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Referencial Teórico
Referencial Teórico
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Disciplina de Pesquisa Matrícula: 409904
Jurídica - Manhã
A legitimidade de suas decisões foi questionada, bem como seus ministros acusados
de adotar um certo comportamento ativista, isto é, de agir usurpando a competência de outros
Poderes – o que, principalmente após o julgamento da Ação Penal 470, tensionou a relação
entre o Judiciário e o Legislativo.
Mark Tushnet (2003), ao se referir às práticas dos atores políticos em agir no limite
da legalidade e das normas constitucionais para satisfação de seus interesses, cunhou a
expressão “constitutional hardball”. Dentro da realidade brasileira, o termo não se restringe
apenas aos representantes eleitos e seus semelhantes, mas também a certas práticas do Poder
Judiciário para conferir legitimidade às suas decisões, no que Oscar Vilhena Vieira (2018)
utiliza como exemplo a Operação Lava-Jato e suas repercussões político-jurídicas.
Nesse sentido, o que pode ou não fazer o STF e como faz, isto é, seu campo de
atuação e competência é extremamente relevante para a construção da democracia brasileira.
Levando em consideração as constituições democráticas contemporâneas, com seus núcleos de
organização do Estado, de garantia de direitos individuais e sociais e de normas a respeito do
jogo democrático, o papel dessas Cortes é substancial para assegurar a sua observância e, em
última análise, a própria democracia-constitucional.
Para Gargarella (2013), que observa uma falha dos atores governamentais em
assegurar que os direitos garantidos nas constituições sejam implementados, o Poder Judiciário
teria enorme relevância em suprimir omissões legislativas, principalmente no que se refere aos
direitos de grupos sociais minoritários e marginalizados. Dessa forma, seriam os mecanismos
judiciais uma forma de garantir a esses grupos o acesso à “sala de máquinas da constituição”.
Para isso, o trabalho contará com uma revisão histórica sobre a atuação e
competências do Supremo Tribunal Federal a partir do trabalho de Emília Viotti da Costa
“Supremo Tribunal Federal e a Construção da Cidadania” (2006), comparando o estabelecido
nas constituições antigas com a atual constituição de 1988.
A opção é analisar essa tensão entre ativismo judicial e legislativo a partir de uma
ótica geral, mas debatendo em termos da teoria do direito.