Você está na página 1de 60

Revue Paléobiol, Genève (2001) 20 (1): 245-304 I S S N 0253-6730

Grupo Bauru: uma unidade continental do Cretáceo no Brasil - concepções


baseadas em dados micropaleontológicos, isotópicos e estratigráficos*

Dimas DIAS-BRITQi, Eduardo Aldo MUSACCffl02, Joel Carneiro de CASTRQi, Maria da


Saudade A. S. MARANHÃO^, José Martin SUAREZ^ & René R0DRIGUES5

Resumo
A combinação de informações de afloramentos e de sub-superfície, incluindo dados micropaleontológicos, estudos de fácies, estrati-
grafia de sequências e análises isotópicas de oxigénio, permite apresentar um novo quadro evolutivo para os sedimentos continentais
cretácicos avermelhados do Grupo Bauru, Brasil. São reconhecidos 38 taxa, incluindo 29 espécies de ostracodes e 09 espécies de caró-
fitos. Novas sete espécies e três sub-espécies de ostracodes são aqui formalmente descritas. As associações de "Chara" barbosai -
Ilyocypris cf. riograndensis (Formação Adamantina) e de Amblyochara sp. - Neuquenocypris minor mineira nov. subsp. (Formação
Marflia, Membro Ponte Alta) compõem dois grupos distintos que se relacionam, respectivamente, aos intervalos Turoniano-
Santoniano e Maastrichtiano (provavelmente Neomaastrichtiano). Assim, um hiato de mais de 11 Ma separa as duas mencionadas for-
mações.
Da base para o topo, quatro ciclos deposicionais foram reconhecidos ao longo do Grupo Bauru no oeste paulista: ciclos 1 e 2
(Formação Caiuá: fácies fliívio-lacustres e lacustres na região de Presidente Prudente), ciclo 3 (Formação Santo Anastácio e parte infe-
rior da Formação Adamantina: fácies fluviais e lacustres, respectivamente), ciclo 4 (parte superior da Formação Adamantina: fácies
ílúvio-lacustres). Uma discordância erosiva separa as formações Caiuá e Santo Anastácio (entre os ciclos 2 e 3). A Formação Marília,
que não ocorre no oeste paulista, distribui-se em áreas descontínuas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e
Goiás, sendo uma unidade distinta do conjunto subjacente.
Ao longo da história deposicional do Grupo Bauru (?Aptiano-Maastrichtiano) o chma foi quente e árido a semi-árido. Lagos rasos,
com salinidades variáveis (águas doces a salobras) no tempo e no espaço, episodicamente apresentavam expansão (fases mais úmidas)
e contração (períodos de longa estiagem). Na fase de deposição da Formação Adamantina (Turoniano-Santoniano), longos períodos
de seca provocavam a segmentação de lagos maiores em função de irregularidades topográficas no substrato basáltico, ocorrendo, não
raramente, a exposição dos fundos lacustres; sob água, tais pisos eram colonizados por prados de carófitos monotípicos. Lagoas
efémeras, pequenas, com instabilidade hidroquímica e com fundos cobertos por prados de carófitos multi-específicos, foram palco da
deposição de margas e lamitos do Membro Ponte Alta (Maastrichtiano, Neomaastrichtiano?).
Levando-se em conta as datações micropaleontológicas apresentadas, as idades das camadas de cinzas vulcânicas neocretácicas que
ocorrem nas bacias costeiras do sudeste do Brasil, o posicionamento estratigráfico dos analcimitos do centro-norte de Estado de São
Paulo e suas relações com as manifestações magmáticas neocretácicas ocorridas no interior do país, sugere-se, aqui, uma idade
Neoconiaciano-Santoniano para lavas e tufos do centro-norte do Estado de São Paulo, Triângulo Mineiro e sudoeste de Goiás.

Palavras chave
Cretáceo continental. Grupo Bauru, Brasil, Ostracoda, Charophyta, Estratigrafia, Paleoecologia.

^ Universidade Estadual Paulista, UNESP, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Departamento de Geologia
Aplicada, CP. 178, CEP 13506-900, Rio Claro ~ SP, Brasil. E-mail: dimasdb@ms.rc.unesp.br;
jocastro@ms.rc. unesp. br
^ APGSJ/UNPSJB, Ciudad Universitária, Km 4, (9000), Comodoro Rivadavia, Argentina. Pesquisador Visitante na
UNESP apoiado pela Agência Nacional do Petróleo. E-mail: aldo@unpbib.edu.ar
^ Secretaria do Meio Ambiente, Instituto Geológico, Seção de Paleontologia e Estratigrafia, Av. Miguel Stéfano, 3900,
Agua Funda, CEP 04301-901, São Paulo - SP Brasil
Universidade Estadual Paulista, UNESP, R. Benjamin Constant, 116, CEP 19030-010, P Prudente - SP Brasil
^ Centro de Pesquisas da Petrobrás, CENPES, Divisão de Exploração, I . Fundão, Cid. Universitária, CEP 21949-900,
Rio de Janeiro - RJ, Brasil. Universidade Estadual do Rio de Janeiro-UERJ. E-mail: rene@cenpes.petrobras.com.br
* Projeto de Pesquisa apoiado pela FAPESP (1998/1598-5) e pelo Programa de Recursos Humanos da Agência
Nacional do Petróleo (PRH-ANP/MME/MCT). O primeiro autor é bolsista do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (Brasil).
246 D . D I A S - B R I T O et al

Abstract
The Bauru Group: a continental Cretaceous unit i n Brazil - concepts based on micropaleontological, oxygen isotope and
stratigraphical data. - The integration of outcrop and subsurface information, including micropaleontological data, fácies and
sequence stratigraphic studies, and oxygen isotope analysis, allow us to present a new stratigraphic model for the Cretaceous conti-
nental deposits of the Bauru Group, Brazil. Thirty-eight fóssil taxa were recovered from these deposits, including 29 species of ostra-
codes and 9 species of charophytes. Seven of these ostracode species and three subspecies are new and formally described here. The
associations of "Chara" barbosai - Ilyocypris c f riograndensis, found in the Adamantina Formation, and Amblyochara sp. -
Neuquenocypris minor mineira nov. subsp., found in the Marília Formation, Ponte Alta Member, represent two distinct groups that
are respectively Turonian-Santonian and Maastrichtian (probably Late Maastrichtian) in age. Therefore, a hiatus, encompassing more
than 11 Ma, separates those two formations.
From bottom to top, four depositional cycles were recognized in the Bauru Group in western São Paulo: cycles I and 2 belong to
Caiuá Formation (fluvio-lacustrine and lacustrine deposits in the Presidente Prudente region), cycle 3 to the Santo Anastácio and lower
Adamantina Formation (respectively fluvial and lacustrine deposits), and cycle 4 to the upper Adamantina Formation (fluvio-lacus-
trine fácies). An erosional unconformity separates the Caiuá and Santo Anastácio Formations (between cycles 2 and 3). The Marília
Formation is a distinct unit from the underlying succession; it does not occur in western São Paulo, but is found in restricted áreas of
São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul and Goiás States.
During the deposition of the Baum Group (Aptian? to Maastrichtian) the climate was hot and arid-semiarid. Shallow lakes underwent
fluctuations in expansion (wet phases) and contraction (dry phases), as well as variations in salinity. During the deposition of the
Adamantina Formation (Turonian-Santonian) there were long, dry periods that caused segmentation of large lakes (due to topographic
irregularities in the basaltic substrate) and sometimes exposures of the lake floors; when flooded these lake floors were colonized by
extensive meadows of single species of charophytes. Small ephemeral ponds, that were hydrochemically unstable and colonized by
multiple species of charophytes, were the depositional sites for the marls and mudstones of Ponte Alta Member (Maastrichtian, Late
Maastrichtian?).
Our micropaleontological age control, combined with the Late Cretaceous ages of volcanic ashes found in the southeasteam Brazil
coastal basins, and the stratigraphic position of analcimites from the Jaboticabal-SP region, suggest a Late Coniacian-Santonian age
for important magmatic events occurred in the interior of Brazil (north-central São Paulo State, Triângulo Mineiro, and southwestern
Goiás State).

K e y words

Continental Cretaceous, Bauru Group, Brazil, Ostracoda, Charophyta, Stratigraphy, Paleoecology.

Résumé
Le groupe Bauru: une unité du Crétacé continental - conceptions basée sur la micropaléontologie, risotope de Toxygène et
les données stratigraphiques. - Uintégration des données micropaléontologiques, du faciès, des études stratigraphiques séquen-
tielles, et des analyses de Tisotope de Toxygène, permet de présenter une nouvelle carte des sédiments rougeâtres et continentaux du
Crétacé du groupe Baum au Brésil.
38 taxons ont été identifiés, comprenant 29 espèces d'Ostracodes et 9 de Charophytes. De nouvelles espèces d'Ostracodes (sept) et
de sous-espèces (trois) y sont décrites complètement. Les associations de "Chara" barbosai - Ilyocypris c f riograndensis (Formation
Adamantina) et de Amblyochara sp. - Neuquenocypris minor mineira nov. subsp. (Formation MaríKa; Membre Ponte Alta) représen-
tent deux groupes distincts qui sont respectivement assignés aux intervalles du Turonien-Santonien et du Maestrichtien (probablement
Maestrichtien supérieur). Pourtant une lacune de 11 Ma separe ces deux formations.
Quatre cycles de dépôt ont été reconnus, de bas en haut, dans le groupe Bauru; les cycles 1 et 2 appartiennent à la Formation Caiuá
(des dépôts fluvio-lacustres et lacustres dans la région de Presidente Prudente), le cycle 3 appartient aux formations Santo Anastácio
et Adamantina (la partie inférieure) (respectivement des dépôts fluviaux et lacustres), et le cycle 4 appartient à la partie supérieure de
la Formation Adamantina (un faciès fluvio-lacustre). Des discordances dues à Térosion séparent aussi bien les formations de Caiuá et
de Santo Anastácio que celles de Adamantina et de Marília.
Pendant Thistoire du dépôt des sédiments du groupe Bauru (?Aptien-Maestrichtien), le climat était chaud et aride-semi aride. Des lacs
peu profonds, d'une salinité variable (non salé à saumâtre) selon Tendroit et Tépoque avaient des phases d'expansion (période
humides) et de diminution (phases sèches). Durant les dépôts de la Formation ^Adamantina (Turonien-Santonien), i l y eut des périodes
longues et sèches qui causèrent le découpage du plus grand lac (à cause des irrégularités topographiques dans le substratum basal-
tique) et parfois des expositions du fond du lac; sous Teau, ces fonds ont forme des prairies de charophytes monotypiques. Petits,
saumâtres et instables hydrochimiquement, ces étangs éphémères étaient des sites de dépôt pour les mames et Targile du Membre
Ponte Alta (Maestrichtien, Maestrichtien supérieur?).
En prenant en compte la datation paléontologique, la position stratigraphique des analcimites du centre nord de Tétat de S. Paulo et
de Tâge des cendres volcaniques des bassins de la cote sud-est du Brésil, i l est possible de placer dans le Coniacien supérieur-
Santonien les manifestations magmatiques qui eurent lieu dans Tintérieur du pays: le centre nord de Tétat de S. Paulo, Triangulo
Mineiro dans Fouest de Tétat du Minas Gerais, et dans le sud-ouest de Tétat de Goiás.
Mots clés
Crétacé continental, Groupe Baum, Brésil, Ostracodes, Charophytes, Stratigraphic, Paleoécologie.
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 247

1. I N T R O D U Ç Ã O d e p r e s s ã o superficial cuja origem está associada à carga


dos derrames v u l c â n i c o s e o c r e t á c i c o s da F o r m a ç ã o Serra
U m dos mais importantes elementos da geologia brasi- Geral, iiltimo e p i s ó d i o significativo de s u b s i d ê n c i a da
leira, tanto pelo significado e c o n ó m i c o quanto científico, Bacia do P a r a n á ( M I L A N I et al., 1994). Representa u m
são os seus d e p ó s i t o s lacustres c r e t á c i c o s . D i s t r i b u í d o s pacote sedimentar continental avermelhado que, quase
por amplas áreas geográficas, tanto em sub-superfície sempre, s u p e r p õ e - s e em d i s c o r d â n c i a aos basaltos neo-
quanto em superfície, s ã o c o n s t i t u í d o s por rochas domi- comianos. Trata-se de um conjunto dominado por areni-
nantemente siliciclásticas (embora havendo alguns pou- tos, siltitos, argilitos/folhelhos, exibindo c a l c r e t i z a ç ã o
cos e importantes registros c a l c á r i o s ) . Os d e p ó s i t o s de em certos níveis, que se acumularam em contextos
idade e o c r e t á c i c a (Berriasiano-Aptiano), encontrados ambientais que variaram de eólicos, aluviais, fluviais a
sobretudo nas bacias costeiras, representam a c u m u l a ç õ e s lacustres. E m boa dose, as v a r i a ç õ e s faciológicas foram
associadas ao processo de rifteamento que marcou a fase controladas por flutuações no grau de umidade climática,
inicial de s e p a r a ç ã o dos continentes sul-americano e afri- em u m c e n á r i o marcado por elevadas temperaturas e por
cano. Os de idade m e s o - n e o c r e t á c i c a , essencialmente localizadas m a n i f e s t a ç õ e s alcalinas. A n á l i s e s de dados
distribuídos pelo interior do país, vincularam-se, de uma de sub-superfície t ê m permitido o reconhecimento da
maneira geral, a processos de s e d i m e n t a ç ã o em lagos p r e s e n ç a de ciclos deposicionais regressivo-transgressi-
rasos situados no interior de bacias intra-cratônicas. vos no pacote Bauru (e. g., C A S T R O et al., 1999).
D o ponto de vista m i c r o p a l e o n t o l ó g i c o , os ostracodes
•)
dos d e p ó s i t o s lacustres e o c r e t á c i c o s brasileiros passaram
a receber especial a t e n ç ã o a partir dos anos 60 do liltimo 2. 1. A paleontologia e a idade do G r u p o B a u r u -
século. Tal fato ligou-se diretamente ao incremento da breve h i s t ó r i c o
e x p l o r a ç ã o petrolífera no Brasil e à grande aplicabilida-
de destes m i c r o f ó s s e i s para a c o r r e l a ç ã o e d a t a ç ã o das O Grupo Bauru tem um notável conteiído fossilífero, que
rochas lacustres. Por outro lado, a i n v e s t i g a ç ã o de ostra- inclui vertebrados, invertebrados, restos de plantas e
codes dos d e p ó s i t o s m e s o - n e o c r e t á c i c o s foi amplamente microfósseis. Tal c o n t e ú d o está concentrado nas for-
negligenciada, fato em boa parte conectado ao total m a ç õ e s Adamantina e Marília, às quais se vinculam as
desinteresse das indiístrias petrolíferas por estes estratos. sucessivas estimativas b i o c r o n o l ó g i c a s para o Grupo
Este trabalho apresenta u m primeiro estudo p a n o r â m i c o , Bauru . As f o r m a ç õ e s basais, C a i u á e Santo A n a s t á c i o ,
e ao mesmo tempo detalhado, de u m n o t á v e l conjunto t ê m sido reportadas como unidades muito pobremente
microfossilífero composto por ostracodes e carófitos do fossilíferas e n ã o serão discutidas nesta s e ç ã o .
C r e t á c e o Superior do Brasil. Enfoca, especificamente, o Historicamente, as tentativas de d a t a ç ã o p a l e o n t o l ó g i c a
Grupo Bauru, com maior ênfase sendo dada às for- do Grupo Bauru recaíram, essencialmente, no estudo
m a ç õ e s Adamantina e M a r í l i a . A l é m de apresentar uma comparativo de restos de vertebrados c o m similares de
minuciosa i n v e s t i g a ç ã o sistemática, documenta fotomi- outras áreas do mundo. Tais tentativas t ê m imposto,
crograficamente todos os m i c r o f ó s s e i s encontrados e sobretudo na última d é c a d a , uma c o n s i d e r á v e l instabili-
descreve alguns novos taxa. A partir de c o m p a r a ç õ e s dade cronoestratigráfica à unidade rochosa (como abaixo
com faunas cretácicas da faixa andina (incluindo a discutido). A primeira d a t a ç ã o p a l e o n t o l ó g i c a para
P a t a g ô n i a ) , África, E u r á s i a e do p r ó p r i o território brasi- rochas Bauru foi feita por P A C H E C O (1913), que as
leiro, discute seus significados estratigráfico e paleobio- considerou como da passagem J u r á s s i c o - C r e t á c e o . V O N
geográfico. Aborda, em u m contexto multidisciplinar H U E N E (1927; 1933 in P R I C E , 1950), sugeriu idades
que envolve análise de fácies, dados isotópicos e infor- neo-senoniana e e o c r e t á c i c a (ou mesmo j u r á s s i c a ) para
m a ç õ e s p a l e o e c o l ó g i c a s , as c o n d i ç õ e s de d e p o s i ç ã o das sedimentos de diferentes áreas da bacia. Mais tarde, tal
referidas f o r m a ç õ e s . Finalmente, apresenta uma nova autor escreveu: "Os titanossauros do arenito Bauru s ã o
proposta de quadro cronoestratigráfico para o Grupo os mesmos que dos arenitos da f o r m a ç ã o - d i n o s á u r i a
Bauru, combinando dados de sub-superfície e de super- senoniana da P a t a g ô n i a , por conseguinte, êles devem ter
fície. no Brasil a mesma idade" ( V O N H U E N E , 1939). Tal
a s s u n ç ã o tornou-se referência b i o c r o n o l ó g i c a unanime-
mente empregada para o Grupo Bauru a t é o final dos
2. O G R U P O B A U R U anos oitenta (e ainda usada em trabalhos do final do
s é c u l o , e. g., F E R N A N D E S & C O I M B R A , 1996).
O Grupo Bauru, sensu S O A R E S et al. (1980), é com-
posto, da base para o topo, pelas f o r m a ç õ e s C a i u á , Santo
A n a s t á c i o , Adamantina e M a r í l i a . C o m uma espessura 2. 2. F o r m a ç ã o A d a m a n t i n a
em tomo de 300 metros, distribui-se por uma ampla área
do interior do Brasil, abrangendo mais de 350 000 km^ Ocorre em contato gradacional e interdigitada com a
(Fig. 1). Seus sedimentos acumularam-se numa sotoposta F o r m a ç ã o Santo A n a s t á c i o , às vezes sobrepon-
248 D . D I A S - B R I T O et al.

Fig. 1 : Distribuição em superfície do Grupo Bauru (área aproximada de 350.000 Km^). Mod. de FERNANDES & COIMBRA (1996).
Fig. 1: Surface distribution of the Bauru Group (total area of more than 350.000 km2) Mod. from FERNANDES & COIMBRA
(1996).

54'
-5S1.
LOCAIUACKO
m* é v »• «'

A - E : setores investigados

Caiuá "S-"
O 50 lOOkm
f -2 3 4 5 6 7

do-se diretamente aos basaltos Serra Geral, em contato camadas m a c i ç a s ou em aleitamentos plano-paralelos
discordante erosivo. A F o r m a ç ã o Adamantina representa incipientes, mostrando, com freqiiência, níveis com mar-
um pacote rochoso largamente oxidado. E, entre todas as cas de onda, l a m i n a ç ã o cruzada e gretas de ressecamen-
unidades do grupo, a mais extensamente distribuída e to. C i m e n t a ç ã o calcífera ou discretos níveis calcretiza-
que c o n t é m as mais expressivas e x p o s i ç õ e s lacustres da dos ocorrem localmente. Os pacotes mais espessos da
d e p r e s s ã o Bauru. Apresenta c o n s i d e r á v e i s v a r i a ç õ e s f o r m a ç ã o encontram-se na faixa mais ocidental do
faciológicas {e.g., fácies A r a ç a t u b a , mais pelítica) e Estado de S ã o Paulo, onde atingem valores da ordem de
expressa u m conjunto quase sempre avermelhado de are- 150m; em direção à borda nordeste da bacia h á um adel-
nitos feldspáticos finos a muito finos, com intercalações g a ç a m e n t o generalizado da unidade (SOARES et ai,
de siltitos argilosos e argilitos/folhelhos cinzentos ou 1980; SOARES, 1981). Localmente, lavas alcalinas
esverdeados. Os arenitos, que são dominantes, expres- analcimíticas ocorrem entremeadas na parte superior da
sam-se como bancos m é t r i c o s , m a c i ç o s ou estruturados, F o r m a ç ã o Adamantina ( C O U T I N H O et ai, 1982). Os
com estratificações cruzadas de porte variado e plano- sedimentos da f o r m a ç ã o acumularam-se em ambientes
paralelas horizontais. As fácies pelíticas d i s p õ e m - s e em fluviais, lacustres rasos e aluviais. O clima teria sido
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 249

quente com p e r í o d o s de semi-aridez ou secas prolonga- do Grupo Bauru resultavam de coletas acidentais e sem
das (e.g., S U G U I O & B A R C E L O S , 1983; E T C H E - controle estratigráfico, dificultando assim sua utilização
B E H E R E et ai, 1990), ou quente e ú m i d o (e.g., para a crono-bioestratigrafia. A inexistência de um con-
SOARES etal., 1980). trole bioestratigráfico das áreas de ocorrência dos fós-
O conteiído fóssil dos sedimentos Adamantina é princi- seis da Bacia Bauru torna assim bastante duvidoso o
palmente representado por vertebrados (entre outros, res- intervalo temporal de sedimentação nesta bacia."
tos de crocodilomorfos, dinossauros, q u e l ô n i o s , anuros, A i n v e s t i g a ç ã o m i c r o p a l e o n t o l ó g i c a dos estratos da
peixes, ofídios, e t c ) , vegetais (Charophyta), moluscos F o r m a ç ã o Adamantina tem sido pouco expressiva. A t é
(bivalves e g a s t r ó p o d e s ) , c o n c h o s t r á c e o s e ostracodes. meados dos anos 90 do século X X , ficou resumida à des-
Tal conteíido tem merecido a a t e n ç ã o de vários pesquisa- c r i ç ã o de uma e s p é c i e de Charophyta (PETRI, 1955;
dores desde a primeira d é c a d a do século X X . Todavia, o vide t a m b é m B A R B O S A , 1955) e a notícias acerca da
estabelecimento de uma idade mais precisa para a o c o r r ê n c i a de ostracodes n ã o identificados ( M E Z Z A -
F o r m a ç ã o Adamantina (e t a m b é m para a F o r m a ç ã o L I R A , 1959; 1966, M E Z Z A L I R A , 1989; S U A R E Z ,
M a r í l i a ) tem sido dificultado pelas características intrín- 1973) ou apenas incompletamente classificados
secas de suas a s s o c i a ç õ e s fossilíferas, parte de um regis- [llCandona sp. - B A R B O S A (1955); Candona ? e/ou
tro continental amplamente oxidado e isolado de qual- Cyprisl - MEZZALIRA (1974); Cypridinae,
quer influência marinha. Este fato, somado a outros I l y o c y p r i d i n a e (Ilyocipris), Candoninae, Eucypris e
(como a falta de controle estratigráfico sobre os níveis Eucandona - C U N H A & M A C E D O (1986)]. Alegando
contendo m a c r o f ó s s e i s , freqiientemente a l ó c t o n e s ) , tem dificuldades de identificação impostas por processos dia-
imposto barreiras à fixação de uma acurada determi- g e n é t i c o s , M A C E D O (1987) sugere a p r e s e n ç a de g é n e -
n a ç ã o b i o c r o n o l ó g i c a para estas rochas no contexto dos ros que lembram Ilyocipris, Eucypris e Eucandona no
andares internacionais. extremo oeste paulista.
Na última d é c a d a , estudos com base em vertebrados e A partir da segunda metade da d é c a d a de 90 o processo
especificamente em r e l a ç ã o a estratos da F o r m a ç ã o de interesse investigativo pelos m i c r o f ó s s e i s da
Adamantina, apontaram as seguintes idades: Senoniano F o r m a ç ã o A d a m a n t i n a f o i aquecido. S U A R E Z &
( B A R C E L O S & B E R T I N I , 1990); ?Cenomaniano- C A M P O S (1995) chamam a a t e n ç ã o para a numerosa
Campaniano ( B E R T I N I et ai, 1993); A l b i a n o / p r e s e n ç a de ostracodes na F o r m a ç ã o Adamantina na
Coniaciano ( B E R T I N I et al., 1997); Coniaciano ? r e g i ã o de Presidente Prudente, incluindo, entre outras
(CARVALHO & BERTINI, 1999); Santoniano- formas, membros das f a m í l i a s Eucandonidae e
Campaniano/Maastrichtiano ( B E R T I N I & C A R V A L H O , Cyprididae, a l é m de carófitas. D I A S - B R I T O et al.
1999); Campaniano, eventualmente eomaastrichtiano (1998) publicam os resultados preliminares do estudo
( B E R T I N I et al., 1999). Mais recentemente B E R T I N I et ora apresentado, revelando, e n t ã o , uma fauna constituída
al. (2000), fazendo uma breve síntese sobre a biocrono- por 22 e s p é c i e s de ostracodes podocopidos e 02 espécies
logia do Grupo B a u r u , apontam uma idade Cam- de carófitos. Tais autores posicionaram os estratos
paniano/Maastrichtiano para a F o r m a ç ã o Adamantina, Adamantina (incluindo suas partes inferior e superior,
explicitando que esta unidade n ã o poderia ser mais anti- vide C A S T R O et al, 1999) no intervalo Turoniano-
ga que o Campaniano. Respostas ao p o r q u ê de tais flu- Santoniano. Indicaram, ainda, com base em dados isotó-
tuações b i o c r o n o l ó g i c a s (que t a m b é m t ê m afetado a picos preliminares obtidos a partir de c a r a p a ç a s de ostra-
F o r m a ç ã o Marília) podem estar nos seguintes textos da codes, que as á g u a s lacustres rasas que contiveram os
nota de B E R T I N I (1995, p. 78): "The vertebrates ofthe c r u s t á c e o s teriam sido doces, num contexto de clima
El Molino Formation (Bolivia), Vilquechico Group quente e relativamente mais ameno que aquele dominante
(Peru), Los Alamitos Formation (Argentina), and em tempos albo-cenomanianos. G O B B O - R O D R I G U E S
Guichon arui Ascendo formations (Uruguay) are, paleo- e parceiros t a m b é m ofereceram resultados de sua pes-
biologically speaking, the closest to those of the Bauru quisa em torno dos ostracodes da F o r m a ç ã o Adamantina.
Group." Eis as idades das referidas unidades sul-ameri- C o m base em um mesmo conjunto de dados, formado
canas, fornecidas na mesma nota de B E R T I N I : por quatro e s p é c i e s de ostracodes, tais autores sugeriram:
F o r m a ç ã o E l M o l i n o , Neocampaniano a Neo- a. uma idade Campaniano-Eomaastrichtiano para a
maastrichtiano; Grupo V i l q u e c h i c o , Coniaciano a s e q u ê n c i a inferior da f o r m a ç ã o ( G O B B O - R O D R I G U E S
Eomaastrichtiano; F o r m a ç ã o Los A l a m i t o s , Ceno- et al., 1998); b. uma idade Campaniano-Eomaas-
maniano? a Eomaastrichtiano; f o r m a ç õ e s Guichon e trichtiano para o nível estratigráfico que c o n t é m duas
Ascencio, Coniaciano ? a Eomaastrichtiano. Ainda, espécies identificadas de Ilyocypris (GOBBO
prossegue aquele autor: "...the endemic character of ali R O D R I G U E S et al., 1999 a, c ) ; c. uma idade
aspects ofthe Bauru Group biota, and the occurrence of Campaniano-Eomaastrichtiano para a formação
possible geographic barriers (elevated blocks), may be ( G O B B O - R O D R I G U E S et ai, 1999b). D a í , deduz-se
problems in developing ... correlations". Finalmente vale que tais autores e s t ã o apontando uma idade
lembrar trechos do artigo de C A R V A L H O & B E R T I N I Campaniano-Eomaastrichtiano para a F o r m a ç ã o
(1999, p. 85): "PRICE (1950) já indicava que os fósseis Adamantina.
250 D . D I A S - B R I T O et al.

2. 3 . F o r m a ç ã o M a r í l i a nas seguintes localidades ( L ) : L 2 - W de A . Machado


(Sito Mitsobushi); L 3 - S W de P. Prudente, antiga estra-
Esta f o r m a ç ã o s o b r e p õ e - s e à F o r m a ç ã o Adamantina ou da para Pirapozinho, sob o p o n t i l h ã o Julio Budiski
assenta-se diretamente sobre basaltos da F o r m a ç ã o Serra ( U T M : 455,65x7549,0); L 5 - S W P Prudente, ao sul da
Geral, s i t u a ç ã o em que o contato é discordante erosivo, Fz. Pagador ( U T M 451,6x7544,4); L 6 - S W de R
marcado por conglomerados basais. A F o r m a ç ã o M a r í l i a Prudente ( U T M 455x7549,4); L 7 - Estrada de Ferro
é representada por bancos m é t r i c o s de arenitos grossos a F E P A S A , ramal de Dourados k m 734 ( U T M :
c o n g l o m e r á t i c o s , e s b r a n q u i ç a d o s , com g r ã o s angulosos a 456,5x7544,4); L 8 - Estrada de Ferro k m 735; L 8 A - N E
sub-angulosos, seixos sub-arredondados de quartzo ou Pirapozinho (sub-est. C a i u á ) ; L I O - Cel. Goulart, na
de c o n c r e ç õ e s calcárias, estratificação incipiente plano- rodovia de A . Machado para Cel. Goulart, p r ó x i m o à
paralela o u cruzada, interacamadados com bancos de Fazenda Boa Vista ( U T M : 444,9x7545,7); L I 1 - S de A .
arenitos grossos m a c i ç o s com abundantes n ó d u l o s e con- Machado, antiga estrada de P. Prudente para A . Machado
c r e ç õ e s calcárias, raramente ocorrendo i n t e r c a l a ç õ e s de ( U T M : 455,1x7556,8); L 2 0 - S de Sto. A n a s t á c i o , um
lentes de lamitos e finas camadas de c a l c á r i o ; na parte pouco antes do acesso a Santo A n a s t á c i o (Rod. SP. 270);
superior há aumento da fração cascalho: à f o r m a ç ã o tem L 2 2 - S de Piquerobi, saindo da SP 270 (1.3km) para
espessura m á x i m a de 200m ( S O A R E S , 1981). A s fácies Piquerobi; L 2 6 - Ibirá, nas i m e d i a ç õ e s do Bairro Vila
a r e n o - r u d á c e a s da f o r m a ç ã o , com níveis de calcretes, Ventura ( U T M : 683,2x7679,3); L 3 3 A - a 2 0 k m S W de
caracterizam d e p ó s i t o s de leques aluviais e canais anas- M a r í l i a ; L 3 5 - Pedreira Partezan, na B R 50, k m 50, entre
tomosados sob clima árido a s e m i - á r i d o ( S U G U I O , Uberaba e U b e r l â n d i a ; L 3 6 - Pedreira T r i â n g u l o na B R
1973; S U G U I O et al. 1975; S U G U I O & B A R C E L O S , 50, k m 50, entre Uberaba e U b e r l â n d i a ; L 4 0 - F l ó r i d a
1983; F E R N A N D E S & C O I M B R A , 1996). O clima teria Paulista, em alguns pontos na periferia da cidade; L 4 1 -
sido quente e, nas fases de d e p o s i ç ã o dos calcretes, semi- Pacaembu (dentro da própria cidade).
á r i d o / á r i d o ( S U G U I O & B A R C E L O S , 1983; S I L V A et
ai, 1994).
Seu rico c o n t e ú d o fossilífero inclui, sobretudo, restos de 3 . 1 . F o r m a ç ã o Adamantina: setores A , B , C , D (Figs.
crocodilomorfos, dinossauros, q u e l ô n i o s , anuros, lacertí- 1 e2)
lios, peixes, g a s t r ó p o d e s / m i c r o g a s t r ó p o d e s , bivalves,
ostracodes, carófitos, tubos de vermes e estruturas repro- Os setores A (Marília, L 3 3 A ) e C ( P a c a e m b u - F l ó r i d a
dutivas de macrófitas a q u á t i c a s ( M E Z Z A L I R A , 1989; Paulista, L 4 0 e 41) n ã o t ê m aqui seus afloramentos des-
C A M P A N H A et ai, 1992, 1993; G A R R I D O et ai, critos. A s localidades 40 e 41 s ã o similares, do ponto de
1992; B E R T I N I , 1994, 2000; S E N R A & S I L V A E vista de fácies e microfósseis, às localidades do Setor B .
S I L V A , 1999; S E N R A et ai, 2000). A idade sugerida
para a F o r m a ç ã o M a r í l i a pelos estudiosos de vertebrados 3.1.1. Setor B , região de Presidente Prudente (Fig. 3)
também tem variado [e.g., pré-Campaniano?- Para esta r e g i ã o , estratégica para a c o m p r e e n s ã o do
Maastrichtiano ( P O W E L L , 1987); Campaniano e/ou Grupo Bauru, d i s p õ e - s e de sondagens que cortam a uni-
Maastrichtiano ( B E R T I N I et ai, 1993); Maastrichtiano dade (perfurações para água feitas pela SABESP). Dados
( B E R T I N I e/ a/., 2000)]. de sub-superfície de 20 p o ç o s (perfis grafo-elétricos raio
Quanto à micropaleontologia, n ã o foi feita nenhuma gama, i n d u ç ã o e sônico) foram analisados e comparados
i n t e r p r e t a ç ã o quanto à idade da f o r m a ç ã o . Os ostracodes aos dados de superfície. Verifica-se que a coluna estrati-
e carófitos do T r i â n g u l o M i n e i r o , noticiados pela primei- gráfica a l c a n ç a 300m de espessura na área, sendo com-
ra vez por C A M P A N H A et ai (1992, 1993), foram posta pelas f o r m a ç õ e s C a i u á , Santo A n a s t á c i o e
reportados por aqueles autores como mal preservados e Adamantina; a unidade superior do Grupo, F o r m a ç ã o
de identificação p r o b l e m á t i c a . Marília, tem sua área de o c o r r ê n c i a situada mais a leste.
U m perfil típico da s u c e s s ã o litológica na área é apre-
sentado pelo p o ç o RF15, m u n i c í p i o de Regente Feijó
3. Á R E A S I N V E S T I G A D A S N E S T E T R A B A L H O (Fig. 4). Neste setor, o Grupo Bauru é representado por
quatro grandes ciclos ( C A S T R O et ai, 1999) ; cada u m
As áreas cobertas por este trabalho correspondem a áreas apresenta uma argilosidade crescente para cima, com sis-
do Estado de S ã o Paulo e pontos do T r i â n g u l o M i n e i r o temas fluviais e flúvio-lacustres evoluindo transgressiva-
(Estado de Minas Gerais) na r e g i ã o de Uberaba (Fig. 1). mente para sistemas lacustres. U m a vez que o ciclo basal
Incluem, sobretudo, rochas das f o r m a ç õ e s Adamantina e não está representado no RE 15, o segmento do p o ç o
Marília. V á r i o s p o ç o s e vários afloramentos de áreas A M 11 ( Á l v a r e s Machado), referente ao ciclo 1, f o i
consideradas estratégicas para a c o m p r e e n s ã o da estrati- incorporado para a c o n f e c ç ã o do perfil da Figura 4.
grafia do Grupo Bauru foram analisados. Abaixo são Os quatro ciclos de C A S T R O et ai (1999) foram corre-
abordados os setores cujos sedimentos se mostraram lacionados às formações C a i u á (ciclos 1 e 2), Santo
microfossilíferos, apresentando ostracodes e carófitos A n a s t á c i o (parte inferior do ciclo 3) e Adamantina (parte
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 251

Fig. 2 : Bacia do Paraná no Estado de São Paulo. Quadros indicam os setores (A-D) investigados.
Fig. 2: Paraná Basin in São Paulo State and the investigated sectors (A-D).

51 w SOVJ 49 w 48 W

Coberturas cenozóicas

Grupo Sao Bento

^ 3 Formação Seira Geral (K)

Formação Botucatu e Pirambóia (T-J)

Gaipo Passa-Dois (P)

22 S 45 W

^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^
M ^ ^ i ^ ^ -23S

Localidade microfossilífera
Cidades

Fonte: IPT, 1981 (modificado) 48" W

superior do ciclo 3 e ciclo 4), tomando-se como referên- 3.1.1.1 Sistemas Deposicionais
cia a proposta original de P A U L A E S I L V A et al. (1994). Sistemas fluviais e flúvio-lacustres: fácies atribuídas a
Os ciclos assemelham-se às seqilências deposicionais de sistemas fluviais s ã o observadas na p o r ç ã o superior da
V A N W A G O N E R et al. (1988), provavelmente refletin- F o r m a ç ã o Santo A n a s t á c i o e na p o r ç ã o superior da
do um curso completo de descida e subida do nível lacus- F o r m a ç ã o Adamantina. N o primeiro caso referem-se a
tre. Isto é particularmente sugerido pelos três ciclos infe- arenitos grossos a finos com estratificação cruzada e
riores, inclusive c o m a identificação de superfícies de l a m i n a ç ã o paralela e a níveis ricos em rizolitos ( L 9 e
i n u n d a ç ã o m á x i m a (maximum flooding surfaces) próxi- L 2 3 ) . N a F o r m a ç ã o Adamantina, nota-se, da base para o
mo ao topo dos ciclos (Fig. 4 ) . O ciclo 4 n ã o apresenta topo, o afinamento característico dos arenitos grossos
as rochas do sistema lacustre em sua parte superior; pro- com estratificação cruzada que gradam para arenitos
vavelmente foram erodidas. finos/muito finos com l a m i n a ç ã o cruzada clino-ascen-
Os dados de sub-superfície foram calibrados com as dente, passando a silfitos m a c i ç o s . Sotopostos aos d e p ó -
seções aflorantes da área, correspondentes ao topo da sitos fluviais podem ocorrer arenitos finos, com lami-
F o r m a ç ã o Santo A n a s t á c i o e à F o r m a ç ã o Adamantina. n a ç ã o paralela horizontal ou de baixa i n c l i n a ç ã o , ricos
Foram caracterizados sistemas fluviais e fliivio-lacustres em intraclastos argilosos, bioclastos de vertebrados e, às
correspondentes, respectivamente, à parte inferior do vezes, ostracodes e carófitos ( L 2 , L 1 8 e L 1 9 ) .
ciclo 3 (Santo A n a s t á c i o ) e à parte inferior do ciclo 4
(Adamantina superior); sistemas lacustres dominam na Sistemas lacustres: siltitos e folhelhos marron-averme-
parte superior do ciclo 3 (Adamantina inferior). Ihados constituem a principal litofácies do sistema lacus-
tre raso correspondente à parte inferior da F o r m a ç ã o
252 D . D I A S - B R I T O et al

Fig. 3 : Localização de afloramentos estudados e dos poços-chave do Setor B.


Fig. 3 : Location of investigated outcrops and key wells for Sector B.

Cidade (g Localidade microfossílifera A Poço Outras localidades


O
City microfossiliferous locality Well Other localities

l?v7
ICAIUÁ P R E S . V E N C E S L A U SANTO EXPEDITO 0AMELIÔPOLIS

O 14
•"•PIQUEROBI
122

STO. ANASTÁCIO

Í22V30 20

COSTA MACHADO
O

MIRANTE DO
PARANAPANEMA

10

Adamantina. Outras seis fácies foram identificadas, dando a folhelho, contendo l a m i n a ç ã o ondulada truncan-
sendo duas de contexto de frente deltaica e quatro rela- te {microhummocky), L 8 e L I O ; (c) ritmito ( d e c i m é t r i c o )
cionadas a retrabalhamento por ondas e organismos: I . de arenito muito fino gradando a folhelho, contendo
fácies de frente deltaica - (a) ritmito areno-argiloso em l a m i n a ç ã o cruzada por ondas e b i o t u r b a ç ã o vertical nos
estratos tabulares (espessura 0,1 a l,Om), com aleitamen- termos arenosos e freqiientes gretas de ressecamento no
to gradacional e l a m i n a ç ã o cruzada clino-ascendente topo do ritmito (L14); (d) corpos (espessura 0,3m) de
(ripple drift cross lamination), e, localmente, greta de arenito muito fino a siltito arenoso, calcífero, intercala-
ressecamento no termo síltico-argiloso; a fração arenosa do com siltito, apresentando l a m i n a ç ã o cruzada clino-
pode apresentar b i o t u r b a ç ã o vertical, com tubos de até ascendente ou retrabalhamento por ondas, intraclastos de
0,3m ( L I , L 3 , L 5 , L 6 , L 7 , L 8 , L I 3 e L I 4 ) ; (b) corpos folhelho, b i o t u r b a ç ã o e, localmente, gretas de resseca-
sigmoidais (espessura m é t r i c a ) de arenitos finos a muito mento ( L I , L 2 , L I O e L 2 0 ) .
finos, intercalados com siltitos. Clastos de folhelho ocor-
rem na base erosiva das s i g m ó i d e s e algum retrabalha- 3.1. 2. Setor D - (L26, r e g i ã o de I b i r á , V i l a Ventura)
mento pode ocorrer no topo (níveis calcíferos com bival- O afloramento de Vila Ventura, m u n i c í p i o de Ibirá (Fig.
ves); as L 3 , L 4 , L 5 e L13 amostraram esta fácies; 2. 2), está exposto em uma ravina que corta uma colina
fácies de retrabalhamento - destacam-se: (a) siltito par- suave: são cerca de 40m de d e p ó s i t o s da p o r ç ã o superior
dacento com abundante b i o t u r b a ç ã o vertical, associado a da F o r m a ç ã o Adamantina, contendo, pelo menos, três
corpos lenticulares (espessura d e c i m é t r i c a ) de arenito ciclos fluviais e raros níveis de retrabalhamento lacustre.
fino, bem selecionado, com l a m i n a ç ã o paralela e cruza- Os d e p ó s i t o s fluviais apresentam uma base erosiva e a
da por ondas, calcífero, fossilífero (ostracodes, fragmen- seguinte s u c e s s ã o faciológica, da base para o topo: are-
tos de vertebrados). Ocorre nas localidades 7, 8 e 10; (b) nito conglomerático com abundantes seixos arredonda-
ritmito delgado (centimétrico) de arenito muito fino gra- dos de folhelho e de arenito, portando estratificação cru-
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 253

Fig. 4 : Perfis Raio-Gama e Elétrico dos Poços RF15 e A M 1 3.2. F o r m a ç ã o Marflia no T r i â n g u l o Mineiro: Setor E
e identificação de ciclos, ambientes e formações. (Fig. 5)
(Localização dos poços na Fig. 3).
Fig. 4 : Gamma ray and electric profiles of the wells RF 15
N o T r i â n g u l o M i n e i r o , a F o r m a ç ã o M a r í l i a está assenta-
and A M 1, with Identification of cycles, environments
da sobre as f o r m a ç õ e s Uberaba e Adamantina. Nesta
and formations. (Location of wells in Fig. 3).
r e g i ã o , de acordo com F U L F A R O & B A R C E L O S
(1991), a F o r m a ç ã o Marília está representada por três
• Intervalo de máxima expansio lacustre,
a: profundidade em metros.
membros c o m elevado grau de i n t e r d i g i t a ç ã o : a)
M e m b r o E c h a p o r ã (de S U G U I O & B A R C E L O S , 1983)
- o Marflia típico - que t a m b é m ocorre em áreas dos
estados de S ã o Paulo, G o i á s e M a t o Grosso; b) M e m b r o
Ponte A l t a (de S U G U I O & B A R C E L O S , 1983); e c)
M e m b r o Serra da Galga (de B A R C E L O S & S U G U I O ,
1987). Estes líltimos autores apontam que as duas i l l t i -
mas unidades, circunscritas à região de Uberaba-MG,
aparecem como pacotes super-impostos, estando o
Ponte A l t a sob o Serra da Galga; tal par f o i , e n t ã o , tido
c o m o parcialmente cronocorrelato ao Membro
E c h a p o r ã . Aportando novas i n f o r m a ç õ e s , F U L F A R O &
B A R C E L O S (1991) ressaltam uma efetiva interdigi-
t a ç ã o lateral entre os membros Ponte A l t a e Serra da
Galga, mas destacam uma c o n s p í c u a cobertura de sedi-
mentos Serra da Galga por sobre o M e m b r o Ponte A l t a ;
o par litológico é, ademais, apresentado como em boa
parte cronocorrelato ao Membro E c h a p o r ã (vide p. 65
daquele trabalho). Mais recentemente, F E R N A N D E S &
C O I M B R A (1999) t a m b é m destacaram o aspecto inter-
digitado do par, enquanto que A N D R E I S et al. (1999)
consideraram-no como unidade indivisa.

Fig. 5 : Bacia do Paraná no Triângulo Mineiro. (Pedreiras


Triângulo e Partezan: setor E). Mapa de HASUI &
HARALYI(1991).
Fig. 5 : Paraná Basin in the Triângulo Mineiro. (Pedreiras
Triângulo and Partezan quarries: Sector E). Map from
HASUI & H A R A L Y I (1991).

zada acanalada orientada para N W e SW; arenito fino a


m é d i o com estratificação cruzada, passando a arenito
fino, laminado, m i c á c e o , calcífero; ritmito arenito-fo-
Ihelho e arenito muito fino, com l a m i n a ç ã o cruzada
clino-ascendente, yZflíer e marca de carga; e siltito acas-
tanhado e avermelhado. A fácies de retrabalhamento
lacustre consiste de delgadas intercalações de arenito
fino a m é d i o , subarcosiano, com l a m i n a ç ã o paralela
horizontal e inclinada (baixo â n g u l o ) , abundantes clas-
tos argilosos e cimento calcífero. Essas características
litológicas são semelhantemente observadas nas locali-
dades L 2 e L l l da região de Presidente Prudente que
pertencem à p o r ç ã o superior da F o r m a ç ã o Adamantina
(ciclo 4).

EH] G.Bauru (K) \. Uberaba (K) | |(J-K inf)


254 D . D I A S - B R I T O et al.

Pelo fato do M e m b r o Ponte A l t a conter uma importante fácies de folhelhos carbonáticos, brancos esverdeados.
a s s o c i a ç ã o microfossilífera, aqui pela primeira vez des- Tais autores (vide t a m b é m G O L D B E R G & G A R C I A ,
crita, u m pequeno resumo sobre tal unidade é apresenta- 2000) retomaram, implicitamente, as primeiras ideias de
do. Segundo S U G U I O & B A R C E L O S (1983) e que a calcretização foi de caráter p e d o g e n é t i c o , tendo
B A R C E L O S & S U G U I O (1987) a unidade inclui vários atuado ao longo do processo deposicional do M e m b r o
tipos de calcretes que parecem estar associados, lateral e Ponte A l t a .
verticalmente, a calcários acumulados em playa lakes
(ambiente t a m b é m j á anteriormente postulado por 3.2.1 Pedreira Partezan - novas o b s e r v a ç õ e s
B A R B O S A et al, 1970), sob clima s e m i - á r i d o ; medidas U m intervalo de margas e rochas siliciclásticas, cuja
de afloramento e de p o ç o s apontam uma espessura m é d i a espessura a l c a n ç a 20m, recobre o calcário (calcrete) de
de cerca de 8.0m para os d e p ó s i t o s de calcrete tipo hard- lavra na Pedreira Partezan. A p o r ç ã o inferior do interva-
pan (lenticulares), incluindo o calcário lacustre associa- lo é formada por margas m a c i ç a s , que estão contidas em
do. C A M P A N H A et al (1992) referem-se ao M e m b r o estratos ondulados de espessura d e c i m é t r i c a a m é t r i c a ;
Ponte A l t a , na Pedreira Partezan, como sendo constituí- apresentam clastos c a r b o n á t i c o s dispersos ou concentra-
do de arenitos grossos a c o n g l o m e r á t i c o s , calcários dos em níveis c o n g l o m e r á t i c o s (espessura c e n t i m é t r i c a ) ,
a r e n o - c o n g l o m e r á t i c o s , siltitos e lamitos esverdeados. nos quais s ã o observados fragmentos ó s s e o s de vertebra-
E T C H E B E H E R E et al. (1999) interpretam os calcários dos. As margas apresentam uma intercalação de lamito
m a c i ç o s do M e m b r o Ponte A l t a como efeito de uma cal- cinza-esverdeado. Tais rochas s ã o portadoras de ostraco-
c r e t i z a ç ã o freática induzida por fluxos de á g u a subterrâ- des e carófitos. A s e ç ã o siliciclástica sobreposta é forma-
nea (vide t a m b é m S I L V A et al, 1994), tendo como pro- da por conglomerado polimicto, com intensa cimen-
tolito a F o r m a ç ã o Uberaba. A N D R E I S et al (1999) tam- t a ç ã o calcífera no topo, sucedido por arenito fino, bio-
b é m interpretam como calcretes freáticos tais níveis car- turbado, por silex laminado, com vugs horizontais, e por
b o n á t i c o s . G O L D B E R G & G A R C I A (1994), investigan- arenito fino, argiloso, com trama reticular de cimen-
do as v a r i a ç õ e s litológicas do M e m b r o Ponte A l t a a par- t a ç ã o calcífera (calcrete). Este intervalo superior é de o r i -
tir de 4 pedreiras da r e g i ã o de Uberaba, identificaram gem fluvial, representando a c u m u l a ç õ e s sob clima semi-
três fácies: 1) fácies de conglomerados e brechas asso- árido e sujeitas a processos p e d o g e n é t i c o s (Fig. 6).
ciados com calcários impuros; 2) fácies de margas e 3)

Fig. 6 : Perfil vertical observado na Pedreira Partezan, rodovia BR 50-km 50, Uberaba-Uberiândia (L 35).
Fig. 6 : Vertical profile of the Partezan Quarry, BR 50, K m 50, between Uberaba and Uberlândia cities (L 35).

Arenito/siltito róseo,pedogênico.
Silex laminado.

Arenito fino, bioturbado.


Conglomerado polimicto,calcífero no topo. (calcrete).

AA

CO

ooooo CO
Lamito esverdeado.

Marga maciça, lâminas conglomeráticas com


intraclastos calcários e fragmentos de vertebrados.

Calcários (calcrete).
rO

• Carófito CO Vertebrado ^ Pedogênese


I Ostracode A Silex oooooo Níveis conglomeráticos
—• Níveis explorados micropaleontologicamente
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 255

4. S I S T E M Á T I C A ( E . A . M U S A C C H I O ) Material e p r o c e d ê n c i a : Dois girogonites procedentes


de Ibirá, V i l a Ventura (L26). F o r m a ç ã o Adamantina.
O material estudado neste trabalho está depositado na O b s e r v a ç õ e s : Girogonite pequeno, cilindróide, c o m
Universidade Estadual Paulista, campus de R i o Claro, abertura apical muito grande e 8-9 voltas espirais, con-
Instituto de Geociências e Ciências Exatas, tando as incompletas.
Departamento de Geologia Aplicada, L a b o r a t ó r i o de Repositório e dimensões:
A n á l i s e s M i c r o p a l e o n t o l ó g i c a s , M i c r o b i ó t i c a s e de nv LPA LED ISl
Ambientes - L A M B d A (docente r e s p o n s á v e l : Prof. Dr. UNESPÀ-BUl (fig. 7) 8 390 310 126
D i m a s D I A S - B R I T O ) . A c o l e ç ã o é referida como
U N E S P À - B U . A unidade de medida utilizada é o Bioestratígrafia: A s s o c i a ç ã o de Chara? barbosai -
m í c r o n . As seguintes abreviaturas foram utilizadas ao Ilyocypris cf. riograndensis (no intervalo Turoniano-
longo do texto: Santoniano).

a. ostracodes: V E : valva esquerda; V D : valva direita; F a m í l i a Characeae ( R I C H A R D & C . A G A R D H ,


C: comprimento da c a r a p a ç a ; A : altura da c a r a p a ç a ; 1824) emend. M A R T Í N - C L O S A S & S C H U D A C K ,
L : largura da c a r a p a ç a ; S I e S I sulcos antero-dor- 1991
sais; S I : sulco anterior; S2: sulco posterior; T l , T 2 G é n e r o Chara L I N N A E U S , 1753
e T 3 : tubérculos antero-dorsais; T I : anterior; T2:
m é d i o ; T 3 : posterior. E s p é c i e - t i p o : Chara tomentosa L I N N A E U S , 1753
b. carófitos: nv: niimero de voltas espirais que s ã o con-
tadas na vista lateral, incluindo aquelas mal exibidas; "Chara" barbosai P E T R I , 1955
L P A : comprimento do eixo polar; L E D : d i â m e t r o E s t a m p a I , figs. 1-6
equatorial m á x i m o ; I S I : í n d i c e de isopolaridade
( = L P A / L E D X 100); A N D : distância entre o L E D e o 1955. Chara barbosai P E T R I , p. 68-72, fig. 1-3.
ápice; A N I : í n d i c e de anisopolaridade ( = A N D / L P A x 1998. Microchara barbosai (PETRI). - D I A S - B R I T O ,
100); ace: largura das células espirais no equador; p. 9.
pa: largura da abertura apical; pb: largura da abertu-
ra basal. Material e p r o c e d ê n c i a : vários milhares de girogonites
procedentes da F o r m a ç ã o Adamantina, presentes em
Para o ordenamento dos grupos de ostracodes fósseis quase todas as localidades microfossilíferas estudadas
seguiu-se a sistemática proposta por H A R T M A N N & até o presente.
P U R I (1974), com algumas m o d i f i c a ç õ e s introduzidas O b s e r v a ç õ e s : a e s p é c i e "Chara" barbosai caracteriza
por K H A N D (2000). Para o ordenamento dos carófitos uma a s s o c i a ç ã o praticamente m o n o t í p i c a quanto aos
seguiu-se a s i s t e m á t i c a proposta por G R A M B A S T carófitos. O girogonite que caracteriza a e s p é c i e é o v o i -
(1962; 1974) com m o d i f i c a ç õ e s introduzidas por FEIST dal prolado, de tamanho mediano a pequeno, com diâ-
& G R A M B A S T - F E S S A R D (1984), SCHUDACK metro maior situado aproximadamente a meia altura. O
(1993) e M A R T I N - C L O S A S (2000). contorno do girogonite em vista lateral se afila para
A lista dos taxa encontrados no Grupo Bauru é apresen- baixo passando a u m pedicelo geralmente destacado,
tado na Figura 7. mas sem formar uma columela bem definida. O á p i c e ,
por outro lado, é variavelmente truncado; em muitos
casos, se destaca p r ó x i m o ao polo apical, onde forma
4 . 1 . A A s s o c i a ç ã o de "Chara" barbosai - Ilyocypris uma ponta muito obtusa. As células espirais e s t ã o
cf. riograndensis (Turoniano - Santoniano) geralmente mal calcificadas e são contadas aproximada-
mente 10-12 em vista lateral. A variabilidade é muito
D i v i s ã o Charopliyta M I G U L A , 1897 grande, mas sempre é possível encontrar formas de tran-
Classe Charophyceae S M I T H , 1938 sição entre os extremos da variação.
O r d e m Charales L I N D L E Y , 1836 R e l a ç õ e s : Nothochara apiculata M U S A C C H I O , 1973,
Subordem Charinae F E I S T & G R A M B A S T , 1991 procedente da F o r m a ç ã o Portezuelo ( p r é - C a m p a n i a n o ,
Infraordem M o n o p l â c a t a M A R T Í N - C L O S A S & dentro dos chamados "Estratos com dinossauros" de
S C H U D A C K , 1991 N e u q u é n ) , tem um girogonite menos afilado em d i r e ç ã o
F a m í l i a Feistiellaceae S C H U D A C K , 1993 ao pedicelo basal que a presente e as céluas espirais
G é n e r o Feistiella S C H U D A C K , 1986 estão quase sempre bem calcificadas. Microchara olme-
sensis M A S S I E U X [in B I L O T T E & M A S S I E U X ,
Feistiella sp. 1988) do Campaniano francês é muito p r ó x i m a de
E s t a m p a I , fig. 7 Chara barbosai. Esta liltima é uma e s p é c i e t ã o variável
que inclui girogonites c o m p a r á v e i s às formas ilustradas
256 D . D I A S - B R I T O et al.

por M A S S I E U X {op. cit., estampa 2, figs. 8 e 9). E m D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a o v ó i d e - c o r d i f o r m e , fortemente


m é d i a , a e s p é c i e brasileira parece levemente menor, convexa na parte dorsal, suavemente convexa na parte
além de mostrar uma a duas voltas espirais adicionais e ventral e algo acuminado anteriormente, com a espessu-
uma e x p a n s ã o pedicelar mais destacada. Mesochara sp. ra maior na parte m é d i a posterio-ventral. Valvas quase
1 S C H U D A C K , 1993, est. 6, f i g . 20, do Wealden da iguais, u m pouco a s s i m é t r i c a s com r e l a ç ã o ao plano lon-
Alemanha setentrional, é menor e mais prolada. N o gitudinal de contato, com a V E u m pouco deslocada para
material brasileiro, muitos girogonites que s ã o relativa- baixo, mostrando cobrimento ventral da V E sobre a V D ;
mente truncados no á p i c e , lembram a algumas e s p é c i e s por outro lado, na zona dorsal as valvas contactam-se
cretácicas atribuídas a Aclistochara P E C K , 1937. Tal o sem haver s o b r e p o s i ç ã o , ao longo de u m sulco curto ape-
caso de Aclistochara polyspirata ( M Ã D L E R , 1952) em nas sutilmente marcado. A V D pode ser, em alguns e s p é -
M A R T I N - C L O S A S (2000, est. 4, f i g . 3) do C r e t á c e o cimens, mais alta que a V E . Parede delicada, regular,
Inferior da Espanha. Os presentes girogonites brasileiros simples, n ã o ornamentada ou muito fracamente pontuada.
diferenciam-se, entretanto, em vista externa, por ser Contorno sub-ovaldado, algo elipsoidal, continuamente
menos truncados no ápice e por possuir maior tamanho. arredondado, com a altura maior na parte m é d i a e bordo
Apesar de se dispor de u m material abundante para o ventral suavemente convexo. Â n g u l o s cardinais n ã o
estudo de Chara barbosai n ã o f o i possível fazer obser- conspícuos.
v a ç õ e s do interior basal dos girogonites para verificar se E m vista dorsal a c a r a p a ç a é lanceolada, mais inflada até
h á somente uma ou duas placas basais calcificadas. a parte m é d i a - p o s t e r i o r ; regularmente acuminada até
Repositório e dimensões: adiante, continuamente curvada na zona posterior, com
nv LPA L E D ISI AND ANI pb ace uma inflexão muito pouco c o n s p í c u a no contato entre as
UNESPX-BU2 (fig. 1) 11 604 435 139 280 46 25 65 valvas.
UNESP;t-BU3 (fig. 2) 10 525 355 148 250 47 30 55 Relações.- esta e s p é c i e mostra s e m e l h a n ç a s c o m
UNESPÀ-BU4 (fig. 3) 10 545 450 122 265 49 46 70 Metacypris polita da Zona 10 G R E K O F F , 1957 (p. 83,
fig. 38, est. 6, f i g . 100, l O I ) = G R E K O F F , 1960 (p.35,
Crustácea est. 4, f i g . 21-26) na Bacia do Congo ( F o r m a ç ã o L o i a e
Classe Ostracoda L A T R E I L L E , 1806 n í v e i s equivalentes nas sondagens Samba I e Dekese;
Subclasse Podocopa G . W. M U L L E R , 1894 vide G R E K O F F , 1960 tabela I ) . Tais s e m e l h a n ç a s envol-
O r d e m Podocopida S A R S , 1866 vem, principalmente, o tamanho, a forma, o contorno da
Subordem Cytherocopina G R Ú N D E L , 1967 c a r a p a ç a e a c o n s t i t u i ç ã o simples da parede. O presente
Superfamflia Cytheroidea B A I R D , 1850 t á x o n difere u m pouco da e s p é c i e africana por possuir
F a m í l i a Limnocytheridae K L I E , 1938 u m bordo ventral muito suavemente convexo ou plano,
S u b f a m í l i a Limnocytherinae K L I E , 1938 ao i n v é s de c ô n c a v o , e por alcançar a maior altura na
Subfamflia Metacyprididae D A N I E L O P O L , 1965 parte m é d i a . Se bem que ambas as c a r a p a ç a s sejam
G é n e r o Metacypris B R A D Y & R O B E R T S O N , 1870 semelhantes, deve-se admitir que, por serem seus carac-
teres m o r f o l ó g i c o s muito gerais e pouco distintivos, n ã o
Espécie-tipo: Metacypris cordata BRADY & é possível uma clara definição das relações t a x o n ô m i c a s
R O B E R T S O N , 1870. envolvendo as duas (?) formas.

"Metacypris" cf. polita G R E K O F F , 1957 "Metacypris" sp.


E s t a m p a I ; figs. 10-12 E s t a m p a I , figs. 8-9

1998. "Metacypris" polita GREKOFF. - DIAS- 1998. "Metacypris" sp. D I A S - B R I T O et al, p á g . 9.


B R I T O e í a/., p. 9.
cf. 1957. Metacypris polita nov. sp. G R E K O F F ; p. 83, Material e p r o c e d ê n c i a : 15 c a r a p a ç a s procedentes da
fig. 38, est. 6, figs. 100 e 101. F o r m a ç ã o Adamantina em Á l v a r e s Machado ( L 2 ) e
cf. 1960. Metacypris polita nov. sp. G R E K O F F . - Pacaembu (L41).
G R E K O F F ; p. 35, est. 4, figs. 21-26. Repositório e dimensões:
C A L
Material e p r o c e d ê n c i a : 16 c a r a p a ç a s procedentes de U N E S P À - B U 7 (fig.9) 520 385 420
afloramentos da F o r m a ç ã o Adamantina em Á l v a r e s
Machado ( L 2 ) e na Estrada de Ferro (Ramal Dourados, O b s e r v a ç õ e s : esta e s p é c i e possui uma c a r a p a ç a seme-
K m 734 e 735), ao sul de Presidente Prudente. lhante a "Metacypris" cf. polita (ver acima). Entretanto,
Repositório e dimensões: a presente é um pouco mais inflada lateralmente, expli-
C A L citanto, em vista dorsal, um contorno mais sub-elíptico,
UNESPÀ-BU5 (fig.lO) 560 380 410 algo circular, ao invés de lanceolado. Ademais, a super-
U N E S P À - B U 6 ( f i g . 12) 525 365 375 fície externa é pontuada. Estas diferenças possibilitam a
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 257

distinção dos dois taxa separados. Futuros estudos com ventralmente e muito comprimida a t é os bordos anterior
base em materiais mais abundantes e melhor preservados e posterior. E x p a n s ã o m é d i a bem desenvolvida, com
permitiriam verificar se estes dois taxa s ã o , em realida- forma de U muito larga, na qual se insere u m sulco ante-
de, morfotipos ecologicamente diferenciados. ro-dorsal; tal e x p a n s ã o forma uma asa na parte ventral
m é d i a - p o s t e r i o r com fraca i n c l i n a ç ã o para diante.
Nível tipo: F o r m a ç ã o Adamantina. C r e t á c e o Superior,
G é n e r o Paralimnocythere C A R B O N N E L , 1965 no intervalo Turoniano-Santoniano.
R e l a ç õ e s : o g é n e r o Paralimnocythere é bem representa-
E s p é c i e - t i p o : Paralimnocythere bouleigensis CAR- do por e s p é c i e s viventes, tendo, atualmente, sua distri-
B O N N E L , 1965. b u i ç ã o geográfica conhecida para o hemisfério norte e
N o v a Z e l â n d i a ; seu registro fóssil é tido como a partir do
Mioceno ( M A R T E N S , 1992). O g é n e r o f o i definido
Paralimnocythere? hasuii nov. sp.
tendo como base tanto as partes moles do organismo
E s t . I , figs. 13-16
como a c a r a p a ç a . Como no g é n e r o de referência, a pre-
sente e s p é c i e possui uma c a r a p a ç a muito comprimida
1998. Limnocythere sp. D I A S - B R I T O et ai; p. 9.
nas partes anterior e posterior. Ademais, a zona m é d i a
está inflada, mostrando um aspecto sub-alar na zona p r ó -
Origem do nome: E m homenagem ao Prof. Dr. Yociteru
ximo-ventral. A p r e s e r v a ç ã o deficiente do material recu-
Hasui (Universidade Estadual Paulista, U N E S P - Brasil)
perado n ã o permite, a t é o momento, estudar a morfolo-
por sua c o n t r i b u i ç ã o ao estudo t e c t ô n i c o do C r e t á c e o
gia interna das valvas, incluindo a natureza dos poros
continental do Brasil .
normais e os detalhes da o r n a m e n t a ç ã o .
Material e p r o c e d ê n c i a : 15 c a r a p a ç a s procedentes da
F o r m a ç ã o Adamantina. Localidade tipo em Pacaembu
Subfamflia Limnocytherinae? K L I E , 1938
(L41).
G é n e r o Wolburgiopsis M U S A C C H I O , 1978
Repositório e dimensões:
C A L
E s p é c i e tipo: Wolburgia? neocretacea B E R T E L S , 1972.
UNESPÀ -BUS (fig. 15; Parátipo) 480 265
UNESPÀ-BU9 (Parátipo) 560 295
O b s e r v a ç õ e s : O g é n e r o Wolburgiopsis f o i proposto para
UNESPÀ -BUIO (Parátipo) 560 280
u m conjunto de espécies cretácicas n ã o - m a r i n h a s da
U N E S P À - B U l l (figs. 13-14; Holotipo) 650 325 345
P a t a g ô n i a c o m algumas s e m e l h a n ç a s com Wolburgia
A N D E R S O N , 1966, procedente do Wealden inglês, em
Descrição: C a r a p a ç a de tamanho mediano a pequeno,
particular com Wolburgia atherfieldensis ANDERSON,
com paredes delicadas e valvas quase iguais, muito com-
1966. Estas e s p é c i e s da Argentina s ã o de ambiente con-
primida nas zonas anterior e posterior, fortemente expan- tinental e misto, fracamente salobro. A s mesmas estão
dida na parte m é d i a . O r n a m e n t a ç ã o grossa, caracterizada caracterizadas por uma c a r a p a ç a pequena a mediana, o
por u m sulco antero-dorsal, sub-vertical, no meio da que mostra u m aspecto vagamente semelhante a
zona m é d i a expandida. Esta e x p a n s ã o tem forma gros- Limnocythere B R A D Y , 1868. N ã o obstante, a charneira
seira de U e alcança a zona p r ó x i m o - v e n t r a l , onde desta- é forte e tem u m desenho p r ó x i m o ao plano antimeri-
ca-se em forma de asa, c o m p r o e m i n ê n c i a globosa mais donto e uma o r n a m e n t a ç ã o grossa e fina, geralmente des-
que afilada. Esta e x p a n ç ã o alar, limitada à zona m é d i a , é tacada. Como outros limnociteridos, mostra u m destaca-
mais arredondada que filosa e inclina u m pouco para do polimorfismo/polifenismo caracterizado por tubércu-
diante, formando uma inflexão brusca na t e r m i n a ç ã o los ocos, espinhos e e x p a n s ã o alar, em p o p u l a ç õ e s pre-
póstero-mediana. sumivelmente estacionais.
Contorno sub-retangular c o m â n g u l o s cardinais bem O g é n e r o Wolburgiopsis, muito bem representado nas
marcados, embora n ã o muito acuminados, e bordo dorsal a s s o c i a ç õ e s cretácicas de P a t a g ô n i a , está t a m b é m pre-
quase reto, quase paralelo à base da c a r a p a ç a . B o r d o sente no Brasil (este registro na F o r m a ç ã o Adamantina;
anterior continuamente arredondado, mais destacado na ver t a m b é m D I A S - B R I T O , 1998: p á g . 9) e na África
( C O L I N et al, 1996).
zona antero-ventral; bordo posterior continuamente arre-
dondado, mais fortemente na zona m é d i a sub-dorsal.
Bordo ventral c ô n c a v o , modificado na parte m é d i a ante- Wolburgiopsis cf. neocretacea ( B E R T E L S , 1972)
E s t a m p a I I ; figs. 1-3
rior pela e x p a n s ã o sub-alar.
Contorno na vista dorsal lanceolado e lateralmente com-
cf 1972. Wolburgia ? neocretacea B E R T E L S ; p. 181,
primido na zona anterior, sobretudo na caudal. Superfície
est. I , figs. 8 a-b, f i g . text. 2.
externa lisa ou sem detalhes de uma possível ornamen-
cf 1978. Wolburgiopsis neocretacea ( B E R T E L S ) . -
tação fina que n ã o f o i preservada no material estudado.
U L I A N A & M U S A C C H I O ; p. 178, Est. I I ,
Definição: carapaça atribuída tentativamente a figs. 41-44.
Paralimnocythere C A R B O N N E L , 1965, com forma lan- 1998. Wolburgiopsis c f neocretacea (BERTELS).-
ceolada, contorno romboidal em vista dorsal, achatada D I A S - B R I T O etal.,-p. 9.
258 D . D I A S - B R I T O et al.

1 1998. Wolburgiopsis cf. neocretacea (BERTELS).- quino, por mostrar um retículo destacado, ausente em W.
G O B B O - R O D R I G U E S etal, p. 15. sarunata. Recentemente, G O B B O - R O D R I G U E S et al.
? 1999. Wolburgiopsis cf. neocretacea (BERTELS).- (1999a: 147-148), em nota breve, a t r i b u í r a m a
G O B B O - R O D R I G U E S etal, p. 147 - 148. Wolburgiopsis neocretacea ( B E R T E L S , 1972) algumas
c a r a p a ç a s encontradas na F o r m a ç ã o Adamantina, locali-
R e f e r ê n c i a s adicionais: Wolburgia? neocretacea dade de C ó r r e g o do Cedro, p r ó x i m o a Presidente
BERTELS, 1972 = Wolburgiopsis neocretacea Prudente - S P
(BERTELS) em M U S A C C H I O in U L I A N A &
M U S A C C H I O , 1 9 7 8 , p. 127, est. I I , figs. 41-44. Wolburgiopsis cf. vicinalis M U S A C C H I O , 1978
Material e p r o c e d ê n c i a : 8 e s p é c i m e n s procedentes da E s t a m p a I I , fig. 4
F o r m a ç ã o A d a m a n t i n a , Estrada de Ferro, Ramal
Dourados, K m 734 ( L 7 ) , ao sul de Presidente Prudente e cf 1978. Wolburgiopsis vicinalis M U S A C C H I O em
de Á l v a r e s Machado ( L 2 ) . U L I A N A & M U S A C C H I O , 1978, p. 127-
Repositório e dimensões: 128, est. I I , figs. 32-40.
C A L 1998. Wolburgiopsis c f vicinalis M U S A C C H I O . -
U N E S P À - B U 1 2 (figs. 1-2) 370 200 185 D I A S - B R I T O et al., p.9.
? 1998. Wolburgiopsis vicinalis MUSACCHIO em
D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a pequena, bem calcificada, com G O B B O - R O D R I G U E S et al., p. 15.
o r n a m e n t a ç ã o destacada e uma d e p r e s s ã o antero-dorsal ? 1999a. Wolburgiopsis vicinalis M U S A C C H I O em
que mostra dois pequenos sulcos, sub-verticais, como em G O B B O - R O D R I G U E S etal. , p. 147-148.
W. neocretacea. Zona "ocular" destacada, coincidindo
com o â n g u l o cardinal anterior. Valvas sub-retangulares Referências adicionais: Wolburgiopsis vicinalis
quase iguais; a c a r a p a ç a tem um aspecto lanceolado em M U S A C C H I O em U L I A N A & M U S A C C H I O , 1 9 7 8 , p.
vista dorsal, que termina acuminada ou comprimida nos 127-128, est. I I , figs. 32-40.
extremos. Material e p r o c e d ê n c i a : quatro e s p é c i m e n s procedentes
Contorno sub-retangular com â n g u l o s cardinais bem da F o r m a ç ã o Adamantina na localidade de Á l v a r e s
marcados. Bordo dorsal sub-retilíneo e quase paralelo ao Machado ( L 2 ) .
ventral; este ú l t i m o u m pouco c ô n c a v o na parte m é d i a . Repositório e dimensões:
Bordo postero-dorsal truncado, inclinado para atrás e C A L
bordo póstero-ventral continuamente arredondado e pro- U N E S P À - B U 1 3 (fig. 4) 375 220 170
nunciado. O bordo anterior m a n t é m - s e , por outro lado,
continuamente arredondado até o bordo ventral. O b s e r v a ç õ e s : a p r e s e r v a ç ã o defeituosa do material recu-
A o r n a m e n t a ç ã o externa é formada por u m retículo sub- perado apenas permite atribuir este ostracode ao g é n e r o
poligonal e uma crista sub-periférica extra-cardinal. O Wolburgiopsis. No material, a o r n a m e n t a ç ã o fina, se
retículo é relativamente c o n t í n u o e regular; é formado existiu, n ã o ficou preservada. O tamanho e a largura rela-
por paredes fortes e elevadas que delimitam fóssulas tiva desta e s p é c i e são menores que aqueles registrados
sub-poligonais distribuídas sobre a superfície externa de em adultos de W. vicinalis. Esta última e s p é c i e foi des-
ambas as valvas, com um desenho i s ó t r o p o ou sem orien- crita pela primeira vez a partir de material da P a t a g ô n i a
t a ç ã o ; contam-se aproximadamente 7-8 fóssulas para um argentina, sendo proveniente dos "Estratos com dinos-
traço vertical i m a g i n á r i o e 14-16 para um traço horizon- sauros" da P r o v í n c i a de Mendoza, onde ocorre associada
tal. A crista sub-periférica está um pouco separada da a Ilyocypris riograndensis MUSACCHIO & SIMEONI,
margem externa das valvas e segue mais ou menos con- 1991. Seria n e c e s s á r i o dispor de um material melhor pre-
tínua ao longo do bordo extra-cardinal da c a r a p a ç a e servado para proceder a c o m p a r a ç õ e s adequadas com o
delimita a ampla zona interna reticulada. Na zona ante- material da Argentina. Recentemente, GOBBO-
rior, a crista associa-se a um sulco paralelo em direção ao R O D R I G U E S et al. (1999a: 147-148), em nota breve,
interior; este se mostra i n c o n s p í c u o na parte posterior; a atribuíram a Wolburgiopsis vicinalis ( M U S A C C H I O em
o r n a m e n t a ç ã o deste sulco n ã o ficou bem impressa no U L I A N A & M U S A C C H I O , 1978) algumas c a r a p a ç a s
material recuperado, mas parece que é atravessado por encontradas na F o r m a ç ã o Adamantina, localidade de
finas costelas sub-perpendiculares à crista e separadas C ó r r e g o do Cedro, p r ó x i m o a Presidente Prudente -SP.
entre si da mesma forma que as fóssulas do retículo.
Relações: diferencia-se de W. neocretacea do
Campaniano neuquino da F o r m a ç ã o Anacleto por ser Subordem Cypridocopina J O N E S , 1901
menor e mostrar uma menor densidade de fóssulas no Superfamflia Cypridoidea B A I R D , 1845
retículo da parede externa. Diferencia-se de Famflia Ilyocyprididae K A U F M A N N , 1900
Wolburgiopsis sarunata MUSACCHIO & G é n e r o Ilyocypris B R A D Y & N O R M A N , 1889
P A L A M A R C Z U C K , 1975, do Barremiano-Aptiano neu-
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 259

E s p é c i e - t i p o : Cypris gibba R H A M D O H R , 1808. ("super-espécie") /. wichmanni {sensu lato). Se diferen-


cia de /. wichmanni wichmanni M U S A C C H I O , 1973 ( c f
Ilyocypris cf. wíchmanni M U S A C C H I O , 1973 M U S A C C H I O & S I M E O N I , 1991: 355-356, est. 7: figs.
E s t a m p a I I , figs. 5-6 1, 2, 8) porque o lóbulo postero-dorsal está menos desen-
volvido no setor posterior. N o material estudado n ã o
cf. 1973. Ilyocypris wichmanni nov. sp. M U S A C C H I O ; foram reconhecidas papilas ou piístulas com clareza, se
p . l 5 , est. 4, f i g . 11; est. 5, figs. 4-7, 9, 15, 16; bem que em algumas p o p u l a ç õ e s a superfície externa das
est. 6, f i g . 8. valvas está pontuada. O tamanho da c a r a p a ç a é t a m b é m
c f 1989. Ilyocypris wichmanni MUSACCHIO.- menor e o contorno um pouco mais alongado com
U L I A N A & M U S A C C H I O ; p. 117. r e l a ç ã o à altura. /. wichmanni punctata M U S A C C H I O &
c f 1991. Ilyocypris wichmanni MUSACCHIO.- S I M E O N I , 1991 (p. 356-357, est. 7, figs. 3, 5, 6 e 10) e
M U S A C C H I O & S I M E O N I ; p. 355-357, est. a presente forma t ê m , ambas, uma o r n a m e n t a ç ã o fina na
7, figs. I , 2 e 8. superfície externa das valvas, se bem que a forma brasi-
1998. Ilyocypris c f wichmanni D I A S - B R I T O et al, leira mostra um aspecto reticular, ao invés de u m desen-
p.9. ho formado por p o n t u a ç õ e s independentes como obser-
vado na forma argendna. Esta úUima é, ademais, menor
M a t e r i a l e p r o c e d ê n c i a : foram recuperados quatro e possui u m contorno elipsoidal-oval, ao passo que o
e s p é c i m e n s procedentes da localidade de Ibirá, Vila contorno da forma brasileira é mais retangular-arredon-
Ventura ( L 2 6 ) . dado.
Repositório e dimensões:
C A L Ilyocypris cf. riograndensis M U S A C C H I O &
UNESPÀ-BU14 410 310 285 S I M E O N I , 1991
U N E S P À - B U 1 5 (figs. 5-6) 590 330 280 E s t a m p a I I , figs. 8-11

D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a de tamanho mediano, com valvas cf. 1991. Ilyocypris riograndensis nov. sp.
quase iguais e paredes bem calcificadas, mostrando uma M U S A C C H I O & S I M E O N I ; p. 157-158, F i g .
o r n a m e n t a ç ã o grossa (heavy ornamentation), como na Text. 5, Est. 7, figs. 4, 7 e 9.
e s p é c i e de referência /. wichmanni. A característica prin- 1998. Ilyocypris cf. riograndensis D I A S - B R I T O et
cipal desta o r n a m e n t a ç ã o é uma grande e x p a n s ã o lobu- al; p. 9.
lâT, alargada e oca, situada na zona dorsal-posterior; tal 1998. Ilyocypris riograndensis (non M U S A C C H I O
e x p a n s ã o tem u m extremo que coincide com o tubérculo & S I M E O N I , 1991).- G O B B O - R O D R I G U E S
T3 e continua alargada e curvada segundo o bordo dor- et ai; p. 15.
sal-posterior, seguindo paralela ao contorno da c a r a p a ç a 1999. Ilyocypris riograndensis (non M U S A C C H I O
neste setor. Ademais, a o r n a m e n t a ç ã o grossa inclui & S I M E O N I ) G O B B O - R O D R I G U E S et al;
t u b é r c u l o s , T I e T 2 , e sulcos sub-dorsais, S I e S2, todos p. 13, esf 1, fig. A .
bem desenvolvidos.
Contorno sub-retangular a elipsoidal c o m uma r e l a ç ã o Material e p r o c e d ê n c i a : vários milhares de e s p é c i m e n s
C / L de aproximadamente 1.4. Â n g u l o cardinal anterior na F o r m a ç ã o Adamantina. Esta e s p é c i e aparece em
bem marcado e uma zona cardinal posterior amplamente quase todas as localidades amostradas, sendo uma das
arredondada. Bordo dorsal quase reto e pouco inclinado integrantes mais c o n s p í c u a s da a s s o c i a ç ã o .
para trás. Bordo ventral c ô n c a v o . B o r d o anterior ampla- Repositório e dimensões:
mente arredondado, regularmente destacado na parte C A L
antero-ventral. B o r d o posterior arredondado. UNESPÀ-BUI6 (figs. 8-10) 640 355 325
Superfície externa lisa a finamente r e t í c u l o - p o n t u a d a . O U N E S P À - B U 1 7 (figs. 9-11) 595 335 340
retículo, quando aparece, é m u i t o delicado e forma uma
trama delicada, grosseiramente orientada segundo o con- D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a de tamanho pequeno, bem calcifi-
torno; este retículo está melhor impresso na parte inferior cada, c o m valvas quase iguais ( V E > V D ) as quais mos-
das valvas, mas n ã o aparece impresso sobre os sulcos e tram uma o r n a m e n t a ç ã o grossa {heavy ornamentation) e
os t u b é r c u l o s dorsais. fina {fine ornamentation) com detalhes semelhantes aos
A variabilidade está principalmente ligada ao grau de que caracterizam Ilyocypris riograndensis MU-
arredondamento postero-dorsal que se correlaciona com SACCHIO & SIMEONI, I99I.
a magnitude e a p o s i ç ã o do centro de curvatura do arre- O t u b é r c u l o T l é de forma hemisférica a mamilar, com
dondamento postero-dorsal. T a m b é m é variável a inten- base circular; o T 2 é c o n s p í c u o em diferentes "popu-
sidade da o r n a m e n t a ç ã o fina ( r e t í c u l o - p o n t u a d a ) , sempre l a ç õ e s " , mostrando, geralmente, forma mamilar-hemis-
delicada, ausente ou n ã o preservada em algumas "popu- férica; o T3 tem forma hemi-elipsoidal em vista externa
l a ç õ e s " fósseis. e base com uma figura de contorno elíptico-subcircular;
Relações: esta forma deve ser incluída dentro do grupo o t u b é r c u l o m é d i o T 2 é geralmente destacado, mesmo
260 D . D I A S - B R I T O et al.

quando n ã o fica totalmente separado do T3 em diversas Repositório e dimensões:


" p o p u l a ç õ e s " fósseis. Os t u b é r c u l o s T I e T3 s ã o muito C A L
proeminentes em vista dorsal. A superfície das valvas U N E S P À - B U I 8 (fig. 4, Parátipo) 760 420 355
está coberta por u m retículo sub-poligonal, de paredes UNESPÀ-BUI9 (fig. 5, Holotipo) 705 360 320
variavelmente engrossadas, em geral delicadas mesmo
quando n ã o s ã o afiladas; este retículo está t a m b é m dis- D e s c r i ç ã o : C a r a p a ç a de tamanho mediano a pequeno,
posto sobre a superfície dos turbérculos da o r n a m e n t a ç ã o comprimida lateralmente, com valvas fortes (bem calci-
grossa. F ó s s u l a s das i m p r e s õ e s mandibulares bem ficadas) e desiguais ( V E maior que V D na zona extra-
impressas na zona central de ambas as valvas. cardinal, com o maior recobrimento na parte ventral).
Contorno sub-retangular a elipsoidal com â n g u l o cardi- O r n a m e n t a ç ã o n ã o muito destacada para o g é n e r o , sujei-
nal anterior obtuso e posterior sub-arredondado a t é obtu- ta a variabilidade; fosseta sub-central correspondente à
so. Bordo dorsal quase reto, um pouco inclinado para zona dos miisculos adutores sempre bem marcada.
trás. Bordo ventral c ô n c a v o . Bordo posterior sub-qua- Contorno sub-retangular, algo alongado, c o m bordos
drangular, algo arredondado. dorsal e ventral sub-retílíneos, quase paralelos entre si; o
R e l a ç õ e s : diversas c a r a p a ç a s de ostracodes que mostram bordo dorsal posterior inclina muito pouco para trás ou é
um desenho m o r f o l ó g i c o c o m p a r á v e l , ou pelo menos quase horizontal; na forma tipo da e s p é c i e , o bordo dor-
com s e m e l h a n ç a s ao de /. riograndensis, parecem ter sal é modificado na parte posterior por uma e x p a n s ã o da
a l c a n ç a d o uma ampla d i s t r i b u i ç ã o g e o g r á f i c a na zona sub-dorsal muito fraca, presente em ambas as val-
A m é r i c a do Sul. A estabilidade deste conjunto de formas vas. O bordo ventral é c ô n c a v o na parte m é d i a ; passa
(^"super-espécie"?) é sugerida por sua p e r m a n ê n c i a no continuamente arredondado a uma destacada zona ante-
tempo, j á que tanto no C r e t á c e o m é d i o como no C r e t á c e o ro-ventral; a passagem ao bordo posterior pode ser, por
tardio aparece u m registro fóssil de formas parecidas outro lado, d e s c o n t í n u o a até sub-anguloso em algumas
entre si. Tal é o caso de Ilyocypris sp. B E R T H O U et al., p o p u l a ç õ e s fósseis. Â n g u l o s cardinais marcados (o ante-
1994, est. 1, figs. I I e 13, da F o r m a ç ã o Santana na rior sendo menos acuminados que o posterior). Bordo
Chapada do Araripe. Esta e s p é c i e diferencia-se da pre- posterior sub-vertical, amplamente arredondado, oco-
sente por mostrar u m contorno mais trapezoidal e d i m i - rrendo em alguma p o p u l a ç õ e s com aspecto truncado.
nutos elementos ornamentais, alinhados peri-marginal- T u b é r c u l o s ( T ) e sulcos (S) presentes. T l é pouco desta-
mente, embora que u m pouco distanciados da margem; cado. T 2 está presente em diferentes " p o p u l a ç õ e s " , tam-
esta o r n a m e n t a ç ã o n ã o f o i observada no material da pouco sendo destacado. T3 está melhor desenvolvido
E o r m a ç ã o Adamantina. Na Argentina, o taxon /. rio- que os anteriores, embora sem se mostrar muito destaca-
grandensis (s.s.) é conhecido em diversas s e ç õ e s dos do; tem forma s u b - c ô n i c a baixa, n ã o acuminada, c o m
"Estratos com dinossauros" incluindo sedimentos atri- base muito ampla; tal base n ã o mostra limites bem defi-
b u í d o s à parte baixa da F o r m a ç ã o Anacleto no sul de nidos; normalmente, este tubérculo T3 se prolonga dor-
Mendoza. A l i , as valvas s ã o frágeis, o t u b é r c u l o T3 é salmente, modificando muito levemente o bordo dorsal
i n c o n s p í c u o e o retículo da o r n a m e n t a ç ã o muito delica- do contorno segundo a vista lateral (ver holotipo na Est.
do; este iiltimo mostra paredes finas e afiladas e está dis- I I I , fig. 5). S I e S2 normais para o g é n e r o , bem impres-
posto segundo u m desenho formado por p o l í g o n o s equi- sos sobretudo o posterior (S2). A o r n a m e n t a ç ã o fina
dimensionais; este desenho é u m pouco mais regular que externa da c a r a p a ç a n ã o está sempre bem preservada no
o mostrado pela forma brasileira, cujo contorno é, por material d i s p o n í v e l , superfície geralmente ponteada ou
outro lado, sub-retangular, algo elipsoidal, e n ã o sub- bem lisa.
retangular, algo trapezoidal, como na forma da D e f i n i ç ã o : E s p é c i e do g é n e r o Ilyocypris BRADY &
Argentina. N O R M A N , 1889, de tamanho relafivamente pequeno,
lateralmente comprimido, com valvas bem calcificadas.
Ilyocypris bauruensis nov. sp. Contorno retangular u m pouco alongado; T I , T 2 e T3
Ilyocypris bauruensis nov. sp. bauruensis nov. subsp. pouco destacados; o T3 se prolonga em uma e x p a n s ã o
E s t a m p a I I I , figs. 5-6 dorsal posterior, sub-marginal, a qual pode chegar a
modificar levemente o contorno na zona dorsal-poste-
1998. Ilyocypris sp. D I A S - B R I T O et ai; p. 9. rior. Superfície externa geralmente mostrando uma pon-
t u a ç ã o fina e regular.
Material e p r o c e d ê n c i a : mais de 150 c a r a p a ç a s de dife- N í v e l tipo: F o r m a ç ã o Adamantina em Ibirá ( L 2 6 ) .
rentes localidades (ver F i g . 7). Material principalmente C r e t á c e o Superior, no intervalo Turoniano - Santoniano.
estudado (30 c a r a p a ç a s ) tem origem na Localidade Tipo Variabilidade: a espécie, bem representada nas numero-
em Ibirá, V i l a Ventura ( L 2 6 ) . sas localidades do oeste de S ã o Paulo, mostra um espec-
Origem do nome: Grupo Bauru ( C r e t á c e o continental tro amplo da variabilidade intra-populacional. Os carac-
brasileiro). teres submetidos à variação s ã o os seguintes: a e x p a n s ã o
dorsal posterior sub-marginal (que pode ou n ã o m o d i f i -
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 261

car o contorno); o desenvolvimento da o r n a m e n t a ç ã o Contorno sub-retangular, algo alongado, com â n g u l o s


fina (claramente pontuada até lisa); a angulosidade do cardinais bem marcados e bordos dorsal e ventral sub-
extremo postero-ventral segundo vista lateral (bordo paralelos; bordo sub-retilíneo e quase paralelo à linha
póstero-ventral sub-anguloso a t é arredondado); a estabi- basal do contorno; bordo ventral c ô n c a v o ; bordo anterior
lidade da parede das valvas (que pode aparecer corruga- pouco destacado, embora regularmente curvado; bordo
da em algumas p o p u l a ç õ e s ) . posterior curvado, mais amplamente curvado na zona
S ã o incluídas neste taxon, embora com reservas, cara- postero-ventral.
p a ç a s alongadas de uma forma de Ilyocypris procedentes O r n a m e n t a ç ã o pontuada a reticulada, com diminutas fós-
das localidades de Ibirá (ver Est. I I I , f i g . 7: Ilyocypris cf. sulas sub-poligonais entre a malha que forma o retículo.
bauruensis nov. sp. morfotipo 2), e de S ã o Carlos (nesta E m alguns e s p é c i m e n s é conservada uma delicada linha
localidade em níveis santonianos da Fazenda Nossa de papilas peridorsais na parte posterior (est. I I I , f i g . 3).
Senhora de F á t i m a , n ã o ilustrada no presente trabalho). I m p r e s s ã o externa das fóssulas sub-centrais, dos sulcos
R e l a ç õ e s : a presente e s p é c i e mostra algumas seme- S I e S2 e dos t u b é r c u l o s T I , T 2 e T 3 , debilmente mar-
lhanças com Ilyocypris argentiniensis M U S A C C H I O & cada, mas c o n s p í c u a .
S I M E O N I , 1991, do Maastrichtiano da P a t a g ô n i a ; em D e f i n i ç ã o : s u b - e s p é c i e de Ilyocypris bauruensis nov. sp.,
particular, o morfotipo tratado mais abaixo (este traba- de contorno sub-retangular com â n g u l o s cardinais bem
lho) como Ilyocypris bauruensis nov. sp. rectidorsata
marcados e bordo dorsal sub-retilíneo, quase horizontal,
nov. subsp. se compara melhor c o m a e s p é c i e da
geralmente n ã o modificado pelo desenvolvimento da
P a t a g ô n i a antes mencionada. A presente e s p é c i e se dife-
zona dorsal posterior sub-marginal .
rencia, ademais, de Ilyocypris triebeli B E R T E L S , 1972,
R e l a ç õ e s : A presente e s p é c i e tem afinidades estreitas
do C r e t á c e o terminal da P a t a g ô n i a por mostrar u m cara-
com Ilyocypris argentiniensis MUSACCHIO &
p a ç a mais retangular-alongada em vista lateral, mais que
S I M E O N I , 1991, p. 360, est. 7, figs. 13-14, procedente
elipsoidal, e por possuir uma zona antero-ventral mais
de sedimentos maastrichtianos da F o r m a ç ã o Loncoche
proeminente. A presente e s p é c i e difere claramente de
no sul de Mendoza. E m c o m u n i c a ç ã o p r é v i a sobre a
Ilyocypris riograndensis M U S A C C H I O &. S I M E O N I ,
fauna da F o r m a ç ã o Adamantina, os presentes autores
1991, e do conjunto de formas relacionadas, pelo dese-
( D I A S - B R I T O et al, 1998, p. 8) decidiram, todavia, n ã o
nho de T3. Nesta nova e s p é c i e , T3 se extende a t é a zona
atribuir, de forma irrestrita, a presente e s p é c i e ao taxon
dorsal-posterior em lugar de permanecer claramente
de referência, pelas seguintes diferenças: a) a forma bra-
delimitado na zona m é d i a , embora sem adquirir o gran-
sileira tem u m contorno mais retangular; isto determina
de desenvolvimento que caracteriza Ilyocypris wichman-
que o bordo dorsal a p a r e ç a menos inclinado para trás; b)
ni M U S A C C H I O , 1973 {s.l).
o curvamento do bordo ventral do contorno é mais
suave; e c) o bordo posterior aparece menos truncado.
Ilyocypris bauruensis nov. sp. rectidorsata nov. subsp.
Estas características d ã o u m aspecto menos "trapezoi-
E s t a m p a I I I , figs. 1-3
dal" ao contorno da presente; ademais, a e s p é c i e brasi-
leira c o n t é m uma linha muito delicada de papilas cir-
1998. Ilyocypris cf. argentiniensis M U S A C C H I O &
cum-dorsais na parte posterior que n ã o f o i possível loca-
S I M E O N I . - D I A S - B R I T O et al, 1998; p. 9.
lizar no material da e s p é c i e p a t a g ô n i c a ; finalmente, as
l 1998. Ilyocypris argentiniensis (non M U S A C C H I O
i m p r e s s õ e s da fóssula externa sub-central e dos tubércu-
& S I M E O N I ) . - G O B B O - R O D R I G U E S et al.;
los ( T l - 3 ) e sulcos ( S I - 2 ) estão u m pouco mais marca-
p. 15.
dos na forma brasileira.
V.1999. Ilyocypris argentiniensis (non M U S A C C H I O
U m a forma de Ilyocypris procedente de sedimentos san-
& S I M E O N I ) . - G O B B O - R O D R I G U E S et al.;
p. 3 e 7, est. 1, f i g . c. tonianos que afloram na Fazenda Nossa Senhora de
F á t i m a ( m u n i c í p i o de S ã o Carlos, Estado de S ã o Paulo)
se relaciona estreitamente com a presente e s p é c i e . Esta
Origem do nome: A l u d e ao contorno reto do bordo dor-
sal. forma é ilustrada no presente trabalho como Ilyocypris
Material e p r o c e d ê n c i a : 140 c a r a p a ç a s . Localidade tipo c f bauruensis nov. sp. m o r f o t i p o l (Est. I I , f i g . 7). A
em Á l v a r e s Machado ( L 2 ) . c a r a p a ç a mostra u m bordo antero-ventral que é muito
Repositório e dimensões: proeminente e continuamente curvado; o bordo postero-
C A L ventral é t a m b é m arredondado (como na variedade /.
U N E S P À - B U 2 0 (fig. 1, holotipo) 700 395 310 bauruensis rectidorsata); a e x p a n s ã o dorsal posterior
U N E S P À - B U 2 1 (figs. 2-3, parátipo) 680 365 305 está presente, embora sem modificar o contorno, mos-
trando uma c ú s p i d e n ã o destacada, localizada muito p r ó -
Descrição: s u b - e s p é c i e de Ilyocypris bauruensis nov. x i m o do â n g u l o cardinal posterior.
sp., de carapaça relativamente pequena e valvas quase
iguais, lateralmente comprimida. E m vista dorsal, exibe
uma forma lanceolada que se afila regularmente até o ^Famflia Ilyocyprididae? K A U F M A N N , 1900
bordo anterior. G é n e r o Neuquenocypris M U S A C C H I O , 1973
262 D . D I A S - B R I T O et al

E s p é c i e tipo: Ilyocypris {Neuquenocypris) calfucurien- Neuquenocypris tenuipunctata MUSACCHIO &


sis M U S A C C H I O , 1973. S I M E O N I 1991: p. 3 7 1 , f i g . 6) seu desenho difere
daquele conhecido para Pelocypris.
O b s e r v a ç õ e s : o g é n e r o Neuquenocypris f o i original-
mente descrito como u m s u b - g ê n e r o de Ilyocypris S u b g ê n . Neuquenocypris (Neuquenocypris)
B R A D Y & N O R M A N . A forma externa da c a r a p a ç a é M U S A C C H I O & S I M E O N I , 1991
semelhante. N ã o obstante, algumas diferenças levaram
M U S A C C H I O & S I M E O N I (1991, p. 362) a modificar Neuquenocypris soaresi nov. sp.
a p o s i ç ã o sistemática original elevando o taxon à catego- E s t a m p a I I I ; figs. 8-12
ria de g é n e r o . Para este reposicionamento, aqueles auto-
res levaram em conta o recobrimento da V D sobre a V E ; 1998. Neuquenocypris sp. D I A S - B R I T O et ed.; p. 9.
este recobrimento aparece em quase todas as e s p é c i e s
descritas do grupo. Os sulcos antero-dorsais e o t u b é r c u - Origem do nome: E m homenagem ao Prof. Dr. Paulo
lo da d e p r e s s ã o antero-dorsal (T2) s ã o i n c o n s p í c u o s , C é s a r Soares (Universidade Federal do P a r a n á , UFPR,
mesmo quando a c a r a p a ç a - como regra - está fortemen- Brasil) por sua importante c o n t r i b u ç ã o à estratigrafia do
te ornamentada por piístulas, espinhos, papilas, fóssulas Grupo Bauru.
e/ou p o n t u a ç õ e s . Listas {lists) na lamela interna {inner Material e p r o c e d ê n c i a : 18 c a r a p a ç a s adultas fechadas
lamella) n ã o foram observadas em nenhuma e s p é c i e per- e 20 c a r a p a ç a s juvenis, encontrados em diversos aflora-
tencente a este grupo. A estrutura da parede nas e s p é c i e s mentos da F o r m a ç ã o Adamantina. Localidade tipo em
mais c o n s p í c u a s do grupo mostra u m "mosaico" n ã o V i l a Ventura, Ibirá (L26).
foliado de g r â n u l o s de calcita (cf. M U S A C C H I O , 1973 e Repositório e dimensões:
M U S A C C H I O & S I M E O N I , 1991). C A L
Segundo M U S A C C H I O & S I M E O N I (1991, p. 363), U N E S P À - B U 2 2 ( f i g . 10, j u v e n i l ) 680 380
Nequenocypris tem s e m e l h a n ç a s com vários g é n e r o s U N E S P À - B U 2 3 ( f i g . 12, Holotipo) 850 465 515
previamente conhecidos para o hemisfério norte. Estes U N E S P À - B U 2 4 (fig. I I ) 765 415
são: Ilyocyprimorpha MANDELSTAM, 1956,
Cyprideamorphella MANDELSTAM, 1956, e D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a de tamanho mediano, fortemente
PrailyocyprisUou, 1892. ornamentada, com periferia extracardinal de aspecto
Ilyocyprimorpha palustris M A N D E L S T A M , 1956, (a truncado, sobretudo nas zonas ventral e sub-ventral.
e s p é c i e tipo do g é n e r o ) , apud M O O R E (1961), proce- Inequivalva, com V D cobrindo amplamente a V E na
dente de níveis do C r e t á c e o Inferior de Zabaikal sul e de zona extracardinal. Sulco antero-dorsal fracamente
Dzumbaria ( M o n g ó l i a ) , possui u m línico e n ã o bem defi- deprimido; t u b é r c u l o sub-central i n c o n s p í c u o .
nido sulco antero-dorsal; os espinhos ornamentais estão Contorno sub-trapezoidal, algo retangular, com bordo
densamente distribuídos e o bordo ventral é relativamen- dorsal sub-retilíneo inclinando u m pouco para trás; ângu-
te menos côncavo que em Neuquenocypris. los cardinais nítidos, mas n ã o muito destacados quando
Recentemente, C O L I N & D E P Ê C H E (1997), (ver tam- comparados com os de outras e s p é c i e s do mesmo sub-
b é m C A R M O , 1998), descreveram Ilyocyprimorpha g é n e r o , em particular o posterior que é pouco acumina-
berthoui nov. sp. procedente do M e m b r o Crato da do. A maior altura coincide com o â n g u l o cardinal ante-
F o r m a ç ã o Santana ( C r e t á c e o m é d i o ) do nordeste brasi- rior.
leiro. A o r n a m e n t a ç ã o é constituída por espinhos mamilares e
diminutos espinhos. Os espinhos mamilares mostram
Cyprideamorphella e Neuquenocypris (Alleniella) base larga e extremo distai arredondado; estes líltimos se
M U S A C C H I O & S I M E O N I , 1991, compartilham a pre- colocam distantes da margem. Os espinhos diminutos
s e n ç a de caracteres generalizados. Sem diívida, o dese- aparecem em ambas as valvas, regularmente alinhados
nho da o r n a m e n t a ç ã o em ambos taxa parece diferente e em filas sub-paralelas à margem.
a atribuição das e s p é c i e s p a t a g ô n i c a s ao primeiro pode- D e f i n i ç ã o : uma e s p é c i e do s u b - g é n e r o Neuquenocypris
ria ser questionada. (Neuquenocypris) M U S A C C H I O & S I M E O N I , 1991, de
Algumas e s p é c i e s de Neuquenocypris, em particuar N. tamanho mediano, contorno sub-trapezoidal, algo retan-
(Alleniella), exibem alguns caracteres de Pelocypris gular, com o bordo dorsal sub-retilíneo inclinado para
K L I E , 1939; em particular, u m sulco anterodorsal trás e â n g u l o s cardinais moderadamente marcados.
i n c o n s p í c u o ou mal impresso, a u s ê n c i a de p o n t u a ç õ e s no N í v e l tipo: F o r m a ç ã o Adamantina. C r e t á c e o Superior,
setor correspondente às i m p r e s s õ e s mandibulares e no intervalo Turoniano-Santoniano.
a u s ê n c i a de listas na lamela interna. N ã o obstante, o R e l a ç õ e s : a presente e s p é c i e difere de Neuquenocypris
recobrimento das valvas em Neuquenocypris é inverso, calfucuriensis M U S A C C H I O , 1973, por possuir um
salvo em Neuquenocypris (Protoneuquenocypris). tamanho algo menor e um contorno menos trapezoidal,
Quando o dimorfismo sexual está presente {e.g., em j á que o bordo dorsal inclina menos para trás; na presen-
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 263

te e s p é c i e , o contorno antero-ventral é menos proemi- Candonopsis V A V R A , 1891


nente e o bordo posterior é mais truncado na parte supe-
rior e, por outro lado, mais destacado na inferior. Espécie tipo: Candona kingsleyi BRADY &
Ademais, os â n g u l o s cardinais n ã o s ã o t ã o acuminados R O B E R T S O N , 1870.
como na e s p é c i e da Argentina. O plano na d i s t r i b u i ç ã o
dos espinhos mamilares é t a m b é m diferente. Candonopsis? sp.
E s t a m p a V; fig. 9
F a m í l i a Candoninae K A U F M A N N , 1900
Subfamflia Candoninae K A U F M A N N , 1900 O b s e r v a ç õ e s : U m escasso n ú m e r o de c a r a p a ç a s presen-
G é n e r o Eucandona D A D A Y , 1900 tes na fauna da F o r m a ç ã o Adamantina em diferentes
localidades (ver F i g . 7) s ã o atribuídas, com reservas, ao
E s p é c i e tipo: Eucandona balatonica D A D A Y , 1894. g é n e r o Candonopsis. Material mais abundante e melhor
preservado, com uma morfologia muito semelhante aos
Eucandonal sp. e s p é c i m e n s da F o r m a ç ã o Adamantina é descrito no item
E s t a m p a I V ; figs. 1-5 que trata especificamente da a s s o c i a ç ã o maastrichtiana
de Amblyochara sp. - Neuqenocypris minor mineira nov.
1998. Eucandona sp. D I A S - B R I T O et al; p. 9. subsp., da F o r m a ç ã o Marflia ( M e m b r o Ponte A l t a ) .
Repositório e dimensões:
Material e p r o c e d ê n c i a : 38 c a r a p a ç a s procedentes de C A
diferentes localidades da F o r m a ç ã o Adamantina. O U N E S P À - B U 2 7 (fig. 9) 595 325
material principalmente estudado e ilustrado procede da
localidade ( L 3 3 A ) , a 20 k m S W de Marília.
Repositório e dimensões: Subfamflia Thalassocypiridinae H A R T M A N N &
C A L P U R I , 1973
U N E S P À - B U 2 5 (figs. 2, 5) 1575 735 605 G é n e r o Paracypria S A R S , 1910
U N E S P À - B U 2 6 ( f i g . 4) 1540 740
E s p é c i e - t i p o : Paracypris tenuis (SARS, 1905).
D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a grande, reniforme-alargada, aproxi-
madamente o dobro do comprimento em r e l a ç ã o à altu- Paracypria? sp. 1
ra; lateralmente é biconvexa, moderadamente c o m p r i m i - E s t a m p a I V ; figs. 6-8
da. Valvas quase iguais ( V E levemente > V D ) , de super-
fície lisa. 1998. Paracypria sp. D I A S - B R I T O et al; p. 9.
Contorno em vista lateral elipsoidal-elongado, continua-
mente arredondado. Bordo dorsal amplo e regularmente Material e p r o c e d ê n c i a : 40 c a r a p a ç a s procedentes da
convexo, com a maior altura na parte m é d i a ; o bordo F o r m a ç ã o Adamantina. O material estudado tem origem
frontal é levemente mais alto que o dorsal posterior. na Estrada de Ferro FEPASA, Ramal Dourados, k m 734
Bordo ventral c u r v i l í n e o . Bordo posterior algo mais for- ( L 7 ) e k m 735 ( L 8 ) , ao sul de Presidente Prudente-SP.
temente arredondado que o anterior e apontando u m Repositório e dimensões:
pouco mais para baixo que o anterior. C A L
Variabilidade: é i n c l u í d o neste t á x o n u m conjunto de U N E S P À - B U 2 8 (figs.6-8) 1500 755 595
formas, presumivelmente co-específicas, que mostram U N E S P À - B U 2 9 ( f i g . 7) 1405 685
certa varibilidade quanto ao grau de calcificação da pare-
de (desde delicada até fortemente calcificada), ao con- D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a grande, com valvas desiguais, com
torno do bordo ventral (desde curvado sinuoso até c ô n - V E > V D , paredes grossas exibindo, na parte externa,
cavo simples), quanto ao grau de curvamento e de seu aspecto de superfície n ã o polida ; biconvexa em vista
destaque relativo do bordo anterior segundo vista lateral. dorsal, com extremos n ã o muito afilados e largura maior
R e l a ç õ e s : esta e s p é c i e lembra a Eucandona sp. ligeiramente para trás da parte m é d i a .
M U S A C C H I O , 1973 (p. 15-15: Est. I V . figs. 9-10) do Contorno sub-triangular arredondado. Bordo dorsal pro-
C r e t á c e o Superior dos "Estratos com Dinossauros" da eminente coincidindo com a maior altura que está locali-
P a t a g ô n i a setentrional. A forma brasileira é menos com- zada ligeiramente adiante do meio. A partir deste ponto,
primida lateralmente na parte anterior (mais biconvexa). o setor dorsal m é d i o - p o s t e r i o r e o frontal do contorno se
Ademais, a r e l a ç ã o C / A da c a r a p a ç a é p r ó x i m a a 2, u m inclinam, de maneira similar. O setor postero-dorsal está
pouco maior que na forma argentina, na qual a r e l a ç ã o é debilmente truncado, inclinando com u m â n g u l o u m
da ordem de 1,86. pouco menor que o dorsal-posterior até o extremo cau-
dal. Bordo anterior mais amplamente arredondado que o
posterior. Este último é mais afilado e aponta para trás e
264 D . D I A S - B R I T O et al.

para baixo na zona postero-ventral. B o r d o ventral varia- E s p é c i e tipo: Candona striatula S W A I N , 1946.
velmente convexo.
O b s e r v a ç õ e s e r e l a ç õ e s : no g é n e r o Paracypria são cf. Reconcavona? ultima K R O M M E L B E I N &
incluídos, com reservas, u m conjunto de formas, presu- W E B E R , 1971
mivelmente relacionadas entre sí, que mostram u m E s t a m p a V; figs. 10-12
amplo espectro da variabilidade quanto à forma, contor-
no e desenvolvimento da p o r ç ã o marginal antero-ventral. cf. 1971. Reconcavona? ultima K R O M M E L B E I N &
Entre estas, pode-se diferenciar uma forma mais acumi- W E B E R , I 9 7 I ; p. 47, est. 9, fig. 39.
nada na zona posterior (Estampa I V , fig. 7). E m outros 1998. Reconcavona? cf. ultima K R O M M E L B E I N
e s p é c i m e n s e s b o ç a - s e uma e x p a n s ã o antero-ventral, a & W E B E R . - D I A S - B R I T O et al, p. 9.
qual, sem diívida, n ã o chega a delinear uma estrutura
labial como em Talicypridea K H A N D , 1977. A presente Material e p r o c e d ê n c i a : Mais de 150 e s p é c i m e n s , todos
e s p é c i e lembra Paracypria elongata C A R M O , 1998, articulados, procedentes da F o r m a ç ã o Adamantina.
encontrada na F o r m a ç ã o Alagamar, Bacia Potiguar, Material principalmente estudado tem origem em V i l a
Aptiano do Brasil. N o material desta líltima bacia, os Ventura, Ibirá (L26).
presentes autores t a m b é m observaram u m amplo dese- Repositório e dimensões:
nho de variabilidade, que inclui e s p é c i m e n s c o m uma C A L
leve e x p a n s ã o labial antero-ventral, similar à estrutura U N E S P À - B U 3 1 (figs. 11-12) 625 340 285
observada em Talicypridea. U N E S P À - B U 3 2 (fig. 10) 450 290

Paracypria? sp. 2 D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a de tamanho mediano a pequeno,


E s t a m p a V; figs. 19-20 delicada; reniforme, comprimida em sentido lateral.
Inequivalva, c o m valvas quase iguais; em vista lateral
1998. Clinocyprisl sp. D I A S - B R I T O et al, p. 9. direita pode perceber-se o recobrimento da V E sobre a
V D em toda a zona extra-cardinal. N a zona dorsal m é d i a ,
Material e p r o c e d ê n c i a : duas c a r a p a ç a s procedentes da as valvas contatam entre sí, sem haver s u p e r p o s i ç ã o de
localidade p r ó x i m a a M a r í l i a ( L 3 3 A ) . uma em r e l a ç ã o à outra, a longo de uma linha m é d i a .
Repositório e dimensões: Contorno sub-elipsoidal, continuamente arredondado,
C A L atingindo altura m á x i m a u m pouco adiante do ponto
U N E S P À - B U 3 0 (figs. 19-20) 690 260 220 m é d i o do comprimento da c a r a p a ç a e â n g u l o s cardinais
amplamente arredondados. A partir do ponto de maior
D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a de tamanho mediano, muito com- altura, o contorno segue arredondado até à zona ventral;
prida e muito comprimida e afilada para ambas as mar- dentro deste amplo setor dorsal-posterior-ventral se dis-
gens no sentido lateral; valvas desiguais ( V E > V D ) . O tingue u m setor dorsal-posterior que inclina para trás,
contorno é sub-triangular, muito comprido, com a maior quase reto a amplamente arredondado; apresenta u m
altura na parte média-anterior, a partir de onde o bordo setor postero-dorsal variavelmente truncado, c o m o
dorsal se inclina fortemente para trás; o contorno se acu- observado em diferentes e s p é c i m e n s , e u m setor ventral-
mina continuamente para trás até que termina arredonda- posterior, fortemente arredondado e destacado, coinci-
do no extremo caudal; bordo anterior continuamente dindo com o m á x i m o c^omprimento do contorno. O bordo
arredondado. ventral é reto na V D , nunca c ô n c a v o , quase reto a ampla-
R e l a ç õ e s : diferencia-se de Paracypria? sp. 1 (este tra- mente convexo na V E . E m vista dorsal o contorno é sub-
balho) por possuir u m contorno elipsoidal comprido elipsoidal muito elongado (quase biconvexo), com lados
(mais que triangular), com a maior altura na parte ante- sub-paralelos, ficando a m á x i m a largura apenas u m
rior, e por ser mais comprimida no sentido lateral. A pouco para trás do ponto mediano do comprimento;
e s p é c i e aqui descrita se diferencia de Clinocypris scolia extremos fortemente arrredondados, mas n ã o afilados.
M A N D E L S T A M , 1956, apud M O O R E (1961), por exi- Contorno biconvexo em vista anterior, com a largura
bir u m bordo posterior n ã o t ã o acuminado e que n ã o se maior um pouco abaixo do ponto de meia altura, algo
inclina para baixo. Dolerocypris kinkoensis G R E K O F F , mais a d e l g a ç a d o até a borda dorsal.
1960, da Série de K w a n g o ( Cr e t á c i c o Superior), em Parede delicada, externamente lisa e brilhante quando o
K i n k o - M a k a w (Congo), tem maior tamanho e contorno material está bem preservado; nestes casos a parede
elipsoidal muito comprido, menos triangular que a pre- deixa ver, através dela, uma zona marginal n ã o muito
sente. larga, ainda que mais larga na zona antero-ventral.
A variabilidade é ampla e parece ligada, principalmente,
Subfamflia Cyclocypridinae K A U F M A N N , 1900 ao contono em vista lateral, que vai de elipsoidal a sub-
G é n e r o Reconcavona K R O M M E L B E I N , 1962 elipsoidal, algo reniforme, com truncamento variável na
zona postero-dorsal. Dois morfotipos diferentes pode-
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 265

riam representar u m caso de dimorfismo. U m destes R e l a ç õ e s : Salvadoriella pusilla KROMMELBEIN &


explicita u m contorno mais elipsoidal e elongado; o W E B E R , 1971, é, como o presente, u m ostracode peque-
outro revela u m contorno mais continuamente arredon- no dos estratos das unidades S ã o S e b a s t i ã o (parte supe-
dado até o bordo p ó s t e r o dorsal, sendo t a m b é m mais rior) e "Muribeca" {sic), do C r e t á c e o Inferior na Bacia
comprimido no sentido lateral. do R e c ô n c a v o (Brasil); todavia a c a r a p a ç a é mais elip-
R e l a ç õ e s : a presente e s p é c i e se compara c o m soidal e inflada no sentido lateral; ademais, carece do
Reconcavonal ultima K R O M M E L B E I N & W E B E R , truncamento postero-dorsal que exibem as presentes
1971. Entretanto, a e s p é c i e eocretácica da " S é r i e Bahia", c a r a p a ç a s da F o r m a ç ã o Adamantina.
que tem características muito generalizadas e simples
para permitir c o m p a r a ç õ e s rigorosas, é mais achatada no F a m í l i a Cypridididae B A I R D , 1845
sentido lateral e de contorno mais elipsoidal-alongado. Subfamflia Eucypridinae B R O N S T E I N , 1947
Alguns dos e s p é c i m e n s de Ibirá, Vila Ventura ( L 2 6 ) , c o m G é n e r o Lycopterocypris M A N D E L S T A M , 1956 (em
maior tamanho, parecem mais quadrangulares em vista L Ú B I M O V A , 1956, p.l04)
lateral. A c a r a p a ç a de Damonella ? tinkoussouensis
G R O S D I D I E R , 1967, do "Wealdien" da bacia costeira E s p é c i e - t i p o : Cypris fava ^GG¥R, 1910.
do Congo, é mais comprida que a da presente e s p é c i e .

"Lycopterocypris" cf. angulata G R E K O F F , 1960


E s t a m p a V; figs. 1-3
G é n e r o Salvadoriella K R O M M E L B E I N , 1963
cf. 1957. Cypridea diminuta GREKOFF (non
E s p é c i e tipo: Salvadoriella redunca (KROMMEL- V A N D E R P O O L , 1928); p. 55, est. 2, fig. 36.
B E I N , 1962).
cf. 1960. Lycopterocypris angulata G R E K O F F ; p. 26-
29, fig. 1, est. 6, figs. 45-46.
"Salvadoriella" sp.
cf. 1960. P a r a c j / 7 n a U 1 4 6 G R E K O F F ; p . 3 9 - 4 0 , f i g . 5,
E s t a m p a V; figs. 4-6
est. 7, figs. 52-53.
1998. "Lycopterocypris" cf. angulata I Paracypria
Material: oito c a r a p a ç a s mal preservadas procedentes da
U 1 4 6 G R E K O F F . - D I A S - B R I T O et al; p. 9.
F o r m a ç ã o Adamantina ( L 2 , L17 e L 2 0 ) .
Repositório e dimensões:
Material e p r o c e d ê n c i a : 45 c a r a p a ç a s articuladas, adul-
C A L
tos e juvenis. Material principalmente estudado p r o v é m
de V i l a Ventura em Ibirá (L26).
UNESPÀ -BU33 (figs. 4-5) 505 215 160
Repositório e dimensões:
UNESPÀ -BU34 450 200 165
C A L
UNESPÀ -BU35 450 195 165
U N E S P À - B U 3 7 (figs. 2-3) 800 580 340
UNESPÀ -BU36 490 230 170

D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a de tamanho pequeno a mediano,


D e s c r i ç ã o : este pequeno ostracode é atribuído, com
delicado, com forma sub-elipsoidal alargada, muito com-
reservas, ao g é n e r o Salvadoriella. Tem c a r a p a ç a muito
p r i m i d a no sentido lateral; parede externa lisa.
comprida, sendo muito comprimida lateralmente, com a
Inequivalva com V E > V D ; a valva esquerda está expan-
largura maior na parte posterior. Periferia extra-cardinal
dida na parte antero-vental formando um amplo e delica-
afilada; V E levemente maior que V D . A c a r a p a ç a está
truncada na zona postero-dorsal. do rebordo externo (às vezes n ã o bem preservado no
material) .
Contorno sub-elipsoidal, algo trapezoidal, comprido,
com bordos dorsal e ventral quase retos e paralelos entre O recobrimento da V E > V D é c o n t í n u o na zona extra-
si, a l c a n ç a n d o a maior altura na parte m é d i a a m é d i a - cardinal. N a pequena p o r ç ã o inter-cardinal o contato dor-
posterior; â n g u l o s cardinais presentes; o posterior apare- sal entre as valvas se faz em u m sulco m é d i o , pouco pro-
ce melhor definido por causa do truncamento postero- fundo e estreito, sem mostrar s o b r e p o s i ç ã o de uma valva
dorsal. Este truncamento é quase reto e inclina para trás sobre a outra.
uns 45 graus. O bordo anterior é continuamente arrre- Contorno em vista lateral sub-elíptico arredondado, com
dondado; o bordo posterior, por outro lado, é triangular e â n g u l o s cardinais i n c o n s p í c u o s e bordo postero-dorsal
acuminado logo abaixo do ponto m é d i o . Bordo ventral u m pouco truncado. A maior altura coincide com a parte
c ô n c a v o na parte média-anterior. média-anterior. O bordo ventral é quase reto e o bordo
Superficie externa irregular, mal preservada no material. dorsal, sub-refilíneo, inclina u m pouco para trás.
O b s e r v a ç õ e s : o material disponível é insuficiente para R e l a ç õ e s : a presente e s p é c i e tem, como no caso de L .
verificar se as diferenças no enlarguecimento posterior angulata G R E K O F F , 1960, da F o r m a ç ã o Inzi, Grupo
da carapaça mostrado por alguns e s p é c i m e n s são devidas Kwango, na Bacia do Congo ( C r e t á c e o Superior), uma
ao dimorfismo ou somente ao estado de p r e s e r v a ç ã o das c a r a p a ç a muito comprimida no sentido lateral, um con-
carapaças. torno semelhante e uma e x p a n s ã o antero-ventral ampla
266 D . D I A S - B R I T O et al

da V E para a r e g i ã o antero-ventral. Se bem que a forma texto 5 daquele autor (p. 38). "Hourquia" salitrensis
brasileira possui u m mesmo tipo de recobrimento ( V E > K R O M M E L B E I N & W E B E R , 1971, se compara muito
V D ) , difere da e s p é c i e africana por mostrar um contato bem com a presente quanto à forma e o contorno da cara-
inter-cardinal (dorsal) entre as valvas em um sulco estrei- paça. A p r e s e n ç a de um rebordo marginal (fringe),
to. Ademais, o contorno da V D (a menor) é amplo e con- semelhante ao que caracteriza a presente e s p é c i e da
tinuamente arredondado nos bordos anterior e posterior, Formação Adamantina, é aspecto destacado por
em lugar de acuminado ou anguloso na parte antero-ven- A N D E R S O N (1966), p. 436, para caracterizar o g é n e r o
tral, particularmente na antero-ventral, como se observa Mantelliana. Na d e s c r i ç ã o original do g é n e r o , tal t á x o n
na forma africana de referência. inclui três espécies do J u r á s s i c o e C r e t á c e o Inferior
inglês que foram conhecidas com muita anterioridade na
bibliografia britânica. MUSACCHIO & PALA-
Subfamflia Cypridinae, B A I R D , 1845 MARCZUCK (1975) descreveram e ilustraram
G é n e r o Mantelliana A N D E R S O N , 1966 Matelliana ulianai nov. sp., do Aptiano neuquino, atri-
buindo esta e s p é c i e ao g é n e r o de referência pela pre-
s e n ç a de um delicado rebordo marginal que t a m b é m
Espécie tipo: Candona mantelli JONES, 1888 (em
caracteriza a da P a t a g ô n i a . Posteriormente, f o i observa-
A N D E R S O N , 1966; p. 436, F i g . Text. I , 9).
do o mesmo aspecto em uma e s p é c i e n ã o descrita, muito
p r ó x i m a a M.ulianai, em rochas aptianas da F o r m a ç ã o
Mantelliana sp.
M a r i z a l , no nordeste brasileiro.
Estampa V ; figs. 13-18

1998. cf. "Bradycypris" rotunda G R E K O F F , 1957. -


Sufamflia Talicyprideinae H O U , 1982
D I A S - B R I T O e í a/., p. 9.
G é n e r o Talicypridea K H A N D , 1977

Material e p r o c e d ê n c i a : 80 c a r a p a ç a s , muitas das quais


Talycypridea suguioi nov. sp.
são j u v e n i s , procedentes da F o r m a ç ã o Adamantina.
E s t a m p a V I ; figs. 1-8
Material principalmente estudado vem das localidades
L2, 2 6 e 4 I .
1998. "Cypridea" sambaensis G R E K O F F , 1957. -
D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a mediana a grande, com forma sub-
D I A S - B R I T O , p. 9.
ovoidal trapezoidal, de paredes lisas, com valvas leve-
V.1957. Cypridea (Paracypridea) sambaensis
mente desiguais. N o bordo dorsal as valvas n ã o se
( G R E K O F F ) . - G R E K O F F , 1960, p. 32, est. 4,
s o b r e p õ e m , contactando-se, entre si, em u m fraco sulco
figs. 27-30.
charneiral. N a zona anterior e ventral ambas as valvas
carregam, respectivamente, u m delicado rebordo ou cris-
Origem do nome: E m homenagem ao P r o f Dr. Kenitiro
ta (fringe); ambas as cristas permanecem claramente dis-
Suguio (Universidade de S ã o Paulo - USP, Brasil) por
tanciadas no bordo antero-ventral (Estampa V, f i g . 18) e
sua c o n t r i b u i ç ã o ao estudo do Grupo Bauru.
em grande parte / do bordo ventral-médio anterior
Material e p r o c e d ê n c i a : 52 c a r a p a ç a s procedentes da
(Estampa V, f i g , 13).
F o r m a ç ã o Adamantina. Localidade tipo Ramal Dourados
Contorno sub-trapezoidal, algo ovalado, com a maior
( L 7 : Estrada de Ferro, K m 734).
altura na parte m é d i a coincidindo com a inflexão do Repositório e dimensões:
bordo dorsal. A partir deste ponto, o bordo dorsal inclina C A L
sub-retilíneo para trás, passando ao bordo posterior con- UNESPÀ -BU40 (fig.4, Holotipo) 795 460 580
tinuamente arredondado; para diante, o mesmo bordo UNESPÀ-BU41 (Parátipo) 890 565 575
inclina com uma pendente u m pouco maior que para trás, UNESPÀ -BU42 (fig. 2, V D , Parátipo) 930 565
determinando uma zona frontal com aspecto algo trunca- UNESPÀ-BU43 (fig. 1,VE, Parátipo) 830 430
do; esta zona frontal segue continuamente arredondada
D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a de tamanho mediano e forma sub-
até a zona antero-ventral. B o r d o ventral regular e suave-
ovoidal com paredes fortemente calcificadas. Na parte
mente convexo.
posterior a c a r a p a ç a é cónica, com o extremo arredonda-
Repositório e dimensões:
do apontando para trás; na parte anterior a c a r a p a ç a é u m
C A
pouco comprimida no sentido lateral e ventralmente algo
U N E S P À - B U 3 8 (figs, 13-18) 535 385
aplainado; dorsalmente, por outro lado, a mesma cara-
U N E S P À -BU39 ( f i g . 14) 585 405
p a ç a é muito convexa. Valvas a s s i m é t r i c a s , com V E >
V D na r e g i ã o extra-cardinal, a l c a n ç a n d o na zona ventral
O b s e r v a ç õ e s e relações: as ilustrações de G R E K O F F
o m á x i m o cobrimento, salvo na r e g i ã o antero-ventral,
(1957) do material tipo de Bradycypris rotunda nov. sp.
onde, como é caracterísfico do g é n e r o , a V D sobrepassa
Est. I , figs. 1-4, parecem mostrar s e m e l h a n ç a s com a pre-
a VE.
sente e s p é c i e quanto ao contorno; tais s e m e l h a n ç a s j á
n ã o são tão evidentes quando tomada a ilustração da f i g . Contorno sub-ovalado, até sub-triangular, com o bordo
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 267

dorsal amplamente arredondado, sem â n g u l o s cardinais, D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a de tamanho mediano, ovoide-alon-


a l c a n ç a n d o a maior altura na parte m é d i a . Bordos ante- gado, lateralmente muito comprimida, sobretudo para a
rior e posterior regularmente arredondados; bordo ven- parte anterior. Valvas desiguais; V E > V D na periferia
tral convexo. A e x p a n s ã o labial antero-subventral n ã o é extra-cardinal. Paredes delicadas, mas fortes e lisas.
muito destacada, mas modifica fracamente o contorno. Contorno oval muito alongado, sempre arredondado,
E x t e n s ã o labial na V D pouco proeminente ou destacada, com bordo frontal muito inclinado para diante e zona
embora c o n s p í c u a , ocupando uma ampla zona antero- antero-ventral projetada para baixo, sem processo labial.
ventral; o selvage na V D n ã o está muito separada da Bordo ventral c ô n c a v o a t é a parte média-anterior. Altura
margem, continuando a t é o bordo dorsal e formando m á x i m a no meio ou um pouco para trás. Bordo posterior
parte da estrutura charneiral (Estampa V I , figs. 2a, 2b). semi-circular s i m é t r i c o .
Na V E , onde n ã o aparece uma e x t e n s ã o labial similar à R e l a ç õ e s : A presente e s p é c i e se diferencia de
descrita para a V D , o selvage corre sub-paralelo à mar- Paracypridea ovobata congoensis G R E K O F F (1957)
gem (Estampa V I , figs, l a , I b ) . por possuir u m bordo posterior mais s i m é t r i c o , um bordo
Superfície das valvas sem o r n a m e n t a ç ã o aparente no ventral regular suavemente c ô n c a v o , na parte m é d i a -
material. A deficiente p r e s e r v a ç ã o da textura superficial anterior, por ser mais comprimida em sentido lateral e
no material recuperado mostra, todavia, u m aspecto possuir um tamanho menor.
rugoso.
Definição: c a r a p a ç a de tamanho mediano c o m forma Ostracodes pertencentes a famflias incertas:
sub-ovoidal e contorno subtriangular algo ovalado, mais
alto que largo, a l c a n ç a n d o a maior altura no meio. G é n e r o Hourcqia K R O M M E L B E I N , 1965
E x t e n s ã o labial n ã o m u i t o proeminente ou destacada,
mostrando, em vista interna, u m selvage n ã o muito sepa- E s p é c i e tipo: Hourcqia africana KROMMELBEIN,
rado da margem. 1965.
R e l a ç õ e s : a presente e s p é c i e se diferencia de Paracypria
sp. da mesma F o r m a ç ã o Adamantina por ser mais o v ó i - cf. "Hourcqia" symmetrica K R O M M E L B E I N &
de que achatada em sentido lateral e menos comprida e W E B E R , 1971 (nom. transi.)
por mostrar a altura m á x i m a aproximadamente na parte E s t a m p a V; figs. 7-8
m é d i a e n ã o na parte m é d i a - p o s t e r i o r ; a e x t e n s ã o labial é
pouco proeminente e esta c o n d i ç ã o diferencia a forma cf. 1971. Hourcqia angulata symmetrica KROM-
brasileira de outras e s p é c i e s mais c o n s p í c u a s do g é n e r o M E L B E I N & W E B E R , nov. sp.; p. 36, est.
que s ã o conhecidas principalmente para a Á s i a central. 6, f i g . 25.
N í v e l tipo: F o r m a ç ã o Adamantina. C r e t á c e o Superior, 1998. c f Hourcqia symmetrica KROMMELBEIN
no intervalo Turoniano-Santoniano. & W E B E R . - D I A S - B R I T O et al, p. 9.

Famflia Cypridopsidae K A U F M A N N , 1900 Material e p r o c e d ê n c i a : 55 c a r a p a ç a s adultas e juvenis


G é n e r o Paracypridea S W A I N , 1946 procedentes da F o r m a ç ã o Adamantina, em diferentes
localidades do Estado de S ã o Paulo. O material princi-
E s p é c i e tipo: Cypridea (Paracypridea) obovata S W A I N palmente estudado e ilustrado procede da localidade
nov. sp., 1946. L 2 6 , Ibirá, V i l a Ventura.
Repositório e dimensões:
Paracypridea sp. C A L
E s t a m p a I V ; figs. 9-11 UNESP1-BU44 (figs. 7-8) 505 285 265

cf. 1957. Paracypridea obovata congoensis G R E K O F F D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a de tamanho mediano; reniforme-


nov. subsp.; p. 57, f i g . 19, estampa I I I , figs. alongado, c o m o bordo dorsal proeminente na parte
44-46 m é d i a ; lateralmente inflada, com a largura m á x i m a situa-
1998. cf. Cypridea obovata congoensis G R E K O F F , da um pouco atrás da parte m é d i a . Valvas a s s i m é t r i c a s :
1957, em D I A S - B R I T O et ai; p. 9. V E sempre maior que a V D , salvo na região dorsal; pare-
des bem calcificadas e lisas.
Material e p r o c e d é n c i a : 4 0 c a r a p a ç a s . O material prin- Contorno sub-triangular arredondado, com a maior altu-
cipalmente estudado procede da localidade Pacaembu ra em uma p r o e m i n ê n c i a sub-angulosa na parte m é d i a ; a
(L41). partir deste ponto a pendente do bordo dorsal em ambas
Repositório e dimensões: d i r e ç õ e s (anterior e posterior) é similar. Bordo anterior
C A L continuamente arredondado. Bordo posterior afilado a t é
U N E S P À - B U 4 8 ( f i g . 9) 960 540 370 a parte postero-ventral, terminando fortemente arredon-
U N E S P À - B U 4 9 ( f i g . 11) 870 480 345 dado no ápice. Bordo ventral c ô n c a v o .
R e l a ç õ e s : a presente espécie difere de Hourcqia symme-
268 D . D I A S - B R I T O et al.

trica K R O M M E L B E I N & W E B E R , 1971 {nom. transi), inclinado para trás, e â n g u l o s cardinais curvados pouco
por ser de maior tamanho e por possuir u m contorno marcados.
mais claramente elipsoidal. Superfície externa lisa, às vezes brilhante. E m algumas
" p o p u l a ç õ e s " aparece u m leve e sutil retículo, apenas
visível na parte dorsal posterior.
G é n e r o Brasacypris K R O M M E L B E I N , 1965 N í v e l tipo: F o r m a ç ã o Adamantina, C r e t á c e o Superior,
no intervalo Turoniano-Santoniano.
Espécie tipo: Brasacypris ovum KROMMELBEIN, R e l a ç õ e s : a presente e s p é c i e se relaciona c o m
1965. "Brasacypris" morigerata M U S A C C H I O , 1973, conhe-
cida para a F o r m a ç ã o Anacleto dos "Estratos com dinos-
Brasacypris fulfaroi nov. sp sauros", p r ó x i m o a C. Cordero (localidade 3 de
E s t a m p a V I ; figs. 9-14 M U S A C C H I O , 1973). A c a r a p a ç a da e s p é c i e nova tem
maior tamanho e seu contorno é mais claramente ovala-
V. 1960. Gen. et sp. indet. G R E K O F F , 1957.- do que sub-ovalado, algo trapezoidal, como em B. mori-
G R E K O F F , 1960; p. 32-33, f i g . 2, est. 6, figs. gerata. A maior altura está na parte m é d i a da V E .
37-38. A presente e s p é c i e se parece c o m Cypridacea gen. et sp.
1998. cf. Gen. et sp. indet. G R E K O F F , 1957.- indet. G R E K O F F , 1957, u m grande c i p r i d á c e o de aproxi-
D I A S - B R I T O et al, p. 9. madamente 2 m m de comprimento, discutido posterior-
mente, pelo mesmo autor, ao analisar materiais proce-
Origem do nome: E m homenagem ao Prof. Dr. Vicente dentes de N ' D e k e , p r ó x i m o ao R i o Tshuapa (amostra
Fulfaro (Universidade Estadual Paulista - U N E S P / R.G. 12.060), e Kanguba (amostra R.G. 12.521), da parte
Universidade de Guarulhos/UnG, Brasil) por sua contri- alta da " s é r i e 3" na sondagem Samba, Bacia do Congo
b u i ç ã o à estratigrafia do Grupo Bauru. ( G R E K O F F , 1960). C o m este t á x o n a presente e s p é c i e
Material e p r o c e d ê n c i a : 120 c a r a p a ç a s adultas e algu- compartilha o contorno elipsoidal da V E e o grande
mas juvenis procedentes da F o r m a ç ã o Adamantina em tamanho. Por outro lado, se diferencia dele porque as
diferentes localidades (Fig. 7). Localidade tipo: Ramal valvas s ã o algo mais desiguais nas respectivas margens
Dourados da Estrada de Ferro FEPASA, k m 734 ( L 7 ) . externas (confrontar com as ilustrações de G R E K O F F ) .
Repositório e dimensões:
C L E Brasacypris subovatum C A R M O , 1998, do Aptiano da
UNESPÀ-BU45 (figs. 11-14, Holotipo) 2.160 1.340 1.115 F o r m a ç ã o Alagamar (Bacia Potiguar, Brasil), tem u m
UNESPÀ-BU46 (Parátipo) 2.160 1.380 1.040 contorno parecido ao morfotipo comprido da presente
UNESPÀ-BU47 (Parátipo) 2.330 1.430 1.150 e s p é c i e (ver abaixo em Variabilidade); o tamanho é, con-
tudo, menor; ademais, a zona frontal é muito mais redu-
D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a muito grande, de forma ovoidal, zida j á que a inflexão d o r s a l - m é d i a , coincidente com o
algo c o m p r i m i d a no sentido lateral, c o m a largura maior ponto de maior altura na V D , está situada mais adiante.
na parte m é d i a - p o s t e r i o r e extremos arredondados. Variabilidade: s ã o incluídos neste taxon duas formas
Parede das valvas fortemente calcificada com superfície difíceis de serem separadas à luz do conhecimento mor-
externa lisa a t é muito levemente reticulada. A s valvas f o m é t r i c o estatístico atual. U m deles mostra u m contor-
são apreciavelmente desiguais; a V E sobrepassa a V D no relativamente mais elipsoidal e tem maior tamanho
em toda sua e x t e n s ã o , salvo na zona cardinal, muito relativo. Embora a superfície seja geralmente lisa e às
curta, onde ambas as margens colocam-se sem sobrepor- vezes brilhante, alguns poucos e s p é c i m e n s mostram u m
se mutuamente em u m sulco muito débil; maior recobri- delicado retículo melhor preservado na zona dorsal pos-
mento na zona ventral. E m algumas " p o p u l a ç õ e s " c o m terior. Esta forma está melhor representada pelo material
parede fortemente calcificada, o bordo externo da V E se tipo. U m a segunda forma tem u m contorno mais elipsoi-
distancia da V D , sobretudo no bordo antero-ventral. dal, algo trapezoidal, e menor tamanho relativo; está
Contorno da V E (a maior) subovalado, algo elipsoidal, melhor representada pelos materiais recuperados na
sempre arredondado; o bordo ventral é quase retilíneo na localidade L 7 .
parte m é d i a , passando continuamente arredondado até
Definição: c a r a p a ç a de grande tamanho e paredes lisas,
aos bordos anterior e posterior; estes estão regularmente
até muito levemente reticulada, tentativamente atribuída
arredondados e s ã o relativamente simétricos entre si; a
ao G é n e r o Brasacypris K R O M M E L B E I N 1965, com
maior altura da V E é aproximadamente coincidente com
contorno subovalado, algo elipsoidal, com a maior altu-
a linha que divide o comprimento ao meio; a parfir do
ra aproximadamente na parte m é d i a . Valvas desiguais
ponto de maior altura, o bordo anterior inclina para dian-
( V E > V D ) na zona extracardinal muito ampla. Â n g u l o s
te, com uma pendente u m pouco maior que a pendente
cardinais i n c o n s p í c u o s na V E e u m pouco mais leve-
que segue para trás. O contorno da V D (a menor) tem
mente marcados na V D , onde delimitam um zona cardi-
forma sub-ovalada, u m pouco mais trapezoidal que a V E ,
nal muito curta, a qual se inclina suavemente para trás.
com um curto bordo charneiral, amplamente curvado e
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 269

4. 2. A A s s o c i a ç ã o de Amblyochara sp.- Feistiella cf. costata ( K O C H & B L I S S E N B A C H ,


Neuquenocypris minor mineira (Maastriciitiano) 1960)
E s t a m p a V I I ; figs. 7-10
D i v i s ã o Cliaropliyta M I G U L A , 1897
Classe Charophyceae S M I T H , 1938 cf. 1960. Porochra gildemeisteri costata
O r d e m Charales L I N D L E Y , 1836 B L I S S E N B A C H , em K O C H & B L I S E N -
Subordem C h a r i n a e F E I S T & G R A M B A S T , 1991 B A C H ; p. 66-68, A b h . 15, f i g . 2; Tafel 1,
Infraordem Monoplacata M A R T Í N - C L O S A S & Fig. 10.
S C H U D A C K , 1991 V. 1975. Porochara gildemeisteri costata
Famflia Feistiellaceae S C H U D A C K , 1993 BLISSENBACH.- GUTIERREZ CHAVEZ;
G é n e r o Feistiella S C H U D A C K , 1986 p. 37.
cf 1993. Feistiella costata (KOCH &
Feistiella cf. globosa ( G R A M B A S T & G U T I E R R E Z , B L I S E N B A C H ) . - FEIST & G R A M B A S T -
1977) F E S S A R D , in: J A I L L A R D et al, 1993, p.
E s t a m p a V I I ; figs. 1-6 644, fig. 6 i .

cf. 1977. Porochara globosa GRAMBAST & Material e p r o c e d ê n c i a : oito girogonites procedentes da
G U T I E R R E Z , nov. sp.; p. 7-8, est. I , figs 1- Pedreira T r i â n g u l o (L36).
14; est. X I V , figs. 1-2. Repositório e dimensões:
nv LPA LED ISI AND ANI pa pb ace

Material e p r o c e d ê n c i a : 55 girogonites procedentes do UNESPÀ-BU53 7 790 710 111 415 52 95 55 165


T r i â n g u l o M i n e i r o , entre Uberaba e U b e r l â n d i a , B R 50, (figs. 7,9-10)
K m 50, Pedreira T r i â n g u l o (L36). M u i t o s destes apare-
cem deformados. O b s e r v a ç õ e s : girogonite ovoidal sub-prolado, com L E D
D e s c r i ç ã o : girogonite globoso, com o L E D muito pouco abaixo da parte m é d i a . Contorno elíptico em vista lateral,
abaixo da altura m é d i a . Contorno em vista lateral muito truncado nos poios. C é l u l a s espirais mal calcificadas.
pouco mais comprimido para o extremo apical que para E m vista lateral s ã o contadas aproximadamente 7 célu-
o basal; ambos poios (apical e basal) fortemente trunca- las espirais, incluindo as incompletas.
dos por uma superfície, as vezes algo irregular, segundo C o m p a r a ç õ e s : estes poucos girogonites, com sulcos
a vista lateral. N a ú l t i m a vista mencionada s ã o contadas celulares c ô n c a v o s , pouco calcificados, lembram a
7-8 voltas celulares (incluindo as incompletas). A calci- Feistiella costata ( K O C H & B L I S S E N B A C H , 1960).
ficação dos girogonites é variável; geralmente, as a.c.e. N a presente e s p é c i e , entretanto, o girogonite é mais cla-
estão moderadamente a bem calcificadas. Poro apical ramente sub-prolado e, em vista lateral, s ã o contadas,
grande, formando uma d e p r e s s ã o apical (pouco marcada aproximadamente, 7 c é l u l a s espirais, i n c l u i n d o as
no material pelo recheio calcário de origem d i a g e n é t i c a ) . incompletas. Alguns poucos girogonites, imaturos e
Poro basal pequeno e pentagonal. Elementos internos deficientemente calcificados de Feistiella c f globosa,
desconhecidos. que aparecem j u n t o à presente forma na Pedreira
Repositório e dimensões: T r i â n g u l o (este trabalho), poderiam confundir-se com a
presente; entretanto estes ú l t i m o s s ã o mais esferoidais.
nv LPA L E D ISI AND ANI pa pb ace
UNESP>.-BU50(fig.l) 8 960 905 105 590 62 -280 -95 160
UNESPÀ-BU51 (fig. 2) 8 945 910 103 450 48 -255 -80 190
UNESPÀ-BU52 (fig. 3) 7 905 890 100 490 54 -265 -85 160 Género Amblyochara G R A M B A S T , 1962

C o m p a r a ç õ e s : os girogonites brasileiros se parecem aos E s p é c i e - t i p o : Sphaerochara latifasciata P E C K , 1957.


ilustrados para Porochara globosa G R A M B A S T &
G U T I E R R E Z , 1977, do Maastrichtiano da P r o v í n c i a de Amblyochara sp.
Cuenca, Espanha. Todavia, o presente material n ã o per- E s t a m p a V I ; figs. 11-14
mite c o m p a r a ç õ e s satisfatórias da estrutura do poro api-
cal em r a z ã o do recheio calcário que apresentan os mate- 1972. Amblyochara sp. M U S A C C H I O , 1972; p. 235-
riais recuperados. Por outro lado, a presente e s p é c i e se 236, fig. 1 (5); L a m . . I , figs. 2,5,9,11; L a m . I I , figs
diferencia mais claramente de Feistiella ovalis 16-18.
( F R I T S Z C H E ) do C r e t á c e o tardio andino, pois esta últi- 1986. Amblyochara sp. MUSACCHIO.- MUSA-
ma é maior e u m pouco mais cilindróide. C C H I O em R O D R I G O & B R A N I S A , 1986, p á g .
Bioestratígrafia: A s s o c i a ç ã o de Amblyochara sp. - 599; lam. V I I I , figs. 7-9.
Neuquenocypris minor mineira nov. subsp. (no
Maastrichtiano). Material e p r o c e d ê n c i a : 35 girogonites procedentes da
Pedreira T r i â n g u l o (L36) e da Pedreira Partezan (35).
270 D . D I A S - B R I T O et al

R e p o s i t ó r i o e d i m e n s õ e s do material principalmente Material e p r o c e d ê n c i a : quatro e s p é c i m e n s procedentes


estudado: da Pedreira T r i â n g u l o (L36).
nv LPA LED ISI A N D ANI pb ace D e s c r i ç ã o : girogonite de tamanho mediano a grande,
UNESPX-BU54(fig. 13) 11 1420 1270 112 560 39 -195 140
globular tuncado na zona apical. L E D muito pouco
UNESPÀ-BU55 (fig. 14) 13 1395 1255 111 610 44 190 165
UNESPÀ-BU56 11 1255 1200 104 595 47 180 160 acima da altura m é d i a ; para baixo, o contorno se afila
continuamente curvado, terminando truncado na base;
D e s c r i ç ã o : girogonite grande, sub-ovoidal c o m o L E D para a parte superior o contorno se curva mais fortemen-
um pouco acima da altura m é d i a . Desde o L E D , até a te, sendo truncado na zona apical por uma superfície irre-
base, o contorno em vista lateral se curva afilando-se gular; esta superfície é muito fracamente c ô n c a v a na
regular e progressivamente. Base fortemente truncada zona peri-apical, mais abobadada, ou convexa, na zona
com superfície de truncamento algo irregular, coincidin- apical central. E m vista lateral, s ã o contadas 10 células
do com o lugar em que c o m e ç a m os sulcos intercelula- espirais, se são incluídas as incompletas; na zona apical,
res. Desde o L E D a t é o ápice, o contorno em vista late- as a.c.e. se enlarguecem levemente. Poro basal pequeno,
ral se curva mais fortemente, passando a uma zona peri- mal preservado no material d i s p o n í v e l .
apical arrasada ou sub-truncada; polo apical no extremo Repositório e dimensões:
de uma p r o m i n ê n c i a fraca obtusa geralmente visível na nv LPA LED ISI A N D A N I ace
UNESPÀ-BU57 (fig. 1) 9 915 850 108 48 53 150
vista lateral. E m vista lateral, são contadas aproximada-
UNESPX-BU58 (fig. 2) 11 910 995 95 335 37 135
mente 11 voltas espirais, incluindo as incompletas.
Sulcos celulares muitas vezes fortemente c ô n c a v o s ,
R e l a ç õ e s : Bysmochara conquensis GRAMBAST &
mostrando cristas inter-celulares muito salientes, de
G U T I E R R E Z , 1977, do Maastrichtiano de Cuenca,
paredes estreitas, mas n ã o afiladas. Alguns poucos e s p é -
Espanha, mostraria uma forma de girogonite semelhante
cimens mostram sulcos celulares moderadamente calcifi-
à presente se as cél u as espirais da forma espanhola esti-
cados. A s a.c.e. se r e ú n e m no á p i c e mediante uma linha
vesse pouco calcificadas; a forma brasileira parece, con-
curta, quebrada; na zona peri-apical as a.c.e. se estreitam
tudo, mais globular. Por sua parte, a presente Nitellopsis?
fracamente. A b e r t u r a basal grande, sub-pentagonal
sp. mostra diferenças importantes com Nitellopsis supra-
segundo vista basal, c o m bordos convexos para o centro.
plana ( P E C K & R E K E R , 1947: p. 5, figs. 22-27) do
Variabilidade: u m grande niimero de girogonites de
Paleogeno andino. N a forma andina, o tamanho é muito
menor tamanho que os maiores aqui ilustrados e medi-
maior; ademais, quando os e s p é c i m e n s est ão bem calci-
dos, os quais mostram u m á p i c e sub-acuminado, s ã o
ficados mostram uma roseta apical destacada; finalmen-
i n c l u í d o s dentro da presente espécie. Sempre é possível
te, a zona pedicelar é forte e destacada. C o m relação a
encontrar uma g r a d a ç ã o no tamanho e desenho entre os
alguns e s p é c i m e n s imaturos da e s p é c i e descrita mais
mencionados e os maiores. Estess menores seriam restos
acima como Amblyochara sp., com a qual Nitellopsis sp.
de g a m e t â n g i o s imaturos.
pode aparecer associada e t a m b é m ser confundida, a pre-
R e l a ç õ e s : a presente e s p é c i e é estreitamente afim a
sente mostra uma leve convexidade apical central, ausen-
Amblyochara sp. M U S A C C H I O , 1972, procedente da
te em Amblyochara sp., e uma forma do girogonite sub-
F o r m a ç ã o Yacoraite em Yavi Chico (Jujuy, Argentina). O
globular antes que sub-ovoidal.
material estudado por M U S A C C H I O (1972) n ã o incluía
e s p é c i m e n s de tamanho tão grande e tampouco era
acompanhado por outros relativamente pequenos como
G é n e r o Gobichara KARCZEWSKA &
no presente caso. Os materiais da Argentina parecem
Z I E M B I N S K A - T O W R Z Y L O , 1972
mais desgastados, sugerindo que tenham sido retrabalha-
dos e, portanto, selecionados por tamanhos. Finalmente,
E s p é c i e - t i p o : Gobichara deserta KARCZEWSKA &
nos presentes e s p é c i m e n s as cristas inter-celulares che-
Z I E M B I N S K A - T O W R Z Y L O , 1972.
gam a ser muito mais destacadas que no material de
Jujuy. A s diferenças percebidas entre os dois taxa pode-
O b s e r v a ç õ e s : em 1972 apareceram na literatura os
riam ser, e n t ã o , de caráter t a f o n ô m i c o antes que paleo-
nomes Gobichara KARCZEWSKA & ZIEMBINSKA-
biológico.
TOWRZYLO, 1972, e Pseudoharrisichara
M U S A C C H I O , 1972, para a d e s i g n a ç ã o genérica de
carófitos do C r e t á c e o Superior. M U S A C C H I O (em
G é n e r o NUellopsis H Y , 1889
U L I A N A & M U S A C C H I O , 1978) considerou que o
nome Gobichara KARCZEWSKA & ZIEMBINSKA-
Espécie-tipo: Nitellopsis obtusa (DEVAUX) J.
T O W R Z Y L O , 1972, para carófitos da M o n g ó l i a , tinha
G R O V E S , 1916.
prioridade sobre Pseudoharrisichara MUSACCHIO,
1972, publicado pouco depois para designar materiais da
Nitellopsis? sp.
P a t a g ô n i a . Por sua parte, F E I S T & G R A M B A S T -
E s t a m p a V I I I ; figs. 1-2
F E S S A R D (1984) mantiveram Pseudoharrisichara
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 271

M U S A C C H I O , 1972, dentro da r e v i s ã o sobre a s i s t e m á - R e p o s i t ó r i o e d i m e n s õ e s do material principalmente


tica dos Charophyta. N o presente trabalho, se m a n t é m estudado:
Pseudoharrisichara M U S A C C H I O como s u b - g ê n e r o
dentro de Gobichara KARCZEWSKA & nv LPA LED ISI AND ANI pb
UNESPÀ-BU61 (fig. 6-8) -11 830 595 139 395 48 65
Z I E M B I N S K A - T O W R Z Y L O , 1972. U m a p o s s í v e l
UNESPX-BU62 -11 795 560 141 345 44 60
a p r o x i m a ç ã o ao problema p a l e o b i o g e o g r á f i c o será tam-
b é m de interesse para aclarar a possível s i n o n í m i a entre
O b s e r v a ç õ e s : girogonite pequeno, elipsoidal, algo pro-
ambos os taxa.
lado, de contorno, em vista lateral, regularmente curvado
incluindo um bordo apical convexo. L E D a meia altura e
cf. Gobichara (Pseudoharrisichara) groeberi
zona basal prolongada em uma columela curta, bem defi-
M U S A C C H I O , 1978. nida. C é l u l a s espirais e sulcos intercelulares mal defini-
E s t a m p a V I I I ; figs. 9-12 dos em vista externa, mostrando uma superfície h o m o g é -
nea, com textura finamente granulosa.
Cf. Gobichara groeberi M U S A C C H I O , em U L I A N A & R e l a ç õ e s : a presente e s p é c i e é afim a Gobichara
M U S A C C H I O , 1978, est. 3, figs. 57 a 62); (Pseudoharrisichara) tenuis M U S A C C H I O , 1973, do
Cf. Gobichara groeberi MUSACCHIO, em C r e t á c i c o Superior dos "Estratos com dinossauros"
M U S A C C H I O , 2000. ( P a t a g ô n i a argentina). Os presentes girogonites se dife-
renciam da forma argentina por carecer de uma
Material e p r o c e d ê n c i a : 32 girogonites procedentes da d e p r e s s ã o peri-apical, por mostrar uma p r o l o n g a ç ã o
Pedreira T r i â n g u l o ( L 3 6 ) . 12 girogonites procedentes da basal mais curta e pelo estado de m á definição que mos-
Pedreira Partezan ( L 3 5 ) tram os contatos intercelulares em vista externa.
Repositório e dimensões:
nv LPA L E D ISI AND ANI pb ace
UNESPÀ-BU59 (fig. 10) 11 605 510 118 245 41 110 125
UNESPÀ-BU60 11 620 515 120 255 40 100 115
G é n e r o Chara L I N N A E U S , 1753

E s p é c i e - t i p o : Chara tomentosa L I N N A E U S , 1753.


D e s c r i ç ã o : girogonite de tamanho mediano, sub-elipsoi-
dal, fortemente truncado no á p i c e , embora debilmente
Chara? sp.
proeminente para o polo apical. Base colunar curta, des-
E s t a m p a V I I I ; figs. 3-5
tacada e robusta. C é l u l a s espirais com cristas intercelula-
res fortemente destacadas e afiladas e sulcos intercelula-
Material: 7 girogonites (quase todos com "dehiscencia")
res c ô n c a v o s , mal calcificados. N o extremo apical, e
procedentes das pedreiras T r i â n g u l o ( L 3 6 ) e Pedreira
muito p r ó x i m o do polo, as células aparecem variavel-
Partezan (L35).
mente expandidas; aqui cada célula mostra u m d i m i n u t o
Repositório e dimensões:
b o t ã o terminal, formando uma roseta muito fraca (às
vezes i n c o n s p í c u a ) a qual inclui o contato onde se reti- nv LPA LED ISI AND ANI pb ace
nem as cinco c é l u l a s espirais. A periferia peri-apical que UNESPÀ-BU63 (fig. 3) 12 1300 775 167 740 57 95 145
limita esta roseta forma u m sulco pouco profundo, n ã o
muito bem definido. Abertura basal pentagonal larga, de O b s e r v a ç õ e s : girogonite prolado de tamanho grande,
bordos fortes, deprimida no centro. com o L E D aproximadamente a meia altura. A forma é
R e l a ç õ e s : a presente e s p é c i e se parece com Gobichara prolada, fusiforme e esbelta, biconvexa em vista lateral,
groeberi MUSACCHIO (em ULIANA & com o á p i c e prolongado em forma de espinho agudo pela
M U S A C C H I O , 1978, est. 3, figs. 57 a 62), esta ú l t i m a t o r s ã o para cima das células espirais e a base prolongada
descrita para n í v e i s maastrichtianos da F o r m a ç ã o em forma de columela larga, p r i s m á t i c a e delicada. Poro
Loncoche no sul da p r o v í n c i a de Mendoza ( P a t a g ô n i a basal pentagonal, pequeno, de bordos regulares e delica-
argentina). A e s p é c i e brasileira tem maior tamanho, é dos.
algo mais truncada no á p i c e segundo vista lateral e as R e l a ç õ e s : a presente se relaciona com Tolypella biacuta
cristas intercelulares s ã o mais regulares; n ã o mostra u m K O C H & B L I S S E N B A C H , 1960 (p. 71-72, A b h . 15, f i g .
desenvolvimento de cristas intercelulares muitas vezes 5, Tafel 2, f i g . 9) do C r e t á c e o Superior do Peru proce-
presentes nos materiais mendocinos. dente da "Arenisca Sol". A forma peruana é t a m b é m fusi-
forme embora seu tamanho seja menor que a presente.
Esta t a m b é m mostra s e m e l h a n ç a s com Charoidea gen. et
Gobichara (Pseudoharrisichara) sp.
sp. indet. M U S A C C H I O (1973; p á g . 13, Est. I V , fig.4),
E s t a m p a V I I I ; figs. 6-8
do C r e t á c e o Superior da P a t a g ô n i a procedente dos
"Estratos com dinossauros"; o material argentino (um só
Material e p r o c e d ê n c i a : 20 girogonites procedentes da
e s p é c i m e n ) n ã o permite, todavia, c o m p a r a ç õ e s adequa-
Pedreira T r i â n g u l o (L36), e da Pedreira Partezan (L35).
das.
272 D . D I A S - B R I T O et al.

Subordem Cypridocopina J O N E S , 1901 t a ç ã o grosssa muito atenuada como a presente; seu con-
Superfamflia Cypridoidea B A I R D , 1845 torno é, todavia, mais elipsoidal e a superficie das valvas
Famflia Ilyocyprididae K A U F M A N N , 1900 é lisa. Neuquenocypris (Alleniella) sp. M U S A C C H I O &
G é n e r o Ilyocypris B R A D Y & N O R M A N , 1889 S I M E O N I , 1991. nom. tras. (previamente ilustrada como
Cypridacea Gen. et sp. indet. em M U S A C C H I O & M O R O N I
E s p é c i e tipo: Cypris gibba R H A M D O H R , 1808. (1983, p. 30-31, EsL 3, figs. 9 a 11), tem algumas semel-
h a n ç a s s com a presente e s p é c i e , principalmente a a u s ê n -
Ilyocypris setembrinopetrii nov. sp. cia de uma o r n a m e n t a ç ã o grossa m u i t o marcada.
E s t a m p a I X ; figs. 1-3 Todavia, o cobrimento da V E sobre a V D relaciona o
t á x o n aqui descrito c o m Ilyocypris BRADY &
O r i g e m do nome: E m homenagem ao Prof. D r . ROBERTSON.
Setembrino Petri (Universidade de S ã o Paulo - USP,
Brasil) por seu estudo pioneiro dos carófitos do Grupo Ilyocypris sp. 1
Bauru e suas c o n t r i b u i ç õ e s à micropaleontologia brasi- E s t a m p a I X ; fig. 4
leira.
Material e p r o c e d ê n c i a : seis c a r a p a ç a s e valvas desarti- Material e p r o c e d ê n c i a : uma valva direita, pertencente
culadas na Localidade tipo. Pedreira Partezan ( L 3 5 ) . presumivelmente a uma c a r a p a ç a j u v e n i l , da Pedreira
Repositório e dimensões: Partezan (L35).
C A L Repositório e dimensões:
UNESPÀ-BU64 (figs. 2-3, Holotipo) 755 340 245
UNESPÀ -BU65 (Parátipo, VE) 735 320 C A
U N E S P À - B U 6 6 (fig. 4 , V D ) 480 310
D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a de tamanho mediano, muito com-
primida no sentido lateral, com o r n a m e n t a ç ã o grossa D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a reniforme c o m uma o r n a m e n t a ç ã o
pouco destacada. Valvas desiguais ( V E > V D ) . N o mate- grossa muito destacada, formada por t u b é r c u l o s ocos
rial, ambas as valvas mostram u m rebordo marginal cujo desenho é muito semelhante ao de Ilyocypris wich-
externo achatado e destacado, disposto ao longo da peri- manni M U S A C C H I O , 1973. A e x p a n s ã o postero-dorsal
feria extra-cardinal, salvo na zona ventral; este rebordo que segue em continuidade com o T3 chega até à zona
pode expandir-se ainda mais na parte a n t e r i o r - m é d i a , em postero-ventral, de onde segue destacada e fortemente
forma de uma orelha (lappet) antero-mediana, acumina- curvada e globosa. T l e T 2 muito destacados. S I e S2
da e afilada (Est. I X , fig.2). c o n s p í c u o s . S ã o característicos desta forma dois t u b é r c u -
Contorno sub-retangular, algo elipsoidal, c o m linhas de los muito destacados, posicionados na parte m é d i a - i n f e -
tangencia aos bordos dorsal e ventral dispostas paralelas rior; os mesmos n ã o mostiam uma base bem delimitada
entre si; bordos dorsal e ventral c ô n c a v o s no meio, mais em seu contato com a superfície da valva. O t u b é r c u l o
fortemente o ventral. Â n g u l o s cardinais arredondados. subvential-anterior está localizado sob S I . Este t u b é r c u -
Bordos anterior e posterior truncados. lo subvential anterior, juntamente com o T I , ficam
Lamela interna m u i t o delicada, prolongada t a m b é m no ambos separados de uma e x p a n s ã o sub-marginal ante-
rebordo periférico, incluindo delicadas listas distancia- rior, transversal, suavemente convexa, mediante u m
das da margem. Charneira muito simples, retilínea. sulco, muito suave e amplo, paralelo ao mesmo bordo
O b s e r v a ç õ e s : a superfície externa está mal preservada anterior. O t u b é r c u l o posterior, com base mais estreita
no material d i s p o n í v e l ; a o r n a m e n t a ç ã o fina parece ser que o anterior, aparece bem separado do extremo poste-
reticulada incluindo, t a m b é m , várias papilas conjuntivas ro-ventral, o qual - segundo se observou - está t a m b é m
pequenas. expandido.
Definição: e s p é c i e do g é n e r o Ilyocypris BRADY & Contorno aproximadamente elipsoidal, com â n g u l o s car-
NORMAN, 1889, c o m c a r a p a ç a muito comprimida late- dinais arredondados e forte concavidade ventral. A
ralmente, com o r n a m e n t a ç ã o grossa presente, embora e x p a n s ã o postero-dorsal modifica u m pouco o contorno,
que pouco destacada. Contorno elipsoidal, com bordos o que n ã o permite perceber facilmente que o bordo dor-
dorsal e ventral c ô n c a v o s , mais fortemente o ventral. A o sal inclina u m pouco para trás.
largo do margem extra-cardinal, as valvas desenvolvem O r n a m e n t a ç ã o fina, mal preservada no material, presu-
um rebordo c o m p r i m i d o , variavelmente expandido. mivelmente formada por várias pequenas p ú s t u l a s , den-
N í v e l tipo: Maastrichtiano. samente distribuídas sobre a superfície.
R e l a ç õ e s : A presente e s p é c i e é melhor comparada c o m R e l a ç õ e s : o presente ostracode difere de /. wichmanni (s.
Ilyocypris bauruensis bauruensis nov. sp. et nov. subsp. s.) principalmente pela p r e s e n ç a dos tubérculos muitos
da qual se diferencia por ser mais achatada e pela pre- destacados na zona média-inferior. Apesar destas dife-
s e n ç a do rebordo marginal extra-cardinal em ambas as r e n ç a s , as relações de parentesco entre ambas formas
valvas. Ilyocypris triebelli B E R T E L S , 1972, do parecem muito estreitas.
Maastrichtiano n o r t e - p a t a g ô n i c o , tem uma ornamen-
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 273

?Famflia Ilyocyprididae? K A U F M A N N , 1900 m é d i a das valvas. Acompanham diminutas papilas e


G é n e r o Neuquenocypris M U S A C C H I O , 1973 espinhos muito pequenos e delicados, distribuídas sobre
S u b g e a Neuquenocypris (Neuquenocypris) a superfície; quatro destas, u m pouco mais destacadas
M U S A C C H I O & S I M E O N I , 1991 que as restantes, embora sempre pequenas, d i s p õ e m - s e
(ver acima o b s e r v a ç õ e s sobre o mesmo g é n e r o ) . alinhadas com o bordo e p r ó x i m o do extremo postero-
ventral. A s filas sub-marginais - incluindo d e n t i c u l a ç õ e s
Neuquenocypris minor M U S A C C H I O & S I M E O N I , muito diminutas e esbeltas - que caracterizam o g é n e r o -
1991 sensu stricto formam alinhamentos sub-periféricos densos e muito
ordenados ao longo da zona extra-cardinal, u m pouco
R e f e r ê n c i a s : Neuquenocypris minor M U S A C C H I O & mais destacados ao distanciar-se dos â n g u l o s cardinais.
S I M E O N I nov. sp., 1991, p. 367-368, fig. 9 (7-10). Definição: c a r a p a ç a de Neuquenocypris semelhante a N.
minor M U S A C C H I O & S I M E O N I , 1991, s. s., com
Definição: espécie do género Neuquenocypris â n g u l o cardinal posterior agudo e bordo postero-dorsal
M U S A C C H I O de contorno retangular com ornamen- truncado. Superfície com o r n a m e n t a ç ã o fina consistindo
t a ç ã o fina formada por pequenas pústulas dispersas de de p o n t u a ç õ e s com distribuição densa e c o n t í n u a (mais
diferentes tamanhos, p o n t u a ç õ e s distribuídas regular- claramente marcadas na parte m é d i a ) juntamente com
mente e espinhos diminutos e delicados alinhados em papilas muito diminutas; entre estas ú l t i m a s , as mais des-
diferentes filas, muito p r ó x i m o s à margem. tacadas - em n ú m e r o de 4 - e s t ã o dispostas p r ó x i m a ao
O b s e r v a ç õ e s : esta e s p é c i e , definida a partir de sedimen- bordo postero-ventral, ali alinhadas c o m o bordo ventral-
tos maastrichtianos na localidade de Paso C ó r d o v a , posterior.
Argentina, n ã o mostra uma o r n a m e n t a ç ã o grossa com N í v e l tipo: Maastrichtiano. Este ostracode é aqui consi-
grandes espinhos ocos como as que caracterizam outras derado como marcador para c o r r e l a ç õ e s estratigráficas.
espécies do mesmo g é n e r o . R e l a ç õ e s : o presente t á x o n é considerado co-específico
de N. minor Difere da forma p a t a g ô n i c a por possuir u m
Neuquenocypris minor mineira nov. subsp. tamanho maior, u m â n g u l o cardinal posterior mais agudo
E s t a m p a I X , figs. 6-8; E s t a m p a I I I , fig. 4 em relação ao bordo postero-dorsal algo mais truncado,
e uma o r n a m e n t a ç ã o formada por espinhos e p ú s t u l a s
Origem do nome: alusão ao fato de que o táxon p r o v é m mais delicadas. Apesar destas diferenças, a c a r a p a ç a
de localidade da r e g i ã o do T r i â n g u l o M i n e i r o , Estado de mostra u m aspecto que sugere u m i n e q u í v o c o parentesco
Minas Gerais (Brasil). com o material da P a t a g ô n i a .
Material e p r o c e d ê n c i a : Treze c a r a p a ç a s procedentes
da Localidade tipo Pedreira Partezan (L35).
Repositório e dimensões: F a m í l i a Cypridididae B A I R D , 1845
Subfamilia Cypridinae B A I R D , 1845
C A L G é n e r o Virgatocypris M A L Z & M O A Y E D P O U R ,
UNESPÀ-BU67 (figs. 7-8, Holotipo) 1.030 565 405 1973

D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a de tamanho grande a mediano; ine- E s p é c i e tipo: Virgatocypris virgata MALZ &


quivalva com V D cobrindo a V E na periferia extra- M O A Y E D P O U R , 1973.
cardinal. E m vista dorsal a c a r a p a ç a é semelhante a N.
minor (s.s.), u m pouco menos larga, sempre com seu Virgatocypris mezzalirai nov. sp.
m á x i m o na parte m é d i a posterior. Bordo charneiral em E s t a m p a I X ; figs. 9-12
um sulco muito delicado, sem cobrimento relativo das
valvas ao longo de sua e x t e n s ã o . Sulcos antero-dorsais Origem do nome: E m homenagem ao Prof. Dr. Sergio
( S I e S2) presentes. T u b é r c u l o s ( T l , T 2 e T 3 ) e Mezzalira (Universidade de S ã o Paulo - USP, Brasil) por
i m p r e s s ã o externa dos m ú s c u l o s mandibulares i n c o n s p í - sua c o n t r i b u i ç ã o à Paleontologia do Grupo Bauru.
cuos (como no g é n e r o ) . Material e p r o c e d ê n c i a : 5 valvas adultas, algumas
Contorno sub-retangular, algo trapezoidal, com â n g u l o s incompletas, e juvenis procedentes da Localidade tipo
cardinais agudos; bordo dorsal retilíneo, fracamente Pedreira T r i â n g u l o (L36). 3 juvenis com valvas articula-
inclinado para trás; bordo antero-ventral destacado, con- das procedentes da Pedreira Partezan (L35).
tínuo e regularmente arredondado; bordo postero-ventral Repositório e dimensões:
t a m b é m c o n t í n u o e regularmente arredondado. Bordo C A
postero-dorsal truncado. UNESPÀ-BU68 Ouvenil, Parátipo) 755 490
Superfície externa delicadamente pontuada, com distri- UNESPÀ-BU69 (Holotipo, VD) 890 -575
buição das p o n t u a ç õ e s de forma regular, densa e contí- UNESPÀ -BU70 (fig. 12, VD, juvenil, Parátipo) 590 370
nua; estas p o n t u a ç õ e s estão melhores impressas na zona

N
274 D . D I A S - B R I T O et al

D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a cordiforme grande, aplanada ven- Bogdocypris K H A N D ) e n ã o é ornamentada. Esta última


tralmente, fortemente convexa para o lado dorsal. diferença a separa claramente de V. virgata com a qual
Inequivalva ( V D > V E ) , com paredes relativamente deli- comparte, todavia, uma t e n d ê n c i a parecida no cresci-
cadas, finamente costeladas. Nos adultos, a V D mostra mento o n t o g e n é t i c o e uma o r n a m e n t a ç ã o vagamente
na zona antero-ventral uma destacada e x t e n s ã o da zona semelhante. N o que se refere a este ú l t i m o caráter há
marginal, a qual sobressai com forma de orelha c o m t a m b é m diferenças: na presente, as costelas mesmas s ã o
r e l a ç ã o ao contorno da valva mesma (Estampa I X , f i g . menos regulares e os dois pontos de c o a l e s c ê n c i a da
11) sobre sua superfície externa. Esta e x p a n s ã o n ã o leva o r n a m e n t a ç ã o "virgada" s ã o menos definidos.
a o r n a m e n t a ç ã o fina que caracteriza o resto da parede
externa da mesma V D , que é finamente costelada;
somente aparecem umas poucas piístulas, diminutas na S u b f a m í l i a Talicyprideinae H O U , 1982
parte inferior. O tipo de articulação dorsal entre as val- Género Altanicypris S Z C Z E C H U R A , 1978
vas, consistindo de u m encaixe marginal amplo e conti-
nuamente curvado com uma inflexão no ponto de maior E s p é c i e - t i p o : Cypridea szczechurae STANKEVITCH,
altura, n ã o d á lugar para a d e l i m i t a ç ã o de â n g u l o s cardi- 1974 (apud S Z C Z E C H U R A , 1978).
nais.
Nos adultos, o contorno é sub-triangular, algo arredon- Altanicypris australis nov. sp.
dado e alongado, c o m bordo dorsal fortemente convexo E s t a m p a X ; figs. 1-6
a l c a n ç a n d o a maior altura na parte m é d i a ; o mesmo
passa continuamente arredondado a t é o bordo postero- Origem do nome: se refere ao hemisfério austral.
ventral e a t é à zona antero-ventral; nesta última, e só na Material e p r o c e d ê n c i a : 15 c a r a p a ç a s adultas; uma V D
V D , tal continuidade se modifica pela proeminente incompleta, escassos juvenis procedentes da Localidade
e x p a n s ã o auricular que adquire seu maior desenvolvi- fipo Pedreira T r i â n g u l o ( L 36).
mento nos adultos; por sua parte, o extremo postero-ven- Repositório e dimensões:
tral se afila apontando para baixo, embora o ápice C A L
mesmo aparece arredondado. UNESPÀ-BU71 (figs, 3-5, Holotipo) 1650 1200 905
Superficie externa das valvas ornamentada por costelas UNESPÀ-BU72 (fig 1) 1625 1195 890
finas e delicadas, dispostas apertadamente entre si. O UNESPÀ-BU73 (fig 4) 1630 1205 895
desenho resultante recorda ao de uma i m p r e s s ã o digital;
as costelas periféricas tendem a se dispor sub-paralela- D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a muito grande, ovoidal mais alta que
mente ao contorno; as sub-centrais, estão dispostas sub- larga, regular e fortemente convexa na parte dorsal;
horizontalmente e tendem a coalescer em dois pontos: biconvexa no senfido lateral, u m pouco mais comprimi-
um, mediano-anterior, e o outro, posterior-mediano. da no extremo anterior. Valvas a s s i m é t r i c a s ; V E > V D na
E m c a r a p a ç a s juvenis, a forma, ventralmente aplanada, é periferia extra-cardinal, salvo na zona antero-ventral,
semelhante a Zonocypris M U L L E R . Contorno sub-oval, onde a V D sobrepassa a V E , formando a e x p a n s ã o labial
algo alongado, mais destacado antero-ventralmente e que caracteriza o g é n e r o . Dorsalmente, as valvas n ã o se
arredondado na zona dorsal; o bordo ventral é curvilíneo, s o b r e p õ e m mutuamente; no lado ventral, o cobrimento
um pouco mais convexo na parte média-anterior. A orel- da V D sobre a V E é muito amplo.
ha antero-ventral na V D se desenvolve incipientemente Paredes lisas, t r a n s l ú c i d a s , c o m superficie brilhante.
nas mudas p ó s t u m a s , adquirindo desenvolvimento com- Contorno triangular contínua e regularmente arredondado.
pleto nos adultos, pois tem crescimento a l o m é t r i c o . O bordo dorsal é fortemente convexo, um pouco mais
Definição: e s p é c i e atribuída ao g é n e r o Virgatocypris pendente na zona antero-dorsal, a l c a n ç a n d o a maior altu-
MALZ & M O A Y E D P O U R , 1973. Os adultos s ã o carac- ra na parte m é d i a ; bordo ventral suavemente convexo.
terizados por uma e x p a n s ã o auricular na V D , proemi- Bordos anterior e posterior regular e continuamente arre-
nente, n ã o exibindo a o r n a m e n t a ç ã o característica que dondados.
cobre a superficie externa das valvas. Bordo dorsal do E x p a n s ã o labial na V D dos adultos com uma margem
contorno semi-circular e bordo p ó s t e r o ventral afilado, afilada que sobrepassa, sem cobrir, a V E ; o "selvage" na
apontando para baixo nos adultos. V D aparece distanciado da margem e prossegue, cond-
N í v e l tipo: Maastrichdano. Este ostracode é aqui consi- nuamente arredondado, para a zona dorsal, onde forma a
derado como marcador para c o r r e l a ç õ e s estratigráficas. charneira (Est. X , f i g . 6). E m juvenis, a e x p a n s ã o labial
R e l a ç õ e s : a e x p a n s ã o auricular antero-ventral da presen- está debilmente desenvolvida na p e n ú l d m a muda.
te e s p é c i e é, ao menos, a n á l o g a à que caracteriza o g é n e - Definição: e s p é c i e do género Altanicypris, com c a r a p a ç a
ro Virgatocypris M A L Z & M O A Y E D P O U R , 1973, ["- muito grande, lisa e brilhante, de forma sub-ovoidal,
Vorderende der R durch eine Aussenleiste (in der L sch- mais alta que larga. Contorno triangular continuamente
mal) lappenartig gegen den Saum abgesetz---•" i n : arredondado, convexo no lado dorsal, a l c a n ç a n d o a
M A L Z & M O A Y E D P O U R (1973): p. 288], se bem que, maior altura na parte m é d i a , com pendente frontal muito
no presente caso, tal e x p a n s ã o spbressai (como em pouco maior que a postero-dorsal. O cobrimento extra-
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 275

cardinal da V E sobre a V D é amplo só na zona ventral. Contorno oval-alongado, continuamente arredondado,


E x p a n s ã o labial c o m moderado desenvolvimento. com o bordo antero-ventral afilado, apontando fraca-
Nível tipo: F o r m a ç ã o Marília, M e m b r o Ponte A l t a . mente para baixo; maior altura na parte m é d i a , um pouco
C r e t á c e o Superior, Maastrichtiano. Este ostracode é aqui para trás; bordo ventral c ô n c a v o na parte m é d i a anterior.
considerado como marcador para c o r r e l a ç õ e s estratigrá- O b s e r v a ç õ e s : a nomenclatura da e s p é c i e permanece
ficas. aberta pelo desconhecimento da morfologia interna das
R e l a ç õ e s : a presente e s p é c i e é muito p r ó x i m a a A. szcze- valvas. A luz transmitida, as c a r a p a ç a s , sempre fechadas,
churae (em S Z C Z E C H U R A , 1978: p. 91-92, est. 2 1 , parecem exibir uma lamela interna ampla na parte ante-
figs. 2-5; est. 37) da qual parece diferir por ser de maior rior.
tamanho e possuir uma forma menos globosa em sentido
lateral; o cobrimento da V E sobre a V D nas zonas ante- G ê n . et sp. indet. 1
rior e posterior é, ademais, menos destacado. E s t a m p a X ; figs. 6-7

Material e p r o c e d ê n c i a : 12 c a r a p a ç a s completas, bem


F a m í l i a E u c y p r i d i n a e B R O N S T E I N , 1947 preservadas, procedentes da Pedreira Partezan (L35).
G é n e r o Lycopterocypris M A N D E L S T A M , 1956 (em Repositório e dimensões:
L Ú B I M O V A , 1956, p á g . 1 0 4 ) C A L
U N E S P À - B U 7 6 (fig. 6) 980 395 385
cf. "Lycopterocypris angulata" G R E K O F F , 1960
E s t a m p a I X ; fig. 5 D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a m u i t o alongada, de tamanho media-
no, a s s i m é t r i c o com V E muito maior que a V D na peri-
Referências: cf. "Lycopterocypris angulata" feria extracardinal; por outro lado, as margens de ambas
G R E K O F F , 1960; este trabalho (item 4.1). as valvas - que permanecem sem sobrepor-se mutuamen-
Material e p r o c e d ê n c i a : quatro c a r a p a ç a s procedentes te no bordo dorsal - se encontram ao longo de um conta-
da Pedreira T r i â n g u l o ( L 3 6 ) . to suavemente c u r v i l í n e o . E m vista dorsal, a c a r a p a ç a é
Repositório: moderadamente comprimida em sentido lateral; a largu-
C A ra maior está na parte posterior e a forma se estreita regu-
U N E S P À - B U 7 4 ( f i g . 5) 795 495 larmente para o extremo anterior. Paredes lisas e bem
calcificadas.
O b s e r v a ç õ e s : as presentes c a r a p a ç a s encontradas nesta Contorno da V E (sempre maior ou igual à V D ) elipsoi-
a s s o c i a ç ã o do Maastrichtiano n ã o mostram diferenças dal muito alongado, com o bordo postero-dorsal trunca-
significativas para serem separadas em u m táxon dife- do e o bordo postero-ventral arredondado; bordo anterior
rente daquele que aparece, inclusive c o m maior detalhe, c o n t í n u o e fortemente arredondado, apontando muito
em meio à fauna da F o r m a ç ã o Adamantina. Estas cara- fracamente para baixo; bordo dorsal convexo, com a
p a ç a s são u m pouco mais comprimidas no sentido late- maior altura da c a r a p a ç a estando u m pouco atrás da parte
ral; o contorno mostra u m bordo dorsal mais paralelo ao m é d i a . R e l a ç ã o C / A aproximadamente 2,5.
ventral que no material da F o r m a ç ã o Adamantina. O b s e r v a ç õ e s : a presente e s p é c i e tem algumas seme-
lhanças no contorno com Mediocypris brodi
G é n e r o Candonopsis V Á V R A , 1891 S C H N E I D E R , 1956; n ã o foram observados, todavia,
p o n t u a ç õ e s nem cristas sub-marginais na zona ventral
Espécie tipo: Candona kingsleii BRADY & como as descritas para a e s p é c i e do Terciário {apud
R O B E R T S O N , 1891. M O O R E , p. 221).

Candonopsis sp.
E s t a m p a X ; fig. 9 G e n . et sp. indet. 2
E s t a m p a X ; figs. 9-14
Material e p r o c e d ê n c i a : 16 c a r a p a ç a s articuladas, com-
pletas, bem preservadas, procedentes da Pedreira Material e p r o c e d ê n c i a : 4 c a r a p a ç a s , fragmentos de
Partezan (L35). valvas procedentes da Pedreira T r i â n g u l o (L36)
Repositório e dimensões: R e p o s i t ó r i o do material e d i m e n s õ e s :
C A C A L
U N E S P À -BU75 ( f i g . 9) 570 315 U N E S P À - B U 7 7 ( f i g . 10, V D ) 980 610
U N E S P À - B U 7 8 (figs. 11-12) 965 590 555
D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a pequena, de forma ovoidal-alonga-
da, afilando-se lateralmente para o bordo antero-ventral.
D e s c r i ç ã o : c a r a p a ç a grande com forma vagamente tra-
A altura da c a r a p a ç a é maior que a largura. Valvas assi-
pezoidal, u m pouco destacada na parte anterior m é d i a e
métricas ( V E > V D ) , com parede lisa.
276 D . D I A S - B R I T O et al.

algo expandida na parte caudal posterior baixa; quase geográfica, e, presumivelmente, t a m b é m temporal, que
duas vezes mais alta que larga; fortemente inequivalva existe entre as diferentes localidades, o desenho popula-
( V E > V D ) , com amplo cobrimento ventral. Paredes for- cional que ambas e s p é c i e s mostram é relativamente
tes. Superficie externa das valvas brilhante e ornamen- constante. A variabilidade "intra-populacional" pode ser
t a ç ã o fina fraca, mas c o n s p í c u a , sobretudo p r ó x i m o da grande, sobretudo para "Chara " barbosai, encontrando-
margem anterior em ambas valvas, onde aparecem papi- se, sempre, formas de transição entre os extremos da
las alinhadas ao bordo; papilas similares foram encontra- v a r i a ç ã o . Entretanto, o par mostra relativa c o n s t â n c i a na
das muito p r ó x i m o do extremo caudal. r e p e t i ç ã o deste desenho de variabilidade. Os ostracodes
Contorno da V E sub-trapezoidal arredondado, c o m que acompanham "Chara" barbosai,foram apresenta-
bordo dorsal fortemente convexo, algo d e s c o n t í n u o , dos em u m trabalho anterior ( E . A . M . em D I A S - B R I T O
a l c a n ç a n d o a maior altura na parte m é d i a . A partir deste et al, 1998 e em C A S T R O et al, 1999). Entre estes, n ã o
ponto de maior altura, o bordo frontal passa, c o n t í n u a e se encontrou nenhuma e s p é c i e do g é n e r o Cypridea
muito amplamente arredondado, ao bordo anterior; na B O S Q U E T ; este ú l t i m o é u m c o n s p í c u o representante
parte m é d i a , o contorno se destaca para diante, coinci- das a s s o c i a ç õ e s e o c r e t á c i c a s sul-americanas. Nas apre-
dindo com u m curvamento mais forte do bordo anterior- s e n t a ç õ e s p r é v i a s referidas, foram reconhecidas as 24
m é d i o ; segue para baixo em continuidade, embora retra- e s p é c i e s (22 de ostracodes e 02 de carófitos), que s ã o
ído (ou sub-truncado) na parte antero-ventral. Bordo agora descritas, mesmo quando sua p o s i ç ã o sistemática
ventral convexo. O bordo posterior sub-ventral se pro- n ã o tenha sido resolvida em todos os casos.
longa em uma suave, embora sempre curvada, e x p a n s ã o
caudal que aponta para trás. Bordo postero-dorsal trun- 5.1.1 Sobre as r e l a ç õ e s b i o g e o g r á f i c a s da F a u n a de
cado, a t é m u i t o fracamente c ô n c a v o . Ilyocypris cf. riograndensis
Superfície fracamente ornamentada, com papilas e piís- Nos ostracodes desta a s s o c i a ç ã o da Formação
tulas dispersas; estas líltimas s ã o mais destacadas quan- Adamantina é possível encontrar afinidades com faunas
do formam uma fila seriada sub-marginal na parte conhecidas de diferentes r e g i õ e s g e o l ó g i c a s , mesmo
m é d i a - a n t e r i o r coincidindo com o engrossamento sub- quando estas correspondam a idades diferentes. E m
periférico anterior, acima referido. Charneira adonte D I A S - B R I T O (1998, p. 9), foi reconhecida a e x i s t ê n c i a
(adont), fortemente calcificada. Zona marginal com lis- de afinidades c o m faunas da África, Brasil e P a t a g ô n i a .
tas muito delicadas, pelo menos na parte anterior.
S ã o incluídas na d e s c r i ç ã o desta e s p é c i e c a r a p a ç a s que Afinidades com faunas africanas: aproximadamente 1/3
poderiam ser de representantes juvenis, encontradas na das e s p é c i e s da F o r m a ç ã o Adamantina pode ser melhor
Pedreira Partezan (L35), em margas e lamitos j á referi- comparada com outras da Zona de A s s o c i a ç ã o 10 de
dos anteriormente. Elas s ã o piriformes, a s s i m é t r i c a s e Grekoff, 1957. Esta a s s o c i a ç ã o corresponde à F o r m a ç ã o
fortemente inequivalvas, com bordo antero-ventral trun- L o i a e outras equivalentes do Congo, incluindo a Série 3
cado e bordo dorsal inclinado para trás. A o r n a m e n t a ç ã o (245-251 m) da sondagem Samba 1, e do nível posicio-
fina consiste de uma fina g r a n u l a ç ã o , sobretudo na parte nado a 65 m na sondagem Dekesse. Estes ostracodes
anterior. E m alguns e s p é c i m e n s , na V D aparece u m africanos s ã o atribuídos atualmente ao intervalo Albiano-
c o n s p í c u o espinho formado por material de aspecto Cenomaniano ( c f C O L I N et al, 1996; C O L I N &
vítreo, c o m á p i c e arredondado, localizado na parte pos- D E P Ê C H E , 1997).
tero-ventral, o qual aponta para trás.
Afinidades com faunas brasileiras: pelo menos cinco
e s p é c i e s da F o r m a ç ã o Adamantina s ã o c o m p a r á v e i s ,
5. A S P E C T O S P A L E O B I O L Ó G I C O S , B I O G E O - embora com diferentes graus de s e m e l h a n ç a s , a taxa
GRÁFICOS E BIOESTRATIGRÁFICOS DA aptiano-albianos conhecidos previamente para o nordes-
ASSOCIAÇÃO MICROFOSSILÍFERA D O te do Brasil ( f o r m a ç õ e s Santana e Alagamar) e outras
G R U P O B A U R U (E. A. M U S A C C H I O ) bacias costeiras.

5.1. Características da A s s o c i a ç ã o de "Chara" barbosai Afinidades com faunas patagônicas: vários g é n e r o s que
- Ilyocypris cf. riograndensis (IXironiano-Santoniano) foram previamente reconhecidos nos "Estratos com
dinossauros" das províncias de N e u q u é n e Mendoza, na
As e s p é c i e s que d ã o nome a esta a s s o c i a ç ã o estão pre- Argentina, estão representados na fauna da F o r m a ç ã o
sentes de forma associada em quase todas as localidades Adamantina. Pelo menos sete e s p é c i e s pertencentes a
microfossilíferas da F o r m a ç ã o Adamantina (vide Fig. 7). Ilyocypris, Neuquenocypris, Wolburgiopsis e
E s t ã o , por outro lado, representadas por uma p r o p o r ç ã o Paralimnocythere"? mostram estreitas s e m e l h a n ç a s com
geralmente alta de indivíduos com r e l a ç ã o às outras formas da F o r m a ç ã o Adamantina, embora as afinidades
e s p é c i e s com as quais se associam. Apesar da s e p a r a ç ã o estejam em graus diferentes. Entre as espécies, várias

\
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 277

Fig. 7 : Taxa encontrados no Gmpo Baum e suas respectivas localidades.


Fig. 7 : Taxa found in the Bauru Group and their respective localities.

<
< O o O
TAXA 3 j 3 J
oo
00 j 3 3 s
ro

M25 Ilyocypris setembrinopetrii


M26 Ilyocypris sp. 1
M27 Neuquenocypris minor mineira
M28 Virgatocypris mezzalirai
M29 Altanicypris australis
M30 Gen. et sp. indet. 1
M31 Gen. et sp. indet. 2
M32 Feistiella cf. globosa
M33 Feistiella cf. costata
M34 Amblyochara sp.
M35 Nitellopsis? sp.
M36 cf Gobichara P. groeberi
M37 Gobichara P. sp.
M38 Chara? sp.
Ml "Metacypris " cf. polita
M2 "Metacypris" sp.
M3 Paralimnocythere? hasuii
M4 Wolburgiopsis cf. neocretacea
M5 Wolburgiopsis cf. vicinalis
M6 Ilyocypris cf wichmanni
M7 Ilyocypris cf riograndensis F A F AA A A A
M8 Ilyocypris bauruensis rectidorsata ? ?
M9 Ilyocypris bauruensis bauruensis A
MIO Neuquenocypris soaresi
M i l Eucandona ? sp. A
Ml2 Candonopsis ? sp.
Ml3 Paracypria"? sp. 1
M14 Paracypria? sp. 2
M15 cf. Reconcavona? ultima
Ml 6 "Salvadoriella" sp.
Ml 7 "Lycopterocypris"cf. angulata
MIS Mantelliana sp.
Ml9 Talicypridea suguioi ?
M20 cf. "Hourcqia"symmetrica
M21 Brasacypris fulfaroi
M22 Paracypridea sp.
M23 "Chara" barbosai D A AA
M24 Feistielhss;,
F=frequente A=abundante D=doininante Ausente Presente

V
278 D . D I A S - B R I T O et al.

pertencem ao g é n e r o Ilyocypris. O caso de Ilyocypris creve pela primeira vez (ver abaixo), parece trazer casos
riograndensis M U S A C C H I O & S I M E O N I , 1991, bem similares de estase. Neste ú l t i m o caso, todavia, o peso
representado em sedimentos p r é - c a m p a n i a n o s ao sul de relativo dos poucos elementos "velhos" ou "residuais"
Mendoza, tem particular interesse. Formas semelhantes a parece fraco frente às novidades que traz consigo a fauna
esta liltima apareceram no Brasil, tal como a presente dos d e p ó s i t o s do M e m b r o Ponte A l t a da F o r m a ç ã o
Ilyocypris cf. riograndensis no Estado de S ã o Paulo {in Marília (Associação de Amblyochara sp. -
D I A S - B R I T O et al, 1998) e na Chapada do Araripe. Neuquenocypris minor mineira).
Para esta última localidade, B E R T H O U et al (1994, est.
I : 11-13) ilustraram uma e s p é c i e de Ilyocypris presente
em sedimentos aptianos-^eoalbianos? do M e m b r o Crato 5.2. C a r a c t e r í s t i c a s da A s s o c i a ç ã o de Amblyochara
( F o r m a ç ã o Santana), t a m b é m semelhante, embora talvez sp. - Neuquenocypris minor mineira nov. subsp.
n ã o c o - e s p e c í f i c a c o m a e s p é c i e da F o r m a ç ã o (Maastrichtiano)
Adamantina. Trata-se, portanto, de u m grupo de formas,
presumivelmente aparentadas, com ampla d i s t r i b u i ç ã o A flora de carófitos encontrada nas pedreiras T r i â n g u l o e
geográfica. Se, por u m lado, parecem pouco apropriadas Partezan inclui 7 (sete) o r g a n o - e s p é c i e s , acompanhadas
para o tratamento da cronologia, em função de sua esta- por 9 e s p é c i e s de ostracodes n ã o - m a r i n h o s . Estes micro-
bilidade m o r f o l ó g i c a no tempo, por outro sugerem uma fósseis s ã o agora pela primeira vez descritos e ilustrados
boa a d a p t a ç ã o a u m amplo bioma, plano, geologicamen- e s ã o provenientes de algumas poucas amostras coleta-
te estável, p r ó p r i o da etapa de sag que caracterizou este das nas duas localidades. Embora tais localidades te-
setor continental naquela fase, com extensos corpos de nham sido incipientemente exploradas até agora, esta
á g u a s doces e salobras. Finalmente, é de interesse des- a s s o c i a ç ã o do M e m b r o Ponte Alta parece guardar, para
tacar a p r e s e n ç a de uma forma que antecipa a Ilyocypris futuros estudos, uma maior diversidade t a x o n ô m i c a e
ex gr. wichmanni A presente /. cf. wichmanni, encontra- t a m b é m uma maior diversidade de ambientes subordina-
da em Ibirá, V i l a Ventura (L26), mostra a e x p a n s ã o pos- dos, com r e l a ç ã o à relativa monotonia que exibe a asso-
tero-dorsal T3 bem delineada, embora menos inflada c i a ç ã o da F o r m a ç ã o Adamantina. Nos níveis que agora
que na forma das a s s o c i a ç õ e s do C r e t á c e o terminal na est ão sendo estudados, os microfósseis mostram sinais
P a t a g ô n i a (Est. I I I , figs. 5-6). claros de autoctonia: s ã o muitas as c a r a p a ç a s de ostra-
codes que est ão articuladas, que n ã o mostram s e l e ç ã o de
tamanhos (incluem as mudas) e que conservam, bem pre-
5 . 1 . 2. Sobre a idade da A s s o c i a ç ã o "Chara" barbosai servados, detalhes delicados da o r n a m e n t a ç ã o . E m
- Ilyocypris cf. riograndensis alguns casos, aparecem aspectos fenotípicos peculiares:
Anteriormente a fauna da F o r m a ç ã o Adamantina foi grandes espinhos nas mudas como econtrados nas faunas
posicionada no intervalo Turoniano-Santoniano de á g u a s geradoras de diatomitos. Abundam, t a m b é m , as
( M U S A C C H I O em D I A S - B R I T O , 1998, p á g . 9): c a r a p a ç a s e os girogonites bem calcificados de parede
"The calcareous microfossils of the Adamantina forte.
Formation herein studied are assigned to the Late
Cretaceous and the interval suggested is post- 5. 2 . 1 . Sobre a idade da A s s s o c i a ç ã o Amblyochara sp.
Cenomanian to pre-Campanian (Turonian - Santonian). - Neuquenocypris minor mineira nov. subsp.
The assumption of a long vertical range for this assem- Entre os carófitos, as e s p é c i e s Porochara cf. globosa
blages is the reflex for the above mentioned faunal G R A M B A S T & M A R T Í N E Z e Amblyochara sp. i n d i -
inconsistencies and the remarkable low diversity of the cam uma idade Maastrichtiano. P. globosa foi descrita
charophytes. The ostracod assemblages exhibit both para o Maastrichtiano da F r a n ç a ; Amblyochara sp. é bem
Albian-Cenomanian and Campanian-Maastrichtian affi- comparada à forma descrita e ilustrada por
nities. This apparent incongruity can be explained by the M U S A C C H I O (1972) em n í v e i s a t r i b u í d o s ao
permanence (stasis) of ancient stocks of morphotypes to Maastrichtiano da F o r m a ç ã o Yacoraite do norte da
which were added new morphs which anticipated the Argentina. N o conjunto, a a s s o c i a ç ã o de carófitos é me-
conspicuous uppermost Cretaceous species. The low lhor comparada com a microflora da F o r m a ç ã o Mariano
diversity of the Adamantina Charophytes is not typical Boedo (sondagem S a i r á do YPF, na p r o v í n c i a de
for South American Campanian-Maastrichtian. The C ó r d o b a - Argentina), que é muito p r ó x i m a ao limite
well-known uppermost Cretaceous flora (Porochara gil- K/T.
demeisteri-Assemblage) which occurs in countries of Entre os ostracodes se destaca a p r e s e n ç a de uma forma
South America in stratigraphic units that follows the estreitamente relacionada com Neuquenocypris minor
Peruvian Orogeny, were not found in this assemblage. " M U S A C C H I O & S I M E O N I do Maastrichtiano da
C o m r e l a ç ã o ao possível caso de estase (stasis) sugerido P a t a g ô n i a . Ademais, h á uma e s p é c i e a t r i b u í d a a
para alguns elementos "velhos" da Formação Altanicypris australis nov. sp., que lembra A. sczchezu-
Adamantina, a fauna maastrichtiana, que agora se des- rae do Maastrichtiano asiático, e, finalmente, Ilyocypris
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 279

sp. 1 (este trabalho) que lembra a /. wichmanni 6. D A D O S I S O T Ó P I C O S


M U S A C C H I O , do C r e t á c e o terminal da P a t a g ô n i a .
C o m r e l a ç ã o à diversidade dos carófitos e às m u d a n ç a s C a r a p a ç a s de ostracodes e girogonites de carófitos das
na c o m p o s i ç ã o m i c r o p a l e o n t o l ó g i c a , que s ã o percebidas f o r m a ç õ e s Adamantina e M a r í l i a (Membro Ponte Alta)
na a s s o c i a ç ã o do M e m b r o Ponte A l t a em c o m p a r a ç ã o foram analisados num sistema a u t o m á t i c o de preparo de
com a fauna da F o r m a ç ã o Adamantina, parece oportu- amostras (Sistema K i e l ) , diretamente acoplado ao
no destacar o significado do salto p a l e o n t o l ó g i c o detec- e s p e c t r ô m e t r o de massas Finnigan-Mat 252. Os resulta-
tado de uma unidade para outra. A microflora do dos isotópicos estão representados pela n o t a ç ã o 6, em
M e m b r o Ponte A l t a inclui sete espécies de carófitos con- relação ao p a d r ã o internacional P D B (Beleminite da
tra duas da microflora da F o r m a ç ã o Adamantina, nenhu- F o r m a ç ã o Peedee, C r e t á c e o , Carolina do Sul, E U A ) ,
ma das quais sendo mutuamente compartilhada. E m que é definida pela fórmula:
outras bacias sul-americanas verificou-se u m incremen-
Ô ( ° / o o ) = R(amoslra) - R(padrão) X 1000
to na diversidade dos carófitos durante o Campaniano-
Maastrichtiano. Este incremento pode ter sido facilitado R(padrão)

pelas m u d a n ç a s p a l e o g e o g r á f i c a s ocorridas no continen-


te durante a orogenia peruana ( M U S A C C H I O , 2000). em que R representa a r e l a ç ã o isotópica do elemento
Por sua parte, os ostracodes de ambas as a s s o c i a ç õ e s considerado. A p r e c i s ã o das análises foi de ± 0,05 «/oo.
compartem apenas duas e s p é c i e s . Assim, a t é o presente
para u m total de 38 taxa, que somam as duas asso- Foram efetuadas 24 análises isotópicas de carbono e
ciações, somente 2 e s p é c i e s são compartilhadas. o x i g é n i o em m i c r o f ó s s e i s de 12 diferentes localidades.
E m síntese, a a s s o c i a ç ã o do M e m b r o Ponte A l t a é atri- 18 amostras provieram da F o r m a ç ã o Adamantina e 06
b u í d a ao Maastrichtiano (Neomaastrichtiano?). Entre do M e m b r o Ponte A l t a . Os resultados isotópicos n ã o
esta a s s o c i a ç ã o e a inferior, mais antiga e que integra a variaram de forma significativa entre distintos grupos de
F o r m a ç ã o Adamantina, percebe-se u m salto micropale- microfósseis (ostracodes e carófitos) de uma mesma
o n t o l ó g i c o . Esta m u d a n ç a deve refletir a o c o r r ê n c i a de amostra. Por outro lado, vários resultados foram testa-
processos g e o l ó g i c o s regionais p r é v i o s na r e g i ã o . Os dos com novas análises, a partir de novos indivíduos (da
mesmos devem ser r e s p o n s á v e i s pela g e r a ç ã o de duas mesma amostra ou de diferentes níveis ou pontos amos-
s e q u ê n c i a s estratigráficas maiores, que a micropaleonto- trais de uma mesma localidade), tendo-se obtido infor-
logia agora sugere. m a ç õ e s consistentes. Adicionalmente, para margas do
M e m b r o Ponte A l t a , colhidas nas pedreiras Partezan e
N ã o obstante os argumentos anteriores, que indicam
T r i â n g u l o , foram feitas análises de amostra total; os
uma idade maastrichtiana para a a s s o c i a ç ã o do M e m b r o
resultados foram muito p r ó x i m o s aos obtidos a partir de
Ponte A l t a , existem alguns microfósseis dentro desta
c a r a p a ç a s de ostracodes e de girogonites com recheio
mesma unidade, que poderiam implicar num questiona-
(vide Tabela I ) .
mento quanto à a t r i b u i ç ã o irrestrita ao Maastrichitano.
Tratam-se pelo menos de três elementos, a seguir deta-
lhados: a) uns poucos girogonites mal calcificados lem-
6.1. Reflexos na paleoecologia dos ostracodes e c a r ó -
bram a P. costata K O C H & B L I S S E N B A C H , 1960, do
fitos
Paleoceno peruano; b) os girogonites brasileiros s ã o
sub-prolados e em vista lateral s ã o contados, aproxima-
O conjunto de dados isotópicos indica que os sedimen-
damente, 8-9 voltas espirais. Da mesma a s s o c i a ç ã o ,
tos da F o r m a ç ã o Adamantina, contendo ostracodes e
Nitellopsis sp. mostra algumas s e m e l h a n ç a s c o m
carófitos, foram depositados em ambientes aquáticos
Nitellopsis supraplana (PECK & R E K E R , 1947) do
com diferentes salinidades (de á g u a doce a salobra). A s
Paleogeno andino, sendo o tamanho do girogonite, toda-
diferentes localidades e os respectivos dados isotópicos
via, menor; e c) o g é n e r o de ostracode Virgatocypris é
estão indicados na Figura 8 A . Combinando-se este qua-
conhecido no Terciário europeu. Estes três elementos,
dro com o inventário mi£rofossilífero de cada localida-
entretanto, n ã o parecem suficientes para desqualificar a
de foi possível construir u m diagrama em que s ã o mos-
atribuição de Maastrichtiano à a s s o c i a ç ã o do M e m b r o
tradas as preferências salínicas relativas dos diferentes
Ponte A l t a , aqui descrita e que foi encontrada acima do
taxa (Fig. 8 B ; vide Fig. 7 para identificação dos diferen-
banco superior de calcretes. Os microfósseis de "aspec-
tes taxa). Considerando-se que, neste caso, n ã o é possí-
to moderno", r e c é m referidos, incitam à e x p l o r a ç ã o
vel estabelecer faixas salínicas com valores e limites
m i c r o p a l e o n t o l ó g i c a dos termos superiores da F o r m a ç ã o
definidos (tratam-se de á g u a s fósseis; desconhece-se o
Marília na r e g i ã o de Uberaba, antes de se extrapolar a
fracionamento b i o g é n i c o do o x i g é n i o para ostracodes
presente atribuição c r o n o l ó g i c a a toda unidade (particu-
individuais; desconhecem-se os " r u í d o s " diagenéticos)
larmente à cobertura Serra da Galga).
n ã o se pode ir a l é m do que indicar u m "trend" de
variação salínica.
280 D . D I A S - B R I T O et al

Tabela I : Dados de ô ' 8 0 e de ôi^C das f o r m a ç õ e s M a r í l i a e Adamantina. Dados de rocha total: Pedreira Partezan ( 5 i 8 0 =
-5,72; ô i 3 C = -9,48); Pedreira T r i â n g u l o (ôi^O = -6,01; ô i 3 C = -9,61).
Table : ô 180 and 13C data for the M a r í l i a and Adamantina formations. B u l k samples data: Partezan Quarry (S'80 =
-5,72; ô 13C = -9,48; T r i â n g u l o Quarry (ôi^O = -6, 0 1 ; ô I 3 C = -9,61).

Localidade ô"'o Ô"C FORMAÇÃO


L33A -7,31 -6,59 F m . Adamantina
L33A -7,8 -7,35 Fm. Adamantina
L33A -7,36 -6,71 Fm. Adamantina
L7 -6,79 -11,42 F m . Adamantina
L35 -5,84 -9,89 Fm. Marília
L35 -5,85 -9,83 F m . Marília
L35 -5,79 -9,74 Fm. Marília
L36 -5,67 -9,59 Fm. Marília
L35 -5,93 -9,96 Fm. Marília
L36 -5,69 -9,79 Fm. Marília
L2 -5,49 -8,01 Fm. Adamantina
L26 -5,98 -6,26 Fm. Adamantina
L26 -4,93 -5,48 Fm. Adamantina
L7 -4,39 -8,26 Fm. Adamantina
L40 -2,96 -4,92 Fm. Adamantina
L40 -2,28 -3,23 Fm. Adamantina
L4I -2,26 -3,52 Fm. Adamantina
L41 -3,53 3,92 Fm. Adamantina
L40 -1,3 -3,19 F m . Adamantina
L7 -7,07 -3,18 F m . Adamantina
L6 -6,47 -5,63 F m . Adamantina

Percebe-se que ampla maioria dos taxa da F o r m a ç ã o inferior, com espessura a l c a n ç a n d o 40m, está em u m
Adamantina f o i tolerante a algum nível de o s c i l a ç ã o salí- contexto de amplo lago raso episodicamente exposto
nica. Todavia alguns deles parecem ter tido, em u m (como indicado por níveis c o m gretas de ressecamento),
extremo, p r e f e r ê n c i a por á g u a s mais doces ( M 1 4 ) e sob c o n d i ç õ e s oxidantes (sedimentos marron-avermelha-
outros, em outro extremo, por á g u a s c o m alguma salini- dos, mesmo em subsuperficie). As margens de tal lago
dade ( M 9 , M 1 2 , M 2 2 ) . Chama a t e n ç ã o t a m b é m o fato de posicionavam-se a oeste de Santo A n a s t á c i o e a sul de
que M 2 3 , "Chara" barbosai, n ã o ocorra em duas das três Tarabai; para A m e l i ó p o l i s o fundo lacustre sujeitava-se a
amostras apontadas como acumuladas sob corpo d ' á g u a e x p o s i ç õ e s mais significativas (soleira deposicional ao
doce. C o m referência aos microfósseis do M e m b r o Ponte norte do setor B ?). A parte mais profunda do lago loca-
A l t a , todos parecem ter vivido sob c o n d i ç õ e s de á g u a s lizava-se entre as localidades de A . Machado,
doces a levemente salobras (?). Pirapozinho e Regente Feijó e o corpo d ' á g u a provavel-
mente extendia-se para leste. O preenchimento lacustre
inclui sedimentos deltaicos na forma de lobos de sus-
7. O A M B I E N T E D E D E P O S I Ç Ã O D A S p e n s ã o , bem como d e p ó s i t o s retrabalhados por ondas e
FORMAÇÕES ADAMANTINA E MARÍLIA por organismos ( b i o t u r b a ç õ e s ) . As i n f o r m a ç õ e s isotópi-
cas sugerem que nesta fase havia sensíveis v a r i a ç õ e s
7.1. F o r m a ç ã o A d a m a n t i n a salínicas no ambiente deposicional (de á g u a doce a salo-
bra, estando os valores de ô^^ O situados entre -7,8 a
De acordo c o m as análises estratigráficas e f a c i o l ó g i c a s , - 1 , 3 ) e, provavelmente, ao longo da história deposicional
a F o r m a ç ã o Adamantina consiste de dois intervalos dis- do intervalo. Isto pode ser indicativo de que embora
tintos: o intervalo inferior, dominado por lamitos, e o amplo, o lago esteve sujeito, em fases de extrema aridez,
superior com arenitos e folhelhos. a seccionamentos p e r i ó d i c o s em corpos menores separa-
Particularmente estudado no setor B (Fig. 3), o intervalo dos por irregularidades topográficas no substrato basálti-
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 281

Fig. 8 : Tendência de variação salínica nas diferentes localidades como sugerida pelos estudos isotópicos de carapaças de ostracodes
e de girogonites de carófitos (a precisão biocronoestratigráfica não permite definir a relativa posição estratigráfica das amos-
tras entre si) (Fig. 8A).
e Distribuição dos ostracodes e carófitos ao longo de "trend" de variação salínica (Fig. 8B).
Fig. 8 : Trends in salinity for different localities as suggested by ostracode and charophyte oxygen isotope data (Fig. 8A). Distribution
of ostracods and charophytes along a salinity gradient (Fig. 8B).

-8
.5 S^^O ^ -3 -2

Local. Incremento de salinidade


(L)
33A
2
22
10
7
6
26
36
35
5
2
8
41
20
40

8A

-L
TAX4* Incremento de salinidade
M7
MU
MI3
M14
MI9
M20
Ml
M3
M4
M5
M8
MIO
M15
M16
M17
M18
M21
M23
M9
M12
M6
M22
M24
M25
M26
M27
M2g
M29
M30
M31
M32
M33
M34
M35
M36
M37
M38
Jvi2_
* M I a M38 de acordo com a Fig. 7. 8B
282 D . D I A S - B R I T O et al

CO. É particularmente n o t á v e l a i n d i c a ç ã o de que a área lagoas salobras e f é m e r a s (brackish ponds). Isto é sugeri-
de F l ó r i d a Paulista-Pacaembu ( L 4 0 e L 4 1 ) tenha regis- do pela c o m b i n a ç ã o dos dados isotópicos (valores de S'»
trado os mais altos valores salínicos. N ã o distante desta O de -5,93 a - 5 , 6 7 ) com a c o n s t a t a ç ã o de que as margas
á r e a , foram descobertas numerosas e c o n s p í c u a s freqiientemente apresentam feições em p a d r ã o reticular,
o c o r r ê n c i a s de moldes de cristais interpretados como provavelmente produzidas por efeitos p e d o g e n é t i c o s em
produzidos por minerais salinos ( E T C H E B E H E R E et zona vadosa. Tais efeitos teriam, talvez, produzido as
al, 1990; C A B R A L etal, 1990). d e f o r m a ç õ e s em Feistiella cf. globosa , como discutido
O intervalo superior da F o r m a ç ã o Adamantina é repre- no item 3.2.1. Os dados m i c r o p a l e o n t o l ó g i c o s sugerem,
sentado por ciclos de g r a n o d e c r e s c ê n c i a ascendente, com base na diversidade e nas peculiaridades m o r f o l ó g i -
desde arenitos c o n g l o m e r á t i c o s (com abundantes clastos cas anotadas (vide item 5.2), que o meio sofria variações
argilosos) a t é folhelhos, atribuídos a um ambiente fluvial h i d r o q u í m i c a s (flutuação no grau de alcalinidade e sali-
meandrante. Tais d e p ó s i t o s encontram-se comumente nidade). Tais v a r i a ç õ e s denotariam importantes
intercalados c o m arenitos finos, laminados, calcíferos, v a r i a ç õ e s p l u v i o m é t r i c a s , como t a m b é m sugerem os epi-
com clastos argilosos e p r e s e n ç a de ostracodes e raros s ó d i c o s fluxos de lama acima referidos.
bivalves, associados a u m p r o v á v e l retrabalhamento por
ondas em margem de lago. Assim, justifica-se a interpre-
t a ç ã o fltivio-lacustre para essas a s s o c i a ç õ e s que c o m p õ e 8. D I S C U S S Õ E S
o Adamantina superior. Os valores isotópicos para este
intervalo indicam d e p o s i ç ã o sob á g u a salobra ( L 2 e Os novos dados levantados por esta pesquisa t ê m impor-
L26). tantes i m p l i c a ç õ e s para a história estratigráfica (s.l.) do
Sob a perspectiva microfossilífera n ã o foi detectada, Grupo Bauru. Vejamos:
neste estudo, nenhuma relevante d i f e r e n ç a entre o Admitindo-se o topo da F o r m a ç ã o Uberaba como prati-
Adamantina inferior e o superior. O conteíido microfos- camente s í n c r o n o ao topo da F o r m a ç ã o Adamantina
silífero, embora revelando particularidades em algumas (aquela, em líltima análise, uma variação faciológica
localidades (como j á discutido no item anterior), é essen- desta) deduz-se que as d a t a ç õ e s aqui apresentadas reve-
cialmente representado por uma línica a s s o c i a ç ã o que lam u m expressivo hiato entre as f o r m a ç õ e s Adamantina
mostra estabilidade nos desenhos populacionais. e M a r í l i a ( M e m b r o Ponte A l t a ) , certamente com mais de
"Chara" barbosai e Ilyocypris cf. riograndensis é um 11 M a . (ref. Carta Estratigráfica Internacional U N E S -
par que está representado em quase as localidades. A C O / I U G S , R E M A N E et al, 2000). Se forem válidas as
variabilidade " i n t r a - p o p u l a c i o n a l " pode ser grande, r e l a ç õ e s litoestratigráficas que apresentam o par Ponte
sobretudo para "Chara " barbosai, o que se expressa por A l t a & Serra da Galga (parte) e o M e m b r o E c h a p o r ã
formas de t r a n s i ç ã o entre os extremos da v a r i a ç ã o . como crono-correlatos, como postulado por vários auto-
Todavia, tais taxa mostram relativa c o n s t â n c i a na repe- res, e n t ã o o hiato identificado teria caráter regional, mar-
tição do desenho de variabilidade, fato que sugere que cando o limite de duas seqilências: a inferior, que tem seu
eles estiveram bem adaptados, colonizando com êxito l i m i t e superior equivalente ao topo da F o r m a ç ã o
um extenso bioma. E m prados subaquosos, formados Adamantina (Turoniano-Santoniano), e a superior, repre-
por u m tapete de carófitos m o n o t í p i c o s que colonizaram sentada pela F o r m a ç ã o M a r í l i a [Maastrichtiano
o piso lacustre, v i v i a uma a s s o c i a ç ã o de ostracodes c o m (Neomaastrichtiano?)]. Por outro lado, os dados de sub-
moderada diversidade. A c o n s t â n c i a do conjunto micro- superfície da r e g i ã o de Presidente Prudente (Setor B )
biótico ao longo da d e p o s i ç ã o da F o r m a ç ã o Adamantina sugerem a existência de uma descontinuidade dentro do
estaria a indicar uma paisagem relativamente m o n ó t o n a , p r ó p r i o Adamantina, quebrando-a em inferior e superior;
fruto de uma correlativa estabilidade geológica. tal elemento seria expresso pelo limite dos ciclos 3 e 4,
j á apresentados. Esta eventual descontinuidade intra-
Adamantina teria sido ligada a um soerguimento ocorri-
7. 2. F o r m a ç ã o M a r í l i a (Membro Ponte Alta): fácies do em tempos turonianiano-coniacianos, seguido de
de margas e r o s ã o , correspondendo"a uma importante d i s c o r d â n c i a
na Bacia de Santos (limites da seqilências deposicionais
A parte do M e m b r o Ponte A l t a que c o n t é m ostracodes e K 8 0 - K 9 0 , vide P E R E I R A & F E I J Ó , 1994). É importan-
carófitos é representada por estratos de margas com te ressaltar que os dados m i c r o p a l e o n t o l ó g i c o s n ã o per-
intercalações l a m í t i c a s , que estão imediatamente acima mitiram perceber esta descontinuidade, talvez indicando
de u m espesso banco de calcrete com espessura m é d i a de que, caso a descontinuidade tenha se verificado, o tempo
6 m . A s margas s ã o estratificadas e internamente nela envolvido foi relativamente curto.
m a c i ç a s , revelando que fluxos de lama, trazendo detritos O hiato entre a F o r m a ç ã o Adamantina e a F o r m a ç ã o
siliciclásticos, fragmentos calcários e soluções c a r b o n á - M a r í l i a deve ter tido origem relacionada a soerguimentos
ticas, penetravam episodicamente nos corpos a q u á t i c o s . tectónicos ocorridos em tempos campanianos a eomaas-
Tais sedimentos teriam sido depositados em pequenas trichtianos, seguidos de erosão. Tal m o v i m e n t a ç ã o está
Grupo Bauru: uma unidade continental do C r e t á c e o no Brasil 283

refletida de forma marcante na Bacia de Santos, onde - 1983; S A A D et ai, 1988; F U L F A R O & B A R C E L O S ,
considerando ajustes da carta P e t r o b r á s ( P E R E I R A & 1991; F E R N A N D E S & C O I M B R A , 1996). U m aspecto
E E I J Ó , 1994) c o m as novas e correntes cronologias das especulativo do quadro é a a t r i b u i ç ã o de uma idade
biozonas P e t r o b r á s para o C r e t á c e o daquela bacia - s ã o Aptiano-Albiano para o C a i u á e Cenomaniano para o
registrados 03 importantes d i s c o r d â n c i a s erosivas no Santo A n a s t á c i o . Embasa-se tal c o n c e p ç ã o em dois
Campaniano (duas no eocampaniano - limites das fatos: (a), a fauna de ostracodes da F o r m a ç ã o
s e q u ê n c i a s deposicionais K 9 0 - K 1 0 0 e K I O O - K I I O , res- Adamantina, como j á mencionado anteriormente, con-
pectivamente - e uma cortando sedimentos campania- t é m u m importante conjunto de elementos "velhos",
nos terminais - l i m i t e K 1 1 0 - K 1 2 0 ) . N a Bacia de afins a taxa aptianos, albianos e cenomanianos; isto
Campos, por outro lado, o Campaniano está largamente seria indicativo da existência de camadas dessas idades
erodido (vide R A N G E L et ai, 1994). J á na Bacia do sob a F o r m a ç ã o Adamantina; (b). nas bacias costeiras do
P a r a n á , a s u p e r p o s i ç ã o de tais e p i s ó d i o s de e r o s ã o , pro- sudeste do Brasil, o intervalo Aptiano-Albiano caracteri-
vocados pelos tais sucessivos pulsos ascencionais, pro- zou-se por ser quente e seco ensejando a expressiva
vocaram a completa retirada do registro campaniano, d e p o s i ç ã o de evaporitos (Aptiano) e calcários em meios
sendo que o i i l t i m o deles retirou t a m b é m d e p ó s i t o s hipersalinos (Albiano), os quais, paulatinamente, passa-
eomaastrichtianos. Tais reajustes t e c t ó n i c o s , atuantes em ram a margas e folhelhos cenomanianos sob lenta e pro-
â m b i t o da placa sul-americana, particularmente se mani- gressiva u m i d i f i c a ç ã o , mas ainda sob clima árido (vide
festaram no oeste de Minas Gerais e sul de G o i á s : a l i , os D I A S - B R I T O , 1982; 1996). A s características litológi-
movimentos ascencionais campanianos e eomaastrich- cas da s u c e s s ã o C a i u á - S a n t o A n a s t á c i o s ã o c o m p a t í v e i s
tianos intensificaram a m o v i m e n t a ç ã o p r é v i a de soergui- com uma d e p o s i ç ã o acontecida sob clima quente e á r i d o ,
mento do A l t o Paranailja, que j á vinha sendo marcada mais amena para o topo, em c o n d i ç õ e s mais estressantes
por atividade v u l c â n i c a neoconiaciana-santoniana, que aquelas verificadas na zona costeira. O hiato sugeri-
como abaixo discutido, em fase com importantes mani- do pelos estudos de perfis elétricos para o contato C a i u á
festações registradas nas bacias costeiras do sudeste - Santo A n a s t á c i o t a m b é m j á f o i proposto por S O A R E S
( C A D D A H et al, 1994, 1998; A L V E S , 1998, 1999, (1981), p. 298, que escreveu "... a distribuição destas
2000). Tais movimentos cessaram suas atividades antes unidades, o ambiente eólico passando para fluvial e a
da d e p o s i ç ã o da F o r m a ç ã o Marília. Esta i n t e r p r e t a ç ã o , abundante o c o r r ê n c i a de sedimentos texturalmente tipo
referente ao A l t o Paranailja, expressa, em e s s ê n c i a , as C a i u á na parte inferior do Santo A n a s t á c i o sugerem uma
ideias de H A S U I & H A R A L Y I (1990; 1991), apenas discontinuidade na s e d i m e n t a ç ã o , com retrabalhamento
indicando-se, aqui, as idades dos eventos. U m dos resul- da F o r m a ç ã o C a i u á durante a d e p o s i ç ã o do Santo
tados mais importantes da m o v i m e n t a ç ã o ascencional A n a s t á c i o , originando um contato erosivo". Este limite
teria sido a p r o d u ç ã o do hiato aqui quantificado crono- seria exatamente a base do ciclo 3 de C A S T R O et al.
logicamente. E m u i t o interessante observar que (1999) e, possivelmente, estaria relacionado a uma dis-
F U L F A R O & B A R C E L O S ( I 9 9 I ) postularam um hiato, c o r d â n c i a que marca a passagem do Albiano para o
ao discutirem a passageím da e n t ã o denominada " p l a n í - Cenomaniano nas bacias de Santos e Campos.
cie Uberaba/Adamantina" para o M a r í l i a , com suas três Por outro lado, bastante consistente é a relação entre a
fácies. Por outro lado, a c o n s t a t a ç ã o da descontinuidade datação micropaleontológica para a Formação
entre a F o r m a ç ã o Uberaba e o M e m b r o Ponte A l t a invia- Adamantina (Turoniano-Santoniano), as caracterísiticas
biliza a proposta de E T C H E B E H E R E et al. (1999) que faciológicas deste pacote rochoso e o contexto c l i m á t i c o
interpretam o membro como efeito da c a l c r e t i z a ç ã o da desta fase. C o m o muito bem reconhecido pelos estudos
F o r m a ç ã o Uberaba. Ademais, se é correta a a f i r m a ç ã o p a l i n o l ó g i c o s , em r e l a ç ã o à margem sudeste do Brasil,
de S A D et al. (1971) de que "tufos v u l c â n i c o s inques- somente depois do Santoniano os p ó l e n s efedróides se
tionavelmente intercalam-se c o m os calcários de Ponte tornaram raros; isto indica que apenas a partir deste
A l t a , em P e i r ó p o l i s , de modo que a contemporaneidade momento a aridez ^fetivamente d i m i n u i u ( M . A R A I ,
é posta fora de dtívida", haveria duas h i p ó t e s e s para com. escrita). Assim, embora menos árido que a etapa
explicar o fato: a) os níveis tufíticos seriam produto de anterior (fase C a i u á - S a n t o A n a s t á c i o ) , ainda prevalecia
retrabalhamento da F o r m a ç ã o Uberaba incorporado ao no interior continental um clima quente, s e m i - á r i d o .
M e m b r o Ponte A l t a ; b) eles seriam r e c o r r ê n c i a do pro- A l é m do mais, quando da d e p o s i ç ã o da F o r m a ç ã o
cesso v u l c â n i c o em tempos maastrichtianos (neomaas- Adamantina, a Serra do Mar, soerguida no f i m do
trichtianos?). Esta é uma q u e s t ã o aberta à i n v e s t i g a ç ã o . Turoniano ( P E R E I R A , 1992) passou a constituir eficaz
O quadro da Figura 9 apresenta um quadro evolutivo barreira à p e n e t r a ç ã o de massas tímidas oriundas do
para o Grupo Bauru. Para sua c o n s t r u ç ã o f o i relevante a A t l â n t i c o no interior da d e p r e s s ã o Bauru.
utilização de i n f o r m a ç õ e s levantadas anteriormente pelo A análise de fácies e os resultados isotópicos obddos a
esforço de vários autores (e.g., M E Z Z A L I R A , 1974; partir de c a r a p a ç a s de ostracodes e de girogonites de
L A N D I M & S O A R E S , 1976; S O A R E S et al., 1980; carófitos indicam que principalmente na fase "eoada-
A L M E I D A et al., 1981; S U G U I O & B A R C E L O S , manfiniana", lagos ou lagoas rasas, individualizados
284 D . D I A S - B R I T O et al.

Fig. 9 : Quadro litocronoestratigráfica do Grupo Bauru e eventos geoclimáticos regionais.


Fig. 9 : Chronolitostratigrapliic ciiart for the Bauru Group, Paraná Basin, and geoclimatological regional events.

Formação Marília (E=Mb. Echaporã; SG= Mb. Serra da Galga; PA=MB. Ponte Alta); An= Analcimito no centro-norte paulista; C l -
C4: Ciclos de CASTRO et al. (1999); A l = Associação de "Chara" barbosai - Ilyocypris riograndensis; A2 = Associação de
Amblyochara sp. - Neuquenocypris minor mineira: 1 = bacias da costa SE (Santos e Campos); 2 = eventos tectónicos & Alto
Paranaíba; 3 = manifestações alcalinas na Bacia do Paraná; 4 = evolução da temperatura das águas marinhas (Q = quente; F = frio);
5 = clima na faixa costeira do Sudeste (informação palinológica); 6 = clima no interior da depressão Bauru.

* Seg. Carta Estratigráfica Internacional ( l U G S / U N E S C O , 2000).


(preferência: HASUI & H A R A L Y I (1991) Máximos de intensidade de eventos intrusivos
(referência: A L M E I D A & M E L O , 1981); SA= Fonnaçáo Santo Anastácio; UB = Formação Uberaba;
SWSP = sudoeste paulista; NSP = norte paulista

Estampa I

Vistas de carófitos e ostracodes da A s s o c i a ç ã o de "Chara' barbosai - Ilyocypris cf. riograndensis


(todas as barras de referência s ã o equivalentes a 100 micra)

Fig. 1-6: "Chara" barbosai P E T R I , 1955; girogonite; I : lateral; 2: lateral; 3: lateral; 4: apical inclinado; 5: apical;
6: basal.
Fig. 7: Feistiella sp.; girogonite; lateral ( L 2 6 - Ibirá)
Figs. 8-9: "Metacypris" sp.; c a r a p a ç a ; 8: vista esquerda; 9: vista dorsal.
Figs. 10-12: "Metacypris" cf. polita G R E K O F F , 1957; c a r a p a ç a ; 10: vista esquerda; I I : vista ventral; 12: vista dorsal.
Figs. 13-16: Paralimnocythere hasuii nov. sp. Holotipo ( c a r a p a ç a ) ; 13: vista dorsal; 14: holófipo, vista esquerda da
c a r a p a ç a ; 15: vista esquerda da c a r a p a ç a ; 16: paráfipo, vista posterior da c a r a p a ç a .
Estampa I
286 D . D I A S - B R I T O et al.

sobretudo em fases de secas prolongadas (seccionamen- tente de Classopolís classoides, sugere vigência de clima
to decorrente de irregularidades no substrato basáltico), árido na é p o c a da d e p o s i ç ã o dos estratos em q u e s t ã o "
sofriam v a r i a ç ã o lateral ou temporal de salinidade ( á g u a (com. escrita). Entretanto, ressalta o mencionado espe-
doce a salobra). As gretas de ressecamento observadas cialista, níveis com maior incidência de angiospermas,
nas mais proeminentes s e ç õ e s lacustres da F o r m a ç ã o com queda de e f e d r ó i d e s , ocorrem no topo da seção, o
Adamantina, como na área de Coronel Goulart (ime- que poderia sugerir um evento mais ú m i d o .
d i a ç õ e s da Fazenda Boa Vista), no setor de Presidente Quanto ao Maastrichtiano, parece ter havido, relativa-
Presidente Prudente, evidenciam e p i s ó d i c a s e x p o s i ç õ e s mente ao Turoniano-Santoniano, um certo aumento no
do fundo lacustre. C o m o j á dito anteriormente, o fundo grau de aridez, o que teria causado a maior incidência de
destes lagos c o n s t i t u í a m prados de carófitos habitados c a l c r e t i z a ç ã o na F o r m a ç ã o M a r í l i a e um enriquecimento
por uma fauna de ostracodes de moderada diversidade, generalizado no teor de C a C O , nas rochas desta unidade.
em que boa parte das e s p é c i e s toleravam bem as e p i s ó - Tal a s s u n ç ã o n ã o encontra respaldo na palinologia das
dicas m u d a n ç a s h i d r o q u í m i c a s laterais ou verticais. bacias costeiras, que indica clima mais ú m i d o do
Desta forma, o c e n á r i o retrovisto compatibiliza-se com o Campaniano para o Maastrichtiano. Todavia, s u p õ e - s e ,
de muitos autores p r é v i o s , sendo que alguns deles, base- aqui, que o evento causador do incremento de aridez
ados em a s s o c i a ç õ e s minerais, t ê m indicado a o c o r r ê n c i a maastrichtiana no interior continental tenha sido o co-
de indícios de ambientes salinos quando da d e p o s i ç ã o nhecido resfriamento global das á g u a s o c e â n i c a s ao final
dos sedimentos da F o r m a ç ã o Adamantina {e.g. IPT, do C r e t á c e o ; uma substancial r e d u ç ã o de e v a p o r a ç ã o
1988; E T C H E B E H E R E & SILVA, 1990). produzida por este f e n ó m e n o teria tido efeito direto no
Portanto, a F o r m a ç ã o Adamantina acumulou-se sob clima interiorano e, por c o n s e q u ê n c i a , no registro sedi-
clima mais ameno que aquele vigente na etapa anterior e mentar. Este efeito n ã o teria sido sentido pela v e g e t a ç ã o
a área continental, apesar de quente e semi-árida, passou costeira por causa da maior umidade local.
a ser u m pouco menos estressante. Chuvas torrenciais As d a t a ç õ e s aqui apresentadas e as relações estabeleci-
passaram a acontecer com uma maior freqiiência, possi- das com m a n i f e s t a ç õ e s v u l c â n i c a s ocorridas nas bacias
bilitando u m certo florescimento b i ó t i c o em certas á r e a s costeiras da margem sudeste brasileira t ê m impacto dire-
da d e p r e s s ã o ("ilhas" de maior umidade ?). A ideia de to quanto ao posicionamento estratigráfico dos analcimi-
que teria havido maior umidade nas bordas da d e p r e s s ã o tos de Taiuva, Aparecida do Monte A l t o e Piranji, na
{e.g. F E R N A N D E S & C O I M B R A , 1996) precisa ser região de Jaboticabal-SP. Tais rochas, produto de alte-
melhor investigada. A chave pode estar no estudo pali- r a ç ã o de rochas m a g m á t i c a s potássicas, kamafugíticas
n o l ó g i c o dos d e p ó s i t o s santonianos da Fazenda Nossa (conforme com. escrita de J. C. G A S P A R , U n B , de 17 de
Senhora de F á t i m a , justamente na borda centro-leste da abril de 2001) e que se posicionam na parte alta da
d e p r e s s ã o Bauru, que estão sendo pesquisados pelos F o r m a ç ã o Adamantina, s ã o aqui enquadradas no interva-
autores deste trabalho em c o l a b o r a ç ã o com o Dr. M . lo Neoconiaciano-Santoniano. Considerando-se que,
A R A I , do CENPES, P E T R O B R Á S . A s novas coletas conforme afirmam C O U T I N H O et al. (1982), os analci-
revelam u m conjunto p o l í n i c o dominado por p ó l e n efe- mitos do centro-norte paulista guardam estreita r e l a ç ã o
dróide {Equísetosporites e Gnetaceaepollenites). com as lavas do Grupo Iporá em G o i á s e que tufos corre-
Informa M . A R A I : "Este fato, alidado à p r e s e n ç a consis- lacionáveis ou associados a lavas similares às de S ã o

Estampa I I

Vistas de ostracodes da A s s o c i a ç ã o de "Chara" barbosai - Ilyocypris cf. riograndensis


(todas as barras de referência são equivalentes a 100 micra)

Figs. 1-3: Wolburgiopsis cf. neocretacea ( B E R T E L S , 1972); (1-2 mesma c a r a p a ç a ) ; 1: vista direita; 2: vista dorsal; 3:
vista esquerda da carapaça.
Fig. 4: Wolburgiopsis cf. vicinalis M U S A C C H I O , 1978; c a r a p a ç a ; vista direita ( L I , W A.Machado).
Figs. 5-6.' Ilyocypris cf. wichmanni M U S A C C H I O , 1973; mesma c a r a p a ç a ; 5: vista dorsal; 6: vista esquerda. (L26,
Ibirá).
Fig. 7: Ilyocypris cf. bauruensis nov. sp. (morfotipo 1); valva esquerda. Santoniano. Fazenda Nossa Senhora da
F á t i m a ( S ã o Carlos).
Figs. 8-11: Ilyocypris cf. riograndensis M U S A C C H I O & S I M E O N I , 1991; c a r a p a ç a ; 8: vista direita; 9: vista esquerda;
10: vista dorsal; 11: vista ventral.
Estampa 11
288 D . D I A S - B R I T O et al.

Paulo ocorrem em G o i á s ( F o r m a ç ã o V e r d i n h o ) e Talicypridea suguioi e Brasacypris fulfaroi. As primeiras


T r i â n g u l o M i n e i r o ( F o r m a ç ã o Uberaba), suspeita-se aqui quatro p r o v ê m da F o r m a ç ã o Adamantina e as demais da
que todas estas rochas tenham cronologias que se apro- F o r m a ç ã o Marília, M e m b r o Ponte A l t a .
x i m a m da idade Neconiaciano-Santoniano (-87,5 a 83 O trabalho t a x o n ô m i c o e os relacionamentos estratigráfi-
M a . , seg. a Carta E s t r a t i g r á f i c a Internacional, cos e b i o g e o g r á f i c o s para os diferentes taxa das asso-
l U G S / U N E S C O , 2000). U m a vez que os analcimitos do c i a ç õ e s indicam que a F o r m a ç ã o Adamantina depositou-
centro-norte paulista ocorrem p r ó x i m o ao topo do se no Turoniano-Santoniano (intervalo m á x i m o entre 92
Adamantina, é bem possível que sua idade esteja bem - 83 M a ) , enquanto que o M e m b r o Ponte A l t a , da
mais p r ó x i m a de 83 M a que de 87,5 M a . F o r m a ç ã o M a r í l i a , acumulou-se no Maastrichtiano
(intervalo m á x i m o entre 72-65 M a ) , provavelmente no
Neomaastrichtiano. Assumindo-se que o M e m b r o Ponte
9. C O N C L U S Õ E S A l t a seja cronocorrelato do M e m b r o E c h a p o r ã (o M a r í l i a
típico), como sugerido por vários autores, as indicações
A i n v e s t i g a ç ã o de vários setores da d e p r e s s ã o Bauru no m i c r o p a l e o n t o l ó g i c a s identificam u m hiato de mais de 11
Estado de S ã o Paulo e no T r i â n g u l o M i n e i r o permitiram M a entre as f o r m a ç õ e s Adamantina e Marília.
constatar que os sedimentos continentais c r e t á c i c o s do A c o m b i n a ç ã o de análises estratigráficas, que investiga-
Grupo Bauru, Brasil, s ã o portadores de u m importante ram dados de superfície e sub-superfície (perfis elétri-
conjunto de ostracodes e carófitos, aqui pela primeira cos), c o m os novos dados biocronoestratigráficos e infor-
vez estudados de forma abrangente e detalhada. Foram m a ç õ e s p r é v i a s de vários autores permitiu a p r o p o s i ç ã o
identificados 38 taxa (todos aqui descritos e documenta- de um novo quadro litocronoestratigráfico para o Grupo
dos fotomicrograficamente) que incluem 29 e s p é c i e s de Bauru. Nele, a F o r m a ç ã o C a i u á (ciclos deposicionais I e
ostracodes e 09 e s p é c i e s de carófitos. A F o r m a ç ã o 2, representando, na r e g i ã o de Presidente Prudente, acu-
Adamantina está representada por u m grupo aqui deno- m u l a ç õ e s fluvio-lacustres e lacustres) aparece sob a
minado de A s s o c i a ç ã o "Chara" barbosai -Ilyocypris cf. F o r m a ç ã o Santo A n a s t á c i o ; esta liltima c o m p õ e com a
riograndensis, com 24 taxa, entre os quais 22 e s p é c i e s parte inferior da F o r m a ç ã o Adamantina o ciclo deposi-
de ostracodes e 02 e s p é c i e s de carófitos. A F o r m a ç ã o cional 3 (fluvial na parte inferior e lacustre na superior),
M a r í l i a , M e m b r o Ponte A l t a , está representada por 07 seguido da parte superior do Adamantina (ciclo 4, fltivio-
e s p é c i e s de ostracodes e 07 de carófitos que c o m p õ e m a lacustre). As f o r m a ç õ e s C a i u á e Santo A n a s t á c i o são ten-
A s s o c i a ç ã o Amblyochara sp. - Neuquenocypris minor tativamente colocadas no intervalo Aptiano-
mineira nov. subsp.. Apenas duas e s p é c i e s de ostracodes Cenomaniano, separadas por uma d i s c o r d â n c i a erosiva
estão presentes em ambas associações. albo-cenomaniana. É presumido por análises de perfis
S ã o aqui descritas formalmente 07 novas e s p é c i e s e 03 elétricos que ocorra uma d i s c o r d â n c i a entre as partes
novas s u b - e s p é c i e s de ostracodes: Ilyocypris setembrino- inferior e superior da F o r m a ç ã o Adamantina, o que n ã o é
petrii, Neuquenocypris minor mineira, Virgatocypris percebido pelos estudos m i c r o p a l e o n t o l ó g i c o s . Estes,
mezzalirai, Altanicypris australis, Paralimnocytherel por outro lado, sinalizam que a seqiiência deposicioanl
hasuii, Ilyocypris bauruensis bauruensis, Ilyocypris bau- representada pela F o r m a ç ã o M a r í l i a deve corresponder
ruensis rectidorsata, Neuquenocypris soaresi. apenas à parte superior do andar. O n o t á v e l hiato tempo-

Estampa I I I

Vistas de ostracodes da A s s o c i a ç ã o de "Chara" barbosai - Ilyocypris cf. riograndensis


(todas as barras de referência s ã o equivalentes a 100 micra)

Figs. 1-3, 5-7: Ilyocypris bauruensis nov. sp.


Fig. 1-3: Ilyocypris bauruensis nov. sp. rectidorsata nov. subsp.; 1: carapaça, vista direita; 2: holotipo, vista
esquerda da c a r a p a ç a ; 3: holotipo, vista dorsal.
Fig. 4: Nequenocypris minor mineira nov. sp. (Maastrichtiano): vista dorsal da c a r a p a ç a .
F i g . 5-6: Ilyocypris bauruensis bauruensis nov. sp., nov. subsp.; 5: holotipo, vista direita da carapaça ; 6: parátipo,
vista esquerda da c a r a p a ç a .
Fig. 7: Ilyocypris c f bauruensis nov. sp. (morfotipo 2). Vista direita da carapaça.
Figs. 8-12: Neuquenocypris soaresi nov. sp.; c a r a p a ç a s ; 8: vista dorsal; 9: vista ventral; 10: vista direita (levemente
inclinada); I I : vista esquerda; 12: holotipo, vista direita da carapaça.
Estampa III
290 D . D I A S - B R I T O et al.

ral detectado entre as f o r m a ç õ e s Adamantina e Marflia "mundo completamente n o v o " em r e l a ç ã o à F o r m a ç ã o


teve sua origem ligada a soerguimentos t e c t ó n i c o s oco- Adamantina, indicando, com clareza, u m salto paleonto-
rridos em tempos campanino-eomaastrichtianos, segui- lógico. A grande diversidade dos carófitos em relação à
dos de e r o s ã o . unidade Adamantina (7 e s p é c i e s contra 2, nenhuma das
Dados i s o t ó p i c o s obtidos a partir da análise de c a r a p a ç a s quais mutuamente compartilhadas) e a m u d a n ç a na fauna
de ostracodes e girogonites de carófitos indicam que a de ostracodes é um sinal evidente deste salto. Certas
massas aquáticas lacustres rasas sob as quais sedimentos e v i d ê n c i a s encontradas no material microfossilífero, e
da F o r m a ç ã o Adamantina foram depositados sofriam incitantes quanto à r e a l i z a ç ã o de novos estudos nas uni-
v a r i a ç õ e s h i d r o q u í m i c a s {e.g., salinidade, alcalinidade), dades Ponte Alta e Serra da Galga, indicam que n ã o se
tanto lateral como verticalmente. N a fase "eoadamanti- deve, a priori, extrapolar para os termos superiores da
niana", sob p e r í o d o s de seca prolongada, corpos lacus- s e ç ã o a idade neomaastrichtiana.
tres maiores se segmentavam em função de r e d u ç ã o da Os novos dados aqui aportados, somados às i n f o r m a ç õ e s
l â m i n a d ' á g u a e de irregularidades no substrato basálti- d i s p o n í v i e s na literatura, indicam que estão fincadas no
co. Tal s e g m e n t a ç ã o era provavelmente acompanhada de Neomaastrichtiano, tempo em que as bordas leste e nor-
aumento na salinidade d ' á g u a , chegando, em fases extre- deste da d e p r e s s ã o Bauru j á estavam bem elevadas, as
mas, à e x p o s i ç ã o do fundo lacustre; nestas o c a s i õ e s raízes do sistema de drenagem de importantes rios que
havia intenso ressecamento dos sedimentos pelíticos. E m hoje correm para o oeste paulista.
tempos correspondentes à d e p o s i ç ã o da parte superior da A p r e s e n ç a de fácies lacustres na F o r m a ç ã o C a i u á , como
F o r m a ç ã o Adamantina as á g u a s eram doces a levemente revelado pelas análises de perfis elétricos em p o ç o s da
salobras. área de Presidente Prudente, estimulam a e x p l o r a ç ã o
A c o m b i n a ç ã o das d a t a ç õ e s aqui apresentadas com aque- microfossilífera de amostras colhidas nestas e em futuras
las referentes a camadas de cinzas v u l c â n i c a s n e o c r e t á c i - sondagens. A í podem estar os elementos que definiriam,
cas que ocorrem nas bacias costeiras do sudeste brasilei- com s e g u r a n ç a , as idades de tais d e p ó s i t o s .
ro permitiram definir a idade dos analcimitos do centro- Finalmente vale destacar que muitas das c o n s t a t a ç õ e s
norte paulista como de idade Neoconiaciano-Santoniano, feitas por esta pesquisa confirmaram estudos p r é v i o s , às
muito provavelmente Santoniano. Se s ã o assumidas pro- vezes pioneiros, de outros autores que se utilizaram de
postas de autores p r é v i o s que relacionam petrologica- e outras abordagens. De outro lado, contraria algumas
cronologicamente tais rochas a outras m a n i f e s t a ç õ e s interpretações, aponta possíveis linhas de estudos inves-
m a g m á t i c a s no sudoeste de G o i á s e T r i â n g u l o M i n e i r o , tigativos e, reunindo u m leque de i n f o r m a ç õ e s d i s p o n í -
lavas e tufos v u l c â n i c o s que ocorrem nestas duas r e g i õ e s veis, apresenta uma nova proposta de a r c a b o u ç o estrati- /
seriam enquadrados no intervalo Neoconiaciano- gráfico para o Grupo Bauru.
Santoniano. Neste contexto está a F o r m a ç ã o Uberaba,
que passa aqui a ser tida como cronocorrelata à parte alta
da F o r m a ç ã o Adamantina, na qual se inclui os referidos 10. A G R A D E C I M E N T O S
analcimitos.
Quanto à s margas e lamitos do M e m b r o Ponte A l t a Este estudo f o i financiado pela F u n d a ç ã o de Amparo à
superpostas a espesso pacote de calcrete, tais d e p ó s i t o s Pesquisa do Estado de S ã o Paulo, FAPESP, Processo n"
devem ter sido acumuladas em lagoas muito rasas, efé- 1998/1598-5. Agradecimentos s ã o devidos aos seguintes
meras, c o m instabilidade h i d r o q u í m i c a ; tais corpos d ' á - colegas que colaboraram com os autores para a reali-
gua recebiam episodicamente fluxos de lama. A compo- z a ç ã o deste trabalho: Paulo M I L H O M E M , Centro de
s i ç ã o m i c r o p a l e o n t o l ó g i c a destas rochas revela u m Pesquisas da P e t r o b r á s ; M . L . C. E T C H E B E H E R E ,

Estampa I V

Vistas de ostracodes da A s s o c i a ç ã o de "Chara" barbosai - Ilyocypris cf. riograndensis


(todas as barras de referência s ã o equivalentes a 100 micra)

Figs. 1-5: Eucandona? sp. (todas c a r a p a ç a s ) ; 1-2: vista dorsais em diferentes c a r a p a ç a s ; 3: vista esquerda; 4: vista d i -
reita; 5: vista direita.
Figs. 6-8: Paracypria? sp. 1 (todas c a r a p a ç a s ) ; 6: vista direita; 7: vista esquerda; 8: vista dorsal.
Figs. 9-11: Paracypridea sp.(todas c a r a p a ç a s ) ; 9: vista direita; 10: vista dorsal; I I : vista direita.
Estampa IV
292 D . D I A S - B R I T O et al.

Universidade de Guarulhos; L . C. B . R I B E I R O do ANDERSON, F W. (1966) - New genera of Purbeck and


Centro de Pesquisas P a l e o n t o l ó g i c a s L l e w e l l y n Ivor Wealden Ostracoda. Bulletin of the British Museum
Price, Uberaba; W. R. N A V A D E M A R Í L I A ; Wander (Natural History) Geology, London: Alil-AAò.
ANDREIS, R., R. C A P I L L A & C.C. REIS (1999) -
J.N. de O L I V E I R A ; e A . C. A R R U D A - C A M P O S ,
Considerações estratigráficas e composição dos arenitos
Museu de Paleontologia de Monte A l t o . A S A B E S P pela
da Formação Marília (Cretáceo Superior) na Região de
c e s s ã o dos perfis elétricos. Agradecimentos são devidos
Uberaba (M.G.). In: DIAS-BRITO, D., J. C. CASTRO &
ao p a l i n ó l o g o Dr. M i t s u r u A R A I , CENPES, P e t r o b r á s ,
R. ROHN (eds.): Boletim do 5^ Simpósio sobre o Cretáceo
pelas ricas d i s c u s s õ e s e i n f o r m a ç õ e s sobre a q u e s t ã o c l i -
m á t i c a no C r e t á c e o do Brasil. Nossa g r a t i d ã o a D é c i o L . do Brasil/ 7" Simpósio sobre el Cretácico de América dei
Sur, Serra Negra, Rio Claro: 449-455.
S E M E N S A T T O , Hermes D I A S B R I T O , C e s á r i o P O R T A
BARBOSA, O. (1955) - A situação geológica das Charophyta
Jr. e F a b í o l a M . S. B O E N O ( C C D M , U F S C A R ) . P r o f
de Machado de Melo, Estado de São Paulo. B. Soe. Bras.
Dr. A n d r e w C O H E N (The University o f Arizona) e Geol, São Paulo, 4(1): 73-74.
M a n u e l R. P A L A C I O S - F E S T (Terra Nostra Earth BARBOSA, O., O. P G.BRAUN, R. C. DYER & C. A. B. R.
Sciences Research, Tucson Arizona) prestaram-nos grande CUNHA (1970) - Geologia da Região do Triângulo
c o l a b o r a ç ã o como revisores deste artigo. Mineiro. DNPM, Div. Fom. Prod. Min., Rio de Janeiro,
Boi. 136: 140 p.
BARCELOS, J. H. & R. J. BERTINI (1990) - Síntese dos co-
nhecimentos litoestratigráficos e paleobiológicos do
11. R E F E R Ê N C I A S
Gmpo Baum, Cretáceo da bacia sedimentar do Paraná. In:
1" Simpósio sobre as bacias cretácicas brasileiras. Rio
A L M E I D A , M.A., L. A. FERNANDES, A. S. L. DANTAS, M .
Claro. Rio Claro, Boletim de Resumos: 69-70.
T SAKATE, A. E GIMENEZ, A. L. TEIXEIRA, C. A.
BARCELOS, J. H . & K. SUGUIO (1987) - Correlação e
BISTRICHI & E E M . A L M E I D A (1981) -
extensão das unidades litoestratigráficas do Gmpo Baum,
Considerações sobre a estratigrafia do Gmpo Baum na
região do Pontal do Paranapanema no Estado de São definidas em território paulista, nos estados de Minas
Paulo. In: Atas do 3° Simpósio Regional de Geologia, Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná. In: Atas do
SBG - SP, Curitiba: 77-89. 6° Simpósio Regional de Geologia, Rio Claro, 1: 313-321
ALVES, D. B. (1998) - O vulcanismo-fonte das bentonitas BERTELS, A. (1972) - Ostracodos de agua dulce dei miembro
cretácicas da Bacia de Campos. In: Anais do XL Cong. inferior de la Formacion Huantrai-có (Maastrichtiano infe-
Bras. de Geologia. Belo Horizonte: p. 108. rior), Prov. dei Neuquén, Rep. Argentina. Ameghiniana,
ALVES, D. B. (1999) - O vulcanismo que originou as bentoni- IX (2): 173-178.
tas cretáceas da Bacia de Campos. In: 1° Simpósio sobre BERTHOU, R Y., F DEPÊCHE, J.-R COLIN, J. B. MELO
Vulcanismo e Ambientes Associados. Boletim de FILGUEIRA & M . S. LOPES TELES (1994) - New data
Resumos, Gramado: 100. on the ostracodes from the Crato lithologic Units (Lower
ALVES, D. B. (2000) - The highly explosive Upper Member of the Santana Formation, Latest Aptian Lower
Cretaceous volcanism located close to Rio de Janeiro, Albian) of the Araripe basin (Northeastem Brazil). Acta
Brazil. In: 3P' International Geological Congress. Geológica Leopoldensia, São Leopoldo, 39 (2): 539-554.
Abstracts Volume. G0608058. Pdf BERTINI, R. J. (1994) - Comments on the fóssil amniotes

Estampa V

Vistas de ostracodes da A s s o c i a ç ã o de "Chara" barbosai - Ilyocypris cf riograndensis


(todas as barras de referência s ã o equivalentes a 100 micra)

Figs. 1-3: "Lycopterocypris" c f angulata G R E K O F F , 1960 (todas c a r a p a ç a s ) ; I : vista direita; 2: vista direita; 3:
vista de cima.
Figs. 4-6: "Salvadoriella" sp. (todas c a r a p a ç a s ) ; 4: vista de cima; 5: vista direita ; 6: vista esquerda.
Figs. 7-8: c f "Hourcqia" symmetrica K R O M M E L B E I N & W E B E R , I 9 7 I ( c a r a p a ç a s ) ; 7: vista direita; 8: vista de
cima.
Figs. 9: Candonopsis sp., carapaça, vista direita.
Figs. 10-12: c f Reconcavonal ultima K R O M M E L B E I N & W E B E R , 1962, (todas c a r a p a ç a s ) ; 10: vista direita; I I :
vista dorsal (inclinada); 12: vista dorsal.
Figs. 13-18: Mantelliana sp., todas c a r a p a ç a s ; 13: vista ventral; 14: vista direita; 15: vista direita (juvenil); 16: vista
dorsal; 17: vista direita; 18: vista anterior.
Figs. 19-20: Paracypria? sp. 2, a mesma c a r a p a ç a ; 19: vista direita; 20: vista dorsal ( L 3 3 A , S W Marília).
Estampa V
294 D . D I A S - B R I T O et al

from the Adamantina and Marflia formations, continental CABRAL JR., M . , J. E M . MOTTA, L. C. TANNO & Z.
Upper Cretaceous of the Paraná Basin, southeastem Brazil HELLMEISTER (1990) - Potencial mineral da Bacia
(Parti: Introduction, Testudines, Lacertilia, Crocody- Bauru no Estado de São Paulo. In: 1° Simpósio sobre as
lomorpha). In: DIAS-BRITO, D., F. C. PONTE, J. C. bacias cretácicas brasileiras. Boletim de Resumos, Rio
CASTRO et al (eds.): Boletim do 3° Simpósio sobre o
Claro, Rio Claro: 65-67.
Cretáceo do Brasil Rio Claro, Rio Claro: 97-100.
CADDAH, L. E G., D. B. ALVES & A. M . P M I Z U S A K l
BERTINI, R. J. (1995) - Equivalents of the Upper Cretaceous
(1998) - Turbidites associated with bentonites in the
Baum Group across souther and central South America.
Upper Cretaceous of the Campos Basin, offshore Brazil.
In: IV Simpósio de Geologia do Sudeste, Aguas de São
Sedimentary Geology, 115: 175-184.
Pedro. Rio Claro. Boletim de Resumos: p. 78.
CADDAH, L. E G., D. B. ALVES, M . HANASHIRO & A. M .
BERTINI, R. J. & I . S. CARVALHO (1999) - Distribuição
P M I Z U S A K l (1994) - Caracterização e origem do marco
cronológica dos crocodilomorfos notossúquios e ocorrên-
"3-dedos" (Santoniano) da Bacia de Campos. Boletim de
cias nas bacias cretácicas brasileiras. In: DIAS-BRITO,
Geociências da Petrobrás, 8 (2/4): 315-334.
D., J. C. CASTRO & R. ROHN (eds.): Boletim do 5° CAMPANHA, V.A., M . L. C. ETCHEBEHERE, A. R. SAAD
Simpósio sobre o Cretáceo do Brasil/1'^ Simpósio sobre el & V. J. FULFARO (1992) - O significado paleogeográfi-
Cretácico de América dei Sur, Serra Negra, Rio Claro; co das novas ocorrências fossilíferas do Grupo Bauru, na
517-523. região do Triângulo Mineiro, Minas Gerais. In: 2°
BERTINI, R. J., F E M A N Z I N I & M . BRANDT NETO (1999) Simpósio sobre as bacias cretácicas brasileiras. Resumos
- Novas ocorrências de Baumsuchidae (Sebecosuchia: Expandidos, Rio Claro: 151-152.
Crocodylomorpha) na região de General Salgado, CAMPANHA, V.A., M . L. C. ETCHEBEHERE, A. R. SAAD
Formação Adamantina (Cretáceo Superior) do Gmpo & V. J. FULFARO (1993) - Novas ocorrências fossilíferas
Baum na região noroeste de estado de São Paulo. Acta no Grupo Bauru na região do Triângulo Mineiro.
Geológica Leopoldensia, São Leopoldo, X X I I I (49): 29- Geociências, São Paulo, 12 (2): 353-372.
38. CARMO, D. A. (1998) - Taxonomia, paleoecologia e dis-
BERTINI, R. J., L. G. MARSHALL, V. M . GAYET & P tribuição estratigráfica dos ostracodes da Formação
BRITO (1993) - Vertebrate faunas from the Adamantina Alagamar (Cretáceo Inferior), Bacia Potiguar, Brasil. Tese
and Marília formations (Upper Bauru Group, Late Dout. Univ. Fed. Rio Grande do Sul, Porto Alegre: 116p.
Cretaceous, Brazil) in their stratigraphic and paleobiogeo- CARBONNEL, G. (1965) - Sur un nouveaux genre
graphic context. A'. Jb. Geol Palãont.Abh., Stuttgart, 188 {Paralimnocythere) et une nouvelle espèce {P. bouleigen-
(1): 71-101. sis) d'ostracodes du Tortonien. Archives des Sciences,
BERTINI, R. J., S. R. GOBBO-RODRIGUES & R. M . SAN- Paris, 18 (1): 146-150.
TUCCI (2000) - O Gmpo Bauru e sua biocronologia. In: CARVALHO, 1. S. & R. J. BERTINI (1999) - Mariliasuchus:
SIMÕES, M . G., L. H. C. M E L L O & R. R C H I L A R D I um novo Crocodylomorpha (Notosuchia) do Cretáceo da
(eds): Paleo-2000/SP, Reunião Anual da Sociedade Bacia Baum, Brasil. Geologia Colombiana, Santafé de
Brasileira de Paleontologia, Núcleo de São Paulo. Bogotá, 24: 83-105.
Boletim de Resumos, Botucatu: p. 4. CASTRO, J.C., D. DIAS-BRITO, E. A. MUSACCHIO, J. M .
BERTINI, R. J., W. R. NAVA & I . S. CARVALHO (1997) - SUAREZ, M . S., A. S. MARANHÃO & R. RODRIGUES
Notosuchians (Crocodylomorpha) from the Cretaceous (1999) - Arcabouço estratigráfico do Gmpo Baum no
Baum Group (Marília County, São Paulo state - Brazil). Oeste Paulista. In: DIAS-BRITO, D., J. C. CASTRO & R.
An. Acad. Bras. CL, Rio de Janeiro, 69 (1):142. ROHN (eds.): Boletim do 5" Simpósio sobre o Cretáceo do
BILOTTE. M . & M . MASSIEUX (1988) - Nouvelles espèces Brasil/1° Simpósio sobre el Cretácico de América dei Sur,
de Characeae du Campanien du "Bassin" de Nalzen (Zone Serra Negra, Rio Claro; 509-517.
Nord-Pyrenéenne, Ariège, France) - Revue de COLIN, J-P & E DEPÊCHE (1997) - Faunes des ostracodes
Micropaléontologie, Paris, 31 (1): 3-14. lacustres des basins intra-cratoniques de age albo-aptien

Estampa V I

Vistas de ostracodes da A s s o c i a ç ã o de "Chara" barbosai - Ilyocypris cf. riograndensis


(todas as barras de referência são equivalentes a 100 micra)

Figs. 1-8: Talicypridea suguioi nov. sp.; Ia: p a r á t i p o , V E ; I b V E (= Ia, detalhe da zona antero-ventral); 2a: parátipo,
V D ; 2b V D ( = 2b, detalhe da e x t e n s ã o labial antero-ventral); 3: c a r a p a ç a , direita; 4: holotipo, vista direi-
ta da c a r a p a ç a ; 5 carapaça, vista anterior, 6: c a r a p a ç a , vista direita; 7: c a r a p a ç a , vista ventral; 8: c a r a p a ç a ,
vista dorsal.
Figs. 9-14: Brasacypris fulfaroi nov. sp. (todas c a r a p a ç a s ) ; 9: vista ventral; 10: vista posterior; 11: holotipo, vista d i -
reita; 12: vista direita de c a r a p a ç a j u v e n i l ; 13: vista direita de c a r a p a ç a j u v e n i l ; 14: holotipo, vista dorsal.
Estampa VI

T
296 D . D I A S - B R I T O et al.

en Afrique de TOest (Camerun, Tchad) et au Brésil: Resumos, Rio Claro, Rio Claro: 62-63.
cosidérations d'ordre paleoecologique et paléobiogéo- ETCHEBEHERE, M . L. C , V. J. FULFARO, A. R. SAAD &
graphique. Africa Geoscience Review, Paris, 4 (3): 431- J. A.J. PERINOTTO (1999) - O significado estratigráfico
450. da calcretização por água subterrânea no Triângulo
COLIN, J-R, Y. TAMBAREAU & V. A. KRASHENINNIKOV Mineiro, sudoeste do Estado de Minas Gerais, Brasil. In:
(1996) - Ostracodes liminiques et lagunaires dans le DIAS-BRITO, D., J. C. CASTRO & R. ROHN (eds.):
Crétacée Supérieur du Mali (Africa de LOuest: Boletim do 5o Simpósio sobre o Cretáceo do Brasil/ 1°
Systématique, Paleoécologie et affinités paleobigéo- Simpósio sobre el Cretácico de América dei Sur, Serra
graphiques. Revue du Micropaléontologie, Paris, 39 (3): Negra, Rio Claro.-427-431.
211-222. FEIST M . & N. GRAMBAST-FESSARD (1984) - Clé de
COUTINHO, J. M . V., A. M . COIMBRA, M . BRANDT NETO détermination pour les genres de charophytes.
& G. A. ROCHA (1982) - Lavas alcalinas analcimíticas Paleobiologie Continental, Montpellier, 13: 1-28.
associadas ao Grupo Bauru (Kb) no Estado de São Paulo, FERNANDES, L. A. & A. M . COIMBRA (1996) - A Bacia
Brasil. In: Actas dei 5° Congresso Latino-Americano de Baum (Cretáceo Superior, Brasil). An. Acad. Bras. CL,
Geologia, Argentina., I I : 185-195. Rio de Janeiro, 68 (2): 195-205.
CUNHA, L. S. & A. C. M . MACEDO (1986) - Répteis e ostra- FERNANDES, L. A. & A. M . COIMBRA (1999) -
codes associados no Cretáceo de Álvares Machado, SP. Paleocorrentes da parte oriental da Bacia Baum (Ks,
An. Acad bras. CL, Rio de Janeiro, 58 (4): 609. Brasil). In: DIAS-BRITO, D., J. C. CASTRO & R. ROHN
DIAS-BRITO, D. (1982) - Evolução paleoecológica da Bacia (eds.): Boletim do 5° Simpósio sobre o Cretáceo do Brasil/
de Campos durante a deposição dos calcilutitos, margas e ] " Simpósio sobre el Cretácico de América dei Sur, Serra
folhelhos da Formação Macaé (Albiano e Cenomaniano?). Negra, Rio Claro.- 51-57.
Boletim Técnico da Petrobrás, Rio de Janeiro, 25 (2): 84- FULFARO, V. J. & BARCELOS (1991) - Gmpo Baum no
97. Triângulo Mineiro: uma nova visão litoestratigráfica. In:
DIAS-BRITO, D. (1996) - A evolução do geossistema Atas do 2° Simpósio de Geologia do Sudeste, SBG, São
mesocretáceo da margem sudeste-leste do Brasil, como Paulo: 59-66.
sugerida por estudos microfaciológicos. In: DIAS- GARRIDO, A. E., A. E MARCONDES & A. J. V. GARCIA
BRITO, D. R. ROHN & J. A J. PERINOTTO (eds.): (1992) - Caracterização e mapeamento litofaciológico do
Boletim do 4° Simpósio sobre o Cretáceo do Brasil, Gmpo Baum em Peirópolis, Município de Uberaba-MG.
Águas de São Pedro, Rio Claro: 21-32. In: 2° Simpósio sobre as bacias cretácicas brasileiras.
DIAS-BRITO, D., MUSACCHIO, E. A., MARANHÃO, M . S. Resumos Expandidos, Rio Claro: 137-140.
A. S., CASTRO, J. C , SUAREZ, J. M . , & RODRIGUES, GOBBO-RODRIGUES, S. R., S. PETRI & R. J. BERTINI
R. (1998) - Cretaceous non-marine calcareous microfos- (1998) - Possibilities of biotic correlations between Baum
sils from the Adamantina Formation (Baum Group), Group (Paraná Basin, Brazil) and Neuquén Basin
Westem São Paulo, Brasil. In: 3th Ann. Conf., Project 381 (Argentina) in the Upper Cretaceous. In: 3th Ann. Conf.,
(lUCP-IUGS). Boi Asoc. Pai dei G. S. J. Spec. Issue, Project 381 (lUCP-IUGS). BoL Asoc. Pai dei G. S. J.
Comodoro Rivadavia, 2: 8-10. Spec. Issue, Comodoro Rivadavia, 2: 15-16.
ETCHEBEHERE, M . L . C , A. R. SAAD, J. S. T & Z. GOBBO-RODRIGUES, S. R., S. PETRI & R. J. BERTINI
HELLMEISTER JR. (1990) - Moldes de cristais salinos (1999a) - Ocorrências de ostracodes na Formação
no Grapo Baum, Estado de São Paulo: implicações paleo- Adamantina do gmpo Baurii, Cretáceo Superior da Bacia
climáticas e económicas. In: 1° Simpósio sobre as bacias do Paraná, e possibilidades de correlação com depósitos
cretácicas brasileiras. Boletim de Resumos, Rio Claro, isócronos argentinos. Parte I - Família Ilyocyprididae. An.
Rio Claro: 64-65. Acad. Bras. CL, Rio de Janeiro, 71 (1): 146-147.
ETCHEBEHERE, M . L. C. & R. B. SILVA (1990) - Explora- GOBBO-RODRIGUES, S. R., S. PETRI & R. J. BERTINI
ção mineral no Gmpo Baum, Estado de São Paulo. (1999b) - Ocorrências de ostracodes na Formação
Discussão de conceitos e probabilidades. In: 1° Simpósio Adamantina do gmpo Baum, Cretáceo Superior da Bacia
sobre as bacias cretácicas brasileiras. Boletim de do Paraná, e possibilidade de correlação com depósitos

Estampa V I I

Vistas de carófitos da A s s o c i a ç ã o de Amblyochara sp - Neuquenocypris minor mineira


(todas as barras de referência são equivalentes a 100 micra)

Figs. 1-6: Feistiella cf. globosa ( G R A M B A S T & GUTIERREZ, 1977), todos girogonites; I : vista lateral; 2: vista
lateral; 3: vista lateral; 4: vista apical; 5: vista basal; 6: vista apical.
Figs. 7-10: cf. Feistiella costata K O C H & B L I S E N B A C H , 1960, todos girogonites; 7: vista lateral; 8: lateral; 9: basal;
10: apical.
Figs. 11-14: Amblyochara sp., todos girogonites; 11: apical; 12: basal; 13: lateral; 14: lateral.
Estampa VII
298 D . D I A S - B R I T O et al

isócronos argentinos. Parte I I - Família Limnocytheridae. HASUI, Y. & N . L . E. H A R A L Y I (1990) - O soerguimento do


An. Acad. Bras. CL. Rio de Janeiro, 71 (1): 147-148. Alto Paranaíba. In: 1° Simpósio sobre as bacias cretácicas
GOBBO-RODRIGUES, S. R., S. PETRI & R. J. BERTINI brasileiras. Boletim de Resumos, Rio Claro, Rio Claro: p 24.
(1999c) - Ocorrência de ostracodes na Formação HASUY, Y. & N . L. E. H A R A L Y I (1991) - Aspectos lito-estru-
Araçatuba do Gmpo Baurii, Cretáceo Superior da bacia do turais e geofísicos do soerguimento do Alto Paranaíba.
Paraná, e possibilidades de correlação com depósitos Geociências, 10: 51-11.
isócronos argentinos - Parte I : Família Ilyocyprididae. IPT (1988) - Avaliação do potencial metalogenético da Bacia
Acta geológica leopoldensia., São Leopoldo, X X I I I (49): do Paraná/SP - estudos complementares: checagem de
3-13. campo. São Paulo (IPT, Relatório 26 867).
GOLDBERG, K. & A. J. V. GARCIA (1994) - Faciologia dos JAILLARD, E., H. CAPPETTA, R ELLENBERGER, M .
calcários do Gmpo Baum na região de Uberaba. In: FEIST N . GRAMBAST-FESSARD, J. R LEFRANC &
DIAS-BRITO, D., EC. PONTE, J.C. CASTRO et al B. SIGUÉ (1993) - Sedimentology, palaeontology, bios-
(eds.): Boletim do 3° Simpósio sobre o Cretáceo do Brasil, tratigraphy and correlation of the Late Cretaceous
Rio Claro: 91-92. Vilquechico Group of southern Perú. Cretaceous
GOLDBERG, K. & A. J. V. GARCIA, (2000) - Research, London, 14: 623-661.
Palaeobiogeography of the Bauru Group. A dinosaur-bear- KARCZEWSKA, J. & M . ZIEMBINSKA-TWORZYDLO
ing Cretaceous unit, northeastem Paraná Basin, Brazil. (1972) - Upper Cretaceous Charophyta from the Nemegt-
Cretaceous Research, 21: 241-254.
Basin, Gobi-Desert. Results of the Polish-Mongolian
GRAMBAST, L . (1962) - Classification de Lembranchement
Palaeontological Expeditions: Part IV, Palaeontologia
des Charophytes. Naturalia Monspeliensia (Bot.),
Polonica, Warszawa, 27: 51-81, lám. 7-27.
Montpellier, 140: 63-86.
KHAND, Y. (2000) - The origins of modem nonmarine ostra-
GRAMBAST, L . (1974) - Phylogeny ofthe Charophyta. Taxon,
cod faunas: evidence from the Late Cretaceous and Early
Uttech, 23: 463-481.
Palaeogene of Mongolian. Hydrobiologia, Amsterdam,
G R A M B A S T L . & G. GUTIERREZ (1977) - Espèces nou-
419: 119-124.
velles de charophytes du Crétacé Supérieur terminal de la
KOCH, E. & E. BLISSENBACH (1960) - Die gefalteten
province de Cuenca (Espagne). Paleobiologie
oberkretazisch-tertiãren Rotschichten im Mittel-Ucayali
Continental Montpellier, 8: 1-34.
GREKOFE N . (1957) - Ostracodes du Bassin du Congo. I . Gebiet, Ostperu. Bihefte Geologische Jahrbuch,
Jurassique Supérieur et Cretácé Inférieur du nord du Hannover, 43: 1-103.
bassin. Annales Musée Royai Congo Belge, ser. in-S", Sei. K R O M M E L B E I N , K. (1962) - Zur Taxonomie und
géol. 19: 97 p. Biochronologie stratigraphisch wichtiger Ostracoden-
GREKOFF, N . (1960) - Ostracodes du Bassin du Congo. I I . Arten aus der oberjurassich?-unterkretazischen Bahia-
Crétacé. Annales Musée Royai Congo Belge, ser in-S", Serie (Wealden-Fazies) NE-Brasiliens. Senckenbergiana
Sei. Géol. Tervuren, vol. 35: 70 p. letheae, Frankfurkt am Main, 43: 437-528.
GROSDIDIER, E. (1967) - Quelques ostracodes nouveaux de KROMMELBEIN, K. (1963) - Ilhasina n.g. und Salvadoriella
la série anté-salifère ("Wealdienne") des bassins côtiers du n.g. zwei neuen Ostracoden-Gattungen aus der Bahia-
Gabon et du Congo. Revue de Micropaléontologie, Paris, Serie (nicht-mariner Oberjura?-Unter-Kreide (NE-
10:107-118. Brasilien) Zoologischer Anzeiger, Leipzig, 376-390.
GROVES, J. (1916) - On the name Lamprothamnus Braum. KROMMELBEIN, K. (1963) - Ostracoden aus der nicht-mari-
Journal ofBotany, London, 54: 336-337. nen Unter-Kreide ("Westafricanischer Wealden") des
GUTIERREZ C H A V E Z , M . (1975) - Contribución al Congo-Kustenbeckens. Meyniana, 15: 59-74.
conocimiento micropaleontológico pemano. Boletin de la KROMMELBEIN, K. & R. WEBER (1971) - Ostracoden des
Sociedad Geológica dei Peru, Lima, 19: 25-52. Nordost-Brasiliannische, "Wealdien". Geologisches
HARTMANN, G. & H. S. PURI (1974) - Summary of Jahrbuch, Hannover. 15: 1-93.
Neontological and Paleontological Classification of L A N D I M , P M . B. & PC. SOARES (1976) - Estratigrafia da
Ostracoda. Mitteilungen Hamburgischen Zoological Formação Caiuá. In: Anais do 29° Congresso Brasileiro
Museum Institute, Hamburg, 70: 7-73. de Geologia, Ouro Preto, Ouro Preto, SBG, 2:195-206.

Estampa V I I I

Vistas de carófitos da A s s o c i a ç ã o de Amblyochara sp - Neuquenocypris minor mineira


(todas as barras de referência são equivalentes a 100 micra)

Figs. 1-2: Nitellopsis? sp.; I : girogonite, vista lateral; 2: girogonite, vista lateral.
Figs. 3-5: Chara? sp., girogonite, lateral; 4: girogonite, vista basal; 5: girogonite com deiscência.
Figs. 6-8: Gobichara (Pseudoharrisichara) sp.; girogonites; 6: vista basal; 7: vista apical; 8: vista lateral.
Figs. 9-12: cf. Gobichara (Pseudoharrisichara) groeberi M U S A C C H I O , 1978; girogonites; 9: vista lateral inclinado;
10: vista lateral; 11: vista basal; 12: vista apical.
Estampa VIII
300 D . D I A S - B R I T O et al

LINNAEUS, C. (1753) - Species plantaram, Stockholm Revista de la Asociación Paleontológica Argentina,


{Chara: 1156-57). Buenos Aires, 9 (3): 223-237.
MACEDO, A. C. M . (1987) - Sobre microfósseis da Formação MUSACCHIO, E. A. (1973) - Charophytas y ostracodos no
Adamantina, Grupo Bauru. In: CAMPOS, D. A., G. marinos dei Grupo Neuquén (Cretácico Suprior) en
BEURLEN, A.C. M . MACEDO & I . M . BRITO (eds.): algunos afloramientos de las províncias de Rio Negro y
Anais do X Cong. Bras. Paleontologia, Rio de Janeiro: Neuquén, República Argentina. Revista dei Museo de La
733-737. Plata (nueva serie), La Plata, 8 (48): 1-32.
M A L Z , H . & E. MOAYEDPOUR (1973) - Miozane MUSACCHIO, E. A. (1983) - Ostracodos cenomanianos mari-
SUsswasser-Ostracoden aus der Rhon. Senckenbergiana nos de la Formacion Miraflores en la República de
lethaea, Frankfurkt am Main, 54 (2/4): 281-309. Bolivia. Em RODRIGO, L. A. & L. BRANISSA in
MARTENS, K. (1992) - A reassessment of Paralimnocythere VOLKHEIMER, W. (ed.): Sistemas Bioestratigráficos
Camoel, 1965 (Crustácea, Ostracoda, Limnocytherinae), Regionales de América dei Sur Las Cuencas de los gru-
with a description of a new genus and two new species. pos Puca y Tacurú, Mendoza: 591-599, 8 láms.
Bulletin de V Instituí Royai des Sciences Naturelles de MUSACCHIO, E. A . (2000) - Biostratigraphy and
Belgique, Biologie, 62: 125-158. Biogeography of Cretaceous Charophytes from South
MARTIN-CLOSAS, C. (2000) - Eis Caròfits dei Jurássic América. Cretaceous Research, London, 21: 211-220.
Superior i el Cretaci Inferior de la Panínsula Ibérica. MUSACCHIO, E. A. & A. M . MORONI (1983) - Charophyta
Upper Jurassic. Arxius de les seccions de ciències, 125 . y Ostracoda no marinos eoterciarios de la Formacion El
Institui d'Etudis Catalans. Barcelona, 304 págs. 22 Est. Carrizo en la Província de Rio Negro, Argentina. Revista
de la Asociación Paleontológica Argentina, Buenos Aires,
MEZZALIRA, S. (1959) - Nota preliminar sobre as recentes
20 (1): 21-33.
descobertas paleontológicas no Estado de São Paulo no
MUSACCHIO, E. A. & S. C. PALAMARCZUCK (1975) -
período 1958-1959. Notas Pévias, Inst. Geogr. Geol., São
Microfósiles calcáreos de la Formacion Ranquiles
Paulo, 2: 1-7.
(Cretácico Inferior) en la Província dei Neuquén en
MEZZALIRA, S. (1966) - Os fósseis do Estado de São Paulo.
Argentina. Revista de la Asociación Paleontológica
São Paulo, Instituto Geográfico e Geológico. Boletim,
Argentina, Buenos Aires, 12 (4): 306-314.
45:132 p.
MUSACCHIO, E. A & M . SIMEONI (1991) - Taxonomy of
MEZZALIRA, S. (1974) - Contribuição ao conhecimento da
some Cretaceous no marine ostracods of palaeobiogeo-
estratigrafia e paleontologia do Arenito Baum. In: Instituto
graphical interest. Neues Jahrbuch fUr Geologie und
Geográfico e Geológico, São Paulo, Boletim 51: 163 p.
Palaeóntologie. Abhandlungen, Stuttgart, 18 (3): 369-
MEZZALIRA, S. (1989) - Os fósseis do Estado do São Paulo.
399.
Instituto Geológico. Série Pesquisa, 2^ ed.. Governo do
PACHECO, J. A. (1913) - Notas sobre a geologia do vale do
Estado de São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente, São
Rio Grande a partir da foz do Rio Pardo até sua confluên-
Paulo: 136 p., 13 est.
cia com o Rio Paranaíba. In: Exploração do Rio Grande e
M I L A N I , E. J., A . B. FRANÇA & R. L . SCHNEIDER (1994) de seus afluentes. Comissão Geográfica Geológica, São
- Bacia do Paraná. Boletim de Geociências da Petrobrás, Paulo: 33-38.
Rio de Janeiro, 8 (1): 69-82. PAULA E SILVA, E, C. BIANCHI NETO, A. E. M . RICALDI
MOORE, R. C. (1961) - Ostracoda, In: Treatise on & A. J. SAPIO (1994) - Estudo estratigráfico do Gmpo
Invertebrate Paleontology. Part Q, Arthropoda; 3, Baum na região de Presidente Pmdente-SP com base em
Cmstacea. Geological Society of America and University perfis geofísicos de poços para água. Geociências, São
of Kansas Press: 1-442. Paulo: 13 (1): 63-82.
MUSACCHIO, E. A. (1972) - Charophytas de la Formacion PECK, R. E. (1937) - Morrison Charophyta from Wyoming.
Yacoraite en Tres Cmces y Yavi Chico, Jujuy, Argentina. Journ. Pai, Tulsa, 11:83-90.

Estampa I X

Vistas de ostracodes da A s s o c i a ç ã o de Amblyochara sp. - Neuquenocypris minor mineira


(todas as barras de referência s ã o equivalentes a 100 micra)

Figs. 1-3: Ilyocypris setembrinopetrii nov. sp., todas c a r a p a ç a s ; I : vista esquerda; 2: holotipo, vista direita; 3: holotipo,
vista dorsal.
Fig. 4: Ilyocypris sp. I , valva direita (juvenil?).
Figs. 5: c f "Lycopterocypris angulata" G R E K O F F , 1960, c a r a p a ç a , vista direita.
Figs. 6-8: Neuquenocypris minor mineira nov. subsp., todos c a r a p a ç a s ; 6: vista esquerda; 7: holotipo, vista direita; 8:
holotipo, vista dorsal.
Figs. 9-12: Virgatocypris mezzalirai nov. sp.; 9: c a r a p a ç a j u v e n i l , vista direita; 10: p a r á t i p o , valva direita j u v e n i l ; I I :
holotipo, valva direita; 12: p a r á t i p o , valva esquerda j u v e n i l .
Estampa IX
302 D . D I A S - B R I T O et al.

PECK, R. E. (1957) - North American Mesozoic Charophyta. dulçaqilícolas e microfósseis vegetais associados da
Geological Survey Professional Paper 294- A, Formação Marília, Bacia Bauru (Cretáceo Superior),
Washington: 1-44, 8 est. Minas Gerais, Brasil. In: DIAS-BRITO, D., J. C. CAS-
PECK, R. E. & , C. C. REKER (1947) - Cretaceous and Lower TRO & R. ROHN (eds.): Boletim do 5° Simpósio sobre o
Cenozoic Charophyta from Peru. American Museum Cretáceo do Brasil/ 1° Simpósio sobre el Cretácico de
Novitates. 1369, New York: 1-6. América dei Sur, Serra Negra, Rio Claro: 497-500.
PREREIRA, M . J. (1992) - Considerações sobre a estratigrafia SENRA, M . C. E., L. H. SILVA E SILVA & R. M . LISBOA
do Cenomaniano-Santoniano em algumas bacias (2000) - Observações anatómicas e bioestratinômicas em
marginais brasileiras e sua implicação na história tectôni- esporocarpos de Marsileaceae da Formação Marília
ca e sedimentar da margem continental. Boi Geoc. (Cretáceo Superior), Bacia Bauru, Brasil. Revista
Petrobrás 6, Rio de Janeiro, (3/4): 171-176. Universidade de Guarulhos - Geociências, V (n° espe-
PEREIRA, M . J. & E J. FEIJÓ (1994) - Bacia de Santos. Boi cial): 78-80.
Geoc. Petrobrás, Rio de Janeiro, 8 (1): 219-234. SILVA, R. B., M . L. C. ETCHEBEHERE & A. R. SAAD
PETRI, S. (1955) - Charophyta cretácicas de Saõ Paulo (1994) - Groundwater calcretes: uma interpretação alter-
(Formação Baum). Boletim da Sociedade Brasileira de nativa para os calcários da Formação Marília no Triângulo
Geologia, São Paulo, 4 (1): 67-72. Mineiro. In: DIAS-BRITO, D., E C. PONTE, J. C. CAS-
PRICE, L. I . (1950) - Os crocodilídeos da fauna da formação TRO et al (eds.): Boletim do 3° Simpósio sobre o
Baum do cretáceo terrestre do Brasil Meridional. An. Cretáceo do Brasil Rio Claro: 85-89.
Acad. Bras. CL, Rio de Janeiro, 22 (4): 473-490. SOARES, R C , R M . B. L A N D I M , V. J. FULFARO, A. E
POWELL, J. E. (1987) - Morfologia dei esqueleto axial de los SOBREIRO NETO & K. SUGUIO (1980) -
dinosaurios titanosauridos (Saurischia, Sauropoda) dei Caracterização estratigráfica do Sistema Cretácico no
Estado de Minas Gerais, Brasil. In: Anais do X Congresso Estado de São Paulo: Grupo Bauru. Rer Bras. Geoc, São
Brasileiro de Paleontologia, Rio de Janeiro, 1: 155-171. Paulo, 10 (3): 177-185.
RANGEL, H. D., E A. L. MARTINS, E R. ESTEVES & E J. SOARES, R C. (1981) - Esttatigrafia das formações jurássico-
FEIJÓ (1994) - Bacia de Campos. Bacia de Santos. Boi cretáceas na Bacia do Paraná - Brasil. In:
Geoc. Petrobrás, Rio de Janeiro, 8 (1): 203-218. V O L K H E I M E R , W. & E. A. MUSACCHIO (eds.):
REMANE, J., A. FAURE & G. S. ODIN (2000) - Intemational Cuencas Sedimentarias dei Jurásico y Cretácico de
Stratigraphic Chart. UNESCO/IUGS. América dei Sur, Buenos Aires, 1: 271-304.
SAAD, A. R., V. A. CAMPANHA, M . C A B R A L JR., M . L. C. SUAREZ, J. M . (1973) - Contribuição à geologia do extremo
ETCHEBEHERE, R PULEGHINI FILHO, J. E M . oeste do Estado de São Paulo. Tese de Doutoramento. Fac.
MOTTA & E PAULA E SILVA (1988) - Cenários do Fil. Ci. Letr., Presidente Pmdente: 91 p.
Gmpo Baum (K) no Estado de São Paulo. In: Anais do SUAREZ, J. M . & D. A. CAMPOS (1995) - Ostracodes do
XXXV Congresso Brasileiro de Geologia, Belém, 2: 894- Cretáceo Superior do extremo oeste do Estado de São
904. Paulo. In: KELLNER, A. W. A. & C. E V I A N A (eds.):
SAD, J. H. G., R. N . CARDOSO & M . T COSTA (1971) - Atas do XIV Congresso Brasileiro de Paleontologia,
Formações cretácicas em Minas Gerais: uma revisão. Rer Uberaba, Rio de Janeiro; 92-93.
Bras. Geoc, São Paulo, 1: 2-13. SUGUIO, K. (1973) - Calcretes of the Bauru Group
SCHUDACK, M . E. (1993) - Die Charophyten in Oberjura (Cretaceous), Brazil: petrology and geological signifi-
und Unterkreide Westemeuropas. M i t einer phylogenetis- cance. Tese de Livre Docência, IG. USP, Universidade de
chen Analyse der Gesamtgruppe. Berliner São Paulo. 2 v.: 236 p.
Geowissenchaftliche Abhandlungen, Rehie E (8): 169 p.. SUGUIO, K. & J. H. BARCELOS (1983) - Calcretes of the
Estampas 1-20. Baum Group (Cretaceous), Brazil: petrology and geologi-
SENRA, M . C. E. & L. H. SILVA E SILVA (1999) - Moluscos cal significance. Boi IG.USP, São Paulo, 14: 31-47.

Estampa X

Vistas de ostracodes da A s s o c i a ç ã o de Amblyochara sp. - Neuquenocypris minor mineira


(todas as barras de referência são equivalentes a 100 micra)

Figs. 1-6: Altanicypris australis nov. sp.; I : c a r a p a ç a , vista esquerda; 2: c a r a p a ç a , vista ventral; 3: holotipo, vista dor-
sal da c a r a p a ç a ; 4: c a r a p a ç a , vista esquerda; 5: holotipo, vista direita da c a r a p a ç a ; 6a: parátipo, V D vista
interna; 6b: o mesmo de 6a (detalhe da zona antero-ventral).
Figs. 7-8: Gen. et sp. indet. 1; 7: c a r a p a ç a , vista dorsal; 8: carapaça, vista direita.
Figs. 9: Candonopsis sp., c a r a p a ç a , vista direita.
Figs. 10-14: Gen. et sp. indet. 2; 10: V E , vista interna; 11: carapaça, vista dorsal; 12: carapaça, vista direita; 13: cara-
p a ç a j u v e n i l , vista direita; 14: c a r a p a ç a j u v e n i l , vista direita.
Estampa X
304 D . D I A S - B R I T O et al.

SUGUIO, K., M . BERENHOLC & E. SALATI (1975) - VAN WAGONER, J. C , H.W. POSAMENTIER, R. M .
Composição química e isotópica dos calcários e ambiente M I T C H U M , R R. VAIL, J. E SARG, T S. LOUTIT & J.
de sedimentação da Formação Baum. Boi. IG. USP, São HARDENBOL (1988) - A n overview of the fundamentais
Paulo, 6: 55-75. of sequence stratigraphy and key defmitions. In: W I L -
SWAIN, F. M . (1946) - Middle Mesozoic nonmarine ostraco- GUS, C. K. et al (eds): Sea-level changes: An integrated
da from Brazil and New México. Journ. Pai, Tulsa, 20 approach. SEPM, Special Publication 42, Tulsa : 39-45.
(6): 543-555. VON HUENE, E (1927) - Contribuición a la paleogeografia
SZCZECHURA, J. (1978) - Fresh-water ostracods from the de Sud América. I I . Las relaciones paleogeográficas de
, Nemegt Formation (Upper Cretaceous) of Mongólia; in: Sud América durante el Cretácico Superior. BoL Acad.
Results of the Polish-Mongolian Palaeontological Nac. Cienc, Córdoba, 30: 256-294.
Expeditions, part V I I I . Palaeontologia Polonica, Krakóv: V O N HUENE, E (1939) - Carta de Friedrich von Huene ao Dr.
65-121. Euzébio de Oliveira. Mineração e Metalurgia, Rio de
U L I A N A , M . A. & E. A. MUSACCHIO (1978) - Microfósiles Janeiro, 4 (22): 190.
calcáreos no marinos dei Cretácico Superior en el Zampal,
Província de Mendoza. Argentina. Revista de la
Asociación Paleontológica Argentina, 15(1-2): 111-135.
Accepté mai 2001

Você também pode gostar