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Educagio Unisinos 19(1} 101-113, aneieyabrit 2015 © 2015 by Unisinos- doi 10.4013/edu.2015.191 09, Filosofia, ciéncia e educacgéo no pensamento de Francis Bacon! Philosophy, science and education in Francis Bacon’s thought Gustavo Aratijo Batista mrgugaster@gmail.com Resumo: Este artigo tem como principal objetivo fazer uma abordagem concisa sobre o pensamento de Francis Bacon (1561-1626), dimensionando-o dentro da érea educacional. Serd felta uma explanacio suméria do seu contexto histérico (Renascimento), da sua vida, de algumas de suas ‘obras e de alguns dos principals tépicas de sua flosofia, demonstrando-se a sua apicablidade & ppedagogia. Por desenvolver uma abordagem contextual e conceitual, este estudo adotou coma referencial tebrico-metodolégico 0 materialismo histérico-dialético, na versdo de Lucien Goldmann (1913-1970), apontando como principal resultado o alert feito por Bacon em relacéo 8 utlidade do saber para a melhoria da vide do ser humano. Esse saber, identiicando-se com 0 poder, permite & hhumanidade assenhorear-se do mundo natural e, iqualmente, de si mesma, vencendo, portanto, ‘suas préprias fraquezas e limitagées, visto ser a sua prépria ignorancia a raiz das males de que ppadece, assim como das dficudades materials e espirtuais ciante das quais se encontra, raz30 pla qual a educacio, adotando tal concepco como um de seus fundamentos, hé que ser pensada eepraticada de modo a se conscientizar para 2 responsabildade que o conhecimento traz consigo.. Palavras-chave: ciéncia, educagio, flosofia, Francis Bacon. Abstract: This article has as main objective to make @ concise approach about Francis Bacon's (1561-1626) thought, dimensioning it inside the educational area. A summary explanation of his historical context (Renaissence), of his lfe, of some of his works and of some of the main topics of his philosophy will be done, demonstrating its applicability to pedagogy. By developing a conceptual and contextual approach, this study has adopted as its theoretica-methodological reference the historical-dialectical materialism, according to Lucien Goldmann (1913-1970), pointing as main result the alert done by Bacon in relation to knowledge usefulness in order to improve human beings’ lifetime. This knowledge, identified to power, allows mankind to dominate the natural world and, equally, mankind itself, therefore defeating its own weakness and limitations, because its own ignorance Is the root of the evil ofits suffering, as well as the material and spiritual difficulties in the presence of which it founds itself, reason for which education, by adopting that conception as one of its foundations, should be thought and practiced in a way to raise awareness to the responsibilty that knowledge brings with itself. Keywords: science, education, philosophy, Francis Bacon. Ez artgo fa pare de proeins de pqs que orca como apie da CAPES/OBEDUC (Caorénado de Apeezarerto «de Pessal de vel Supar Obsevatr> ca Educa) eda FAPEMIG Fundacio de Amparo Pesquisa do Estado de Minas Gera), 2 quen rconhecees 0 mito de fharcar es pesquisas eos resufados quaimerte aradecrs, Gustavo Aratjo Batista 102 Introdugao Este texto tem como objetivo ‘ratar, sumariamente, do pensamento do filésofo inglés Francis Bacon (1561-1626), apontando, simulta- neamente, suas convergéncias para © campo educacional. Para tal, aqui se seguird este percurso: primeiro, serd feita uma explanagéo suméria da contextualizagao histériea na qual Bacon se encontra, qual seja, © Renascimento; segundo, serio esbocados alguns de seus aspectos biograficos, nos quais também es- tardo contidas breves mengSes da trajet6ria da sua atividade literdria; terceiro, sero clencados alguns dos prineipais tépicos de sua filosofia, a partir dos quais serio tecidas consi- deragdes de ordem educacional. (© motivo pelo qual se optou pela filosofia baconiana repousa sobre a importincia de uma formagio cienti- fica como elemento indispensével 20 aprimoramento intelectual humano, posto que as cigneias constituem, em conjunto, um fator imprescindivel para a elucidagio da realidade por parte do homem; entretanto, uma educagio cientifica também requer uma maneira de conceber o que se define por eigneia, ja que isso per ‘itiré separar aquilo que é cigneia daquilo que no 0 & do mesmo ‘modo que franqueara estabelecer 0 que € legitimo e 0 que ndo o € em se tratando de se tomar como objeto de abordagem cientifica, Uma vez que Bacon tornou-se um dos prin- cipais propagadores da moderna concepsdo de citneia, & possivel cextrar, a partir do seu pensamento, ccategorias que permitam discorrer sobre a natureza do conhecimento cientifico, dilucidando-se, destarte, seus principias, métodos, objetivos ‘ou finalidades, assim como a sua extensio, o seu aleanee oua sua limi- tagdo e, consequentemente, discutir 1 educagao sob tal perspectiva, Embora Bacon ndo deva ser con- siderado, stricto sensu, um teérico da educago, dado que a sua obra em geral ni se debruga sobre apro- blematica pedagogica em particular, isso nao significa que do seu pensa- mento nio seja permitido tirar con- clusdes de cariter educativo, consi- derando-se que a presenga maciga das cigneias na educagdo (sobretudo na educagdo contemporinea) supe ‘uma fundamentago e uma justifiea- 40, as quais uma abordagem sobre a epistemologia baconiana teria condigdes de esclarecer, Ademais, Bacon, especifieamente em um dos seus Ensaios (cujo titulo € Des udos), revela o quanto acredita no poder da educagio, processo no ‘qual os estudos so indispensaveis: “Estudos moldam 0 caréter. Nao ha deficiéneia ou impedimento que no possa ser superado através de estudos” (Bacon, 2007, p. 158, gritos do autor), plano da abordagem encetada pelo presente texto & este: primei- ro, serd feita uma explanagdo do contexto histérieo no qual Francis Bacon encontra-se inserido, a fim de ressaltar a influéneia por ele recebida da sua época; também neste primeiro momento serd feita uma explanag3o suméria de sua trajetéria existencial, bem como da classe social @ qual pertencia. De- pois, set feito um levantamento dos conceitos gerais do seu pensamento, posto que tal exercicio serd a chave para se interpretar as suas reflexdes aplicaveis a0 campo educacional A raziio de tal abordagem repousa no referencial terico-metodol6gico selecionado para a elaboragio da presente pesquisa, que & 0 materia- lismo historico-dialético segundo Lucien Goldmann (1913-1970), © qual pondera que: © pensamento é apenas um aspecto parcial de uma realidade menos abs- rata: © homem vivo e intero. Fest, por sua vez, € apenas um elemento do conjunta que é © grupo social ‘Uma idcia, uma obra s6 recebe sua verdadeira significagio quando é {ntegrada ao conjunto de uma vida e de um comportamento, Além disso, acontece frequentemente que com- portamento que permite compreender 4 obra ndo &0 do autor, mas o de um ‘grupo social (ao ual o autor pode no pertencer) e, sobretudo, quan- do se trata de obras importantes, 0 ‘comportamento de ums classe social (Goldmann, 1967, p. 7). Uma breve contextualizacao histérica de Francis Bacon Para contextualizar historica- mente a vida, a obra eo pensamento de Francis Bacon, necessirio & reportar-se ao periode denominado Renascimento’, uma vez que a sua obra como um todo the & tribu- taria, enquadrando-se, pois, nos paradigmas estruturados por esse ‘movimento cultural que se propés dentre outras metas, a restaurar 0 espirito de progresso do conheci- mento humano, libertando-o das amarras que Ihe haviam sido impos- tas pela tradigao religiosa medieval, judaico-crista, para a qual certas verdades jé estariam consolidadas, no havendo, portanto, necessi- dade de procuré-las, tampouco de questiond-las, A seguinte passagem sintetiza, pela magistral expresso de Cambi, 0 perfil desta cultura ® Grosso modo 0 Renasciment,tambm cnhecio como Renascenga ou Rerascentso, eum movimento cuturaliniéado en meados dos cubs lou na Europa Olen, tendo como cent dekraiagdoa alae! expalhando-se pela restante co continent, redomnanda até meBds {osteo Vl. Tal ronment de renovacioSestfca, entheae arssa tinh coma propésta maior rata os valores ds Aregadade CIseoce Groce ‘cena a, temando-os como pont ce pate para prmovero apreneramentsexprtal © mata do nomen, agora concede COM 0 no do urivrs fantropocerttsr), pas © qual todo dovavante passa 3 ducagao Unisinos Filosofia, cidncia # educago no pensamento de Francis Bacon renascentista, em contraste com 0 seu predecessor imediato, qual seja, verdadeiro, um método como condi- de wird, cxemPlaments exPre co de possibilidade de uma ciéncia pelo termo humanitas, ¢ uma nova aculturamedieval, dual se opunha, scala de valores éticos e sociais 10Va" (Huisman, 2004, p. 106). apesar de com ela ndo conseguir na qual nfo existe mais lugar para Rompendo com a tradigdo es- romper totalmente: ‘a tradicional hierarquia nobiliir- _colstica medieval judaico-crista, ‘quica e eclesiistica (Cambi, 1999, 0 renascentistas proporio novos [Em aberta polémica com a tadiglo _P- 224-225, grifo do autor) paradigmas, os quais serio pautados ‘medieval cescolistic, toda propensa fem uma nova maneita de conceber a valorizat 0 papel da ranscendéncia ‘Tal postura dogmatica da parte yealidade, em geral,e 0 homem, em Biren Ooete nO me deta de uma rigid eeaa so nova civilizagio coneehe © homem como “seahor do mundo” e ponto de referécia da eriagio, “edpula do aniverso”e “clo de conjungéo do . We" Unhonematoincigionn por, $usissejam:afilosofi,asciéncias€ yo Renasoimento,o homem viu-se tant, que nfo exci Deus, masque #8 ates, o que incvitavelmente dif a si mesmo como um ser racional ‘volta as costas aos ideais daascesee _cultavaoumesmo impediaamarcha _e, assim, passou a contar principal- da eninsi, promo pire imergirno do aprimoramento dessas dress de gmente coma sua racionaidade como ‘mundo histérico real com 0 intento —_conhecimento; por tal razo, 08 seus instrumento de sua propria eman- de dominé-lo © mele expandirs88 dversirios acusaram aldade Média cipagdo espiritual e material tl prépa umanidds, © homem eye idade das Trevi’, 6 que raconldade, todavia, passe ase novachiizagiowmavezadaubide 5215 y conhecimento humano ficou mais vinculada & experincia, sem conscincia de poder ser oartfice de seSetunieeareervierinen, Praicamentecstazado,cbscuresido a qual arazdo,deixada asi mesma, Samontea vida da cade junto com ¢confuso sob odogmatismoimposto langar-se-ia em abismos profundos Sussenellanes;parasse mergutha pelo Cristianismo, 0 qual tinha 8 dos quaistalvez jamais escaparia; ‘avidacivlengaj-senapoliien,no _Igreja Catdlica Apostlice Romans destarte, a experiéncia, pedra de coméccioenasartesexprimindouna como um dos seus principais de- toque da razo, seria tomada como visiohaminicaeequiiradadosas-fensores, Urgia, portanto, rebelar-se _critério inquestiondvel de averigua- pects muliformes denwo dos quais contra tal tradiglo, que amordagava glo paraaconsolidayio do conhei- se desevolve a tvidade humana. do saber. Destarteimbuido mento, Portanto, conforme advoga ‘aqui que se faz evidente adiferenga 4, ssniritg de retificagdo do conhe- Cassirer, a partir do Renascimento: ‘como passade. O mundo nio émais are span Slovarde explagtoede pena,rmasa eimento, proprio da Renascenga, “A experiéncia nfo mais consttui a juo__da mentalidade medieval manti- particular, que pascatia a ser o seu nha-se gragas a predominincia da centro e, portanto, tudo passaria a escolistica’, para a qual a teologia ser pensando sb a dtica da condigio dessa época’ subordinava a si mes- humana, seja em sua racionalidade, ‘ma todos os demais ramos do saber, seja em sua temporalidade. Ou seja, cexpressio da forga reativae do cxpi- _ @ filosofia baconiana faré coro em — oposigd0 eo polo oposto a forga fun- ritode niciativadohomem Estenso _prol de argumentar que: “O espfrito damental do conhecimento teérico, & mais oasceta, ocavaleromedieval _ humano erra em meio a quimeras; € razdo cientifica; ela representa, isso da f&,mas 0 mereador, 0 pitico ho- preciso fazertébuarasa das dautrinas sim, seu meio por exceléncia, seu smem de negicios, aguele que expsi- _antigas, fazer o balango eritico do campo de ado e sua confirmagio" mea sua atividade no mundoe ele saber, pdr em evidéncia aquilo que _ (Cassirer, 2001, p. 279), ‘eriffeno sentido dasua operosidade: 1. oniém de erros inerentes irazao A alianga entre a experiéneia Naseem daqui uma nova. comesPs30 sana, e dai indicar 0 caminho (provedora de fatos concretos e > Mowimentoinalectual de cre Hasto e teolgce, nla no slo daeistandage medieval europelae que perdvrou hegemonkamente desde om da Aa Idade Mésa act fim ca Sava Ieade Média. Sua deneminarso & devda ao ‘ato deter sige engendrada ne anor das preneras Universicades (Esolis. Sub esnca & oesorgo que val ao serio de debater sobre 9 possbiéace ou impossbikdade de canclagso eve (bjeto de estado da tesla) raz (oteto de etd da asa). Santo Toms de Aquino (1224/1225-1274) em sido cnstirago osu pcp Fepresenant,o qual fez uma sites ent a flssota ae stsces (964322 a.) ea elQBo rsa, produzido um po opensamento de caster Floséfca ¢tclgin,conheno come fosofiaaristotdleo tonsa * Discus racional cera de Deus © do universe esplitua, bem como de sis reas com o univrso materi ¢ humane, Do greg Seo: = Deus opi aU, esti, cca. Nadonlmente, Ns dss especies de took, duals sean teloga het econa, também conheiga amo teadiea, al etuda a problanstica de Deus puremente no pla ca razSo natal ou rama tele reveads, qu abordaa problema a evndade a pare da a da revelagio sobreratural (azo cv) feta por Deus & humanidade. A tolglaeseasica& progominantments lum tpo de telotarevelda "Por signer 2 Renascenca um fendrnen Nstiia ne qual 2 mente europela nfo st reconheces com também lense 0 seu pepo pader Inovadorvarfesse gus" pripria idea de Renascimen pode ser compreendica em su vecadsraslgnieaao = consagumes captor exe ‘movimerte de reterada que resulta ra erage dealgo avo; mover est, o qual por eu lade, &possibltac por ua tomada crs ‘crea e mest (Aza Fo, 1955, . 10), ‘volume 19, nimero 1, janeiro « abil 2015 103 Gustavo Aratjo Batista 104 particulares)¢ a razio (forecedora aja vista que a einante escolistica por exemplo, legaram a posteridade de ideias abstratas e gerais) pode aristotélico-tomista foi duramente todo o primor da inovagio téenica ser considerada um dos maiores atacada tanto pelos filésofos ra-renascentista triunfos do pensamento moderno, —cionalistas quanto pelos filésofos Deis outros acontecimentos aqui uma ver que € a partir dela que 0 empiristas, os quais alegavam tra- _relevantes, coctineos & Renascen- conhecimento lanca suas duas prine tar-se de uma forma de pensamento a, do ponto de vista econémico, cipais bases, a partir das quais sero esterile initil para a ampliagdo do politico e social, na Europa, s8o: estabelecidas as fundamentagies e conhecimento, servindo, por exem- a fundagdo dos Estados Nacionais as justifiativas para 0 avango no plo, apenas para arumentagdes ou (erguida sobre as bases do absolu- apenas da filosofia © das ciéncias, disputas universitirias de pouca ou tismo monérquico de dieito divino) mas também das attes, dos offciosnenhuma monta para o caminhar © a formagio do sistema capitalista coudas téenicas. Assim sendo, gragas da produg3o do saber‘. Ademais, em sua fase comercial (mercanti- ao binémio razio-experiéncia, 0 os modelos cientificas endossados _lismo ou capitalismo comercial de desenvolvimento intelectual humano pelo alto escaldo da hierarquia ecle- Estado, alavancado pela era dos tomava-se inevitivel e, consequen- sidstiea também comegaram a ruir descobrimentos, que, por sua vez, temente, tal progresso colocava em diante das pesquisas feitas pelos deram inicio ao colonialismo eu- xeque toda a tradigdo precedente, cientstas renascentistas, dentre os ropeu nas Américas, na Africa, na questionando ou até mesmo afton- quais se destacam: Nicolau Copér- Asia © na Occania). Tais eventos tando a subordinagao da filosofia e nico (1473-1543)" e Galileu Galilei constituem fatores que revelam uma da cigncia A religido ou A teologia, 1564-1642)", os quais defendiam nova postura assumida pelo homem subordinagio essa materializada nao heliocentrismo” e combatiam 0 europeuperante a realidade, postura submissio a autoridade da Igreja geocenttismo", Quanto ao universo essa que consisteem encari-la como Romana, artistico, na pintura ena escultura, —algoa ser eonguistado ou dominado, Se, por um lado, © movimento houve inovagio técnica na produ- abjetivoa seratingido recorrendo-se renascentistarepresentou um grave go das obras de artes (como, por todos ea quaisquer meios conside- perigo 4 hegemonia da tradigao _exemplo, o emprego da técnica da rados uteis para tle, destarte, aqui medieval, da qual se beneficiava perspectiva, que conferiu um cunho se insere o conhecimento cientifica rio apenas o Papado, mas também — mais realista tanto & pintura quanto como o meio mais eficaz para fazer © Estados Monérquicos Absolutis- descultura,aomesmo tempoem que com que ohomem se assenhoreie da tas, cujos soberanos alegavam ter a as elevava a0 padrio de perfeigio natureza, moldando-a segundo seus sua autoridade origem sobrenatural conhccido ¢idealizado desde os an- _ interesses; vale aqui citar oaforismo (divina); por outro lado, também tigos gregos); os trabalhos atisticos III do Novum Organum, no qual significou um poderoso golpecontra de Leonardo da Vinei (1452-1519), Bacon sintetiza o ideal segundo 0 0s cinones filosoficos, cientificos Rafael Sanzio (1483-1520), Michel qual o conlecimento (ciéneia) e 0 € artisticas existentes até entéo, Angelo Buonaroti (1475-1564), poderagorase dentifieam: “Cigneia * No atorsmo XI do Nowa Orgarum, es come Bacan expe seu pensament em rela 2 dgca escola: gle a como hoje €usode ‘ale mal pare consol dare pepetar eres funcedas em nogesvlgates, G2 pore 4 ngapecso ca verdode, de sorte cue é mals cancsa do Que ‘et (2acon, 1997, p35), ‘lim dest consterago um des pinpasastrésomoscujos wabalhoslancaram a bases para astonoma moderna, ess rihart intelectual polnds tam fa.govemedor,edmasradr elog, md, ut, matemston e nego da area Calas Remora. Ao eoner a hetoentsmo, fmoorasugerngo-o apenas como uma pétese e nao comprovando-e empiicarete,ceu Um passa mportartsina no sertc de contest & (eocertisme arstztlen ptlomalce, modelo aendmico at ert vgeste; ago 0 model copercane ro fre muito de medeo gooctrteo, a8 0 Sa propredades que era atibuidas 3 Terry sua tera 5 sradefintovamenteendossada depois que Tne foram Yetes covrgSes & adendos por Teh Brahe (1846-1601, Johannes Kepl (15711630) e Galle Galle (1564-1642) *'O sau pensamento e, pscipalmete, «sua aida cant, fancarar-hererome tata camo tro e meadloga da Fa quanto coro um des pris responsive pla revluo cietfica edema, pos os seus tabalhos (tearcos e experimental) reuse controuses mato Slgnicatvas para o aprimoramento do connecimento cific natal. Padovar e Castanole ofrecer uma sntese 6a concep galleana de ‘cia: "Segundo Galle, «dence & iia (Seve undarentar-se sobre exer, para cance e donna a pri experenca), fenomena! (grocura as les dos fendmenes no as les cas esstncas das cosas); matemta (a ls centcas des fendmanos soles mater ‘matamsea).O procedimento metodo partcus pra eorsur a Géna,descobri as les os fenémanos conta Ipstese,expermentagSo"(Padowone Castograls, 1378, p. 285, gefos dos ators), Teoria due defence tase de que o Sol oipe 0 cenve do sistema sla; do gree! aos (ls: sl; ol propsta, pla pimeka vez, sako mahor {tito, pelo astrénome grego Aritarco de Samos (310-230 aC); conto, ta era fol eletada pla maloria da comunidad Itlectial de entao © 5 sorta reafrrada alguns séulos mel ace, com os tabales de Copérnce «de all "Teoria gue defend tese de que 8 Ter ( ego: yas = god os ge, donde 0 compte ge) ope 0 cero do verso, como ume eters move. £0 model cosmolgic mas alge cia formclcao deta dete-se aos abalhes do astGname e matemsbco rego Cale Pelomes (sisi ac). ducagao Unisinos Filosofia, cidncia # educagio no pensamento de Francis Bacon ¢ poder do homem coincidem, uma consolidava-se eexpandia-se. Assim esse modo, pode-se afirmar que ver que, sendo a causa ignorada, sendo, fea mais fivil compreender 0 colonialismo europeu iniciado no fiustra-se 0 efeto. Pois @ natureza por que aos burgueses interessava a século XVI ocorreria com ou sem a nio se vence, se ndo quando se lhe expanso maritimo-comercial, haja_significatvacontribuigao ciemtifia, obedece. E 0 que a contemplag3o vista que isto os colocaria em uma mas certamente esta fer com que apresenta-se como causa €regrana posigd econémica, social e poli- aquele se consolidasse de mancira pritica” (Bacon, 1997, p. 33). tica cada vez mais preponderante. mais répida ¢ eficaz, consideran- ‘Aformagio do Estado Nagdo re- A fundapio de colénias de explo- do-se, conforme atesta Gadott, na presenta um golpe contra 0 poderio ragdo econdmiea no Novo Mundo, — madernidade renascentista: “O ho- politico ¢religioso da IgrejaCatdli- bem como no Novissimo Mundo, — mem langou-se ao dominio da natu- ca, a qual se considera a si propria seria, entio, patrocinada, politi _reza desenvolvendo téenicas, artes, uma instituigfo de origem divina camente, pelo Estado Absolutista estidos ~ matemiitica, atronomis, € que, portanto, deveria interferir Monérquico, o qual promovia 0 seu cigncias fisicas, geografa, medicina, no destino dos povos; contudo, 20 priprio fortalecimento , economi- biologia. Tudo 0 que fora ensinado se fundarem 0s Estados Nacionais, camente, pela burguesia em ascen- até entio era considerado suspeito” tem-seuma nova visio, qual sea: a0 so, que também se promovia com (Gadott, 2005, p. 76). A partir de hhomem, seja como individuo, seja aumento dasatividades comerciaisentdo, a propria pedagopia foi sen- como nagio, seja comoespécie,eabe em larga escala do gradualmente reconfigurada, de assumir 0 seu proprio porvir, azo _Alnglatera foi um dos principals modo a sistematizar uma educagio pela qual precisa, entio, desvenei- paises engajados no movimento de que atendesse as novas (e atuais) Thar-se da tutela eclesistica, mas expansio colonial. Dadas as suas exigéncias de formagio cientifica, rio completamente, uma vez que condigdes geogrificas, os ingleses posto que: “O surto das cigncias ainda se recorre ao dieito divino precisavam de mais recursos ma-naturas, da fsiea, da quimica, da para legitimar 0 poder do monarca, teriais para desenvolverem © seu biologi, suscitou interesse pelos ‘© que se dé via apoio papal. ‘mercantilismo. Foi assim que inica-estudos eientificos ¢ 0 abandono Com a inevitavel derrocada do ram uma agressiva politica extema progressive dos estudos de autores feudalismo, amodemidade ocidental de colonizago por todo © mundo, cléssicos e das linguas da cultura ccuropeia experimentardosurgimen- fundando dominios de exploragi0_greco-latina” (Gadotti, 2005, p. 78). to de um novo modo de produgdo, _¢ de povoamento, compondo, con- cuja classe promotora, a burguesia, sequentemente, o império colonial Algumas consideragées far uso da ampliagao e do aprofun- britdnico (que duraria até 0 século sumérias sobre a vida e a damento das atividades comerciais XX), Talprocesso de colonizagio,to- obra de Francis Bacon como principal fonte de enriqueci- davia, ni teria tide bom éxito sem as mento proprio, tirando, dai, 0 seu significativas contribuigées trazidas ‘Francis Bacon nasceu em Lon prestigio econsmico para, posterior- pelo conhecimento cientifico, prinei- des, aos 22 de Janeiro de 1561 mente, reivindicar, unto anobrezac palmente nos setores néutico (como, Estudou na Universidade de Cam- realeza,o poder politico do qual se por exemplo, oemprego da bssola" bridge. A educagio por ele recebida utiizaré para setomar aclassedomi- edoastrolébio”)e militar (como, por orientou-o, desde cedo, para a nante do sistema capitalista, o qual, exemplo, o uso da pélvora!” como carreira politica. Sob os reinados progressiva e sistematicamente, ingrediente de armas de fogo). de Elisabeth I (1533-1603)" e de Embora se tate de um artafte aja inven sea abu ans artigos chineses, sor va de 2000 aC, os quo Rzerm a park de ura couta dscobera (qual sea: ado marnetisma teres), somente no seo XV os europeus dela tveram conhedrento, que fram os rabes {ue @ intreduaram na Europa. Samando=ne os cneomentes de decinarSe magne, os europes ternaran-ne um dos prncals nsumentos 2 Serio ds grandes ravegacies ® Asim come abissla,tatarse de ura Invenio artiqusima, caja autora renonta aos artigos argos. Utzado para determina a psi dos astrosne cu, serv por muto tampo como um dos princoas struments de navenacdomarisma, i que permis 8 erento do peru a set evegado pr melo dos pois ds estes. "Sua cescobrta data do serle IX, fara sldentalmert por alqumistas cinesas. Apart do sécule Xj tha enprego mila pos os exérctos ctuneses usvar-a er eguces, er explsves cbeados om catapulas ee canes. Ca, garhou Jape ea Europa, cusps souberam Serv-se mto bem dea para remover a conqustae eterno denacies que no a cnheeiam,consttudo ss0o preg da sus suprioidade bcs em relago 3s clones or eles damindas. “"Tembém conheccs coma A fanhe Vrgem, Aha de Henne VI! (1491-1547) com Ana Solna (1500-1536), su rind (conheco como “perogs Elastane, eroco Lsabelno’ ura Dourada) marca 0 io de ascenao pte, econdmsca socal cra Ingltea, ark" ‘nie naconal quanto no interraciorl ‘volume 19, nimero 1, janeiro « abil 2015 105 106 Gustavo Aratjo Batista Jaime I (1566-1625)! desempenhou Ordem Rosacruz, nela ocupando fungbes junto aalts cargos politicos © posto mais elevado, o de“Impe- gush Polen Safe © « juridicos (por exemplo, em 1607, ator’ (Presidente). Dotado dc uma —_Slayicoe gandetebildad lenin foi nomeado Procurador Geral; cm inteligéncia muito esclarecida e simpatizaneesintnicadona diese 1613, Fiscal Gera;em 1617, Guarda de um espirito muito prtico, sua da eiéneiae da tecnologia (Hart, do Sclo; em 1618, Grande Chance- obra persegue como objetivo maior 2001, p.503-S04) ler, nesse mesmo ano, recebeu de promover a consolidasio do conhe- Sua Majestade o titulo de “Bardo cimentoflosético-cientfico,azio_Além dessas obras supraitades, de Verulémio’, pelo qual também pela qual seu projeto era concluir que fizem parte doavereo filosético € revonhecide). Em 1621, recebeu 0 que ele chamou de Instauratio baconiano, outras hi que merecem tum outro titulo de nobreza, a saber: magna scientiarum (Grande res- endo, a8 quais aqui sto clasifi- “Visconde de Santo Albano"); nesse tauragdo das ciéncias), que seria cada da seguinte maneira ano também foi acusado de concus- uma vastae profunda encielopédia sio pelo Parlamento Inglés, sendo epistemolégica contendo, ao todo, (#) Obras Filoséfieas: De inter A logics. Na politica, era realista © condenado a pagar pesada multa © seis grandes partes, das quais ape. -—»«~Pretatione naturae (Sobre a proibido de exercer cargos pibli- nas duas foramconcluidas,restando —*iterpretacdo da natureza), cos. Perdoado pelo rei, retirou-se das demais apenas fragmentos ou _—_‘Inquisitio de motu (Pesquisa para as suas ters, onde se dedicouesbogos esparsos; quanto as duas Sobre 0 movimento), Historia inteiramente aos estudos pelo resto partes conclusas, seus titulos so: naturalis (Historia natural); da vida, Faleceu no dia 09 de Abril 1 — De Dignitate et augmentis New Atlantis (Nova Atlénti de 1626, vitimado por uma crise scientiarum (Sobre a Dignidade e 4a)"; Cogitationes de natura de bronquite, que provavelmente 95 Argumentos das Ciéncias)" « rerum (Pensamentos sobre a teria sido causada pela excessiva I] — Novum organum scientiarum _Matureza das coisas); De fluxu exposigdo do fildsofo avs experi- (Novo Ogio das Ciéncias)", Em ¢t reflux (Sobre 0 fluxo ¢ 0 mentos por ele realizados com 0 fio e a conservasio da carne, uma declarar de sua —_Pefluxo, ow seja, trata-se de um. estudo sobre o movimento das summa, poder-se-i personalidade isto que sobre ele ‘vez que desejava saber por quamlo fj escrito: marés);tais obras inicialmente tempo aquele podria conservar esa; faziam parte da Instauratio estando, pois, sua saiide debilitada —_Poderia ser dito, com justiga, que ‘magna, mas o seu autor julgou coma idade, nfo resistiu ao igor do Francis Bacon foi verdadsiramente por bem exclui-las; entretan- inverno daquele ano. © primeito flésofo modemo. Sua to, legaram a posteridade 0 Nao sendo apenas filésofo, _ vsiogeralerasecularenio rcigiosa interesse mantido por Bacon cientista, politico e jurista, Bacon _(@pesar de ele areditar firmemente em relagdo as pesquisas em em Deus).Fraracional endo supers iaso; empirico enfo um sébio preso & também conhecido como um dos mais importantes membros da Filosofia Natural, bem como © seu anseio em afirmar que * Sucesor de Elsabeth i trou-se,primetrament, rida Estée, com apenas um ano de Wade, com 0 tule aime VI. Em 1603, sucsdou 3 Raina vege, que morre sem descendents, asumindo, smRancamnte, os ono esac, ings «nie, Se reindo fa mareaso por Um Indstarve absoltismo, 0 que gerou confit com o Palamento Inglés, que he era hall, scbretudo devido a pesada carga Wibtéra posta Dorel a0 rin; sorando-ses eo, tal soberano promaveu persaqugees eligasas 20s aticosromanos © aos protestant purtonos, 8 qusa do Favoreer 0 anlcarismo (lio ofal do reno) sa Frespreablade Prancaae seus favors condos a partculresinpopulres tram Tancado os antecedents par ofa Gora Cl Ingle wTfate-e Geum das mals antgasSocedadesriclstas das qu se tam natca; suas algns pedem-se nas arals da stra da humanléade; todavia, ha ndioas de que suas ries remortam-se as anoqasesclas esotirias exipcas, datacas do século XIV aC; associacio le, sira © Fespetivel seu objetivo bem precio: prmover 3 evolu esprtval(oteectuale mora) da hurandese,pncpalmente avavés de estuds vases varados 9 osoeruconss sual extaeleeco no comego Go seo XX (1915), devi aos rabies do De Harvey Spencer Lens (1883-1958), ‘que aesumi 2 rexponsablcade de eater ®Ordem ns Arsen do Nort, queda spol plo resto co mand, "amb corseada come Parttenesscrtarum (Cassia¢so das aéncas), vets, 3 ula" plo prpre itu, sobtes os pos ce corhecimetos, * arazio pla cul tal br eve esse til repousenofto de que Bacon aspreva, com la asupear ea substur o ange Organon de Aisttles, uma eompagio das obas dese faafo que ata de iia frm Assim, 0 pee baconlan rela esbacado cama no sentido de ropa ume nova ligt de mverigorse cence, ndtv, 2 Ives de deat, 20 conta da prmee, cus ana © apes. Seu primero eebage coma por Siulo Novum aranum sve nda de nerprtatone nats (Nov érglo ou iaioes sobre a intrpretao da ratureza), no Gal Se xD%e, pa primeira vez, 0 metodo indutvobaconiano "Tata de um ensao tipco de crater polio oy socal, no qual acon expe as suas considerages acerca de camo Sr, segundo © seu parecor ua sodedade ou um estado eal os qua seri regios por homens cas vidas cevetaram 3 busca co saber Alem de for pate 23s brs qu consttuem as utopias potas ou soca propria da Ranascnca, 3 Nowa Aan & um exaripoMlagratsdaimportnca dada por Bacon ‘a0 papel do eanhecmentoRoséheosientien como candor do vide soda ecole 8 home, ducagao Unisinos Filosofia, cidncia# educagio no pensamento de Francis Bacon (b) © aperfeigoamento intelec- tual humano pressupée @ seu aperfeigoamento gnosialégico, revelando-se, pois, a sua coe réncia para com o seu projeto de reforma do conhecimento, © que significa, direta ou in- diretamente, uma teforma da educagdo, posto que esta &, por exceléncia, o instrumento que frangueia a construgao, a difu- so a reconstrugio daquele; convém ainda mencionar aqui as quatro partes restantes e ina- cabadas da Instauratio, as quais levam por titulos: Phaenomena universi sive Historia naturalis: et experimentalis ad conden- dam philosophiam (Fendmenos do universo ou Historia natural e experimental para fundamen: tar a filosofia) — trata da coleta dos dados empiricos; Scala intellectus sive Filum labyrinthi (Escala do intelecto ou O fio do labirinto) ~ na qual Bacon rei ne exemplos de investigagSes feitas com o seu novo método; Prodromi sive Antecipationes philosophiae secundae (In- trodugdo ou Antecipacdes d ‘losofia segunda) — em que se pondera sobre os resultados ob- tidos com o emprego do método indutivo em investigagées de fenmenos fisicos; Philosophia secunda, sive Scientia activa (Filosofia segunda, ou Ciéncia dativa) — que apresentaria, na forma de axiomas, os resultados finais das pesquisas em Filoso- fia Natural; Obras Juridicas: phe Elements of common laws of England (Os Elementos das leis comuns da Inglaterra); Cases of trea- son (Casos de traigdo); The Learned reading of Sir Francis: Bacon upon the statute of uses (A Douta leitura do Senkor Francis Bacon sobre o estatuto dos costumes (©) Obras Literarias: Essays (Ensaios); Colours of good and evil (Cores do bem e do mal) De sapientia veterum (Sobre a sabedoria dos antigos): History of Henry VII (Historia de Hen- rigue VID. Alguns tépicos principais do pensamento filoséfico baconiano [As duas principais obras filos ficas redigidas pelo Visconde de Santo Albano (nstauratio e Novum Onganum) versam sobre conteidos {que constituem registros de pes- quisas de cunho epistemolégico € metodolégico, cujo intuito era partir do estado no qual se encon- trava em sua época 0 conhecimento filos6fico e cientifico e, a partir de entio, elaborar uma revisio critica do mesmo, promovendo-se, assim, ‘uma verdadeira reforma do conhe- cimento, tanto em seus aspectos formais ou metodolégices quanto teudisticos. Como resultado disso, Bacon: “eu um novo ordenamento as cigncias, propos a distingo entre a fe © a razio para nio se eair nos preconccitos religiosos que distor- com a compreensio da realidade” (Gadoti, 2005, p. 76), Bacon almejava, dessa mancira, superar ¢ substtuir os paradigmas escolisticos at6 entio vigentes, os ‘quais filos6fica e cientificamente io propiciavam ao ser bumano ‘6 conhecimento necessério para 0 efetive dominio da natureza, razi0 pla qual se fazia preciso encontrar lum novo caminho (método) para a produgio de um tipo de conhe- cimento gue fosse, abima de tudo, ‘til A humanidade, dadas as novas exigncias historicas trazidas pela cultura renaseentista, © aforismo XVII do Novum Organum resume ‘ pensamento de Bacon em relagdo a situagdo do saber em sua época: (0s descobriments até agora feitos de tal mod sio que quase s6 se apoiam nas nogGes vulgares. Para que se penetre nos estratos mais profundos ce distantes da natureza, é necessirio ue tanto as nogdes quanto os axio- ‘mas sejam abstraidos das coisas por ‘um método mais adequado e seguro, que o trabalho do intelecto se tome ‘melhor e mais correto (Bacon, 1997, p.36). plano geral da Instauratio esta bem claro: nele ha uma proposta de um novo modelo de reforma e de construgdo do conhecimento, ccujo processo, inicialmente, deve- ria partir da investigagdo dos fatos concretos e particulares a fim de que, em seguida, fossem procuradas as leis mais abstratas e gerais que os explicassem ¢, finalmente, chegar ‘0s principios (leis) gencralissimos, ‘com os quais seria possivel, conse- quentemente, retornar aos fatos para neles intervir; tal €a configuragao do método indutivo baconiano, 0 qual doravante seria apresentado como © condutor da filosofia e da cigneia ‘moderna. Eis como o aforismo XIX do Novum Organum desereve 0 per- fil desse racioc‘nio indutivo: ‘So hie s6 pode haver duas vias pera a investigagao e para a descoberta da verdade, Uma, que consiste no saltar-se das sensagGes ¢ das coisas particulars aos axiomas mais gerais a seguit, descobrirem-se os axio- ‘mas intermediitios a partir desses principios e de sua inamovivel verdade, Esta €a que ora se segue. Auta, que recolhe os axiomas dos dados dos sentidos e particulares, aseendendo continua e gradualmente até alcengar, em dltimo lugar, os principios de méxima generalidade. Este €0 verdadeiro camino, porém ainda nfo instaurado (Bacon, 1997, p.36) 1m a descrigdo do seu método indutivo, © Bardo de Verulamio Tanga as bases para a consolidagao Volume 19, nimere 1, janeiro + abil 2015 107 108 Gustavo Aratjo Batista do empirismo*, 0 qual, juntamente = Ciéneia do Homem ~ trata-se com o racionalismo®, disputard, a /Wveasempartbols, due slo poesia ® rasonalisme’ ds divina, e na doutrina ou preceito partirde entdo, odominiodo cendrio grado, Quanto 4 pute que parece de uma espécie de Antropologia Filosafiea, ji que lida com 0 intelectual filosific e cietifico na extrnumerinia,queeaprofecia,ndo | -—«conhecimento racional do ser Civitizagao Ocidental, Em sintese, passa de hstria divin, que tem so- __ihurmano; bifurca-se em: pode-se afirmar que: breahistria humana privilégiode = Filosofia da Humanidade (Phi- sernarmada‘antoantesquanto depois sophia Humanitatis) ~ ciéncia [Alnstauratio magna scentiarum de- 40 fato(Bavon, 2006, p. 8). do homem individual, ou sea, & ‘eraterprecisament representadoa o estudo da estrutua fisieae reform do saber, deverie er constr Esta classificagio, proposta por uica do ser humano, algo como {uidoasummaphilasophicadoster- Bacon, fundada no mais no objeto, ima Psicologia ou Fisiologia pos novos, langado o fundamento do regnum hominis, tio audazmente iniciado pela ciénciae pela politica mas sim no sujeito do conecimento, Humane; esquematizadadamanciracomosese-_ Filosofia Civil (Philosophia daRenascenca. Essaobra deveriater £66-EMtermospedagégicos,constitui _Cvifis) ~ ciéneia da sociedade asbragado aenciclopédia dascigncigs W™Euiaouumcuriculoparsoensino —_yumana, isto é, diz respeito & ‘ccompreendidotambémastéenicas, 40 saber metédico e sistematizado: arte de governar, bem como as segundo. novo ideal humano price» Poesia—Conhecimento elaborado _yelages eaos negocios humans; imanentista (Padovani eCastagno- _pela experiéncia da fantasiaouda Filosofia Natural ou Fisica la, 1978, p. 316, grifos dos autores), imaginagao; (conhecimento racional da na- + Histéria~Conhecimentoclabora- _tureza), que, por sua vez, subdi- Convencido de que osaberéum "Gy pela caperiénia da memériy aceon {nstrumento seguro para se assenho-_subdivide-se em: - Fisica Especulativa®® ~ estudo reardanatureza, Baconsugere queo Historia Natural —registro dos das causas naturais primeiras; ‘mesmo precisa serclassificado (ou, acontecimentos do mundo fisico _ifurea-se em: melhor, reclassificado),tomando-se ag longo do tempo e do espace; Fisica Especial — estudo das porbase as faculdades humanas que Histéria Civil ~ registro dos _causas material e eficiente ‘© engendram, porquanto: acontecimentos do mundo hu- - Metafisica® —estudo das causas ‘mano, ou seja, das eivilizagbes, formal e final ‘As partes do conhecimento humano ES Sie eGo Ones teuinenedobonem aueéesede Scans Conhecinena elbe Bee ce ru epee da este, Una ven eatabelecendo a un RE avis claitcago do bee, tama SRG romyiePrincia(Phioopha presi rennde banat Bacon BeOS icy ccute dor inches lona:tpus retcdocrseatt embora arevelapio dooriculo eos communs is vériascitncias; cioso projeto inacabado, investige> sentidos seja diversa. Assim, a Teo- Sa Sere Teologia Natural—conhecimen- ges que caminham no sentido de toracional de Deus, ou Teodiceia); consolidaras bases para a realizagio 0 tame ampiisme derva do grage nice (empaia ou empl, que Serica: export). A tesa fundamental Gssa coven sii 6a afrmagdo do pads da wxpeica um se atando de preduzconhocmet, ou sea, tdo qualquer conheomerts deriva, ta ou ndrearont, {ts exporitncs.Tatese de um fost cus aterces foram *calmente posts por Bacon e, ostrorents,aperteiooados, as bs cntugbes fe: Thomas Hobbes (1588-1679), onn Locke (162-1708), George Seeley (1685-1752) e David Hume (1711-1778); unos, esses cnc pensadores anette, em conurt,» pincpalrepresentagio co emprmo Brana; portuna tambam se faz menconar Ctenne Sonnot Conic: (1715 1780), expoerte do emptis continental Francés 0 ema raconalomo, er lest, eb%92# tee Segundo a qualoconhecmentofunda-se plo azo, a qual, por Sua vex, poss penis e eas lnatas, 9 parr eas quals se consegue chogar ao saber, pot tl azo, terme atmo tem sio ulaace coma su sin. Fundaco par René Descartes (15961649), qrags a qual tare ganho um outa singn-mo, a saer:crtsansma (evi a0 seu nor em atm ~ Ranatus Cartes), ess crrentetabim conta com a adesbo de outros Msofos de peso, quis sla: Baruch Espinoza (1632-1677); Neolu Malerandie (1638 1725), Wiel Got Ln (1646-1726) eCsln Wot (16751754), 0 qual representa, em conju, 0 @conalsmo continental europe »'aqu, Bacon tra por base a tena da causoldade aristoteca, a qual assfica as causes em qua a saber (a) causa Matera 9 maria da qual ap ft; (2) causa format a forma ou a essancia de age; c) causa elec © agente que pods alo; (B) causa fa in 0 qual ‘go se destin ou a Adade poe Qua ago fi eto, Desde ste, ated hoses tem eonsicerado a metas come oro de lasofa gue vestige os pxmetospinpos ou as preneas casas cas coisas amber ia come o stuce do ser enquarte Sar rzdo pela qual ésmarsmo de analog Saconrompe com fl Wasa, 20 Faduatia apenas a estudo as causa forma final do mesmo mode quando dercminaa Also primara (uma cura denomiagao da meta) ‘iro uns epstemcogie 89 ce, ducagao Unisinos Filosofia, cidncia # educagio no pensamento de Francis Bacon da cincia da natureza (sca), na ssbria,pacientee rave, sobretado ual tinha um interes epectfice, | Me arin abimarem

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