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Ruth Inocência Baião Costa Pereira-Parque PDF
Ruth Inocência Baião Costa Pereira-Parque PDF
Código: 708209024
Ano de frequência: 40
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Índice
1 Introdução............................................................................................................................ 1
2.4 A Participação das Comunidades Locais como uma das Estratégias de Gestão das
Florestas .................................................................................................................................. 9
3 Conclusão .......................................................................................................................... 21
1.1 Objetivos
1.2 Metodologia
Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica. Onde foi usado o método
indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular
para uma questão mais ampla, mais geral.
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2 Revisão de literatura
De acordo com a definição adotada pela União Internacional para a Conservação da Natureza
(UICN), no documento acima referenciado, a conservação da natureza é: "A gestão da
utilização da Biosfera pelo homem de modo a que possa proporcionar de forma perene os
maiores benefícios no presente, mantendo ao mesmo tempo o seu potencial para satisfazer as
necessidades e as aspirações das gerações futuras" (IUNC, 1980).
Segundo Viana (2015), Com o lançamento deste documento, pela primeira vez o conceito de
conservação da natureza começa a ganhar um outro significado, começa-se a dar ênfase, não só
na proteção de espécies biológicas, como também a necessidade de preservação dos
ecossistemas, pois ficava cada vez mais claro nas mentes humanas, a importância do meio
natural bem como as diversas interações que nele ocorrem. Ainda na década de 80, foi
constituída pela ONU, a Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento.
Para Viana (2015), Foi com esta base, e com o pensamento de que a humanidade tem
capacidade para tornar sustentável o progresso para assegurar que pode dar satisfação as
necessidades presentes, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras poderem
satisfazer as de então, que esta comissão sugere o desenvolvimento sustentável, através do
lançamento do relatório de Brundtland.
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2.2 A biodiversidade em Moçambique: breve histórico e situação atual
Viana (2015), relata que antes da invasão colonial em Moçambique, o território era largamente
coberto de vastos e frondosos arvoredos; as principais causas das degradações eram o fogo e as
derrubadas para a preparação do solo para a prática agrícola, porém o impacto era bem reduzido
graças ao pequeno tamanho da população que existia. Com a invasão colonial, a atividade
humana foi se intensificando e, como consequência, as áreas de cultivo foram aumentando em
detrimento da depredação das florestas primitivas; apressadamente as estepes substituíram as
florestas primitivas em grande parte e em muitas regiões do território. Em algumas regiões a
floresta desapareceu por completo.
De acordo com Viana (2015), O autor ainda relata que o abate das árvores para a obtenção de
madeiras, a derrubada feita pelos indígenas e europeus para a preparação das suas culturas, o
consumo de lenha e dormentes para construção de ferrovias, os trabalhos de combate à mosca
tsé-tsé e acima de tudo o fogo, que todos os anos corrói grandes áreas de floresta natural,
contribuíram drasticamente para a redução do patrimônio florestal de Moçambique a uma
sombra do que já foi no passado.
Apesar desse processo histórico e marcante na degradação dos recursos naturais, Moçambique
é considerado ainda um país rico em recursos da flora e fauna, o que faz com que as principais
políticas de desenvolvimento econômico da população incluam tais recursos como prioritários.
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O Ministério para a Coordenação da Ação Ambiental, Viana (2015), estima a existência de
cerca de 5.500 espécies de plantas (incluindo microalgas) (Tabela 1) distribuídas em cinco
regiões fitogeográficas e organizadas como miombo, mopane, florestas indiferenciadas e
mosaico costeira.
De acordo com Macateco (2018), Apesar do dilema de degradação ambiental se datar a partir
da génese do homem, só nos finais do século XIX é que este tomou a consciência das suas
consequências nefastas, e por via disso surge a preocupação em adotar estratégias para reverter
o cenário, sendo uma das medidas tomadas a criação de áreas especificas para a conservação e
proteção do meio ambiente.
Segundo Honey (1999) citado por Macateco (2018), a América foi o pioneiro na adoção de
práticas de conservação e proteção do meio ambiente, através do estabelecimento de áreas
especificas para a proteção da fauna e flora, criando os Parques Nacionais de Hot Spring e de
Yellowstone, em 1832 e 1872, respetivamente.
Para Macateco (2018), Os outros países do Mundo, embora não tivessem iniciado com o
estabelecimento de sistemas de áreas de conservação, mas a preocupação pelo extermínio dos
recursos, sempre tiveram, de tal forma que, com a assinatura da convenção de Londres, em
1933, muitos desses países comprometeram-se em criar e potenciar áreas especificas para a
conservação e proteção dos recursos naturais, sendo que, atualmente, segundo Franco.
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De acordo com Macateco (2018), Em Moçambique, dados indicam que a conservação da
natureza foi sempre uma prioridade das civilizações, embora pouco se sabe sobre a temática,
no período pré-colonial.
Ainda assim, Macateco (2018), relaciona a conservação da natureza com os modos de vida, o
ambiente, os usos e costumes dos povos Bantu em Moçambique, o que leva a crer que alguma
noção do uso racional dos recursos naturais já se tinha em mente, tal como acontecia, em outros
países do Mundo.
Segundo Macateco (2018), Em relação ao período colonial, um dos fatores que tanto contribuiu
para a degradação dos solos e consequentemente do meio ambiente, segundo os autores, foi o
cultivo do algodão e outros produtos para a exportação. Moçambique, devido à sua localização
geográfica, onde ocupa quase toda a faixa costeira do oceano indico, sempre foi um dos países
da preferência dos asiáticos, árabes e povos europeus para questões de trocas comerciais. O
ouro, o marfim, os escravos, as oleaginosas, mariscos entre outros Escola Superior de Educação
| Politécnico de Coimbra são indicados pelos autores como sendo os produtos que
impulsionavam o comércio na região.
Macateco (2018), Refira-se que grande número de elefantes foram abatidos nesse período, para
extração de troféus para as trocas comerciais. Sabe-se que entre os séculos XVII e XVIII,
grandes quantidades de marfim foram exportadas de Moçambique para diferentes cantos do
mundo, com destaque para Asia e Europa, estimando-se uma média mensal de duas a três
embarcações que saíam de Moçambique com produtos diversos onde se destacava o ouro e o
marfim. Era a fauna bravia a ser destruída e prevê-se que a redução ou diminuição na população
dos elefantes tenha iniciado nessa época.
Os autores evidenciam a grande procura do marfim e das peles dos elefantes, pelos
comerciantes asiáticos e europeus, o que obrigou Portugal a reforçar os mecanismos de proteção
da fauna, através de alguma legislação sobre a caça, a qual abria espaço para a caça de nível
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local, pois, ao restringir completamente a atividade de caça seria equivalente a tornar a vida das
populações mais difícil ou quase que impossível, uma vez que esta era um dos seus meios de
subsistência (Macateco, 2018).
De acordo com Matos & Medeiros (2019), Não adotando estas medidas, concorria-se para o
extermínio das espécies, devido a falta de noção sobre o uso racional, o que resultaria em
consequências irreversíveis de âmbito social, económico bem como científico.
Segundo o decreto nº 40/040, que foi um dos primeiros instrumentos normativos na matéria de
conservação da natureza em Moçambique, no período colonial, São parques nacionais, as áreas
sujeitas a direção e fiscalização públicas, reservadas para a propagação, proteção e conservação
da vida animal selvagem e da vegetação espontânea e ainda para a conservação de objetos de
interesse estético, geológico, histórico, arqueológico ou outro interesse cientifico em beneficio
e para a recreação do público, e nas quais é proibido caçar, abater ou capturar e destruir ou
colher plantas, salvo por iniciativa ou sob fiscalização das autoridades respetivas.
Matos & Medeiros (2019), Analisando este conceito de áreas protegidas segundo o decreto
anteriormente referido, pode-se entender que uma das funções das áreas protegidas, para além
de proteger, conservar e propagar as espécies biológicas, tem também a função educativa e
investigativa.
Para Matos & Medeiros (2019), Partindo desta base, percebe-se claramente que as espécies
encontradas em locais fora do seu habitat natural, não podem satisfazer estas necessidades, visto
que elas estão isoladas daquilo que é o seu ecossistema natural, quando os estudos científicos
vão além de estudar a espécie singularmente, mas sim com as diversas interações com o meio
ambiente. No entanto, estas diversas interações que garantem o equilíbrio ecológico não eram
tidas como relevantes, aquando da criação das áreas protegidas, sendo que o foco era na
proteção das espécies biológicas.
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Para Matos & Medeiros (2019), Os autores realçam o facto de o Governo de Moçambique ter
herdado os problemas da época colonial. Segundo autores, Moçambique criou uma série de
legislação ambiental que fosse ao encontro da atual situação do país, instituições que pudessem
trabalhar no sentido de harmonizar a convivência e o bem-estar da população, principalmente
a questão da segurança alimentar em consonância com a conservação ambiental, tomou
inúmeras medidas corretivas para a resolução de alguns problemas que já vinham do passado,
onde a instrução foi uma outra área que mereceu atenção especial do Governo. Escola Superior
de Educação | Politécnico de Coimbra.
Segundo Matos & Medeiros (2019), Refira-se que em 1977 foi criada uma escola de formação
de agentes de conservação da natureza, que funciona no Parque Nacional da Gorongosa, cujo
objetivo central era formar quadros para o sector, à luz das orientações e diretivas económicas
e sociais do terceiro congresso da Frelimo.
Matos & Medeiros (2019), Entretanto, a guerra civil entre o Governo da Frente de Libertação
de Moçambique e a resistência Nacional de Moçambique, veio a reduzir todos os esforços ao
fracasso. Como se pode imaginar, todo o tipo de guerra provoca consequências dolosas no país
ou região onde ocorre, quer sejam de ordem social, económica, ambiental entre outras.
Moçambique não foi uma exceção.
Segundo Matos & Medeiros (2019), Só após o fim da guerra, em 1992, o país começou a tentar
reerguer-se dos vários problemas ora tidos, sendo que desde então, o Governo de Moçambique,
com o apoio de parceiros de cooperação, sector privado e ONGs, vem investindo na reabilitação
de infraestruturas, habitats, repovoamento e recuperação de espécies e populações de fauna, na
maioria das Áreas de Conservação do país.
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Lamarque & Magane (2017), Atualmente, Moçambique assumiu vários compromissos nesta
matéria, sendo signatário de várias convenções internacionais sobre a conservação da natureza
e da biodiversidade, sendo de maior destaque, a Convenção sobre a Diversidade Biológica, a
Convenção sobre o Comercio Internacional de Espécies de Flora e Fauna Selvagens Ameaçadas
(CITES), Convenção de Ramsar, Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (UNFCCC), e as varias obrigações decorrentes das iniciativas regionais, como os
Protocolos da SADC sobre Florestas, Conservação da Mestrado em Turismo de Interior-
Educação para a sustentabilidade.
Segundo Lamarque & Magane (2017), Outras áreas de conservação estão localizadas ao longo
da fronteira com países vizinhos, como são os casos do Parque Nacional de Limpopo, Parque
Nacional de Magoé, Reserva Especial do Maputo, Reserva Nacional de Chimanimani, Reserva
Nacional do Niassa e a Reserva Marinha Parcial da Ponta d’Ouro. Estas áreas de conservação
estão integradas em iniciativas regionais de áreas de conservação transfronteiriças, o que cria e
amplia as oportunidades de cooperação neste domínio e abre espaço para o desenvolvimento
de turismo regional e internacional abrangente, com significativos ganhos para o país.
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Para Lamarque & Magane (2017), A Lei da Conservação nº 16/2014, de 20 de junho estabelece
duas grandes categorias de Áreas de Conservação: as áreas de conservação total, em que
atividade humana é limitada, e as áreas de conservação de uso sustentável, em que a presença
e integração das comunidades locais nos objetivos de conservação é permitida. Assim, a Lei
abre espaço para a continuidade dos programas de reassentamento em curso nas Áreas de
Conservação e ao mesmo tempo dá oportunidade à promoção e desenvolvimento de áreas de
conservação comunitária que podem incluir outros projetos que sejam benéficos à comunidade
local.
Desde o fim da guerra civil, Moçambique tem envidado esforços, com o apoio de parceiros de
cooperação, sector privado e ONGs, investindo na reabilitação de infraestruturas, habitats,
repovoamento e recuperação de espécies e populações de fauna, na maioria das Áreas de
Conservação do país (Plano Estratégico da ANAC, 2015-2024).
No entanto, apesar destes esforços, a situação atual das Áreas de Conservação ainda é marcada
por infraestruturas e serviços de apoio ao turismo que são pouco atrativos para os visitantes e
também não atraem os investidores. Os investimentos necessários são avultados pelo que
requerem parcerias estratégicas, com os doadores, parceiros de cooperação, sector privado e
comunidades locais. Por outro lado, o auto-financiamento da ANAC nos próximos anos será
um dos seus grandes desafios (Plano Estratégico de ANAC, 2015 – 2024) (Lamarque &
Magane, 2017).
2.4 A Participação das Comunidades Locais como uma das Estratégias de Gestão das
Florestas
Segundo Chiúre (2019), A gestão participativa dos recursos naturais é hoje uma área de
referência para o auto-sustento, combate à pobreza, uso racional e sua conservação incluindo a
biodiversidade em geral, devido ao reconhecimento crescente de que os diferentes
intervenientes, incluindo o Estado, o sector privado e as comunidades locais, desempenham
melhor papel, quando conjugam os seus esforços, em vez de cada um destes actores
separadamente.
Para Chiúre (2019), O conceito de gestão comunitária de recursos naturais apareceu com maior
frequência a partir da década de 80 do século XX, quando cientistas naturais e sociais insistiam
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em demonstrar a relação entre degradação ambiental e questões de justiça social,
empobrecimento rural e direitos das populações locais.
A Declaração do Rio, no seu Princípio XXII, considera importante o papel das comunidades
locais na gestão do desenvolvimento do ambiente, e por isso sublinha que os Estados deverão
apoiar e reconhecer devidamente a sua identidade, cultura e interesses e ainda tornar possível a
sua participação efectiva na concretização de um desenvolvimento sustentável.
Para Chiúre (2019), torna-se imperativo que as pessoas participem na sua comunidade ao nível
do planeamento de programas ou nas actividades que as afectam, uma vez que essa participação
(de foro comunitário) transmite às pessoas o sentimento de controlo e assim através desta
medida, as suas necessidades e interesses são identificados e tidos em consideração.
Segundo Chiúre (2019), A participação comunitária na gestão das florestas pode acontecer
através da agregação do conhecimento tradicional ao conhecimento científico ou por meio do
envolvimento das comunidades locais em todas as etapas de execução das actividades, mas
também, na determinação de que a população autóctone tem prioridade na apropriação dos
recursos naturais (ou ao acesso a eles) e na partilha dos benefícios gerados pela biodiversidade.
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Adicionalmente, tal envolvimento também se observa por meio do poder de decisão que as
comunidades possuem sobre a gestão dos seus recursos. Todo este processo participativo deve
ser baseado num sistema de capacitação e fortalecimento das comunidades e de lideranças
locais, que pode ser realizado através de oficinas de cidadania, cursos de capacitação de
liderança e de intercâmbios com outras áreas e instituições para partilha de experiências.
(Cunha, 1999).
Ornelas (2002), citado por Dias (2010 pp.2), refere que “(…) a participação comunitária não é
simplesmente a oferta voluntária de tempo ou recursos, mas resulta da participação dos
cidadãos nos processos de decisão a favor da comunidade, implicando um envolvimento
efectivo nos processos de decisão nos grupos, organizações e comunidades (…).”
Dias (2010) citado por Pereira (2020), menciona ainda que os objectivos da participação
comunitária passam por melhorar e promover programas de modo a aumentar as suas
responsabilidades sobre as necessidades e os interesses das pessoas e para ganharem a aceitação
da comunidade.
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Para Pereira (2020), a participação comunitária é um processo que serve a um ou mais dos
seguintes objectivos:
a) Capacitação, cujo alcance leva a uma distribuição equitativa de poder e a um alto nível de
consciência e de força política. A participação comunitária seria, desta forma, um meio de
habilitar pessoas a iniciar acções baseadas na iniciativa própria e organização e, assim,
influenciar os processos e os resultados do desenvolvimento;
c) Eficácia - quando o envolvimento dos usuários contribui para um projecto mais adequado,
um projecto no qual os serviços propostos correspondem e atendem as necessidades dos
usuários;
Segundo Louro et al. (2016), a vida na terra é garantida por processos ecológicos fundamentais
que a Natureza dificilmente consegue duplicar, água, oxigénio, simbiose, condições
climatéricas apropriadas a uma diversidade devida na terra são processos e elementos quase
que únicos neste universo. Existe relação directa entre abundância de recursos naturais e
potencial económico baseado no património de um país. O desenvolvimento económico de uma
nação depende não só do seu capital científico-tecnológico e humano mais é suportado, se
potência na base da riqueza em recursos naturais, seu património natural.
Para Louro et al. (2016), Nessa perspectiva a conservação inclui a preservação, manutenção, a
utilização sustentável, a restituição, renovação e melhoramento do meio natural. Nesse sentido,
a conservação, como recomendado na Estratégia Mundial da Conservação, envolve
especificamente a conservação de plantas, animais, micro-fauna mas também dos elementos
não vivos do meio natural em que se apoiam para sua sobrevivência. Contrariamente aos não
vivos, se preservados, os recursos naturais vivos, são renováveis, no caso contrário sua natureza
limitada conduz a sua destruição. Segundo Louro et al. (2016), a intenção de protecção de áreas
naturais remonta a diferentes épocas e culturas as quais estiveram imbuídas de diversos valores.
Registos antigos mostram que algumas áreas foram protegidas por possuírem animais sagrados,
por serem reservas de água pura, plantas medicinais, por possuírem certo valor religioso e
cultural para determinados grupos.
Actualmente, as áreas naturais são definidas pela União Internacional para a Conservação da
Natureza, como uma porção da superfície terrestre especialmente designada à protecção e
preservação da diversidade biológica, assim como dos recursos naturais e culturais associados
e gerenciadas através de meios legais. Louro et al. (2016), afirma que a evolução da humanidade
dada a partir da descoberta de novas ciências e tecnologias resultou na mudança de valores e
modo de vida da sociedade, o processo crescente da indústria e o crescimento das áreas
urbanizadas aumentam a utilização de recursos naturais e a produção de resíduos.
Para Louro et al. (2016), A conservação em si não constitui uma solução, deve ser um processo,
tarefa de todos os sectores, ao nível das estruturas que gerem os recursos naturais (pesca,
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agricultura, florestas). A conservação deve velar pelo uso sustentável dos recursos mas também
garantir a preservação dos processos ecológicos e património genético essenciais para a política
nacional ambiental) é o contexto da gestão que permite, de forma durável tirar o melhor proveito
dos recursos naturais básicos e escolher o lugar e natureza de actividades que lhes assegurem
sustentabilidade. Aqui o papel estratégico do Ordenamento do território. A conservação por si
não é mais que uma das condições indispensáveis à prosperidade e sobrevivência humana, ela
está estreitamente ligada ao novo ordem económico internacional (a globalização), com os
direitos humanos, a erradicação da pobreza e uma politica alimentar eficientes, como também
com os índices de crescimento humano (Louro et al., 2016).
De acordo com Louro et al. (2016), Assim, essas políticas devem-se ver reforçadas ao nível
nacional para contribuir juntamente para o desenvolvimento sustentável num contexto nacional
com conotações e impacto internacional. Segundo o mesmo autor, a integração da conservação
ao desenvolvimento é estrategicamente importante, caso contrário será impossível satisfazer as
necessidades actuais sem o risco de não poder satisfazer as mesmas necessidades no futuro.
Louro et al. (2016), concluiu no seu trabalho que a conservação e desenvolvimento são
conceitos e processos interdependentes. Os países em desenvolvimento possuem economias
baseadas na utilização dos recursos naturais dos que directamente dependem para sua
subsistência, sobrevivências e desenvolvimento económico. Não é por acaso a existência
frequente de conflitos de utilização de recursos entre agricultura, pesca, turismo, extracção de
inertes etc.
Para Louro et al. (2016), em Moçambique, para ninguém é novo que todos estes problemas
vem-se estruturando interligados como resultado do efeito combinado do crescimento
populacional, secas prolongadas, migrações internas, as necessidades apelantes de
desenvolvimento económico e as dificuldades nacionais de reforço do sistema de normas de
fiscalização e controlo existente.
O crescimento populacional resulta de entre outros, na diminuição dos RN, redução da terra
apta para agricultura e sistemas de gestão tradicional de RN existentes ao nível local exigem
aprofundado analise, em tal sentido as comunidades locais e sociedade civil tem muito a dizer
num processo de toma de decisões, e podem ser a base para o estabelecimento de sistemas
descentralizados de medidas de gestão tendentes ao envolvimento de grande número de
“stakeholders”, incluindo comunidades locais, sector privado e outros (Louro et al., 2016). O
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envolvimento das comunidades locais, através do maneio comunitário, constitui um grande
desafio, abordagem metodológica adoptar é crucial para o sucesso destas iniciativas.
De acordo com Louro et al. (2016), o envolvimento das comunidades locais na conservação das
florestas ao redor da área da sua influencia contempla fundamentalmente cinco passos: (i)
primeiro passo lida com a preparação e organização da comunidade para desenvolver
actividades de conservação e uso racional de recursos em sua zona; (ii) o segundo passo refere-
se ao zoneamento da área comunitária em Zona de Protecção Total, Zona Tampão e Zona de
Uso Múltiplo. Para cada área de zoneamento são indicadas as principais actividades elegidas e
proibidas; (iii) o terceiro passo define as orientações e as actividades a desenvolver no terreno
para a produção agrícola e pecuária, regeneração e maneio da floresta natural, das plantações
florestais, da fauna bravia e prevenção e combate as queimadas; (iv) e por fim, o quarto passo
destaca a necessidade de forjar parcerias para facilitar, capacitar e apoiar a comunidade na
implementação das actividades de conservação, assim como realizar actividades de pesquisa,
monitoria, avaliação e revisão do programa de conservação e do uso sustentável das florestas a
nível da comunidade (Louro et al., 2016).
Segundo Teixeira (2018), A preocupação com a preservação de determinadas áreas para fins
alheios aos objetivos dos povos residentes nelas é bem antiga. Inicialmente a preservação dessas
áreas eram destinadas às caçadas reais. Com o tempo, elas passaram a ser espaços reservados
para o usufruto do “homem urbano”. Mais tarde, os objetivos se ampliam, passando a incorporar
a necessidade de preservar determinados ecossistemas ou espécies em vias de extinção.
De acordo com Teixeira (2018), Com medo de uma urbanização completa, onde o homem teria
a possibilidade de transformar a “natureza natural” em “natureza artificial”, destruindo-se, deste
modo, os últimos vestígios daquilo que seria a natureza pura, coberta de todos os atributos dos
quais o homem não havia modificado, os preservacionistas americanos começaram a propor a
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criação de “ilhas” de preservação, do qual o homem urbano pudesse admirar as paisagens ainda
“intocadas” ou “inalteradas” pelo processo de modernização da sociedade. A criação dessas
“ilhas” de preservação, com objetivos de proteger áreas naturais de grande beleza cênica para
o usufruto dos visitantes (homem urbano), encontrava-se assentada na imposição de visões
elitistas urbanas sobre o uso da terra rural. Esse processo resultou na alienação das terras
comunitárias em favor do Estado, consumando-se a usurpação dos direitos das comunidades
locais.
Segundo Teixeira (2018), Nos últimos 30 anos do século XX começaram a surgir contestações
ao modelo dominante de preservação, que primava por uma separação física e política entre o
homem e o seu meio. A pressão foi maior, culminando com a transição de preservação para a
conservação, incluindo-se a presença do homem e a sua participação.
Teixeira (2018), Os resultados obtidos nas áreas de preservação estavam longe de serem os
pretendidos, principalmente nos países em desenvolvimento. As criticas estavam crescendo e a
necessidade de se mudar para outra abordagem que primasse por uma harmonização entre o
homem e a natureza era necessária. Pimbert e Pretty (2000) referem que os conservacionistas
começaram a tomar consciência de que uma proteção ambiental efetiva só seria possível se as
comunidades locais estivessem inteiramente envolvidas no planejamento das áreas protegidas
e tivessem benefícios diretos do projeto.
Para Teixeira (2018), A participação das comunidades locais é um argumento presente nas
abordagens de desenvolvimento adotadas na década de 80. Essa filosofia do pensamento de
desenvolvimento também se incorporou às abordagens de conservação, sendo numa primeira
fase tímida e, na década de 90, passa a estar presente em todos os projetos de desenvolvimento,
incluindo naqueles aplicados ao espaço físico das áreas protegidas e do seu entorno.
Segundo Teixeira (2018), É importante realçar que o conceito de participação é bastante amplo,
como já foi referido por Barrow e Murphree, pois ele reflete os interesses distintos dos diversos
atores envolvidos. Ao debater-se o assunto de participação precisam-se entender melhor as
questões de como é que os atores participam? Com que finalidades? E com que pesos cada um
deles se apresenta? Apesar do conceito de participação estar em moda em todos os projetos
aplicados, constata-se que em muitos casos a participação das comunidades locais é limitada,
isto é, sendo apenas uma formalidade e condição para a sua implementação. Diegues (1996)
argumenta que a participação das populações tradicionais no estabelecimento de parques e
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reservas, em muitos casos, trata-se apenas de uma cortina de fumaça para responder a certas
demandas internacionais que consideram o envolvimento dessas comunidades como fator
positivo para o sucesso da conservação.
Segundo Teixeira (2018), Como se pode ver no quadro 1, existem várias formas de participação
das comunidades locais, acompanhadas com variações no grau de sua incorporação. É
importante definir-se o grau de participação nos projetos, pois o conceito pode levar a ilusão de
que as comunidades estão participando efetivamente na tomada de decisões, quando na verdade
apenas foram consultadas. Teixeira (2018), referem que: O problema com a participação, usada
nos tipos 1 a 4, é que os resultados superficiais e fragmentados não têm impacto duradouro na
vida das pessoas (RAHNENA, 1992, p.121). Tais formas de participação podem ser usadas,
sabendo que não levam à ação. Se o objetivo é alcançar a conservação sustentável, então nada
menos que a participação funcional será suficiente. Todas as evidências apontam para o êxito
econômico e ambiental de longo termo que aparecem quando as ideias das pessoas e seu
conhecimento são valorizadas e elas têm o poder de tomar decisões independentemente das
agências externas.
Para Macateco (2018), preocupação com a participação também esteve associada com o
empoderamento das comunidades como parceiras no processo de gestão das áreas protegidas.
Essa preocupação com a descentralização do poder para o nível local, isto é, dando às
comunidades o poder de decisão sobre a gestão das áreas protegidas era fundamentalmente
importante para os governos pós-independência que não possuíam recursos financeiros e
humanos suficientes para a administração de tais áreas. A descentralização seria uma forma de
chamar a responsabilidade das comunidades locais e de outros atores na gestão dessas áreas.
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Macateco (2018), Este processo foi importante para os governos da África Austral, que depois
do alcance da independência, passaram a se preocupar mais com fornecimento de cuidados de
saúde, educação que não eram abrangentes. Este passo representou uma gigantesca evolução
nas formas de gestão das áreas protegidas, passando de uma administração exclusiva do
governo para a administração pela comunidade ou por agentes do setor privado.
Em África há três visões sobre a participação comunitária: (i) a visão instrumentalista (África
Austral) que tem a partilha dos benefícios como moeda de troca pela conservação; (ii) a visão
utilitarista (África Oriental) que parte do princípio que as comunidades têm conhecimentos e
direitos sobre a terra, sendo a partilha uma forma de indenização por não poderem usar os
recursos como outrora o fizeram; e (iii) a visão transformista (África Ocidental) que defende
que a participação tem em vista a transformação qualitativa das capacidades das comunidades
com vista ao desenvolvimento (Viana, 2015).
As visões apresentadas por Macateco (2018), parecem ter norteado a formulação do quadro
legislativo moçambicano referente ao assunto. A visão utilitarista foi a que vincou, como ficou
registado nas legislações sobre o assunto, com destaque para a definição de porcentagem para
as comunidades locais onde se explora os recursos naturais e a valorização e a incorporação do
conhecimento das comunidades locais.
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direcionadas para a gestão da fauna bravia. Os autores citam vários exemplos, dentre eles o da
reserva de caça Royal criada por Shaka Zulu.
Para Macateco (2018), Apesar da implementação da participação comunitária ter tido alguns
resultados positivos em alguns países, constata-se que a sua aplicação, de cima para baixo, não
teve em conta alguns aspectos necessário, tais como:
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como consequência de uma demanda significativa de pessoal com alta qualidade e
especialista. Desta forma, os projetos ficam dependentes de fluxos financeiros
estrangeiros e as agências doadoras pretendem resultados em curto prazo, quando os
mesmos só podem ser alcançados em longo prazo;
é preciso entender que a participação comunitária na conservação não pode ser
confundida como um instrumento, pois a participação é um processo e não um resultado.
Daí que os objetivos identificados pelas comunidades podem conflitar com os das
agências internacionais ou nacionais; e
é preciso saber distinguir os méritos de intervenção de projetos de desenvolvimento que
podem contribuir para o sustento das comunidades locais e a contribuição delas para a
conservação. Acredita-se que a conservação com o desenvolvimento andam de mãos
dadas, contudo as despesas para propósitos de desenvolvimento e conservação podem
não dar resultados que são efetivos para a conservação (Pereira, 2020).
Analisando a questão ambiental na África, Macateco (2018), argumenta que a participação das
comunidades africanas na gestão dos recursos naturais está dependente dos níveis de
rendimento individual e familiar; dos sistemas de uso de terra estabelecidos pelo Estado e pelos
direitos consuetudinários; e da mobilidade da população na área em que se encontra. Do
conjunto das condicionantes, o autor aponta os níveis de rendimento como a variável mais
importante e, que é preciso ter sempre em conta que o comportamento econômico das famílias
africanas é distinta das da européia e latina americana, porque nesses continentes as famílias se
agrupam em torno das profissões ou atividades econômicas, enquanto que na África, por regra,
no seio de cada família se pode encontrar todas as atividades econômicas (agricultura, indústria,
comércio, etc.). Desta forma, as políticas econômicas tendentes a assegurar a sustentabilidade
social, têm de ter como ponto de partida a família e não os setores (Lamarque & Magane, 2017).
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3 Conclusão
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4 Referências bibliográficas
Lamarque, F., & Magane, S. (2017). Vantagens e desvantagens da gestão das áreas de
conservação em moçambique por uma entidade para-estatal. WILDLIFE MANAGEMENT
WORKING PAPER, 10.
Louro, C. M. M., Fernandes, R. S., Pereira, M. A. M., & Salomão, A. I. S. (2016). Desafios e
oportunidades de gestão das áreas de conservação marinhas em moçambique.
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