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(MOACYR SCLIAR I | VENTURAS NA eo Pre rary 10.13 historia terrorismo Dois mil anos de violéncia e intolerancia @ ameagam o século 21 Letras do mal Borges, Amado, Pound: escritores brilhantes que apoiaram tiranos China na América Os chineses chegaram Rei Arthur Novas pesquisas (ec um superfilme) reacendem a polémica: guerreiro romano ou herdi bretao? Afinal, quem é © pai da Inglaterra? fe Teas Ceo WEE OL i ee ae ene tae hy Ren ual RL vere W IU lets corn Abr tr te Cs enna Edn ae ut eee, ‘ams Cn Vert et Gra oe Preside ct: a0 a> Diet Seowti rl de eos staan: ih Be Vie Medes Comer bah ier Comore be Mado mt Ses Bae oer eg oe HisTorIA er ee a na gt [Sexecshmmteeers ek see ey ancora eae PSE SR ee Ste ‘aaa eircom. FIPP Rabe -MANUSCRITO Que rei sou eu? | 4 preparando a pipoca. A partir deste més, AvevTunas na Hiromi raz até voce (0s melhores documentarios produzidos para TV, em DVDs exclusivos. primei- ro € uma paulada: a historia do verdadeiro Rei Arthur. Tema da materia de capa desta edicdo, o guerrero bretdo é um personagem nico, que rene em tomo de si lendas e historias. Na revista, voce ber tu- do que de mais recente se descobriu sobre ele: arqueologia e histxia se jun- tam para explicar o que é mito e o que é real. No fire “ito pela ‘BBC — produtora inglesa que dispensa apresentacGes —varé vai ver entrevistas com especalstas evistar os locais onde lenca e reali dade se encontram. A partir de 27 de agosto, nas bancas. ‘arthur Quem quer conhecer melhor 0s conflitos e batalhas ‘emDVD —_quefizeram hstéria ecurtiuo especial "Segunda Guer- ra Mundial”, nao pode perder o lancamento da colegéo Grandes. ‘Guerras. A edicdo de estréia enfoca a Primeira Guerra Mundial, € traz tudo sobre o conflto que é um marco sangrento entre 0 velho e 0 novo mundb. Item de colecionador, a revista teve um ‘tratamento especial, com 84 paginas recheadas de ilustracbe fotos raras e muita pesquisa sobre esse momento histOrico. Do tudo sobre impasse no front ocidental 20 fiasco de Gallipoli. Das sangrentas @ 1 Suerra batalhas navais 3 utilizagao de gases letais. E gostoso ocupar esse espaco com boas noticias. Assim, é com prazer que sai do 0 retorno de um velho e bom amigo e a estréia de uma nova e peemissora colaboradora. Quem votta é o grande Moacyr Sclar, com a hilariante “Como faziamos sem anestesia". Quem chega é a designer Ana Luisa B2ss3,jovem ‘gaicha de Caxias do Sul, cuo talento vocé pode conferr em duas ratSras des- ta edicdo: “Terorismo, a ameaca final” e “Repiblica do Acre” Boa leitura! Ae CELSO MIRANDA cmiranda@abrilcom.br EDITOR BB ALFARRABIOS T MAQUINA DO TEMPO 14 i 8 Info-historia Herdis de papel OcercoaLampiso beleza e oheroismo entre a fae arqueolégicas niséria da Primeira Guerra Mundial montane tea iat 14 Setembro na historia ‘ O terror na Olinpada de 1972 6 Rei Arthur 2 hipoteses sobre como nasceu Nines aa cas Comite fundador da Inglaterra = 15 Vidas paralelas Get Alene ess amantes fon 4 16 Como faziamos sem... Literatura engajada Anesesla Gnios da literatura também cometeram~ 18 Dito e feito trapalhadas. Muitos deles apoiaram lideres ‘A Csaro que € de Csr pzlticos que hoje causam arrepios peace 0 profeta Maomé era fanatico or exovar os dents! : 21 Vocé sabia? 8 Os chineses Afwines aca teste Ba explo hs 140 anos, descobriram a América? . 22. Museus do mundo Os argumentos e as contradicies da tese de Deine, 4.2 05 chineses chegaram & América em 1421 TOMOS E TELAS 62 Classico Lis Gras sens, de Michael Waker 44 Republica do Acre Biblioteca basica Acard Costa ica ts os sobre N= éeulo 19, um pals rico e efémerosurgiu 2 dade Ma a pennsala eca ‘umn canto esquecido da Amazénia : 3 4 64 Classico ‘ilo Csaro pins fne ra § Histrco de Marlon Brando 50 Terrorismo: a ameaga final 65 Historia online A milenarhistria da principal ameaca 8 paz mundial 3 Miss6es impossiveis ‘a segunda reportagem da “Série Décio =reitas", a utopia igualitéria que durou mais, de um século no Rio Grande do Sul 66 “Treze mil gravagoes raras dda MPB estéo na interne: Aventuras virtuais Ase of Natons um modo de querer para cada poca Exposicdes As moss hstricas em cana no Bras PAPIRO- aoe! Signe ste espeticuo do degola MISSIVAS “Getilio Vargas / dedicou sua vida para + transformar nosso pais em uma nagio” Renata Bianco, So Paso -5P PRIMEIRO ANIVERSARIO Conhecia revista em janeiro e desde entio roto que a quantdade de publcages sobre 0 tema aumentou muito nas bancas. iso ‘culpa de voces que deram oprimeiro a0 para esse tema se tomar popula. ‘Anderson Rodrigo ‘io Paulo — SP GLTIMAS HORAS Foi muito bem feito infagréico dos iltimos ‘momentos do presidente Vargas, alm da reproducao de sua cata-testamento. (“Por (que Getilo se matou?", agosto, pig. 32) Bruno Togni dos Santos Jwcarel SP DIRETO DA FONTE Paras plo nimero de agosto, com a beta matéria sobre Getulio Vargas, as indicagbes, de vos de André Chevtarese ea reportage ‘sobre as pesquisas subaquaticas {que deserolvemos na Unica. (Notas Arqueotégias, 2g09, pg. 10) Pedro Paulo Abreu Funai CoordenadorAssaciado do Micleo de Estudos Esratigicos da Uncamp Campinas —5P CADE 0 DITO? Figue decepcionado com a auséncia da sexo "Dito e Fito” na dtima edi, Todo més, tina alias respostas sabre a oigem de expresses usadas por milhares de pessoas. Marcelo Barone ‘lode Janeiro — RI Marcelo, Dito e Feito est de vata em setembro, Cora ate a pagina 181 6 HisTonia serereno 2008 SECAO CORUJA Compre Avena ns Hs pela prime vex quando minha mulher estava ra materidade dando & hu nossa filha Um ano depois NV acomparho 5 o crescimento da revista pelo de Marana ft). Professor r Santinho St0 Caros-s° EN Sempre gostei da Super. Mas confesso qu, agora, tendo un representantenaredac3o de venus a stom, deslizo meus ches plas pgnas com encantos redabrados. Joaceri Merin (ie do designer Berardo Borges) Maceid~ AL ‘Acompani este um ano da revista com muito org dos meus mos, Celso, (que a edita, edo Sérgio, que 3s vezes mete as caras com alguma reportage. Parabéns pelo aniversirio pelo sucesso! Mairé Leite de Miranda (ims do eitor Celso Miranda) ‘So Paulo ~ SP FALE COM A GENTE LEITORAS E LEITORES! rare ss pega tas estes pra a eda de AU a Hsin ‘Rede Noes idan 22,1 anea, (EP O55 902,55 Paka SS peer fe VENDA DE CONTEUDO Para autos ets de repos tetas magn pblcadosem eons A HsICRs temas jonas revista sites fale om ‘iselda Gala pio ro gaat at com. uel fax (1) 3057-3891, ASSINE JA Enerega Ota es de Us, 440, anda CE 2908-0, So Pl SP (e236 dash is 22h Fa (1) 5057-2100 Teklones (11) 33472121 ~ Grande So Pau (06007012828 ts eakdoes SERVICO DE ATENDIMENTO ‘AO ASSINANTE (Davids str envi pagameras recamaces ‘sabre sia asia pra eno) Sie: woewabelsaccomb Ea abinac@abecombe Enders: das Mages Unidas 721, da CE 0525 302, So Pla > Fa (1) $087-2100 De 726 dos hs 22h Fens ek (1) 50672045, Teles (1) 5087-2112 ~ Grande So Fal (0800-7042112 outa cles EDICOES ANTERIORES Sekt sorte. 0 leat rtp deca cesta eager ado ia pea ‘ewan ase pra Se soe Olsen do opal esp SA Dba Neral deri So Pa. MARKETING (ue fazer ngs com a Axum? Pao Conteris Comanche to a trees pode 2 wn empresa, ovpars nas opr neg fale oma Gab Yamaguchi sa gore de pode: ‘yomaguchi@abeicom.br EXEMPLARES EM LOTE Pr camper es Hon er tes ‘speci fale com Ron phe > mal ronaldo raphael@abril com. PARA ANUNCIAR Falcom § Ste: www-publabri.cam br teefoes: (11 3037-565, (@")2546:8100 ‘ua Pas (1) 30975739 ens Drs (1) 30875000 A PRIMEIRA A GENTE NAO DEVERIA ESQUECER. MUNDIAL 1914-1918 © MARCO SANGRENTO ENTRE © VELHO OVC Pos OK NRA ee es Proximo titulo: Guerra do Vietnd, 13 de outubro nas bancas. orotate HISTORIA Perm yw ttf a que o Rei do Cangago mer 5h30 de 28 de julho Tet errata rene fundo ¢ encostas aos lados, Naquela fh Perit rer a para cortar a eabega do Pee eer et PR Cy) a Cel CATs Meee Curay Meera) eee rrr ener ti Peay rn reeerreeteret pero tnee terre Pomerat eras 2 queixo DE vipRO Dee rd Pence rec) renee oer Rampise ee Poe inert et ebm arora ED at) ae Sees) Rect reearite ed fan ere Pr ineemar acianect Rea oT Peeper eer eren as Peres Pere artes ater Cate eS ee IENOTAS ARQUEOLOGICAS Fae aeED a eterna busca Cree tng a etn ce eee Sea een ae coberto 0 reino submerso de Atlan. tida. Segundo ele, fotos tiradas de Poet een Meee net iy ee Seen es Ere en! regito proxima a Cédiz, no sul da Espanha, que foi inteiramente des- truida por uma inundacdo entre 800 £€ 500 a.C. “As imagens mostram es truturas circulares, possivelmente ru Pere oe ene oe eet todo 0 mundo, embora possa ser con- eee een on eee et eens ree ore ee ee rante um cataclismo, Somente nes- te ano, pelo menos outras dias ex- Pee receeteret retains tros do reino perdido: a do arqued- logo ¢ historiador francés Jacques Collina-Girard, que acredita poder Pre Lu eer tr on imediagoes do estreito de Gibraltar, € ado norte-americano Robert Sar Ce eee een ene een ‘Tao enigmatico quanto o p: Coen eke nnn at Pn en ee ere ted culos. Em 1880, por exemplo, uma pesquisa realizada entre jornalistas een ee et are tr submerso o segundo lugar em uma eventual transmissio de noticias mais TOE) importantes do mundo, perdendo apenas para a volta de Jesus. Em Pax Peete he Estudos Atlantianos, que desde 1926 tenta achar a cidade perdida. ete) EO nen ne ets durante séculos por sacerdotes egip- D ios e imortalizada, por volta de 400 a.C., nas eserituras do filésofo gre- Pe rend Critias, os atlantes “possuiam tal rn ee eee Cree ree outra ver, sendo provides de ee ee eee dade como no can creveu caracteristicas geogrificas ¢ afirmou que, antes de serem dest dos por uma catéstrofe natural, os Bee ene Adlintico em cidades altamente or- Peet ee oe ee ‘ornamentados com ouro. b Apesar de muitos acreditatem r ree Par lugar perfeito, “platénico”, sempre Prenat een re SS eee Seri ‘América, em 1493, ¢ em 1770, com Pere ae ert nd Cree ene p cartdgrafo inglés lames Allen, Sona verdade restos do reno perdido iS ie Alintida. Allen passa 20 anos Ppestudando os sistemas de medidas ads nos textos do és. age conseguiu achar semebrancas entre “Petes ea rina boivianas. Ee val mals Tonge: afrma que o noms “Atlantis vemde uma estranha jumgdo Be at, “iguana lingua dos ostecas, Sands, "Cobre" em queda Ho dos nas rede user rere Dee ee (0s natvos jehamados co fcaram suratesos das nos cantos do planeta, cabrir que outro pove havia ir C 20 desastre que, para ‘GUEDES m. les. ee ee eas ddécadas antes 0s ganchos Bs slam inscricOes ancigas ‘no conseguiam traduzir x ruinas. N30 pessulam jum terrivel mado do, 2 QUEM PROCURA ACHA Teorias apontam a cidade até no meio do deserto iS aes ed 7 MAR DO NORTE Em 1953, murlhasencontradas a Dinamarca 13 metos {e profundidade ciara ahipatese de Atlantida ser “0 powo do mar", ‘uma cvliacho nérdica que teria Invadido o Egito na dinastia de Rams fad entre 1197 £1165 aC. Quem comprou esa {eoria fo um pastor o dinamarques Jurgen Spanuth segundo el, 2 incrvelinvasso norica ‘std descrita nas paredes do tempo ‘de Atlant tm 1909, pelo pesquisador ELT. Frost, da inglaterra. Em 1932, descobertas ‘de grego Spyridon Marinatos mstraram. ‘@a0.0 fim des mindicos se deu por uma erupgio ‘Wiedinica cinco vezes maior que a de Krakatoa, (€r 1883. Esse cataclsm ¢ tido como amais: f - [ovvelnsplacio para as descigbes de Pltdo 3 cApiz, sur Da ESPANHA ‘ ‘5 DESERTO DO SAARA ‘As imagens de sate do tsa sia Npputl Sates fo wtion elon: Laat temenaen ane betes | t ween — ‘do mundo, s80 apontados teoria de que Att ata tena exist ‘emo descendentes dos atlantes. to sul da Espanke-Algues povos ESTREITO DE GIBRALTAR JO aeons (a regido intense dsscendentes {Emjuih,centtas enceses que patiiparam ca Ferme neater ten: diretos dos atlanta. areditando texpedich que encont ox “tan axidram pa de ereecceina teers, toe esto. asters sare a cidade ‘xpeciar Com um pequenosuibritiao, parte para 1 mahal seer Submersa.A regi ¢citada no Bla ‘0 fundo do Mediterére edo AUSneco para achat & Ee eee cee tae temrelatos de cregos€cartagineses dade. “Curiosamenie ingatnleve 2 sero.» area ughen cut como sendo Tartesses (os Tarts), indicacso de que ea ta na entrada do eset de pilin ype aap sopty tim dos pencpak portos Gira”, dito frances lacques Collna-Giard ass 1Secacaa ce haee ta Antiguidade cob também tie Attia existe 8 “9 ll anos, quando o wer eeatncaes desapatecen repevtnar ete stove 130 metros mas Baio que ssftinenp 200s Hisrcmua ti HENOTAS ARQUEOLOGICAS Rasputin: louco e superdotado Pénis de 28,5 centimetros do monge russo vira atragio de museu conde vinhao poderde Ras- seus dores de curandeiro. Quando o Petia, o camponés mistica mlxtico xtiva por pero, o pequeno COLECIONA-SE analfabero que mandavaé principe Aleksey melhorava da he- ddesmandava na Rissia do czar Nico mofilia. Com livre circulagio pela Outros pénisque lau I entre 1905. 1916? Desde abril, corte, o monge passou a seduriratri- entraram para a historia e pfimgiro Mase a Rist ms, mulhers desl damas a.__}a Jesus CRISTO (-2 0624 exibe, como atracio principal, uma sociedade os nobres suas eee idas possiveis chaves desse mistério: 0 mulheres em troca de favores. Sus- crac Su Ireeid pers cf penis de 28,5 centimetros do monge. — peita-se até que, enquanto Nicolau cura aestridade e diminuir Com ele, paramos de invejar os Es- II liderava batalhas da Primeira Guer- Sox ot ert sees (came tados Unidos, que guarda o érgio de ra, a prépria czarina Alexandra—ne- toda a santa rliuia, cious um “teste ‘Napoleio Bonaparte”, disse ao jornal _ ta da rainha Virdria, da Inglaterra — es pope cen Pravda gor Knyazkin, diretordo mu- _ tenha cafdo em suas maos. {eet era total ou parcaments humana. seu, que comprou a reliquia por 8 mil Mas, em uma noite de dezem- dlares,“O membro de Napoleio pa- bro de 1916, seu desejo por mu- ‘| @ CARLOS MAGNO (742-219 rece uma vagem perto do nosso.” theres o trairia. Rasputin foi con= rei que uniu 3 Furopa ocidental ‘0b 0 cristianisme era um homem Entre os pénis que entraram pa-_vidado pelo principe Felix a conhe- Sete ene al raahistria (ogi wo lado), 0 de Ras-— cer sua mulher Irina, a bela sobi ‘Mas tina o penis avariago por uma putin €um dos que mais causirames- nha do cear,¢ caiu numa armadi- ita na benign que aetava trago. Enquanto Napoledo tinha fa- _Iha. Foi envenenado, esfaqueado Epacchadeedcotehe | ‘ma de impotente, o monge russo ar-_jogado nas 4guas geladas do rio Ne~ rasava (apesar da longa barba edo ti- va. Seu pénis foi cortado e guarda- ‘© NAPOLEKO BONAPARTE ‘pao AntOnio Conselheiro). Adepro da do por um servigal: “Ainda hoje fescue: seica khlysry, que pregavao pecadoco- acredita-se que ajude a curar a im- Seu pans fi cota peo padre ‘mo melhor forma de redengio, ele ga poténcia’, diz o diretor do museu, Vignola ita de Eb. ogo apés mhou a confianga do czar Nicolau e Igor Knyazkin. Prekesd cateebest oheey he anes igor Kny: 2 reliquia foi comprada pelo americana dda czarina Alexandra a0 aptesentat _ ADRIANA OcHLER Em 1968, o penis foi vendido por 4 mil délares a um urlogista © GARRINCHA (1933-1983) As filhas do clebre jogador de futebol tentaram processar Ruy Castro, autor dda sua biografia. Em Estrela Solita, Castro diz que Garrincha tha um pénis de 25 centimetros,o que o tornaria lum craque nio 56 no campo. 0 juiz decidiu 0 caso ndo entendeu a igo como ofensa: “Ter membro Sexual grande, pelo menos neste pals, ‘motivo de orgulho”, Garincha teve 13 filhos registrados, com cinco mulheres neta 2AMUO DANG PIBRARNANGAGAD pers reer eee cn Sa0 Marcos? Ou seria Alexandre, o Grande? pois de conquistar reinos que iam do Egito & {ndia, Alexan- dre, o Grande (356-323 aC.) pode ter conseguido mais uma vitéria: co wimulo do evangelista io Marcos, em Veneza. Este més, o historiador britini- co Andrew Chugg publica o livro The Lost Tomb of Alexander the Great ("A Tumba Perdida de Alexandre 0 Gran- de’), afirmando que os restos mortais atribuides ao santo so, na verdade, do ‘grande general da Anriguidade. ‘Mumificado em linho, Alexandre permaneceu 700 anos em uma tumba em Alexandria, no Egito, cidade funda- dé por ele mesmo, No mesmo lugar, por volta do ano 50, o profeta Marcos fun- pectin anne y: pennies 2 Sree nh eee. ieee rats rR ai che eee ert sa Heirs rien ene dou a primeira igreja crista de Alexan- dria, onde morreu, foi sepultade e tam- bém mumificado em linho. Qeandc ¢ corpo de Alexandre desaparecev, no sé- culo 4, 0 do santo foi registrado ele primeira vez em Veneza. “Astim come outros simbolos pagios, a idertidad= de corpo de Alexandre pode ter id adap- tada para fins cristios, protegendo-> de radicais que poderiam destrui-0", cia ‘Chugg, “E provivel que o corpode Ale- sandre tenha substituido 0 de Marcos, que, segundo outros relatos, ci qaei- mado.” Ele quer, agora, fizer um 2xa- me de radiocarbono para determina a idade exata dos restos mortais. Ml CCrnTia De MARANA err Ronse ote ig ae ema ra Pere cc Pree ine Percent ae fetes pia eee eee tT) ere rod f s milénios, sendo dizimados Papin eet Serene oe Peet! eek representantes da tr eerie ee ees eta Pg pYsitarments A QW Y © loges Oiimpi- J cos de Muniq # tinham tudo pa- ra dar certo — foi i que o gigantismo das ‘Olimpiadas nasceu. A Vila Olimpica ti nnha capacidade para 16 mil pessoas mil metros quadra- dos eteto suspenso. Mas as expectativas acabaram quando 18 pessoas morreram por causa de um atentado terrorista. Um grupo de palestinos militantes da orga nizago Setembro Negro invadi os quar tos da delegasio israclense. Dois atletas DINASTIAS CHINESAS Dez fases da historia da grande nacao do Oriente |m periodo de mais de 2 mil anos, ‘chamado China Dindstica, abrigou. ‘2 criagéo das principais riquezas técnicas -€ cuturais do pais, como a criagéo da -escrita chinesa, do papel e da porcelana. Esse tesouro cultural se formou em ‘contextos muito diferentes entre sie pouco -conhecidos pelos ocidentais, que herdaram diversas de suas rquezas. cc. um estidio com 14 Fistowa serearo 2006 foram mortos na hora ¢ outros nove, mantidos como reféns do grupo, que cexigia a libertagio de 200 drabes pre sos em Israel. Uma fracassada opera (io de resgate resulrou nas mortes dos nove refens, cinco terroristas, um po- licial ¢ um piloto de helicéptero. Ape- sar de os jogos terem prosseguido, os dez israclenses que restaram volearam para casa. A sombra do terrorismo pai- taria para sempre nas Olimpiadas. Ml ‘CLAUDIA DE CASTRO LIMA EU ME LEMIBRO CC Eu tinha 14 ancse esava em Bri lia quando soube detertado, Jog quete havia apenas ar ano, mas lembro que tive a sensagio de que aquilo tink manchado a histéria do esporte de uma forma lamentivel. E. <5 consegui enter: der bem o que tudo aquilo representara quando disputei o: “039s pela primeiza a. C6 Fu estava aqui no Brasil vez, em Moscou, cine anos depois. $6 ali poo bio tamanho da tragee a de 1972, 9) Oscar Schmidt ipgodor de basquete recebi a noticia de asentado em Mu nique e fiquei muix: ix:pressionado ao Yer como 0s terror st:s tinham conse guido suplantar a extrema seguranga da Vila Olimpica irazginei que. ce pois desse evento, es organizadores des campeonatos esport.v9s passariam. a tomar muito mais eaidado com a pro tego dos atleas, jemalistas ¢ puiblicc Foi c que ac scis anos depois des Jo- 0s ra Copa do Mun docs Argentina. 9 Silve wiz locwr sportvo 47 fo. Antiguidade acaba com ATG tiered: tales (Odoccto, 0 rei dos heros, a Roma, des- tronanco Romulo Augusto, o dltimo impe-acor romano co Ocidente. O pé- Jo cristo pasou para Constatinopl, ca- pital do império ronmano do Oriente. Dia 4 em Roma BP] More 208 56 anos, LILA dance Alighieri, autor da D'vina Comédia 0 poema aleg6ri- co dividido em Inferno, Purgatério € Paraiso que imag nério cristao, Dia 14, 1 SO)() Acausdesde Pedro LOUU Aisares Cabral chega & India apés descobrir 0 Brasil. Em- bora tenham sido tem recebidos pe- lo “samarim”, o lider local, os portu- gueses seriam atacados por comer- ciantes drabes ¢ hindus meses depois. Cingienta deles seriam mortos, entre or quais 0 crenista Pero Vaz de Cam nha. Dia 13, em Calecute, atual Caleuta 9 . 4 QYBH Comesaa Revoluséo LOD Farroupitha, a mais of longa revolusio brasileira, que s6ter- minaria dez anos depois. Embora seu nome venha dos pobres esfarrapados que compunham a maior parte das tro- pas, 0 movimento foi liderado por fa- zendeiros de gado ¢ reivindicava maior autonomia provincial ¢ reducio dos impostos sobre o charque. Dia 20, no Rio Grande do Sul 1Q1 1 Deprisde cite anos em 1911 obras o Tesco Mune pal de So Paulo € inaugurado com a pega Hamler, de Shakespeare. Na cal- gada em frente ao teatro, um café tor- nou-se um importante ponto-de-en- contro dos artistas Dia 12, em $40 Paulo 9 1 As torres gémeas do Z 00 1 Worid Trade Center, nos Estados Unidos, sio destruidas quando dois avi6es comercias se cho- cam contra elas em um atentado ter- rorista atribuido a rede Al-Qaeda, de ‘Osama Bin Laden. Ele permanece pro- ccurado pelo exército americano. Ml Dia 11, em Nova York UWA oMeARoo tif i PRESIDENTES SUICIDAS Dois presidentes de esquerda, dois. golpes de Estado, dois suicfdios. As Vidas de Getilio Vargas, presidente do Brasil entre 1930 e 1945 e nova- mente entre 1951 ¢ 1954, e Salva- dor Allende, presidente do Chile por apenas trés anos, € marcada por essas e outras semelhangas. “A vida pessoal dos dois também foi pareci- da’, diz 0 jornalista Flavio Tavares no livro O Dia em que Genilio Ma- tou Allende. Conta-se que 0s dois nao conviviam maritalmente com suas mulheres ~ mas com as amantes. “A namorada de Allende era sua secre- tritia’, afirma Tavares. Jf Gentlio era mais discreto. A identidade das amantes do presidente brasileiro per- manace misteriosa, Mice. [SNe el Plantas. venenosas, gases toxicos, o frio e até mesmo estados de coma provocados de propésito jé servitim para driblar a dor std na Biblia, logo no comecinho, Be quando Deus resolveu criar fa mulher a partir da costela de ‘Adio, induziu o pobre homem a um so- fo profundo. Essa pode ter sido a pri- meira anestesia. Porém, Ele da, Ele ti ra... Quando Eva comeu o fruto proit do, © mesmo Deus que poupou Adio condenou a pecadora “a dar & luz em meio adores" (Genesis, capitulo 3, ver- siculo 16). A partir de entio, a dor pas- sou. ser parte da condigio humana, al- go que deve ser suportado e que pode ser até credencial para recompensas na ‘ouitra vida. Entre os que no pensavam assim éstavam nao apenas os que sofriam na‘carne dores atrozes, mas também os priméiros médicos. Com eles nasceu a EMF cenoze noid toc usa uma Darton onde estar ‘amisas que ele usou em dois jogos memoraveis: 2 fina: da copa argentina de 198°, cantra River Pate, ea ultima partida {que disputou pelo Boca, ‘em 1987, contra o Belgrano ‘Apesar disso, ele nunca visitou © museu do Boca ‘amiseta pretae branca igual & do Nottingham, de Buenos Aires. Para decidir ‘quem ficava com as cores, os dis times. foram a campo. 0 Boca perdeu e seu dirigente Juan Brchetto disse que adotaria as cores da bandeira do prime navio que fentrasse no porto. chegada de um barco sueco defini o azul ¢ amarelo seteno 2008 HISTORIA 23 FOTO-HISTORIA, leone og ae Meret homer Sen. morto no chao, Mesmo assim, a tro- impos ene re ats guerra no lugar do sew horror. eres ee Peete da realidade. Tao longe Coote ee ee Pen ara a maioria des europeus, 0 fim do ‘mando talver nunca tena estado tio préximo quanwo li pe'o fim do século 5. A tinica ardem que a regio havia co- inhecido por quase 500 anos ~ 0 poder ‘de Roma ~ tinha virado pé depois de wumia longa agonis ¢ o fueuro parecia per- tencet aos bandos de bérbaras do norte e do leste, Fandando reinos que brotavam ¢ sumiarn como co- ‘gumelos nas terras dla artigo império. Mas havia ‘um lugar em que a vida mio estava sendo mada f- il para os invasores. Na itha da Bretanha, 0s ex itos de Roma moistaram a resisténcia mais bem- sucedida da Europa ¢ detiveram a maré bdrbara por ‘décadas. Cada yee mais parese provavel que um li- der militar poderase concuiu os bretoes, um guer- feiro cue iria via lenda: Arthur. ‘A figura que estd emerginda das brumas do ano 500 muito provavelmente ndo era um sobera~ “£9 ¢ com certeea jamais botou os pés num castelo. oe ee redonda, mas organizou uma resisténcia sem precedentes contra os barbaros que ameacavam sua terra Por REINALDO JOSE LOPES Design DEBORA BIANCHI Ilustracbes MARCELO GOMES ‘Mesmo assim, existem paralelos intrigantes entre © Arthur lendério e 6 do mundo real, que podem ineluir detalhes como o local de nascimento, a mor- te nas miios de um conterrineo bretio e, segundo ‘uma das teorias mais polémicas, até batalhas trvadas do outro lado do canal da Mancha, em pleno ter- ritérig da anual Franga, Muito antes da carreira militar de Arthur, a Bretaysha romana (que correspondia mais ou me- nos i Inglaterra, a0 Pais de Gales e a0 sul da Esed- cia de hoje) jf andava em maus lengdis havia um ‘bom tempo. Em part, isso era culpa dos pro soldados que deviam comandar a defesa dai volta ¢ meia a Bretanha exportava tim general que almejava tonar-se imperador, como o famoso Mag- ‘nus Maximus, que chegou pesto de conseguir seu incento antes de ser derrotado no ano 388. Esses sujeitos atrastavam consigo os exércitos respon- siveis por patruhar a provincia, deisando-a cada ‘Yez mais vulnerivel & sanba dos piraras birbaros. seven zoos HistoRua 27 Se Camelot cexistiu, deve ter sido uma fortaleza com muros e casas de madeira > Esse problema era endémico no império tode na época, mas, no caso da Bretanha. o incémodo era triplo. Do norte da Alemanha e do sul da Di- am tribos germanicas, os anglos, sax6es € jutos, falantes de dia- letos ancestrcis do inglés de hoje. Do nordeste da Escdcia atacavam os esco- tos, guerreiros violentos que lutavam de um jeito selvagem, quase ‘nus, com 0 corpo coberto por tatua ‘gens. Para completar a desgraga, havia ‘s escoros da Irlanda, que também ‘eram um powo celta como seus primos bretdes ¢ gauleses, mas tinham ficado de fora do dominio romano. Multa geste costuma imaginar que, em dado momento, Roma acabou de- sistindo de manter ailha dentro de seus dominios, jé que tinha de se preocupar com a propr 2 sobrevivéncia, e aban- donou a Bretanha. Mas 0 que aconte- ceu foi exatarnente o contririo: os bre- {Ges ficaram ce saco cheio de serem dei- xados na mac por mais um general que queria virarimperador (um tal de Cons- tantino IID) edeclararam independén- cia. “A idéia ce que ailha ficou indefe- sa porque os somanos retiraram suas le- gides nfo passa de um mio. As legides a Bretanha 8 > a ! i Ty FTE i | i i i i i foram embora porque Constantino as Jevou com ele para tentar conquistar 0 continente, sem sucesso, ¢ a mudanga seguinte no status da Bretanha foi ati- vva,e no passiva’, afirma o historiador britinico Geoffrey Ashe, autor de Kings cand Queens of Early Britain ("Reis e Rai- nnhas da Antiga Bretanha’, inédito no Brasil). O imperador legitimo, Honé- rio, reconheceu a independéncia da re- ‘gio em 410, numa carta em que dele- ‘gou as cidades bretas a responsabilida- de de se defenderem militarmente. UMA LANGA DE duas pontas Parecia ousadia demais dos bretdes. E ‘erammesmo. A estratégia de defesa que a Bretanha independente passou a adotar seguia os padrées dos romanos em seus anos finais de dominagao: contratar mercenérios barbaros, nor- malmente germanicos, para fazer 0 trabalho sujo. Muitos deles eram sa- x6es, parentes dos invasores, como mostra presenga de fivelas de cintos militares tipicos desse povo em sitios arqueoldgicos da época. Sujeitos ambiciosos ¢ com alguma tradigio de lideranga aproveitaram 0 ‘momento para ganhar poder. “Os aris- tocratas nativos tinham se romanizado, mas, quando a ligacio com Roma foi cortada, as antigas tradigdes de nobre- za retornam com forga. Os bretdes eram muito conservadores nesse sentido”, diz 6 historiador Christopher Snyder, da Universidade Marymount, nos Estados Unidos. Um desses homens, chamado Vortigern, parece ter conseguido se tor- nar superbus syrannus ("governante su- remo”, em latim) de boa parte da Bre- tanha por volta do ano 430. Mas algo deu muito errado. Tal- vex 0s mercenérios saxGes nao tenham sido pagos, ou talver. apenas tenham percebido que seria ficil tomar mais do que 0s bretdes Ihes haviam prome- tido, O fato é que 0 tiro saiu pela cu- latra, € os saxbes se apossaram de ter- ras por todo 0 leste da atual Inglater- ra. Mais e mais levas deles vinham se juntar aos que jé estavam na Bretanha, € 05 ataques de pictos ¢ escotos volta- ram com forea total. Os bretdes che- garam a pedir a ajuda de Roma, numa carta desesperada a0 general Aetius: “A Aetius, trés vezes cénsul, os lamentos dos bretées. Os barbaros nes empur- ram parao mar; o mar nos erapurrs de volta para os bérbaros. Entre esses cois tipos de morte, somos ou afcgados ou assassinados’, ditiaa mensagem, deta- da de 446, As voltas com os hunos de Atila batendo nos portées de Roma, Actius néo tinha como ajudar 7 am carefa inggata reconecr © {que aconteceu nas décadas tezuinces. Aldm dos restos arqueolégicas (que di- zzem pouco sobre pessoas ou batalhases- pecificas), tudo 6 que temos sio anais compilados por monges na Eretanka ¢ 1a Gali, as vezes séculos depois Coseen- tos narrados, ¢ 0 apocaliptico De Exci- dio et Conguestu Britanniae (Da Des- truigéo e Conquista da Bretanha), do também religioso Gildas. Esse lero tem, pelo menos, a vantagem de ter sido es- tito mais ou menos perto das evertos narrados, Id pelo ano 530. A frincipal preocupagio de Gildas era m>ralizante (o monge diz que os bretoes andavam levando a pior por causa de ses peca- dos), mas, no meio de tanto sero. hi também informagGes precios. Segundo o monge, os retées fi- nalmente conseguiram inicieruma re- sisténcia, sob o comando de um certo ® > Ambrosius Aurelianus. “Gildas o des- reve como um vir modestus, ou seja, um homem decente, eafirma que seus pais usavam a pipura, o que é uma in- dicagao de que eles eram de uma fami- lia romana de origem nobre", diz Chris- topher Snyder. A partir dat, a briga fi- cou indefinida, com vitérias de um la- do e de outro, até que os bretdes con- seguiram um grande triunfo, num lu- gar chamado monte Badon (Gildas nao deixou claro se foi Ambrosius quem conduaziu os bretoes nessa vit6ria). Da- Ii por diante, os bret6es teriam conse- guido uma trégua de quase meio sécu- lo. Textos compilados séculos mais tar- de, provavelmente com base em an gos anais do século 5, nao deixam dii- Vidas sobre quem teria sido 0 vencedor de Badon: seu nome era Arthur. ‘Num dos raros momentos em que 44 para comparar dados histéricos com os da arqueologia, parece que ao me- nos o esquema basico dessa narrativa «esté correto: pesquisadores como John Hines, da Universidade de Cardiff, no Pais de Gales, verificaram que os ce- mitérios saxdes (caracterizados pelas jias earmas tipicas dos mortos) avan- cam progtessivamente para 0 oest, si- nalizando a expansio dos invasores, até pararem de repente por volta do ano 500. © avango s6 recomeca meio sé- culo depois. Alguém ou algo deteve os sabes — resta saber seo fenémeno aten- de mesmo pelo nome de Arthur. CCuriosamente, outras pistas qua- se contemporiineas sobre o lider bre- {lo sio exatamente isso: nomes. Prati- camente niio hd mengio a pessoas cha- madas “Arthur” na Bretanha antes de Badon, mas 0 nome, de repente, se tor- na um dos favoritos da nobreza nos dois séculos seguintes. “H4 uma série de breves referéncias a reis principes galeses ¢ irlandeses chamados Arthur a partido fim do século 6”, conta Ken- neth Dark, historiador da Universida- de de Reading, na Inglaterra. “Nenhum desses homens deve ser o Arthur his- trico, mas o que eles mostram é que © nome se tornou popular entre as fa- lias reais, e que pode ter havido um Arthur famoso que inspirou o batismo deles’, afirma Dark. O poema épico *Y Gododdin’, provavelmente do sé- culo 6, cita Arthur como modelo de bravura em combate. Dali por diante, © guerreiro comesa a ser chamado de rei e vira presenga constante nas len- das galesas, axé ser transformado na fi- ‘gura cavalheinesca e magica que conhe- cemos (com Merlin, Guinevere e tu- do o mais) pde clérigo Geoffrey de Monmouth, num livro de 1136, LENDAS. MITOS | e tradicao E nesse pont> que comparar a lenda com a histéria comega a se tornar um exercicio ttl. Disa tradigao, por exem- plo, que Arthur teria nascido no cas- telo de Tintagel, na Cornualha (regido sudoeste da TFaglaterra). Acontece que cescavagbes ¢ andlisesfeitas no final dos anos 90 nessa regio mostraram que, de fato, Tintagel foio lar de um nobre poderoso no fim do século 5. Havia ali um movimertado porto, que comer- java com a Glia (avual Franga) aTté- a0 norte da Africa. Quem quer que habitasse o lugax podia pagar pelo lu- xo de beber v.rho e usar azeite do Me- diverraneo, catregados em vasilhas de fina cerimica, Mas a descoberta mais impressionart2 a0 local foi uma laje de pedra com una espécie de assina- cura de quem mandou construir o lu- ® seveaeo 2008 HISTORIA 31 » gar: Arrognou (pronuncia-se “Arch nou”). No minimo, é uma coincidén- cia das grandes. A 100 quilometros de‘Tintagel, es ‘avages que se sucedem desde os anos 660 tém mostrado que a regio de Cad- ‘bury, identificada com a lendéria Came- lot hd séculos, realmente abrigou a maior praca forte da Bretanha nos séculos 5 ¢ 6. Um colosso com muralhas de madei- rae pedra que iam subindo, em cfrcu- Jos, as encostas de uma colina até termi- nar num portio, cercado por torres. Tudo indica, entio, que as dreas por onde Arthur andava ainda eram présperas ¢ bem guarnecidas milirar- mente. Mas seré que ele as governa- va? Arthur deve ter sido um nobre bre- to, mas as referéncias mais antigas as Wiito ¢ histdria (00 a fad0 Os elementos da lenda que até podem ter uma base factual e os que sao pura invencao PODE ATE SER EXCALIBUR E 0 LAGO - Prestes a morrer, Arthur manda que joguem sua ‘espada num lago. Esse era ‘um costume comum entre ‘0 antigos soberanos celtas AVALON - 0 melhor ‘andidato para ser aiha fen tara fre a toes Inostram queno sco 5 cm ea 0 cal ava thado baralhas vencidas por ele, no manus- tito do século 6 conhecido como His- storia Brittonum (“Historia dos Bre- 10es"), de autoria desconhecida, 0 cha- mam de dice bellorum, “lider de beta- Ihas’, e dizem que ele lurava 20 lado dos reis bretdes. Esse texto também mostra que imagem de Arthur como uum her6i cristdo € muito antiga: nu- ma de suas vit6rias, ele teria cartegado tuma imagem de Nossa Senhora. Em Badon, teria empunhado “a cruz de Nosso Senhor Jesus” (provavelmente ‘uma referéncia a um amuleto muito comum na época: um pedago de ma- supostamente retirado da cruz em que Cristo morreu). Ser um lider ‘guerreiro, na época, significava traba- thar muito. Lurava-se um tipo de guer- NAO E DE JEITO NENHUM ra altamente mével e sobre qualquer te-reno. “A maioria de suas tropas pro- vavelmente era montada ¢ lurava com es-adas, langas e darcos, aproximan- do-se do inimigo numa série de in- estidas, e nfo numa arge de cavala- ric coordenada’, diz Leslie Alcock, ar- qucélogo da Universidade de Glas- £0, na Escécia, e autor de Arthur's ‘Britain (“A Bretanha de Asthut”, sem vessio em portugués). Até a idéia de que Arthur teria le- vadlo um exército para a Gilia, por sé- rasilei-o moderno a partir de Vestido de Noi2a (1943) e com va- ras pegas eensurasas por causa de seus personagens imersos numa espiral de descjo, culpa 2 vinganga, Nelson pes- soalmente era careta, moralista ¢ con- servador. A:é ai, nada de mais: o ar- tista nio precisa ser uma c6pia de sua obra. Mas a porea torceu 0 rabo a par- tirde 19€4, quando ele comegou a ti- dlicularizar« equeréa ea lowvar os pre- sidentes militares (principalmente Mé- dici, que gostava ¢ entendia de fute- bol, asunto ma‘oral na obra de Nel- son) em créricas que até hoje encan- tam pelo esto fllgurante e pelo pon- to de vista sempre original ‘cusado de traigdo, Pound se defendeu comparando Hitler ‘Joana D'Arc ‘Nelson viveu um doce namoro com aturma verde-oliva de Brasilia até 1979, ‘quando descobriu que seu filho (tam- bbém chamado Nelson), preso como mi- Ihares de outros jovens brasileros,cinha sido torturado na prisio. Abalado com a evidéncia téo préxima e brutal de al- {ge que sempre negara em suas crénicas, Nelson pai catou milho e datilografou, em junho de 1979, uma carta 20 presi- dente Joio Baptista Figueiredo, o tit- ‘mo general no Alvorada. Emocionadae franca, a cara (publicada no Jornal do Brasil) é.um apelo & anistia, que viria no fim daquele mesmo ano e que ajudaria a comesar a ruir as fundagées do regi- me autoritirio no Brasil. Nelson mor- teria um ano e meio depois, com sua ‘obra teatral louvada por leitores de to- das as coloragbes politica. Ml IBSAIBA MAIS uvros (0s inteecruais eas Massas John Cary, ‘Ars Pottica, 1993, Sobre os estore brtcos ues recusarm ‘a sipatzar com asrultdée— reacio ue, fer matos xs, redunacu en fasso (Cahier de L Heme: Céline, wiros autores, Le iste de Poche, 1972 Tetos vrador sobre Cine tt de Leon Toski— esquerdsta jude, Tas rand f co auto. “Antivorges,vrios autores Javier Vergara editor 1999 Rede textos conta rc Ls Borges esos por Sues ntl 20 aq co sta 20 Ezra Pound, Peter Reno, Jorge Zahar, 1991 ‘Armthorinvoduo 8 ide cbra do poeta spcrivel no Bast ‘Extrateritorial, George Steiner, Companhia das Letras, 1990 Va erate de ertarderas‘aztesque evra eco ance: 3 aia acres nants ‘Na Fogueira Joe Siveira, Maud, 1998 ‘As merits do ora basieto taze muitas hte sobre estos bresers do stculo 20 sevaunno 2004 HISTORIA 37 OS CHIN DESCOBRIRAM A AMERICA? inglés Gavin Menzies chocou 0 mundo’ao afirmar que i pelo chinés Zheng He, teria bicent 6 Em 2002, 0 i uma frota de 30 300 navios, liderada a América, 70 anos antes de Colotibe! Agora, a luz oe indicios que eles.” apresentou, especialistas do mundo todo discutem se isso seria possivel Por CARLA ARANHA Design BERNARDO BORGES Ilustracdes ARTUR LOPES std para comesar a maior aventura maritima de to- dos os tempos. O ano é 1405, 0 censrio, a Chi na da dinastia Ming, poca de desenvolvimen- tos sem precedentes na histéria do pais, que conta, agora, com suficiente conhe- cimento tecnol6gico, dinheiro e, & cla ro, uma ambicao sem limites para tor- nar possivel o sonho de navegar mundo afora. O imperador Zhu Di acaba de construir uma frota espantosa: 300 navios capazes de transportar 28 mil homens. No comando, o eunuico Zheng He, um dos principais conselheiros do imperador. Durante os 15 anos seguin- tes, as vel de seda vermelha seriam vis ‘as no Camboja, Java, Sri Lanka e India. Mas a grande viagem ainda estava por vir. Em 1421, a frota partiu para um pprojeto mais auddacioso: atravessr 0 ocea- no Indico, costear a Afticae, seo inglés Gavin Menzies estiver certo, descobrir a América e dar a volta no planeta. 38 HIsroRIA serevane As facanhas de Zheng He nao sto nnovidade: sabe-se que de 1405 a 1433 6s chineses exploraram todo 0 oceano Indico, 0 mar da Aribia ea costa orien- tal da Affica. “Escavagbes no Quénia encontraram restos de porcelanas chi- nesas do século 15, raras até mesmo na China’, diz 0 historiador Geoff Wade, dda Universidade de Cingapura, um dos maiores especialistas no periodo Ming. Essas viagens sio consideradas, hoje, uma das maiores expedigdes maritimas de to- dos os tempos. Em 2002, no entanto, tum almirante aposentado da Marinha inglesa e pesquisador naval nas horas vagas, Gavin Menzies, langou o polémi 0 1421 ~ The Year that China Discove red America, ("14 China Descobriu a América”, inédito «em portugués), dizendo que os chineses haviam ido bem além do Indico ¢ gado até a América 70 anos antes de Cris tévo Colombo e dado a volta a0 mun- 21-O Ano em que a ase um século antes de Fernao de Magalhaes (veja as rotas na pagina 40). do rio faleava tecnol des viagens pelo mundo, Eles ji iam a biisiola « passeavamipelo Indico» ‘desde o-século 9. “A tecnologia naval chinesa era incomipatavelmente-mais avangada que.a.curopéia no século 15", dizo professor Mario Sprévieroda Uni versidade de Sao Paulo, especalizado cultura oriental. “Eles possufam plenas condigoes de chegar & América.” Se na época houvesse uma aposta para-ver quem chegava & América meito, os chineses seriam os favoritos. indo a americana Louise Levathes, no livro When China Ruled the Seas (*Quando.a China Dominavai os Mares’ sem edigao brasileira), os chineses con- seguiam passar mais tempo no mare ter ttipulagoes maiores porque tomavam ais precaugoes qe os ropes, “Eles” levavam animals yivos como alimentoe tum navio com gua dace paritabastecer_ toda.a frota por pelo menos um més”, + a ne A GRANDE VIAGEM “As rotas que, segundo Menzies, Zheng He e seus amigos seguiram DESCOBRINDO A AMERICA "ESTREITO “MAN” © iiradpbdon sn Aue tera chegado 0 Fotico \ rdiz. Os barcos tinham 120 metros de comprimento ¢ resistiam bem as tem- pestades em alto-mar. As caravelas eu- ropéias mediam no maximo 24 metros. ‘Mas poder nao é querer. “Os chi- \ neses sé navegavam priximo 3 costa, de ‘onde avistavam portos para desembar- cat porcelana, seda e pedras preciosas. ‘Seu negécio era 0 comércio ¢ nio a © exploracto, muito menos a coloniza- | 420", diz Xu Consheng, professor da » — Universidade de Fuzhou, na China. Para Menzies, iso & apenas meia verdade. O ponto de partida de sua teo- ria € um mapa europeu de 1459, feito pelo cartégrafo veneziano Fra Mauro — tum dos tesouros de Veneza-, guardado na Biblioteca Nacional Marciana. Para le, 0 mapa prova que os chineses jé ‘conheciam 0 lado oeste da Africa, pri- ‘meiro passo para atravessar 0 Atlintico. “Fra Mauro mostra 0 cabo da Boa Es- peranga (0 ponto extremo sul da Africa), ‘que portugués Bartolomeu Dias s vi- Fiaadescpbrir 30 anos depois’, diz. Mas ondea China entra nessa histéria? Men- 2ies diz. que uri pequeno desenho no ‘canto do mapa ¢ um barco chins, o que demonstraria a origem das informagoes + contidas no mapa. Além disso, ele cita tum documento no qual Fra Mauro afir- ma que bascou seu mapa em uma “fon- te confidvel” que conhecia a fundo a ‘geografla da época. Para Menzies, essa fonte foi Niccold de’ Conti, veneziano aque viveu em Calicute (arual Caleuté), na India, no inicio do século 15 e que teria conhecido os chineses da frota de Zheng He. Mas isso nao basta para provar uma viagem transatlantica."A es- ppeculasio pode fazer sentido, porém no hd provas de nada disso", diz Piero Fal- cherta, curador da Biblioteca Nacional Marciana. “Mas que 0 desenho parece ‘um barco chinés, parece.” *Mesmo que tivessem chegado & costa oeste da Africa, arravessar 0 Atdin- tico nao fazia parte das tradigées da na- vegagio chines:’, diz Wade. “Nem da cespanhola”, rebate Menzies. Para ele, a rota via Cabo Verde seria a mais liga EE €ali que ele deposita uma de suas prin cipais esperangas de provar 0 que diz Em 2001, encontamos duas pede) | PRIMIEIRO 2 parecidas com as que Zheng He deixa- | |] Na Estandinavia, as ciancas aprendem ‘va para marcar sua passagem, Elasestfio’ | que o descobridor da América ft Leif danificadas, mas creio que demons~ | Ericson, um noruegués que chegou traremos que suas inscrigSes si caligras | a0 Canad no século 11, Lele ¢ um fia chinesa do século 15", diz Menzies: | herbi com direito a estétua em praca No livro, Menzies enumera uma, j} pablicae retrato nos ros escolares. série de indicios que vao de esqueletos |} 0 lio A Historia da tstinda, de Ai, pré-histéricos, passando pelo DNA de {0 prendiz (1067-1148), jéfaziamencio. povos pré-colombianos, até um obser- | a.uma tal Wineland, uma préspera colénia vatério erguido por Zheng He na Flérie } do outro lado do mar gelado. Em 1965, da, nos Estados Unidos (vga no guadro, | naiha de Anse aux Meadows, no Canads, da pagina 42)..\ principal critica dos | arque6logos encontraram um conjunto especialistas a Menzies tem a ver com | | de onstrugSes artefatos do stculo 11, seus métodos de deducio. “Ele parce de | indicios dapresenca viking na América uma suposigio, ou seja, de coisas que -} Os ios escolares em Portugal também, | poderiam ser do jeto que ele desea, para |. mudaram os captules referentes realizar suas afirmagoes", diz Wang © | 4 descoberta do Brasil. Em 1996, Tianyou, historiador da Universidadede ) fistoriador portugués Jorge Couto, equim. “E uma boa histéfia, mas 99% | da Universidade de Lisboa, pubicou doqueliem seulivo nioencontra qual- | Construgao do Brasil, onde afirma que quer fundamento documental ou| | quem descobriu o Bras! ndo foi Cabral, arqueolégico”, afirma Geoff Wade. _ mas Duarte Pacheco. Segundo Couto, Abhistoriadora inglesa Frances'Wood, | em1498, dom Manuel imandou que especialista em cultura chinesa da Biblio- |] Pacheco navegasse ao sul da rota de teca de Lonidres, concorda. “E uma se-, | Colombo para verse encontrava alguma ajiéncia de indicios que Menzies quer | cals. Pacindo de Cabo Verde le transformar em provas’, diz. encontrou, sim: o noite do Brasil Ourra duivida que no quer calar; _ }) "Em Portugal, os principals historiadores paraa civilizagao que inventou 0 papel, |} no tém divides de que Duarte Pacheco. a impressio ¢ uma das formas mais |} chegou ao Brasil antes de Cabral”, antigas de escrita, no haver nenhumm | dizJosé Manoel Garcia, pesquisador documento registrando essa viagem no) do Centro de Estudos Historias soa estranho? Menzies explica que, com "| da Faculdade de Letras de Lisboa. amorte do imperador Zhu Di, em 1424,)_—}_ No séeulo 20, surgiram varias desapareceu o interesse pelas navega-| | sobre quem teria chegado primeiro «cs. Todos os documentos relativos | | América do Sul Nos anos 50, facanha de Zheng He ficaram abando- |} 0 antrop6logo noruegués Thor nnadose por fim, em 1644, quando ack- | | Heyderdahlafirmou que moradores, bboua dinastia Ming, os imperadoresda |_| da tha de Piscoa, vindos dinastia Qing decidicam fechar a Chie} da Poinésa, teria colonizado, na para o Ocidente, destruindo as évis) ‘0 Peru, por volta do ano 800. dncias das viagens de Zheng He. Anda hoje sto feita pesquisas Mas nem tudo foi destruido. “Na |] naitha da Péscoa i China, no Vietnd e no Camboja foram encontrados monumentos de peda, i= tosa mando de Zheng Hee de seus capitaes, que falam de suas faganhas Nem uma palavra sobre a viagem tran- satlantica’, afirma Geoff Wade. Mas, se no meio académico sio ra- 10s 0s que se dispoem a dar ouvidos a ‘Menzies, entre as auroridades chinesas suas teses polémicas tém publico garantido, Querendo tirar 0 melhor proveito diplomético e politico da ‘sibita fama internacional de Zheng :, 0 governo da China anunciou em "que prepara para 2005 uma festa nos os da prime deveriam levar 0s louros p ccoberta da América? Em DIz-QUE-DIz representante do Ministério das Co- municacées da China, Yang Xiong, disse: “Essa € uma questio que ainda precisa set muito discutida’ No momento, o governo chinés parece mais interessado em explorar 0 aspecto cultural das viagens do século 15, que teriam tido o mérito de apro- ximar civilizagées distantes. “Em vez de ocupar territérios, construir for- talezas procurar tesouros, Zheng He «seus homens trataram outros pafses com amizade”, afirma Xu Zuyuan, assessor do Ministério d ‘66es. “Achamos que 0 Bens de Zheng He para 0 0 n crescimenta pacifico é 0 inével da hist6ria da China.” Para o historiador Xi Cong, da Universidade de Wuhan, na China, as vviagens nao eram tao pacificas. “Cerca de 80% dos homens das frotas erem mi- licares, que tanto serviam de segaranga da frota como de modo de intimidagio as outras nagées”, diz ele. Os chineses pretendiam estabelecer mais rotas ‘comerciais com os paises asidticos ¢ tam- ‘bém cobrar impostos de um maior né- mero de nagies. Algumas vezes, a coer~ As principais evidéncias de Menzies versus a opiniao dos especialistas MAPA DE FRA MAURO Menzies diz ue o mapa - que mostra 9.cabo da Boa Esperanca, 30 anos antes ‘de sua primeira = baselase nas informacées de Niccolo de’ Conti, ue epasoua Mauro os onkeimentos meses. 0 musedlogo italiano Piero Falchetta, que pesquisa o documento ha 2 ‘soube da existéncia do cabo da Boa Esperanca continua sendo um mistério" ++ 30) TRINTA OU 3 MIL? Zheng He ergula monumentos relatando ‘suas viagens nas principals cidades dda China. Em um deles ele menciona, segundo Menzies ter visitado 3 mil lugares. De acordo com 0 linguista hinds Wu Liming, do museu de Taincang, na China, Menzies se confundi ina tradugio, "Na verdade, esta escrito ‘que ele foi a 30 lugares. A grafia dda época confunde”, di. Gol contra ZOOLOGICO ESTRANHO ‘Maniferos que s6 exstam na Patagén a, ‘como 0 milodon, hoje extinta, aparecem no livro Registos lustrados Chineses de Paises Estranbos, de 1430. Darwin fencontrou um esqueleto do milodon fem uma praia da Patagénia fem 1834'e o levou para Londres, ntado e ficou io hi explicacto 10 deo milodon faparecer no livr chines. Ele poderiaexistir tame na China, Aescobertos oss0s do bicho por a", arma ® historiador chines Xi Congfe. Ponto para Menzies. que as expedigbes tivessem apenas aspec tos amistosos e cultura, diz Wade. ara Gavin Merzies, se 0 caminho iniciado pelo imperador Zhu Di tivesse sido levado adiante pelos lideres que se seguiram. € provave que a China tives- sese tornado uma paténcia colonialista. “Mas, na época em que ocorreu, os chi- neses nie tinham projeto de ocupar € explorar autras terras e pouco impacto provocaiam por onde passavam, onde nfo ficavam por periodos maiores que semanas’, diz. Menzies. Eno Brasil? No Brasil, nem isso. _ Nio hé indicios da passagem dos chi- meses par agui. “N-esmo que os chine- ses tivessem estado no Brasil antes de Colombo, as ccnseqiiéncias disso GARRANCHOS Duas padras seculares com inscrigbes que estavam parcialmente fenterredas em Cabo Verde estdo sendo estudadas, a pedido dde Menzies, que ENTROU AGUA seriam quase nulas”, diz Menzies. Os portuguese, depois de chegarem ao Bra- sil, criaram um sistema de colonizacio para abastecer Portugal de ca care gerar renda. A partir di ram 0 povoamento, “Os chineses nem sequer sonhavam com um empreendi- mento do género.” Para Mario Sproviero, quet tenham sido 0s chineses, quer outro povo qual- ‘quer, o que conta é a chegada dos eu- ropeus no século 16, porque eles desen- volveram um projeto para a América. “Masa curiosidade do homem vai mais longe, ¢ como a descoberta da América ‘em parte permanece um mistério, nio ‘vamos sossegar enquanto nao souber- ‘mos bem mais sobre esse assunto”, diz 0 afirma se tratar de excita chinesa. Porém os ‘especialistas ‘ontratados pelo ‘proprio Menzies dizem que as Inscrigbes estio ‘muito apagadas até agora ‘do paderam decitrstas ‘Menzies alega que uma formacSo rochosa submersa [proximo a costa das Bahamas, no Caribe, foi um porto ‘hinds no século 15. As rochas formam dois corredores pparalelos da praia até 400 metros mar adentro.John Gifford, especalsta em ciéncias maritimas da idade de Miami, diz que so formacées Pesquisamas essas rochas hi 30 anos e jamais encontramos indicios de atividade humana. Publicamos em 1980 um estudo sobre os eventos ‘geolégicas responsavels por essas formacbes, que alu ate na National Geographic. Talve 0 senhor ‘Menzies tenha tomado conhecimento dele” diz Gifford, historiador Geoff Wade. Para Gavia Menzies € outros interessados no tem: io de uma grande aver- tao emocionante quanto a de Zheng Hee de sua poderosa frota, cve permanecem vivos na meméria de am- bos os lados do Atlintico, i éapenas 0 IBSAIBA MAIS uvros 1421 The Year China Dicovered America ‘Gavin Menzies, Harper Colins, 2002 lenge ds tse de Mere. Algumas reftaras or epeciastas sao retraas ras pbs cies When China Ruled the Seas, Louise Levathes. ‘Oxford University Press, 1996 Jormalsta americana, que colborou durante ‘0.anospara a Navona Geogranhic, {aru sora mat sobre wagers ‘de Zheng He. Nada sce a vigor pra a Amer MUNDO DA LUA ‘Um antigo observatorio fem Newport, na Fléria, teria sido construido pelos chineses, Menzies nSo ‘tem nenhuma prova es6 diz iss0 porque era "tipico dos navegadores chineses ferguer observatérios estelares para auslislos nna navegacio". Segundo John Gifford, a construgdo, comprovadamente obra dos espanhis. “As plantas do predio ainda existem fe pertencem ao Museu Naval de Newport, diz. ‘Menzies admitiytrar essa afirmag3o da préxima cedigho de seu live, Conta ecsio sobre tas, ‘evidencaser nso ste: ‘mt aventurasoahstriacom.be sereliono 2004 H'sTORA © egunda metade do século 19, © Brasil tornara-se um Império independence de Portugal. © pats crescia com a agriculeura para ex- portagio, com os imigran- tes que vinham para substicuir 0s escra- vos ¢ caminhava, a passos trépegos, é verdade, em diregao a Repiiblica. Mas esse era 0 retrato do Brasil atlintico, 0 Brasil com vista para o mar. A'5 mil qui- Homerros dali, um outro pais cxistia, um pals que, de tao esquecido, estava para ser abandonado. Em 1867, dom Pedro Tassinou o'Tratado de Ayacucho e cedeu 6 erritério do atual estado do Acre’ Bo: livia. Um naco de floresta de 150 mil km* habitados por tribosindigenas.eser- tanejos que viviam mal-e-mal de explo- rar castanha, madeira e itex 44 Histon strewsno 200 REPUBLICA” DO ACRE’ Até o final do século 19, a regiao era um canto esquecido da Amazénia que nao interessaya a ninguém. Mas, com o surto da borracha, se transformou num paraiso que, em menos de dez anos, foi palco de uma série de conflitos que quase levaram Brasil e Bolivia 4 guerra Por FERNANDO GRANATO Design ANA LUISA BASSO lustracdes CARLO GIOVANI Na virada do século, no entanto, a coisa mudou. A nascente indiistria au- tomobilistica americana elevoua deman dapor borrachaa indices estratosféricos, fazendo da exploracio de litex um ne gécio para lé de atrativo. Em 1899, 0 govero boliviano lembrou-se de seu pe dago de floresta¢ rsolveu abrir um pos- to alfandegério na vila de Puerto Alon $0 (a maior da regiao, onde hoje fica a capital do estado, Rio Branco) ~ e pas- sou a cobrar taxas de extracio € trans portedos seringueiros. E nada como im postos para deixar brasileiro desconten te. As medidas iritaram os seringueiros € provocaram atritos entre as autorida: des ¢ os moradores da flore Nesse clima, o jornalista espanhol Luiz. Galvez Rodrigues de Arias, reda tor do jornal Provincia do Pard e tam- remo 00 RADA LA RVETA VA &* bém funcionsrio do consulado bolivia- no em Belém, ficou sabendo que o go- verno da Bolivia tinha na gavera um projeto paraarrendar o controle dare ‘giao para uma empresa americana. De posse dessa informagao, Galvez passou a insuflar os proprietérios de seringais a serebelarem, O grau de insatisfacio cra tamanho quco movimento conse git contagiarpraticamente toda a po- ppulagio local. Apoiados pelo governa dor do Amazonas, Ramalho Junior que forneceu armas, munigées e um barco especialmente equipado com um sguamigao de 20 ros capruraram 0s bolivianos em 0s poucos sold Puerto Alonso de 1899, proc! priblica do Acre. b aU BUS EAN ON rE Ele ie mira} Teer et ed eee ree ee eee tet chuva (0 que pode durar quaserme-axie do ano) eligando coisa nenhuma a ucar algum Se eet es DO ea eae ed Sea ote} « Bolivia pela posse do Acre, a construcio da ferrovia Madeira-Mamore t-Fa tude para Ce aes ey Pore ae Cee ena ea eh en ee tay Ca ey eee ‘Acre por uma ferrovia que “ose da fronteira Ce ee eee rts ene ees OE ree ene eeu ule Bic eo ae a pe ee a ene eet ere ee pee ta eee case) fer a eo Paes eae Lon Pee tir ry erplarande as riquezas natura.s da regido, nee es eee ean) eee Em pena estacac des chuvas, 14 sujeitos | Acer eters et ee Peete rs et era a ean it novimento ento ole Galvez: ica, que rew es amazoner Ce a pee ed eed ete eer arty Dee ed Cee neers) pee ee Renee eens eet er ety pe eee aa eee ee da Cendeliria, cri espedia mente para tratar 0s funcionsris da ferovg, 1593 St ce pee ee ad a ee ee eta Seah ccueto! ee ot) at ee ae Ce ot ee radores governc fedsrais brasle 189: 900, "No mesmo ano de 1913 a exsortacio ce Pe eed Ce ny eee oy eet ees ed SE es ea Te ea Ce Pe ere eerey Dee ee re Sekai eet de existérda, porque o Exo incinerou pe eae Se ot De es a Cee ee ea) _equipamertes foi ver Hide como sucata ee es eel Se ec ed cca neet ic ‘rs para uma nova re ‘viment a Bolivian Syndicate Leta espoliagio a fala gaisda om vi possibi As cnotagoe Castro agosto ce 1902. sdido a selve -stava pia naquel Canto da Amaz6nia, Acre tem enormes Feservas naturals, de seringuelras 48 Histon serevan jd ocupav os das trincheiras ini trincheiras inimi A batzlha ios. Oor BRASILEIRO Se a ee eee er er ee eee eed Sn eee ad eee eats Se cee et Pe et acy ee ete en ent oad Interamericano de Desensalvimento. Det Pee eer) Pea ee tad Ce ee F acordou para:os problemas da ocupacac da Amazénia Cee ead © zonhecia.C Brasil no. A maioria das eee et etn ee er Geen eee ty a ee rt es SC erent ey eee er es 1991, paie fio foram condenados a 19 See eee Cue Se era pee ee Se ee ea ue Cer a ed ‘umpre pena em regime semi-abertc GRANDES MOMENTOS grupo reunia pou- co mais de 40 ou 50 homens. Numa caverna escura, fa- lavam baixo para no ser surpreen- noturna. O didos por uma ron go n.nrcaestivera tio perto, Hi anos, es ‘wangciros haviam invadido suas frontei- ras, tomado suas terras, saqueado suas casas eofendido solo sagrado. Mas ago- ra q.ieriam mais. Sempre mais. Era ho- rade -eagir. Precirias¢ antigas, as armas que tinham compunham um pifio arse: nal dance de seu inimigo: a maior po- téncia militar do mundo. Uma guerra seria suicidio. S6 um plano radical, 56 uma ago extrema poderia alterar esse desecuilibrio, Ficou combinado que pas- sariam a atacar de surpresa. Em embos Diferengas ideolégicas, religiosas e politicas sempre existiram. E muitas vezes acabaram em violéncia. Junte a isso intolerancia armas, muitas armas, e vocé tera uma ameaga explosiva. E fatal cadas, matariam os soldados das tropas de ocupagio. No meio da multidéo, ata- cariam aqueles que acusavam de colabo- rar com o inimigo. E assim fo. Parece que foi ontem, nna descrita acima aconteceu hi quase 2 mil anos. No papel de terroristas esta- vam os zelotes, um grupo de extremi tas judeus descontentes com a ocupagio romana. Entre 0: caram mortese panico na Palestina. Aca- baram perseguidos e massacrados. Resistencia contra ocupagées, con- flitos religiosos e étnicos, luta contra a tirania, seja qual for 0 motivo, a utiliza- fo de meios violentos como forma de ameaga ou coergao nao € novidade, “O terrorismo é provavelmente tao velho quanto os contfitos humanos’, diz Jo- nathan White, antropélogo americano Por ISABELLE SOMMIA e CELSO MIRANDA Design ANA LUISA BASSO lustracdes KAKO. autor de Terrorism: an Introduction ("Ter- rorismo: uma Introducio”, inédito no Brasil). Mas ele mudou, e muito. Ao lon- 20 dos séculos, nfo s6 os meios empre- sgados, mas as motivagGes, as armas ¢ a forma de escolher as vitimas se modifi- caram. A propria definicao de terroris- rio é mais a mesma. “As mais simples parecem fazer mais sentido. Quando um grupo usa violén cia para impor sua vontade sobre outros atingindo pessoas inocentes ¢alvos sim- bélicos é terrorismo”, diz White, que também é professor da Universidade Es- tadual de Grand Valley, nos EUA. Mas ssa definiglo é muito ampla. Uma bri- gade gangues ou de torcidas sera terr0- rismo? E uma guerra? O historiador ame- ricano Bruce Hoffman, autor de Inside Terrorism (“Por Dentro do Terrorismo”, crewno 2004 HISTORIA S Le] UN AMON a Elen Conheca algumas das principais organizac6es terroristas do século 20 ears) © Movimento de inspiracdo Cee Peer teen pare erent peer ENT Cea) Pere ro) Pore re Pr us hte oO ero Pope rots oy rer ae een tendéncia anti-racsta ede esquerda reo Patty Hearst, em 1974, Herdeira de ur eee eee eee ete eee Crear) ee rc inspiracao marxista na Colombia eae 5 oir Pine eer sem versio em pornugués),acha que nao. ‘O terrorismo esté relacicnado politi- cacao poder’, diz. Hoffman. Para ele, terrorismo é a violencia - ou a ameaca da violéncia — usada e dir gida 2m bus- a servigo de um objetivo politic. abre os lin se-rorismo Se 0 conceito é milenar, 0 termo ‘error” 6 ganhou o sigrificado atual no final do século 18, durante a revo- lugio francesa. Preocupado com a pansio do movimento pda Euro monarquista britinico Ed-nund Burke ymou Robespierre, um dos mais dicais Kideres revolucionérios, de “terro rista’ depois que ele condemou a guilho: tina aqueles que considerava irimigos da revolucio, entre cles o xi ea rainha da Franga, além de antigos camarada meses de prises, expurgose execugies de “reino do terror”. Para Whi, isso mostra que, desde seu aparecimento, 0 conceito de “terror” estdligado & ques tio ideolégica. Afinal, os ris também utilizavam métodos violetos contra seus opositores nunca haviam sico cha mados de terroristas. Ou seja, 0 terror com aq f¢ no corcorca. Do ponto de vista do outro, nc entanto, 0 terror é um mal justificivel diante de ‘um beneficio maior e futurs. Asgargantas cortadas na Frargaco fim gradual, mas inevitavel, Jas n-onar- no é 0 rei quem manda, por que indamos née). Foi o inicio do qu historiador britinico Eric Hobsba chamou de mo tempo, 0 colapso do absolutismo stampou! os interesses das classes po- e frustou a maioria dos d por mudangas, na medid: uma das classes, a burgue O hisoriador Duncan Bell, da Univer ie de Cambridge, na Inglaterra, con corda, “O malog nova ordem socal ea frus renovado de se obrer éxito adotando meios radicais’ firma, Para Bell, essa é araiz de um dos aspectos mais crudis do terrorismo: ajustificagio da violencia co Estado ¢ilegitimo ou auoritério, just fica-se 0 terrorismo contra o Estado. fos paises cujas estrututas de poder cvidente” firma, Como na Rissa rista, onde, em 1878, um grupo de tudantes¢ intelectuais fundou o Narod naya Volya (*Vontade do Povo"), com bros da familia real no. Em 81, um int > grupo voou pe los ares junto com o czar Alexandre I O gxito da agio mostrou que eli minar um governante néo era tio difi cil chamava a atengio para causas po liticas partidrias. Atéa Primeira Guer- ra Mundial, houve uma febre de aten tados. “O terrorismo revoluciondtio tor- B i oo TERROR ch NE eee) Ree ‘Adam Roberts, da Universidade er ees Deen eee Perey eee fe dependem do ponto de vista”, diz. ee) terroristas? Segundo Jonathan White, eee ay Peet cesT Per en territorios, derrotar oponentes. Ela Pere ene de forma limitada e contra inimigos Se Cee Peer ra um guerritheiro e a violéncia que praticou foi drigida basicamente a Se ee aes Pee erty terrorista. “Incapaz de montar uma Pe et ty eae Pee ne ey ES ny peers precisa recrutare treinar eg eee ee i Cee ee eg Pea eee ey Perea eee { pensadores do século 20, escreveu Ce cee) Dee eee eee ey sistema, Revolucionarios, por outro een eat een significative que qualquer violencia, Ce ee eens Ce ee eer ae! ee ery de revolucionsrio, extremista, radical, CR eee! eee eens errr iy

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