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Como Se Manter Motivado em Um Ano de Crise
Como Se Manter Motivado em Um Ano de Crise
Está em todos os lugares: 2015 será um ano difícil para a economia e para a maioria
dos negócios. A expectativa é de baixo crescimento do PIB neste ano que se inicia.
São duas opções: deixar o pessimismo tomar conta ou reagir. Esta reportagem é para
quem escolheu o segundo caminho. “O ano de 2015 será de ajustes, mas isso não é
uma desculpa para se abater”, diz Walter Schalka, presidente da Suzano. “As pessoas
não podem assumir uma postura conformista, devem enfrentar a situação.”
Não se trata de adotar uma atitude ingênua, mas de encarar a realidade e de fazer o
seu melhor. Aproveitar, também, para mostrar as habilidades que momentos de crise
exigem: resiliência, capacidade de improvisar, coragem.
Manter o pique não será fácil. Mesmo para os que começam o ano com o ânimo
revigorado, enfrentar as más notícias cansa. Segundo a consultora carioca Patrícia
Cotton, nesses momentos surge com mais facilidade o ciclo do tédio, composto de
três fases. A primeira é a felicidade diante do novo, quando alguém acaba de ser
promovido ou muda de emprego e fica feliz em ter de se adaptar a uma realidade
diferente.
O antídoto para esse problema é a transformação. “As pessoas ficam infelizes porque
se deixam levar pela inércia”, diz Patrícia, que deixou uma carreira em departamento
de marketing de empresas como PDG, Beleza Natural e Globosat e foi estudar o ciclo
do tédio na Alemanha, na Berlin School of Creative Leadership.
A lição mais importante para quem quer ter uma vida diferente é manter a disciplina
na transformação. “Tudo começa com a ousadia, mas só dá certo se você mantém o
zelo com sua intenção inicial”, diz Patrícia.
A transformação não precisa ser radical. É importante, aliás, manter seus alicerces
para não se desestruturar. “A mudança é como a acupuntura: ninguém coloca
agulhas no corpo todo para resolver um problema”, afirma Patrícia. “Primeiro você
precisa descobrir qual é o ponto estratégico para mudar o sistema.”
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E esse ponto estratégico pode ser algo simples, como uma mudança de atitude no
modo como encara os problemas, uma guinada na rotina para ter mais qualidade de
vida ou um ajuste fino na carreira para encontrar o verdadeiro propósito.
Pense diferente
O cenário está mais complicado e desafiador. Quanto antes você se der conta e
começar a pensar em soluções e em novas maneiras de agir, menos doloroso será o
processo de adaptação.
Com o dinheiro mais curto, as empresas ficam atentas para quem consegue propor
inovações (e principalmente redução de custos). “O desafio é sair da mesmice e atuar
de maneira mais criativa”, diz Adriana Prates, presidente da Dasein Executive Search,
empresa de recrutamento de Belo Horizonte.
Invista energia naquilo em que você tem o poder de mudar. “Se a perspectiva é
faturar menos, o funcionário deve pensar em maneiras de ganhar produtividade, por
exemplo”, diz Mariane Guerra, vice-presidente de RH da ADP, empresa especializada
em gestão de pessoas, de São Paulo. Mas tome muito cuidado.
O custo do erro costuma ser alto durante esses períodos. As novas ideias devem ser
embasadas em pesquisas profundas e consistentes. Corra riscos calculados. “Caso a
ideia dê errado, pelo menos será possível ter argumentos de que era a hipótese mais
acertada no momento”, afirma Adriana.
Explore o talento
O profissional precisa refletir sobre seus pontos fortes e sobre como pode contribuir
para ajudar a empresa a passar por um período delicado.
Você será lembrado por aquilo que fizer bem. “Em momentos de crise, pessoas
escondidas nos bastidores têm a chance de mostrar que são úteis”, diz Adriana, da
Dasein.
É hora de criar coragem e mostrar sua capacidade. Só tome cuidado para não agir
como um salvador da pátria e propor algo que você não conseguirá fazer.
Busque a sabedoria
Não será a primeira vez que o Brasil passará por um período difícil. Muito pelo
contrário. Cole nos profissionais experientes e aprenda com eles as estratégias, os
argumentos e os truques que funcionam em fases de baixo crescimento.
Aliás, num mundo que está saindo de uma crise internacional, há casos de superação
em toda parte. Vale pesquisar histórias de quem superou alguma crise. Converse e
aprenda.
Se o dia a dia está pesado e os problemas não param de surgir, mantenha a
motivação pensando no futuro. A crise vai passar uma hora. Pense nas boas coisas
que poderão ocorrer, seja no trabalho atual, seja na vida pessoal, seja numa eventual
mudança de rumo que está começando a ser planejada.
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Tudo isso sem perder o foco no presente, claro, pois o trabalho precisa ser entregue.
“Uma hora a crise passa, e ter algo importante em vista é uma ótima maneira de
deixar de lado as agruras do dia a dia”, diz Irene Azevedo, diretora de negócios da
LHH|DBM, de São Paulo.
Mantenha a calma
Em momentos de crise, a pressão aumenta e os ânimos se exaltam. A ameaça de
demissão e as deslealdades de colegas aparecem com maior frequência. Tente
controlar a ansiedade.
Na hora do nervosismo, o cérebro não funciona direito, o que piora a qualidade das
decisões tomadas. “Uma situação estressante faz as pessoas agir com emoção”,
afirma Camila Pires, diretora da Rede Indigo, empresa de desenvolvimento humano,
do Rio de Janeiro. “Precisamos analisar as situações com base em fatos, e não em
suposições e percepções.”
Resista ao baixo-astral
Sim, haverá momentos de desânimo em várias ocasiões neste ano. Mas evite que os
pensamentos negativos fiquem o tempo todo em sua cabeça. “Não é para exagerar
no otimismo e se tornar uma pessoa alienada”, diz Pamela Magalhães, psicóloga de
São Paulo.
Só que não adianta mergulhar nas possibilidades negativas desconsiderando seu
trabalho e seu potencial. “Encontre o gatilho que desencadeia o pessimismo e busque
apoio, interno e externo, para lidar com a situação”, diz Camila, da Rede Indigo.
Jogue com lealdade
Em tempos de apreensão e insegurança, é natural que a competitividade aumente —
todo mundo quer mostrar que é indispensável. Mas uma rivalidade excessiva com os
colegas piora o clima, que já está ruim.
Seja realista, faça um bom trabalho, mas cuide para não deixar o medo de perder o
emprego transformá-lo em uma pessoa ruim. “Faça uma gestão pela esperança, não
pelo medo, e não espere que seu chefe seja o fio condutor disso, pratique no dia a
dia”, afirma Adriana, da Daisen.
As empresas têm valorizado pessoas que, independentemente do cargo que ocupam
ou do crachá, conseguem unir as equipes e proporcionar um clima agradável —
principalmente em épocas difíceis de crise.