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Dynamo na prática: solucionando o impossível no

Autodesk Revit de forma simples

Apresentador:
Eduardo Rocha Tavares – quattroD

Descrição da Classe:
Quantas vezes nos deparamos com situações de modelagem ou informação no Autodesk Revit em que
pensamos: “Se existisse uma forma de fazer isto com um clique seria ótimo”. Esta forma existe e se chama
Dynamo! Nesta palestra iremos apresentar como aplicações desenvolvidas no Dynamo de forma simples
e rápida geraram grandes resultados em processos internos da quattroD bem como para os clientes.

Objetivo de aprendizado
Ao final desta palestra você terá condições de:
 Compreender o que é o Dynamo
 Compreender os pontos positivos e pontos de melhoria do Dynamo
 Compreender o funcionamento da ferramenta e a interface com o Autodesk Revit
 Vislumbrar usos para seus problemas reais de utilização do Autodesk Revit após a apresentação do
caso de uso na quattroD

Sobre o Palestrante
Formado em Processamento de Dados pela FATEC-SP, tendo atuado em multinacionais de
Tecnologia da Informação como IBM e Xerox do Brasil. Formação em Arquitetura e Urbanismo
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como Coordenador de Desenvolvimento
Estratégico na quattroD para os processos de compatibilização de projetos em BIM,
modelagem BIM, Gestão BIM, consultorias de implementação de ferramentas BIM Autodesk e
treinamentos.

E-mail: Eduardo.Tavares@quattroD.com.br Fone: (11) 9.9112.8943


Dynamo na prática: solucionando o impossível no Autodesk Revit de forma simples

1. O que é Dynamo

O Autodesk Revit, como ferramenta de projeto paramétrica orientada ao processo BIM, permite o
desenvolvimento de projetos para o setor de AEC com redução de incompatibilidades, melhor controle de
custos, aumento da qualidade do projeto, redução de erros e inúmeras outras vantagens já conhecidas.

A parametrização garante padrão, agilidade nas alterações e nos estudos de projeto, no entanto,
em diversas situações durante o processo de desenvolvimento de projeto, o profissional se depara com
limitações ou procedimentos que exigem ações tediosas e repetitivas. Tais ações repetitivas podem vir a
incorrer em erros de projeto devido à ausência da automatização.

O Dynamo (http://dynamobim.org) é uma ferramenta open source (código aberto) de programação


visual para projetos no Autodesk Revit que utiliza a API (entre aqui para saber mais) do Revit para a
automatização de tarefas na ferramenta sem a necessidade de conhecimentos de programação.

Você já se deparou com os seguintes questionamentos?

 “Se o Revit pudesse obter os valores “deste parâmetro desta família” para exibição em
tabelas eu resolveria meu problema neste projeto...”

 “Se houvesse um botão para inserção de famílias com base em coordenadas contidas em
uma planilha externa eu não despenderia tanto tempo para concluir esta tarefa...”

Bem, você acaba de conhecer a ferramenta certa para isto e muito mais. Inicialmente você poderá
se apoiar em duas fontes de conteúdo para compreender os conceitos básicos bem como questões
avançadas após algum tempo de uso. As fontes são:

 Fórum oficial do Dynamo: https://forum.dynamobim.com

 Conteúdo de Aprendizado: http://dynamobim.com/learn

 Blog oficial do Dynamo: http://dynamobim.com/blog

2. Vantagens e desvantagens da utilização do Dynamo

2.1. Pontos Positivos

São inúmeras as vantagens de uso do Dynamo para automatização de tarefas no Autodesk Revit.
Podemos citar aqui as mais importantes detectadas pela quattroD com base em nosso uso e aplicações
práticas em projetos.

I. Linguagens de programação: embora isto seja possível, o usuário não deverá ter
conhecimento de nenhuma linguagem de programação para criar rotinas no Dynamo.
II. Compra ou contratação para desenvolvimento de add-ins: a automatização de
procedimentos simples pode ser criada facilmente na maioria dos casos, evitando a
necessidade de aquisição ou contratação de desenvolvimento de add-ins.

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III. Ganho de tempo: o tempo economizado com a automatização de tarefas permite que
mais tempo seja despendido no desenvolvimento do projeto de fato. Outro fator importante
inerente à processos automatizados é a redução de erros a quase zero (o que dependerá
da correta definição do processo de automatização).
IV. Ferramenta Open Source (código aberto): como toda ferramenta com código aberto, o
Dynamo é constantemente alimentado com atualizações pela comunidade.
V. Formas complexas: o Dynamo pode ser utilizado para estudos conceituais de
Arquitetura, como estudos de fachada.
VI. Atualizações no modelo: o Dynamo mantem uma relação “viva” com o modelo do
Autodesk Revit. Isto permite que atualizações no modelo sejam reconhecidas em tempo
real pelo Dynamo de modo a ativar a execução da rotina a cada alteração, caso desejado
pelo projetista.

2.2. Pontos de Melhoria

Optamos aqui por apontar alguns pontos de melhoria para a usabilidade da ferramenta.

I. Bugs: como toda ferramenta de programação visual, é o usuário que desenvolve a rotina
para automatização de uma tarefa. A ausência de recurso para verificação de “bugs” na
rotina criada pelo usuário poderá causar perdas de trabalhos. Uma rotina que venha a
criar um “loop” infinito, por exemplo, causará o travamento da aplicação e possivelmente
a perda do trabalho. Recomenda-se salvar o modelo em uso bem como a rotina em
desenvolvimento com frequência.
II. Interface de acionamento da rotina: é desejável que haja uma maior integração da
interface do Dynamo no Autodesk Revit. Um ponto de melhoria seria a exibição de campos
diretamente no Revit para alteração de variáveis da rotina do Dynamo.

3. Funcionamento da ferramenta e a interface com o Autodesk Revit

3.1. Orientações básicas

Para iniciar a utilização desta ferramenta você deverá instalá-la em seu equipamento em que
utiliza o Autodesk Revit (disponível apenas para as versões 2015, 2016 e 2017). Para obter o instalador
acesse este site: http://dynamobim.org/download.

No momento do desenvolvimento deste conteúdo (set/2016) a versão do Dynamo disponível para


instalação é a 1.1.0. Faça o download da versão mais recente e instale-a conforme orientações do
instalador. Para usuários com mais experiência na ferramenta e com necessidades específicas é possível
obter algumas versões anteriores bem como versões posteriores a versão estável disponibilizada
oficialmente neste site: http://dynamobuilds.com.

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3.2. Orientações básicas

No Autodesk Revit 2017 o acesso ao Dynamo é realizado através da aba “Manage” conforme
Figura 1. A janela de abertura da ferramenta será inicializada conforme Figura 2.

Figura 1 – Acesso ao Dynamo no Autodesk Revit 2017

Para criação de uma nova rotina o botão “New” deverá ser acionado conforme Figura 2.

Figura 2 – Janela de abertura do Dynamo

Os nós (nodes) responsáveis por todas as ações necessárias para o funcionamento de uma rotina
estão agrupados na coluna à esquerda conforme destacado na Figura 3.

Figura 3 – Interface padrão do Dynamo (v1.1.0)

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4. Casos de uso

Nos últimos anos a quattroD vem utilizando o Dynamo para solucionar problemas com a utilização
do Revit em clientes bem como para agilizar tarefas desenvolvidas internamente na empresa. Nos itens a
seguir trataremos de alguns destes casos para que você possa compreender o potencial de uso deste
add-in do Autodesk Revit.

Independentemente de já existir, eventualmente, uma solução de mercado pronta para estas


questões, optamos por criar estas rotinas internamente para que pudéssemos obter exatamente o
resultado buscado. Em muitas situações as soluções de mercado não proporcionam o resulto exato
buscado para um problema, obrigando-nos a aceitar ligeiras variações no resultado pretendido.

4.1. Caso de uso I: obtenção do elemento hospedeiro de portas e janelas

Em muitos projetos o cliente solicita quantitativos de janelas e portas informando qual a vedação
em que estão inseridos. O Autodesk Revit não possibilita a criação deste vínculo através da utilização de
recursos nativos. Utilizando o projeto de vedações, em que cada elemento é numerado, é possível utilizar
o Dynamo para criar este vínculo.

No exemplo em questão todas as vedações foram numeradas conforme o projeto de vedações,


vide exemplo na Figura 4, na coluna “Identificação” (utilizado o parâmetro de instância nativo “Mark” de
“Walls”).

Figura 4 – Tabela de identificação de vedações

O objetivo neste caso foi inserir o valor do parâmetro “Identificação” em um parâmetro


compartilhado adicional criado para janelas e portas. Neste exemplo foi criado o parâmetro compartilhado
de instância “Vedação” vinculando-o as categorias de modelo “Doors” e “Windows” em parâmetros de
projeto conforme observado na Figura 6.

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Figura 6 – Exemplo de janela com parâmetro para identificação da vedação

Observe a rotina desenvolvida conforme Figura 5. Como boa prática recomenda-se o agrupamento
das principais funções de cada conjunto de nós para que outros projetistas saibam o que é realizado em
cada passo para que alterações sejam realizadas facilmente para atender a novas necessidades em outros
projetos. Recomenda-se também criar uma nota informando o objetivo geral da rotina, facilitando também
alterações.

Figura 5 – Rotina para inserção de identificação do hospedeiro em janelas e portas

O primeiro conjunto de nós coleta todos os elementos do modelo que estejam enquadrados nas
categorias de modelo “Windows” e “Doors” e armazena-os em duas listas distintas. O segundo conjunto
de nós utiliza as duas listas obtidas anteriormente criando duas novas listas contendo os elementos
hospedeiros (neste caso “Walls”) de cada item das listas anteriores. O terceiro conjunto de nós utiliza as
duas listas obtidas anteriormente criando duas novas listas contendo o valor do parâmetro “Mark” dos
elementos em questão, no caso as vedações. O quarto conjunto de nós verifica quais janelas e portas
não têm hospedeiro e substitui o valor “null” por um texto informativo, neste caso “Sem hospedeiro” para
que nas tabelas a identificação seja realizada facilmente. O quinto e último conjunto de nós lê as listas
iniciais de janelas e portas e vincula-as às listas de identificação de hospedeiros (já com os valores “null”
substituídos por “Sem hospedeiro”) e insere os valores no parâmetro “Vedação” de janelas e portas.

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O resultado pode ser observado na Figura 7. Esta tabela de portas contem a coluna “Vedação”
que apresenta a identificação da vedação hospedeira de cada porta.

Figura 7 – Exemplo de tabela de portas com a identificação das vedações

4.2. Caso de uso II: modelagem de estacas com base em lista externa de coordenadas

Em diversos casos já nos deparamos com a necessidade de modelar estacas de projetos de


Fundação. Dependendo do projeto a tarefa pode se tornar extremamente tediosa e com alto risco de
apresentação de erros inerentes a atividade manual. Na existência de uma lista (tabela externa em Excel,
por exemplo) de estacas (ou quaisquer outros elementos com coordenadas) o processo de modelagem
pode ser automatizado através do Dynamo.

No exemplo em questão o processo de automatização permitiu a locação de mais de 2000 estacas


com os seguintes parâmetros:

I. Coordenadas X e Y (latitude e longitude)


II. Cota de arrasamento
III. Diâmetro da estaca
IV. Comprimento da estaca

Na Figura 8 a rotina poderá ser verificada na íntegra. No exemplo em questão o projeto contém
coordenadas compartilhadas obtidas do levantamento planialtimétrico. Isto é fundamental para que as
coordenadas coincidam com os valores da lista externa em Excel. No caso de um modelo sem
coordenação geográfica a rotina poderá funcionar, porém os objetos serão locados em outro ponto e
deverão ser movidos manualmente.

O agrupamento de nós em verde calcula a diferença das coordenadas entre o “Project Base
Point” e o “Survey Point” e obtém as coordenadas absolutas das estacas conforme lista externa. O
agrupamento de nós em laranja captura a lista externa em Excel e passa para o próximo agrupamento
de nós para separação das colunas do Excel em seis listas distintas.

O grupo em azul escuro permite que o projetista selecione qual o “Type” da família que deseja
utilizar para modelagem automática e insere no modelo com base no agrupamento de nós em cinza que
contém a lista de coordenadas. O agrupamento de nós em roxo obtém todos os valores das listas
anteriores e altera os parâmetros das instâncias modeladas no projeto.

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Figura 8 – Exemplo de modelagem automática de estacas com base em lista externa

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4.3. Caso de uso III: apontamento de colisões do Navisworks diretamente no Revit

O processo BIM de apontamento de colisões (ou checagem de interferências) dentro do universo


de ferramentas da Autodesk envolve o desenvolvimento de projetos no Autodesk Revit com a posterior
verificação de incompatibilidades entre os modelos no Autodesk Navisworks, no entanto grande parte do
mercado da construção civil, em especial as construtoras, está acostumado com o processo de
compatibilização em 2D com a sobreposição de plantas das variadas disciplinas de um determinado
projeto. Com esta sobreposição os envolvidos na compatibilização apontam em planta cada interferência
ou grupo de interferências para que os projetos sejam devidamente corrigidos pelos projetistas.

A transição para relatórios com o apontamento de colisões apenas em 3D (conforme padrão não
customizado da Figura 9) não é aceita por algumas construtoras. Em função disso, para estes casos, o
projetista pode utilizar artifícios no Navisworks para exibir as colisões em planta (vista “top” com
visualização ortográfica) porém esta é uma tarefa que deve ser realizada individualmente para cada colisão
identificada pelo Navisworks o que poderá demandar muito tempo.

Figura 9 – Exemplo de relatório não customizado

Existem soluções de mercado orientadas a importação das colisões, porém, para o uso específico
que necessitávamos, o Dynamo se mostrou a melhor solução pois é altamente personalizável.

Neste caso de uso o projeto em questão foi modelado no Autodesk Revit contendo as disciplinas
de Arquitetura, Estrutura, Hidráulica, Elétrica e HVAC. O processo de checagem de interferências foi
realizado no Autodesk Navisworks.

Para a integração com o Dynamo o relatório de apontamento de interferências foi exportado do


Autodesk Navisworks no formato “XML” contendo o “Clash Point” (coordenadas XYZ do ponto de colisão),
“Item ID” (ID do elemento de acordo com o modelo Revit) e “Quick Properties” (contendo os parâmetros
“Category” e “Name”).

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A rotina no Dynamo separa em listas cada um dos parâmetros


exportados para o arquivo “XML”. Com base nas coordenadas obtidas a
partir do parâmetro “Clash Point” o Dynamo insere automaticamente no
modelo as famílias de anotação, conforme Figura 11, nas respectivas
plantas (como o elemento é em 2D é necessário “converter” a cota de nível
da colisão em uma vista correspondente àquele nível) informando todos
os valores dos parâmetros relativos à colisão conforme Figura 10.

Com base nas mesmas coordenadas são inseridos os “cubos”


amarelos em 3D conforme Figura 12 para fácil localização das
interferências. Figura 10 – Parâmetros da colisão

Figura 11 – Exemplo de apontamento de interferência em planta

É importante destacar que estes elementos são famílias carregáveis podendo ser
quantificadas/organizadas nas tabelas do Autodesk Revit (“Mass” e “Detail Item”) para análises e
filtros.

Figura 12 - Exemplo de apontamento de interferência em 3D

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5. Resultados

O Dynamo é uma ferramenta extremamente poderosa com imenso potencial para auxiliar não só
o desenvolvimento do projeto como todas as etapas do ciclo de vida do empreendimento, direta ou
indiretamente, podendo ser utilizado para estudos conceituais, automatização de inúmeros procedimentos
manuais (como os casos observados neste material), importação de conteúdo externo para alimentação
do modelo e muitas outras funcionalidades.

O terceiro caso de uso proporcionou enorme ganho de tempo no processo de apontamento de


interferências em planta, processo inicialmente realizado manualmente com alta probabilidade de erros e
baixa eficiência na verificação. Isto também permitiu que projetistas sem o hábito de verificação de
interferências em 3D pudessem participar do processo sem perda de produtividade. Desta forma o
potencial da checagem de interferências em 3D foi aliado ao padrão de visualização tradicional.

Eduardo Rocha Tavares


Email: eduardo.tavares@quattroD.com.br
Fone: +55 (11) 9-9112-8943
Site: www.quattroD.com.br

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