Você está na página 1de 14

ed

m
visa
Re
la
o sti
Ap
tal
igi
oD
rn
de
Ca

Clínica Médica
Obstetrícia

Parto
Humanizado
Parto Humanizado

01 O QUE É OBSTETRÍCIA?
A obstetrícia é a parte da medicina que estuda a gestação, o parto e o
puerpério, incluindo sua fisiologia, patologia e possíveis intercorrências.
O termo obstetrícia se deriva do latim e significa “ficar ao lado”. O termo
tocologia se refere ao estudo do parto.

02 COMO ERA A ASSISTÊNCIA AO PARTO EM SÉCULOS


PASSADOS?
Até o final do século XVIII, o parto era um ritual das mulheres, realizado
nas casas das famílias com o acompanhamento de parteiras. No final do
século XIX, inicia-se um processo de mudança por meio das tentativas de
controle do evento biológico por parte da obstetrícia, que deixa de ser da
esfera do feminino e passa a ser compreendido como uma prática médica.
O parto e o nascimento, que eram vistos como um evento fisiológico e fe-
minino, começam a ser encarados como um evento médico e masculino,
incluindo a noção do risco e da patologia como regra, e não mais exceção.

Caderno Digital
Neste modelo tecnocrático, a mulher deixou de ser protagonista, cabendo
ao médico a condução do processo.

03 COMO ERA A ATUAÇÃO DA MEDICINA NO MOMENTO DO


PARTO EM SÉCULOS PASSADOS?
Com o surgimento do parto instrumentado e hospitalar como o uso de
fórceps e outros instrumentos, as parteiras começaram a perder espaços
para os cirurgiões. A cesariana era uma medida heroica, porem com alto
índice de mortalidade.

04 QUAIS OS PREJUÍZOS DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DO


PARTO?
A hospitalização do parto, com a intenção de reduzir os riscos para a par-
turiente e feto/recém-nascido, levou a gestante à um ambiente desconhe-

www.revisamed.com.br 22
Parto Humanizado

cido, afastada da família, sem privacidade e sem autonomia durante o par-


to. A repercussão disso nos dias de hoje se mostra no grande aumento do
número de cesarianas.

05 COMO É DEFINIDA A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA?


Ainda não existe consenso sobre a definição de violência obstétrica, mas
esta abrange é considerada uma violação dos direitos das mulheres grávi-
das em processo de parto, que inclui perda da autonomia e decisão sobre
seus corpos. Nesse sentido, significa a apropriação dos processos repro-
dutivos das mulheres pelos profissionais da saúde, através de uma aten-
ção mecanizada, tecnicista, impessoal e massificada do parto. A violência
contra mulheres nas instituições de saúde se divide em quatro tipos de
violência: negligência (omissão do atendimento), violência psicológica (tra-
tamento hostil, ameaças, gritos e humilhação intencional), violência física
(negar o alívio da dor quando há indicação técnica) e violência sexual (as-
sédio sexual e estupro). O aumento da institucionalização do parto, que
hoje é próximo a 100%, a ocorrência de violência obstétrica, em seus vá-

Caderno Digital
rios aspectos, também se tornou mais frequente.

www.revisamed.com.br 23
Parto Humanizado

06 QUAL A DEFINIÇÃO DE HUMANIZAÇÃO?


A humanização consiste na melhoria das relações humanas nos serviços
de saúde e no reconhecimento e respeito aos direitos fundamentais dos
utentes e dos trabalhadores.

07 QUAIS OS PRINCÍPIOS DA HUMANIZAÇÃO?


A humanização se baseia na busca da compreensão das pessoas e de
suas necessidades, aplicando princípios de ética, individualizando o cuida-
do, defendendo a proteção da vida e do bem-estar, garantindo o direito à
informação, privacidade e assistência de boa qualidade técnico-científica.

08 COMO A HUMANIZAÇÃO PODE SER APLICADA NA


GESTAÇÃO?

Caderno Digital
Todo o processo, da preconcepção ao pós-parto, incluindo a assistência
pré-natal como um todo, deve ser humanizado. Sendo fundamental para
a diminuição da morbimortalidade materna e fetal, para a preparação da
maternidade e paternidade e para a vivencia segura do processo do nas-
cimento.

09 QUAIS PROFISSÕES PODEM ESTAR INCLUÍDAS NO


PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO A
GESTANTE?
• Médico obstetra
• Educador físico
• Anestesista
• Nutricionista
• Doula
• Fisioterapeuta
• Pediatra
• Enfermeiro
• Psicólogo
• Todos os profissionais que atendem a gestante

www.revisamed.com.br 24
Parto Humanizado

10 COMO HUMANIZAR A CONSULTA DE PRÉ-NATAL?


É importante acolher e escutar a paciente. Não pode ser apenas uma ro-
tina técnica rápida, sem compartilhar conhecimentos e experiências, so-
mente se preocupando em cumprir protocolos e aferir medidas.

11 COMO DEVE SER O AMBIENTE DO PARTO?


O ambiente no qual a parturiente se encontra deve ser calmo e agradável,
rodeada pelo acompanhante de sua escolha e por profissionais atenciosos
e qualificados. A gestante deve ter privacidade em um momento tão ínti-
mo.

Caderno Digital
12 QUAIS MEDIDAS JÁ FORAM DE ROTINA E HOJE SÃO
DESNECESSÁRIAS?
Atualmente não é mais indicado o esvaziamento intestinal por enema, as-
sim como a tricotomia e o jejum, além do uso rotineiro da episiotomia,
Manobra de Kristeller, uso rotineiro de Ocitocina, manutenção da gestante
deitada sem poder deambular, determinação da posição do parto, etc .

www.revisamed.com.br 25
Parto Humanizado

13 COMO DEVE SER A NUTRIÇÃO DA PARTURIENTE?


É permitido que a paciente faça a ingestão de dieta líquida sem resíduos,
se alimentando de pequenas quantidades de líquidos açucarados, como
água, sucos sem polpa e chás.

14 COMO FAZER O ALIVIO DA DOR DE MANEIRA NÃO


FARMACOLÓGICA DURANTE O TRABALHO DE PARTO?
Algumas medidas que podem auxiliar a diminuir a dor da parturiente in-
cluem:

• Atenção a paciente, seja pelo acompanhante ou pelos profissionais


• Liberdade de posição e deambulação
• Massagem
• Exercícios em bola
• Banho morno

Caderno Digital
• Acupuntura

15 QUANDO UTILIZAR MEDIDAS FARMACOLÓGICAS E QUAIS


AS POSSIBILIDADES?
A analgesia do parto pode ser realizada em casos de intolerâncias aos
métodos não farmacológicos e de acordo com a solicitação da paciente.

A analgesia regional é, na atualidade, o padrão-ouro para a analgesia de


parto e pode ser realizada por técnica peridural contínua ou combinada.
As doses utilizadas foram reduzidas em virtude dos avanços farmacológi-
cos e verticalização das posições durante o trabalho de parto, permitindo
a sua combinação com técnicas não farmacológicas de alívio da dor. Sua
realização, no entanto, está sujeita a complicações e deve ser realizada em
ambiente hospitalar.

www.revisamed.com.br 26
Parto Humanizado

16 QUAL O PERÍODO ADEQUADO PARA INTERNAÇÃO DA


PACIENTE?
A internação deve acorrer já na fase ativa do trabalho de parto caracte-
rizada por contrações uterinas dolorosas em intervalo menor ou igual a 5
minutos e dilatação cervical igual ou maior que 3 cm com colo apagado.

17 COMO DEVE SER FEITA A MONITORIZAÇÃO DO TRABALHO


DE PARTO?

Ausculta de BCF A cada 30 minutos, antes, durante e após contrações

Dinâmica uterina A cada 1 hora

Caderno Digital
Deve ser feito apenas o necessário, respeitando interva-
Toque vaginal
los de pelo menos 2 horas

18 QUAL A MELHOR POSIÇÃO PARA O MOMENTO DO PARTO?


A posição litotômica clássica, em decúbito ventral, impede a retropulsão
do cóccix por estar sob uma superfície rígida. As posições verticalizadas
(cócoras, semi-sentada), em decúbito lateral ou em quatro apoios são mais
adequadas por aumentar o diâmetro da saída pelve.

www.revisamed.com.br 27
Parto Humanizado

1 2

3 4

Caderno Digital
5 6
1. Cócoras
2. Quatro apoios
3. Semissentada
4. Sentada em banqueta
5. Em pé
6. Lateral
7. Litotômica
7

19 A MANOBRA DE KRISTELLER PODE SER REALIZADA?


A manobra de Kristeller, aplicação de pressão na parte superior do útero,
é proibida em todo e qualquer tipo de parto por poder provocar traumas
na parturiente (lesões de fígados e arcos costais, por exemplo) e no feto.

www.revisamed.com.br 28
Parto Humanizado

20 A EPISIOTOMIA DEVE SER REALIZADA DE ROTINA?

Caderno Digital
A episiotomia é um procedimento seletivo que deve ser realizado apenas
se risco de grandes lacerações do períneo. O corte deve ser em orientação
mediana ou médio-lateral, envolvendo apenas a musculatura superficial do
períneo.

www.revisamed.com.br 29
Parto Humanizado

21 COMO REALIZAR O MANEJO ATIVO DO TRABALHO DE


PARTO?
O manejo ativo do trabalho de parto consiste em medidas para encurtar o
trabalho de parto, reduzir o risco de trabalho de parto prolongado e reduzir
taxas de cesarianas. Podem ser utilizados: amniotomia e ocitocina venosa.

22 QUANDO O FÓRCEPS DEVE SER UTILIZADO?


O parto instrumentado, seja por fórceps ou vácuo extrator, só pode ser
aplicado período expulsivo e com o polo cefálico nos planos positivos de
DeLee. São indicados para acelerar a expulsão do feto em casos de perío-
do pélvico prolongado e sofrimento fetal no período expulsivo, entre outras
indicações.

Caderno Digital
23 QUAL A IMPORTÂNCIA DE ESTABELECER CONTATO PELE
A PELE DA MÃE COM O BEBÊ IMEDIATAMENTE APÓS O
NASCIMENTO DA CRIANÇA?
A promoção do contato mãe-bebê imediato após o parto para o bebê sau-
dável, é extremamente pertinente para evitar intervenções desnecessárias
de rotina ou que possam ser realizados mais tarde e que interferem nessa
interação nas primeiras horas de vida. O contato pele a pele está entre as
medidas de estímulo ao materno na primeira hora de vida. Também favo-
rece o combate a hipotermia. O contato pele a pele também tem papel na
constituição da microbiota da pele do recém-nascido.

www.revisamed.com.br 30
Parto Humanizado

24 COMO PROMOVER A HUMANIZAÇÃO NA CESARIANA?


Mesmo na cirurgia, é possível que a paciente tenha participação no parto,
com a presença do acompanhante de sua escolha, e também há indicação
do contato pele a pele imediatamente após o parto, bem como o estímulo
a amamentação.

Caderno Digital

www.revisamed.com.br 31
Parto Humanizado

REFERÊNCIAS:

• ZUGAIB, M. Zugaib Obstetrícia. 3ª ed. Barueri: Manole; 2016

• .Humanização do parto e do nascimento / Cadernos HumanizaSUS  -


Brasília; Ministério da Saúde; 2014.

• Manual Técnico Pré-Natal e Puerpério- Atenção Qualificada e Humani-


zada- Brasilia; Ministério da Saúde ;2006

• Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal-Brasília-Ministério


da Saúde;1ª Edição-2017

• Assistência aos Quatro Períodos do Parto de Risco Habitual- Protoco-


los FEBRASGO-Nº101-2018

Caderno Digital

www.revisamed.com.br 32
Parto Humanizado

Caderno Digital
AUTORA:

Alexandre César Della Garza Ronzani


Ginecologista e Obstetra - Especialista em Ginecologia
e Obstetrícia | Federação Brasileira das Associações
de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) - Pós-Gra-
duado em Sexologia e Clínica Médica

COLABORADOR:

Leticia Rodrigues de Souza


Aluno do projeto de extensão FCMS/JF

Em: Junho de 2019

www.revisamed.com.br 33
Caderno Digital
Apostila Revisamed

Clínica Médica
Obstetrícia

Parto
Humanizado

Você também pode gostar