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Vintém ensaios para um teatro dialético Bosco Brasil, Fernando Kinas, Fernando Peixoto, José Celso Martinez Corréa, Marcio Aurélio, Maria Silvia Betti, Matthias Langhoff, Roberto Schwarz EDITORA HUCITEC némero 1 feversiro/margo/ebril 1998 COMPANHIA DO LATAO VINTEM ENSAIOS PARA UM TEATRO DIALETICO Euigao : Cléudia Mesquita (Mtb 6964/MG) Kil Abreu (Mtb 4926/PA) Sérgio de Carvalho (Mtb 23161/SP) Editor associado : Marcio Marciano Diagramagéio e paginagao : Tera Dorea Impressio : Provo Grifica Colaboraram nesta edigdo : Bosco Brasil, Fernando Kinas, Fernando Peixoto, José Celso Martinez Corréa, Marcio Aurétio, Maria Silvia Beiti, Matthias Langhoff, Roberta Schwarz. Capa: Cena de A rempestade, Encenagio de Giorgio Strebler, 1978. Foto de Luigi Ciminachi. Arevista Vintém ¢ uma pubticagio trimestral da Editora Hucitec ce da Companhia do Latio, As opinides expressas nos artigos assi- lade exclusiva de seus autores. Os interes ‘ow enviar artigos devem eserever pata nados sio de responsabil sados em manifestar opi VINTEM AIC Sérgio de Carvalho Telefax : (011)3662 2702 E-mail : vintem@uol.com.br Contatos ¢ vendas da publicagio Editora Hucitec Rua Gil Eanes, 713 - Tel, (011)240 9318. Fax: (011)530 5938 Cep 04601-0482 Sao Paulo - Bra EDITORIAL © primeiro niimero de Vintém coincide com 0 centendrio de nascimento de Brecht. No ano em que © mundo reavalia sua obra, procuramos regis- ‘tar a reflexdo de alguns artistas ¢ intelectuais re- presentativos da continuidade do pensamento brechtiano, © diretor Matthias Langhoff, cotaborador do Berliner Ensemble no infcio dos anos 60, € hoje um {dos encenadores que melhor compreende 0 poten- cial critico do teatro, ao revelar a materialidade da ‘cena a partir da perspectiva de sua impermanéncia, ‘Quando refuta a atual orientagao do grupo fundado por Brecht, parece corresponder as inquietagies despertadas pela passagem do espeticulo A resis- tivel ascenséo de Arturo Ui pelo Brasil, repercutida no dossié desta edigto. ‘A segio Meméria presta homenagem & obra de dois homens de teatro de origem italiana. Giorgio Strehler, morto no final do ano passado, um dos grandes encenadores modemos, apresentado em texto de Bernard Dort, inédito em portugués, re- produzido do diciondrio de Michel Corvin. O outro, Ruggero Jacobbi, diretor e crtico admirdvel, é lem- brado num artigo de Fernando Peixoto, ilustrado por lum texto em que Jacobbi, em 1959, antevé as dif cculdades da entrada de Brecht no teatro brasileiro. Vintém publica ainda, na segao Document, aquela que talvez. seja a mais importante reflexio sobre a atualidade de Brecht feita por ocasiio das ‘comemoragies de seu centendrio: a conferéncia do cexftico Roberto Schwarz, realizada ap6s a leitura de Santa Joana dos Matadouros pela Companhia do Lata, na qual dimensiona de modo dialético o desafio. de tornar eficaz uma arte critica da sociedade con- temporanea, Viowém 1 INDICE Cartas Entrevista ‘Matthias Langhoft ‘TELEDRAMATURGIA flusées Mexicanas Bosco Brasil ‘Teateapa Realismo americano e dromatwrgia brasileira Maria Silva Beli Quem tem medo do realismo® Depoimento de Jos6 Celso Martinez Corréo Dosstt Teatro e politica em tempos de crise Femando César Kinas “Escrever sobre Brecht significa para mim tirar de um amontoado de lembrangas alguma coisa” Marcio Aurélio Documento A atualidade de Brecht Roberto Schwarz Memoria, Ruggero Jacobi, aqui, hoje Femando Peixoto Sobre um texto de Brecht Ruggero Jacobbi Giorgio Srehler Bernard Dort Livros Kil Abreu ‘A Comanta po Latio Ensaio sobre o lato: um quadro histérico Mércio Marciano 15 18 22 25 29 38 4 42 45 49 CARTAS. © primeizo numero de Vintén Parabéns a toca a equipe pola iniciativa. Bspero que tena vida long ce enfrente as dificuldades ten Donizete Galvio, $20 Paulo, SP. dus dle iniciaives desse tipo”. vista poderia diseutir 0 probl iam bern vindos, Vintém é étima eevi IF so Paulo, SP. ma do teatro amador come alterativa de representa a. Eo que estava faltand no censcio teatral rot Golinelli e Maia Is “Faltava em Sao Paulo uma publicagio deste ipa, Espero que tenham &xito na iniciativa. A apresentagio grifica © 0s snseridos so de grande qualidade c estou certode que vo provocar o int Gostei particularmente da entrevista de Gerd esse ¢a [eitura dos “tea letodos ques ligam & culturacénica, Bombeim que, sem dlivida, ¢ um ds poucos pen saxlores da arte drimatica em nosso meio, Apenas um reparo. Em meio atantos eultores da memria eda abrabrechtiana, nao encontteia eolaboraga deuma das pessoas que mais tem estucado Brecht so meio universitivio, Ingid Koudela, Mas este fato nao emypara o valor da revista, pelo qual vai meu cumprimente’ 4206 Guinsburg, Sto Paulo, SP. ‘Osensaios de Vimtén io imteressantes¢ bem cseritos, coorentes com aproposta da revista, Acho (que falta sind mais espago para a divulgagio de projetosafins na rea teatale para a discussio de 2 ligados 8 Filosolia ¢ & poli, Silvia Denise Correa, Santo André, SP, Gostaria de parabe nizar a equipe e ao mes adecer pelo trabalbo. A revista es Jmpecdvel. As iniormagies sobre a Cia. do Latio iam expectativas, Nés, do Instituto Universidade mos desenvol vendo 0 0 Popular, de Belém, ¢ jeto “Bufonaria Brecht, Rua da Vida, n* 100", iextos sobre pedagogia do teatro? Temos material sobre estes temas, p Come sugestio: que * dluzido por gente dagui. Mera para todos” ‘Wiad Lima, Belém, PA, NIN Matthias Langhofté um dos mais importantes diretores europeus da alvalidade. Nasceu em Zurich, em 1941 E filho de Wolfgang Langhof, ator e diretor do Deutsches Theater, que foi o primeiro a acolher Brecht depois da guerra, Iniciou sua carreira no Berliner Ensemble, onde trabalhou por anos em parceria com Manfred Karge. De 69.477 ele e sev colaborador trabalharam na Volksbiihne com Benno Besson, tendo passado mais tarde por teatros de varios paises. Hé dois anos naturalizado francés, Langhof realiza seu trabalho de ecordo com aquela idéia brechfiana de que devemos olhar 0 estrangeiro como se fosse conhecido, e o homem conhecido como se fosse estrangeiro Em outubro 0 diretor esteve no festival Rio Cena Contempordnea com ile du Salut, adaptacao livre do conto No Colénia Penal, de Katka. A montagem perience a uma trilogia, iniciada com Filocietes (94), de Heiner Miller, ¢ que se concluir em 98 com As Troianas, a partir da obra de Euripedes. Os espetaculos de Langhoff tém a capacidade rara de juntar impacto cenogréfico e politico. Sev olhar € concreto. Sua cena ndo confronta idéias, mas entrochoca materiais. © efeito é estranho e familiar, violento e grotesco, Paradoxalmente, sua principal matéria é 0 tempo. Bernard Dor! comentou cerla vez, co assistir aos ensaios de As trés irmas, de Tehekhov (94) ~ uma montagem que se tornaria lendéria - que “Langhoff néo aivaliza uma obra, ele conjuga a época da pega e hoje” Nesta entrevista - parte da qual foi publicada no jornal Folha de S, Paulo de 20.10.97 - ele defende um teatro baseado num pensamento de resistencia e, entre outras coisas, critica a dirego atual do Berliner Ensemble. Por Sérgio de Carvalho O ESCANDALO COMO RESISTENCIA VINTEM - No programs da sua mon- tagem de Ricardo I, de dois anos arés, sr cita um trecho de Brecht, que ter- ‘mina com as seguintes palavras: “Nao hd nada mais tolo do que montar Sha- kespeare pata tornd-lo claro. Por sua natureza, ele no € claro. E um material absoluto.” Ao que parece esta é uma orientapao geral do seu trabalho, que faz ‘com que ost. se oponha a wma tendéncia muito corrente hoje em dia de se sim- plifcar as questGes para tomé-tas acs- LANGHOFF-- Isso € detestivel. Etalvez a maior doenca da cultura atual. E sobretudo da interpretagio. Nio é pre- iso clarear coisas que no so claras. A cconfrontagao deve ser feita com um mundo que no € claro, Uma confron- {ago € mais importante do que a tenta- liva de esclarecer ou de eriar uma tinea logica, VINTEM -O que seria essa clarificagio nainerpretagio? LANGHOFF - Neste pequeno texto de Brecht estmuite bem expicado (Nota “Shakespeare ado molda o destino de tum: homem no segundo ato para tomar possivel o quint(..) Pela incoeréncia de seus ato, se reconhece a incoerén cia de um destino humano..”.} Isso acontece quando, or exemplo,elgvém Segue uma lca no momento anterior | explicando © momento posterior. £ claro que, se quiser, eu posso reduzir a pesoniagem a uma explicagio, a uma tese. Mas a personagem € sempre mais ‘ rica, Quer dizer, deve fiear mais rica, ‘como nés mesmo. A personagem no 6 ‘um servigal a nosso dispor para 0 mo- mento da interpretacio. VINTEM - Trabalhar com “matérias absolutas” é deixar uma grande parte da consirugdo do sentido para 0 espectador. LANGHOFF - No final, sim. Sempre fico muito contente quando alguém que icou tocade pelo espeticulo me conta o {que viueissonio correspond de manei- ‘a nenhuma ao que eu pensava, E nesse Essa 6 talvez @ maior doenga da cultura atual. E sobretudo da inter pretacio. Nao é preciso clarear coisas que néo sdo claras ‘momento que eu digo: “Ah, issofuncio- na’, Eu sempre fico frustrado quando 0 pblico nao diz nada além de “emtendi tudo ~ sunidia era essae voo® fez isso [Nesse sentido, eu acho mesmo que 0 teatro é aarte de provocaro piblico du ante 0 espetéculo, VINTEM - Provocagio e confront pa recem er dus palavrasfandamentais na sua pritica tata. De que modo isso aparece net trabatho mas recent, le dtu Sala? LANGHOFF - Parece-me que a atu dade deste tent de Katka estnoretoro dou baal viléncia, dewma sitagio de guerra “quent” aps a guerra ti. © texto trata também do problema do con- frontodaseultura, do mal entendido dos ‘europeus quanto bs outras culturas, dos ccuropeus que querem dirigir a idéia da morte. E sobre isto que pretendo traba- thar também no meu préximo espetécu- 10,8 Troianas, que encerraestatilogia, dda qual Filoctetes foi a primeira part, VINTEM.- Voc® costuma trabalhar com alores estrangeiros nos seus espeticu- los. Esta oppo se dé também como con fronto cultural? LANGHOFF - Bu no trabalho somente ‘com estrangeiros, mas também com franceses. De fato eu gosto muito das situagdes em que os atores niio estio falando sua lingua materna. O pensa- ‘mento estrangero é muito mais concreto. © problema dos franceses € que sua Fingua 6 muito bonita, mole, melodica ‘mas tende a ser prolixa e abstrata. Os estrangeinos que utilizam o frane®s tor nam a lingua mais cheia de vide, mais real Ea Franga um pais raro até mesmo porque o lado popular de sua cultura é feito pelos estrangeiros. VINTEM - Mas esse lado popular se opde a certos padroes classicos da cultu- ra teat francesa, como © gosto pelo “hem fala” LANGHOFP- E eu trabalho no sentido defer pararesse bem alr Na Franca, voc for, vce tem que perder do seu sotaque natural. absolutamente proibido algném falar de modo natural Eavariedade desotaqucs do pas é mito inter mais rica do que a dessa lingua litera VINTIEM - Quand eu asst ao espe culo Ricard I,m Pai, das senhoras ‘0 rou lado estavam perturba. sotaque do ator argentino Matis Di Fonzo Bo. LANGHOE dito que ela sea parte da resist ional eontraasestrangirs, que de fato existe A perturbagio & quanto ap fate dele ser mais politico e de ter menos teotiae menos consiruptesabstatas do «que o normal da tradi francesa. Todo isso gera coatonto com o pbc. Mas essa no 6a principal iia a0 meu teatro, Beu nem acre VINTEM - O que é muito apreciado pelo LANGHOFF - Com cetteza (F808), Eu fal de um teatro com a fungo de orga: nizar 0 escandalo pablico. Euentendo a palavra “escdindalo” como um verdadei ro pensamento de resisténcia, Resistén cia contta um mundo existent, contra A personagem deve ficar sempre mais rica, como nés mesmos. A personagem do & um servigal a nosso dispor para o momento da interpretacaio. ‘0 hibitosexistentes.© teatvo me parece soto lugar para orpanizar este escandalo, Muitas vezes quando 0 escindalo esta 16, a rosisténcia também esta Ki. Eu fico contents por ser perseguide. Torno-me \itima quando nia hd escanda, Vioern 1 VINTEM « Breet ambém tints in- LANGHOFE - Sim, sim, com certeza. De um modo muito mais forte na primeira época de sua vida, antes da _2uctra, no momento-em gueele eriow seu featro, como idgia e como tentativa, momento em que nadaera muito fixe. E todas suas idéias foram eriadas af, nos anos 30 € comego dos anos 40, ¢ as ‘aisas que ee esereveu so dessa época. Nesse perfodo ele era completamente assim. Depois da guerra ficou muito mais Uitfcl. A provocagaocaiu nama situagaio ‘muito mais perigosa. Brecht, embora fos- se um socialista, tina muita elareza quanto ao stalinisimo, Sabia onde est ‘vam as Frontera as quis ee no podia ‘chegar. Nos anos finsis, ele estava mais intoressado em instalar sua casa teatal ‘Como exemplo a partir do qual as pes- soas poderiam ver como seu teatro funciona, ainda que de mode muito menos provocativo. E isso era com- preensivel, VINTEM - Quando Brecht retornow a. Berlim depois do exilio, em 1949, ele veio tabalhar num teatro dirigid pelo seu pao ator Wolfgang Langhoff. Voe® ~ apesar da pouea idade ~ tem Jem Drangas desse perfodo? LANGHOFF - Eu me lembro muito bem. Talver bem atédemais.Essaépoca, depois da puerra..foi a mi vida mais forte. Tudo que eu penso hoje em dia estéligado a esse momento, de- pois da guerra, Mas eu no sou nostélgi- 0, De jeito nenhum. Foi quando tive que aprender como funcionam as relagdes ‘enlre as pessoas, como as pessoas vive juntas. Eu aprendi iso numa cidade des- trufda, numa atmosfera de enorme vio- ha escola de [eoeia, Aliado afdgia de construir vera Ueiramente um mundo novo, Com todas as contradigies. Voivamos do exiio na soma do exéicito vermelho, quer di- ze, de qualquer forma, foram os russos ce americanos que ganharam e eu estava 1 por causa dessas pessoas. Vivenda numa cidacle em que & populace dois iasantes era nazsta. Dos dias antes eu 2va_pronto para matislos. E de tudo Falo de um teatro com a fun. go de organizar o escéndalo poblico, Entendo ‘escandolo’ como um verdadeiro pensa mento de resisténcia contra um mundo existente isso cu tenho fembrangas muito preci- Pessoas como Brecht, Fisler, Albert Schweitzer, exilados que voltarame que também muito rapidamente se fecharam, numa grandiosa utopia. Trabalhavam como loucos. Fa noite se reuniam para disetiro que fazer, como construir uma ‘outra Alemanha. E eles nunca entende riam, do mesmo modo que uma erianga, ‘comp exam as pessoas gue estavamn nas ‘as, Quer dizer, quem eram esses ant 208 nazistas que eram a base do pals, VINTEM - O st. est dizendo que o tr balho do Berliner Ensemble, nagueles anos de formaio, no tinha Higagio com 1 que estava acontecendo nas ruas de Bertim? LANGHOFF - Bles realmente nie ti- ham nenhurma relagao com a realidade, ‘Talvez fosse esse o grande problema de todas as culturas do pds-guerra que, por ‘outro lado, estavam numa grande relagio 5 com texos os jovens que se interessavarn pela idsia de um socialismo que cami- ‘hase de forma diversa do sistema stali- nista. Era na procurade um sistema mais aberto que Brecht ¢ © Berliner tive ‘uma grande importincia. Mas 0 fato & {que no principio eles nao conguistaram, © interesse do pablico. O Berliner era ‘um teatro quase sempre vazio..com pou- 0s espectadores, Ero tnice teatro em, gue © espeticule comesava as 1930. (em Berlim, comecavam normalmente as 1900), Essa foi uma grande idgia de Helene Weigel, esposade Brecht, Todos 19s tealros eram pebximos a0 centro, To os 0s outros teatros iam bem, estavam chheios. Aquelas pessoas na praga que nto encontravam lugar e 6 thar saide de casa iam ao Berliner s6 porque o espeta culo comegava mein bora mais tarde VINTEM - E quando isso mudou? LANGHOFF -0 grande sucesso de pi biico aconteceu depois da primeira tnd do Berliner em Paris.O sucesso interna- ional serviu para o piiblico dar impor tancia O teatro do Leste aceito no Oeste ra um bom teatro. O piblico comegou se imtetessar pelo Berliner, O préprio Brecht quase do patticipou desse gran- desucesso, ue foi posteriora sua mont. VINTEM - Em que condigdes 0 sr co mecou a tabalhar no grupo? LANGHOFF- Bu tenho ts fases. Uma que ndo foi de trabalho, porque eu era muito jovem. Conheci Brecht através da minha familia, Eeueraapenas um jovern apaz.interessadlo naquilo tudo. Quando eu estava livre para ir aos ensaios, ia Ii dar uma ollada, mas eu nao estava com: prometido. Era apenas porque eu detes- ‘avai Aescola que ia so teat ver oque fazendo, Er ilegais. Mais tarde, em 61, eu comecei 4e fato a trabahar. No prinespio como assistente de diregdo, € muito rapida ‘mente me tornei dteter, por acaso. Fi dquei mais de sete anos no Berliner. Lé cu tabalhsava em parceria com Manfred Karge. Era a dupla de diretores mais jo- ‘vem naquela épocaem Berl. Kargeera também ator ¢ escriter. Depois dessa

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