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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2023.0000204091

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


1002238-65.2021.8.26.0510, da Comarca de Rio Claro, em que é apelante MARIA
LUCIA FERREIRA DA SILVA (JUSTIÇA GRATUITA), são apelados CASA
BAHIA COMERCIAL LTDA e PASCHOALOTTO SERVIÇOS FINANCEIROS
LTDA.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 21ª Câmara de Direito


Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram
provimento em parte ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator,
que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores PAULO ALCIDES


(Presidente) E DÉCIO RODRIGUES.

São Paulo, 16 de março de 2023.

MAIA DA ROCHA
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO Nº: 43654


APEL.Nº: 1002238-65.2021.8.26.0510
COMARCA: RIO CLARO
APTE. : MARIA LUCIA FERREIRA DA SILVA (JUSTIÇA
GRATUITA)
APDO. : CASA BAHIA COMERCIAL LTDA. E PASCHOALOTTO
SERVIÇOS FINANCEIROS LTDA.

RESPONSABILIDADE CIVIL Dano moral Cobranças


incessantes de débitos desconhecidos Sentença que fixou
o valor da indenização extrapatrimonial em R$ 5.000,00
Indenização adequadamente fixada que observou os
princípios da razoabilidade e proporcionalidade Verba
honorária arbitrada em 10% do valor da condenação
Montante que não remunera dignamente o advogado
Determinada a majoração para 20% do valor da condenação
Recurso provido em parte

Trata-se de recurso de apelação interposto contra a r.


sentença de fls. 201/204, cujo relatório se adota, que julgou procedente
o pedido para determinar que os réus cessem as cobranças descritas na
petição inicial, condenando-os solidariamente ao pagamento de
indenização por dano moral no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais),
atualizado monetariamente pela tabela prática do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo a partir da r. decisão (súmula 362 do STJ) mais
juros legais a contar da distribuição da ação. Carreou as verbas de
sucumbência aos réus, fixados os honorários advocatícios em 10% do
valor da condenação.
Aduz a apelante para a reforma do julgado, em
síntese, o valor da indenização por danos morais é irrisório e necessita de

Apelação Cível nº 1002238-65.2021.8.26.0510 -Voto nº 43654 2


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majoração para R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Pugna, ainda a elevação


da verba honorária para 20% do valor da condenação diante do trabalho
desenvolvido.
Recurso tempestivo e contrariado, dispensado o
preparo.

É o relatório.

A apelante interpôs o presente recurso de apelação


objetivando a majoração do valor da indenização por danos morais e da
verba honorária.
Para elucidar a questão quanto ao valor fixado a
título de indenização por danos morais se traz à baila os ensinamentos de
Antonio Jeová dos Santos:

“O problema da avaliação da quantia do


ressarcimento constitui uma dificuldade comum e geral do dano moral;
também se requerem soluções comuns e gerais no que concerne, ao
menos, ao esqueleto primário do assunto. Não pode nem deve pretender-
se uma concepção matemática totalizadora da questão, o que, além de
impossível, prenderia a Justiça em prol de uma cega e inamovível
segurança; porém, tampouco a fluidez e arbítrio irrestritos, que
significaria uma completa liberdade para fazer justiça, porém a liberdade
do náufrago”.
“Por isso, na motivação da sentença, deve
especificar claramente quais foram as pautas tomadas em conta para
chegar ao montante determinado, as provas que se ponderaram e os
precedentes jurisprudenciais, sobre os quais o juiz adaptou a solução ao
caso concreto” (Dano moral indenizável, 2ª edição, p. 165/167).
A reparação pecuniária não pode ser fonte de
enriquecimento e tampouco inexpressiva (RT 742/320).
Tais critérios devem ser sopesados sob o prisma da
proporcionalidade e razoabilidade, a fim de não causar enriquecimento

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sem causa à vítima, como também, por outro lado, não onerar
demasiadamente o causador do evento danoso.
Diante disso, e considerando a finalidade da
indenização por dano moral, que tem um caráter intimidativo e
compensatório, levando-se em conta, ainda, o caso concreto (cobranças
incessantes de débitos desconhecidos), revela-se adequado o valor da
indenização por dano moral fixado em R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
De outro lado, a verba honorária arbitrada em 10%
do valor da condenação se mostra insuficiente para remunerar
dignamente o advogado, considerando-se a complexidade da causa e o
trabalho desenvolvido.
Portanto, eleva-se o percentual dos honorários
advocatícios para 20% sobre o valor da condenação.
Isto posto, dá-se provimento em parte ao recurso
para os fins acima expostos.
Ficam as partes advertidas de que a oposição de
embargos de declaração protelatórios ensejará a aplicação da penalidade
prevista no art. 1.026, § 2º do CPC. Consideram-se prequestionados
todos os artigos de lei e as teses deduzidas pelas partes nesta apelação.

MAIA DA ROCHA
Relator

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