Você está na página 1de 5
‘oPmortssonPsqUADOR| tla Mari Soren ro Mi ccmpetoncacomunicativa de uaa se ampliando & madida que se ampliam também o Intorage © as tarotas comunieatves que tem do dosempenher nesses oportunidad de daservolv-a deforma sistomstica de agregar novos recursos comuniativos que Ihe permitiao construirsontengas bem frmadas, Sentengas bem frmadas s80 Sentengas de acorda com 9 sistema da lingua. Nao dovenos en- {ender esse conceto como sendo sentencas que segurem todas { as exigéncins de oramatica normative ‘Quer saber mais sobre compettncicomuniatva e recursos co- municativoa? Quer entender melhor a diferenga etre o conceit | de eentongas bom formads e 0 conceto de corregdo gramaticl td acord cam a ramatca normstiva? Entao liao lio de Stella Maris Borton-Rleard, Educaedo em lingua mates Pardbola Edl- torial, Sto Paulo, 004 em eapecial o capitulo 6:“Compaténciaco- ‘municativa’. Quando o aluno evanga do ensino fundamental a ‘ ensina médio esrrega eonaigo uma compettnca comunicativa bem detenvovide Mas noambito de cade dsciplina que compseo ‘curricula escolar, nas sucessivas fases da oscolarizacto, ele tard ‘oportunidad de conhecer nova dreas de saber ¢ Incorporar vo cabuliios especiieos dossas Aras, que agregaré a sev acervo | ‘de recutzos comunicativo. A forma como os professores de cada isciplina inroduzem aoweeconceitose terminologas, apelando- “so om usages, em exper ‘recursos # um bom tema pare aconducto do pesquisa avait ‘yas em sala de aula, Pode-eepeeqvir, por exemplo, como o8 po fessores aasoclam as novasInformagSes a conhecimontos ante- tm traatho dessa natureza que a otndgrla Shirey Brie professoca da Universidade de Stanford, desenvolveu com o hos de gnc nas escolas em quo lao sous alunos de um curso do formate de professors trabalharam, como veremos nos cpl tulossubsoquantes (Bri 1963), UO O professor pesquisador ssim como os pesqusadores que pesquisam cultras cstranhas sua, os pesquisadores, em especial os etn arafos que se propaem a interpreta as agbes que tnt ugar em uma escola ou em uma sala de aula co _gam se trabalho de pesquisa procurando responder ates peruntas O que esté acontecendo aqui? (0 que essas agdes significam para as pessoas envolvidas ne: las? Ou seja, qual so as perspectivas interpretativas dos agentes envolvidos nessas ages? Como essas agbes que tem lugar em um microcosme come ‘sala de aula se relacionam com dimenséies de naturez rmacrossocial em diversos niveis: © sistema local em qu f escola esté inserida, a eldade ¢ a comunidade nacional? (Erickson, 1990) ‘Quando se voltam para a andlise da efcigncia do tral pel 9, esses pesquisadoresestio mais interessados no processo lo no produto, Também nao esto a busca de fendmeros que tenbi envol¥vidos no trabalho pedagégico conferem a suas AGO, esto busca das perspectivas signiicativas desses ators onorme exis o nga Frederick Eicon (190), 4 ‘OmOMESSORHSQUSADOR| Sts Nari Soran do desde pessoas especicas quando elas escolhem como vao conduzir sua agdo socal. A pesquisa interpretatvista nao est interessada ‘em descobrir leis universais por meio de generalizagdesestatisticas, ‘mas sim em estudar com muitos detalhes uma situaedo especfica ‘para compari-laaoutras situagées, Dessa forma, ¢tarefa da pesqu ‘a qualitativa de sala de aula construire aperfeigoar tearias sobre a ‘organizagzo socal cognitiva da vida em sala de aula, que é 0 con texto por exceléncia para a aprendizagem dos educandos, Nos préximos capitulos deste lio, vamos nos familiarizar| ‘com procedimentos que nos habilitem a conduit pesquisa qualita tiva, especialmente pesquisa de natureza etnogratica, Mas antes de passar a discussto desses procedimentos, comen: faremos rapidamente duas pesquisas que se tormaram modelos. Na década de 1970, a etnégrafa norie- americana Shirley Brice Heath conduziv uma importante etnografa em comunidades do sul dos Es tados Unides, no perfodo de 1969. 1978, enfocandoa vida social nas comunidades e no interior de suas escolas (Brice-Heath, 1983). Ela estavainterescada em saber como as pessoas usavam artfatos dele ‘ramento, como livros de histrias,jornais, mapas, cartas, papéls de pared ete, em atividades e eventos em sua vivenca social, Se fo ‘de pesquisa foram os modos de falar e de aprender de eriangas em ‘és comunidades: uma comunidade negra, rural, de classe trabalhs dora, uma comunidade branca, rural, de classe trabalhadora, € una comunidade de classe média urbana, eticamente mista. Ela exam nou a interagao de adultos e criangas ede eriangas entre sina escola, na mua, em pracinhas ¢ outros espagos pablicos. Como professor: de lingustica e de antropologia em um curso de formago de pro- fessores de uma faculdade, transformou seus alunos em verdadeios ‘etndgrafos,levando-os a entender as maneiras como as crianas i ddavam com artefatos de letramento.em suas familias ¢ comunidades, Dessa forma, induiziw & adogo, em salas de aula das escols loca, de priticas familiares aos alunos, que facilitassem sua aprendiza gem da lingua. Os estagiries, js investidos na func de etnratos, voltaram-se para.a observagio de como as eriangas construam sta rarrativas, como interpretavam recomendagoes « perguntas feitas pelos professores, entre outros aspectos. Os 000TH PROFESSOR PesQusADOR também foram motivados a presiaratengao a tragos da prondincia local dos grupos étnicos, muitos dos quais sio mareas idenitrias para esses grupos. Além de observar os tragos tipicos da prontinca, fs criangas os esagiirios também abservavam as mudangas espon- tineas que as pessoas faviam em sa fala, d_pendendo do context. ‘Com 0s alunos da 5* sie, Brice-Heath ¢ seus professorandos esenvolveram tim projeto que ela denominou “Tornar-se tradutores, de ciéncas”,eujo objetivo eta observar os saberestradicionais sobre 4 agricultura, habitosalimentares e a vida das plantas. Elesvisita- vam os moradores ¢ os observavam em sas hortas ¢ Jardins e o8 entrevistavam. Iam também colecionando documentos artefatos, “como livros de rceita, ftografias ehistérias de vida. Seu objetivo era fobservar como as pessoas la commuinidade procuravam traduzir seu onhecimento tradicional em conecimentocienifico ao dar seus de- imentos. Os dados que recolhiam, como depoimentos e historias, datilografados pela professor e foram compondo um livro. Os 1s, além de melhorarem muito seu desempenho na dsciplina de fnclas, aprenderam a falar sobre mods de obter everificar infor les nao 6 izeram uso de métodos de pesquisa etnogratic, ono aprenderam falar sobre eles. Ao final do projto,estavam ap> a traduriro discurso da oraldade da tradicto local em ur diseur- entific (escolar) comparando categorias de um e de outro Diitio de bordo © tere ltramanto & geralmenta emoregado pare iniar um ‘cero cultural preserva por meio da oacita Podemos usar 9 mo latamerto no plus, ouentzo nos eter a eultras de tramente para prossrar finde que no existe sd ua cu- trade ltrament, Nas comunidades soi, convivem cultras doletamentosseecladsea diferentes atividades: soca clant- ‘04 roliioss, rofesionsis ete Tamm existem manifstagbos ras letradasassoclada 8 cat popula, come satura do corel, por srempla. Uma cultura de Intramanto 6 constlda do prticassociais em ave ‘ommoressonPSQUSADOR | Sila Mars Boron Rado Tm ‘Outra pesquisa de natureza emogrfica que se tornou um mo: delo & a que foi conduzida pela professora de Harvard, Courtney Cazden, no inicio dos anos’ 1980. Cazden (1988) focalizou as di ‘mensGes de continuidade e descontinuidade entre o lar ea escola ‘a vida das criangas, dando atengio espocial aos processos intera~ Cionais em sala de aula. Assim como Brice-Heath, ela mostra que ‘ertos grupos sociais desenvolvem em casa atividades de letramen- toafins a atividades das escolas. Quando isso acontece, atransicio das criangas do lar para a escola € mais facilitada Cazden também divulgou o conceito de andaimes, proposto originalmente pelo psicdlogo americano Jerome Bruner com base nna tworia vigosskyana, Me “Radian & wm tena metatrico que oo reore 8 9=. f ‘tabaci tetsu uel peumentre ete anne meteee cat Bee ic emreni oto doco Sola pease cist cee amet fee te soo susie bs esta iets pao rots sasse lego cs pare see. Oru ea eM ec ase amatenceoateee Pies castitpentacers eaced suse etme Ieeaiipaiecetccncnte cs acct estan see se pcasear a ra eee eneeare Tr Pep osname 8 IB periente de uma cult ‘Um trabalho de andaime, ou andaimagem, pode tomar a for ‘ma de um preficio a uma pergunta, de sobreposicao da fala do professor & do aluno, auxiliando-o na elaboragao de seu enuncia: do, de sinais de retorno, comentarios, reformulagbes, reelabors: ‘eho e pardfrasee, principalmente, expansao do seu turno de fala ‘Todas essas estratégias dio a0 aluno a oportunidade de "recon: ceptualizar” 0 seu pensamento original, seja na dimensio cogni tiva seja na dimensio formal (Bortoni-Ricardo & Sousa, 2006), Carden (1988) associa a reconceptualizagho 40 turno de fala io 01H © PROFESSOR PsqUSADOR ‘esse tumo no deve ser apenas um veredito sobre a corresdo ou ‘8 incorreso da contribuigo do aluno. Antes, € uma oportunidade de induztlo a novas formas de pensar, de analisar, de categorizar Segundo a autora, hé uma diferenga crucial entre sjudar um aluno ‘dar uma respostae ajudé-lo atingir uma compreensao conceitual ‘que lhe permitiné produsirresposias coretasepertinentes em stua- {ies semelhantes. trabalho de andaime pode ser feito por profes Sores de qualquer disiplina e em qualquer situagao de sala de aul. ‘A anlise desse processo em sala de aula pode-se constiuir em um bom tema para uma pesquisa qualitativa, baseada na observagao. azden enfatizou também a necessidade de reproduzir na escola ce ‘mentos da cultura original das eriancas, como cantigas, jogos, cha tad et, Elarecomenda, em conelusto, a integragao das dimensdes vo? poe pensar na intraco entre professor alunos om wna Slade aude doensino fundamental ot wma sain de ala do fersina médio de qualquer dicing, procurand identifior sega ope ue se cern como aris et sto apresentat, Outrayossblidade EObSENA fntsimes consis pels alunos entre si quando eX ‘to faze ws aba Conjunto, 7) [No comego dos anos 1980, dois aspectos na didatica de sala ‘ganharam relevineia, especialmente, em paises industria 8 interagio professor-aluno e a qualidade do processo de izagem. Essas duas tendéncias motivaram os professores a ‘ohabito de investigar seu proprio trabalho pedagézico, visan- ifear a melhor forma de apresentar um assunto ou t6plco de aula ea acompanhar o processo de aprendizagem dos Tiles comegaramn a investigar suas préprias turmas ea tocar 0 que Thes permits identiicarem achados equivalen- contraditrios, A mesa que aprofundavam essa experigncia, psoresson PasQUADOR | Sta ar oron-eafo IN fase estudos de caso, em que descreviam sas estratégias. Surg assim a énfase na figura. do professor pesquisador, cujos trabalhos ‘tém trarido contribuigdes para um melhor entendimento do proces- so de ensino-aprendizagem (Kamberelis & Dimitriadis, 2005) 1) ue signin erm profesor pesulsador? 2) ue aspects de sun aco pedagogic canst pro: lems que mereceram investing? 3) Que benefios a inetigach desss problemas pode tomzer ase trabalho? Nao seesquea de registra suas spot :. Sobro 0 professor pesquisador loin as seguines g E obras: O papel da pesquisa na formarao e na pritca 1B dos professores, organizada por Marl André, 0 0 yy see Pee aan iw Sarin eae ene eae ast eae are ceric thease or oars Diets see feamisaees og seam Pisce ws cnteyeeas (i ae et nt enact eee ere eee aan ae Reeienedt arses tempat Ree aa ce (ope a oe ae pesquisa, Uma forma de contornar esse problema éadotar métodos de pesquisa que possam ser desenvolvidos sen prejatzo do rubs ho docente, com uo de un dirio de on 1 TIHIHIIIMNL © PROFESSOR PesqUsADOR «diério & uma pritica muito familiar aos professorese & possvel fa- zer anotagées entre uma aividade e outa, sem que isso tome muito tempo, O didrio também é uma antiga pratica de leramento bem consolidada em nossas culturas, Um exemplo citado por Altrichter et al, (1993) si0 as Confissdes de santo Agostinho. Outro exemplo vem do trabalho de Malinowski, comentado, Esse pesquisador fez uso de dirios,registrando com riqueza de detahes suas observagies S0- bre a comonidade que investigava ‘A produsio de um disrio de pesquisa varia muito de pessoa para pessoa, mas a literatura especializada traz sugest6es para ‘© contetido de disrios dessa natureza. Os textos mais comuns ue sBo incorporados a0s difrios s80 descritivos de experién- jas que o professor deseja registrar, antes que se esqueca de de- Ihes importantes. Sequéncias descritivas nos dirios contem tvas de atividades, descriges de eventos, reproducdes de ldlogos, informagdes sobre gestos, entoagao e expressoes fa- is. Esses detalhes podem ser muito importantes. Falas do ;prio professor ou de outra pessoa devem ser reproduidas 0 is fielmente possivel Além das sequéncias descrtivas, constam também dos didrios sequéncias interpretativas, que contém interpretagoes, avalla 5 especulactes, ou seja, elementos que vo permitir a0 autor wolver uma teoria sobre a ago que esta interpretando. ‘A releitura das notas de wm didrio é muito dtl porque pode Jar inclusio de mais detalhes que voltom & meméria. 0 pode incluir também notas tedricas, que ajudem 0 pro- 4 construir sua teoria, bem como notas sobre a sua me~ log ja posta em pritica, ox propostas para uma atividade . B aconselhavel que, no eserever um diario, seja manu: lc, soja no computador, o autor deixe uma margem razosvel sna, onde poder acrescentar observagdes ou lembretes. finda que o professor pesquisador pode tomar notas si- jente hs suas atividades ou ap6s © trabalho; no pri- ‘ano, ele val precisar desenvolver algumas estratéias de igilizar a esrita, ole aos registro sobre temas que podero ser objeto de inves tiga rm sua prion docente que vou elaboron nese di fh de boro xolna un desis tomas fac observances sala de aula que he permitam escrever win gina de wn dro com anotngies elacionadas ‘0 tema exolhida Uma grande vantagem do trabalho do professor pesquisador & ‘que le resulta em uma “tori pres’, ou seja, em conhecimento que pode influenciar as agdes priticas do professor, permitindo uma ope- racloalizago de processo agSorreflexto-agéo, como se demonstra na Figura 4. Voce vers mais sobre essa questo nos capitulos subsequentes, ‘Coli panzal Ate ae no lotr da profersora Severs, u pans come si rates como eu fia, se fara difernt, se faria qual ala, mas aes eae aor pee can As rotinas da Pesquisa qualitativa* ste capitulo tratard de rotinas da pesquisa qualitativa, ‘que se aplicam também a0 trabalho do professor pes- quisador. © objetivo da pesquisa qualitativa em sila de aula especial a ctnografs, & 0 desvelamento do que esté dentro da preta” no dia a dia dos ambientes escolares, identificando S08 que, por serem rotineltos, tornam-s “invsives” para os| ores que deles participa. Dito em outras palavras, os atores acos- mans tanto 8s suas rotinas que tém dficuldade de perceber 08 cs estnuturals sobre os quais essas rotinas e priticas se assen- Mm ou —o que é mais sério— tém difculdad em identificar os sig- maivampl, matics gucasconcon, mas amb ‘condicionada, a 0 objeto de sua pesquisa: perguntas exploratérias A pesqulsa inieiase com perguntasexploratrias sobre temas ‘que podem constituir problemas de pesquisa. E mito importante ‘ue 0 pesquisadorreflta sobre tais temas, para escolher um dles, ”

Você também pode gostar