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MINISTÉRIO  DA  EDUCAÇÃO  


ESCOLA  SECUNDÁRIA  DE  AVELAR  BROTERO   UUnniiddaaddee    IIIII    ––    DDiim
meennssõõeess    ddaa    aaççããoo    hhuum
maannaa    
2019/2020   ee    ddooss    vvaalloorreess    
33..DDiim meennssããoo    ÉÉttiiccoo-­‐-­‐PPoollííttiiccaa    
Grupo  Disciplinar  de  Filosofia  e  História     Cursos:  Científico  Humanísticos  
Disciplina:  Filosofia,  10º    

DOC.  9  
Unidade III – DDiim
meennssõõeess    ddaa    aaççããoo    hhuum
maannaa    ee    ddooss    vvaalloorreess  
33..DDiim meennssããoo    ÉÉttiiccoo-­‐-­‐PPoollííttiiccaa    
33..22    AA    nneecceessssiiddaaddee    ddee    ffuunnddaam
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33..22..33..AA    ééttiiccaa    ddeeoonnttoollóóggiiccaa    ee    rraacciioonnaall    ddee    KKaanntt    ––    SSíínntteessee    ddee    ccoonntteeúúddooss      

Objetivos:  -­‐  Caracterizar  a  ética  kantiana  

 
   
 
A  Ética  Deontológica  de  Kant  (Síntese  de  alguns  conteúdos)  
- O Bem é, desde Aristóteles o conceito central da ética. Kant começa por afirmar que a única coisa que
merece a denominação de bom é a boa vontade. Só a boa vontade fundamenta o valor moral de uma
ação. Uma boa vontade é definida como uma vontade pura, sem qualquer determinação ou influência
sensível. É uma vontade desinteressada.
- Devem ser rejeitadas todas as teorias morais que se baseiam em qualquer motivo inferior ao absoluto
desinteresse e independência da vontade. Kant parte do conceito de Bem, para afirmar que existe um
bem ilimitado, incondicionalmente bom. Tudo o que não é bom em si mesmo, mas é-o por uma
determinada finalidade ou num determinado contexto, ou seja, é condicionado pelas circunstâncias, não
serve para caracterizar a moralidade. "Neste mundo, e até fora dele, nada é possível pensar que não
possa ser considerado como bom sem limitação a não ser uma só coisa: uma boa vontade.
" Kant, Fund. Met. dos Costumes
- A vontade boa não é determinada por tendências e está subordinada apenas ao dever. Uma vontade
boa não é boa por o fim que pretende, ou por o bem que consegue, é boa em si mesma. Agir
moralmente é agir por dever, sem ter em conta as consequências da própria ação.
- O dever é uma necessidade interna de realizar uma dada ação apenas por respeito à lei moral (lei
prática). O dever liberta o homem das determinações a que está submetido, substitui a necessidade
natural. O dever impõe ao homem a limitação dos seus desejos e obriga-o a respeitar as leis morais da
razão.

Bertrand Russel resume assim o pensamento de Kant:


"A moral só existe quando o homem atua segundo o dever.
Não basta que o ato seja tal como o dever pode prescrever. O
negociante honesto por interesse ou o homem bondoso por
impulso não são virtuosos. A essência da moralidade deriva do
conceito de lei; porque embora tudo na natureza atue segundo
leis, só um ser racional pode atuar segundo a ideia de lei, isto
é, por vontade. A ideia de um princípio objetivo, que impele a
vontade, chama-se uma ordem da razão e a fórmula é o
imperativo". in, História da Filosofia.

- A lei moral não é algo concreto, mas uma forma pura que se pode aplicar a qualquer situação,
garantindo desta forma a sua validade universal.
- A natureza atua segundo leis, o homem segundo a ideia de lei. As máximas ou leis impõem-se à razão
como regras de ação imperativas. Uma máxima é uma regra de ação subjetiva que o indivíduo
estabelece para si próprio, como por exemplo: "Diz sempre a verdade". Uma Lei moral tem, pelo
contrário uma validade universal idêntica às leis que regem a natureza.
- A lei moral é assumida como algo absoluto, não pode ser obedecida sob condições. É um dever que
decorre da razão e só nela tem o seu fundamento. Kant recusa que a mesma possa ser extraída a partir
de exemplos concretos. Qual a origem da lei moral?
a) Nasce diretamente da própria razão. Não é uma lei imposta do exterior, mas da própria constituição
do homem como um ser inteligível. O homem como ser racional é o único ser que determina o seu fim. É
esta dimensão que o distingue da natureza da qual faz parte na sua dimensão corpórea.
b) Não contém nenhum elemento empírico (sensível A Lei moral é independente de todos os fins ou
motivos. É uma pura forma e a sua validade é universal.).
- A lei moral apresenta-se pois, como um Imperativo Categórico que ordena uma ação como
objetivamente necessária por si mesma, sem qualquer relação com qualquer outra finalidade. É uma
exigência interior da razão. As ações só são moralmente boas se satisfazem os critérios formais do
imperativo categórico. Tem que ser constituídas de uma forma que possam ser válidas para todos os
seres humanos.
Fórmulas da lei moral:
"Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei
universal".
"Age de tal modo que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na do outro, sempre como um fim
e nunca como um meio."
- O reino dos fins une os seres racionais, sob uma legislação comum. A pessoa tem um valor e uma
dignidade sem preço.
- A liberdade é um pressuposto essencial da moral. Sem liberdade não se pode pensar em moral. A
liberdade é a ausência de qualquer determinação (condicionante) externa, mas não de uma lei moral
decorrente da razão.
- O homem como ser moral é um ser livre nas suas decisões. Se o homem não fosse livre, não havia
moral mas apenas submissão, e neste sentido não poderia ser responsabilizado pelos seus atos. A
liberdade é pressuposta pela própria moral.
- A razão prática (ou a vontade de um ser racional) é, por isso autónoma, ao contrário da natureza, não
depende de nada a não ser dela mesma. Isto significa que a razão prática é a causa incondicionada de
si mesma. Este fato pressupõe a liberdade como uma propriedade dessa causalidade.
TEORIA ÉTICA DE KANT UMA ÉTICA DEONTOLÓGICA (Resumos de alguns conteúdos)
1. Considera-se que a ética kantiana é deontológica porque defende que o valor moral de uma acção reside em
si mesma e não nas suas consequências. Na sua intenção.
2. Kant defendia que o valor moral das ações depende unicamente da intenção com que são praticadas.
PORQUÊ? Porque sem conhecermos as intenções dos agentes não podemos determinar o valor moral das
ações. Na verdade, uma ação pode não ter valor moral apesar de ter boas consequências.
3. Quando é que a intenção tem valor moral ou é boa? Quando o propósito do agente é cumprir o dever pelo
dever. O cumprimento do dever é o único motivo em que a ação se baseia. Ex: Não roubar porque esse ato é
errado e não porque posso ser castigado.
4. O que é uma ação com valor moral? É uma ação que cumpre o dever por dever. Cumpre o dever sem
«segundas intenções». Deveres como não matar inocentes indefesos, não roubar ou não mentir devem ser
cumpridos porque não os respeitar é absolutamente errado.
5. AÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS AÇÕES FEITAS POR DEVER. Objectivo desta distinção -
Defender que o valor moral das ações depende unicamente da intenção com que são praticadas. Mostrar que
duas ações podem ter consequências igualmente boas e uma delas não ter valor moral.
6. AÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS AÇÕES FEITAS POR DEVER.EX: dois comerciantes
praticam preços justos e não enganam os clientes. Estão a agir bem? Estão a cumprir o seu dever?
Aparentemente sim. Suponhamos que um deles - João - não aumenta os preços apenas porque tem receio de
perder clientes. O seu motivo é egoísta: é o receio de perder clientes que o impede de praticar preços
injustos. A sua ação é conforme ao dever mas não é feita por dever. Suponhamos agora que o outro
comerciante – Vicente - não aumenta os preços por julgar que a sua obrigação moral consiste em agir de
forma justa. A sua ação é feita por dever. As duas ações – exteriormente semelhantes – têm a mesma
consequência – nenhum deles perde clientes – mas não têm o mesmo valor moral.
7. AÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS AÇÕES FEITAS POR DEVER - AÇÕES CONFORMES
AO DEVER Ações que cumprem o dever não porque é correcto fazê-lo mas porque se evita uma má
consequência – perder dinheiro, reputação – ou porque daí resulta uma boa consequência - a satisfação de
um interesse. João não age por dever. Ex: Não roubar por receio de ser castigado ou praticar preços justos
para manter ou aumentar a clientela.
8. AÇÕES CONFORMES AO DEVER VERSUS AÇÕES FEITAS POR DEVER - AÇÕES FEITAS POR
DEVER Ações que cumprem o dever porque é correcto fazê-lo. O cumprimento do dever é o único motivo
em que a ação se baseia. Vicente age por dever. Ex: Não roubar porque esse acto é errado em si mesmo ou
praticar preços justos simplesmente porque assim é que deve ser.
9. A LEI MORAL E O DEVER - Lei que nos diz qual é a forma correta de cumprir o dever. Princípio ético
fundamental que exige que eu cumpra o dever por dever, sem qualquer outra intenção ou motivo. Norma
geral de natureza puramente racional que exige que a vontade domine as inclinações sensíveis - desejos,
interesses e sentimentos – e cumpra o dever de forma pura.
10. A LEI MORAL E O DEVER - Ouvir a voz da lei moral é ficar a saber como cumprir de forma moralmente
correcta o dever. Essa lei diz-nos de forma muito geral o seguinte: «Deves em qualquer circunstância
cumprir o dever pelo dever». Esta exigência é um imperativo categórico ou absoluto porque não se subordina
a condições.
11. A LEI MORAL E O DEVER - Pense em normas morais como «Não deves mentir»; «Não deves matar»;
«Não deves roubar». A lei moral, segundo Kant, diz-nos como cumprir esses deveres, qual a forma correcta
de os cumprir. Assim sendo, é uma lei puramente racional e puramente formal. Não é uma regra concreta
como «Não matarás!» mas um princípio geral que deve ser seguido quando cumpro essas regras concretas
que proíbem o roubo, o assassinato, a mentira, etc.
12. A LEI MORAL É UM IMPERATIVO CATEGÓRICO - O que a lei moral ordena – cumprir o dever por
puro e simples respeito pelo dever – é, para Kant, uma exigência que tem a forma de um imperativo
categórico. Ordena que uma ação boa seja realizada pelo seu valor intrínseco, que seja querida por ser boa
em si e não por causa dos seus efeitos ou consequências. O cumprimento de deveres como não roubar ou não
mentir é uma obrigação absoluta.
13. POR QUE RAZÃO O CUMPRIMENTO DO DEVER – AS NOSSAS OBRIGAÇÕES MORAIS – É UMA
OBRIGAÇÃO ABSOLUTA OU CATEGÓRICA? - Se cumprir o dever dependesse dos nossos interesses ou
sentimentos, teríamos a obrigação, por exemplo, de cumprir a palavra dada apenas em certas condições, mas
não sempre. Esta obrigação dependeria, digamos, do desejo de ficarmos bem vistos aos olhos de Deus ou aos
olhos dos outros, do desejo de agradar a alguém, etc. Se agradar a Deus ou aos outros deixasse de nos
preocupar, a obrigação de cumprir a palavra dada simplesmente desapareceria. Ora, não é isso que acontece.
Continuamos a ter o dever de cumprir a palavra dada quer isso nos agrade quer não.
14. O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO IMPERATIVO
CATEGÓRICO E COMO IMPERATIVO HIPOTÉTICO. Às obrigações dependentes dos meus desejos, da
minha vontade de querer algo dá Kant o nome de imperativo hipotético. O termo imperativo significa
obrigação ou dever. O termo hipotético significa condicional. As obrigações ou deveres que dependem de eu
desejar o que com o cumprimento dessas obrigações poderei obter são imperativos hipotéticos, ou seja,
obrigações condicionais. O imperativo hipotético é uma regra concreta de ação cujo cumprimento depende
de um interesse que assim queiramos satisfazer.
Diz-nos que devemos ser honestos, não porque esse é o nosso dever, mas sim se for do nosso interesse – Ex.
Se queres ser compensado deves ser honesto – o cumprimento da regra está associado a uma condição.
Às obrigações que temos sempre que não dependem de desejos ou projetos, ou seja, que são independentes
dos nossos interesses e mudanças de opinião, que são obrigações que valem por si e não como meios para
atingir algo, Kant dá o nome de imperativos categóricos por exemplo, não mentir, não roubar…O imperativo
categórico é uma regra geral que traduz o que a lei moral exige, ou seja exprime uma obrigação absoluta e
incondicional. Exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela razão, que seja independente em
relação a desejos, interesses, inclinações particulares. Ordena que uma ação seja realizada pelo seu valor
intrínseco, que seja querida por ser boa em si e não por causa dos seus efeitos.
15. O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO O CUMPRIMENTO DO DEVER COMO IMPERATIVO
CATEGÓRICO E COMO IMPERATIVO HIPOTÉTICO – EXEMPLOS
Exemplo em que cumprimento do dever é um imperativo hipotético ou obrigação relativa - Só tenho
obrigação de tirar carta de condução se quiser conduzir. Posso, mesmo inscrever-me numa escola de
condução, mas se mudar de ideias a obrigação adquirida desaparece.
Exemplo em que cumprimento do dever é um imperativo categórico ou obrigação absoluta: - A obrigação de
um médico operar uma pessoa que sofreu uma grave fratura é absoluta e não hipotética, não depende dos
sentimentos do médico – se simpatiza com ele, se sente compaixão, se lhe apetece ou não - ou de projetos
pessoais – se fizer uma operação ganho mais dinheiro.
16. AS DUAS MAIS IMPORTANTES FORMULAÇÕES DO IMPERATIVO CATEGÓRICO OU LEI
MORAL. 1. Fórmula da lei universal - “Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo
tempo que se torne lei universal”; 2.Fórmula da Humanidade – “Age de tal maneira que uses a humanidade,
tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre e simultaneamente como fim e nunca apenas como
meio.”
17. QUAL É A FUNÇÃO DESTAS FÓRMULAS? PARA QUE SERVEM? Para sabermos, em cada
circunstância da vida, se a ação que queremos praticar está, ou não, de acordo com a moral, temos de
perguntar se aquilo que nos propomos fazer poderia servir de modelo para todos os outros e se não os
transforma em simples meios ao serviço dos nossos interesses. Se faltar a uma promessa, não é algo que
todos possam imitar e viola os direitos dos outros, então temos a obrigação de não o fazer, por muito que isso
nos possa custar; se mentir não serve de modelo para os outros e os reduz a meios que usamos para satisfazer
o nosso egoísmo, então não temos o direito de abrir uma exceção apenas para nós.
18. ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA “Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo
tempo que se torne lei universal”. Imagine a seguinte situação: Eva precisava de dinheiro. Pediu algum
dinheiro emprestado a Bernardo com a promessa de lho devolver. No entanto, já tinha a intenção de não lhe
devolver o dinheiro. Eva agiu de acordo com a seguinte máxima: “Sempre que precisar de dinheiro, peço o
dinheiro emprestado, mas com a intenção de não o devolver”. Poderá esta máxima ser universalizada? Não
será contraditória?
19. ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA - Em termos mais gerais a regra que orienta a ação de Eva é esta:
“Mente sempre que isso for do teu interesse”.O que aconteceria se esta regra fosse universalizada, se
funcionasse como modelo para todos, se todos a seguissem. O que aconteceria? Ninguém confiaria em
ninguém. Ora, a mentira só é eficaz se as pessoas confiarem umas nas outras. É preciso que Bernardo confie
em Eva, para poder ser enganado por ela. Mas se eu souber que todos mentem sempre que isso lhes convém,
deixarei de confiar nos outros e por isso Bernardo não confiará em Eva. Não vale a pena Eva prometer
porque Bernardo não irá acreditar em nada que ela diga. Logo, Bernardo não lhe iria emprestar o dinheiro se
a máxima de Eva fosse uma lei universal. Por estranho que pareça, ao exigir que todos mintam, estou a
tornar a mentira impossível.
20. ANÁLISE DA PRIMEIRA FÓRMULA - Eva não pode querer, sem contradição, universalizar a excepção
que abriu para si própria porque se tornará exceção para todos. Se todos nós fizéssemos promessas com a
intenção de não as cumprir todos desconfiaríamos delas e o empréstimo de dinheiro baseado em promessas
acabaria. A prática de fazer e de aceitar promessas desapareceria. A máxima referida autodestrói-se ao ser
universalizada porque ninguém poderá agir de acordo com ela. A máxima “Mente sempre que isso for do teu
interesse” não pode ser transformada numa lei universal. O nosso dever moral básico consiste em praticar
apenas as acções que todos os outros possam ter como modelo.
21. ANÁLISE DA SEGUNDA FÓRMULA - Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa
como na pessoa de outrem, sempre e simultaneamente como fim e nunca apenas como meio. Segundo esta
fórmula, cada ser humano é um fim em si e não um simples meio. Por isso, será moralmente errado
instrumentalizar um ser humano, usá-lo como simples meio para alcançar um objetivo. Os seres humanos
têm valor intrínseco, absoluto, isto é, dignidade.
22. ANÁLISE DA SEGUNDA FÓRMULA - Pense no modo como quem pede dinheiro emprestado sem
intenção de o devolver está a tratar a pessoa que lhe empresta dinheiro. É evidente que está a tratá-la como
um meio para resolver um problema e não como alguém que merece respeito, consideração. Pensa
unicamente em utilizá-la para resolver uma situação financeira grave sem ter qualquer consideração pelos
interesses próprios de quem se dispõe a ajudá-lo. Viola-se assim a primeira e também a segunda fórmula.
23. Conclusão da análise das fórmulas (1) Para Kant, a pessoa tem de ser tratada sempre como um fim em si
mesma e nunca somente como um meio, porque é o único ser de entre as várias espécies de seres vivos que
pode agir moralmente. Se não existissem os seres humanos, não poderia haver bondade moral no mundo e,
nesse sentido, o valor da pessoa é absoluto. Assim, a fórmula da humanidade, também conhecida por
fórmula do respeito pelas pessoas, exprime a obrigação moral básica da ética kantiana.
24. Conclusão da análise das fórmulas (2) CUMPRIMENTO DO DEVER, IMPARCIALIDADE E RESPEITO
PELAS PESSOAS. A ação moralmente correta é decidida pelo indivíduo quando adota uma perspetiva
universal. Como? Colocando de parte os seus interesses, a pessoa pensará como qualquer outra que também
faça abstração dos seus interesses adotando, portanto, uma perspetiva universal.
25. Conclusão da análise das fórmulas (3) CUMPRIMENTO DO DEVER, IMPARCIALIDADE E RESPEITO
PELAS PESSOAS. Pense em deveres morais comuns como “ “Paga o que deves”, “Sê leal”, “Não roubes”.
Só o interesse e parcialidade do agente pode levar à violação de tais regras ou deveres morais. Eliminada a
parcialidade, pensamos segundo uma perspetiva universal e aprovamo-los. Sempre que fazemos da
satisfação dos nossos interesses a finalidade única da nossa ação, não estamos a ser imparciais e a máxima
que seguimos não pode ser universalizada. Assim sendo, estamos a usar os outros apenas como meios,
simples instrumentos que utilizamos para nosso proveito.
26. A BOA VONTADE - Agir moralmente significa agir com a intenção de respeitar exclusivamente a norma
geral que me diz que devo praticar apenas as ações que todos os outros possam ter como modelo a seguir e
que dado serem puramente desinteressadas tratam os outros como fins e nunca só como meios. A vontade
que decide agir por puro e simples respeito pelo que a lei moral ou imperativo categórico exige tem o nome
de boa vontade.
27. 1.VONTADE AUTÓNOMA E 2.VONTADE HETERÓNOMA.
1.Liberdade é a condição de fundamento da moralidade. A ação só é moral quando resulta de uma vontade
livre, quando quer cumprir a lei universal da razão.
2. Há imposição dos interesses e inclinações de cada sujeito, ou por outro lado, de regras impostas do
exterior à nossa vontade.
28. A BOA VONTADE - É uma vontade que age de forma moralmente correta independentemente das
consequências da ação. É uma vontade que cumpre o dever respeitando absolutamente a lei moral, ou seja,
cuja única intenção é cumprir o dever. É uma vontade que age segundo regras ou máximas que podem ser
seguidas por todos. É uma vontade que respeita todo e qualquer ser humano considerando-o uma pessoa e
não uma coisa ou um simples meio ao serviço deste ou daquele interesse. É uma vontade autónoma porque
decide cumprir o dever por sua iniciativa e não por receio de autoridades externas ou da opinião dos outros.
29. E SE CUMPRIR O DEVER DE FORMA ABSOLUTA – SEM OUTRA INTENÇÃO – TIVER MÁS
CONSEQUÊNCIAS? - Kant responde que não é por isso que a ação se torna moralmente errada. O que
conta é a intenção. Imaginemos que digo a verdade e isso tem más consequências. Para Kant, o que importa
é o modo como cumpro o dever – a intenção – e não o que resulta da ação.

Adaptado  de  Filosofia  10º;  Luís  Rodrigues,  Plátano  Editora,  Lisboa  2013  

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