Você está na página 1de 19

CAPÍTULO 2.

DESENHOS DE PILARES

Índice
CAPÍTULO 2. DESENHOS DE PILARES ............................................................................................... 1

2.2 Introdução ..................................................................................................................................... 2

Tipos de rupturas de pilares ........................................................................................................... 2

2.2 Parâmetros necessários para dimensionamento de pilares ......................................................... 4

2.3 Cálculo da resitência do pilar ........................................................................................................ 5

2.3.1 Pilar Quadrado ....................................................................................................................... 5

2.3.2 Pilar Rectangular .................................................................................................................... 6

2.3.3 Outra forma de determinação da resistência do pilar ........................................................... 7

2.4 Cálculo da Carga no pilar............................................................................................................... 7

2.4.1 Determinação de carga no pilar na base da condição da sua recuperação .......................... 8

2.4.2 Determinação da tensão média em pilares regulares ......................................................... 11

2.5 Factor de segurança .................................................................................................................... 15

2.6 Estratégia de enfrentar o efeito de escalamento de pilares ...................................................... 16

2.7 Exemplo prático .......................................................................................................................... 16

2.8 Referências Bibliográficas e Outras Bibliografias Úteis .............................................................. 19

1
2.2 Introdução

Este manual consiste no resume da obra de Zorzi et al. (1991) que elabora a metodologia para
dimensionamento de pilares em minas de carvão do Sul do Brasil. O manual serve apenas para
orientar nas aulas de Serviços Mineiros II acerca de desenhos de pilares. Portanto, há acréscimo
de informação provenientes de autores citados nas referências bibliográficas, como no caso da
obra de Grabriel et al. (2011), obra essa que é permitido para imprimir e copiar pela empresa
NIOSH. É essa empresa que é propriatário do Software Lamodel que teremos o prazer de
demostrar no final deste capítulo, na parte das aulas práticas.

Assim dito, um dos problemas frequentemente encontrados na estabilização das obras


subterrâneas é o desenho de pilares destinados a suportar essas obras durante toda sua vida.
Pode se usar pilares artificiais ou naturais. Esses ultimos são geralmente usados em jazidas
massivas, onde a propria camada mineral é mantida no lugar para servir de suporte aos paineis
criados. Somente que caso não forem bem desenhados, esses pilares acabam por falhar/ceder
(se romper) e ocasionando consequencias nefastes pela economia e a segurançã do painel ou
da mina. Por razão de ilustração, a figura a seguir mostra casos de ruptura de pilares de minas.

Tipos de rupturas de pilares

a) b)
Figura 1. a) Pilar que falhou ao longo de duas descontinuidades angulares e b) Pilar que
falhou por fragmentação progressiva

No caso da figura 1. a., a razão largura-altura é de 0,58 com base na altura total do banco; a
tensão média do pilar é de cerca de 4% do UCS.

2
No caso da figura 1. b., a razão largura-altura original era de 1,7, mas acredita-se que as
litologias finas e fracas contribuíram para até a ruptura. A tensão média do pilar era de cerca
de 11% do UCS antes da ruptura.

Falar do desenho de pilares fica geralmente associado ao seu dimensionamento. Geralmente,


os pilares têm a forma quadrada ou rectangular. E em vez de considerar um pilar islolado, vai-
se considerar o caso do dimensionamento de método de câmaras e pilares (método de suporte
natural). Este método consiste na extração de câmaras, deixando pilares de minério ou rocha
entre as câmaras. O método de câmaras e pilares é aplicado em rochas duras, por exemplo:
calcário, dolomita, metais (zinco, ouro, chumbo, cobre) e em rochas friáveis como: carvão,
potássio, sal.

Figura 2. Disposição dos pilares de barreira e colunas do painel em uma jazida lateralmente
extensa

Como mostrado na figura anterior, os blocos são os pilares e os espaços entre eles as câmaras.
Em rochas duras, os pilares são menores horizontalmente do que as câmaras, em rochas macias
eles são geralmente muito maiores horizontalmente.

Normalmente utilizada em corpos planos, o método de Camara e pilares pode acomodar um


mergulho da jazida de até 30°. É ideal que o corpo de minério seja grande lateralmente, mas
muitas minas têm horizontes de minério não uniformes.
3
No desenvolvimento do método, deve-se desenvolver dimensões apropriadas para vãos de
câmaras, larguras dos pilares do painel, tamanhos do painel, e larguras dos pilares de barreira.
O desenvolvimento destas dimensões requer uma avaliação não só de resistência do pilar, mas
também das consequências da ruptura do pilar, o que pode acontecer em qualquer lugar do
layout a qualquer momento.

2.2 Parâmetros necessários para dimensionamento de pilares

Os parâmetros básicos, necessários para o dimensionamento de pilares podem ser de ordem


qualitativa e quantitativa. Na ordem quantitativa olha-se nos cálculos da carga no pilar e da
resistência desta estrutura e das encaixantes, enquanto na ordem qualitativa procura-se definir
os factores que afetam a resistência dos materiais em estudo.
As variáveis qualitativas resumem-se principalmente em:
- Função, forma e vida útil do pilar;
- Homogeneidade/heterogeneidade da camada;
- Método de desmonte;
- Tipo de encaixantes e Estratégia de lavra.

As variáveis quantitativas geralmente tomadas em conta são:


- Profundidade (H) e espessura (h) da camada mineral;
- Largura da galeria/camara (B ou Wo);
- Número de galerias/camaras previstas ou largura do painel;
- Angulo de influência máximo na curva de subsidência da superfície;
- Índice de recuperação mínimo aceitável das reservas;
- Características geomecânicas da camada mineral e das encaixantes.

No final, estes parâmetros entram na estimativa da tensão exercida no pilar e a sua capacidade
de resistir a tais solicitações. Assim, a determinação do factor de segurança irá permitir o
dimensionamento dos pilares. Outra coisa que dá sublinhar é que na realidade, a maioria dos
parâmetros intrínsecos ao maciço rochoso são caracterizados por um nível de variabilidade, e
necessitam de uso de ferramentas estatísticas para tomar conta da diversidade e
representatividade de dados que possam ser o reflecto da realidade (Budavari, 1983).

4
2.3 Cálculo da resitência do pilar

2.3.1 Pilar Quadrado


𝑅𝑃𝑟 = 𝑅𝑃. 𝐹𝑑. 𝐹𝑡. 𝐹𝑒 (1)

RP = Resistência do pilar, produto da resistência unitária última dos materiais que o


compõem, pela sua área real;
Fd = Factor de redução devido ao método de desmonte;
Ft = Factor de redução devido a acção do tempo sobre a resistência do pilar;
Fe = Factor de redução devido a eventual mudança da esbeltez do pilar, ao
longo de sua vida útil.

2.3.1.1. Resistência do pilar (RP ou 𝜎𝑝 )

- Para camadas com encaixantes fracas

𝑊 0,46
𝜎𝑝 = 𝜎1 ( ℎ ) (2)

- Para camadas com encaixantes mais resistentes

𝑊
𝜎𝑝 = 𝜎1 (0,778 + 0,222 ℎ ) (3)

Onde:

𝜎1 : Resistência in situ da camada considera (MPa)

𝑤: Largura do pilar (m)

ℎ: Altura do pilar

2.3.1.2 Factor de redução devido ao método de desmonte (Fd)

Existem formulas para alcançar este factor (cfr notas de consulta) dependendo dos tipos de
encaixantes das camadas (fracas ou mais resistentes).

Devido aos processos de desmonte há fraturamento tanto nas paredes do pilar como nas
encaixantes. E esses fraturamentos implicam numa redução da área útil do pilar com
consequente diminuição de sua resistência.

5
2.3.1.3 Factor de redução devido a acção do tempo sobre a resistência do pilar

Este parâmetro pode ser equivalente a 0,8 para pilares permanentes, ou 1,0 para pilares
temporários (com previsão de recuperação).

2.3.1.4 Factor Esbeltez (Fe)

Este parâmetro relaciona-se ao encurvamento, o aumento da altura de pilar ao longo do tempo,


devido a condições geológicas presentes no maciço.

Para camadas com encaixantes fracas, o factor de Esbeltez é dado por:

𝑊 0,46
ℎ 0,46
(ℎ+∆ℎ)
𝐹𝑒 = [ 𝑊 ] = [(ℎ+∆ℎ)] (4)

E para camadas com encaixantes mais resistentes, o factor de Esbeltez é dado por:
𝑊
[0,778+0,222( )]
ℎ+∆ℎ
𝐹𝑒 = 𝑊 (5)
0,778+0,222( )

Com:

𝑊: Largura do pilar (m)

ℎ: Altura inicial do pilar (m)

∆ℎ: Variação da altura projectada para o pilar (m)

2.3.2 Pilar Rectangular


Às vezes, ao invés de avaliar directamente a resistência dos pilares rectangulares na base das
suas dimensões, determina-se a largura que correspondia ao pilar quadrado na base das
informações do pilar rectangular, e depois, determina-se a resistência como se fosse um pilar
quadrado. Existem muitas fórmulas de determinação de lados equivalentes (Weq) dentre das
quais as seguintes:

𝑊𝑒𝑞 = 𝑊𝑙 0.85 . 𝑊𝑐 0,15 (6)

2.𝑊𝑙.𝑊𝑐
𝑊𝑒𝑞 = (7)
𝑊𝑙+𝑊𝑐

𝑊𝑒𝑞 = (𝑊𝑙. 𝑊𝑐)0.5 (8)

6
2.3.3 Outra forma de determinação da resistência do pilar
O critério de ruptura de Hoek-Brown também pode fornecer uma estimativa da resistência para
um cubo em larga escala do maciço rochoso. Isto serve na maioria dos maciços rochosos com
qualidade boa a razoável
𝑎
𝜎′ 3
𝜎 ′ 1 = 𝜎 ′ 3 + 𝜎𝑐 (𝑚𝑏 + 𝑠) (9)
𝜎𝑐

Onde:

mb, s, a = constantes que dependem da qualidade da massa de rocha

𝜎𝑐 = resistência à compressão uniaxial dos pedaços de rocha intacta

𝜎 ′ 1 = tensão axial principal

𝜎 ′ 3 = tensão confinante principal

As constantes mb e s são estimadas utilizando o parâmetro GSI, que é proporcional ao sistema


de Bieniawski classificação maciço rochoso (RMR), admitindo uma massa de rocha seca.

2.4 Cálculo da Carga no pilar

Para fins práticos, o método de calculo mais utilizado na determinação da carga num pilar (CP),
de perfil tanto quadrado como retangular, é o método da teoria da área tributaria. As
limitações inerentes à aplicação desta teoria são bastante discutidas na literatura. A base do
princípio da teoria de área tributária está ilustrada na figura 3.

7
Figura 3. Planta de uma mina de camaras e pilares com definição da teoria da área
tributária

2.4.1 Determinação de carga no pilar na base da condição da sua recuperação


A utilização da teoria da área tributaria no cálculo da carga (CP) deve considerar três
situações:

a) lavra sem recuperação de pilares;


Neste caso, 𝐶𝑃 = 𝛾𝐻(𝑊 + 𝐵)2 (10)
Sendo 𝛾: peso unitário do material da cobertura (0.025 MPa/m)

b) lavra com recuperação parcial ou total do painel, onde a menor dimensão de área
recuperada (WR) é inferior a 2.H.tg ,
𝐵 𝑊𝑅 𝑊𝑅
𝐶𝑃 = 𝛾(𝑊 + 𝐵) [𝐻 (𝑊 + ) + ( )(2𝐻 − )] (11)
2 4 2𝑡𝑎𝑛𝛿

sendo:
H: Profundidade da camada (m)
: Ângulo máximo de influência em relação à subsidência na superfície
WR: menor dimensão horizontal da área recuperada (m)

8
c) lavra com recuperação parcial ou total do painel, onde a menor dimensão da extensão
recuperada (WR) é maior que 2.H.tg 
𝐵
𝐶𝑃 = 𝛾𝐻(𝑊 + 2 + 𝐻𝑡𝑎𝑛𝛿/2)(𝑊 + 𝐵) (12)

Os casos a) b) e c) anteriores são representados na figura 4 a seguir

9
Figura 4. Ilustração dos casos donde resultam as equações 10, 11 e 12.

10
2.4.2 Determinação da tensão média em pilares regulares

A tensão média do pilar (σp) em layouts regulares de pilares pode ser estimada assumindo
que o peso do estéril é distribuído igualmente entre todos os pilares, conhecido como método
da área tributária.

De modo geral e estimativo, a tensão média no pilar é dada por:

𝐶1 .𝐶2
𝜎𝑝 = 𝛾. ℎ. (13)
𝑤.𝑙

Onde:

𝛾: peso específico das encaixantes

h: profundidade da camada

w: largura do pilar

l: comprimento do pilar

𝐶1 : distancia de avanço (ou distância de centros de dois pilares no sentido de avanço)

𝐶2 : distancia de centros de dois crosscuts (passeios adjacentes)

O método da área tributária, fornece uma estimativa de primeira ordem da tensão média do
pilar. Para o sistema quadrado, a tensão média do pilar é dada por:

2
𝑊𝑝 +𝑊𝑜
𝜎𝑝𝑚 = 𝜎𝑧 ( ) (14)
𝑊𝑝

Onde

Wp = largura do pilar (ou W)

Wo = largura da abertura/passeio (ou B)

Para pilares retangulares ou de formato irregular, em que R é a razão de extração, a tensão


média do pilar.

1
𝜎𝑝𝑚 = 𝜎𝑧 (1−𝑅) (15)

11
𝐴𝑀 𝐴𝑇−𝐴𝑃
𝑅 = ( 𝐴𝑇 ) = ( ) (16)
𝐴𝑇

Onde:

AM = área extraída (ou seja, a área total da câmara)

AT = área total do corpo de minério

AP = área do pilar

Este cálculo geralmente fornece um limite superior da tensão média do pilar e não considere a
presença de pilares de barreira que podem reduzir a tensão média do pilar. Em condições onde
o método da área tributária não é válido, como pilares irregulares, extensão limitada de
mineração ou profundidade variável de cobertura, modelos numéricos como LaModel podem
ser usados para estimar a tensão média do pilar. Esta técnica será apresentada no final do
capítulo 3, na parte prática.

A ruptura de pilar ocorre quando um pilar é comprimido além de sua resistência máxima e que
ocorre cedência de carga. A ruptura/falha de um único pilar pode resultar em condições
perigosas de nervuras, instabilidade do tecto nos painéis de mineração adjacentes e no caso de
bloqueio das vias de acesso locais. A redistribuição de carga causada pela ruptura de um único
pilar pode sobrecarregar os pilares adjacentes, que podem se propagar em uma ruptura em área
mais ampla.

Nota.

A falta de estabilidade local é geralmente gerenciada por escalamento/limpeza do tecto e


paredes ou pela instalação de suportes adequados. Alguns casos estão apresentados nas figuras
a seguir.

12
Figura 5. Tronco restante de um pilar desabado em uma área abandonada.

A figura 5 ilustra casos de bandas finas e fracas no pilar e condições de umidade que são
consideradas como tendo contribuído para o fracasso. A relação largura-altura foi de 0,82 e a
tensão média do pilar de cerca de 11% do UCS

Figura 6. Escalamento (estilhaçamento) do pilar observado em rocha contendo bandas finas


e fracas

Na figura anterior, e escalamento (estilhaçamento) dos pilares na sua parede é um dos primeiros
sinais de tensão elevada nos pilares. A Figura 6 mostra um exemplo de parede estilhaçada,
situada a aproximadamente 270 m de superfície. A fragmentação é caracterizada por fraturas
através da rocha intacta que são paralelas à direção da tensão máxima. A fragmentação

13
normalmente inicia nos cantos do pilar e pode se espalhar para as paredes do pilar, resultando
em paredes ligeiramente côncavas. O escalamento das paredes foi observado a iniciar quando
a tensão média do pilar excede cerca de 11% -12% do UCS. Deve, portanto, ser interpretado
como o limite inferior para o início de escalamento das paredes. A instabilidade dos pilares
também pode ser causada por juntas desfavoráveis na massa rochosa ou por práticas de
desmonte de rochas inadequadas.

Figura 8. Pilares estáveis em uma mina de calcário a


Figura 7. Práticas de minas mostrando
uma profundidade de cobertura de 275 m, mas as
um pilar que foi revestido com tela de
paredes de pilar são ligeiramente côncavas,
arame para evitar maior deterioração
resultante da menor fragmentação (estilhaçamento)
(Estilhaçamento) das suas paredes
da rocha dura e frágil

2.4.2.1 Problemas de tensão horizontal

A tensão horizontal pode fazer com que as vigas dentro do tecto se dobrem e rompem-se por
cisalhamento. A falha pode iniciar como fissuras (calhas) em um canto de uma escavação (ver
figura 9), e pode se propagar para uma queda do tecto em grande escala. Quedas relacionadas
à tensão horizontal normalmente se alinham na direção perpendiculares à tensão horizontal
máxima regional e têm formato oval quando vistos em planta, como mostrado na Figura 10.
As quedas tendem a se propagar lateralmente na direção perpendicular à tensão horizontal
principal, e podem serpentear através da mina, como mostrado na Figura 11. E um dos meios
de prevenção usados para este tipo de caso vem ilustrado na figura 12.

14
Figura 10. Falha/ruptura horizontal do tecto
Figura 9. Calha (fissura) do tecto no
induzida por tensão que se iniciou entre dois
contato pilar-tecto
pilares. As setas mostram a direção da tensão
horizontal máxima

Figura 11. Vista plana mostrando o


Figura 12. Diagrama mostrando o layout da
desenvolvimento de uma queda do tecto
câmara e pilares modificado para minimizar o
relacionada à tensão na direção
impacto potencial de danos relacionados a tensões
perpendicular à direção da tensão
horizontais
horizontal principal

2.5 Factor de segurança

O factor de segurança é achado dividindo-se a resistência do pilar pela sua tensão. Deste modo,
qualquer desenho de pilar requer estimativas previas de tensão e resistência do pilar. O critério
de aceitabilidade de um factor de segurança depende do risco tolerável de ruptura. Geralmente,
15
factores de segurança de 2 são típicos principalmente para pilares em desenvolvimento.
Aqueles de 1,1 a 1,3 são típicos de pilares de painel após retirada de minério. Factores de
segurança muito menores do que 1,0 são possíveis para painéis onde a ruptura do pilar é a
eventual intenção.

O factor de segurança pode também ser determinada na base de uma fórmula empírica deduzida
da experiência da mina em estudo. Estas fórmulas empíricas são especificas para cada mina.

Nota.

Na prática, para o calculado factor de segurança, deve-se tomar conta da variabilidade de alguns
parâmetros recorrendo por exemplo ao método de Monte Carlo ou a pacotes de simulação
estatística.

2.6 Estratégia de enfrentar o efeito de escalamento de pilares

Da mesma forma que podia se resolver o problema de tensão horizontal na figura 12, existem
estratégias para lutar contra efeitos de escalamento (estilhaçamento). Em outros termos, a
largura do pilar diminui com o tempo e, assim o pilar perde parte de sua capacidade de suportar
o tecto. Sabe-se que a resistência do pilar se correlaciona linearmente com a razão w/h,
aumentando proporcionalmente com esta razão. Portanto, como a redução da largura do pilar
não pode ser evitada, na prática, prevê-se transformar a forma do Pilar de quadrada para
retangular (ou longitudinal) ou reduzir o valor da altura de lavra (h) para que a relação w/h
permanece constante. A implementação de suportes apropriados pode também servir, quando
necessário.

2.7 Exemplos práticos

1.

Um estudo foi realizado quanto as dimensões dos parâmetros necessários no design do método
de camaras e pilares de uma recém-minerada mina de carvão, mostrado na figura a seguir.

16
Figura 13. Definição de alguns parâmetros do método de câmara e pilares

Os resultados do estudo estão abaixo apresentados. Sabe-se que os pilares de carvão escalam
com o tempo, e que a redução na largura dos pilares resulta em um factor de segurança
decrescente com o passar do tempo. Pede-se comparar os valores dos factores de segurança no
momento e depois de 20 anos, sabendo que as fórmulas de factor de segurança e de mudança
de largura de pilares são dadas a seguir.

Pode-se também achar, na base dos conhecimentos adquiridos na cadeira de estatística,


comparar os valores encontrados pelo método determinístico com o método probabilístico (se
recorrer ao método de Monte Carlo, simular 10 000 e 60 000 variáveis no programa Excel).

𝑤3
*𝑆𝐹 = 140 𝐻ℎ𝐶 2

Onde SF= Factor de segurança do pilar

H = Profundidade da mina (m)

h = altura da camada (m)

C = distancia dos centros de pilares (m)

w = largura de pilar (m)

𝐶 =𝑤+𝐵

17
A largura do pilar terá uma mudança significativa devido a sua redução em função do tempo,
e que se pode achar pela fórmula (Budavari, 1983):

𝑑 𝑇 = 𝑚ℎ 𝑥 𝑇 1−𝑥

Onde:

dT: distância pela qual a largura do pilar é reduzida

h = altura de mineração (m)

T = tempo desde o inicio da mineração em anos

m = constante, 0,1624 neste caso

x = constante, 0,8135 neste caso.

A nova largura do pilar após 20 anos será:

W ’= W-dT

Onde:

W ’: largura do pilar após 20 anos

W: largura do pilar no momento

dT: Distância pela qual a largura do pilar é reduzida

Dados.

Profundidade de mina no momento (m)

Média: 129,8404 Desvio padrão: 15,63744

Altura de camada (Pilar) no momento (m)

Média 2,82025 Desvio padrão: 0,289144

Distancia entre dois centros de pilares paralelos à direcção de avanço no momento (m)

C: 18

Largura de Pilar no momento (m)

Mean: 11,2095 Stdev: 0,9473

18
Exemplo Prático 2. Cfr vídeo aula sobre Lamodel

2.8 Referências Bibliográficas e Outras Bibliografias Úteis

Budavari, S. (1983). Response of the rock mass to excavations underground. In Rock


Mechanics in mining practice. S. Budavari (ed.). The South African Institute of
Mining and Metallurgy, Johannesburg, pp 55-56
Castro-Caicedo, A. J., Alejano, L. R., Monsalve, J. E., & Bernal, A. (2019). Geotechnical
design of pillars in underground mines of gold veins in cases of
Colombia. DYNA, 86(209), 337-346.
Gabriel, S. E., Dennis, R. D., John, L. E., e Leonard, J. P. (2011). Pillar and roof span design
guidelines for underground stone mines. Department of Health and Human Services
(NIOSH), Pittsburgh, Publication, (2011-171).
Luo, Y. (2015). Room-and-pillar panel design. Mining Engineering, 67(7), 105-110.
Salamon, M. D. G. & Oravecz, K.L. (1976). Rock Mechanics in coal Mining. Coal Mining
Research controlling Council. The Chamber of Mines of South Africa, Johannesburg.
Salomon, M.D.G. and Wagner, H. (1979). Role of stabilising pillars in the alleviation of
rocburst hazards in deep mines. Proceedings 4th Congress of the International Society
of Rock Mechanics, Montreux, vol. 2, pp 561-566.
Zorzi, L., Agostini, I. M., & Gonzatti, C. (1991). Metodologia para dimensionamento de
pilares em minas de carvão do Sul do Brasil. CIENTEC—FUNDACAO DE CIÊNCIA
E TECNOLOGIA, Porto Alegre-RS, 23.

19

Você também pode gostar