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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DA II VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL REGIONAL

DE SANTA CRUZ

Processo nº 0030578-41.2021.8.19.0206

CONSERTA TUDO M.E., REPRESENTANTE LEGAL GILBERTO SOUZA, CNPJ sob o


nº 061.345.096/0001-00, ENDEREÇO: Rua Domingos Marchetti, nº 41 – Centro– Rio de
Janeiro, CEP: 20712-150, por meio do seu Advogado, infra assinado, vem àpresença de
Vossa Excelência, apresentar sua

CONTESTAÇÃO

Em face da Ação de Indenização e Danos Morais movida por JOÃO CARLOS MAIA,
brasileiro, casado, Protético, residente a Rua Heitor Carrilho, 26 casa 05, Santa Cruz, Rio
de Janeiro - RJ, dizendo e requerendo o que segue.

Síntese

Trata-se de um aparelho celular Samsung Galaxy S8 , a qual narra o Autor que foi
consertado pela ré e entregue no dia 09/11/2022, aparelho este que foi consertado de
forma correta e visto pelo próprio autor que constatou estar em perfeito estado, ocorre
que 15 dias após o conserto do aparelho o autor retornou a loja pleiteando um novo
concerto do aparelho que encontrava-se neste momento com a tela quebrada, alegando
que o serviço ainda se encontra na garantia.

Ocorre que, diferentemente do que foi narrado na inicial o aparelho indicado obteve o
conserto ao qual foi emitido o orçamento, sendo entregue ao autor em perfeito estado
como o mesmo pode constatar, saindo com uma garantia para o período de 3 meses
para o caso de má funcionalidade das peças indicadas no conserto e que se caso
houvesse mau uso do mesmo, como quedas, batidas, ou uso de forma incorreta a
mesma garantia não cobriria um novo conserto sem custas. .

DA TEMPESTIVIDADE

Nos termos do Art. 335 do CPC, considerando que a intimação para responder a
presente ação ocorreu em 03/06/2023, conforme citação, tem-se por tempestiva a
presente contestação, devendo ser acolhida.
DAS PRELIMINARES

DA INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL

O legislador tratou de prever, no novo código de processo civil, claramente os fatos que
conduzem à inépcia da inicial, in verbis:

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: (...)


§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar
pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se
permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo,
de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia,
discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que
pretende controverter, além de quantificar o valorincontroverso do débito.

§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e


modo contratados.

Conforme leciona doutrina especializada sobre o tema:

"O autor tem de apresentar a sua fundamentação de modelo


analítico, tal como ela é exigida para a decisão judicial (art. 489,
§1º, CPC), sob pena de inépcia. A parte não pode expor assuas
razões de modo genérico; não pode valer-se de meras
paráfrases da lei (art. 489, §1º, I, CPC), não pode alegar a
incidência de conceito jurídico indeterminado, sem demonstrar as
razões de sua aplicação ao caso (art. 489, §1º, II, CPC) etc."
(DIDIER JR, Fredie. Curso Processual Civil. Vol. 1. 19ª ed.
Editora JusPodivm, 2017. p. 635)

A petição é manifestamente incoerente, o pedido não decorre logicamente da narração


dos fatos, configurando manifesta contradição.

Dessa forma, considerando que a petição inicial deixou de indicar elementos mínimos
necessários para a conclusão da controvérsia, tais com nada se constatou referente a
nenhum problema nas peças que foram consertadas pela ré, deve ser imediatamente
extinta sem julgamento do mérito, conforme precedentes sobre o tema:
No presente caso, deixou o Autor de indicar adequadamente quais foram os defeitos
apresentados pelas peças que foram consertadas pela ré, deixando em aberto o seu real
defeito, que embora não descrito foi viabilizado pelo autor, inviabilizando ocontraditório e
a ampla defesa. Afinal, todo e qualquer elemento necessário para a resolução do litígio
são inerentes à petição inicial.

Assim, ausentes informações indispensáveis à ação, a extinção do processo é medida


que se impõe, conforme precedentes sobre o tema:

No mesmo sentido, o CPC exige que a petição inicial apresente os documentos


necessários para a compreensão do litígio.
Art. 320.A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura
da ação.

No entanto, no presente caso, o Autor sequer juntou indicar documento faltante,


evidenciando a sua inépcia.

Motivos que devem conduzir à imediata extinção do processo sem julgamento domérito.

DA AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

A ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do


processo, vem previsto no CPC/15, em seu Art. 485, como motivo de extinção do
processo sem julgamento do mérito, assim previsto:

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:I - (...)

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e dedesenvolvimento válido


e regular do processo;

Ou seja, a falta de fatos que indique que o réu usou de má fé e não obteve sucesso no
conserto feito no aparelho, mesmo que tendo sido constatado que o aparelho saiu de lá
em perfeito estado é pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo
pois impede a plena formação do convencimento do Julgador, além de inviabilizar a
ampla defesa.

No presente caso, a simples ausência de indicar a falha das peças que foram
consertadas, macula a ampla defesa processual e impede o reconhecimento do direito
pleiteado, de forma que fica configurada a ausência de requisitos mínimos à constituição
do direito, conforme precedentes sobre o tema:

Motivos suficientes à configurara a extinção do processo, sem julgamento do mérito.


MÉRITO DA CONTESTAÇÃO

A Contestante impugna todos os fatos articulados na inicial o que se contrapõem com os


termos desta contestação, esperando a IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO PROPOSTA,
pelos seguintes motivos.

DOS DANOS MATERIAIS

Narra o Autor que teria sofrido prejuízos com o alegado problema do aparelho celular,
ocorre que tal pedido não merece prosperar, visto que o ato foi causado pelo próprio
autor.

O Autor argumenta tratar-se de responsabilidade do Réu os danos relatados, quando na


verdade trata-se de um fato ocorrido exclusivamente por causa de irresponsabilidade e
falta de cuidados do autor.

Portanto, manifestamente improcedentes os pedidos ventilados na inicial por tratar-se de


responsabilidade exclusiva do Autor da ação a ocorrência dos referidos prejuízos.

Portanto, tratando-se de sua exclusiva responsabilidade, não há que se pleitear qualquer


indenização, por manifestamente incabível.

A simples contratação de um Advogado não fundamenta um pedido de indenização por


danos materiais por tratar-se de coberto pela sucumbência, quando fixada.

Portanto, manifestamente improcedente o pedido da inicial.

Desta forma, manifestamente improcedente os pedidos da inicial, devendo culminar


com a imediata improcedência do pedido.

DAS PROVAS TRAZIDAS AOS AUTOS

Nos termos do art. 320 do CPC, "a petição inicial será instruída com os
documentos indispensáveis à propositura da ação." Nesse mesmo sentido é o
disposto no Art. 373 do CPC:

Art. 373.
O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

No presente caso, narra o Autor que teria o réu feito o conserto do aparelho de forma
incorreta, no entanto, não traz qualquer prova para evidenciar o alegado.

Portanto, é dever do Autor instruir a inicial com as provas de seus argumentos, o que
não ocorre no presente caso, devendo levar à imediata improcedência da ação:
Portanto, considerando que é dever do Autor, nos termos do art. 320 do CPC, instruir a
inicial com os documentos indispensáveis à propositura da ação, requer a total
improcedência da ação.

DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Conforme disposição expressa do Código de Processo Civil, em seu

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato


incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato doprocesso;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Portanto, considerando a manifesta intencionalidade do autor em mover uma ação


infundada, fica caracterizado o abuso das ferramentas processuais, devendo ser
aplicada a multa por litigância de má-fé.

A doutrina ao caracterizar tal ato, esclarece:

"Conceito de litigante de má-fé. É a parte ou interveniente que, no


processo, age de forma maldosa, com dolo ou culpa, causando
dano processual à parte contrária. É o improbus litigator, que se
utiliza de procedimentos escusos com o objetivo de vencer ou
que, sabendo ser difícil ou impossível vencer, prolonga
deliberadamente o andamento do processo procrastinando o
feito." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade.
Código de Processo Civil Comentado. 17ª ed. Editora RT, 2018.
Versão ebook, Art. 80)

Para tanto, o litigante de má-fé deve ser condenado a pagar multa de dez por cento do
valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a
arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

Afinal, mover a máquina pública conscientemente da improcedência da ação, com o


intuito ardil de prejudicar a outra parte configura nítida litigância de má-fé. Nesse sentido:

Motivos pelos quais requer a condenação do autor a multa por Litigância de má-fé.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O Contestante é autônomo e aufere renda insuficiente para custear esta demanda sem
que comprometa o seu sustento e o de sua família.

Para tal benefício o Contestante junta declaração de hipossuficiência e comprovante de


renda, os quais demonstram a inviabilidade de pagamento das custas judicias sem
comprometer sua subsistência, conforme clara redação do Código de Processo Civil de
2015:

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

§ 1º - Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá


ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá
seu curso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo,
antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente


por pessoa natural.

Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz jus o
Requerente ao benefício da gratuidade de justiça:

A assistência de advogado particular não pode ser parâmetro ao


indeferimento do pedido.

Assim, considerando a demonstração inequívoca da necessidade do


Requerente, tem-se por comprovada sua miserabilidade, fazendo jus ao benefício.

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e
pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça ao requerente.
DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, em sede de CONTESTAÇÃO, requer:

O reconhecimento da nulidade da citação e recebimento da presentecontestação, por


tempestiva;

O deferimento à impugnação ao valor da causa determinando a suaadequação;

O acolhimento das preliminares arguidas com a imediata extinção do processo sem


resolução de mérito, nos termos dos arts. 354 e 485 do CPC;

A TOTAL IMPROCEDÊNCIA da presente demanda, com a condenação do Autor ao


pagamento de honorários advocatícios nos parâmetros previstosno art. 85, §2º do CPC;

Requer que as intimações ocorram EXCLUSIVAMENTE em nome do Advogado


OAB/RJ.

Nestes termos,
pede deferimento.

Rio de Janeiro, 20 de maio de 2023.

Advogado/OAB/RJ

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