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KEVIN LYNCH cA IMAGEM DA CIDADE Titolo ak The Image ofthe ei © 1960 by the Mawsachusets Institute of Technology and the President and Fellows af Harvard Cale ‘Tradugo de Mia Cristina Capa de Balgdes 70 Depésivo legal n° 197120009 ISHN 972-44-0379.8, ay para 1udos os paises de Hints portugues por Eaigdes 70, fae EDICOES70, LDA. ‘us Luciano Condit, 123-3. Fag’ ~ 1069-157 LISBOA /Porugal Telet= 213 190240 Fags 213 190249 Eagle. 70@aiteepse pL wnwaioosTOip xa obra et pga pt ‘otodooaempartequlges aie soo tia, inctunde lnecpineerocpi, sepsis auoieg dotor edicdes 70 ualqor vanes Ll dos Dios do Ar ser pst de ‘woeedimero el ‘pode ser epradicla 1. A IMAGEM DO MEIO AMBIENTE Contemplar cidades pode ser especialmente agradé- vel, por mais vulgar que ¢ panorama possa ser. Tal como uma obra arquitectSnica, a cidade € uma construcéo no espaco, mas uma construgdo em grande escala, algo ape~ nas perceptive! no decurso de longos perfodos de tempo. design de uma cidade € assim, uma arte temporal, mas raramente pode usar as sequéncias controladas ¢ limitadas de outras artes temporais como, por exemplo, a misica Em ocasides diferentes e para pessoas diferentes, as se~ quéncias $30. invertidas, interrompidas, abandonadas, ‘anuladas. Isto acontece a todo 0 passo. A cada instante existe mais do que a vista aleanga, mais do que 0 ouvido pode ouvir, uma composicao ou uum cenario & espera de ser analisado. Nada se conhece em si préprio, mas em relagio ao seu meio ambiente, & cadeia precedente de acontecimentos, & recordagio de experiéncias passadas. Se colocassemos a Rua Washing- ton no campo de um agricultor, esta podetia asseme- Inar-se 2 uma rua de comércio no coragtio de Boston: pa- receria, contudo, completamente diferente, Todo 0 cida- 640 possui numerosas relagdes com algumas partes de sua cidade e a sua imagem esta impregnada de memérias € significagées. ‘Os elementos moveis de uma cidade, especialmente as pessoas € as suas actividades, so tio importantes ‘como as suas partes fisicas e iméveis. Nao somos apenas MW Gbservadores deste especticulo, mas sim uma parte activa dele, participando com os outros num mesmo paleo. Na maior parte das vezes, a nossa percepcao da cidade nio & Integra, mas sim bastante parcial, fragmentaria, envely da noutras referéncias. Quase todos os sentidos setdo Envolvidos © & imagem € o composto resultante de todos eles. A cidade nio € apenas um objecto perceptivel (e tal- Yee apreciado) por milhoes de pessoas das mais variadas lasses sociais e pelos mais variados tipos de personal Gades, mas € 0 produto de muitos construtores que cons, {antemente modificam a estrutura por razdes particulares Se, por um lado, podem manter-se as linhas gerais exte, {ietes, por outro, hi uma constante mudanga no porme- hor. Apenas parcialmente & possivel controlar o ses creas Cimento ¢ a sua forma. Nao existe um resultado final, mas somente uma continua sucessio de fases. Assim, mac Podemos admirar-nos pelo facto de x arte de dat forma as Cidades, visando um prazer estético, estar bastante distan. {2 de arquitectura, da misica ou da literatura. Pode apro. Veitar delas grandes contributos, mas néo pode imitacine Numa cidade, um meio ambiemtc belo e agradavel & algo raro, impossivel, diriam mesmo muitos. Nenhume cidade americana, maior do que uma aldeia, é uniforme ¢ Gualitativamente agraddvel, embora em algumas cidade. Se encontrem partes apraziveis. Nao é, portanto, de admi, {a 9 facto de « maior parte dos americanos ni0 se aper, ceber do que pode significar viver em tal ambiente. Estes {Gm 2 conseineia dos tagos Telos do mundo em gue vin vem © preocupam-se com a sujidade, 0 fumo. o calor a aglomeragéo, © caos e, no entanto, com a monotosia também. Mas dificilmente se apercebem do valor poten, Sial ee arredores harmoniosos, um mundo que apenas fitam num répido relance, na qualidade de turistas ou em breve visita de férias. Nao se apercebem do que uma eer utura pode significar em termos de satisfacdo diaria, de abrigo para a sua existéncia, ou como um prolongamente do sentido ou riqueza do mundo, Legibilidade Este livro ocupar-se-d da qualidade do ambiente vie sual da cidade americana, estudando @ imagem mental ue 0s cidadios tém dela. Concentrar-se-4 especialmente uma qualidade visual particular: a aparente clareza on , mas que provou ter sido treinado, desde a sua infancia (por uma mie que no conseguia distinguir a direita © & esquerda), a reagir 8 nogdo de «lado este do vestibulo» ou de «ponta sul do armério da cozinhae."! 2 A explicagio de Shipton em relacdo & descoberta na subida do monte Evereste ilusira um caso significativo de tal aprendizagem. Aproximando-se do monte Evereste Por um novo caminho, Shipton reconhecew imediatamen- te os cumes e vertentes principais, que conhecia, mas vis tos do lado norte. Mas o guia sherpa que 0 acompanhava, © para quem ambos os lados eram ha muito conhecidos, hnunea se tinha apercebido de particularidades semelhan- tes e saudou esta descoberta com surpresa e satisfusao. Kilpatrick descreve 0 proceso da aprendizagem da ercepcio, forgando um observador através de estimalos ovos que deixaram de estar adaptados as imagens pré- vias. “* Comega por formas hipotéticas, que explicam os novos estimulos conceptualmente, enguanto persiste a ilusdo das formas antigas. A experiéneia pessoal da maior Parte de n6s por a prova esta persisténcia numa imagem iusdria, muito depois da sua inadequagdo estar concep- walmente aceite. Othando selva, apenas vemos a luz do Sol nas folhas verdes, mas um ruldo alertador diz-nos ue um animal se encontra ali escondido. Entio, 0 obser vador aprende a interpretar a cena distinguindo indica G0es fornecidas ¢ repensando sinais prévios. O animal escondido pode agora ser captado pela reflexdo dos seus, olhos. Por fim, através de uma experigneia repetida, todo © modelo de percepgio € mudado ¢ 0 ebservador J no. necessita de procurar conscientemente informagoes ou ligar novas informagdes a uma velha estrutura, Ele con- seguiu uma imagem que seré operacional auma nova si tuagdo, parecendo natural certa. Logo, subitamente, 0 animal aparece por entre as folhas to elaro como o die Do mesmo modo, temos de aprender a ver as formas ‘cultas na vasta area das nossas cidades. Nao estamos habituados a organizar @ 2 imaginar um meio ambiente artificial em téo larga escala; no entanto, as nossas acti- vidades coagem-nos a tal. Curt Sachs dé ui exemplo ds incapacidade de efectuar ligagses acima de um certo ni- vel. A vor e 0 som dos tambores dos indios norte-ame Ticanos seguem ritmos completamente diferentes, sendo aquela percebida independentemente deste ultimo. Procu- rando uma analogia musical mals perto de nés, Cuct Sachs menciona as ceriménias da igreja, onde nao pen- samos em coordenar 9 cora dentro do edificio com os sinos na torre Nas nossas vastas areas citadinas ado facemos a lic gacio do coro com os sinos: tal como o guia sherpa ve~ ‘mos apenas as vertentes do monte Evereste ¢ nio a mon- tanha. Aumentar e aprofundar a nossa percepgio do meio 22 ambiente seria continuar um desenvolvimento bioldgica ¢ cultural, que foi dos sentidos de contacto aos distantes, ¢ dos sentidos distantes as comunicagdes simbélicas. A nossa tese baseia-se no facto de que podemos desenvol- ver # nossa imagem do meio ambiente operando sobre a forma fisica externa, através de um processo de aprendi- zagem interno. Na realidade, a complexidade do nosso meio forgacnos a proceder deste moda. No Capitulo 1V iscutir-se-4 como isto pade ser feito © homem primitivo era forgada a melhorar © seu meio ambiente adaptando a sua percepcao a palsagem existente. Podia efectuar transformagées de menor impor- fincia com tUmulos, fogueiras ov sinais nas drvores, mas as transformagdes substanciais para uma clareza ou inter- ligagdo visuais estavam limitadas a locais para construgio de casas ou recintos religiasos. $6 civilizagses poderosas podem comecar a actuar no seu meio ambiente de um ‘modo significante. Apenas recentemente se tornou pos vel a consciente remodelarao em larga escala de meios ambientes fisicos e, por isso, 0 problema da imaginabili- dade ambiental é novo. Do ponte de vista técnico, é pos- sivel criar paisagens novas num curto espago de tempo, como, por exemplo, os digues holandeses. Aqui, os de- senhadores encontram-se jf ocupados com a questio de ‘como poderio formar o panorama total de modo a que se torne facil para o observador humano identificar as partes e estruturar o todo. #9 Estamos a construir rapidamente uma unidade fun- cional, a regiéo da grande cidade, mas temos, contudo, também de compreender que esta unidade deveria ter & sua imagem correspondente. Susanne Langer pOe 0 pro- blema na sua definigdo breve de arquitectura: «£ o meio ambiente no total tornado visivel.» # lll. A IMAGEM DA CIDADE E OS SEUS ELEMENTOS Parece haver uma imagem piblica de qualquer cida de que € a sobreposicao de imagens de muitos indivé duos. Ou lalvez haja’ uma série de imagens publicas, criadas por um niimero significativo de cidadaos. Tais imagens de grupo sio necessirias, quando se pretende que um individuo opere de um modo bem sucedido den- {to do seu meio ambiente ¢ coopere com os seus eompa- nheiros. Cada individuo tem uma imagem prépria e nica que, de certa forma, rararente ou mesmo nunca é divul- gada, mas que, contudo, s> aproxima da imagem piblica © que, em mecios ambientes diferentes, se torna mais ou menos determinante, mais ou menos aceite. Esta anélise limita-se aos efeitos dos elementos fisi- cos perceptiveis. Ha também outros factores influencia- dores da imagem, tais como o significado social de uma ‘rea, a sua fungio, @ sua historia ou, alé, 0 seu nome. Passaremos por cima disto, uma vez que 0 nosso objecti- vo é, agora, descobrir a importancia da forma. E elemen- lar considerar que o design actual se deveria usar com 0 fim de reforgar o significado e no de o negar. Os elementos da imager urbana até aqui estudados, que podem referir-se a formas fisicus, so passiveis de uma classificagao conveniente em cinco tipos de elemen- tos: vias, limites, bairros, eruzamentos e elementos mar- ceantes, 7 De facto, estes elementos, uma vez que aparecem ‘em muitos tipos de imagens do meio ambiente, tal como se pode verificar no Apéndice A, podem fer um uso mui to generalizado. Podemos defini-los do seguinte modo: 1. Vias: so 08 canais 20 longo dos quais 0 observa dor se move, usual, ocasional ou potencialmente. Podem ser mas, passcios, linhas de transito, canais, caminhos- -de-ferro, Para muitos, estes so 0s elementos predomi- nantes na sua imagem. AS pessoas observam a cidade & medida que nela se deslocam e os outros elementos orga: nizam-se e relacionam-se a0 longo destas vias 2. Limires: os limites so 0s elementos lineares nio usados nem considerados pelos habitantes como vias, Sio as fronteiras entre duas partes, interrupgses lineares na continuidade, costas maritimas ou fluviais, cortes do caminho-de-ferr0, paredes, locais de desenvolvimento, Funcionam, no fundo, mais como referéneias secundarias do que como alavancas coordenantes; tnis limites podem ser barreiras mais ou menos penetrdveis que mantém uma regido isolada das outras, podem ser «costuras», linhas a0 longo das quais regives se relacionam © encontram Estes elementos limites, embora nao tao. importantes como as vias, so, para muitos, uma relevante caracteris- tica organizadora, particularmente quando se trata de manter unidas éreas diversas, como acontece no delinear de uma cidade por uma parede ow por dgua 3. Bairros: os bairros sto regides urbanas de tama- nho médio ou grande, concebidos como tendo uma exten- stio bidimensional, regides essas em que o observador penetra («para dentro de) mentalmente © que reconhece como tendo algo de comum e de identificdvel. Séo sem- pre passiveis de identificagao do lado interior ¢, também, do exterior, no caso de se poderem notar, com diferengas de individuo para individuo. A maior parte dos cidadaos estrutura desic modo a sua cidade, cujos elementos im portantes so as vias ou os bairros. Isto parece depender nid 86 do individao mas também da cidade em questio, 4, Cruzamentos: os eruzamentos so pontos, locas estratégicos de uma cidade, através dos quais 0 observa- dor nela pode entrar ¢ constituem intensivos foeos para os duals e dos quais ele se desloca. Podem ser essencialmen- te jungbes, locais de interrupeio num transporte, um en- trecruzar ou convergir de vias, momentos de mudanca de uma estrutura para outra. Os'cruzamentos podem, tam- bbém, scr simples concentragdes que se revestem de im- portancia por serem a condensagio de alguns habitos ov 38 pelo seu caricter fisico, tois como a esquina de uma rua 0 um largo rodeado de outros elementos. Alguns desies nbs de concentragio sio 9 foco ou o «Fesumor de um bairro. E destes nés que a sua influéncia iradia muitas veues, tomando-se, por vezes, um eruzamente o simbolo de um bairro, Podem, por isto também, chamar-se scentros». Muitos destes n6s parilham da natureza tan- to das jungdes coma das concentragses. O conceito de cruzamento esti relacionado com o de via, pois os eru- tamenios slo tipicas convergéncias de vias, factos do percurso, Esti, semelhantemente, ligados ao conceito de bairro, devido a0 seu carivter de micleo, que, por sua ve2, € 0 foco intensivo, 0 centto polarizador do bairro. Em qualquer caso ou imazem, encontram-se pontos fo- ‘ais €, em alguns casos, cles sio até a caracteristica do- minante 5. Pontos marcantes: estes sio outto tipo de refe- réneia, mas, neste caso, observadar ndo esta dentro eles, pois sdo externos. Séo normalmente representados por um objecto fisico, definide de um modo simples: edi- ficio, sinal, loja ou montanha. O seu uso implica a sua distingio € evidéneia, em relagao 2 uma quantidade enorme de outros elementos. Alguns pontos marcantes sitam-se a grande distancia, acima dos eumes de outros elementos minis pequenos > So usados como referéncias radiais. Podem situar-se dentro da cidade ow a uma tal distincia que desempenhan a fungio constante de simbo- lo de direcsio. E 0 caso de torres isoladas, clpulas dou- radas, colinas extensas. Até um ponio mével como o Sol, cujo percurso € sufivientenente regular e lento, pode set aproveitado como tal, Outros pontos marcantes sto es- sencialmente Tocais, podendo ser avistados apenas em regides restritas e a certa proximidade. Estes Si0 0s sinais inumeraveis, as fachadas de lojas, arvores, puxadores de portas e outros detalhes urbanos gue completam a ima- gem da maior parte dos observadores e so, normalmen- fe, usados como indicagdes de identidade e até de estru- tura, Parecem adquirir um significado crescente medida que as deslocagées se vao tornando cada vex mais fami- liares, ‘A imagem de uma dada realidade fisica pode alterar ‘ocasionalmente o seu tipo, se as circunstincias de obser- vagio forem diferentes. Assim, uma auto-estrada pode Set uma artéria de comusicagéo para © motorista eum limite para un pedo. Uma érea central pode ser encarada ‘como um bairro no caso da cidade estar organizada em média escala ou apenas como um eruzamento se conside- 59 Farmos toda a érea da metrépole. Mas as categorias pare- cem possuir uma certa estabilidade para um observador, quando este opera num determinado nivel Nenhum dos elementos-tipo, acima mencionados, existe isoladamente na realidade. Os bairros contém era. Zamentos na sua estrutura, so demareados por limites, cruzados por vias € salpicados por elementos marcantes. Os elementos sobrepoem-se © interligam-se constante- mente. Se esta anilise comega com a diferenciagao dos elementos em categorias, tem de terminar com a sua rein- tegracgdo no todo que & a imagem. Os nossos estudos for- necem informagdes acerca do cardcter visual dos tipos de elementos. Isto seré discutido adiante, O trabalho fez Fevelagdes acerca das inter-relagdes entre os elementos € niveis de imagens, qualidades de imagens ou desenvol- vimento de imagens, infelizmente apenas de um modo Feduzido. Os tiltimos t6picos serdo tratados no fim deste capitulo. Vias Para a maior parte dos entrevistados, as vias const twiam 0s elementos predominantes, embora a sua impor: tancia variasse com o grau de conhecimento da cidade Gente com um conhecimento reduzida de Boston tinha & tendéncia para imaginar a sua cidade em termos topo feos, regides vastas, caraceristicas generalizadas € rela- Goes dueecionais vagas: aqueles que melhor a comheciam lominavam, de modo geral, a estrutura das vias, pensa- vam em termos de vias especificas e das suas inter-rela- Ses; otros, gue melhor do que ningbém a sonheciam, serviam-se mais de pequenos elementos marcantes do que de replies ou vis Nao deveriamonsiestnato dee potencial ¢ a identficagso no sistema das auto-estradas Um sujeito de Jersey City, para quem deserever 0 seu ambiente nao € algo de grande valor, interessou-se, te Pentinamente, quando falava do Holland Tunnel. Um outro falou-nos acerca do seu contentamento, ‘Atravessa @ Avenida Balduin, v8 toda a cidade de New York us frente, ve uma po de ras Palisades) — e ag es16 0 panorama aberto da parte baixe de Jersey Ciy, diante de si: © descendo a colina, jf sabe: hé o Wael, hé o rio Hudson © tudo © mais... Eu olho sempre para o Empire State Building 60 ara ver como esté o tempo... Sinto-me de facto feliz por ir a ‘algum local, pois adoro ir a qualquer local, Vias especificas podem tomar-se importantes em muitos sentidos. Uma das influéncias mais fortes seré, sem divida, o habito de se deslocar de modo que as vies de aceseo mais importantes, tis como a Rua Boylston, Storrow Drive, a Rus Tremont em Boston, Hudson Bou- levard em Jersey City au as autovestradas em Los Ange- les, sejam todas caracteisticas-chave da imagem. Obsti- culos ao tréfego que, muits vezes, complicam as estrutu- ras, podem, noutres cases, ser clarificadores, concen- trando fTuxos diversos em poucos eanais, que, assim, so passiveis de dominio conceptual. Beacon Hill, sendo um irculo gigante, aumenta a importincia das Ruas Charles Cambridge; o jardim piblico reforga a Rua Beacon. O Tio Charles, redizindo o téfego a alzumas pontes bastan- te visiveis, cada uma com a sua forma individual, clarifi- ca, sem divida, a estrutura de vias. De modo bastante semelhante operam as Palisades em Jersey City, focando 4 atengao nas trés ruas que as atravessam de uma forma ‘bom sucedida. ‘A concentragéo de um costume ou de actividades especiais numa rua pode conceder-Ihe um lugar predomi ante na mente do observador. A Rua Washington € 0 excmplo a verificar em Baston: ela constantemente as- sociada ao coméreio e ao teatro. Alguns estendem estas caracierfsticas a partes da Rua Washington, que séo jé bastante diferentes (por exemplo, perto da Rua State); muitos parecem nfo saber que esta rua continua para além deste segmento de recreagdes, pensando que ela acaba perto das Ruas Essex ou Stuart. Los Angeles tera, deste facto, muitos exemplos: Broadway, Rua Spring, Skid Row, Rua 7 — onde as concentragdes de costumes sio suficiontemente evidentes para criar bairros lineares 'As pessoas parecem sensiveis a mudangas na intensidade de vetividade que se Thes depara e, por vezes, orien- tam-se, em grande parte, seguindo a principal afluéncia de trifego. A Broadway de Los Angeles foi reconhecida pelas suias multiddes e quantidade de carros; a Rua Was- hington, em Boston, foi marcada pela afluéncia de pedes uiras especies de activicades, num nivel primério, tam ‘bem parecem tornar certos lugares evidentes como, por exemplo, as construgoes perto da Esiagao Sul ou @ activi- éade do mereado de alimentos. Qualidades especiais caracteristicas conseguiram reforgar a imagem de determinadss vias, isto é, ruas com 61 Fig. 30, pig. 89 Pig. 18, pg. 48 Fig. 21, pdg. 64 Fig. 7, pag, 34 ‘ig. 20. pig. 50 extremos, quer muito largos quer muito estteitos, atraem fs atencées. A Rua Cambridge, a Avenida Common. wealth e a Avenida Atlantic sao todas bem conhecidas em Boston ¢ foram todas assinaladas como sendo extrema, mente largas ¢ amplas. Caracteristicas espaciais de lar gueza ou falta de espago devem parte da sua importancia 8 associagiio comum de ruas principais com ruas largas ¢ de ruas secundérias com ruas estreitas. A procura ¢ a eonfianca nas rues «principais (ou seja, as Tuas largas) toma-se automatica e, em Boston, 0 modelo real apoia, hormalmente, esta impressio, A Rua Washington, estrei- fa como €, torna-se uma excepcao a esta regra ¢ 0 com. traste funciona, aqui, de tal modo que @ nogao de estreito € reforeada por edificios altos e grandes multidoes, tor. nando-se 0 préprio oposto factor de identificagao. Algu. mas das dificuldades de orientagéo no bairto financeiro de Boston, ou a anonimidade da rede em Los Angeles, podem dever-se a esta falta de dominio espacial. Caracteristicas especizis nas fachadas eram também importantes para a identificagao das vias: a Rua Beacon ¢ 2 Avenida Commonwealth eram, em parte, distinguidas devido as fachadas dos edificios que nelas se encontram A textura do pavimento pareceu ser menos importante, exceptuando casos especiais como a Rua Olvera, em Los Angeles. Tudo indica que pequenas quantidades de vege- fagao se revestem de uma menor importéncia, mas as quantidades maiores, como a da Avenida Common. wealth, podem reforgar s imagem de uma rua de um modo significativo, A proximidade de tragos especinis da cidade poderia, também, dotar uma rua de uma maior importancia, Neste aso, ela teria fungdes secundarixs, como um limite, A Avenida Atlantic obtinha grande parte da sua importancia Pela sua relagdo com o eais e 0 porto e Storrow Drive pela ‘sus localizagao a0 longo do rio Charles. As Ruas Arlington © Tremont eram notadas devido a um dos seus lados se estender ao longo de um parque: a Rua Cambridge torna va-se clara para os habitantes pela sua relacdo fronteiriga com Beacon Hill. Outras qualidades que conferem impor. tncia a simples ruas sio a situacio visual das proprias ou 4 sua situagdo visual a partir de outras partes da cidade, A. Central Artery era importante devido 4 sua proeminéncia, seguindo através da cidade num percurso ascendente, Ag Pontes sobre o rio Charles também eram notadas a longas distancias. Mas as auto-estradas de Los Angeles, nos limi tes da rea central da cidade, estio ocultas por cortes ou construgdes de muros. Um nimero de individuos que se 0 destocava de automévelafrmou que a sua atengdoaumen- tava quando sala de una utovesirads, esperando abran fer. chido, um grande espaso com a vista, Outros alaram das auto-estradas como so elas ndo existisem ‘Ocasionalmente, as rua edguiriam importncia por razoes estutrais A Avenida Massachusets eta, ars 2 maior parte das pessoas, pura estrutira, quando 80 onseguiam descrever. Contudo, sua rlagio come in terseopio de muitas russ confusas fez dela Um elemento de Boston. Grande parte das rua de Jersey City parece ter este carcter puramenteestweante. Toda a imagem de uma cidade se torna dificil se as ruas de maior importincia sto difielmenteideatifiegvels ou facilmente confundiveis, Deste modo, a Rua Tremont a Avenida Shawinut em Boston, ew Russ Olive, Hope e Hillem Los Angeles. pedem ser confundidas. Prequen temente se eonfuniamn, também, 2 ponte. Longfellow com 1 barragem do rio Charles em Boston, tae. pot Serem ambas cirilveis e terminarem em roluas. de tedfogo. Isto evava seas deuldades nas cidade, tanto fossa as st nos de pastagessubternese Maitas ruas de Jersey City eam difecs de encontrar tanto rental como realmente Ein ees sce ue a rs, un a en tiedveis. tenham tambénscontnuidade. As pessoas es- tio, normalmente, dependentes desta qualidade. A ext fgénelafundamentl €que 0 actual percurso ou 0 lugar do Pavimento continue, a coninuldade de outs earaterts: {semen mora: nm ei met ood Ierey Ci as mak qe tam smplesmete um gra de contnuldade salisftoto foram escolhias como sendo as mais segutas” Podem ser percordas por um estranho, finda que com difculdade Por veces, os habitants con Sideram que ouiras especies de caraceristias, a0 longo de um percurso continuo, sio também continuss, apsar de todas a5 modangas Nis fa Os fines coming sham importneia. Quando mudava & larg fa Rua Cambridge, quando chega a0 Largo Bowdoin, ou Ganda «sonia sy Inerompidey como on Rb Washington no Largo Dock, as pessousUnham dificulds: deem sentir continue de mesna yu. Neutra pona ca Washing ua ana abana apeto dos eis pode, art, sic» ar eaace Ge da mator pate em considecar 0 espago para la da Rua Kneeland ent diecgio a0 sul, sinda como sendo a mesma 63 Fig, 21 ~ A Avenida Commonweaith Como exemplos de caracteristicas que conferem con- tinuidade a uma via podemos citar as fachadas dos edifi- clos ou a vegetagio na Avenida Commonwealth, ou o tipo de construgdes ao longo de Hudson Boulevard. Os. Proprios nomes desempenhavam uma fungio. A Rua Beacon situa-se na Back Bay, mas ¢ relacionada com Beacon Hill devido ao seu nome. A continuidade do nome da Roa Washington dava as pessoas uma indicagao e como continuar através da ponta sul, mesmo desco- ‘hecendo esta érea. Hé uma sensacio agradavel de rela- a0 adquirida apenas pelo facto de se estar numa rua de ‘cujo nome podemos concluir que desemboca no centro da cidade, por mais longe que este esteja. Um exemplo an- fagdnico a atengio dada aos principios néo descritos do Boulevard Wilshiree Sunset, na area central de Los An- ‘cles, devido uo seu carécter longinguo. A rua que con- 04 torna © porto de Boston, por outro lado, era por vezes fragmentada, simplesmente devido aos diferentes nomes que possui: Rua Causeway, Rus Comercial, Av. Atlan- tie As ruas podem néo ser identificaveis © continuas, mas terem, no entanto, qualidades direccionais: uma di- recgio a0 longo de uma linha pode ser facilmente distin- ‘guida do inyerso. Isto pode ser obtido através de um des- nivel, uma mudanga regular, numa qualidade que cresce progressivamente numa direccio, com vista a atingir u ‘maximo. Registimos também alguns desniveis topografi- cos com relativa frequéncia: em Boston, particularmente nna Rua Cambridge, Rua Beacon e Beacon Hill. Foi tam- bbém registada uma alteragio na intensidade dos costumes (tal como acontece & medida que nos aproximamos da Rua Washington) ou, numa escala regional, a mudanga da crescente antiguidade do que se nos depara, quando, vindos da auto-estrada, nos aproximamos do centro de Los Angeles, No ambiente relativamente cinzento de Jersey City houve dois exemplos de mudancas baseadas nna relag20 dos diversos estados da reparagao das cons- trugdes Uma curva protongada € também uma mudanga, uma forte alteragio na direseio em que nos movemos. Isto nao foi frequentemente sentido como uma cinestesia as tinicas citagées do sentide corporal de um movimento de curva foram registadas nes passagens subterrancas de Boston ou em partes da amo-estrada em Los Angeles. Quando, nas entrevistas, sao mencionadas as curvas exis- tentes nas rus, parecem telacionar-se_essencialmente com indicagdes visuais, A curva da Rua Charles em Bea- con Hill, por exemplo, fo) registada porque as paredes dos edificios a pouca distancia focavam a percepgao vi- sual de uma curva, AAs pessoas tinham tendéncia em pensar em termos do fim de uma rua e da sue origem; gostavam de saber onde a rua comega e onde acaba. Ruas com origens ¢ fins claros ¢ bem conhecidos tinham identidades mais fortes, aiudavam a menter a cidade como um todo ¢ davam aos bservadores a sensacio da sua orientacio, quando estes por elas passavamn. Alguns tinham, por exemplo, a nocao de um fim comum para determinadas ras numa parte da cidade; outros sabiam que elas acabavam em locais espe- cificos. Alguém, que se julgsva bom conhecedor do meio ambiente, ficou perturbado por dar com um conjunto de vias-férreas e desconhecer 0 destino dos comboios que nelas circulavam. 6 HT 5 | 1 Fig. 32. pag. 92 Pig. 18, pag. 48 A Rua Cambridge, em Boston, tem pontos terminais claros ¢ estratégicos: a rotunda da Rua Charles com 0 Largo Scotlay. Qutras muas possuem apenas um terminal nitido: Avenida Commonwealth no jardim piblico; a Rua Federal no Largo do Correio. Por outro lado, o final in- definido da Rua Washington, — indiferentemente imagi nada como tendo o seu terminal na Rua State, no Largo Dock ou no Largo Haymaket e, até, na Estagao Norte (de facto, cla estende-se até & ponte Charlestown) — impe- de-a de se tornar um importante elemento caracteristico, ccomo seria se tal no acontecesse, Em Jersey City, a nao convergéncia das ruas principais que atravessam as Pali sades ¢ 0 seu desnivel indefinido geram uma enorme con- fusio Esta espécie de diferenciagao fim-forma-fim, que & conseguida pelos extremos de uma rua, pode também ser

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