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90 - Apostila - Arte No Contexto Escolar - 2
90 - Apostila - Arte No Contexto Escolar - 2
Contexto Escolar
Professora Esp. Daislene Rodrighero de Carvalho
Diretor Geral
Gilmar de Oliveira
Diretor Administrativo
Eduardo Santini
UNIFATECIE Unidade 3
Web Designer Rua Pernambuco, 1.169,
Thiago Azenha Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102,
Saída para Nova Londrina
FICHA CATALOGRÁFICA Paranavaí-PR
FACULDADE DE TECNOLOGIA E (44) 3045 9898
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ.
Núcleo de Educação a Distância;
CARVALHO, Daislene Rodrighero de. www.fatecie.edu.br
Arte no Contexto Escolar.
Daislene. Rodrighero de Carvalho.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 86 p.
As imagens utilizadas neste
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária livro foram obtidas a partir
Zineide Pereira dos Santos. do site ShutterStock
AUTORA
Ampla experiência como educação à distância, voltada para a área das licenciatu-
ras. Atualmente trabalho na UniFCV, como tutora educacional e também conteudista.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
UNIDADE I....................................................................................................... 6
A Arte e sua História ao Longo dos Anos
UNIDADE II.................................................................................................... 36
Pressupostos Históricos sobre a Arte e seu Ensino no Brasil e no
Mundo
UNIDADE III................................................................................................... 51
Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades
de Ensino
UNIDADE IV................................................................................................... 66
Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade
das Linguagens Teatral, Musical e Estética
UNIDADE I
A Arte e sua História ao Longo dos Anos
Professora Especialista Daislene Rodrighero de Carvalho
Plano de Estudo:
- A arte no Período Paleolítico Superior
- A arte no Egito
- A arte na Grécia Antiga
- A arte Romana
- A arte Bizantina
- A arte Gótica
- A arte no Renascimento
- A arte Barroca
Objetivos de Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a conexão entre aluno e arte;
● Estabelecer a conectividade entre a arte e o aluno.
● Compreender a importância do estudo da arte para a formação do professor como
um agente transformador, valorizando os aspectos sociais, morais, políticos e
econômicos do educando como um todo.
6
INTRODUÇÃO
Para darmos início em nosso conteúdo, no primeiro tópico vamos abordar a Arte
no Período do Paleolítico, ao qual se define como o início da arte (História da Arte) e suas
primeiras produções artísticas. A arte desse período vai da Pré-História à Idade da Pedra
Lascada, que tem como surgimento milhões de anos atrás e vem a se estender até 8.000
a.C.
Porto (2014) destaca que é no período paleolítico superior onde se tem conheci-
mento das primeiras manifestações artísticas da humanidade, com as pinturas rupestres
registradas nas paredes de cavernas, como em Lascaux, na França e em Altamira, na
Espanha.
Assim podemos dizer que o período Paleolítico é composto por três períodos, sen-
do eles: Idade da Pedra, que segue para o Mesolítico e se estende ao Neolítico (Idade da
Pedra Polida) e, por final, a Idade do gelo, mais precisamente no Pleistoceno.
Abordaremos neste contexto como a arte era representada, uma vez que ela é
considerada a arte mais antiga da humanidade, onde seu povo era descrito como nômades,
caçadores e coletores. Os registros eram compostos por gravuras nas paredes de caver-
nas, por objetos decorados e esculturas, onde naquela época eles esculpiam em formas
femininas volumosas (ao qual se descrevia e representava a maneira da fertilidade).Tais
esculturas eram esculpidas por meio de rochas, ossos e madeiras, porém outros tipos de
arte foram encontrados, como de forma abstrata, que é representada por meio de riscos e
linhas emaranhadas.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/drawing-ancient-horse-cave-rock-art-636144962
De acordo com Aguiar (2019), uma curiosidade que se destaca nos trabalhos
realizados em pinturas e também em esculturas é a ausência da figura masculina. Uma
possibilidade destaca a representação feminina ocorre em decorrência da crença de que
as pequenas estatuetas femininas consistiam em amuletos relacionados com a ideia da
fertilidade, fator este considerado imprescindível à sobrevivência do grupo. Neste contexto,
apresenta-se a vênus de Willendorf:
Figura 2: Vênus de Willendorf. Altura: 11 em. Encontrada na Áustria. Museu de História Natural, Viena.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/venus-willendorf-statuette-exact-copy-origi-
nal-791551129
A civilização egípcia traz uma cultura bem complexa e desenvolvida em sua orga-
nização social, a qual é rica em manifestações culturais. Segundo Proença (2003), um dos
aspectos de maior significância na cultura egípcia é a religião. Porto (2014, p. 6) corrobora
este apontamento ao indicar que para esta civilização “a arte surgiu a serviço da religião e
das crenças religiosas”. Tamanha a influência da religião que alguns estudiosos afirmam
que no Egito Antigo produziu-se uma arte totalmente dedicada à figura da morte.
Pode parecer assustador, não é mesmo? Mas não é! Na realidade, isto se deve por
conta de um aspecto cultural, que será melhor compreendido. Inicialmente, é necessário
compreender que a religião era o ponto de embasamento de toda a vida egípcia. Duarte
Júnior (1998) destaca que, além da crença em vários deuses, os egípcios antigos achavam
que tais deuses podiam intervir na história humana. Também acreditavam em uma vida após
a morte e que esta vida era até mais importante do que a vivida na terra. Invariavelmente, a
arte criada por esse povo refletia toda essa crença e no desejo de uma vida após a morte.
Diante destes fatos, a arte egípcia concretizou-se inicialmente nos túmulos. Os tú-
mulos não eram simples abrigos para um corpo sem vida, mas sim deveriam ser réplicas da
casa onde moravam como visto nas tumbas dos faraós (PROENÇA, 2003). Assim, quando
os deuses devolvessem a vida para o corpo morto, ele já estaria em paz, em meio a suas
coisas e particularidades.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/view-mastaba-mereruka-saqqara-egypt-1219923421
As pirâmides eram construídas para demarcar o governo dos faraós, no qual eles
demonstravam seus poderes e governanças por meio de suas grandezas estruturais. Para
Buoro (2003), as pirâmides representavam a grandiosidade e a imponência do poder políti-
co e também religioso. Ainda de acordo com o autor, a primeira pirâmide a ser construída e
dar início ao marco representativo dos faraós foi a pirâmide Djoser, que foi construída pelo
faraó Imhotep. Porém um marco ainda maior foi registrado na região do deserto de Guizé,
com as belas e famosas pirâmides, como a construção da pirâmide de Quéops, que tem
cerca de 146 metros de altura.
Buoro (2003) ressalta que este monumento transcreve o domínio que os egípcios
tinham com suas técnicas de construções, deixando claro assim a sua arquitetura. Prova
disso está na construção de imensas paredes sem nenhum tipo de argamassa, o que res-
salta o domínio da técnica de construção.
Outro ponto diferencial da arte do Egito foi o desenvolvimento de uma escrita de
grande complexidade, os hieróglifos. Está escrita era considerada sagrada, no qual os
caracteres eram registrados em papiro e no interior e fachadas dos monumentos, seguin-
A arte grega retrata toda a história de democracia de seu povo. Para Proença
(2003), o povo grego não se sujeitava às normas de reis autoritários, assim valorizavam
muito as ações e produções humanas, pois para eles a criatura mais importante do universo
era o homem. Strickland e Boswell (2014, p. 20) destacam: “a filosofia grega se resumia
nas palavras de Protágoras: ‘O homem é a medida de todas as coisas’, o que salienta a
valorização humana.
Desta forma, a arte na Grécia era denominada livre, uma vez que sua produção cul-
tural permitia que os artistas viessem a criar e explorar a razão e o conhecimento. Isso não
representa que o ato religioso (fé) não tinha importância, tal que ela ficava muito presente
em suas obras retratadas, principalmente em templos religiosos e arquitetura.
Para os gregos uma das suas principais manifestações artísticas eram representa-
das pelas esculturas. A partir de grandes blocos de pedra e mármore, as esculturas eram
esculpidas em forma humana. Assim como suas arquiteturas em que tomavam formas
através de traçados com linhas retas e são utilizadas até os tempos de hoje para constru-
ções de monumentos.
Segundo Deckers (1976, p. 70):
A escultura atinge na Grécia um dos mais elevados padrões de harmonia
plástica. Certamente você já aprendeu que uma das características peculia-
res do povo grego é seu grande apreço pelos valores espirituais unido à justa
valorização da beleza e vigor físicos. Tais valores cultivados na vida cotidiana
são o cerne da educação grega e marcam profundamente a sua arte, so-
Os escultores gregos tinham outros propósitos para sua arte. Não tinham a inten-
ção de simplesmente representar o homem real, mas sim o belo. Isto é visto em diversas
esculturas, onde corpus nús, músculos e jovens eram retratadas.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/discobolus-classical-sculpture-411615883
Com o tempo, além do belo, esses artistas também quiseram representar a ideia de
movimento, afinal, o ser humano não é estático. Para tal, o mármore e a pedra não se apre-
sentavam como totalmente adequados, devido o peso e rigidez, sendo que começou-se a
utilizar o bronze como matéria-prima das obras, devido sua leveza e resistência.
Outro ponto de destaque foi à arquitetura grega, destinava quase que exclusivamente
à construção de templos religiosos, conforme apontam Calabria e Martins (1997, p. 42):
A arquitetura grega era ligada basicamente aos templos, construídos com pe-
dras sobre uma plataforma de dois ou três degraus com muitas colunas para
garantir a sustentação do teto. O espaço interno era pequeno, destinado às
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/valley-temples-valle-dei-templi-temple-1106891756
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ancient-columns-ionic-doric-corinthian-ordo-520132585
A formação cultural romana tem grande influência da arte e cultura grega, por isso,
diversos autores, como Almeida (2010), compreendem esse período histórico como cultura
greco-romana.
Na arquitetura, Proença (2003) destaca que dois elementos, que antes desconhe-
cidos na Grécia, permitiram aos romanos desenvolver espaços internos amplos, livres de
colunas. Esses elementos são o arco e a abóboda das construções. “Talvez a contribuição
mais importante de Roma tenha sido nas áreas de arquitetura e engenharia. Os construto-
res romanos não só desenvolveram o arco, a abóboda e o modo, como foram pioneiros no
uso do concreto” (STRICKLAND; BOSWELL, 2014, p. 25).
Antes da invenção do arco, havia uma limitação de tamanho entre uma coluna e ou-
tra, pois este tamanho não podia ser muito grande, devido à tensão sobre as vigas. Como a
pedra era um dos principais materiais utilizados nas construções, e ela não suporta grandes
tensões, era preciso o uso de muitas vigas. A utilização do arco possibilitou construir-se
espaços mais amplos, resolvendo o problema da sobrecarga em vigas e colunas.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/imposing-walls-roman-triumphal-arch-amphithea-
ter-376265683
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/colosseum-rome-sunrise-italy-europe-542649196
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ravenna-italy-september-19-2018-byzanti-
ne-1193330338
No entanto, a arte gótica não despontou apenas na arquitetura. Nas esculturas tam-
bém deixou suas características marcantes, diferenciando-se novamente do romantismo.
A escultura desse período também estava associada à arquitetura. Segundo Almei-
da (2010) os trabalhos esculturais adornavam e enriqueciam os portais, umbrais e o interior
de grandes construções. Um exemplo destas esculturas são os trabalhos de Chartres, com
data do início do período gótico, bem como as imagens da Catedral de Reims, do alto pe-
ríodo gótico, demonstrando a evolução da arte medieval (STRICKLAND; BOSWELL, 2014)
Plasticamente, as estátuas góticas pretendiam demonstrar a impressão de vigor,
mas que também trouxesse um equilíbrio entre a força e a delicadeza. Outro aspecto
fundamental das esculturas desse período, conforme destacado por Proença (2003), traz
a naturalidade como uma das características mais marcantes. Observe a imagem da es-
cultura a seguir, conhecida como Nobre Uta. Com a mão direita, que está apenas sugerida
pela veste, ela parece aconchegar o rosto na gola de sua capa. “O mais surpreendente
dessa tendência naturalista é conseguir retratar com perfeição a pose momentânea de uma
pessoa real” (PROENÇA, 2003, p. 71).
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/watercolor-gothic-sculpture-125094926
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/france-circa-2008-postage-stamp-printed-166561178
Outra obra que não pode deixar de ser mencionada neste período é a Mona Lisa de
Leonardo da Vinci. A personificação do “homem da Renascença” foi da Vinci, com talentos
múltiplos, chegando perto do ideal deste estilo de arte. “Se Mona Lisa de Leonardo é o
retrato mais famoso, seu afresco A última ceia é a pintura religiosa mais venerada há cinco
séculos” (STRICKLAND E BOSWELL, 2014, p. 43).
Porto (2014, p. 16) também destaca a importante de da Vinci: “É impossível falar
de Renascimento sem mencionar Leonardo da Vinci, um homem à frente de seu tempo que
transformou tanto o rumo das artes quanto o da ciência”.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/leonardo-da-vinci-1452-1519-mona-93004429
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/prague-czech-republic-october-13-2018-1213653175
Diversos outros artistas e obras merecem destaque neste período, como: Miche-
langelo, e sua escultura Pietà, o afresco A Criação de Adão na Capela Sistina; Rafael e sua
obra-prima da Escola de Atenas, no Vaticano, Roma; entre outros. O artista dessa época
não se vê mais como um simples observador do mundo, subordinado às ditosas regras
da Igreja. Ele se enxerga como a expressão mais grandiosa do próprio Deus. E assim, o
mundo e a realidade devem ser compreendidos cientificamente e não apenas admirados.
A arte barroca tem origem na Itália, mas se espalhou por diversos países da Europa
(BARBOSA, 2002). Cada país trouxe suas especificidades e detalhes de acordo com a
cultura e as personalidades dos artistas, entretanto algumas características mantiveram-se
em comum. A arte barroca trouxe estilo e técnicas que valorizavam ricos materiais, pin-
turas grandiosas e espetaculares que traziam grande emoção à perspectiva protestante
(GRAHAM-DIXON, 2013).
Na arte barroca, o que se predominam são emoções, sentimentos e sensações. A
pintura ainda se encarrega da função realista, mas agora, não deseja apenas representar
somente a realidade de nobres, reis e rainhas, mas sim a vida e atividades do povo simples
e camponês são retratadas pelo colorido das telas barrocas. Segundo Corroborando esta
ideia, Strickland Boswell (2014, p.54) apresentam a compreensão: “A arte barroca conseguiu
casar a técnica avançada e o grande porte do Renascença com a emoção, a intensidade e
a dramaticidade do maneirismo, fazendo do estilo barroco o mais suntuoso e ornamentado
na história da arte”.
O movimento barroco se expandiu para a França, na qual a pintura adotou temas
não religiosos, como tranquilas paisagens habitadas por divindades pagãs (STRICKLAND
BOSWELL, 2014). Diversos outros países Europeus tiveram destaque neste tipo de arte,
como Inglaterra, Holanda e Espanha e, dentre os artistas desse período, podemos destacar
Caravaggio, que, apesar de uma vida curta e conturbada, rompeu com a tradição maneiris-
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/rome-italy-december-2018-pilgrims-madon-
na-1264684759
Já no Brasil, a arte Barroca inicia no século XVIII e segundo Almeida (2010) está
associada à religião católica. Como representante principal do período, podemos contar
com as riquíssimas obras do Mestre Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Alei-
jadinho.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ouro-preto-minas-gerais-brazil-january-1618645138
Ainda assim, poucas obras da arte barroca são conhecidas. Outros artistas, além
do Mestre Aleijadinho, também fizeram parte desse período da arte brasileira e não têm
suas obras ainda reveladas para apreciação. Só isto, já serviria como tema de uma rica e
importante pesquisa para se fazer com os alunos.
Você sabia que o Museu da Arte Moderna de São Paulo (MAM), é um dos mais impor-
tantes museus da Instituição Culturais do Brasil, Localiza-se sob a marquise do Parque
Ibirapuera, em São Paulo, em um edifício inserido no conjunto arquitetônico projetado
por Oscar Niemeyer em 1954 e reformado por Lina Bo Bardi em 1982 para abrigar o
museu. Ele contém um acervo se mais ou menos 5.000 peças, onde a maioria foram
produzidos por Artistas Brasileiros.
Este é um espaço onde todos podem vir a ter acesso.
Fonte: https://mam.org.br/colecao/
REFLITA
Leonardo da Vinci.
Fonte:https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/55457061/A_vocacao_de_Sao_Mateus.pd-
f?response-content-disposition=inline%3B%20filename%3DUniversidade_Catolica_Portuguesa_Faculda.pd-
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LIVRO
Título: Arte na Educação Escolar
Autor: Maria F. de Rezende e Fusari
Editora: Cortez
Ano: 2015
Sinopse: Arte na Educação Escolar é um livro sobre o ensino e a
aprendizagem de arte, enfocados pelo prisma da educação estéti-
ca e artística. As autoras dirigem-se aos professores em formação
ou atuando, propondo que reflitam sobre sua teoria e prática, como
organizadores do conhecimento estético e artístico dos estudantes.
FILME/VÍDEO
• Título: Caravaggio
• Ano: 2018
• Sinopse: Nascido no ducado de Milão em Setembro de 1571,
Caravaggio foi um dos mais notáveis pintores italianos. O seu
trabalho exerceu enorme influência no estilo barroco, do qual foi o
primeiro grande representante. O documentário de Jesus Garces
Lambert é uma viagem emocionante através da vida, das obras
e dos tormentos de Caravaggio, um artista brilhante mas contro-
verso, que mais do que qualquer outro reuniu em si mesmo luzes
e sombras, génio e desobediência, concebendo obras sublimes.
O filme é uma excursão narrativa e visual pelos lugares onde o
artista viveu e aqueles que ainda hoje abrigam algumas das suas
obras mais famosas: Milão, Florença, Roma, Nápoles e Malta.
Plano de Estudo:
● O que é ensinar arte e Por que ensinar arte
● Arte e Educação segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de arte
● Os objetivos gerais de arte para o Ensino Fundamental
Objetivos de Aprendizagem:
36
INTRODUÇÃO
Durante muitos anos, o ensino da arte era visto e resumido a tarefas pouco criativas
e marcadamente repetidas, de uma maneira que era desvalorizada na grade curricular. As
aulas iam desde traçados a copiar formas geométricas, porém nas aulas de arte a criança
não tinha sua identidade abordada, uma vez que ela não era considerada produtora e, por
isso, cabia ao professor dirigir seu trabalho e demonstrar o que deveria ser feito.
Neste contexto, fica a pergunta: Por que ensinar arte na escola?
A arte vai além do simples ato de desenhar e do pintar, ela é uma maneira de
estimular e de desenvolver a coordenação motora, tem um papel natural cognitivo de de-
senvolver a criatividade e autoconfiança, ou seja, tem a capacidade de auxiliar na formação
da identidade das crianças, fomentando a maneira de pensar e agir. Desta maneira, a arte
precisa estar presente nas salas de aulas no período letivo.
Bosi (2000, p. 13) compreende a arte da seguinte maneira:
A arte é um conjunto de atos pelos quais se muda a forma, se transforma a
matéria oferecida pela natureza e pela cultura. Nesse sentido, qualquer ati-
vidade humana, desde que conduzida regularmente a um fim, pode chamar-
-se artística. Para Platão, exerce a arte tanto o músico encordoando a sua
lira quanto o político manejando os cordéis do poder, ou no topo de escala
dos valores, o filósofo que desmascara a retórica sutil do sofista e purga os
conceitos de toda ganga de opinião e erro para atingir a contemplação das
ideias. (BOSI, 2000, p. 13).
Vemos assim uma série de objetivos a serem buscados com o ensino da arte no
ensino fundamental, ressaltando-se a necessidade de proporcionar ao aluno uma vivên-
cia com diversas formas e modelos de arte. O desenvolvimento do pensamento artístico
apresenta um caráter cognitivo construtivo, que engloba o amadurecimento de valores pela
criança, bem como estímulo e construção de sua personalidade.
O conhecimento sensorial precisa abordado neste processo, conforme é destacado
por Souza (2010, p. 4):
Ao invés de consumir grandes quantidades de conhecimento escolar, que
será esquecido logo após as provas, o ensino de Arte reivindica para si, atra-
vés de um trabalho prático, orientado para a ação, ancorar o conhecimento
sensorial que envolve todos os sentidos: visão, tato, olfato, audição, gus-
tação. Onde o ensino tradicional promove o pensamento linear, casual, a
arte oferece pensamento em rede, discursivo e trabalha com a inteligência
emocional. A tentativa é a de superar um discurso modernista em que ra-
zão/sentimento, corpo/alma são tratados de uma forma dicotômica. (SOUZA,
2010, p. 4).
Você se lembra o que aprendia nas aulas de artes quando tinha em volta de 10
anos? Apenas era dado papel e lápis para desenhar ou também era incentivado (a) a
desenvolver outras habilidades e sensibilidades relacionadas à arte?
É preciso que o ensino da arte abranja também a socialização humana, despertando
o interesse dos alunos e desenvolvendo o processo criativo e também de auto conhecimen-
to.
Brasil (1997, p. 42) ressalta como conteúdos gerais do ensino fundamental em arte
são:
● A arte como expressão e comunicação dos indivíduos;
● Elementos básicos das formas artísticas, modos de articulação formal, técnicas,
materiais e procedimentos na criação da arte;
● Produtores em arte: vidas, épocas e produtos em conexões;
● Diversidade das formas de arte e concepções estéticas da cultura regional,
nacional e internacional: produções, reproduções e suas histórias;
Você sabia que a arte nas escolas é de fundamental importância, assim como as demais
disciplinas a arte se tornou importante, pois trabalha o cognitivo da criança, desenvolve
seu potencial, além de mostrar para a própria criança e ao profissional da educação, a
tamanha responsabilidade que ele adquiriu.
Assim como mostra uma pesquisa desenvolvida pelo XI Congresso Nacional de Edu-
cação, com o tema Uma Reflexão sobre o ensino da Arte nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental.
VIEIRA, E. BEDIN, T. Uma reflexão sobre o ensino da arte nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
XI Congresso Nacional de Educação EDUCARE, 2013. Disponível em: Fonte: https://educere.bruc.com.
br/CD2013/pdf/7679_6390.pdf Acesso em 22 de Março de 2020.
REFLITA
De acordo com Saviani (2009, p.7), “uma pedagogia que advoga um tratamento dife-
rencial a partir da descoberta das diferenças individuais. Eis a ‘grande descoberta’: os
homens são essencialmente diferentes; não se repetem; cada indivíduo é único”.
E assim chegamos ao final de mais uma unidade, sendo que ela veio debater três
tópicos importantes, sendo elas: “O que é ensinar arte e o por que da arte”, pois durante
muitos anos, o ensino da arte era visto e resumido a tarefas pouco criativas e marcada-
mente repetidas, de uma maneira que era desvalorizada na grade curricular, sendo que as
aulas pouco tinham continuidade em seu ano letivo. As aulas iam desde traçados a copiar
formas geométricas, porém nas aulas de arte a criança não tinha sua identidade abordada,
uma vez que ela não era considerada produtora e, por isso, cabia ao professor dirigir seu
trabalho e demonstrar o que deveria ser feito.
Tendo como segundo tópico: “Arte e Educação segundo os Parâmetros Curricula-
res Nacionais para o ensino de Arte”, com relação aos referenciais curriculares nacionais,
podemos encontrar diversas sugestões para que os professores que atuam na Educação
Infantil possam trabalhar. Juntamente com o PNE (Plano Nacional de Educação), podemos
acrescentar a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) ao qual veio para agregar o plano
de ensino, contribuindo assim com a complementação adequada, aos seus reajustes e
planejamento. Segundo o plano curricular, a Educação Infantil deve ser trabalhada em um
contexto capaz de propiciar às crianças o acesso a elementos culturais que contribuam para
o próprio desenvolvimento como indivíduo e também para a interação delas na sociedade.
E, para finalizar, abordamos também o tópico que fala sobre: “Os objetivos gerais
de Arte para o Ensino Fundamental”, o ensino da arte no ensino fundamental dá sequência
às vertentes desenvolvidas na educação infantil, a grande diferença é que a criança está
mais desenvolvida e mais experiente, possui novos anseios e necessidades. Um olhar mais
apurado da arte é visto nesta fase do ensino, o que é preciso ser considerado no momento
de ensinar as crianças.
Na sequência será apresentada a unidade III, abordando um tema que representa
expressões dramáticas e musicais nos diferentes níveis e modalidades de ensino. Vamos
em frente!
Fonte: FERRAZ, Maria Heloisa C. de T.; FUSARI, Maria Felisminda de R. e. Arte na Educação Escolar. São
Paulo: Cortez, 1992.
LIVRO
• Título: Reflexões sobre a arte e o seu Ensino.
• Autor: Prof.ª Dr.ª Antonella Carvalho de Oliveira
• Editora: Atena Editora. / ano 2018.
• Sinopse: A arte acompanha o homem desde os primórdios da
humanidade. Ao longo de toda a história teve diferentes funções:
já foi forma de comunicação, magia, doutrinação e tantas outras,
todas elas relacionadas ao modo de organização da sociedade. E
a função da arte na atualidade qual será? Entre tantas outras uma
função que se destaca: é a da reflexão acerca da sociedade atual,
do que nos é ofertado e do que ofertamos aos outros. Arte provoca
sentimentos, sensações, desperta o homem para uma realidade
que nem sempre se tem consciência, por isso está estruturada a
partir dos diversos campos do conhecimento. É na arte que muitas
minorias se apresentam, onde a representatividade e a expressão
se fazem livres, de julgamentos, de preconceitos, de paradigmas
sociais estabelecidos.
FILME/VÍDEO
• Título: Com amor, Van Gogh.
• Ano: 2017
• Sinopse: Indicado na categoria de Melhor Filme de Animação no
Oscar 2018, o longa acompanha a jornada de Armand Roulin, filho
de Joseph Roulin, carteiro e amigo de Vincent Van Gogh. Um ano
após o suicídio do pintor, pai e filho encontra uma carta enviada
por Van Gogh ao irmão Theo, que jamais chegou ao seu destino.
Incentivado a entregar a correspondência, Armand parte para a
cidade francesa de Arles na esperança de encontrar algum contato
com a família do pintor falecido. Lá, inicia uma investigação junto
às pessoas que conheceram o artista, no intuito de decifrar se ele
realmente se matou. Apontado como o primeiro filme inteiramente
colorido em tinta a óleo – foram necessários mais de cem artistas,
65 mil frames em pintura e seis anos para o filme ficar pronto –,
a animação é uma verdadeira declaração de amor ao trabalho do
holandês.
Plano de Estudo:
● Os conteúdos de arte nos diferentes níveis e modalidades de ensino e os critérios para
seleção de conteúdos
● Conteúdos gerais de Arte segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais / BNCC.
● A arte voltada para uma perspectiva inclusiva / A arte na Educação Especial
Objetivos de Aprendizagem:
● Compreender os conteúdos da arte nos distintos níveis de ensino.
● Avaliar os conteúdos gerais da arte segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais e
BNCC
● Averiguar a perspectiva inclusiva de arte, bem como sua abordagem na educação
especial.
51
INTRODUÇÃO
Bons estudos!
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 52
1 OS CONTEÚDOS DE ARTE NOS DIFERENTES NÍVEIS E MODALIDADES DE ENSINO
E OS CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE CONTEÚDOS
Prezado (a) estudante, você já parou para refletir como são diversos os conteúdos
da arte que o professor tem em mãos para trabalhar junto aos alunos? São múltiplas as
possibilidades e ferramentas, assim é preciso se planejar e organizar o desenvolvimento
das aulas de arte, tanto com uma abordagem teórica quanto uma abordagem prática. Neste
sentido, Porto (2014) destaca quatro principais linguagens artísticas da abordagem peda-
gógica da arte, sendo: arte visual, música, dança e teatro.
A seguir, abordaremos os principais conteúdos englobados no ensino da arte e
suas estratégias de ensino e avaliação.
Quando abordamos sobre os conteúdos do ensino de arte, é válido observar a
riqueza que pode ser proporcionado ao estudante, em uma gama vasta de informações e
assuntos.
A arte pode ser discutida através de produções artísticas visuais por meio de dese-
nhos, pinturas, gravuras, colagem, esculturas, instalações, cinema, vídeos e outros meios.
Sendo assim é papel do professor planejar, organizar, e identificar os diversos conteúdos,
bem como as maneiras deles sem melhor trabalhados em sala de aula. Assim, o docente
não pode simplesmente transmitir o conteúdo, de forma automática e passiva, mas é pre-
ciso envolver e desenvolver o aluno em seu universo de aprendizagem. O aluno precisa
desenvolver uma sensação de ser o agente ativo do processo, criando apreço pelo que
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 53
aprendeu, e também buscar mais esta desenvolturas, ou seja, com vontade de aprender,
sendo dinâmico e proativo neste âmbito de conhecimento
Neste contexto, Edwards (1984) traz uma abordagem deste processo da arte no
contexto escolar:
Desenhar é um processo curioso, tão interligado ao processo de ver que se-
ria difícil separar os dois. A capacidade de desenhar depende da capacidade
de ver como um artista vê - e esta maneira de ver pode enriquecer enorme-
mente a vida de uma pessoa. (EDWARDS, 1984, p. 12).
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 54
pecíficos e das suas materialidades. 195 LINGUAGENS – ARTE ENSINO
FUNDAMENTAL
• Fruição: refere-se ao deleite, ao prazer, ao estranhamento e à abertura para
se sensibilizar durante a participação em práticas artísticas e culturais. Essa
dimensão implica disponibilidade dos sujeitos para a relação continuada com
produções artísticas e culturais oriundas das mais diversas épocas, lugares
e grupos sociais.
• Reflexão: refere-se ao processo de construir argumentos e ponderações
sobre as fruições, as experiências e os processos criativos, artísticos e cultu-
rais. É a atitude de perceber, analisar e interpretar as manifestações artísticas
e culturais, seja como criador, seja como leitor (BNCC 2019, p. 196).
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 55
tintos, sendo: para os Anos Iniciais e Anos Finais, onde cada um trabalha voltado a sua
maneira de abordar e analisar o estudo da arte e seus respectivos conteúdos.
Para os anos iniciais, podemos destacar que os alunos vivem um momento de
transição de orientação curricular, onde é buscada uma organização curricular estruturada
por áreas de conhecimento e componentes curriculares.
De acordo com o BNCC (2019, p. 201), nessa nova etapa da educação:
O ensino de Arte deve assegurar aos alunos a possibilidade de se expressar
criativamente em seu fazer investigativo, por meio da ludicidade, propician-
do uma experiência de continuidade em relação à Educação Infantil. Dessa
maneira, é importante que, nas quatro linguagens da Arte – integradas pelas
seis dimensões do conhecimento artístico –, as experiências e vivências ar-
tísticas estejam centradas nos interesses das crianças e nas culturas infantis.
(BNCC, 2019, p. 201).
A arte pode ser trabalhada e assegurada junto com o ensino das competências
relacionadas à alfabetização e o letramento, possibilitando assim a abertura do ensino e
acesso à leitura, relacionada à linguagem verbal e não verbal. Busca-se a expressão da
criatividade, que propicie uma continuação do ensino em relação a educação infantil.
Para os Anos Finais, é necessário assegurar aos alunos o direito de pensar sobre
suas interações e manifestações artísticas e culturais, ou seja, dar o direcionamento ne-
cessário à esta etapa, como forma de orientação. Segundo a BNCC (2019), espera-se que
a arte seja um componente que contribua para um aprofundamento das aprendizagens
nas diferentes linguagens – tanto no diálogo entre elas, quanto com as outras áreas do
conhecimento –, com vista a possibilitar aos estudantes maior autonomia nas experiências
e vivências artísticas.
Neste período para os anos finais do ensino fundamental, buscam-se objetos de
conhecimento que propiciem contextos e práticas, um aprendizado exploratório e construti-
vo. O BNCC (2019, p. 205) destaque que: “o diferencial dessa fase está na maior sistemati-
zação dos conhecimentos e na proposição de experiências mais diversificadas em relação
a cada linguagem, considerando as culturas juvenis”.
A arte também tem seu espaço no ensino médio. O ensino médio consiste na eta-
pa final da educação básica, constituído predominantemente por adolescentes e jovens,
sendo que a arte nesta fase precisa fornecer um protagonismo nestes alunos. A BNCC
do ensino médio precisa ser organizado de maneira a dar continuidade ao ensino infantil
e ao fundamental, fomentando habilidades e competências específicas, como na área da
matemática, língua portuguesa, ciências humanas, da natureza, entre outras. A arte nesta
etapa precisa:
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 56
Promover o entrelaçamento de culturas e saberes, possibilitando aos estu-
dantes o acesso e a interação com as distintas manifestações culturais po-
pulares presentes na sua comunidade. O mesmo deve ocorrer com outras
manifestações presentes nos centros culturais, museus e outros espaços, de
modo a propiciar o exercício da crítica, da apreciação e da fruição de exposi-
ções, concertos, apresentações musicais e de dança, filmes, peças de teatro,
poemas e obras literárias, entre outros, garantindo o respeito e a valorização
das diversas culturas presentes na formação da sociedade brasileira (BNCC,
2019, p. 483).
Diante desta complexidade da arte e seus conteúdos nos diversos níveis e modali-
dade de ensino, é preciso considerar alguns critérios para a seleção de conteúdos, visando
otimizar o processo de ensino e aprendizagem. Os parâmetros curriculares nacionais des-
tacam a necessidade de se considerar os seguintes critérios:
● Conteúdos compatíveis com as possibilidades de aprendizagem do alu-
no;
● Valorização do ensino de conteúdos básicos de arte necessários à forma-
ção do cidadão, considerando, ao longo dos ciclos de escolaridade, ma-
nifestações artísticas de povos e culturas de diferentes épocas, incluindo
a contemporaneidade;
● Especificidades do conhecimento e da ação artística (BRASIL, 1997, p.
41-42).
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 57
2 CONTEÚDOS GERAIS DE ARTE SEGUNDO A BNCC
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 58
vivenciar o maior número de formas de arte; entretanto, isso precisa ocorrer de modo que
cada modalidade artística possa ser desenvolvida e aprofundada”.
Nesta seara, os conteúdos gerais do ensino fundamental em Arte são:
● A arte como expressão e comunicação dos indivíduos;
● Elementos básicos das formas artísticas, modos de articulação formal,
técnicas, materiais e procedimentos na criação em arte;
● Produtores em arte: vidas, épocas e produtos em conexões;
● Diversidade das formas de arte e concepções estéticas da cultura regio-
nal, nacional e internacional: produções, reproduções e suas histórias;
● A arte na sociedade, considerando os produtores em arte, as produções
e suas formas de documentação, preservação e divulgação em diferen-
tes culturas e momentos históricos (BRASIL, 1997, p. 42).
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 59
3 A ARTE VOLTADA PARA UMA PERSPECTIVA INCLUSIVA / A ARTE NA EDUCAÇÃO
ESPECIAL
Vemos assim que a arte possibilita que ocorra a integração das pessoas com de-
ficiência com a sociedade, pois fundamenta-se o desenvolvimento cognitivo (FERREIRA,
2011). As atividades artísticas estimulam habilidades e o desenvolvimento do potencial do
indivíduo, auxiliando a inclusão na sociedade a qual estão inseridos.
Ferreira (2011, p. 60) apresenta que:
Considerando o desenvolvimento por meio da arte como fator fundamental
para qualquer criança, e, especialmente, para os portadores de necessida-
des especiais, as artes visuais, a expressão corporal, as artes cênicas, a mú-
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 60
sica e o artesanato deverão estar sempre presentes na tentativa de incluí-los
na sociedade e fortalecer a identidade dessas pessoas, uma vez que esse
aluno tem sempre a sensação de ser excluído, porque na maioria das vezes a
sociedade o trata como um incapaz. Nesse sentido, a arte pode proporcionar
oportunidade de desenvolvimento emocional, encorajamento e confiança, e,
também, o sentimento de valor, favorecendo o crescimento global dos por-
tadores de necessidades especiais. Portanto, a arte é um conteúdo especial
que deve estar sempre presente na educação do ser humano. (FERREIRA,
2011, p. 60).
Destarte, a arte pode ser um forte elo de ligação na inclusão de pessoas com
deficiência à comunidade que ela faz parte. A escola deve se posicionar como um espaço
inclusivo, fornecendo um atendimento com equidade, atendendo a todas as necessidades
educacionais e desenvolvendo uma proposta pedagógica que desenvolva as potencialida-
des dos estudantes que apresentem necessidades educacionais especiais, em todas as
fases e modalidades de ensino.
Weber (2017) defende que o professor tem a capacidade de proporcionar expe-
riências e aprendizados, através da arte, para a formação e evolução da personalidade do
estudante que necessita de atividades educativas especiais. Neste contexto, destaca-se o
fato que, em uma perspectiva inclusiva, é preciso que a escola se organize pedagogicamen-
te para poder ofertar ações educacionais diferentes para proporcionar o desenvolvimento
acadêmico (ZILIOTTO, 2015).
Corroborando este posicionamento, Ferreira (2011) indica diversos pontos que
precisam ser compreendidos e praticados, dos quais destacam-se: estruturação de espa-
ços adequados aos alunos; cursos de treinamento e formação dos professores, enfoque à
temas adequados; materiais planejados e articulados especificamente a este público alvo.
Fernandes (2006, p. 66) traz uma abordagem necessária de se compreender neste
cerne:
Necessidades especiais significam suprimir barreiras arquitetônicas, reorga-
nizar e adaptar ambientes, contar com o apoio de profissionais especializa-
dos e a flexibilização de currículos, entre tantas outras possibilidades busca-
das na modificação do contexto regular de ensino para acolher o aluno e suas
singularidades. (FERNANDES, 2006, p. 66).
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 61
Para tanto, a operacionalização da arte pode ocorrer por diversas formas, como
pintura, música, dança, teatro, entre outras, oportunizando aos alunos com deficiência de
desenvolverem suas habilidades, fortalecendo suas capacidades e, consequentemente,
concretizando o ensino inclusivo.
Ferreira (2011) traz em seu livro diversas sugestões de atividades a serem trabalha-
das com alunos com necessidades educativas especiais, das quais destacarei a dramatiza-
ção. Para a autora, a dramatização é uma maneira do educador iniciar o desenvolvimento
de artes cênicas, possibilitando aos alunos encenar histórias, situações rotineiras, ou ainda
textos criados por eles. A dramatização reforça a comunicação, o estímulo da linguagem
verbal e de trabalhos artísticos fortalece a criatividade dos alunos.
Com a finalidade de estimular o convívio social, o desenvolvimento da expressão
corporal e da comunicação, este tipo de ensino pode ser utilizado em diversas etapas do
ensino e disciplinas curriculares. Desta forma, vemos a dramatização como um poderoso
instrumento de ensino, que promove a socialização, aumento da criatividade e construção
do conhecimento.
SAIBA MAIS
Aluno, você sabia que a utilização de jogos e brincadeiras podem ser ferramentas muito
úteis na educação inclusiva? Muito mais do que apenas um forma de entretenimentos,
os games e as brincadeiras são fundamentais para o desenvolvimento de uma criança.
O Instituto Rodrigo Mendes, que busca apoiar redes de ensino nos atendimentos de
estudantes com deficiência em escolas comuns, traz em seu site um relato de mais de
15 registros de brincadeiras inclusivas. Para saber mais, acesse: https://diversa.org.br/
tag/brincadeiras/
REFLITA
“A educação inclusiva só começa com uma radical reforma da escola, com a mudança
do sistema existente e repensando-se inteiramente o currículo, para se alcançar as ne-
cessidades de todas as crianças”.
Dulce Barros de Almeida.
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 62
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 63
LEITURA COMPLEMENTAR
BARBOSA, Maria Flávia Silveira. Vigotski e psicologia da arte: horizontes para a educação musical. Caderno
CEDES, v. 39, n. 39, p. 31-44, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0101-32622019000100031, acessado em 22 de março de 2020.
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 64
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
• Título: Arte-Educação para Professores
• Autores: ROSA, Nereide Schilaro Santa. SCALÉA, Neusa Schi-
laro.
• Editora: Pinakotheke
• Sinopse: Este livro tem como propósito auxiliar o educador a
enriquecer o seu trabalho com arte-educação em sala de aula,
por meio de uma reflexão sobre a questão da visitação de alunos
aos espaços expositivos. Pretende-se que após sua leitura, esse
educador esteja efetivamente preparado para levar o aluno a com-
preender a importância do contato visual com uma obra de arte
dentro de um espaço especialmente elaborado para essa finalida-
de, e que este momento seja plenamente proveitoso, tanto no seu
aspecto didático-pedagógico, como na geração de crescimento
pessoal e estético.
FILME/VÍDEO
• Título: Colegas
• Ano: 2013
• Sinopse: Colegas é uma divertida comédia que aborda de forma
inocente e poética coisas simples da vida através do olhar de três
jovens com síndrome de Down apaixonados por cinema. Um dia,
inspirados pelo filme Thelma & Louise, eles resolvem fugir no
Karmann-Ghia do jardineiro Arlindo em busca de seus sonhos:
Stalone quer ver o mar, Marcio quer voar e Aninha busca um
marido pra se casar. Eles partem do interior de São Paulo rumo a
Buenos Aires. Nessa viagem, enquanto experimentam o sabor da
liberdade, envolvem-se em inúmeras aventuras e confusões como
se a vida não passasse de uma eterna brincadeira.
WEB
• O Instituto Rodrigo Mendes, que em parceria com o Ministério da
Educação (MEC), traz conceitos teóricos, práticas educacionais e
dicas sobre o ensino e a aprendizagem de arte na perspectiva da
educação inclusiva. O site traz a iniciativa do instituto e vale a pena
conferir!
• https://diversa.org.br/tag/arte/
UNIDADE III Expressão Dramática e Musical nos Diferentes Níveis e Modalidades de Ensino 65
UNIDADE IV
Ensino de Arte na Construção do
Conhecimento e a Especificidade das
Linguagens Teatral, Musical e Estética
Professora Especialista Daislene Rodrighero de Carvalho
Plano de Estudo:
● O planejamento no ensino de arte
● A arte e interdisciplinaridade
● Artes visuais, música, dança e teatro segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais
Objetivos de Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a conexão entre aluno e arte;
● Estabelecer a conectividade entre a arte e o aluno.
● Compreender a importância do estudo da arte para a formação do professor como
um agente transformador, valorizando os aspectos sociais, morais, políticos e
econômicos do educando como um todo.
66
INTRODUÇÃO
Boa leitura!
UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 67
1 O PLANEJAMENTO NO ENSINO DE ARTE
Vamos refletir com as sábias palavras do filósofo, escritor e do artista Rubens Alves:
“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são
gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros
engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-
-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram
de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. ”(Rubem Alves).
Com tem sido nossas escolas? Essas gaiolas, que fazem os pássaros desaprender
o voo? Pense nisso, aluno, pois você, como futuro docente ou educador em exercício da
gaiola. Mas, dependendo de sua prática pedagógica e de seu compromisso com a arte-e-
ducação, também pode fazer parte dessa decolagem e voo.
É o que vamos trabalhar nessa unidade, como trabalhar com planejamento e
projetos de arte-educação, para que assim possamos construir novos conhecimentos e
atribuir significados aprofundados à aprendizagem dos alunos. Espero assim que você
goste e venha se apaixonar por sua profissão e o ensino da arte.
Para Porto (2016), é importante que o professor responsável pela disciplina de artes
visuais na escola considere em seu plano pedagógico uma ampla variedade de descrição
especialmente ao trocar experiências com seus alunos.
Falando um pouco sobre projeto, você sabe o que é um projeto ou significa projeto?
O significado de projeto, para muitas pessoas, tem a relação com algo complicado,
voltado para a área de contas e engenharias, englobando assim cálculos entre outros.
UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 68
Porém se você estiver pensando assim, calma! Pois, não se trata exatamente desse projeto
ao qual descrevi. O projeto que estamos falando se trata de projeto, plano, ideias.
Um projeto tem o significado e a mesma finalidade que o plano, ou até mesmo
uma ideia e planejar, assim se tratando de organizar suas ideias e planejar, descrever seu
passo a passo. Portanto podemos concordar com Machado (2000, p. 57), “[...] a ideia de um
projeto está presente em contextos muito mais abrangentes, muitos técnicos, muito mais
pessoas, dizendo respeito a praticamente todas as ações características do modo de ser
humano”.
O início de um projeto deve envolver ideias, um plano, algo que você deseja ensinar,
realizar. Com essa ideia em mente, é preciso planejar os meios para serem desenvolvidos e
executá-las. É sobre esse planejamento que Machado (2000, p. 65), nos orienta que:
Assim como é importante discernir o que vem antes dos projetos, também o
é reconhecer a necessidade de associá-los com procedimentos que visem
a implementação das ações em busca de metas antecipadas, bem como
de provê-los de instrumentos de avaliação e de trajetória emergentes, em
busca de novas metas. A realização do que se projeta exige certo nível de
organização, de planejamento da ações. Não bastam a vontade e o impro-
viso. É preciso estabelecer metas intermediárias, articular objetivos parciais,
eventualmente em certo encadeamento, conceder indicadores relativos ao
cumprimento das metas. (MACHADO, 2000, p. 65).
UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 69
a humanidade desejada, garantimos acesso à cultura elaborada e garantimos às novas
gerações.
Isso implica em assumir uma nova postura diante do ensino de arte. Implica em
trabalhar diversas obras e artistas de forma contextualizada, ou seja, em evidenciar para os
alunos que os conteúdos da arte se comunicam e possuem diversas dimensões (científicas,
históricas, econômicas, políticas etc.) que devem ser ensinadas e explicadas no processo
de aprendizagem.
Essa postura pedagógica permite ao aluno compreender os conhecimentos em
suas múltiplas faces dentro do contexto social. Cada obra de arte pode ser compreendida
em suas contradições, em suas ligações com outros conteúdos e com outras disciplinas.
Assim, a arte passa a tornar-se fonte de conhecimento e toda história da arte e de
seus artistas passa a formar um todo contínuo, com sentido completo e inserido socialmente.
UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 70
2 A ARTE E INTERDISCIPLINARIDADE
UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 71
ta, buscar o conhecimento e pesquisa, mantendo assim a essência do projeto acadêmico
abordado, uma vez que o ensino da arte nos leva a caminhar em vários territórios.
É essencial que o professor compreenda a importância deste pensar, que ele traga
a interdisciplinaridade para dentro da sala de aula, assim apresentando os saberes e rela-
cionando a vivência e contexto em geral e ao seu redor.
UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 72
3 ARTES VISUAIS, MÚSICA, DANÇA E TEATRO SEGUNDO OS PARÂMETROS CURRI-
CULARES NACIONAIS
UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 73
Artes visuais
Vemos que as artes visuais possuem diversas possibilidades para que os alunos
explorem distintas maneiras de ações para visualizar, dialogar, e conhecer outros espaços
artísticos, bem como maneiras expressivas de arte.
Neste contexto de ampla atividade, Porto (2014) destaca, dentro das artes visuais,
duas manifestações: desenho e pintura.
O desenho, apesar de ser uma das formas mais básicas das artes visuais e estar
presente muitas vezes no cotidiano das crianças mesmo antes de se ingressarem na esco-
la, pode ser uma boa maneira de trazer a relação entre o significado e o significante para o
ensino da arte. O desenho pode estimular a expressão, a proporção, concepção e outros
elementos de perspectiva no ato de se ensinar arte.
Já a pintura é uma técnica muitas vezes utilizada no contexto histórico-social, com
diversos estilos e pintores a serem estudados. Porto (2014, p. 112) destaca que no ensino
da pintura “deve se incentivar também o desenvolvimento das percepções, identificando as
nuances das cores e os movimentos empregados nos pincéis”. A autora ainda destaca que
as principais técnicas da pintura são: pintura a óleo; pintura acrílica; aquarela e tempero;
pintura com cores em barra; e afresco.
Neste contexto, Lippe (2016) ressalta que as artes visuais podem ser trabalhadas
muito além das formas tradicionais, como a pintura, gravura, e escultura, mas também
podem englobar maneiras renovadas, como a fotografia, as artes gráficas, a televisão e
mesmo a computação, todas elas com destaque à expressão e à comunicação.
Nesta abordagem mais atualizada das artes visuais, um das linguagens que po-
demos abordar é o cinema. Porto (2014, p. 118) destaca sobre o cinema: “A chamada
‘sétima arte’ possui uma linguagem própria e compatível com a velocidade em que vive o
homem contemporâneo. O laço que liga o cinema à vida real é forte, servindo como grande
representação dos sentimentos e anseios da sociedade atual”.
UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 74
Diante disso, vemos como é vasto o campo de atuação dos professores para com
as artes visuais, bem como compreendido por Porto (2014, p. 75): “É importante que o
professor responsável pela disciplina de artes visuais na escola considere em seu plano
pedagógico essa ampla variedade de criações, especialmente ao trocar experiências com
seus alunos”. Além disso, a autora ainda destaca a necessidade do professor se manter
atualizado com relação à estas vertentes da arte renovando os materiais, técnicas e forma
de expressão, bem como possibilitar o acesso deste conhecimentos ao alunos de maneira
teórica e, principalmente, prática.
Lippe (2016, p. 39), com apoio nos parâmetros curriculares nacionais, destaca
alguns objetivos da arte visual da educação:
● Observação, estudo e compreensão de diferentes obras de artes visuais,
artistas e movimentos artísticos produzidos em diversas culturas (regio-
nal, nacional e internacional) e em diversos tempos da história;
● Reconhecimento da importância das artes visuais na sociedade e na vida
dos indivíduos;
● Identificação de produtores em artes visuais como agentes sociais de
diferentes épocas e culturas: aspectos das vidas e alguns produtos ar-
tísticos;
● Pesquisas e frequência junto das fontes vivas (artistas) e obras para re-
conhecimento e reflexão sobre a arte presente no entorno;
● Contato frequente, leitura e discussão de textos simples, imagens e in-
formações orais sobre artistas, suas biografias e suas produções; Entre
outros. (LIPPE, 2016, p. 39).
Vemos, diante destes objetivos, que a arte tem uma grande dimensão de atuação.
Os elementos visuais são poderosos para o aprendizado da arte pelos alunos.
Dança
Em sua compreensão sobre a dança, Ferreira (2011) destaca que a arte pode ser
considerada uma das expressões artísticas mais antiga, considerando que o homem primi-
tivo utilizava da dança para expressão algumas representações, como buscar proteção dos
UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 75
deuses ou para por ser grato pelo sucesso em uma caçada ou ainda simplesmente para
expressar alegria. A autora ressalta ainda que “Dançar é algo instintivo, espontâneo e uma
forma de se comunicar até com a divindade, como, por exemplo, com o candomblé, onde a
dança faz parte do ritual sagrado” (2011, p.105).
A dança utilizada como metodologia de ensino traz os movimentos corporais ritma-
dos como forma de expressão, que possibilita a reflexão e criatividade. Porto (2014, p. 129)
destaca que a dança “não busca perfeição técnica voltada a uma formação profissional,
mas sim auxiliar a descoberta, pelo aluno, de suas próprias formas de movimentação e ex-
pressão”. Complementando esta ideia, a dança pode ser uma forma de auxiliar o desenvol-
vimento mental do indivíduo, bem como compreensão do mundo ao seu redor (FERREIRA,
2011).
Lippe (2016, p. 40) compreende a arte da dança como componente da expressão
e da comunicação humana, e, de acordo com os parâmetros curriculares nacionais, aponta
como alguns de seus objetivos:
● Observações e análise das características corporais individuais: a forma,
o volume e o peso;
● Experimentação na movimentação considerando as mudanças de veloci-
dade, de tempo, de ritmo e o desenho do corpo no espaço;
● Observação e experimentação das relações entre peso corporal e equi-
líbrio;
● Improvisação na dança, inventando, registrando e repetindo sequências
de movimentos criados; Entre outros. (LIPPE, 2016, p. 40).
Diante disso, vemos a dança como uma experiência física, que pode utilizar a movi-
mentação de maneira criativa como forma de expressão, na qual os alunos podem realizar
percepções do corpo e da dança. A arte da dança exercita corpo e alma, pode trazer um
comportamento positivo nos alunos, sendo de grande contribuição no processo de ensino
e aprendizagem.
Música
A música pode ser compreendida como uma expressão que sempre esteve as-
sociada com as tradições e culturas de cada época. Uma compreensão da música como
linguagem artística é:
A Música é a expressão artística que se materializa por meio dos sons, que
ganham forma, sentido e significado no âmbito tanto da sensibilidade sub-
jetiva quanto das interações sociais, como resultado de saberes e valores
diversos estabelecidos no domínio de cada cultura. A ampliação e a produ-
ção dos conhecimentos musicais passam pela percepção, experimentação,
reprodução, manipulação e criação de materiais sonoros diversos, dos mais
UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 76
próximos aos mais distantes da cultura musical dos alunos. Esse processo
lhes possibilita vivenciar a música inter-relacionada à diversidade e desenvol-
ver saberes musicais fundamentais para sua inserção e participação crítica e
ativa na sociedade (BNCC, 2019, p. 196).
Ferreira (2011) nos indica que a música e suas expressões musicais compreende
uma metodologia de ensino com grande poder de desenvolvimento para a criança e também
do adolescente, pois proporciona acuidade auditiva e visual, além de fomentar a memória
e atenção. A música favorece a expressão das emoções, comunicação, sensações, pensa-
mentos e outras formas dos processos de cognição.
A música na sala de aula “tem como objetivo a criação, a expressão do aluno e
a reflexão sobre a realidade e sua possível transformação. Não se trata de almejar uma
formação profissional, mas de investigar o papel da música na vida das pessoas” (PORTO,
2014, p. 124).
Como objetivos da música no processo de ensino da arte, Lippe (2016, p. 44, apud
BRASIL, 1997), seguindo os parâmetros curriculares nacionais, destaca:
● Identificação de instrumentos e materiais sonoros associados a ideias
musicais de arranjos e composições;
● Percepção e identificação dos elementos da linguagem musical;
● Observação e discussão de estratégias pessoais e dos colegas em ativi-
dade de apreciação;
● Discussão de características expressivas e de intencionalidade de com-
positores e intérpretes em atividades de apreciação musical;
● Explicitação de reações sensoriais e emocionais em atividades de apre-
ciação e associação dessas reações aspectos da obra apreciada. (LI-
PPE, 2016, p. 44, apud BRASIL, 1997).
Vemos como a música possui bastante aplicação como forma expressiva da lingua-
gem da arte. “O conhecimento artístico em música deverá ser pautado por atividades de
apreciação e produção, a partir do estudo das diferentes formas e estruturação da música e
do contato com as mais variadas manifestações musicais e produções sonoras – incluindo
os sons presentes em nosso cotidiano, de sirenes a concertos” (PORTO, 2014, p. 125).
Teatro
UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 77
O Teatro instaura a experiência artística multissensorial de encontro com o
outro em performance. Nessa experiência, o corpo é lócus de criação ficcio-
nal de tempos, espaços e sujeitos distintos de si próprios, por meio do verbal,
não verbal e da ação física. Os processos de criação teatral passam por
situações de criação coletiva e colaborativa, por intermédio de jogos, impro-
visações, atuações e encenações, caracterizados pela interação entre atuan-
tes e espectadores. O fazer teatral possibilita a intensa troca de experiências
entre os alunos e aprimora a percepção estética, a imaginação, a consciência
corporal, a intuição, a memória, a reflexão e a emoção (BNCC, 2019, p. 196).
Ainda para uma melhor compreensão do ensino da arte, é válido destacar que “O
teatro é uma arte complexa, que reúne diversos tipos de atividades expressivas e artísticas
e engloba toda a potencialidade do homem em termos de corpo, fala e gesto” (PORTO,
2014, p. 95). Observamos, desta forma, um estímulo à criatividade e expressividade das
crianças e adolescentes, por meio da dramatização.
Ainda nesta abordagem, “O teatro é uma atividade que proporciona experiências
que auxiliam o crescimento integrado da criança, já que, no ensino infantil, ela está na fase
de descobrir e vivenciar o coletivo pelo processo de socialização e de amizade” (LIPPE,
2016, p. 46).
Lippe (2016, p. 47), seguindo os parâmetros curriculares nacionais, destaca como
alguns objetivos do teatro nas atividades da arte:
● Reconhecimento e integração com os colegas na elaboração de cenas e
na improvisação teatral;
● Interação ator-espectador na criação dramatizada;
● Compreensão dos significados expressivos corporais, textuais, visuais e
sonoros da criação textual;
● Reconhecimento e utilização de elementos da linguagem dramática: es-
paço cênico, personagem e ação dramática; Entre outros. (LIPPE, 2016,
p. 47).
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SAIBA MAIS
Aluno (a),
REFLITA
“A ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas, como se sente que
são”.
Fernando Pessoa.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final de mais uma unidade, está ao qual abordou diversos temas,
que podem ser trabalhado e apresentado em sala de aula, juntamente com seu projeto
pedagógico, podendo assim dizer e compreender que:
A arte como um processo didático possui múltiplas dimensões de ensino, e pode
ser representada e desenvolvida por diversas formas, as quais, segundo Lippe (2016), des-
tacam-se as: artes visuais; dança; música; e do teatro. Estas linguagens artísticas remetem
às maneiras de se praticar a criação, leitura, produção, construção e reflexão sobre as
formas artísticas (BNCC, 2019), onde ela passou por alterações nesse percurso até chegar
aos dias atuais.
A arte é englobada em vários conteúdos e aspectos, não ficando assim presa ape-
nas em uma área. A escola e o professor devem buscar a melhor maneira de desenvolver
este conteúdo com o aluno, apresentando a ele uma maneira onde podemos ver o lado que
reflete manifestações sociais, culturais, entre outras, mostrando como pensar e agir.
E por fim o significado de projeto, para muitas pessoas, tem a relação com algo
complicado, voltado para a área de contas e engenharias, englobando assim cálculos entre
outros. Porém se você estiver pensando assim, calma! Pois, não se trata exatamente desse
projeto ao qual descrevi. O projeto que estamos falando se trata de projeto, plano, ideias.
UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 80
LEITURA COMPLEMENTAR
PEREIRA, K. H. Como usar artes visuais na sala de aula. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2009. disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/277243004_Artes_Visuais_da_exposicao_a_sala_de_aula, aces-
sado 22 de março de 2020.
JUNIOR, W. L. MIGUEL, M. E. B. A legislação para o ensino de arte e música (1985-2008). Revista Roteiro,
v. 39, n. 1, p. 171-184, 2014. Disponível em:< https://portalperiodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/2958/
pdf_22> Acesso em: 07 abr. 2020.
OLIVEIRA, H. M.; CHAVES, C. R. V.; FUX J. A função da arte teatral na educação infantil: o teatro particular de
cada criança. Revista de Ciências Humanas UFSC, v. 50, n. 1, p. 50-63. Disponível em:< https://periodicos.
ufsc.br/index.php/revistacfh/article/view/2178-4582.2016v50n1p52/32202> Acesso em: 07 abr. 2020.
VIEIRA, A. P. et al. Dança na educação infantil: desvelando a arte e a ludicidade no corpo. Revista Cone-
xão, v. 16, n. 2, p. 174-183, 2011. Disponível em:< https://www.revistas2.uepg.br/index.php/conexao/article/
view/3715/2604> Acesso em: 07 abr. 2020.
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MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
• Título: Arte na educação Escolar
• Autor: Bernadete Zagonel
• Editora: Intersaberes
• Sinopse: Já faz muito tempo que a arte deixou de ser algo
distante, quase inalcançável, para incorporar-se ao dia a dia da
sociedade. Entrou, inclusive, na escola. Este livro trata do ensino
da arte de acordo com as novas tendências pedagógicas, ultra-
passando sua discussão teórica para proporcionar a pais, alunos
e educadores uma reflexão mais profunda, que leve a soluções
adequadas a cada sala de aula. Aqui, o leitor entenderá porque
a arte é peça imprescindível para uma formação de qualidade:
cabe ao professor o papel de apresentá-la aos alunos de maneira
dinâmica e instigante.
FILME/VÍDEO
• Título: Crescendo! The power of music
• Ano: 2014
• Sinopse: Trabalhando com a ideia de que a música pode ser
um instrumento de promoção social, este documentário americano
acompanha duas crianças da Filadélfia e uma em Nova York que
têm suas vidas transformadas após integrarem um programa de
Educação musical gratuito intitulado “El Sistema”. Com origem na
Venezuela, o programa também foi implementado nos Estados
Unidos. O filme traz como os recursos culturais podem agregar
para a formação dos estudantes.
WEB
O site traz cinco benefícios da educação musical para crianças.
Entenda como a música favorece a formação integral do indivíduo
e pode ser um ótimo recurso pedagógico.
• Link do site:
http://fundacaotelefonica.org.br/noticias/cinco-beneficios-da-edu-
cacao-musical-para-criancas/
UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 82
REFERÊNCIAS
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Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-arte-prehistoria-nos-periodos-pa-
leolitico-neolitico.htm. Acesso em 08 de março de 2020.
ALMEIDA B. O ensino da arte na escola pública. São Paulo: Editora: Papirus, (2010).
BNCC. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Ministério da educação, 2019.
BRASIL. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/L9394.htm> Acesso em: 22 mar. 2020.
BUORO, Anamélia Bueno. Olhos que pintam. São Paulo: Editora Cortez, 2003.
CALABRIA, P. B.; MARTINS, R. V. Arte, história e produção. São Paulo: Editora FTD, 1997.
CHAGAS, C. S. A contribuição da arte para a educação. 3. Ed. São Paulo: Autores. Associados,
2009.
DECKERS, Jan, VIEIRA, Ivone Luzia, MOURA, J. Adolfo. Educação Artística - Comunicação e per-
cepção visual. Belo Horizonte: Lê, 1976, p. 70. 30
FERREIRA, Aurora. Arte, escola e inclusão: atividades artísticas para trabalhar com diferentes
grupos. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
GRAHAM-DIXON, Andrew. Arte: o guia definitivo da arte – da pré-história ao século XXI. [Traduzido
por Eliana Rocha]. São Paulo: Publifolha, 2013.
LIPPE, Eliza Márcia Oliveira (Org.). Teorias e metodologias do ensino da arte e literatura. São
Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016.
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MEDEIROS, A. Fragmentos da arte clássica no espelho do século XIX: uma alusão à arquitetu-
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UNIDADE IV Ensino de Arte na Construção do Conhecimento e a Especificidade das Linguagens Teatral, Musical e Estética 84
CONCLUSÃO
Prezado(a) aluno(a),
Neste material, busquei trazer para você o contexto da arte na educação, onde
ocorreram algumas alterações de normas e leis no decorrer desse período. Para tanto
abordamos as definições teóricas e, neste aspecto acreditamos que tenha ficado claro para
você o quanto é essencial o conhecimento pela arte.
Destacamos também importância histórica de como a arte surgiu e como ela foi
acontecendo em seu desenrolar, desde seus antepassados aos tempos atuais, ressaltando
de forma breve sua história e curiosidades.
Ao pensarmos como abordar a arte no contexto escolar, logo pensamos em suas
normas e leis, levando em consideração que ambos são necessários caminharem juntos
para que assim, possa ser efetuado um trabalho de qualidade.
A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente
desenvolvendo ainda mais suas habilidades para criar e desenvolver seu conhecimento em
sala de aula.
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