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🔺 Assunto do capítulo

Neste capítulo, Fernão Lopes narra a forma como a população de Lisboa, incitada
pelos apelos do Pajem e de Álvaro Pais para que acudissem ao Mestre, porque o estavam a
matar nos Paços da Rainha, se armou, saiu em multidão pelas ruas da cidade e se dirigiu em
grande alvoroço para aqueles, a que quis lançar fogo e arrombar as portas. Os seus intentos só
foram travados quando, aconselhado pelos seus partidários, o Mestre apareceu a uma janela à
multidão, que, reconhecendo, se acalmou, aclamando-o e insultando o conde Andeiro e a
rainha.

🔺 Título

O título do capítulo (“Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavom o mestre,
e como aló foi Alvoro Paez e muitas gentes com ele”) apresenta as linhas gerais do texto.

🔺 Estrutura interna

🔺 Personagens
Na Crónica de D. João I, encontramos atores individuais e atores coletivos.

As primeiras figuras do texto são individuais – o Pajem e Álvaro Pais –, aquelas que
põem a ação em movimento, porém a seguinte é coletiva, sem nome que a identifique, por
duas razões: por um lado, trata-se de um coletivo e, por outro, é a gente simples do povo de
Lisboa (do mesmo modo e também por isso, o Pajem não possui nome). É o povo, enquanto
ator, coletivo que domina a ação.

No que diz respeito às personagens individuais, umas estão presentes e outras


ausentes:

. Presentes:

- O Pajem e Álvaro Pais, no início do capítulo;

- O Mestre de Avis, mencionado deste o início na boca de outras personagens, surge


fisicamente apenas na parte final do capítulo;

- O conde D. João Afonso, que se encontra com o Mestre na parte final do capítulo;

- Outros fidalgos: Afonso Eanes Nogueira, Martim Afonso Valente, Estevão Vasques Filipe e
Álvaro do Rego.

. Ausentes:

- O conde Andeiro, que se sabe ter sido morto;

- A rainha, retratada muito negativamente;

- O bispo de Lisboa, acusado de traição e que será morto.

A caracterização das personagens é feita de forma indireta: são as suas palavras e,


sobretudo, as suas ações que permitem caracterizá-las.

🔺 Caracterização do povo, a "arraia miúda"

O povo, a “arraia miúda”, personagem coletiva, preparado psicologicamente,


constitui o escudo defensor do Mestre para o assassínio do conde Andeiro, para sustentar o
ato e suportar as suas consequências, problema que a lealdade ao Mestre e a bravura do povo
resolveram.

Os traços que o caracterizam são os seguintes:


* a curiosidade (“As gentes que esto ouviam saíam aa rua para ver que cousa era.”);

* a indignação, a revolta, o desejo de vingança e a agressividade;

* a determinação e a disponibilidade ("correndo a pressa"; "desejando cada um de seer o


primeiro"; "poerem fogo aos paaços e queimar o treedor e a aleivosa");

* o empenhamento na defesa do Mestre, o carinho e a solidariedade ("se moverom todos...


morte");

* a mobilização e a unidade na ação – age como um todo e acorre aos Paços para acudir ao
Mestre ("todos feitos dum coraçom, com talente de o vingar"): traziam lenha, queriam
carqueja para lançar o fogo ao Paço ou uma escada para verem o que se passava dentro;

* a impaciência solidária ["as portas (...) çarradas (...) britassem"];

* a agitação, o crescendo da fúria popular, a fim de garantir a integridade física do Mestre;

* a desorientação própria de quem age sem pensar e a turvação resultante da ansiedade


(realismo psicológico);

* a precipitação, a ausência de reflexão / moderação e o descontrolo emocional


(comportamento que se acentua após a chegada aos Paços e antes da aparição do Mestre);

* a desconfiança;

* o alívio, a comoção, a alegria e a satisfação da missão cumprida;

* o poder (“não lhes poderiam depois tolher de fazer o que quisessem”; “E sem dúvida, se eles
entraram dentro, nom se escusara a rainha de morte, e fora maravilha quantos eram da sua
parte e do conde poderem escapar”).
O povo é um dos protagonistas do capítulo, uma personagem coletiva que garante a
defesa do Mestre, influencia o curso da História de Portugal. Determinadas ações são
individuais e anónimas, como gritar, ir buscar lenha ou pegar em armas.

É uma personagem coletiva dado que partilha um conjunto de características comuns


(lisboetas e patriotas) e um objetivo comum (apoiar o Mestre), agindo como um todo,
coletivamente.

🔺 Personagens individuais

. Pajem: informa o incita o povo, gritando e lançando o boato que alguém quer matar o
Mestre, como previamente combinado.

. Álvaro Pais

Álvaro Pais é o estratego que conduz o povo para um fim preconcebido: preparar
psicologicamente o povo a aceitar e mesmo aplaudir o assassínio do conde de Andeiro. O
pajem, com quem colaborou na divulgação do boato da morte do Mestre, dirigiu-se a sua casa,
porque tudo estava previamente combinado ("segundo já era percebido"). Fernão Lopes não
deixa dúvidas: Álvaro Pais foi o cérebro que tudo planeou, nada deixando ao acaso.

Ele mesmo insiste na divulgação do boato junto do povo, de modo a “convocá-lo” e a


criar um clima favorável à aceitação do Mestre, da morte do conde Andeiro e à sua
confirmação como legítimo herdeiro do trono português.

Álvaro Pais é uma figura com visão política e inteligência; é matreiro, astuto,
manipulador, mentiroso até (por exemplo, grita que matam o Mestre, quando, na verdade, é
este quem assassina o conde Andeiro; grita, igualmente, excitando e iludindo as pessoas), para
atingir os seus fins.

. Mestre de Avis

* É querido pelo povo, que o apoia politicamente e vê como garantia da independência


nacional;

* É humano, ponderado, refletivo e dialogante, não obstante a impulsividade revelada com o


ímpeto de ir salvar o bispo de Lisboa quando lhe anunciam que a se preparam para o matar;
* Adapta-se às circunstâncias, aceitando as instruções dos que lhe são próximos e retribui
afetuosamente o carinho do povo;

* São-lhe associadas as ideias de predestinação e proteção divinas, como se pode comprovar


por expressões textuais que mostram a crença do povo de que tinha tido a proteção divina,
dado ter sobrevivido ao suposto atentado: “E per vontade de Deos”; “Beento seja Deos que
vos guardou de tamanha traiçom”; “

* É o autor da morte do conde Andeiro nos Paços da Rainha;

* É uma figura carismática e populista (mostra-se à população para obter o seu apoio);

* É, de certa forma, uma personagem dual: é amigo do povo e seu herói, mas revela alguma
fraqueza e incapacidade para tomar decisões autonomamente, dependendo da opinião dos
seus conselheiros.

. Rainha D. Leonor Teles: o narrador coloca, estrategicamente, na boca do povo a acusação de


que é uma traidora e adúltera, chegando a ser acusada da morte de D. Fernando.

🔺 Narrador

. O narrador deste capítulo alterna entre a objetividade e a subjetividade:

- regista acontecimentos históricos e factuais (objetividade);

- analisa criticamente e interpreta os factos narrados (subjetividade;

- compreende a importância dos fatores psicológicos nos fenómenos históricos (subjetividade)


(por exemplo, o sentimento de crise nacional gerado pela perda iminente da independência
nacional).

. Contrariando aquilo que proclamara no “Prólogo” a esta crónica, Fernão Lopes manifesta
empatia com o povo e apresenta um retrato bem negativo de D. Leonor, “negando” assim a
sua proclamada imparcialidade.

. Outros momentos em que a sua imparcialidade é posta em causa são os seguintes:


- a subjetividade do discurso;

- a sua ideologia e emotividade;

- os seus comentários ocasionais;

- a solidariedade com o povo e a cidade de Lisboa;

- a expressividade da linguagem e os recursos expressivos.

. Por outro lado, trata-se de um narrador omnisciente, dado que conhece os acontecimentos
que relata, bem como as emoções de alguns intervenientes e as suas intenções secretas.

🔺 Espaços

. Abertos, públicos, frequentados pelo povo e pelos intervenientes que com ele interagem:
ruas da cidade de Lisboa.

. Fechado, privado, de acesso condicionado: o palácio, frequentado pelos nobres e pelos


detentores do poder.

. Janela do palácio, em que o Mestre surge e se mostra ao povo, apaziguando a sua fúria, e é
por ele aclamado.

🔺 Relação ação / espaço – concentração do espaço

Cada momento corresponde a um espaço específico: ruas entre o Paço e a casa de Álvaro Pais;
ruas de Lisboa; em frente do Paço, mas centrado na janela onde assoma o Mestre.

O espaço evolui da dispersão para a concentração: o povo salta das ruas da cidade para a rua
principal, que conduz ao Paço da rainha e ali se concentra em torno do Mestre.

🔺 Tom dramático e dinâmico:

alternância discurso indirecto (narrador) / discurso directo (fala das personagens ¹ só discurso
indirecto (texto pesado e sem vida);

funções da linguagem (fala das personagens): emotiva, apelativa e fática;


gradação crescente na expressão da emotividade do povo, que culmina com o aparecimento
do Mestre (clímax).

Esta alternância entre as duas modalidades do discurso confere, de facto, dinamismo,


veracidade, veracidade e dramatismo ao discurso e ao que é narrado, pois, através do discurso
direto, temos acesso às falas “reais” dos intervenientes. Desta forma, para além de obtermos
maior dinamismo na narração, Fernão Lopes cumpre a sua missão de relatar a verdade dos
acontecimentos.

🔺 Linguagem e recursos estilísticos

- Narração – contar um facto histórico:

. uso de verbos de movimento (“saíram”, “atravessavom”, etc.): conferem dinamismo à ação;

. uso do pretérito perfeito e imperfeito, tempos próprios da narração;

. estrutura frásica:

- coordenação: exprime a sequência de ações;

- subordinação: exprime as causas (orações causais) e as motivações dessas ações;

. expressões que marcam a mudança de espaço (à porta, pela rua, ali, i, pera u, pera alá, acima,
dentro, pera os paços) e o decurso do tempo (ante que, entom, logo à pressa);

. orações temporais-causais de tipo latinizante ("Como lhe disseram" significa "depois de lhe
terem dito e por lhe terem dito"; "como foram às portas do paço" significa "quando chegaram
às portas do paço e por terem chegado às portas do paço") com o intuito de unir o espaço e o
tempo por um vínculo de causalidade;

. uso de nomes que transmitem agitação (“arroído”, “alvoroço”, “torvaçam”).

- Descrição – descrição do movimento popular, físico e psicológico (exímio pintor da psicologia


da "arraia miúda"):

. realismo descritivo e visualismo (pormenores realistas; descrição perfeita e objectiva,


sugestão de simultaneidade; sugestão de movimento ...);

. visualismo impressionista:

-» perifrástica (começou de ir; não quedava de ir; começou de se juntar): sugere a rápida
determinação e disponibilidade do povo;

-» gerúndio: dizendo, bradando;

-» pretérito imperfeito: estavam, saíam, matavam;


-» advérbios e expressões adverbiais (rijamente a galope; asinha; agindo; correndo à pressa;
de desvairadas maneiras; conhecendo-o todos claramente; olhavam contra ele): sugerem
ação, movimento e tensão;

-» arcaísmos pleonásticos: olhai e vede; era maravilha de ver; entrar dentro; sobir acima;
desceo afundo: reforçam, na sua maioria, o efeito visual da ação; constituem um apelo aos
sentidos;

. expressões que realçam a curiosidade, a ansiedade e a impaciência do povo: as gentes saiam


à rua ver que cousa era; alvoraçaram-se; certificavam; britassem as portas; aficavam; acendia;
o arroído;

. adjectivação expressiva: lugares escuros, espantosas palavras, portas çarradas, desvairadas


maneiras, aleivosa, todos feitos dum coração (povo unido numa só vontade);

. subordinação: orações subordinadas causais, temporais e consecutivas – ligam os factos no


tempo, mediante relações de causalidade;

. ironia popular: "Oh, que mal fez! que matou o traedor";

. gradação ascendente da emoção do povo: ouve o apelo e acorre ® desorientação,


curiosidade pela sorte do Mestre e ódio ao conde e à rainha ® perturbação do povo ®
reconhecimento do Mestre e sua aclamação;

. expressões que sugerem uma certa predestinação divina em favor do empreendimento do


Mestre: "per vontade de Deus"; "ca eu vivo e são som a Deos graças."; "bendito seja Deus que
vos guardou desse traedor"; "Bento seja Deus que vos guardou de tamanha traição";

. mudança contínua de planos, do geral para o particular e do particular para o geral:

- alternância de falas particulares e falas do povo;

- alternância da actuação de personagens individuais e da personagem coletiva (o povo).

Mesmo na actuação do povo há várias formas e graus: por vezes o povo age em
conjunto ["A gente começou de se juntar todos feitos dum coração" ¹ "tais i havia (...) deles
bradavam, outros se aficavam, uns vinham com feixes de lenha, outros traziam carqueja" – são
grupos organizados no meio da multidão].

. sensações:

- auditivas: "Soarom as vozes do arroído"; "braadando"; "com espantosas palavras"; "ali eram
ouvidos braados de desvairadas maneiras"; "braadavom"; "era o arroído tam grande que se
nom entendiam uns com os outros", etc.;

- visuais: "se moverom todos com mão armada, correndo a pressa"; "era tanta que era
estranha cousa de veer"; "as portas do Paaço que eram já çarradas".

A linguagem sensorialista torna os relatos mais realistas, transportando o leitor para o


local dos acontecimentos, como se os estivesse a presenciar, “vendo” e “ouvindo” o que se
passou.
. Comparação: "assi como viuva que rei nom tinha, e como se lhe este ficara em logo de
marido, se moverom todos com mão armada, correndo... escusar morte": sugere a ligação, o
carinho e o empenhamento do povo na defesa do Mestre, que não queria perder,
aproximando-o de uma figura familiar. Por outro lado, esta comparação sugere o desgoverno e
desproteção a que a cidade (representada pela mulher) ficaria sujeita sem rei, tal como
acontece com as viúvas.

. Metáforas:

- "Cada vez se acendia mais": contribui para recriar a tensão que vai aumentando em volta do
Paço; o alvoroço popular vai aumentando de intensidade, provocando ruído, agitação e
movimento entre a população, tal como sucede com uma fogueira que se acende e vai
aumentando de intensidade; acresce que esta fogueira já estava acesa há algum tempo,
estando prestes a atingir o seu clímax.

- “Todos feitos de um coraçom”: sublinha a união do povo e a comunhão de sentimentos.

. Hipérbole:

-» realça o grande alvoroço e o tumulto da multidão: "e em todo isto era o arroído atam
grande que se nom entendiam uns com os outros";

-» caracteriza o comportamento das multidões: "E tanta era a torvaçam deles (...) que taes avia
i que aperfiavom que nom era aquele".

. A capacidade mobilizadora do discurso directo (diálogo), onde se misturam as funções


apelativa, fática e emotiva, alternando com a informativa:

a) o apelo de Álvaro Pais, com recurso ao presente do conjuntivo com sentido de imperativo e
à frase exclamativa;

b) a força da interpelação dos populares, com recurso ao presente do indicativo ("matom",


"é") e ao pretérito perfeito ("çarrou") e de curtas e incisivas frases interrogativas;

c) o desafio do povo aos "do Mestre", através do presente do indicativo ("se vivo é"), do
imperativo ("mostrae-no-lo") e do futuro do indicativo ("vee-lo--emos");

d) a intervenção apaziguadora do Mestre, iniciada por um vocativo ("Amigos"), continuada por


um imperativo ("apacificae-vos") e concluída com a primeira pessoa do presente do indicativo
do verso ser ("som"), a que dois adjectivos ("vivo e são") servem de predicativo;

e) finalmente, esfriados os ânimos, o comentário em jeito de antecipação, no pretérito


perfeito ("fez", "matou") e no presente ("creedes", "há-de vir") do indicativo.

. Interrogações e repetição: "U matom o Meestre? que é do Meestre?"; "Quem çarrou estas
portas?".
. Apóstrofes:

- “Ó Senhor, como vos quiserom matar…”: acentua o respeito, a veneração e a amizade do


povo para com o Mestre e o alívio pela proteção de Deus o ter livrado da traição do conde
Andeiro.

- “Amigos…”: a amizade entre o Mestre e o povo.

. Antítese: “… o Mestre era vivo, e o Conde Joam Fernandez morto…”.

. Exclamações.

. Campo lexical de «revolta»: braados, britassem, queimar, treedor, doestos, motim, etc.

. Pormenor:

- do vestuário de Álvaro Pais: "está prestes e armado com uma coifa na cabeça, um cavalo que
anos havia que non cavalgava";

- da "janela que vinha sobre a rua" para recriar o espaço e nos fazer comungar de todo aquele
ambiente.

Fernão Lopes socorre-se, na crónica, da chamada técnica da reportagem, cujos


principais traços são os seguintes:

. a minúcia e o realismo com que relata os acontecimentos, como se os tivesse presenciado;

. o posicionamento no próprio momento em que ocorrem os factos testemunhados por si e


indiretamente pelo narratário;

. o objetivismo: o cronista relatava apenas o que vê e ouve – os gestos, as atitudes e as


palavras dos intervenientes;

. as anotações de cenário, que sugerem o ambiente em que se movem as figuras históricas.

Desta forma, o cronista aproxima o leitor dos acontecimentos, levando-o a


compreendê-los melhor e a identificar-se com os intervenientes.

As descrições pormenorizadas dos lugares onde têm lugar as ações, em planos


narrativos gerais e particulares, configuram aquilo que se pode designar por visão objetiva ou
cinematográfica. De facto, a narração segue uma técnica semelhante à do cinema, constituída
por uma sucessão de planos, espaços e atores:

Plano 1

. Espaço: porta do Paço da Rainha e ruas de Lisboa.


. Ator: pajem.

. Local onde se dirige: casa de Álvaro Pais.

Plano 2

. Espaço: ruas de Lisboa.

. Atores: pajem, Álvaro Pais e povo.

. Estado de espírito: revolta e preocupação.

Plano 3

. Espaço: portas do Paço da Rainha.

. Atores: povo e Mestre.

. Estado de espírito: vingança.

Plano 4

. Espaço: janela do Paço.

. Atores: Mestre e povo.

. Estado de espírito: emoção, alívio e contentamento.

Plano 5

. Espaço: ruas do Paço.

. Atores: Mestre, donas e povo.

. Atitude do povo: disponibilidade para apoiar a causa do Mestre.

Plano 6

. Espaço: Paço do Almirante.

. Atores: Mestre, partidários e fidalgos.

. Ação: refeição do Mestre e decisão de os fidalgos matarem o bispo de Lisboa.

Em conclusão, podemos afirmar que Fernão Lopes marca o primeiro grande momento
da prosa portuguesa. São, sobretudo, admiráveis os seus quadros descritivos dos grandes
movimentos populares. Nas suas crónicas, há verdadeiros painéis, onde a arraia miúda se
manifesta em toda a sua pujança emocional. A grande força desta prosa está sobretudo na
organização das ideias, segundo planos espácio-temporais, que nos dão a visão do conjunto
sem esquecer o rigor dos pormenores, e tudo isto numa linguagem que, sendo por vezes
arcaizante, é dotada de uma vivacidade e visualismo admiráveis.

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