto dele entre suas mãos, fitando-o fixamente, esperando que não lesse em seus olhos, o
rebuliço de sentimentos que rolavam por dentro dela. Estava perdidamente apaixonada por aquele
homem! Era fato. Mesmo com o pouco tempo em que estavam juntos. Estava apaixonada por Zane
Hudson.
Enquanto segurava as ancas de Quinn, puxando-a contra si, fundindo seu corpo ao dela, ele não
podia acreditar no quanto aquela mulher mexia com sua cabeça. E era tudo nela: seu cheiro, o sabor
de sua pele, sua boceta apertada, quente, que parecia prendê-lo a ela. A forma como o encarava, com
admiração e... Havia algo mais ali que ele não podia identificar, mas que fazia seu coração bater
acelerado como uma bateria em um show de rock pesado.
Era linda, perfeita! Seus gemidos como música para ele. Teve de beijá-la uma vez e outra. Não
conseguia se deter. Precisava sentir todo tipo de conexão com o corpo de Quinn. Sua boca na boca
dela, seu pau enterrado fundo, suas mãos tocando cada centímetro daquela pele de seda.
O suor dela se misturando com o seu. Apoiando uma mão no coxão, com cuidado para não quebrar
o contato de seus corpos, deitou-a sob ele, a fitando fascinado. Arremeteu com força, fazendo-a jogar
sua cabeça para trás. As unhas delas se cravaram em suas costas, fazendo-o grunhir como um animal.
Nada no mundo era mais precioso que fazer amor com ela. Pertencia-lhe, assim como era todo
dela.
Constatando o óbvio, de que estava perdido de amor por sua bonequinha, tornou seus movimentos
desenfreados.
Quando ela arqueou o quadril alto, soube que havia alcançado seu auge. E sentiu uma sensação de
paz em seu peito, pouco antes de gozar feito louco, dentro de sua garota.
Como não podia deixar de ser, urrou no momento de seu prazer, ainda metendo contra uma
desmembrada, sorridente e saciada Quinn. Oh, ela sabia que o deixava fora de si.
Quando o último resquício de forças o abandonou, deixou-se desabar sobre o corpo dela,
completamente ofegante. Foi recebido por um beijo em seu ombro, pernas que ainda rondavam sua
cintura e um abraço ao qual desejava nunca sair. O coração dela batia tão descompassado quanto o
seu. Era a satisfação total, completa, como nunca experimentara antes. E tudo isso porque estava nos
braços de Quinn.
— Está tudo bem por aí, Grandão? — ela murmurou, preguiçosamente em seu ouvido.
Num esforço supremo, deixou seu pau ainda rijo, sair do corpo dela, sentindo seu sêmen, ali. Uma
estranha sensação de possessão o dominou. Ela era tão sua!
Só ergueu o dorso para fitá-la, acariciando sua face, retirando os cabelos grudados em seu rosto
bonito:
— Eu nunca me senti tão completo! — confessou, provando seus lábios com ternura.

— Se você tivesse me dito o que houve naquela manhã, tudo teria se resolvido, mocinha! —
ralhou, de forma divertida, agora que estavam sob uma ducha quente, ele esfregando as costas dela
com suavidade — Mas não, preferiu ficar me dizendo está tudo bem! — imitou-a e ela não pode
deixar de rir.
— Não brigue comigo, seu bobo! — voltou-se torcendo os cabelos, para retirar o excesso — Eu
estava em choque por ter visto tudo aquilo e também queria te poupar, já que estava resolvendo os
problemas com sua mãe. A propósito, como foi com sua irmã? Já se encontrou com sua mãe?
— Eu te digo depois — acariciou a face dela. — Lembra que me perguntou como encontrei-a?
— Sim.
— Foi através de uma mensagem de Camille.
— Aquela maldita! — balbuciou entredentes.
— A pergunta é como ela sabia onde você estava?
— Nós temos o mesmo círculo de amizades — ela mordiscou o peito dele — Não seria difícil
para ela descobrir.
— Me diga... — a fitou com uma ponta sombria no olhar, segurando seu queixo — você marcou
com seu ex-noivo naquela sorveteria?
— Não, Zane! — respondeu com firmeza, para que não tivesse nenhuma dúvida. Notou-o soltar a
ar, parecendo aliviado — Estava lá com minhas amigas e ele surgiu do nada!
— Não acha isso estranho?
— Agora que falou...
— Seria possível que ele e Camille estejam juntos nessa?
— Hum... Creio que não. Ashton é muito sonso para isso! Mas ela pode bem ter avisado a ele
onde eu estava e depois a você, para que nos pegasse juntos!
— Não duvido de nada! Ela é maquiavélica, manipuladora! — acariciou o queixo dela, sua voz
baixa, como uma carícia — Sabe, eu fiquei muito mal vendo você conversando com aquele cara. E
ele segurando a sua mão... — pegou-a entre as suas, como se revendo a cena.
— Não viu o que fiz com ele depois, meu caro! O deixei todo melado de sorvete! Deve tomar um
banho agora e não tão gostoso como o nosso, já que o ego dele deve estar lá embaixo — sorri de
forma perversa.
— Melhor assim! — enrolando os cabelos dela em seu pulso, os puxou para trás, de forma
possessiva — se eu ver aquele merdinha com as mãos em minha garota de novo... Eu juro, quebro
todos os dentes brancos que ele possui naquela boca!
Ouvi-lo dizer que era sua garota, de forma tão possessiva, fazia as entranhas de Quinn se revirar e
sua vagina pulsar. Mas não perderia a oportunidade de provocá-lo:
— Alto lá, Grandão! Não sou sua garota! — colocou um dedo em riste — Sou sua amiga com
benefícios, lembra?
— O inferno que não é! — segurou o rosto dela firme em sua mão, enquanto a outra a puxava
duramente contra seu peito — Arranco as bolas do sujeito que disser o contrário!
— Mas eu sou uma menina! O que vai fazer comigo? — lambeu lentamente o lábio dele.
Zane sorriu de lado, perigosamente sedutor e lhe sussurrou:
— É ainda mais fácil. Vou fodê-la até fritar seu cérebro.
— É uma ameaça?
— É uma promessa!
23º

Zane acordou com um belo tapa na cara. De início se assustou, mas então recordou-se de que
passara a noite com Quinn. Ela tinha um sono agitado e gostava de se espalhar toda na cama.
Sorrindo, abriu os olhos para encontrá-la aninhada ao seu ombro com os cabelos lhe cobrindo a face
delicada. Com cuidado para não despertá-la, retirou a mão que lhe acertara o rosto e colocou-se de
lado, apoiando-se num cotovelo para admirá-la.
Mesmo dormindo profundamente, era tão linda! Retirou os fios castanho-escuros que cobriam seu
rosto, para poder continuar a observá-la. Tocou a ponta de seu nariz arrebitado com um dedo. Ela
balbuciou algo em protesto, mas não despertou. Sentia uma paz interior, tendo-a ao seu lado. Parecia
que tudo daria certo.
Seus olhos passearam pelo seu corpo nu, os seios alvos entre cobertos pelo braço dela, seu ventre
chato, as coxas roliças enroscadas nas suas. Sentiu o desejo de voltar a toda, mesmo tendo feito amor
com ela repetidas vezes naquela noite.
Consultou as horas em seu celular, depositado no criado-mudo ao lado da cama. Já passavam um
pouco das sete. Já não era assim tão cedo. Sorrindo com malícia, pensou que talvez ela não se
importasse em ser despertada.

Quinn estava nesse sonho delicioso. Seu corpo era assaltado por ondas de prazer. Seu clitóris
sensível era atacado suavemente por delicados golpes. Antes mesmo de abrir os olhos, gemeu e
soube que não estava sonhando.
As mãos grandes de Zane lhe seguravam as coxas separadas, enquanto sua cabeça estava entre
elas. Ele chupou seu pequeno botão e agora ela estava bem desperta, gemendo alto dessa vez, em
meio a um sorriso.
Rebolando os quadris em direção a ele, deixou sua mão pousar em sua cabeça, acariciando-o:
— Acho que não existe no mundo melhor maneira de se despertada! — sentiu o riso dele junto a
sua pele sensível e se arrepiou toda.
— Eu juro que minha intenção não era te acordar — dizia ele, de forma abafada contra suas
dobras femininas.
— Hum... — voltou a gemer, sentindo a languidez se espalhar por seu corpo, um frio em seu
baixo-ventre... — acredito!
— Por que não relaxa e fica quietinha? Estou no meio de algo muito importante aqui...
Quinn tentou rir, mas teve de morder o lábio diante de outra lambida deliciosa:
— Longe de mim interrompê-lo, meu querido! — Quinn ajeitou suas pernas sobre os ombros dele
e suas mãos subiram para agarrar o travesseiro.
E deixou-se apreciar o momento.

Depois de deixá-la como que desmembrada com um delicioso orgasmo, Zane escalava seu corpo,
subindo e distribuindo beijos com pequenas mordidas por onde passava. Quando alcançou seus seios
alvos, de lindos biquinhos marrons, se deteve neles, juntando-os com as mãos, lambendo e sugando
um, depois o outro.
— Hum, eu já disse que você sabe como usar sua língua?
Zane forçou uma cara séria, torcendo sua linda boca:
— Creio que não!
— Pois saiba que você faz maravilhas com ela, grandão! — o puxava para beijá-lo, sentindo
ainda seu gosto na boca dele. Era excitante. — Mas tente não ficar convencido, ok? — murmurava
junto a sua boca.
Ele somente sorriu e lhe endereçou uma piscadela sexy e baixou sua cabeça de novo para beijá-la
com paixão.
Zane estava encaixado entre suas pernas, sua mão lhe acariciando a coxas de pele macia. Podia
penetrá-la quando quisesse, pois estava molhada, quente, ansiosa e pronta para recebê-lo. E o pau
teso dele roçava deliciosamente em sua vagina, mas ele deteve o movimento e a encarou:
— Quinny, nós nos deixamos levar pelo calor do momento ontem e nem conversamos... —
acariciava sua face com carinho, seu tom era sério — Quero que saiba que estou cem por cento,
limpo, saudável. Eu nunca compartilhei agulhas. Aliás, nunca usei drogas injetáveis. Eu só... —
franzia o cenho, baixando os olhos, como se tivesse vergonha do que dizia — cheirei mesmo. E sou
doador de sangue, então... Só queria te tranquilizar, meu anjo.
Quinn ficou de fato tocada pelo cuidado dele:
— Confio em você, Zane. Mas fico muito agradecida que se importe em me informar. Quanto a
mim... — enfiando sua mão entre seus corpos, alcançou o membro rijo como pedra, fazendo-o arfar e
grunhir baixinho. O encaixou entre suas dobras e enlaçou os quadris dele e deixou que a invadisse,
lentamente, com o cuidado que ele sempre tinha para não machucá-la — totalmente limpa! Tomo
pílula e eu nunca fiz sexo antes sem proteção. Você foi meu primeiro.
Zane se moveu contra ela, admirando sua face:
— Você é preciosa, Quinn! Uma garota muito especial e eu sei que sou um filho da mãe sortudo
por ter você.

Após um banho, Zane adentrou na cozinha e se deparou com Quinn lhe estendendo um prato com
ovos mexidos, toda orgulhosa:
— Você cozinhou? — ele se espantava.
— Sim! — Quinn exclamava feliz. Então sacudiu o smartphone em direção a ele, dizendo — a
internet é uma mãe!
— Sim, porque fazer ovos mexidos têm muitos segredos! — balbuciava, Zane divertido.
— Hey! — Quinn ralhava com uma mão na cintura — ovos mexidos com ervas finas, cara!
— Se está dizendo... Vamos provar! — ele se acomodou no balcão e levou o prato a altura do
nariz, sentindo o aroma da comida — É, o cheiro não está mau.
Diante da ansiedade na face dela, Zane respirou fundo, fazendo drama e pegou uma garfada. Ela
revirou os olhos, rindo.
Lentamente, ele levou a porção à boca e mastigou bem devagar. Então suas sobrancelhas se
erguiam de espanto.
— Hum! Está bom... — ele levou os dedos à boca, retirando dela um pedacinho de casca de ovo
— apesar disso — mostrou a ela.
— Ops! — dava de ombros, rindo — Me dê um desconto! Não é fácil quebrar a casca de um
ovo...
— Não, não é mesmo! — zombava Zane, levando outra garfada a boca — Um risco muito grande!
— Sem explodir todo o ovo, eu dizia! — concluía, rindo muito.
— Você não vai comer? — estranhava ele, ao ver que ela não se servia.
— Com certeza não! — afirmou ela com firmeza, cruzando os braços sobre os seios.
Zane abandonou o garfo sobre o prato, abruptamente:
— Ok! O que colocou nesses ovos?
— Hum, cianeto é um tempero? — brincava.
— Eu já disse que sou inocente pelas fotos, certo? Por que então está querendo me matar?
— E se eu não tiver acreditado? — provocava erguendo uma sobrancelha.
— Pois agora você vai comer! — Zane a enlaçou pela cintura, mantendo-a no lugar. Alcançou
uma garfada farta e a levou aos lábios bem fechados de Quinn.
— Não! — gritava ela, tentando em vão se desvencilhar dele.
— Vamos, coma! Coma ou vou lhe fazer cócegas!
— Não, por favor! Eu não suporto cócegas!
— Então coma!
Quinn encarou o garfo a sua frente. Quando ameaçou cutucar uma costela com os dedos, ela gritou:
— Tudo bem! Eu como! — depois de respirar fundo, abriu a boca e fechou os olhos e aceitou a
porção.
Mastigou com cautela, mas também acabou surpresa:
— Eu não acredito! Está realmente bom! — assim ela recolheu o prato da mesa, o gafo da mão
dele e atacou a comida.
— Hey, isso não era para mim?
— Moço, é a primeira vez que faço algo de fato comestível, então deixe eu apreciar, ok? Você
que fique com as torradas! Ou então faça um para você! Os ingredientes estão ali! — apontava com o
garfo.
Zane meneou a cabeça, rindo enquanto se encaminhava para a pia:
— Eu não devia te feito você provar...
Quinn sentou-se no canto do balcão, vez por outra retirando pedaços da casca de ovos da boca:
— Zane? — agora era ela quem tinha um tom sério, observando a desenvoltura dele ao preparar
seu café.
— O quê?
— Eu realmente não queria falar disso, mas... Acho que preciso saber de toda a história sobre
você e Camille.
Percebeu que os ombros dele se tornaram um pouco rígidos:
— Por que isso, Quinn?
— Porque... Quando eu reencontrar aquela vaca, me perdoe o palavreado, tenho de estar
preparada.
Ouviu o suspiro dele. Não parecia estar confortável em falar e não era um assunto de preferência
dela, mas precisava ser discutido.
— Ok! O que quer saber?
— Comece do início: como a conheceu?
— Numa festa de amigos em comum. Quando a vi... Ela parecia um anjo, com seus cabelos
vermelhos!
Merda! Já estava quase arrependida de ter começado aquela conversa! Não lhe agradava em nada
a forma como ele falava da outra...
— Eu mal sabia que estava entrando na maior fria da minha vida! — agora ele despejava seu ovo
mexido num prato ao lado dela. Quinn logicamente roubou uma garfada — eu não era um santo, mas...
Eu bebia, como qualquer outro cara normal — apoiou suas mãos na quina do balcão e soltou uma
respiração — os pais dela acham que fui eu quem a colocou no mundo das drogas, quando na
verdade, foi o inverso. Ela fazia parecer divertido e eu caí nessa. Era o começo de uma tormenta! Eu
perdi meu controle, passei a beber até perder a noção... E vivia chapado! Realmente não gostava do
que eu havia me tornado! Acho que se cruzasse comigo naquela época, você sentiria nojo de mim! —
sua voz soou triste quando disse isso.
— Quanto tempo vocês ficaram juntos?
— Não durou um ano.
— E você sabia que ela estava com você ao mesmo tempo em que era noiva de Bruce? —
arriscou dizer, com cautela.
— Eu descobri isso, mais tarde. Na verdade, foi o pai dela quem me disse! Ele descobriu sobre
nós dois. E em um belo dia, surgiu na minha casa para buscá-la e me cuspiu essas e outras verdades
bem dolorosas na minha cara! — notou o maxilar dele contrair — não posso culpá-lo por me odiar!
Eu não era mesmo boa companhia para qualquer garota. Eu estava um lixo! O juiz arrastou sua filha
porta a fora e disse que ela ia se casar com um figurão de respeito da alta sociedade. Aquilo me
chocou e jurei que não a procuraria mais. Mas acho que eu era um pouco sádico, sabe? Ou minha
dependência estava nas alturas, pois dias depois, ela reapareceu na minha porta, com todo aquele
papo de que me amava, que tinha de manter aquele noivado que era de faixada para proteger a
carreira do pai que iria se tornar juiz... E eu a aceitei de volta! Até o dia em que ela surgiu, recolheu
todas suas coisas que estavam na minha casa e disse que eu havia sido um erro, que nunca mais
queria me ver. Eu fiquei fora de mim! Não queria deixá-la ir de forma alguma! — ele bufou num riso
triste — eu era patético! Quebrei toda a casa e não a deixava sair. Foi então que o Jake apareceu.
Graças a Deus, ele apareceu! Ela deve ter ligado para ele. Disse que já bastava, que queria o amigo
dele de volta e ia dar um jeito. E deu. Internou-me numa clínica de reabilitação. Na época, eu o odiei
por isso, pois foi uma internação compulsória, entende? Quando o dependente não quer ser
internado...
— Eu entendo...
— Mas hoje, sou muito grato pelo que fez por mim! Sempre digo que devo minha vida a ele!
— O cara é amigo mesmo!
— O melhor que posso ter! Quando sai da clínica, meses depois, eu havia voltado a ser eu
mesmo. Retomei meu trabalho na oficina, que eu havia abandonado antes, porque eu acreditava que
Jake estava pegando muito no meu pé. E apaguei Camille da minha vida! Só fui reencontrá-la dois
anos depois, na sua loja.
Quinn mordeu o lábio. Muito provavelmente ele não sabia o que levara a ruiva a deixá-lo. Sim,
temia contar e isso de alguma forma mexer com ele, mas... Não ficaria bem consigo mesma, se ele
não soubesse de todos os fatos.
— Zane, ela te contou porque partiu?
— Ora, para se casar com o outro, o que ela fez dias depois de me deixar!
Lá vai...
— Ela me disse que o pai dela ameaçou-a. Na verdade, ameaçou prender você por tráfico...
— O quê?! — ele exclamou chocado. — Mas eu nunca...
— Camille disse que sabia disso, mas o pai dela tinha como fazer isso. Você sabe, certo?
— Sim, eu sei disso...
A respiração de Quinn estava pesada, lenta. Estava na expectativa. O que dissera podia bem
mudar tudo. Agora ele sabia que se Camille o deixara, não fora por vontade própria. Notou que os
dedos dele estavam brancos, tamanha era a força com que segurava a quina de mármore. Seus olhos
estavam perdidos ao longe, seu cenho franzido, como se processando tudo o que acabara de ouvir.
Podia se arrepender de ter contado tudo aquilo, mas agora ele sabia que fora de fato amado e que
a outra fizera um sacrifício por amá-lo. Para protegê-lo. Apesar de todo mal que a mulher causara na
vida dele, fora uma vítima do pai dela também.
— Hey? — ele vinha se encaixar entre as pernas dela, segurando seu rosto para que o encarasse
— Nada disso importa mais. Sinto muito que ela passou, mas tenho de admitir que foi o melhor, ao
menos para mim. O que eu sentia por ela não era amor. Era obsessão, dependência! Nós fazíamos
mal um ao outro — o polegar dele acariciou o lábio inferior dela, olhando-a de forma... Apaixonada?
— É muito diferente do que tenho com você, Quinn — sua voz era baixa, grave — Pode soar
piegas, mas você me faz querer ser um homem melhor.
Um sorriso de alívio e felicidade brotou devagar nos lábios dela:
— E, porra garota, quando você sorri para mim desse jeito, meu coração parece que vai sair da
minha boca!
Antes que ele concluísse sua frase, Quinn tomou seu rosto entre suas mãos e o beijou. Com desejo,
carinho, com entrega. Aquele homem lhe pertencia! O olhar dele, o jeito que a abraçava apertado,
colando-a junto ao seu peito, exigindo mais daquele beijo. Dizia-lhe que Camille Fairfield não o
balançava mais. Ela não era mais uma ameaça.
Escorregando o traseiro para a beirada do balcão, entrelaçou suas pernas atrás das costas dele,
segurando-o apertado, gemendo quando encontrou a língua dele, pedindo passagem entre seus lábios.
Aceitou-a, sugando, enroscando na sua. Seus seios se esmagavam no tórax rijo e podia sentir o
coração dele pulsar agitado junto ao seu.

Zane a convidou para assistir uma apresentação que faria com Os infernais. Tocariam algumas
músicas e depois seria microfone aberto, para quem quisesse subir no palco e cantar.
Convidou Júlia e Gwen. A loira aceitou na hora, mas sua assistente disse que já tinha um
compromisso... Quinn sentiu que ela estava estranha, um pouco nervosa. Mas preferiu não comentar.
Podia ser um assunto particular dela. Quando se sentisse pronta, falaria com ela.
Perguntou ao Zane o que deveria vestir. Não sabia como era a boate, por isso queria estar
preparada. Assim, como ele disse que um jeans cairia bem, optou por um claro, bem justo... Sim,
queria provocá-lo. Uma regata branca sob uma jaqueta de couro azul, um rabo de cavalo, sapatos de
salto e estava pronta!
Estava muito excitada em vê-lo no palco!

Depois da passagem de som, Zane se ajeitou de frente à bateria. Matt assumiria a guitarra, pelo
menos naquela música. Estava feliz por seu amigo. O pouco que podia entender, ele andava
interessado numa garota careta e por isso estava tentando largar o vício. Tinha de admirá-lo pela
força de vontade. Zane sozinho não seria capaz de deixar as drogas, mas o cara estava firme em sua
opinião. O que o amor por uma garota não fazia?
Tinha de admitir que estava um pouco nervoso em tocar naquela noite. Quinn viria assisti-lo.
Esperava não errar as notas ao vê-la. Não pode evitar um sorriso ao pensar nela.
Carter tomou seu lugar de frente ao microfone, cumprimentando a plateia e em seguida
apresentando os integrantes da banda. O que era quase desnecessário, pois costumavam tocar ali com
frequência, mas era de praxe. Além de Carter nos vocais, Matt na guitarra, Zane na bateria, havia o
cabeludos loiro de Stevie no baixo. Ele deixava as garotas doidas com suas madeixas e sabia disso,
sempre dando um jeito de exibi-las com coreografias loucas. Sempre dizia que o que faltava na
cabeça de Zane, ele tinha na dele.
Logo eles estavam tocando Runin, de Adam Lambert, música a qual Carter adorava tocar.
Mal havia começado, ele avistou Quinn se aproximando do palco, junto de uma linda loira. Ela
lhe sorriu e acenou. Meu Deus, aquele sorriso!
Endereçou-lhe uma piscadela.

Ok. Se achava Zane Hudson um homem sexy, o que dizer daquele momento em que ele vestia uma
regata branca e um colete de couro sobre esta, deixando seus braços definidos e sua linda tatuagem à
mostra. Nos pulsos, pulseiras também em couro e cheias de taxas metálicas. Dava batidas vigoras na
bateria, tocando com maestria. Era uma visão de molhar calcinha! E por sorte, ele era todo seu!
Enviou-lhe um beijo.
— Uau! Que homens são esses? — Júlia exclamava em voz alta, por causa da música — Com
certeza eu quero um!
Quinn riu, jogando a cabeça para trás:
— Escolha qualquer um, meu bem, mas o baterista é todo meu! — brincou possessiva.
Júlia também riu e a empurrou com o ombro:
— Pessoalmente ele parece maior do que nas fotos! Sua vaca sortuda! Ele é um belo de um
gostoso!
— Sim e é todo meu!
A banda era muito boa! Agora atacavam de Two Princess, do Spin Doctors, dos anos 80. Estavam
levando a galera ao delírio! Ok, não era seu estilo de música, mas era contagiante demais para se
ficar parada e ela e Júlia estavam se acabando de tanto dançar.
Zane agora assumira a guitarra. Percebeu que algumas meninas gritavam seu nome. Pobrezinhas!
Sem chance alguma! Aquele homem pertencia a ela e somente a ela!
Na terceira música, estava sedenta! Chamou Júlia para irem buscar algo para beber. Fizeram os
pedidos ao barman e estavam aguardando quando ouviu essa voz irritantemente conhecida:
— Mas olhem se não é a cadelinha Armentrouth?
Quinn deixou uma exclamação escapar de sua boca antes de se virar para Camille Fairfield.
A ruiva a encarava com um sorriso cínico na cara, um copo de bebida numa mão e a outra na
cintura, numa postura desafiadora. E ela não estava sozinha, ao seu lado, tinha uma garota morena, de
aparência latina e muito mal-encarada. Mas se ela pensava que a assustava, estava muito enganada:
— O que você e essa branquela fazem por esses lados? Estão muito longe de casa, coisinhas?
Júlia fez menção de ir para cima de Camille, mas Quinn colocou a mão na frente de seu corpo,
impedindo-a.
— Realmente estou longe de casa! — Quinn concordou, encarando a outra de perto e com firmeza
— Não desconfia do que possa ter me trazido até aqui? Vim ver o show do meu homem, queridinha!
— disse com extremo prazer.
Oh, ela devia ter tirado uma foto da expressão da outra. Ficou muito pálida, o sorriso morreu em
sua boca vermelha e seus olhos se arregalaram.
— Está aqui... Com Zane?
— Oh, garota esperta! — foi cínica com a outra.
— Mas eu pensei...
— Pensou o quê? Que espalhar fotos e sabe mais Deus o quê, pela casa dele e dar o seu jeitinho
para que Zane me visse conversando com Ashton fosse o suficiente para nos separar? — soltou uma
alta gargalhada de escárnio na cara da garota que agora estava tomada pela ira — Infantil, até mesmo
para você, Camille! Tenho de admitir que discutimos, sim. Mas sabe o lado bom disso tudo? —
aproximou-se ainda mais da ruiva, provocando — A reconciliação foi uma delícia, regada a sexo,
muito sexo...
Antes de terminar sua frase, sentiu a bebida gelada que Camille trazia em sua mão, acertar seu
rosto. Conseguiu dar um passo atrás e evitar que lhe molhasse a roupa. Ainda tomada pela surpresa,
secou o rosto com a mão e olhou para Júlia. A outra deu de ombros, como quem diz se você for eu
vou atrás.
— Eu juro que não queria fazer isso, mas você está merecendo! — falou entredentes, antes de
acertar um tapa estalado na face da ruiva. O golpe foi tão forte, que Quinn sentiu sua palma e os
dedos doerem.
Uma Camille, extremamente surpresa, cambaleou para trás, com a mão sobre o rosto. Olhava para
a rival como se não acreditando no que ela fizera.
— Eu não devia, mas estou tão feliz por ter feito isso! — exclamou, soltando o ar dos pulmões
com força, para demonstrar seu alívio.
Mas ela sabia que aquilo não acabaria assim, tão facilmente. Dessa forma, já estava preparada
para retaliação, com Júlia do seu lado.
24º

Como Quinn supunha, assim que Camille se viu recuperada do tapa, partiu para cima e sua amiga
rumou para pegar Júlia. Mas o que a ruiva e sua parceira não imaginavam era que as garotas já
tinham tido aulas de defesa pessoal. Dessa forma, com dois movimentos, já tinham dado o golpe
chamado mata leão, imobilizando suas oponentes.
Camille e a latina se debatiam, na tentativa frustrada de escapar. Assim que a ruiva sossegou,
cansada, Quinn começou a dizer em seu ouvido:
— Eu tenho de dizer que você merecia mais uns tapas bem dados, garota! Uma surra a qual deve
ter lhe faltado quando era criança! E eu juro que minha vontade é de esfregar sua cara nesse chão
imundo! Mas não vou descer ao seu nível! Só quero lhe dar um aviso: deixe Zane e a mim em paz,
está entendendo? Seus joguinhos não serão suficientes para nos separar, então aceite que perdeu essa,
sua idiota!
Assim que notou a aproximação dos seguranças da casa, soltou a mulher e ergueu suas mãos, para
demonstrar que estava apenas se defendendo. Mas isso não foi o suficiente, pois quatro caras
enormes, sem querer saber do que estava acontecendo, agarraram todas, com brutalidade:
— O que está fazendo? — esbravejou, se debatendo, tentando.
— Sem bagunça no recinto, moça! — disse o brutamonte, arrastando-a pelo braço.
— Mas... Eu só estava me defendendo...
— Hey, tire suas mãos de cima dela! — era Zane quem surgia, arrancando-a dos braços do
sujeito, irado.
— Você conhece essa moça?
— Claro! É minha garota! E essa é amiga dela — apontava para Júlia. Como era conhecido da
casa, logo foi atendido e o outro sujeito soltou a loira — Você está bem? — inquiria para Quinn,
segurando seu rosto entre as mãos, examinando-a.
— Estou sim — ela balbuciou, meio confusa.
Zane a acolheu em seus braços, trazendo também a amiga dela para perto dele. Então se dirigia ao
chefe dos seguranças, mas olhava com expressão fechada para Camille, que ainda estava imobilizada
por um armário:
— Eu pensei que ela estivesse proibida de frequentar a boate.
— Sim, e ela ficou muito tempo sem aparecer! E quando volta, já cria confusão! — enquanto a
ruiva esperneava e gritava insultos, enquanto era arrastada para a porta.
— Mas o que realmente aconteceu? — Zane inquiria, depois de tudo se tranquilizar.
— Aquela louca surgiu, não conseguiu ouvir umas verdades e jogou sua bebida em mim!
— Venha, vou levá-la ao banheiro para lavar o rosto.
— Zane, esse é o banheiro das mulheres! — Quinn dizia num misto de riso, quando ele observou
se o lugar estava vazio e entrou com ela. Júlia preferiu ficar do lado de fora.
— Só quero ter certeza de que está bem.
— Eu estou, seu bobo! Só preciso de água!
Enquanto ela ligava a torneira, ele parou ao seu lado, cruzando os braços e com cara de riso:
— Eu não acreditei quando vi você no meio daquela confusão! Sempre achei que era uma dama
— provocou.
Ao terminar a lavagem de seu rosto, desligou a torneira e socou o braço dele:
— E eu sou, seu idiota! — tentava se fingir de brava, mas ria também — Mas não tenho sangue de
barata! E eu estava com aquela garota atravessada na garganta! Acho até que um tapa foi pouco!
Como ele continuava a fitá-la com expressão divertida, Quinn levou as mãos ao rosto, sentindo-o
queimar:
— Oh, bom Deus! Perdoe-me por ter interrompido seu show! Estou morta de vergonha!
Zane riu e veio acolhê-la em seus braços:
— Está tudo bem, meu anjo! Era nossa última música e já estava acabando.
Ela o examinou entre os dedos, riu de alívio e então lhe enlaçou o pescoço:
— Eu tenho de dizer! Você estava extremamente sexy naquele palco!
— Você acha? — as mãos grandes desceram para o traseiro dela, puxando-a para junto dele com
força.
— Sim! Você poderia me dar um autógrafo, moço? — perguntava se fingindo de inocente,
enrolando uma mecha de cabelo no dedo.
— Hum, estou sem caneta, docinho!
— Seja criativo!
Zane a olhou de canto, um sorriso sensual no canto dos lábios:
— E onde deseja esse autógrafo, pequena?
— Pode ser... — ela afastou a jaqueta e projetou os seios para frente, apontando logo acima desse
— aqui?
Ele puxou uma respiração:
— Oh, sim! Claro! — e logo sua cabeça estava baixa para que seus lábios lhe tocasse a pele alva.
Começou com pequenos beijos, que logo se transformaram em deliciosas mordidas, arrancando
risos dela:
— Maldição, será que terei de te comprar um estoque de saias para você? — dizia em tom
frustrado, afastando-se um pouco para examinar o jeans que ela vestia.
— Por quê? Não gostou da calça? — girou em seu eixo, para que a examinasse.
— Você está quente como o inferno nela, mas se estivesse enfiada numa saia, poderia me mostrar
o quanto me achou sexy...
— Fala de uma rapidinha... — murmurava contra os lábios dele — aqui, nesse banheiro?
— Com certeza, coisinha gostosa! — e esmagou os lábios dela contra os seus, abraçando-a forte
— Seria muito fácil! Só erguer sua saia, arrancar sua calcinha e a foder sobre essa pia!
— Hum... Quando você fala essas coisas, minhas pernas ficam bambas, cara!
— Não precisaria de firmeza nelas, Quinn Bee. Elas estariam envoltas na minha cintura de
qualquer forma...
— Uau! — ela mordeu o lábio dele — Até posso ver as imagens...
— Mas como essa fantasia não será realiza hoje, — dizia Zane, seus olhos fixos na boca dela —
por hora, me contento com beijos.
Deslizou sua língua sobre a boca dela, segurando seu queixo com a mão. Então os tomou com os
seus lábios. A sensação de beijar Quinn era como se sempre fosse a primeira vez. Ele nunca se
cansaria dela. Amava seu gosto, a forma como se entregava completamente, os gemidos baixinhos
que lhe escapavam da garganta. Ela era perfeita e era sua, toda sua!
— Grandão, eu adoraria ficar me agarrando com você aqui, — Quinn interrompia o beijo,
ofegante — mas minha amiga está lá fora. E alguma outra mulher pode querer usar o banheiro,
então... Melhor sairmos, não acha?
— Sim — ele ajeitava sua ereção, depois de soltá-la. Ela adorava ver aquilo — Daqui a pouco,
não importa o grau de amizade que eu tenha com o dono do lugar, seremos expulsos por atentado ao
pudor!
Do lado de fora, Júlia os aguardava de braços cruzados, sua impaciência sendo notada pelos
longos dedos que dedilhavam nervosamente:
— Até que enfim vocês voltaram! — ficou aliviada ao vê-los, mas seu tom era acusativo.
Quinn corou e baixou sua cabeça, segurando Zane pelo braço e começando a apresentação:
— Júlia, esse é Zane. Zane, minha amiga Júlia.
Eles trocaram um breve cumprimento.
— Venham que vou apresentá-las ao resto da banda — segurando a mão de Quinn, começou a
abrir caminho.
— Isso seria muito bom! — murmurou a loira para a amiga, saltitante, segurando seu outro braço.
Os companheiros de Zane se encontravam ao lado do palco, conversando com outro rapaz, de
cabelos negros. Quando olhou na direção deles, pôde notar que seus olhos eram brilhantes de um
lindo azul e um sorriso fácil e largo nos lábios. Ele carregava um violão.
— Hey, Lucas! — Zane cumprimentava, batendo nas costas do jovem — Não esperava encontrá-
lo por aqui!
— Cara! — o outro retribuía, medindo o amigo de cima para baixo — Cada vez que te vejo, você
parece maior!
Exibido, Zane flexionou um braço, mostrando os bíceps bem proeminentes:
— A intenção é essa, meu jovem! Meninas, esse é o Lucas. Ele é brasileiro e está tentando a vida
aqui em Nova Iorque.
— Olá, garotas — beijou a mão de cada uma delas — Eu soube que era noite de microfone aberto
e vim o mais rápido que pude. Tento trazer o sertanejo do meu país para cá.
— Sertanejo? — Júlia inquiria, sorrindo sedutoramente para o homem.
— Sim, acho que aqui podem dizer que se assemelha com Country de vocês. Lyn, minha garota,
costuma dizer que eu devia tentar esse estilo, mas... Eu amo o que toco!
— Então é por aí que deve seguir, garoto! — Zane encorajava.
— Bom, eu vou subir — ele apontava para o palco — espero que gostem do que vão ouvir.
— Que droga! Ele tem uma garota! — reclamava Júlia no ouvido de Quinn — Espero que tenha
um livre nessa banda!
— Se aquiete mulher! Logo vamos descobrir!
— Cambada! — Zane se dirigia aos parceiros — Quero que conheçam duas lindas garotas! Quinn
e Júlia. Meninas, esses são Carter, Matt e Stevie.
— Meu amigo, está bem acompanhado, hein? — o loiro cabeludo dizia, coçando o queixo e
examinando as duas com interesse.
Matt gargalhou alto, apoiando as duas mãos nos ombros do outro:
— Deixa sua ruivinha ouvir isso, Stevie!
O homem se aprumou, sua feição se fechou e começou a olhar para os lados, como se à procura de
algo ou alguém:
— Desmancha prazeres! — bufou ele — Vou procurá-la, antes que ela me encontre. Foi bom
conhecer vocês, meninas! — acenou com a cabeça e sumiu na multidão.
— Ele é doido pela garota, mas morre de medo dela! — Matt conluia rindo — Ela é um bocado
ciumenta! Minha Isa é mais calma, mas não posso abusar. Vou encontrá-la no bar. Meninas! —
meneou a cabeça e partiu.
— Mas que droga! Todos tem dona nessa banda? — Júlia resmungava para Quinn, frustrada.
— Calma! Ainda falta um...
— Carter, que tal se juntar a nós para uma bebida? — Zane convidava.
— Ah... E adoraria, mas... — parecia meio sem jeito.
— Está esperando alguém? Ou algumas? — o outro provocava.
— Digamos que sim.
— Hum, eu conheço?
— Digamos que... Talvez.
— Talvez? Por que me parece que está escondendo o jogo? Um nome, cara! Me diga um nome.
— Homem, não me perturbe, ok? É tudo recente e ela... Bom, eu tenho de ir. Meninas, sinto muito
não poder acompanhá-las! — e também se foi.
Zane ainda ria quando o outro sumiu de vista:
— Para ele estar assim, deve ser alguém bem especial! Ele nunca se apegou a uma única mulher,
se é que me entendem?
Quinn notou o suspiro exasperado de Júlia ao seu lado. Teve de se controlar para não rir. Sentiu-
se culpada pelo braço forte, possessivamente enrolado em sua cintura e alisou as costas da amiga.
— Hey, Jake! — exclamava Zane, acenando.
— E aí, cara! Vim para ver vocês tocarem, mas... — suas palavras ficaram lentas em sua boca,
quando seus olhos pousaram em Júlia. — Acho... Que perdi o show...
Zane e Quinn trocaram um olhar. Seus amigos fitavam-se intensamente, como se o lugar de repente
houvesse ficado vazio.
— Olá — o recém-chegado estendia a mão — Já que esses dois mal-educados não nos
apresentam... Sou Jake Harper.
— Jake? — a loira exclamou, acolhendo a mão dele — A Quinn já me falou muito de você...
— Você falou? — Zane se voltava para ela, com expressão séria.
— Ah... — ela cutucou as costelas de Júlia, que nem pareceu sentir, enquanto conversava
animadamente com Jake — Foi antes de você, Grandão! Sem estresse, amor! — e segurou o rosto
entre as mãos e o beijou de forma intensa e rápida.
— Sei... — ele bufava, ainda parecendo incomodado. — Nós íamos beber alguma coisa, amigão.
Acompanha-nos?
— Claro! Será que encontramos uma mesa?
Enquanto os dois observavam o lugar em busca de um local para que se sentassem, Júlia puxou
Quinn pelo braço:
— Por favor, por favor, me diga que esse não tem dona!
— Bom, eu creio que não e a julgar pela forma com a qual ele te olha... Isso não faria muita
diferença.
— Sua cadela, por que não me apresentou esse homem antes?
— Hora... Por falta de oportunidade! — Quinn dava de ombros.
— Meninas, uma mesa ficou vaga ali — Zane indicava e eles seguiram para lá.
Era incrível como Jake e Júlia estavam se dando bem. Conversavam animadamente, como se já se
conhecessem há anos.
Assim que se sentaram, um garçom apareceu. Jake e Júlia pediram cervejas e Quinn acompanhou
Zane em um refrigerante:
— Mas digam, rapazes — Quinn perguntava curiosa — Como se conheceram?
Os dois trocaram um olhar divertido e Zane começava:
— Foi num bar e nós estávamos bem altos! Tínhamos bebido bastante e...
— Zane deu em cima da minha garota! — Jake concluía a frase do amigo em tom acusativo.
— É, eu fiz isso! — ele admitia, resignado.
— Então eu fui pedir satisfações...
— Mas nós nem estávamos no aguentando em pé! — Zane ria.
— O dono do bar nos colocou para fora, para que a gente resolvesse nossas diferenças...
— Parecia mais que nós estávamos dançando que tentando brigar!
Os dois gargalhavam e Quinn estava encantada em ver a conexão dos dois. Era muito bom saber
que Zane tinha um amigo em quem podia confiar de forma total.
— E enquanto nós tentávamos nos matar... — Jake prosseguia.
— A garota dele foi embora com outro cara! — seu grandão tentava não rir.
— Pois é! — O outro meneava a cabeça, os lábios comprimidos.
— Então eu fiquei consolando ele, dizendo que ela não o merecia...
— E assim nos tornamos amigos — Jake estendeu o punho fechado para que Zane o tocasse com o
seu, num cumprimento totalmente masculino.
— Essa é muito boa! Ele tentou roubar sua namorada e acabam amigos! — Júlia bufava divertida.
— No final, ele valia mais a pena do que a garota! — o dono da oficina dizia, apontando para o
amigo.
— Agora, falando sério, Jake — Júlia sentava-se de forma a encarar o rapaz — Eu sou fotografa.
— Isso é legal!
— E eu gostaria de saber se aceitaria posar para mim?
— O quê? – o homem quase engasgou com a bebida.
— Calma, não estou pedindo que se torne modelo ou algo assim! É só que ter um homem como
você no meu portfólio agregaria muito! Afinal, você sabe que é um homem bonito, certo?
— Bom, o Zane sempre diz isso...
O outro interrompeu um gole de seu refrigerante para reforçar:
— Sempre! Esse cara tem covinhas! Quem resiste a essas covinhas?
Quinn ria deliciada. O humor e o companheirismo dos dois era lindo de se ver.
— Mas ele tem essa barba serrada... Ela incomoda um pouco...
Jake o fitou fingindo-se de sério:
— Cara, você nunca disse nada!
— Estou dizendo agora...
— Isso magoa!
— Não seja tão sensível, irmão! — Zane espalmava a mão grande no ombro do outro.
— Ok, mas interrompendo esse momento doce de vocês dois, — Júlia insistia — aceita posar
para mim? E eu adoraria fotografar você também, Zane! Essas suas tatuagens fariam sucesso...
Quinn não segurou uma exclamação:
— Nem ouse, Júlia, amiga da cobra! Você não vai fotografar meu homem, para que outras fiquem
babando no que é meu!
Zane riu e a puxou para lhe dar um beijo estalado no rosto:
— Você ouviu, Júlia! A moça aqui é possessiva, então, sinto muito, sem fotos!
— Exatamente! Sou mesmo possessiva! Sem fotos para você, minha cara! — Quinn dizia, os
braços em volta do pescoço de Zane.
— Ok, mas não vou desistir até que Jake diga sim!
A discussão rolava sobre se Jake deve posar ou não. Ouviram um pouco do que Lucas tocava e
realmente o rapaz não era mal. Quando ele terminou, foi bem aplaudido.
Então Júlia observou um casal que havia acabado de subir ao palco para cantar:
— Espere... Microfone aberto... É como um Karaokê também?
— Sim — Zane explicava — Hoje qualquer um pode subir no palco e cantar. Está vendo a
máquina lá no fundo? Você pode selecionar a música que deseja.
Os olhos de Júlia se tornaram enormes quando fitou Quinn:
— Amiga, nós vamos cantar hoje!
— O quê? — ela quase gritou — você só pode estar louca!
— Por quê?
— Já me ouviu cantando, certo?
— Hora, vamos, Quinn! Já estão quase todos bêbados aqui! Não vão se importar! — a loira
gesticulava com o dedo a volta.
— Oh, Deus! — Quinn segurava a cabeça entre as mãos — Não faça isso comigo!
— Vamos, garota! Ninguém nos conhece aqui!
— Eu vou pagar mico!
— Quando teremos essa oportunidade de novo? — Júlia insistia.
— Ok, ok, ok! — Quinn se dava por vencida e despia a jaqueta — Eu vou! Mas você vai ficar me
devendo essa! Jake, com licença! — estendendo a mão, pegou a garrafa de cerveja do amigo e a
virou de uma só vez — Eu vou precisar! — e colocou-se de pé.
— Meu conselho, rapazes: tapem os ouvidos! — avisou Júlia, também se colocando de pé.
Quando Quinn passou do seu lado, Zane lhe deu um tapinha no traseiro e disse:
— Arrase, bonequinha!
— Bonequinha? — Jake zoava, assim que elas se afastaram.
— Não enche, cara!
— E você quem é? O Ken?
— Vá se foder, idiota!
Jake ria alto, enquanto chamava o garçom e lhe pedia que trouxesse outra cerveja:
— Me diga! De onde surgiu aquela loira? Que coisa mais linda!
— Eu também não a conhecia. E ela parece que estava na sua...
— Você acha?
— Se acho? — Zane bufou — Ela quer tirar fotos suas, babaca! Se isso não é um sinal...
Ele voltou sua atenção para onde estava Quinn e sua amiga. Parecia nervosa, mas era corajosa.
Foram até a máquina e selecionaram uma música.
Depois cada uma pegou um microfone e se posicionaram no centro do palco.
Logo Blow me de Pink começava a soar. Houve palmas e assobios de incentivos.
Júlia começou e foi uma boa surpresa, pois era bem afinada. Mas quando chegou a vez de Quinn
cantar... O queixo dele caiu. Ela era muito desafinada, pobrezinha!
Algumas pessoas riram, mas ela parecia estar se divertindo tanto, que foram contagiados e
voltaram a aplaudir.
Ok, também havia aquela forma sexy que ela dançava! Ela nem mesmo precisava cantar porra
nenhuma, se continuasse a mover seus quadris daquela forma. Seu corpo esguio bem delineado pelo
jeans justo, sua regata branca fazendo um trabalho fraco de encobrir o sutiã de renda. Zane teve de
engolir em seco. Foda, ela era quente, muito quente!
E não gostou muito de notar que outros homens pareciam bem interessados nela e sua linda amiga.
Achou melhor se aproximar do palco e vigiar seu material de perto.
Ao vê-lo ali perto, Quinn se aproximou e correu a mão sobre o queixo dele que tentou mordê-la.
Ela havia se entusiasmado e cantava a plenos pulmões e... Merda, era desafinado, mas lindo ao
mesmo tempo. Zane riu e meneou a cabeça pensando que era um bobo apaixonado e gostava muito do
que sentia por aquela mulher. Fazia-lhe muito bem!
Quando a música terminou, elas foram ovacionadas. Desconfiava que mais por seus dotes físicos
do que por suas vozes, mas elas estavam felizes.
Quinn veio até ele, jogando-se em seus braços, para que ajudasse a descer do palco. Zane
abraçou-a e rodopiou-a no ar.
— Amor! Você cantando naquele palco... — ele não conseguia para de rir — meu Deus, foi
horrível!
Ela jogou a cabeça para trás, gargalhando até perder o ar. Zane lhe beijou o pescoço, sentindo seu
riso delicioso:
— Eu sei, mas foi tão divertido!
— Agora sou eu quem deve dizer que você estava fodidamente sexy naquele palco!
— Mesmo cantando tão mal?
Ele tornou a rir:
— Mesmo com sua voz sofrível, meu anjo!
25º

Quinn riu gostosamente, mas não por muito tempo. Logo Zane lhe segurava a cabeça e tomava seus
lábios. Era viciado naquela boca, naqueles beijos. A pele era suave e seu cheiro era embriagador.
As curvas sinuosas de seu corpo colavam-se ao seu, seu ventre roçando e em seu pau já duro e a
sensação era algo delicioso. Bom, Deus, ele não conseguia para de beijá-la! Sua língua dançando no
interior da boca dela, sendo recebido, aceito. Porra, ele amava o que sentia quando estava com ela!
Ele amava tudo nela! Ele amava Quinn Armentrouth!
Zane parecia não querer colocar fim ao beijo. Estavam no meio da pista, uma música agitada
estava tocando agora, pessoas em volta estavam dançando, mas nada disso importava. Somente ser
beijada por aquele homem, ele era o que existia no mundo naquele instante. Gemeu contra os lábios
dele, mudando a posição de sua cabeça para melhor recebê-lo. Ela adorava quando ele a tomava
daquela forma, faminto, desesperado por ela. Sentia a ereção dele e isso só a instigava mais,
fazendo-a esfregar-se descaradamente contra ele. Se fosse arrastada para o banheiro de novo, para
aquela rapidinha, aceitaria com toda certeza! Ardia de desejo por aquele homem bruto, cru, que
agarrava seus cabelos enquanto se apossava com gula de seus beijos.
— Hey, por que não procuram um quarto, pombinhos? — a voz de Jake e um esbarrão os fizeram
quebrar o contato.
Zane grunhiu para amigo e Quinn escondeu a cabeça no ombro largo dele. Foi acolhida pelos
braços dele que a direcionou de volta para a mesa. Ao que parecia, Jake e Júlia estiveram dançando,
pois estavam ofegantes e riam muito um para o outro.
— Hey, Quinn! Adivinhe? — a amiga logo lhe chamava afobada.
— O quê?
— Jake disse que vai posar para mim! — ela batia palmas toda animada.
— Wow! — o rapaz a interrompia — Eu disse que vou conhecer seu estúdio e lá vou lhe dar
minha resposta!
A loira deu de ombros:
— Isso é quase um sim!
— Hum, vou querer uma foto sua autografada, gato! — Zane brincava, tocando o braço do amigo.
— Cara, vê se não enche!
— Jake, acho que você devia aceitar logo! Quando Júlia coloca uma coisa na cabeça... Ela
persiste até conseguir! — avisava Quinn.
— Sim, se nada funcionar, posso sempre usar de sedução... — a outra encarou o rapaz com olhar
mortal e um meio sorriso na boca...
Zane e Quinn tiveram de segurar o riso ao ver como Jake ficou preso no olhar da loira. E o sorriso
da moça foi se esmorecendo e logo eles se encaravam com intensidade, presos no olhar do outro.
Oh, sim! A química entre os dois era grande e indisfarçável. Delicadamente, Quinn limpou a
garganta para chamar a atenção do casal.
E logicamente Zane não perdoou:
— Por que não procuram um quarto, pombinhos?
Quinn mal conteve um acesso de riso, mas cutucou as costelas de Zane, em protesto, ao notar o
quanto sem graça seus amigos ficaram:
— Cara, vá se ferrar, ok? — Jake protestou ainda deslocado.
— Ok! Eu estou tendo uma ideia! — Quinn dizia, mais para chamar a atenção para si e dar tempo
ao casal de se recomporem — Eu estava imaginando o quão bem você fica de terno! — e tocou no
ombro de Zane com o dedo indicador.
Jake quase cuspiu sua bebida, do outro lado da mesa:
— Zane? De terno? Eu quero estar vivo para ver isso!
— Eu só usei terno uma vez na vida! Quando levei minha irmã até o altar. E posso dizer que não
foi uma experiência agradável! Mas por que a pergunta, Quinn?
Ela bufou, cruzando os braços e afundando na cadeira:
— Tem essa festa de caridade que terei de ir amanhã! Minha avó será homenageada, mas meu pai
deu um jeito nas costas e minha mãe não vai a esses eventos sem ele! Então serei obrigada a ir! E
assim, — ela começou a deslizar o dedo sobre o braço dele, de forma sensual — eu estava
pensando... Bem que o Zane podia me acompanhar. Que acha, Grandão?
Os olhos dele seguiam o movimento do dedo dela e depois pararam em seu rosto:
— O quê? Eu? Em uma festa de grã-finos? — ele riu de escárnio — Não me imagino fazendo isso,
meu bem!
Ela se encolheu ainda mais no assento, com a cara emburrada:
— Acredite, eu também não estava a fim de ir a essa festa, mas tenho de representar minha
família! Afinal, é uma homenagem a minha avó!
— Façamos assim: — Jake sugeria — eu tiro as fotos, se Zane vestir o terno e ir a essa festa com
a Quinn!
— Que espécie de amigo é você? — Zane jogou algumas batatinhas que haviam pedido contra o
amigo.
— Ok, se você não quiser me acompanhar — prosseguia ela, com certo cuidado — terei de
arranjar outra companhia!
Notou o maxilar de Zane se contrair e os dedos em volta do copo se tornarem rijos:
— O que quer dizer? — seu tom era baixo, perigosamente baixo e sério.
— O que ouviu! Eu não posso ir a uma festa como essa sozinha! — evitou encará-lo.
— Bom, sei que Ashton estará lá... — Júlia acrescentou com cuidado.
— Claro que vai! — Quinn concordava — Os pais dele também serão homenageados!
Zane voltou-se no assento para encará-la, sua expressão bem contrariada:
— Aquele filho de uma... — ele interrompeu a frase, parecendo tentar se conter — aquele
merdinha estará lá?
— Sim, vai. Isso é um fato!
Viu-o estreitar os olhos, torcer os lábios, parecendo pensativo.
Por dentro Zane fervia. Obviamente não queria estar no meio daquelas pessoas esnobes e enfiado
num terno que lhe causava a sensação de claustrofobia. Mas como deixaria sua garota solta a mercê
de um ex-noivo pegajoso? Não queria nem imaginar aquele sujeitinho rodeando Quinn! Quebraria
cada dedo dele, se ousasse tocá-la! Assim, só havia uma coisa a ser feita...
— Ok, eu vou com você!
Todos na mesa, que até o momento estavam em suspense, a espera do que ele diria, explodiram
entusiasmados. Quinn agarrou o pescoço de Zane, distribuindo beijos em sua face:
— Obrigado, amor! Prometo que ficaremos somente o necessário lá!
Do outro lado da mesa, Jake meneava a cabeça:
— É, parece que você terá aquelas fotos, Júlia!
A loira ergueu a mão para Quinn que bateu com a sua nela.
— Já que eu tenho companhia para a festa e você tem suas fotos — apontava para a amiga —
Então nada melhor que comemorar dançando!
— É uma ótima ideia! — Zane concordou, colocando-se de pé e estendendo a mão para Quinn.
Foram seguidos por Júlia e Jake. Lucas, o cantor brasileiro havia voltado ao palco e agora
cantava uma música de uma batida gostosa, num misto de português com espanhol, contagiante!
Como ela já sabia, Zane mandava bem na dança. Logo a conduzia pela pista com desenvoltura,
segurando sua mão, fazendo dar giros e giros a sua volta. Quinn ria de puro deleite. Usou de tudo o
que prendera nos anos de balé para impressioná-lo. Requebrava seus quadris de forma sensual para
provocá-lo.
Ele estreitou seus olhos e a observou de forma perigosa. Num giro rápido e quase violento, a
trouxe de costas contra seu peito, uma mão espalmada em seu vente liso, o bumbum dela de encontro
ao seu pau duro. Sua boca colou ao seu ouvido quando ele sussurrou:
— Vamos embora agora! — a frase saiu entredentes — Por que se eu não a foder, o mais rápido
possível, eu vou enlouquecer, Quinn!
Como ela tinha vindo de carona com Júlia, avisou-a de que estava indo embora com Zane. A loira
nem lhe deu muita atenção, ocupada em dançar com Jake. Quinn meneou a cabeça divertida e então se
viu arrastada para fora da boate.
Já se fazia madrugada e o estacionamento estava às escuras e praticamente deserto. Como Zane
continuava a puxá-la pela mão e seguir com passos apressados, ela brincou:
— Hey! Por que a pressa, Grandão?
— Eu lhe mostro já — grunhiu ele entredentes.
Ela se arrepiou com a urgência na voz dele.
Quando alcançaram o Maverick, Zane a encaminhou para o lado do carona, lhe abriu a porta,
puxou o banco para frente e ordenou:
— Para o banco de trás, garota!
O tom dele não deixava brechas para argumentar. Assim, Quinn apenas mordeu os lábios e fez o
que lhe foi indicado.
Depois de olhar em volta, examinando se não havia ninguém por perto, ele se juntou a ela no
banco traseiro:
— Agora vamos tratar de tirar essa calça maldita de você!
Quinn riu, ansiosa e nervosa ao mesmo tempo. Teria sexo quente dentro de um carro, coisa que
nunca havia feito. Mas seu desejo por aquele homem também já atingia as alturas, então, pouco
estava ligando se corria o risco de ser pega.
Quando ela caiu deitada no banco traseiro, antes mesmo de se juntar a ela, Zane lhe tirou as
sandálias de salto e exigiu:
— Eu preciso de você nua, bonequinha, ou eu vou explodir aqui!
— Seu desejo é uma ordem, meu querido! — sorrindo sedutoramente para ele, começou a fuçar no
botão e então no zíper do jeans.
Quando já havia deslizado para baixo dos quadris dela, ele agarrou as barras da calça e a puxou,
até que estivesse fora.
Então ele estava dentro do carro. Quinn sentiu algo sob seu bumbum e o retirou. Era o controle do
rádio. Pegou-o e o estendeu a ele.
— Bom, vamos ver o que podemos usar de trilha sonora — apontou para o rádio e Lenny Kravitz
começou a soar no interior do carro, com I belong to you. Ele sorriu de canto de lábios — Acho que
está perfeita!
— Perfeita! — ela concordou, chamando-o para seus braços.
Zane despiu o colete e a regata. E encostou seu corpo sobre o dela. Sua cabeça veio para entre as
pernas de Quinn, seu nariz percorrendo a fenda feminina, ainda coberta por uma calcinha de renda
branca. Quinn arfou surpresa. Seu clitóris se assanhou e ficou extremamente sensível ao toque suave.
—Eu já disse o quanto eu amo o cheiro da sua bocetinha, Quinn? — depois de a mordiscar, subiu
para beijar a boca dela, com fome, tomado pelo desejo.
Segurando o rosto dele, ela gemeu, seu corpo queimando por ele. Desejava aquele homem com
todo seu ser. Suas mãos desceram entre seus corpos, para buscar o cinto dele. Precisava dele
enterrado fundo nela.
Zane ajudou-a, descendo o zíper, terminando de abrir a calça. Então, contorcendo o corpo grande
dentro do carro apertado, desceu a calça e a cueca boxer, seu pau rijo saltando para fora.
Quinn mordeu o lábio. Ele era tão lindo! Queria muito tocá-lo, mas não seria naquele momento. A
urgência dele por tê-la era visível na forma como ele respirava pesado, na pressa em se despir:
— Vem cá, meu anjo! — chamou-a, as mãos grandes encontrando sua cintura a trazendo para ele,
esparramando as pernas longas, uma em volta de cada coxa dele.
Então, de forma crua como o desejo dele, passou os dedos na língua, umedecendo-os e os
esfregou em seu membro teso e em seguida, afastou a calcinha dela para o lado e se posicionou em
sua entrada.
A vagina dela já estava molhada, quente, mais que pronta para recebê-lo. Sentiu os músculos
reclamarem da entrada um pouco brusca dele, mas logo se acostumavam com a intromissão. Era o
paraíso.
— Ah! — Zane soltou uma respiração na face dela, quando se sentiu completamente sugado para
dentro dela. Agarrou os cabelos dela e a fez encará-lo — Era isso o que queria, quando estava
rebolando essa bunda linda para mim lá dentro, Quinny?
Ela mordeu o lábio e levantou seu corpo, de forma a quase retirar o pênis dele inteiro fora e então
voltava a afundá-lo:
— Não — sussurrava contra a boca dele — Se eu imaginasse que me tomaria dessa forma, eu
teria dançado para você logo no começo da noite...
— Oh, Quinn, Quinn! — esmagou os lábios dela com os seus, sedento, apaixonado — Você é tão
quente! Não tem ideia do quanto eu te quero!
— Zane! — foi tudo o que conseguiu balbuciar, quando ele tomou o controle de seu corpo,
erguendo seus quadris, batendo forte contra ela. Sentia até mesmo as bolas dele baterem em seu
traseiro. Era sexy, quente, bruto!
Não contente, ele soltou uma exclamação e a tombou no banco, sem nunca deixar seu corpo.
Investia de forma cadenciada, sem parar, dominado pela luxúria.
— Porra, Quinn! Isso é bom demais!
O que ela poderia fazer era aceitá-lo, aberta, agarrando as coxas fortes dele, puxando-o ainda
mais para si.
Ele tomou os gemidos de prazer dela em sua boca, beijando-a. O carro devia ser sacudido, os
vidros embaçados e sim, quem passasse por perto naquele momento saberia bem o que acontecia em
seu interior, mas nenhum dos dois se importava com isso! Não existia nada além daquele banco,
naquele lugar apertado, onde era tomada com força por seu homem.
Logo não era mais possível conter seus gritos de prazer e os sons guturais que escapavam da
garganta dele, cada vez que estocava fundo.
Minutos depois eram um emaranhado de músculos frouxos, saciados. O corpo pesado dele
desabava sobre ela e Quinn amava a sensação dele sendo acalmado em seus braços. Pertencia a ele e
ele era seu homem! Deus, o amava tanto!
Um suspiro lhe escapou por entre os lábios e isso fez Zane se mexer, deitando meio de lado, se
apoiando num cotovelo para tirar seu peso de sobre o corpo dela. O pênis dele também se
desconectou de seu centro, fazendo o sêmen dele escorrer para fora de suas dobras.
— Isso foi meio animal, certo? — ele sussurrava na penumbra do carro, ela só via sua silhueta.
— Isso foi perfeito! — tateou o rosto dele para encontrar seus lábios e os beijou — Mas acho que
seu carro vai ficar um pouco sujo — ela fazia careta, mesmo sabendo que ele não a via.
O sentiu se movimentar naquele lugar apertado e logo estava de volta.
— Deixe eu te limpar, bonequinha — assim dizendo, sentiu-o deslizar um tecido macio entre suas
pernas. Devia ser a camiseta dele. Quinn arfou, pois ainda estava sensível do sexo recente — Mas
acho que vai ter de tirar essa calcinha.
Ela sabia que ele sorria. Conhecia seu tom de voz:
— Acho que sim — ela também sorriu.
— Deixe-me sair daqui, para que você se ajeite — oferecia Zane e ela pode ouvir o farfalhar do
tecido, enquanto ele empurrava o banco do carona para frente. Devia estar se vestindo.
Quando já estava recomposto, Zane saltou para fora do carro. Quinn despiu a calcinha sumária,
jogou-a no assoalhado do carro e buscou seu jeans, o vestindo. Quando terminou, correu a mão em
seus cabelos. O rabo de cavalo já era! Resolveu soltá-los de vez. Ainda descalça, também desceu do
carro. Ele a aguardava pacientemente do lado de fora.
Assim que a viu, veio abraçá-la:
— Tudo bem? — ele acariciou a face dela.
— Eu estou mais que bem!
Zane suspirou e emaranhou seus dedos nos cabelos dela uma vez mais:
— Você fica linda, com essa carinha de que foi fodida!
— Bem fodida, devo acrescentar.
26º

Já eram quase três da tarde, quando Gwen adentrou seu escritório:


— Quinn? Brooke Watson e umas amigas estão lá fora e ela diz que quer que você a atenda.
— Sério?
A moça em questão era uma herdeira milionária, convencida, arrogante e insuportável. Mas como
era comerciante e por conviver no mesmo ciclo de amizades que ela, era obrigada a tratá-la com
cortesia.
— Mas ela nunca exigiu que eu a atendesse!
— Bom, talvez não se lembre, mas ela é muito amiga de uma certa ruiva... — lembrava a
assistente.
— Oh, maldição! Esse fato realmente havia fugido da minha mente!
— Pois bem! Se ela veio com tais exigências, esteja preparada, querida!
Quinn bufou e revirou os olhos:
— Já não me basta ter de aguentar Camille, agora terei de aturar a turma dela? — ela se colocou
de pé, calçando os sapatos, muito contragosto.
— Posso dizer que está ocupada, se preferir. — Gwen oferecia.
— E eu lá sou mulher de me esconder? Ainda mais da turma daquela vaca? De jeito nenhum! —
correndo a mão sobre seu vestido azul-cobalto que lhe evidenciava as curvas, já calçada com seu
scarpin altíssimo, Quinn se dirigiu para a porta de queixo erguido — Se Brooke e suas amigas
vieram em busca de confusão, não será aqui que elas vão encontrar!
Assim que alcançou a loja, avistou a loira platinada e suas companheiras. Como desconfiava e já
sabia que era o estilo delas, ostentavam muitas joias, bolsas enormes, de grife bem aparente e roupas
extravagantes. Patricinhas peruas, como dizia Gwen.
Forçou um sorriso tão falso quanto ao que a garota lhe dirigia e se aproximou:
— Brooke! Que bom vê-la! — colocou suas mãos em seus braços e fingiu um beijo na face muito
maquilada.
— Olá, Quinn! Não a tenho visto por aí ultimamente — A outra falava de forma afetada.
Depois de cumprimentar as demais meninas, Quinn retornou sua atenção à garota:
— Bom, eu tenho estado por outros lugares — foi vaga, mesmo porque não tinha de dar
satisfações de sua vida a ninguém, menos ainda aquela fulaninha — Mas em posso ajudá-la?
— Você sabe. O casamento de Beatriz Stuart está se aproximando.
— Claro que me lembro! Será a festa do ano!
— Com toda certeza! E como sou uma das madrinhas, — virou-se para as outras, que a louvaram.
Quinn teve de se conter para não fazer uma careta — quero impressionar no presente! — confessou
sem pudores.
— E tem ideia do que quer dar?
— Algo bem caro! Não se preocupe com o preço, querida!
— Ok. Venha por aqui, por favor. Olhe, tenho esse quadro. É de Monet — Pela expressão da
moça, pôde notar que não fazia ideia de quem se tratava. Bom, ela que não ia explicar!
— Hum... Não gostei! Parece... Velho!
Quinn teve de engolir uma expressão. Um quadro de Claude Monet? Velho? Bom Deus! O que ela
poderia oferecer a alguém tão ignorante? Algo brilhante! Foi o que pensou! Tinha de mostrar algo
bem brilhante e caro. Assim, a levou até onde ficavam os lustres.
Sabia que tinha acertado em cheio quando as garotas começaram a comentar entre si,
deslumbradas:
— Acho que é algo assim que procura, Brooke.
— São incríveis! Qual o mais caro?
Quinn mostrou a ela, ansiosa para se ver livre daquela situação.
— Vou ficar com esse! Você pode mandar entregar? Numa embalagem bem linda?
— Claro, cuidamos disso! Isso é tudo, querida? Tenho algumas coisas a resolver no escritório...
— Não, espera.
Soube que uma situação viria pelo olhar cúmplice que a loira trocou um olhar com as amigas.
— Ouvi que está saindo com um motoqueiro tatuado? — seu tom era falsamente inocente.
Quinn manteve um sorriso sereno no rosto, mãos cruzadas na frente do corpo, postura ereta. Pelo
canto dos olhos, vislumbrava Gwen, a postos para intervir se necessário:
— O nome dele é Zane Hudson — Disse apenas.
— Dizem que é bem forte!
— Bom, ele malha bastante. Se já concluímos aqui... — tentou se voltar, mas a garota lhe segurou
o braço com petulância. Ela só não se soltou bruscamente para não criar uma cena. Havia muitos
outros clientes na loja.
— Só mais uma coisinha. Sabe que estou organizando uma festa de despedida de solteiro para
Beatriz, certo?
Quinn conteve uma respiração.
— Me diga, se eu pagar bem, será que seu homem não apareceria e traria alguns amigos para
minha festa?
O sorriso dela... Como Quinn gostaria de quebrar cada daqueles dentes brancos! E aquele bando
de hienas, logo atrás de Brooke.
Mas não seria aquilo que a faria dar um espetáculo, se era isso que Camille tentava fazer seus
capachos arranjar!
Com toda calma que ela não tinha naquele momento, soltou um a um os dedos longos de unhas
pintadas num vermelho gritante de seu braço, sem nunca deixar de sorrir:
— Em primeiro lugar, Zane nunca se aproximaria de uma garota tão vazia e fútil quanto você! —
sua voz era baixa, mas mortal. Dando um passo mais perto da outra, lhe disse, quase ao ouvido — E
se provasse um homem de verdade como ele... — ela fez uma pausa para deixar um longo suspiro
apaixonado escapar — você nunca mais quereria saber desses metrossexuais afeminados que te
rodeiam! Agora se me der licença...
E saiu andando calmamente, cumprimentando os demais clientes enquanto se encaminhava para
sua sala.
Quando alcançou a privacidade do escritório, já sentindo Gwen a suas costas, Quinn deixou uma
exclamação raivosa escapar, para aliviar toda ira que a dominava:
— Aquele bando de paus-mandados! Que ódio!
— Calma, mulher! Já passou! E eu tenho de dizer: sou sua fã! Não sei o que aquelazinha te disse,
desconfio que não tenha sido nada louvável, mas você se portou como uma verdadeira dama! Eu sei
que eu não teria seu sangue frio! Enfiava a mão nas fuças daquela perua e mandava um recado para
Camille, a vaca! — então Gwen estalava — Não, espera! Você já deu um recado, bem-dado na cara
dela na boate, certo? — e então ria com gosto — Queria estar lá para ver!
— Bom, você poderia ter estado, mas recusou meu convite! — Quinn sentava-se em sua cadeira,
ainda tentando se aclamar.
Notou que sua assistente ficou um pouco sem jeito, evitando seu olhar:
— Bom, eu te disse. Eu já tinha outro compromisso.
— Gwen, quer me dizer algo? Estou te sentindo um tanto... Afastada esses dias. Está acontecendo
alguma coisa?
A moça começou a rir, mas Quinn sabia que era um riso nervoso:
— O quê? Está vendo demais, mulher! Está tudo bem, fique tranquila! — foi dizendo enquanto
caminhava rumo à porta — Tenho de trabalhar, depois conversamos, ok?
Ela até tentou argumentar, mas a outra já tinha saído. Gwen não estava no seu normal! E ainda
descobriria o que acontecia com ela.
Decidiu que o ocorrido com Brooke e as outras não afetariam seu resto do dia!
Depois de ter acertado tudo o que estava pendente, deixou a loja e foi para o cabeleireiro. Iria à
festa com Zane!
Não podia dizer que não estava um pouco tensa sobre isso. Sabia que Zane era um homem
educado, apesar de sentir que ele estava um pouco nervoso a respeito, saberia se portar diante das
pessoas do meio em que ela vivia. Só não confiava nessas mesmas pessoas.
E principalmente, esperava que Ashton não lhe causasse problemas. Zane deixara bem claro que
não gostava do sujeito, ainda mais por saber que a queria de volta como sua noiva.

Zane se olhou no espelho pela... Bom, já havia perdido as contas de quantas vezes havia se
examinado. Aquele no reflexo não era ele! Definitivamente não era!
O conjunto de três peças do terno escuro, camisa branca e gravata cinza de seda o tinha
transformado em outro homem. Ok, não estava mal, mas não era Zane Hudson.
Tinha a sensação de que aquela roupa o prendia, limitava seus movimentos, fora que era quente
demais. Só esperava que no local onde aconteceria a tal festa, tivesse ar-condicionado.
Bufando, consultou o relógio. Tinha de sair para buscar Quinn. Retirando o terno com cuidado
para não amassar, pensou no que não faria por ela! Dobrou a peça de tecido fino no antebraço, pegou
as chaves e saiu porta afora.
Enquanto dirigia rumo à casa de Quinn, pensou que aquele era um grande passo, um enorme teste
para a relação deles. Ela estava depositando nele um voto de confiança. Correndo a mão pelo rosto e
depois pelo colarinho da camisa que lhe apertava o pescoço, pediu aos céus por calma e paciência.
Não queria que ela desconfiasse, mas estava nervoso. Mas Quinn merecia o seu melhor e era o que
pretendia dar!
Em poucos minutos batia a porta dela. Quando ela abriu a porta, o coração dele falhou uma batida.
Ela estava simplesmente um espetáculo! A mulher mais linda que já vira!
O vestido era de um tom claro de cinza, com um decote v discreto, feito num tecido leve, fluído. A
vestimenta estava abraçando as suas curvas. Deixava suas lindas e longas pernas à mostra e essas
eram acentuadas pelo sapato quase da cor da pele dela, de salto altíssimo. Seus cabelos estavam
presos em uma espécie de trança, jogada em seu ombro. Porra, ela era uma deusa da perfeição:
— Wow! — ele exclamava ainda a examiná-la. — Quando penso que é impossível que fique
ainda mais bonita... Você me surpreende dessa forma?
O sorriso dela... Aquele que fazia seu estômago contrair, iluminou sua face levemente maquilada.
— Você gostou? — ela girou em seu eixo, vagarosamente.
— Quinn Bee, — ele veio segurar seu rosto entre as mãos — você está linda! — aproximou-se,
mas de repente, estacou — Posso te beijar?
— Você deve! Esse batom é resistente o suficiente para isso!
Ele provou seus lábios de forma suave, primeiro o inferior e depois o superior, enquanto
murmurava de novo o quanto ela estava linda. Quinn agradeceu, enlaçando seu pescoço, sentindo o
cheiro de sua loção pós-barba. Sim, ele havia feito a barba para acompanhá-la. Ela aprofundou o
beijo, inebriada pela essência dele.
— Mas, agora, deixe-me admirá-lo! — dizia, se afastando para observá-lo. — Uau! Olha só para
você! Está um pedaço de mau caminho! Está sexy! — correu uma mão sobre o peito dele, coberto ela
camisa imaculadamente branca, colete preto e gravata cinza. — Terei de ficar de olho em você,
Grandão!
— Não corre nenhum risco, bonequinha! Só tenho olhos para você! — beijou-a novamente, mas
de forma breve. — Mas eu tenho de admitir: nada disso é meu! — ele gesticulava mostrando a roupa
— aluguei tudo!
Quinn riu da confissão dele:
— Inclusive o sapato — continuava ele — toda essa roupa não teria nenhuma utilidade no meu
guarda-roupa!
Ela abraçou a cintura dele, deitando sua cabeça no ombro dele, seu nariz afundado em seu
pescoço. Logicamente as mãos grandes dele vieram lhe explorar as curvas. A começar por sua
cintura, então seus quadris e logo estavam afagando seu traseiro. Claro, não seria Zane Hudson se
não o fizesse!
— Obrigado por estar me acompanhando essa noite, Zane! Isso é muito importante para mim!
— Eu sei, meu anjo...
— E eu posso te recompensar mais tarde... — dizia de forma sensual.
— Hum... É mesmo? De que forma, por exemplo?
Quinn sussurrou algumas coisas bem sem vergonha no ouvido dele. O ar ficou preso nos pulmões
de Zane e ele se afastou, erguendo as mãos para cima, evitando tocá-la, enquanto ela deslizava, de
forma fodidamente sexy, os lábios nos dele:
— É melhor ir parando por aí, garota! Ou nós não iremos à festa alguma e eu vou ser capaz de
rasgar esse seu vestido caro e a tomar contra essa parede! — apontava.
Ela voltou a rir com gosto, batendo no peito dele com sua pequena bolsa branca de mão:
— Seu bobo! Eu só farei o que te falei, se formos à festa, então, apresse-se! — exigiu, passando
por ele.
Mas foi agarrada e puxada de costas contra seu peito e ele segurava seus quadris de forma que ela
sentisse seu pau rijo contra o bumbum:
— Olha como me deixa, dizendo essas safadezas no meu ouvido, Quinn!
Ela se esfregou nele, descaradamente, e se afastou abruptamente saindo porta afora:
— Eu disse, Grandão! Depois da festa, se você for um bom garoto!

Zane se espantou com a grandiosidade do evento. Havia uma fila interminável de carros. As
pessoas se aglomeravam na entrada da câmara municipal, onde aconteceria a cerimônia.
Do nada, um cara surgiu carregando uma câmera no ombro, com uma luz forte no rosto deles. Zane
levou a mão aos olhos para se proteger da claridade e segurou Quinn forte pela cintura.
Ela deve ter percebido, pois envolveu seu braço, sorrindo para o jovem que se aproximava
equipado:
— Hey, Quinn! Ansiosa para receber a homenagem em nome de sua avó?
— Sim, muito! Minha avó merece esse reconhecimento!
— Não vai nos apresentar seu parceiro?
A câmera estava bem focada em seus rostos e ele via vários flashes pipocando por todos os lados.
Ele estava ficando meio tonto com tudo aquilo, mas Quinn era a calma em pessoa. Claro, já devia
estar acostumada com todo aquele show!
— O nome dele é Zane Hudson! Eu tenho de ir, Louis! — ela disse e puxou Zane com ela, rumo a
entrada, onde as coisas estavam mais tranquilas.
— Aquele cara é um repórter?
Quinn riu de escárnio:
— Ele bem queria! Mas é um blogueiro bem conhecido e então, se você não o trata bem, coisas
horríveis aparecem na internet! Você está bem? — ela voltou-se para ele, tocando seus braços —
Tem certeza de que quer estar aqui?
— Está tudo bem, Quinn. Ok, eu me assustei um pouco com a recepção, mas acho que nada de pior
pode vir agora, certo?
Sorrindo, voltou a enlaçar o braço dele, caminhando para o enorme salão:
— Creio que o pior já passou! Eu devia ter te falado sobre isso. Mas me sumiu da cabeça.
— As festas que você frequenta são sempre assim?
— A maioria.
Quinn fez questão de apresentá-lo às pessoas que ela realmente achava legal e Zane até ficou um
pouco mais à vontade. A comida, toda cheia de frescura, ele resolveu passar. Ficou somente no
refrigerante, nos pequenos pães e diversos patês que eram servidos.
Avistou Ashton ao longe e sua expressão pareceu incrédula ao vê-la com Zane. Ela percebeu
também um certo burburinho e olhares em direção a eles. Mas ela pouco ligava!
Zane estava um pouco mais solto e até a convidou para uma dança. Como desconfiava, ele
chamava a atenção das demais mulheres do salão. Era o mais alto e robusto da festa. Se soubessem o
que tinha escondido debaixo daquele terno.
E ele de fato estava quente naquele traje. O tecido destacava seu corpo moldado. Mas ela tinha de
admitir que não via a hora de despi-lo.
Estavam sentados, conversando animadamente com dois outros casais, quando ela avistou o Sr.
Dumas, do outro lado do salão. Na ocasião em que entregara sua moto, ele dissera que desejava
muito conhecer o artista por trás de toda a obra da Harley. Ela pensou que aquela era a oportunidade
perfeita.
— Amor, tem alguém que quero lhe apresentar. Eu vou buscá-lo. Você me espera?
— Eu vou até o bar, pegar algo para beber. Me encontra lá?
— Certo.
— Zane?
Uma voz o chamou, quando se encaminhava para o bar. Ao se voltar, deu com uma grande amiga
que há tempo não via:
— Mônica? É você?
— Cara! — ela veio abraçá-lo — juro que não te reconheci nessas roupas!
— Estou aqui com minha garota... — apontou Quinn que acenou para eles.
— Hum, ela é linda!
— E quanto a você? O que faz aqui nessa festa de grã-finos?
— Estou tocando na festa, cara! Não me notou no palco com a Beauty Serendipity?
— Hum, me perdoe! Eu não havia notado! Mas ouvi o som e são muito bons tocando, viu?
— Mas então... Como anda a sua banda?
— Bom, tocamos de vez em quando. Como cada um tem seu trabalho, só dá para ensaiar nas horas
vagas.
— Quer dizer que... Tem visto Carter por aí?
— Sim, o vejo sempre... Mas por que pergunta por ele especificamente? — ele se interrompeu e
de repente apontou para ela — É você!
— Eu... O quê?
— A garota misteriosa com quem Carter tem se encontrado!
O sorriso enorme na face dela a denunciou:
— Bom, estamos nos conhecendo... — parecia sem jeito, mordendo o lábio nervosa. — Mas... O
que ele falou sobre mim?
— Não quis entrar em detalhes, mas achei o cara bem amarrado em você! E ele não é de se
amarrar, se é que me entende.
O sorriso dela se tornou ainda mais largo, sem que ela conseguisse conter:
— Bom, não diga nada que te contei, ok? Vamos ver onde isso leva, certo? Eu tenho de ir. Já
estão me chamando no palco. E sem a vocalista, não tem show, certo?
Voltou a abraçar a amiga, feliz que ela era escolha de Carter. Conhecia-a há anos e sabia que era
uma pessoa especial.

Quinn estava com Dumas, conversou com ele por poucos minutos. Foi quando notou que Ashton
conversava com Zane, um arrepio lhe percorreu a espinha. Percebeu que seu ex-noivo passara a noite
trocando de copo e já devia estar alto naquela altura. Sua apreensão atingiu picos ao notar o maxilar
contraído de Zane, a forma como fitava o próprio copo, apertando-o entre as mãos. Aquilo com
certeza não terminaria bem.
E no exato momento em que pediu licença ao Sr. Dumas para se encaminhar até os dois, Zane
desfechou um soco violento no queixo de Ashton, que só não foi ao chão, porque foi lançado contra o
balcão. Ela exclamou, tentando desesperadamente abrir caminho entre a multidão que se formara
rapidamente em torno deles. Por entre um ombro e outro, viu que Zane segurava o colarinho do outro,
socando com fúria, sem qualquer piedade.
Ele nem mesmo se importava do playboy já estar coberto de sangue e quase inconsciente.
Quando enfim conseguiu chegar até eles, viu que quatro seguranças puxavam Zane de cima de seu
oponente, rumando para a porta. Esse ainda esperneava, mesmo contido por uma possante chave de
braço, que lhe apertava o pescoço, seus olhos cheios de cólera, fitando mortalmente Ashton que
agora era acudido por algumas pessoas.
— É isso que acontece, quando você traz esse motoqueiro arruaceiro para o meio de gente
civilizada, Quinn! – Ashton vociferava para ela, tentando conter o sangue que lhe jorrava pelo nariz
com sua voz arrastada.
Ela percebeu que os olhares voavam de Ashton para ela, curiosos. Oh, eles estavam adorando
aquele barraco!
— Nós dois sabemos que você também não é santo, Ashton – disse baixinho, muito sem graça com
a atenção que recebiam — provavelmente você provocou ele.
— Eu só disse verdades! E ele, como bom troglodita que é, partiu para o único modo que sabe se
defender: me agredindo!
— O que disse a ele, Ashton? — oh, Deus, ela podia imaginar! Devia tê-lo humilhado de todas as
formas possíveis.
— Isso importa, Quinn? Aquele desgraçado quebrou meu nariz! Hey! — ele gritou, aturdido, ao
que ela se voltou para a saída — Você ainda vai atrás dele? Ele não é do nosso meio, Quinn! É um
homem das cavernas! Olhe o estado em que ele me deixou? — mostrava a si mesmo, coberto pelo
próprio sangue.
— Eu estou com ele agora, Ashton! — disse entredentes, desejando terminar aquela cena.
Ashton a fitou, parecendo chocado:
— Eu não a reconheço mais! O que ele fez com você, Quinn Armentrouth?
— O que você não poderia fazer em mil anos! — assim dizendo, correu para a saída.
Alcançou a porta de entrada a tempo de vislumbrar o Maverick preto partir, cantando pneus.
27º

Quinn ficou parada, sem ação, depois que ele partiu. Ela realmente não sabia o que pensar. Só
podia imaginar que Ashton devia ter pegado pesado nas ofensas, a ponto de fazer Zane perder o
controle de forma tão brutal.
— Quinn? — ela sentiu um toque suave em seu cotovelo e voltou-se. Era o Sr. Dumas, parado
atrás dela — está tudo bem, querida?
Ainda em choque, ela não sabia o que responder. Sua cabeça era um emaranhado de pensamentos.
Tudo que queria era ir para casa, o mais rápido possível. Por sorte já havia recebido o prêmio em
homenagem a sua avó e nada mais a prendia naquele lugar.
— Eu... Só quero ir embora! — balbuciou.
— Quer que eu a leve, pequena?
— Por favor — disse num misto de gratidão e alívio.
— Ok. Venha, meu carro está por ali.

Sem se importar com os danos que causaria nas roupas alugadas, Zane arrancou com puxões o
terno, gravata e colete. Estava irado, possuído pela raiva. Se os guarda-costas não o tivessem
retirado de cima daquele bastardo. Ele o teria matado com as próprias mãos!
Porra! Mil vezes porra! Ele bem que sentia que não devia ter ido a essa maldita festa!
Ficara tão transtornado que deixara Quinn para trás. A frustração o possuía. Ela nunca o
perdoaria, mas precisava sair de lá, antes que a deixasse ainda mais envergonhada.
Ele sentou-se pesadamente no sofá. Os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça entre as mãos.
Maldição, ele a havia decepcionado! Quinn confiara que ele seria civilizado, que não a
envergonharia... E o que ele fizera? Não devia ter perdido a cabeça como fizera. Por ela, tinha de ter
se contido. Mesmo com todas as barbaridades que o merda do Dawson havia despejado em seus
ouvidos. O cara estava caindo de bêbado. Devia ter se contido! Por Quinn, ele devia ter se contido.

Na manhã seguinte, Quinn não sentia disposição nenhuma para se levantar. Muito pouco dormira
naquela noite.
Estava furiosa por Zane te perdido a cabeça daquela forma, mas muito mais irritada por ter sido
deixada para trás.
Seja o que Ashton tenha lhe dito, poderiam resolver juntos.
Pensou em ligar, logo depois de ter sido deixada em casa pelo Sr. Dumas, mas resolveu que não o
faria. O que tinham de conversar precisava ser feito cara a cara. Com essa resolução na mente,
forçou-se a tirar o corpo da cama. Quando estava a caminho do banheiro, uma batida na porta da
frente se fez soar.
Seria Zane? Mesmo furiosa com ele, um sorriso brotou em seus lábios. Ele vinha se desculpar,
logicamente.
Escondeu esse sorriso, correu para escovar os dentes e foi para a porta.
Dando de cara com sua mãe! O coração dela falhou uma batida. Só podia haver um motivo para
que ela estivesse em sua casa naquela hora da manhã...
— Mãe? O que a traz aqui, tão cedo? — fingiu-se de desentendida, para ganhar tempo.
— Jura mesmo que não faz ideia, Quinn? — Valentine ergueu o celular a altura do rosto, a foto de
Ashton no chão, enquanto Zane era arrastado pelos seguranças, estampava a tela.
Ela teve de engolir um gemido, dando passagem para sua mãe.
— Você tem alguma explicação para isso? Eu acordei com dezenas de mensagens e ligações, me
informando do desastre da noite passada! Quem é esse sujeito, Quinn? Por favor, me diga que é
mentira que estava com esse homem na festa!
Quinn suspirou, sentando-se num dos bancos em frente ao balcão que separava a sala da cozinha:
— O nome dele é Zane Hudson, mãe! E sim, eu estava com ele na festa, porque... Bom, nos
estamos juntos. — Confessou, sem abaixar sua cabeça.
Valentine ficou quieta, encarando a filha, como se estivesse absorvendo o que acabara de ouvir.
Então, ela estreitava os olhos:
— Hum — foi tudo o que ela disse, em alguns minutos — o que quer dizer com isso de estarem
juntos?
— Ora, estamos juntos! Como uma relação, um namoro...
— Namoro? — ela a interrompeu, altiva.
— Sim.
— Como isso pode ser um namoro se seu pai e eu ainda não o conhecemos? Ou não pretendia
apresentá-lo a nós?
— Claro que eu pretendia! Só... Estava esperando o momento certo.
— E acha que agora é o momento certo? — ela elevava de novo seu celular, seu tom levemente
sarcástico.
Quinn odiava, mas teve de abaixar a cabeça. Não podia argumentar contra aquilo.
— Tudo o que me dizem desse ser é que ele se portou como um ogro, atacando Ashton sem lhe dar
chance de se defender!
— Mãe, não foi bem assim! — o que poderia de fato dizer? Nem ela mesma sabia o que realmente
havia acontecido — Ashton o provocou...
— Ashton? — a outra quase gritou — Ele é um cavalheiro! Ele nunca faria tal coisa!
— Você não o conhece assim tão bem, mãe!
— Eu o conheço desde criança, Quinn!
Mas não teve um relacionamento com ele, como eu! Isso até veio a boca dela para dizer, mas não
teve coragem. Como sempre soube, sua mãe idolatrava Ashton. E ela não tinha coragem de contar
quem ele era de fato. Seria doloroso demais para Valentine, que o tinha como um filho.
Então, como sempre, engoliu uma resposta.
— Quero conhecer esse homem, Quinn! — não foi um pedido.
Depois do que acontecera na festa, não sabia se Zane aceitaria. Não sabia nem mesmo se ainda
estavam juntos!
— Eu vou falar com ele — Foi tudo o que respondeu.
— Eu estou indo visitar Ashton. Seria bom se viesse comigo!
Quinn se empertigou. Oh, aquilo era o que ela menos queria fazer naquele instante, vê-lo!
— Sinto muito, mãe, mas não posso! — seu tom de voz já deixou claro que seria sua última
resposta.
— O que está havendo com você, Quinn? — Valentine se aproximou dela, perscrutando lhe a face
— está diferente. Sinto você mais afastada. Terminou uma relação que tinha tudo para ser perfeita...
E agora está com esse... Homem que não pertence ao nosso meio. Isso me parece rebeldia tardia.
— Eu não me importo que Zane não pertença ao nosso meio, mãe! E não se trata de rebeldia.
Apenas estou vivendo minha vida e posso dizer que nunca me senti tão bem como agora.
— Esse homem te faz se sentir assim? — havia uma pontada de sarcasmo na frase dela.
— Sim! — Quinn respondeu sem nem mesmo ter tempo de pensar. Era a mais pura verdade! —
Zane me faz me sentir bem, mãe! Muito bem.
Valentine de novo a examinou, em silêncio. Então recolocou seus óculos de sol e veio beijar a
testa da filha:
— Não se esqueça, quero conhecer esse sujeito.
Ela quase redarguiu dizendo que o nome dele era Zane, mas se conteve. Valentine tinha um poder
enorme sobre ela!
— Me ligue — disse sua mãe, lançando um olhar reprovador ao redor — Devia cuidar melhor de
sua casa, Quinn!
E partiu.
Assim que se viu sozinha, Quinn revirou os olhos e foi tomar seu banho. Tinha uma longa
conversa para tratar com Zane.
Depois, tratou de se perfumar mais do que de costume e escolheu um vestido vermelho de decote
discreto, que ia até pouco acima de seus joelhos, mas que delineavam suas curvas, deixando-a sexy.
Um par de sapatos que tinham saltos bem altos, em tom nude, para deixar as pernas ainda mais
longas. Uma maquiagem leve, somente para destacar seus traços. Sim, a intenção era atordoar Zane,
para que dissesse tudo que precisava ouvir!

O dia tinha começado mal para Zane! Ele não dormira uma hora sequer, se revirando com raiva,
frustração, vergonha. Afinal, se portara como um moleque naquela festa!
Agora no trabalho, nada parecia dar certo! Pegara o celular para ligar para Quinn, mas sempre
desistia. Sim, estava sem coragem de encará-la! Um homem daquele tamanho, com medo de encarar
uma mulher... Bom, na verdade, seu medo era de ver a censura nos olhos cor de chocolate quente.
Isso ele não ia aguentar!
Quando de novo não conseguiu fazer o que queria no motor que mexia, lançou a chave-inglesa
longe, vociferando um belo palavrão, enquanto a ferramenta tilintava pelo chão... Indo parar sob um
par de sapatos de salto altos.
Porra! Quinn mais parecia uma aparição de tão linda! E vermelho! O coração dele saltou e seu
pau deu sinal de vida, quando não conseguiu fazer seus olhos desviarem das curvas bem-feitas dela.
Mas sua expressão estava fechada. Assim, ele lhe deu as costas, fingindo estar muito ocupada em
limpar as mãos com um pedaço de estopa:
— Oh, não, Quinn! Eu não estou com cabeça agora!
— O que é uma pena, porque eu exijo algumas respostas! O que foi aquela explosão, Zane?
— Eu sentia que não era uma boa ideia eu ir com você... — balbuciou.
— Eu não o forcei a me acompanhar!
— Eu sei disso...
— O que ele lhe disse, para te fazer explodir daquele jeito?
— Isso realmente não importa, Quinn...
— Mas é claro que importa, Zane! Eu sei que Ashton é um babaca, mas eu te avisei para não lhe
dar ouvidos! Você podia ter sido ao menos mais racional! Olhe o seu tamanho em relação a ele?
— E queria que ele ficasse me ofendendo e não me defendesse? Um inferno que eu ia fazer isso!
— O que ele lhe disse?
Zane contraiu o maxilar, cruzando os braços potentes junto ao peito, mas nada disse:
— O que ele lhe disse, Zane? — ela se exaltava — Ele ofendeu a sua masculinidade, é isso? —
zombou, exasperada.
— Ele não se atreveria! — ele bufou entredentes.
Quinn ficou à espera de uma resposta, mas ele estava impassível. Assim ela suspirou com força e
se empertigou:
— É o seguinte. Se não me disser o que ele falou, eu vou sair por aquela porta e você nunca mais
colocara seus olhos em mim! — ameaçou.
Ela só percebeu que ele entendera suas palavras, por conta de seu maxilar que se tornou ainda
mais rígido, mas ele nem a fitou.
Bom, ou o que Ashton havia dito a ele, o humilhara muito, a ponto dele ter vergonha de repetir, ou
pouco lhe importava que ela estivesse saindo da vida dele. A segunda opção lhe doeu mais.
Quinn conteve outro suspiro. Esse de derrota:
— Ok. Se é assim que deseja — Voltou-se para a porta. Idiota! Se dando mais valor do que ele
lhe tinha. Sentiu-se ridícula.
Quando estava bem próxima a porta e as lágrimas quase escorregando de seus olhos, ouviu a voz
dele:
— Ele disse que eu estou te pervertendo — Falou simplesmente.
Quinn voltou-se, num misto de alívio e confusão:
— O quê?
— Que estou sujando você! — ele deu um passo em sua direção, a ira ainda contida em sua voz,
como se estivesse relembrando das palavras do outro — Que eu estou fodendo você, por diversão!
Que é como um troféu para mim e que eu não sou capaz de manter uma garota como você! Que
quando eu me cansar e partir, você já estará... — ele se deteve, como se estivesse à procura da
palavra certa, ou talvez uma menos ofensiva que Ashton possa ter usado — marcada!
O queixo dela caiu e sua expressão era de horror. Dawson, aquele maldito! E ainda havia se
passado por bom moço! A raiva a dominava!
— Quando eu me lembro do que ele a chamou! — ele escondia o rosto entre as mãos, soltando um
grunhido selvagem — Eu devia ter matado o bastardo imbecil, filho de uma cadela!
— Do que ele me chamou?
Zane a fitou de olhos arregalados, como se o que havia acabado de dizer, não era para ela ouvir.
Ele deslizou as duas mãos sobre a cabeça lisa, parecendo frustrado:
— Esqueça isso, Quinn, por favor!
— Não, eu quero saber! — exigiu, se aproximando até ficar diante dele.
Ele engoliu em seco, fazendo seu pomo de Adão subir e descer, seus olhos estreitados:
— Eu estou pedindo, Quinn! — mais controlado, seu tom era quase de súplica — não me faça
repetir o que aquele merdinha disse...
— Zane! — ela arqueou as sobrancelhas, irredutível.
— Quinn...
— Zane!
— Merda, Quinn! — bufou com uma mão correndo à nuca, nervosamente. Ele abriu a boca várias
vezes, as palavras realmente parecendo não conseguirem sair — Disse que todos se referem a você
como... — se interrompeu e o resto da frase saiu num murmúrio — a vagabunda do motoqueiro
tatuado.
O ar pareceu não chegar aos pulmões dela por um instante. Então era isso a causa de todo o
risinho, de Brooke e suas amigas e de algumas pessoas na festa? Era isso que Gwen não havia tido
coragem de lhe dizer?
— Oh! — foi tudo o que conseguiu deixar escapar por sua garganta fechada.
— Porra, Quinn! Eu sabia que não devia ter falado! Sou mesmo um idiota! — ele explodia, ao
notar o efeito daquelas palavras sobre ela.
Teve um enorme sobressalto quando o viu socar com toda sua força o tampo da mesa. Muitas
coisas sobre ela foram ao chão. Mas ele pouco se importou, voltando-se para a janela, os dedos
cruzados atrás da nuca, respirando rapidamente.
Quinn notou que toda a oficina os encarava pela enorme porta de correr e baixou a cabeça, sem
jeito. Parecia que ela havia se tornado o centro das atenções, nos últimos dias.
— O que estão olhando, cambada? — vociferava Zane, indo fechar a porta — Não têm mais o que
fazer, do que cuidar da minha vida?
Sem muita ação, ela fitou o chão, cruzando os braços. O ouviu praguejar enquanto andava de um
lado para o outro.
Logo o sentia parar diante dela:
— Você está bem, Quinny? — ela simplesmente perguntou baixinho.
— Por que me deixou para trás, Zane? — perguntou abruptamente. Precisava saber.
Ele suspirou profundamente, os ombros retesados, como se pesassem muito e lhe deu as costas:
— Eu estava muito envergonhado, Quinn — sua voz era um fio e seu tom grave — Você me deu
um voto de confiança, me levando naquela festa... E eu a decepcionei! Portei-me como um animal
diante dos seus amigos. E depois do que aquele sujeitinho me disse... Pensei que talvez estivesse
melhor sem mim.
— Você não entende? — Quinn enlaçou a cintura dele por trás, pousando sua cabeça nas costas
largas, sem se importar que ele estivesse sujo de graxa, que pudesse danificar seu vestido caro — Eu
preferia mil vezes que me arrastasse pela mão e me levasse junto com você!
Zane suspirou profundamente e girou entre os braços dela:
— Me perdoe, Quinn! — ele segurou as mãos dela, mas então as soltou, ao notar que as suas
estavam sujas. Mas ela voltou a segurá-las — Eu agi como um completo idiota! Com o merda do seu
ex-noivo e depois... Quando deixei você lá — olhou-a brevemente, mas tornou abaixar seus olhos, os
fixando nos dedos entrelaçados — mas quando fiquei sabendo sobre o que estavam falando de
você... Isso me deixou muito mal e achei... Achei mesmo que era melhor eu me afastar.
Quinn arfou:
— Pensou em se afastar de mim? — sua voz soou assustada.
Como ele não respondeu, ela voltou a insistir:
— Pensou mesmo em se afastar de mim? Por causa de meia dúzia de gente ridícula?
Zane bufou. Seu semblante estava parecendo triste, mas conformado:
— Eu não posso me afastar de você, Quinn! Mesmo que isso fosse o certo!
— Zane, — ela segurou o rosto dele para que ele a fitasse sentindo seus olhos úmidos — o certo
somos você e eu, juntos! Não me importo com o que pensem de mim, se você estiver comigo! Você
me faz bem, me deixa forte! E feliz como nunca antes! Agora sou eu quem quer que me ouça e não
esqueça! — correu uma mão sobre o rosto dele, desenhando seus contornos — Eu amo você, Zane
Hudson!
Zane fechou seus olhos lentamente e segurou a mão em sua face, ao ouvir sua confissão. Sentia que
seu peito podia explodir. Aquela mulher o amava!
— Eu me pergunto o que fiz para merecer alguém como você, Quinn! — um instante depois, ele
estava explorando sua boca, tomando-a como sua, bebendo os beijos que eram somente seus, com
frenesi, com loucura. — Eu também amo você, minha Quinn! — murmurava entre um beijo e outro —
E, porra, eu sei que vou estragar seu lindo vestido com toda essa graxa que há em mim, mas eu
preciso te sentir bem perto! — confessava, esmagando-a contra o seu peito.
— Quem se importa com um maldito vestido, Zane? Só me beije!
— É o que eu quero fazer pelo resto da minha vida! — ele mordiscou seus lábios e então pediu
passagem entre eles, para buscar sua língua. Sugou-a, deleitou-se com seu sabor, sua textura.
Fazendo-a caminhar de costas, prendeu-a contra a parede e seu corpo, sem nunca deixar de beijá-
la. Subiu um pouco sua saia, para enfiar uma perna entre as delas.
— Tem ideia do que eu gostaria de fazer com você agora, bonequinha? — segurava seus quadris,
para que sentisse contra seu ventre, seu pau rijo, louco para estar dentro dela.
— Me possuir até a exaustão? Hum, eu não me importaria com isso! — ela agarrou a frente do
macacão dele, puxando-o para perto, sua boca explorando o pescoço dele — Não pode sair só um
pouquinho? — mordeu o lóbulo dele, sussurrando — Eu preciso fazer amor com você, Zane! Agora!
— Oh, inferno! — ele voltou a beijá-la, esmagando sua boca com a dele, roçando seu corpo no
dela, afagando suas nádegas macias — Quer me deixar louco, garota?
— Sim, muito! Eu disse que te amo, você me ama! Temos de comemorar isso fazendo amor, não
acha?
— Nada mais lógico, minha linda! — assim dizendo, agarrou-a pela mão, caminhando
apressadamente para saída.
— O que vai fazer? — ela tinha dificuldade de acompanhá-lo, por causa do salto e quase corria,
mas não conseguia tirar o sorriso de sua face.
— Vou dizer a Jake que estou saindo! — o tom dele era firme.
— E se ele disser que não pode ir?
— Eu me demito! — grunhiu entredentes.
28º

Não foi difícil conseguir a permissão de Jake para a saída de Zane. Ele só lançou um olhar para o
casal, quando esse apareceu a sua porta e os expulsou, de novo ordenando que procurassem um
quarto.
Zane voltou a arrastar Quinn, agora para fora da Harper’s:
— É o que pretendo — balbuciou.
Como ele viera com Delayla, rumaram para a casa dele, que era mais perto, no Corvette dela.
Quinn definitivamente não se importou de ter o vestido caro rasgado pelas mãos ansiosas de Zane.
Sua urgência em tê-lo dentro de si era tão ou mais feroz que a dele. O sexo quente e selvagem
começou contra a parede da sala, rumou para o sofá, chuveiro e então eram dois corpos exaustos
jogados na cama:
— Zane? — Quinn o chamou, sua cabeça aninhada junto ao seu peito, acolhida na curva do braço
forte.
— Hum? — ele deixou um escapar de forma preguiçosa de seus lábios.
— Você me ama o suficiente para ir conhecer meus pais? — arriscou, tentando dar um ar de
brincadeira a pergunta.
Ela o sentiu liberar o ar de seus pulmões num suspiro. Então ele girava seu corpo para ficar sobre
o dela e a encarar:
— Eu faço qualquer coisa por você, bonequinha! — seu olhar era firme, seu tom de voz segura,
enquanto a fitava de forma intensa.
Quinn se perdeu na beleza dos olhos verdes e acariciou sua face tão máscula e perfeita:
— E eu por você! — ela imitou o tom firme dele.
Zane lhe endereçou uma piscadela e veio tomar seus lábios suavemente. Era bom poder dizer
àquela mulher que a amava. Fazê-la sentir o quanto era importante na vida dele. Que lhe dera um
novo sentido e que trouxera cores para seus dias e noites. Que o corpo dela completava o dele, num
encaixe perfeito e não só fisicamente. Era um encontro de almas, algo lindo e muito maior do que
tudo que vivera até ali. Experimentava um amor pleno e sim, faria qualquer coisa por Quinn. Por
agora, ela era parte dele.
— Mas por que a pergunta, meu anjo? — ele agora acariciava a face dela, retirando alguns
cabelos dela de sua face.
Ela suspirou e revirou os olhos, a ponta de seu dedo traçando os riscos de sua tatuagem:
— Porque eu fui intimada a te levar à casa de meus pais, pela minha mãe!
— E você está preocupada com o que exatamente? — Zane se apoiou sobre um cotovelo para
encará-la melhor. — Teme que eu não me comporte... De novo? — o tom dele foi de culpa.
Quinn soltou uma exclamação e sem se importar com sua nudez, colocou-se de joelhos na cama,
também para melhor fitá-lo:
— Isso nem me passou pela cabeça, Zane!
— Bom, seria normal, depois de ontem à noite...
— Você só reagiu porque foi provocado, amor! — segurou o rosto dele entre as mãos e o beijou
rapidamente — Sei o quanto Ashton pode ser insuportável quando quer!
— Então, o que a preocupa?
— Bom, primeiro, que você não aceite me acompanhar...
— Eu aceito! — a interrompeu e amou o sorriso que brotou em seus lábios.
— E depois... Minha mãe! Ela... Pode ser um pouco difícil, entende?
— Entendo. Mas isso não me assusta, bonequinha. Acho que sou bem grandinho para me
acovardar diante da mãe da minha garota, certo? — dizendo isso, enlaçou a cintura dela, trazendo seu
corpo nu para perto, sua boca pousando na barriga lisa dela, onde passou a distribuir beijos e
pequenas mordidas.
Quinn riu, sentindo cócegas e segurou o rosto dele, para que prestasse atenção ao que dizia:
— Você não entendeu, Zane — seu tom era grave. — Minha mãe... Eu a amo, mas ela é muito
autoritária, às vezes um pouco arrogante... Ai!
Ela gritou quando ele cravou seus dentes num mamilo róseo e então a jogava de volta no colchão,
prensando-a com seu corpo:
— Anjo, está tudo bem! Marque um jantar com seus pais e eu estarei lá! E digo mais, prometo me
empenhar ao máximo para agradar sua mãe! Mesmo eu não sendo um Dawson da vida!
— E eu agradeço a isso todo dia que se passa!
Zane sorriu, encaixando seu corpo no dela:
— Eu não vou te decepcionar de novo, Quinn! Eu amo você e quero muito te ver feliz.
Quinn enroscou as pernas em torno da cintura dele e os braços rodearam seu pescoço grosso:
— Não sabe o que me faz sentir, quando diz essas palavras!
— Quais? Que eu amo você?
— Sim! — ela jogava a cabeça para trás e gritava.
Ele aproveitou para provar o sabor da pele delicada dela, logo abaixo do lóbulo de sua orelha:
— Pois acho que terá de se acostumar, Quinn Bee! Porque pretendo repeti-las muitas vezes! Eu.
Amo. Você!
— E eu amo você, meu mecânico artista, gostoso! — ela girou o corpo, ficando sobre ele — Meu
moreno tatuado, meu Grandão, meu apadravya boy!
Zane riu delicado dos apelidos que ela dizia. Quinn o admirou, mais uma vez. Era tão grande e ao
mesmo tempo tão terno! Seu homem! Seu semblante agora estava suave, em paz. Feliz. E isso era o
mais importante para ela. Fazê-lo feliz.
Logo rolavam pelos lençóis, trocando declarações, misturadas com promessas picantes. Não
saíram daquela cama a manhã toda.

Quando Quinn adentrou sua loja, depois do almoço, cumprimentou os clientes e suas atendentes.
Logo Gwen a alcançava:
— Quinn, tem alguém em sua sala... Que precisa muito falar com você.
Ela examinou a amiga, franzindo suas sobrancelhas. Estava mais agitada que de costume:
— Está tudo bem com você?
— Ah... Sim, claro! Eu... — a outra estava gaguejando, o que era muito raro nela. Sempre a
admirara por sua segurança. Então a viu bufar e revirar os olhos. — Quinn, me acompanhe até seu
escritório e... Prometo que conversamos depois, ok?
— Ok — teve de concordar, já que estava praticamente sendo arrastada pela amiga.
Não acreditou em seus olhos, quando, ao entrar em sua sala, encontrou Ashton. Estava todo
encolhido na poltrona. Um casaco de gola erguida que junto com um boné afundado em sua cabeça,
escondiam sua face.
— Como ousa aparecer aqui, depois do que provocou ontem? — esbravejou, logo que Gwen
fechou a porta atrás de si.
— Quinn? — ele pulou de pé, parecendo assustado em vê-la.
Então ela teve de engolir uma exclamação, ao olhar para o rosto dele. Estava horrível! Seus olhos
arroxeados e muito inchados e seu nariz, antes tão afilado e perfeito... Bom, ele, com certeza,
precisaria de uma cirurgia para corrigir aquilo tudo.
Levou uma mão a boca, para conter seu espanto:
— É, eu sei que estou uma aberração! — seu ex-noivo admitia — Mas eu tinha de vir falar com
você... — lançou um olhar de esguelha para Gwen, que desviou o seu — por favor, Quinn, não me
expulse! Preciso mesmo falar com você.
Sua assistente limpou a garganta e anunciou:
— Vou deixar vocês a sós...
— Não! — Quinn a impediu de sair, agarrando seu braço. — Você fica, pois não me
responsabilizo do que posso fazer a esse... A esse cara!
Parecendo ainda mais desconfortável com a presença de Gwen, Ashton retirou o boné e correu as
mãos entre seus cabelos:
— Eu só... Queria me desculpar, Quinn.
— O quê? — ela exclamou surpresa. Ashton Dawson III estava se desculpando?
— É o que ouviu. Eu agi como um completo idiota ontem.
Quinn virou-se para contornar sua mesa e não flagrou outra troca de olhares e o gesto de
encorajamento vindo de sua amiga.
— Eu estava bêbado... Na verdade, estive bebendo o dia todo, antes mesmo de ir à festa — Quinn
notou um tom acusativo em sua voz que ela não entendeu — e isso porque eu estava furioso! —
enfatizava as palavras — isso porque eu havia levado um grande pé na bunda...
— Hey! — Quinn o interrompeu — Nós terminamos há muito tempo, para que bebesse de novo,
por isso...
— Não, não foi por sua causa... Quero dizer... — ele parecia meio confuso — eu levei outro fora,
entendeu?
Gwen se remexeu, torcendo seus braços, desviando o olhar para o chão:
— Acontece que eu estava muito bravo e ainda havia as mensagens daquela louca da Camille...
— Camille? – Quinn e Gwen gritaram em uníssono.
— Sim, aquela garota não para de me atormentar, desde que começou a sair com esse... Esse
cara... Zane, certo?
— Sim, mas o que ela diz?
— Fica me insultando, dizendo que sou um... Banana, que perdi minha noiva para um sujeito como
ele... — Ashton se interrompeu erguendo suas mãos — palavras dela, ok?
— Foi ela quem te disse que eu estava na sorveteria naquele dia, não é?
— Sim. E insistiu que eu devia, você sabe? Tentar te reconquistar.
— Aquela cadela! — bufou Quinn.
— E eu tenho que dizer a você, ela ficou furiosa, fora de si, quando disse a ela hoje pela manhã
que você o tinha levado à festa. Se eu fosse você, tomaria cuidado, Quinn. Camille parece fora de si,
louca de verdade!
— Eu não tenho medo dela! E agora, tendo a confirmação que ela esteve armando para cima de
mim e Zane... Ela quem deveria tomar cuidado comigo!
— Aquela vaca! — Gwen murmurou de seu canto.
Mesmo furiosa, Quinn notou o olhar demorado de Ashton sobre sua amiga. E o quanto essa se
esquivava deles. Uma centelha se acendeu em sua mente. Seria possível?
— Bom, Quinn era isso que eu vim fazer aqui. Eu entendi que você e eu não temos mais um futuro
juntos e que você e Zane estão firmes, certo?
— Sim, mais firmes que nunca! — fez questão de deixar bem claro.
— Entendi isso. E ontem eu nem ia à festa, mas a Camille ligou e me infernizou, encheu minha
cabeça, dizendo que eu devia ir atrás de você, me chamou de um monte de coisas, ofendendo minha
masculinidade. Foi por causa dela que eu decidi ir. Quando cheguei, eu vi o sujeito lá... O bom é que
só me lembro de acordar no hospital! — ele gemeu ao correr os dedos sobre seu nariz.
Ele pareceria tão sincero, que ela chegou a sentir pena. E teve de admitir que quase riu da forma
como falava, parecendo uma criança desamparada. E outra vez ali estava outro olhar estranho, agora
é da Gwen, parecendo estar cheia de pena do homem. E ela nunca o suportou...
— E mesmo correndo o risco de perder meus dentes, além de já ter meu nariz quebrado, eu
posso... Procurar seu namorado e me desculpar também.
Quinn ficou surpresa de ouvir aquilo. Ashton, o egoísta, estava tentando mesmo ajeitar as coisas,
mesmo correndo risco de vida? Pois a grande verdade era que se Zane o visse pela frente, ele bateria
primeiro e perguntaria depois. Então, isso era desnecessário.
— Não creio que isso seja uma boa ideia...
Pôde notar o alívio se espalhar na face de Ashton:
— Você se lembra do que disse a ele? — Quinn inquiriu, sondando sua face.
— Não, mas deve ter sido algo bem ruim! Olha o que ele fez com a minha cara!
Conhecia Ashton toda sua vida. Sabia que não mentia naquele momento.
— O que eu disse?
— Melhor deixar isso tudo quieto...
— Bom, era isso que eu queria fazer: desculpar-me! Espero que acredite que estou sendo sincero,
Quinn.
— Eu preciso de um tempo para assimilar tudo isso, Ash...
Ele pareceu triste, torcendo os lábios, mas não disse nada. Depois de um breve olhar em direção à
Gwen de novo, pediu:
— Posso sair pelos fundos? Eu não quero que vejam minha cara assim...
— Ok. Vá.
Antes de deixar a sala, parou brevemente de frente a sua assistente e ela evitou seu olhar.
Quando as duas se encontravam sozinhas, Quinn cruzou os braços e esperou. Se a amiga quisesse
se abrir, aquela era a hora.
Depois de ficar em seu canto mordendo o lábio, a outra explodiu:
— Ai, Quinn, eu preciso falar com você! Isso tudo está me sufocando!
— Sou toda ouvidos, querida!
— Queria primeiro que soubesse que estava sendo muito difícil esconder tudo isso de você e da
Júlia!
— Eu posso imaginar. Nós não temos segredos uma com a outra, certo?
— Certo... — ela não teve tanta convicção ao dizer isso. Então suspirou e acomodou-se no sofá.
— Eu não tenho sido uma boa amiga, Quinn!
— Não diga isso, Gwen! — ela veio se sentar de frente a outra, buscando sua mão.
— Me deixe falar e depois você pode me julgar, ok?
— Como queira, querida.
Depois tomar algumas respirações, Gwen enfim confessou:
— Eu sempre tive uma queda por Ashton! — e ficou aguardando a reação da amiga.
— Wow! Como assim? Eu sempre achei que não o suportasse! Sempre bateu de frente com ele...
Espera, gostava dele, mesmo quando ainda éramos noivos?
Ela abaixou a cabeça e meneou positivamente.
— Por que nunca me disse nada?
— Porque não era certo! Eu não devia sentir aquilo por ele! Mas, juro, Quinn! Eu nunca, nunca
mesmo pensei em... Ter qualquer coisa com ele, durante e nem depois que vocês terminaram!
— Relaxe, eu sei disso, querida! Mas... Podia ter me dito algo!
— Não, não podia! Eu já me odiava pelo que sentia!
— Por isso ficou tão revoltada com a traição dele!
Ela voltou a suspirar e colocou-se de pé:
— Sim. Foi um golpe para mim também. Primeiro por te ver passar por aquilo, mesmo sabendo
que estava aliviada por terminar aquele noivado. E me senti ainda mais enjoada por gostar de um
homem que não prestava e que machucou minha melhor amiga, que Júlia não me ouça...
— Mas houve algo entre vocês agora, certo? Vocês estão estranhos um com outro.
Gwen mordeu o lábio, parecendo muito sem jeito:
— Jura que não vai me julgar?
— Longe de mim fazer isso!
— Ok. Naquela noite lá na sorveteria... Eu passei por ele e o chamei de babaca! Ele, obviamente
não gostou, mas eu disse e fui embora. Mais tarde, naquela mesma noite, eu fui para um boliche com
minha irmã e uns amigos. Já tinha bebido um pouco, quando dei de cara, adivinhe com quem?
— Ashton!
— O próprio! Ele já tinha bebido um tanto também. Bom, ele ficou me importunando, querendo
saber porque eu não o suportava, que eu devia fazer sua cabeça para não aceitá-lo de volta e essas
coisas. Eu o mandei... — ela se interrompeu e Quinn sabia que era para evitar um palavrão. — Bom,
sabe que sou delicada como um coice de mula! Nós discutimos e eu resolvi ir embora. Ele me
perseguiu e continuamos nossa acalorada discussão do lado de fora. E num momento estamos
gritando um com o outro e depois... Estávamos nos beijando!
O queixo de Quinn despencou:
— Uau! Isso é algo que eu não consigo imaginar! Ashton e você! Se beijando?
Gwen voltou a morder o lábio, torcendo as mãos uma contra a outra:
— Quinn... Nós não ficamos só nos beijos...
— Como assim? — ela perguntou, vagarosamente.
— É como eu te disse, num momento estávamos brigando, no outro, nos beijando e então... No
meu apartamento, fazendo um sexo animal!
Dessa vez Quinn ficou estática. O quê? Ashton? Fazendo sexo animal? E com Gwen? Era muita
informação para ela assimilar.
— Quinn, diga alguma coisa, pelo amor de Deus!
— Eu... Acho que meu cérebro parou de funcionar por um instante...
— Oh, merda! — a garota começava a andar de um lado para o outro, muito agitada — Eu sabia
que não devia ter deixado isso acontecer! Eu sabia! Eu sabia! Eu sou mesmo uma louca, de pedra,
caso de internação...
— Hey! — Quinn veio segurar os ombros da amiga, chacoalhando-a para que se acalmasse e
prestasse atenção nela — Relaxa! Aconteceu, mulher! Calma, ok? Respira!
Gwen fez o que ela pedia, tomando várias respirações:
— Me conte, o que aconteceu depois?
— Bom, na manhã seguinte, quando acordei e dei de cara com ele, ainda ali na minha cama... Eu
surtei! Entrei em choque! E quando me recuperei, o coloquei para fora da minha casa! Nu, como veio
ao mundo!
Quinn riu:
— O quê?
— Depois eu joguei as roupas dele, porta afora.
— Ele disse que estava bravo porque levou um fora... Esse fora foi seu, certo?
— Sim! Depois daquela noite, ele não para de me ligar! Diz que precisa muito conversar
comigo... Que aquela noite mexeu muito com ele, essas coisas.
— Então não conversou com ele depois?
— Estamos falando de Ashton, Quinn. O que eu poderia... Ter com ele?
Foi a vez de Quinn morder o lábio, buscando as palavras certas:
— Me disse que gosta dele. Muito?
— Mais do que gostaria!
Fitou a amiga. Seus olhos grandes e cinza parecendo lhe fazer um pedido de ajuda. Veio sentar,
trazendo-a consigo:
— O que eu posso dizer, minha linda? Se resolver dar uma chance a ele, ao menos já sabe como
ele é.
— Você, realmente não teria problema quanto a isso?
— Logicamente que não, Gwen! Eu estou muito feliz com Zane! Ele é o homem da minha vida! E
Ashton... Eu acho que na verdade, nós devíamos ter sido apenas bons amigos. Misturamos tudo,
entende? Não acho que um dia houve amor entre nós. Fizemos que nossas famílias esperavam. Claro
que isso não é desculpa para a traição dele... Mas talvez eu tenha, sim, minha parcela de culpa. Nós
estávamos tão acomodados naquele relacionamento, que acho que tanto ele quanto eu não fizemos
questão de... Fazer algo para salvar tudo aquilo. Você entende o que quero dizer?
— Hã... Mais ou menos.
— O que quero dizer, é que Ashton e eu não éramos para ser! Agora, se você não se arriscar, já
que sente o que sente por ele, como vai saber o que vai ser?
— Acha mesmo isso?
— Sim, é o que penso. E outra: — agitando o dedo indicador no ar, ao estilo diva, como Júlia
dizia, concluiu — se existe uma garota no mundo, que pode colocar Ashton Dawson III nos eixos,
com certeza essa é Gwen Clarke!
Elas riam:
— Porque estou para conhecer uma pessoa com personalidade forte e cheia de opinião como
você!
— Oh, Deus, espero que isso tudo não seja um erro... — a morena suspirava.
— Formaremos um trio da pesada! Júlia, você e eu, em cima dele! Se ele der mancada... — ela
estalou os dedos — ele já era!
Elas voltaram a rir e se abraçaram. Então o celular de Gwen apitou:
— Olha, outra mensagem dele — ela leu e um sorriso brotou em seus lábios — Estarei sendo
muito idiota ou mulherzinha, se achar isso fofo? — estendeu o aparelho para que Quinn lesse o texto
que ele havia enviado.
Estou carente, machucado. Gostaria muito que você viesse cuidar de mim.
— Sim, é fofo, até para ele. Se quiser ir ao encontro dele, te dou carta branca, querida.
— Mesmo? Hoje, pela manhã, quando ele mandou mensagem, dizendo que achava que tinha feito
merda na festa de ontem, eu disse a ele que não voltaria a falar com ele, se não viesse se desculpar
com você.
Quinn gargalhou gostosamente:
— Eu não disse? Olha o que ele já está fazendo por você? Ele deve ter feito um esforço enorme
para deixar o orgulho dele de lado e vir até aqui. Até com Zane queria falar! E tudo isso por sua
causa.
— Oh, Deus! Será?

Depois que Gwen saiu para cuidar de Ashton, Quinn ligou para a mãe e marcou o bendito jantar
para a noite seguinte.
De alguma forma, estaria aliviada após aquilo tudo. Quem sabe assim Valentine a deixasse em
paz, com relação a seu desejo de que se reconciliasse com Ashton. Um ponto agora era que seu ex-
noivo não mais a importunaria, já que estava interessado em Gwen.
Gwen e Ashton juntos! Se ela não tivesse ouvido a história dos lábios de sua amiga, ela não
acreditaria.
Que ele se comportasse! Se a magoasse... Ele estaria perdido!
Resolveu ligar para Zane e lhe dizer as novidades sobre o jantar. Ao terceiro toque, ele atendeu:
— Hey, você!
Ela pensou que sempre sorriria ao ouvir a voz dele:
— Hey, você! – o imitou — Eu só queria te informar que nosso jantar com meus pais é amanhã,
Grandão! Agora já não dá mais para fugir!
— Wow! Tão rápido?
Quinn riu, recostando na cadeira e apoiando os pés na mesa:
— O que foi? A coragem lhe fugiu?
— Nunca! Eu só pensei que teria mais tempo para me preparar... Psicologicamente!
— Pense dessa forma: será rápido e indolor!
— Torço para que sim... — o ouviu balbuciar — se eu me comportar e fizer sua mãe gamar em
mim? Terei uma recompensa? — o tom dele era malicioso.
— Hum, sempre podemos pensar nisso... Se você for um bom garoto, vou adorar recompensar
você...
— Já me sinto muito motivado agora!
— É, eu posso imaginar! Mas para essa noite, tenho outra ideia! — ela se entusiasmava — Que tal
me levar para pilotar Delayla outra vez? Eu ia adorar!
— Feito, meu anjo! Te pego na saída do trabalho?
Quinn olhou para suas roupas. Um delicado vestido de seda chinesa não era o ideal para pilotar
uma moto:
— Melhor me pegar em casa. Assim me visto para a ocasião.
— Ok. Às 19h00?
— Está ótimo!

Às 19h05, Quinn o ouviu buzinar de frente a sua casa. Saiu toda animada, louca para mostrar seu
visual para a noite: uma calça e jaquetas em couro preto e uma regata branca. E nos pés, uma bota de
salto baixo.
E lá estava ele, sentado confortavelmente em Delayla, do outro lado da rua. Era uma visão, aquele
homem montado naquela máquina poderosa.
Parou em sua calçada, abrindo os braços para que ele a examinasse. Zane lhe enviou aquele
sorriso que deixava suas pernas bambas e boca seca e indicou com um dedo que girasse para
examiná-la. Rindo ela o fez.
Ele correu uma mão pelo rosto, deslizando seus olhos preguiçosamente pelo corpo dela e então,
levantou os dois polegares, fazendo o sinal de positivo para ela. E assim, a chamava para ele.
Quinn meneou a cabeça, ainda sorrindo e começou a se encaminhar para ele.
Tudo foi muito rápido para Zane depois disso. Num minuto estava admirando sua bela garota
caminhar sensualmente em sua direção e no próximo ele ouvia um cantar de pneus e um carro rosa
vindo a toda velocidade.
Ele só teve tempo de gritar o nome de Quinn, correr para empurrá-la para fora do caminho e jogá-
la longe. Zane então, sentiu o impacto. Tudo era dor. Logo em seguida, veio a escuridão.
29º

Quinn não teve tempo de assimilar nada. De repente, sentia seu corpo se chocar contra o chão
duro ouvindo uma freada brusca de um carro. Ficou momentaneamente tonta e sentiu dores, não sabia
bem identificar de onde, mas então seus olhos se cravaram na imagem que ficaria em sua mente para
toda a eternidade. A imagem do corpo grande de Zane estendido a poucos centímetros das rodas de
um carro. E pior... Ele parecia não se
mover.
O terror a dominou e tudo que conseguiu foi gritar o nome dele a plenos pulmões:
— Zane!
Ela estava tomada pelo tremor, tanto que teve medo de não conseguir se colocar de pé e se
aproximar de Zane. Oh, Deus, ele não se movia!
Quando apoiou o braço para se erguer, sentiu uma dor lancinante. Gemeu e a ignorou,
agradecendo aos céus por conseguir andar:
— Zane? — ela se ajoelhava diante dele, contendo a vontade de mover seu corpo. Caso estivesse
machucado, poderia complicar ainda mais sua situação. Assim, tocou sua face, seus dedos ainda
muito trêmulos — amor, fale comigo, por favor!
Que ele esteja bem, senhor! Por favor, meu Deus, não o tire de mim! Ela rogava à beira do
desespero.
Ele estava tão pálido. Mas Quinn quase desfaleceu quando ele gemeu, contraindo sua face e
procurou pelos olhos dela.
— Quinn? Você está bem? Não se machucou?
— Estou bem, amor. Você sente alguma coisa? Está ferido?
— Eu não sei... — ele tentou levantar a cabeça e se mover e foi quando urrou de dor e gritou
voltando a se deitar. — Meu pé! Dói muito!
Quinn olhou para os pés dele. Um deles, com certeza, estava quebrado. E sangrava bastante. Sob a
barra da calça, devia ter uma fratura exposta. Senhor! Engolindo em seco e controlando seu pânico,
até para deixá-lo mais calmo, afagou seu peito:
— Não se mova, querido. Fique quietinho...
— Zane? — foi então que ela ouviu essa voz inconfundível.
Até o momento, não havia conseguido parar para analisar a situação. Ou o que acabara de
acontecer. Podia ter sido um simples acidente, mas quando seus olhos identificaram Camille
Fairfield parada a poucos metros deles, tudo ficou muito claro. Aquela cadela havia tentado
atropelá-la, Zane percebera e a salvara, mas recebera o impacto.
— Ele está bem? — sua voz era um fio e ela estava branca como uma folha de papel.
— Sua cretina! Olhe o que você causou, sua cadela maldita! — ela só não se levantou e voou para
o pescoço da outra, porque não queria soltar a mão de Zane.
— Eu... Eu... Não queria feri-lo... Ele apareceu do nada...
— Você queria me matar, sua vaca idiota!
— Ele está bem? Eu preciso saber... — ela fez menção de se abaixar para tocá-lo.
Quinn se armou toda, empurrando para longe os braços que a outra estendia. Nunca permitiria que
tocasse em seu homem!
—Não ouse, sua maldita! Não ouse pensar que pode tocá-lo!
— Camille, sua psicopata! — mesmo tomado pela dor, Zane grunhiu entredentes — Tem sorte de
eu estar impossibilitado de me mover! Se não, eu quebraria a merda do seu pescoço, sua maldita!
— Eu não queria te machucar, Zane! Eu te amo...
— Ama um inferno! Você queria machucar a Quinn, que é o mesmo que me ferir, sua louca! Você
queria matá-la, sua maníaca! — num impulso, ele se moveu, mas logo caia de volta ao solo, gritando
de dor.
O coração de Quinn se despedaçou. Ele devia sofrer muito!
— Quinn? O que está acontecendo aqui?
Ela reconheceu um de seus vizinhos que se aproximava e suspirou de alívio:
— Senhor Harrison, por favor, chame uma ambulância. Meu namorado está muito ferido! — então
lançou um olhar para Camille, ali parada, paralisada — Chame também a polícia. Essa mulher tentou
nos matar!
A ruiva continuava em estado de choque, fitando o corpo grande de Zane estendido no asfalto.
Logo as pessoas começaram a se aglomerar em torno deles e Quinn voltou toda sua atenção a ele, que
gemia seu nome.
— Estou aqui, amor! — tomou seu rosto entre as mãos, beijando sua testa — A ajuda já está
vindo.
Pouco instantes depois, ouvia o som das sirenes se aproximando. E foi nesse momento que ouviu o
motor do carro diante deles ser acionado. Temendo que Zane pudesse de novo ser atingido, ela o
abraçou e o protegeu com seu corpo. Mas Camille estava dando ré e fugindo do local. A vadia
covarde.
Mas não tinha tempo para se preocupar com aquela ordinária, naquele momento. Zane sofria ainda
mais. Estava pálido. Os seus olhos estavam fechados com a expressão franzida pela dor. E perdia
sangue.
Quando a ambulância parou a poucos metros deles, Quinn apertou a mão dele e sussurrou em seu
ouvido:
— A ajuda chegou, meu amor! Eles vão cuidar de você! Você vai ficar bem, vai ver!
A equipe de paramédicos se aproximou e Quinn deu espaço para que trabalhassem. Preferiu não
olhar para a perna dele. Tinha ideia de que devia estar muito machucada. E pela forma com que Zane
contraia seu maxilar, estava tentando ser forte. Seu olhar sempre procurando por ela.
— Por favor, não pode dar alguma coisa para dor? Por favor! — implorou a um dos médicos.
— Já vamos ver isso, senhorita. Você está ferida! — o homem constava, olhando para sua mão.
Foi então que se deu conta do sangue que corria por seu braço, sob a jaqueta, e alcançava sua
mão. Estava tão entorpecida por ver o estado de Zane, que de fato, não sentia nada.
— Vamos, tire essa jaqueta, com cuidado. Deixe-me te examinar.
Fez o que o médico pedia, sem nunca deixar de fitar Zane e o que faziam com ele.
— É, acho que vai precisar de uns pontos.
— O quê? — ela olhou então para seu braço, onde o paramédico indicava. Havia um corte longo
e profundo. Franziu o cenho. Deve ter feito na queda.
A adrenalina de ver Zane tão ferido não a deixou notar que estava tão machucada assim. E quando
o ouviu gritar novamente, enquanto imobilizavam sua perna, desvencilhou o braço das mãos do
médico e correu até ele, a tempo de o ver perder a consciência:
— Zane! — abaixou-se ao lado dela, tocando seu rosto. Estava tão frio... — Ele está bem? —
gritou agarrando a camisa do médico que o atendia — Por favor, me diga que ele está bem?
— Acalme-se, senhorita! — dizia o outro, com toda calma — Ele deve ter desmaiado por causa
da dor. Acredite, é melhor para ele...
— Tem certeza? — sua voz era suplicante, agora um fio aterrorizado, procurando os olhos do
homem, precisando ter certeza de que não mentia para ela.
— Tenho! Total! Os batimentos estão bons. Ele só desmaiou. Agora deixe que meu parceiro cuide
do seu braço, ok?
Quando teve certeza de que Zane estava bem, o alívio a tomou. Era mesmo melhor que ele não
estivesse acordado. Amenizava a dor.
Vendo-o ser cuidado e tendo a noção de que não podia vê-la, Quinn sentiu sua própria
consciência brincar com ela. Tudo rodou a sua frente e teve de se sentar no asfalto para não cair. Sua
respiração estava irregular.
Logo o médico que atendeu ela minutos atrás estava ao seu lado:
— Hey? Tudo bem?
A voz dela simplesmente não saiu. Um nó, em sua garganta, impediu seu ar de sair ou entrar. Era
tudo tão surreal! Eles podiam ter morrido! Zane podia ter morrido! O pensamento fez abrir uma
comporta de lágrimas desesperadas. Seu corpo sacudido por soluços, tremendo ao mesmo tempo.
Com toda a paciência que lhe era esperado, o médico a examinou, à procura de outros ferimentos,
mas nada achou. Sabia que ela apenas estava em choque. Perguntou-lhe se havia algum familiar a sua
volta. Como disse que não, perguntou se queria que ligasse para alguém. Ela pensou imediatamente
em seu pai. Mas logo descartou essa opção. Não queria assustá-lo e nem a sua mãe. Quando tudo
estivesse mais tranquilo e ela mais senhora de si, ligaria para eles, claro. Pediu que ligasse para
Júlia e Gwen. Como não conseguiu lhe dar os números, pois estava muito desorientada, indicou sua
bolsa caída no meio-fio. Seu celular estava lá dentro. Já tinha um curativo provisório em seu braço,
quando percebeu que Zane já estava numa maca e que se encaminhavam para a ambulância com ele:
— Esperem! Vou com ele! — sendo amparada pelo médico, subiu na ambulância, sentando-se no
banco ao lado de Zane, ainda inconsciente dentro da viatura.
Era tudo um pesadelo, só podia!

Assim que chegaram ao hospital, Zane foi encaminhado para o centro cirúrgico. Era óbvio que ele
precisava ser operado! O pé dele... Rogava aos céus que ele estivesse bem!
Ela recebeu um novo curativo, agora com direto a seis pontos. Estava muito inquieta, ansiosa para
saber o que fariam com Zane, se havia outros machucados além daquele. Ainda estava inconsciente
quando o levaram. Desde que o médico lhe reafirmou que ele estava bem, ficou um pouco mais
tranquila.
Estava sentada na sala de espera quando Júlia e Gwen irromperam o lugar, apavoradas. Jake
seguia atrás delas. Assim que a avistaram, correram para abraçá-la.
— Meu Deus, mulher! Quer nos matar do coração? — Gwen dizia, afagando seus cabelos.
— Se Jake não estivesse comigo, quando o cara falou que você tinha sofrido um acidente... Eu
acho que teria um treco! — Júlia resmungava chorosa em seu ombro.
— Quinn! — Jake beijou o alto de sua cabeça, seus olhos vagando o lugar — Onde está o Zane?
Ele está bem? — o pânico em sua voz era indisfarçável.
— Ele está em cirurgia, Jake. Machucou muito o pé. É só o que eu sei até o momento.
O homem correu as mãos pelos cabelos e então pela barba, apreensivo:
— Eu vou ver o que descubro. Esperem aqui...
Quando se viu sozinha com as amigas, foi impossível conseguir segurar as lágrimas:
— Meninas... — foi tudo o que conseguiu dizer, antes de ser envolvida numa confusão de braços.
— Vai ficar tudo bem, querida! — Júlia tentava acalmá-la, mas mal conseguia controlar a si
mesma.
— Aquela vaca sádica! — resmungava entredentes Gwen, examinando seu curativo — Se eu a
encontrar na minha frente! Eu arranco os cabelos dela! Não, coloco fogo naquele encosto! — enxugou
o rosto dela e beijou sua testa — Ashton queria vir vê-la, mas achou melhor não.
As duas ficaram ali a mimá-la e ela se sentindo mais leve. Ainda muito preocupada com Zane e a
falta de notícias. Mas o importante é que não estava mais sozinha. Esperava que Jake conseguisse
novidades.
Logo ele retornava. Quinn estudou sua expressão. Temia ter más notícias. Mas então Jake sorriu
de forma tranquilizadora, parecendo um pouco mais aliviado:
— Está tudo correndo bem! A cirurgia é um pouco complicada, talvez ele necessite de pinos, mas
vai ficar bem!
Quinn sentiu que suas pernas se transformaram em gelatina e não mais a sustentavam. Por sorte
Júlia e Gwen estavam grudadas cada uma em um braço e não a deixaram cair.
— Ele vai ficar bem! Ele vai ficar bem! — repetia como um mantra.
Um copo de água lhe era estendido e ela o bebeu todo. Ainda estava trêmula e achou que só
estaria em seu normal, quando visse Zane de novo, quando ele falasse com ela, que dissesse que
estava bem. Ela precisava tanto dele!
Uma hora ou duas se passaram e Jake sempre dava um jeito de se informar como estava o
andamento da cirurgia. E tudo continuava a correr bem.
Pediu para que uma das meninas ligassem para seu pai e o avisasse. Mas que deixasse claro que
ela estava bem e que era para falar com seu pai.
Eles fizeram Quinn beber mais água e comer um pedaço de bolo ao qual ela não sentiu o gosto.
Ela só queria ver Zane.
Mas seus olhos não acreditaram quando as portas do elevador se abriram e o juiz Armentrouth
saiu desse:
— O que pensa que está fazendo aqui? — logo atacou, colocando-se de pé, assim que o homem
parou a sua frente.
— Soube que você é a nova conquista de Hudson, Srta. Armentrouth — falou com seu jeito
autoritário e arrogante, sem nem mesmo cumprimentar seus amigos — Parece que ele faz questão de
estar num lugar ao qual não pertence.
Jake se empertigou e Júlia o segurou:
— Eu só queria saber de você. Não me importo com o que aconteça com esse sujeito! Ele é um
bandido...
Dessa vez Gwen e Júlia tiveram de segurar Jake e o levar para longe, pois, com certeza, ele havia
ficado furioso com as ofensas sobre amigo:
— Não, ele não é! É um homem bom! — ela desatou a falar, liberando todo seu nervosismo e
tensão contra o homem — Quer descontar nele toda sua ira e ele não merece! Acha que sabe o que
aconteceu? Que ele levou a sua filhinha para um caminho sujo, mas eu tenho novidades, juiz
Fairfield: foi a Camille quem mostrou esse mundo de autodestruição ao Zane! E ela já o deixou lá no
fundo do poço, de onde ele quase não voltou! O senhor devia se envergonhar, devia um pedido de
desculpas a ele, por tudo o que sua filha o fez passar!
A expressão de Armentrouth era impassível:
— Ele pode dizer qualquer coisa para te convencer... Mas eu não vou cair nessa!
— O senhor não é ignorante para não ver a verdade diante de seus olhos — Quinn afirmou, agora
num tom mais baixo — Camille nunca foi santa. Não foi Zane quem fez o que quer que seja com ela.
Ela sabe se causar dano sozinha.
— Ele virou a cabeça dela! Sabia que ela deixou o marido para ir atrás dele?
Isso lhe era novidade, mas nada acrescentava:
— Tenho certeza de que ele não pediu por isso. Zane não tem culpa de nada do que está
acontecendo. O senhor sabe disso — ele evitou seus olhos e foi então que notou que não estava tão
seguro de si assim — Não é mesmo? E como não pode odiar sua filha, está descarregando sua ira em
Zane.
— Ela é minha garotinha! — seu tom foi baixo, triste.
— E ela está com problemas, Sam. Não desconte sua ira no lugar errado. Use sua energia para
ajudar sua filha. Dê um pouco de paz ao Zane, tirando-a de nossas vidas.
— O que está acontecendo aqui? Quinn, meu anjo, você está bem?
— Pai! — ela correu para abraçar o homem que a acolheu em seu peito.
Seth beijou o alto da cabeça de sua filha e a embalou, como quando ela era criança:
— Pequena, eu fiquei tão preocupado com você!
— Não devia deixar a preocupação de lado por enquanto, Armentrouth — Sam alfinetava. — Já
conhece o... Namorado de sua filha?
Seth franziu o cenho e olhou para a filha em seus braços e depois para o juiz de novo:
— Confio na minha filha e nas escolhas dela, Fairfield — Foi seco.
— Não sabe o erro que está cometendo, meu homem. Esse sujeito arruinou a vida da minha filha.
Cuide para que não faça nada com a sua. Já que vejo que está bem, senhorita, eu vou indo...
— Vai indo? Sem nem mesmo me dizer o que vai acontecer com Camille? Ela tentou me matar,
meu namorado está sendo operado nesse momento e o senhor vem aqui prestar sua solidariedade e é
tudo? Ela nem mesmo vai ser punida pelo que fez?
— Camille... Está desaparecida — ele pareceu esgotado naquele momento. — E... Tão logo ela
apareça, pretendo interná-la em uma clínica de reabilitação.
— Ela devia ir para a cadeia e o senhor sabe disso!
— Ela está doente, Quinn. Precisa de um tratamento, não de cadeia...
— E se um de nós tivesse mortos nesse momento, juiz? Ainda acredita que ela precisaria somente
de tratamento?
O homem pareceu chocado e baixou sua cabeça. E Quinn se sentiu culpada por ser tão rude, mas a
forma como o outro desdenhava de Zane... Aquilo a irritava! Como se sua filha fosse frágil e Zane, o
vilão. Tudo muito injusto.
— Sinto muito pelo que está passando, senhorita. E faço questão de cobrir os gastos, tanto seu
quanto... De seu namorado. Com licença — E rumou para o elevador.
— Um inferno que vou aceitar dinheiro dele! — Quinn bufou, voltando para os braços do pai.
— Ok, agora me explique tudo o que aconteceu, querida. — Dizia Seth, puxando-a sentada a seu
lado.
Contou de forma resumida toda a história de Zane e Camille. Até mesmo sobre o vício dele. E
toda a perseguição da Camille que culminara com o atropelamento.
Ao final, seu pai estava pensativo:
— Hum, essa garota é perigosa e desajustada, Quinn! Melhor tomar cuidado com ela, anjo.
— Sim, percebi que vou ter mesmo que tomar cuidado... — balbuciou ela, sentindo-se cansada.
— Mas... Filha... E quanto a esse rapaz? As coisas que o juiz disse. Devo me preocupar?
— Não, pai! — ela foi veemente — Zane é um homem bom! Já não tem mais qualquer vício! Nem
mesmo bebe!
Seth a observa, quieto:
— O que foi, pai? — Quinn ralhou — Você disse que confiava no meu julgamento! Isso é
mentira?
— Eu confio! — reafirmou ele. — Mas vê a gravidade da situação? Essa garota quase te matou
por causa desse homem — apontou para a sala de cirurgia.
— Mas Zane não tem culpa das loucuras de Camille! Ela está desequilibrada, doente. Consumida
pelas drogas. A culpa é só dela, unicamente dela!
— Você o ama, Quinn? — ele perguntou, subitamente.
Um sorriso brotou em sua face, no mesmo instante:
— Muito, pai! Como nunca amei outro homem!
— Hey! Agora eu fiquei com ciúmes! — brincou ele.
Quinn agarrou seu pescoço, abraçando-o:
— Ok! Eu o amo um pouquinho mesmo que amo você! Melhor assim?
— Um pouco — ele se fingia emburrado. Mas então tomava as mãos dela entre a sua e a fitava
novamente sério — Quinn, eu confio em você! E espero que esteja fazendo a coisa certa. Mas, por
favor, eu preciso conhecer esse homem! Quando ele se recuperar, quero conhecê-lo e saber de suas
reais intenções, está entendido?
— Ok.
— E me prometa que vai tomar cuidado.
— Eu vou!
— Não seria melhor eu colocar um segurança para te proteger? — ele sugeria de repente.
— Não precisa, pai — ela se conteve para não revirar os olhos — Camille sabe que se aparecer,
vai ser pega. Ela não vai ousar dar as caras. O juiz já deve ter colocado um batalhão atrás dela.
Seth não pareceu convencido, esfregando a mão dela ainda entre as suas. Mas então suspirava:
— Bom, espero mesmo que esteja certa! Que acha de vir para casa comigo?
— Não posso, pai! Não vou sair daqui enquanto não souber que Zane está bem.
— Eu nunca vi seus olhos brilharem assim ao falar de Ashton! — constatava ele.
— É porque eu não o amava, pai! — resumiu.
— Certo. Eu não posso ficar. Sua mãe pode suspeitar... Não, não contei que você estava num
hospital e que sofrera uma tentativa de atropelamento! — admitia.
— Oh, Deus! O jantar! Como vamos explicar Zane que não pode ir? — recordava — Ela não vai
perdoar!
— Não se preocupe com isso, querida. Darei um jeito. E não vou contar, por hora do seu...
Acidente. Mas, sabe que quando tudo isso se acalmar, vai ter de contar toda a verdade para ela,
certo?
— Certo! — voltou a abraçá-lo — É por isso que você é o melhor pai do mundo!
A primeira coisa que sentiu quando despertou, muito lentamente, foi o aperto forte e constante em
sua mão. Ao abrir os olhos, Zane deu com o teto branco. Já não sentia tanta dor e sua mente estava
um pouco entorpecida. Não foi difícil constatar que estava na cama de um hospital.
Ao olhar para o lado, encontrou Quinn. Estava sentada numa cadeira e parecia adormecida, sua
cabeça pousada na cama, ao lado das mãos entrelaçadas. Ele ficou aliviado. Se ela estava ali, era
porque não estava machucada. Olhou então para seu pé. Estava engessado. Percebeu que ele estava
bem fodido.
Usou o indicador para acariciar os cabelos dela e a chamou suavemente:
— Hey? Bela adormecida.
Ela despertou lentamente, parecendo não saber direito onde estava. Então seus olhos encontraram
os dele e ela sorriu. E aquele sorriso fazia tudo na vida valer a pena!
— Hey! — disse suavemente, tomando seu rosto nas mãos e beijando seus lábios ressecados. —
Como você está? Sente dor?
— Agora não tanto. O que é isso? — ele segurou seu pulso para examinar seu curativo.
Ela deu de ombros:
— Minha lembrança dessa noite!
Eles se fitaram. Zane deu um meio sorriso triste e Quinn não aguentou mais e deixou sua cabeça
pousar em seu peito e de novo as lágrimas a tomavam.
Zane afagou seus cabelos e beijou o alto de sua cabeça:
— Está tudo bem agora, bonequinha! Está tudo bem!
— Aquela maluca queria me matar! Se não fosse por você...
— Shhh... Não diga isso! — ralhou ele baixinho.
— Eu te devo minha vida! — o fitou e Zane enxugou suas lágrimas com os polegares.
— Eu definitivamente não gosto de ver você chorar! Isso acaba comigo! Venha, suba aqui —
bateu na cama ao seu lado — Preciso sentir seu corpo perto do meu!
— Não, melhor não. Não quero te machucar...
— O que me machuca é você tão longe de mim! Venha, Quinn! Preciso te abraçar!
Como ela poderia resistir ao seu pedido? Descalçou suas botas e subiu na cama com muito
cuidado. Ele tinha soro no outro braço e um aparelho ligado ao seu dedo que não parava de bipar.
Acomodou-se na curva de seu ombro e o sentiu suspirar longamente:
— Quando eu vi aquele carro vindo em sua direção... Eu juro, senti o mundo parando de existir
naquele momento!
— Você podia ter morrido!
— Se isso significasse que nada te aconteceria...
— Agora sou eu que peço: não diga isso! Eu não viveria num mundo onde você não existisse
mais, Zane! — afundou a cabeça na curva do pescoço dele, sentindo as lágrimas rondarem seus olhos
de novo. — Eu amo você e você se tornou a razão da minha vida!
— Eu também amo você, minha pequena! Te amo muito! — seus lábios estavam colados em seus
cabelos. — Me perdoe por trazer aquela louca para sua vida!
Quinn ergueu a cabeça para fitá-lo com adoração:
— Não é culpa sua, amor. E além disso, ela já estava na minha vida antes. E não me arrependo de
nada, de nem um segundo sequer que tenha passado ao seu lado, mesmo isso provocando a ira
daquela descontrolada!
Zane beijou os lábios dela com ternura, estreitando-a contra seu corpo:
— Sabe o que houve com ela? Pegaram-na?
— Não. Está foragida. Mas não por muito tempo, creio eu. O pai dela vai colocar um batalhão em
sua captura.
— Acho que talvez seja melhor que fique comigo até que a peguem. Sabe, na minha casa —
sondou-a a espera de sua resposta — vou me sentir mais tranquilo assim.
— O que você quiser, amor. E eu vou cuidar de você, até que melhore! Serei a melhor enfermeira
desse mundo!
Zane voltou a sorrir torto, mas agora com uma pitada de malícia:
— Hum... E vai comprar um daqueles uniformes bem sexy? Bem curtinho?
Quinn conseguiu rir. Aquele era seu homem!
— Podemos ver isso, seu safado!
— Safado, não! Louco por você! E já percebeu que terá trabalho dobrado, certo? Com essa perna
assim, você terá de tomar o controle...
— Não se preocupe! Isso com certeza não será um problema para mim. Posso ser bem criativa,
meu querido.
— Estou começando a ficar ansioso por isso — sua voz estava mais arrastada agora. A
medicação devia fazer efeito.
— Agora descanse um pouco — sugeriu, quando percebeu que ele mal sustentava seus olhos
abertos.
— Vai ficar aqui comigo, certo?
O pedido foi baixo, soando desamparado, como uma criança. Quinn sorriu e se aconchegou mais a
ele:
— Com toda certeza! Não vou a lugar algum sem você!
Instantes depois, o sentia adormecer. E Quinn deu mais uma vez vazão às lágrimas. Dessa vez,
estava um pouco mais aliviada. Seu Grandão ficaria bem!
30º

Quinn dormia. Sua cabeça encaixada na curva de seu braço com o ombro, quando ele despertou de
sobressalto durante a madrugada. Era incrível que não a tivesse despertado. Devia estar esgotada,
tanto fisicamente como mentalmente.
Zane tivera um pesadelo. Sonhou que não conseguira alcançar Quinn a tempo. A imagem do carro
acertando-a, jogando-a longe e seu corpo pousando sem vida no solo. Teve de estreitá-la mais junto
ao peito e fechar os olhos para apagar aquilo da mente. Sua garganta estava seca, o coração batia
desesperado no peito. Precisava senti-la para ter certeza de que estava bem.
Deve tê-la apertado muito, pois ela acordou e o encarou sonolenta. Logo a preocupação
estampada em seus olhos cor de chocolate quente surgiu:
— Você está bem? Sente alguma dor?
— Estou ótimo, meu anjo! — beijou o alto de sua cabeça absorvendo o cheiro de maçã verde de
seus cabelos — com você do meu lado tudo está ótimo!
— Tem certeza de que não estou incomodando você?— ela perguntou, se aninhando ainda mais a
ele.
— Não, nem um pouco! Não ouse tirar esse seu belo traseiro daqui! — para reafirmar seu pedido,
deslizou sua mão pelo bumbum dela.
— Comporte-se, homem! Estamos num hospital!
— Ok. Então volte a dormir, minha preciosa.
Quinn era mesmo sua preciosa, seu tesouro maior. E por ela daria sua vida, se preciso.

Quando despertou na manhã seguinte, Quinn já não estava mais no quarto. E logo um homem
trajado de branco, munido de estetoscópio e prancheta entrava pela porta:
— Bom dia, Senhor Hudson. Sou o Doutor Smith. Como passou a noite?
— Melhor impossível! — resmungou ainda sonolento.
— Que bom que está de bom humor!
Zane ergueu o corpo e rapidamente o doutor regulou a cama para a posição sentada:
— Como está meu pé, doutor? O estrago foi feio?
Nesse instante Quinn entrava trazendo um copo fumegante em uma das mãos:
— Bom dia, doutor — cumprimentava ela e rumava em direção a Zane, beijando seus lábios de
leve — acordou bem, amor?
— Parece que fui atropelado, mas tudo bem — piscou para ela. O dia ficava melhor com ela por
perto. — Hey, o que você tem aí? Café? Eu necessito de cafeína no meu sistema! — estendendo as
mãos para o copo que ela carregava.
Quinn trocou um olhar com o médico e depois voltou-se para ele:
— Eu lhe disse, doutor! — e se voltou para Zane — Eu sabia que você imploraria por café, por
isso já tinha conversado com o doutor. E ele me informou que você não pode tomar café hoje, mas
que pode tomar chá!
— Chá? Eu lá sou homem de tomar chá?
— É o que temos aqui, Grandão! — ela ergueu seus ombros e estendeu seu copo.
Zane fechou o semblante e pegou o líquido oferecido com cara de poucos amigos, resmungando
baixinho.
Quinn riu do jeito dele e correu a mão em seu rosto de barba proeminente:
— Vá com calma, garoto! — ralhou com ele.
— Bem, Senhor Hudson, deixe-me falar da sua perna. Foi uma fratura bem feia, mas correu tudo
bem na cirurgia. Tivemos de colocar alguns pinos, mas em logo, com uma boa fisioterapia, estará
cem por cento.
— Bom, presumo que não poderei dirigir ou pilotar minha moto! — balbuciava ele com pesar.
Quinn sabia o quanto aquilo iria torturá-lo. Ele amava a liberdade que Delayla lhe proporcionava!
— Mas poderei viajar? De avião? Poderei viajar? — ele pareceu subitamente preocupado.
— Viajar? — Quinn inquiriu confusa.
— Sim. Minha mãe está vindo com meus irmãos, lembra? Vamos passar o dia de Ação de Graças
na casa de Anna.
— Oh, sim. — Ela recordou.
— Bom, não vejo problemas em sua viagem. Mas acho que está bem claro que terá de usar
muletas para se locomover, certo?
Zane bufou entre um gole de café e outro:
— Eu fazia ideia!
— Bom, sua esposa me contou seus problemas com drogas no passado...
— Eu tinha de falar, amor — Quinn pousou sua mão no ombro dele — Eu sei que alguns
medicamentos podem... — ela procurava a palavra certa — te causar uma recaída, entende?
Zane pegou a mão dela e a levou aos lábios, sorrindo carinhosamente. O cuidado que ela tinha
com ele só o fazia amá-la mais ainda:
— Sei de tudo isso, meu anjo. E tudo bem ter falado. Se você não o tivesse feito, eu o faria —
piscou para ela, tranquilizando-a.
— Bom, já que tudo está esclarecido, aqui está a receita dos remédios que quero que tome —
estendeu o papel para Quinn — Não são o que eu gostaria de lhe indicar, pois, sinto muito te dizer,
mas o senhor sentira algumas dores bem fortes. E diante da sua dependência do passado, é o que
posso te indicar.
|Quinn mordeu o lábio para segurar as lágrimas que lhe rondaram os olhos. Além de o deixar
naquele estado, o prejudicava, quando o tornara um viciado e agora isso o impedia de tomar a
medicação correta para lhe tirar a dor. Como odiava aquela mulher!
Zane deve ter percebido no que ela pensava, pois apertou sua mão e lhe sussurrou:
— Está tudo bem, minha linda! Eu sou um homem forte, vai ver!
Alheio ao que rolava entre os dois, Doutor Smith dizia:
— E tente deixar essa perna para cima por uns dias, ok?
Logo o médico saia, dando alta a um impaciente Zane:
— Por favor, anjo! Vamos embora desse lugar! Sinto-me enclausurado aqui!
— Também não vejo a hora de sair daqui! Mas vejo que já trouxeram seu café — apontava na
mesinha ao pé da cama – Coma algo e depois eu te ajudo a se vestir. Jake trouxe roupas para você —
ela pegou uma mochila e retirou as peças de dentro — Ou quer tomar um banho primeiro? — ela
parou e o encarou.
— Eu quero ir para casa! — dizia com a boca cheia, já que devorava um pãozinho que ela lhe
estendeu — E eu nem sei como vou tomar banho, para falar a verdade! — ele reclamou, enquanto
descia da cama, com certa dificuldade.
— Vem cá, se apoie em mim. Eu também estou louca por um banho! Quando chegarmos em casa,
podemos passar algumas horas naquela sua banheira diminuta, o que acha?
— Eu não posso pensar em nada mais delicioso do que você e eu numa banheira diminuta,
bonequinha! — puxou-a pela gola da jaqueta e a beijou.
Quando ele estava adequadamente vestido e alimentado, houve uma leve batida na porta e Jake
adentrava, usando duas muletas como apoio, trazendo Gwen e Júlia em seu encalço:
— Hey, seu palhaço! Você nos deu um belo susto, hã? Trouxe-lhe uns presentinhos! — estendia-
lhe as muletas.
Zane franziu o nariz para elas, mas aceitou-as. Assim como também aceitou o abraço do amigo e
os beijos das garotas:
— Vocês sabem de algo sobre aquela... — ele se interrompia antes de prosseguir — sobre
Camille? Alguém sabe se já a pegaram?
— Nada ainda! — bufava Gwen — A cadela sumiu!
— Ou o pai está escondendo-a, certo? — suspeitava Júlia.
— Ela devia estar na cadeia, pelo que fez! — Zane bufava com cara fechada, trazendo Quinn para
seus braços.
— Isso com certeza não vai acontecer, amor! O pai dela é muito influente! Vai dar um jeito de
acobertar tudo!
— Isso é muito injusto! — Jake dizia enquanto recolhia as poucas coisas de Zane pelo quarto —
Mas ao menos ouvi que aquele juizinho prepotente vai internar a louca de novo! Já é alguma coisa.

Jake deixou o casal na casa de Zane. Por sorte, havia poucas peças de roupas dela ali.
Ela encheu a banheira com água bem quentinha, já que o inverno começava a dar sinais de que
estava por perto. Colocou sais aromáticos que comprara dias antes. Ajudou aquele homenzarrão a se
despir. Não que isso fosse desagradável. Mas ele reclamava bastante de não poder se virar.
Quinn revirou os olhos e deu um tapa no traseiro nu:
— Pare de resmungar, bebezão!
— Hey! — ralhou pelo tapa e se acomodou na banheira, tendo o cuidado de deixar a perna
engessada apoiada na borda — Tenha piedade, mulher! Agora tire essa roupa bem devagar para que
eu possa apreciar — ordenou.
— Hum, e por que eu faria isso? — se rebelou ela, brincando com ele.
Ele suspirou e jogou água pelo rosto e depois correu uma mão pela nuca, pela cabeça raspada e
então pelo queixo, parecendo exasperado:
— Porque eu estou com dor! E eu odeio ser um inútil!
Quinn abaixou-se e cobriu os lábios com os seus, o calando. E tudo no que ela conseguia pensar
era que odiava ainda mais aquela cadela mal-amada que provocara aquilo em Zane! Maldita seja!
— Sinto muito que esteja com dor, amor! E eu farei de tudo para deixá-lo o mais confortável
possível, ok?
Zane suspirou e tocou sua face:
— Me perdoe se eu me tornar insuportável, anjo! Eu não estou acostumado... A depender de
outras pessoas...
— Eu não sou nenhuma pessoa! Sou sua! — sussurrou seus olhos fixos em sua boca bem feita e
depois examinando aquele rosto anguloso de maxilar esculpido, másculo — Acho que já me sinto sua
extensão — sorriu-lhe de forma apaixonada.
— Não, você nunca seria nenhuma pessoa! E sim, você é minha extensão, um pedaço de mim! E eu
na verdade devia agradecer a dor que sinto, pois ela significa que você está bem!
Quinn revirou os olhos para afastar as lágrimas que de novo a rondava diante das palavras dele. E
então se colocava de pé:
— Ok! Você me convenceu. Vou me despir. Bem devagarinho para sua apreciação!
Ele sorriu de forma pervertida e era esse tipo de expressão que Quinn gostava de ver no rosto
dele:
— Boa menina!
Ela também não tomava banho desde a tarde anterior, antes do acidente. Não arredara o pé do
hospital um só minuto. Só trocara de roupa porque Júlia lhe levara algumas peças, pois as suas
estavam sujas de terra e sangue. Agora vestia um jeans surrado e uma camisa de botões branca, os
quais, começou a soltar de suas casas muito lentamente.
Quando seu ventre liso surgiu, correu a mãos por ele e olhou para Zane. Ele correu a língua pelos
lábios e nem parecia piscar.
Quinn prosseguiu, até a camisa estar fora. Ela estava vestida com seu sutiã de renda rosa que
desceu suas alças, mas não retirou a peça. Ao invés disso, seus dedos encontraram o fecho da calça
que foi descendo ao encontro do zíper. Deslizou o jeans pelas pernas longas. Zane apreciava cada
curva que surgia. Logo a calcinha minúscula, também de renda, aparecia.
Ao arriscar um olhar para ele, percebeu que estava manuseando seu belo e duro, como pedra,
pênis. O apadravya havia sido retirado na cirurgia, estava de volta e brilhando sob a água. Oh, bom
Deus! Era sexy demais! Mordeu o lábio e levou as mãos ao fecho do sutiã. Sem tirar os olhos dele,
retirou a peça, seus seios surgindo, alvos. Viu o peito dele erguer e abaixar lentamente e engolir,
como se estivesse salivando.
Então, Zane olhava de forma intensa para sua calcinha e para seu rosto novamente, e erguia uma
sobrancelha, como se a estivesse desafiando.
Sorrindo de forma sexy, Quinn engatou os dedos nas laterais da peça e começou a descê-la
enquanto balançava seus quadris de um lado para o outro:
— Porra, Quinn! Você é tão gostosa! — grunhia ele entredentes, suas mãos aplicando uma
massagem vigorosa em seu pau.
Já nua, caminhou até ele com andar sensual. Pousou sua mão ao lado da banheira e ofereceu seus
lábios para serem beijados. Zane os devorou, indo beliscar um mamilo turgido e depois o outro.
Logo sua mão iniciava uma descida e Quinn, sem pudor algum, separou suas pernas para lhe permitir
acesso.
Ela arfou quando a mão dele encontrou sexo úmido:
— Quente! — sussurrou junto à boca dela.
Então seus dedos separavam suas dobras e encontrava seu clitóris ultrassensível, brincando com
ele. Quinn gemeu, movendo os quadris de encontro à carícia. Então ele a invadia, num delicioso
movimento de vai e vem. Ela teve de abandonar os lábios dele para gemer alto dessa vez, jogando a
cabeça para trás.
Zane aproveitou para depositar a boca no pescoço delgado:
— Traga essa bocetinha quente para mim, Quinn Bee! Eu preciso dela envolta do meu pau! —
ordenava de forma possessiva.
— Seu pedido é uma ordem, meu querido! — tomando todo cuidado com a perna dele, ela entrou
na banheira, apoiando cada pé ao lado das coxas musculosas dele.
Zane aproveitou para correr suas mãos pelas pernas dela até encontrar seu quadril e a puxar para
baixo.
Logo estavam encaixados, numa conexão perfeita. Quinn não conseguia parar de beijá-lo. Como
se daquilo dependesse sua vida.
Ele corria suas mãos grandes por suas costas, apertando mais e mais junto ao seu corpo. Os seios
eram esmagados no peitoral poderoso dele.
Então ela se movia, recebendo-o todo dentro de si. Arfando e gemendo, suas unhas gravadas nas
costas largas. Aquilo era certo, perfeito e mágico! A cada vez que fazia amor com Zane, era sempre
como se fosse a primeira vez, sempre havia descobertas a fazer. Como agora que ele lhe sugava e
mordia um mamilo e logo outro. A sensação era sempre nova, deliciosa e única!
— Você é tão linda, Quinn! Eu amo cada pedacinho desse seu corpo!
Logo ele a ajudava a cavalgá-lo de forma intensa, profunda e apaixonada. Quando ela sentiu que
seu orgasmo se aproximava, tomou o rosto dele entre as mãos e gemeu sua liberação junto a sua
boca.
Zane enlaçou sua cintura, dando mais algumas fortes investidas antes de grunhir de prazer e gozar
longamente dentro daquele corpo quente que o fascinava.
Relaxada, Quinn deixou sua cabeça repousar junto ao peito dele. Podia ouvir as batidas do
coração de Zane e isso era muito bom! O melhor som do mundo.
Ele a embalava correndo seus dedos pelas costas dela. Era acalentador. Calmante, depois de tudo
o que enfrentaram. E a ideia de que aquilo poderia ter terminado de outra forma... Isso a aterrorizava!
— Quando eu te vi... Lá caído no chão, sem se mover... — começou quando sua respiração se
normalizava, um nó se formava na garganta dela, ao relembrar a cena — eu tive muito medo de
perder você!
Zane a apertou ainda mais junto ao seu peito e beijou o alto de sua cabeça:
— Não fique assim, bebê! Você não vai me perder! Lembre-se sempre: Eu. Te. Amo! E sempre
estarei aqui para você!
Ela envolveu seu tórax e fungou:
— Eu espero que sim, Grandão! Porque eu não posso mais viver sem você, entendeu?

— Eu só estou dizendo que vai ser um tédio ficar o dia inteiro aqui sem fazer nada!
Quinn riu, jogando a cabeça para trás enquanto recolhia sua bolsa e celular:
— Sem fazer nada, Zane? — ironizava — Você tem Xbox, Playstation dos mais modernos —
apontava ela — e centena de jogos! É o sonho de todo cara ter um dia inteirinho só para jogar! Você
não pode ser diferente!
— Eu já joguei todos esses aí! — resmungava.
— Ai! Desmanche esse bico! — Quinn segurou o rosto dele e apertou suas bochechas para beijá-
lo.
Zane aproveitou para puxá-la para seu colo, fazendo-a dar um gritinho de surpresa:
— Tem certeza de que não pode ficar? — ele fuçava em seus cabelos com o nariz.
— Não posso, amor! — ela se esforçou para ficar de pé e se equilibrar nos saltos altíssimos — Já
perdi três dias inteiros! Tenho um bazar beneficente para organizar, lembra?
— Sim, o chá em benefício ao instituto que sua avó ajuda! — dizia com voz entediada — Já sei
disso! Como me esquecer, se é por causa dele que não vai me acompanhar até Boston para conhecer
minha família!
Quinn parou e suspirou olhando para ele:
— Não faltarão oportunidades, amor! Já te disse isso!
— E eu entendi! — resmungou.
— E eu tenho impressão de que você não vai ficar sozinho por muito tempo — ela anunciava
olhando através da porta que era de vidro.
Do sofá onde estava jogado, Zane não entendeu o que ela queria dizer e franziu o cenho ao vê-la
caminhar até a porta e a abri-la. Então, seus amigos da banda invadiam a casa, fazendo muito barulho
e distribuindo beijos em Quinn. Algo que o incomodou um pouco. Não gostava, de forma alguma de
ver outros homens tocando sua garota!
Matt, Carter vieram cumprimentá-lo enquanto Stevie se deteve mais tempo diante de Quinn,
examinando-a toda lentamente:
— É sempre bom te ver, garota! — dizia com seu estilo galanteador.
Zane usou sua muleta para empurrá-lo para longe de Quinn e retrucar possessivo:
— Tire já essa sua cabeleira embaraçada e sebosa de perto da minha mulher, seu idiota!
— Sebosa?— o outro retrucava se aproximando. O cabelo dele era de fato seu ponto fraco.
— E eu tenho o número da Jully no meu celular. Quer ver a ruivinha irritada?
Quinn revirou os olhos ao ver o outro perder o sorriso quase que imediatamente. Precisava
conhecer essa garota. Devia ser bem brava.
— Trouxemos os instrumentos. Quinn sugeriu que ensaiássemos aqui — Carter dizia — o que
acha?
— Que minha garota é especial! — beijou a mão dela no momento em que uma buzina soava,
anunciando a chegada de Gwen que viera buscá-la.
Era a condição de Zane para que voltasse ao trabalho: que alguém a buscasse e a trouxesse em
casa, até que encontrassem a maldita Camille.
Ele ligara o dia todo. Para saber se tudo estava bem, se havia almoçado ou simplesmente para
dizer um eu te amo. Mas Quinn sabia que estava preocupado que Camille aparecesse novamente. E
de fato, agora tinha um pouco de receio da garota. Afinal, ela tentara matá-la.
Mas não acreditava que ela daria as caras por hora. Sabia que estava sendo procurada, ao menos
pelos homens de seu pai.
Quando retornou à casa de noite, mesmo tendo de se equilibrar com as muletas, Zane havia feito o
jantar. O cheiro era tão bom que o estômago dela roncou. Nos dias anteriores, eles haviam pedido
comida pelo telefone.
O encontrou diante da pia, vestindo uma calça de moletom que pendia de seus quadris estreitos. E
a peça lhe evidenciava o traseiro bem-feito. Ela sorriu e enlaçou sua cintura, encostando o rosto em
suas costas:
— Vejo que ficou entediado e resolveu cozinhar.
— Mais ou menos isso — usando uma muleta, girou entre seus braços e também a abraçou —
Como foi seu dia?
— Você sabe como foi! — ela respondeu divertida — Me ligou o tempo todo.
— Eu estava preocupado. Com essa louca a solta...
— Ela não vai aparecer tão cedo, meu bem. E eu não fiquei sozinha um instante, como me sugeriu.
Gwen montou guarda o tempo todo!
— Me lembre de agradecer a ela!
— Agora... — Quinn encostava o corpo longilíneo no dele, falando sensualmente — já que o
jantar já está pronto, que acha de vir esfregar minhas costas, benzinho?
— Benzinho?— ele erguia uma sobrancelha.
— Não é assim que agem os caras, depois que chegam do trabalho?
— Está me chamando de mulherzinha?
— Claro que não! — ela se esforçava para não rir. — Mas eu cheguei do trabalho, estou cansada.
E gostaria mesmo que esfregasse minhas costas!
Soltando-a, Zane começou seu caminho para o banheiro:
— Eu estou me sentindo meio usado! — resmungava.
Quinn deixou que ele tomasse à dianteira e de novo apreciou seu traseiro e depois depositou um
tapa nele:
— Ah, sim! Eu vou usar você!

Mais a noite, eles se encontravam aninhados no sofá, assistindo a um filme qualquer. Ela estava
quase pegando no sono com Zane acariciando seus cabelos, quando ele disse baixinho:
— Percebeu que estamos morando juntos?
Ela se espreguiçou e procurou seus olhos:
— É provisório, amor.
— Eu sei... Mas... Meio que gosto disso.
— Disso o quê?
Ele beijou sua testa com doçura:
— Saber que no fim do dia você estará aqui. Comigo.
Quinn de repente estava desperta e tocou rosto dele:
— Está me convidando para morar com você, Grandão? — perguntou com cautela.
— Não!
Foi a resposta direta dele, deixando-a um pouco sem graça.
— Não nessa casa — ele prosseguia — numa maior, quem sabe?
Um sorriso teimoso brincou nos lábios dela:
— Minha casa não é muito maior que essa, seu bobo!
— Eu sei, mas... Você merece algo melhor — segurou o queixo dela o acariciando — Com uma
banheira decente!
Quinn gargalhou e Zane amava aquele som.
— Eu descobri que amo sua banheira minúscula! — então ela sussurrava junto a seus lábios —
Porque assim, sempre tenho de ficar em cima de você.

Pela manhã, Jake, Júlia e Quinn havia levado Zane ao aeroporto. Aliás, observou que Jake e Júlia
andavam inseparável ultimamente. Com todos os acontecimentos, não tivera muito tempo para
conversar com a amiga, mas era fácil notar os olhares apaixonados que eles trocavam. E Júlia tinha
um sorriso enorme no rosto, sempre que estava ao lado do cara. Estava feliz pela amiga, assim como
também por Gwen e Ashton, que pareciam estar se acertando. Esperava que ela conseguisse colocar
um pouco de juízo na cabeça de seu ex-noivo.
Descobriu que Zane odiava voar e tentou não rir da cara de pânico dele. Sentiu até um pouco de
pena.
Eles não tinham mais falado sobre morar juntos. O assunto ficou no ar. No entanto, se houvesse
uma segunda sugestão, ela aceitaria, com toda certeza! Mas somente depois que ele conhecesse sua
mãe.
Seu pai havia inventado uma desculpa qualquer para cancelar o jantar. Quinn não ligara para a
mãe. Teria de mentir para ela e odiaria ter de fazer isso! Felizmente, ela não descobrira sobre o
acidente. Tão logo Zane retornasse da viagem, marcaria outro jantar.

Já era fim de expediente quando sua mãe irrompeu sua sala, muito exaltada. Ela parou diante de
sua mesa e a examinou inteira, até pousar no ferimento que ela trazia no braço.
Quinn ficou completamente estática. Ela sabia. Não foi preciso nem perguntar nada. E
instantaneamente soube como ela descobrira: Camille! Aquela cadela tacava novamente!
— Eu nunca vou perdoar você! — sua mãe exclamou, sua voz carregada de amargura — ou o seu
Pai! Minha única filha sofre um acidente e eu sou a última, a saber? Acha isso justo?
— Eu só quis te poupar, mãe...
— Não! Você quis poupar aquele delinquente com quem está andando! Quinn, eu não te criei para
ser envolver com esse tipo de gente!
— Não seja arrogante, mãe. Não conhece Zane, ele é um bom homem! Não tem culpa do que nos
aconteceu.
— Sim, ele tem, por ser envolver com gente de quinta e levar você para o meio de tudo isto! Ele
não passa de um bandido!
Quinn não conseguiu se conter e se exaltou:
— Não fale assim de Zane!
Sua mãe pareceu chocada. Não era para menos. Quinn nunca respondera à mãe:
— Você... Levanta a voz para mim... Por causa dele?
Comprimindo os lábios, Quinn tentou amenizar a situação:
— Me perdoe, mas eu não posso te ouvir falar assim do homem que eu amo e não retrucar.
— Você não pode amar esse homem! — sua expressão era de desdém — Só está encantada
porque ele é diferente de nós.
E voltamos ao começo! Pensava ela:
— Para você, o homem perfeito para mim sempre será Ashton, certo?
— Correto! — Valentine concordou de pronto. — Ele é de berço, educado e um cavalheiro!
— Ah, mãe, — não conseguiu evitar a ironia — acredite em mim quando digo que ele não é tão
perfeito assim!
— Você nunca me convencerá disso! Eu o conheço desde que ele nasceu. Sempre foi apaixonado
por você e você por ele. Isso não pode ter mudado assim.
— O que sentíamos um pelo outro não era amor, mãe. Nós confundimos tudo...
— Eu não aceito isso, Quinn! — rebatia ela alterada — Você tem de colocar um fim nesse caso é
voltar para o Ashton, antes que seja tarde demais!
— Você não pode exigir que eu volte para um homem que eu não amo e que me traiu com duas
vagabundas na casa onde dali a pouco tempo seria o nosso lar! — quando deu por si, Quinn já havia
deixado as palavras saírem de sua boca. Tapou-a em seguida. Aquilo não precisava mais vir à tona.
Ashton era passado e tantas vezes havia lhe pedido perdão. E agora ele estava com Gwen... Até por
respeito a ela, não queria mais tocar naquele assunto, mas agora já estava feito.
Ao olhar para sua mãe, notou-a muito pálida. Sim, estava chocada.
— O quê? — sua voz era sumida — O que disse?
Quinn suspirou e prosseguiu:
— É isso mesmo, mãe. Eu estava te poupando de toda essa sujeira, mas você não me deu escolha!
Valentine baixou seus olhos e pousou uma mão sobre o peito, começando a caminhar pela sala:
— Não pode ser! Ele me prometeu que cuidaria de você!
— Sinto muito, mas isso estava além da capacidade dele.
Ela ficou realmente preocupada quando notou que sua mãe parecia ter dificuldade para respirar,
sua mão ainda pousada sobre o peito:
— Mãe? A senhora está bem?
— Por que não me contou isso antes? Por que... Oh, Deus!
Foi tudo o que ela conseguiu gritar antes de cair imóvel:
— Mãe! — Quinn correu até ela, desesperada. — Mãe! Socorro, alguém! Por favor!
Logo Gwen aparecia na porta e se chocava com a cena:
— Quinn, o que houve? — ela se abaixava para examinar Valentine.
— Nós discutimos e ela passou mal... Gwen, por favor, me ajude.
— Chame uma ambulância. Diga que é urgente! — sua assistente ordenava para as outras
funcionárias que se aglomeravam na porta e então se voltava para ela — Quinn... Acho que sua mãe
acaba de sofrer um infarto...
31º

Assim que o táxi estacionou, Zane notou uma novíssima USV estacionada diante da casa de Anna.
Sua mãe já devia estar com seus irmãos. Ele não conseguiu evitar um sorriso. Tinha uma família
completa de novo!
Mal saltou do carro, a porta da frente se abriu e um grupo de pessoas saia. Assim que o avistaram
descer do automóvel com dificuldade, sua mãe e sua irmã caminharam apressadas em sua direção,
mas não antes de impedir Ryan e Tyler, seus sobrinhos, de dispararem na frente:
— Tio! — Zane abriu os braços e apoiou-se no carro para absorver o impacto dos dois que se
jogaram em seus braços.
— Hey, turminha!
— Meninos! — Anna chegava para tirá-los de cima do irmão. — Não estão vendo que seu tio está
ferido?
— Tudo bem, mana. Eu estava morrendo de saudades desses dois!
— Ih, tio! — Ryan o examinava com uma careta — Parece que não vai rolar basquete dessa vez!
— Infelizmente não, amiguinho!
— Nossa, a gente já tinha ensaiado umas jogadas massa para acabar com você! — completava
Tyler.
Zane riu com escárnio:
— Vão sonhando! Se duvidar, eu acabo com vocês dois com uma perna só!
Os dois se afastaram rindo e o provocando com apelidos do tipo manquitola, pirata de uma
perna só, que só estava lhe faltando um tapa-olho.
— Ainda pego vocês dois, seus pestinhas! — Zane gritava, mas ria divertido.
Depois de despachar as crianças, sua irmã exclamava amparando-o em um braço:
— Zane! O que houve com você?
— Meu filho, onde arranjou esse pé quebrado? — Emma buscava sua muleta no banco traseiro do
táxi.
Teve de sorrir de novo. Tinha de admitir que era bom receber aquela atenção das duas outras
mulheres mais importantes de sua vida, com Quinn:
— Isso é só uma amostra de que não sou tão bom motociclista assim — durante a viagem,
ponderou que não havia necessidade de contar a seus entes, toda a história por trás de seu ferimento.
Eles não precisavam saber daquilo, pois torcia para que Camille fosse encontrada logo e que aquele
martírio tivesse fim — Mas fora um pé quebrado e o orgulho ferido, eu estou bem!
— E a Delayla está inteira, certo? — brincava seu cunhado Dean, aproximando-se dele e lhe
estendendo uma mão.
— Obrigado, amigo! Muito obrigado por se importar com meu bem-estar! — Zane ironizou, dando
um tapa nas costas do outro que se encaminhava para a traseira do táxi a fim de pegar suas coisas.
— Zane, meu filho! — Emma abraçou sua cintura, encostando sua cabeça no peito dele — Tome
cuidado, meu querido!
— Eu estou bem... — reforçava — mãe! — ele experimentou aquela palavra em muito tempo. Não
havia chamado ela assim da última vez que se viram.
Notou que Emma levantou seus olhos marejados para ele. Zane lhe sorriu e beijou o alto de sua
cabeça:
— Fico feliz em ver que já se entenderam! — constatou olhando para as duas mulheres ao seu
lado.
Emma acariciou o braço da filha com um sorriso ainda emocionado:
— Sim, nos entendemos. Mas venha! Tenho dois jovenzinhos ansiosos para te conhecer!
— Vamos sim.
Ao chegar à varanda, encontrou seus outros irmãos, pela primeira vez. Tratava-se de um
rapazinho que o fitava admirado e uma mocinha com cara de choro.
— Uau! Você é grande! — o jovem dizia, como se isso lhe tivesse escapado da boca.
— Zack! — ralhava sua mãe.
— Já ouvi isso antes — Zane riu, respondeu e estendeu sua mão para ele — Como vai, cara?
— Você não tem noção do quanto eu queria te conhecer! Eu sempre quis ter um irmão mais velho
e não uma tapada mais velha!
— Ai, cala a boca, Zack! — a mocinha o empurrou.
— Você deve ser Zoe.
A mocinha, de pele clara, de enormes e lindos olhos azuis, somente meneou a cabeça, levando
uma mão à boca, numa visível tentativa de conter suas lágrimas:
— Me perdoe... Eu jurei que não ia chorar!
— Mas falhou! — Anna acusava com carinho, passando atrás da garota e indo para a porta da
frente — E parece que está indo para sua segunda falha.
— Tudo bem, querida! Venha cá! — Zane chamou-a para um abraço. — Estou muito feliz em
conhecer vocês dois!
— Eu tenho a impressão de que já o conhecia, assim como Anna, de tanto que a mãe falava dos
dois — ela dizia com voz embargada — eu só precisava de uma imagem, já que ela não tinha fotos
de vocês adultos. E tenho que confessar, vocês são muito mais especiais do que eu pensava! Fora
aquele pirralho — ela apontava para Zack — eu só tenho irmãos bonitos!
— Ah, sim! Ela é linda para dizer isso! — Zack provocava-a.
— Não enche, garoto! — Zoe retrucava e de repente, estava limpando o rosto e sacando o seu
celular — Aqui. Eu preciso de uma foto para postar nas redes sociais! Minhas amigas vão pirar
quando virem o irmão gato que eu tenho!
Zane riu e colocou no rosto seu melhor sorriso para tirar uma selfie com sua irmã mais nova. Já
gostava muito deles! Eram alegres e muito simpáticos.
— Quinn não pode vir, Zane? — Anna perguntava quando já estavam acomodados na sala.
— Infelizmente não! Tinha uma porção de coisas para fazer... Mas disse que está ansiosa para
conhecer você pessoalmente. E todos vocês, claro.
Anna e Quinn já haviam conversado bastante por celular e via redes sociais. Já até se davam bem.
— Eu tenho de dizer que gostei muito dela! — Emma dizia — Conversamos muito pouco, mas
pude ver que é uma garota especial!
Ele não pôde evitar sorrir com carinho, pensando em sua bela garota:
— Sim, ela é mesmo muito especial...
Anna e Emma trocaram um olhar. Obviamente estava na cara que era apaixonado por Quinn e elas
notavam isso. E ele não tinha porque disfarçar isso pensava enquanto mostrava uma foto dela para
Zoe e Zack.
A casa estava cheia, todos conversando ao mesmo tempo. Uma típica família americana! E Zane
achou que somente se Quinn estivesse ali, estaria tudo ainda mais perfeito.

O médico acabará de deixar o quarto. Sua mãe ficaria bem! Ela sofrera um princípio de infarto,
mas graças a Deus, fora socorrida rapidamente e não houvera consequências mais graves.
Seu pai estava sentado na poltrona no canto do cômodo, agora mais calmo. Ficara muito assustado
quando soubera do acontecido com sua mulher! Mas ela agora dormia tranquilamente, após receber
um sedativo leve.
Quinn, não saíra do lado da cama, onde segurava a mão de sua mãe entre as suas. Sentia-se
tomada pela culpa! Se não tivesse discutido com ela. Nada daquilo teria acontecido!
Enxugou duas lágrimas teimosas que escorreram por sua face. Não queria que a visse naquele
estado.
— Quinn! — seu pai ralhava — Não fique assim! Ouviu o que o médico disse. Ela vai ficar bem!
— Eu sei, pai. Mas só vou ficar tranquila quando ela acordar e me disser que está realmente bem!
Seth acariciou os cabelos dela e depois beijou sua cabeça:
— Eu preciso de uma boa dose de café! Quer um, meu anjo? — oferecia ele.
— Não, estou bem.
Quando ele saiu, Quinn deixou um longo suspiro exasperado lhe escapar da garganta. Buscou pelo
celular. Já passavam das oito da noite. Queria muito ligar para Zane! Ouvir sua voz acalentadora. Ele
mandara mensagens o dia todo, as quais respondera sem dar qualquer sinal da situação difícil que
enfrentava. Ele estava com sua família naquele momento. Merecia desfrutar dela. Por isso ela não
ligara e nem comentara sobre o acontecido.
Correu as mãos pelo rosto, sentindo-se esgotada. Caminhou até a janela e os pensamentos que
desejava evitar vieram lhe povoar a mente. Como seria dali para frente? Sua mãe agora sabia o que
Ashton havia feito. Esperava que dessa forma não insistisse mais no casamento dos dois. Mas isso
não queria dizer que ela aceitaria Zane.
Oh, bom Deus! O que ela faria se Valentine proibisse aquele romance? Como poderia contrariá-
la, depois de lhe provocar um infarto? E como seria possível para ela viver sem Zane? Simplesmente
não conseguia imaginar isso.
— Quinn? — foi o chamado baixinho vindo do leito.
Virando-se rapidamente, deu com Valentine acordada:
— Mãe! — correu até a cama e não conseguiu conter o ímpeto de abraçá-la — você se sente bem?
— Só um pouco sonolenta, amor, mas estou bem... — sua voz era fraca e a fitava de forma
estranha.
Quinn voltou a se acomodar na cadeira que estava antes, ao lado da cama e as lágrimas voltaram a
correr livres por seu rosto:
— Mãe, me perdoe ter discutido com você! — buscou a mão dela novamente — Estou me
sentindo tão culpada...
— Não diga bobagens, Quinn! Eu já não estava me sentindo bem quando fui procurá-la. Na
verdade, eu fiquei muito assustada em saber do seu acidente. Daquela forma. Foi um alívio ver que
não estava macucada com mais gravidade. Mas saber que o homem que eu confiava plenamente para
cuidar do meu bebê, a traiu de forma tão sórdida... Eu considerava Ashton como um filho, Quinn. Eu
o vi nascer e ser bem-criado. Eu o achava um homem de bem. Um homem perfeito para a minha
maior preciosidade. Assim, eu já não estava bem e descobrir isso tudo foi um baque muito forte.
— Eu sabia de toda a consideração que tinha com Ashton, por isso não falei nada, mãe. Eu queria
poupá-la, juro! E já até o perdoei por tudo isso...
— Mas eu nunca vou perdoá-lo!
— Esqueça, mãe! Apenas não era para ser. Ele e eu juntos. Mas tentamos nos enganar por muito
tempo. Acho agora que nunca houve esse tipo de amor entre nós, de homem e mulher — Então uma
suspeita a invadiu de novo — como soube do meu acidente?
— Recebi essa foto... Você debruçada sobre um homem estendido no chão...
Aquela cadela! Quer dizer que havia se recuperado rapidamente do fato de ter ferido Zane e até
tirou uma foto da cena de desespero dela? Maldita seja!
— Ele está bem?
Quinn estranhou a pergunta, mas nada comentou sobre isso:
— Teve de fazer uma cirurgia no pé, mas vai ficar bem. Acho que sei quem lhe enviou essa foto.
Foi Camille Fairfield.
— A filha do juiz?
— Isso. Ela foi... Namorada de Zane, tempos atrás. Decidiu que o quer de volta. Então, está nos
infernizando — Não sabia se devia contar todas aquelas coisas a sua mãe, mas agora iria sempre
usar de sinceridade com ela.
— Mas ela não é casada?
— Sim, mas é um casamento de fachada.
Valentine ficou quieta, perscrutando a face da filha. Então suspirava e acariciava sua mão:
— Você ama esse rapaz, minha filha?
— Muito, mãe! Ele me completa! Sinto-me tão feliz ao lado dele! Acho... Que não consigo mais
viver sem ele. — terminou num balbucio, fitando as mãos unidas das duas.
Outra vez sua mãe ficou quieta. O que passaria pela cabeça dela? Ainda a proibiria de ver Zane?
O que faria Quinn, diante disso? O desespero a rondava. Acabara de lhe confessar que não poderia
mais viver sem ele. Tinha ainda uma lista infindável de argumentos para que não a afastasse dele,
mas não era o momento. Ela estava se recuperando.
— Eu amei seu pai, assim que o vi...
Quinn sorriu ao se lembrar da primeira vez em que vira Zane:
— Me aconteceu algo parecido.
Valentine sorriu suavemente:
— E eu não sei o que teria feito se tentassem me manter afastada dele...
Baixando a cabeça e fechando os olhos, Quinn lutou novamente contra as lágrimas. A simples
ideia de ter de viver seus dias sem seu homem. Sem seus beijos, seu abraço que fazia com que
esquecesse tudo mais no mundo, o cheiro de seu corpo grande e acolhedor! Como suportar isso?
Mas, espere… O que sua mãe estava querendo dizer?
— Mãe?
Valentine se mexeu na cama de forma a ficar de lado e encarar a filha de frente:
— Você é o meu tesouro maior, minha filha! E eu quero para você, tudo de melhor que esse
mundo possa te dar. E eu estava convicta de que… Ashton era o homem que a faria feliz, que
cuidaria de você — ela suspirou profundamente — Quando eu comecei a me sentir mal, eu realmente
achei que ia morrer. Mas não foi o medo da morte que me deixou aterrorizada. Foi ter deixado de te
dizer muitas coisas. Ou desfazer muitas coisas que havia dito. Eu queria, sim, um homem do nosso
meio para ser seu companheiro. Mas nós não mandamos no coração, certo?
Quinn prendeu a respiração. Não estava acreditando nas coisas que saiam da boca de sua mãe:
— Eu conheci e vivi o amor verdadeiro. Não posso impedir que você viva o seu.
— Oh, meu Deus, mãe! Está dizendo o que acho que está dizendo?
— Ele é realmente um bom homem, Quinn? — seu tom era grave agora.
— Sim, mãe! — ela foi firme — Se não o fosse, não estaria com ele!
— E quanto a essa garota psicopata atrás de vocês?
— O pai dela já colocou um batalhão a sua caça. Ela está doente, mãe. Consumida pelas drogas.
O juiz Fairfield disse que vai interná-la, tão logo a encontre.
— Ok, minha filha! Não vou ser um empecilho no seu relacionamento com esse homem — mas
antes que Quinn pudesse festejar, levantou um dedo em riste — Mas exijo conhecê-lo!
— Isso eu já intimei a ela, meu amor! — Seth comunicava entrando no quarto — Como está,
querida? — ele beijava o alto da cabeça da esposa com carinho.
Valentine tentou fazer uma cara de brava para o marido, mas essa não durou muito:
— Estou muito bem, querido!
Quinn olhou para o casal abraçado sentindo o coração em paz:
— Eu já disse o quanto amo vocês?
Valentine estendeu uma mão, chamando-a para se juntar ao abraço:
— E nós amamos você, querida!

Já passavam das dez quando Zane se jogou na enorme cama do hotel. Anna insistira para que
ficasse com ela, mas sua casa era pequena, tendo apenas o dormitório do casal e o das crianças. Ela
disse que ajeitaria um dos meninos no sofá da sala. Acontece que o dia fora muito agitado para todos
e às 20h00, Tyler e Ryan já estavam num sono profundo em suas camas. Zane nunca os tiraria dali. E
como ele precisava colocar aquela perna para o alto um pouco e também necessitava de conforto,
optou pelo hotel. Sua mãe e seus irmãos também se hospedaram ali, alguns andares acima.
Automaticamente, Zane sacou o celular e ligava para Quinn. Como se à espera de sua chamada,
ela atendeu ao segundo toque:
— Oi, Grandão!
— Bonequinha!
— Como foi o seu dia com sua família?
Ele não pôde evitar um sorriso que brotou em seu rosto:
— Agitado, mas muito bom! Só faltou você para estar completo.
— E eu queria muito estar aí com você, acredite!
— Você está bem, meu anjo? Parece cansada.
Quinn suspirou e se ajeitou melhor na poltrona em que estava no canto do quarto de Zane. Não
quisera ir para sua casa. Ali ela podia sentir o cheiro dele e isso era aconchegante. Seu pai passaria
a noite com Valentine no hospital e lhe sugerira que ficasse na mansão que julgava ser mais seguro,
mas ela dispensara a ideia. Júlia e Gwen também se ofereceram para ficar com ela, mas Quinn queria
mesmo era ficar sozinha. Na verdade, queria estar com Zane, mas já que isso não era possível, ao
menos estava cercada pela presença dele.
— Não faz ideia de como foi meu dia...
De forma resumida, contou a ele os acontecimentos do dia. E que sua mãe já estava bem e que
receberia alta na manhã seguinte.
Ele ficou subitamente quieto do outro lado da linha. Só conseguia ouvir a sua respiração pesada.
Logo ele falava:
— Meu Deus, Quinn! Por que não me ligou?
— Porque eu sei que você pegaria o primeiro voo de volta!
— Com certeza! Eu não deixaria minha garota passar por uma situação dessas assim, sozinha!
— Não estava sozinha, amor — sorria diante do jeito protetor dele — Gwen, Júlia e meu pai não
saíram do meu lado o dia todo! E as meninas me trouxeram na porta de casa, antes que me acuse de
andar sozinha por aí! Aliás, na porta da sua casa! E eu não ligaria de forma alguma, já sabendo que
minha mãe estava bem! Você estava com sua família. Queria que aproveitasse isso!
— Mas estou me sentindo culpado! Passei o dia me divertindo e você... Passando por essa barra...
— Não se sinta assim, Zane! Se a situação tivesse sido mais grave, eu teria te ligado, com toda
certeza! Mas agora vai ficar tudo bem!
— Ok — foi o murmúrio vago dele.
— Oh, Zane! Está vendo por que eu não devia contar? Eu não queria estragar o seu dia! Está tudo
bem, eu juro! Conte-me sobre seu dia! Estou louca para saber sobre seus irmãos!
Ele começou, um pouco contragosto, mas logo se animava e contava detalhes, fazendo-a rir muito.
Era disso que precisava. De Zane em sua vida. De sua voz ao seu ouvido, tranquilizando-a, fazendo-a
ter certeza de que tudo ficaria bem, se estivessem juntos. Ele parecia muito feliz e isso a deixava
feliz.
Havia ao menos uns dez minutos que Quinn adormecera, enquanto contava sobre seu dia em
família. E Zane simplesmente não conseguia desligar. Ouvia o ressoar baixinho dela do outro lado da
linha. Era muito fofo e sexy!
Estava se sentindo um namorado horrível! Pensar em tudo o que ela havia passado e ele todo feliz,
curtindo seu dia... Ok, ele não fazia ideia do que estava acontecendo, mas aquele sentimento ruim de
ter falhado com Quinn o tomava. Porra, tinha de agradecer o fato de a mãe dela não ter morrido! Ele
nunca, nunca se perdoaria se algo do tipo acontecesse!
Deixando outro longo suspiro, enfim desligou o aparelho e decidiu que a recompensaria de
alguma forma.

Quinn acordou mais disposta na manhã seguinte. Sua mãe estava bem e aceitava Zane! Não
contara isso para ele na noite passada. O faria pessoalmente, quando ele voltasse, no dia seguinte.
Depois de um banho demorado e relaxante, vestiu-se e esperou Júlia e Gwen, que viriam buscá-
la, para levá-la ao hospital para pegar sua mãe. Logo ouviu a buzina soar do lado de fora.
Era uma manhã de sábado ensolarada e Quando Valentine chegou à casa, Seth lhe sugeriu que
fosse repousar em seu quarto, mas ela se negou:
— Amor, eu passei um dia todinho repousando! O que eu quero fazer é tomar um belo banho de
piscina e curtir o sol!
Quinn trocou um olhar incrédulo com suas amigas. Sua mãe havia dito... Curtir?
— E essas lindas garotas vão me acompanhar, certo?
— Eu nunca recusaria um convite desses! — Gwen logo anunciou.
— Muito menos eu! — Júlia concordava — Mas Quinn terá de me emprestar um biquíni! Eu não
trouxe nenhum...
— Acho que tenho alguns no meu antigo quarto — indicou as meninas que a seguissem.
O pé da escada, voltou-se um segundo para olhar seus pais e... Contemplou uma cena que ela não
se lembrava de quando fora que a vira: seus pais estavam trocando um beijo terno e apaixonado.
Ela se deteve um momento para admirá-los. Ela sabia que eles se amavam, mas Valentine nunca
gostara de dar demonstrações de carinho em público. Ao que parecia, aquele infarto a havia mudado
mesmo.
— Então... Disse que seu namorado precisou de uma cirurgia, Quinn. Ele está em repouso?
Ela teve de sorrir. Era muito bom ouvir sua mãe usar as palavras seu namorado:
— Não. Na verdade, ele viajou para Boston, para passar o feriado de Ação de Graças com a
família. Ele queria que eu o tivesse acompanhado, para conhecê-los... Eu tinha todos esses
preparativos do bazar para organizar...
— Como assim? — Gwen exclamava, interrompendo um gole de seu chá gelado — Não o
acompanhou por isso? E eu sirvo para quê?
— Amiga, eu de forma alguma a deixaria sobrecarregada com isso, somente para que eu viajasse!
— Ok, mas agora as coisas estão encaminhadas e adiantadas. Posso cuidar do restante dos
preparativos. Pode ir ao encontro de Zane, se quiser.
A simples ideia de estar com ele e conhecer sua família era perfeita! Mas havia sua mãe.
— Não, eu não devo. Minha mãe... — apontou para Valentine, elegantemente esticada em sua
espreguiçadeira.
— Se pegar um avião, estará em Boston em uma hora — Sua mãe soltou, enquanto folheava uma
revista.
Os queixos de Júlia, Gwen e Quinn caíram. Limpando a garganta, Quinn começou:
— Mas, mãe. É Ação de Graças. E você está se recuperando...
— Por Deus, filha! Eu estou ótima! Haverá muitas outras festas de Ação de Graça, querida! E eu
estou desejando um tempo a sós com seu pai também — ela acrescentou, com certa malícia. —
Estamos pensando em uma... Décima lua de mel!
— Tem certeza, mãe? Não se importa se eu for?
— Vá conhecer a família de seu homem! Mas não se esqueça: depois ele terá de vir conhecer a
sua, certo?
Quinn colocou-se de pé e fez uma dancinha feliz e estranha. Todas riram. Então ela abraçou
Valentine e a beijou diversas vezes.
— Obrigada, mãe! E se me dão licença, eu tenho um avião para tomar!
— Pegue o jatinho de seu pai — sugeria a uma Quinn que corria para a casa, a fim de se vestir.
No trajeto, beijou seu pai que descia as escadas, rumo à piscina.

Zane havia acabado de tomar um banho, e... Porra, era muito difícil se banhar com aquele maldito
gesso! Balbuciando algumas maldições, desejou muito que Quinn estivesse ali para ajudá-lo. Ela
fazia daquilo muito mais prazeroso. Inferno. Era normal já sentir tanta saudade, tendo passado apenas
um dia longe dela?
Envolvendo uma grande toalha branca em torno da cintura, deixou o banheiro mancando.
Ele sentiu o cheiro dela antes mesmo de a ver. Estacou. Era inconfundível!
Então, para sua total descrença, deu com Camille! Nua, deitada em sua cama.
Dando mais alguns passos incertos por causa do gesso, a encarou, o ódio e raiva muito visíveis
em seus olhos:
— O que você pensa que está fazendo aqui? Como entrou?
— Hum, querido! Acaso não sabe o poder de um belo sorriso... E do dinheiro, claro!
Então ela se colocava de pé e caminhava em sua direção, toda sinuosa. Ela nunca tivera qualquer
pudor em se expor para ele. Muito pelo contrário. E anos atrás, aquele simples caminhar o punha
duro como rocha.
— Eu precisava saber como você estava, amor! — ela estendeu as mãos para tocar no rosto dele.
Zane agarrou seus pulsos, mantendo-se longe de seu toque:
— Você é mesmo muito cínica, garota! E doente! Você quase me matou...
— Eu não queria ferir você...
— Não, você queria matar a Quinn! — interrompeu-a entredentes.
A ruiva baixou seus olhos para o peito dele, seu maxilar contraído:
— Eu fiquei com muita raiva em saber que ela o tinha levado àquela festa!
— Por que você está começando a entender que o que há entre nós dois é sério, certo?
Ela voltava a encará-lo com seus grandes olhos verdes lacrimosos:
— Ela é um empecilho! Eu sei que se ela não estivesse entre nós, você se lembraria do quanto me
amou! Se me desse uma chance, Zane — torcendo os pulsos, conseguiu se desvencilhar e tomar o
rosto dele entre as mãos.
Ele permitiu que ela se aproximasse bem, estando aponto de sentir seu hálito e então lhe
sussurrou:
— Eu nunca me recordaria desse amor, Camille! Porque na verdade, eu entendi que nunca te amei.
Aquilo foi doença! Dependência! Eu amo a Quinn! Ela sim é a mulher da minha vida! — lançou um
olhar de desdém pelo corpo dela — Por você eu só sinto asco! Pena do ser desprezível que você se
tornou!
Camille estava ofegante, os olhos faiscantes e a raiva explodia por todo seu corpo quando ela
tentou acertá-lo com golpes de seus punhos fechados:
— Seu cretino! Idiota! Você vai me pagar por isso, está me ouvindo?
Segurando-a pela cintura e com certa dificuldade por causa de seu ferimento, Zane a ergueu no ar
e a jogou sobre a cama:
— Você não fará nenhum mal a ninguém, sua louca! — ele se encaminhou para o criado-mudo ao
lado da cama e pegou o telefone — porque você vai para a cadeia!
Camille deve ter deixado a porta apenas encostada ao entrar, pois bastou uma batida e ela se
abriu... E então, Quinn surgia no vão.
O sorriso que ela carregava nos lábios ao avistá-lo, morreu devagar, ao dar com a mulher
esparramada na cama. Para seu horror, a ruiva havia se recuperado rápido e agora estava toda
languida e se dirigiu a Quinn com malícia:
— Bem, amor, olhe quem chegou para estragar a festa! Zane estava pedindo um vinho para nós
dois, então, se você não se importar... — fez um gesto para que ela saísse — estamos comemorando.
32º

— Quinn! — Zane sussurrou, engolindo em seco. Mas ela nem lhe dirigiu um olhar. Isso seria um
mau sinal?
— Eu estava louca para te encontrar na minha frente! — bufou ela antes de bater a porta atrás de
si e voar em direção à cama. Alcançando-a, pulou sobre Camille, aprisionando-a entre suas pernas e
grudou em seus cabelos — Sua cadela! Eu vou te dar agora o que vinha pedindo!
Logo desferia tapas estalados no rosto da outra que tinha seus braços presos sob os joelhos de
Quinn, não podendo se defender:
— Isso, — Quinn enfiava a mão na cara de Camille com vontade — é por você nos infernizar! E
isso por tentar nos matar! — outro tapa, e outro — E isso, é pela foto que enviou para minha mãe!
Sua maldita!
Por um momento, Zane ficou sem ação, vendo o ataque violento de Quinn contra a outra. Mas ao
notar que Camille estava quase desacordada, teve de intervir.
Com certa dificuldade, apoiou-se na cama e segurou Quinn fortemente pela cintura, trazendo-a
com ele. Ela esperneava, talvez tão furiosa, que se esquecera de que ele estava ferido. Ou talvez
desejando machucá-lo.
Assim que conseguiu colocá-la no chão, abraçou-a fortemente pela cintura, as costas dela em seu
peito e sua boca à altura de seu ouvido:
— Me escute, Quinn! Você conhece essa louca! Pelo amor de Deus, não acredite nela!
— Zane, me solta! — foi tudo o que ela disse.
— Amor, por favor, me ouça! Não acredite nela! Eu te amo! Lembra? Sou louco por você,
bonequinha!
A respiração dela foi se acalmando devagar e ele até afrouxou seu aperto, sem no entanto, soltá-la
por completo.
— Me solta!
Ouviu-a balbuciar uma vez mais. Oh, merda! Ele estaria numa enrascada? Por causa daquela
cretina, maníaca dos infernos! Engolindo em seco e dando um passo falho para trás, a libertou.
Percebeu quando Quinn estreitou seus olhos ao encarar de novo Camille, que ainda tentava se
recuperar, parecendo um pouco tonta:
— Sua ordinária! — muito rapidamente, Quinn agarrou um braço e os cabelos da ruiva, tirando-a
da cama e arrastando-a rumo à porta, sem se importar que ela estivesse nua — Eu vou colocar você
na cadeia, pelo que fez! Nem mesmo seu paizinho será capaz de te livrar dessa! — depois de
escancarar a porta, jogou a mulher no corredor.
— Você me paga, sua vagabunda! — Camille gritava, não parecendo se importar com sua nudez
— Isso não é o fim, cadela!
Avistando o vestido dela no chão, sapatos e sua bolsa, chutou para fora:
— Não é mesmo! — e bateu a porta com estrondo.
Então ela caminhava de um lado para o outro do quarto, parecendo uma fera enjaulada,
praguejando baixinho. Sentado aos pés da cama, Zane pensou que nunca a vira tão furiosa. E ele
ainda temia que ela houvesse acreditado nas sandices que Camille havia dito. Até o momento, não
lhe dera qualquer pista sobre isso.
— Quinn?
Ela o encarou como se não lembrasse que ele estivesse no quarto:
— O quê? — sua resposta foi abrupta.
— Hum... Você não acreditou nas loucuras que aquela mulher disse, acreditou?
Sua boca linda se abriu num perfeito “o” e suas sobrancelhas se ergueram, parecendo muito
surpresa:
— Eu não acredito que tenha tão pouca fé em mim! — apoiando cada joelho ao lado das coxas
dele, sentou-se esparramada sobre seu colo e tomou o rosto dele entre as mãos — Eu conheço aquela
louca e confio muito em você, grandão!
Ele soltou um suspiro de alívio, fechando os olhos e jogando a cabeça para trás:
— Porra! Você me assustou, garota!
— Perdoe-me, Zane, mas essa maldita me tira do sério! — acariciou o rosto dele com os
polegares.
— Por que a deixou ir? Eu estava ligando para a polícia! — ele estranhou.
— Eu não acho que fazer uma denúncia daqui de Boston vá resolver, já que fomos atropelados em
Nova Iorque. Lá nós temos testemunhas.
— Mas e se ela fugir de novo?
— Ela não vai largar o osso, amor! Creia-me: ela vai voltar! E quando isso acontecer, estaremos
preparados!
— Eu achei que você fosse matá-la.
Quinn grunhiu uma exclamação de raiva:
— Eu estava tão fora de mim, que eu poderia ter feito isso! Mas agora eu não quero mais fala
daquela mulher — murmurou com a boca muito próxima da dele — Eu preciso de um beijo, estou
faminta por um beijo seu!
— Seu pedido é uma ordem, meu anjo! — Zane colou seus lábios aos dela, sugando-os,
saboreando-os, os dedos se emaranhando nos cabelos sedosos — Eu senti tanta a sua falta! — dizia
entre beijos. — Sei que foram apenas dois dias, mas... Estava louco para te ver!
— Eu também, amor! — Quinn enlaçou o pescoço dele, beijando o canto de sua boca, sua face,
seu queixo e então mordendo seu ombro de leve — Eu te amo tanto!
— Também te amo, minha Quinn Bee! Por isso fiquei aterrorizado com a ideia de que acreditasse
naquela... Mulher idiota!
— Nunca acreditaria naquela criatura! Ela chega a ser infantil!
— Mas me explique o que está fazendo aqui? — ele segurou seu rosto para encontrar seus olhos
— E sua mãe? Como ela está?
— Ela está ótima! Graças a Deus foi só um susto! — ela seguia os desenhos da tatuagem dele com
um dedo.
— Oh, isso é muito bom! Fico aliviado! E sinto muito por não estar lá com você...
— Pode parar, Grandão! Eu ligaria se a coisa ficasse mais séria, ok?
— Ok. Mas não me respondeu: por que está aqui?
Quinn sorriu com malícia e se ajeitou mais sobre o colo dele. Dessa vez, usava uma saia e mesmo
com a toalha ainda o cobrindo, ela pôde sentir a ereção dele dobrar de tamanho quando seu sexo
quente encostou no pau dele:
— Eu estou aqui para conhecer sua família! — falava já sentindo as mãos de Zane acolherem seu
bumbum, massageando-o — E depois vou te levar comigo de volta à Nova Iorque para que me
acompanhe ao bazar de caridade.
Notou quando ele ficou estático por um momento:
— Meu anjo... Não sei se isso é uma boa ideia. Seus pais estarão lá, certo? — suas palavras
soaram inseguras — Não sei se é uma boa hora para conhecê-los...
— Muito pelo contrário, Zane! Se faço questão de que vá comigo, é por meus pais, mas
principalmente minha mãe, querem conhecer você!
— Tem certeza? Mesmo depois de tudo...
— Eu contei a ela sobre o que Ashton fez. Algo aconteceu com ela, depois desse infarto. Ela disse
que não me impediria de viver o meu amor! — Quinn sorriu com ternura, desenhando os contornos
do rosto másculos com o indicador — Minha mãe entendeu que eu não vivo sem você, Zane...
— Oh, Deus! Nem eu sem você, Quinn! — ele tomou seus lábios sôfregos, apaixonado, abraçando
seu corpo com força, como se disso dependesse sua vida.
— Zane — murmurou quando ele agarrou-a e a deitou na cama, vindo cobrir seu corpo com o dele
— Eu te quero tanto!
— Meu anjo! Sabia que eu me masturbei durante o banho, pensando em você? — confessou ele
enquanto desabotoava a blusa dela.
— Sério? — ela fez beicinho correndo uma perna pela coxa dele, erguendo sua toalha — que
pena que eu perdi esse show! E amo ver você se tocando...
— Hum, eu também gostaria de ver você se tocando para mim, gracinha. Isso seria incrível! — o
ouviu dizer baixinho, pouco antes de puxar seu sutiã e abocanhar um mamilo com fome.
— Fala... De que eu toque minha...
— Oh, sim! Você tocando sua linda bocetinha, somente para que eu assista! — ele mudava para o
outro seio, mordiscando, lambendo, chupando.
Quinn riu nervosamente:
— Ok, eu sou desencanada, mas não sei se tenho essa coragem! Eu sei que vou ficar inibida!
— Você não tem porque ter qualquer tipo de inibição comigo, Quinn! — Zane a encarou sério,
mas seus olhos estavam carregados de paixão. Sem deixar seus olhos, terminou de abrir sua blusa
com um puxão, fazendo os botões voarem. E foi baixando sua cabeça para beijar entre seus seios, e
descendo por sua barriga lisa — Você é linda! Tão gostosa! Perfeita! Não há do que se envergonhar.
E eu sou seu homem, você minha mulher! Eu não tenho vergonha de você e você não deve ter de mim,
bonequinha. — um sorriso pervertido de canto de lábios surgiu nos lábios dele ao vislumbrar a
vestimenta de Quinn. — Porra! Até que enfim uma saia!
Quinn jogou sua cabeça para trás, numa gargalhada sonora:
— Eu sabia que você ia gostar.
— Eu amei! — Zane exclamou, erguendo a peça até a embolar em sua cintura — Acesso fácil —
explicou dando uma leve mordida no sexo dela, ainda sobre a calcinha de renda — Seu cheiro me
deixa louco, Quinn! — rosnava possessivo, esfregando seu nariz em sua abertura.
Ela simplesmente não podia dizer nada. Seu corpo tinha expectativa, ansiando pelo toque mais
profundo dele. Logo ele arrancava sua calcinha num puxão. A peça estava em pedaços, mas quem
liga para uma linda calcinha de renda da Victória Secrets, quando seu homem está perto de te
proporcionar o mais delicioso momento de prazer com sua boca?
Quando a língua dele percorreu toda sua extensão molhada de excitação: Quinn arfou, arqueando o
corpo para fora do colchão e gemeu alto:
— Oh, Deus!
Então Zane provava seu clitóris, instigando-o e depois o chupando delicadamente:
— Porra, isso é muito bom! — grunhia ele, envolvendo uma perna dela e usando os dedos da
outra para separar suas dobras e então a tomar em sua boca de novo.
Dessa vez não foi tão piedoso, lambendo e chupando com vigor, fazendo-a soluçar e seu corpo
convulsionar:
— Olhe para mim, Quinn! — ordenou ao mesmo tempo em que molhava dois dedos em sua boca e
os usava para brincar com o botão mais que sensível dela.
Ela o obedeceu, tonta de prazer, seus lábios entreabertos, a respiração ofegante:
— Você gosta da minha boca aqui? — ele percorreu seu sexo com a mão.
— Sim — conseguiu gemer entredentes, fascinada pela expressão de luxúria nos olhos do homem
que ela amava.
— E gosta quando a fodo com minha boca... Assim? — sem dar a ela um tempo para assimilar,
Zane puxou seus quadris fortemente, deixando-a ainda mais exposta e a penetrou com sua língua.
Quinn deve ter gritado um belo palavrão, mas ela sequer percebera. Sua mente estava enevoada,
entorpecida pelo prazer:
— Zane! Por favor! — não, não mesmo sabia pelo que implorava, mas queria mais e mais.
— Olhe para mim, senão eu paro, Quinn! — voltou a ordenar, apertando suas coxas para alertá-la.
Juntando um resquício de força que tinha em seu corpo prestes a se transformar em frangalhos, ela
se apoiou nos cotovelos. Oh, inferno! Era demais para ela! Como conseguiu não explodir em mil
pedaços ao vê-lo entre suas pernas, devorando-a com sua boca e com seus olhos verdes, que naquele
momento brilhavam de desejo, ela nunca descobriria.
Zane gemeu junto às carnes dela, agarrando um seio e beliscando um mamilo. Seu pau latejava
louco para tomar o lugar de sua língua. Ela era muito gostosa! O sabor dela o inebriava, enlouquecia!
Atormentou seu clitóris de novo, fazendo-a se contorcer. A respiração dela estava irregular, muito
rápida. Sabia que ela estava próxima do orgasmo. E ele lhe daria o melhor que lhe fosse possível!
Sua expressão era tão linda, transfigurada pelo prazer. Oh, amava muito tudo aquilo!
Puxou seus quadris novamente, e voltou a penetrá-la. Quinn gritou seu nome, lançando sua cabeça
para trás novamente. Mas deve ter se lembrado do que lhe dissera e logo fazia contato visual
novamente.
— Meu nome! Quero que grite meu nome quando gozar, está me ouvindo? — pediu a ela.
Só recebeu um meneio de cabeça. E investiu uma vez mais e outra; e provocou seu clitóris de
novo e logo ela se quebrava diante dele. E como pedira, gritava seu nome. Zane observou o
espetáculo: Quinn se contorcia, ainda repetindo seu nome, jogando sua cabeça de um lado para o
outro, as mãos correndo por seu rosto. A visão do paraíso.
— Boa garota... — murmurou mordendo sua coxa, causando-lhe outro espasmo.
— Boa garota um inferno! Você só atiçou meu fogo! — agora ela grunhia, puxando-o para cima de
seu corpo, as pernas o prendendo. — Oh, por Deus! Livre-se dessa maldita toalha e me foda, Zane!
Ele não pôde deixar de rir. Era incrível que a peça ainda estivesse envolta em torno de sua
cintura, já que seu eixo estava tão duro como pedra:
— Com todo, prazer, delicia! — sem qualquer prenúncio, ele a penetrou longa e duramente. Sabia
que ela aguentava recebê-lo, pois estava molhada o suficiente para isso. — Caralho! Tão apertada!
Porra, eu amo essa sua bocetinha, Quinn!
— E ela ama quando você enterra seu pau nela! E eu não posso esquecer seu apadravya... Oh, ele
é tão bom! — sussurrava pouco antes de o beijar, sentindo seu gosto ainda na boca dele. Era
erótico...
— Eu. — Zane estocava com vontade... — Amo. — e outra vez — Você!
A cama batia com violência contra a parede e se houvesse hóspede no quarto ao lado, sabia, ou
melhor, estava ouvindo o que acontecia ali. Mas eles, obviamente, não se importavam com isso.
Estavam perdidos um no corpo do outro, buscando o prazer.

Algumas horas mais tarde, se encontravam de frente à porta de Anna:


— Confesso que estou um pouco nervosa! — Quinn sorriu apertando os dedos uns contra os
outros.
— Não fique, amor! — Zane pegou sua mão e a levou aos lábios, beijando-a. — Eles vão te amar,
assim como eu amo! — e a beijou brevemente nos lábios, pouco antes de bater a porta.
— É o Zane, tenho certeza! — ouviu a voz de sua irmã, do outro lado — Sempre atrasado... —
então, ao abrir a porta, estacou ao dar com Quinn.
— Mas hoje eu tenho um bom motivo para isso, irmãzinha... — ele a provocava.
— Quinn! — a outra exclamava vindo abraçá-la — Eu não acredito que esteja aqui!
— Oi, Anna! Eu estou tão feliz em finalmente te conhecer pessoalmente!
— Eu também!
Anna a arrastou para dentro e a apresentou ao resto da família. Enquanto se acomodava na
poltrona reservada a ele, com um puff diante desta, para que esticasse sua perna, Zane pensou que
agora sim tudo estava perfeito! Sua mãe, seus irmãos, sobrinhos, seu cunhado e sua garota! Todos
juntos! Tudo estava completo e em seu lugar!
— O plano é o seguinte, Quinn: — Emma lhe explicava — vamos passar à tarde cozinhando para
o jantar! Anna vai ficar com a parte salgada e eu vou atacar com minha especialidade que são tortas!
— Hum, parece perfeito! Eu posso ajudar?
— Bom, toda ajuda é bem-vinda, mas... — Anna se divertia olhando para os delicados e
altíssimos scarpin dela — como vou deixar você na cozinha, com esse salto?
Quinn olhou para seus pés. Rapidamente livrou-se dos sapatos, colocando-os a um canto da
cozinha:
— Que saltos?
A tarde transcorreu muito divertida. Quinn logo avisou que a deixassem longe das facas, pois
picar coisas não era exatamente sua área. Zane mais que rapidamente confirmou essa informação. Ela
lhe mostrou a língua e atirou algumas ameixas em sua direção. Ele as colheu no ar e as levou a boca,
endereçando a ela uma piscadela.
Ela se entrosou rapidamente com toda sua família. Ria e movia-se com liberdade. De vez em
quando vinha lhe perguntar se estava tudo bem e se ele precisava de alguma coisa:
— Sim, eu preciso de um beijo — respondeu numa dessas vezes, puxando-a pelo avental, até que
lhe alcançasse a boca.
Foi um selinho breve, mas Tyler e Ryan se manifestaram fazendo som de nojo:
— Eca! Isso é nojento! — o mais velho dizia, fingindo estremecer.
— Eu nunca vou beijar uma garota! — o mais jovem emendava.
— Ah, é? — Quinn espalmava as mãos na cintura fina e os encarava — E se eu quiser beijar os
dois agora?
Eles se entreolharam divertidos:
— Vai ter de nos pegar primeiro! — e dispararam a correr, alcançando o quintal dos fundos e ela
atrás.
Os outros riam muito. Quando ela enfim conseguiu pegá-los, os beijou no rosto e eles limpavam
com caretas, mas também não conseguiam evitar o riso.
Naquela noite, já no táxi, a caminho do hotel, Quinn estava aninhada no braço dele, sorrindo
satisfeita, mas muito cansada:
— Se divertiu hoje, bonequinha?
— Hum! — ela soltou esse suspiro longo, se ajeitando mais contra ele. — Muito! Sua família é
muito legal! Acho que não me lembro de ter um jantar de Ação de Graças tão divertido! Quero dizer,
sempre fazemos grandes reuniões na casa de meus pais, mas nunca foi assim, tão... — ela pareceu
procurar a palavra certa — informal e ao mesmo tempo íntimo. Eu adorei!
— Eu fico muito feliz, anjo! Eles também adoraram você!
Ela de novo suspirou, seus olhos fechados, parecendo prestes a adormecer:
— Que bom, porque eu também me encantei com cada um deles!
Zane beijou o alto de sua cabeça e deixou seus lábios ali, ao dizer baixinho:
— Eu amo você, Quinn!
Então ela estava desperta de novo e procurava seus olhos, o encarando com adoração:
— Também amo você, Zane! Muito! — e o beijou com paixão e ternura.

Na manhã seguinte, eles pegaram um avião de volta à Nova Iorque. E a primeira coisa que
fizeram, foi procurar uma delegacia para prestar queixas contra Camille Fairfield. Quando
mencionou o sobrenome, percebeu a hesitação do delegado:
— Fairfield? Por acaso ela não é parente do Juiz Fairfield, é?
Quinn e Zane se entreolharam:
— Sim, ela é... Filha dele! — Zane comunicou.
— Entendo — o outro resmungou, vago. — Bom, eu vou seguir com os trâmites legais, vocês
terão de trazer testemunhas, mas vou ser claro: eu duvido que dê em algo, sendo ela filha de quem é.
— Mas isso não é justo! — Quinn se revoltava. — Olha o que ela fez com meu namorado! E ela
queria matar a mim! Se Zane não tivesse me empurrado e recebido o impacto... Eu nem sei o que
teria acontecido!
— Eu entendo tudo isso, Srta. Armentrouth. E como disse, vou fazer tudo ao meu alcance. Mas se
eu fosse vocês, procuraria o melhor advogado que o dinheiro puder pagar! Porque tenho certeza de
que essa será uma luta de gigantes. O juiz tem muitas ligações, vocês entendem, certo? Não vai
mesmo ser uma briga fácil.
— Nós faremos o que sugeriu, delegado — Zane concordava — Nem que eu tenha de gastar cada
centavo que eu tenho em advogados, mas eu quero essa mulher na cadeia!
Quinn pensou em dizer que estava disposta a arcar com os custos, mas achou que não era a hora e
que Zane não permitiria isso. Mas ela teimaria em ajudar. Afinal, tinha o mesmo interesse de colocar
aquela cretina atrás das grades.
Sabia que seu pai conhecia bons advogados e falaria com ele assim que tivesse a oportunidade.
Naquela noite haveria o bazar beneficente para a fundação que sua avó contribuía. Seria um jantar
mais íntimo para os que normalmente já contribuíam. Gwen e ela havia separado algumas peças para
expor e vender durante essa cerimônia, que se realizaria na loja Tesouros de Violet.
Zane tinha de admitir que estava muito nervoso. E tinha três motivos para isso: teria de vestir
Black tie! De novo estaria no meio de pessoas que não eram de seu convívio. Mas principalmente,
conheceria os pais de Quinn. E dessa vez, não queria decepcioná-la de forma alguma!
Foi meio complicado convencer a vendedora a abrir a barra da calça para acomodar seu gesso.
Teve de pagar uma taxa exorbitante, que ela disse que era seguro de alguma... Mas ele não reclamou.
Era o melhor conjunto Black Tie da loja de aluguel e era aquele que ele usaria. Sim, ele queria muito
impressionar os pais de Quinn, mas principalmente a ela. Seria um verdadeiro cavalheiro naquela
noite. Suspeitava de que Ashton fosse estar por lá, mas isso não mais lhe tirava a paz, já Quinn
dissera que ele estava com Gwen.
Faria daquela uma noite perfeita para sua garota. Ela merecia isso. Ela merecia o mundo!

Às 19h30, a campainha soou. Quinn sorriu para seu reflexo no espelho. Sabia que era Zane. Tinha
certeza de que aquela noite seria inesquecível! Alisou os cabelos escovados, também correu as mãos
sobre seu vestido tomara que caia azul. Um par de sapatos de salto alto em camurça, na cor nude,
complementavam o conjunto. A única joia que usava, era um par de brincos, um pequeno solitário de
diamante em cada orelha, presente de sua avó ao completar quinze anos.
Colocou um pouco de perfume rapidamente e correu para a porta. E ela ficou sem ar por um
momento. Sempre achou Zane extremamente sexy, seja de jeans, couro, moletom e claro,
completamente nu. Mas naquele traje. Ele estava de tirar o folego. Mesmo que exibindo uma bela
carranca, que o deixava com cara de mau:
— Uau! Você está incrível, Grandão!
Ele lhe sorriu de lado, coçando o queixo. Naquela noite, ele usava uma bengala preta no lugar das
muletas:
— Eu sei.
Quinn revirou os olhos e veio encostar seu corpo no dele:
— E sempre modesto, certo?
— Sempre! Você está linda, Quinn! — sussurrou pouco antes de beijar seus lábios docemente.
Então aspirava seu cheiro. — E esse seu perfume... Eu juro que se não tivéssemos de ir a esse bazar
onde vou conhecer seus pais, eu ia jogar você contra aquela parede, erguer seu vestido, rasgar a sua
calcinha e foder ali mesmo!
Ela mordeu o lábio dele, excitada:
— E se não tivéssemos em cima da hora, eu deixaria você fazer isso... — o beijou com fome, sua
boceta se contraindo de desejo de concretizar o que ele sugerira. Mas teria muito tempo no final da
noite.
Colocando um fim no beijo, mesmo a contragosto, Zane apontou o táxi no meio-fio:
— Sua carruagem à espera, madame — Fez uma reverência para ela.
— Obrigado, gentil senhor — Quinn se curvou com graça, recolhendo seu casaco que deixara no
sofá, vestindo-o com a ajuda de Zane. Ao passar por ele recebeu um tapa estalado no traseiro. Ela riu
— retiro o gentil!
— Eu não vejo a hora de poder voltar a dirigir e pilotar Delayla! — resmungava ao seu lado,
coçando o pescoço sob o colarinho.
— Só mais alguns dias, amor — Penalizou-se ela, segurando a mão dele sobre a coxa forte, já a
caminho de sua loja.
Ele lhe sorriu. Um sorriso breve. Sabia o quanto estava sendo difícil para ele ter sua liberdade de
se locomover prejudicada. Mas Camille pagaria por aquilo! Seu pai ficara de lhe passar alguns
cartões dos melhores advogados que conhecia. E na manhã seguinte iria atrás disso com Zane.
Aquela maldita tinha de ir para a cadeia, ou ao menos passar muitos meses internada para se tratar!
Se bem que ela preferia muito a primeira opção.
33º

Quando o táxi parou em frente a Tesouros de Violet, Zane desceu primeiro e ajudou-a a descer.
Quinn notou que a mão dele estava gelada. Não era preciso ser muito esperta para ver que ele estava
nervoso:
— Vai dar tudo certo, amor! Relaxe!
— Juro, bonequinha, estou tentando!
Ela lhe sorriu e segurou seu rosto entre as mãos:
— Obrigado por fazer isso por mim, Zane!
Ele lhe retribuiu o sorriso e envolveu sua cintura, acariciando-a com o polegar:
— Eu faço tudo por você, minha vida!
— E eu por você! — encostou a testa na dele, sentindo os olhos marejados — ok! — Ela abanava
os olhos — não me faça chorar e borrar minha maquiagem, cara! Está pronto?
— Não, mas vamos assim mesmo.
Zane ficou um pouco mais tranquilo por notar que não havia assim tanta gente no recinto. Quinn o
apresentou a algumas pessoas, conversou um pouco com elas e então, o encaminhou para uma mesa
mais ao fundo. Nela estavam os pais dela, Gwen, sem Ashton e Jake sentado ao lado de Júlia à mesa,
aliás, não ficou surpreso ao notar o casal. Jake o cumprimentou com uma erguida de taça.
Assim que se aproximaram, o casal se colocou de pé e os esperou:
— Mãe, Pai, este é Zane Hudson. Amor, meu pai Seth, minha mãe Valentine.
Eles trocaram apertos de mãos e Quinn sentia que seus pais examinavam Zane com curiosidade:
— Eu estava muito ansioso por conhecê-lo, meu rapaz. — Seth começou.
— Eu também, senhor.
— Zane, meu jovem, por que não se senta aqui e vamos nos conhecer melhor?— Valentine
apontava a cadeira ao lado deles.
— Com certeza, senhora.
— Por favor! — ela o interrompia — Sem formalidades! Somos Seth e Valentine, ok?
Quinn estava surpresa com o jeito simpático e jovial de sua mãe. E por sentir que Zane estava um
pouco mais relaxado, avisou-os:
— Eu vou dar uma circulada e ver como está tudo. Eu já volto.
— Zane, — a mulher o chamava — eu tenho de admitir que até a pouco tempo era contra o
relacionamento de vocês... Mas acontecimentos recentes me fizeram rever muita coisa. E se Quinn te
escolheu, eu vou respeitar o desejo dela. Mas tenho também de falar dos problemas — ela segurava
a mão do marido — Estamos muito preocupados com essa louca da filha do juiz solta por aí!
— Eu entendo, senhor... Valentine. Mas já estamos procurando meios de afastar essa garota de
uma vez por todas.
— Eu trouxe alguns cartões de advogados e espero que algum possa ajudá-los.
— Também espero... Seth — ok, ele ainda não se sentia confortável em tratá-los pelos primeiros
nomes. Era estranho, mas como foi pedido, o faria.
— O que preciso de fato saber, — a mãe de Quinn prosseguia — é se vai mantê-la em segurança,
até que isso acabe. Eu gostaria de mantê-la em nossa casa, mas ela se recusa.
— Senhora, eu vou fazer todo o possível e impossível para mantê-la em segurança! — sua voz era
grave e firme — Quero que saibam que eu amo a filha de vocês! E por ela, eu daria minha vida, se
preciso!
Sabia que os havia convencido, já que era a verdade. E os olhares emocionados do casal lhe
confirmava isso.
— Eu não esperava ouvir menos de você, meu rapaz! — Valentine lhe disse e soube que estava
aprovado.
Era estranho, pois lutaria contra tudo e todos por Quinn, mas saber que agora tinha a confiança
dos pais dela, o deixava mais leve.
Logo ela se juntava a eles na mesa e tudo fluía num clima agradável. A comida era muito boa e
não aqueles pratos sofisticados que tem gosto de papel. Quinn parecia feliz, sorrindo muito e sempre
entrelaçando seus dedos aos dele.
A certa altura, todos se retiraram para dançar. Ela fez questão de ficar com ele. Zane afirmou que
ela poderia dançar se quisesse:
— De forma alguma! Eu gosto de dançar, mas gosto mais de dançar com você! Quando você
estiver recuperado, aí nos vamos nos esbaldar de dançar!
Zane beijou a ponta do nariz dela, sorrindo:
— Isso é uma promessa, meu anjo!
— Notou como Jake e Júlia estão... Bem próximos? Com tantos acontecimentos, eu quase não tive
tempo para falar com ela.
— Bom, Jake está encantado pela sua amiga. E acho que é para valer.
— Hum, eles formam um belo casal — ela os admirava dançar abraçados e trocando olhares
apaixonados — Espero mesmo que deem certo.
— E eu achei que ia encontrar aquele seu ex-noivo por aqui...
— Gwen avisou a ele... Que eu... Sem querer, acabei contando para a minha mãe, algumas coisas
bem feias que ele fez. Assim, ele achou melhor não aparecer. Bom, a cara dele não está das melhores
depois da surra que você deu nele.
Zane bufou:
— Bom, eu não me arrependo daquilo! Ele estava bêbado e tudo, mas as coisas que ele disse...
— Esqueça, amor! Isso tudo é passado agora! Não me importo com o que dizem, ainda mais agora
que meus pais nos apoiam!
Um sorriso de canto de lábio começou a surgir na boca linda dele, enquanto examinava lentamente
seu corpo:
— Será que podemos ir embora agora, Quinn Bee? Aquela parede nos espera, lembra? E eu estou
louco para rasgar sua calcinha...
Quinn se colocou de pé e o olhou de modo provocante sob um ombro:
— Quem disse que estou usando uma, Grandão?
O sorriso de Zane morreu e seu olhar desceu para o traseiro dela, à procura de marcas da lingerie.
Não as encontrando.
— Porra, quer me deixar louco, garota?
— Sempre! Agora fique bem quietinho aqui e me espere enquanto vou até o escritório conferir
algumas coisas e já volto.
— Por favor, não demore! — pediu com seus olhos cheios de promessas sensuais.
— Prometo que vou tentar.
Zane não conseguiu deixar de observá-la até desaparecer pelo corredor que levava aos fundos.
Como era linda sua garota! Um corpo escultural, sexy, gostosa. Ele amava tanto! Precisava tanto dela
tanto quanto o ar que respirava.
Quinn guardou os recibos de compra no cofre particular e um sorriso teimoso brincava em seus
lábios. Tudo estava mais que perfeito! A noite havia sido muito agradável e conseguira arrecadar
uma quantia muito boa para o instituto. Sua família estava em harmonia com seu relacionamento com
Zane.
E terminaria a noite nos braços do homem que amava...
— Quinny! — essa voz cantarolou seu nome e ela não precisou se virar para saber quem era.

Zane olhou de novo para o relógio. Quinn disse que não demoraria, mas já fazia quinze minutos
que ela havia saído. Os pais dela havia acabado de partir e o lugar também já estava praticamente
deserto, senão pelos garçons que começavam a limpeza. Jake e Júlia também estavam a um canto.
Avistou Gwen que vinha do corredor por onde Quinn sumira e foi até ela:
— Gwen, sabe se Quinn vai demorar?
— Não sei. Por quê?
Ele estranhou:
— Não estava com ela no escritório?
— Zane, a Quinn não está no escritório. Acabei de vir de lá e está vazio. Pensei que ela estivesse
com você!
Estranhamente o coração de Zane ficou apertado e tão rápido quanto pode caminhar, rumou para o
escritório, abrindo todas as portas que via pela frente, à procura dela, chamando seu nome, com
Gwen em seu encalço. Não a encontrou.
Talvez notando a agitação dos dois, Jake e Júlia não demoraram a aparecer:
— O que houve?
— A Quinn. Não estamos encontrando ela — Gwen explicava com a voz demostrando
preocupação.
Zane sacou o celular e ligou. Ao terceiro toque, ela atendeu:
— Quinn, por Deus! Onde você está?
— Hum... Ela está um pouco ocupada agora... Amorzinho.
Ele estacou e um arrepio lhe percorreu a espinha:
— Onde ela está, Camille?
— Olha, meu querido, eu não estou podendo falar agora, sabe? Eu estou dirigindo e sua
cadelinha... Bom, ela muito menos! Então, comporte-se e espere a minha ligação, ok?
— Se você a machucar... — ele falou entredentes, apertando o aparelho com tamanha força que
ele poderia se espatifar em sua mão a qualquer momento.
— Você não pode nada agora, Zane Hudson! — a outra esbravejava furiosa — Apenas esperar
que eu ligue! E eu juro, se chamar a polícia, sua garota já era! — e desligou.
— Camille! Camille! — ele gritava, mas ela já se fora.
Sentindo suas forças o abandonarem, Zane espalmou as mãos sobre a mesa, baixou sua cabeça e
tentou respirar, mas não encontrava ar.
Naquela altura, Jake já estava consolando Gwen e Júlia que choravam desesperadas.
Quinn sentiu uma dor lancinante quando recobrou a consciência. Gemeu, mas então estacou.
Camille! A última coisa que se lembrava antes de desmaiar, foi de ouvir a voz da outra chamando-a.
Tentou se mover, mas descobriu que estava com as mãos atadas a suas costas e o rosto colado ao
chão gelado. Sentia frio, pois o inverno já estava se mostrando e ela estava trajada somente com o
vestido tomara que caia.
— Você parece mignon, mas é um bocado pesada, Quinny!
Ela segurou a respiração por um momento. Era aquela cadela maluca e a havia sequestrado.
Com muito esforço, se contorcendo toda, virou-se em direção à voz e então se sentou. Teve de
disfarçar a engolida em seco que deu ao notar que a outra estava armada:
— Não foi fácil carregar você até meu carro e depois a desempacotar aqui!
Quinn olhou a volta. Estava em um quarto caindo aos pedaços. Devia ser um prédio, pois escutava
os carros muito longe e não conseguia ver nada pela janela:
— Onde estou? — perguntou depois de limpar a garganta.
Sentada de forma esparramada em uma poltrona velha, Camille a encarou, irônica:
— Isso realmente importa, visto que será o último lugar que verá em sua vida?
Tentou fingir que aquelas palavras não a assustavam, mas estava aterrorizada:
— Sabe que o que está fazendo é uma loucura, não é?
— Eu já não me importo com mais nada! E você já deve ter percebido isso, cadela!
— Acha que... Me matando, Zane vai ficar com você?
— Quem disse que eu vou matar... Só você?
Sim, agora ela estava ainda mais apavorada. Só em pensar no que ela pretendia fazer a ele... Seu
coração se acelerou a ponto de senti-lo em sua garganta:
— Deixe-o em paz, sua louca! Ele não tem culpa de nada!
— Ah, sim! Ele tem! Preferiu você a mim!
— Não foi uma escolha, Camille! Aconteceu...
— Sim, você aconteceu! — ela elevava sua voz, aproximando-se — Se você não surgisse na vida
dele, ele bem poderia ter me dado outra chance!
— Vocês estavam separados! Há muito tempo, antes de nos conhecermos!
— Sim, mas quando o reencontrei... Na sua loja, tudo o que eu sentia por ele voltou com toda
força!
Mesmo a outra estando armada e muito perto, Quinn não conseguia se controlar e dizer as
verdades na cara da outra. Já não se importava! Se ia mesmo morrer, falaria tudo o que tinha a dizer!
— Não, nada voltou! Você só queria seu brinquedinho de volta! Porque era o que Zane era para
você! E como está acostumada a ter tudo o que quer, não se conformou em ouvir um não!
Camille agarrou seus cabelos, puxando-os com força e encostando a arma no rosto de Quinn:
— Eu acho melhor você calar sua boca, vadia!
— Não calo! Você sabe que tenho razão! Você o destruiu uma vez! O colocou lá no fundo, quase o
levou a cometer a maior loucura de sua vida! Já fez todo o mal possível a ele! Se o ama mesmo,
deixe-o em paz!
— Para que viva com você? — era irônica de novo.
Quinn baixou seus olhos, sentindo-os arderem, mas não daria a outra o prazer de ver suas
lágrimas:
— Não me importo com o que faça comigo... — disse baixinho — Desde que o deixe em paz…
— Você morreria por ele, cadelinha?
— Sim! — não precisou pensar na resposta, enquanto a encarava de novo.
— Daria sua vida por ele? — a outra repetia, parecendo descrente.
— Ele quase o fez por mim, quando tentou me atropelar… E eu faria o mesmo por ele…
— Own! Que lindo! Você quase me convenceu, queridinha! — a ruiva voltada para sua poltrona e
buscava o celular — mas preciso ver a cara dele quando eu atirar em você! — sorriu de forma
perversa — tenho certeza de que será uma cena bem divertida! — e ela discou os números.

Num acesso de desespero, Zane jogou sua bengala longe. Teria virado aquela mesa no ar, mas era
o escritório de Quinn. O pensamento de não ver Quinn de volta ao lugar, o perturbou e ele gritou em
agonia.
Então, caiu de joelhos com a cabeça escondida entre as mãos. Seu corpo tremia e a sensação de
impotência o invadia.
Quinn! Sua Quinn! Oh, Deus, a proteja!
Jake veio ajudá-lo a ficar de pé guiando-o para o sofá:
— Tem de manter a calma, amigão...
— De que jeito, Jake? Minha garota nas mãos daquela louca e eu simplesmente não posso fazer
nada! Isso me deixa louco!
— Camille disse que ligaria, certo? Então ela não fará nada a Quinn por hora, tenha fé!
— Zane, — Gwen se ajoelhava diante dele, seus olhos muito arregalados e assustados — sabe
que temos de chamar a polícia, certo? — tocava em seu braço, como que para reforçar seu pedido.
— Não! — ele foi direto — Camille deixou bem claro: sem polícia!
— Oh, Deus! — a morena se deixou cair sentada no chão, abraçando os joelhos, balançando-se
como uma criança — O que vamos fazer? — dizia baixinho, como se para si mesma — o que vamos
fazer?
— Gwen! — Júlia se aproximava, as lágrimas rolando em seu rosto e sua voz trêmula ao acolhê-
la nos braços. — Amiga, não faça assim! Senão, eu não vou aguentar também, por favor!
— Júlia, é a Quinn!
— Eu sei, mas temos de ter fé, como o Jake disse. Se você desmoronar... Eu não vou aguentar!
Você é a muralha de nós três, está me ouvindo? Eu não posso ser forte pela Quinn se você
desmoronar na minha frente! A Quinn vai voltar! Está me entendendo? — segurou o rosto da outra
entre as mãos.
Gwen soltou algumas respirações, limpou a face, levantou-se e seguiu com a amiga para o outro
sofá. Lá as duas se abraçaram, consolando uma a outra.
Zane ainda mantinha a cabeça enterrada entre as mãos. Seu amigo o reconfortava com sua mão
pousada em suas costas:
— Jake... — ele engoliu em seco ao encarar o outro, seu olhar de desamparo, as lágrimas
queimando por serem derramadas — se acontecer alguma coisa com a Quinn... Cara, eu não posso!
Eu não vou suportar!
— Pare, Zane! Você terá Quinn de volta! Vai ver...
Nesse instante, o celular tocou na mesa e de um salto, Zane o estava pegando. Nem mesmo se
lembrou ou se importou com a perna ferida.
— Camille? — sua voz soou desesperada e ele não tentou disfarçar isso.
— Tenho sua atenção, amor?
— Como está a Quinn?
— Bem... Por hora!
— Eu não acredito em você! — esbravejava — eu quero ouvir a voz dela, porra!
— Oh, Deus! Ele está descontrolado! — ela ria e parecia estar de fato se divertindo com a
situação. — Aqui. Tem um homem desesperado louco para falar com você...
— Zane?
— Oh, por Deus! — Zane sentiu seu coração quase parar ao ouvir a voz dela. — Como você está,
meu bem? Essa louca te feriu?
Quinn havia prometido a si mesma que não choraria. Mas com a possibilidade de ouvir a voz dele
pela última vez em sua vida, foi impossível conter as lágrimas. Olhou com ódio para Camille, que
segurava seu celular junto ao seu ouvido:
— Eu estou bem. Amor, por favor! Não venha! Ela vai matar a nós dois... — concluiu num grito,
já que a outra lhe tirava o aparelho de alcance.
— Quinn! — ainda o conseguiu ouvir gritar.
— Você tem dez minutos para aparecer, está me ouvindo, Zane?
— Onde, sua cretina? — ele já não continha o ódio em seu tom.
— Nós costumávamos nos divertir muito aqui, antes da polícia estourar o lugar. O apartamento
está um lixo. Mas ele não era muito melhor naquela época! Acho que assim vai saber de onde falo.
— E desligou.
Zane sabia. Era um apartamento num bairro barra pesada, um ponto de drogas que eles
frequentavam muito quando ainda estavam juntos. Fora ali que ela o fizera ingressar naquele vício
maldito que quase lhe custara a vida!
— Eu tenho de ir! — anunciou, rumando de forma desajeitada para a porta.
Jake o interpelou com sua bengala na mão:
— Calma aí, cara! Ok, não vamos chamar a polícia por hora, mas nunca deixaria você ir sozinho a
lugar algum agora!
— E não é discutível também o fato de que vamos junto! — Gwen afirmava com decisão, tendo
Júlia enganchada em seu braço fitando-o com a mesma expressão firme da outra.
— Pelo amor de Deus! Então vamos logo!

Quinn ainda não conseguira parar com o choro. Havia implorado a ele que não viesse, mas sabia
que a qualquer momento, ele entraria pela porta. E o medo do que aquela cadela descontrolada fosse
fazer a ele... A eles, era muito grande.
— Oh, não chore, Quinny! A sua agonia não vai durar muito! — Camille alfinetou. Era muito
cínica.
— Vá para o inferno, vadia miserável! Você é muito valente com uma arma na mão! Por que não
me solta e vamos resolver isso no corpo a corpo?
— Não sou tão burra assim, cadelinha! Eu obviamente já notei que você é... Mais preparada que
eu!
— Sim, porque eu cuido do meu corpo e não me afundo nas drogas, sua ordinária!
A raiva imperou na face da outra e voltou agarrar seus cabelos, encostando a arma no rosto de
Quinn:
— Eu acho que você está muito valente para quem está à beira da morte, queridinha! Devia
escolher melhor suas palavras!
— Eu não tenho mais nada a perder, cretina! Então eu vou mesmo dizer tudo o que penso de você,
vagabunda, viciada dos infernos...
Quinn sentiu muita dor quando uma coronhada atingiu sua nuca. Pensou que fosse desmaiar de
novo, mas isso não aconteceu. Seu corpo tombou para um lado e sua visão ficou turva, mas conseguiu
se manter na posição sentada:
— Você, com sua existência, ferrou mais ainda a merda da minha vida! E não vou perdoar você e
nem Zane por isso!
— Se a sua vida é uma merda, foi porque você a deixou ficar assim... — Quinn redarguiu ainda
um pouco tonta.
— Você não me conhece para saber disso, maldita!
Luzes que se infiltravam pela janela anunciaram a chegada de um carro. Com isso, Quinn percebeu
que devia estar ao menos no segundo andar de um prédio.
Camille foi até a janela, abrindo um pouco a cortina maltrapilha e olhando através da janela:
— Parece que seu príncipe encantado chegou! E trouxe a cavalaria! As duas trouxas que são a sua
sombra e um carinha... Eu juro, se um deles subir... — apontou a arma para ela — Você já era!
Ao ouvir os passos na escada, Camille empunhou o revólver e mirava agora a porta, à espera do
visitante. E então Zane aparecia.
Quinn recomeçou seu choro. Estava feliz por vê-lo, mas agoniada por temer o que viria a seguir.
Ele se deteve na porta e ergueu os braços ao ver a outra armada:
—Você subiu sozinho? — Camille gritou.
— Sim...
— Eu disse para não trazer ninguém! Eu fui clara!
— Eu não posso dirigir, sua maluca! — ele rebateu furioso — E isso por sua causa!
Quando deu um passo em direção a Quinn, Camille também se aproximou, num passo, com a arma
ainda em punho:
— Devagar aí, amorzinho!
— Eu vou abraçar minha garota! E a única forma de você me impedir de fazer isso, é atirando em
mim! Então vá em frente! — e ele continuou seus passos incertos por causa da bengala.
Camille não atirou.
Zane se ajoelhou de frente a Quinn e acolheu-a em seu peito. Ela queria muito poder abraçá-lo
também, mas continuava amarrada. Mas só de ter o corpo quente e aconchegante dele junto ao seu, já
era reconfortante:
— Você está bem, amor? — ele sussurrava e ela pôde perceber sua voz embargada.
— Por que você veio? — murmurava entre soluços — Eu te pedi! Eu te implorei que não viesse!
Essa louca vai te matar!
Zane apertou-a ainda mais contra o peito e beijou o alto de sua cabeça:
— Eu nunca deixaria você sozinha nesse momento, meu amor! Nunca! Você é a razão da minha
vida, lembra?
Quinn fez que sim com a cabeça e escondeu o rosto contra o peito dele:
— Isso é muito comovente! — a ruiva era sarcástica — Mas está me dando nojo!
— Não vê a loucura que está fazendo, Camille? Está tentando nos punir por que nos amamos?
Os olhos da outra pareceram querer saltar das órbitas, quando ela os arregalou, tomada de raiva:
— Estou punindo a você por preferir a ela a mim! E a ela por te roubar de mim!
— Ela não me roubou de ninguém, Camille! Acho que nunca te pertenci de fato. Já disse que o que
nos unia, não era amor e sim, o vício. Nas drogas, um no outro. Eu me curei disso tudo...
Agora ela estava consternada:
— Se curou... De mim?
— Eu tive ajuda, Camille — Zane usou um tom mais controlado e baixo — Deixe que eu te ajude
agora...
— Não venha com sua piedade comigo, meu caro! Não preciso dela! — gritava a outra fora de
controle.
— Então deixe Quinn fora disso! É a mim que deve punir!
— Zane! — Quinn censurou-o baixinho.
— Deixe-a ir! — insistia, como se não a tivesse ouvido — É a mim que quer, então deixe-a ir,
por favor!
— Zane, — Quinn insistia baixinho — eu não vou sem você!
— Shhh! — ele a silenciava. Ao mesmo tempo, ele ninava ela ainda junto ao seu peito — Vai
ficar tudo bem!
Camille os encarou por um longo tempo, a arma pendia junto a sua perna. Então, deixou seu corpo
escorregar pela parede, até alcançar o chão:
— Vocês dariam mesmo a vida um pelo outro, não é? Ninguém nunca me amou assim... Nem meus
pais... Ou Bruce! — bufou irônica — para ele eu não existo! E nem mesmo você, não é Zane? — seu
olhar vazio pousou no revólver entre suas mãos — Eu sempre fui um fardo para os meus pais, que
não tinham tempo para mim. Só viviam para trabalhar e me davam tudo que o dinheiro pode comprar.
Como se isso pudesse amenizar a ausência deles. Eu te amei, Zane. De verdade! E quando estive
junto de você, foi o período mais feliz da minha vida. Mesmo sabendo a merda que estava fazendo na
sua vida... Eu não podia parar! Porque eu sentia... Que você não me amaria se estivesse sóbrio — riu
tristemente — E parece que eu estava certa, não é?
Zane sentiu que ela estava vulnerável e que podia se aproveitar daquela brecha. Então, se afastou
de Quinn:
— Camille... — chamou de forma doce.
— Zane? — Quinn ficou confusa.
— Eu preciso tentar! — murmurou em seu ouvido — Vai dar tudo certo, amor! — beijou de novo
sua cabeça com carinho.
— Não, por favor! — murmurou de volta, apavorada, mas ele já estava se afastando.
— Me deixe te ajudar — ele agora estendia a mão para Camille que o fitava com desconfiança.
Em um momento, ela estava encolhida junto à parede, parecendo um bicho acuado. No seguinte,
pulava para o pescoço de Zane, o abraçando com força e chorando convulsivamente:
— Por que você não pode me amar mais? Por quê?
— Vai ficar tudo bem, Camille.
Quinn assistia a cena sem nem mesmo piscar. A louca parecia ter desabado, mas o fato de ainda
ter em uma das mãos, a pistola carregada, continuava a fazer dela um perigo.
— Não, não vai! Eu não terei você... E se não posso ter você... Para mim nada mais importa! Me
perdoe, Zane!
E então, houve um disparo. O tempo pareceu congelar por um instante.
Quinn ouviu o som. Viu o clarão e os dois ainda abraçados. E ela não sabia onde fora o disparo...
E quem ele atingira.
Logo ela gritava em desespero, chamando por ele:
— Zane! — ela tentava se levantar, de alguma forma se aproximar e foi então, que percebeu que
estava amarrada, também junto à parede — Zane! Por Deus, não! — estava desesperada, seus olhos
turvados pelas lágrimas, não conseguindo enxergar direito.
Então, notou quando Camille tombou lentamente e caiu na frente de Zane. Seus olhos muito
abertos... E sangrava na barriga.
Ele parecia em transe. Teria sido ferido também?
— Zane? — chamou-o, agora com a voz mais baixa e muito trêmula.
Piscando várias vezes, pareceu voltar ao seu normal e a encarou, parecendo um pouco perdido:
— Amor... Fale comigo! — ela implorava — você está bem?
— Eu... — ele olhou para si mesmo, para suas mãos e então para Camille. Fechou os olhos com
força e depois encarou Quinn — Eu estou bem! Eu estou bem... Não, se preocupe, meu anjo! — a
tranquilizou, vindo para junto dela.
Ela precisava abraçá-lo. Era como se disso lhe dependesse a vida:
— Me solte! — implorava, mesmo quando ele já estava fazendo isso. Tinha muita pressa.
Quando se viu livre, voou para o pescoço dele, que a recebeu com o mesmo fervor:
— Graças a Deus, você está bem! Eu pensei... Eu pensei... Oh, Deus, por um momento, eu pensei
que tinha de perdido!
— Está tudo bem, meu amor! Acabou! — ele a confortava, deslizando suas mãos grandes por suas
costas.
Quinn segurou o rosto dele entre as mãos e entre soluços e lágrimas, o beijou:
— Eu te amo!
— Eu te amo, meu anjo! Muito, muito, muito! — ele sussurrava contra seus lábios.
Logo o lugar era invadido por Jake que era seguido pelas meninas que vinham logo atrás dele.
Quando notou, os dois bem, suspirou de alívio. Mas ao notar Camille caída a um canto, deteve Gwen
e Júlia para que não a vissem:
— Não olhem, garotas...
— O quê? — uma exclamava assustada.
— Quinn? — a outra gritava tentando entrar.
— Eu estou aqui — ela apontava na porta, ajudando Zane a sair — Estamos bem.
Entre lágrimas e risos de puro alívio, eles deixaram o prédio. Ao alcançarem o lado de fora,
deram com as viaturas de polícia que chegavam:
— Quando ouvimos o tiro, eu tive de chamar a polícia, amigão — Jake explicava.
— Eu entendo, cara.
Zane despia o terno e o colocava sobre os ombros de Quinn que tremia quando notou a
aproximação do juiz Fairfield:
— Onde está a minha filha?— ele tentava impor arrogância a sua voz, mas parecia abalado, como
se à espera do pior.
O silêncio acompanhou sua pergunta. Ele olhou para cada um dos rostos do grupo e manteve seu
silêncio:
— Eu sinto muito — Zane balbuciou, esfregando os braços de Quinn e sem coragem de encarar os
olhos do velho homem, que naquela noite tinha aparência cansada.
— O que vocês fizeram com minha filha?
— Ninguém fez nada a ela, juiz — Quinn o interrompeu, antes que fizesse deduções precipitadas
— Ela fez a si mesma.
Ele deu um passo cambaleante para trás, como se atingido pela notícia. Zane sentiu pesar pela
perda do homem. Afinal, era a filha dele, por mais problemas que lhe tivesse dado.
Quando o outro fez menção de ir rumo ao prédio, Zane o interpelou com uma mão em seu ombro:
— Não acho que seja uma boa ideia ir até lá..
O juiz olhou para a mão em seu ombro e então para seu rosto. A seguir, sua cabeça baixou e seus
joelhos se dobraram. Estava impotente, entregue. Já não podia fazer mais nada para proteger sua
filha.
A polícia os encheu de perguntas e tudo o que Zane desejava, era levar sua garota daquele lugar.
Era valente e estava aguentando bem aquela barra. Mas sabia que havia sido demais para ela.
Mantinha Quinn sempre junto de seu corpo, aquecendo-a. Quando o corpo de Camille deixou o
prédio em um saco preto, Zane não deixou que ela olhasse para a cena. O juiz acompanhava de perto,
como um autômato. Era triste que tudo tivesse tido aquele fim.
Quinn preferiu não contar nada aos pais, naquela noite. Contaria com calma no dia seguinte. Enfim
liberados, Jake e as garotas os deixaram na casa de Zane.
Depois de um longo banho, agora os dois se encontravam deitados na cama, Quinn com a cabeça
sobre o peito dele, acariciando seu tórax largo:
— Eu ainda não acredito que ela fez aquilo — Murmurou.
— Deve ter pensado que era a melhor solução. Eu sinto muito por ela!
— Também sinto. Mas eu seria uma pessoa ruim, se dissesse que estou aliviada? — apoiou o
rosto sobre uma mão para fitá-lo.
— Não, Quinn Bee. O que passou nas mãos de Camille não é para qualquer um.
— Eu tive muito medo de perder você!
Com um giro de corpo, Zane a colocou sob ele, tocando sua face:
— E eu entrei em pânico com a possibilidade... Com medo do que ela poderia fazer a você! Eu
teria morrido mil vezes se ela...
Quinn o beijou para silenciá-lo:
— Acabou, amor! Estamos juntos!
— É assim que desejo passar o resto dos meus dias: junto a você!
— Eu te amo tanto, Zane!
— E eu a você, meu anjo, minha vida! — e os beijos que se seguiram, foram sôfregos, de paixão,
ternura, cumplicidade.
Juntos, eles eram um só. Almas gêmeas.
34º

Já havia se passado três semanas desde... Daqueles acontecimentos macabros. Os pesadelos que
Quinn passara a ter nas noites seguintes, já estavam diminuindo. Mas não era só por isso que ainda
estava hospedada na casa de Zane. E sim, porque era perfeito, uma sensação maravilhosa, dormir e
acordar com aquele homem todos os dias. Ela não sentia medo algum quando ele estava ao seu lado.
Não fora uma tarefa fácil contar toda a história para seus pais. Temia muito que sua mãe se
alterasse e sofresse outro infarto. Mas Graças a Deus, nada disso aconteceu. Valentine apenas a
abraçou forte por um bom tempo. Logo Seth também se juntava ao abraço e eles choraram juntos.
Naquela manhã, vestindo a camisa do pijama de Zane, que mais lhe parecia um vestido e
descalça, esforçava-se para fazer um omelete mais incrementado. Havia picado um tomate, como ele
lhe ensinara, bem fininho e cebolas, que a fizeram chorar muito. Milho, queijo e tudo já estavam na
panela. Agora, ensaiava como virar tudo aquilo da forma que o chefe fazia no vídeo da internet.
Quinn coçou a cabeça com um dedo e examinou a iguaria na frigideira. Ela seria capaz?
Depois de tomar algumas respirações, segurou o cabo da panela, ensaiou por três vezes, fez o
movimento como o ensinado no vídeo e não acreditou quando a omelete girou no ar e posou inteira
de volta na panela.
Quinn não conteve um grito de euforia e começou a dar saltinhos de alegria e bater palmas. E foi
nesse instante que notou Zane parado no batente da porta, observando-a com ar confuso:
— Posso saber por que tanta felicidade, Quinn Bee?
Ainda eufórica, ela foi buscá-lo pela mão:
— Venha ver isso! — então, parava diante do fogão e mostrava a panela com as duas mãos de
forma teatral.
Zane franziu o cenho e meneou a cabeça, num gesto de quem não entendia o que ela estava lhe
mostrando:
— É... Uma omelete? — ele erguia os ombros, ainda confuso.
Quinn revirou os olhos e o empurrou para os banquinhos do balcão da cozinha:
— Homens! — bufava. — Grandão, vá se sentar que vou lhe servir, ok?
— Tem certeza de que vai me deixar comer dessa vez? — ele zombava.
— Eu fiz o suficiente para nós dois.
Enquanto pegava um prato e uma espátula, olhou para seu homem. Como podia ser assim tão sexy,
coçando a barba rala, bocejando e com olhos estreitos de sono? A calça do pijama pendia de seu
quadril estreito, deixando seu abdômen trincado deliciosamente exposto. Como amava aquilo tudo!
Ele já havia tirado o gesso e começado as sessões de fisioterapia e graças ao bom Deus, não
sentia mais dores. Tudo estava voltando ao seu curso normal!
Ela encheu dois pratos, os colocou sobre o balcão e foi sentar-se ao lado dele, que bebericava um
café. Esse feito pela cafeteira, pois ainda não confiava tanto assim em seus dotes culinários:
— Sabe, eu estive pensando.... Acho que vou me inscrever num curso de culinária. Que acha?
— Hum, é uma ideia interessante — Zane dizia, retirando um pedacinho de casca de ovo da boca,
mal escondendo o riso — Você tem futuro!
— Ok, você está zombando de mim, — apontava o garfo para ele, de forma ameaçadora — mas
vou te provar que posso ser boa na cozinha! Assim... — fuçava em sua comida no prato — você não
terá motivos para me expulsar da sua casa — disse baixinho, evitando encará-lo.
Zane abandonou o garfo sobre o prato de forma barulhenta, virou-se no assento e girou o dela
também, de forma que ficassem frente a frente, ela entre suas pernas:
— Você não precisa saber cozinhar para que eu te queira na minha casa! Você é perfeita como é,
Quinn! — dizia com voz grave e expressão séria — Eu te amo desse jeito! E passaria o resto da vida
feliz, comendo sua omelete... Com recheio de casca de ovos, só para ter você do meu lado!
Quinn sorriu emocionada e desceu de seu banquinho, vindo enlaçar o pescoço dele:
— Eu também te amo, Zane! — beijou suavemente os lábios dele — É que eu tenho medo de estar
te incomodando — ela tornou a revirar os olhos — Eu sei que sou espaçosa. E um pouco
desorganizada, então...
Zane meteu as mãos sob a barra de sua camisa que a vestia e passou a acariciar seu bumbum
macio com as pontas dos dedos, sabendo que isso a deixava arrepiada:
— Sim, você é espaçosa e bem desorganizada. E nada disso tudo me importa, Quinn. Mas eu
ainda acho que devíamos procurar uma casa maior, como já lhe disse uma vez.
Disfarçando um suspiro bobo e apaixonado, ela correu um dedo pela face dele:
— Você quer mesmo que moremos juntos?
— Sim, eu quero muito! — afirmou mergulhando sua cabeça no pescoço delgado, aspirando o
cheiro conhecido de maçã verde dos cabelos dela — Você não?
— Você sabe que eu quero! Eu já me apossei de você, da sua casa...
— Do meu coração! — completava, buscando seus olhos — Você tem tudo de mim, Quinn — ele
segurou a gola do pijama e a puxou até alcançar sua boca.
Zane pensou que nunca se cansaria de beijá-la. Seus lábios eram macios, receptivos... Seus! Os
beijos dela vinham carregados do amor que ela lhe demonstrava. Havia entrega, cumplicidade.
Quinn oferecia sua língua e ele a sugava, gemendo e apertando-a junto ao seu peito. Seus dedos
emaranhando nos cabelos, que pouco antes, estavam presos num coque no alto da cabeça, mas que
ele tivera prazer em soltar e bagunçar.
Aquele beijo e a fricção que o ventre dela fazia em seu eixo, logo o punha duro. Ela notou e se
esfregou desavergonhadamente nele.
Quando os dedos dele começaram a fuçar nos botões da camisa que vestia, Quinn não descolou
sua boca da dele, mas inquiriu rindo:
— O que pensa que está fazendo?
— O que parece? Te deixando nua, claro!
— Zane, não temos tempo para isso! Você vai se atrasar para sua sessão de fisioterapia, seu
trabalho e eu para o meu!
— Que mundo injusto é esse — resmungava, com sua mão deslizando pela calcinha minúscula
dela até alcançar seu sexo já úmido, fazendo-a arfar — em que eu não posso dar uma rapidinha com
minha garota?
Então, ele estava mordendo e chupando deliciosamente um mamilo e depois o outro, enquanto
suas mãos nervosas desciam sua lingerie:
— Nos já tivemos uma rapidinha mais cedo, lembra?
Zane deu uma última mordidinha mais forte em seu biquinho sensível e, segurando-a pela cintura,
ergueu-a, fazendo-a sentar-se no mármore gelado do balcão e separou suas pernas:
— Aquilo foi na cama! Agora eu quero foder você em cima desse balcão! — comunicou, já
despindo sua calça e vindo colar seu corpo ao dela.
Quinn se moveu sinuosa, estendendo as mãos para puxá-lo para que se encaixasse entre suas
coxas:
— Pedindo dessa forma tão romântica, como eu posso recusar?

À noite, Quinn avisara que assistiria a um filme com as amigas. Ele mandou mensagem para os
integrantes da banda e convocou Jake para se reunirem num bar. Tinha planos e eles faziam parte
deles.
— É o seguinte: — começava, virando a cadeira, de forma que o encosto ficasse em seu peito —
vou precisar da ajuda de vocês!
— Para o que exatamente, cara? — Stevie perguntava entre um gole de cerveja.
— O caso é o seguinte, Rapunzel... — Zane não resistiu em provocá-lo.
— Rapunzel é a vovozinha, seu bastardo!
O riso correu na mesa, seguido de outros apelidos carinhosos. Mas antes que perdessem o foco,
Zane chamou-os de novo:
— Turma, quero que ouçam bem, ok? — quando teve de volta a atenção do grupo, começou — o
aniversário de Quinn está perto e eu quero fazer algo bem especial para ela.
— Ela merece, depois de tudo o que passou! — Carter lembrava.
Os outros concordavam e Zane começou a explicar para eles seu plano...

A noite foi divertida e com direito a tudo o que uma garota precisa: filme àgua com açúcar,
sorvete e dança regada a uma boa bebida!
Depois de se acabarem na pista de dança da boate preferida delas, foram para o bar reabastecer
seus copos. Quinn ergueu o seu para um brinde:
— As coisas simples da vida!
— As coisas simples da vida! — Gwen e Júlia repetiam, copiando seu gesto e então as três
viravam suas bebidas.
Ela suspirou e olhou para suas amigas:
— E estou tão feliz em estar aqui, com vocês agora! Depois... De tudo o que aconteceu. As coisas
parecem enfim, estarem voltando ao seu normal!
— Graças a Deus por isso! — Gwen pedia outra dose.
— Sério, eu estava com saudades disso! — Júlia abraçava as duas — Fazer coisas de meninas,
com as minhas meninas!
— E coisas de menina e menino com o Jake, certo?— Gwen lhe piscava maliciosa.
— E você com Ashton! — ao concluir a frase, a loira arregalou os olhos e encarou Quinn, um
pouco sem jeito.
Essa franziu sua testa, repreendendo-a:
— Oh, sério que vamos passar por isso? Ficar estranhas, porque Gwen está com meu ex-noivo?
Somos crianças ou o quê? Além disso, estou tão feliz com o meu grandão, que só desejo que vocês
sejam tão felizes como eu! Mas, — ela levantava um dedo em riste — se Ashton der mancada com
minha amiga, eu arranco as bolas dele!
Gwen riu alto:
— Eu estou levando ele em rédeas curtas, creiam em mim!
— Eu acredito! — Júlia dizia, servindo-se também de outra dose — Se existe uma mulher que
pode colocar Ashton na linha, essa mulher é você!
— Hey, eu tenho uma novidade: Zane pediu que eu fosse morar com ele, definitivamente!
As três gritaram em uníssono, sem se importarem se chamavam a atenção:
— Eu estou tão feliz! Nós já estamos procurando uma casa maior!
— Bridemos a isso agora! — Gwen sugeria, já pedindo a garrafa para o barman.
— E brindemos as melhores amigas deste mundo — Quinn as servia e de novo levantava seu copo
— As minhas!
O restante da noite foi de risos e diversão.

Era 03h00 da manhã, quando o táxi a deixou em casa e seguiu com as outras duas. Ela tentou não
fazer barulho ao entrar, mas, com certeza, foi impossível, já que estava um pouco alta. Não sabia se
Zane já havia chegado.
Ela o encontrou esparramado na cama, já dormindo. Sorriu e o examinou. Ela queria passar o
resto de sua vida com aquele homem! E notou que desejava muito ter filhos dele. Franziu a testa. De
onde vinha essa ideia?
Ao começar a se aproximar da cama, bateu o pé na cômoda, derrubando um monte de coisas e
fazendo muito barulho. Zane acordou, claro, e levantou a cabeça para ver o que acontecia:
— Isso são horas, mocinha? — ralhou sonolento.
— Desculpa, amor! — ela se aproximou da cama, subindo e engatinhando até estar com a cabeça
no peito dele e desabou — Eu não queira te acordar! Pretendia ir tomar um banho e hibernar um
pouco...
Zane acolheu-a num braço e riu baixinho da voz pastosa dela:
— Parece que andou bebendo um pouco, garota!
Ela levantou uma mão e fez um gesto com dois dedos, indicando que bebera só um pouco:
— Quer dizer que se eu tentar abusar de você agora, você nem vai se lembrar pela manhã? —
brincou ele.
— Provavelmente não, mas aí não tem graça!
Zane voltou a rir, desceu da cama e começou a puxá-la pelas pernas até que estivesse na beirada:
— Venha, eu vou dar um bom banho em você!
Quinn ergueu os braços para que ele a pegasse:
— Por favor!
Ele a puxou para seu colo, embalando-a com carinho. Já no banheiro, enquanto ele ligava o
chuveiro para deixar a água numa temperatura boa, ela foi escovar os dentes. Então despiu-a
lentamente, perguntando sobre sua noite. Quinn contou cada detalhe com entusiasmo. Era impossível
não sorrir do jeito dela. Nunca a vira assim, ainda mais solta por causa da bebida.
Quando ele desceu sua calça e logicamente não usava nada além dela, Quinn o examinou, notou
sua ereção e sorriu com malícia:
— Achei que fosse apenas me dar banho, Apadravya Boy...
— Bom, se a água fizer um bom trabalho e te deixar sóbria — dizia ele, levantando as
sobrancelhas duas vezes de forma rápida empurrando-a para baixo da ducha — Mas de qualquer
forma, eu vou adorar esfregar esse seu corpinho delicioso.
— Hum... — Quinn suspirou quando ele pegou a esponja e começou a deslizar por sua pele —
Sou toda sua, Grandão.
O corpo dela estava colado ao seu, sua ereção numa fricção deliciosa no traseiro dela. Deixando
a esponja de lado, colheu os seios ensaboados nas mãos, massageando-os e puxando seus biquinhos
escuros. Ela gemeu e espalmou suas mãos nas coxas dele, esfregando-se ainda mais.
Zane mordeu seu pescoço, depois sugou sua pele molhada para dentro de sua boca, chupando-a e
em seguida, lambendo-a.
Então encontrou a orelha dela e sussurrou:
— Você é tão gostosa, Quinn!
— Zane! Eu quero você! — ela girou a cabeça para beijá-lo de forma faminta.
Ele despejou um pouco de sabonete líquido na mão, agora a deslizava até alcançar as dobras dela,
separando-as e metendo seus dedos ali. Em resposta a invasão, ela mordeu seu lábio e arfou:
— Por favor! — lamuriou Quinn, quando ele brincava com seu botão ao enxaguá-lo. Aquilo a
estava deixando louca.
— Por favor, o que, bonequinha? — provocou, manuseando-a com precisão, os quadris dela
inquietos contra ele.
— Eu preciso, Zane! — ela grunhiu entredentes.
— Do que você precisa, Quinn? Diga e eu te dou.
Girando seu corpo trêmulo de desejo, tomou a cabeça dele entre as mãos e exigiu sua boca muito
próxima da dele:
— Me faça gozar!
— Com todo prazer!
E antes que ela pudesse raciocinar, ele batia seus joelhos no chão, erguia uma de suas pernas e a
colocava sobre seu ombro, as costas dela coladas à parede.
Com os dois dedos, expôs seu clitóris ultrassensível. Ela mordeu o lábio e o observou admirar
seu sexo com expressão turvada de desejo:
— Porra, você tem a bocetinha mais linda e deliciosa que eu já vi e provei em toda minha vida,
Quinn!
Quando a pincelou com a língua, ela não evitou um grito e um estremecimento violento percorreu
cada célula de seu corpo. Zane segurou suas coxas com força, mantendo-a no lugar e agora lambia
toda a extensão de seu sexo, uma vez e outra, e outra. Lentamente.
Quinn arqueava seus quadris em direção a ele, fora de controle, balbuciando palavras sem nexos,
tomada pelo prazer:
— Oh, bom Deus, isso me deixa louco! — ele grunhia agora e então mergulhava sua língua fundo,
puxando-a mais e mais para ele, como se não pudesse ter o suficiente.
— Ah... Zane! — só podia gemer, sentindo-se a beira de um abismo onde queria muito se lançar.
— Olhe para mim, Quinn! — exigiu, agora brincando com o botão intumescido, sugando
suavemente e então o pincelava várias vezes — Quero ver seus olhos quando gozar!
Ela o fez, sua cabeça girando de luxúria ao vislumbrá-lo foder com suas terminações nervosas,
causando pequenas convulsões em seu corpo. Ela sabia que não aguentaria muito. Mordendo os
lábios, seus olhos fixos aos dele, verdes e brilhantes, Quinn colheu seus seios nas mãos e beliscou
seus mamilos e os girou. Aquilo deixou Zane ainda mais descontrolado, pois a invadiu com um dedo,
lambeu-a novamente e dedicou-se a levá-la a um orgasmo que a fez gritar alto, muito alto. Seu corpo
estremecia violentamente, mas ele não tinha piedade, não a soltou, até que sentiu seu último
espasmo.
E Quinn só teve ciência de que ele já não estava mais entre suas pernas, quando ele reivindicou
sua boca, segurando seu rosto com uma mão, buscando sua língua. Ela cravou suas unhas nos ombros
dele com força, onde poderia até mesmo machucá-lo, mas Zane não parecia se importar:
— Você deixa louco, Quinn!
— Me foda, Zane! Agora!
O peito dele se inflou ao ouvi-la dizer aquilo. Virando-a de costas, fez com que apoiasse suas
mãos na parede gelada, separou suas pernas e a fez empinar o traseiro. Então mergulhava seu pau
teso na vagina quente e molhada, deslizando com cuidado, embora desejasse meter com força.
Mesmo louco de tesão, não queria arriscar machucá-la. Mas, uma vez dentro, segurou seus quadris e
arremeteu com força, fazendo-a ofegar:
— Isso é bem fodido para você, Quinn?
— Eu quero mais! Dê-me tudo, Zane!
Enrolando os cabelos dela num punho fechado, puxando-os, colou seus lábios em sua testa e deu
mesmo tudo de si. Golpeou-a cada vez mais forte e profundo, urrando e grunhindo como um animal
selvagem.
Quando ela gritou, sua libertação em torno de seu eixo, ele também se deixou ir, gozando como um
louco.
Então, ele a embalava junto ao peito, Quinn quase adormecida em seus braços. Ofegante, sorriu e
beijou o alto de sua cabeça:
— Acha que vai se lembrar disso amanhã, gostosa? — disse baixinho.
— Hum... — Quinn suspirou longa e preguiçosamente, abraçando-o ainda mais — Eu creio que
não... Talvez tenha de repetir tudo, para refrescar minha memória...
Ele riu suavemente:
— Será um prazer! Minha bonequinha!

Em todos os anos anteriores, no dia de seu aniversário, todos a cumprimentavam e a noite, havia
uma festa com seus amigos na casa de seus pais. Bom, podia ser por conta dos últimos
acontecimentos, ou a correria do dia a dia, mas parecia que ninguém estava se lembrando de que era
seu dia. Até mesmo seus pais pareciam ter esquecido, pois tinham viajado, o que estavam fazendo
bastante ultimamente.
Tentou dizer que isso não era nada, mas tinha de admitir que o beijo rápido que Zane lhe dera pela
manhã e logo correra porta afora, dizendo que estava atrasado, a deixara magoada. Nem mesmo ele
se lembrava!
Por isso passou o dia irritadiça, mas sem dizer o motivo. Para ajudar, Gwen, sua fiel escudeira,
havia faltado no serviço, alegando estar muito gripada.
Droga! Bufava sozinha em seu escritório, ao final do dia. Era o primeiro aniversário que passava
ao lado de Zane e nem se lembrara!
Para completar, ele havia ligado e dito que sairia do trabalho e iria direto para um bar com os
caras, jogar um pouco de sinuca. Se ele notou seu tom sisudo, resolveu ignorar e depois de um eu te
amo, desligou rapidamente.
Ela ficou encarando o celular que acabara de desligar:
— Parabéns, Quinn! — disse irônica.
Se ao menos tivesse uma bela garrafa de vinho naquela casa! Mas pelo bem-estar de Zane, mesmo
ele dizendo que não se importava, ela preferia não tê-las em casa. E vivia bem sem, mas aquele era
um dia em que uma lhe fazia falta.
Tomou um longo banho e deitou-se emburrada no sofá. Ligou a televisão, mas não se prendeu ao
que passava na tela. Foi com raiva que notou lágrimas de mágoa rolar por sua face.
Enxugou-as com raiva, quando o celular tocou e de novo era Zane:
— Amor? — ele dizia, sua voz abafa pela música de fundo — Olha, eu não sei o que houve com a
Delayla, mas ela simplesmente não quer pegar! Será que pode vir me buscar?
Ela voltou a bufar! Era só o que faltava para completar a noite!
— Não tem ninguém aí que possa te trazer? — perguntou sem disfarçar a sua raiva.
— Eles não vão embora agora, linda. Vamos, venha me buscar, gata!
Depois dele explicar onde estava, que era na mesma boate em que dera seu show junto com Júlia,
Quinn balbuciou um já estou indo e desligou.
Suspirando de raiva e frustração, caminhou para o quarto para trocar seu confortável pijama de
flanela, por jeans e um grosso casaco, já que fazia muito frio lá fora.
— Não importa que a casa ainda seja dele, ele vai dormir no sofá por essa! — decidiu ao sair
com seu Corvette.
Ela estranhou a quietude do lugar, ao chegar lá. Quando Zane ligara, mal o escutara por conta do
som alto.
Ela decidiu entrar, já que ele não estava à espera do lado de fora. Quando abriu a porta, num
crescendo, os primeiros acordes de Waiting for a girl like you começou soar.
Muito confusa, vislumbrou Gwen e Júlia a segurarem, uma em cada braço e a levar rumo ao
palco. No trajeto, reconheceu todos seus amigos e seus pais ao fundo.
Mas o quê?
Então, ela estava diante do palco e Zane de frente ao microfone com Os Infernais acompanhando-
o, quando começou a cantar para ela. Ela cobriu a boca com as duas mãos, sentindo seu corpo
tremer todo.
Ele piscou para ela, sua voz linda, melodiosa invadindo o lugar, invadindo sua alma, seu coração.
E, miseravelmente estava chorando como boba.
Ao começo da segunda estrofe, Zane veio ajoelhar a sua frente e segurou sua mão. Como o palco
era mais alto, ele estava a sua altura. Enquanto a banda tocava os acordes que se encaminhavam para
o fim da música, ele a abraçou e disse ao seu ouvido:
— Feliz aniversário, meu amor! — e então, ele terminou a letra da música, cantando cada palavra
com carinho e olhando bem no fundo dos olhos dela.
Quando enfim, a melodia terminou, ele pediu com as mãos que todos fizessem silêncio, assim
sendo, foi prontamente atendido. Então, ainda de joelhos diante dela, ele começou a falar foi quando
Quinn notou que ele também estava emocionado:
— Pensou mesmo que eu havia me esquecido do seu aniversário, bonequinha?
— Sim! — ela dizia ainda entre lágrimas — Já havia até reservado seu lugar no sofá.
Todos riram, mas logo voltaram a se calar, atendendo ao um gesto dele:
— Wow! Livrei-me por pouco, não?
Ela não teve voz para responder dessa vez. Então, ele tomava uma longa respiração, apoiava um
único joelho no chão e segurava uma de suas mãos:
— Amor... Você passou por muita coisa ao meu lado. E enfrentou barras bem pesadas para ficar
comigo — ele limpou a garganta.
Estava visivelmente muito emocionado e Quinn se manteve bem quieta para ouvi-lo:
— Outra garota em seu lugar teria corrido para muito longe de mim... O que eu quero dizer... Que
o que posso fazer para te compensar por tudo isso, — e ele retirou uma caixinha de veludo azul do
bolso traseiro...
Quinn arfou, seu olhos se arregalando e uma mão veio pousar em seus lábios para conter uma
exclamação. E de novo, estava aos prontos, mas dessa vez, de pura felicidade.
Ela só tinha olhos e ouvidos para ele e nem mesmo notava o burburinho a sua volta:
— Eu vivo por você! Você faz de mim um homem melhor! E tudo o que eu posso fazer, é dedicar
cada um dos dias do resto da minha vida, em tentar fazê-la feliz... Eu te amo, Quinn Armentrouth! E
eu não quero simplesmente que venha morar comigo! Quero que seja minha mulher! A mãe dos meus
filhos! — ele abriu a caixinha e um lindo anel de diamante reluziu — Você aceita se casar comigo?
Ela grudou no pescoço dele, meneando a cabeça positivamente, as lágrimas impedindo qualquer
palavra de sair de sua boca, naquele momento. Zane agarrou sua cintura e a puxou para cima do
palco e depois gritou:
— Ela disse sim! — então ele a afastou por um momento para retirar o anel de sua caixinha e
colocá-lo no dedo dela e o beijar em seguida. Em seguida, segurou seu rosto entre as mãos e disse de
forma grave e ainda emocionada — Agora você é minha, toda minha!
— Sim! — Quinn sussurrou, suas mãos pousadas no peito largo.
E entre aplausos e assovios, ele a beijou de forma apaixonada, esmagando-a junto ao seu peito.
Sabia que estavam num palco e que todos os olhavam, mas simplesmente não conseguia deixar de
beijar aquela mulher. Ela seria sua esposa! Tinha uma vida toda para beijá-la, mas naquele momento,
era especial, pois ela aceitará ser sua companheira para toda a vida!
— Amo você! — sussurrou, sua boca ainda colada a dela.
— Amo você! — ela repetia.
E a vida não poderia estar mais completa! Não havia palavras no mundo capazes de descrever o
que Quinn sentia. Todos seus amigos e seus pais, que com um breve olhar, notou estarem chorando
emocionados, eram testemunha de toda sua felicidade.
Os Infernais era uma banda de rock e por isso, foi uma surpresa quando começaram a tocar Marry
you, de Bruno Mars. Ela levou a cabeça para trás, rindo de puro prazer. Ainda mais quando Zane
começou a dançar, trazendo-a com ele e cantando a letra para ela. E mesmo desafinada como era,
cantou e dançou. Nada mais importava no mundo!
Quinn Armentrouth seria a esposa de um tatuado motoqueiro que tocava em uma banda, que tinha
um Maverick, uma moto chamada Delayla e... Um apadravya que ela conhecia e apreciava muito.
Esse era Zane Hudson e seria seu homem pelo resto de sua vida.

Quinn mirou-se no espelho. Sorriu. Tinha de admitir: Estava de parar o trânsito! Havia preparado
uma surpresinha para Zane, e sabia que ele gostaria! Passara algumas horas no shopping naquela
tarde e avistara aquele lindo conjunto negro de espartilho, cintas ligas e calcinha expostos numa
vitrine. Não teve dúvidas! Entrou e o comprou! Adorou a forma como as peças envolviam seu corpo.
O peito estruturado parecia deixar seus seios ainda maiores. Havia se maquiado com leveza, mas
destacou a boca com batom e usava um perfume especial para a ocasião.
Deu uma piscadela para si mesma no reflexo, vestiu um robe de seda preta, calçou sandálias de
salto altíssimas e foi para a sala.
Parou no beiral onde se recostou. Ele havia chegado a pouco do trabalho, tomado um banho e
estava muito concentrado em seu jogo de videogame. Vestia apenas uma bermuda caqui. Seu belo
abdome trincado e tórax esculpido expostos. Oh, ela amava aquela visão!
— Zane! — Chamou cantarolando.
— Sim, amor? — mas ele sequer se dignou a fitá-la, tão entretido que estava.
— Eu tenho uma coisinha que queria te mostrar...
— Hum... tem de ser agora, anjo? Estou no meio de uma batalha online! E você não sabe! —
Continuava animado — Eu estou mandando muito bem!
Quinn revirou os olhos e bufou:
— Bem, se acha que esse jogo idiota é mais interessante do que eu... — Reclamava com voz
dengosa, abrindo o robe.
— Não é isso, meu bem! É só... — Se calou imediatamente ao pousar seus olhos sobre ela.
Quinn sorriu diante de reação dele. Ergueu as duas sobrancelhas em desafio, apoiando uma mão
na parede e outra na cintura marcada:
— Mas tudo bem se quiser continuar a jogar... — Provocava, fazendo menção de se cobrir.
— Jogar? — Zane lançava o controle remoto que trazia nas mãos para trás, sem nem se importar
onde ele cairia — Quem está jogando aqui?
Com dois dedos, ela fez um gesto sexy, chamando-o. Logo ele se colocava de pé e caminhava
lentamente até ela. Os olhos devorando suas curvas.
Mordendo os lábios, observou-o contorná-la coçando o queixo:
— Gostando do que vê, Grandão?
— Oh, sim! — Sussurrava enquanto ia descendo o olhar.
Sacudindo os ombros, Quinn deixou que a peça escorregasse por esses ombros e viesse se
embolar na sua cintura, onde ela o segurou com os braços:
— Você está uma tentação, bonequinha! — Abusado, depositava um tapa estalado no traseiro
dela.
— Posso notar que esteja mesmo gostando... — Sem pudor algum, Quinn espalmou a mão sobre
seu pau duro. Zane arfou e deu um pulo pelo gesto — Ele nunca me engana!
Aproximou-se do rosto dele, que já se inclinava para um beijo, mas parou a poucos milímetros de
sua boca:
— Mas isso não é tudo... o que eu tenho, quero que veja — sussurrava e depois deslizava a língua
pela boca coberta pelo batom vermelho, lentamente. Adorou como os olhos dele se estreitaram e o
membro pulsou sob sua palma.
— Ainda tem mais? — Um sorriso de canto de lábios se formou na face dele — Eu sou mesmo um
filho da mãe sortudo!
— Ah, sim! Você é! — Quinn concordava, segurando o cós da bermuda dele e o direcionando
para o sofá, onde o empurrou até que caísse sentado.
Então parava diante dele, as pernas separadas. Livrou-se do robe e deslizou as mãos de suas
coxas, pelo ventre chato, seios, rosto e então sob os cabelos, enquanto movia os quadris
sensualmente. Zane não perdia um único movimento, a mão grande agora deslizando por seu eixo que
se destaca muito sob as roupas:
— Quero que examine meu corpo atentamente, Grandão...
Ele riu excitado:
— Com certeza é o que estou fazendo, benzinho!
— Então olhe direito! — Repreendeu ela, dando um passo mais próxima a ele.
— Com prazer, Quinny!
Então ele começava um exame descarado e minucioso, detendo-se um pouco mais nos seios fartos.
Mas logo seus olhos verdes pousavam logo acima da linha da calcinha minúscula e seu queixo cai.
Mas logo se transformava num sorriso desavergonhado:
— Cerejas!
— Sim. Essas são de Hena, mas estou pensando em fazê-la em definitivo. O que você acha?
— Que você é a coisinha mais quente que eu já vi, com ou sem tatuagem... — Emaranhando os
dedos nos cabelos dela, puxou-os com possessão e tomou sua boca, faminto.
Quinn sentiu suas pernas vacilarem quando ele a puxou contra seu peito poderoso, espalmando
uma mão em suas costas. Sentia o pau teso dele contra seu ventre. E logo ansiava por tê-lo todo
dentro de seu corpo. Nunca se cansava de fazer amor com aquele homem! Ele exalava testosterona,
sexo!
Abusava de seus lábios, sugando, mordendo, exigindo. Separou os joelhos com o seu e enfiou uma
coxa grossa entre suas pernas. Ela arfou quando ele esfregou-se contra sua boceta já molhada de
desejo.
De repente ele interrompia o beijo, sorria de forma safada, encostando a testa na dela:
— Sabe do que eu me lembrei agora, bonequinha? — Sua voz era baixa e carregada de malícia —
Do que eu te prometi, se fizesse essa tatuagem...
— Hum... é por isso que eu te amo tanto! Além de gostoso, tem boa memória!
Epílogo

— Quinn, será que pode parar de ficar andando de lá para cá? — Júlia pedia, quando a outra não
parava quieta — Eu nem sei como consegue se mover tão rápido com esse vestido enorme!
Quinn parou e se encarou no espelho. Desceu seu olhar mais uma vez por todo seu vestido
imaculadamente branco. Moldava seu corpo até a altura das coxas e então descia em camadas e
camadas de tule. Os cabelos presos num coque com topete volumoso, maquiagem leve e um brinco
não muito chamativo nas orelhas. Ainda havia o longo véu que ela colocaria assim que fosse rumar
ao altar. Sorriu. Seus olhos brilharam como diamantes. Estava feliz. Dali a pouco instantes, se
tornaria esposa de Zane Hudson, o homem que amava mais que tudo no mundo! Bom, talvez ele se
tornasse o segundo ser mais amado em sua vida...
Estavam na sacristia, prestes a entrar pela nave da igreja, quando um enjoo forte quase a fez
vomitar. Ela estranhou, Júlia disse que podia ser pelo nervosismo, mas Gwen logo exclamou:
— Você está grávida! — Seu dedo estava em riste e seus enormes olhos acinzentados
arregalados.
Quinn e Júlia a fitavam de queixo caído. E então elas se entreolhavam.
Levando uma mão aos lábios, Quinn sentia a cabeça dar voltas:
— Por que diz isso, Gwen? Só... por causa de um enjoo? — Inquiria, sentando-se em uma
poltrona.
— Bom, vou enumerar os motivos que me fazem chegar a essa conclusão! — Limpava a garganta
e começava — Primeiro, você anda muito comilona ultimamente...
— Isso ela sempre foi! — Bufava a loira.
— Hey! — Foi cutucada pela amiga.
— Mas ela está mais agora! — Continuava Gwen — E Zane reclamou que ela está mais
dorminhoca! E eu aposto — aproxima-se da amiga — Que você anda mais... insaciável também,
certo?
Quinn riu:
— Já viu meu futuro marido, querida? Como posso... me sentir saciada com um banquete
daqueles?
As três riram muito. Mas tinha sim um ponto de verdade no que Gwen dizia. Ela andava um
pouco... ou talvez muito mais fogosa nos últimos dias.
— E outra coisinha que eu reparei, assim que vestiu esse vestido — A outra prosseguia — Você
nunca foi assim tão farta, voluptuosa! — Apontava para os seios dela.
As três foram para frente do espelho, todas examinando o busto dela. Sim, eles pareciam de fatos
maiores. E ela notara isso também a se vestir, mas nada comentou, com receio de que houvesse
ganhado peso...
— Oh, meu Deus! — Exclamava devagar, levando as duas mãos a boca — Será que isso é
possível?
Júlia gargalhava, jogando a cabeça para trás:
— Sim, muito possível, se você anda praticando, meu bem! — Júlia resumia.
— Mas eu tomo pílula!
— Duvido que não tenha esquecido um dia sequer, depois... de tudo o que passou com aquela
ruiva maluca! — Era a morena quem elucidava.
Quinn voltou a se olhar no espelho, agora fitando e levando a mão ao seu ventre. Estaria seu bebê,
um filho de Zane crescendo em seu útero? Um sorriso foi brotando lentamente em seus lábios. Um
bebê! Um filho do amor de sua vida!
Mas então ela se agitava:
— Bom, então só há um jeito de saber!
E dessa forma, obrigara Gwen a sair em busca de uma farmácia e que lhe trouxesse um teste de
gravidez. A morena mais que rapidamente partiu.
Quando a amiga surgiu esbaforida, tentando se equilibrar no salto, sacudindo uma sacolinha no ar,
Quinn voou em sua direção. Retirou a embalagem lá de dentro e então seu olhar pousou na saia
volumosa:
— Ok! Eu acho que vou precisar de ajuda!
— Vamos rápido, mulher! — Júlia já recolhia um lado da barra, ajudando-a a seguir para o
banheiro — Jake me ligou e disse que Zane daqui a pouco bota um ovo naquele altar!
— Pobrezinho! — Quinn se compadecia — Mas eu preciso descobrir se vou ser mãe antes de me
casar!

Minutos depois, Quinn deixava o banheiro. Gwen e Júlia, que estavam sentadas, se colocaram de
pé imediatamente:
— E então? — Gritavam em uníssono.
— Eu não sei! Eu ainda não tive coragem de olhar!
— Então vamos fazer isso juntas! — Sua assistente sempre tomando frente — Fique aqui no meio
e no três você mostra o bastãozinho, ok?
— Ok! — Quinn tomou algumas respirações, colocou o pequeno objeto entre as mãos e iniciou a
contagem, sendo acompanhada pelas amigas — Um... dois... Três! — E tirou uma das mãos.
Em silêncio, observaram o bastão, até que Júlia se manifestou:
— Esses dois riscos rosa é um positivo, certo?
No momento seguinte as três estavam gritando histéricas. Quinn sentia a boca seca, as pernas
bambas e seu coração batia tão descompassado que podia lhe saltar pela boca a qualquer momento.
Ela seria mãe! Unindo as mãos juntos aos lábios, sentiu as lágrimas lhe rondarem os olhos. Mas
então:
— Meninas, vão buscar o Zane!
— O quê?! — As duas disseram em uníssono.
— Eu preciso contar isso a ele!
Gwen meneou a cabeça:
— Quinn, você vai se casar! Em alguns minutos! Não pode mesmo esperar?
— Não! — Foi firme — Eu preciso dizer a ele que será pai — Ela espalmava as duas mãos e seu
ventre — Antes de nos casarmos!
— Oh, Deus, Quinn! Olha como está vestida! Sabe o que dizem sobre o noivo ver a noiva antes de
casar! — Júlia atentava.
— Isso tudo não me importa! — Teimou — Se vocês não vão buscá-lo para mim, eu mesma farei
isso! — Resolvia, erguendo a ampla saia e fazendo menção de rumar para a porta.
— Calma! — Gwen a deteve — Nós vamos!
— Muito obrigada por isso!
Então elas se olhavam. Logo estavam num abraço coletivo e emocionado:
— Eu vou ser mãe, meninas! Acreditam nisso?
— Estou tão feliz por você, minha amiga! — Júlia murmurava emocionada.

Minutos depois, Quinn ouvia batidas nervosas na porta:


— Quinn? Está tudo bem, meu anjo? — A voz preocupada de seu futuro marido soava do outro
lado.
— Zane! — Ela exclamava, indo abrir a porta.
— Hey! — Ele se assustava e virava-se de costas — Eu não posso ver você vestida de noiva!
Quinn riu:
— Nunca pensei que você fosse supersticioso, amor!
— Bom... — Dizia com uma mão cobrindo a lateral do rosto — Não sou, mas é melhor não
arriscar, certo? O que houve? Por que queria me ver? Você mudou de ideia?
Ela teve de rir de novo e enlaçou os ombros dele, recostando a cabeça nas costas dele:
— Nunca! Eu não vejo a hora de me tornar a senhora Zane Hudson! A sua mulher... A mãe do seu
filho!
Zane pareceu suspirar aliviado e acariciou as mãos dela:
— Você me deu um susto, bonequinha! — Então repetia baixinho — A mãe do meu filho...
— Amor, eu estou grávida! — Informa num supetão.
As mãos dele caíram inertes ao lado do corpo. E de repente ele se voltava, seus olhos verdes
arregalados e queixo caído. Ainda embasbacado, percorreu o corpo dela, admirado e emocionado:
— Meu Deus, Quinn! Você está uma visão, de tão linda! — Então ele levava as mãos à boca, seu
olhar se detendo no ventre, ainda liso dela — É verdade?
— Bom, eu fiz um teste de farmácia...
— E deu positivo?
Quinn meneou a cabeça. Zane encheu o peito de ar e veio segurar o rosto dela entre as mãos:
— Por favor, diga que posso te beijar! Senão eu vou morrer aqui e agora! — Grunhia, o rosto
muito perto do dela.
Ela teve de rir da forma dramática com que dissera aquilo:
— Essa maquiagem é a prova de lágrimas e de Grandão. Então, por favor, me beije logo...
Antes mesmo que ela concluísse a frase, Zane devorava seus lábios. Distribuiu inúmeros beijos
pelos lábios dela, a emoção visível em seu corpo grande e trêmulo.
Logo ele dobrava os joelhos e encostava sua face na barriga dela:
— Eu vou ser pai! — Murmurava com voz embragada.
— Sim! Você vai — Quinn já não continha as lágrimas enquanto acariciava a cabeça dele — E eu
precisava que você soubesse disso antes... antes de qualquer coisa!
Zane ergueu seus olhos verdes e brilhantes e a fitou com tanta ternura que o coração dela quase
explodiu. A fitava com adoração, amor:
— Você faz de mim o homem mais feliz do mundo, bonequinha! Meu peito parece que vai
explodir de tanta felicidade!
— Ok, amor! — Quinn dizia fungando, um sorriso teimoso pairando em seus lábios — Mas agora
volte para aquele altar e faça de mim uma mulher honesta!
Por um instante, ele não reagiu e continuou onde estava. Então ele limpou os olhos
disfarçadamente e espalmou sua mão grande sobre o ventre dela. Ela conteve a respiração. A emoção
que sentiu… com aquele gesto. Era como se pai e filho estivessem tento seu primeiro contato físico:
— Seja você uma linda mocinha — Levantou seus olhos para Quinn — como a mamãe…
Os dedos trêmulas dela pousaram nos lábios, as lágrimas escorrendo livres por sua face:
— … Ou um rapazinho…
— Valente como o papai! — Quinn concluía.
Zane bufou um riso:
— Uma garotinha ou um rapazinho — Fitou de novo o ventre dela — Papai já te ama! Muito!
Assim como ama a mamãe! — Então ele se levantava e a beijava docemente na testa.
Ele já a havia beijado de tantas formas, talvez todas existentes no mundo, mas aquele beijo... Ao
mesmo tempo casto, suave... mostrava todo seu respeito por aquela que seria sua companheira por
toda a vida!
E quando ela caminhou em sua direção na nave do hotel, era como se nunca a tivesse visto
naquele traje. O longo véu deixava seu rastro branco atrás dela. Era um anjo!
Foi impossível segurar as lágrimas durante a cerimonia. A vontade dele era de bradar para todos
naquele lugar, seus amigos, toda sua família e a família de Quinn, que ela lhe daria um filho! Mas
eles viajariam para a lua de mel, uma semana na Itália, presente de sua mãe, e quando regressassem,
contaria a grande novidade.
— Somos tão diferentes! — Quinn dizia em seus votos — E eu acho que por isso te amo tanto!
Você me completa…
— Você trouxe luz a minha vida! — Ele dizia nos seus — Uma direção! Eu te amo e preciso de
você na minha vida, para todo sempre!
Foi uma cerimonia emocionante para todos. Como não poderia deixar de ser! Depois de tudo o
que haviam passado, a felicidade os esperava.
Quarenta minutos depois, sob uma chuva de arroz e gritos de alegria, Zane descia as escadarias da
igreja, carregando em seus braços sua esposa: Quinn Armentrouth Hudson! E ela trazia em no ventre
seu bebê, sua extensão, a forma viva da consumação do amor dos dois!
É… Ele era um bastardo filho da mãe sortudo! A vida não podia estar melhor!

Não é um fim. Zane, Quinn e seus amigos voltam em breve!


Nos vemos em Zane 1.2 – Tudo o que você não viu no primeiro livro.
SOBRE A AUTORA

Patrícia Rossi nasceu e mora no interior de São Paulo. Casada, tem dois filhos. Sua família é a razão de sua vida. Começou a escrever
aos dez anos, por sempre terminar frustrada com os finas dos livros que lia escondido de sua mãe)
Não parou mais. Mas só em 2013 foi que começou a mostrar suas obras num blog próprio. Depois lançou Ethan em livro físico por uma
editora. Agora Zane, lançado de forma independente.
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