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Aula 16 (Somente PDF)

SEMED-Manaus (Professor - História)


Conhecimentos Específicos - 2022
(Pré-Edital)

Autor:
Sergio Henrique

17 de Outubro de 2022

05303426343 - João Batista Gomes do Amaral


Sergio Henrique
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SUMÁRIO

00. Bate Papo Inicial. ............................................................................................................. 2


1. Por que Estudar o Continente Africano? ........................................................................... 3
1.1. A África em Sala de Aula ........................................................................................................ 3
2. Panorama Geral das Leis que Regulamentam a Educação Básica ..................................... 5
2.1. A Temática Africana e a Lei nº 10.639/2003 no Contexto da Ação Afirmativa ........................ 6
3. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana ........................................................ 9
4. Do Mundo Ocidental à África: como ela é ....................................................................... 14
4.1. Berço da Humanidade (Origens do Homem)......................................................................... 14
4.2. Características Geográficas do Continente Africano ............................................................. 18
4.3. As Diferentes Regiões da África ............................................................................................ 21
4.4. A Diversidade Étnico-Cultural Africana e a Variedade Ambiental ......................................... 23
4.5. A Experiência Sociocultural dos Povos Africanos................................................................... 25
5. As Organizações Sócio-Políticas de Reinos Africanos ...................................................... 28
5.1. Reino de Kush ....................................................................................................................... 29
5.2. Reino de Áxum ..................................................................................................................... 30
5.3. Reino de Gana ...................................................................................................................... 30
5.4. Reino do Mali ....................................................................................................................... 31
5.5. Reino de Songhai .................................................................................................................. 32
5.6. Reino do Kongo .................................................................................................................... 33
5.7. Império Monomotapa .......................................................................................................... 34
5.8. Reino do Daomé ................................................................................................................... 35
5.9. Povo Ioruba .......................................................................................................................... 37
6. As Relações Sociais dos Povos Africanos ......................................................................... 39
7. Filosofia Africana ............................................................................................................. 42
8. O Tráfico Negreiro no Contexto do Colonialismo Europeu ............................................. 47
9. África e Brasil: Vínculos e Complementaridades ............................................................. 52
10. Exercícios ....................................................................................................................... 54
11. Considerações Finais ..................................................................................................... 97
12. Referências Bibliográficas ............................................................................................. 98

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00. BATE PAPO INICIAL.


Olá, amigo concurseiro. É com muita alegria que o recebo novamente. Estudar as aulas
anteriores é fundamental para que você possa compreender muitas das coisas que vamos tratar
aqui. Leia com atenção seu texto de apoio, releia e pratique exercícios. Aos poucos, o conteúdo
básico vai ficar retido na sua memória. Claro que, para isso, é muito importante você fazer suas
próprias anotações, ou em forma de resumo ou anotações nos exercícios, não importa, você
escolhe. O importante é estudarmos bastante e nos concentrarmos nos estudos. Estimule sua
disciplina e procure motivação pensando em seus sonhos. Bons estudos.

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PARTE I
SOBRE A EDUCAÇÃO

1. POR QUE ESTUDAR O CONTINENTE AFRICANO?


Uma das motivações que respaldam o projeto de estudar o continente africano decorre do
vazio constatado quanto à sistematização e à veiculação de informações relacionadas à África. Tal
lacuna é evidente tanto na ausência pura e simples de uma visão realista sobre o continente,
quanto em seu desdobramento direto na persistência de uma visão estereotipada e
preconceituosa impingida, sem maiores delongas, à África. Não seria demasiado sublinhar, essa
perspectiva associa-se à exclusão de parcela ponderável da população brasileira do pleno exercício
dos seus direitos enquanto cidadãos, veredicto que recai de forma marcante sobre os nacionais de
origem africana, isto é, os afrodescendentes.
É importante assinalar também que a contribuição da África para a cultura universal, a
despeito da desqualificação cultivada por alguns segmentos de opinião, tem sido crescentemente
valorizada por um número cada vez maior de centros acadêmicos e por organismos como a
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Apesar de nem sempre acompanhadas da devida atenção por parte de países que, como o
Brasil, deveriam ter pautado essa discussão como prioridade, tais iniciativas evidenciam, de
qualquer modo, a projeção que os estudos africanistas têm alcançado. Nesse sentido, a África,
seus povos e suas culturas tornam-se foco de sumo interesse para os profissionais da educação,
requerendo em todos os níveis a devida capacitação para captar e transmitir o ponderável acervo
de conhecimentos amealhados pelos africanos no tempo e no espaço.
Estudar o continente africano, portanto, credencia uma iniciativa mediante a qual as
estereotipias que comprometem não só a compreensão dos processos sociais específicos ao
continente negro como também da própria humanidade e de povo brasileiro sejam confrontadas,
com o objetivo de resgatar um legado do qual a África e o seu acervo sócio-histórico-cultural são
indissociáveis.1

1.1. A ÁFRICA EM SALA DE AULA

Nos últimos anos, têm sido realizados mais iniciativas em prol da afro-educação do que na
totalidade do passado recente. No entanto, mesmo constituindo motivo de empolgação, os
progressos alcançados não negam que muito há de ser feito e realizado nesse campo. A despeito

1
SERRANO; WALDMAN, 2010, pp. 11-13.

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da existência de uma lei que, hoje, frisa a obrigatoriedade de um conteúdo pedagógico


programático focado no continente africano – justamente a Lei nº 10.6392 –, o conhecimento do
continente ainda merece muito aprofundamento e aguarda efetivação concreta.
Recordemos que o estudo da realidade africana sugere a interconexão de diversas
disciplinas e de campos do conhecimento. Ao lado da história, é indispensável a contribuição da
geografia, da sociologia, da ciência política e marcadamente da antropologia, disciplina na qual,
aliás, se materializaram as primeiras análises que romperam com o universo de pensamento
eurocêntrico e com os enunciados colonialistas.
Objetivamente, um africanista é um profissional que consegue articular conhecimentos
oriundos de todas essas disciplinas, sempre motivado, é claro, com o compromisso de resgatar
tudo o que a África contribuiu e pode contribuir em prol de uma humanidade solidária, no seio da
qual coexistem em pé de igualdade todas as contribuições do gênero humano, em todos os seus
sentidos e causas.
Essa ponderação, traduzida para o cenário de uma sala de aula, impõe a certificação de
diversas diretrizes que balizam um trabalho pedagógico, as quais em linhas gerais seriam:
 Promover o conhecimento do continente africano na ótica de uma metodologia
diferenciada, capacitada a aprender a realidade africana sob o prisma das
especificidades que lhe são inerentes. Isso implica um conhecimento solidamente
vinculado à preocupação em compreender a realidade africana a partir dos próprios
pressupostos civilizatórios ou, como seria pertinente a uma abordagem antropológica,
pensar o outro de modo que deixe de constituir um objeto para tornar-se sujeito de
dado processo social.
 Entender esse conhecimento enquanto contribuição para as discussões sobre a
temática da africanidade travadas nos mais diversos níveis da educação, da prática
educativa e da sociedade como um todo, conectando-a com as lutas antirracistas, de
defesa das especificidades culturais e das políticas de inclusão, todas fundamentais para
um conjunto de relações institucionalizadas que, em princípio, tecem o universo da
democracia.
 Por fim, exercitar a compreensão de que tudo o que for trazido à tona integra um
horizonte de entendimento no qual o conhecimento do continente africano articula-se
com uma compreensão mais aprofundada da realidade nacional, patamar que,
consolidado, permitirá que nos situemos com maior propriedade diante do mundo
globalizado da atualidade. 3

2
Lei publicada no Diário Oficial da União, nº 8, de 10 de janeiro de 2003 (sexta-feira), Seção 1, p.1.
3
SERRANO; WALDMAN, 2010, pp. 11-13.

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2. PANORAMA GERAL DAS LEIS QUE REGULAMENTAM A EDUCAÇÃO BÁSICA


As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), definidas pela Resolução nº 4 de 13 de julho de
2010, são normas obrigatórias para a Educação Básica que orientam o planejamento curricular das
escolas e dos sistemas de ensino. Elas são discutidas, concebidas e fixadas pelo Conselho Nacional
de Educação (CNE). Mesmo depois que o Brasil elaborou a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), as Diretrizes continuam valendo porque os documentos são complementares: as DCNs dão
a estrutura; a BNCC o detalhamento de conteúdos e competências.
Atualmente, existem diretrizes gerais para a Educação Básica. Cada etapa e modalidade
(Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) também apresentam diretrizes
curriculares próprias. A do Ensino Médio é a mais recente, mas está sendo reformulada pelo CNE,
para atender às mudanças proposta pela Lei nº 13.415/2017, da Reforma do Ensino Médio. As
diretrizes buscam promover a equidade de aprendizagem, garantindo que conteúdos básicos
sejam ensinados para todos os alunos, sem deixar de levar em consideração os diversos contextos
nos quais eles estão inseridos.
As Diretrizes Curriculares Nacionais são um conjunto de definições doutrinárias sobre
princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Básica que orientam as escolas na
organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas. As DCNs
têm origem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, que assinala ser incumbência
da União "estabelecer, em colaboração com os estados, Distrito Federal e os municípios,
competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que
nortearão os currículos e os seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica
comum".
O processo de definição das Diretrizes Curriculares conta com a participação das mais
diversas esferas da sociedade. Dentre elas, o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de
Educação (Consed), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), a
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), além de docentes,
dirigentes municipais e estaduais de ensino, pesquisadores e representantes de escolas privadas.
Já a função da Base Nacional Comum Curricular é especificar aquilo que se espera que os
alunos aprendam ano a ano. A BNCC foi elaborada à luz do que diz das DCN e, portanto, um
documento não exclui o outro. "Fazendo uma analogia, as DCNs dão a estrutura, e a Base recheia
essa forma, com o que é essencial de ser ensinado. Portanto, elas se complementam", afirma
Eduardo Deschamps, presidente do CNE. Diretrizes e Base são obrigatórios e devem ser
respeitados por todas as escolas, tanto da rede pública como particular.
Recentemente, o Conselho Nacional de Educação viu a necessidade de adaptar as DCNs
depois que o governo promulgou a lei da reforma do Ensino Médio. "A Lei impacta diretamente

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nas diretrizes para o Ensino Médio. Nas DCNs, por exemplo, estão especificadas as 13 disciplinas
escolares obrigatórias da etapa, algo que a lei rejeita. Na Educação Infantil e no Ensino
Fundamental, nada estrutural mudou", explica Eduardo Deschamps.
As diretrizes curriculares visam preservar a questão da autonomia da Escola e da proposta
pedagógica, incentivando as instituições a montar seu currículo, recortando, dentro das áreas de
conhecimento, os conteúdos que lhe convêm para a formação daquelas competências explícitas
nas DCNs. Desse modo, as escolas devem trabalhar os conteúdos básicos nos contextos que lhe
parecerem necessários, considerando o perfil dos alunos que atendem, a região em que estão
inseridas e outros aspectos locais relevantes.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são diretrizes separadas por disciplinas
elaboradas pelo governo federal e não obrigatórias por lei. Elas visam subsidiar e orientar a
elaboração ou revisão curricular; a formação inicial e continuada dos professores; as discussões
pedagógicas internas às escolas; a produção de livros e outros materiais didáticos e a avaliação do
sistema de Educação. Os PCNs são mais antigos, foram criados em 1997 e funcionaram como
referenciais para a renovação e reelaboração da proposta curricular da Escola até a definição das
Diretrizes Curriculares Nacionais. Essas, por sua vez, são normas obrigatórias para a Educação
Básica que têm como objetivo orientar o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de
ensino, norteando seus currículos e conteúdos mínimos. Assim, as diretrizes asseguram a formação
básica, com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), definindo competências e
diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. 4

2.1. A TEMÁTICA AFRICANA E A LEI Nº 10.639/2003 NO CONTEXTO DA AÇÃO AFIRMATIVA

A Lei nº 10.639/2003 foi a primeira assinada na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Ela tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira. Essa Lei cita
explicitamente as disciplinas de história, educação artística e literatura como vetores dos
conteúdos a serem ministrados. Também determina o entendimento do dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar.
Fato ainda menos conhecido pelos educadores, essa legislação vincula-se a uma segunda lei,
bem mais detalhada. No caso, trata-se do Decreto nº 4.886/2003, que estabelece a Política
Nacional de Promoção da Igualdade Racial ou, abreviadamente, PNPIR. Nesses dois instrumentos
jurídicos, a questão do destaque efetivo da pluralidade racial brasileira no processo educativo está
explicitamente referendada enquanto prioridade centrada especialmente na população negra do
Brasil.

4
EDUCAÇÃO, 2018.

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Essa questão está objetivamente articulada a propostas de ação afirmativa. As chamadas


políticas de ação afirmativa constituem um rol de proposições e de medidas, cujo objetivo é
garantir às minorias sociais, étnicas e de poder o justo espaço que lhes compete na sociedade. O
seu objetivo vem a ser a eliminação de qualquer fonte de discriminação e desigualdade racial
direta ou indireta, mediante a geração de oportunidades.
Tratando-se de assunto bastante polêmico, essas leis provocaram reações de todo tipo.
Com relação à Lei nº 10.639, paralelamente às manifestações de apoio, existiram protestos no
meio educacional contrários à sua aplicação. Uma das objeções levantadas admoestava que a lei
seria desnecessária e, inclusive, de índole autoritária. Nessa alegação, o novo corpo jurídico estaria
equivocado, em função de a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, aprovada em 1996) já
afirmar que o ensino no Brasil deveria levar em conta as contribuições das diferentes etnias
quanto à formação do povo brasileiro, qual seja, suas matrizes indígena, africana e europeia.
Ademais, o autoritarismo da nova lei estaria consubstanciado ao contrariar a tendência,
especificada na LDB, de conceber mais autonomia para as escolas trabalharem o currículo
ministrado em sala de aula. Não faltaram também os que argumentaram que a legislação seria até
mesmo racista por, em tese, privilegiar um setor específico do mosaico étnico brasileiro em
detrimento dos demais. Implicitamente, essa lei estaria reapresentando o surrado conceito de
“raças humanas”, que não possui base científica pelo simples motivo de que existe apenas uma
única raça: a humana. Nesse sentido, a Lei nº 10.639 poderia ensejar reações de outros grupos,
constrangidos por estarem pouco representados nos currículos. Os descendentes de alemães,
chineses, árabes, italianos, gregos, japoneses, ucranianos, espanhóis e coreanos, entre muitos
outros, poderiam, no final das contas, começar a pressionar para que o ensino da sua história e
cultura fosse considerado, por lei, obrigatório em todas as escolas.
Mas, em defesa dessa legislação, existem muitas contra argumentações. Ponderou Petrolina
Beatriz Gonçalves e Silva – conselheira do Conselho Nacional de Educação (CNE) e também a
primeira negra a ocupar um cargo nesse órgão – que a lei é fundamental por contribuir para
melhorar o conhecimento a respeito da história dos negros. Isso tanto por parte dos alunos quanto
dos próprios professores. Para essa pedagoga, a lei auxiliaria a tratar os negros positivamente, até
porque são comuns livros e escolas que abordam a história do negro de forma simplificada ou até
ridicularizada. Outra ponderação favorável é a que ressalva que, embora a LDB tenha
explicitamente incluído a historicidade afro-brasileira como conteúdo pedagógico, na realidade
nada disso aconteceu. Nessa acepção, a nova lei estaria antes dando substância a um parecer
pedagógico já existente do que propriamente criando uma necessidade a partir do nada.
O argumento pelo qual se estaria privilegiando uma etnia determinada, a saber, a dos
negros, também não se sustenta. No Brasil, o grupo afrodescendente, mesmo constituindo maioria
demográfica no Brasil, forma simultaneamente uma minoria sociológica. Em outras palavras, o
grupo está sub-representados na maioria das esferas da vida social. Essa ausência de

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representatividade obviamente repercute no sistema de ensino, que desqualifica ou simplesmente


se cala a respeito da história e da cultura negro-africana.
Quanto aos demais grupos étnicos existentes no país, é possível argumentar que a própria
lei induzirá, por si mesma, que estes cobrem para ser mais bem representados no currículo. A
legislação estaria, por conseguinte, suscitando o aprofundamento da discussão da questão étnica
no Brasil, contribuindo para a explicitação, em especial quando se referem a grupos formados por
pobres e marginalizados.
Por fim, em relação aos críticos que repudiam a lei em nome de uma atitude contrária ao
suposto “racismo” que estaria perpassando a sua essência, recordemos que a questão não se
esgota em um ponto de vista genético. Dificilmente é possível descartar aspectos propriamente
sociais que impregnam as questões de mote racial. Tanto essa argumentação procede que
ninguém pode negar o fato de os afrodescendentes serem tão incomuns entre os mais bem
aquinhoados da população brasileira.
Em resumo, a Lei nº 10.639 constitui um passo importante para inserir os direitos humanos
no cerne dos programas escolares e no sistema educacional como um todo. Dalí em diante, foi
colocado aos profissionais da educação em Universidades, Escolas das redes pública e particular,
assim como ao conjunto da sociedade brasileira, preparar-se para o desafio de aplicar essa notável
legislação. 5
Em março de 2008, ainda durante o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, foi
aprovada a Lei nº 11.645, que alterou a Lei nº 9.394 (LDB), de 20 de dezembro de 1996, modificada
pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História
e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.

5
SERRANO; WALDMAN, 2010, pp. 17-20.

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3. DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO DAS


RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E PARA O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA
AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA
O parecer e a resolução que instituíram as "Diretrizes curriculares nacionais para a educação
das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana" foram
aprovados pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em março de 2004 e homologados pelo
Ministério da Educação (MEC) em junho do mesmo ano. A resolução foi resultante do Parecer
CNE/CP 3/2004, que teve como relatora a conselheira Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, da
Câmara de Educação Superior do CNE. As "Diretrizes" visam a atender à Lei nº 10.639/2003, que
estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas
do país.
Desde o final da década de 1990, as noções de cultura e diversidade cultural, assim como de
identidades e relações étnico-raciais, começaram a se fazer presentes nas normatizações
estabelecidas pelo MEC com o objetivo de regular o exercício do ensino fundamental e médio,
especialmente na área de história. Isso não aconteceu por acaso. É, na verdade, um dos sinais mais
significativos de um novo lugar político e social conquistado pelos chamados movimentos negros e
antirracistas no processo político brasileiro e no campo educacional em especial. Determinações
legais são fruto do encontro de múltiplas intenções e vontades. Os documentos finais nesse tipo de
processo são, antes de tudo, o resultado de muita negociação. Tanto os "Parâmetros curriculares
nacionais" (PCNs) como as "Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-
raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana" têm hoje força de lei e
representam uma vontade de democratização e correção de desigualdades históricas na sociedade
brasileira. Na prática, eles serão o que as escolas e os professores que os implementarem fizerem.
Um Curso de Ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira, por exemplo, é construído a
partir da experiência de ensino e pesquisa, possui um sentido evidentemente prático, ao procurar
criar subsídios para o trabalho dos historiadores.
A concepção de uma cultura uniforme é uma construção fortemente enraizada na produção
de material didático no Brasil e faz parte de uma das representações mais comuns da chamada
identidade brasileira. Uma identidade que se construiu a partir de percepções convergentes,
eruditas e populares, da efetividade de uma cultura brasileira. Ou seja, a uma cultura brasileira
mestiça corresponderia uma identidade brasileira igualmente mestiça, sem conflitos, hierarquias e
diferenças. O texto dos PCNs enfatiza o papel homogeneizador dessa formulação anterior, que
encobria com o silêncio, entre outras diferenças, uma realidade de discriminação racial
reproduzida desde cedo no ambiente escolar.

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Questões diversas vezes levantadas por historiadores e por sujeitos sociais ligados aos
movimentos negros, como a continuidade das desigualdades raciais após a abolição da escravidão,
tornam-se, com essa oportunidade, motivo e incentivo para a implantação de uma política
educacional. Visando à educação e à transformação das relações étnico-raciais, e criando
pedagogias de combate ao racismo e às discriminações, o caminho escolhido pelas "Diretrizes" foi
a valorização da história e cultura dos afro-brasileiros. Colocando no centro do debate conceitos de
raça, identidade negra, racismo, democracia racial, cultura negra, cultura afro-brasileira,
pluralidade cultural e cultura brasileira, a política educacional proposta pelas "Diretrizes" exige o
aprofundamento desses conceitos e sua contextualização no processo histórico. Para além do
evidente envolvimento de educadores, as "Diretrizes" convocam os profissionais de história para
uma ampla reflexão sobre a história da cultura afro-brasileira, em suas dimensões de pesquisa e
ensino.6
A valorização, o reconhecimento e a inclusão social da história, identidade e cultura afro do
Brasil dependem da forma como são conduzidos tais aspectos, já que todos precisam se
comprometer intelectual e afetivamente visando relações efetivas de participação social e
cidadania comum a todos de direitos e deveres indiferente da condição étnico-racial de cada
indivíduo. Sendo assim, cabe ao Poder Público, através de políticas igualitárias, em consonância
com a Escola, que organiza e conduz processos pedagógicos de aprendizagens para todos de forma
multicultural e aos Movimentos Sociais em lutar para que se supere a discriminação, assim, de
forma conjunta se construa uma sociedade sem diferenças, deixando claro que esta tarefa não se
limita só a Escola.
A educação das relações étnico-raciais impõe aprendizagens entre brancos e negros, com
trocas de conhecimentos, buscando a construção de um projeto para a construção de uma
sociedade igualitária e mais justa. A Escola não pode ser a única responsável pelo combate do
racismo, a sociedade deve ser também responsável, todos devem trabalhar pelo fim da
desigualdade social e racial. A Escola deve ser constituída como espaço democrático de divulgação
de posturas e conhecimentos que visam uma sociedade mais justa.
A inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana são obrigatórias nos currículos,
como decisão política, não somente com a versão de oferecer e garantir vagas para os negros, mas
valorizar a cultura e a história do seu povo, ampliando o foco dos currículos escolares para a
diversidade cultural, racial, social e econômica brasileira.
Sendo que para conduzir tais ações, os sistemas de ensino, os estabelecimentos e os
professores terão como referência, entre outros pertinentes às bases filosóficas e pedagógicas,
conforme os seguintes princípios citados: Consciência política e histórica da diversidade;
Fortalecimento de identidade de direitos; Ações educativas de combate ao racismo e a

6
ABREU; MATTOS, 2008.

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discriminações. Estes princípios demonstram as necessidades de mudanças da mentalidade, da


maneira de pensar e agir dos indivíduos em particular, assim como das instituições e de suas
tradições culturais, sendo necessária a construção de algumas determinações.
Com base nesses princípios, as Diretrizes trazem informações úteis sobre a abordagem das
culturas negras no cotidiano escolar, instrumentalizando o processo de mudanças instaurado pela
legislação. A desconstrução do racismo e o reconhecimento da história e cultura afro-brasileira e
africana são hoje colocadas no centro das políticas públicas educacionais. É importante destacar
que não se trata de mudar um foco etnocêntrico marcadamente de raiz europeia por um africano,
mas de ampliar o foco dos currículos escolares para a diversidade cultural, racial, social e
econômica brasileira. Nesta perspectiva, cabe às escolas incluir no contexto dos estudos e
atividades, que proporciona diariamente, também as contribuições histórico-culturais dos povos
indígenas e dos descendentes de asiáticos, além das de raiz africana e europeia.
De acordo com as DCNs, caberá aos administradores dos sistemas de ensino e das
mantenedoras prover as escolas, seus professores e alunos de material bibliográfico e de outros
materiais didáticos, além de acompanhar os trabalhos desenvolvidos, a fim de evitar que questões
tão complexas, muito pouco tratadas, tanto na formação inicial como continuada de professores,
sejam abordadas de maneira resumida, incompleta, com erros. Em outras palavras, aos
estabelecimentos de ensino está sendo atribuída responsabilidade de acabar com o modo falso e
reduzido de tratar a contribuição dos africanos escravizados e de seus descendentes para a
construção da nação brasileira; de fiscalizar para que, no seu interior, os alunos negros deixem de
sofrer os primeiros e continuados atos de racismo de que são vítimas. Sem dúvida, assumir estas
responsabilidades implica compromisso com o entorno sociocultural da escola, da comunidade
onde esta se encontra e a que serve, compromisso com a formação de cidadãos atuantes e
democráticos, capazes de compreender as relações sociais e étnico-raciais de que participam e
ajudam a manter e/ou a reelaborar, capazes de decodificar palavras, fatos e situações a partir de
diferentes perspectivas, de desempenhar-se em áreas de competências que lhes permitam
continuar e aprofundar estudos em diferentes níveis de formação. É preciso reconhecer e
valorizar, divulgar e respeitar os processos históricos da resistência negra desencadeado pelos
africanos escravizados no Brasil. Valorizar e respeitar a pessoa negra, sua cultura e sua história,
compreender seus valores e lutas. Criando assim condições para que os estudantes negros não
sejam rejeitados, devido a sua cor de pele. E que os educadores sejam capazes de corrigir posturas,
atitudes que demonstrem desrespeito e discriminação. 7
As Diretrizes e a LDB vêm com o propósito teórico de tornar práticas ações que aproxime
polos isolados e minimizem a dor de anos de uma história triste e pouco valorizada. Vídeos, textos,
músicas e a cultura afro-brasileira não devem ser lembradas somente no dia 20 de novembro, mas

7
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todos os dias e que não recaia nos professores de linguagens e humanas. A cultura é universal, não
se distingue por cor, credo e gênero.
“É neste sentido que se fazem as seguintes determinações:
- O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, evitando-se distorções, envolverá articulação entre
passado, presente e futuro no âmbito de experiências, construções e pensamentos produzidos em diferentes
circunstâncias e realidades do povo negro. É um meio privilegiado para a educação das relações étnico-raciais
e tem por objetivos o reconhecimento e valorização da identidade, história e cultura dos afro-brasileiros,
garantia de seus direitos de cidadãos, reconhecimento e igual valorização das raízes africanas da nação
brasileira, ao lado das indígenas, europeias, asiáticas.
- O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana se fará por diferentes meios, em atividades
curriculares ou não, em que: – se explicitem, busquem compreender e interpretar, na perspectiva de quem o
formule, diferentes formas de expressão e de organização de raciocínios e pensamentos de raiz da cultura
africana; – promovam-se oportunidades de diálogo em que se conheçam, se ponham em comunicação
diferentes sistemas simbólicos e estruturas conceituais, bem como se busquem formas de convivência
respeitosa, além da construção de projeto de sociedade em que todos se sintam encorajados a expor, defender
sua especificidade étnico-racial e a buscar garantias para que todos o façam; – sejam incentivadas atividades
em que pessoas – estudantes, professores, servidores, integrantes da comunidade externa aos
estabelecimentos de ensino – de diferentes culturas interatuem e se interpretem reciprocamente, respeitando
os valores, visões de mundo, raciocínios e pensamentos de cada um.
- O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, a educação das relações étnico-raciais, tal como
explicita o presente parecer, se desenvolverão no cotidiano das escolas, nos diferentes níveis e modalidades
de ensino, como conteúdo de disciplinas, particularmente, Educação Artística, Literatura e História do Brasil,
sem prejuízo das demais, em atividades curriculares ou não, trabalhos em salas de aula, nos laboratórios de
ciências e de informática, na utilização de sala de leitura, biblioteca, brinquedoteca, áreas de recreação,
quadra de esportes e outros ambientes escolares.
- O ensino de História Afro-Brasileira abrangerá, entre outros conteúdos, iniciativas e organizações negras,
incluindo a história dos quilombos, a começar pelo de Palmares, e de remanescentes de quilombos, que têm
contribuído para o desenvolvimento de comunidades, bairros, localidades, municípios, regiões (exemplos:
associações negras recreativas, culturais, educativas, artísticas, de assistência, de pesquisa, irmandades
religiosas, grupos do Movimento Negro). Será dado destaque a acontecimentos e realizações próprios de cada
região e localidade.
- Datas significativas para cada região e localidade serão devidamente assinaladas. O 13 de maio, Dia
Nacional de Denúncia contra o Racismo, será tratado como o dia de denúncia das repercussões das políticas
de eliminação física e simbólica da população afro-brasileira no pós-abolição, e de divulgação dos significados
da Lei Áurea para os negros. No 20 de novembro será celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra,
entendendo-se consciência negra nos termos explicitados anteriormente neste parecer. Entre outras datas de
significado histórico e político deverá ser assinalado o 21 de março, Dia Internacional de Luta pela Eliminação
da Discriminação Racial.
- Em História da África, tratada em perspectiva positiva, não só de denúncia da miséria e discriminações que
atingem o continente, nos tópicos pertinentes se fará articuladamente com a história dos afrodescendentes no
Brasil e serão abordados temas relativos: – ao papel dos anciãos e dos griots como guardiões § 2°, Art. 26A, Lei
9.394/1996 : Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo

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o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.– à
história da ancestralidade e religiosidade africana; – aos núbios e aos egípcios, como civilizações que
contribuíram decisivamente para o desenvolvimento da humanidade; – às civilizações e organizações políticas
pré-coloniais, como os reinos do Mali, do Congo e do Zimbabwe; – ao tráfico e à escravidão do ponto de vista
dos escravizados; – ao papel de europeus, de asiáticos e também de africanos no tráfico; - à ocupação colonial
na perspectiva dos africanos; – às lutas pela independência política dos países africanos; – às ações em prol da
união africana em nossos dias, bem como o papel da União Africana, para tanto; – às relações entre as
culturas e as histórias dos povos do continente africano e os da diáspora; – à formação compulsória da
diáspora, vida e existência cultural e histórica dos africanos e seus descendentes fora da África; – à diversidade
da diáspora, hoje, nas Américas, Caribe, Europa, Ásia; – aos acordos políticos, econômicos, educacionais e
culturais entre África, Brasil e outros países da diáspora.
- O ensino de Cultura Afro-Brasileira destacará o jeito próprio de ser, viver e pensar manifestado tanto no dia-
a-dia, quanto em celebrações como congadas, moçambiques, ensaios, maracatus, rodas de samba, entre
outras.
- O ensino de Cultura Africana abrangerá: – as contribuições do Egito para a ciência e filosofia ocidentais; – as
universidades africanas Timbuktu, Gao, Djene que floresciam no século XVI; – as tecnologias de agricultura, de
beneficiamento de cultivos, de mineração e de edificações trazidas pelos escravizados, bem como a produção
científica, artística (artes plásticas, literatura, música, dança, teatro), política, na atualidade.
- O ensino de História e de Cultura Afro-Brasileira, se fará por diferentes meios, inclusive, a realização de
projetos de diferentes naturezas, no decorrer do ano letivo, com vistas à divulgação e estudo da participação
dos africanos e de seus descendentes em episódios da história do Brasil, na construção econômica, social e
cultural da nação, destacando-se a atuação de negros em diferentes áreas do conhecimento, de atuação
profissional, de criação tecnológica e artística, de luta social (tais como: Zumbi, Luiza Nahim, Aleijadinho,
Padre Maurício, Luiz Gama, Cruz e Souza, João Cândido, André Rebouças, Teodoro Sampaio, José Correia Leite,
Solano Trindade, Antonieta de Barros, Edison Carneiro, Lélia Gonzáles, Beatriz Nascimento, Milton Santos,
Guerreiro Ramos, Clóvis Moura, Abdias do Nascimento, Henrique Antunes Cunha, Tereza Santos, Emmanuel
Araújo, Cuti, Alzira Rufino, Inaicyra Falcão dos Santos, entre outros).
- O ensino de História e Cultura Africana se fará por diferentes meios, inclusive a realização de projetos de
diferente natureza, no decorrer do ano letivo, com vistas à divulgação e estudo da participação dos africanos e
de seus descendentes na diáspora, em episódios da história mundial, na construção econômica, social e
cultural das nações do continente africano e da diáspora, destacando-se a atuação de negros em diferentes
áreas do conhecimento, de atuação profissional, de criação tecnológica e artística, de luta social (entre outros:
rainha Nzinga, Toussaint-L’Ouverture, Martin Luther King, Malcom X, Marcus Garvey, AiméCesaire,
LéopoldSenghor, MariamaBâ, Amílcar Cabral, Cheik Anta Diop, Steve Biko, Nelson Mandela, AminataTraoré,
Christiane Taubira)”.8

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PARTE II
ASPECTOS GERAIS DA HISTÓRIA AFRICANA

4. DO MUNDO OCIDENTAL À ÁFRICA: COMO ELA É


É muito importante desconstruir as representações que foram construídas ao longo do
tempo acerca do continente africano, ao passo que algumas delas devem ser entendidas como
ultrapassadas. Em uma breve reflexão, vale pensar que os seres humanos criam representações e
empregam valores das mais variadas formas. Percebe-se, em certos casos, que são valores
impregnados, cheios de pré-conceitos, que moldam a forma de pensar e interpretar determinado
assunto. Os seres humanos transportam em suas interpretações esses valores; transformam o
mundo em signos, isto é, tudo a ser pensado, interpretado e discutido leva uma pitada de valores
pessoais que significam algo. Isso é parte do processo de construção do indivíduo. Podemos dizer
que logo na infância se tem contato com os primeiros valores de mundo, coisas como bem ou mal,
belo ou feio, certo ou errado, que vão sendo alicerçadas no ser-individual. Mais tarde, tais valores
vão se apresentando cada vez mais nos discursos desse indivíduo, como forma de afirmação da
própria identidade. Muitos preconceitos e discriminações, portanto, são parte de um processo que
cada pessoa participa, às vezes sem ter ciência de fato, reproduzindo ideias sem fundamentos, etc.
No caso das ideias acerca da África, há centenas de anos que um discurso preconceituoso e
exploratório vem sendo empregado pelo mundo ocidental para designar tal continente. Entende-
se que muitas ideias sobre a África são parte de uma impregnação de valores que nunca se
distanciaram da ambição de dominá-la. São ideias que mostram um certo retrocesso, que partem
de interpretações mal analisadas, impregnadas com discursos em que a elevação do ego se vê na
necessidade de manter a superioridade europeia, do homem branco sobre o negro.
Nesse sentido, é muito importante estudar a África com outros olhos. Tentar vê-la como ela
é: um continente plural.

4.1. BERÇO DA HUMANIDADE (ORIGENS DO HOMEM)

Em sua obra de 1859, A Origem das Espécies, o cientista inglês Charles Darwin (1809-1882)
foi pioneiro na pesquisa e apontamento da teoria referente à evolução, que os seres vivos
evoluíram a partir de um ancestral comum, através do mecanismo biológico denominado de
seleção natural, processo em que os indivíduos mais adaptados ao meio ambiente têm maiores
chances de sobreviver e deixar descendentes. Ele assinalou que a origem e a evolução da espécie
humana estão fortemente ligadas ao continente africano como sendo o berço da espécie. Sua

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teoria foi muito criticada em seu tempo, mas atualmente experiências e evidencias em diversas
áreas de estudo dão cada vez mais afirmação à teoria darwinista. O continente africano, devido
sua diversidade e extensão, dá bons motivos a afirmação da teoria. As escavações arqueológicas
corroboram constantemente com essa ideia de que a África foi o berço da humanidade. Não
somente o berço, mas também o espaço de desenvolvimento das civilizações mais antigas da
humanidade.
A origem do homem está ligada a evolução biológica dos mamíferos. Segundo os biólogos,
os primeiros mamíferos teriam surgido há cerca de 220 milhões de anos atrás, ainda na Era
Mesozoica, a era dos répteis. Eram pequenos animais que viviam nas árvores e em tocas na terra.
Por volta de 65 milhões de anos atrás os mamíferos conseguiram se proliferar pela terra. A
extinção dos dinossauros por volta de 70 milhões de anos atrás liberou um grande número de
nichos ecológicos, permitindo a multiplicação das espécies de mamíferos. O homem é um
mamífero da ordem dos primatas, família dos hominídeos, gênero Homo, espécie sapiens. Por
volta de 2 milhões de anos atrás, a família biológica dos hominídeos apresentava dois ramos
principais: o das espécies de Australopithecus, cujos membros se extinguiram há cerca de 1 milhão
de anos, e o das espécies do gênero Homo, que chegou aos seres humanos atuais. 9
Mas, devido ao processo evolutivo corresponder a um extenso período de tempo, supõe-se
que muitas das fases da evolução não são encontradas em fósseis, sendo que o processo de
fossilização demanda de condições especificas. A maioria dos fósseis são encontrados em grandes
profundidades e muitos só são encontrados com a influência de fenômenos naturais. Podendo
encontrar não tão grandes números de sítios arqueológicos.
Em todo caso, há boas razões para acreditar que o continente africano foi o habitat da
espécie humana. Encontra-se uma grande riqueza em evidencias pré-históricas. A extensão
territorial e suas variedades climáticas são pontos chave propícios à adaptação e desenvolvimento
da espécie. A possibilidade migratória é evidente analisando tais fatores, o que leva a uma maior
adaptação observando que mesmo as variações no clima durante as fases evolutivas não poderiam
impedir o processo. Estudos desenvolveram diversas evidencias que dão base à teoria do
surgimento do homem. Demonstrando os mais diversos estágios, aos quais se passaram antes do
homem se tornar o que é hoje. As mudanças ocorridas são parte da ação no processo de
adaptação e especialização. Apesar das brechas existentes é possível exemplificar detalhes da
evolução.
Como dito, a espécie humana constitui-se e partilha de uma só origem, de uma só história
evolutiva. Homo sapiens sapiens é o termo que define o estágio evolutivo ao qual se encontra a
espécie humana hoje. Nós somos capazes de viver nos mais diferentes ambientes, usando a nosso
favor a tecnologia desenvolvida, propiciando a mais diversificada espécie conhecida, em pontos

9
BLAINEY, 2009, p.6.

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físicos e de comportamento. Há um grande contraste entre os grupos humanos, onde uns vivem
como os primeiros ancestrais e outros conseguem ir além das possibilidades do corpo, como voar,
atravessar oceanos e ir ao espaço sideral, por exemplo. E todo esse desenvolvimento explica-se a
partir do processo evolutivo ao qual atingiu a espécie. A complexidade e volume cerebral, o livre
movimento das mãos para manipulação e a utilização permanente dos membros inferiores como
meio de locomoção, fazem parte dos requisitos que levaram a espécie ao nível atual, sendo de
adaptação e desenvolvimento.
A origem do Homo sapiens deriva de uma linhagem que remonta a vários milhões de anos.
Nas mais diferentes épocas, provavelmente existiram nessa linhagem distintas formas
morfológicas, pelo fato de a composição genética do homem atual refletir tal herança. Descobertas
apontam que tiveram duas vertentes na linhagem evolutiva. Uma corresponde ao gênero Homo,
ao qual se segue até hoje e outra ao gênero Australopithecus, aparentemente extinta a cerca de 1
milhão de anos. Porém, é provável que não estejam representados em uma continuação
unicamente por ter ocupado áreas não tangíveis a fossilização. Os testemunhos fósseis entre 14
milhões e 3,5 milhões de anos estão bastante incompletos. Dispomos apenas de quatro espécimes
que podem ser relacionados a esse período. No entanto, nenhum desses espécimes é bastante
significativo, pois são muito fragmentários, mas em nossos conhecimentos, são identificações
bastante discutíveis na visão de muitos antropólogos.10

OS HOMINÍDEOS
Disponível em: <http://evogenind.blogspot.com/2010/03/evolucao-humana-o-homem-actual-e-o.html>

Presume-se que esses dois gêneros, Homo e Australopithecus, habitassem nichos ecológicos
diferentes, embora os territórios podiam coincidir-se. Ainda não se sabe muito sobre o que levou a
adaptação de cada um desses hominídeos. Mas alguns especialistas acreditam que ouve um
ancestral em comum aos dois gêneros, distinto de ambas.
O Homo erectus é a forma pré-sapiens mais conhecida do gênero Homo. Podendo indicar
uma origem africana, sendo muitos especialistas favoráveis à ideia de que todos os testemunhos

10
BLAINEY, 2009.

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dessa humanidade descobertos foram do continente africano. Os dados existentes mostram que
essa espécie se encontrava amplamente distribuída na África, habitando também na Ásia e na
Europa. Tinha cerca de 900 cm³ de volume cerebral; tornou-se onívoro e, em sua alimentação,
além dos vegetais, a carne passou a ser muito importante. O Homo erectus foi a primeira espécie a
construir instrumentos de pedra com um padrão definido, a caçar sistematicamente e a utilizar o
fogo.
O Homo habilis corresponde à espécie intermediaria. Suas principais características seriam
cérebro relativamente desenvolvido, crânio de ossos relativamente pouco espesso com abóbada
alta, constrição pós-orbitária reduzida, arcada dentaria diferenciada. Os elementos do esqueleto
pós-craniano têm características morfológicas bastante semelhantes às do homem moderno. Tinha
um volume cerebral em torno de 700 cm³. Uma de suas características era a diferença na
alimentação (comparação com os Australopithecus), que, além de vegetais, incluía carne. Recebeu
a denominação Homo Habilis (homem habilidoso) porque, segundo os pesquisadores, construiu os
primeiros instrumentos de pedra e madeira.
Sabe-se que o homo sapiens deslocou-se para outras regiões do planeta, no entanto, esse
deslocamento foi lento e gradual, segundo os estudiosos. Restringindo-se, inicialmente, há
migrações internas no continente africano. Talvez as populações tenham se tornado muito
numerosas para os recursos disponíveis na região ou tenha havido um longo período de seca, e
isso os tenha levado para o norte. Era mais uma corrida de revezamento do que uma longa
caminhada. É possível que um grupo pequeno de pessoas avançasse uma pequena distância e
decidisse se estabelecer naquele lugar. Outros vinham, passavam por cima delas ou impeliam-nas
para outro lugar.
Grupos de caçadores-coletores movimentaram-se por várias regiões da África. De maneira
que tais deslocamentos propiciaram intercâmbios culturais e étnicos entre os povos africanos.
Esses intercâmbios estão intrinsecamente relacionados a heterogeneidade que caracteriza a África.
Grupos de pessoas que estavam constantemente em movimento não podiam tratar com eficácia
dos doentes, dos idosos e dos que não aguentavam realizar longas caminhadas, provavelmente,
eram deixados para trás para morrer; uma sociedade em movimento não tinha outra alternativa.
A África foi o espaço por excelência na qual as primeiras civilizações se estruturaram e
desenvolveram seus sistemas de escrita. Um grande destaque vai para a civilização egípcia, tanto
pela sua antiguidade cultural, como pelo seu sistema de escrita: os hieróglifos. No entanto, outras
formas de escritas tanto fonéticas, quanto ideográficas se desenvolveram em terras africanas, um
bom exemplo, são os sistemas meroídico, o núbio antigo, o copta, o tifinagh, o ge’eze obamun.

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4.2. CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS DO CONTINENTE AFRICANO

O continente africano trata-se do terceiro maior continente em extensão, superado apenas


pela Ásia e América. A superfície da África soma 30 milhões de km², que possui mais de 900
milhões de habitantes. Rodeada por imensas massas oceânicas, a África forma uma unidade, que
desaparece da nossa visão em função de fronteiras e de outras barreiras imaginarias que os
humanos teimam em erguer uns contra os outros.
O continente africano foi um dos primeiros blocos de terras emersas que surgiram no
planeta, integrou a pangea(continente único) e, por conseguinte, possui uma formação geológica
bastante antiga, com altitudes de 600 a 700 metros, em média. Do ponto de vista geográfico,
representa 25% das terras emersas do planeta, com uma superfície de 30.249.096 km² e uma costa
de 27.500 km de extensão.
A África impõe-se explicitamente pela sua vastidão, pela heterogeneidade ambiental, com
desertos, estepes, savanas e florestas que são responsáveis pela variação de temperaturas. Tendo
como referência as latitudes representadas pelos trópicos de Câncer e de Capricórnio, podemos
perceber que o clima africano se caracteriza pela continentalidade e pela tropicalidade. São as
latitudes que nos informam sobre a temperatura e o regime de chuvas, podendo dizer-se que na
maior parte da África, o afastamento da linha equatorial se traduz no abrandamento da
temperatura e no aumento da duração do período de seca.

PRINCIPAIS CLIMAS AFRICANOS


Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/aspectos-naturais-Africa-clima-vegetacao.htm>

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A disponibilidade hídrica do continente como um todo é pequena. Todavia, não haveria


como deixar de ressaltar o fato de esta disponibilidade ser maior do que Ásia e da Europa. Mas
temos ainda os contrastes internos de disponibilidade do líquido, pois se em muitas partes da
África existe água em abundância, noutras se quer um copo d’água pode-se encontrar. Os rios mais
destacados são o Niger, o Nilo, o Congo e o Zambeze.
Contudo, um aspecto básico é que, em escala continental, a hidrografia é pouco expressiva.
Não por outra razão senão o predomínio dos climas secos. Significativamente, boa parte das áreas
da África assoladas com o “fantasma das torneiras secas” se situam exatamente no Norte, no
Sudeste e no Corno da África, regiões marcadamente áridas. Por sinal, o continente abriga o maior
deserto do mundo, o Saara, e outros dois, Namibe e Kalahari, totalizando área considerável.
Consequentemente, na África as águas superficiais estão concentradas em poucas bacias
hidrográficas e lacustres.11
É interessante ressaltar que de um ponto de vista geofísico – e a despeito de ter sido
confinada a uma espécie de periferia do mundo – a África abriga o centro espacial imaginário da
Terra. Não há outro continente mais central do que a África, exatamente em pleno Golfo da Guiné,
no litoral ocidental do continente africano, o encontro do Equador com o Meridiano de Greenwich:
o coração do mundo.
Nas definições históricas, geográficas e culturais, o continente se integra ao chamado Velho
Mundo, juntamente com Ásia e Europa, unicamente por uma ligação natural: o Istmo de Suez.
Situado no Egito, é um acidente natural que forma uma ponte com a Ásia, mais exatamente com o
Oriente Médio.
O litoral do continente é pouco recortado: golfos, baías, cabos e penínsulas são raros. As
estruturas litoraneais/geológicas mais acentuadas são o Corno da África, o Golfo da Guiné, O Cabo
Bojador, o Cabo da Boa Esperança, o Canal de Moçambique, o estreito de Gibraltar e o estreito
deBab-el-Mandeb. Todavia, o litoral africano é extensamente ocupado por escarpas, áreas
pantanosas, mangues e desertos. Um dado interessante é que em termos comparativos a área da
África é três vezes maior que a Europa, porém a extensão de sua costa é três vezes menor. Isso
permite compreender a razão de existir uma sucessão relativamente escassa de acidentes naturais.
Uma visão europeia do continente africano seria a de que este enfrentasse uma “condição
de isolamento”, observando declamações referentes à dificuldades em ultrapassar barreiras, como
as corredeiras dos rios, que podemos dar um exemplo das Cataratas de Livingstone, localizadas
num ponto onde o Rio Zaire limita com a declividade das áreas planálticas, que configurariam um
“obstáculo” a ser vencido. Entretanto, tais discursos são exclusivamente europeus, pelo fato
desses acidentes naturais dificultarem a eles o acesso ao interior do continente. Já para as

11
SERRANO; WALDMAN, 2010. p.57.

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populações locais tais rugosidades nunca se revestiram da dramaticidade pregada pela visão
colonialista. Aliás, essas barreiras poderiam ser antes entendidas como muralhas naturais para
deter a invasão europeia. Mas de forma alguma seriam obstáculos à civilização. 12
As principais formas de relevo do continente africano são: planícies, planaltos, montanhas e
depressões. Mas a maior parte da África é de planaltos. O Monte Kilimanjaro, na Tanzânia, com
5.895 metros de altitude, é o maior do continente e tem neves eternas. Os principais rios do
continente africano são: Rio Níger, Rio Nilo, Rio Congo, Rio Zambege. A maioria é pouco navegável.
No continente Africano existem muitos lagos. Existem vários tipos de vegetação: floresta densa,
floresta aberta, savana, estepe, vegetação desértica, vegetação mediterrânica.
A África possui poucas ilhas: Na costa ocidental, Canárias, Açores, São Tomé e Príncipe,
Bioko, Madeira, Corisco, Elobey grande, Elobey pequeno, Pigalu; na costa oriental, Rodrigues,
Reunião, Maurício, Comores, Seychelles e Madagascar.
Um tipo de estrutura geológica bastante destacada pelos paleontólogos é o Rift Valley,
também chamado de Vale da Grande Falha, uma fratura da crosta terrestre. Durante o
Pleistoceno, em particular na sua última fase, a África oriental passou por um período de
movimentos tectônicos associados a uma ruptura da crosta terrestre, hoje chamada Rift Valley,
Esses movimentos tectônicos originaram falhas e, em muitos lugares, provocaram a elevação de
massas de sedimentos. A erosão que se seguiu expôs as camadas onde se tinham formado fósseis.
Por essa razão, a procura de restos fósseis concentra-se, em geral, em antigas bacias lacustres
onde as formações sedimentares sofreram falhas e aparecem sob a forma de terras áridas com
refinamentos.13
O Rift Valley possui seis mil quilômetros de extensão, dividindo-se em dois trechos, um
Ocidental e outro Oriental. Na depressão encontram-se alojados vários lagos, tais como o Tchad, o
Niassa, o Tanganica, o Rodolfo e o grande lago Vitória. Além de vulcões como o Ruwenzori e o
Kilimanjaro.

12
ANJOS, 1989, p. 19 apud SERRANO; WALDMAN, 2010, p.45
13
LEAKEY, 2010, p.494.

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MONTE KILIMANJARO AO FUNDO


Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/blog-do-caderno-de-turismo/trekking-para-monte-kilimanjaro-na-tanzania/>

4.3. AS DIFERENTES REGIÕES DA ÁFRICA

A África é uma terra de grandes riquezas e diversidades, mas também de muitas lutas e
sofrimento; uma terra de grandes e antigas civilizações, como os egípcios e suas pirâmides nas
areias do Saara e dos pequenos Pigmeus nas densas florestas no centro da África, terra dos ferozes
leões e dos grandes elefantes. É preciso dizer que existem muitas Áfricas, no plural, e não apenas
uma grande massa continental unificada. Comumente, o continente africano é dividido em cinco
grandes regiões: África Setentrional ou do Norte, África Oriental, África Ocidental, África Central e
África Austral.

CINCO GRANDES REGIÕES GEOGRÁFICAS


Disponível em: <https://africaarteeducacao.ciar.ufg.br/modulo3/index.html>

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A África Setentrional ou do Norte é a região as margens do Mar Mediterrâneo. Esta região


registra em toda sua extensão um clima desértico, excetuando a estreita faixa litoral do Norte,
onde existe o clima temperado mediterrâneo. No norte da África predominam os planaltos. A
maior parte é desértica, por isso não possui rios destacáveis, com exceção do Nilo. Muitas pessoas
migram para o Sul da Europa à procura de emprego, sendo muitos deles trabalhadores agrícolas.
Os principais produtos agrícolas são: tâmaras, citrinos, uvas, algodão, cana-sacarina, ovinos e
milho. É grande produtora de ovinos. Os poucos recursos minerais existentes são: fosfatos,
petróleo e chumbo. Os países dessa região são: Marrocos, Argélia, Líbia, Egito, Sudão e Tunísia.
A África Oriental compreende a região mais a Leste do continente. As populações da costa
oriental são chamadas swahili. A África Oriental é a zona com maior altitude da África. É a região
dos grandes lagos, com poucos rios, mas com realce para o Nilo. Existem poucos recursos minerais.
A população dedica-se principalmente à agricultura e criação de gado. As principais culturas são:
café, banana, copra, algodão, caju e amendoim. A criação de gado bovino e de ovinos é habitual
nesta região. Os países dessa região são: Tanzânia, Uganda, Ruanda, Burundi, Quênia, Etiópia,
Somália, Djibuti, Eritreia, Madagascar, Seychelles, Comores, Maurício e Ilha da Reunião.
A África Ocidental compreende a parte mais a Oeste do continente africano. Como na
maioria das regiões africanas, a população desta zona dedica-se à agricultura, produzindo café,
cacau, amendoim, milho, óleo de palma, mapira, a par da criação de gado. Os principais recurso
minerais são: diamantes, petróleo, estanho, ouro, alumínio e ferro. A Nigéria é o maior produtor
africano de petróleo. Nesta região desenvolveram entre os séculos IV a XVI grandes e bem
organizados reinos. Dos reinos mais importantes destacam-se os do Gana, do Mali e Songhay. Os
países dessa região são: Nigéria, Niger, Benim, Togo, Gana, Costa do Marfim, Burkina Faso, Libéria,
Serra Leoa, Guiné-Conacri, Guiné-Bissau, Gâmbia, Senegal, Mali, Cabo Verde, República Árabe
Saaraui Democrática, São Tomé e Príncipe, Mauritânia e Santa Helena.
A África Central é uma região de populações bantu, que se dedicavam à agricultura,
pastorícia, metalurgia do ferro e ao comércio. Desenvolveram-se nesta região vários reinos,
nomeadamente Luba, Congo, e Lozi, dos quais Congo foi o mais importante. Possui uma rede
hidrográfica intensa onde se destaca o rio Congo, o mais caudaloso da África, com regime
constante. A maior parte da população dedica-se à agricultura. É grande produtora de cacau, óleo
de palma, mapira, borracha, copra, café e amendoim. Os principais recursos minerais são os
diamantes, urânio, cobre, estanho e prata. A República Democrática do Congo é a mais rica em
recursos minerais. A indústria, contudo, não tem grande significado. Os países dessa região são:
Camarões, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Congo, Guiné Equatorial,
Chade e Gabão.
A África Austral é a região mais ao Sul. A história da população dessa região está ligada aos
bantu, europeus e asiáticos. Os bantu existem em toda a região da África Austral. Os europeus
apareceram com objetivos colonizadores, tendo passado a ocupar efetivamente a região no século

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passado, depois de uma grande resistência da população local. Os asiáticos, árabes, chineses e
indianos, apareceram devido ao comércio e pela necessidade europeia de mão de obra para as
plantações de açúcar, chá e sisal. A maior parte da população desta região dedica-se à agricultura e
criação de gado. Dada a fraca implantação das indústrias, encontra-se pouca gente ligada a esta
atividade. Os países dessa região são: Moçambique, África do Sul, Suazilândia, Lesoto, Botswana,
Namíbia, Angola, Zimbábue, Zâmbia e Malaui.
Infelizmente, a África é um continente cobiçado por todos e rejeitado por muitos. Os
europeus chegaram para saciar suas necessidades atrás dos diamantes, do marfim, das peles e
principalmente do ouro negro – a escravidão. É o continente rejeitado pelo mundo que só enxerga
a desigualdade, a fome, a pobreza e as doenças que açoitam aquela terra. Terra de centenas de
línguas, crenças e cores, que faz com que essas diferenças motivem guerras internas, todos
lutando pelo pouco, mesmo com o muito que natureza oferece.

4.4. A DIVERSIDADE ÉTNICO-CULTURAL AFRICANA E A VARIEDADE AMBIENTAL

As migrações de povos africanos foram ditadas pela natureza, a partir da necessidade de


sobrevivência. A busca por melhores solos e pastagens deslocaram povos lentamente,
intercambiando práticas culturais. A história da África, em grande parte, é um relato de migrações
de famílias, clãs, tribos e nações. Alguns desses movimentos migratórios podem ter ocorrido entre
o tempo de vida de numerosas gerações, entre partida e chegada, significando uma completa
mudança de paisagem que levaram à importantes transformações de hábitos de trabalho, de
alimentação e de convívio. Assinala-se que o meio ambiente, entendido como uma herança
simultaneamente biológica e social, atuou como fator condicionante para vários dinamismos na
África.
A presença humana no continente africano foi seguidamente comprovada por inúmeras
descobertas arqueológicas, como vimos anteriormente. Raças pré-históricas, hoje extintas,
surgiram inicialmente na África, assim como os ancestrais do ser humano atual. A África viu a
totalidade das suas paisagens naturais colocadas sob intervenção humana durante centenas de
milhares de anos. O continente assistiu ao surgimento das primeiras comunidades humanas e,
juntamente com elas, das primeiras tecnologias de impacto no meio natural, como a utilização da
pedra, do fogo e do arco e flecha.
A África constitui um dos territórios mais diversificados culturalmente do mundo. Lugar de
origem da espécie e da civilização humana, a África se tornou o epicentro de pujante diversidade
linguística, étnica e religiosa, mais heterogenia nas regiões subsaarianas. A heterogeneidade que
caracteriza a África está relacionada com os deslocamentos de povos de diferentes regiões da
África e de outros continentes. Os deslocamentos propiciaram intercâmbios culturais e étnicos, de

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maneira a criar um todo apoiado no sincretismo e na miscigenação de grandes populações, visíveis


em várias culturas milenares.

MAPA INDICANDO AS DUAS ÁFRICAS


Disponível em: <https://blogdoenem.com.br/africa-divisao-territorial/>

Uma estrutura geológica muito pertinente para caracterizar a situação sociocultural da


África é o deserto do Saara. O deserto divide a África em duas partes: as terras ao norte do Saara
(África Norte-Saariana), marcadas por um processo de islamização; e as terras ao sul (África Sul-
Saariana), marcadas por uma diversidade religiosa e étnica. Todavia, o Saara nunca funcionou
como “barreira” separando os povos da margem mediterrânea da África das populações
estabelecidas ao sul do deserto. No limite, o Saara permitiu que dois ritmos históricos se
estabelecessem nos dois espaços diante dos quais se intercalava, permitindo uma evolução
cultural que guardava traços específicos para cada conjunto. Atuando como um filtro, o deserto fez
com que os dados culturais transitassem com seletividade, atenuando certas influências e
brecando outras.14
Enquanto o norte da África foi islamizado em um período relativamente curto, a progressão
da religião muçulmana ao sul do Saara foi bem mais lenta. Primeiramente o Islã seduziu
populações nômades e dos oásis; depois criou núcleos em meio às cidades comerciais; apenas
mais tarde impregnou parcelas do mundo tradicional, mesmo assim encontrando resistência por
parte de populações que permaneceram majoritariamente adeptas das religiões locais. 15

14
SERRANO; WALDMAN, 2010, p.99.
15
SERRANO; WALDMAN, 2010, p.99.

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Entre os países definidos com pertencentes a África do norte, encontra-se o Egito, Tunísia,
Líbia, Argélia, Marrocos, Mauritânia, Sudão e o Saara Ocidental. Todavia, essa seleção não é
unívoca, existem outras divisões e enquadramentos para os países pertencentes a África Norte-
Saariana. Dois grupos étnicos podem ser identificados separados pelo Saara, os Berberes ao norte,
e os sudaneses e bantus, além de variantes locais como os pigmeus, peuls, boximanes ao sul.
A maior parte da diversidade da África encontra-se na quantidade de povos e línguas
espalhadas pelo continente. Camarões reúne 270 etnias; a República Democrática do Congo, cerca
de 250; o Sudão, 130; a Tanzânia, 120; a Costa do Marfim, mais de 70; o Níger, 20; Zâmbia, 10.
Grande quantidade de etnias também se expressão por países de pequena extensão. Em Burkina
Fasso, convivem 68 etnias; em Benim, 54; em Togo, 45; em Uganda, são 40; na Libéria, 30; na
Guiné-Bissau, 21; em Gâmbia, 14; no Malawi, outras 14. No que concerne a diversidade linguística,
a África representa 30,3% das línguas vivas do mundo, algo em torno de 2.092. O continente
africano é marcado por famílias linguísticas específicas como a afro-asiática, malaio-polinesiana,
nilo-saariana, khoisan e níger-congo, além do inglês e outras línguas europeias.16
É importante salientar que essa diversidade cultural do continente foi enquadrada por
estereotipias e caracterizado de forma negativa pelos colonizadores europeus. As particularidades
da África foram fundidas em um todo homogêneo, no qual eram caracterizadas como culturas
pagãs ou não-cristãs, “inferiores” diante da civilização europeia. Todavia, para aqueles que
pretendem compreender a realidade histórica africana é indispensável levar em consideração o
que há de específico e diversificado nas sociedades africanas.

4.5. A EXPERIÊNCIA SOCIOCULTURAL DOS POVOS AFRICANOS

No continente africano se relacionam não só aspectos sociais, mas também o espaço e o


tempo vivenciados pelas suas sociedades. Aliás, o entrosamento do tempo com o espaço é,
sobretudo, uma premissa essencialmente africana. No pensamento tradicional africano, o binômio
espaço-tempo compartilha tamanha cumplicidade, que tornou prescindíveis artifícios
regulamentadores externos a realidade vivida.17
A presença humana é do mesmo modo fundamental para a compreensão dos processos
formadores das savanas por exemplo. A presença humana nesse ambiente é remotíssima,
simultânea ao surgimento do gênero Homo. Assim, entendemos que as paisagens naturais
incorporam um fardo humano. Onde a presença humana incorpora os mais diferentes meios
naturais, da mesma forma que a natureza incorpora o desenvolvimento do homem, atribuindo

16
SERRANO; WALDMAN, 2010, p.116.
17
SERRANO; WALDMAN, 2010. p.136.

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uma herança biológica. O reflexo de tal herança se vê na cultura africana, que gira em torno de
uma ligação com a natureza. Sua cultura proclama a unidade cósmica. Essa unidade vai além da
própria relação natureza e homem: seu universo gira em torno da existência e da essência, do ser e
do estar, do físico e do metafísico. Tanto o mundo natural quanto o mundo social estão em
harmonia no que se dá essa unidade. Sem o respeito e a preservação aos elementos e as forças da
natureza não é possível ter uma vida social saudável e, inversamente, a vida social sã é impossível
sem uma natureza salutar. Tudo está em tudo, fazendo parte de uma visão cósmica com o próprio
Deus: que é a concepção de energia inerente aos seres, que faz configurar uma unidade, que
mantém um suporte comum para que todas as coisas conectem e formem um elo universal. Essa
energia é chamada de Força Vital.
A Canção dos Homens, de TolbaPhanem, diz: “Quando uma mulher, de certa tribo da África,
sabe que está grávida, segue para a selva com outras mulheres e juntas rezam e meditam até que
aparece a ‘canção da criança’. Quando nasce a criança, a comunidade se junta e lhe cantam a sua
canção. Logo, quando a criança começa sua educação, o povo se junta e lhe cantam sua canção.
Quando se torna adulto, a gente se junta novamente e canta. Quando chega o momento do seu
casamento a pessoa escuta a sua canção. Finalmente, quando sua alma está para ir-se deste
mundo, a família e amigos aproximam-se e, igual como em seu nascimento, cantam a sua canção
para acompanhá-lo na ‘viagem’”. Ela expressa o foco no desenvolvimento a partir da identidade e
da memória, pela qual o indivíduo faz relações entre seu eu e seu estar social. Observa-se ainda
que o indivíduo mantém ligação singular com seu processo de formação, identificando como
justificativa de suas ações. O indivíduo repousa sobre suas relações com a sociedade, sendo
necessário buscar refúgio em seu interior. A ideia é que não estão isolados num vazio social:
partilham desse mundo com os outros, que os servem de apoio, às vezes de forma convergente,
outras pelo conflito, para compreendê-lo, administrá-lo ou enfrentá-lo.

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A CANÇÃO DOS HOMENS EXPRESSA A VIRTUDE SOCIAL AFRICANA


Disponível em: <https://drandredourado.com/post/130-cancao-dos-homens>

Para o africano, de um ponto de vista ontológico, a vida social insere-se numa constante
busca de equilíbrio. Seu pressuposto é um sistema de forças – incluindo deuses, ancestrais e
mortos das linhagens – que se expressa desde os tempos primordiais até à sociedade presente,
segmentada em espaços como o étnico, clânico, das linhagens e o aldeão. Esse sistema estabelece
uma hierarquia de estruturas baseadas em critérios de ancianidade, uma qualidade social
referente por esta mesma visão. 18
A família negro-africana típica é conhecida pela denominação de família extensa, por ser
constituída por um grande número de pessoas ligadas por um parentesco. A família é a questão
privilegiada do africano vivenciar sua cultura, dela nascem suas divindades, bem como sua
subsistência. A família é o núcleo da sociedade. É sua unidade mais importante a ponto de os
deuses obedecerem a uma linhagem baseada na estrutura social africana. Os rituais por sua vez,
refletem a organização singular de cada grupo; as etnias, ao que lhes tocam, definem suas
identidades no cerne da sociedade/família. Esse cerne é sinônimo entre sua vida material e
espiritual. Sua vida material está ligada à sua subsistência, que por sua vez mantém um elo com a
concepção sagrada do mundo. Uma das principais características das sociedades africanas é a não
apropriação individual do solo e o dever de transmiti-lo da mesma forma às próximas gerações. O
homem deve ocupar o solo de acordo com os pactos com a terra seladas por seus ancestrais. Esses
pactos demonstram a ancestralidade como um princípio norteador da vida dos africanos.

18
SERRANO; WALDMAN, 2010. p.137.

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5. AS ORGANIZAÇÕES SÓCIO-POLÍTICAS DE REINOS AFRICANOS


Há uma dificuldade em tratar dos períodos históricos da Idade Antiga e Idade Média na
África como um todo, pois muitos povos africanos não tinham uma cultura escrita difundida. Suas
histórias eram contadas e registradas de forma oral, muitas vezes. Mas, alguns historiadores e o
Comitê Científico Internacional da UNESCO se esforçaram para fazer a redação da História Geral da
África, que foi registrada em oito grandes volumes que contemplam desde a pré-história ao século
XX. Eles fizeram uso de fontes diversas, desde relatos orais, registros de viajantes, memórias de
rotas de comércio, etc. Portanto, hoje é possível abordar os aspectos históricos mais fundamentais
da África nessa época, como veremos na sequência.
Desde tempos muito remotos, o que se presenciava na África era uma intrincada rede de
caminhos ou de trocas. Esses caminhos foram sendo pouco a pouco abertos em variadas direções,
detendo-se em pontos que, por sua posição privilegiada, facilitavam contatos junto a diferentes
grupos sociais, étnicos e de poder, além de propiciar o intercâmbio de produtos de zonas
ecologicamente especificas. Com funções para além de responder pela satisfação de necessidades
matérias elementares – alimentação, vestuário e utensílios de uso cotidiano – se encontrava uma
das mais interessantes instituições africanas, marcadamente ao sul do Saara: trata-se do mercado
local, que também desempenha vigorosa função integradora. As feiras locais constituem o núcleo
da vida comunitária, locais de informação e de difusão das notícias, onde se exercitava o controle
social por excelência. No mundo tradicional africano, nenhuma novidade é integrada a vida social
sem antes passar pela feira. E foi a partir dos contatos firmados entre populações vizinhas que as
trocas se ampliaram, permitindo que a África consolidasse contatos intercontinentais. O mercado
local se refere a modalidades de troca que afetam diretamente o cotidiano do africano e que, de
modo geral, atendem ao essencial das suas necessidades, daí sua importância.
Essa ressalva é importante para discernir o papel desempenhado pelo comércio
transcontinental, relacionando, como de praxe para todas as demais sociedades antigas, a um
intercambio suntuoso de produtos ou artigos raros e caros, um trafico geralmente tutelado por
uma autoridade real que auferia dividendos do controle desse intercambio. Relacionado com esse
caráter afluente do comercio de longa distância é o seu caráter altamente seletivo. A África era um
destacado polo exportador de marfim, especiarias, substâncias aromáticas, madeira, escravos,
peles raras, penas e ovos de avestruz, animais silvestres e ouro. Evidentemente, os circuitos
articulados pelo comercio de longa distância, tanto o marítimo quanto o saariano, pela própria
natureza que os animava, desdobraram-se em epifenômenos que diferem dos relacionados com o
mercado local. A intensificação das trocas induziu uma especialização, engendrando centros
urbanos cuja finalidade exclusiva era o intercambio.19

19
SERRANO; WALDMAN, 2010. p.133.

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Temos assim uma infinidade de grupos humanos que se organizaram em sociedades


complexas desenvolvendo atividades econômicas, políticas e culturais. Dois grandes grupos étnicos
podem ser identificados separados pelo Saara: ao norte, o grupo árabe Berbere com um
patrimônio genético mediterrâneo; e ao sul o grupo negro originado dos troncos sudanês e bantu
e algumas variantes locais. A expansão de grupos étnicos influenciou na criação dos reinos
africanos. A união de várias etnias e sua posterior organização política foram os primeiros passos
para o desenvolvimento dos reinos africanos. Alguns reinos se destacaram na história da África,
como o reino de Kush, o reino Songhai, o reino do Kongo, o reino de Mali.

5.1. REINO DE KUSH

Ao sul do Rio Nilo, ficava a região da Núbia, na qual imperava o Reino de Kush, cuja capital
era a cidade Napata (mais ou menos onde hoje está o Sudão). Os núbios eram descritos como
indivíduos altos e com a pele muito escura. Os kushitas desenvolveram intenso comércio com o
Egito, de quem receberam muitas influências culturais. A aparência dos egípcios era semelhante
aos núbios, de maneira que um intercâmbio cultural mais intenso tenha ocorrido entre esses
povos, um processo de miscigenação. Os Kushitas construíam prédios e tinham sua própria escrita.
No começo do século VII a.C., a cidade núbia mais importante era Meroe, ao sul de Napata. Meroe,
um verdadeiro centro comercial, produtora de objetos e ferramentas de ferro, os habitantes
construíram grandes prédios e monumentos que lembravam os egípcios, mas que tinha seu
próprio estilo. Na segunda metade do século VIII a. C., os exércitos kushitas derrotaram os egípcios
e durante um século os faraós foram núbios.

Meroe foi a capital do antigo reino de Kush. Ruínas de pirâmides, templos e outras construções ainda podem ser vistas onde hoje fica o Sudão. O
local é atualmente considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO

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Disponível em: <https://escola.britannica.com.br/artigo/reino-de-Kush/481683>

5.2. REINO DE ÁXUM

No século V a. C., onde hoje está a Etiópia, desenvolveu-se o Reino de Áxum. Em certo
momento, Áxum chegou a ser a potência dominante da região, entre o Império Romano e o
Império Persa. No século IV d.C., os habitantes converteram-se ao cristianismo. Através do porto
de Adulis, no Mar Vermelho, tinham contanto com comerciantes da Arábia antes de surgir o
Islamismo, além de comerciantes da China e da Índia. Apesar do reino sofrer perdas para os
invasores árabes e persas, manteve-se de pé e cristão durante os mil anos seguintes.

Localização do Império de Áxum


Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_de_Axum>

5.3. REINO DE GANA

No século VIII de nossa era, floresceu o Reino de Gana. Gana era um dos reinos sudaneses
(mais ou menos onde hoje estão Mali, Guiné e Senegal). Situava-se entre as bacias do alto Níger e
do Senegal. O reino de Gana era constituído por várias etnias.O reino foi governado por quarenta
soberanos de origem bébere provenientes do Saara. Ao final do século VIII, ocorreu a mudança
dinástica tendo início a liderança de reis negros, com CisséTunkara – significado de rei na língua
soniké. Essa dinastia foi responsável pela expansão do Império. A religião do reino era animista.
Seus habitantes se dedicavam a agricultura e a pecuária. O reino de Gana foi conquistado pelos
muçulmanos no século XI. Todavia a religião animista convivia com a influência do Islamismo. Por
volta do século X, o Reino de Gana se configura em um Império, o rei possuía o título de Ghana,
que significa senhor do ouro. O rei detinha o poder religioso, econômico e administrativo. O
Império tinha uma estrutura descentralizada e respeitava as formas de estruturação das etnias
tradicionais. Os viajantes árabes diziam que Gana era tão rico que, no palácio do rei, os cachorros
vestiam coleiras de ouro. A região de Gana era rica em extração de ouro e outras pedras preciosas.

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Com o constante acumulo de bens começaram a surgir estratificações sociais nas cidades do reino.
O Reino de Gana, em determinado tempo, chegou a ter duas cidades-capitais: uma habitada pelos
reis e seus súditos, Kumbi-Saleh; e outra habitada pelos mulçumanos comerciantes procedentes do
Magreb (algo como ilha do ocidente).

O antigo reino de Gana abrangia um território distante da atual Gana (indicada na cor laranja).
Disponível em: <https://ensinarhistoriajoelza.com.br/reino-de-gana-o-pais-do-ouro/>

5.4. REINO DO MALI

No século XIII, numa região banhada pelo rio Níger, imperou o Reino do Mali. A data
estabelecida como o início do reino de Mali é 1235, quando o príncipe da etnia mandinga
(SundiataKeita) conseguiu derrotar SoumaoroKanté. A principal riqueza eram as abundantes minas
de ouro, que atraíam comerciantes de muitos pontos da África. O reino de Gana, por volta do
século XII encontrava-se em desagregação, devido aos ataques constantes dos árabes e o
crescimento das disputas pela hegemonia na região. Os mercadores que antes seguiam para a
cidade de Kumbi-Saleh passaram a optar por cidades como Gao, Djenae a famosa cidade de
Tombuctu. Os árabes do século XV contavam que cerca de 12 mil camelos atravessavam
anualmente o deserto do Saara em caravanas de comércio, que unia o reino de Mali ao norte da
África até o Cairo, no Egito que na época era pertencente ao mundo árabe. O mais destacado rei
(mansa) do reino de Mali foi Kango Mussa. Ele estimulou a vinda de sábios árabes islâmicos para
viver e ensinar na cidade de Tombuctu. A grande cidade tinha dezenas de milhares de habitantes e
era centro de comércio internacional. Vendia-se de tudo, de sal a escravos, de marfim a ouro.
Como a cidade era um grande centro de estudos superiores islâmicos, havia intenso comércio de
livros de Matemática, História, Medicina, Lógica e Astronomia. Um velho provérbio africano dizia

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que “O sal vem do norte, o ouro vem do sul, mas as palavras de Deus e os tesouros da sabedoria
vêm de Tombuctu”.

Mansa KankuMussá – Atlas Catalão, de Abraão Cresques, 1375.


Disponível em: <https://ensinarhistoriajoelza.com.br/reino-de-mali/>

Um domínio sobre vários Estados e etnias foi empreendido por líderes da etnia Sosso que
havia tomado a antiga capital do Reino de Gana, Koumbi-Saleh. A liderança mais destacada foi de
SoumaoroKanté. Um período no qual o reino estava organizado em aldeias constituídas por
forobas (campos comunitários). Posteriormente, houve uma reação contra o domínio Sosso,
liderado por SundiataKeita (um príncipe da etnia mandinga), a partir de uma coalização de reinos
vassalos. O Reino de Mali controlou a maior parte da África Ocidental até 1500.

5.5. REINO DE SONGHAI

No século V d.C., o reino de Mali foi superado pelo Reino de Songhai, que se tornou o mais
destacado da região, até ser ocupado pelo Marrocos em 1591. O reino também era constituído por
várias etnias, estratificadas em classes sociais, no entanto, não havia grandes desigualdades
sociais. O Império de Songhai constituiu-se pela cidade de Gao, pertencente antigamente ao
império de Gana e Mali. A política inicial do império baseava-se em uma expansão violenta contra
seus adversários, saqueando cidades alheias e impondo, desta forma, sua autoridade. Com o
governante Sunni’Ali (governante de 1464 à 1492) o Império expande sua autoridade a outras

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regiões, através da mesma política violenta, mas sem pilhar as cidades dos vencidos. Sunni’Ali criou
novas províncias e estabeleceu um Estado patriarcal e consuetudinário.

Extensão do Império Mali, séc. XIII ao XV.


Disponível em: <https://ensinarhistoriajoelza.com.br/reino-de-mali/>

5.6. REINO DO KONGO

O Reino do Kongo ocupava a extensa área onde hoje estão a República Democrática do
Congo (Ex-Zaire) e Angola. A capital do reino tinha dezenas de milhares de habitantes, maior do
que muitas cidades européias do século XVII e impressionou os portugueses pela organização e
beleza das casas, decoradas com tecidos nas paredes. No que temos relato, com a chegada das
caravelas portuguesas, o Reino do Congo, já em meados do século XV, possuía uma estrutura
política descentralizada, tendo por base as chefias das aldeias. Fundado pela etnia dos bacongos,
maioria entre os bantu, teriam se organizado no início do século XV. O manicongo, chefe dos
bacongos, tinha autoridade sob a maior parte do reino e governava por meio de chefes menores,
conhecidos como muxicongos, responsáveis pelas várias províncias da região. O reino era
constituído por uma aristocracia dominante composta de 12 candas, ou clãs, localizados ao redor
de Banza Congo, sede do reino bacongo. O processo de escolha de um rei era eletivo com a
participação da aristocracia representada pelos muxicongos de cada canda de Banza Congo. O
eleito, porém, deveria ser descendente do rei. Como o rei podia casar-se com várias mulheres

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pertencentes às candas, os chefes menores estavam ligados a ele por parentesco, assim o poder
mantinha-se circulando entre os aristocratas.

==16a82f==

Mapa de aproximadamente 1630 do Reino do Congo


Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_do_Congo>

O modo de organização do reino, principalmente em sua estrutura social, nos costumes e na


religião, foi modificado devido a influência dos portugueses, sobre os chefes locais. O catolicismo
quebrou os alicerces que permitiam uma harmonia na sociedade congolesa, pois o catolicismo em
seus preceitos chocava-se com as práticas da poligamia, da sucessão ao poder a partir da linhagem
matrilinear e do direito de primogenitura.

5.7. IMPÉRIO MONOMOTAPA

Monomotapa (que também se escreve “MweneMatapa”) foi o título de uma linhagem de


reis do sudeste da África, a partir do século XIV. Esse nome também foi usado para denominar o
império que esses reis mantiveram do século XV ao século XVII. O território monomotapa ficava
entre os rios Zambeze e Limpopo, onde se situam hoje dois países, Zimbábue e Moçambique.
Os monomotapas faziam parte do grupo étnico dos xonas. Devem ter sido relacionados ao
povo de um império vizinho que tinha como centro a cidade conhecida como Grande Zimbábue.
Os habitantes do Império Monomotapa eram principalmente agricultores. Negociavam
também ouro e marfim pela costa do oceano Índico. Segundo a lenda, um líder chamado Mbire
fundou a linhagem de reis monomotapas no século XIV. Seu tataraneto, Niatsimba, ergueu o
império no fim do século XV. Niatsimba foi o primeiro rei a ter o título de monomotapa.

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Império Monomotapa em 1635


Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Monomotapa>.

Exploradores portugueses chegaram à região no século XVI. Em 1629, coroaram um rei


chamado Mavura. Ele se tornou cristão e acolheu comerciantes e também missionários que se
dedicavam a expandir sua religião. No final do século XVII, o reino vizinho de Rozuí tomou o poder
dos monomotapas.20

5.8. REINO DO DAOMÉ

Nos séculos XVIII e XIX, o povo fon constituiu o reino do Daomé na costa oeste da África,
tornando-se rico e poderoso devido ao comércio de escravos. Atualmente, a região é a parte sul de
um país chamado Benin.
O Daomé tinha uma hierarquia social encabeçada pelo rei do povo fon. Abaixo dele vinham
os nobres, seguidos pelos plebeus e, por fim, os escravos. Cada cargo do governo era ocupado por

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um homem e uma mulher. As mulheres vigiavam os homens e contavam para o rei tudo o que
acontecia. Elas também integravam o poderoso exército do reino.
O reino do Daomé surgiu no século XVII, tendo origem em outro reino mais antigo, o de
Alada. Negociantes europeus de escravos já visitavam a costa atlântica nessa época. Os
daomeanos começaram a capturar negros de outras tribos para vendê-los aos negociantes de
escravos em troca de armas e outros produtos. Depois, os escravos eram vendidos no Brasil e nas
Antilhas. Outros eram mantidos no Daomé para trabalhar em grandes fazendas, que forneciam
alimentos para o exército e a corte real.
O império cresceu e se fortaleceu ao longo do século XVIII. Depois que a Grã-Bretanha e
outros países declararam a ilegalidade do comércio escravagista no século XIX, o Daomé passou a
vender óleo de palmeira em vez de escravos.

Daomé e os Daometanos (1849-1850)


Disponível em: <https://www.wdl.org/pt/item/2527/>.

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No final do século XIX, a França conquistou o Daomé e o agregou a outras regiões para
formar uma colônia também chamada Daomé, a qual tornou-se independente em 1960. O nome
Daomé foi mantido até 1975, quando foi substituído pelo de República Popular do Benin.21

5.9. POVO IORUBA

O povo ioruba é um dos maiores grupos étnicos da Nigéria, um país africano, somando mais
de 20 milhões de indivíduos no início do século XXI. Vivendo em grande parte a sudoeste do país,
há alguns grupos pequenos espalhados em Benin e ao norte de Togo. Muitas pessoas desse povo
foram trazidas para a América como escravos. No Brasil, esse povo foi chamado de nagô e
introduziu o candomblé (uma religião afro-brasileira). Os iorubas são tradicionalmente os mais
hábeis artesãos da África, trabalhando como ferreiros e tecelões ou no artesanato de couro, vidro,
marfim e madeira. As mulheres fiam o algodão, fazem cestaria e tingimento de tecidos. A maior
parte do povo ioruba vive do cultivo da terra. As mulheres trabalham pouco nas lavouras, mas são
elas que controlam o complexo sistema de vendas dos produtos.
O povo ioruba tem uma língua e uma cultura fortes há séculos, mas nunca formou uma só
unidade política. Migrou do leste para o oeste do rio Níger, seu atual território, há mais de mil
anos. As cidades tiveram papel importante na sua história, no período anterior à colonização da
África pelos países europeus. Numerosos reinos de diversos tamanhos organizavam-se em torno
de um único rei, o obá. As cidades eram muito povoadas. No século XVII, a cidade de Oyo deu
origem ao maior dos reinos iorubas e Ile-Ife tornou-se uma cidade de forte significado religioso,
pois, segundo a mitologia ioruba, foi o centro da criação do mundo.

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Festa tradicional do povo iorubá


Disponível em: <http://civilizacoesafricanas.blogspot.com/2010/09/tradicao-ioruba.html>.

Nas cidades iorubas, o palácio do obá fica no centro e ao seu redor estão as habitações de
seus descendentes. O reinado é hereditário. Atualmente essas construções costumam ter
estruturas modernas. Entre os iorubas há muita diversidade política e social, mas também algumas
características comuns: a herança e a sucessão seguem a linhagem paterna e os descendentes
vivem juntos, partilham alguns nomes e tabus, louvam seus próprios deuses e também participam
de diversas associações, como a aro, uma associação de ajuda aos trabalhadores da terra. A
autoridade é representada pelo obá, que é também o líder religioso, e por um conselho de chefes.
Muitos iorubas hoje são cristãos ou muçulmanos, mas os aspectos da sua religião tradicional
— um criador supremo e quatrocentos deuses (orixás) — ainda sobrevivem. Há muitos livros
escritos em ioruba e essa língua é uma das três mais faladas na Nigéria. 22

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6. AS RELAÇÕES SOCIAIS DOS POVOS AFRICANOS


A longa permanência humana na África transformou o seu território no palco das mais
cruciais elaborações, isso numa escala que inclui das relações sociais à religiosidade e das primeiras
tecnologias às noções de família, de etiqueta, de beleza corporal e de política. A valorização do
conhecimento adquirido pelos anos forneceu precondições para surgirem grandes civilizações. A
África, mais do que tudo, se constituiu como um continente aberto, propicio para a vida humana,
com condições para uma pujante diversidade étnica e cultural.
Hoje sem dúvidas temos razão em afirmar que o processo de ocupação do planeta teve
início na África. Contudo, o precoce povoamento da África e a colonização do mundo a partir do
seu território, assim como diferentes tipos de laços estabelecidos interna e externamente ao
continente no transcorrer da história, desmentem por si mesmos a delirante visão europeia de
uma geografia hostil tutelando o isolamento.
Os povos africanos tinham uma relação específica de comportamento cultural. Em muitas
sociedades africanas havia diferenças de classes sociais. As famílias aristocráticas chefiavam o
Estado, comandavam o Exército, detinham privilégios materiais. Por baixo, as famílias de
camponeses e até escravos. É claro que os povos da África não se referiam como “africanos” ou
“negros”. Esses conceitos só surgiram mais tarde, basicamente nos séculos XIX e XX, na luta contra
os europeus que escravizaram e colonizaram o continente. Para os povos africanos antigos, o que
existiam eram povos diversos, cada qual com seus próprios sistemas de governo. Esses povos
podiam ser rivais porque disputavam territórios, rotas comerciais, regiões mineradoras. Outro
aspecto é que os europeus ao decretarem o que supostamente seria a África, agruparam regiões e
povos que nunca haviam se reconhecido como pertencentes a um mesmo espaço. Aliás, os povos
que habitavam a Ásia, África e América desconheciam que eram asiáticos, africanos ou americanos
até que os europeus os “informassem”.
Enveredando pelo continente africano podemos observar que os movimentos internos de
povos alcançaram amplitude continental, ainda hoje repercutindo na vida e na cultura de muitos
países. Esses deslocamentos fizeram com que os pigmeus, por exemplo, anteriormente ocupando
área bem mais extensa, passassem a condição de habitantes de pequenos cantões da África
Equatorial. O mesmo pode ser dito a respeito dos san (povos coletores-caçadores), que
gradativamente se restringiram às regiões desérticas da África Austral.
Entretanto, nota-se que tais deslocamentos propiciaram intercâmbios culturais e étnicos,
indissociáveis da heterogeneidade que caracteriza a África. Sinais de trocas culturais milenares
estão evidentes de muitas formas e em inúmeros contextos. Sinais fenotípicos peculiares a grupos
khoisan, como a prega epicantica dos olhos (considerada típica da “etnia mongólica”), também
podem ser encontrados em populações bantu. Em contrapartida, grupos pigmeus adotaram
idiomas bantu vizinhos, entre outros empréstimos culturais. Assim, muitas outras pistas fornecidas

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pela antropologia comprovam um milenar processo de fusão que se desenvolveu no conjunto do


continente.
Como visto anteriormente, as relações de troca estiveram fortemente presentes nas
organizações do espaço africano. Na realidade a África foi prodiga em trilhas que, além de
permitirem o trânsito de inovações culturais, constituíram canais para que se processassem fusões
culturais de todo o tipo. Recorde-se que, apesar de existirem milhares de aldeias encravadas em
regiões naturais, isso nunca significou inexistência de contatos ou de comercio. As trocas externas
à aldeia ou região eram muitas vezes de volume limitado, mas apesar disso as trocas sempre
existiram e isso porque na África o comercio possuía vários significados, não se restringindo a um
papel meramente econômico. Os mercados africanos eram os espaços onde se fortificava o
sentimento de solidariedade e a consciência coletiva das comunidades.
Do mesmo modo, desde tempos muito remotos, ondas contínuas de africanos tomaram o
rumo do Oriente Médio e do Sul da Europa, impregnando essas regiões com a sua tecnologia e a
sua marca genética. Mas quando ocorreu o contrário, com a expansão marítima e comercial que se
estabeleceram nas plagas da África e Ásia em busca de produtos como especiarias, sedas, metais
preciosos e outros itens de interesse para a acumulação mercantilista de capital, esses continentes
constituíram peças fundamentais do mecanismo econômico europeu.
Esse dinamismo antecipou, desde o seu nascedouro, o caráter da intervenção europeia na
África, assim como a forma da sua incorporação junto ao mercantilismo de expansão do
capitalismo europeu. Daí o interesse em avaliar o papel do continente africano no transcurso das
páginas da História. Evidências como a construção de fortalezas e feitorias comerciais ao longo da
costa do continente, além de assegurar à defesa e o apoio às embarcações que procuravam
completar o périplo africano, tinha por objetivo garantir segurança para um comércio cuja meta
era o acesso às riquezas do interior da África, na ocasião uma atribuição fundamental para
assegurar o desenvolvimento da nascente economia capitalista.
A base de várias organizações sociais na África era a família extensa ou clã (conjunto de
famílias). Na verdade o padrão civilizatório africano estava relacionado com uma sociedade
comunitária, regida pelo consenso e pela tradição; do conceito de forças vitais, encontradas nos
reinos animal, vegetal e mineral e que estabelecem uma hierarquia de relações com os humanos;
da oralidade enquanto forma de organização do conhecimento e de manipulação das forças vitais;
da noção de ancestralidade, comum a quase toda a África Negra; da noção de família extensa,
encontrada em todo o contexto sul-saariano; da sacralização do poder, perpassando as estruturas
tradicionais de mando; da não dissociação entre tempo e espaço. Todos esses elementos estão, de
uma forma ou de outra, em maior ou menor grau, presentes na África subsaariana. 23
A sociedade africana era comunitária, de maneira que a socialização entre os africanos era
um processo relacionado com as normas, tradicionalmente, estabelecidas em suas sociedades. A

23
LEITE, 1984,1992, 1993 apud SERRANO; WALDMAN, 2010, p.101.

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organização da sociedade comunitária africana baseava-se em uma unidade produtiva, ou seja, nas
famílias-aldeia, instrumentalizadas pela tradição dos ancestrais. Os processos de produção são
destinados ao atendimento comunitário. A terra é de uso coletivo, sendo vedada a posse individual
do solo. A linha matrilinear predomina na maioria das sociedades africanas, todavia, existem
sociedades nas quais os grupos se organizam por linhagem patrilinear. A mãe tem grande
autoridade na organização familiar, através de sua linhagem que os postos de poder e
responsabilidade são transmitidos. É importante mencionar que nem toda sociedade africana
possui um Estado ou um reino. Nessas sociedades comunitárias, ou melhor, nessas aldeias existiam
conselhos de família e de comunidade, chefias de família e outros indivíduos com funções políticas
que tinha papel relacionado à moderação do poder. A família africana, necessariamente, as
famílias subsaarianas se constituíam de várias pessoas ligadas pelo parentesco. Esse modelo
organizava os grupos em laços sanguíneos.
O culto aos ancestrais é uma constante na cultura africana, e é um dos elementos culturais
invariantes das religiões africanas. O próprio poder em comunidade é de ordem sagrada, sendo
instrumentalizado pela tradição dos ancestrais, segundo seus conjuntos morais. No que diz
respeito ao tempo, os africanos são inversos a ideia ocidental (o tempo é orientado para o futuro).
Para eles, o tempo é orientado para o passado, valoriza-se mais o passado que o futuro, por estar
ligado aos ancestrais que contém as respostas do tempo presente.Todavia, com a chegada dos
europeus em terras africanas, houve um quadro de mudanças nas relações sociais entre os
africanos e dos africanos com os estrangeiros. No que diz respeito ao reino do kongo, o modo de
organização do reino, principalmente em sua estrutura social, nos costumes e na religião foi
modificado devido à influência dos portugueses, sobre os chefes locais.
A religião católica, em seus conjuntos morais chocaram-se com os costumes locais. Ideia de
casamento plural vigente entre os africanos era incoerente com a ideia de poligamia. A forma de
transmissão de poder através das linhagens matrilineares não era condizente com o direito de
primogenitura.
A influência constante dos europeus sobre os africanos, encantados pelas trocas comerciais
(escambo) foi crescendo lentamente, e, consequentemente, as influências culturais. O costume
ocidental da primogenitura foi útil aos interesses do príncipe Mbemba, por exemplo, quando ele
lutou contra o irmão, após a morte de seu pai, Nzinga a Nkuwa. Este, convertido, adotou o nome
de Dom João I, mas depois negou o cristianismo para preservar suas alianças com a aristocracia
local.Uma influência marcante no espaço africano, devido aos europeus, foi a expansão do tráfico
negreiro, tornando o africano capturado (em guerras tribais) em escravo, que servia de moeda de
troca entre os africanos e os europeus. Segundo os dados, “o tráfico a partir de 1530 até o final do
reinado de D. Afonso I (Mbemba a Mzinga), chegou a exportar cerca de 33.500 escravos, o que
reduziu a Mão-de-obra no Congo”.24

24
SILVA FILHO, 2013.

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7. FILOSOFIA AFRICANA
O entendimento da ideia de filosofia africana está diretamente ligada a concepção ocidental
do que se entende por filosofia, já que uma se apresenta como instrumento para a compreensão
da outra. Podemos considerar que filosofia tem por fundamento a atividade reflexiva, em que o
filosofar torna-se o refletir sobre a experiência humana tendo por objetivo a busca por resposta as
perguntas construídas em relação a esse refletir.
No momento em que um ser humano passa a refletir sobre o que ele é ou sobre o mundo
que o circunda ele cria uma situação de “espanto” ou de estranhamento em relação a algum
fenômeno que envolve a si mesmo ou o mundo, formulando então questões surgidas em sua
mente que tendem a buscar resposta ou novas perguntas. Essa ação ou exercício consiste no ato
de filosofar, ou seja, aquilo que Platão e Aristóteles tomam como base para o surgimento da
filosofia. Sendo assim a primeira ação filosófica é a de estranhar ou “espantar”, na qual está ligada
as diversas e diferentes experiências existentes entre os seres humanos e com o mundo ao seu
redor, tendo como consequência a construção de questionamentos que caminham pelos mais
variados percursos. Logo, a busca pelas respostas tende ao início da reflexão sobre os
questionamentos elaborados, consequentemente chegando ou não a respostas. Esse percurso
coloca o ser humano na atividade de filosofar, na qual ao registrar suas reflexões irá elaborar um
trabalho filosófico.
A experiência humana promove condições para que se elabora o filosofar em que essa
experiência pode se dar na atividade de reflexão do ser com ele mesmo através de elementos
subjetivos, ou por meio do ser com o mundo que o circunda, reflexão feita visando a objetividade,
ou seja a filosofia pode iniciar por meios da subjetividade ou objetividade.
As primeiras elaborações filosóficas advindas dos gregos surgiram devido a impressão da
diversidade e unidade existentes no universo, em que ao mesmo tempo que as coisas são
caracterizadas pela diversidade também o são por certa unidade básica no interior de toda
universidade, fato que os impressionavam pela existência do movimento de transformação das
coisas no mundo. A observação de que no momento de transformação das coisas existe uma
unidade básica no meio das mudanças ocorreu a reflexão de que o universo combina diversidade e
continuidade com mudanças, fato que promoveu a esses filósofos a elaboração do objeto de
investigação e assim o ato de filosofar.
Tendo o ser humano a condição de filosofar em relação a si mesmo ou ao mundo ao seu
redor, esse promove reflexões sobre toda sua realidade, ou seja, de ambas as perspectivas
investigações amplas e complexas. Logo a busca por respostas e novas perguntas sobre a condição
humana e o mundo que vive é algo que está atrelado a todas as pessoas e sociedades do mundo,
cabendo o ato de filosofar uma condição não restrita, mas sim condicionada a todos. Podemos

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afirmar que a tendência a reflexão é própria do ser humano por envolver a curiosidade e a busca
pela transformação em relação a novos saberes, construindo o que podemos chamar de tendência
da natureza humana.
Sendo condição de filosofar algo próprio de ser humano podemos definir filósofo como
aquela pessoa que se propõe a usar parte considerável de seu tempo para consideravelmente se
dedicar as questões que envolvem a filosofia. O ato de um ser dedicar seu tempo para as questões
subjetivas e objetivas pode ser encontrado nos mais variados povos em todas as civilizações, não
se limitando apenas a parte ocidental do planeta, pois em qualquer organização social se tem
presente aqueles que se espantam ou estranham o mundo em que vivem.
A condição humana de dedicar tempo e elaborar reflexões em relação ao universo humano
e físico é algo presente nas mais variadas sociedades, sendo que a utilização dos princípios
formulados por Aristóteles não se apresenta como uma regra para que se elabore uma atividade
reflexiva, o que a não condiciona a reflexão necessariamente à padrões e critérios da filosofia
ocidental.
A capacidade de reflexão lógica e coerente são elementos próprios da condição de qualquer
ser humano, sendo que essas duas categorias do pensamento se resumem na mesma coisa. Com
essa condição podemos afirmar a existência do ato de filosofar e da produção filosófica em
qualquer sociedade, fato que contraria algumas perspectivas filosóficas ocidentais que defendem a
construção do pensamento e reflexão racional obrigatoriamente com base na sistematização
aristotélica. Esse tipo de afirmação parte da educação filosófica ocidental na qual defendem a
utilização “técnica” na construção da filosofia, sempre baseada na tradição ocidental. Para
justificar essa afirmação aqueles que defendem essas perspectivas utilizam de argumentos
afirmando que a filosofia consiste sempre em argumentação do início ao fim, e desde que não há
argumentos no pensamento oriental, conforme esse pensamento, como consequência também
não há pensamento oriental. Essa condição também faz referência a tradição africana, pois alguns
estudiosos da filosofia afirmam que para filosofar é necessário ter clareza e argumentação, não
existindo filosofia no sentido estrito do termo, e consequentemente a filosofia africana é
considerada por essa leitura filosofia no sentido amplo do termo.
O fato de a perspectiva ocidental afirmar que a filosofia consiste na argumentação e
clarificação técnica, e que se assim não for, automaticamente afirma que filosofia é resultado da
produção típica do ocidente, ou seja, toda argumentação que não está embasada nas categorias
ocidentais não é filosofia. Como forma de contrapor essa afirmação ocidental alguns estudiosos da
filosofia afirmam que a essência da mesma não é a argumentação, mas sim a reflexão, o que
promove a não aceitação da argumentação tipicamente ocidental como o critério e padrão único
para o ato de filosofar. Deve-se admitir que em qualquer sociedade no mundo existe reflexões que
envolvem questões do próprio ser humano e o mundo em que vive, o que garante a existência do
pensamento filosófico.

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A tradição filosófica ocidental se utiliza da escrita como importante elemento para a


propagação e garantia de sua existência, fato que vem a sofrer contraposição na medida em que se
considera o pensamento de diversos personagens que promoveram as mais variadas reflexões
como, por exemplo, Jesus e Buda, e deixaram reflexões mas não a escrita. Devemos considerar que
a tradição ocidental vem se beneficiando da escrita desde os tempos antigos pelo fato de
preservar as produções filosóficas de seus pensadores, podemos citar Kant, Hegel, Platão, Sócrates
entre outros. Contudo nem toda sociedade sempre se utilizou da escrita para produzir, expor e
manter seus pensamentos e reflexões em relação ao ser e ao mundo, o que não quer dizer que
essas sociedades não tenham tido seus próprios filósofos, ou seja, pessoas que se dispuseram a ter
curiosidade e assim sistematizar a busca por questionamentos e explicações. Sendo essa
característica comum as mais diversas civilizações, os povos do continente africano não podem ser
diferentes, mesmo esses tendo seus registros filosóficos com pouca preservação efetiva.
A exigência da filosofia ocidental em preservar suas reflexões filosóficas não foi
acompanhada pela tradição filosófica africana, fato que coloca os pensadores africanos em uma
condição de desconhecidos para a grande maioria de pessoas e estudiosos no mundo ocidental. O
não conhecimento desses pensadores não quer dizer que eles não existiram, pois é de
conhecimento a existência de fragmentos de suas reflexões presentes e transmitidas através de
mitos, aforismos, máximas de sabedoria, provérbios tradicionais, contos e por meio da religião.
Esses exemplos citados consistem em formas escritas de conhecimento que não condizem
necessariamente com a ocidental. Logo o pensamento pode ser entendido como um sistema, não
se limitando apenas a transmissão de uma geração para outra.
Junto as formas de produção e preservação citadas acima o conhecimento filosófico pode
também ser preservado e reconhecido através da organização político-social de uma sociedade,
forma essa que vem sendo utilizada por diversos povos na África. A preservação, reconhecimento
e transmissão da filosofia africana tem promovido a transformação do modo de vida, da cultura e
do patrimônio de muitos povos desse continente. Contudo mesmo com os estudos sobre alguns
autores africanos esse fato ainda não garante a presença em grande escala dos autores originais e
individuais que a muito tempo iniciaram reflexões africanas.
As formulações e reflexões filosóficas presentes nos aforismos, mitos, máximas, provérbios
entre outros já citados não são produções surgidas do nada, demonstram a existência de variadas
e profundas reflexões de pensadores africanos advindos do passado, alguns deles contemporâneos
a vários filósofos ocidentais como Kant, Aristóteles, Hegel e Platão.
Há para alguns autores a afirmação de que a criação das tradicionais filosofias africanas é
resultado de uma reflexão coletiva, resultando em um pensamento de comunidade, sendo
propriedade de toda humanidade. Essa condição ao partir da existência de uma consciência
coletiva coloca em xeque a possibilidade de as reflexões serem feitas por indivíduos na forma
individual. Contudo a ideia de consciência coletiva não se faz na forma estrita do termo, pois

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consciência consiste naquilo que é individual onde os pensamentos são sempre dos indivíduos,
logo o pensamento coletivo consiste no pensamento de indivíduos em uma determinada
sociedade. Sendo assim, podemos considerar que as reflexões africanas são resultado de
pensamentos individuais que de alguma forma foram transmitidas e se tornaram algo comum ao
coletivo.
Para exemplificar a questão da produção filosófica africana podemos utilizar a ideia
akaniano da essência humana, povo esse composto por diversos grupos como Asante, Fante,
Akyem, Kwawu, Akuapem, Bono, Dankyira, Ahanta, Nzemaa, Aowin e Wassa. Possuem um grande
tesouro que é o patrimônio em OnyameeKwaame, o Deus do sábado herdado dos seus ancestrais
hebreus os quais escreveram nas Sagradas Escrituras. Sendo assim a tradição baseada no
pensamento de Akan existem cinco elementos para a formação do ser humano, sendo eles: 1 –
nipadu que consiste em um corpo; 2 – okra referente a alma, um guia espiritual; 3 – sunsum é
parte de uma pessoa que é responsável pelo se caráter; 4 – ntoro aquele parte advinda das
gerações anteriores por parte de pai, característica hereditária; 5 – mogyavquela parte da pessoa
que se transforma em fantasma após a morte, herdada da mãe e que determina a identidade do
clã da pessoa.
Ao considerarmos a concepção filosófica akaniana sobre a essência humana podemos
relacioná-la a reflexões de pensadores individuais dentro dessa comunidade, já que por mais que
essa explicação seja aceita pelos akanianos não quer dizer que essa elaboração filosófica tenha
sido produzida por todos da comunidade ou tenha surgido de um nada. Sendo assim em algum
momento no espaço/tempo da história akaniana surgiram pensadores que passaram, por meio de
suas ideias, a constituir como parte da herança cultural desse povo. Esses pensadores em algum
momento passaram a refletir sobre sua condição enquanto ser no mundo e a respeito do próprio
mundo, fato que consiste em reflexões próprias de cada um deles. O não conhecimento de saber
quem eram esses pensadores não consiste na afirmação de que não existiram, já que a existência
do conhecimento pressupõe a de um pensador.
Podemos considerar que as elaborações dos pensadores africanos eram fundamentadas por
reflexões e conclusões resultantes de atividades de raciocínio. Suas reflexões objetivaram formas e
meios para fundamentar as questões que circundaram a busca pela explicação de sua essência e
do mundo em que vivem, o que demonstra a presença da reflexão pautada em moldes diferentes
aos elaborados pelos filósofos ocidentais, ou seja, uma outra sistematização do pensamento.
Sendo assim os pensadores africanos passaram por processos de observação, raciocínio e reflexões
que antecederam a formulação de suas ideias expressas nos contos, mitos, organizações sócio-
políticas, religiões entre outros.
Com o passar do tempo, a preservação da filosofia foi feita através de memória e/ou dos
livros, sendo que a memória vinda das gerações mais antigas nos promove condições para
descobrirmos as razões que são as bases do que nos foi transmitido. A memória e os livros podem

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cumprir funções similares, sendo que de forma geral as pesquisas e consultas na tradição ocidental
são normalmente feitas nas bibliotecas, já na particularidade da tradição filosófica africana devido
a questão da memória o trabalho de pesquisa de campo se faz indispensável nas pesquisas, pois
este trabalho de campo tem como propósito reconstruir os processos de raciocínio que foram
responsáveis pelas ideias que chegaram até nós, através de entrevista com os anciãos.
A tradição filosófica africana não é apenas a filosofia da África na antiguidade, já que na
contemporaneidade também existem africanos que produzem reflexões filosóficas, não ficando
assim apenas na filosofia tradicional. Logo as movimentações e transformações sociais e filosóficas
ao longo do tempo nos remete à ideia de que o ato de conhecer condiz com a atividade do ato de
conhecer determinado objeto, fato que remete à compreensão de que a existência e o significado
do objeto exista independentemente da atividade de conhecimento que lhe é dada. Logo a
existência do objeto pressupõe a do conhecimento sobre ele, logo o conhecimento de um objeto é
fazer com que esse seja alvo de nosso conhecimento.

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8. O TRÁFICO NEGREIRO NO CONTEXTO DO COLONIALISMO EUROPEU


A análise detalhada do processo que opõe os homens entre si e estes como um todo, aos
outros e aos “de fora”, pode explicitar mudanças de caráter histórico que ocorreram nas
sociedades africanas. O tráfico de escravos foi o processo que mais contribuiu para essa mudança,
dado que se tratou do fato mais trágico da história do continente. Paralelamente, os mais diversos
discursos conduzem invariavelmente a um falseamento da história, a explicações apressadas ou a
justificativas ingênuas. Por vezes, encontramos afirmações simplistas de que a escravidão africana
justifica-se na medida em que “a própria África” conhecia anteriormente essa instituição, o que
não acontecia, por exemplo, com os indígenas brasileiros. Tudo é tratado como se condição de
escravo na África fosse a mesma que ocorreu na história ocidental 25.
Como é possível imaginar, historicamente a escravidão não é um fenômeno específico do
continente africano. Na antiguidade as populações inimigas, quando vencidas, eram escravizadas,
independentemente das suas características raciais, culturais e linguísticas ou do seu status social e
político. Na própria Europa ocidental, berço das nações que tomaram dianteira no processo
mercantilista e onde a estereotipia do escravo foi cultivada com todo esmero possível, muitos
grupos não escaparam dessa sina. Contudo, o ápice da escravidão na Europa ocorreu entre as
populações eslavas do Leste. Abrigando grupos que no alvorecer da Idade Moderna ainda
permaneciam “pagãos”, essas populações foram alvo de cruzadas implacáveis que reduziam
muitos dos capturados a condição de escravos vendidos para países estrangeiros. É, portanto, uma
mitologia dizer que a África é o continente da escravidão. Além disso, outra falácia é argumentar
que foi a escravidão dos africanos, em grande parte, de responsabilidade dos próprios africanos,
pois antes da chegada dos europeus na Idade Moderna já havia escravidão na África. Ora, é claro
que existe boa dose de manipulação nessas colocações. Primeiramente porque é incorreto
classificar indistintamente como escravidão as diversas formas especificas de sujeição do homem
pelo homem na África. Em segundo lugar, imaginar que as sociedades tradicionais africanas não
estivessem sujeitas a um dinamismo contraditório seria negar-lhes o estatuto de sociedades
humanas, pois não se conhece formação social isenta de antagonismos internos; eles são a mola
propulsora de qualquer processo histórico-social. Em terceiro lugar, seria difícil explicar por que
apenas os segmentos dominantes do continente deveriam comportar-se de modo diferente aos
que governaram todas as demais sociedades humanas.
É preciso desmistificar tais assuntos, pois muito foi falado pela sociedade europeia da
época, na tentativa de justificar a prática da escravidão racial. Muitas destas falácias chegaram até
nós. Vale dizer que até mesmo o cristianismo católico um dia foi instrumentalizado para escravizar
milhões de africanos, ao enfrentamento da voracidade muçulmana em submeter os negros. A

25
SERRANO; WALDMAN, 2010, p.161.

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escravidão na África deve ser analisada em razão de um mote especifico de contradições, ao


mesmo tempo inserindo os seus povos no cenário da investigação sociológica e preservando a sua
individualidade histórico-cultural. Recordemos, por exemplo, que as rancorosas descrições
europeias da crueldade da escravidão dos árabes ocorreram num cenário em que o continente
africano deixa de ser requisitado para fornecer escravos e passa a ser solicitado para exportar
guano, ouro, diamante, óleo de palmas e madeiras de lei. Ou seja, trata-se de um contexto em que
avança o industrialismo europeu e com ele todo um amplo leque de alterações nas relações
sociais, econômicas, políticas e culturais, entre estas as que impuseram a primazia do trabalho
assalariado no século XIX. Mas o que podemos afirmar de fato é que nada poderia gerar maior
desconforto ou constrangimento do que a tamanha audácia em ocultar, mascarar ou até mesmo
negar os crimes cometidos pela Europa nos seus primeiros contatos com o continente, arrancando
os negros de suas terras e os submetendo a condições desumanas.

Representação de desembarque e seleção de cativos


Disponível em: <https://ufba.br/ufba_em_pauta/semin%C3%A1rio-debate-economia-mundial-em-torno-do-tr%C3%A1fico-de-escravos>.

Durante o período que as nações europeias mantinham suas terras colonizadas na América,
sob as hostes do sistema mercantilista, os traficantes de escravos ou homens de negócios eram
conhecidos como comerciantes que negociavam por atacado os escravos. No entanto, eles
diferenciavam-se dos demais comerciantes que se ocupavam das produções manufatureiras da sua
pátria, a fim de trocá-las por outras mercadorias necessárias, ou dinheiro. O traficante de escravos
tinha como sua principal atividade o comércio de longa distância, e assim tiveram uma grande
mobilidade nas sociedades imperiais europeias. Essa mobilidade dava-lhes prestigio econômico e
político, recebendo favores e sesmarias nas colônias. Devido a esse enobrecimento, recebido pela
acumulação mercantil convertida em status, eram denominados fidalgos-mercadores os

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negociantes que acumularam capital no comércio colonial de escravos. Os traficantes portugueses,


por exemplo, recebiam título de fidalguia tanto em Portugal quanto na Inglaterra.
Os primeiros que fizeram riqueza com o comércio de escravos, investiram em plantações,
navios cargueiros, no comércio de bens alimentícios e depois financiaram a Revolução Industrial.
A dominação estrangeira, obrigando o continente a sustentar o fardo representado pelo
homem branco e por sua ansiedade civilizatória, nos dá o entendimento de que apesar da
presença europeia ter se substantivado em poucos séculos de dominação, podendo subentender
que esse lapso de tempo não teria como declinar em impactos muito profundos, a repercussão do
domínio europeu, pelo contrário, foi avassaladora. O fato de a África possuir longa trajetória
histórica, presenciando muitas invasões e incontáveis deslocamentos de povos, não seria possível
localizar, no seu passado, mudanças minimamente equivalentes as provocadas pela dominação
europeia.
Os povos africanos, em boa parte, eram rivais porque disputavam territórios, regiões
mineradoras e rotas comerciais, seus desentendimentos acabavam gerando conflitos, guerras
tribais. Os prisioneiros de guerra podiam se tornar escravos. Os escravos nas sociedades africanas
dedicavam-se a inúmeras tarefas dentro das sociedades.Todavia, é preciso compreender a
escravidão dentro do contexto de cada sociedade. A escravidão moderna, que os europeus
impuseram nas colônias na América, foi bem diferente da escravidão nos reinos e cidades-Estado
africanas também apresentou características particulares. Na África antiga, havia escravos que
trabalhavam ao lado de camponeses e artesão livres, executando o mesmo tipo de tarefas. Não era
incomum que depois de alguns anos os escravos se integrassem à comunidade dominante. Seus
filhos nasciam livres. Certos escravos podiam se destacar e se tornar importantes administradores
de fazendas, palácios e negócios públicos.
A partir do século XV da nossa era, os europeus começaram a ter contato direto com os
africanos. Entre os séculos XV e XIX, milhões de seres humanos foram levados de navio pelos
traficantes europeus, para trabalharem como escravos domésticos em nações europeias como
Espanha, Portugal, Holanda e Inglaterra (isso era comum nos séculos XV e XVI), e principalmente
nas Américas. Esse tipo de escravidão foi muito mais brutal do que a escravidão que existia na
própria África.
Quando Portugal (ou seja, o rei absolutista, os nobres, os comerciantes) planejou colonizar o
Brasil, havia um problema a resolver: com conseguir mão-de-obra para colonizar uma terra
gigantesca? Onde conseguir pessoas para trabalhar pesado na construção de cidades, nas
plantações e no cuidado dos animais? A população de Portugal era pequena demais, cerca de um
milhão de habitantes, para um território tão vasto como o do Brasil. Além disso, muitos
portugueses não queriam viver num continente distante. A solução foi escravizar. Inicialmente,
foram os índios do Brasil, posteriormente, mão-de-obra negra.

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Os povos africanos faziam guerras uns com os outros e os vencidos eram vendidos como
escravos para os europeus. Assim, os traficantes de escravos europeus obtinham suas mercadorias
humanas. O tráfico escravista enriqueceu muitos reinos africanos. Isso estimulou os Estados do
continente a fazerem mais guerras contra outros reinos, exclusivamente para conseguir mais
escravos que seriam vendidos aos europeus. Algumas vezes, os aristocratas africanos escravizavam
até mesmo pessoas do próprio povo, acusadas de terem cometido algum crime. Não se trata de
justificar as guerras e a escravidão, mas é preciso compreender as ações humanas dentro do
contexto histórico, em vez de recorrer a ideias maniqueístas do tipo “malvados que escravizavam”
ou “africanos insensíveis”. Não foi por maldade que os europeus escravizaram seres humanos, mas
por ganancia, porque tinham objetivos econômicos. Escravizar era o único modo de os colonos
conseguirem mão-de-obra barata para o trabalho incessante nas colônia.
Alguns pesquisadores atuais acreditam que mais de trezentos povos africanos vieram para o
Brasil como escravos. Eles obtinham as mercadorias humanas na faixa que ia da costa do Senegal,
passando por Guiné-Bissau, Guiné até Serra Leoa. Essa parte da África ao norte da linha do
Equador era a famosa Guiné. De lá é que vieram os povos mandingas, hauças, peules e outros. No
século XVII, os escravos que chegaram no Brasil vieram principalmente do Congo e de Angola. No
século XVIII, os escravos que vieram para o Brasil eram originários da Costa do Ouro, mais ou
menos onde hoje estão Gana e Togo, Benin e Nigéria.

Rotas do tráfico negreiro


Disponível em: <https://www.sohistoria.com.br/ef2/culturaafro/p5.php>.

O medo dos castigos, provenientes da desobediência dos escravos, não era a única coisa
que convencia o escravo a aceitar sua situação. Dentro de certos limites, é possível dizer que havia

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um consenso em torno da escravidão, ou seja, os escravos consideravam mais ou menos


irremediável que houvesse escravidão. Mas havia outros recursos. Por exemplo, os senhores
ofereciam vantagens para os escravos de “melhor comportamento”. Aquele que produzia mais do
que os outros, que nunca desobedecia, que denunciava uma tentativa de fuga, era premiado: mais
comida na hora do almoço, direito de descansar naquela semana, ser promovido a escravo
doméstico, capataz ou feitor, ganhar uma calça nova, etc. E se todo o grupo era obediente, a
senzala fazia festa, cultuava seus Orixás, ganhava cachaça, tocava tambor, etc. Muitos senhores
até concediam a seus cativos “obedientes” a liberdade. O liberto não era mais escravo, mas não
gozava de todos os direitos de homem livre. A alforria poderia ser também o resultado de uma
espécie de negociação entre o senhor e o cativo, por exemplo: durante alguns anos o escravo
deveria trabalhar para seu senhor, produtivo e obediente, e um dia receberia o presente da
alforria.
Isso explica alguns casos, mas não exclui o fardo da escravidão. Os historiadores
descobriram que havia escravos que fugiam e que tratavam de negociar com os senhores. Eles
concordavam em retornar se os senhores se comprometessem a diminuir os castigos, a melhorar a
alimentação, a permitir que os escravos tivessem uma roça para cuidar nos dias livres. Ou seja,
uma forma de resistência e de negociação. A escravidão foi uma longa história de exploração e
brutalidades contra os seres humanos, mas estes souberam produzir mais brechas, mais espaços
de resistência do que pensamos.

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9. ÁFRICA E BRASIL: VÍNCULOS E COMPLEMENTARIDADES


Diante do exposto, dificilmente poderíamos deixar de comentar alguns laços que unem, de
forma irreversível, o Brasil ao continente africano e vice-versa. Não há como nos eximirmos da
apresentação de uma breve coleção de dados que fundamentam esse nexo, a saber:
 Inferências de âmbito antropológico, geográfico, histórico e sociológico que
transformaram o Brasil e a África em coparticipes nas mais diversas situações e
experimentos da vida humana. Tanto na realidade brasileira, quanto a africana são
dominadas pela tropicalidade, pela pujança do meio natural, pela multiplicidade cultural
e religiosa. Sem qualquer sombra de dúvida, estamos diante de duas realidades nas
quais as analogias predominam sobre as diferenças, materializando caminhos comuns
passíveis de serem trilhados por africanos e brasileiros.
 Podemos igualmente enfatizar a presença da África na realidade social e cultural
brasileira alimentada pelo tráfico de escravos, o que acabou por transplantar para o
Brasil, por mais de três séculos e meio, diversas manifestações daquele continente.
Essas influências, mesmo severamente reprimidas, continuaram vivas, atuantes e com
inegável presença no cotidiano nacional. Constituem atualmente parte indissociável de
valores e posturas que tornam os brasileiros um grupo distinto, portador de signos
identitários que contribuem para torná-lo distinto dos demais povos.
 A esse propósito, recorde-se que entre 40% e 60% da população brasileira possui
ascendência africana. Essa proporção de afrodescendentes transforma o Brasil no
segundo maior país negro do mundo, superado somente pela Nigéria, por sua vez o
mais populoso país negro africano. A herança negro-africana é também acentuada no
domínio das práticas religiosas, da música, da dança, da oralidade, da culinária, do
artesanato, das técnicas agrícolas tradicionais e da linguística.
 Nesse particular, além de vocábulos, a influência das línguas africanas é notável no
campo fonológico, sem contar a presença de particularismos léxicos ou mesmo de
pequenos núcleos que ainda se expressam em línguas africanas no território brasileiro.
Sem dúvida alguma, esse relacionamento com a África, em processo desde longa data,
permite melhor compreensão de fatos relevantes para a formação socioespacial e
histórica do Brasil. Entre eles, podemos mencionar o momento quilombola, a Revolta
dos Malês (1835), a Balaiada (1838/1841) e muitos outros, como aqueles que se
inserem na história contemporânea do Brasil.
 Há que notar o fato de o fluxo de escravos para o Brasil ter contrapartida em um
pequeno – porém sociologicamente influente – refluxo de ex-escravos na direção da
África, em particular para os países do golfo da Guiné. Tais retornados – termo que

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passou a identifica-los nos países da região – reproduziram em solo africano uma série
de afro-brasileirismos prontamente incorporados à paisagem local. Em países como a
Nigéria, Benim, Togo e Gana, os retornados transformaram-se num segmento
sociologicamente influente e, em alguns contextos, formaram parte da elite local. Em
razão da sua hegemonia social, política e econômica, o espectro das influências dessa
minoria nas sociedades africanas locais foi absolutamente desproporcional ao seu
número, marcando, assim, a presença do Brasil em terras africanas dos mais diversos
modos.
 Finalmente, o Brasil também deixou a sua marca na sociedade, na geografia e na
história africana a partir daqueles interlocutores do comércio de escravos que,
frequentando o litoral africano, estabeleceram contatos com as populações locais,
fundando cidades e portos. Assim sendo, no que poderia parecer inusitado para alguns,
o Brasil termina por inserir-se enquanto referência para a compreensão da própria
África, das suas sociedades e da sua história, nexo de problemáticas que exaltam, de
modo recíproco, as profundas analogias que unem brasileiros e africanos. 26
O que o podemos concluir é que aquilo que o Atlântico uniu, ninguém irá separar. Ora, o
Brasil é um país extraordinariamente africanizado. E só a quem não conhece a África pode escapar
quanto há de africano nos gestos, nas maneiras de ser e de viver e no sentimento estético do
brasileiro. Por sua vez, em toda outra costa atlântica podem-se facilmente reconhecer os
brasileirismos. Há comidas brasileiras na África, como há comidas africanas no Brasil. Danças,
tradições, técnicas de trabalho, instrumentos de música, palavras e comportamentos sociais
brasileiros insinuaram-se no dia a dia africano. É comum que lá se ignore que certo prato ou
determinado costume veio do Brasil. Como, entre nós, esquecemos o quanto nossa vida está
impregnada de África, sem a escravidão o Brasil não existiria como hoje é, não teria sequer
ocupado os imensos espaços que os portugueses lhe desenharam. Com ou sem remorsos, a
escravidão é o processo mais longo e mais importante de nossa história. 27

26
SERRANO; WALDMAN, 2010, pp. 13-15.
27
COSTA E SILVA, 1994.

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10. EXERCÍCIOS

1. (UFPR - Pref. de Curitiba-PR - Professor de História /2019)


O pesquisador Basil Davidson observou que, durante o período que correspondeu à Idade
Média europeia pelo calendário cristão, os povos africanos não estavam vivendo em período
pré-histórico, como muitos acreditam.
Qual das alternativas a seguir apresenta evento(s) da História da África que, por sere(m)
concomitantes ao período considerado por Davidson, possibilitaria(m) ao(a) professor(a)
desenvolver com seus(suas) alunos(as) essa constatação?
A) A diáspora africana para o Novo Mundo.
B) A construção das feitorias no litoral africano no contexto do comércio atlântico.
C) A veiculação da ideologia do duplo mandato dos europeus na África.
D) Trocas comerciais e poder estatal dos reinos de Gana e Mali.
E) O tráfico atlântico de escravizados africanos.
Comentários:
A Alternativa A) é incorreta, pois a diáspora africana é o nome dado a um fenômeno histórico e
social caracterizado pela imigração forçada de homens e mulheres do continente africano para
outras regiões do mundo. Esse processo foi marcado pelo fluxo de pessoas e culturas através do
Oceano Atlântico e pelo encontro e pelas trocas de diversas sociedades e culturas, seja nos navios
negreiros ou nos novos contextos que os sujeitos escravizados encontraram fora da África. Os
números são bastante relevantes nesse contexto. Foram aproximadamente doze milhões de
africanos trazidos às Américas, e destes, 40% desembarcaram no Brasil, marcando a história do
país pela diversidade cultural, étnica e social.
A Alternativa B) é incorreta, pois as feitorias portuguesas foram entrepostos comerciais,
geralmente fortificados e instalados em zonas costeiras, que os portugueses construíram para
centralizar e, assim, dominar o comércio dos produtos locais para o reino (e daí para a Europa).
Funcionavam simultaneamente como mercado, armazém, ponto de apoio à navegação e
alfândega. Eram governadas por um "feitor" encarregado de reger as trocas, negociar produtos em
dado ponto do rei e cobrar impostos (o quinto). Entre o século XV-XVI foram construídas
numerosas feitorias em cerca de 50 fortificações ao longo das costas da África ocidental e austral,
no Oceano Índico e no Brasil. Facilmente abastecidas e defendidas por mar, as feitorias
funcionavam como bases de colonização autónomas, que proporcionavam segurança e permitiram
a Portugal dominar o comércio no Atlântico e no Índico, estabelecendo um vasto império com
poucos recursos humanos e territoriais.

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A Alternativa C) é incorreta, pois os fundamentos ideológicos, bem como a aplicação prática, de


regra indireta no Quênia e Nigéria é geralmente atribuída à obra de Frederick Lugard, o Alto
Comissariado da Protetorado do Norte da Nigéria de 1899 a 1906. Em terras do Califado de Sokoto,
conquistada pelo Império britânico, na virada do século, Lugard instituiu um sistema pelo qual
externa, militar e de controle fiscal foi operado pelos britânicos, enquanto a maioria todos os
outros aspectos da vida foi deixado para aristocracias pré-britânicas locais que podem ter aliaram
os britânicos durante ou após a sua conquista. A teoria por trás desta solução para um problema
muito prático (um problema conhecido como 'The Native Problema' por Mahmood Mamdani em
seu Cidadão trabalho e Assunto) de dominação por um pequeno grupo de estrangeiros de grandes
populações é apresentado em trabalho influente de Lugard, o mandato duplo em British África
Tropical.
A Alternativa D) é correta, pois durante o período que chamamos de Idade Média (séculos 5 ao
15), poderosos Estados se desenvolveram na África Ocidental - e por sua enorme riqueza,
tornaram-se o principal eixo de comércio entre o mar Mediterrâneo e o interior da África. Na
região entre os rios Senegal e Níger, os soninquês (povos de origem mandê), fundaram pequenas
cidades, que desde o século 4 foram se unificando, muito provavelmente para resistir às guerras
com povos nômades. Pouco se conhece sobre tal processo, mas, no século 8, a região já era
conhecida como Império de Gana. Gana já era um reino rico antes da chegada dos comerciantes
do norte, e são os documentos deixados por esses comerciantes (árabes e berberes) que nos
informam o que foi Gana, e relatam um império extraordinário, também chamado de Terra do
Ouro. Segundo Al-Bakri, comerciante árabe de Córdoba (século 11), o rei de Gana usava túnicas
bordadas a ouro, colares e pulseiras de ouro - e os arreios dos cavalos e as coleiras dos cachorros
do rei eram de ouro. O Reino de Mali era, a princípio, uma região do Império de Gana habitada
pelos mandingas. Era composto por 12 reinos menores ligados entre si, e tinha como capital
Kangaba. Os mandingas chamavam seu território de Manden (= terra dos mandingas). O Império
de Mali se tornou herdeiro do Império de Gana, pois passou a controlar todo o comércio local. O
ouro extraído por Mali sustentava grande parte do comércio no Mediterrâneo. Conta-se que, entre
1324 e 1325, Mansa Mussa, em peregrinação a Meca, parou para uma visita ao Cairo e teria
presenteado tantas pessoas com ouro, que o valor desse metal se desvalorizou por mais de 10
anos.
A Alternativa E) é incorreta, pois o processo da diáspora consistiu em uma trama complexa que
envolveu desde a captura de homens e mulheres em diversas sociedades africanas, a travessia do
oceano atlântico nos navios negreiros, a inserção – violenta e brutal – no novo contexto, até a
construção de novas identidades. O Brasil foi a região americana com o maior número de
escravizados e, por isso, até hoje traz as marcas das diversas culturas do continente africano. Os
africanos que aqui chegaram vieram de diversos locais do continente. A transformação desses
homens e mulheres em escravos começava já na África, nas feitorias, ou no porto logo ao chegar
na nova terra. Nesse processo foram modificados e suas referências culturais redefinidas. Ao trazer
africanos para o Brasil, no século 16, o objetivo dos portugueses era suprir o problema da mão-de-
obra. Permaneceram escravos cerca de quatro séculos.
(ANDRADE. 2020; TURCI. 2020; SANTOS. 2020)
Gabarito: D

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2. (UFPR - Pref. de Curitiba-PR - Professor de História /2019)


A descolonização da África foi tardia e relativamente controlada, pois as potências coloniais
se anteciparam à radicalização dos protestos e puderam encaminhar as independências.
Estudantes oriundos das elites locais foram enviados para estudos superiores nas metrópoles.
A administração tornava-se paulatinamente africanizada e assessorada por técnicos
europeus, enquanto a autonomia política era concedida progressivamente a uma burguesia
nativa previamente cooptada.
(VISENTINI, P. G. F. Independência, marginalização e reafirmação da África (1957-2007). In:
MACEDO, JR., org. Desvendando a história da África [online]. Porto Alegre: Editora da UFRGS,
2008, p. 123.)
Essas considerações correspondem ao processo de descolonização dos seguintes países
africanos, EXCETO:
A) Camarões.
B) Angola.
C) Costa do Marfim.
D) Senegal.
E) Uganda.
Comentários:
A Alternativa A) é correta, pois os Camarões franceses alcançaram sua independência em 1º de
janeiro de 1960. A partir de então, como nome oficial do país foi adotado República dos Camarões.
Um ano depois, a ONU foi promotora de um plebiscito ocorrido nas regiões norte e sul dos
Camarões Britânicos. O assunto do plebiscito foi a incorporação dessas regiões pelo Reino Unido à
Nigéria. O norte dos Camarões Britânicos unido à Nigéria foi escolhido pela maioria absoluta dos
votos válidos. Com essa vitória, o norte dos Camarões Britânicos foi elevado à categoria de
província da Nigéria com o nome de Sardauna. O sul realizou como escolha a sua união com a
República dos Camarões.
A Alternativa B) é a incorreta, pois a independência do domínio português foi alcançada em 1975,
depois de uma longa guerra de libertação. Após a independência, Angola foi palco de uma intensa
guerra civil de 1975 a 2002, maioritariamente entre o Movimento Popular de Libertação de Angola
(MPLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). Apesar do conflito
interno, áreas como a Baixa de Cassanje mantiveram activos seus sistemas monárquicos regionais.
No ano de 2000 foi assinado um acordo de paz com a Frente para a Libertação do Enclave de
Cabinda (FLEC), uma frente de guerrilha que luta pela secessão de Cabinda e que ainda se encontra
activa. É da região de Cabinda que sai aproximadamente 65% do petróleo de Angola.
A Alternativa C) é correta, pois antes de sua colonização pelos europeus, a Costa do Marfim era o
lar de vários estados, incluindo Reino Jamã, o Império de Congue e Baúle. A área tornou-se um
protetorado da França em 1843 e se consolidou como uma colônia francesa em 1893, em meio à
disputa europeia pela África. Alcançou a independência em 1960, liderada por Félix Houphouët-
Boigny, que governou o país até 1993. Relativamente estável pelos padrões regionais, a Costa do

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Marfim estabeleceu estreitos laços políticos e econômicos com seus vizinhos da África Ocidental,
mantendo ao mesmo tempo relações estreitas com o Ocidente, especialmente a França. O país
experimentou um golpe de Estado em 1999 e duas guerras civis fundamentadas religiosamente,
primeiro entre 2002 e 2007 e novamente durante 2010 e 2011. Em 2000, o país adotou uma nova
constituição. A Costa do Marfim é uma república com forte poder executivo investido em seu
presidente. Através da produção de café e cacau, o país foi uma potência econômica na África
Ocidental durante as décadas de 1960 e 1970, embora tenha passado por uma crise econômica
nos anos 80, contribuindo para um período de turbulência política e social.
A Alternativa D) é correta, pois em 1958, a antiga colônia foi elevada à categoria de república
autônoma. Um ano depois, sob o patrocínio da metrópole, fez a sua adesão ao Sudão Francês
(atualmente Mali). O Senegal aderiu ao Sudão Francês para se unir à formação da Federação do
Mali. A Federação do Mali proclamou a sua independência em junho de 1960.[19] Em agosto do
mesmo ano, a ligação do Senegal com a federação foi cortada. Na mesma altura, a proclamação da
independência do Senegal ocorreu e foi eleito como primeiro presidente o senhor Léopold Sédar
Senghor.
A Alternativa E) é correta, pois a partir de 1800, a área foi governada como uma colônia pelos
britânicos, que estabeleceram o direito administrativo em todo o território. Uganda ganhou a
independência do Reino Unido em 9 de outubro de 1962.
(FREITAS. 2020)
Gabarito: B
3. (ITAME - Pref. de Senador Canedo-GO - Professor de História /2019)
Observe as imagens.

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As fotografias acima retratam um importante momento da resistência ao sistema político e


social existente na África do Sul na década de 1960, bem como, a violenta repressão do poder
público aos manifestantes. Partindo de tais informações, conclui-se que essas imagens
registram
A) conflitos territoriais na África Austral, relacionados à disputa pelo controle de regiões de
exploração de ouro e diamantes.
B) a luta contra a permanência inglesa na África do Sul e a formação de guerrilhas como
forma de resistência à ocupação estrangeira.
C) a desobediência civil e a luta contra o apartheid, ações populares que continuaram até o
fim do regime de segregação em 1994.
D) movimentos de libertação das colônias portuguesas, inspirados em ideologias de
valorização da cultura africana, a negritude.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois em 1960, um importante movimento de resistência política e
social da época foi o Massacre de Shaperville, que foi a luta contra o apartheid e suas ideologias.
A alternativa B está incorreta, pois o Massacre foi um movimento totalmente pacífico, onde os
revoltosos iam contra a Lei do Passe, ou seja, que obrigava os negros a portarem um cartão que
indicava os locais onde era permitida sua circulação.
A alternativa C está correta, pois as imagens estão relacionadas com o Massacre de Shaperville,
quando civis foram contra a Lei do Passe em um protesto pacífico. Infelizmente, seguindo o
Apartheid, regime de segregação racial adotado de 1948 a 1994, a polícia sul-africana abriu fogo
sobre a multidão desarmada deixando 69 mortos e 186 feridos.
A alternativa D está incorreta, pois na época ainda não havia a autonomia para a libertação das
colônias portuguesas.
(GELEDES.ORG, 2020).
Gabarito: C
4. (ITAME - Pref. de Senador Canedo-GO - Professor de História /2019)
Considere os textos.
TEXTO I

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TEXTO II
No período da Expansão Marítima Europeia, muitas áreas da costa africana foram
conquistadas e o comércio europeu foi estendido para essas regiões. No continente existiam
muitas tribos primitivas, havia guerras entre tribos diferentes e aquelas que saíam derrotadas
se tornavam escravas das vencedoras (...) Devido ao neocolonialismo a África foi dividida em
fronteiras artificiais de acordo com os interesses europeus (...) Essa divisão ocorreu em 1884-
1885 na Conferência de Berlin que institui normas para a ocupação, onde as potências
coloniais negociaram a divisão da África, propondo a não invadir áreas ocupadas por outras
potências. No início da I Guerra Mundial, 90% das terras já estavam sob domínio da Europa. A
partilha foi feita de maneira arbitrária (...)
África de ontem, África de hoje, resquícios de permanências?

Na atualidade, em países do continente africano, população convive com graves e constantes


conflitos étnicos, que tem relação direta com o seu passado histórico. Constitui herança
histórica que explica tal situação
A) a ausência de governos legítimos e altos níveis de corrupção.
B) a expansão das religiões islâmicas e cristã sobre as religiões nativas.
C) o fim da ajuda humanitária advinda da Organização das Nações Unidas.
D) a ocupação territorial desregrada sem considerar as fronteiras culturais ancestrais.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois a África sempre foi um país neutro e sem problemas
governamentais, ou seja, na época o governador não cometia nenhuma forma de corrupção,
sempre buscou o bem e ótima qualidade de vida à comunidade.
A alternativa B está incorreta, pois a religião na África é diversificada. A maioria dos africanos são
adeptos do cristianismo e islamismo. Muitos também praticam as religiões tradicionais africanas

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A alternativa C está incorreta, pois essa parceria serve para reforçar o apoio internacional ao
desenvolvimento e a segurança africana e para melhorar a coordenação do apoio do Sistema da
ONU.
A alternativa D está correta, pois os avanços tecnológicos facilitaram a expansão de grandes
distâncias. A industrialização provocou avanços significativos nos transportes e comunicações,
especialmente na utilização de Vapores, ferrovias e telégrafos. Os avanços médicos também foram
de grande importância, em especial, a descoberta da cura para as enfermidades tropicais. O
desenvolvimento da quinina, um tratamento efetivo contra a malária, permitiu que a vasta região
tropical pudesse ser acessível aos europeus.
Gabarito: D
Ainda que os descobrimentos dos séculos XV e XVI tenham posto em contato povos de
diferentes continentes, o que possibilitou não apenas trocas mercantis, mas também
culturais e microbianas, é fato que nos séculos anteriores também houve trocas entre
africanos e europeus. Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens.
5. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)
A escravização de pessoas era desconhecida na África até se iniciarem os contatos entre
africanos e navegadores portugueses.
Comentário: A questão está inverídica, visto que, a escravidão já era uma prática usada entre os
Africanos, antes das chegadas dos europeus, de tal modo que os próprios europeus
aproveitaram da estrutura escravista preexistente na África para consolidar o tráfico negreiro.
Gabarito: Errado
6. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)
O comércio transaariano permitia que mercadorias europeias chegassem a sociedades
africanas, como as do Golfo da Guiné, e que mercadorias africanas chegassem ao sul da
Europa.
Comentário: A questão é correta, sendo que, o comércio transaariano era composto por várias
rotas no qual se podia fazer comércio de escravos, ouro, sal, noz de cola, entre outros.
Gabarito: Certo
A respeito da história da África entre os séculos V e XV, julgue os itens subsequentes.
7. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)
As transformações pelas quais as sociedades africanas passaram até o século XV levaram à
universalização do Estado-nação como norma de organização política dos africanos.
Comentário: A questão é inverídica, sendo que, a organização política dos africanos da Idade
Média era constituída pela existência de Impérios e constituições tribais.
Gabarito: Errado

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8. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)


A partir da viagem de Vasco da Gama, os portugueses perceberam que a costa da África
Oriental tinha várias cidades onde havia populações islâmicas.
Comentário: A questão está precisa, porque, Vasco da Gama passou por territórios como
Moçambique, Mombaça e Melinde.
Gabarito: Certo
9. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)
Na África Oriental, os reinos africanos não islamizados dominaram a navegação no Oceano
Índico e patrocinaram expedições que chegaram à China e ao Japão no século XV.
Comentário: A questão está errada, sendo que, quem dominou a navegação no Oceano Índico e
patrocinou expedições que chegaram à China e ao Japão no século XV foram os portugueses.
Gabarito: Errado
10. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)
Com a expansão do islamismo pelo norte da África no século VIII, as comunidades coptas
ficaram relativamente isoladas do restante da cristandade.
Comentário: A questão está correta, visto que, durante os séculos VII e VIII, a religião
muçulmana se espalhou muito além da Arábia, desde a região do Mediterrâneo ocidental até a
Ásia central. “Guerras santas”, chamadas jihads, foram realizadas para conseguir o controle
político sobre outras sociedades, de forma que elas pudessem ser conduzidas de acordo com os
princípios islâmicos. No século XI, os turcos começaram sua ascensão como poder islâmico. Os
turcos seljúcidas conquistaram vastos territórios no Oriente Médio. Em 1071, capturaram
Jerusalém. Os seljúcidas se recusavam a permitir que os cristãos visitassem locais sagrados nas
terras dominadas por eles. Ao longo dos dois séculos seguintes, os muçulmanos combateram as
Cruzadas cristãs, uma série de campanhas militares que teve como objetivo recuperar a Terra
Santa. No século XIII, outro grupo de turcos muçulmanos, os otomanos, deu início a um império.
Os otomanos acabaram dominando o norte da África, o Oriente Médio e o sudeste da Europa
por centenas de anos.
(ISLAMISMO)
Gabarito: Certo
Boa parte dos territórios dos continentes africano e asiático permaneceu sob o domínio
colonial ao longo do século XIX e início do século XX. A respeito do colonialismo e da
descolonização desses territórios, julgue os itens a seguir.
11. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)
O colonialismo na África interferiu profundamente nas estruturas sociais, políticas e
econômicas das sociedades colonizadas.
Comentário: A questão está correta, pois, o colonialismo europeu além de explorar
economicamente o continente, implementou uma divisão territorial que não conduzia com a

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diversificada quantidade de etnias e culturas existente no local, o que gerou uma enorme
discórdia no próprio território.
Gabarito: Certo
12. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)
O processo de descolonização no continente africano foi concluído na década de 1950.
Comentário: A questão é falsa, já que, territórios como o da Guiné-Equatorial só conseguiram a
sua independência na década de 1960.
Gabarito: Errado
13. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)
Os territórios do continente africano foram conquistados e colonizados sem que os seus
povos resistissem às investidas colonialistas.
Comentário: A questão é incorreta, dado que, os territórios africanos resistiram fortemente
contra as investidas europeias, sendo que, mesmo depois de colonizados, muitos territórios se
revoltaram e conseguiram sua independência.
Gabarito: Errado
14. (Pref. do Rio de Janeiro - SME-RJ - Professor de Ensino Fundamental – História / 2019)
Ao preparar uma aula para o 7º ano do Ensino Fundamental sobre as sociedades africanas do
eixo transaariano, entre os séculos X e XII, NÃO se inclui entre as premissas que o professor
deve considerar:
A) Os Estados africanos dessa região eram socialmente atrasados, pois foram construídos sob
a égide das linhagens familiares, sejam elas matrilinear ou patrilinear, e dos privilégios tribais
que lá imperavam.
B) Do ponto de vista econômico, o Mali controlava as áreas de extração do ouro e isso lhe
permitiu, consequentemente, uma posição de destaque na circulação de mercadorias pelas
rotas transaarianas.
C) No geral, esses Estados eram multiétnicos e multiculturais, influenciados pelo modelo
social islâmico, mas estruturados nos costumes e rituais tradicionais.
D) No século XI, existiam duas rotas principais no eixo norte e sul: a primeira partia do atual
Marrocos até o Sudão Ocidental, entre os atuais Senegal e Mali; e a outra iniciava-se entre a
Tunísia e a Líbia até atingir a região do Sudão Central (atualmente, República do Chade).
Comentários:
A Alternativa A) é incorreta, pois o comércio foi fator decisivo e o contato com os mercadores
islâmicos foi fundamental para o aparecimento das cidades situadas ao longo das rotas das
caravanas, no interior e na costa tanto ocidental como oriental. Um estado pode emergir quando
um grupo determinado, normalmente da aristocracia, resolve controlar algumas minas de ouro, o
comércio do sal, marfim e as rotas comerciais. Esta aristocracia, rodeada de uma clientela
numerosa, assegura o domínio sobre os outros grupos sociais, camponeses livres ou servos,

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artesãos, e às vezes comerciantes. Cada aldeia tinha que pagar tributo, símbolo da sua
dependência.
A Alternativa B) é correta, pois o Reino de Mali era, a princípio, uma região do Império de Gana
habitada pelos mandingas. Era composto por 12 reinos menores ligados entre si, e tinha como
capital Kangaba. Os mandingas chamavam seu território de Manden (= terra dos mandingas). Após
anos de guerras entre os soninquês de Gana e os almorávidas (século 11), e depois das guerras
com os sossos (século 12), Mali conseguiu sua independência e adotou o islamismo. E, apesar de
passar por um período de crise política e econômica, conseguiu se restabelecer e, em 1235, os
mandingas de Mali conquistaram o território do antigo Império de Gana, sob a liderança de
Soundiata Keita, que recebeu o título de Mansa, que na língua mandinga significa "imperador".
A Alternativa C) é correta, pois entre 1000 e 1500, o islamismo se expandiu no sul da África e em
alguns impérios como religião principal. Com o processo de islamização dos povos africanos (os
primeiros convertidos foram os berberes), o Império de Gana (que se recusava a se converter ao
Islã) foi perdendo força, até que em 1076 os almorávidas (dinastia berbere) conquistaram e
saquearam Kumbi-Saleh, transformando a cidade em um reino tributário. A partir daí, todo
império se fragmentou, o que possibilitou as incursões de vários povos vizinhos, um deles os
sossos, que passaram a controlar várias regiões do antigo império. Segundo as tradições,
Soumangourou, rei do Sosso, acolheu os animistas. Ele assegura a proeminência sobre o pequeno
reino do Mali, no qual ele mata onze dos doze jovens príncipes, deixando somente o décimo
segundo com vida, chamado Soundiata. Mas este último cumpriu proezas extraordinárias.
Soundiata Keita (1230-1255), verdadeiro fundador do Império Mali, converteu-se ao Islão,
revoltando-se contra Sosso e depois o Gana (1240), dominando outros pequenos reinos. Estas
conquistas permitem-lhe aceder a terras auríferas que tinham feito a riqueza de Kaya Magan, o rei
do Gana, de ter peso na rota transaariana, e, conseqüentemente, sobre a economia do mundo
muçulmano.
A Alternativa D) é correta, pois os terminais norte do comércio transaariano eram formados pelos
pontos mediterrânicos, como os de Túnis, Cairo e Argel, e por cidades como Marraquexe,
Sijilmassa e Fez. Os terminais sul dessas rotas eram as cidades saelianas de Audagoste, Ualata,
Tombuctu, Gao, Tadmeca, e Agadéz. A partir daí, os produtos trazidos pelas caravanas seguiam por
redes transaelianas de comércio, tanto na direção leste como na oeste.
(PITTA, 2020)
Gabarito: A
(Quadrix - 2018 - SEDF - Professor Substituto - História)
O nascimento do Brasil como Estado Nacional, na primeira metade do século XIX, coincide
com o esforço das elites locais para estabelecer uma identidade nacional brasileira. Com o
advento da República, em 1889, vê‐se a preocupação de buscar no passado elementos
que legitimassem a nova ordem. É na Era Vargas (1930‐1945), especialmente durante a
ditadura do Estado Novo (1937‐1945), contudo, que o projeto de afirmação da
nacionalidade adquire foros de algo sistemático, conduzido pelo governo central.
Tendo as informações acima como referência inicial e considerando a amplitude do tema
abordado, julgue osseguintes itens.

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15.
Conforme disposição legal, a disciplina história da África, a ser ministrada em todos os níveis
de ensino, deve se restringir, fundamentalmente, ao estudo da escravidão.
Comentários
A afirmativa desta questão está errada, pois o atual texto da Lei 10.639/03 propõe novas diretrizes
curriculares para o estudo da história e cultura afro-brasileira e africana, englobando uma temática
mais ampla do que o fenômeno da escravidão negra, mas também a história do continente
africano. Por exemplo, os professores devem ressaltar em sala de aula a cultura afro-brasileira
como constituinte e formadora da sociedade brasileira, na qual os negros são considerados como
sujeitos históricos, valorizando-se, portanto, o pensamento e as ideias de importantes intelectuais
negros brasileiros, a cultura (música, culinária, dança) e as religiões de matrizes africanas.
(CARVALHO, 2019).
Gabarito: Errado
16.
No permanente processo de construção da identidade nacional, a determinação legal para a
introdução da história da África nos currículos escolares é mais uma conquista no esforço de
resgatar e reconhecer a importância capital dos africanos e de seus descendentes para a
configuração da sociedade brasileira.
Comentários
A afirmativa desta questão está certa, pois de fato o ensino da história e cultura afro-brasileira e
africana, após a aprovação da Lei 10.639/03, fez-se necessário para garantir uma ressignificação e
valorização cultural das matrizes africanas que formam a diversidade cultural brasileira. Portanto,
os professores exercem importante papel no processo da luta contra o preconceito e a
discriminação racial no Brasil.É importante assinalar também que a contribuição da África para a
cultura universal, a despeito da desqualificação cultivada por alguns segmentos de opinião, tem
sido crescentemente valorizada por um número cada vez maior de centros acadêmicos e por
organismos como a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Apesar de nem sempre acompanhadas da devida atenção por parte de países que, como o Brasil,
deveriam ter pautado essa discussão como prioridade, tais iniciativas evidenciam, de qualquer
modo, a projeção que os estudos africanistas têm alcançado.
(SERRANO; WALDMAN, 2010; CARVALHO, 2019).
Gabarito: Certo
17. (UECE-CEV - 2018 - SEDUC-CE - Professor - História)
Escreva V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma nos itens abaixo sobre o
comércio de pessoas e mercadorias no continente africano.
( ) A história da África é marcada desde a antiguidade pelas relações entre tráfico de escravos
e diásporas.

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e História

( ) O comércio escravista sempre se constituiu em uma prática única e específica do


continente africano.
( ) Após a formação de Axum no século III d.C. ocorreu um incremento nos bens comerciais
com ampliação para a venda de escravos.
( ) com a consolidação do mundo muçulmano, desde o século VII d.C. tem havido uma
diminuição na correlação tráfico escravista e diáspora.

Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência:


A) F, F, V, V.
B) V, V, F, F.
C) F, V, F, V.
D) V, F, V, F.
Comentários
A alternativa D é a resposta certa, uma vez que a primeira proposição é verdadeira, a segunda é a
falsa, a terceira é verdadeira e a quarta é falsa.
A primeira proposição é verdadeira, porque de fato desde a antiguidade a história da África é
marcada pela escravidão e diásporas, assim como nas outras partes do mundo antigo. Mas a
escravidão moderna, que os europeus impuseram nas colônias na América com a força de trabalho
africana, foi bem diferente da escravidão nos reinos e cidades-Estado africanas, que também
apresentou características particulares. Na África antiga, havia escravos que trabalhavam ao lado
de camponeses e artesão livres, executando o mesmo tipo de tarefas. Não era incomum que
depois de alguns anos os escravos se integrassem à comunidade dominante. Seus filhos nasciam
livres. Certos escravos podiam se destacar e se tornar importantes administradores de fazendas,
palácios e negócios públicos.
A segunda proposição é falsa, porque a escravidão não é um fenômeno historicamente específico
do continente africano. Na antiguidade as populações inimigas, quando vencidas, eram
escravizadas, independentemente das suas características raciais, culturais e linguísticas ou do seu
status social e político. Na própria Europa ocidental, berço das nações que tomaram dianteira no
processo mercantilista e onde a estereotipia do escravo foi cultivada com todo esmero possível,
muitos grupos não escaparam dessa sina. Contudo, o ápice da escravidão na Europa ocorreu entre
as populações eslavas do Leste. Abrigando grupos que no alvorecer da Idade Moderna ainda
permaneciam “pagãos”, essas populações foram alvo de cruzadas implacáveis que reduziam
muitos dos capturados a condição de escravos vendidos para países estrangeiros. É, portanto, uma
mitologia dizer que a África é o continente da escravidão.
A terceira proposição é verdadeira, uma vez que de fato após a formação de Axum no século III
d.C. ocorreu um incremento nos bens comerciais com ampliação para a venda de escravos. Mas
desde o século V a. C., onde hoje está a Etiópia, já se desenvolveu o Reino de Áxum. Em certo
momento, Áxum chegou a ser a potência dominante da região, entre o Império Romano e o
Império Persa.Através do porto de Adulis, no Mar Vermelho, tinham contanto com comerciantes

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da Arábia antes de surgir o Islamismo, além de comerciantes da China e da Índia.Adulis exportava


escravos, marfim e chifres de rinoceronte. Apesar do reino sofrer perdas para os invasores árabes
e persas, manteve-se de pé e cristão durante os mil anos seguintes.
A quarta proposição é falsa, porque o contato efetivo e permanente dos europeus com os
africanos ocorre no século XV, quando intensifica o tráfico de escravos pelo atlântico, até mesmo
de regiões árabes. Além disso, mais tarde, no século XIX, quando vigorou o avanço da
industrialização, a escravidão proporcionada pelos árabes se intensificou, num cenário em que o
continente africano deixa de ser requisitado para fornecer escravos e passa a ser solicitado para
exportar guano, ouro, diamante, óleo de palmas e madeiras de lei.
(SERRANO; WALDMAN, 2010; SILVA FILHO, 2013).
Gabarito: D
18. (UECE-CEV - 2018 - SEDUC-CE - Professor - História)
A questão da islamização da África e a história do Sudão possui a seguinte particularidade: o
reino cristão da Núbia resistiu às incursões muçulmanas e, apenas no século XIII, com a
invasão egípcia, o norte se converteu ao Islã. A vontade de impor a nova religião também
para o sul cristão foi uma das causas da guerra civil que ainda hoje continua. Sobre a
islamização sudanesa, é correto afirmar que se trata de um processo
A) heterogêneo e mais ligado às classes dirigentes sudanesas.
B) dinâmico e carismático que atinge todos os níveis sociais do Sudão.
C) uniforme e baseado em uma visão ortodoxa e radical.
D) sincrético, com grande difusão do sufismo adaptado às culturas locais.
Comentários
A alternativa A é a resposta certa, pois de fato a islamização sudanesa foi um processo
heterogêneo e mais liga às classes dirigentes, principalmente. No século VI da era cristã,
missionários cristãos entraram na Núbia e converteram três importantes reinos da região.O mais
poderoso deles foi o de Makuria. Esses reinos cristãos negros coexistiram por vários séculos com
seus vizinhos muçulmanos no Egito, constituindo-se baluartes contra o avanço do islamismo. Do
século XIII ao XV, porém, nômades árabes emigraram do Egito para o Sudão, o que provocou o
colapso dos reinos cristãos. Os árabes se instalaram e controlaram a região norte. O sul escapa ao
controle muçulmano e sofre incursões de caçadores de escravos.
A alternativa B está incorreta, pois a islamização do Sudão só atinge níveis sociais mais amplos,
homogeneizando-se, no princípio do século XVI, quando por volta de 1500, uma confederação
árabe e os Funjes (ou Fungues) puseram fim ao reino de Alódia, reino cristão mais meridional do
Sudão. Daí em diante, a metade norte do Sudão abrigaria povos racialmente mesclados, na maioria
muçulmanos e árabes.
A alternativa C também está incorreta, pois a islamização do Sudão não poder ser considerado um
processo uniforme, na medida em que inicialmente apenas as classes dirigentes se alinharam ao
islamismo. Apenas na época moderna que o islamismo ganha uniformidade no Sudão.

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A alternativa D também está incorreta, pois o sincretismo, com grande difusão do sufismo
adaptado às culturas locais, é um fenômeno que advém da modernidade com a ampliação da
religião entre as classes sociais, não podendo ser considerado desde o período medieval. Muitos
sufis na África são sincréticos, praticando crenças folclóricas tradicionais. Salafistas criticam os
folcloristas sufis, pois alegam ter incorporado crenças "não-islâmicas" em suas práticas, tais como
a celebração dos vários eventos, visitando os santuários de "santos islâmicos", dançando durante a
oração (dançarinos dervixes ou "dervixes rodopiantes").A África Ocidental e o Sudão têm várias
ordens sufis, considerados com ceticismo pelos mais estritos ramos do Islã no Oriente Médio. A
maioria das ordens sufis na África Ocidental enfatizam o papel de um guia espiritual (marabu) ou a
posse de poderes sobrenaturais, considerada como uma africanização do Islã.
(FRANCISCO, 2019).
Gabarito: A
(CESPE - 2018 - SEDUC-AL - Professor - História)
O papel civilizador do Egito foi reconhecido logo na Antiguidade. As vias e os meios, as fases e
os modos através dos quais os antigos Egípcios garantiram, ao longo de cerca de quatro
milênios, a sua produção e reprodução sociais são amplamente descritos e comentados nas
obras. Para além de ter fornecido ao Egito os homens e as culturas a partir dos quais este se
tornou no florão na antiguidade, o espaço núbio-sudanês foi vital para o país dos faraós.
BabacarSall. Estado das investigações acerca da antiguidade africana. In: BabacarMbayeDiop
e DoudouDieng. A consciência histórica africana. Lisboa: Ramada; Luanda: Mulemba, 2014, p.
133 (com adaptações)
Considerando o texto anteriormente apresentado como referência inicial e os aspectos
inerentes à história da África na antiguidade, julgue os itens seguintes.

19.
As abordagens da história da Núbia continuam ausentes dos livros didáticos de história
utilizados nas escolas públicas, o que não representa um claro desacordo com as prescrições
curriculares vigentes.
Comentários
A afirmativa desta questão está errada, pois as DiretrizesCurriculares Nacionais para a Educação
das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e a LDB,
com o propósito teórico de tornar práticas ações que aproxime polos isolados, vêm determinar
que os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados respeitando:a
história da ancestralidade e religiosidade africana; aos núbios e aos egípcios, como civilizações que
contribuíram decisivamente para o desenvolvimento da humanidade; às civilizações e
organizações políticas pré-coloniais, como os reinos do Mali, do Congo e do Zimbabwe; ao tráfico e
à escravidão do ponto de vista dos escravizados; etc.
(BRASIL, 2004).
Gabarito: Errado

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21.
O comércio exterior teve um papel relevante na política e na economia meroíta, pois o
Estado de Kush foi um entreposto de grande importância para as rotas comerciais que se
deslocavam entre o alto Nilo e o mar Vermelho.
Comentários
A afirmativa desta questão está correta, uma vez que ao sul do Rio Nilo, ficava a região da Núbia,
na qual imperava o Reino de Kush, cuja capital era a cidade Napata (mais ou menos onde hoje está
o Sudão). Os núbios eram descritos como indivíduos altos e com a pele muito escura. Os kushitas
desenvolveram intenso comércio com o Egito, de quem receberam muitas influências culturais. A
aparência dos egípcios era semelhante aos núbios, de maneira que um intercâmbio cultural mais
intenso tenha ocorrido entre esses povos, um processo de miscigenação. Os Kushitas construíam
prédios e tinham sua própria escrita. No começo do século VII a.C., a cidade núbia mais importante
era Meroe, ao sul de Napata. Meroe, um verdadeiro centro comercial, produtora de objetos e
ferramentas de ferro, os habitantes construíram grandes prédios e monumentos que lembravam
os egípcios, mas que tinha seu próprio estilo. Na segunda metade do século VIII a. C., os exércitos
kushitas derrotaram os egípcios e durante um século os faraós foram núbios.
(SERRANO; WALDMAN, 2010).
Gabarito: Certo

22.
As relações entre o Egito e os outros Estados africanos do curso do Nilo, como de Napata e
Méroe, foram marcadas por trocas intensas e pela fundação de uma dinastia etíope ou
sudanesa, criada com a tomada do poder faraônico por reis kushitas.
Comentários
A afirmativa desta questão está correta, de modo que a princípio uma colônia egípcia, Kush mais
tarde veio a dominar o Egito e boa parte do vale do rio Nilo. Sua civilização reunia a cultura egípcia
e a de outros povos africanos.O reino de Kush era muito rico. Além de possuir minas de ouro e
terras cultiváveis, ficava em uma ótima localização para comerciar com outros povos. Os cuchitas
transportavam mercadorias pelo rio Nilo e também por estradas que levavam ao mar Vermelho.
Eles vendiam ouro, incenso, marfim, ébano, óleos, penas de avestruz e pele de leopardo.A Núbia
originalmente era parte do Egito antigo. Durante o século XV a.C., o Egito dividiu a Núbia em duas
partes. Kush era a parte sul.Por volta do século XI a.C., o Egito enfraqueceu. No século VIII a.C., os
cuchitas o conquistaram, mas não conseguiram dominá-lo por muito tempo. No século VII a.C., os
assírios, da Ásia, os repeliram de volta à Núbia.Kush tornou-se um reino menor do vale do Nilo e
assim permaneceu durante quase mil anos. Por volta do ano 350 da era cristã, o reino de Aksum
acabou por liquidá-lo.
(ENCYCLOPÆDIA-BRITANNICA; CAPES, 2019).
Gabarito: Certo
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Os estudos africanos, área de crescente interesse entre os historiadores brasileiros, têm


revelado a existência de um grande número de sociedades e culturas na África que poderiam
ser estudadas nas escolas. Além disso, há algumas décadas, pesquisadores africanos
produzem qualificadas investigações que possibilitam o reconhecimento de importantes
contribuições do passado africano para o patrimônio histórico da humanidade.
Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue os itens a seguir, a respeito do
processo de humanização e das dinâmicas na formação das sociedades africanas.

23.
Pesquisadores especializados no passado da África destacam o protagonismo africano na
construção do Egito Antigo e defendem a tese que considera a África um espaço civilizatório.
Comentários
A afirmativa desta questão está correta. De fato, o continente africano, devido sua diversidade e
extensão, dá bons motivos a afirmação da teoriade que a África foi o berço da humanidade. As
escavações arqueológicas corroboram constantemente com essa ideia. Não somente o berço, mas
também o espaço de desenvolvimento das civilizações mais antigas da humanidade. Há boas
razões para acreditar que o continente africano foi o habitat da espécie humana. Encontra-se uma
grande riqueza em evidencias pré-históricas. A extensão territorial e suas variedades climáticas são
pontos chave propícios à adaptação e desenvolvimento da espécie. A possibilidade migratória é
evidente analisando tais fatores, o que leva a uma maior adaptação observando que mesmo as
variações no clima durante as fases evolutivas não poderiam impedir o processo. Estudos
desenvolveram diversas evidencias que dão base à teoria do surgimento do homem.
Demonstrando os mais diversos estágios, aos quais se passaram antes do homem se tornar o que é
hoje. As mudanças ocorridas são parte da ação no processo de adaptação e especialização. Apesar
das brechas existentes é possível exemplificar detalhes da evolução.A África foi o espaço por
excelência na qual as primeiras civilizações se estruturaram e desenvolveram seus sistemas de
escrita. Um grande destaque vai para a civilização egípcia, tanto pela sua antiguidade cultural, as
contribuições do Egito para a ciência e filosofia ocidentais, como pelo seu sistema de escrita: os
hieróglifos. No entanto, outras formas de escritas tanto fonéticas, quanto ideográficas se
desenvolveram em terras africanas, um bom exemplo, são os sistemas meroídico, o núbio antigo, o
copta, o tifinagh, o ge’ez e o bamun.
(BLAINEY, 2009).
Gabarito: Certo
24.
Os avanços nas investigações da história e da paleontologia concluíram que o homem
anatomicamente moderno (Homo sapiens) surgiu na Europa, invalidando a tese de que a
África seria o berço da humanidade atual.
Comentários
A afirmativa desta questão está errada. A origem do homem está ligada a evolução biológica dos
mamíferos. Segundo os biólogos, os primeiros mamíferos teriam surgido há cerca de 220 milhões
de anos atrás, ainda na Era Mesozoica, a era dos répteis. Eram pequenos animais que viviam nas

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árvores e em tocas na terra. Por volta de 65 milhões de anos atrás os mamíferos conseguiram se
proliferar pela terra. A extinção dos dinossauros por volta de 70 milhões de anos atrás liberou um
grande número de nichos ecológicos, permitindo a multiplicação das espécies de mamíferos. O
homem é um mamífero da ordem dos primatas, família dos hominídeos, gênero Homo, espécie
sapiens. Por volta de 2 milhões de anos atrás, a família biológica dos hominídeos apresentava dois
ramos principais: o das espécies de Australopithecus, cujos membros se extinguiram há cerca de 1
milhão de anos, e o das espécies do gênero Homo, que chegou aos seres humanos atuais. Mas,
devido ao processo evolutivo corresponder a um extenso período de tempo, supõe-se que muitas
das fases da evolução não são encontradas em fósseis, sendo que o processo de fossilização
demanda de condições especificas. A maioria dos fósseis são encontrados em grandes
profundidades e muitos só são encontrados com a influência de fenômenos naturais. Podendo
encontrar não tão grandes números de sítios arqueológicos. Em todo caso, há boas razões para
acreditar que o continente africano foi o habitat da espécie humana. Encontra-se uma grande
riqueza em evidencias pré-históricas.O Homo erectus é a forma pré-sapiens mais conhecida do
gênero Homo. Podendo indicar uma origem africana, sendo muitos especialistas favoráveis à ideia
de que todos os testemunhos dessa humanidade descobertos foram do continente africano. Os
dados existentes mostram que essa espécie se encontrava amplamente distribuída na África.
(BLAINEY, 2009).
Gabarito: Errado

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Acerca dos reinos africanos pré-coloniais, assinale a opção correta.
A) Os dilemas decorrentes dos achados arqueológicos das ruínas do grande Zimbábue foram
esclarecidos com a descoberta de fontes escritas que permitiram desvendar a história desse
reino e, principalmente, as razões de seu declínio.
B) Os portugueses desconsideravam as organizações africanas, por isso o uso da força era a
única estratégia de dominação dos portugueses contra os africanos.
C) A África Oriental encontrava-se ainda inexplorada no momento em que os europeus ali
chegaram, ao final do século XV.
D) O Reino do Congo, cuja economia incluía atividades rurais e um rico comércio de tecidos,
metais e animais, entrou em decadência no século XV, momento em que foi rapidamente
conquistado por Portugal.
E) A segurança experimentada ao sul do Saara durante o Império Malinês facilitou a expansão
do islã para a região. Nesse contexto, a cidade de Tombouctu tornou-se uma importante
referência de erudição muçulmana.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois o declínio do grande Zimbábue ocorreu no período das
colonizações europeias na África subsaariana, principalmente com as investidas de Portugal na
região em busca de escravos. Os portugueses destruíram o comércio e começaram uma série de
guerras que deixaram o império em quase colapso no início do século XVII.Como resposta direta à

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agressão portuguesa no interior, surgiu um novo estado Kalanga chamado Império Rozwi.
Baseando-se em séculos de desenvolvimento militar, político e religioso, o Rozwi (que significa
"destruidores") removeu os portugueses do platô do Zimbábue pela força das armas. Os conflitos
ocorreram em períodos distintos e frequentes, mas foi no século XIX que o Zimbábue foi
finalmente colonizado pelos ingleses. Os britânicos chegaram com Cecil Rhodes British South
AfricaCompany em 1898,e o nome Rodesia do Sul foi adotado na região. E o país ganhou
independência oficial como Zimbábue apenas em 18 de abril de 1980, quase um século depois.
A alternativa B é falsa, uma vez que os portugueses fizeram diversas investidas comerciais na
África, das quais utilizavam-se práticas “diplomáticas”. É certo que houve inúmeras estratégias de
dominação dos africanos, usando da força bélica principalmente, mas não cabe generalizações. O
próprio tráfico de escravos no Atlântico dependia de uma relação com as organizações africanas
que já estavam estabelecidas, de modo a realizar o comércio com grupos que capturavam seus
inimigos e comercializavam com os portugueses.
A alternativa C também é falsa, de modo que a África Oriental compreende à região mais a Leste
do continente,que é a região dos grandes lagos, com poucos rios, mas com realce para o Nilo, que
teve grandes povoações no seu entorno ao longo da História da África. A população dessa região
dedica-se principalmente à agricultura e criação de gado. As principais culturas são: café, banana,
copra, algodão, caju e amendoim. A criação de gado bovino e de ovinos é habitual nesta região. Os
países dessa região são: Tanzânia, Uganda, Ruanda, Burundi, Quênia, Etiópia, Somália, Djibuti,
Eritreia, Madagascar, Seychelles, Comores, Maurício e Ilha da Reunião.
A alternativa D também é falsa, pois o Reino do Congo não entra em decadência no século XV,
tampouco é rapitamente conquistado por Portugal. Só para se ter uma ideia da grandeza desse
reino,a capital tinha dezenas de milhares de habitantes, maior do que muitas cidades europeias do
século XVII e impressionou os portugueses pela organização e beleza das casas, decoradas com
tecidos nas paredes.No que temos relato, com a chegada das caravelas portuguesas, o Reino do
Congo, já em meados do século XV, possuía uma estrutura política descentralizada, tendo por base
as chefias das aldeias. O reino era constituído por uma aristocracia dominante composta de 12
candas, ou clãs, localizados ao redor de Banza Congo, sede do reino bacongo. O processo de
escolha de um rei era eletivo com a participação da aristocracia representada pelos muxicongos de
cada canda de Banza Congo. O eleito, porém, deveria ser descendente do rei. Como o rei podia
casar-se com várias mulheres pertencentes às candas, os chefes menores estavam ligados a ele por
parentesco, assim o poder mantinha-se circulando entre os aristocratas. Mas o modo de
organização do reino, principalmente em sua estrutura social, nos costumes e na religião, foi
modificado devido a influência dos portugueses, sobre os chefes locais. O catolicismo quebrou os
alicerces que permitiam uma harmonia na sociedade congolesa, pois o catolicismo em seus
preceitos chocava-se com as práticas da poligamia, da sucessão ao poder a partir da linhagem
matrilinear e do direito de primogenitura.
A alternativa E está correta. O Império do Mali foi um estado grande e rico que existiu na África
ocidental do século XIII ao XVI. Expandiu-se a partir de um pequeno reino chamado Cangaba, às
margens do rio Níger, para uma vasta área que incluía algumas das mais importantes regiões
comerciais da época. O comércio e a mineração de ouro foram responsáveis pela riqueza do Mali.O
Mali era um reino do povo malinqué. Seu fundador chamava-se SundiataKeita. Ele assumiu o poder

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em Cangaba por volta de 1230 e começou a conquistar as terras ao redor, que eram ricas em
minerais valiosos como ouro e sal. O império cresceu rapidamente.O mais famoso imperador do
Mali foi Musa, que ascendeu ao trono por volta de 1307. Musa era muçulmano, embora muitos de
seu povo cultuassem seus deuses tradicionais. Sua grande peregrinação (viagem religiosa) em 1324
à cidade sagrada de Meca tornou o Mali famoso na faixa que vai do centro-norte da África à
Arábia. Dizem que ele levou consigo 60 mil seguidores e escravos ricamente vestidos. Também se
diz que cada um dos oitenta camelos de sua caravana carregava 135 quilos de ouro.Musa
acrescentou as cidades comerciais de Tombuctu e Gao ao seu império. Em seguida, ordenou a
construção de muitos edifícios nessas cidades e em outros lugares. Alguns desses edifícios eram
lugares de culto muçulmano, como a Grande Mesquita de Tombuctu. Ele também apoiou artistas e
eruditos, tendo criado uma Universidade em Tombuctu durante seu reinado.Como a cidade era um
grande centro de estudos superiores islâmicos, havia intenso comércio de livros de Matemática,
História, Medicina, Lógica e Astronomia. Um velho provérbio africano dizia que “O sal vem do
norte, o ouro vem do sul, mas as palavras de Deus e os tesouros da sabedoria vêm de
Tombuctu”.O império começou a declinar no século XV. Algumas das cidades se rebelaram contra
os governantes e outras foram atacadas pelos povos vizinhos. Em 1550, o Império do Mali havia
perdido grande parte de seu poderio. Seu nome permanece hoje no moderno país chamado Mali,
que resultou de três impérios: o do Mali, o de Gana e o Songai.
(SERRANO; WALDMAN, 2010; ENCYCLOPÆDIA-BRITANNICA; CAPES, 2019).
Gabarito: E
25. (CESPE - 2017 - Prefeitura de São Luís - MA - Professor Nível Superior/PNS-A - História)
No período que se estendeu de 1500 a 1800, estabeleceu-se um novo sistema geoeconômico
orientado para o Atlântico, com seu dispositivo comercial triangular ligando a Europa, a África
e as Américas. A abertura do comércio atlântico permitiu à Europa e, mais particularmente, à
Europa Ocidental, aumentar sua dominação sobre as sociedades das Américas e da África.
Desde então, ela teve um papel principal na acumulação de capital gerado pelo comércio e
pela pilhagem, organizados em escala mundial.
M. Malowist. A luta pelo comércio internacional e suas implicações para a África. In: Allan
OgotBethwell (ed.). História geral da África: África do século XVI ao XVIII. Brasília: UNESCO,
2010, p. 2 (com adaptações).

A respeito de aspectos ligados ao processo histórico de que trata o texto apresentado,


assinale a opção correta.
A) As mudanças ocorridas no continente africano entre os séculos XVI e XIX deram-se
exclusivamente em resposta às ações europeias e, marcadamente, ao moderno tráfico de
escravos.
B) A África subsaariana era, em sua totalidade, desconhecida dos europeus até sua costa ter
sido alcançada pelas embarcações portuguesas.
C) A África apresentava grande diversidade cultural, social e política. Em termos políticos, por
exemplo, os portugueses se depararam com potentados grandiosos, como o Império do Mali
e o Reino do Congo.

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D) As regiões costeiras da África eram as únicas fontes de cativos para o tráfico atlântico.
E) As dinâmicas internas da sociedade europeia foram pouco influenciadas pelo contato com
os povos africanos e americanos, ocorrido a partir da expansão marítima.
Comentários
A alternativa A é falsa, de modo que a estrutura a afirmativa da margem para a interpretação que
enxerga a África composta por agentes passivos que precisaram do impulso das investidas
europeias para ter uma resposta de mudanças. Na verdade, quando os europeus estabeleceram
contato com regiões antes desconhecidas da África subsaariana, eles encontraram reinos
desenvolvidos e bem estruturados, com cidades maiores e mais populosas do que as grandes e
tradicionais europeias.
A alternativa B também é falsa, pois os europeus podiam até não ter contato direto com certas
regiões da África subsaariana, mas não se pode afirmar que desconheciam por completo da sua
existência. Uma visão europeia do continente africano seria a de que este enfrentasse uma
condição de isolamento, observando relatos referentes à dificuldades em ultrapassar barreiras,
como as corredeiras dos rios, que podemos dar um exemplo das Cataratas de Livingstone,
localizadas num ponto onde o Rio Zaire limita com a declividade das áreas planálticas, que
configurariam um obstáculo a ser vencido. Entretanto, tais discursos são exclusivamente europeus,
pelo fato desses acidentes naturais dificultarem a eles o acesso ao interior do continente. Já para
as populações locais tais rugosidades nunca se revestiram da dramaticidade pregada pela visão
colonialista. Aliás, essas barreiras poderiam ser antes entendidas como muralhas naturais para
deter a invasão europeia, mas de forma alguma seriam obstáculos à civilização.
A alternativa C está correta, de tal modo que o continente africano teria sido o palco de diversas
sociedades organizadas e estruturadas muito antes dos europeus. Por exemplo, desde o século
XIII, numa região banhada pelo rio Níger, imperou o Reino do Mali. Já o Reino do Congo contava
com uma capital, por exemplo,que tinha dezenas de milhares de habitantes, maior do que muitas
cidades europeias do século XVII e impressionou os portugueses pela organização e beleza das
casas, decoradas com tecidos nas paredes.
A alternativa D está incorreta, de modo que a escravidão configurou como um sistema complexo
que envolvia diversos agentes, desde os traficantes ou mercadores de escravos até os povos da
África que combatiam seus inimigos. Os povos africanos faziam guerras uns com os outros e os
vencidos eram vendidos como escravos para os europeus. Assim, os traficantes de escravos
obtinham suas mercadorias humanas, que vinham de toda parte, não só da costa, mas de regiões
até mesmo distantes. O tráfico escravista enriqueceu muitos reinos africanos. Isso estimulou os
Estados do continente a fazerem mais guerras contra outros reinos, exclusivamente para conseguir
mais escravos que seriam vendidos aos europeus. Algumas vezes, os “aristocratas” africanos
escravizavam até mesmo pessoas do próprio povo, acusadas de terem cometido algum crime.
A alternativa E também é falsa, de maneira que um dos grandes fenômenos da Idade Moderna foi
justamente o contato dos europeus com as populações ameríndias e sul-africanas, pois houve
grande transformação na consciência dos europeus, especialmente sobre suas crenças,
religiosidades, organizações político-econômicas, etc. As Grandes Navegações são lembradas não
só pelas conquistas dos europeus, mas pelo confronto de culturas, de onde as nações europeias

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desejavam saírem vitoriosas. Foi no conjunto desses acontecimentos que a Europa viu a transição
do sistema feudal para o sistema capitalista, bem como a queda da aristocracia e a ascensão da
burguesia. Até mesmo o imaginário dos europeus também viu transformações, com novas visões
de mundo, novas filosofias e a ressignificação do conceito de homem.
(SERRANO; WALDMAN, 2010; SILVA FILHO, 2013; ENCYCLOPÆDIA-BRITANNICA; CAPES, 2019).
Gabarito: C
(CESPE - 2017 - SEDF - Professor de Educação Básica - História)
Entre 1982 e 1999, além da publicação completa em francês, inglês e árabe, volumes
distintos de História Geral da África (HGA) foram publicados em chinês, português, espanhol,
japonês, suaíli, peúle, hausa, italiano e fulâni. Em 2007, iniciou-se, oficialmente, a segunda
etapa do projeto da HGA, intitulada “O uso pedagógico da História Geral da África”, tendo
sido criado para tanto o Comitê Científico para o uso Pedagógico da História Geral da África.
O objetivo dessa etapa é ampliar a difusão e a utilização pedagógica dos conhecimentos da
HGA. Sua organização resulta de um pedido formal da União Africana, que pretende adotar
um currículo comum de história da África para os seus países-membros, com base nas linhas
estabelecidas pela HGA. No Brasil, com o apoio do Ministério da Educação, se procedeu, em
fins de 2010, à publicação completa dessa obra clássica sobre a história da África, disponível
para consulta integral no formato digital. Também foi publicado um trabalho de síntese e
atualização desse vasto material.
Muryatan Barbosa. A construção da perspectiva africana. In: Revista brasileira de história. São
Paulo, 2012, v. 32, n.º 64, p. 227 (com adaptações).

Com relação ao assunto abordado no texto, julgue os itens que se seguem, a respeito do
ensino de história da África.

26.
Na abordagem da história da África em sala de aula deve-se evitar a idealização, a
simplificação ou uma excessiva generalização das experiências históricas e contextos
africanos.
Comentários
A afirmação desta questão está certa. Uma das motivações que respaldam o projeto de estudar o
continente africano decorre do vazio constatado quanto à sistematização e à veiculação de
informações relacionadas à África. Tal lacuna é evidente tanto na ausência pura e simples de uma
visão realista sobre o continente, quanto em seu desdobramento direto na persistência de uma
visão estereotipada e preconceituosa impingida, sem maiores delongas, à África.Nesse sentido, a
África, seus povos e suas culturas tornam-se foco de sumo interesse para os profissionais da
educação, requerendo em todos os níveis a devida capacitação para captar e transmitir o
ponderável acervo de conhecimentos amealhados pelos africanos no tempo e no espaço. Estudar o
continente africano, portanto, credencia uma iniciativa mediante a qual as estereotipias que

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comprometem não só a compreensão dos processos sociais específicos ao continente negro como
também da própria humanidade e de povo brasileiro sejam confrontadas, com o objetivo de
resgatar um legado do qual a África e o seu acervo sócio-histórico-cultural são
indissociáveis.Recordemos que o estudo da realidade africana sugere a interconexão de diversas
disciplinas e de campos do conhecimento. Ao lado da história, é indispensável a contribuição da
geografia, da sociologia, da ciência política e marcadamente da antropologia, disciplina na qual,
aliás, se materializaram as primeiras análises que romperam com o universo de pensamento
eurocêntrico e com os enunciados colonialistas.
(SERRANO; WALDMAN, 2010).
Gabarito: Certo
27.
Apesar das conexões existentes entre a história africana e a história da diáspora africana, os
estudos sobre a África, quando abordados em sala de aula, não devem ser utilizados como
um instrumento na luta contra o racismo nas Américas ou na Europa, por ser este um assunto
relacionado a outros contextos históricos.

Comentários
A afirmativa desta questão está errada, pois é indissociável os estudos acerca do continente
africano com a luta contra o racismo, especialmente quando os estudos são realizados por
indivíduos pertencentes a uma sociedade como a brasileira, que deveria ter pautado essa
discussão como prioridade por causa da histórica formação nacional, mas que foi fechada pela
aclimatação dos preconceitos europeus e antropocêntricos do colonizador português. É
fundamental entender esse conhecimento enquanto contribuição para as discussões sobre a
temática da africanidade travadas nos mais diversos níveis da educação, da prática educativa e da
sociedade como um todo, conectando-a com as lutas antirracistas, de defesa das especificidades
culturais e das políticas de inclusão, todas fundamentais para um conjunto de relações
institucionalizadas que, em princípio, tecem o universo da democracia.
(SERRANO; WALDMAN, 2010).
Gabarito: Errado
28.
Com a criação do Comitê Científico para o uso Pedagógico da História Geral da África, ficou
evidenciado o fato de que o saber histórico científico e o saber histórico escolar possuem
características próprias, apesar de estabelecerem um diálogo necessário.
Comentários
A afirmativa dessa questão está correta. Objetivamente, um africanista é um profissional que
consegue articular conhecimentos oriundos das disciplinas científicas de História, Geografia,
Sociologia, Ciência Política, Antropologia, etc., sempre motivado, é claro, com o compromisso de
resgatar tudo o que a África contribuiu e pode contribuir em prol de uma humanidade solidária, no
seio da qual coexistem em pé de igualdade todas as contribuições do gênero humano, em todos os

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seus sentidos e causas. Mas essa ponderação, traduzidas para o cenário de uma sala de aula,
impõe a certificação de diversas diretrizes que balizam um trabalho pedagógico, as quais em linhas
gerais seriam apromoçãodo conhecimento do continente africano na ótica de uma metodologia
diferenciada, capacitada a aprender a realidade africana sob o prisma das especificidades que lhe
são inerentes. Isso implica um conhecimento solidamente vinculado à preocupação em
compreender a realidade africana a partir dos próprios pressupostos civilizatórios ou, como seria
pertinente a uma abordagem antropológica, pensar o outro de modo que deixe de constituir um
objeto para tornar-se sujeito de dado processo social.
(SERRANO; WALDMAN, 2010).
Gabarito: Certo
(Quadrix - 2017 - SEDF - Professor - História)
África e América foram incorporadas à história ocidental a partir do expansionismo comercial
e marítimo europeu do início dos tempos modernos. O processo de exploração colonial
desses continentes seguiu a lógica econômica e política que, na Europa, caracterizava a
transição do feudalismo ao capitalismo. Nas palavras de um ex-diretor geral da Unesco,
“hoje, torna-se evidente que a herança africana marcou, em maior ou menor grau,
dependendo do lugar, os modos de sentir, pensar, sonhar e agir de certas nações do
hemisfério ocidental. Do sul dos Estados Unidos ao norte do Brasil, passando pelo Caribe e
pela costa do Pacífico, as contribuições culturais herdadas da África são visíveis por toda
parte; em certos casos, chegam a constituir os fundamentos essenciais da identidade cultural
de alguns segmentos mais importantes da população”.

Tendo por referência inicial as informações contidas no texto acima e considerando aspectos
significativos do ensino de história, da história da América e de suas identidades, bem como
da história africana e de suas relações com o exterior, julgue os itens.

29.
A abertura do comércio atlântico no início da Idade Moderna alterou o sistema
geoeconômico vigente e propiciou o desenvolvimento de um esquema mercantil triangular,
ligando a Europa, a África e as Américas.
Comentários
A afirmativa desta questão está correta. Durante o período em que as nações europeias
mantiveram suas terras colonizadas na América, sob as hostes do sistema mercantilista, os
traficantes de escravos ou homens de negócios eram conhecidos como comerciantes que
negociavam por atacado os escravos. A escravidão moderna, que os europeus impuseram nas
colônias na América, foi bem diferente da escravidão nos reinos e cidades-estado africanas, e
também apresentou características particulares. Entre os séculos XV e XIX, milhões de seres
humanos foram levados de navio pelos traficantes europeus, para trabalharem como escravos
domésticos em nações europeias como Espanha, Portugal, Holanda e Inglaterra (isso era comum
nos séculos XV e XVI), e principalmente nas Américas, ligando três continentes, portanto. Esse tipo

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de escravidão foi muito mais brutal do que a escravidão que existia na própria África.Alguns
pesquisadores atuais acreditam que mais de trezentos povos africanos vieram para o Brasil como
escravos. Eles obtinham as mercadorias humanas na faixa que ia da costa do Senegal, passando
por Guiné-Bissau, Guiné até Serra Leoa. Essa parte da África ao norte da linha do Equador era a
famosa Guiné. De lá é que vieram os povos mandingas, hauças, peules e outros. No século XVII, os
escravos que chegaram no Brasil vieram principalmente do Congo e de Angola. Nos séculos XVIII e
XIX, os escravos que vieram para o Brasil eram originários da Costa do Ouro, mais ou menos onde
hoje estão Gana e Togo, Benin e Nigéria, mais tarde também de Moçambique.
(SERRANO; WALDMAN, 2010; SILVA FILHO, 2013).
Gabarito: Certo
30.
Na formação histórica do Brasil, as relações processadas via Atlântico são de tal ordem
essenciais que se pode afirmar que “o Brasil também começa na África, e a África se prolonga
no Brasil”.

Comentários
A afirmativa desta questão está correta, de tal modo que é inegável os laços que unem, de forma
irreversível, o Brasil ao continente africano e vice-versa.Tanto na realidade brasileira, quanto a
africana são dominadas pela tropicalidade, pela pujança do meio natural, pela multiplicidade
cultural e religiosa. Sem qualquer sombra de dúvida, estamos diante de duas realidades nas quais
as analogias predominam sobre as diferenças, materializando caminhos comuns passíveis de
serem trilhados por africanos e brasileiros.Podemos igualmente enfatizar a presença da África na
realidade social e cultural brasileira alimentada pelo tráfico de escravos, o que acabou por
transplantar para o Brasil, por mais de três séculos e meio, diversas manifestações daquele
continente. Essas influências, mesmo severamente reprimidas, continuaram vivas, atuantes e com
inegável presença no cotidiano nacional. Constituem atualmente parte indissociável de valores e
posturas que tornam os brasileiros um grupo distinto, portador de signos identitários que
contribuem para torná-lo distinto dos demais povos.O que o podemos concluir é que aquilo que o
Atlântico uniu, ninguém irá separar. Ora, o Brasil é um país extraordinariamente africanizado.
(COSTA E SILVA, 1994; SERRANO; WALDMAN, 2010).
Gabarito: Certo
31.
Um dos graves problemas do ensino de história da África, no Brasil, decorre de uma visão
estereotipada, de modo que a recorrente identidade continental – o africano – leva à
construção de uma falsa homogeneidade, desconhecendo-se as especificidades das
sociedades que habitam o continente.
Comentários
A afirmativa desta questão está correta. Estudar o continente africano credencia uma iniciativa
mediante a qual as estereotipias, como a ideia falsa de que o continente africano é uma só nação

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ou que é composto de um só povo, que comprometem não só a compreensão dos processos


sociais específicos ao continente negro, como também da própria humanidade e de povo brasileiro
sejam confrontadas, com o objetivo de resgatar um legado do qual a África e o seu acervo sócio-
histórico-cultural são indissociáveis.Nos últimos anos, têm sido realizados mais iniciativas em prol
da afro-educação do que na totalidade do passado recente. No entanto, mesmo constituindo
motivo de empolgação, os progressos alcançados não negam que muito há de ser feito e realizado
nesse campo. A despeito da existência de uma lei que, hoje, frisa a obrigatoriedade de um
conteúdo pedagógico programático focado no continente africano, justamente a Lei nº 10.639, o
conhecimento do continente ainda merece muito aprofundamento e aguarda efetivação concreta.
(SERRANO; WALDMAN, 2010).
Gabarito: Certo
32. (IDECAN - 2016 - SEARH - RN - Professor de História)
Entre os séculos VIII e XVII, a África ao sul do deserto do Saara era habitada por vários povos
negro‐africanos, cada um com seu jeito próprio de ser. Alguns desses povos construíram
impérios e reinos prósperos e organizados, como o Império do Mali e o Reino do Congo. Há
poucos documentos escritos sobre o Mali; os vestígios arqueológicos (vasos, potes, panelas,
restos de alimentos e de fogueiras) também são reduzidos. Dentro do contexto da história
africana e de alguns impérios como o Mali, conferia‐se a importância notável aos griots, que:
A) Representavam o grupo majoritário na sociedade, pois, como guerreiros, cuidavam da
segurança e das estratégias de guerra.
B) Eram os líderes religiosos, que baseados em conhecimentos ancestrais, ainda mantêm
intacta a religião de seus antepassados.
C) Eram os indivíduos que tinham o compromisso de preservar e transmitir histórias, fatos
históricos, os conhecimentos e as canções de seu povo.
D) Detinham o poder entre as mais variadas tribos por serem os únicos proprietários de
terras, responsáveis por distribuir o trabalho e a produção.
Comentários
A alternativa A é falsa, uma vez que os griots não eram guerreiros e nem eram um grupo
majoritário, ao passo que os griots eram guardiões da palavra, pessoas escolhidas, geralmente
entre os anciãos, para exercer a função de conduzir os ensinamentos na comunidade em que vivia.
A alternativa B também é falsa, de modo que o griot não era um líder religioso, apesar de que as
histórias que contava certamente eram povoadas de figuras míticas e heroicas da religiosidade. Em
todo caso, o líder religioso nas comunidades africanas era considerado o conselheiro mais
importante, abaixo apenas do grande líder na hierarquia tribal.
A alternativa C está correta, pois de fato os griots eram os indivíduos que tinham o compromisso
de preservar e transmitir histórias, fatos históricos, os conhecimentos e as canções de seu povo.
Além de contadores de histórias, também eram mensageiros oficiais e guardiões de tradições
milenares. Eram responsáveis por firmar transações comerciais entre os impérios e comunidades e
passar aos jovens ensinamentos culturais, sendo hoje em dia a prova viva da força da tradição oral

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entre os povos africanos.Utilizando instrumentos musicais como o Agogô e o Akoting (semelhante


ao banjo), os griots estavam presentes em inúmeros povos da África, transitando entre os
territórios para firmar tratados comerciais por meio da fala e também ensinando às crianças de seu
povo o uso de plantas medicinais, os cantos e danças tradicionais e as histórias ancestrais.
A alternativa D também é falsa, uma vez que osgriots não eram proprietários de terras, mais sim
guardiões da tradição, estando presente ainda hoje em muitos lugares da África Ocidental,
incluindo Mali, Gâmbia, Guiné e Senegal, e entre os povos Fula, Hausá, Woolog, Dagomba e entre
os árabes da Mauritânia.
(SERRANO; WALDMAN, 2010; PEREIRA, 2019).
Gabarito: C
33. (CONSULPLAN - 2010 - Prefeitura de Congonhas - MG - Professor - História)
“Do mesmo modo que a Negritude, o Pan-africanismo é uma corrente crítica do racismo e do
colonialismo, tendo por meta a libertação e a unificação dos africanos. Contudo, o Pan-
africanismo distingue-se da Negritude pelo seu caráter de movimento político, com ampla
inserção nas massas negras. Essa corrente partia da compreensão de que os africanos nada
poderiam esperar de benéfico da dominação colonialista. Note-se também, no que é
bastante revelador dos laços que a diáspora negra mantém com o continente de origem, que
esse movimento medrou primeiramente nos Estados Unidos e no Caribe, inclusive enquanto
contestação ideológica à doutrina da inferioridade dos negros."
No Brasil, atualmente a Legislação garante as conquistas dos movimentos dos afro-
brasileiros. Sobre a atual situação brasileira, no tocante às leis educacionais a esse respeito, é
correto afirmar:
A) A Lei nº. 10639/2003 substituída pela Lei nº. 11645/2008, que inclui no currículo oficial da
rede de ensino a obrigatoriedade da temática: “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena".
Seu sucesso depende do compromisso que nós, educadores, tivermos com a construção de
uma sociedade mais justa e mais fraterna.
B) Como no Pan-africanismo, o Núcleo de Estudos Negros — NEN — no Brasil, os assuntos
referentes à questão se tornaram de alçada política e o empenho de implementar as novas
leis a partir da lei nº. 9394/96 como leis educacionais não obteve o resultado esperado. O
empenho para implementar novas leis está apenas no começo.
C) Em janeiro de 2003, uma das primeiras ações do governo Lula foi a aprovação da lei nº.
10639, que atendia a uma antiga reivindicação do MNU: a inserção da História da África e dos
afro-brasileiros nos currículos escolares. O projeto foi apresentado pelos deputados federais
Ester Grossi e Ben-Hur. Nada mais foi aprovado a respeito do assunto.
D) No ano de 2005, a lei nº. 10639 alterou os artigos 26 a 79 da lei nº. 9394/96 tornando
obrigatória a inclusão da História e Cultura Afro-Brasileira, no currículo oficial, portanto a
obrigatoriedade diminuiu a problemática relacionada ao racismo no país.
E) A lei nº. 10639/2003 foi aprovada como projeto de extensão pedagógica pelos militantes
do Movimento Negro. Seu êxito depende dos resultados das pesquisas que constam entre os

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projetos educacionais do governo e da aceitação dos educadores da rede pública e privada de


todo o país.
Comentários
A alternativa A é a resposta certa, uma vez que em março de 2008, ainda durante o governo do ex-
presidente Luís Inácio Lula da Silva, foi aprovada a Lei nº 11.645, que alterou a Lei nº 9.394 (LDB),
de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que
estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de
ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Isso implica a
necessidade de abordar a temática em questão no ensino de todas as disciplinas do currículo da
educação básica, que inclui o ensino fundamental e médio. Consequentemente, essa temática
aparece também no livro didático, uma vez que ele é um dos instrumentos mais utilizados pelos
professores e alunos nos processos de ensino e aprendizagem.
A alternativa B é falsa, pois a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº9.394/96, foi implementada
com sucesso, de tal modo que a educação nacional passou por reformulações substanciais e desde
então abriu campo propício para a implementação de propostas plurais e equitativas. Mas, de fato,
há muito que se fazer ainda na educação brasileira.
A alternativa C está incorreta, apesar que de fato em janeiro de 2003 foi a aprovado da lei nº.
10639, do projeto apresentado pelos deputados federais Ester Grossi e Ben-Hur, que atendia a
uma antiga reivindicação do MNU, é falso dizer quenada mais foi aprovado a respeito do assunto.
Em 2004 foi aprovada as "Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-
raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana", e em 2008 foi aprovada a Lei
nº 11.645que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial
da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
A alternativa D também está incorreta, pois o problema do racismo persiste ainda hoje e, na
verdade, não se trata apenas da aprovação de uma Lei para minar o problema, que muitas vezes
aparece velado entre as pessoas. A luta contra o racismo é uma tarefa diária na sociedade
brasileira, devendo ser trabalhada não apenas dentro dos muros escolares, mas na comunidade
como um todo.
A alternativa E também é incorreta, pois o êxito depende, na verdade, da educação e
transformação das relações étnico-raciais, criando pedagogias de combate ao racismo e às
discriminações, de tal maneira que o caminho escolhido pelas "Diretrizes" foi a valorização da
história e cultura dos afro-brasileiros. Colocando no centro do debate conceitos de raça,
identidade negra, racismo, democracia racial, cultura negra, cultura afro-brasileira, pluralidade
cultural e cultura brasileira, a política educacional proposta pelas "Diretrizes" exige o
aprofundamento desses conceitos e sua contextualização no processo histórico. Para além do
evidente envolvimento de educadores, as "Diretrizes" convocam os profissionais de história para
uma ampla reflexão sobre a história da cultura afro-brasileira, em suas dimensões de pesquisa e
ensino.
(ABREU; MATTOS, 2008; SERRANO; WALDMAN, 2010)
Gabarito: A

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34. (CESPE - 2018 - SEDUC-AL - Professor - História)


O esplendor dos Estados do Mali, do Songhai, do Kanem-Bornu, e dos reinos Mossi e
Dagomba, na curva do Níger, ocorreu a partir do século XIII. O estudo das instituições no Mali
e nos reinos Mossi, por exemplo, revela a influência tradicional africana comum. O grande
conquistador SundiataKeita derrota SumaoroKante (rei dos Sosoe) na famosa batalha de
Kirina, em 1.235, e funda o novo Império Manden. Fiel à tradição de seus ancestrais, Sundiata
reata relações com os comerciantes e os letrados negros e árabes ao restabelecer o império.
DjibrilTamsirNiane. “Introdução”. In: História geral da África IV. África do século XII ao XVI.
Brasília: Unesco, 2010, p. 7-8 (com adaptações).

Tendo como base as informações do texto precedente a respeito da história das sociedades e
reinos africanos na região sudanesa, julgue o item subsequente.
As pesquisas sobre a história do Mali e do Songhai apoiam-se na tradição oral, pois,
diferentemente da investigação histórica sobre o Magreb, as fontes e textos escritos em
árabe têm um papel irrelevante no estudo dessas sociedades.
Comentários
A afirmação desta questão está errada, uma vez que é falso afirmar que as fontes e textos em
árabe têm um papel irrelevante no estudo dessas sociedades. O critério de relevância deve ser
definido pelo conteúdo, pelo recorte do objeto de estudos, pela seriação das fontes etc., e não
pelo fato de ser um texto em árabe. Além disso, também é falso dizer que as pesquisas sobre a
história do Mali e do Songhai apoiam-se na tradição oral, uma vez que há registros históricos
escritos e arqueológicos que são não só dá tradição árabe, mas também europeia, entre elas os
mapas, os relatos de viagens etc. Portanto, mesmo que a errônea afirmação acerca da irrelevância
dos documentos em árabe fosse considerada, ainda assim seria falsa a afirmativa, pois há uma
variedade de fontes disponíveis para os pesquisadores.
(ENCYCLOPÆDIA-BRITANNICA; CAPES, 2019).
Gabarito: Errado
35. (CESPE - 2018 - SEDUC-AL - Professor - História)
Os estudos africanos, área de crescente interesse entre os historiadores brasileiros, têm
revelado a existência de um grande número de sociedades e culturas na África que poderiam
ser estudadas nas escolas. Além disso, há algumas décadas, pesquisadores africanos
produzem qualificadas investigações que possibilitam o reconhecimento de importantes
contribuições do passado africano para o patrimônio histórico da humanidade.
Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue o item a seguir, a respeito do
processo de humanização e das dinâmicas na formação das sociedades africanas.
O aparecimento dos Estados em África ocorreu por influência das sociedades orientais e
mediterrâneas; as sociedades africanas antigas desconheciam as organizações estatais.
Comentários

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A afirmativa desta questão está errada, de tal modo que quando os europeus vieram a ter contato
direto com as comunidades africanas, eles se surpreenderam, pois encontraram organizações
sociais bem estruturadas. Além disso, desde tempos muito remotos, o que se presenciava na África
era uma intrincada rede de caminhos ou de trocas.Evidentemente, os circuitos articulados pelo
comercio de longa distância, tanto o marítimo quanto o saariano, pela própria natureza que os
animava, desdobraram-se em epifenômenos que diferem dos relacionados com o mercado local. A
intensificação das trocas induziu uma especialização, engendrando centros urbanos cuja finalidade
exclusiva era o intercambio.Temos assim uma infinidade de grupos humanos que se organizaram
em sociedades complexas desenvolvendo atividades econômicas, políticas e culturais. Dois grandes
grupos étnicos podem ser identificados separados pelo Saara: ao norte, o grupo árabe Berbere
com um patrimônio genético mediterrâneo; e ao sul o grupo negro originado dos troncos sudanês
e bantu e algumas variantes locais. A expansão de grupos étnicos influenciou na criação dos reinos
africanos. A união de várias etnias e sua posterior organização política foram os primeiros passos
para o desenvolvimento dos reinos africanos. Alguns reinos se destacaram na história da África,
como o reino de Kush, o reino Songhai, o reino do Kongo, o reino de Mali. Deste modo, entende-se
que muitas ideias sobre a África são parte de uma impregnação de valores que nunca se
distanciaram da ambição de dominá-la. São ideias que mostram um certo retrocesso, que partem
de interpretações mal analisadas, impregnadas com discursos em que a elevação do ego se vê na
necessidade de manter a superioridade europeia, do homem branco sobre o negro.Nesse sentido,
é muito importante estudar a África com outros olhos. Tentar vê-la como ela é: um continente
plural.
(SERRANO; WALDMAN, 2010; ENCYCLOPÆDIA-BRITANNICA; CAPES, 2019).
Gabarito: Errado

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1. (UFPR - Pref. de Curitiba-PR - Professor de História /2019)


O pesquisador Basil Davidson observou que, durante o período que correspondeu à Idade
Média europeia pelo calendário cristão, os povos africanos não estavam vivendo em período
pré-histórico, como muitos acreditam.
Qual das alternativas a seguir apresenta evento(s) da História da África que, por sere(m)
concomitantes ao período considerado por Davidson, possibilitaria(m) ao(a) professor(a)
desenvolver com seus(suas) alunos(as) essa constatação?
A) A diáspora africana para o Novo Mundo.
B) A construção das feitorias no litoral africano no contexto do comércio atlântico.
C) A veiculação da ideologia do duplo mandato dos europeus na África.
D) Trocas comerciais e poder estatal dos reinos de Gana e Mali.
E) O tráfico atlântico de escravizados africanos.

2. (UFPR - Pref. de Curitiba-PR - Professor de História /2019)


A descolonização da África foi tardia e relativamente controlada, pois as potências coloniais
se anteciparam à radicalização dos protestos e puderam encaminhar as independências.
Estudantes oriundos das elites locais foram enviados para estudos superiores nas metrópoles.
A administração tornava-se paulatinamente africanizada e assessorada por técnicos
europeus, enquanto a autonomia política era concedida progressivamente a uma burguesia
nativa previamente cooptada.
(VISENTINI, P. G. F. Independência, marginalização e reafirmação da África (1957-2007). In:
MACEDO, JR., org. Desvendando a história da África [online]. Porto Alegre: Editora da UFRGS,
2008, p. 123.)
Essas considerações correspondem ao processo de descolonização dos seguintes países
africanos, EXCETO:
A) Camarões.
B) Angola.
C) Costa do Marfim.
D) Senegal.
E) Uganda.

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3. (ITAME - Pref. de Senador Canedo-GO - Professor de História /2019)


Observe as imagens.

As fotografias acima retratam um importante momento da resistência ao sistema político e


social existente na África do Sul na década de 1960, bem como, a violenta repressão do poder
público aos manifestantes. Partindo de tais informações, conclui-se que essas imagens
registram
A) conflitos territoriais na África Austral, relacionados à disputa pelo controle de regiões de
exploração de ouro e diamantes.
B) a luta contra a permanência inglesa na África do Sul e a formação de guerrilhas como
forma de resistência à ocupação estrangeira.
C) a desobediência civil e a luta contra o apartheid, ações populares que continuaram até o
fim do regime de segregação em 1994.
D) movimentos de libertação das colônias portuguesas, inspirados em ideologias de
valorização da cultura africana, a negritude.

4. (ITAME - Pref. de Senador Canedo-GO - Professor de História /2019)


Considere os textos.
TEXTO I

SEMED-Manaus (Professor - História) Conhecimentos Específicos - 2022 (Pré-Edital)


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TEXTO II
No período da Expansão Marítima Europeia, muitas áreas da costa africana foram
conquistadas e o comércio europeu foi estendido para essas regiões. No continente existiam
muitas tribos primitivas, havia guerras entre tribos diferentes e aquelas que saíam derrotadas
se tornavam escravas das vencedoras (...) Devido ao neocolonialismo a África foi dividida em
fronteiras artificiais de acordo com os interesses europeus (...) Essa divisão ocorreu em 1884-
1885 na Conferência de Berlin que institui normas para a ocupação, onde as potências
coloniais negociaram a divisão da África, propondo a não invadir áreas ocupadas por outras
potências. No início da I Guerra Mundial, 90% das terras já estavam sob domínio da Europa. A
partilha foi feita de maneira arbitrária (...)
África de ontem, África de hoje, resquícios de permanências?

Na atualidade, em países do continente africano, população convive com graves e constantes


conflitos étnicos, que tem relação direta com o seu passado histórico. Constitui herança
histórica que explica tal situação
A) a ausência de governos legítimos e altos níveis de corrupção.
B) a expansão das religiões islâmicas e cristã sobre as religiões nativas.
C) o fim da ajuda humanitária advinda da Organização das Nações Unidas.
D) a ocupação territorial desregrada sem considerar as fronteiras culturais ancestrais.

Ainda que os descobrimentos dos séculos XV e XVI tenham posto em contato povos de
diferentes continentes, o que possibilitou não apenas trocas mercantis, mas também
culturais e microbianas, é fato que nos séculos anteriores também houve trocas entre
africanos e europeus. Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens.

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5. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)


A escravização de pessoas era desconhecida na África até se iniciarem os contatos entre
africanos e navegadores portugueses.

6. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)


O comércio transaariano permitia que mercadorias europeias chegassem a sociedades
africanas, como as do Golfo da Guiné, e que mercadorias africanas chegassem ao sul da
Europa.

A respeito da história da África entre os séculos V e XV, julgue os itens subsequentes.


7. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)
As transformações pelas quais as sociedades africanas passaram até o século XV levaram à
universalização do Estado-nação como norma de organização política dos africanos.

8. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)


A partir da viagem de Vasco da Gama, os portugueses perceberam que a costa da África
Oriental tinha várias cidades onde havia populações islâmicas.

9. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)


Na África Oriental, os reinos africanos não islamizados dominaram a navegação no Oceano
Índico e patrocinaram expedições que chegaram à China e ao Japão no século XV.

10. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)


Com a expansão do islamismo pelo norte da África no século VIII, as comunidades coptas
ficaram relativamente isoladas do restante da cristandade.

Boa parte dos territórios dos continentes africano e asiático permaneceu sob o domínio
colonial ao longo do século XIX e início do século XX. A respeito do colonialismo e da
descolonização desses territórios, julgue os itens a seguir.

11. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)


O colonialismo na África interferiu profundamente nas estruturas sociais, políticas e
econômicas das sociedades colonizadas.

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12. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)


O processo de descolonização no continente africano foi concluído na década de 1950.

13. (CEBRASPE – Pref. São Cristóvão-SE - Professor de EB - História / 2019)


Os territórios do continente africano foram conquistados e colonizados sem que os seus
povos resistissem às investidas colonialistas.

14. (Pref. do Rio de Janeiro - SME-RJ - Professor de Ensino Fundamental – História / 2019)
Ao preparar uma aula para o 7º ano do Ensino Fundamental sobre as sociedades africanas do
eixo transaariano, entre os séculos X e XII, NÃO se inclui entre as premissas que o professor
deve considerar:
A) Os Estados africanos dessa região eram socialmente atrasados, pois foram construídos sob
a égide das linhagens familiares, sejam elas matrilinear ou patrilinear, e dos privilégios tribais
que lá imperavam.
B) Do ponto de vista econômico, o Mali controlava as áreas de extração do ouro e isso lhe
permitiu, consequentemente, uma posição de destaque na circulação de mercadorias pelas
rotas transaarianas.
C) No geral, esses Estados eram multiétnicos e multiculturais, influenciados pelo modelo
social islâmico, mas estruturados nos costumes e rituais tradicionais.
D) No século XI, existiam duas rotas principais no eixo norte e sul: a primeira partia do atual
Marrocos até o Sudão Ocidental, entre os atuais Senegal e Mali; e a outra iniciava-se entre a
Tunísia e a Líbia até atingir a região do Sudão Central (atualmente, República do Chade).

(Quadrix - 2018 - SEDF - Professor Substituto - História)


O nascimento do Brasil como Estado Nacional, na primeira metade do século XIX, coincide
com o esforço das elites locais para estabelecer uma identidade nacional brasileira. Com o
advento da República, em 1889, vê‐se a preocupação de buscar no passado elementos
que legitimassem a nova ordem. É na Era Vargas (1930‐1945), especialmente durante a
ditadura do Estado Novo (1937‐1945), contudo, que o projeto de afirmação da
nacionalidade adquire foros de algo sistemático, conduzido pelo governo central.
Tendo as informações acima como referência inicial e considerando a amplitude do tema
abordado, julgue osseguintes itens.

15.
Conforme disposição legal, a disciplina história da África, a ser ministrada em todos os níveis
de ensino, deve se restringir, fundamentalmente, ao estudo da escravidão.

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16.
No permanente processo de construção da identidade nacional, a determinação legal para a
introdução da história da África nos currículos escolares é mais uma conquista no esforço de
resgatar e reconhecer a importância capital dos africanos e de seus descendentes para a
configuração da sociedade brasileira.

17. (UECE-CEV - 2018 - SEDUC-CE - Professor - História)


Escreva V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma nos itens abaixo sobre o
comércio de pessoas e mercadorias no continente africano.
( ) A história da África é marcada desde a antiguidade pelas relações entre tráfico de escravos
e diásporas.
( ) O comércio escravista sempre se constituiu em uma prática única e específica do
continente africano.
( ) Após a formação de Axum no século III d.C. ocorreu um incremento nos bens comerciais
com ampliação para a venda de escravos.
( ) com a consolidação do mundo muçulmano, desde o século VII d.C. tem havido uma
diminuição na correlação tráfico escravista e diáspora.

Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência:


A) F, F, V, V.
B) V, V, F, F.
C) F, V, F, V.
D) V, F, V, F.

18. (UECE-CEV - 2018 - SEDUC-CE - Professor - História)


A questão da islamização da África e a história do Sudão possui a seguinte particularidade: o
reino cristão da Núbia resistiu às incursões muçulmanas e, apenas no século XIII, com a
invasão egípcia, o norte se converteu ao Islã. A vontade de impor a nova religião também
para o sul cristão foi uma das causas da guerra civil que ainda hoje continua. Sobre a
islamização sudanesa, é correto afirmar que se trata de um processo
A) heterogêneo e mais ligado às classes dirigentes sudanesas.
B) dinâmico e carismático que atinge todos os níveis sociais do Sudão.
C) uniforme e baseado em uma visão ortodoxa e radical.
D) sincrético, com grande difusão do sufismo adaptado às culturas locais.

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(CESPE - 2018 - SEDUC-AL - Professor - História)


O papel civilizador do Egito foi reconhecido logo na Antiguidade. As vias e os meios, as fases e
os modos através dos quais os antigos Egípcios garantiram, ao longo de cerca de quatro
milênios, a sua produção e reprodução sociais são amplamente descritos e comentados nas
obras. Para além de ter fornecido ao Egito os homens e as culturas a partir dos quais este se
tornou no florão na antiguidade, o espaço núbio-sudanês foi vital para o país dos faraós.
BabacarSall. Estado das investigações acerca da antiguidade africana. In: BabacarMbayeDiop
e DoudouDieng. A consciência histórica africana. Lisboa: Ramada; Luanda: Mulemba, 2014, p.
133 (com adaptações)
Considerando o texto anteriormente apresentado como referência inicial e os aspectos
inerentes à história da África na antiguidade, julgue os itens seguintes.

19.
As abordagens da história da Núbia continuam ausentes dos livros didáticos de história
utilizados nas escolas públicas, o que não representa um claro desacordo com as prescrições
curriculares vigentes.

20.
O comércio exterior teve um papel relevante na política e na economia meroíta, pois o
Estado de Kush foi um entreposto de grande importância para as rotas comerciais que se
deslocavam entre o alto Nilo e o mar Vermelho.

21.
As relações entre o Egito e os outros Estados africanos do curso do Nilo, como de Napata e
Méroe, foram marcadas por trocas intensas e pela fundação de uma dinastia etíope ou
sudanesa, criada com a tomada do poder faraônico por reis kushitas.

(CESPE - 2018 - SEDUC-AL - Professor - História)


Os estudos africanos, área de crescente interesse entre os historiadores brasileiros, têm
revelado a existência de um grande número de sociedades e culturas na África que poderiam
ser estudadas nas escolas. Além disso, há algumas décadas, pesquisadores africanos
produzem qualificadas investigações que possibilitam o reconhecimento de importantes
contribuições do passado africano para o patrimônio histórico da humanidade.
Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue os itens a seguir, a respeito do
processo de humanização e das dinâmicas na formação das sociedades africanas.

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22.
Pesquisadores especializados no passado da África destacam o protagonismo africano na
construção do Egito Antigo e defendem a tese que considera a África um espaço civilizatório.

23.
Os avanços nas investigações da história e da paleontologia concluíram que o homem
anatomicamente moderno (Homo sapiens) surgiu na Europa, invalidando a tese de que a
África seria o berço da humanidade atual.

24. (CESPE - 2017 - Prefeitura de São Luís - MA - Professor Nível Superior/PNS-A - História)
Acerca dos reinos africanos pré-coloniais, assinale a opção correta.
A) Os dilemas decorrentes dos achados arqueológicos das ruínas do grande Zimbábue foram
esclarecidos com a descoberta de fontes escritas que permitiram desvendar a história desse
reino e, principalmente, as razões de seu declínio.
B) Os portugueses desconsideravam as organizações africanas, por isso o uso da força era a
única estratégia de dominação dos portugueses contra os africanos.
C) A África Oriental encontrava-se ainda inexplorada no momento em que os europeus ali
chegaram, ao final do século XV.
D) O Reino do Congo, cuja economia incluía atividades rurais e um rico comércio de tecidos,
metais e animais, entrou em decadência no século XV, momento em que foi rapidamente
conquistado por Portugal.
E) A segurança experimentada ao sul do Saara durante o Império Malinês facilitou a expansão
do islã para a região. Nesse contexto, a cidade de Tombouctu tornou-se uma importante
referência de erudição muçulmana.

25. (CESPE - 2017 - Prefeitura de São Luís - MA - Professor Nível Superior/PNS-A - História)
No período que se estendeu de 1500 a 1800, estabeleceu-se um novo sistema geoeconômico
orientado para o Atlântico, com seu dispositivo comercial triangular ligando a Europa, a África
e as Américas. A abertura do comércio atlântico permitiu à Europa e, mais particularmente, à
Europa Ocidental, aumentar sua dominação sobre as sociedades das Américas e da África.
Desde então, ela teve um papel principal na acumulação de capital gerado pelo comércio e
pela pilhagem, organizados em escala mundial.
M. Malowist. A luta pelo comércio internacional e suas implicações para a África. In: Allan
OgotBethwell (ed.). História geral da África: África do século XVI ao XVIII. Brasília: UNESCO,
2010, p. 2 (com adaptações).

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A respeito de aspectos ligados ao processo histórico de que trata o texto apresentado,


assinale a opção correta.
A) As mudanças ocorridas no continente africano entre os séculos XVI e XIX deram-se
exclusivamente em resposta às ações europeias e, marcadamente, ao moderno tráfico de
escravos.
B) A África subsaariana era, em sua totalidade, desconhecida dos europeus até sua costa ter
sido alcançada pelas embarcações portuguesas.
C) A África apresentava grande diversidade cultural, social e política. Em termos políticos, por
exemplo, os portugueses se depararam com potentados grandiosos, como o Império do Mali
e o Reino do Congo.
D) As regiões costeiras da África eram as únicas fontes de cativos para o tráfico atlântico.
E) As dinâmicas internas da sociedade europeia foram pouco influenciadas pelo contato com
os povos africanos e americanos, ocorrido a partir da expansão marítima.

(CESPE - 2017 - SEDF - Professor de Educação Básica - História)


Entre 1982 e 1999, além da publicação completa em francês, inglês e árabe, volumes
distintos de História Geral da África (HGA) foram publicados em chinês, português, espanhol,
japonês, suaíli, peúle, hausa, italiano e fulâni. Em 2007, iniciou-se, oficialmente, a segunda
etapa do projeto da HGA, intitulada “O uso pedagógico da História Geral da África”, tendo
sido criado para tanto o Comitê Científico para o uso Pedagógico da História Geral da África.
O objetivo dessa etapa é ampliar a difusão e a utilização pedagógica dos conhecimentos da
HGA. Sua organização resulta de um pedido formal da União Africana, que pretende adotar
um currículo comum de história da África para os seus países-membros, com base nas linhas
estabelecidas pela HGA. No Brasil, com o apoio do Ministério da Educação, se procedeu, em
fins de 2010, à publicação completa dessa obra clássica sobre a história da África, disponível
para consulta integral no formato digital. Também foi publicado um trabalho de síntese e
atualização desse vasto material.
Muryatan Barbosa. A construção da perspectiva africana. In: Revista brasileira de história. São
Paulo, 2012, v. 32, n.º 64, p. 227 (com adaptações).

Com relação ao assunto abordado no texto, julgue os itens que se seguem, a respeito do
ensino de história da África.

26.
Na abordagem da história da África em sala de aula deve-se evitar a idealização, a
simplificação ou uma excessiva generalização das experiências históricas e contextos
africanos.

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27.
Apesar das conexões existentes entre a história africana e a história da diáspora africana, os
estudos sobre a África, quando abordados em sala de aula, não devem ser utilizados como
um instrumento na luta contra o racismo nas Américas ou na Europa, por ser este um assunto
relacionado a outros contextos históricos.

28.
Com a criação do Comitê Científico para o uso Pedagógico da História Geral da África, ficou
evidenciado o fato de que o saber histórico científico e o saber histórico escolar possuem
características próprias, apesar de estabelecerem um diálogo necessário.

(Quadrix - 2017 - SEDF - Professor - História)


África e América foram incorporadas à história ocidental a partir do expansionismo comercial
e marítimo europeu do início dos tempos modernos. O processo de exploração colonial
desses continentes seguiu a lógica econômica e política que, na Europa, caracterizava a
transição do feudalismo ao capitalismo. Nas palavras de um ex-diretor geral da Unesco,
“hoje, torna-se evidente que a herança africana marcou, em maior ou menor grau,
dependendo do lugar, os modos de sentir, pensar, sonhar e agir de certas nações do
hemisfério ocidental. Do sul dos Estados Unidos ao norte do Brasil, passando pelo Caribe e
pela costa do Pacífico, as contribuições culturais herdadas da África são visíveis por toda
parte; em certos casos, chegam a constituir os fundamentos essenciais da identidade cultural
de alguns segmentos mais importantes da população”.

Tendo por referência inicial as informações contidas no texto acima e considerando aspectos
significativos do ensino de história, da história da América e de suas identidades, bem como
da história africana e de suas relações com o exterior, julgue os itens.

29.
A abertura do comércio atlântico no início da Idade Moderna alterou o sistema
geoeconômico vigente e propiciou o desenvolvimento de um esquema mercantil triangular,
ligando a Europa, a África e as Américas.

30.
Na formação histórica do Brasil, as relações processadas via Atlântico são de tal ordem
essenciais que se pode afirmar que “o Brasil também começa na África, e a África se prolonga
no Brasil”.

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31.
Um dos graves problemas do ensino de história da África, no Brasil, decorre de uma visão
estereotipada, de modo que a recorrente identidade continental – o africano – leva à
construção de uma falsa homogeneidade, desconhecendo-se as especificidades das
sociedades que habitam o continente.

32. (IDECAN - 2016 - SEARH - RN - Professor de História)


Entre os séculos VIII e XVII, a África ao sul do deserto do Saara era habitada por vários povos
negro‐africanos, cada um com seu jeito próprio de ser. Alguns desses povos construíram
impérios e reinos prósperos e organizados, como o Império do Mali e o Reino do Congo. Há
poucos documentos escritos sobre o Mali; os vestígios arqueológicos (vasos, potes, panelas,
restos de alimentos e de fogueiras) também são reduzidos. Dentro do contexto da história
africana e de alguns impérios como o Mali, conferia‐se a importância notável aos griots, que:
A) Representavam o grupo majoritário na sociedade, pois, como guerreiros, cuidavam da
segurança e das estratégias de guerra.
B) Eram os líderes religiosos, que baseados em conhecimentos ancestrais, ainda mantêm
intacta a religião de seus antepassados.
C) Eram os indivíduos que tinham o compromisso de preservar e transmitir histórias, fatos
históricos, os conhecimentos e as canções de seu povo.
D) Detinham o poder entre as mais variadas tribos por serem os únicos proprietários de
terras, responsáveis por distribuir o trabalho e a produção.

33. (CONSULPLAN - 2010 - Prefeitura de Congonhas - MG - Professor - História)


“Do mesmo modo que a Negritude, o Pan-africanismo é uma corrente crítica do racismo e do
colonialismo, tendo por meta a libertação e a unificação dos africanos. Contudo, o Pan-
africanismo distingue-se da Negritude pelo seu caráter de movimento político, com ampla
inserção nas massas negras. Essa corrente partia da compreensão de que os africanos nada
poderiam esperar de benéfico da dominação colonialista. Note-se também, no que é
bastante revelador dos laços que a diáspora negra mantém com o continente de origem, que
esse movimento medrou primeiramente nos Estados Unidos e no Caribe, inclusive enquanto
contestação ideológica à doutrina da inferioridade dos negros."
No Brasil, atualmente a Legislação garante as conquistas dos movimentos dos afro-
brasileiros. Sobre a atual situação brasileira, no tocante às leis educacionais a esse respeito, é
correto afirmar:
A) A Lei nº. 10639/2003 substituída pela Lei nº. 11645/2008, que inclui no currículo oficial da
rede de ensino a obrigatoriedade da temática: “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena".
Seu sucesso depende do compromisso que nós, educadores, tivermos com a construção de
uma sociedade mais justa e mais fraterna.

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B) Como no Pan-africanismo, o Núcleo de Estudos Negros — NEN — no Brasil, os assuntos


referentes à questão se tornaram de alçada política e o empenho de implementar as novas
leis a partir da lei nº. 9394/96 como leis educacionais não obteve o resultado esperado. O
empenho para implementar novas leis está apenas no começo.
C) Em janeiro de 2003, uma das primeiras ações do governo Lula foi a aprovação da lei nº.
10639, que atendia a uma antiga reivindicação do MNU: a inserção da História da África e dos
afro-brasileiros nos currículos escolares. O projeto foi apresentado pelos deputados federais
Ester Grossi e Ben-Hur. Nada mais foi aprovado a respeito do assunto.
D) No ano de 2005, a lei nº. 10639 alterou os artigos 26 a 79 da lei nº. 9394/96 tornando
obrigatória a inclusão da História e Cultura Afro-Brasileira, no currículo oficial, portanto a
obrigatoriedade diminuiu a problemática relacionada ao racismo no país.
E) A lei nº. 10639/2003 foi aprovada como projeto de extensão pedagógica pelos militantes
do Movimento Negro. Seu êxito depende dos resultados das pesquisas que constam entre os
projetos educacionais do governo e da aceitação dos educadores da rede pública e privada de
todo o país.

34. (CESPE - 2018 - SEDUC-AL - Professor - História)


O esplendor dos Estados do Mali, do Songhai, do Kanem-Bornu, e dos reinos Mossi e
Dagomba, na curva do Níger, ocorreu a partir do século XIII. O estudo das instituições no Mali
e nos reinos Mossi, por exemplo, revela a influência tradicional africana comum. O grande
conquistador SundiataKeita derrota SumaoroKante (rei dos Sosoe) na famosa batalha de
Kirina, em 1.235, e funda o novo Império Manden. Fiel à tradição de seus ancestrais, Sundiata
reata relações com os comerciantes e os letrados negros e árabes ao restabelecer o império.
DjibrilTamsirNiane. “Introdução”. In: História geral da África IV. África do século XII ao XVI.
Brasília: Unesco, 2010, p. 7-8 (com adaptações).

Tendo como base as informações do texto precedente a respeito da história das sociedades e
reinos africanos na região sudanesa, julgue o item subsequente.
As pesquisas sobre a história do Mali e do Songhai apoiam-se na tradição oral, pois,
diferentemente da investigação histórica sobre o Magreb, as fontes e textos escritos em
árabe têm um papel irrelevante no estudo dessas sociedades.

35. (CESPE - 2018 - SEDUC-AL - Professor - História)


Os estudos africanos, área de crescente interesse entre os historiadores brasileiros, têm
revelado a existência de um grande número de sociedades e culturas na África que poderiam
ser estudadas nas escolas. Além disso, há algumas décadas, pesquisadores africanos
produzem qualificadas investigações que possibilitam o reconhecimento de importantes
contribuições do passado africano para o patrimônio histórico da humanidade.

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Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue o item a seguir, a respeito do
processo de humanização e das dinâmicas na formação das sociedades africanas.
O aparecimento dos Estados em África ocorreu por influência das sociedades orientais e
mediterrâneas; as sociedades africanas antigas desconheciam as organizações estatais.

1. Alternativa D 15. Alternativa E 29. Alternativa C


2. Alternativa B 16. Alternativa C 30. Alternativa C
3. Alternativa C 17. Alternativa D 31. Alternativa C
4. Alternativa D 18. Alternativa A 32. Alternativa C
5. Alternativa E 19. Alternativa E 33. Alternativa A
6. Alternativa C 20. Alternativa C 34. Alternativa E
7. Alternativa E 21. Alternativa C 35. Alternativa E
8. Alternativa C 22. Alternativa C
9. Alternativa E 23. Alternativa E
10. Alternativa C 24. Alternativa E
11. Alternativa C 25. Alternativa C
12. Alternativa E 26. Alternativa C
13. Alternativa E 27. Alternativa E
14. Alternativa A 28. Alternativa C

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10.1. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA NOS COMENTÁRIOS DAS QUESTÕES

ABREU, Martha; MATTOS, Hebe. Em torno das "Diretrizes curriculares nacionais para a educação
das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana": uma
conversa com historiadores. Estudos Históricos (Rio de Janeiro), [S.I.], v.21, n.41, p.5-20, jun. 2008.
FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0103-21862008000100001.
BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Mundo. 3. ed. Curitiba: Editora Fundamento, 2009. 336
p.
BRASIL. Ministério da Educação/Secad. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das
relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana na educação
básica. 2004.
CARVALHO, Leandro. LEI 10.639/03 E O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E
AFRICANA. 2019. Disponível em: <https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/lei-
10639-03-ensino-historia-cultura-afro-brasileira-africana.htm>. Acesso em: 02 jul. 2019.
COSTA E SILVA, Alberto da. O Brasil, a África e o Atlântico no século XIX. Estudos Avançados, [s.i.],
v. 8, n. 21, p.21-42, ago. 1994. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0103-
40141994000200003.
ENCYCLOPÆDIA-BRITANNICA; CAPES.Escola Britannica.Disponível em:
<https://escola.britannica.com.br>. Acesso em: 02 jul. 2019.
FRANCISCO, Wagner de Cerqueria e.Sudão. Brasil Escola. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/geografia/sudao.htm>. Acesso em: 02 jul. 2019.
PEREIRA, Joseane. Griots: os contadores de histórias da África Antiga. 2019. Disponível em:
<https://www.geledes.org.br/griots-os-contadores-de-historias-da-africa-antiga/>. Acesso em: 04
jul. 2019.
SERRANO, Carlos; WALDMAN, Maurício. Memória D'África: A temática Africana em sala de aula.
3. ed. São Paulo: Ed. Cortez, 2010. 327 p.
SILVA FILHO, João Bernardo da (Org.). História das culturas africanas e afro-brasileiras: Apostila
didática. Centro Universitário de Belo Horizonte: 2013.

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11. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Podemos observar que o continente africano está muito além do imaginário ocidental
construído ao longo dos últimos séculos. A África se mostra radiante e curiosa. O que podemos
entender é que as construções impregnadas com conceitos eurocêntricos, tratam-se de discursos
que emergem das profundezas da ambição em conquistar a África. O olhar para o continente
africano deve ser lançado em uma verdadeira pratica real, em uma consideração concreta a
inclusão social. Outra coisa é transformá-los em realidade concreta não pela imposição, mas sim
pela adesão da sociedade. Assim, recordemos que a verdadeira máquina de desqualificação da
África continua a exercer o seu império, contaminando cotidianamente o imaginário e o universo
vocabular brasileiro. De modo similar ao que ocorria no passado, a África mantém-se neste
imaginário como um domínio carente de substancia. Nessa “percepção de senso comum”, deixam
de existir países, unidades geográficas, povos e governos independentes, mas somente um
continente indiferenciado, raramente aquilatado na sua real dimensão geográfica.28
Na realidade, o que temos é uma variedade de riquezas e o imaginário europeu devotou
para as terras africanas e para seus habitantes um amplo leque de injunções desqualificantes,
muitas vezes respaldados pelos expoentes da chamada “grande intelectualidade europeia”. Fica
evidente que observar pelo senso comum deixa o entendimento ofuscado, necessitando, assim, de
uma visão profunda para efetivar com esmero uma produção de conhecimento.
Chegamos a uma encruzilhada na qual devemos indicar o parecer sobre as informações e
análises apresentadas. Independente das conclusões, fica por entendido que apenas arranhamos
as paredes da atual Historiografia com esses dados e análises. Assim, o que se conclui é que há
muito a ser problematizado e discutido tanto no meio escolar e acadêmico, como no meio
político/social. O desafio será compreender a realidade histórica da África e aprender a aceitar a
realidade de que existem objeções ao tema de caráter racista e preconceituoso.

28
SERRANO; WALDMAN, 2010. p.281.

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12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, Martha; MATTOS, Hebe. Em torno das "Diretrizes curriculares nacionais para a educação
das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana": uma
conversa com historiadores. Estudos Históricos (Rio de Janeiro), [S.I.], v.21, n.41, p.5-20, jun. 2008.
FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0103-21862008000100001.

BRASIL. Ministério da Educação/Secad. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das


relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana na educação
básica. 2004.

CONTRIM, Gilberto. História Global - Brasil e Geral - volume único. São Paulo: Saraiva, 2005

COSTA E SILVA, Alberto da. O Brasil, a África e o Atlântico no século XIX. Estudos Avançados, [s.i.],
v. 8, n. 21, p.21-42, ago. 1994. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0103-
40141994000200003.

EDUCAÇÃO, Todos Pela. O QUE SÃO E PARA QUE SERVEM AS DIRETRIZES CURRICULARES? 2018.
Disponível em: <https://www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/o-que-sao-e-para-que-servem-
as-diretrizes-curriculares-/>. Acesso em: 03 jun. 2019.

ESCOLA BRITANNICA. CAPES - Ministério da Educação. Disponível em:


<https://escola.britannica.com.br/>. Acesso em: 03 jun. 2019.

JODELET, Denise. As representações sociais. Rio de Janeiro: Ed.UERJ. 2001, págs. 17-23

LEAKEY, Richard. Homens fósseis africanos In: KI-ZERBO, Joseph (edt.), História geral da África, I:
Metodologia e pré-história da África. Brasília: UNESCO,2010. p. 491-510

SCHMIDT, Mario Furley. Nova História crítica: ensino médio. São Paulo, SP: Nova Geração, 2005 p.
13

SERRANO, Carlos; WALDMAN, Maurício. Memória D'África: A temática Africana em sala de aula.
3. ed. São Paulo: Ed. Cortez, 2010. 327 p.

SILVA FILHO, João Bernardo da (Org.). História das culturas africanas e afro-brasileiras: Apostila
didática. Centro Universitário de Belo Horizonte: 2013.

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