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Anatomia

Humana
PROFESSORA
Dra. Carmem Patrícia Barbosa

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LIVRO NA VERSÃO
DIGITAL!
EXPEDIENTE
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria
de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula
Renata dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head
de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda Sutkus de Oliveira Mello Gerência de Planejamento Jislaine Cristina da Silva Gerência
de Design Educacional Guilherme Gomes Leal Clauman Gerência de Tecnologia Educacional Marcio Alexandre Wecker Gerência
de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo Ribeiro Garcia Supervisora de Produção Digital Daniele Correia
Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame

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Coordenador de Conteúdo Lilian Rosana dos Santos Moraes Designer Educacional Raquel Frata; Antonio E. Nicacio
Revisão Textual Meyre Aparecida B. da Silva Editoração Lavígnia S. Santos Ilustração Andre Luis A. da Silva Realidade
Aumentada Maicon Douglas Curriel Fotos Shutterstock.

FICHA CATALOGRÁFICA

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.


Núcleo de Educação a Distância. PATRÍCIA BARBOSA, Carmem.

Anatomia Humana.
Carmem Patrícia Barbosa. Maringá - PR.: Unicesumar, 2021.
Reimpresso em 2022.
200 p.
“Graduação - EaD”.
1. Anatomia 2. Humana. EaD. I. Título.

Impresso por:
CDD - 22 ed. 611
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-431-2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar


Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Diretoria de Design Educacional

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BOAS-VINDAS
A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universi-
dade, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos Tudo isso para honrarmos a
diariamente para que nossa educação à distância nossa missão, que é promover
continue como uma das melhores do Brasil. Atu- a educação de qualidade nas
amos sobre quatro pilares que consolidam a visão diferentes áreas do conhecimento,
abrangente do que é o conhecimento para nós: o formando profissionais
intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual. cidadãos que contribuam para o
desenvolvimento de uma sociedade
A nossa missão é a de “Promover a educação de
justa e solidária.
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento,
formando profissionais cidadãos que contribuam
para o desenvolvimento de uma sociedade justa e
solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um
gênio importante para o cumprimento integral de-
sta missão: o coletivo. São os nossos professores e
equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma
transformação na forma de pensar e de aprender.
É assim que fazemos juntos um novo conhecimento
diariamente.

São mais de 800 títulos de livros didáticos como este


produzidos anualmente, com a distribuição de mais
de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos-
sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700
polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londri-
na, Ponta Grossa e Corumbá), o que nos posiciona
entre os 10 maiores grupos educacionais do país.

Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima


história da jornada do conhecimento. Mário Quin-
tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem
muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam
as pessoas”. Seja bem-vindo à oportunidade de fazer
a sua mudança!

Reitor
Wilson de Matos Silva
MINHA HISTÓRIA
MEU CURRÍCULO
Meu nome é Carmem Patrícia Barbosa. Embora nos meus
ambientes profissionais todos me chamem de Carmem, em
casa e para as pessoas mais próximas eu sou chamada de
Patrícia, porque Carmem era o nome da minha mãe (meu
pai a homenageou dando-me o nome dela). Fique à vontade
se preferir me chamar de Patrícia. Eu sou mãe da Nayara, da
Tayná e da Yasmin. Elas são, literalmente, a melhor parte da
minha história.
Não posso dizer que minha história foi daquelas fáceis. Fui de
família pobre e batalhadora, filha de pais separados, estudei
a vida toda em escola pública, mas sempre fui muito deter-
minada e sempre contei com a poderosa ajuda de Deus e de
pessoas maravilhosas que ele colocou em minha vida como
anjos. Sempre amei estudar e aprender coisas novas. Apren-
der para mim (até hoje) é maravilhoso. Gosto de aprender
sobre tudo e sempre.
Ensinar também sempre foi uma paixão para mim. Brinco que,
se eu não fosse professora, o meu sonho seria ser. De igual
modo, a Anatomia Humana sempre despertou em mim curio-
Aqui você pode sidade e fascínio. Desde o primeiro ano da minha graduação,
conhecer um eu olhava o cadáver dissecado e pensava quão fabuloso seria
pouco mais sobre
ter o conhecimento pleno de cada pedacinho dele (artérias,
mim, além das
informações do veias, nervos, gânglios, músculos, ligamentos etc.). E, assim,
meu currículo. eu vim parar aqui. Espero que você se apaixone por esta
ciência tão bela como um dia eu me apaixonei. Forte abraço
e muito estudo pra você!
http://lattes.cnpq.br/9374304100882579
RECURSOS DE
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Professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas.

PÍLULA DE APRENDIZAGEM

Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
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PENSANDO JUNTOS

Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite


este momento.

EXPLORANDO IDEIAS

Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do


assunto discutido, de forma mais objetiva.

EU INDICO

Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.

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PROVOCAÇÕES
INICIAIS
ANATOMIA HUMANA

Prezado(a) aluno(a), vamos supor que um hospital da rede pública de saúde da sua
cidade abra uma vaga de estágio remunerado, no setor de atendimento aos pacientes
pós-consultas médicas. Esta vaga é exclusiva para alunos do segundo ano de gradua-
ção, na área da saúde e do bem-estar, pois, assim, a disciplina de Anatomia Humana
já teria sido cursada.
Você precisa muito conseguir este estágio para adicionar em seu currículo, pois sua
intenção é prestar concurso público nesta área. Além disso, você também precisa da
remuneração oferecida (que é muito boa, aliás, e servirá para mantê-lo em melhores
condições, durante seu período de graduação). Você conhece os órgãos que constituem
os sistemas que formam o nosso corpo? Considerando a complexidade da linguagem
médica para os pacientes bem como o agravamento desta dificuldade, devido à baixa
escolaridade da população, e os conhecimentos de Anatomia Humana que constituem
a base da prova, você se considera apto para prestar esta avaliação?
O setor em que você buscará o estágio é de extrema importância, pois muitos pacientes
e/ou acompanhantes têm dificuldade de entender o que os médicos dizem em relação ao
diagnóstico, aos procedimentos terapêuticos e, até mesmo, em relação ao prognóstico
dos pacientes. Esta dificuldade é agravada pelo baixo nível de escolaridade da maioria
deles e pelo estresse que envolve esta etapa da internação. Assim, a prova de seleção
avaliará o conhecimento específico dos candidatos em relação ao corpo humano e à
anatomia humana é a base da prova.
A Anatomia Humana é a área de conhecimento que intenciona estudar o corpo huma-
no. Por meio dela, compreendemos a morfologia do corpo, ou seja, a forma de suas
estruturas. Assim, cada sistema e cada órgão, individualmente, pode ser plenamente
conhecido a partir do estudo anatômico. Os principais sistemas estudados neste campo
de pesquisa são o esquelético, articular, muscular, nervoso, circulatório, tegumentar,
respiratório, digestório, urinário, endócrino e reprodutor.
Vamos imaginar que você passou na prova de seleção para o estágio, e, em seu primeiro
dia de estágio, aparece uma mãe cujo filho foi internado com muita fraqueza muscular,
falta de ar e cianose (arroxeamento das extremidades). O médico disse a ela que seu
filho tem sopro cardíaco. Por não ter entendido as palavras do médico, ela te pergunta:
O que é sopro cardíaco? O que são válvulas cardíacas? Como será feita a cirurgia que
o médico disse ser necessária? Analisando estas e tantas outras perguntas às quais
você poderá ser confrontado, explique como você responderia aos questionamentos
desta mãe.
Veja bem, se você não tiver o pleno conhecimento da morfologia (forma) e da fisiologia
(função) do coração, você será incapaz de passar as adequadas informações a esta mãe
e aos outros tantos pacientes/familiares que lhe pedirão orientações em seu estágio.
Desta forma, é importante que você tenha em mente que a disciplina Anatomia Huma-
na é imprescindível para lhe dar competência suficiente para solucionar este e tantos
outros problemas que você enfrentará.
Considerando todas as necessidades dos profissionais da área da saúde e do bem-estar
em relação ao mercado de trabalho e à qualificação profissional, este livro visa elucidar
as funções de cada sistema do corpo humano. Além disso, todas as estruturas anatô-
micas que os formam serão abordadas de maneira pormenorizada visando esclarecer
os principais aspectos morfológicos e funcionais de maneira aplicada à prática de sua
profissão.
Quando eu era criança, encantava-me ao ver um mecânico abrindo o capô do carro,
observando, atentamente, seu motor, olhando cada detalhe daquele monte de peças
e fios que formam o que dá vida ao carro, o motor. Para ser sincera, até hoje eu olho
e penso: “Como deve ser difícil desvendar com precisão onde está o problema e como
o consertar! Tem muita coisa aí dentro”!
Pois bem, após o término da minha graduação, decidi estudar Anatomia Humana, e
imagine qual foi a minha reação ao começar a estudar com mais detalhes todas as
artérias, veias, nervos, linfáticos e tudo o mais que forma nosso corpo? Lembrei dos
mecânicos, com admiração, e pensei: “Se eles conseguem, eu também vou conseguir”.
De fato, hoje, considero o corpo humano de muito maior complexidade do que qualquer
motor que o homem já possa ter inventado. Sempre que estudo (e olha que eu estudo
muito), penso e digo aos meus alunos que, cada vez que compreendo algo novo sobre
o corpo, não posso deixar de enfatizar a perfeição da criação de Deus: o homem.
Ainda precisamos, no entanto, aprender mais sobre esta extraordinária máquina, a
fim de que possamos encontrar a cura para graves doenças como a de Alzheimer ou
mesmo a esclerose lateral amiotrófica. Sendo assim, o estudo não pode parar, e você
faz parte disso. Enquanto profissional da área da saúde e do bem-estar, você não é
apenas responsável por manter o corpo em perfeito funcionamento, mas também deve
atentar para a qualidade de vida das pessoas. Além disso, tem a responsabilidade de
pesquisar e divulgar o conhecimento, pois você teve a oportunidade de conhecer todos
os sistemas do corpo e de inter-relacioná-los. Isso é fabuloso! Espero que considere
tudo isto para sempre e nunca pare de se aperfeiçoar.
Forte abraço! Carmem.
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM

1
9
INTRODUÇÃO AO
ESTUDO DA
ANATOMIA
HUMANA E SISTEMA
TEGUMENTAR

2
41

APARELHO
LOCOMOTOR
3
91

ESPLANCNOLOGIA

4
153

SISTEMA
NEUROENDÓCRINO
1
Introdução ao Estudo
da Anatomia Humana
e Sistema Tegumentar
Dra. Carmem Patrícia Barbosa

Na Unidade 1, você terá seu primeiro contato com a Anatomia


Humana. Entenderá seus principais conceitos, a importância, os
aspectos históricos e a terminologia. Ademais, você entenderá as
divisões do corpo humano, seus planos de estudo (aqueles que o
tocam e aqueles que o cortam) e os eixos que permitem seus mo-
vimentos. Por fim, você terá a oportunidade de aprender sobre a
constituição do tegumento comum, entender as funções de cada
uma de suas estruturas e entenderá as alterações mais comuns
que podem acometê-lo.
UNICESUMAR

Caro(a) aluno(a), imagine, agora, que você seja contratado para prestar uma consultoria especial no
Instituto Médico Legal (IML) de sua cidade, em decorrência de um homicídio doloso que ocorreu
com uma mulher, há 15 dias. Em seu relato, você precisaria descrever quais foram os danos causados
ao tegumento comum da vítima e quais foram os planos de corte usados na secção do corpo pela arma
branca utilizada pelo assassino.
Está sentindo que tem um nó em sua cabeça, ou você tem noção de como um cadáver é dissecado?
E os planos e os eixos do corpo humano, você conhece? Você já ouviu falar do tegumento comum,
que seria de sua responsabilidade tratar no relatório? Pois bem! Talvez você nunca tenha ouvido falar
destes termos, mas você precisará ter esses conceitos muito bem definidos porque, em sua atuação
profissional, enquanto na área da saúde e do bem-estar, tais conceitos sempre serão, amplamente, usados
e adotados como padrão e referência. Assim, ser assertivo em seu relato enquanto legista é de extrema
importância, pois você poderá contribuir para que um criminoso seja preso e a justiça prevaleça.
A fim de que você possa ter um conhecimento prévio sobre o caso descrito anteriormente, gostaria
que você fizesse uma pesquisa sobre quais são as estruturas que compõem o tegumento comum e
qual destas poderia revelar algo mais específico sobre o assassino e a forma como se deu o assassinato.
Adicionalmente, quero que você faça uma pesquisa básica sobre quais são os planos de corte usados
em anatomia humana para que um cadáver possa ser dissecado de forma correta.
Acho que, refletindo no caso apresentado, você concordará comigo que é, realmente, muito impor-
tante você se dedicar ao estudo da anatomia humana porque, só assim, você será capaz de responder
com propriedade as perguntas que lhe serão impostas, no decorrer de sua vida profissional. Refletindo
bem, você também concordará que conhecimentos prévios básicos sobre essa disciplina são essenciais
para lhe dar segurança em seu desempenho laboral.
Respondendo aos questionamentos apresentados, as estruturas que compõem o tegumento comum
incluem a pele e seus anexos, bem como a tela subcutânea (também conhecida como hipoderme). Entre
tais estruturas, a pele e as unhas da vítima poderiam revelar algo mais específico sobre o assassino e
a forma como se deu o assassinato, pois poderiam conter material biológico do assassino para uma
possível análise de DNA. Em relação aos planos de corte usados em anatomia humana para dissecar
o cadáver, estão o sagital, o coronal e o transversal. Contudo não precisamos ter pressa, pois ainda
abordaremos estes temas com mais profundidade.

10
UNIDADE 1

DIÁRIO DE BORDO

CONCEITO E INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA

Depois de tantas informações iniciais, vamos, agora, caro(a) aluno(a), entender sobre este assunto
por etapas. Para muitas pessoas, falar em anatomia humana pode ser assustador. Isso porque muitos
pensam (talvez até para você) que anatomia é sinônimo de pessoas mutiladas, assombrações ou coisas
do gênero. Na verdade, a anatomia não tem nada de assustador, muito pelo contrário, é uma ciência
simplesmente encantadora, que muito nos tem esclarecido ao longo dos anos.
A anatomia estuda a estrutura do ser humano e as relações entre as partes que o formam. O termo
anatomia deriva de duas palavras gregas, ana e tomnein, que significam, respectivamente, em partes
e cortar ou incisar. Esta palavra foi escolhida porque, na Grécia Antiga, a atenção era dada, exclu-
sivamente, ao ato de cortar, o que estava implícito no conceito geral da anatomia. Tal fato explica, ao
menos parcialmente, porque, até mesmo nos dias de hoje, muitas pessoas se sentem incomodadas ou
têm medo de estudar anatomia.
Enquanto ciência, a anatomia tem um significado muito mais amplo, pois estuda, macro e micros-
copicamente, a constituição e o desenvolvimento do ser humano. Sua existência sempre esteve rela-
cionada à imensa curiosidade do homem em compreender as estruturas que o formam e as diferenças
que existem em relação aos seus semelhantes, em termos de constituição e função. O início dos estudos
anatômicos foi difícil, pois princípios éticos e religiosos da época impunham restrições ao ato de expor
o corpo humano, já que, para desvendar os mistérios desta fabulosa máquina, a simples observação
superficial não era suficiente. Por isso, a necessidade de aprofundar tal estudo foi, posteriormente,
saciada pela dissecação (ou dissecção).

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UNICESUMAR

A palavra dissecar tem origem latina e é produto da fusão de dis (separar) e secare (cortar). Assim, por
meio da dissecação, o corpo e seus órgãos podem ser expostos, cirurgicamente, de maneira metódica, por
meio de incisões adequadas que mantêm a organização natural de cada parte. Dessa forma, é possível manter
os órgãos separados, mas, ao mesmo tempo, em uma relação de dependência entre forma e função. Assim,
a anatomia enquanto ciência está, amplamente, embasada no ato de cortar o corpo humano pelo método
da dissecção ou dissecação, a fim de melhor compreender sua estrutura externa e interna (FREITAS, 2004).
Vale ressaltar que os estudos da anatomia humana são realizados no cadáver - nome dado ao corpo
após a morte, enquanto este ainda conserva parte de seus tecidos. O termo cadáver, segundo a etimologia
popular, teve origem na expressão latina caro data vermibus, que significa a carne dada aos vermes. Os
etimologistas defendem que a palavra deriva da raiz cado, que significa caído. Estranho, não é? Esse termo
foi escolhido, devido ao fato de que, como o estudo anatômico era, inicialmente, proibido, aqueles que se
interessavam pela dissecação, muitas vezes, o faziam às escuras, violando sepulturas e dissecando corpos
que já estavam em estado de putrefação.
Complementarmente, estudos realizados em animais originaram a anatomia comparativa, por meio
da qual a compreensão da constituição do corpo era realizada, primeiramente, em animais para posterior
comparação com seres humanos. Inclusive, a dissecação de animais prenhes permitiu a observação de fetos
e representou o início da Embriologia como ciência.
A Embriologia (estudo da formação dos órgãos e sistemas), a Citologia (estudo das células) e a Histologia
(estudo dos tecidos) tiveram seus desenvolvimentos fortemente marcados pelo surgimento do microscó-
pio. Isto porque este instrumento possibilitou o estudo específico dos elementos constituintes dos seres
organizados. Vale ressaltar que, embora todas estas ciências sejam consideradas especializações, são vistas,
originalmente, como ramos da anatomia.
Em relação aos principais aspectos históricos da anatomia humana, sabe-se que os primeiros es-
boços anatômicos datam do período paleolítico, e que os gregos foram grandes responsáveis por seu
desenvolvimento. No Brasil, a Bahia destacou-se como berço do ensino médico e, na mesma época,
iniciou-se o ensino médico oficial, no Rio de Janeiro.
Atualmente, o estudo da anatomia ainda é realizado, por meio da dissecação de cadáveres humanos
considerados normais, embora, possam existir variações anatômicas individuais e diferenças morfológicas
em decorrência da passagem do estado vivo ao cadavérico. No entanto, é possível aprender anatomia mesmo
sem a dissecação, por meio da observação do corpo humano, por sua palpação e pelo estudo da anatomia
de superfície (a qual avalia os relevos e as depressões que as estruturas anatômicas são capazes de formar).
Na anatomia, estudamos o corpo humano considerado normal, já que a patologia e outras ciências
se dedicam ao estudo das doenças que o acometem. No entanto, para definir normal em anatomia, é ne-
cessário considerar os conceitos estatístico e idealístico. O conceito idealístico considera normal aquilo
que é melhor para o desempenho da função da estrutura anatômica. Por exemplo, para que a mão consiga
desempenhar, adequadamente, sua função de pinça fina, é ideal que o indivíduo tenha cinco dedos em
cada uma delas. Já o conceito estatístico considera normal aquilo que a maioria dos indivíduos apresenta.
Por exemplo, a maioria das pessoas tem cinco dedos em cada mão, por isso, é normal ter cinco, e não três
ou quatro dedos (WATANABE, 2000).

12
UNIDADE 1

Quando comparamos diferentes indivíduos em um pequeno grupo, todavia, sempre podemos


identificar a existência de pequenas diferenças morfológicas entre eles. Faça isso onde você estiver
agora, caro(a) aluno(a), e perceba como as pessoas são mesmo diferentes. De acordo com Watanabe
(2000), quando tais diferenças não prejudicam a função desempenhada pela estrutura anatômica, di-
z-se que são apenas variações anatômicas. No entanto, quando tais diferenças atrapalham a função
da estrutura, estas são ditas anomalias e, inclusive, podem ser denominadas monstruosidades, se
impedirem que o indivíduo permaneça vivo.
Uma variação anatômica pode ser, por exemplo, as diferentes tonalidades na cor dos olhos de dois
irmãos. Uma anomalia pode ser a miopia que um deles apresenta. Uma monstruosidade pode ser
exemplificada quando dois irmãos nascem unidos, e um deles tem de ser sacrificado para que o outro
possa viver (é o que ocorre com gêmeos siameses ou xifópagos).
Para que estes conceitos de normal, variação anatômica, anomalia e monstruosidade possam
ser empregados, é necessário saber que alguns fatores podem causar variação. Isto ocorre, por exem-
plo, com a idade do indivíduo, com seu sexo, o grupo étnico, o biotipo, entre outros. Por exemplo, é
normal que um bebê apresente os ossos do crânio separados, mas não é normal que isso ocorra em
um adulto. É normal que uma mulher tenha os ossos da pelve mais abertos a fim de facilitar o parto
pélvico, mas não é normal que isso ocorra em um homem. É normal que um indivíduo negro tenha a
pele escura e os cabelos encaracolados, mas não é normal em um japonês. É normal que um indivíduo
longilíneo tenha os membros longos em relação ao corpo, mas não o é em um indivíduo brevilíneo.
Por fim, é importante destacar que o estudo da anatomia humana pode ser feito de diferentes formas,
conforme o objetivo do estudo. Por exemplo, a anatomia pode ser estudada a partir dos sistemas que
compõem o corpo humano (esta é a anatomia sistêmica que aprenderemos aqui e que lhe permitirá
estudar os sistemas circulatório, respiratório, digestório, urinário, genital masculino, genital feminino,
nervoso, endócrino, esquelético, articular, muscular e o tegumento comum). Por outro lado, o estudo
anatômico pode abranger regiões específicas do corpo - o que ocorre na chamada anatomia topográ-
fica (a odontologia, por exemplo, estuda anatomia topográfica da cabeça e do pescoço). Além disso,
o estudo anatômico pode ser feito, por meio de imagens (anatomia radiológica ou de imagem), em
comparação a seres de outras espécies (anatomia comparativa), com fins artísticos (anatomia artística),
em comparação aos diferentes tipos raciais e morfológicos (anatomia antropológica e biotipológica)
etc. (WATANABE, 2000).

Caro(a) aluno(a), será que algum dia você imaginou que a Anatomia Humana poderia ter tantas
áreas de atuação, enquanto meio de trabalho?

13
UNICESUMAR

Cientistas e profissionais da área da saúde usam uma linguagem própria ao se referirem às estruturas
do corpo humano e à forma como a dissecção é feita. Por isso, estar atualizado em relação à nomen-
clatura utilizada é essencial ao estudante de anatomia humana bem como aos profissionais da saúde e
do bem-estar. Na anatomia, esta nomenclatura engloba termos gerais e especiais originados da língua
grega, latina e outras. Em conjunto, a Nômina Anatômica, publicada com o nome de Terminologia
Anatômica, tem o objetivo de evitar que estruturas do corpo humano recebam diferentes denominações
em diversos centros de estudos e pesquisas em anatomia no mundo (DI DIO, 2002).
Considerada um documento oficial que deve ser obedecido por professores e alunos da disciplina
Anatomia Humana, a terminologia anatômica é constituída por cerca de 6.000 termos, esporadica-
mente, revistos e atualizados, os quais são traduzidos pelas sociedades de anatomia de cada país. No
Brasil, a terminologia é traduzida pela Comissão de Terminologia Anatômica da Sociedade Brasileira
de Anatomia (SBA) (CFTA, 2001; FREITAS, 2004; TORTORA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).
Este conjunto de termos empregados fundamenta-se na forma da estrutura ou em parte dela (como o
músculo deltoide que recebe este nome por lembrar um delta, uma estrutura triangular), na localização
da estrutura (artéria vertebral), em sua função (glândula lacrimal) e outras peculiaridades. Vale destacar
que a utilização de abreviações é permitida a fim de facilitar seu uso prático. Assim, utiliza-se a. (para
artéria), v. (para veia), n. (para nervo), m. (para músculo), lig. (para ligamento), gl. (para glândula)
e g. (para gânglio). O plural destes termos, normalmente, emprega a duplicação da letra utilizada na
abreviação, por exemplo, aa. (para artérias), vv. (para veias) etc. (WATANABE, 2000).
Ademais, caro(a) aluno(a), a posição anatômica, vista logo a seguir, de descrição ou posição de refe-
rência, foi instituída e se tornou de grande valia para evitar erros na nomenclatura e no posicionamento
do corpo a ser estudado. Em tal posição, supõe-se que o indivíduo esteja ereto, com a cabeça em nível
horizontal, olhos voltados para a frente, pés plantados no chão e direcionados para frente, membros
superiores ao lado do corpo com as palmas das mãos voltadas para frente (MOORE et al., 2014).

14
UNIDADE 1

Figura 1 - Posição anatômica de descrição

Descrição da Imagem: na figura, temos um desenho


com a representação de um corpo humano feminino.
Este corpo está em posição ereta, com os braços es-
tendidos, e as palmas das mãos viradas para frente.

A partir da posição anatômica, as várias regiões do corpo são denominadas, por exemplo, cabeça,
pescoço, tronco, membros superiores e membros inferiores. A cabeça é subdividida em crânio facial ou
viscerocrânio e crânio neural ou neurocrânio. Enquanto o crânio facial é anterior, menor, constituído
por catorze ossos cujas funções se relacionam a abrigar e proteger os órgãos dos sentidos e possibilitar
a fonação e a mastigação, o crânio neural é posterior, maior, constituído por oito ossos os quais estão,
diretamente, relacionados à proteção do sistema nervoso central localizado em seu interior (TORTO-
RA; DERRICKSON; WERNECK, 2010).
Já o pescoço é dividido em pescoço anterior (visceral) e posterior (muscular), também denominado
nuca. Segundo Freitas (2004), o tronco também é subdividido em tórax (limitado, superiormente pela
clavícula e inferiormente pelo músculo diafragma), abdome (limitado superiormente, pelo músculo dia-
fragma e, inferiormente, pela abertura superior da pelve) e pelve (localizada entre os ossos do quadril).
Os membros superiores e inferiores também são subdivididos em uma região conectada ao tronco,
denominada cíngulo (ou raiz ou cintura) e uma parte livre. A raiz ou cíngulo do membro superior
é a cintura escapular e sua parte livre inclui braço, antebraço e mão (sendo sua parte anterior deno-
minada palma e sua parte posterior chamada de dorso). A raiz ou cíngulo do membro inferior é a
cintura pélvica e sua parte livre inclui coxa, perna e pé (sendo sua parte superior denominada dorso
e sua parte inferior chamada de planta). As articulações conectam as várias partes do corpo, como é
o caso das articulações intervertebrais, da articulação do ombro, cotovelo, quadril, joelho e tornozelo
(FREITAS, 2004).

15
UNICESUMAR

CRÂNIO NEURAL
CRÂNIO FACIAL

PESCOÇO E NUCA

TÓRAX RAIZ

ABDOME DORSO
MEMBRO
SUPERIOR
RAIZ
PELVE REGIÃO GLÚTEA
PARTE
LIVRE

MEMBRO
INFERIOR

PARTE
LIVRE

Figura 2 - Partes do corpo humano

Descrição da Imagem: na figura, há um desenho do corpo humano em vista anterior, posterior e lateral com suas
subdivisões: crânio neural e facial, pescoço e nuca, tronco (tórax, abdome, pelve, dorso e região glútea) e membros
superiores e inferiores (raiz do membro e suas partes livres).

A partir da posição anatômica de descrição, que vimos anteriormente, supõe-se a existência de planos
imaginários que tangenciam (ou tocam) a superfície externa do corpo a fim de facilitar a localização
das estruturas corpóreas. Tais planos são denominados superior ou cranial, inferior ou podálico, lateral
direito, lateral esquerdo, anterior ou ventral e posterior ou dorsal (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Assim, pode-se afirmar que os olhos são estruturas superiores à cicatriz umbilical já que se locali-
zam mais próximos ao plano superior ou cranial do que a cicatriz umbilical. De igual modo, pode-se
afirmar que as escápulas são estruturas posteriores em relação ao osso esterno uma vez que estão mais
próximas do plano posterior. Embora os planos de tangenciamento facilitem a localização das estru-
turas corpóreas, o estudo da anatomia também se faz, por meio do corpo seccionado. Lembra? Assim,
planos de referência de secção (ou corte) também tiveram que ser padronizados. Neste contexto, os
termos plano sagital, plano transversal (ou horizontal) e plano coronal (ou frontal) foram adotados.
O plano sagital é uma secção longitudinal, que divide o corpo ou qualquer uma de suas partes
em porções direita e esquerda. Se este plano passa, exatamente, sobre a linha mediana do corpo, ele
é chamado de plano sagital mediano, o qual divide o corpo em duas metades iguais, denominadas
antímero direito e antímero esquerdo. O plano coronal é uma secção longitudinal, que divide o corpo
em porção anterior e posterior, denominadas paquímero anterior ou ventral e paquímero posterior
ou dorsal. Por fim, o plano transversal divide o corpo em porção superior e inferior, denominadas
metâmero superior ou cranial, e metâmero inferior ou podálico (FREITAS, 2004).

16
UNIDADE 1

Figura 3 - Planos de secção do corpo Imagem

Descrição da Imagem: a figura mostra o corpo humano com os três planos de secção: sagital, coronal e transversal.

Um dos objetivos do estudo da anatomia humana é empregar os conhecimentos adquiridos também


no corpo vivo. Dessa forma, existem termos usados para descrever os diferentes movimentos dos
membros e outras partes corpóreas que podem ser realizados nas articulações móveis do corpo. Tais
movimentos são descritos como pares de opostos, ou seja, flexão e extensão, abdução e adução, ro-
tação medial e lateral, supinação e pronação etc. (MOORE et al., 2014; TORTORA; DERRICKSON;
WERNECK, 2010). Todos estes movimentos serão abordados, posteriormente, quando falarmos sobre
o aparelho locomotor e as funções dos diversos músculos do corpo humano.
Os movimentos sempre ocorrem em um plano (sagital, coronal ou transversal) e por meio de um
eixo de movimento corpóreo. Os eixos são linhas imaginárias denominadas perpendiculares aos pla-
nos nos quais ocorrem. Assim, os movimentos de flexão e extensão, por exemplo, ocorrem no plano
sagital e no eixo coronal. Os movimentos de abdução e adução ocorrem no plano coronal, a partir
do eixo sagital. Por fim, as rotações medial e lateral ocorrem no plano transversal, a partir do eixo
longitudinal (WATANABE, 2000).

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UNICESUMAR

TEGUMENTO COMUM

Como já mencionado, caro(a) aluno(a), conhecer o tegumento comum é de extrema importância aos
profissionais da saúde e do bem-estar uma vez que este se relaciona, diretamente, às suas atividades
profissionais. O termo tegumento comum engloba a pele e seus anexos e a tela subcutânea que tam-
bém é conhecida como hipoderme. Enquanto a tela subcutânea tem localização profunda, a pele é
superficial e é constituída por duas camadas sobrepostas: a epiderme e a derme (NARCISO, 2012).
Agora, caro(a) aluno(a), observe as duas principais camadas da pele humana (epiderme e derme)
e a tela subcutânea ou hipoderme na figura a seguir.

Epiderme

Derme
Figura 4 - Tegumento comum

Descrição da Imagem: a figura Hipoderme


mostra um pedaço da pele (com
a epiderme e a derme) e a tela
subcutânea (ou hipoderme).

A pele é considerada o maior órgão do corpo humano, equivalente a 16% do peso corporal de um in-
divíduo adulto e com uma área total de cerca de 2m2. Ela reveste, externamente, a superfície do corpo,
margeia seus orifícios e se prolonga com as mucosas do corpo, dando proteção contra desidratação e
agentes nocivos (que podem ser agentes químicos, físicos e biológicos).
Além disso, a pele apresenta inúmeros receptores sensitivos (de dor, tato, temperatura, pressão etc.)
os quais se ligam ao sistema nervoso central informando-o, constantemente, das condições do meio
externo. Adicionalmente, por seu intermédio, pode ocorrer eliminação e absorção de várias substân-
cias do corpo, como medicamentos. Ela é fantástica! Algumas características da pele podem variar de
acordo com as regiões do corpo. Sua espessura, por exemplo, pode variar de 0,5 a 4 mm. Normalmente,
é mais espessa nas superfícies dorsais e extensoras do corpo e em regiões sujeitas à pressão, onde é
chamada de pele grossa, como podemos verificar na imagem da palma da mão. Em contrapartida, em
áreas, como pálpebras e lábios, ela é, extremamente, delicada, sendo chamada de pele fina (DÂNGELO;
FATTINI, 2011).

18
UNIDADE 1

A B

Figura 5 - Diferentes tipos de pele hu-


mana: a) Pele fina; b) Pele grossa

Descrição da Imagem: a figura


mostra, à esquerda, um pedaço
de pele fina (como do antebra-
ço) e, à direita, um pedaço de
pele grossa (como da palma da
mão).

A pele prende-se, apenas frouxamente, às estruturas próximas


(como a tela subcutânea e as fáscias) e, por isso, pode ser, facilmente,
deslocada ou mesmo se adaptar às irregularidades do corpo. Todavia
existem faixas de tecido conjuntivo chamadas retináculos da pele,
os quais podem limitar, parcialmente, esta mobilidade. Tais retiná-
REALIDADE
culos prendem-se à tela subcutânea e às fáscias, formando pontos
AUMENTADA
de fixação profunda da pele. Nos pontos onde estas estruturas estão
bem presentes, formam-se sulcos superficiais, chamados linhas de
clivagem, que indicam a direção dos feixes de fibras colágenas. Por
isso, a pele (mais especificamente a epiderme) é rica em sulcos e
cristas que caracterizam as pessoas (como as impressões digitais)
e as regiões do corpo (JUNQUEIRA et al., 2018).
Em algumas regiões do corpo, a pele apresenta capacidade de
contração, devido à presença de fibras musculares lisas. Isso acon-
tece, por exemplo, na pele dos mamilos e do escroto. Ademais, a
pele pode ser, extremamente, elástica (como ocorre no dorso da
mão) ou pouco elástica (como ocorre na palma da mão). No en-
tanto o envelhecimento faz com que ocorra expressiva perda da
elasticidade da pele uma vez que suas fibras elásticas diminuem em PROCESSO DE
termos quantitativos e se tornam desorganizadas. Tal fato associa-se ENVELHECIMENTO DA PELE

ao aumento do número de rugas e de flacidez. Vale ressaltar que,


quando ocorre a distensão excessiva da pele (em caso de gestação,
obesidade, edema etc.), pode haver alteração da sua estrutura, com
adelgaçamento e ruptura dos feixes de fibras elásticas.

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UNICESUMAR

Você sabia que a pele tem importante participação da síntese da vitamina D? Isso é importante,
pois a vitamina D aumenta a absorção de fosfato e cálcio no intestino. Sua síntese depende da
incidência dos raios ultravioletas do sol, os quais, ao atingirem a pele, transformam a pré-vita-
mina D obtida nos alimentos em sua forma ativa.

Outra questão importante que merece destaque, caro(a) aluno(a), é que a pele pode apresentar-se flá-
cida quando a ingestão de proteínas é muito baixa. Isto porque os fibroblastos da pele necessitam de
aminoácidos para efetivarem a síntese de colágeno cuja ausência implica flacidez cutânea. A vitamina
C estimula a síntese de colágeno e, de igual modo, sua ausência a reduz (JUNQUEIRA et al., 2018). A
proliferação das células da pele depende do ritmo circadiano, sendo mais acentuada durante o repouso.
O conhecimento da cronobiologia da pele tem permitido aos dermatologistas, cosmetologistas e pro-
fissionais que trabalham em seu benefício, otimizar a absorção de compostos pela pele, estimulando a
utilização de protetores solares, durante o dia, e cremes hidratantes e nutritivos, durante a noite.
A cor da pele depende de alguns fatores, como a quantidade de pigmentos (principalmente mela-
nina e caroteno), a cor do sangue circulante, a espessura da epiderme e a quantidade de vasos capilares
sanguíneos. Este último fator explica, por exemplo, o fato de a pele ficar avermelhada quando aquecida
em decorrência da vasodilatação periférica e, em contrapartida, o fato de a pele ficar pálida (esbran-
quiçada) em função da vasoconstrição.

Figura 6 - Histologia da pele humana.


Observar os muitos melanócitos e a
abundante quantidade de melanina
na pele do mamilo humano

Descrição da Imagem: a figura


mostra um corte histológico da
pele do mamilo humano com
muitos melanócitos e melanina
abundante.

20
UNIDADE 1

A melanina é produzida pelos melanócitos de maneira, geneticamente, determinada. Embora o número


de melanócitos seja quase o mesmo em todas as raças, a quantidade de melanina que eles produzem
determina a cor que a pele apresentará (negros têm muita melanina e albinos não a apresentam). É
importante destacar que a melanina protege dos raios solares (e, consequentemente, da incidência de
câncer de pele). Todavia um tipo específico de câncer, o melanoma maligno, pode acometer os mela-
nócitos. Sua prevenção relaciona-se à menor exposição aos raios ultravioletas. A exposição da pele ao
sol causa escurecimento porque a melanina já existente na pele sofre um processo de escurecimento
e, concomitantemente, ocorre ativação da síntese de nova melanina a partir da liberação do hormônio
estimulante de melanócitos (MSH), produzido pela glândula hipófise (DÂNGELO; FATTINI, 2011).
O caroteno também influencia na coloração da pele, podendo fazer com que ela apresente uma
coloração amarelada. Este pigmento está presente em alimentos, como cenoura, abóbora e mamão.
No entanto, é importante enfatizar que a pele amarelada pode surgir em decorrência de doenças que
podem alterar a coloração normal da pele (como icterícia, hepatites etc.).

Ainda falando em vitamina D, no verão sua síntese é grande, permitindo que o excedente do
consumo seja armazenado no fígado, possibilitando que a reserva seja consumida durante
o inverno (pela menor disponibilidade de luz solar). Deficiência de vitamina D pode causar
raquitismo (nas crianças) e osteomalácea (nos adultos). Um dado interessante é o fato de a
vitamina A (ácido retinoico) ser fundamental para a manutenção da estrutura epitelial normal,
pois é necessária para que as células basais se diferenciem em epitélio, garantindo, assim, a
integridade da pele e das mucosas. Sua deficiência causa lesões cutâneas como hipercerato-
se folicular (pele de sapo, escamas de jacaré), cegueira noturna (nictalopia), amolecimento e
ulceração da córnea.

Como visto anteriormente, a pele é constituída por duas camadas sobrepostas: a epiderme e a derme.
A epiderme é formada por várias camadas de células. As mais profundas sofrem divisões celulares,
proliferam-se e empurram as demais células para regiões mais superficiais as quais passam por um
processo de queratinização. Assim, quando queratinizadas e mortas, tais células são eliminadas pelo
próprio atrito.
Como a queratina é uma proteína de fácil hidratação, a tumefação característica da pele de indiví-
duos que ficam muito tempo submersos na água se deve à hidratação excessiva dela. Além disso, na
epiderme, a queratina é responsável pela relativa impermeabilidade que a pele apresenta dificultando
a evaporação de água (o que é essencial à manutenção da homeostasia corpórea), impede a penetração
de substâncias químicas lesivas e minimiza a invasão de microrganismos.

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UNICESUMAR

A epiderme não tem vasos linfáticos nem sanguíneos e, por isso, recebe sua nutrição do tecido
conjuntivo da derme. Apresenta três tipos principais de células: as células epiteliais (que são as mais
abundantes e formam o epitélio pavimentoso queratinizado), os melanócitos e as células do sistema
imune. Histologicamente (ou seja, quando vista ao microscópio), a epiderme é constituída por cinco
estratos (camadas) de células: estrato córneo, estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso e
estrato basal (ou germinativo) (JUNQUEIRA et al., 2018).

Camadas da Epiderme

Estrato córneo

Epiderme
Estrato lúcido
Estrato Granuloso

Derme

Estrato Espinhoso

Hipoderme
Estrato Basal

Figura 7 - Corte da pele e da hipoderme (em destaque, as camadas da epiderme)

Descrição da Imagem: a figura à esquerda mostra um corte da pele (Epiderme, Derme) e da Hipoderme. À direita,
destacam-se as cinco camadas da epiderme: estrato córneo, estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso e
estrato basal.

A derme fica abaixo da epiderme, tem muito tecido conjuntivo e é a camada mais espessa da pele. É
rica em fibras colágenas e elásticas, o que lhe dá a capacidade de distensão quando tracionada. Apre-
senta muitos vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e terminações nervosas. Devido aos vasos sanguí-
neos e às glândulas que apresenta, ela participa da regulação da temperatura corporal, na chamada
termorregulação.
A derme apresenta duas camadas: papilar e reticular. A camada papilar é fina e formada por tecido
conjuntivo frouxo que penetra nas papilas dérmicas, formando as cristas dérmicas (impressões digitais)
visíveis na superfície da pele. Nas papilas dérmicas, estão presentes vasos sanguíneos e receptores do
tato. Complementarmente, a camada reticular apresenta muitas fibras colágenas, elásticas e reticulares
entrelaçadas.

22
UNIDADE 1

CAMADAS DA PELE Estrato córneo

E HIPODERME Estrato lúcido

Estrato Granuloso

Estrato Espinhoso
Folículo piloso
Estrato Basal

Membrana Basal
Epiderme

Papila Dérmica

Corpúsculo tátil de Meissner

Derme Glândula Sebácea

Folículo Piloso

Camada Reticular
Gordura Subcutânea (hipoderme)
Nervos sensitivos
Tecido subcutâneo

Ducto da Glândula Sudorípara

Veia

Corpúsculo de Paccini
Glândula Sudorípara
Artéria

Figura 8 - Camadas da Pele e Hipoderme

Descrição da Imagem: a figura mostra as camadas da pele e a hipoderme. Nela, aparecem pelos, glândulas sudo-
ríparas e sebáceas, vasos sanguíneos e nervos. Com destaque para: à esquerda - Folículo piloso, epiderme, derme,
gordura subcutânea (hipoderme), tecido subcutâneo, veia, corpúsculo de Paccini, artéria. À direita - estrato córneo,
estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso, estrato basal, membrana basal, papila dérmica, corpúsculo tátil
de Meissner, glândula sebácea, folículo piloso, camada reticular, nervos sensitivos, ducto da glândula sudorípara,
glândula sudorípara.

Na derme, conforme imagem a seguir, estão os folículos pilosos, as glândulas sudoríparas, as glândulas
sebáceas e os músculos eretores do pelo. Sua superfície profunda se fixa aos ossos, aos músculos ou
ao tecido conjuntivo da tela subcutânea (JUNQUEIRA et al., 2018).

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UNICESUMAR

Poros

Epiderme

Glândula
sebácea

Derme Glândula
sudorípara
Folículo
piloso
Adipócitos
Hipoderme

Músculo

Figura 9 - Pele humana

Descrição da Imagem: a figura mostra a pele humana (com a epiderme, contendo poros; e a derme, contendo glându-
las sudoríparas e sebáceas, e o folículo piloso). Além disso, mostra a hipoderme (com adipócitos) e, por fim, os músculos.

Os anexos da pele localizam-se na epiderme, na derme e, até mesmo, na tela subcutânea. Incluem as
glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas, as mamas, os pelos e as unhas. As glândulas sudorípa-
ras possibilitam a sudorese, ou também chamada transpiração, que nada mais é do que a eliminação
do suor a fim de manter a homeostasia corpórea (tais glândulas atuam na termorregulação). O suor
é semelhante ao plasma sanguíneo, contém sódio, potássio, cloreto, ureia, amônia, ácido úrico e uma
pequena quantidade de proteínas. O odor do suor se deve à ação das bactérias sobre o mesmo e das
substâncias orgânicas eliminadas.
As glândulas sudoríparas também atuam na excreção de metabólitos, medicações e alimentos. Elas
são inervadas pelo sistema nervoso autônomo simpático e, por isso, podem ser influenciadas pelas
emoções (o que explica o fato de, em situações de estresse físico ou psicológico, haver aumento da
sudorese). Seu número varia de acordo com as regiões do corpo, sendo abundantes nas palmas das
mãos e plantas dos pés, escassas no dorso das mãos e pés, e ausentes nas pálpebras e glande.
Em algumas regiões do corpo (como axila, região inguinal, órgãos genitais externos e ânus) existem
algumas glândulas muito semelhantes às glândulas sudoríparas. Todavia a secreção de tais glândulas é
um pouco diferenciada, pois é, ligeiramente, viscosa, apresenta alguns produtos da desintegração de
células glandulares e pode desenvolver um odor característico em função das bactérias locais.

24
UNIDADE 1

As glândulas sebáceas secretam sebo (constituído de gorduras) cuja função é lubrificar a pele e
os pelos. Assim, o sebo diminui o ressecamento dos pelos e previne a evaporação excessiva da pele,
mantendo-a macia e inibindo o crescimento bacteriano. Normalmente, elas ficam próximas aos folí-
culos pilosos e não existem nas regiões palmares e plantares. Na adolescência, é comum, por influência
hormonal, que as glândulas sebáceas sejam estimuladas e passem a produzir maior quantidade deste
sebo. Tal fato, associado à queratinização anormal, à impactação do fluxo do sebo e ao crescimento
bacteriano exacerbado, pode causar uma infecção dérmica ou hipodérmica conhecida como acne.

Glândulas sebáceas
Poro

Folículo piloso

Glândulas sudoríparas écrinas


(liberam sua secreção sem
que haja perda do citoplasma
Glândulas sudoríparas da célula secretora)
apócrinas (eliminam
secreção com porções
do citoplasma)

Figura 10 - Glândulas sudoríparas e sebáceas

Descrição da Imagem: a figura mostra um corte da pele e da hipoderme com as glândulas sudoríparas e sebáceas, e
o folículo piloso, destacando: glândula sebácea, poro, glândula sudorípara, folículo piloso.

As mamas situam-se à frente dos músculos peitorais e são, popular e erroneamente, chamadas seios.
Este termo foi atribuído às mamas em decorrência do fato de entre elas existir um sulco intermamá-
rio, o qual, no passado, era chamado seio. Elas têm por função secretar, inicialmente, o colostro e,
posteriormente, o leite para a nutrição do recém-nascido uma vez que é rico em proteínas, lactose,
lipídios e sais minerais.
As mamas são constituídas por 15 a 20 glândulas especializadas na produção de leite, as quais pas-
sam por um amplo desenvolvimento durante a puberdade em decorrência da influência hormonal.

25
UNICESUMAR

Por isso, as mamas são vistas como caracteres sexuais secundários e sofrem uma involução (chamada
de involução climatérica da mama), o que gera redução de tamanho, atrofia de ductos, de glândulas e
tecido conjuntivo, caracterizando a involução senil. Nos homens, elas são pouco desenvolvidas.
A influência hormonal sobre as mamas também pode ser vista durante o período gestacional e
de lactação e durante o período pré-menstrual. No primeiro caso, as mamas podem até triplicar de
tamanho. No segundo, pode haver enrijecimento e um quadro doloroso nas mamas. Elas apresentam
uma região central projetada chamada papila mamária onde desembocam de 15 a 20 ductos lactíferos.
A papila é bastante inervada e sua pele apresenta fibras musculares lisas cuja contração (desencadeada
por estímulos mecânicos, táteis, térmicos ou sexuais) faz com que ela endureça. Ao redor da papila
está a aréola da mama, uma área bastante pigmentada onde existem glândulas sudoríparas e sebáceas
que são visíveis como pequenas saliências. Na gravidez, a aréola da mama escurece e tende a manter
esta cor após o período gestacional.
Internamente, as mamas são compostas por glândulas mamárias cujos ductos lactíferos se abrem
na papila mamária, como pode ser visto na imagem a seguir. O conjunto destas glândulas é chamado
corpo da mama. Além disso, uma grande quantidade de tecido conjuntivo forma o estroma da mama.
O tecido conjuntivo denso forma trabéculas (ligamentos cutâneos ou ligamentos suspensores da mama)
que sustentam o tecido adiposo da mama. A forma e o tamanho das mamas dependem da quantidade
de tecido adiposo que elas apresentam.
Infelizmente, caro(a) aluno(a), o câncer de mama atinge grande parte da população feminina
mundial. A prevenção é a melhor forma de conter esta doença. Para tanto, a palpação periódica dos
linfonodos de drenagem das mamas e o autoexame de mama são essenciais.

Músculo Peitoral
Maior
Tecido Adiposo

Glândulas
Mamárias

Mamilo
Figura 11 - Anatomia da mama

Papila
Descrição da Imagem: a figura
mostra a estrutura constitucio- Mamária
nal da mama, com a respectiva
indicação de cada elemento:
músculo peitoral maior, tecido
Ductos
adiposo, glândulas mamárias, Lactíferos
mamilo, papila mamária, ductos
lactíferos e costelas. Costelas

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UNIDADE 1

Os pelos recobrem uma parte considerável da pele dos mamíferos, embora em algumas regiões es-
pecíficas possam ser ausentes (como no dorso das falanges distais e nas regiões palmar e plantar). Os
pelos dão proteção ao corpo, participam da termorregulação, da evaporação do suor e da sensibilidade
tátil. Eles variam de acordo com as diferentes regiões corpóreas, com o sexo e grupo étnico. Sua colo-
ração depende da quantidade de melanina que apresentam de forma que a ausência deste pigmento
faz com que sejam brancos.
Os pelos apresentam duas partes: haste (acima da pele) e raiz (dentro do folículo piloso que fica
dentro da derme e da tela subcutânea). A base do folículo piloso é dilatada, formando o bulbo piloso,
e a cada pelo há um músculo eretor do pelo cuja contração faz que ele fique ereto e a pele próxima
arrepiada. Além disso, ocorre a contração da glândula sebácea cuja secreção é eliminada ao meio
externo para diminuir a perda de calor corpóreo. O músculo eretor do pelo pode se contrair, invo-
luntariamente, a partir de emoções (como susto e medo) e, também, pela influência do frio. Ao redor
das raízes dos pelos, existem várias terminações nervosas e vasos sanguíneos.
Os pelos, como pode ser observado na imagem a seguir, são constituídos de células queratinizadas
e incluem cabelos, supercílios, cílios, vibrissas (pelos do nariz), bigode, barba, hircos (pelos da axila) e
púbios (pelos da região púbica). Pelos escuros apresentam medular, cortical (pigmentada) e cutícula;
pelos brancos têm as mesmas camadas, mas a cortical é despigmentada; pelos loiros não têm medular.

Papila do Pelo

Escalpo
Músculo Eretor do Pelo

Glândula Sebácea Folículo Piloso

Raíz do Pelo
Pelo

Vasos Sanguíneos

Figura 12 - Anatomia do pelo

Descrição da Imagem: a figura tem uma ilustração que demonstra um pedaço de pele com a estrutura do pelo (com
o folículo piloso e a raiz do pelo). Na figura, à esquerda, estão indicados: haste do pelo, escalpo, glândula sebácea,
papila do cabelo. À direita, estão indicados: músculo eretor do pelo, folículo piloso, raiz do pelo, vasos sanguíneos.

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UNICESUMAR

As unhas são lâminas constituídas de células queratinizadas, que recobrem a maior parte das falanges
distais das mãos e pés a fim de protegê-las. Sua parte proximal é chamada de matriz da unha (oculta
pela pele que a recobre), e sua parte distal e principal é o corpo da unha. A matriz da unha garante a
formação e o crescimento da unha. Próximo à raiz, há uma região esbranquiçada em forma de meia
lua chamada de lúnula e uma prega que a fixa chamada de eponíquio (ou popularmente, cutícula).
As margens laterais e a margem proximal da unha são fixas aos dedos, e sua margem distal é livre.
Sua transparência permite ver a tonalidade rosada do leito da unha (local bastante vascularizado e
inervado onde a unha repousa).
As unhas crescem durante toda a vida (cerca de 1mm/semana), pois as células epiteliais da raiz se
proliferam e sofrem queratinização, formando a placa córnea constituída de células mortas. O cresci-
mento das unhas tende a ser maior no verão e não ocorre em cadáveres.

n ha
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nh unha au
u a ld
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r i z d iz d
a
x i mi í c ula
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Ma pr / Cu a
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Pr níq d a u nh
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Ep rp da
C o i t o da
Le livre
m
rge
ma unha

Falange distal

Estrato
germinativo
Figura 13 - Anatomia da unha

Descrição da Imagem: a ilustração mostra a constituição anatômica da unha, com os seguintes componentes: matriz
da unha, raiz da unha, prega proximal da unha, eponíquio/cutícula, corpo da unha, leito da unha, margem livre da
unha, falange distal, estrato germinativo.

A tela subcutânea (Figuras 7 e 8) é formada por tecido conjuntivo frouxo, tecido adiposo e fibras
elásticas. Ela une, frouxamente, a derme aos órgãos adjacentes, protege contra choques e atua como
isolante térmico. Adicionalmente, a tela subcutânea representa uma reserva de nutrientes e armazena,
temporariamente, alguns hormônios e medicamentos lipossolúveis. Tal fato pode ser útil quando se
utilizam injeções subcutâneas de liberação lenta aplicada, diretamente, na tela subcutânea. Todavia
isso pode ser indesejável quando a via de administração é outra, mas o medicamento é, parcialmente,
armazenado na tela subcutânea comprometendo sua biodisponibilidade e, consequentemente, sua
ação (é o caso, por exemplo, de medicamentos à base de hormônios lipossolúveis).

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UNIDADE 1

A tela subcutânea forma uma camada variável de tecido adiposo chamada de panículo adiposo.
Embora ela seja mais espessa nas mulheres e sua distribuição no corpo feminino seja uma caracte-
rística sexual secundária (haja vista ela predominar na região do baixo ventre e quadris), em alguns
lugares do corpo ela quase inexiste (como no pavilhão auditivo, pálpebras, lábios menores do pudendo,
escroto e prepúcio).
O tecido conjuntivo subcutâneo tem muitos vasos sanguíneos e vasos linfáticos. Além disso, apre-
senta raízes dos folículos pilosos, parte das glândulas sudoríparas, nervos cutâneos e terminações ner-
vosas (principalmente aquelas relacionadas à pressão). A espessura da tela subcutânea varia de acordo
com o estado nutricional do indivíduo e tende a ser maior nas mulheres e a aumentar com a idade
em ambos os sexos. Histologicamente, apresenta as camadas areolar, lamelar e a fáscia superficial. A
gordura da tela subcutânea, normalmente, é usada em situações de privação alimentar e desnutrição.
As principais alterações correlatas ao tegumento comum incluem dermatite, vitiligo, caspas,
cianose, eritema, icterícia, queloide, estrias cutâneas, queimaduras e acne.
A dermatite é a inflamação da pele que pode ocorrer, por exemplo, quando a pele é exposta a
substâncias irritantes químicas ou físicas, ao contato com agentes tóxicos, ou pode ser em decorrência
à exposição excessiva aos raios ultravioletas do sol. Quando Streptococos pyogenes infectam a pele,
podem aparecer impetigo (lesão ulcerosa e até purulenta) e erisipela (grave infecção da pele).
O vitiligo é uma doença na qual os melanócitos são perdidos, parcial ou completamente. Assim, a
atuação deles na produção de pigmento na epiderme é prejudicada, fazendo que apareçam manchas
de tonalidade mais clara pelo corpo. Suas causas incluem autoimunidade, fatores neuro-humorais e
autodestruição dos melanócitos por intermediários tóxicos da síntese de melanina.
As caspas, também chamadas dermatite seborreica, são caracterizadas por placas amareladas e
oleosas em toda a extensão do couro cabeludo. Seu agente causador são fungos e, normalmente, cul-
minam em queda dos cabelos.
A cianose é a pele azulada comum em casos de hipóxia ou anóxia (diminuição ou falta de oxigê-
nio). Isso ocorre porque a hemoglobina (responsável pelo transporte de gases no sangue) apresenta
coloração vermelho vivo ao transportar o oxigênio, e coloração arroxeada quando o oxigênio não
está em quantidade suficiente. É mais evidente onde a pele é fina, como nos lábios, pálpebras e unhas
transparentes.
O eritema é a coloração, anormalmente, avermelhada da pele que ocorre em casos de lesão cutânea,
exposição ao calor excessivo, infecção, inflamação ou reações alérgicas. Ocorre por ingurgitamento
dos leitos capilares superficiais.
A icterícia é a coloração amarelada da pele e das escleras dos olhos. É comum em alguns distúr-
bios do fígado, porque um pigmento amarelado (chamado bilirrubina) acumula-se no sangue. É mais
evidente em pessoas de pele clara.
Queloide é a cicatrização excessiva ou alterada da pele. Incisões paralelas às linhas de clivagem da
pele tendem a cicatrizar facilmente e com pouca marca de cicatrização. No entanto, quando a incisão
é transversal às linhas de clivagem, mais fibras colágenas são rompidas, e a cicatrização é mais difícil,
podendo desencadear uma cicatrização anormal chamada queloide.

29
UNICESUMAR

Estrias cutâneas são linhas finas e enrugadas que aparecem na pele, inicialmente, com a coloração
avermelhada e, posteriormente, esbranquiçada. Elas surgem porque os ajustes da pele em relação à
distensão e ao crescimento não são suficientes para evitar que as fibras colágenas da derme se rompam.
Ocorrem, comumente, em gravidez, com o aumento de peso acentuado (obesidade), em algumas doen-
ças (hipercortisolismo ou síndrome de Cushing), e são comuns nas nádegas, abdome, coxas e mamas.
Queimaduras são causadas por trauma térmico, radiação ultravioleta ou ionizante, agentes quí-
micos entre outros. São classificadas de acordo com a profundidade da lesão em queimaduras de
primeiro, segundo e terceiro graus. A queimadura de primeiro grau é mais superficial, pois se limita à
epiderme. Ocorre, por exemplo, por exposição ao sol. Seus principais sintomas incluem dor, eritema e
edema. Geralmente, causa descamação da camada mais superficial, sendo facilmente substituída sem
que haja cicatriz.
A queimadura de segundo grau tem uma profundidade intermediária, havendo danos à epiderme
e à derme superficial. É comum o aparecimento de bolhas e dor em função da agressão às terminações
nervosas. A cicatrização é lenta (em média três meses) e pode haver cicatriz e algum grau de retração
ou contratura.
A queimadura de terceiro grau é profunda, pois acomete toda a espessura da pele, tela subcutânea
e, até mesmo, músculos subjacentes. É comum o aparecimento de edema e anestesia da região aco-
metida em função da lesão das terminações nervosas locais. Pode exigir, inclusive, enxerto de pele.
É importante enfatizar que a extensão da queimadura, geralmente, é mais importante do que o grau
da lesão. De acordo com a American Burn Association, uma queimadura extensa é representada por
uma queimadura de 3° grau em mais de 10% da área de superfície corporal, ou uma queimadura de
2° grau em mais de 25% desta área ou, ainda, qualquer queimadura de 3° grau em mãos, pés, face ou
períneo. Quando a área queimada do corpo ultrapassa 70% da área de superfície corporal, a taxa de
mortalidade passa a ser superior a 50%.
Por fim, a acne é uma infecção dérmica ou hipodérmica comum, mas não exclusiva da adolescência
(devido à forte influência hormonal que ocorre nesta fase da vida). Ela é causada pela estimulação
excessiva das glândulas sebáceas, que passam a produzir maior quantidade de sebo, aliada à querati-
nização anormal, à impactação do fluxo do sebo e ao crescimento bacteriano exacerbado.

Querido(a) aluno(a), convido você a clicar aqui e ouvir o Podcast so-


bre algumas alterações relacionadas ao tegumento comum com a
professora mestre Renata Cappellazzo.

30
UNIDADE 1

Assim, encerramos esta unidade com o pleno conhecimento da história, definição, conceitos e utili-
zações da anatomia humana, bem como das subdivisões do corpo humano, dos planos usados para
o estudo anatômico do corpo. Adicionalmente, esta unidade proporcionou o estudo do tegumento
comum em termos da sua constituição, funções e anormalidades. Espero que você tenha gostado e
aprendido bastante.
Você se lembra que, no início desta unidade, eu pedi para que você se imaginasse prestando uma
consultoria ao IML de sua cidade em decorrência de um homicídio? Você precisaria descrever quais
foram os danos causados ao tegumento comum da vítima e quais foram os planos de corte usados
na secção do corpo pela arma branca utilizada pelo assassino. Além disso, você se lembra que não
tinha a menor noção de como um cadáver é dissecado, nem dos planos e eixos do corpo humano?
Pois bem! Agora, você tem conteúdo suficiente para entender que entre as estruturas do tegumento
comum, a pele (epiderme e derme) foi a mais afetada pelo corte, e que as unhas da vítima poderiam
mostrar evidências físicas do assassino (como pele e sangue). Provavelmente, o assassino usou como
plano de corte o transversal ao deferir golpes com a arma branca. Ademais, você aprendeu que, para
que o cadáver seja dissecado, além do plano transversal, pode-se usar o sagital e o coronal, e que os
movimentos do corpo humano sempre ocorrem em eixos específicos.
O conteúdo exposto nesta unidade sobre os conceitos básicos da anatomia humana deve instigar
você a ver esta ciência tão bela como a base de toda profissão da área da saúde e do bem-estar. Ademais,
ao chegar ao término do estudo específico do tegumento comum, você deve ser capaz de diferenciar
as estruturas anatômicas que formam o tegumento comum e precisa entender seus principais aspectos
morfológicos e funcionais. Por isso, é importante que você se sinta familiarizado com as principais
alterações do tegumento comum e que busque sempre o conhecimento específico das principais téc-
nicas profiláticas e terapêuticas de tais males.
Além disso, você não pode se esquecer de que a pele é um dos melhores indicadores da saúde do
corpo humano. Por isso, seu exame detalhado, além de ser facilmente realizado, é imprescindível e
pode evitar maiores complicações à saúde. Por isso, é importante que você se aplique à prática da ana-
tomia humana e se aperfeiçoe em suas habilidades profissionais, sempre se capacitando e buscando a
excelência. Muito sucesso a você!

31
Caro(a) aluno(a), gostaria que você fizesse, agora, uma verificação crítica dos conhecimentos ad-
quiridos por você ao término desta unidade. Para tanto, verifique o Mapa Mental a seguir e, com
base nos questionamentos, faça uma descrição resumida dos principais conceitos de Anatomia
Humana e do Tegumento Comum. Você pode fazer em formato de texto e utilizar para seu estudo
pessoal. Vamos lá?

Cite os principais planos usados


para o estudo anatômico Cit

Descreva cada com


Defina esta ciência ANATOMIA HUMANA tegumento comum
constitui

Explique a importância da
Anatomia Humana Cite

s
Cite os componentes do tegumento comum

Descreva cada componente do


tegumento comum em termos de TEGUMENTO COMUM
MAPA MENTAL

ATOMIA HUMANA
constituição

ância da
mana Cite as principais alterações do tegumento comum

32
33
MAPA MENTAL
1. O estudo dos planos de secção e tangenciamento do corpo humano é essencial à
anatomia humana uma vez que auxilia no corte anatômico e na nomenclatura das
estruturas estudadas. Analise, com atenção, as proposições que seguem:
I) Uma secção do corpo humano, de acordo com o plano sagital mediano, origina um
metâmero superior e outro inferior.
II) Ao contrário do proposto acima, uma secção do corpo humano, de acordo com o
plano sagital mediano, origina um paquímero anterior e outro posterior.
III) Pode-se afirmar que o osso esterno é anterior em relação às escápulas.
IV) Pode-se afirmar que as costelas são laterais em relação ao osso esterno.

Assinale a alternativa que contém apenas as proposições verdadeiras.


a) I e III.
b) III e IV.
c) II e III.
d) I e IV.
e) II e IV.
AGORA É COM VOCÊ

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2. A anatomia humana estuda a constituição do corpo, considerando que cada indivíduo
pode apresentar diferenças, devido a fatores que causam variações anatômicas. Analise,
com atenção, as proposições a seguir:
I) A idade é um fator causador de variação anatômica. Bom exemplo disso é o fato
de que os ossos do crânio de indivíduos idosos tendem a se fundir com o decorrer
da idade.
II) O biótipo é outro fator causador de variação anatômica. Indivíduos do biótipo lon-
gilíneo apresentam tórax arredondado, membros curtos em relação ao tronco e
baixa estatura corporal. Em contrapartida, indivíduos brevilíneos têm tórax alongado,
membros longos em relação ao tronco e maior estatura corporal.
III) Outro diferente fator causador de variação anatômica é a etnia. No entanto, diferen-
tes grupos raciais apresentam diferenças anatômicas apenas externamente (cor de
pele, cor de olhos, aspecto do cabelo, do nariz etc.). Não há diferenças anatômicas
internas entre grupos raciais.
IV) O sexo também causa variação anatômica e, inclusive, pode ser usado na anatomia
legal para identificação de cadáveres. O crânio masculino, por exemplo, apresenta
a fronte mais inclinada (na mulher ela é verticalizada). Além disso, o crânio masculi-
no tem acidentes anatômicos mais salientes devido à maior força muscular que os
homens apresentam tracionando os ossos ao ponto de marcá-los.

Assinale a alternativa que contém apenas as proposições verdadeiras.


a) I e II.

AGORA É COM VOCÊ


b) I e III.
c) II e III.
d) I e IV.
e) III e IV.

3. Sobre o tegumento comum, assinale o que for correto.

a) O termo tegumento comum é constituído pela pele e seus anexos. A pele, por sua vez,
é formada pela epiderme, derme e hipoderme (ou tela subcutânea).
b) A derme não tem vasos linfáticos nem sanguíneos e, por isso, recebe sua nutrição do
tecido conjuntivo da epiderme.
c) A epiderme fica abaixo da derme, tem muito tecido conjuntivo e é a camada mais
espessa da pele.
d) Na epiderme, estão os folículos pilosos, as glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas
e os músculos eretores do pelo.
e) A superfície profunda da derme é fixa aos ossos, músculos ou ao tecido conjuntivo
da tela subcutânea.

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4. Sabemos que a cor da pele depende de alguns fatores, como a quantidade de pigmentos
(principalmente melanina e caroteno), da cor do sangue circulante, da espessura da
epiderme e da quantidade de vasos sanguíneos capilares. Considerando tais fatores,
explique por que a pele fica avermelhada em função do calor e esbranquiçada em
função do frio.

5. Explique como a tela subcutânea é constituída e cite quatro de suas principais funções.
AGORA É COM VOCÊ

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1. B. As alternativas I e II estão erradas, pois uma secção do corpo humano, de acordo com o plano
sagital mediano, origina antímeros direito e esquerdo.

2. D. A alternativa II está errada, pois indivíduos do biotipo brevilíneo apresentam tórax arredon-
dado, membros curtos em relação ao tronco e baixa estatura corporal e indivíduos do biótipo
longilíneo têm tórax alongado, membros longos em relação ao tronco e maior estatura corporal.

A alternativa III está errada porque as diferenças anatômicas decorrentes da etnia não são
apenas externas, havendo diferenças anatômicas internas como, por exemplo, predomínio de
diferentes tipos de fibras musculares em pessoas das raças branca e negra.

3. E. A alternativa A está errada porque a pele é formada pela epiderme e derme.

A alternativa B está errada porque é a epiderme que não tem vasos linfáticos nem sanguíneos
e, por isso, recebe sua nutrição do tecido conjuntivo da epiderme.

A alternativa C está errada porque é a derme que fica acima da hipoderme, que tem muito tecido
conjuntivo e é a camada mais espessa da pele.

CONFIRA SUAS RESPOSTAS


A alternativa D está errada porque é na derme que estão os folículos pilosos, as glândulas su-
doríparas, as glândulas sebáceas e os músculos eretores do pelo.

4. Entre os vários fatores que influenciam na cor da pele, a quantidade de vasos presentes na
região é fundamental. Ademais, você precisa citar o fato de que o aumento da temperatura
(calor) causa vasodilatação, aumentando o fluxo sanguíneo e dando aspecto avermelhado à
pele. Ao contrário, a diminuição da temperatura (frio) causa vasoconstrição, diminuindo o fluxo
sanguíneo e minimizando o aspecto avermelhado da pele.

5. A tela subcutânea é formada por tecido conjuntivo frouxo, tecido adiposo e fibras elásticas. Ela
une, frouxamente, a derme aos órgãos adjacentes, protege contra choques e atua como isolante
térmico. Adicionalmente, a tela subcutânea representa uma reserva de nutrientes e armazena,
temporariamente, alguns hormônios e medicamentos lipossolúveis.

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MEU ESPAÇO

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MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO

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