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Esthefany Maria Rocha Silva

Terapia ocupacional
Esthefany.silva@academico.uncisal.edu.br

O Jovem Dr. Freud

“Os poetas e filósofos descobriram antes de mim o inconsciente; o que eu descobri foi o método
científico pelo qual o inconsciente pode ser estudado”

Apesar dos conceitos da psicologia existirem há muito tempo, Freud foi o primeiro a
tentar sistematizá-los. Ele acreditava que o homem é um animal em conflito, não somos nossos
próprios mestres, pois grande parte de nossas vidas é controlada pelo inconsciente que
desconhecemos. Ele passou a vida enfrentando seus próprios demônios para que conseguisse
ajudar seus pacientes a lutarem contra o deles.

Parte 1- Enfrentado o demônio

Freud era o mais velho de 7 filhos, ele tinha a ambição de ser famoso por meio da
ciência, tendo o intelectual e rígido Brücke como inspiração, mas o trabalho como cientista não
estava rendendo lucro, o que ele precisava para seu casamento com Martha, então sacrificou
seu sonho e, para isso, tornou-se médico. Ainda buscando a fama, fez experiências com uma
droga pouco conhecida, ele sentia que precisava apenas de um golpe de sorte, a cocaína era um
forte analgésico, mas também tinha efeito sobre a depressão. O próprio Freud tinha sintomas
de depressão e usar a cocaína era como algo mágico capaz de mudar seu humor, mas ele não
sabia de seus efeitos viciantes. Ele publicou um ensaio sobre a cocaína e a receitou para seus
amigos, familiares, inclusive, para sua noiva. Apesar dos efeitos da cocaína terem sido
descobertos, Freud nunca ficou viciado e deixou a droga anos depois.

Sigmund ganhou uma bolsa para estudar com Charcot, o qual o apresentou o
questionamento que viria ser o mistério que ele tentaria desvendar: o poder das forças mentais
que se escondem atrás da consciência. Ele então finalmente conseguiu o dinheiro suficiente
para se casar com Martha após 4 anos, juntos eles tiveram 6 filhos. Ele tratava a histeria com
eletroterapia e hipnose, mas depois descobriu que a eletroterapia não era efetiva, então pediu
ajuda para Josef Breuer, já que ambos usavam a hipnose. Contudo, gradualmente, abandonou
a hipnose, pois não causava mais efeito. Assim, adotou um diferente método, centrado no que
os pacientes diziam, ele acreditava que era importante, até os sonhos, apesar dos outros tratarem
os sonhos como irrelevantes.

Mesmo nas férias, não parava de tentar descobrir os mistérios da histeria; foi assim que
conheceu Katharina, uma jovem que buscou a ajuda de Freud. Elas apresentava falta de ar,
tontura, sufocação na garganta, sensação de aperto no coração. Ela o contou que esses sintomas
apareceram após o choque de ver seu pai tendo relações com sua irmã, aquele tentara o mesmo
com Katharina. Após escutá-la, passou a acreditar que os histéricos reprimiram seus
sentimentos e tomar consciência disso seria a cura, a transição de um campo inconsciente para
consciente. Mas curar vai além de resolver o quebra-cabeças, algo que ele só descobriria mais
tarde. Para Sigmund, não importava de qual sintoma partisse a análise do caso, a causa sempre
seria ligada a uma questão sexual, o que na época era muito polêmico e reprimido, ele deu essa
repressão como causa da histeria, o que fez com que Breuer discordasse e então eles encerraram
a amizade; Freud tinha um padrão de venerar uma figura masculina e buscar a aprovação dela,
mas eles sempre acabavam rompendo. Começou então a focar a atenção no trabalho, e assim o
casamento foi perdendo o brilho. Buscando novamente uma figura para dá-lo apoio, tornou-se
amigo de Fliess, a quem confessava suas ideias e se sentia inferior. Após compartilhar com os
demais intelectuais a sua teoria de que a histeria era causada pela violência sexual na infância,
os profissionais para quem ele apresentou tais ideias ficaram horrorizados, céticos, indiferentes,
então Freud ficou frustrado.

Parte 2- Abrindo os olhos

Depois da morte do seu pai, ele piorou. Os problemas dos pacientes cada vez mais
refletiam os dele. Então ele começou a se autoanalisar. Acreditava que os sonhos poderiam ser
analisados por livre associação, deixando a mente divagar, pousar no presente e no passado,
não pode-se interpretar um sonho sem ter associações pessoais. Por se apegar muito à teoria,
buscou em seus próprios sonhos uma comprovação, assim, associou seus sonhos constantes
com a afeição a ”Hela”, que representava sua filha Mathilde, a uma comprovação. Como o
próprio começara a apresentar sintomas de histeria, segundo suas próprias ideias, a causa seria
seu próprio pai; Mas, após explanar mais sobre o assunto, passou a não crer mais nas próprias
teorias, deixando assim de crer na respostas para seu forte abalo emocional ter sido um trauma
paterno durante a infância, e nas relações que tinha feito ao nome “Hela”.
Após certo tempo, concluiu que os sintomas da neurose não estão ligados à realidade,
mas à fantasia, que representam desejos. Com a autoanálise da relação com sua mãe,
desenvolveu ideias do que viria a ser o Complexo de Édipo. Nesse contexto, Freud se sentia
superior ao seu pai, que, para ele, era um rival que havia sido vencido, porém isso também o
fez se sentir culpado, principalmente quando seu pai faleceu.

Ele colocou tudo o que aprendera em um livro que marcou a mudança na concepção do
funcionamento da mente, o qual ele chamaria de Interpretação dos Sonhos. Para Freud, cada
sonho se revela como uma estrutura psíquica provida de significado, passível de ser encaixado
num ponto determinado das atividades da consciência. Anos seguintes, ao elaborar e refinar
suas teorias, criou um movimento começando por um pequeno grupo de homens, os quais
ajudaram a difundir suas ideias pelo mundo. Com a ascensão do Nazismo, seus livros foram
queimados. Cinco anos depois, ele fugiu para Inglaterra. Mesmo em seus últimos anos de vida,
Freud nunca foi uma fonte de consolo, para ele, não havia salvação nem mesmo na psicanálise.
Sigmund insistia na cura pela verdade, em um mundo de soluções fáceis, mostrou o papel do
conflito, do desejo e da vontade nas nossas vidas, na felicidade e no sofrimento. Quando ele
faleceu de câncer bucal, suas ideias já haviam se tornado parte da estrutura do século XX.

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