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Centro de Ciências Humanas Letras e Artes

Departamento de Antropologia
Curso de Bacharelado em Ciências Sociais: Turma 2014.1
Disciplina: Teoria Antropologia III
Docente: Francisca de Souza Miller 
Discente: José Rolfran de Souza Tavares

FICHAMENTO
“Capitão James Cook; ou o Deus Agonizante”

I – “Uma cadeia de eventos que não mais poderia ser prevista nem mesmo impedida”

É descrita a cerimônia do Makahiki.

A morte de Cook é descrita como parte de uma ritualística.

O processo de transformação ritual de Cook de divino para vítima sacrificada é comum na


cultura polinésia que ele estava inserido.

O momento que o rei começa a ver Cook como inimigo é que os signos sociais entram em
crise.

É importante saber quem cometeu o delito (matou Cook) para poder compreender as
categorias elementares.

As percepções sobre o ocorrido com Cook influenciam nas leituras sobre o quês e tem como
fato.

Todavia só de pode determinar historicamente algo quando a percepção do ocorrido consegue


ressonar nos constructos sociais.

Alguns cânticos polinésios denotam uma trajetória de personagens parecidas com Cook, isso
pode demonstrar como operam alguns constructos sociais nesse povo.

II – Nana i ke Kumu: Busque as Origens

A celebração do Kumulipo, assim como na do Makahiki, podem se encontrar muitas das


respostas do que ocasionou o assassinato de Cook.
Uma idéia polinésia sobre a condição humana sustenta que os homens são compelidos a
assumir a derrota aos deuses para poder continuar sua existência na terra.

Na história da origem da bata-doce é trazido a idéia dos homens dominando os deuses como
forma de administrar as técnicas de agricultura.

Dentro das percepções havaianas todas as plantas e humanos tem uma mesma origem e são
divinos, sendo assim se pode afirmar que eles são canibais e que a idéia de matar um deus é
algo tradicionalizado.

“Os homens, assim, aproximam-se do divino, portanto, com uma mistura curiosa de submissão
e orgulho, cujo objetivo final é transferir para si a vida que os deuses originalmente possuem e
continuamente incorporam e que somente pode ser concedida por ele.” (pg. 149)

O rei representando os homens e Cook representando os deus era previsível que a batalha de
um contra o outro o povo deveria se posicionar junto ao rei e matar Cook.

“O sacrifício humano, prerrogativa do rei, é o que coloca o deus à distância e permite à


humanidade herdar a terra.” (pg. 151)

A morte do deus Lono (incorporado por Cook) representa a passagem das chuvas para as
plantações, tempo anual de morte – tempo anual em que as coisas frutificam, o deus, todavia,
só é o primeiro sacrifício do ano.

Também existem momentos festivos que a imagem de Lono é relacionada, como nos casos
onde ele desce a terra e tem relações com várias mulheres.

A imagem do rei é inversa a de Lono, enquanto o primeiro é filho de uma deusa com um
humano, o outro é um deus que se relaciona com mulheres do povo.

A história conta que Lono foi traído por um homem e saiu fazendo guerra pelo mundo, então
quando estava desgastado foi morto por um guerreiro humano.

O ciclo que envolve o tabu de Lono é finalizado quando as plantações começam a florescer.

“O rei em uma batalha ritual com o deus resume todas as batalhas locais e consegue a vitória
final, ganhando a vida para o povo e sua soberania.”

Várias ritualísticas relembram a guerra do rei com Lono.

Existe o credo de que o rei morre como estrangeiro para nascer rei.

O rei deve ser um benfeitor pacífico do povo, sendo assim fica vulnerável a domestificação,
logo precisa do ritual de morte de Lono para garantir sua soberania.

III- História ou mitopráxis

É relatado os festejos de ingleses e polinésios na comemoração do ano novo.

Cook estava fazendo uma rota semelhante a da história de Lono e em um dia aproximado, ele
também aceitou o status que os havaianos o conferiu.
O encaixe Cook como Lono era conveniente para manter as profecias de pé e com isso o credo
dos polinésios.

Conforme os sacerdotes de Lono afirmavam que ele era Cook, mais as tensões com o rei e seus
guerreiros se acirravam.

Algumas trocas de presentes feitas entre Cook e o rei representam as relações de soberania
nos ritos do ano novo.

“o modo de troca dos sacerdotes com Cook era realmente sacrificial” (pg. 160)

Os ingleses não se deram conta dos significados das ações dos polinésios.

É preciso que se perceba a estrutura da conjuntura para que se entenda o que levou a Cook se
tornar vítima do rei.

A data de parida de Cook coincidia com o termino dos rituais de Makahiki.

Existiram inúmera coincidências rituais que denotavam Cook como sendo Lono, como é o caso
de um templo do deus Lono ter sido incendiado no dia da partida de Cook e um dos seus
marinheiros ter morrido exatamente no dia dos cerimoniais (1 de fevereiro).

A coincidência máxima foi quando os navios de Cook tiveram que voltar pois a tempestade não
os permitiu seguir, já que esse evento metrológico conota uma ação de Lono.

A volta dos ingleses gerou tensões na ilha e suas presenças começaram a desagradar.

O retorno de Lono representava uma dúvida sobre a soberania do rei, que até então era
entendida como legítima pois a saída de Cook da ilha representava a vitória do seu povo sobre
o deus.

Os furtos e violências se tornaram mais freqüentes com a tensão causada pelo retorno de
Cook e sua tripulação, então Cook escolheu usar da força e pretendia tomar o rei como refém.

O cenário armado era muito semelhante ao lendário escrito.

“Por direito então, isso deveria nos levar a uma solução cultural do “mistério do assassinato””
(pg. 165)

Nuha é apontado pelo autor como sendo o autor da morte de Cook/Lono.

Nuha era da família real e um dos pupilos do rei.

Essa hipótese pode ser confirmada se observar a pintura do artista que compunha a
embarcação.

“A morte de Cook foi uma notável conjunção de duas teologias e que seu espírito destinado a
ter o mesmo papel tanto numa como na outra sociedade. Respectivamente e igualmente,
havaianos e europeus o lembrariam como o mártir de sua própria prosperidade.” (pg. 167)
Para os havaianos Cook era um deus capaz de deixar a terra para frutificar para os humanos e
para os ingleses ele era um símbolo do livre mercado capaz de salvar os ignorantes e garantir
liberdade no mundo.

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