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Professor Me.

José Sérgio Righetti

CADEIAS PRODUTIVAS DE
ANIMAIS ALTERNATIVOS

GRADUAÇÃO

AGRONEGÓCIO

MARINGÁ-PR
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva


Coordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo
Coordenação de Polos: Diego Figueiredo Dias
Coordenação Comercial: Helder Machado
Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha
Coordenação de Curso: Silvio Silvestre Barczsz
Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura
Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Luiz Fernando Rokubuiti e Thayla Daiany Guimarães
Cripaldi
Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo
Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Gabriela Fonseca Tofanelo, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina
Kutsunugi e Maria Fernanda Canova Vasconcelos

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR




CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
a distância:
C397 Cadeias produtivas de animais alternativos / José Sérgio
Righetti - Maringá - PR, 2012.
191 p.

“Graduação em Agronegócio - EaD”.




1. Agronegócio 2. Cadeias produtivas. 3. Animais alternati-
vos. 4.EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 338.1


CIP - NBR 12899 - AACR/2

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CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS
ALTERNATIVOS

Professor Me. José Sérgio Righetti


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APRESENTAÇÃO DO REITOR

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos.
A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para
liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no
mundo do trabalho.

Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos
nossos fará grande diferença no futuro.

Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso


de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos
brasileiros.

No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas


do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-
extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que
contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.

Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de
referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição
de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação
da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-
estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa;
compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do
trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos,
incentivando a educação continuada.

Professor Wilson de Matos Silva


Reitor

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 5


Caro aluno, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de
Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se
fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da
realidade social em que está inserido.

Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o
seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação,
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas
necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que,
independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se
presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.

Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente,
você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada
especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do
material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de
estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para
a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu
processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências
necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.

Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os
textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos
fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados,
pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os
desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe
estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie
a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma
comunidade mais universal e igualitária.

Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem!

Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo

Coordenadora Pedagógica do NEAD- CESUMAR

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APRESENTAÇÃO

Livro: CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS


Professor Me. José Sérgio Righetti

Você sabe que a cadeia produtiva abarca as atividades agropecuárias não apenas na etapa de pro-
dução, mas também nos elos de fornecimento de insumos, de transformação industrial e de comer-
cialização.

Olá, meu caro acadêmico! Bem-vindo ao livro de Cadeias Produtivas de Animais Alternativos.
Este livro foi organizado especialmente para você e é por isso que eu vou lhe explicar a melhor
maneira de estudá-lo.

Eu sou o professor José Sérgio Righetti e fui o organizador deste livro. Ele contém cinco
unidades estruturadas de maneira a conduzi-lo a um raciocínio lógico e para que você
compreenda que cada cadeia produtiva tem algumas características peculiares que serão
decisivas para a gestão das atividades e, consequentemente, para o planejamento e condução
de projetos.

Na primeira unidade discutiremos sobre a CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA.


Eu mostro que a ovinocultura é uma atividade explorada economicamente em todos os
continentes, sendo exercidas em distintos ecossistemas com os mais diferentes tipos de clima,
solo, topografia e vegetação.

Começaremos nossa discussão levantando os cenários atuais, o comportamento do mercado


e as tendências e perspectivas da ovinocultura no Brasil e no mundo.

Agora vou lhe fazer uma pergunta. Você faz ideia do por que desta alternativa ser ainda
hoje desenvolvida empiricamente no Brasil? VOU TE RESPONDER: PRINCIPALMENTE
PELA FALTA DE ORGANIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA. A ovinocultura no mundo é
uma atividade em franca expansão, já sendo praticada há séculos. A produção de ovinos
proporciona variados produtos, pois fornece lã e pele para o vestuário, além de carne e leite

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 7


para a alimentação. O sistema de criação adotado pela maioria dos criadores, pela insistência
destes em manter uma relação irregular com o mercado e a falta de organização, é um fator
determinante para este empirismo.

No item seguinte, você vai estudar os conceitos de cadeia produtiva. Devemos nos atentar
que a crescente interdependência entre as diversas etapas pelas quais passa o produto, da
produção ao consumo final, se coloca como uma característica fundamental nos negócios
agropecuários.

Outro tópico do nosso estudo são os produtos desta cadeia e as raças mais utilizadas pelo
mundo. Naturalmente, a escolha da raça é de máxima importância, não só de acordo com a
produção desejada (lã, carne, pele ou leite), mas, ainda, de acordo com o ambiente em que vai
ser criada, para que melhor se adapte às suas condições de clima, temperatura dentre outros.

No site <http://www.fmvz.unesp.br/Informativos/ovinos/raovin.htm> você encontrará fotos e


características das espécies mais criadas no mundo. Este conhecimento é importante para
decidir o rumo e os resultados que se pretende com a atividade. Falando nisso, você gosta
de navegar pela internet? Espero que sim, pois em vários trechos de nosso material existem
algumas atividades que cobram de você a utilização desta tecnologia.

No próximo tópico, você irá estudar as tecnologias de produção agropecuária e o planejamento


da atividade. Faremos uma breve discussão sobre os sistemas de produção e a infraestrutura
necessária para o negócio. Não nos esquecendo da mão de obra, pois a exploração exige
grande cuidado e manejo, além da formação de um bom plantel.

Procure assistir aos fi lmes:


<http://www.youtube.com/watch?v=J6lWeP2lteQ&feature=related>.
<http://www.youtube.com/watch?v=14iSa9QVedc&feature=related>.
<http://www.youtube.com/watch?v=FOhcO53eiCg&feature=related>.
Não deixe de assistir e conheça mais sobre a alimentação dos ovinos. Você poderá visualizar os sis-
temas de produção e estratégias de alimentação, conhecer mais sobre manejo sanitário dos ovinos,

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além de medidas sanitárias preventivas e constatará que a produtividade está diretamente relaciona-
da com sua efi ciência reprodutiva.

ANALISE E REFLITA!
Como é o panorama da ovinocultura em sua região?
Você aproveita as oportunidades para pôr em prática seus conhecimentos?

Essa teoria e prática são vitais para você porque elas é que irão te preparar para o mercado
de trabalho, que hoje exige profissionais munidos de conhecimento, experiência e criatividade.

Eu posso dizer a você que existem três perguntas, que se forem respondidas, significa que
você captou a ideia central desta unidade:

• Quais as características do mercado de produtos da ovinocultura?

• Quais as tecnologias disponíveis para uma boa criação?

• Defi na quais os investimentos necessários para o êxito no empreendimento?

Proponho, então, que você leia a unidade I e tente responder estas três questões. Pode ser?
Mãos à obra, então!

Na unidade II, denominada CADEIA PRODUTIVA DA CAPRINOCULTURA, eu começo a


discussão abordando que desde aproximadamente 8.000 a.C., quando os povos nômades da
Ásia e do Oriente Médio domesticaram a cabra, seu leite vem sendo utilizado na alimentação
diária de grande parte da população mundial.

Analisando o plantel mundial e nacional levantamos os cenários atuais, o comportamento do


mercado e as tendências e perspectivas da caprinocultura no Brasil e no mundo.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 9


No item seguinte vamos, como fizeram nos últimos anos vários seminários e workshops
realizados no Brasil, discutir o agronegócio da caprinocultura tendo como principal enfoque
identificar e propor estratégias que possibilitem a organização do setor da ovinocaprinocultura.

Outro tópico do nosso estudo são os produtos desta cadeia e as raças mais utilizadas pelo
mundo. Como estudaremos na unidade I, a escolha da raça é de suma importância, mas
devemos também analisar o ambiente da criação e os objetivos do negócio.

Indicaremos alguns filmes do YouTube onde você conhecerá mais sobre o leite de cabra. Tem
uma reportagem da TV Bahia/Rede Globo que aborda as características do leite de cabra com
o depoimento de técnicos sobre a caprinocultura leiteira.

No próximo tópico, você vai estudar as tecnologias de produção agropecuária e o planejamento


da atividade. Faremos uma breve discussão sobre os sistemas de produção e a infraestrutura
necessária para o negócio. Não nos esquecendo da mão de obra, pois a exploração exige
grande cuidado e manejo, além da formação de um bom plantel.

A economia brasileira tem passado por rápidas transformações nos últimos anos. Neste
contexto, ganham espaço novas concepções, ações e atitudes, em que produtividade, custo
e eficiência se impõem como regras básicas de sobrevivência em um mercado cada vez mais
competitivo e globalizado.

Espero que com as discussões destas duas unidades você se sinta apto a fazer um diagnóstico
da cadeia produtiva de caprinos em sua região e argumente com segurança com outras
pessoas a importância desta cadeia produtiva, principalmente no aspecto social.

Na unidade III procurar-se-á demonstrar a importância da CADEIA PRODUTIVA DA


AQUICULTURA, e da mesma forma que nas unidades anteriores procuramos discutir os
cenários atuais no mundo e principalmente no Brasil.

Apesar do ritmo acelerado de crescimento da produção mundial, a FAO estima que, até 2030, o défi cit
de pescados deve crescer em 30 milhões de toneladas.

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Caro aluno, esta disciplina como parte do curso de Agronegócio engrandece a grade curricular
e particularmente me satisfaz, pois é minha área de trabalho e pesquisa.

Outro tópico do nosso estudo são os tipos de aquicultura, onde abordaremos com mais ênfase
a criação de camarões, ostras e peixes. Avaliaremos algumas espécies comerciais em sua
produção e características, tais como o Camarão da Malásia, Pintado, Tilápias, Pacu dentre
outros, verificando seus hábitos alimentares, habitat para desenvolvimento ótimo e muito mais.

Nesta parte do nosso trabalho você vai conhecer os fatores abióticos, tais como: temperatura,
transparência, oxigênio dissolvido (OD) dentre outros e avaliar os vários sistemas de produção,
tais como: intensivo, extensivo, semi-intensivo, tanque-rede entre outros, e ainda vamos
estudar sobre as instalações necessárias para um cultivo adequado em aquicultura.

A produção comercial de pescados, assim como qualquer outro agronegócio, necessita de


conhecimentos, tais como: mercado e fatores que interferem no desenvolvimento da atividade
e na produtividade dos diferentes sistemas de produção econômica.

No final da leitura desta unidade, você vai concluir que o negócio da aquicultura apresenta
-se como uma atividade alternativa à prática extrativista, que tem ultrapassado seus limites
sustentáveis, e revela-se como uma opção interessante para empreendedores de todos os
portes.

Outro detalhe importante, que eu estava me esquecendo, ao final de todas as unidades você
encontrará uma leitura complementar e atividades de autoestudo. Neste momento, sugiro que
você pare um pouco e reflita: “realmente fiz uma boa leitura, acessei os sites recomendados,
assisti aos filmes?”. Pois bem, então mãos à obra e saberá realmente qual foi seu ganho de
aprendizagem.

Na unidade IV, chamada CADEIA PRODUTIVA DA ESTRUTIOCULTURA, iniciaremos nossa


incursão ao mundo das ratitas, ou seja, especificamente, das Avestruzes.

Nesta unidade discutiremos que antes de iniciar a criação de avestruz são necessários certos
cuidados, que vão desde a escolha de qual segmento da cadeia será seguido até a escolha
da área a ser utilizada, passando pela compra das aves e maquinários, manejo, clima, mão de
obra, controle sanitário entre outros.

Outro tópico do nosso estudo serão os produtos desta cadeia e as raças mais utilizadas
CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 11
pelo mundo, verificando que a African Black (var. domesticus) é um híbrido comercial, ave
domesticada, de menor porte, raça mais dócil e também a mais produtiva e precoce.

Indicaremos alguns filmes do YouTube (<http://www.youtube.com/watch?v=P_rAtx0wcAE>) em


que você conhecerá a criação de avestruz, como são alimentados, alguns parâmetros técnicos
dentre outros.

No próximo tópico, você irá estudar as tecnologias de produção agropecuária e o planejamento


da atividade. Faremos uma breve discussão sobre os sistemas de produção e a infraestrutura
necessária para o negócio.

O avestruz é caracterizado como ave da fauna silvestre exótica e sua cria e recria é encarada
como uma atividade de alto risco para o meio ambiente. Abordaremos como montar um
criadouro de avestruz com licença ambiental junto ao IBAMA para iniciar o negócio.

Seguindo no seu estudo, vamos estudar a importância dos indicadores e sua análise. Na última
unidade do seu material didático, unidade V, ESTUDO ECONÔMICO DAS ALTERNATIVAS
DE NEGÓCIO, eu mostrarei para você como apurar os custos de produção e realizar o
planejamento, analisando algumas variáveis.

As palavras-chaves desta unidade são “análise e competitividade”. Há diferença fundamental


entre dados e informação e esta última é esse dado processado, ou seja, analisado.

Se não existe um sistema de registros é praticamente impossível de se determinar corretamente


os custos de produção.

Pare e pense: você conhece algum caso assim? Com certeza, aí na sua cidade, existem várias
empresas assim, não é?

Não deixe de aplicar estes conhecimentos, faça o diagnóstico do negócio agropecuário, seja
qual for a alternativa de negócio, e calcule os custos de produção.

É importante analisar alguns pontos para auxiliar a tomada de decisão por parte do futuro
empreendedor, os coeficientes técnicos, os custos e a viabilidade do negócio.

Nesta unidade, abordar-se-á uma das funções básicas do gestor rural, ou seja, estabelecer o
modo como será produzida a tecnologia a ser utilizada. Muitos produtos agropecuários podem

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ser produzidos de várias maneiras. O gestor precisa selecionar a adequada combinação de
insumos que irá maximizar a lucratividade para se produzir um dado nível de produto de acordo
com os objetivos almejados.

Hoje, além de produzir com eficiência, sustentabilidade econômica e ambiental, com


responsabilidade social e sem desperdícios, será preciso desenvolver habilidades no
gerenciamento e motivação de pessoas, na compra de insumos, na venda da produção e na
gestão adequada dos custos de produção.

O cenário atual vem demonstrando um aumento gradativo na competitividade, aumento este que
atinge todos os setores da economia.

Você percebe que a minha preocupação é sempre relacionar o que você estuda nos materiais
com o que vivencia na prática? Sem fazer essa relação, fica bem difícil ingressar no mercado
hoje em dia.

Os livros são a base de tudo, mas sem análise e vivência esse conhecimento se perde, por
isso fique atento a tudo que passa ao seu redor!!

Mãos à obra e bom trabalho!

Se você está apreensivo com a quantidade de informação, fique tranquilo, em nossas aulas
debateremos, passo a passo, cada alternativa animal proposta neste material.

Bom Estudo!

Professor Me. José Sérgio Righetti

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SUMÁRIO

UNIDADE I

CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA

CENÁRIOS ATUAIS 20

MERCADO DA OVINOCULTURA NO BRASIL 25

PRINCIPAIS RAÇAS DE OVINOS 40

SISTEMAS DE CRIAÇÃO/MANEJO 44

UNIDADE II

CADEIA PRODUTIVA DA CAPRINOCULTURA

CENÁRIOS ATUAIS 62

MERCADO DOS PRODUTOS CAPRINOS 64

CADEIA PRODUTIVA DA CAPRINOCULTURA 66

PRINCIPAIS RAÇAS DE CAPRINOS 75

UNIDADE III

CADEIA PRODUTIVA DA AQUICULTURA

AQUICULTURA 94

CADEIA PRODUTIVA AQUÍCOLA 106

RAÇAS/ESPÉCIES PARA CULTIVO 108

SISTEMAS DE PRODUÇÃO 117


LEGALIZAÇÃO AMBIENTAL 124

UNIDADE IV

CADEIA PRODUTIVA DA ESTRUTIOCULTURA

INTRODUÇÃO 141

PANORAMA DA ESTRUTIOCULTURA 142

PRODUTIVIDADE 151

FASES DA CRIAÇÃO 154

INSTALAÇÃO E MANEJO 155

UNIDADE V

ESTUDO ECONÔMICO DAS ALTERNATIVAS DE NEGÓCIO

COEFICIENTES TÉCNICOS 167

CUSTOS 172

ANÁLISE DE VIABILIDADE 179

COMPARAÇÃO DE RECUPERAÇÃO DE CAPITAL INVESTIDO 181

CONCLUSÃO 186

REFERÊNCIAS 189
UNIDADE I

CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA


Professor Me. José Sérgio Righetti

Objetivos de Aprendizagem

• Conhecer a evolução histórica da atividade.

• Caracterizar o mercado analisando as ameaças e oportunidades do negócio da


ovinocultura.

• Conhecer a cadeia produtiva da ovinocultura.

• Identificar os produtos da ovinocultura, conhecendo as raças de ovinos.

• Conhecer como escolher os animais para iniciar o negócio.

• Familiarizar com a tecnologia de produção, controle sanitário, manejo alimentar e


manejo reprodutivo.

• Planejar o sistema de criação definindo quais os investimentos necessários.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Cenários Atuais

• Mercado da Ovinocultura no Brasil

• Tendências e Perspectivas

• Cadeia Produtiva da Ovinocultura

• Produtos da Ovinocultura

• Principais Raças de Ovinos


• Como Escolher o Animal

• Sistema de Criação e Manejo

• Planejamento do Sistema de Produção


INTRODUÇÃO

Olá, caro aluno. Antes de iniciar as nossas atividades, gostaria de lhe perguntar: você sabe o
que significa Ovinocultura? Bom, já respondendo a essa pergunta, a ovinocultura é a criação
de ovelhas.

A ovinocultura é uma atividade explorada economicamente em todos os continentes, sendo


exercida em distintos ecossistemas com os mais diferentes tipos de clima, solo, topografia e
vegetação. No entanto, em alguns países, a exemplo do Brasil, esta atividade é desenvolvida
de forma empírica e extensiva, com baixos níveis tecnológicos e resultados zootécnicos.

Vamos entender como e por que esta atividade ainda hoje é desenvolvida empiricamente.

A exploração de pequenos ruminantes é, historicamente, uma atividade bastante importante


econômica e socialmente. O crescimento vertiginoso da exploração de pequenos ruminantes
está transformando o cenário dos sistemas produtivos. Ao longo das últimas décadas, a
ovinocultura tem sofrido transformações técnicas nos diversos elos de sua cadeia produtiva.

A produção de ovinos proporciona variados produtos, pois fornece lã e pele para o vestuário,
além de carne e leite para a alimentação.

A produção vem crescendo e é uma alternativa de renda para o produtor rural. Há diversas
razões para isso: as grandes extensões territoriais com condições favoráveis à produção de
alimentos e às criações; porém é importante o ajustamento do tipo às condições ambientais em
seus múltiplos aspectos: clima, solo, recursos técnicos, sistema de criação e características do
mercado de fatores e do produto.

Nesta primeira unidade vamos analisar o agronegócio da ovinocultura como um todo, ou seja,
o panorama mundial e nacional da produção, características do mercado e as ameaças e
oportunidades do setor. Discutiremos a respeito de cadeia produtiva e algumas considerações
sobre o agronegócio na cadeia produtiva da ovinocultura. Veremos ainda as características dos

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 19


produtos desta cadeia, as raças utilizadas pelo mundo, a tecnologia de produção, instalações
necessárias e como planejar o negócio.

CENÁRIOS ATUAIS

MUNDO

A ovinocultura no mundo é uma atividade em franca expansão, já sendo praticada há


séculos. Porém, há uma grande concentração de rebanhos em alguns países. Segundo o
ANUALPEC (2011), existiam no mundo em 2008, 1.940.081 cabeças de caprinos e ovinos.
Em ordem decrescente quanto à concentração de rebanhos temos a China, Índia, Sudão,
Nigéria, Paquistão, Austrália e Irã. Somente a China detinha aproximadamente 15% do total
de caprinos e ovinos criados no mundo e respondia por mais de 29% da produção de carnes
dessas espécies no âmbito mundial.

A China é um importante centro consumidor, destacando-se pela produção elevada, porém


com índices zootécnicos baixos.

Já pelo que vem oferecendo ao mundo em termos de pesquisas quanto às raças para produção
de carnes, destaca-se a África do Sul.

Atualmente, a Ásia é o principal polo produtor de ovinos, favorecida pela grande extensão
territorial e condições climáticas favoráveis nas regiões próximas à linha do Equador. Enquanto
na Oceania onde a ovinocultura está profundamente enraizada, existem limitações de área
para expansão dos rebanhos.

O Brasil atualmente ocupa o 15º lugar, com cerca de 17,4 milhões de cabeças e com um
crescimento anual aproximado de 2,3% ao ano em sua produção (IBGE, 2010).

20 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


O principal destino da carne ovina exportada pela Austrália são os Estados Unidos, enquanto
a Nova Zelândia envia mais da metade de seu produto para a União Europeia. A China exporta
carne ovina principalmente para o Oriente Médio e o Norte da África. O Uruguai tem como
grandes consumidores de sua carne ovina exportada a União Europeia e o Brasil. Já os EUA
exportam para o México e o Canadá.

15% China
Índia
10%
Sudão
Paquistão
5% Austrália
58% 4%
4% Irã
4%
Outros

Figura 1: Nível de participação dos maiores rebanhos de ovinos e caprinos no mundo


Fonte: ANUALPEC (2011)

A Nova Zelândia e a Austrália são responsáveis por 74% das exportações de carne ovina,
enquanto a União Europeia, EUA e Arábia Saudita importam 39% da carne ovina mundial
(MDIC, 2010).

Ao se fazer uma relação entre animais/habitantes tem-se uma inversão de colocação na


qual a Nova Zelândia, que em 2008 ocupava a 11ª colocação no quantitativo de rebanho
(ANUALPEC, 2010), passa a ocupar a 1ª colocação com 13 cabeças/habitantes, e a Austrália
sobe da 6ª colocação para a 2ª colocação com 7 cabeças/habitantes, tendo do ponto de
vista econômico uma grande importância devido a serem exatamente os dois colocados em
cabeças/habitantes os detentores dos melhores resultados por exportação de produtos das
espécies em referência, que juntos perfazem mais de 74% da carne ovina. Vale ressaltar que

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 21


a Nova Zelândia tem o maior consumo per capita, com algo em torno de 30 kg/habitante/ano.

O comércio internacional de carne ovina vem evoluindo de forma consistente nos últimos anos.
As importações estão pulverizadas por diversos países.

O mercado da lã tem muita representatividade em alguns países como Austrália (produz a


melhor lã fina do mundo), Nova Zelândia e Uruguai, enquanto a lã brasileira tem perdido valor.

A indústria leiteira nesta cadeia produtiva se concentra nos países mais desenvolvidos do
Mediterrâneo, e está crescendo na Austrália, Israel e França. Merece destaque no cenário
mundial a França, pela sua expressiva produção de queijo.

China
Índia
29% Nigéria
42% Nova Zelândia
Austrália
Bangladesh
8%
Irã
4%
3% 3% 3% 4% 4% Paquistão
Outros

Figura 2: Contribuição para a produção mundial de carne ovina e caprina no mundo


Fonte: ANUALPEC (2010)

Apesar dos avanços já alcançados na ovinocultura, ainda há países, a exemplo do Brasil,


com grandes rebanhos, porém com uma baixa taxa de desfrute determinada pelo sistema
de criação adotado pela maioria dos criadores e agravado pela insistência destes em manter
uma relação irregular com o mercado. Por outro lado, temos alguns países com uma maior
visão e integração ao mercado, que neste vazio, se especializam no promissor agronegócio
da ovinocultura.

22 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


BRASIL

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

A criação de ovinos no Brasil deve-se, principalmente, à influência espanhola em nossa


colonização. Inicialmente voltados especificamente para a produção de lã, os rebanhos eram
criados mais significativamente na Região Sul, e foram sendo adaptados para o sistema de
duplo propósito (produção de lã e de carne). A Tabela 1 mostra o rebanho total de ovinos no
Brasil e por região no período de 1975 a 2010.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 23


Tabela 1: Efetivo total de ovinos no Brasil e por região no período de 1975 a 2010, em
cabeças

Ano Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

1975 17.282.266 84.428 5.585.113 261.981 11.752.691 114.013


1985 18.658.967 197.567 6.571.917 341.323 11.277.830 270.330
1995 18.336.432 369.732 6.987.061 378.498 10.113.298 467.843
2005 15.558.041 481.528 9.109.668 606.934 4.452.498 937.413
2007 16.239.455 521.640 9.286.258 742.078 4.603.241 1.086.238
2009 16.811.721 547.146 9.566.968 762.133 4.807.596 1.127.878
2010 17.380.581 586.237 9.857.754 781.874 4.886.541 1.268.175

Fonte: IBGE (2010)

Os ovinos são criados em todos os estados do país. Os maiores efetivos ovinos estão no Rio
Grande do Sul, Bahia, Ceará e Piauí. Em função do baixo preço da lã nas últimas décadas,
as raças produtoras de lã tiveram uma diminuição acentuada, passando o efetivo ovino da
região Sul do País de 11,7 milhões em 1975 para 4,9 milhões de cabeças em 2010. Aliado à
redução na produção de lã, houve um incremento dos ovinos produtores de carne em todo o
País. Atualmente, estima-se que o rebanho gaúcho, tradicionalmente composto por animais
produtores de lã, seja composto de 40% de ovinos produtores de carne.

A análise dos dados revela que houve uma mudança de importância relativa quanto ao efetivo do
rebanho ovino nas regiões brasileiras.

24 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


O mercado da carne de ovinos é altamente comprador e a atividade vem crescendo a passos
largos em todas as regiões do país, destacando-se as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte.

O consumo de carnes e derivados no país é altamente favorável à ovinocultura, e encontra-se


em pleno processo de expansão, pois as estatísticas oficiais mostram um consumo de 700g
habitante/ano, enquanto que o consumo em países do primeiro mundo varia de 20 a 28 kg/
pessoa/ano (SILVA SOBRINHO, 2006).

Os números na tabela 1 refletem a atual realidade, com empresários da bovinocultura investindo


maciçamente na ovinocultura, porém os pequenos produtores também já vislumbraram
a atividade como uma opção para a diversificação e o aumento da rentabilidade dos seus
empreendimentos rurais.

No Brasil, em geral, os rebanhos caprinos e ovinos são constituídos por pequenos números de
animais, sendo explorados ainda, em algumas regiões, como subsistência familiar. Ressalta-
se que grande parte das atividades relacionadas à exploração de ovinos ainda é executada por
mão de obra familiar, principalmente de mulheres e crianças. No entanto, mesmo na exploração
de base familiar, mas que seja alicerçada no uso de tecnologias e com foco nos mercados, a
ovinocultura aparece como geradora de emprego e renda ao longo de toda a cadeia produtiva.

O mercado mundial vem crescendo e se consolidando, com um reconhecimento cada vez


maior da qualidade da carne dos animais mais jovens, que aliado ao contínuo preço baixo da
lã no mercado internacional, firmam a tendência de os rebanhos ovinos voltarem-se para a
produção de carne.

MERCADO DA OVINOCULTURA NO BRASIL

A ovinocultura brasileira apresenta indicadores de produtividade abaixo da média internacional.


Com 1,45% do efetivo do rebanho mundial, no Brasil foram abatidos, em 2002, apenas 0,92%

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 25


do total mundial, alcançando um desfrute de apenas 30%, enquanto que a média mundial de
desfrute foi de 47,31% (FAO, 2008).

A produção de carne de cordeiro vem sendo cada vez mais procurada entre os produtores
rurais por diversos motivos, principalmente pela crescente demanda no consumo e pela
lucratividade que a atividade proporciona.

A estabilização econômica advinda do Plano Real e alguns acontecimentos externos e


internos de ordem sanitárias como: Gripe Aviária (Ásia), Mal da Vaca Louca (Europa) e Febre
Aftosa (Brasil) têm proporcionado uma maior procura pela carne ovina no mercado doméstico
e internacional, dada uma redução da oferta mundial e o encarecimento das carnes bovinas e
de frango (substitutos próximos).

O mercado da carne ovina está em franca ascensão em todo o país. Os preços praticados no
âmbito da unidade produtiva representam bem mais do que o preço pago pela carne bovina
nas mesmas condições.

Vale ressaltar que o mercado mundial tem se mostrado altamente comprador, tendo o Brasil
já recebido mais de uma proposta para exportar carne ovina para os Emirados Árabes, sem
possibilidade de atendimento devido ao volume solicitado ser maior que nossa organização
produtiva.

Quanto ao abate dos ovinos, sabe-se que a carne dos frigoríficos clandestinos, que não passa
por nenhum tipo de fiscalização sanitária, representa a maior parte da produção nacional. A
existência de poucos frigoríficos para o abate de ovinos é outro motivo que explica o abate
clandestino. A carne clandestina representa um problema para o setor, uma vez que falta
inspeção sanitária e padronização do produto final.

O mercado brasileiro de carne ovina encontra-se bastante distribuído, concentrando-se em


algumas capitais e nos interiores do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul e do Nordeste. Entre as cidades, o consumo é maior em São Paulo, Brasília, Porto Alegre,

26 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Salvador e Fortaleza. Também são importantes praças consumidoras Recife, Curitiba e Rio
de Janeiro.

Você sabia:
Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (2008) a produção nacional está avaliada
em 172 mil toneladas de carne por ano, muito abaixo das 204 mil toneladas consumidas anualmente
pelo país, das quais em torno de 30% concentram-se no Estado de São Paulo. Somente o município
de São Paulo, capital, consome cerca de 75% do mercado estadual, e 25% do mercado nacional.

Mesmo baixo em termos absolutos, o consumo de carne ovina no Brasil é maior que a
produção, déficit que vem sendo coberto pela importação. Desta forma, o espaço para a carne
importada vem aumentando. De 1997 a 2008, a importação de carne ovina passou de um
valor de US$ 6 milhões para mais de US$ 23 milhões. Mesmo com este crescimento, a carne
importada significa apenas 9% do consumo formal brasileiro, de 86 mil toneladas anuais. O
Uruguai fornece 96% da carne ovina importada pelo Brasil, o Chile vem em segundo lugar com
3% e a Argentina fica com 1% (ASPACO, 2010).

O consumo per capita nacional está estimado em 700 g/habitante/ano para carne ovina, valor
65% inferior à média mundial (que é de 2 Kg/habitante/ano). O consumo de carne ovina tem
sofrido um incremento substancial nos últimos dez anos, situando-se em torno de 1,8 kg/
habitante/ano na Região Sul do País, mas este número configura um contraste gritante em
relação aos consumos per capita das carnes bovina, suína e de aves, que estão em torno de
42,0 kg; 12,0 kg e 28,0 kg, respectivamente (ANUALPEC, 2008).

O consumo de carnes ovinas é influenciado principalmente pelo preço do produto, pela renda
per capita dos consumidores e pelos preços das carnes substitutas, principalmente as de aves,
bovinos e suínos.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 27


TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS

A ovinocultura no Brasil passa por momentos de transição no que diz respeito à produção de
carnes. Há uma profissionalização crescente na criação de ovinos e grande interesse por parte
dos empresários e investidores no setor, pois a criação de ovinos vem se mostrando como
uma atividade com grande potencial de crescimento, sendo estes fatores que contribuem para
o cenário positivo que a ovinocultura vive atualmente.

Entre as espécies de ruminantes criadas pelo homem para produção de carne, os ovinos e
caprinos são os que apresentam o menor intervalo de tempo entre o nascimento e o abate.
No mundo inteiro, a carne destes pequenos ruminantes é considerada como uma iguaria,
apreciada e valorizada e, por esse motivo, alcança preços superiores às demais carnes.

As fazendas brasileiras estão abrindo espaço para a produção da carne de cordeiro.

A alta rentabilidade do negócio é um dos grandes atrativos para os criadores.

Em relação ao ciclo de produção da carne ovina, este é quatro vezes mais curto que a
bovina. Naquilo que corresponde à eficiência, os ovinos são mais hábeis que os bovinos em
transformar comida em carne. Um cordeiro ganha 2% do peso vivo ao dia, já um bovino ganha
0,2%. Os ovinos são dez vezes mais eficientes e produtivos, rendendo ao produtor 60% a mais
de carne por hectare/ano.

A ovinocultura nos últimos anos vem despontando no agronegócio brasileiro como opção de
diversificação da produção, assim gerando oportunidades de emprego, renda e fixação do
homem no campo, demonstrando seu importante papel no contexto da pecuária brasileira.

Embora se deva ressaltar que este alavancamento no setor produtivo da ovinocultura está
amarrado a uma tendência crescente de comercialização em supermercados e restaurantes
(Mercado Commoditizado) e de declínio direto do autoconsumo nas propriedades e da
comercialização de carne ovina por meio de feiras e açougues (Mercado Spot).

28 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Na contramão do crescimento, a atividade ainda convive com grande parcela de comercialização
informal. É preciso um rebanho comercial de ovinos maior, fiscalização para evitar abates
clandestinos, uma comercialização mais eficiente, produção de escala para diminuir os custos
dentre outros.

O produtor precisa fazer a sua parte, investindo na profissionalização e, principalmente, na


organização para atender ao mercado crescente e cada vez mais exigente.

A atividade acena para um negócio altamente lucrativo, porém a falta de organização e de


integração da cadeia produtiva acaba dificultando a geração e a difusão de tecnologias, bem
como a estruturação de canais de comercialização necessários para o bom andamento da
atividade.

Como é o panorama da ovinocultura em sua região? Você aproveita as oportunidades para pôr em
prática seus conhecimentos?

CADEIA PRODUTIVA DA OVINOCULTURA

A noção de cadeia produtiva abarca as atividades agropecuárias não apenas na etapa de


produção, mas também nos elos de fornecimento de insumos, de transformação industrial e
de comercialização. Existem duas vertentes metodológicas que tentam explicar a dinâmica de
funcionamento e a busca de eficiência das cadeias produtivas: a commodity system approach
e a análise de filière.

As cadeias agroindustriais compreendem os segmentos antes, dentro e depois da porteira

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 29


da fazenda, envolvidas na produção, transformação e comercialização de um produto
agropecuário básico. Utilizando a noção de commodity system approach, Goldberg estudou o
comportamento dos sistemas de produção de laranja, trigo e soja nos Estados Unidos. Nesse
tipo de abordagem, parte-se de uma matéria-prima agrícola específica para explicar a lógica
do encadeamento das atividades (BATALHA, 1997).

Morvan, tendo como ponto de partida a identificação de um produto final, como o queijo por
exemplo (análise de filière), considera cadeias agroindustriais de produção como um conjunto
de relações comerciais e financeiras, que estabelecem um fluxo de troca situado de montante
a jusante, entre fornecedores e clientes (BATALHA, 1997).

Embora surgidas em épocas e lugares diferentes, ambas as metodologias de análise guardam


muitas semelhanças. Entre outras convergências, os dois conceitos compartilham a noção
de que a agricultura deve ser vista dentro de um sistema mais amplo, composto também por
produtores de insumos, agroindústrias, distribuição e comercialização.

Ambos os conceitos destacam o aspecto dinâmico do sistema, com suas relações entre cada
elo da cadeia agroindustrial.

De acordo com Batalha (1997) e Zylbersztajn e Neves (2000), o conceito de agribusiness


provém destas duas abordagens teóricas, a Commodity System Approach (CSA), proveniente
da escola americana, e a Analyse de Filières, de origem da escola industrial francesa. Para
esses autores, o conceito de cadeia produtiva sob a essência teórica do agronegócio é definido
como uma sucessão de atividades produtivas, interligadas entre si, desde a produção de
insumos, setor agropecuário, beneficiamento e distribuição de alimentos e biomassa, visando
atender as necessidades reveladas pelos consumidores finais.

30 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Cuidado!!!

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

No entanto, não se deve confundir o desenho de uma cadeia produtiva com um fluxograma
de produção ou de industrialização, pois os esquemas sugeridos guardam estreita correlação
com o conceito de cadeia produtiva, ou seja, conjunto de atividades agropecuárias, industriais
e de serviços que mantém sinergias de caráter tecnológico, comercial e econômico; cuja
matéria-prima principal venha do setor agropecuário ou cujo produto final tenha naquele setor
o seu mercado.

As relações de dependência entre as indústrias de insumos, produção agropecuária, indústria


de alimentos e o sistema de distribuição não mais podem ser ignoradas.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 31


Entende-se que uma cadeia produtiva específica seja composta por empresas com distintos
níveis de coordenação vertical.

Entre estas, são realizadas transações que podem ocorrer via mercado ou via contratos
– formais e informais. O ambiente institucional estabelece o meio no qual as transações
ocorrem e interfere tanto na definição dos objetivos das organizações quanto nas estruturas
de governança adotadas.

Devemos nos atentar que a crescente interdependência entre as diversas etapas pelas
quais passa o produto, da produção ao consumo final, se coloca como uma característica
fundamental nos segmentos agropecuários, não sendo diferente na ovinocultura.

Apresentamos na figura 3 um modelo teórico, que indica uma concepção de cadeia produtiva
que comporta os seguintes elementos fundamentais para sua análise descritiva: os agentes,
as relações entre eles, os setores, as organizações de apoio e o ambiente institucional.

Discutiremos cada um dos elementos:

Fornecimento de insumos – constituído por empresas, em geral grandes grupos econômicos,


que fazem chegar aos produtores por meio do varejo os insumos necessários à produção, tais
como vacinas, sal mineral, arame farpado, insumos agrícolas entre outros.

Os fabricantes de vermífugos e vacinas para ovinos são os mesmos que produzem os materiais
para outras espécies, logo utilizam os mesmos canais de distribuição. Da mesma forma, os
fabricantes de sal mineral e ração para bovinos costumam usar em seus portfólios de produtos
específicos para ovinos a logística já existente.

Como os ovinos são ruminantes e se alimentam principalmente de pastos, os insumos


aplicados na pastagem para bovinos naturalmente podem beneficiar os ovinos: sementes,
fertilizantes, herbicidas e inseticidas.

32 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Quando se trata de equipamentos que têm especificações diferentes para ovinocultura, como
balanças, castradores e brincos, há um pouco mais de dificuldade para a aquisição, pois nem
todas as lojas vendem esses produtos.

Nesse caso, existe a possibilidade de encomendar o equipamento ou insumo desejado na


própria loja ou em algum fornecedor de outra região, ação ultimamente facilitada com o
desenvolvimento recente do comércio eletrônico.

Produção de matérias-primas – reúne as firmas e produtores rurais que fornecem as


matérias-primas iniciais para que outras empresas avancem no processo de produção do
produto final (agricultura, pecuária e extrativismo). Normalmente, a criação de ovinos não se
dá de forma exclusiva nas propriedades. O mais comum é que estes animais sejam criados
em conjunto com bovinos de corte e leiteiros. Isso se traduz na baixa especialização da mão
de obra e também na falta de informações adequadas quanto ao desenvolvimento da criação
por parte dos proprietários.

Industrialização – é constituída pelas firmas responsáveis pela transformação das matérias


-primas em produtos finais destinados ao consumidor, o qual pode ser uma unidade familiar
ou outra agroindústria.

É uma característica do setor industrial da carne ovina a existência de poucas plantas no país;
a baixa incidência de estabelecimentos com Serviço de Inspeção Sanitária Federal (SIF) e o
abate clandestino. Também é regra a baixa agregação de valor, com a predominância de cortes
de baixo valor agregado e poucas experiências com produtos como linguiça, hambúrguer e
pratos prontos.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 33


CPA - OVINOCULTURA INDÚSTRIA C
DE COURO
MERCADO
O
EXTERNO N
OUTROS
S
U
M
AÇOUGUES I
D
INSUMOS PECUÁRIA FRIGORÍFICO ATACADO
O
R
E
SUPERMERCADOS S

Figura 3: Cadeia Produtiva Agroindustrial


Fonte: adaptado de Batalha (1997)

Chama a atenção a grande incidência do abate e processamento informal, denominado de


“Frigomato” ou abate clandestino. É comum, principalmente nas cidades de porte pequeno e
médio e em áreas rurais, que o produtor ou um atravessador abata o animal e entregue a carne
(já em cortes ou carcaça inteira) diretamente aos consumidores, restaurantes e açougues.

Para se ter ideia do tamanho da informalidade do setor no Brasil, o total de abates oficiais de
ovinos e caprinos no ano 2010 foi de 290.048 cabeças, segundo o ministério da Agricultura
(MAPA), o que representou apenas 1,1% do rebanho brasileiro ou cerca de 4% dos abates
totais estimados (7,5 milhões de animais por ano).

A rede de relações de uma cadeia produtiva não pode ser entendida como linear e sim como
uma rede em que cada agente tende a ter contatos com um ou mais agentes e, a partir do
desenvolvimento e aperfeiçoamento destas relações, poderão tornar a arquitetura de uma
cadeia produtiva mais ou menos eficiente e/ou mais ou menos coordenada.

34 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


As transações estão relacionadas aos arranjos institucionais, que diferem entre
si principalmente quanto à eficiência em custos de
transação. Assim, conhecendo-se as dimensões das transações, é possível prever os arranjos
institucionais mais eficientes. Alguns atributos são responsáveis por essas dimensões, tais
como a frequência, a incerteza e as especificidades dos ativos.

A frequência indica a quantidade de vezes que determinadas transações ocorrem entre os


agentes. A relação contratual entre duas partes é diretamente influenciada por esse atributo,
uma vez que surgem formas contratuais alternativas a partir de diferentes frequências de
transação. Um frigorífico que adquire sempre cordeiros para abate de determinado produtor,
deveria construir com ele um relacionamento de confiança que permitisse facilitar a aquisição
de matéria-prima.

PRODUTOS DA OVINOCULTURA

Quando um criador pretende criar ovelhas, deve escolher qual a produção desejada: carne,
pele ou lã, embora possa aproveitar, também, o leite por elas produzido.

Naturalmente, a escolha da raça é de máxima importância, não só de acordo com a produção


desejada (lã, carne, pele ou leite), mas, ainda, de acordo com o ambiente em que vai ser
criada, para que melhor se adapte às suas condições de clima, temperatura dentre outros.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 35


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

É o mais importante produto da exploração extensiva de ovinos. Pode ser classificada de


acordo com as características das fibras e a qualidade do velo.

Um ovino passa a dar boa lã a partir dos dois anos de idade.

A época da tosquia varia de acordo com a raça, o clima da região e com o amadurecimento de
certos vegetais, como as leguminosas, cujas sementes aderem ao velo, desvalorizando a lã,
se o objetivo primário é a lã, o melhor é a criação de uma única raça pura, evitando mestiços,
devido à irregularidade no valor do produto.

De modo geral, é feita uma vez por ano, no início da estação seca, evitando-se assim o
aparecimento de doenças pela exposição dos animais à chuva.

A tosquia manual é feita com tesoura-martelo e a mecânica com máquina de tosquiar. Uma
pessoa hábil tosquia manualmente 30 animais em oito horas de trabalho (1 animal/16 min).
Com a máquina de tosquiar, uma ovelha pode ser feita em cerca de 6 minutos, de modo que é
possível tosquiar de 80 a 100 cabeças/dia.

36 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Carne

A utilização vai dos 30 dias aos 18 meses de idade. Os ovinos destinados ao corte são divididos
em classes de acordo com a idade e sexo, bem como em tipos, conforme a conformação,
qualidade e acabamento.

Para a produção de carne, podem ser feitos cruzamentos entre raças para a obtenção de
mestiços, sendo machos e fêmeas vendidos para o abate.

A produção de carne dos ovinos depende principalmente da sua alimentação, do controle e


manejo das pastagens e do seu aproveitamento racional. O rendimento de carne de um ovino
é, geralmente, em torno de 50%.

A carne de ovelhas e carneiros é mais utilizada para o preparo de embutidos.

Cordeiro: até 7 meses de idade, de ambos os sexos; peso vivo de 15 a 25 Kg, carne rosada e lisa.
Borrego: entre 7 e 15 meses de idade; peso vivo de 30 a 45 Kg, carne mais vermelha que a do
cordeiro.
Capão: macho com mais de 15 meses, castrado ainda quando cordeiro; coloração vermelha inten-
sa.
Ovelha: fêmea adulta com idade acima de 15 meses; peso vivo acima de 35 Kg, carne vermelha
escura.
Carneiro: macho adulto, não castrado, com idade superior a dois anos; carne pouco atraente pelo
aspecto, consistência e sabor.

Tabela 2: Comparação do Valor Nutritivo entre Carne Caprina/Bovina/Suína/Ovina/Ave

Fonte: Escala Rural, ano I, n. 10 – Ed. Escala

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 37


Pele

Produzida por raças especializadas, como a Karakul, e obtida de peles de cordeiros nonatos
(sacrifica a ovelha antes do parto para a retirada do cordeiro, para aproveitar a sua pele
especial, denominada no comércio de Breitschawanz, recém-nascidos [Astracã] ou com mais
de três semanas [Persianas]).

No Brasil, a raça produtora de peles resistentes e flexíveis é a deslanada do Nordeste. As peles


dos ovinos deslanados têm maior valor no mercado, pela sua maior elasticidade e resistência e
sua textura fina. É utilizada na indústria de acessórios, vestuários e calçados.

Também são utilizadas para pelegos, principalmente no sul do país.

Podem ser comercializadas verdes, secas ou salgadas. As verdes são as de extração recente,
que não sofrem nenhum tipo de tratamento; as secas são secas naturalmente, ao ar, as
salgadas são submetidas a salga com sal comum.

Leite e derivados
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Sua produção varia muito, de acordo com a raça, as condições ambientais e o manejo a
que são submetidos. É um ótimo leite, mas raramente consumido na forma líquida, sendo

38 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


mais utilizado na produção de queijos e iogurtes. O leite ovino tem o dobro do rendimento na
produção de queijo, em comparação com o leite de vaca e o de cabra. O iogurte é mais fino,
mais leve e em torno de 50% mais nutritivo.

O leite de ovelha se presta à produção dos queijos, sendo alguns deles muito famosos em
todo o mundo como, por exemplo, o tipo Cuartirolo, Canestrato e Pecorino (de massa mole,
semidura e dura, respectivamente); Roquefort, Gorgonzola e Ricotta.

O leite é rico em extrato seco, gordura e matérias albuminoides, indicados para a produção de
queijos. A lactação das ovelhas dura, em média, 100 dias e a sua produção diária é de 500 a
700g e a máxima de 1.200 a 2.500g.

Várias são as raças de ovinos especializadas para a produção de leite como, por exemplo, a
Bergamácia, a Wiltermach e a Laucane, ou mesmo a Romney Marsh.

A ordenha começa a ser feita após a venda do cordeiro, o que é feito quando ele atinge um
mês de idade, com um peso de 10 a 12 kg.

Esterco

Rico em matéria orgânica e elementos minerais, utilizado depois de curtido (perda de 1/3 do
peso) como fertilizante.

Tripas

Além de ser utilizada para envolver alimentos, principalmente na fabricação de salsichas e


linguiças, a tripa de carneiro é empregada para a confecção do categute – fio empregado na
medicina para suturas.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 39


Você sabia:
Cabanha – galpão para ovinos, criação de ovinos.
Capão – carneiro castrado.
Cascarreio – tosquia em torno da vulva, nas coxas e cauda, efetuada nas ovelhas um mês antes do
parto, para retirar sujidades e tornar o parto mais higiênico.
Cordeiro mamão – cordeiro que ainda acompanha a mãe.
Desolhe – tosquia em torno dos olhos.
Feltragem – enlaçamento que ocorre entre fi bras de lã com excesso de escamas.
Nonato – não nascido.
Pelego – a pele do carneiro com a lã.
Pelo cabrum – áspero e liso, semelhante ao de caprinos.
Suarda – substância gordurosa existente na lã dos ovinos.
Velo – cobertura de lã de carneiro, ovelhas ou cordeiro.
Você sabia que é possível criar de oito a dez ovelhas em uma área onde é colocada uma única vaca?

PRINCIPAIS RAÇAS DE OVINOS

O temperamento sociável dos carneiros, associado à sua indiscutível utilidade econômica, fez
da domesticação da espécie uma das mais antigas da história da civilização, acreditando-se
que tenha ocorrido há mais de 4.000 anos a.C. (Idade do Bronze) na Ásia Central a partir do
Muflão (Ovis orientalis), que é um carneiro selvagem que vive atualmente nas montanhas da
Turquia e Iraque.

No Brasil, os primeiros ovinos chegaram em 1556, trazidos pelos colonizadores.

As raças estão classificadas de acordo com as funções econômicas que desempenham,

40 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


constituindo o segundo maior rebanho do mundo (o primeiro é o bovino). A seleção para lã
foi obtida durante o processo de domesticação: os ovinos primitivos apresentavam pelagem
formada por dois tipos de fibras, uma de pelos longos, grossos e ásperos e outra com pelos
finos, curtos e crespos.

Temos algumas raças e suas aptidões variadas que estão espalhadas por várias regiões do
País.

ALGUMAS RAÇAS ESTRANGEIRAS

MERINO AUSTRALIANO

Prefere clima seco e campos enxutos, com condições de abrigo. Raça que apresenta lã de
excelente qualidade. Em termos teóricos, teria 70% de potencial para produzir lã e 30% para
carne. As ovelhas são mochas e os carneiros possuem chifres em espiral, afastados da cabeça.

CORRIEDALE

Produz excelente carne e lã bastante uniforme.

SUFFOLK

É de fácil identificação, porque é a única que possui cabeça, orelhas e membros totalmente
desprovidos de lã e cobertos por pelos negros. Adaptou-se bem ao Brasil, sendo criada nas
mais diferentes regiões, em sistemas intensivos. É uma raça produtora de carne, onde os
animais são bastante precoces, produzindo carcaças magras e de boa qualidade.

As fêmeas têm boa habilidade materna, com boa produção leiteira, permitindo alimentar bem
mais de um cordeiro.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 41


TEXEL

Animais rústicos e sóbrios, produzindo bem no sistema extensivo e semiextensivo. Produz


uma ótima carcaça, com gordura muito reduzida. Precoce, prolifera com ótimos índices.

BERGAMASCIA

Originária do Norte da Itália, rústica, pouco exigente. O macho pesa 120 kg e a fêmea 80 kg.
A lã é de qualidade inferior e rende cerca de 3 kg por tosquia. A ovelha costuma ter partos
duplos e produz, em média, 250 kg de leite em 6 meses de lactação, utilizado para a produção
de queijos Gorgonzola.

ILE DE FRANCE

Raça de duplo propósito, orientada 60% para carne e 40% para lã. Mucosas nasais, lábios
pálpebras devem ser rosadas, orelhas médias, mochos, cascos brancos e grandes. Produz
uma carcaça pesada e de muita qualidade, muito precoce, prolifera.

ALGUMAS RAÇAS NACIONAIS

SANTA INÊS

É uma raça desenvolvida no nordeste brasileiro, cruzamento das raças Bergamascia, Morada
Nova, Somalis e outros ovinos (SRD).

Animal deslanado, com pelos curtos e sedosos, de grande porte, com excelente carne e
baixo teor de gordura, pele de altíssima qualidade, rústicos e precoces, adaptáveis a qualquer
sistema de criação e pastagem, prolífera e de boa habilidade materna. Raça de carne e pele,
com excelente capacidade leiteira.

42 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


MORADA NOVA

Raça nativa do Nordeste, resultante possivelmente de seleção natural e recombinação de


fatores em ovinos Bordaleiros e Churros trazidos pelos colonizadores portugueses. São animais
bastante rústicos, que se adaptam às regiões mais áridas. Produzem carne e, principalmente,
peles de ótima qualidade. As ovelhas são muito prolíferas.

CRIOULA

A raça Crioula é considerada como produtora de pele, mas produz uma lã valorizada para
o artesanato e uma carne de cordeiro de muito boa qualidade e com potencialidade para a
produção de leite. A ovelha Crioula caracteriza-se pelo seu diminuto tamanho, alta rusticidade,
resistência à verminose e apresenta ciclos estrais durante todo ano. Os machos têm dois e, às
vezes até três pares de chifres.

Acesse o link <http://www.fmvz.unesp.br/Informativos/ovinos/raovin.htm> onde encontrará fotos e ca-


racterísticas das espécies mais criadas no mundo. Este conhecimento é importante para decidir o
rumo e os resultados que se pretende com a atividade.

COMO ESCOLHER O ANIMAL

O plantel deve ser formado, no mínimo por um grupo de 20 ovelhas e um reprodutor. Escolha
de reprodutores, boa caracterização racial, bom desenvolvimento em relação à idade,
conformação perfeita, constituição vigorosa, velo e genealogia. Também deve se levar em
conta a finalidade da exploração, condições climáticas, pastagens, mercado, raças e tipo de
ovino (aptidão).

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 43


As ovelhas podem ser utilizadas até a idade de 6 anos. Os carneiros devem ser mantidos na
reprodução de 2% a 4% das fêmeas. Para a produção de lã e carne, usar os animais capados.

SISTEMAS DE CRIAÇÃO/MANEJO
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

As ovelhas são, quase sempre, criadas em rebanhos. O manejo é bastante trabalhoso, seja
pelo fato de se tratar de um rebanho grande, ou por serem animais sensíveis. Nas regiões mais
frias, como no sul do Brasil, o cuidado com as crias recém-nascidas deve ser intenso, já que
a época de partos coincide com os meses de inverno quando se tratar de raças que possuem
estacionalidade reprodutiva.

A lã, retirada no início do verão, importante fonte de renda para o criador, torna a crescer,
garantindo ao animal a sua própria defesa ao frio.

A ordenha geralmente é manual, o que exige esforço físico e, frequentemente, é realizada


ao ar livre, expondo os ordenhadores ao tempo. Apesar da disponibilidade de ordenhadeiras
eficazes, a ordenha mecânica ainda não é largamente adotada.

44 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


É preciso esquecer o pensamento de que ovelhas, principalmente lanadas, devem ser criadas
em climas frios, pois a lã funciona como isolante térmico protegendo tanto do frio quanto do
calor.

Os sistemas de criação de ovinos, no Brasil e no mundo, são extremamente variáveis.

Os sistemas de criação e manejo podem ser divididos em:

• Extensivo

Máximo aproveitamento dos recursos naturais, os rebanhos são geralmente grandes para
a produção de carne e lã.

• Intensivo

Indicado para animais puros destinados à reprodução ou exposições. Registros rigorosos,


conhecimento técnico, bom capital para instalações. Reprodução controlada, manejo cui-
dadoso, seleção, alimentação e higiene bem controladas.

• Misto

Intermediário entre o extensivo e intensivo. Pode ser executado junto com a exploração
agrícola.

Em qualquer sistema de produção agropecuária a meta principal é a produtividade com


lucratividade. Para isto, devemos nos basear em quatro pontos importantes para o sucesso da
ovinocultura: mercado, genética, nutrição e saúde.

NUTRIÇÃO

Conforme já exposto acima no início do texto, após definirmos a genética (raça), devemos nos
concentrar na alimentação dos animais, pois por melhor que seja a composição genética do
rebanho que passa a ser estabelecido, a não observação de um manejo nutricional adequado
irá impedir o aproveitamento pleno da genética adquirida.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 45


O pasto é o principal alimento dos ovinos e quando este é de boa qualidade, a suplementação
pode ser mínima. É preferível fornecer pastagens mistas, formadas por gramíneas e
leguminosas.

Primeiramente, devemos ficar atentos ao planejamento da produção forrageira da propriedade,


de forma a maximizar a produção e utilização das pastagens no verão, além de produzir
volumosos de forma eficiente e economicamente viável para a suplementação do rebanho nos
meses de inverno, período em que ocorre a redução da capacidade produtiva das pastagens.

Neste contexto, devemos considerar a necessidade de suplementação das matrizes com


volumosos para suprir a queda de produção das pastagens, e de confinamento dos cordeiros
para acabamento e abate. Nas duas situações a utilização de rações com 18% de proteína
bruta e alta energia deverá ser considerada para atender as exigências nutricionais destas
categorias.

Assista e conheça mais sobre a alimentação dos ovinos acessando o link: <http://www.youtube.com/
watch?v=J6lWeP2lteQ&feature=related>.
Você terá à disposição, do Centro de Produções Técnicas cursos sobre manejo alimentar de ovinos.
Neste pequeno clipe, você poderá visualizar os sistemas de produção e estratégias de alimentação.

SANIDADE

Com a intensificação dos sistemas de produção de carne ovina, os desafios sanitários passam
a adquirir maior importância. Dentre as espécies de mamíferos domésticos, a espécie ovina é
a mais suscetível à infestação por vermes.

46 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


A melhor forma de se evitar os prejuízos causados pela infestação por vermes é a prevenção
mediante o uso de vermífugos em intervalos de tempo constantes, intercalando-se os diferentes
princípios ativos presentes no mercado, juntamente com as mudanças de piquetes (manejo
das pastagens).

O ideal é prevenir doenças para ter uma atividade produtiva e lucrativa.

• Divisão do rebanho

A divisão do rebanho em categorias facilita o manejo e evita que animais mais velhos transmitam
doenças para os animais mais novos. A superlotação das baias e piquetes também deve ser
evitada. Isola e trata dos animais doentes, pois estes devem ser tratados separadamente do
rebanho para evitar a proliferação de doenças. A observação do rebanho feita pelo criador
permitirá ao mesmo saber quando algo diferente ocorrer. As enfermidades normalmente
apresentam sintomas e coleta 10% das fezes do rebanho para análise possibilita a verificação
dos parasitas que estão infestando os animais, permitindo assim a aplicação de vermífugo
específico.

• Limpeza das instalações

O piso ripado deve ser varrido com frequência, sendo as fezes retiradas. Todas as outras
instalações que fazem parte do criatório, tais como: sala de ordenha, área de tosquia, galpão
de ração entre outras, devem ser mantidas limpas.

• Saneamento ambiental

O esterco dos animais deve ser colocado em lugar adequado (esterqueira).

Os alimentos devem ser bem armazenados (evitando a presença de insetos e roedores na


criação e nas proximidades).

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 47


Assista e conheça mais sobre o manejo sanitário dos ovinos:
<http://www.youtube.com/watch?v=14iSa9QVedc&feature=related>.
Neste pequeno clipe você poderá visualizar os principais aspectos sanitários e os sintomas de algu-
mas enfermidades, além de medidas sanitárias preventivas.

MANEJO REPRODUTIVO

O manejo reprodutivo é composto por uma série de medidas que visam orientar o produtor
desde a aquisição do reprodutor e matrizes até o manejo das crias, durante a puberdade e
maturidade sexual. Para isso, precisamos de um conjunto de medidas:

• Fichas de controle para avaliação dos animais quanto à fertilidade, prolifi cidade dentre
outros controles.

• Estação de monta, escolha da época para a realização da estação de reprodução.

• Manejo pós-parto e parição, os primeiros cuidados devem ser tomados um mês antes do
parto.

Assista e conheça mais sobre o manejo reprodutivo dos ovinos: <http://www.youtube.com/watch?v=F


OhcO53eiCg&feature=related>.
Você terá à disposição do Centro de Produções Técnicas, cursos sobre Técnicas para produzir mais

48 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


cordeiros. Neste pequeno clipe você verá que a produtividade está diretamente relacionada com a
efi ciência reprodutiva.

PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO

De acordo com o tamanho do rebanho, será necessário formar bons pastos que devem
ser suficientes para poder dispensar suplementação. Recomenda-se fazer uma análise
do solo para correção de deficiências (calagem). O pasto deverá ser preferencialmente
em terras altas, dividido em piquetes para fêmeas gestantes e recém-paridas, borregos e
borregas, reprodutores, cordeiros de dois a seis meses, capões e ovelhas solteiras. É preciso
providenciar piquetes para as diversas categorias: ovelhas de cria e seus cordeiros; ovelhas
velhas e falhadas, borregos(as), ovelhas no terço final da gestação.

As ovelhas de cria são separadas segundo a qualidade de suas lãs ou por seu grau de sangue.
Quando o plantel possui pedigree, destinar piquetes de melhor qualidade e de fácil vigilância.

As cercas entre piquetes deverão ser construídas com mourões a cada 10 m, intercalados com
quatro ou cinco balancins; formadas com seis a sete fios de arame liso. Recomenda-se que o
primeiro, de baixo para cima, esteja a 10 cm do solo e a seguir o espaçamento entre eles seja
consecutivamente: 18, 22 e 28 cm para os demais, em uma altura total de 1,62 m.

Se não houver aguada natural no local de pastagem, providenciar bebedouros higiênicos,


que deverão ser mantidos sempre limpos. Se não houver abrigos naturais, como árvores de
boa copa ou bosques, construir abrigo funcional, com capacidade compatível ao tamanho do
rebanho; sob o abrigo, providenciar cocho para sal mineral.

Se necessário, construir um aprisco (cabanha) para proteção dos animais contra as chuvas e
ventos fortes, próximo às pastagens, em terreno seco e ensolarado.

A construção poderá ser rústica, com piso ripado (1,5 cm de espaçamento), elevado a um

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 49


metro do solo, pé direito de 2,5 m para uma boa aeração e com paredes de 1,5 m de altura.
A área recomendada por cabeça é de 1,5 m2 de altura. A cabanha é recomendada quando a
criação for para matrizes e reprodutores. Deve ter divisões internas (boxes) medindo de 2 x 2 a
2 x 3 metros cada um, com comedouro e bebedouro. Os carneiros reprodutores, fora da época
de monta, são postos em boxes separados.

É imprescindível a construção de um curral de manejo, dividido em mangueiras e bretes,


para os trabalhos de vacinação, marcação, descola (descaudamento, corte de cauda),
vermifugação dentre outros, de acordo com o tamanho do rebanho (recomenda-se 1 m2 /
cabeça). Para contenção, seringa em área coberta, com tronco de 90 cm de altura x 50 cm
de largura no alto e 30 cm no baixo, com cerca de 2 a 2,5 m de comprimento e pedilúvio
de 10 cm de profundidade e banheira antissárnica profunda para imersão, com curral para
escoamento contíguo para evitar desperdício do produto. É indispensável a construção de
banheiro sarnífugo para o combate da sarna. Todo o corredor lateral da seringa deve ter piso
a 50 cm do solo, para facilitar os trabalhos. Para rebanhos grandes, é necessário um galpão
de tosquia.

A construção de um galpão apropriado para a tosquia ou tosa é necessária, devendo a


mesma ser feita nas proximidades dos currais e bretes, para evitar movimentação e despesas
no criatório. Nas grandes propriedades deve-se prever a construção de bretes giratórios,
destinados à inseminação artificial.

Implementos para o manejo do rebanho:

• Tesoura/alicate para aparar os cascos.

• Pistola de vermifugação.

• Tesoura-martelo para tosquia (ou tosquiador elétrico).

• Elastrador e anel de borracha para a descola (e castração).

• Torques Burdizzo para castração.

50 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


• Tintas para marcação.

• Material para identifi cação (brincos, alicate).

• Balança.

• Pinças, agulhas e seringas hipodérmicas.

• Se necessário, material para inseminação artifi cial (vaginoscópio, seringa de microdoses


e tronco para coleta de sêmen).

• Ficha zootécnica – manter um livro/fi cha de registros gerais do rebanho e individual dos
animais do rebanho; cobertura, nascimento, óbitos, doenças, vacinação, vermifugação,
registro contábil de despesas com veterinário, medicamentos, vacinas, vermífugos e re-
ceita com a venda dos produtos.

Atenção!
Não nos esquecendo da mão de obra, pois a exploração exige grande cuidado e manejo, além da
formação de um bom plantel.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, estudamos o agronegócio da ovinocultura no mundo e no Brasil e podemos


concluir que há uma crescente demanda tanto no mercado interno quanto no externo, então
devemos nos organizar e melhor estruturar essa promissora cadeia produtiva, fazendo com
que todos os elos, tais como produtores, frigoríficos, comércio, governo e consumidores
trabalhem em prol da ovinocultura.

Analisamos a organização da cadeia produtiva da ovinocultura e seus produtos, constatando


que o grande gargalo na cadeia produtiva da ovinocultura é a comercialização e falta de escala
de produção.

Aprendemos que é necessário um conhecimento das diferentes raças para se obter um


melhoramento no rebanho, por meio da característica que cada uma delas apresenta e que

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 51


de fato, a raça Santa Inês é um ovino originário do Brasil a partir de cruzamentos feitos por
décadas e predomina no país, principalmente no Nordeste, que detém o maior rebanho
nacional. Discutimos, também, o sistema de manejo e a tecnologia de produção.

Vimos que há a necessidade de desenvolver a cultura da cooperação nos diversos setores


da cadeia produtiva, mas principalmente nos segmentos de transporte, comercialização e
beneficiamento, fazendo-os assumir o seu papel de parceiro, pois todos são parte integrante
e deveriam estar interessados no sucesso do setor primário, que é um importante indicador
quantitativo e qualitativo do grau de evolução dos demais componentes da cadeia.

Finalmente, na ótica do desenvolvimento sustentável é fundamental a implantação e


estruturação de um planejamento estratégico, construído de forma conjunta, na discussão de
temas e propostas que possibilitem aos diversos atores da cadeia produtiva da ovinocultura,
novos conhecimentos, tecnologias de produção e gestão dos seus negócios.

Assista este pequeno clipe que constitui uma reportagem sobre um mineral comercial:
<http://www.youtube.com/watchv=vDWwPsSm7zw&feature=related>.
Nele há vários depoimentos de produtores do oeste do Paraná e de Presidente Prudente em São Pau-
lo, além de abranger boa parte da cadeia produtiva, com depoimento do proprietário de um frigorífi co
especializado no abate de ovinos.

O autor Simplício A. A. escreveu sobre a Caprinovinocultura de corte como alternativa para a geração
de emprego. Se você se interessa pelo assunto, não deixe de conhecer o documento 48 do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ISSN 1676-7659 de dezembro/2003.
Procure no site do SEBRAE Nacional tópicos relevantes relacionados ao negócio de ovinos <www.
sebrae.com.br>.
A evolução da caprinovinocultura brasileira de Vânia Rodrigues Vasconcelos e Luiz da Silva Vieira.
Disponível em: <http://www.cnpc.embrapa.br/artigo8.htm>.

52 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Navegue pelas Associações de Criadores (<www.accoba.com.br>) e acesse os links:
<www.fmvz.unesp.br/Informativos/ovinos>.
<www.ovinocaprino.pr.gov.br>.

Caro aluno, a seguir você tem a atividade de autoestudo, não deixe de fazê-la!!!

Porém, só preencha após uma boa leitura de todo o nosso texto, pesquisa nos sites
recomendados e ter assistido aos vídeos, assim saberá realmente qual foi o seu ganho de
aprendizagem.

Não preencha voltando nos tópicos e apenas transferindo as respostas. Após concluídas as
atividades faça uma revisão dos tópicos abordados.

Mãos à obra!!!

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO

1. A ovinocultura é uma atividade explorada economicamente em todos os continentes, sendo


exercida em distintos ecossistemas com os mais diferentes tipos de clima, solo, topografi a
e vegetação. Assinale V (verdadeiro) e F (falso).

( ) O Brasil, com sua enorme extensão territorial e clima favorável à ovinocultura, apresen-
ta todas as características para o desenvolvimento da ovinocultura.

( ) O produtor brasileiro está conscientizado e instrumentalizado, pois a cadeia produtiva


da ovinocultura se apresenta bem organizada.

( ) A produção de ovinos proporciona variados produtos, pois fornece lã e pele para ves-
tuário, além de carne e leite para alimentação.

2. Apesar dos avanços já alcançados na ovinocultura, ainda há países, a exemplo do Brasil,


com grandes rebanhos, porém com uma baixa taxa de desfrute determinada pelo sistema
de criação adotado. Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 53


1. Extensivo ( ) No mínimo por um grupo de 20 ovelhas e um reprodutor.
Escolha de reprodutores, boa caracterização racial, bom
2. Intensivo desenvolvimento em relação à idade, conformação perfei-
ta, constituição vigorosa, velo e genealogia. Também deve
3. Misto
se levar em conta a finalidade da exploração, condições
4. Estação de monta climáticas e mercado.

5. Formação de plantel
( ) Intermediário entre o extensivo e intensivo. Pode ser exe-
cutado junto com a exploração agrícola.

( ) Escolha da época para a realização da estação de repro-


dução. Este sistema visa um melhor aproveitamento do
potencial reprodutivo das fêmeas mediante a redução do
intervalo entre partos, de 12 para 8 meses, visando assim
maior produção. Separações de lotes, manipulação de cio,
uso de rufiões, monta natural, monta controlada e insemi-
nação artificial.

( ) Indicado para animais puros destinados à reprodução ou


exposições. Registros rigorosos, conhecimento técnico,
bom capital para instalações.

( ) Máximo aproveitamento dos recursos naturais, os reba-


nhos são geralmente grandes para produção de carne e
lã.

3. Enquanto a cadeia produtiva não se consolida, os produtores enfrentam dificuldades como


a falta de frigoríficos, baixo consumo, alto preço de reprodutores e abate clandestino.

( ) Certo ( ) Errado

4. As raças estão classificadas de acordo com as funções econômicas que desempenham.


Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira.

1. Merino Australiano ( ) Leiteira.


2. Bergamácia ( ) 70% Lã e 30% Carne.
3. Ile de France ( ) Deslanada.
4. Santa Inês ( ) 60% Carne e 40% Lã.

54 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


5. Com a intensifi cação dos sistemas de produção de carne ovina, os desafi os sanitários
passam a adquirir maior importância. O ideal é prevenir doenças para ter uma atividade
produtiva e lucrativa. Quais as três medidas recomendadas?

a) Limpeza das instalações, medicação e saneamento ambiental.

b) Divisão do rebanho, limpeza das instalações e saneamento ambiental.

c) Divisão do rebanho, saneamento ambiental e construções em alvenaria.

d) Saneamento ambiental, raças rústicas e construções em alvenaria.

e) Divisão do rebanho, limpeza das instalações e medicação.

6. Com a ótica do desenvolvimento sustentável, é fundamental para a implantação da ativi-


dade conhecimento do mercado, tecnologia de produção, recursos capitais para um bom
planejamento forrageiro (terra), instalações, formação do plantel, algumas ferramentas de
trabalho e mão de obra.

( ) Certo ( ) Errado

Parabéns, você já galgou alguns degraus dentro do nosso curso. Agora, na próxima unidade,
iremos trabalhar os principais aspectos da caprinocultura, focados na produção e avaliação
econômica do negócio. Considerando que ovinos e caprinos são bastante similares (mesma
família), quase todas as informações relativas ao ovino podem ser aplicadas aos caprinos.

Bons ventos para ovinos e caprinos no Brasil


O chef pernambucano Ronald Menezes prepara um pernil de cordeiro que, dizem, faz jus à rotineira
presença de celebridades em seu restaurante, no Recife. Até bem pouco tempo atrás, curiosamente,
ele utilizava apenas cordeiro importado do Uruguai em sua famosa receita, apesar de o Nordeste
brasileiro concentrar 57% do rebanho nacional de ovinos, hoje com quase 17 milhões de animais,
bem maior que o uruguaio.
A predominância da carne importada nas prateleiras do Nordeste refl etia a falta de organização da
cadeia de produção nacional, que ensaia os primeiros passos em direção à profi ssionalização e à
escala industrial. De 2009 para cá, a carne ovina saiu da lista dos principais itens importados do
Uruguai, cuja exportação foi deslocada para países árabes, asiáticos e europeus, que estão pagando
mais pelo produto.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 55


O novo cenário abriu uma oportunidade para que o produto nacional ganhe espaço na mesa dos bra-
sileiros e que, em um futuro não muito distante, possa até concorrer com os antigos fornecedores no
mercado internacional. “O maior desafio é estruturar a cadeia produtiva. Não existe boa relação entre
produtores, agroindústria, distribuidores e consumidores. Quanto mais articulados eles forem, melhor
para todos”, avalia o pesquisador Juan Ferelli, da Embrapa.
Enquanto a criação dos ovinos visa a produção de carne, a de caprinos é mais voltada para a produ-
ção de leite e derivados. No entanto, há também um mercado promissor para a carne, especialmente
no Nordeste, onde o bode é bastante apreciado. Um exemplo é a cidade de Petrolina, no sertão de
Pernambuco, onde um dos principais atrativos turísticos é o “bodódromo”, uma espécie de corredor
que concentra vários restaurantes especializados em carne de bode.
Segundo Ferelli, entre as principais dificuldades do setor de caprinos e ovinos está o porte reduzido
dos rebanhos, quase dez vezes inferiores ao de bovinos. Isso se reflete em uma instabilidade na oferta
de animais para abate, o que diminui o interesse dos frigoríficos, que buscam escala. Sem produção
em grande volume, os preços sobem e o consumidor foge. Atualmente, a carne de cordeiro pode
custar entre 20% e 50% mais do que bovina.
Ainda assim, o rebanho ovino vem crescendo nos últimos anos e alguns frigoríficos especializados já
vislumbram dias melhores. Entre 2002 e 2009, houve crescimento de 17,5% no número de animais,
segundo a Embrapa. A qualidade dos rebanhos também está melhorando, resultado da maior utiliza-
ção da genética no setor, o que ainda é relativamente novo no Brasil.
De qualquer forma, o chef Ronald já encontra nos supermercados do Recife diversos cortes de cor-
deiro embalados a vácuo por empresas brasileiras. Entre elas está a Baby bode, que abate em torno
de 3,5 mil ovinos e caprinos por mês em Feira de Santana (BA). Seu diretor, João Dantas, diz ver
algumas melhorias no setor, porém reivindica políticas de incentivo, como a isenção de PIS e Cofins
que é dada para bovinos.
A expectativa da Baby bode é aumentar a produtividade para 5 mil cabeças por mês até 2013, e se
tornar autossuficiente em animais. “Estamos com um projeto importante de integração dessa cadeia,
até porque há muita instabilidade no fornecimento, o que é desestimulante para um negócio que pre-
cisa de escala”, afirmou. Segundo ele, há uma espécie de entressafra na oferta nos meses próximos
ao fim do ano, justamente quando a demanda cresce.
Apesar das dificuldades, tanto o executivo quanto o cozinheiro reconhecem o salto na qualidade do
rebanho brasileiro. A introdução de raças estrangeiras, como Doper (ovino) e Boer (caprino), além da
melhoria genética da Santa Inês, principal grife brasileira de ovinos, têm trazido resultados positivos,
especialmente no que leva à profissionalização da produção.
“Quando se pensa em um bode, se pensa sempre em um animal magro, que vive num clima semi-
-árido tentando sobreviver. Esse animal não pode ser atividade econômica de ninguém. Esse animal
precisa ser melhorado, precisa ter uma carcaça com mais peso e ser preparado para ser vendido
mais cedo. É aí que entra a genética”, explica o empresário Luiz Felipe Brennand, dono do rebanho
Caroatá, um dos mais importantes do Brasil em alta genética de caprinos e ovinos.
Com fazendas em Gravatá (PE) e Baixa Grande (BA), onde estão cerca de 10 mil animais, a empresa
é focada na criação e venda de reprodutores. Essa categoria de animal é utilizada para “melhorar” a
qualidade genética de outros rebanhos, maiores, voltados ao mercado da carne.

56 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Segundo Brennand, uma ovelha reprodutora de primeira linhagem pode ser vendida por até R$ 72
mil, preço máximo atingido no último leilão realizado pelo Caroatá, em dezembro. Assim como ocorre
com os bovinos, há cabras e ovelhas tão valiosas cujo material genético é rateado em esquema de
condomínio. No maior negócio de que se tem notícia, conta Brennand, um criador comprou 10% de
uma ovelha por R$ 200 mil.
Questionado sobre a falta de organização da cadeia produtiva, o empresário lembra que, apesar dos
avanços, a criação de caprinos e ovinos ainda é tida como cultura de subsistência no Brasil. “Não
entenda subsistência como apenas uma produção para alimentar a família, mas é aquela produção
que não vai além da feira da cidade ou do bairro”, explicou. “Em muitos lugares do Nordeste, a cabra
ainda é animal de estimação, é parte da família”.
Autor: Murillo Camarotto.
Fonte: Valor Econômico.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 57


UNIDADE II

CADEIA PRODUTIVA DA CAPRINOCULTURA


Professor Me. José Sérgio Righetti

Objetivos de Aprendizagem

• Conhecer a evolução histórica da atividade.

• Caracterizar o mercado, analisando as ameaças e oportunidades do negócio capri-


nocultura.

• Conhecer a cadeia produtiva, identificando seus produtos.

• Conhecer as raças de caprinos e como avaliar um animal para iniciar o negócio.

• Analisar a tecnologia de produção.

• Planejar o sistema de criação, definindo quais as instalações mais apropriadas para


a exploração.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Cenários Atuais

• Mercado dos Produtos Caprinos

• Tendências e Perspectivas

• Cadeia Produtiva da Caprinocultura

• Produtos da Caprinocultura

• Principais Raças de Caprinos

• Como Escolher o Animal


• Sistema de Criação/Manejo

• Planejamento do Sistema de Criação


INTRODUÇÃO

Olá, caro acadêmico. Você sabia que desde quando os povos nômades da Ásia e do Oriente
Médio domesticaram a cabra, aproximadamente em 8.000 a.C., o leite de cabra vem sendo
utilizado na alimentação diária de grande parte da população mundial?

A sua importância na alimentação não reside apenas no valor biológico de seus nutrientes.
Já no tempo de Hipócrates (Grécia Antiga: 460-377 a.C.), considerado o pai da medicina
moderna, médicos recomendavam seu uso devido à fácil digestão. Além disso, pessoas que
apresentam intolerância ao leite de vaca podem, usualmente, tolerá-lo.

A produção de leite de cabra pode se tornar um importante instrumento na política de produção


de alimentos e a segurança alimentar, e com isso, diminuir os níveis de subnutrição e taxa
de mortalidade infantil em várias regiões, principalmente no nordeste brasileiro. Uma família
carente poderia criar de 3 a 10 cabras, mas essas condições não seriam suficientes para uma
vaca de produção média de leite. Salienta-se que as cabras, em função do seu temperamento
dócil, podem ser facilmente manejadas.

Os caprinos são animais fortes, resistentes, com grande rapidez de crescimento, de boa
conversão alimentar e adaptáveis a várias condições de clima. A criação de caprinos, além de
ser uma atividade de fácil manejo, pode tornar-se muito rentável, desde que sejam utilizados
bons animais e o trabalho seja executado com dedicação.

Nesta unidade vamos analisar o agronegócio como um todo, ou seja, a evolução de mercado,
genética, nutrição e sanidade dos animais. Analisaremos a cadeia produtiva, isto é, como está
organizada, as estruturas de apoio, as características dos produtos e a tecnologia adequada
para uma boa produção de caprinos.

Bom Estudo!

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 61


CENÁRIOS ATUAIS

MUNDO

Você sabia que o rebanho caprino aumentou cerca de 40% em 20 anos, apesar de o rebanho
ter diminuído em alguns países que direcionavam a caprinocultura para a produção de peles,
e que é no continente asiático que se localiza o maior rebanho de caprinos no mundo, seguido
da África, América do Norte e Central?

Como principais países produtores, destacam-se: China com 125,5 milhões de cabeças; Índia
com 137 milhões de cabeças; Paquistão com 55,2 milhões de cabeças; Nigéria com 52,5
milhões de cabeças e Bangladesh com 52,5 milhões de cabeças (MDIC, 2010).

Segundos dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO),
a França produz cerca de 500 mil toneladas anualmente, sendo a maior produtora mundial de
queijo de leite de cabra e no continente Americano, os maiores criadores são o Brasil e México
com rebanho superior a 12 milhões de animais.

BRASIL

No Brasil, existem cerca de 9,3 milhões de caprinos, correspondendo ao 10º rebanho do


mundo. Todavia, a produção de leite de cabra é muito pequena, aproximadamente 141 mil
toneladas. (FAO 2010)

62 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Os caprinos são criados em todos os estados do país. Os maiores efetivos de rebanho caprino
estão concentrados na Bahia, Pernambuco e Piauí. Em termos de tamanho do plantel, a Bahia
é o primeiro estado nordestino, com cerca de 2.847.148 de cabeças, o equivalente a 33,66%
da população caprina da região nordeste do Brasil (IBGE 2010).

Apesar do baixo nível tecnológico ainda presente em todo processo produtivo, a caprinocultura
no Brasil, principalmente no Nordeste, tem apresentado configurações que a coloca em uma
posição privilegiada no cenário do agronegócio.

Tabela 3: Efetivo total de caprinos no Brasil e por região no período de 1975 a 2010, em
cabeças

Ano Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

1975 7.100.994 28.717 6.542.353 182.288 275.465 72.171


1985 10.020.101 136.154 8.989.138 330.864 442.406 121.539
1995 11.271.653 306.922 10.023.365 358.233 411.001 172.132
2005 10.306.722 154.678 9.542.910 252.124 242.713 114.297
2007 9.450.312 167.326 8.633.722 253.294 279.924 116.046
2009 9.163.560 177.377 8.302.817 231.781 335.720 115.865
2010 9.312.784 164.047 8.458.578 233.407 343.325 113.427

Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) – IBGE – 2010

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 63


MERCADO DOS PRODUTOS CAPRINOS

A expansão do consumo de carne caprina no Brasil, apesar desse ser ainda muito baixo,
tem experimentado um incremento animador, principalmente nas grandes cidades. Enquanto
o consumo per capita é estimado em menos de 1,0 kg, o consumo em países Árabes e da
Europa varia entre 4,0 a 8,0 kg (DANTAS, 2001).

Novos investimentos em genética, alimentação, instalações, reprodução e sanidade do


rebanho, bem como na qualidade e no aproveitamento do leite de cabra, têm mudado essa
realidade no País. Nas décadas de 80 e 90 houve aumento de 58,7% na produção nacional
em relação a década de 70 do século XX, porém na primeira década do século XXI houve um
decréscimo de 17,4% em relação ao final do século XX.

Sabe-se também que no Oriente, principalmente na Dietética Chinesa, o leite de cabra é


conceituado como um alimento nobre e bastante utilizado por pessoas de todas as idades.

Pesquisas recentes feitas no Brasil mostram que o leite de cabra, além de maior digestibilidade,
possui melhor aceitabilidade e tolerabilidade que o leite de vaca.

Dentre as carnes mais consumidas no mundo, a carne caprina é a mais magra (contém o
menor teor de gordura), sendo inclusive mais magra que a carne de frango.

TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS

As perspectivas do agronegócio da caprinocultura no Brasil, em médio prazo, sinalizam para


um modelo em base empresarial com visão de mercado. Para isto, é imprescindível a união
de esforços de todos os segmentos da iniciativa pública e privada envolvidos na atividade,
visando ao estabelecimento de uma política específica que contemple todos os atores da
cadeia produtiva da carne caprina, incluindo ações, principalmente, sobre:

• Políticas diferenciadas de financiamento.

64 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


• Fortalecimento do associativismo como forma de organizar a base produtiva, mediante a
implementação de planos integrados.

• Política tributária diferenciada para o Nordeste.

• Incremento do padrão tecnológico em todo processo produtivo.

• Criação de canais de exportação.

• Valorização da qualidade da carne caprina e produtos derivados com certifi cação regio-
nal, por meio de novos procedimentos de identifi cação animal e implantação de sistemas
de rastreabilidade.

As principais barreiras ao crescimento do consumo de carne caprina são:

• Falta de regularidade na oferta: há enorme sazonalidade. Praticamente não se tem oferta


nos meses do meio do ano, exatamente durante o inverno que favorece o consumo.

• Falta de padrão de produto: os animais abatidos são de raças e idades diferentes, além
de serem criados com alimentação e manejo diversifi cado. Tudo isso impacta as caracte-
rísticas do produto fi nal.

• Preço alto: o preço da carne no varejo é superior a outras carnes substitutas.

• Cultura e hábitos alimentares: se a região Sudeste tivesse o mesmo nível de consumo


domiciliar que tem o Nordeste, o consumo seria pelo menos 20% maior.

Assista ao vídeo a seguir e verifi que como esta atividade pode ter um papel social importante no Bra-
sil: <http://www.youtube.com/watch?v=tw6lvGfEiqY&feature=related>.
Neste pequeno clipe, você vai conhecer o projeto Cabra Nossa no Ceará com resultados no combate
à desnutrição e geração de renda.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 65


CADEIA PRODUTIVA DA CAPRINOCULTURA

Nos últimos anos, vários seminários e workshops foram realizados no Brasil para discutir o
agronegócio da caprinocultura. O principal enfoque dessas discussões foi identificar e propor
estratégias que possibilitassem a organização do setor.

Para Medeiros (2003), a cadeia produtiva de carne caprina no Brasil é ainda bastante frágil,
havendo deficiência de entrosamento e de conhecimento dos problemas dos diferentes atores
em relação às dificuldades das diversas áreas que compõem a cadeia.

A seguir, faremos uma análise sucinta de alguns aspectos de cada segmento da cadeia
produtiva da caprinocultura.

Figura 4: Cadeia Produtiva da Caprinocultura


Fonte: Ceninsa (2007)

66 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


INSUMOS

Inclui desde o suprimento de medicamentos, vacinas, rações, genética, até máquinas e


implementos agrícolas. Nesse segmento é importante ressaltar que embora se tenha observado
uma evolução no número de insumos específicos para a atividade, são ainda insuficientes e
inadequados alguns itens básicos que atendam de forma plena e econômica as necessidades
do produtor de caprinos no Brasil.

PRODUÇÃO

Este segmento, também chamado “dentro da porteira”, já que suas ações ocorrem na fazenda,
é responsável pela regulamentação da oferta, do preço, da qualidade da matéria-prima e,
ainda, serve como caixa de ressonância para a maioria das mudanças demandadas pelos
consumidores. Como em outros segmentos da cadeia produtiva, mas com maior intensidade.

Esse setor ainda apresenta limitações que impedem o seu desenvolvimento sustentável.
Essas limitações incluem:

• Inadequação de sistemas de manejo para diversas fases da criação.

• A não utilização de raças adequadas aos diferentes sistemas de produção.

• Falta de programas sanitários, principalmente para a região Nordeste, onde a febre aftosa
impede a expansão da atividade.

• Falta de informações sobre estratégias de cruzamentos planejados e específicos.

• Deficiência de tecnologia sobre alimentação e nutrição, principalmente para acabamento


de cabritos em confinamento.

• Escassa oferta de forragem durante a estação de baixa precipitação pluvial.

• Deficiência de assistência técnica, principalmente na adoção de tecnologias.

• Falta de análise sobre custo de produção de carne em diferentes sistemas.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 67


• Formas de financiamento adequados para o setor.

• Capacitação técnica e gerencial do produtor.

• Baixo nível de organização.

PROCESSAMENTO

Este segmento é responsável pelo processamento e transformação da carne produzida.

Há muita ociosidade nos estabelecimentos processadores de caprinos. Essa ociosidade está


relacionada, principalmente, com:

• Oferta sazonal de animais para abate.

• Baixa qualidade dos animais ofertados para o abate.

• Competição com o abate informal.

• Alto custo da logística, principalmente na coleta de animais para abate.

• Falta de uma legislação tributária adequada para instalações de indústrias frigoríficas.

• Inspeção sanitária com custos elevados.

• Deficiência de tecnologias para um melhor aproveitamento da carne caprina na confecção


de embutidos e produtos derivados.

COMERCIALIZAÇÃO

A comercialização de caprinos destinados ao abate, bem como da carne no Brasil, em


especial na região Nordeste, é caracterizada, na sua grande maioria, por um elevado grau de
informalidade.

68 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


O processo de comercialização começa na própria propriedade e nas feiras livres das cidades
do interior, por meio de agentes intermediários ou dos próprios produtores, e termina em
diferentes pontos de abate e de comercialização de carne, chegando até o consumidor final.

Um diagnóstico sucinto da distribuição de carne caprina no Brasil é:

• Predominância de transações de mercado (compra spot, com poucas estruturas contratu-


ais ou estritamente coordenadas). Quem quer ou precisa compra de quem tem, ao preço
do momento.

• Grande informalidade (Frigomato).

• Presença de intermediários, que transitam pelas propriedades rurais comprando animais


e levando-os para abate em qualquer lugar (alguns em abatedouros com SIF, o que lhes
permite comercializar legalmente no varejo), e entrega carne em açougues, feiras ou dire-
to a restaurantes e consumidores.

• Concorrência desleal entre frigoríficos legalmente estabelecidos e informais.

• Falta de fluxo de produtos entre os mercados estaduais.

• Existem poucos distribuidores especializados ou atacadistas do produto.

• O produto não está no grande varejo, apenas em casas de carne e alguns supermercados
regionais. Praticamente não existem contratos de distribuição.

• Alguns poucos produtores se especializaram no atendimento aos serviços de alimenta-


ção, em especial os restaurantes requintados das grandes cidades.

Um diagnóstico sucinto da industrialização de carne ovina e caprina no Brasil é:

• Carnes processadas oficialmente representam parcela ínfima do total distribuído e consu-


mido no país.

• A maioria dos processadores oficiais compra animais no mercado.

• O couro, em especial, poderia render faturamento adicional significativo, caso houvesse


escala e regularidade nos abates.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 69


• Novos frigoríficos estão sendo montados no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, na ten-
tativa de entrar nesse mercado promissor pela demanda crescente de produtos e carnes
ovinas e caprinas.

• Muitos criadores que investem na caprinovinocultura subcontratam os serviços de proces-


sadores e atuam diretamente no mercado de consumo.

PRODUTOS DA CAPRINOCULTURA

Leite e seus derivados


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

O leite de cabra é um líquido branco, puro, de odor e sabor especiais e agradáveis. O mau
cheiro, denominado hircino, é transmitido pelo bode quando está perto das cabras em lactação,
impregnando-as, além de transmiti-lo diretamente ao leite.

Apresenta ainda alta digestibilidade, em função do tamanho e dispersão dos glóbulos de


gordura, bem como das características de sua proteína (caseína).

70 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Os leites de cabra, de vaca e humano apresentam diferenças entre si, tanto na quantidade,
quanto na classe da proteína. O leite de cabra pode ser utilizado por crianças alérgicas ao leite
de vaca, ou pessoas que fazem tratamento quimioterápico, pois pode diminuir a queda dos
cabelos.

Tabela 4: Composição média do leite de cabra, de vaca e humano

Tipo de Leite Proteína Gordura Lactose Cinza Sólidos


(%) (%) (%) (%) (%)
Cabra 3,98 4,75 4,72 0,78 14,23
Vaca 3,40 3,70 4,90 0,72 12,70
Humano 1,00 4,30 7,40 0,18 12,90

Fonte: Woltschoon-Pombo e Furtado (1978), citado por Medeiros (2003)

Dentre os produtos lácteos industrializados, os mais frequentes são:

• Leite de cabra integral pasteurizado e/ou congelado (é mais difícil de desnatar do que o
leite de vaca).

• Alguns dos mais famosos e saborosos queijos do mundo, como: frescal, Boursin natural
ou com especiarias (alho, cebola, ervas); massa semidura como Moleson; massa semi-
mole como Chevrotin, Chabochou; Crotin, Saint Mauri, Piramide.

• Sorvetes com os mais variados sabores.

• Cosméticos: sabonetes, shampoos, condicionadores, cremes hidratantes.

• Leite de cabra em pó.

• Leite de cabra esterilizado.

• Leite de cabra UHT – Longa Vida.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 71


• Achocolatados.

• Manteiga (cor branca e não amarela, menos atraente ao consumidor).

• Iogurtes com sabores variados, tendo boa aceitação de mercado.

• Doces deliciosos.

No Brasil, a maior indústria compradora de leite de cabra é a Associação dos Criadores de


Ovinos e Caprinos do Sertão do Cabugi (ACOSC), no Rio Grande do Norte, com o programa
de inclusão na merenda escolar, organizando o agronegócio e trazendo benefícios nutricionais
e econômicos para população. Em seguida, temos a CAA e Queijaria Escola Nova Friburgo,
no Rio de Janeiro, Paulocapri, em São Paulo e o Instituto Cândido Tostes, em Minas Gerais.

O preço pago ao produtor pelo leite de cabra é maior do que o de vaca, variando no mundo
de 1,2 a 1,5 vezes, sendo que no Brasil essa correlação está em níveis mais altos, na ordem
de 2,1 a 2,6.

Tabela 5: Comparação do Valor Nutritivo entre o Leite de Cabra/Vaca/Búfala

Tipo de Calorias Em gramas Mineral (ml) Vitaminas

Leite Umidade Proteína Lipídios Ca P Fe B1 B2 B3 C


Cabra 92 83,6 3,9 6,2 190 129 0,2 0,06 0,019 0,3 1

Vaca 63 87,7 3,1 3,5 114 102 0,1 0,04 0,014 0,2 1

Búfala 115 81 5,2 8,7 210 101 0,1 0,04 0,016 0,1 1

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) – Estado Nacional de Despesa Familiar

72 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Assista e conheça mais sobre o leite de cabra: <http://www.youtube.com/watch?v=ee035jo1JiI&featu
re=related>.
É uma reportagem da TV Bahia/Rede Globo que aborda as características do leite de cabra com o
depoimento de técnicos sobre a caprinocultura leiteira.

Carne e seus derivados

Carne: a carne utilizada para comércio provém do abate de cabritinhos novos, que quanto mais
cedo, melhor. Tem valor nutritivo e é de fácil digestão.

Carne defumada e embutidos: produtos de ótima qualidade com sabor e odor agradáveis,
sendo bem aceito pelo mercado.

Peles

A produção de carne e a produção de peles de caprinos são atividades complementares. De


fato, a pele de boa qualidade pode agregar até 30% do valor do produto final (animal destinado
ao abate) pago ao produtor.

Utilizadas com ou sem pelos, onde serão empregadas na fabricação de sapatos, bolsas, luvas,
agasalhos, podendo ser curtidas como pergaminho, camurça ou pelicas.

O seu couro também atinge a fabricação de instrumentos musicais como cuícas, tambores,
pandeiros etc. São consideradas de alta qualidade e uma das melhores do mundo, sendo o
Brasil um grande exportador de pele caprina.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 73


Pelos

São utilizados na fabricação de pincéis, feltros, diversos tipos de tecidos, tapetes e escovas.
Produzidos principalmente por raças de pelos longos.

Esterco

Uma cabra adulta produz por ano, em média, 600 kg de esterco. Este esterco contém um valor
fertilizante equivalente a 36 kg de nitrato de sódio, 22 kg de superfosfato e 10 kg de cloreto de
potássio, além do aporte de nitrogênio, fósforo e potássio (N-P-K) oriundos da urina.

O esterco de cabra conceitua-se como um dos adubos mais ativos e concentrados,


demonstrando em suas experiências que 250 kg de esterco de cabra, deixados em terrenos
frios, produzem o mesmo efeito que 500 kg de esterco de vaca.

Você se sente apto a fazer um diagnóstico da cadeia produtiva de caprinos em sua região? Você de-
monstra para outras pessoas que trabalham com você a importância deste tipo de análise?

74 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


PRINCIPAIS RAÇAS DE CAPRINOS

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Embora haja controvérsias a respeito, parece que três foram os ancestrais da nossa cabra
doméstica (Capra hircus):

- Capra aegragus ou cabra bezoar, do ocidente da Ásia.

- Capra falconeri, mais do oriente, da Ásia e da Índia.

- Capra prisca de Adamentz, já extinta e que parece ser o tronco mais antigo.

É necessário um conhecimento das diferentes raças para se obter um melhoramento no


rebanho por meio das qualidades que cada uma apresenta. Existem as raças nativas e as
raças exóticas.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 75


Raças Exóticas

EUROPEIAS: são essencialmente leiteiras, precocidade reprodutivas, boa conversão alimentar


e maior produtividade leiteira.

Principais raças: Saanem, Alpina, Toggembourg e Alpina Britânica.

ASIÁTICAS: média e baixa produção leiteira, animais de maior porte.

Principais raças: Mambrina, Jamnapari, Bhuj, Bôer e Alpina Americana.

Raças Nativas

Também chamadas de crioulas, as cabras naturalizadas são descendentes das populações de


animais que chegaram ao Brasil na época da colonização e que desenvolveram características
peculiares por isolamento geográfico e seleção natural.

No período seco, quando o solo arde e a vegetação da caatinga perde as folhas, as cabras
crioulas do semiárido nordestino continuam formosas.

BRASILEIRAS: existem, pelo menos, cinco ecotipos crioulos no país: Canindé, Gurgueia,
Marota, Moxotó e Repartida. Destas, apenas a Canindé e a Moxotó são reconhecidas como
raças, possuem baixa produção leiteira, porte reduzido, perfeitamente adaptadas ao meio
ambiente, possuem pelos curtos, bem manejadas e alimentadas podem reproduzir durante o
ano todo.

Nas raças nacionais vamos destacar:

MOXOTÓ

O nome da raça é originário do vale do Moxotó, no estado do Pernambuco. Os animais


atingem 62 cm de altura. As fêmeas adultas pesam de 30 a 40 kg. A prolificidade é de 1,36 e

76 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


a mortalidade de animais com menos de 1 ano alcança 15,9%. Esses caprinos são bastante
rústicos, tendo como aptidão a produção de carne e pele.

CANINDÉ

Os animais são leves e de pequeno porte, medindo cerca de 60 cm de altura e pesando cerca
de 40 kg. A prolificidade varia de 1,29 a 1,43 e a mortalidade de 15,0% a 18,6% para animais
de até um ano. Para animais com essa idade o peso gira em torno de 15,7 kg.

Cabe ainda salientar que no Nordeste brasileiro há muito cruzamento aleatório, originando um
“sem-número” de animais sem raça definida (S.R.D.).

Nas raças estrangeiras podemos destacar:

BOER

O padrão da raça estipula a cor branca, com cabeça vermelha ou escura. São animais fortes
e apresentam estacionalidade reprodutiva. Este animal apresenta uma produção de leite
mediana, sendo que está mais especializado à produção de carne.

SAANEM

É talvez a raça leiteira mais famosa do mundo e tem contribuído para a formação e/ou
melhoramento de outras raças leiteiras. O peso vivo destes animais está ao redor de 50 e 75
kg.

COMO ESCOLHER O ANIMAL

O objetivo da maioria dos criadores é o retorno econômico da atividade. Assim, a conformação


funcional é indispensável, influenciando a vida produtiva e reprodutiva das cabras, com
reflexos no aumento de tempo de permanência no rebanho e diminuição na taxa de descarte
involuntário.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 77


O julgamento de animais pelo seu aspecto exterior sempre foi considerado uma mistura de
arte e ciência, mas a cada dia, muito mais voltado à ciência do que à arte. O estudo do exterior,
ou ezoognósia, é importante para:

• Selecionar os animais que serão mantidos no rebanho e os que serão


comercializados.

• Incrementar programas de melhoramento genético; escolher animais para participação


em exposições.

• Aquisição de animais, em que, na maioria das vezes, a avaliação da aparência é o único


recurso disponível para o comprador.

A maioria das cabras tem boas características a passar às futuras gerações, desde que se
utilizem cruzamentos direcionados.

APARÊNCIA GERAL

Para uma avaliação sobre a aparência geral do caprino, todas as partes devem ser
consideradas. O animal deve apresentar vigor; proporcionalidade entre as regiões do corpo,
com tipo e porte característicos.

No caso dos animais puros, devem-se observar as características da raça, como cor da
pelagem, tamanho, estrutura da fronte e das orelhas e outras peculiaridades.

APRUMOS

Define-se como aprumo a direção dos membros em toda a sua extensão ou de suas regiões
em particular, de forma a sustentar solidamente o corpo do animal e permitir seu deslocamento
fácil.

Devem ser fortes e adequadamente posicionados, livres de aumento de volume nas


articulações: considere-se que as pernas e os pés suportam o animal ao longo de sua vida e,

78 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


no caso da fêmea, ainda sustentam um úbere cheio de leite e durante a gestação, até 10 ou
12 kg adicionais.

SISTEMA DE CRIAÇÃO/MANEJO

É essencial ao controle do rebanho a identificação dos animais, pois assim o criador tem
informações individuais e seguras sobre cada animal.

Para a execução desta ação, usamos brincos ou chapas metálicas que podem ser usados
logo após o nascimento da cria ou piques a ou mossas, que são feitos nas orelhas quando os
animais possuem entre dois e três meses de idade. A tatuagem e marcação de ferro a fogo
são outras formas de marcação.

Só mediante anotações cuidadosamente efetuadas é que se torna possível conhecer com


precisão qual a atual situação: produtiva, reprodutiva e sanitária do rebanho.

CONTROLE SANITÁRIO

O controle sanitário é de fundamental importância para o bom andamento da criação.

É importante a limpeza e desinfecção das instalações, limpeza diária dos cochos e de vez
em quando passar a vassoura de fogo ou desinfetante, ao menos uma vez por ano. Também
deve-se trocar periodicamente a cama dos animais e o varrimento das baias deve ser diário.

A separação dos animais por faixa etária deve ser feita da seguinte maneira: de zero a
três meses, de três a dez meses, fêmeas secas, fêmeas em lactação, fêmeas gestantes,
reprodutores e machos jovens não castrados em baias individuais.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 79


MANEJO ALIMENTAR

Na exploração de caprinos, principalmente em sistemas extensivos, a alimentação básica é a


pastagem.

O bom desempenho produtivo dos caprinos é atribuído ao seu hábito alimentar: a capacidade
de aproveitar alimentos grosseiros e de baixo teor nutritivo.

A suplementação alimentar, notadamente na época crítica de escassez de alimentos, é uma


prática altamente viável, pois além de aumentar os índices produtivos do rebanho, contribuiu,
para diminuir a mortalidade, principalmente dos animais jovens. Nesta suplementação podem
ser usados os subprodutos da agricultura como restolho da cultura do milho, feijão, soja,
mandioca e casca seca de feijão.

MANEJO REPRODUTIVO

São requeridos conhecimentos básicos sobre relação e manejo de reprodutores e matrizes,


puberdade, peso e idade dos animais para uso em reprodução, ciclo estral, época adequada
para a estação de reprodução, sistemas de acasalamento, prenhes, partos e manejo das crias.

No manejo reprodutivo pode ser utilizada a monta natural, a monta controlada ou a inseminação
artificial.

Na monta natural as cabras são deixadas constantemente com os reprodutores, ocorrendo


coberturas durante todo o ano, sem controle.

Na monta controlada usam-se o rufião com as fêmeas nos piquetes e centros de manejo, três
rufiões para 100 fêmeas. As fêmeas que estiverem marcadas serão inseminadas ou cobertas.

Quanto à reprodução, as raças leiteiras mostram-se estacionais, apresentam cio apenas


quando o período de luz diário diminui, ao final e ao início do outono.

80 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


As fêmeas mestiças podem ciclar o ano todo e o ciclo estral é de aproximadamente 21 dias
com duração média de 36 horas. A gestação dura entre 140 e 160 dias.

As fêmeas leiteiras iniciam a vida reprodutiva por volta dos 7 meses de idade e quando
acasaladas precocemente podem apresentar problemas de parto, crias pequenas e fracas.

MANEJO DA ORDENHA

Para obtenção do leite de cabra isento de odor desagradável e de bactérias, com boas
condições de higiene, devemos manter as cabras distantes dos bodes e praticar a ordenha
higiênica.

A pasteurização do leite deve ser realizada imediatamente após a ordenha ou, no máximo, em
período não superior a 30 minutos após sua obtenção.

O leite de cabra pasteurizado deverá ser destinado ao consumo no estado fluido, devidamente
embalado e rotulado, deixando o estabelecimento beneficiador com a temperatura máxima de
4oC e alcançando o ponto de venda com a temperatura máxima de 7oC.

A industrialização do leite e seus derivados exige: instalações e equipamentos adequados,


constituição legal de firma e indústria; registro nos Serviços de Inspeção Sanitária, podendo
ser Federal (SIF), Estadual (SIE), ou Municipal (SIM), quando o município tiver legislação
específica para produtos de origem animal.

Assista e verifi que o cuidado com a ordenha: <http://www.youtube.com/watch?v=eDsQ4awT0lg&fea


ture=related>.
Você verá o teste de fundo preto e outras boas práticas agropecuárias recomendadas pela EMBRAPA,

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 81


além de acompanhar a ordenha mecânica e manual.

PLANEJAMENTO DO SISTEMA DE CRIAÇÃO

Sobre o tamanho das instalações, seja para o pastoreio ou alimentação no cocho, seja para o
descanso ou repouso noturno dos animais, o que se espera é que a área disponibilize espaço
apenas o suficiente para propiciar condições favoráveis ao desempenho dos animais. Áreas
em excesso elevam os custos sem trazerem maiores benefícios à eficiência da produção.

Curiosidades
A cabra é um animal naturalmente higiênico e se vir um homem cuspir no seu cocho ela não se ali-
menta mais ali.
A cabra, ao contrário da vaca, ao ser ordenhada não evacua e não urina.
O odor muitas vezes atribuído ao leite de cabra é na verdade característico de uma glândula que só o
bode reprodutor possui. Denominado odor hircino, tem a função de atrair a fêmea no cio. Para evitá-lo
basta manter as cabras em lactação distantes do bode para que o cheiro não seja assimilado pelo
leite.
O bode tem a maior concentração de testosterona entre os herbívoros. Provavelmente por isso a
população rural atribua aos produtos caprinos propriedades afrodisíacas.
É comum ouvir-se referência à propriedade embelezadora do leite de cabra. Parece que isto se deve
a relatos históricos que mencionam o fato de que Cleópatra se banhava com leite de cabra. No Brasil,
apenas nesta última década, passou-se a investir em caprinocultura com interesse comercial. Uma
legislação específi ca para produtos caprinos existe em poucos estados do país (Rio de Janeiro e São
Paulo).

82 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


As instalações são todas as construções cobertas, currais, saleiros, pedilúvios, cercas entre
outros. Devem ser adequadas à sua região e oferecer boas condições para fazer a limpeza e
manejo de sua criação.

Assista ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=16EFuWNVUMM>.


Neste clipe de apenas um minuto e meio você conhecerá os tipos de cochos e suas dimensões de
acordo com a categoria animal.

A construção de instalações dependerá do manejo, número de animais e tipo de exploração do


rebanho. Os rebanhos só justificam o custo das instalações quando contam com mais de 50
cabeças; rebanhos menores poderão ser manejados nas instalações de bovinos.

O principal investimento são as cercas, que servem para separar os animais, pasto, roçado e
propriedade, existindo vários tipos, entre eles: elétrica, tesoura, pau a pique, arame (utilizando
arame liso, pois o farpado danifica o couro do animal, tendo um espaçamento de 10 cm entre
si que vai do solo até o 4° fio, do 4° fio ao 6° com 15 cm de distância, do 7º ao 8° fio com
distância de 25 cm e o 9° fio fica a 30 cm de distância do 8° fio).

APRISCOS

Servem para proteger os animais contra chuva, ventos fortes, sereno, sol e dos predadores
como onça, carcará e até mesmo o homem, dar boas condições de higiene e facilitar os
trabalhos de manejo. Entre os tipos existentes, temos:

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 83


Suspensos com piso ripado: deve ter uma área de 80 cm2 a 1 m2 por animal, com altura de
80 cm a 1 m do chão e o piso ripado deve ter 1 cm entre uma ripa e outra, sendo ripas de 5
cm, facilitando a limpeza.

Chão batido: também usa uma área de 80 cm2 a 1 m2 por animal.

Atenção pessoal, é melhor sempre utilizarmos os suspensos para que o animal não fi que em contato
com fezes e urina que propagam vários problemas sanitários, principalmente nos cascos.

Baias por categoria

Para cabra gestante: área coberta com 1,5 m2 por animal.

Para reprodutores: área coberta com 2 m2 por animal com área descoberta de 3 m2.

Para cabritos: área coberta com 0,50 m2 por animal.

Para cabras lactantes: segundo o MAPA (2000), o aprisco deve dispor de área proporcional
ao número de cabras, recomendando-se 1,20 m2 de área útil por matriz. A dependência de
ordenha, exclusiva para essa finalidade, deverá estar afastada de fontes de mau cheiro e/ou
de construções que venham causar prejuízos à obtenção higiênica do leite.

ESCOLHA DO REBANHO

É a seleção dos melhores animais, dando maior importância ao ganho de peso e produção,
sabendo-se que quando o objetivo é uma produção especializada, aconselha-se o emprego
de raças puras, aperfeiçoadas ou até mesmo tipos especializados para a produção desejada,
havendo maior produtividade e homogeneidade dos produtos.

84 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


A eficiência produtiva da cabra pode ser medida por meio da produção de leite e do número
de crias por ano. O consumo de forragem por seis cabras, com produção média de 1,2 litros
de leite/dia, equivale ao de uma vaca com produção de 6 litros de leite/dia, ou seja, a produção
total é 15% maior, enquanto em termos de crias, as seis cabras podem ter até 21 cabritos em
dois anos, enquanto a vaca só produzirá no máximo duas crias.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade estudamos o agronegócio da caprinocultura no mundo e no Brasil e tomamos


conhecimento que a caprinocultura no Brasil poderá ser uma alternativa de desenvolvimento
econômico e social, capaz de reduzir a marginalização, principalmente nas áreas semiáridas
da Região Nordeste, constituindo-se em instrumento gerador de emprego e renda no campo.

Para que isto se torne realidade, é necessário que haja fortalecimento da cadeia produtiva,
com base no estabelecimento de uma política nacional para o setor, que possibilite o
desenvolvimento de polos de produção de caprinos e processamento da carne e produtos
derivados que tenham maior atração nos mercados interno e externo.

Estamos na metade da nossa caminhada, vamos recapitular o que vimos até aqui. Estudamos
as raças tanto nacionais como estrangeiras com suas características particulares, tais como:
aptidão, prolificidade entre outros. Aprendemos que é necessário um conhecimento das
diferentes raças para se obter um melhoramento no rebanho, por meio das qualidades que
cada uma apresenta.

Analisamos os sistemas de criação e manejo, discutimos o controle sanitário, o manejo


alimentar e reprodutivo dos animais, enfim, a tecnologia de produção dos ovinos e caprinos,
que é primordial na busca dos coeficientes técnicos para análise dos negócios.

Assista ao vídeo: <http://www.videolog.tv/video.php?id=166678>.


Neste vídeo do Globo Rural, você acompanhará em cerca de 10 minutos o Capril Serra de Andradas,
uma caprinocultura lucrativa em apenas 2,0 hectares, com depoimentos apontando quais as ações

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 85


necessárias para o sucesso do empreendimento.

Procure no site do SEBRAE Nacional tópicos relevantes relacionados ao negócio de caprinos: <www.
sebrae.com.br>.
Navegue pelas Associações de Criadores (<www.abcboer.com.br>, <www.capripaulo.com.br>) e
acesse os links:
<http://www.fmvz.unesp.br/Informativos/ovinos/capov.htm>.
<www.ovinocaprino.pr.gov.br>.
<www.caprilvirtual.com.br>.
<www.capritec.com.br>.

Não deixe de ler sobre o Estudo do MDIC/ARCO. O objetivo deste estudo foi o de analisar o fl u-
xo internacional da carne ovina e caprina e de seus subprodutos e identifi car oportunidades de ex-
portação para o sistema agroindustrial brasileiro. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/arquivos/
dwnl_1277995416.pdf>.

Caro aluno, a seguir você tem a atividade de autoestudo, não deixe de fazê-la!!!

Porém, só preencha após uma boa leitura de todo nosso texto, pesquisa nos sites recomendados
e ter assistido aos vídeos, assim saberá realmente qual foi o seu ganho de aprendizagem.

Não preencha voltando nos tópicos e apenas transferindo as respostas. Após concluídas as
atividades faça uma revisão dos tópicos abordados.

Mãos à obra!!!

86 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1. Os caprinos são animais fortes, resistentes, com grande rapidez de crescimento, de boa
conversão alimentar e adaptáveis a várias condições de clima, sendo explorados no mundo
inteiro. Assinale V (verdadeiro) e F (falso).

( ) Apesar do baixo nível tecnológico ainda presente em todo o processo produtivo, a


caprinocultura no Brasil, principalmente no Nordeste, tem apresentado configurações que
a coloca em uma posição privilegiada no cenário do agronegócio.

( ) Os investimentos em genética, alimentação, instalações, reprodução e sanidade do


rebanho, bem como na qualidade e no aproveitamento do leite de cabra, não conseguem
mudar a realidade da caprinocultura no País.

( ) Na China, o leite de cabra é um alimento nobre e bastante utilizado por pessoas de


todas as idades.

2. As perspectivas do agronegócio da caprinocultura no Brasil, em médio prazo, sinalizam


para um modelo em base empresarial com visão de mercado, porém é imprescindível a
união de esforços e um planejamento estratégico. Enumere a segunda coluna de acordo
com a primeira.
1. Pontos fracos ( ) Hábito de consumo incipiente.

2. Pontos fortes ( ) Apresentação e qualidade dos produtos.

3. Ameaças ( ) Cultura de produção de subsistência.

4. Oportunidades ( ) Produto de grande aceitação.

( ) Cadeias produtivas de outras carnes mais desenvolvidas.

( ) Existência de vários canais de distribuição.

( ) Clima e pastagens abundantes.

( ) Tecnologia disponível.
3. O leite de cabra é um líquido branco, puro, de sabor especial e odor desagradável, chama-
do de hircino.

( ) Certo ( ) Errado

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 87


4. É necessário um conhecimento das diferentes raças para se obter um melhoramento no
rebanho, por meio das qualidades que cada uma apresenta. Enumere a segunda coluna
de acordo com a primeira.

1. Saanem ( ) Especializado na produção de carne.

2. Canindé ( ) Leiteira mais famosa do mundo.

3. Bôer ( ) Teve origem em Pernambuco com produção de Carne e Pele.

4. Moxotó ( ) Animais leves e de pequeno porte.

5. O controle sanitário é de fundamental importância para o bom andamento da criação. O


ideal é prevenir doenças para ter uma atividade produtiva e lucrativa. Quais as três medi-
das recomendadas?

a) Divisão do rebanho, saneamento ambiental e construções em alvenaria.

b) Saneamento ambiental, raças rústicas e construções em alvenaria.

c) Divisão do rebanho, limpeza das instalações e medicação.

d) Limpeza das instalações, medicação e saneamento ambiental.

e) Divisão do rebanho, limpeza das instalações e saneamento ambiental.

6. A industrialização do leite e seus derivados exigem: instalações e equipamentos adequa-


dos, constituição legal de fi rma e indústria; registro nos Serviços de Inspeção Sanitária,
podendo ser Federal (SIF), Estadual (SIE), ou Municipal (SIM), quando o município tiver
legislação específi ca para produtos de origem animal.

( ) Certo ( ) Errado

CONSUMO DE CAPRINOS E OVINOS ESTÁ ABAIXO DA MÉDIA MUNDIAL


Luciano Batista – Canção Nova Notícias – SP
O Brasil é o 8º maior produtor de caprinos e ovinos do mundo. Mas o consumo médio deste tipo
de carne por parte dos brasileiros está bem abaixo de padrões internacionais. Segundo um le-
vantamento realizado pelo IBGE, o Brasil conta hoje com um rebanho de 16 milhões de ovi-
nos e 10,5 mil de caprinos. Este total classifi ca o país como sendo um dos maiores produtores
do mundo, mas este número ainda não é sufi ciente para atender a demanda interna do produto.

88 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


“Nós precisamos de uma política mais séria por parte do governo federal para
que haja mais incentivo para o consumo deste tipo de carne”, explica o presi-
dente da Associação Paulista dos Criadores de Caprinos, Alessandro Cornélio.
Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos a produção nacional está ava-
liada em 172 mil toneladas de carne por ano, muito abaixo das 204 mil toneladas consu-
midas anualmente pelo país. Só que este tipo de carne ainda é pouco difundida no país
e este problema é apontado pelos criadores como sendo a principal difi culdade para uma
maior comercialização no mercado interno.
O consumo médio per capita anual no Brasil é de 700 gramas de carne caprina e ovina, exatamente a
metade do que se consome no México. Enquanto isso os argentinos consomem 1,5 quilo do produto
por ano. Mas estes índices estão longe do que se consome, por exemplo, na Nova Zelândia onde
a média é de 4 quilos por habitante. “Nós sabemos destas difi culdades e da grande diferença entre
nós e os países campeões em consumo de carne ovina, mas mesmo assim temos notado que há um
aumento no consumo, principalmente nos últimos cinco anos”, explica o presidente da Aspaco, Márcio
Oliveira.
Numa feira que acontece em São Paulo está na quinta edição e já se tornou internacional devido a
sua importância e também pelo fato de que foi a primeira vez que os criadores de ovinos e caprinos
se reuniram para encontrarem melhores maneiras de difundir o produto. Com isso, o nosso rebanho
já está sendo respeitado no exterior. “Agora estamos nos unindo para fazermos a rastreabilidade do
nosso rebanho. Assim poderemos acompanhar cada animal, desde a fazenda até o local onde será
vendido e isso em qualquer parte do mundo”, esclarece o organizador da feira, Francisco Pastor.
E para quem ainda tem dúvidas sobre o sabor da carne ovina e caprina, foi montada uma cozinha
onde os convidados apreciam os pratos preparados por chefes internacionais. Um fi lé mignon de
cordeiro com shitake, fácil de preparar e com um gosto inigualável. O chef italiano que comanda o tra-
dicional restaurante do Terraço Itália, Geancarlo Marcheggiani diz que este tipo de carne está pronto
para competir com a carne bovina, apesar de ser mais gostosa. “Não tem segredos. Ela é muito macia
e fácil de preparar. É claro que vai depender do tempero que cada pessoa vai colocar, mas é uma
carne deliciosa”, comenta.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 89


UNIDADE III

CADEIA PRODUTIVA DA AQUICULTURA


Professor Me. José Sérgio Righetti

Objetivos de Aprendizagem

• Conhecer a evolução histórica da aquicultura.

• Avaliar as tendências e perspectivas da cadeia produtiva aquícola.

• Analisar as ameaças e oportunidades do negócio.

• Conhecer a cadeia produtiva aquícola.

• Aprimorar conhecimentos sobre as espécies cultivadas.

• Avaliar os sistemas de produção aplicados na aquicultura.

• Aprimorar conhecimentos sobre viveiros de produção e os fatores abióticos.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Aquicultura, definição e conceitos

• Piscicultura e seu mercado

• Tendências e perspectivas na aquicultura

• Cadeia produtiva Aquícola

• Espécies Cultivadas

• Fatores Abióticos

• Sistemas de Produção
• Legalização Ambiental

• Instalações na aquicultura

• Manejo
INTRODUÇÃO

Caro aluno, essa disciplina como parte do curso de Agronegócio engrandece a grade curricular
e particularmente me satisfaz, pois é minha área de trabalho e pesquisa.

A produção comercial de pescados, assim como qualquer outro agronegócio, necessita de


conhecimentos, tais como: mercado e fatores que interferem no desenvolvimento da atividade
e na produtividade dos diferentes sistemas de produção econômica.

É importante analisar alguns pontos para auxiliar a tomada de decisão por parte do futuro
empreendedor entre um e outro tipo de aquicultura.

Nesta unidade vamos analisar a cadeia produtiva da aquicultura, ou seja: como está
organizada, as estruturas de apoio e as características das espécies utilizadas principalmente
em piscicultura continental.

Para viabilizar o projeto de aquicultura e otimizar o empreendimento é necessário estar atento a


aspectos ligados ao seu local de implantação, tais como topografia, tipo de solo, a avaliação da
quantidade e qualidade da água que será destinada ao abastecimento dos viveiros e outro fator
que merece análise refere-se aos dados meteorológicos. Fatores ligados a investimentos, tipo
de projeto e acesso ao mercado também devem ser analisados, pois interferem diretamente
no sucesso do negócio.

Nesta parte de nosso trabalho vamos conhecer os fatores abióticos e avaliar os vários sistemas
de produção, tais como: intensivo, extensivo, semi-intensivo, tanque-rede entre outros, e ainda
vamos estudar sobre as instalações necessárias para um cultivo adequado em aquicultura.

Bom Estudo!

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 93


AQUICULTURA
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

A pesca extrativa é a retirada de organismos aquáticos da natureza sem seu prévio cultivo;
este tipo de atividade pode ocorrer em escala industrial ou artesanal, assim como acontecer
no mar ou no continente. Em função disso, a atividade extrativista tem sido controlada em boa
parte do planeta como tentativa de evitar desastres ecológicos mais significativos que os que
já se presencia atualmente.

Aquicultura é o processo de produção em cativeiro de organismos com habitat


predominantemente aquático, tais como peixes, camarões, rãs entre outras espécies.

Pode-se concluir que o negócio da aquicultura apresenta-se como uma atividade alternativa
à prática extrativista, que tem ultrapassado seus limites sustentáveis, e revela-se como uma
opção interessante para empreendedores de todos os portes.

A maior diferença entre a aquicultura e a pesca está na incerteza em relação ao produto final.
A atividade de pesca tem esta característica peculiar: o pescador ou a empresa de pesca não
têm garantias em relação à qualidade e à quantidade do que irão obter. Assim, a impossibilidade
de controle das variáveis que envolvem a pesca extrativa a tornam uma atividade incerta.

94 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Tipos de Aquicultura

Em função do local em que a produção acontece, a aquicultura pode caracterizar-se como


continental ou marinha. Esta última pode, ainda, ser subdividida em carcinicultura, militicultura,
ostreicultura, cultivo de algas e piscicultura.

Pode-se dizer que o maricultor tem a desvantagem de estar mais à mercê das incertezas da
natureza do que o aquicultor continental.

Carcinicultura (cultivo de camarões) – principal ramo da aquicultura marinha no Brasil.


Um dos setores da aquicultura de mais rápido crescimento na Ásia e na América Latina e,
recentemente, na África. Tem sido um bom investimento para alguns maricultores brasileiros,
apesar da complexidade no manuseio, principalmente no caso da criação em gaiolas, e do
impacto ambiental negativo deste tipo de sistema de criação.

Militicultura (mexilhões) e Ostreicultura (ostras) – a militicultura e a ostreicultura são citadas


em conjunto devido às características em comum (ambas são espécies filtradoras, por exemplo)
e há possibilidade de cultivo integrado. Ambas são bastante desenvolvidas no estado de Santa
Catarina, particularmente a ostreicultura.

Cultivo de algas – as algas marinhas cultivadas não contêm areia e lodo, como é o caso
daquelas coletadas em bancos de areia e outros locais onde são encontradas na natureza.
Seu preço de venda é bem superior ao que se obtém com a venda de algas não cultivadas.
As algas não são comercializadas apenas in natura; alguns maricultores produzem materiais
artesanais a partir delas, o que aumenta a rentabilidade do negócio. O cultivo de algas é muito
pequeno no Brasil, em termos de produção.

Piscicultura – a piscicultura é o ramo da aquicultura que cuida do cultivo de peixes. O Brasil


apresenta poucas experiências de piscicultura marinha, sendo que as pesquisas têm se
concentrado em poucas espécies, com destaque para tainha, robalo, linguado e peixe-rei. A
piscicultura marinha ainda é irrelevante no Brasil, em termos de produção.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 95


Os peixes e o camarão estão presentes tanto na aquicultura marinha como na aquicultura de
água doce. O principal produto da aquicultura marinha no Brasil é o camarão, entretanto, o
tamanho e a aceitação de mercado quanto aos dois tipos de camarões são muito diferentes;
a baixa aceitação do camarão de água doce, cuja cor, sabor e textura diferem muito das
características do camarão de água salgada, faz com que os peixes sejam, no Brasil, os
organismos típicos da aquicultura continental.

Tabela 6: Produção mundial de organismos aquáticos (em toneladas e em %) 2005

Fonte: elaborado pelo autor a partir de dados disponíveis na FAO (2007)

PISCICULTURA

Os egípcios já desenvolviam a piscicultura há mais de dois mil anos antes de Cristo, cultivamento
Tilápias em tanques ornamentais para o consumo em ocasiões especiais.

Os primeiros registros das atividades aquícolas na China remontam a 1.100 a.C. Apesar da
tradição milenar, o atual crescimento da aquicultura na China se deu a partir da década de
70, tendo sido responsável pela elevação, nos últimos 20 anos, do consumo de pescados que

96 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


passou de 10 Kg anuais por pessoa para os atuais 27,7 Kg. Atualmente, a China é o maior
produtor de peixes cultivados do mundo.

No Brasil, os primeiros registros de criação de peixes datam da década de 30, quando foram
feitas as experiências iniciais para obter a desova de espécies nativas em cativeiro. No entanto,
a piscicultura como atividade econômica é muito mais recente, embora o Brasil seja um dos
países com maior potencial hídrico em todo mundo.

Os primeiros empreendimentos em caráter comercial, na década de 80, esbarravam em toda


a sorte de problemas como o pouco conhecimento das técnicas de manejo, poucos trabalhos
de pesquisa, baixa qualidade genética dos alevinos que eram ofertados para os produtores e
a inexistência de rações nutricionalmente adequadas para atender às exigências específicas
das espécies cultivadas na época dentre outras.

As rações passaram a ser desenvolvidas especificamente para as espécies de peixe mais


cultivadas. Os pesquisadores em nutrição animal e as fábricas de ração passaram a se
preocupar com a qualidade e com a eficácia do produto na conversão em peso.

Na década de 90, também houve uma maior compreensão, por parte dos poderes públicos,
do potencial da atividade e da importância que ela teria nos anos seguintes dentro da pecuária
mundial.

Alguns especialistas em desenvolvimento econômico passaram a classificar a piscicultura


como a grande revolução na pecuária mundial nas décadas seguintes. Peter Drucker foi um
deles:
[...] novas e inesperadas indústrias vão surgir... e rapidamente. Uma delas já está entre
nós: a biotecnologia. Outra é a criação de peixes. Nos próximos 50 anos, a criação
de peixes pode nos transformar de caçadores e coletores marinhos em pecuaristas
aquícolas. Exatamente como há mais ou menos 10.000 anos atrás, uma inovação
semelhante transformou nossos ancestrais de caçadores e extrativistas em agricultores
e pastores [...] (Revista Exame março/2000).

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 97


De acordo com a FAO (Food and Agricultural Organization), um hectare cultivado com peixes
produz mais do que com qualquer outro animal. Enquanto os mamíferos dependem das
características do ar para sua respiração e manutenção da temperatura corpórea, o peixe
flutua na água, se locomove e regula sua temperatura interna com muito mais facilidade. Desta
forma, os peixes despendem pouca energia para a flutuação, locomoção e manutenção de sua
temperatura interna, o que lhes garante uma maior conversão da energia contida nos alimentos
que consomem em carne, alcançando uma altíssima produtividade. Por isso a aquicultura
assume importância cada vez maior no panorama do abastecimento alimentar mundial.

98 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Tabela 7: Produção estimada da aquicultura continental (peixes, crustáceos e moluscos)
segundo as regiões e unidades da federação – 2005

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 99


Tabela 8: Produção brasileira da aquicultura continental por região: principais
espécies (em ton.) – 2005

O fato é que, nos últimos anos, a atividade de criação de peixes em cativeiro vem realmente
experimentando um crescimento substancial no Brasil, acompanhando a tendência mundial de
aumento da oferta de pescado via cultivo.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

A produção brasileira de pescado, segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura (2010),


aumentou 25% nos últimos oito anos passando de 990.899 toneladas anuais para 1.240.813

100 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


no ano passado. Somente nos últimos dois anos, houve um crescimento de 15,7%, conforme
os dados estatísticos de 2008 e 2009, sendo que a aquicultura apresentou uma elevação
43,8%, passando de 289.050 toneladas/ano para 415.649 toneladas/ano. A produção da
pesca extrativa, tanto marítima quanto continental (rios, lagos) passou de 783.176 toneladas
para 825.164 toneladas/ano no mesmo período, um aumento em torno de 5,4%.

A aquicultura teve um papel de destaque no crescimento da produção de pescado no país.


Somente a piscicultura teve uma elevação de 60,2% em 2008 e 2009, na comparação com
2007. A criação de tilápia chegou a 132 mil toneladas/ano sendo o carro-chefe da produção
aquícola e representando 39% do total de pescado cultivado (MPA, 2010).

Outra espécie que também apresentou um crescimento significativo de produção foi o tambaqui,
que passou de 30.598 toneladas para 46.454 toneladas/ano. A produção de camarão,
apesar das dificuldades que este segmento enfrentou nos últimos anos, também apresentou
resultados importantes, mantendo-se em um patamar de cerca de 70 mil toneladas/ano no
período analisado (MPA, 2010).

Os estados pioneiros em explorar a piscicultura em caráter comercial, no Brasil, foram Paraná


e Santa Catarina. Porém, nos últimos dez anos, a atividade cresceu de forma regular e
consistente no Nordeste do país, principalmente na Bahia e no Ceará.

O Nordeste, de acordo com os dados de 2009, é a maior região produtora de pescado do


Brasil com 411 mil toneladas/ano, seguida da região Sul, com 316 mil/ano. A região Norte está
em terceiro lugar, com 263 mil toneladas, a Sudeste, com 177 mil e, por último, Centro-Oeste,
com 72 mil. Santa Catarina é a maior produtora entre os estados, com 207 mil toneladas/ano,
seguida do Pará, com 136 mil toneladas. A Bahia, com 119 mil toneladas, é a terceira maior
produtora nacional seguida de perto pelo Ceará, com 88 mil toneladas (MPA, 2010).

Entre as espécies que apresentaram maior crescimento está a sardinha, que chegou a 83 mil
toneladas capturadas no ano passado, sendo a espécie que mais vem sendo produzida no

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 101


país e a que melhor respondeu à política governamental de ordenamento da pesca. Em 2000,
a pesca da sardinha chegou apenas a 17 mil toneladas/ano quando, inclusive, levantou-se a
possibilidade de um colapso da espécie. Com a criação de dois períodos de defeso por ano,
a sardinha começou a apresentar uma recuperação dos estoques com crescimento médio de
27% ao ano (MPA, 2010).

Mas o país está muito longe dos grandes produtores mundiais de peixes cultivados, apesar do
potencial hídrico que possui, com 12% da água doce disponível do planeta, um litoral de mais
de oito mil quilômetros e ainda uma faixa marítima, ou seja, uma Zona Econômica Exclusiva
(ZEE) equivalente ao tamanho da Amazônia.

TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS NA AQUICULTURA

A criação de peixe em cativeiros é uma atividade que nos últimos anos tem apresentado grande
expansão mundial, assumindo grande importância socioeconômica em diversos países.

Apesar do ritmo acelerado de crescimento da produção mundial, a FAO estima que, até 2030,
o déficit de pescados deve crescer em 30 milhões de toneladas.

No Brasil, pela estagnação da pesca e pela crescente demanda, a piscicultura vem constituindo
uma grande alternativa para suprimento da demanda interna e externa. O Brasil será o único
país capaz de produzir o alimento de origem aquática de que o mundo precisará nos próximos
30 anos, declaração feita pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) das
Nações Unidas em 2006, na cidade de Nova Déli na Índia.

A aquicultura continua em franca expansão no Brasil e estima-se que seja da ordem de 80


milhões de toneladas o potencial da produção nacional de pescados. Se concretizada a
possibilidade o Brasil se tornará o maior produtor mundial, superando largamente a China com
suas 40 milhões de toneladas.

O mercado consumidor de peixes é pouco conhecido no Brasil. Salvo em relação ao mercado

102 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


do pescado enlatado, já firmado como indústria competente, porém os dados que se dispõem
são vagos.

É consenso entre os especialistas do setor que, além do potencial para produção, o Brasil
possui também um grande potencial de consumo para os produtos aquícolas.

Essa constatação está baseada em uma série de motivos, entre eles:

• O baixo consumo per capita atual por pescados registrado no Brasil, quando comparado
a outros países do mundo e mesmo da América Latina, indicando um elevado potencial a
ser explorado. Só para se ter uma ideia, se o consumo de pescados aumentar em apenas
1 kg por habitante por ano, o país precisaria produzir cerca de 170.000 toneladas a mais
para atender à demanda adicional. Seria quase impossível suprir este mercado apenas
com a pesca extrativa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo
anual de pescado de pelo menos 12 quilos por habitante/ano. O brasileiro ainda consome
abaixo disso. Entretanto, houve um crescimento de 6,46 kg para 9,03 kg por habitante/ano
entre 2003 e 2009.

• A tendência crescente de valorização e do aumento do consumo de alimentos mais sau-


dáveis e com menores teores de gordura saturada, com destaque para os pescados.

• A elevação da renda nas classes mais pobres, principalmente nos últimos dez anos.

VOCÊ SABIA:
• 70% do camarão marinho produzido no Brasil é exportado para os EUA, França, Espanha, Itália
e Holanda.
• Desde 1985, o consumo aparente de pescados é maior que a produção nacional (U$ 704 milhões
com compras externas em 2009).
• Foram fi rmados acordos e convênios para a implementação de polos de produção em tanques-
-rede. Nas represas de Itaipu e Furnas (produção de 4 milhões de toneladas), esta produção
poderá chegar a 15 milhões de toneladas com a produção dos reservatórios de Sobradinho,

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 103


Tucuruí e Três Marias, que estão também em fase de projetos.
• Dois grandes empreendimentos foram realizados, um em São Paulo e outro em Minas Gerais. O
Minas Ecofi sh, empreendimento para 90 mil kg/diários de produtos processados (Filé de Tilápia,
farinha, óleo, hambúrguer e nuggets).
• CEAGESP de São Paulo – maior entreposto de pescados da América Latina (75% do volume de
pescado do Brasil somente 6,5 % água doce).
• Desde 2004 o Brasil, conta com um programa de expansão das exportações de pescado. Este
programa procura divulgar os produtos (Camarão, Tilápia e os Nativos), participando e coorde-
nando eventos internacionais de degustação, rodadas de negócios, feiras e seminários.

Apesar da facilidade de cultivo e dos bons índices de desempenho, o crescimento efetivo do


mercado dependerá da superação de algumas barreiras que limitam o seu potencial, como: a
dificuldade de transportar o pescado às regiões mais distantes das regiões produtoras (costa e
grandes rios), em virtude da deficiência da estrutura de estocagem e distribuição, dificultando
bastante a logística de entrega.

Uma parte significativa dos peixes produzidos no país continua sendo comercializada
diretamente na propriedade, em uma transação que envolve produtor e consumidor final,
limitando bastante o seu alcance comercial.

No entanto, a demanda de Tilápias por frigoríficos, que antes processavam e distribuíam


apenas peixes de captura, vem crescendo bastante nos últimos anos; principalmente por três
razões:

• O hábito de consumo de Tilápias está se ampliando bastante no Brasil, em virtude do es-


forço realizado por produtores e entidades de fomento e apoio à piscicultura na promoção
de eventos de degustação e apresentação do peixe.

• Os estoques naturais de peixes de captura vêm diminuindo bastante em virtude da


sobrepesca.

• O Brasil é um dos países produtores de Tilápias que possui condições, em virtude da

104 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


localização, de exportar filés frescos do peixe para os Estados Unidos, país onde esse
produto é valorizado e bastante apreciado.

É fundamental para o sucesso do negócio que o empreendedor busque, antes de iniciar a


instalação do projeto, identificar os canais de comercialização para a sua produção, fazendo
uma pequena pesquisa para a identificação de pontos de venda (peixarias, supermercados
etc.), pontos de consumo (hotéis, restaurantes, bares e hospitais), distribuidores de pescado e
frigoríficos que possam vir a serem seus compradores, bem como estimar, mediante contatos
comerciais, a demanda dos mesmos.

Esse procedimento é importante, pois o ciclo de produção das Tilápias é curto e o produtor
pode se ver com a produção pronta para ser entregue e ter dificuldade para vendê-la, apesar
da existência da demanda. Estocar Tilápias em pontos de abate nos tanques-rede, comendo
ração por muito tempo, poderá causar prejuízos ao piscicultor.

Vamos ver alguns pontos negativos e positivos da atividade do agronegócio.

Pontos Negativos

• Produto oferecido de forma inconsistente e com qualidade duvidosa.

• Produtos pouco processados e, portanto, pouco práticos.

• Prática de preços elevados em relação às fontes tradicionais de proteínas.

• Produção, industrialização e distribuição desconexas.

• Falta o hábito de consumo de pescado à população.

Pontos Positivos

• Há carência de proteínas de qualidade para a população.

• A população está se expandindo e, automaticamente, a demanda de alimentos.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 105


• A população busca alimentos mais saudáveis para atender às necessidades da vida mo-
derna, aumentando a demanda por alimentos como a carne de peixes.

CADEIA PRODUTIVA AQUÍCOLA

A cadeia produtiva da aquicultura é basicamente formada pelo setor de suporte técnico e


infraestrutura operacional produtiva e de beneficiamento e comercialização.

No segmento de produção de insumos, o maior destaque é para o parque fabril de rações.


Sendo a ração 80% do custo de produção dos pescados e a mesma tem seu preço atrelado
ao Dólar.

Os setores de beneficiamento, distribuição e comercialização de pescado são considerados o


calcanhar de Aquiles da aquicultura.

Ainda segundo vários estudos, o principal gargalo de nossa aquicultura é o desconhecimento


de dados sobre a produção de pescados do Brasil, englobada aqui aquela derivada da
piscicultura continental, tanto em volume quanto em valor comercial; não sabemos quanto
produzimos, logo nossas análises de mercado ficam prejudicadas.

Para que a aquicultura brasileira possa se desenvolver como agroindústria, há necessidade


imediata de uma política desenvolvimentista na área, na forma de:

• Reconhecimento da atividade de aquicultura como uma atividade agropecuária, e não


ambientalista.

• Projetos regionalizados de difusão de informação e transferência de tecnologia.

• Programas educacionais e mercadológicos que visem aumentar o consumo per capita de


peixe no país.

• Demonstração da viabilidade econômica dos sistemas de piscicultura intensiva.

106 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


• Estabelecimento de um sistema de coleta, tabulação e interpretação de dados estatísticos
de produção e processamento de peixes criados em cativeiro.

• Adequação de preços para produtores e consumidores.

• Adequação da legislação de uso da terra e da água às características únicas da piscicul-


tura.

INSUMOS BÁSICOS

PRODUÇÃO

Instalação do Cultivo T
L R
E A
I Povoamento N
S S
P
Engorda O
P
O R
L Despesca e Abate T
Í E
T
I PROCESSAMENTO I
C N
A Limpeza e Classificação F
S O
R
R Pesagem M
E A
G Ç
U Embalagem Õ
L E
A Congelamento Rápido S
M
E A
N Estocagem P
T O
O I
S COMERCIALIZAÇÃO O

Distribuição

Atacado/Varejo

Figura 5: Modelo de Cadeia Produtiva Aquícola


Fonte: SEBRAE (2008)

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 107


RAÇAS/ESPÉCIES PARA CULTIVO

PISCICULTURA
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Para que uma espécie de peixe seja considerada adequada para cultivo, deve possuir algumas
características, entre elas:

• A espécie deve ser facilmente propagável: natural ou artificialmente.

• Apresentar bom crescimento em condições de cativeiro e ser resistente ao manejo e às


enfermidades mais comuns.

• Ter hábito alimentar onívoro, herbívoro, iliófago, detritívoro, fitoplantófago, zooplantófago


ou plantófago.

• Se a espécie for carnívora, ela deverá ser de alto valor comercial e aceitar alimento não
vivo, de preferência ração extrusada.

A seguir, vamos verificar algumas espécies que são cultivadas economicamente na região.

108 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


PACU

Desenvolve-se melhor em temperaturas entre 20/30 graus, mas resiste bem a temperaturas
abaixo de 20 graus. É onívoro, pode se alimentar de frutas, sementes, grãos, pequenos
moluscos, crustáceos, insetos e também com ração com 22% a 30% de proteínas. Só se
reproduz em cativeiro com indução artificial. Sua carne é muito saborosa, podendo apresentar
acúmulo de gordura se receber alimentos muito ricos em proteína. Nos policultivos deve ser a
espécie principal. Quando cultivado com as carpas, come as nadadeiras das mesmas. Peso
no primeiro ano, 1,0 a 1,2 kg, peso que pode ser encontrado na natureza, 20 kg. Utilização da
espécie, pesca esportiva, consumo da carne-costela ou bandas.

Observações:

Quando submetidos a condições de baixos níveis de oxigênio dissolvido, os peixes redondos


expandem o lábio inferior, o que permite maior eficiência de captação de oxigênio e os torna
resistentes a condições adversas de qualidade da água.

Em tanques-rede, deve-se trabalhar com baixa densidade e com estruturas de médio a grande
volume (>25m³).

Pacus cultivados em raceways de alvenaria apresentam inúmeros problemas de perdas de


escama e, consequentemente, incidência de bactérias.

CARPA

De origem asiática, cultivada praticamente em todo o mundo, possui qualidades importantes


para produção em viveiros, como resistência a doenças, facilidade de manejo e reprodução.
Em algumas regiões do Brasil, seu sabor e aparência não são bem aceitos pelos consumidores.
As variedades mais cultivadas são: carpa escama, espelho, cabeçuda, capim e carpa colorida,
sendo esta última mais apreciada para fins decorativos. Possuem hábitos alimentares
bentófago e onívoro, ou seja, alimentam-se de preferência de pequenos vermes, minhocas

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 109


e moluscos que vivem no fundo dos tanques e se adaptam bem aos mais diferentes tipos de
alimentos. As carpas apresentam crescimento rápido, atingindo facilmente 1,5 kg em um ano.
Podem ser utilizadas em policultivo, se reproduzem em viveiros apresentando uma desova por
ano. Se fizer a reprodução artificial, pode ser feito mais de duas desovas por ano.

TILÁPIA

É um peixe que se reproduz com muita facilidade, mesmo em tanques. É um peixe africano muito
rústico e de carne saborosa. Possui hábito alimentar planctófago e detritívoro, alimentando-se,
em primeiro lugar, do plâncton e em menor proporção de detritos orgânicos, aceita bem rações
artificiais. Atinge cerca de 600 gramas no período de 6 a 8 meses de cultivo. A maior restrição
ao seu cultivo é sua reprodução precoce sendo, portanto, utilizados alevinos revertidos.

Assista ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=L49oAkyTZn0&feature=related>.


Neste vídeo, você conhecerá a Tilápia do Nilo, diferenciando a Tilápia do Nilo de outras Tilápias,
apresentando suas características e dando dicas de como começar a criação. Porém, devemos ter o
cuidado de adquirir os alevinos ou peixes em alevinagens credenciadas e fi scalizadas pelas Secreta-
rias Estaduais de Agricultura e Abastecimento.

PINTADO

Encontrado frequentemente nas bacias do rio Paraguai-Uruguai e São Francisco, apresenta


ótima aceitação no mercado devido à excelente palatabilidade e ausência de espinhos
intramusculares em sua carne. O maior desafio está sendo a sua alimentação em cativeiro,
devido ao alto custo, porém com bom retorno em conversão alimentar.

110 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Observações:

Devido ao hábito noturno do pintado, peixes entre 5 e 50g devem ser


alimentados no período noturno e em períodos de baixa luz (06h00min e 18h00min).
Pintados alimentados com ração comercial devem ser classificados semanalmente até
atingirem o peso de 50g para reduzir perdas por canibalismo.

Assista ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=XpDAIuQC58k&feature=related>.


Neste vídeo da Record Rural realizado em uma fazenda de produção de Pintado no Mato Grosso do
Sul, você conhecerá a rotina na produção de Pintado e a importância da pesquisa e da sustentabili-
dade social e ambiental.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 111


CARCINICULTURA

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Duas espécies de camarão cultivadas predominam no mercado internacional, com cerca


de 70% do volume ofertado: Penaeus monodon, no Oriente, e o Litopenaeus vannamei, no
Ocidente.

As principais espécies são as seguintes:

O Tigre Asiático (Penaeus monodon), espécie cultivada em quase todos os países da Ásia,
exceto Japão e China, atualmente, com 56% da produção mundial cultivada.

O Camarão Cinza do Ocidente (Litopenaeus vannamei), atualmente cultivada em todos os


países produtores do Ocidente.

A carcinicultura brasileira explora exclusivamente esta espécie, que participa com 16% da
produção mundial de camarão cultivado.

Os Camarões Brancos da Ásia (Farfantepenaeus merguiensis e Feneropenaeus indicus),


nativos do Oceano Índico, vêm sendo cultivados mais extensivamente nas Filipinas e na Índia
e participam com 17% da produção mundial.

112 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


O Camarão Branco da China (Farfanfepenaeus chinensis ou orientalis), espécie originária da
Península Coreana e da costa da China e participa com 6% da produção cultivada mundial.

O Camarão Azul Ocidental (Litopenaeus stylirostris) é uma espécie nativa da costa sul-
americana do Pacífico, participa com 4% da produção mundial de camarão confinado.

O Camarão Kuruma Japonês (Marsupenaeus japonicus), nativo do Oceano Índico e da


parte oriental sul do Pacífico, é cultivado no Japão e na Austrália, representa 1% da produção
confinada mundial.

Tabela 9: Principais espécies de camarões na pesca extrativa marinha

Assista ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=OnVKKtm76p8&feature=related>.


Neste vídeo, você vai conhecer o projeto de cultivo do Camarão Rosa no Rio Grande do Sul, onde
mostra que a sobrevivência de muitas famílias de pescadores está no cultivo destes organismos
aquáticos, com capacitação e integração com as universidades.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 113


A produção mundial de camarões de água doce do gênero Macrobrachium é um dos setores
da aquicultura que mais cresce no mundo, tendo aumentado mais de 1300% na última
década. A produção está embasada em duas espécies: Macrobrachium rosenbergii (60%) e
Macrobrachium nipponense (38%).

Assista ao vídeo e conheça mais sobre o Camarão de Água Doce: <http://www.youtube.com/


watch?v=7vW-8Iecs24&feature=related>.
Você terá à disposição do Centro de Produções Técnicas cursos sobre Cultivo de Camarões de Água
Doce. Neste pequeno clipe, você poderá visualizar as etapas de produção e informações sobre o
custo e principais países produtores.

OSTREICULTURA
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Duas espécies de ostras são cultivadas no Brasil:

114 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Crassostrea gigas

Ostra japonesa que tem um rápido crescimento, mas requer temperaturas mais baixas, máximo
280C e melhor abaixo de 240C, é indicada para o Sul do Brasil. Esta espécie é cultivada em
lanternas fixas em long-lines em baías do litoral. Não é indicada para regiões estuarinas de
mangue. Não se reproduz no ambiente, só em laboratório.

Crassostrea rhizophorae

Ostra nativa do Brasil, com uma distribuição ao longo de todo litoral e predominantemente
no Norte e Nordeste em regiões de mangue. O cultivo dessa espécie é recomendado em
travesseiros.

As sementes da ostra Crassostrea gigas podem ser obtidas na Universidade Federal de


Santa Catarina, que a partir da reprodução em laboratório, fornece também a ostra nativa
Crassostrea rhizophorae, porém em menor escala. As sementes podem ser obtidas também
diretamente do ambiente utilizando coletores artificiais, como telhas ou garrafas PET de 2 litros
(sem fundo). Estes artefatos são banhados em uma solução de cal, gesso e areia fina, para
que as sementes possam fixar-se e serem facilmente retiradas. É muito importante se atentar
para o período da desova, que geralmente ocorre na primavera.

As sementes de um centímetro são retiradas dos coletores uma a uma e colocadas em


travesseiros de 4mm. Cada travesseiro deve acomodar 6000 unidades.

FATORES ABIÓTICOS

São os fatores do meio (sem vida) em que vivem os organismos, ou seja, da água e que
geram efeitos sobre a vida destes organismos. Discutiremos alguns fatores importantes para
o sucesso do negócio.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 115


TEMPERATURA

É um dos fatores que afetam o desenvolvimento do peixe na reprodução e principalmente na


alimentação. Os peixes são pecilotérmicos, isto é, a temperatura do seu corpo é influenciada
pelo ambiente, pois não possuem mecanismos que regulam a temperatura corporal como os
mamíferos.

TRANSPARÊNCIA

Esta é uma medida diretamente relacionada com a quantidade de matéria orgânica, plâncton,
matérias em suspensão decorrentes das chuvas etc. A transparência ideal é de 40 a 60
centímetros. Para medir usa-se o disco de Secchi.

OXIGÊNIO DISSOLVIDO (O.D.)

O oxigênio é o gás mais importante para os peixes. As fontes de O2 são a atmosfera e a


fotossíntese. Sua quantidade deve ser suficiente e, para tanto, deve lançar mão de areadores,
filtros biológicos e vazão da água.

POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (pH)

O pH é definido como uma medida de acidez ou alcalinidade. Os peixes geralmente vivem em


pH na faixa de 5,0 a 9,5 mas o ideal é de 7,0 a 8,0 (neutro ou ligeiramente alcalino).

116 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Assista ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=xptf4IiI7cs>.
Neste vídeo da TVEpagri, você conhecerá um pouco da piscicultura Catarinense, acompanhando os
depoimentos dos técnicos e verifi cando a importância da tecnologia e pesquisa na atividade.

SISTEMAS DE PRODUÇÃO

PISCICULTURA

Os peixes podem ser produzidos em vários sistemas e regimes de produção, classificados de


acordo com a intensidade de estocagem, das práticas de manejo e do uso de insumos, como
sistema extensivo, sistema semi-intensivo, sistema intensivo e sistema superintensivo.

Sistema Extensivo

A intervenção do homem praticamente inexiste, tem como características principais a


alimentação natural, sem qualquer manejo de fertilização ou alimentação dos peixes.
Densidade de estocagem menor que 2.000 peixes/ha, sem monitoramento da qualidade de
água, e viveiros sem planejamento (com dimensões variadas).

Sistema Semi-intensivo

É o mais difundido no mundo e no Brasil, atinge 95% da atividade, caracterizado por alimentação
natural e suplementar, densidade de estocagem de 5.000 a 20.000 peixes/ha, monitoramento
parcial da qualidade de água, tendo a adição de fertilizantes químicos e orgânicos para
alta produção de alimento natural (ficto e zooplancton) como fonte de alimento principal. A

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 117


reposição da água perdida por evaporação e infiltração, sem que haja renovação, garantirá
a disposição de nutrientes, pois a renovação acarreta perda de nutrientes, provocando nova
adubação, que gera custos.

Sistema Intensivo

Neste sistema, a principal fonte de alimentação são rações balanceadas, apresentando


produtividades superiores a 12500 kg/ha/safra e há uma troca diária do volume de água acima
de 10% e utilização de aeradores.

Sistema Superintensivo

Neste sistema os peixes são estocados em alta densidade e ocorre alta renovação de água nos
tanques, que garante para o peixe o suficiente de oxigênio dissolvido e elimina excrementos.
Aqui a densidade de estocagem não é considerada por metro quadrado e sim biomassa por
metro cúbico. A ração deve ser nutricionalmente completa e ter estabilidade na água, pois é a
principal fonte de alimento. Exemplos: raceway, fábrica de peixe e tanques-rede.

Raceway: é o nome dado aos tanques com alto fluxo de água (renovação d’água induzida,
com volume superior a 50% do volume total inundado), que podem ser circulares, retangulares
ou de outras formas e onde é utilizada uma grande densidade de estocagem de peixes por m3.
Uso de equipamentos para oxigenação da água.

Assista ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=_hMw37Q8Utk&feature=related>.


Neste vídeo da TV Globo, Pequenas Empresas Grandes Negócios, é apresentada a Fábrica de Pei-
xes, ou seja, a produção em ambiente controlado e reservatórios com lonas e recirculação da água.

118 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Tanques-rede: são gaiolas feitas de tela, na forma retangular ou circular, abertas no topo e
flutuante. O sistema de criação em tanques-rede proporciona boa flexibilidade à aquicultura
de água doce, também é facilmente aplicável à aquicultura marinha (um homem pode cuidar
de até 35 gaiolas).

Vantagens:

• Os tanques-rede podem ser utilizados em diversos cursos d’agua como: remansos gran-
des, reservatórios públicos, lagos dentre outros.

• Devido à alta densidade de estocagem, fi ca facilitada a observação dos animais e uma


intervenção imediata.

• A despesca é mais simples e rápida.

• O investimento inicial é 30% a 40% menor que no convencional.

Desvantagens:

• Os custos com ração serão maiores, pois a contribuição de alimentação natural está total-
mente descartada.

• Por causa da alta densidade, os peixes fi cam susceptíveis a doenças e a ferimentos.

• Requer mais cuidado e profi ssionalismo devido às enfermidades e concentração da pro-


dução.

Assista ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=yRuBaTwxMeM>.


Neste vídeo da TV Globo, você acompanhará os depoimentos sobre a criação em tanques-rede em
águas públicas no norte do Paraná. Mostra as vantagens do tanque-rede em relação ao tanque es-
cavado.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 119


CARCINICULTURA

A criação de camarões de água doce baseia-se principalmente na espécie Macrobrachium


rosenbergii (camarão da Malásia). Os sistemas de criação adotados na carcinicultura de água
doce são o monofásico, bifásico e trifásico.

Suas principais características são:

• Sistema monofásico (baixa tecnologia): caracterizado por apenas um tipo de viveiro, de


terra, usado na recria. Os viveiros são povoados com pós-larvas recém-metamorfosea-
das, na proporção que varia entre 8 a 10 pós-larvas/m². O ciclo tem duração média de 6
meses sem qualquer transferência. A sua produtividade fica entre 1.000 a 1.500 kg/ha/
ano.

• Sistema bifásico (média tecnologia): trata-se da manutenção das pós-larvas recém-meta-


morfoseadas em viveiros-berçário, também de terra. As pós-larvas permanecem nestes
berçários durante aproximadamente dois meses, em densidades que variam de 70 a 200
pós-larvas/m². Em seguida, os juvenis com peso médio de aproximadamente 2,0g são
transferidos para os viveiros de engorda. Ali permanecem por mais quatro meses aproxi-
madamente, em densidades de 8 a 10 juvenis/m², sendo despescados com peso médio
de 25 a 30g. Tal sistema permite alcançar produtividades próximas de 2.000 kg/ha/ano.

• Sistema trifásico (alta tecnologia): semelhante ao anterior, diferindo apenas pela conside-
ração de uma fase inicial realizada em berçários primários. Neles, as pós-larvas recém-
-metamorfoseadas são estocadas em altas densidades (4 a 8 pós-larvas/litro) em tanques
de concreto, alvenaria, fibra de vidro. Esta fase tem duração de 15 a 20 dias; seus orga-
nismos com peso médio de 0,05 g são transferidos para os berçários secundários, seguin-
do o manejo descrito no sistema bifásico. As produtividades neste sistema regulam-se
entre 2.500 a 3.000kg/ha/ano, mas em um futuro próximo estima-se que as tecnologias
disponíveis permitirão atingir produtividade de até 9.000 kg/ha/ano.

120 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


OSTREICULTURA

As pequenas larvas procuram um suporte que lhes convêm para se fixar. A coletora preparada
cuidadosamente pelo ostreicultor tem várias finalidades: serve de suporte, abrigo e proteção
dos predadores naturais. Existem várias formas e meios de coletores. Eles são posicionados
com o apoio de balsas próprias e colocados ao longo dos bancos de engorda e expostos às
correntezas da maré. Cada passo deste processo tem época apropriada. A temperatura da
água, a salinidade, a oxigenação, os ventos, as chuvas fazem avançar ou recuar o ciclo de
vida da ostra. O cuidado diário, as condições ambientais favoráveis e a pureza das águas são
os fatores que influenciam no sucesso do empreendimento.

Depois de fixar as larvas posicionadas em coletores, as ostras alcançam um tamanho de 2 a 4


centímetros em um prazo de seis a oito meses. Isto quer dizer que neste período já cresceram
200 vezes o tamanho inicial de nascença. Durante o crescimento das ostras, há necessidade
de ocupação de novos espaços. As larvas estão sendo depreendidas dos coletores e ocorre
uma troca manual para ocupar espaços mais amplos em outros coletores.

É onde se dá o processo de engorda que ocorre em um prazo de dezoito a vinte meses de


vida. A engorda ocorre em coletores tipo bandeja, colocados sobre mesas, protegendo as
ostras e expondo-as aos altos e baixos da maré.

As correntes dos canais são águas ricas em plâncton, a fonte de alimento natural da ostra.

A salinidade do mar, a natureza do fundo dos manguezais, as variedades dos plânctons que
fornecem o sabor particular da ostra é o que a diferencia em cada região. As ostras criadas
nas águas mistas e puras têm um sabor suave e levemente doce, destacando uma posição
favorável para uso na gastronomia. A comparação se dá com o produto da ostreicultura
proveniente dos estados do sul do Brasil, onde a criação ocorre em mar aberto de elevada
salinidade, uma condição ambiental que lhes confere um gosto mais acentuado.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 121


Assista ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=f7Q8S1y7Mpo&feature=related>.
E acompanhe a criação de ostras em Santa Catarina, onde há necessidade de muito esforço físico,
produção de resíduos e alto gasto com água e a proposta da EPAGRI com difusão de uma nova tec-
nologia de produção, ou seja, sistema de produção contínua.
Assista também ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=nTiNvZ2B7gM&feature=related>.
E conheça a experiência do cultivo de ostra no estado do Paraná e como produzir a semente em
laboratório.

O POLICULTIVO

O policultivo consiste na criação simultânea de duas ou mais espécies aquáticas em um


mesmo viveiro com o objetivo de maximizar a produção, utilizando organismos com diferentes
hábitos alimentares e distribuição espacial. Representa a eficiente ocupação do espaço físico
e dos diferentes nichos alimentares dos viveiros.

No policultivo, os organismos cultivados ocupam diferentes nichos ecológicos em um mesmo


ambiente proporcionando um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis, da área e,
consequentemente, o aumento de produtividade. A combinação de diferentes espécies de
peixes pode contribuir para melhorar as condições ambientais pelo aumento na disponibilidade
de recursos alimentares e da oxigenação da água. A compreensão destas relações torna-se
uma ferramenta essencial ao manejo do policultivo e a maximização da produção de peixes.

O policultivo está fundamentado na composição das espécies, no ciclo de produção da matéria


orgânica no viveiro, na produtividade natural e nas principais etapas do metabolismo aquático.
A densidade de cada espécie está baseada na melhor utilização do alimento e proporcional
à alimentação suplementar oferecida. Devem-se utilizar espécies com diferentes hábitos

122 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


alimentares, mesma faixa de tolerância à temperatura, com idade, tamanho e crescimento
similares para cada espécie.

O SISTEMA DE CONSÓRCIO

Consórcio é a produção de pelo menos um organismo aquático em associação com organismos


terrestres, que podem ser animais ou vegetais. O consórcio dos camarões de água doce com
arroz é uma atividade extremamente promissora que vem sendo realizada na Ásia. No Brasil,
temos o consórcio da Tilápia com arroz.

Diversas etapas preliminares devem ser cumpridas antes de iniciar a construção dos viveiros.
A seleção da área, as consultas aos órgãos ambientais e reguladores, o levantamento
topográfico (planialtimétrico), o dimensionamento e o estudo da distribuição (“layout”) dos
viveiros e das estruturas hidráulicas e a obtenção das autorizações (ambientais e legais) para
a implantação do projeto.

Qual a tecnologia utilizada pela maioria dos piscicultores de sua região? Você se sente valorizado com
os conhecimentos que obteve com este curso?

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 123


LEGALIZAÇÃO AMBIENTAL
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Em razão da utilização de recursos naturais como solo e água, a aquicultura racional está
sujeita a uma legislação específica destinada à preservação dos rios e nascentes, solos e
florestas (Resolução SEMA n° 31 de 24 de agosto de 1998 – artigos de 88 a 95).

O empreendedor aquícola deverá respeitar a área de preservação permanente (APP ou Mata


Ciliar) e a área de reserva legal (20% da área com cobertura vegetal de porte arbóreo, no caso
do Paraná).

Para a construção de viveiros no estado do Paraná o produtor deverá, inicialmente, mediante


a apresentação de um projeto técnico (CREA – ART), solicitar junto à antiga SUDERHSA
(Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental), hoje
Instituto das Águas do Paraná, e ao IAP (Instituto Ambiental do Paraná) a outorga para uso da
água e o Licenciamento Ambiental, respectivamente.

124 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


As restrições ambientais exigem o controle ou o tratamento dos efluentes e a adoção de
medidas para evitar o escape de peixes.

INSTALAÇÕES

VIVEIROS

Devem ser planejados. Usam-se máquinas para escavar, acertar a declividade para que possa
proporcionar o total escoamento da água e facilitar a despesca.

Não há uma regra única a ser seguida para estabelecer o tamanho dos viveiros para as
diferentes fases de cultivo. Isto depende tanto da topografia, do formato e tamanho do terreno,
como da escala e plano de produção.

Nas áreas mais rasas, os viveiros devem ter uma profundidade de água de pelo menos
1,0 m, de forma a evitar o fácil desenvolvimento de plantas aquáticas e algas filamentosas,
que podem dificultar o acesso dos peixes ao alimento, prejudicar as colheitas e ocasionar
problemas na qualidade da água. As áreas mais profundas dos viveiros devem ter entre 1,5 e
2,5 m. Profundidades acima de 3,0 m devem ser evitadas.

Você sabia que em muitos casos de infi ltração conseguimos impermeabilizar o fundo do viveiro com
compactação e utilização de esterco de suínos!?

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 125


SISTEMA DE ABASTECIMENTO E DRENAGEM DA ÁGUA

Nas pisciculturas, o suprimento e a distribuição de água são feitos por gravidade, por
bombeamento, ou combinando essas duas possibilidades.

Abastecimento por gravidade – usado em locais onde a fonte de água, geralmente uma
represa ou uma nascente, está em uma cota ou nível acima da cota da água dos viveiros. A
distribuição da água aos viveiros é feita mediante canais abertos ou por tubulação.

Abastecimento por bombeamento – empregado quando a fonte de água está em uma cota
ou nível abaixo da cota ou nível da água dos viveiros. Esse sistema de abastecimento é muito
comum quando se utiliza água de poços, de rios ou de represas com nível abaixo do nível da
água nos viveiros. A distribuição da água é feita por tubulação pressurizada pela bomba até a
entrada dos viveiros.

O ideal é contar com abastecimento e distribuição de água por gravidade, reduzindo o custo
operacional (por não demandar energia elétrica ou combustível) e o risco de falhas no sistema
com a quebra de bombas ou falta de energia. No entanto, o abastecimento por gravidade nem
sempre é possível.

Monges e cachimbos – as estruturas mais comumente utilizadas para o controle do nível e o


esvaziamento dos viveiros são os monges e os cachimbos.

126 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Figura 6: Monge
Fonte: Silva (s/f)

Caro aluno, é interessante que você saiba como calcular a vazão de um córrego pelo método
do flutuador, pois a disponibilidade da vazão é determinante na produção.

Vamos ver como proceder:

Primeiramente delimita-se um trecho homogêneo do córrego, medindo sua extensão,


profundidade e larguras, tanto do fundo como da lâmina de água.

Depois se solta o flutuador alguns metros antes da marcação do início do trecho delimitado,
anotando o tempo gasto pelo flutuador do marco inicial do trecho até o final.

Considerando o trecho de 10 metros e que o flutuador tenha consumido 10 segundos para


chegar ao ponto final do trecho delimitado, sendo que o cronômetro tenha sido disparado
quando o flutuador passou pelo ponto que marcava o início do trecho, tem-se que a velocidade
do flutuador foi de 1 metro por segundo (10 metros percorridos em 10 segundos), ou seja:

V = Distância Percorrida/Tempo consumido

V = 10 metros/10 segundos

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 127


V = 1m/s

Portanto, a velocidade da água é a mesma do flutuador, assim 1 m/s.

Considerando que a lâmina de água da superfície era de 2 metros (largura do córrego) e no


fundo o córrego tinha 50 centímetros de largura e uma profundidade de 80 centímetros, temos
que calcular a área da secção do córrego. Por definição geométrica isto é um trapézio e a área
de um trapézio é calculada multiplicando a média das larguras pela altura, ou seja:

L+L/2

(2,0m + 0,50m)/2 = 2,5m/2

Portanto, lado com comprimento médio de 1,25 m.

Multiplicando-se pela altura de 0,8 m, tem-se a área da secção:

A=L+L x h
2

Assim, calculamos:

A = 1,25m x 0,80m

A= 1,0 m2

Portanto, a área de secção deste córrego é 1,0 metro quadrado.

A vazão é calculada multiplicando-se a velocidade da água pela área da secção do córrego,


ou seja:

Q = V x A Q = 1m/s x 1 m² Q = 1 m³/s

Ou seja, um metro cúbico por segundo ou 1.000 litros por segundo.

128 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


MANEJO

O manejo é o conjunto de práticas utilizadas para a exploração do cultivo. O bom cumprimento


das técnicas de manejo se traduz, inevitavelmente, em maior rentabilidade no empreendimento.

Das técnicas de manejo do cultivo de peixes fazem parte a preparação dos viveiros, o
condicionamento e transporte dos primeiros alevinos, o povoamento dos tanques, alimentação,
e despesca.

Dentre os diversos aspectos relacionados à piscicultura, aqueles envolvidos com a alimentação


vêm sendo amplamente discutidos, principalmente por representarem cerca de 70% dos custos
de produção em sistema de cultivo intensivo.

É importante o conhecimento dos hábitos alimentares dos peixes para a adequação da ração
a ser fornecida. O hábito alimentar nos fornece uma ideia das necessidades nutricionais de
cada espécie.

O manejo alimentar, portanto, deve levar em consideração os hábitos do animal, o sistema de


cultivo, a produtividade natural, as condições climáticas, o manuseio do alimento entre outros
aspectos.

O objetivo de alimentar os peixes é prover a eles de forma econômica uma nutrição adequada
para o seu crescimento e perfeito desenvolvimento. Para isto, devem ser utilizados alimentos de
qualidade e nas quantidades corretas, além de empregar técnicas de alimentação apropriadas.

O método mais utilizado para estabelecer a quantidade de alimento a ser administrado é a


biometria quinzenal ou mensal. Ela consiste na captura de uma amostra aleatória da população
de peixes estocados. Normalmente, adota-se como parâmetro o conceito de “biomassa”, que
é traduzido pelo número estimado de peixes existentes no tanque multiplicado pelo seu peso
médio.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 129


A oferta diária de ração está diretamente relacionada com a biomassa e a temperatura da
água, sendo recomendado administrar cerca de 4% do peso vivo ao dia.

Exemplo: (cultivo intensivo de Pacu)

Taxa de estocagem – 1 peixe m2

Área do viveiro – 2.500 m2

Peso médio do peixe da amostra – 200 gramas

Quantidade de ração – 4% da biomassa

Então, tem-se:

2.500 peixes x 0,2 kg = 500 kg de biomassa

500 kg x 0,04=20 kg de ração diária, ou:

10 kg de ração pôr refeição (2x ao dia).

Por viverem em meio aquático, os peixes têm problemas de perda de nutrientes, principalmente
os mais solúveis. Sendo assim, o processamento adequado da ração é fundamental na
alimentação dos animais.

As formas físicas nas quais pode se fornecer a ração aos peixes é:

• Ração farelada: os ingredientes da ração são apenas moídos e misturados. Sua utilização
não é recomendada, uma vez que as perdas de nutrientes são muito grandes, causando
não só problemas aos peixes, como a poluição da água dos tanques. Utilizada somente
para alevinos.

• Ração peletizada: por meio da combinação de umidade, calor e pressão, as partículas


menores são aglomeradas, dando origem a partículas maiores. Sua estabilidade na su-
perfície da água deve estar em torno de 15 minutos, o que garante sua qualidade.

130 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


• Ração extrusada: a extrusão consiste em um processo de cozimento em alta temperatura,
pressão e umidade controlada. Sua estabilidade na superfície da água é de cerca de 12
horas, tornando o manejo alimentar com este tipo de ração mais fácil. Atualmente, tem
sido a forma de ração mais indicada para a piscicultura.

Existem duas maneiras de se fornecer a ração aos peixes: manualmente ou pelo uso de
comedouros automáticos. O fornecimento manual é interessante para manter um contato
visual com os peixes no tanque. Podem-se observar, por exemplo, possíveis problemas de
saúde dos animais, porém requer maior mão de obra, quando comparado ao sistema de
comedouros automáticos.

DESPESCA

A despesca é a operação de retirada dos peixes dos viveiros quando eles atingem o tamanho
e o peso ideais à comercialização e consumo. Ela pode ser feita de forma total ou parcial.

Dependendo do destino dos animais, a captura e o transporte precisam ser feitos com cuidado
para não traumatizar os peixes, se empregados para reprodutores.

Quero compartilhar uma ótima notícia!


Os autores disponibilizaram uma cópia escaneada do Livro “Piscicultura - Fundamentos e Técnicas de
Manejo”. A edição é de 1998, do Antonio Ostrensky e Walter Boeger, pela Livraria e Editora Agropecu-
ária. Apesar de ter mais de 10 anos, ainda está bem atual.
O livro está esgotado há muito tempo. Mas é excelente! Discorre sobre manejo e você pode fazer o
download pelo link:
<http://projetopacu.wordpress.com/2011/02/02/surpresa-boa-novo-livro-para-download/>.
Ou abra-o diretamente no Issu.com:
<http://issuu.com/alinebrun/docs/livro_-_piscicultura>.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 131


Faça um ótimo uso dele!

Você sabia:
Que alevinos são as formas jovens dos peixes?
Que as fontes de alimentos naturais podem ser classifi cadas em:
• FITOPLÂNCTON: pequenas plantas em suspensão na água (algas).
• ZOOPLANCTON: pequenos animais em suspensão na água (microcrustáceos).
• BENTON: animais que vivem no lodo do fundo (caramujos, vermes).
• SEDIMENTO ORGÂNICO: excrementos e restos de plantas e animais mortos (lodo).
• PLANTAS AQUÁTICAS: localizadas no fundo, no talude, na superfície (aguapés).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, você estudou a cadeia produtiva aquícola e avaliamos algumas espécies
comerciais em sua produção e sistema de comercialização, tais como o Pintado, a Tilápia, o
Pacu dentre outros, verificamos seus hábitos alimentares, habitat para desenvolvimento ótimo
e muito mais.

Discutimos também os sistemas de criação e os fatores abióticos, tais como: temperatura,


transparência, oxigênio dissolvido (OD) dentre outros. Os sistemas extensivos, semi-intensivo,
intensivo, superintensivo no cultivo de peixes e sistemas para produção de camarão. Vimos,
ainda, como construir os viveiros, povoamento e as vantagens e desvantagens dos tanques
-rede.

Além disso, aprendemos que é imprescindível que a decisão por uma ou por outra técnica leve
em conta o mercado que se pretende atender. E que é necessário intensificar os trabalhos
de repasse de conhecimento relativo a aspectos legais, mercado, gestão e produção de um
empreendimento de aquicultura, ampliando as possibilidades e dando condições para que os
micros, pequenos e médios empreendedores se insiram na atividade com um nível maior de

132 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


sustentabilidade econômica.

Como nas unidades anteriores, a seguir você tem a atividade de autoestudo desta unidade,
não deixe de fazê-la!!!

Da mesma maneira que você procedeu nas outras unidades, só preencha após uma boa
leitura de todo nosso texto, pesquisa nos sites recomendados e ter assistido aos vídeos, assim
saberá realmente qual foi o seu ganho de aprendizagem.

Não preencha voltando nos tópicos e apenas transferindo as respostas. Após concluídas as
atividades faça uma revisão dos tópicos abordados.

Para saber mais sobre a piscicultura, acesse os links abaixo, de algumas entidades do setor:
<www.riodocepiscicultura.com.br>.
<www.pisciculturaxvdenovembro.com.br>.
<www.aquabel.com.br>.
<www.beraqua.com.br>.

Conheça o plano safra das águas 2011 – 2012 – PLANO SAFRA DAS ÁGUAS PESCA E AQUICUL-
TURA do MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA disponível no link:
<http://www.bb.com.br/docs/pub/inst/dwn/planosafrafi nalpeq.pdf>.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 133


ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1. Aquicultura é o processo de produção em cativeiro de organismos com habitat predomi-
nantemente aquático, tais como peixes, camarões, rãs entre outras espécies. Assinale V
(verdadeiro) e F (falso).

( ) Um organismo comum entre as duas aquiculturas é o camarão, presente tanto na


aquicultura marinha como na aquicultura de água doce.

( ) O Brasil apresenta muitas experiências de piscicultura marinha, sendo que as pesqui-


sas têm se concentrado em muitas espécies, com destaque para tainha, robalo e linguado.

( ) O Brasil, país com maior potencial hídrico em todo mundo, é o maior produtor de peixes
cultivados do mundo.

2. Em função do local em que a produção acontece, a aquicultura pode caracterizar-se como


continental ou marinha. Esta última pode, ainda, ser subdividida em carcinicultura, militi-
cultura, ostreicultura, cultivo de algas e piscicultura. Enumere a segunda coluna de acordo
com a primeira.

1. Carcinicultura ( ) Cultivo de ostras.


2. Militicultura ( ) Cultivo de camarões.
3. Ostreicultura ( ) Cultivo de peixes.
4. Piscicultura ( ) Cultivo de mexilhões.

3. É fundamental para o sucesso do negócio, que o empreendedor busque, antes de iniciar


a instalação do projeto de aquicultura, identificar os canais de comercialização para a sua
produção.

( ) Certo ( ) Errado

4. Os peixes podem ser produzidos em vários sistemas e regimes de produção, classificados


de acordo com a intensidade de estocagem, das práticas de manejo e do uso de insumos.
Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira.

1. Extensivo ( ) É o mais difundido no mundo e no Brasil.


2. Semi-intensivo ( ) A densidade de estocagem não é considerada por metro
3. Intensivo quadrado e sim biomassa por metro cúbico.
4. Superintensivo ( ) Densidade de estocagem menor que 2.000 peixes/ha.
( ) A principal fonte de alimentação são rações balanceadas.

134 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


5. Em razão da utilização de recursos naturais como solo e água, a aquicultura racional está
sujeita a uma legislação específi ca destinada à preservação dos rios e nascentes, solos e
fl orestas. Quais as duas áreas na empresa rural que o projeto deverá respeitar?

a) Sede e pastagem.

b) Mata Ciliar e sede.

c) Reserva Legal e área de preservação permanente.

d) Reserva Legal e carreadores.

e) Carreadores e sede.

6. Por viverem em meio aquático, os peixes têm problemas de perda de nutrientes, principal-
mente os mais solúveis. Sendo assim, o processamento adequado da ração é fundamental
na alimentação dos animais, sendo mais indicada a ração extrusada.

( ) Certo ( ) Errado

A Piscicultura Poderá Suplantar em Breve a Pecuária como Fonte de Alimento


Por Lester R. Brown*
A produção da aquicultura, que cresceu a uma taxa de 11 porcento ao ano durante a última década,
é o setor de maior desenvolvimento na economia alimentícia mundial. Aumentando de 13 milhões de
toneladas de peixes produzidos em 1990, para 31 milhões de toneladas em 1998, a piscicultura está
a ponto de ultrapassar a pecuária como fonte de alimentos, até o fi m desta década.
Este crescimento recorde da aquicultura sinaliza uma mudança fundamental em nossa dieta. Durante
o último século, o mundo dependeu quase que exclusivamente de dois sistemas naturais – pesqueiros
oceânicos e pastagens – para satisfazer a demanda cada vez maior de proteína animal, mas esta era
aproxima-se do fi m quando ambos os sistemas atingem seus limites produtivos. Entre 1950 e 1990, a
produção de carne bovina – quatro quintos de pastagens – quase que triplicou, aumentando de 19 mi-
lhões para 53 milhões de toneladas, antes de se estabilizar. Enquanto isto, o pescado oceânico cres-
ceu de 19 milhões para 86 milhões de toneladas, mais que o quádruplo, antes de se estabilizar. Desde
1990, tem havido pouco crescimento, tanto na produção da carne bovina quanto na pesca oceânica.
A produção adicional de carne bovina ou frutos do mar depende hoje de um maior confi namento de
gado ou de mais peixes em lagoas. Neste momento, a efi cácia com que o gado e o peixe transformam
os grãos em proteínas passa a determinar as tendências de produção e, consequentemente, nossas

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 135


dietas. O gado requer cerca de 7 quilos de grãos para 1 quilo de peso vivo, enquanto o peixe pode
ganhar um quilo de peso vivo com menos de 2 quilos de grãos. A escassez da água também preocu-
pa, pois são necessárias 1.000 toneladas de água para produzir 1 tonelada de grãos. Entretanto, a
vantagem da piscicultura na eficiência da conversão de grãos representa uma vantagem comparativa
também na eficiência hídrica, mesmo quando a quantidade relativamente pequena de água para as
lagoas de peixe é incluída. Num mundo com escassez de terra e água, a vantagem das lagoas de
peixes, em comparação ao confinamento do gado para a produção de proteína animal de baixo custo,
é mais do que evidente.
Contrariamente à produção da carne, que se concentra nos países industrializados, cerca de 85 por-
cento da piscicultura é desenvolvida nos países em desenvolvimento. A China, onde a piscicultura
teve início há mais de 3.000 anos, foi responsável por 21 milhões de toneladas das 31 milhões de
toneladas da produção da aquicultura mundial, em 1958. A Índia ocupa um segundo lugar distante,
com 2 milhões de toneladas. Outros países em desenvolvimento com setores prósperos de aquicultu-
ra incluem Bangladesh, Indonésia e Tailândia.
Entre os países industrializados, o Japão, Estados Unidos e Noruega são os líderes. A produção do
Japão, de 800.000 toneladas, consiste de espécies de alto valor, como mexilhões, ostras e olho-de-
-boi. A produção dos Estados Unidos, de 450.000 toneladas, compõe-se principalmente de lampreias.
Na Noruega, suas 400.000 toneladas são, na maioria, salmões.
Com o incremento da sobrepesca, os países em desenvolvimento estão se voltando à piscicultura
para satisfazer seu apetite cada vez maior por frutos do mar devido, em grande parte, ao fato da opção
oceânica não ser hoje tão acessível para eles como foi, no passado, para os países industrializados.
Por exemplo, à medida que a pressão populacional sobre a terra se intensificou no Japão, ao longo do
tempo, este país voltou-se aos oceanos para sua proteína animal, utilizando a pouca terra para cultivar
arroz. Hoje, os 125 milhões de habitantes do Japão consomem aproximadamente 10 milhões de tone-
ladas de frutos do mar, a cada ano. Caso os 1,25 bilhões de chineses se alimentassem de frutos do
mar no mesmo ritmo, necessitariam de 100 milhões de toneladas – ou seja, todo o pescado mundial.
Embora pelo menos 220 espécies de peixes, moluscos e crustáceos sejam cultivadas comercial-
mente, cerca de uma dúzia dominam a produção mundial. Entre os peixes, cinco espécies de carpa
– todos cultivadas largamente na China – lideram, com uma produção estimada de 11 milhões de
toneladas em 1998, mais de um terço da produção da aquicultura mundial. Entre os moluscos, a ostra
japonesa – cerca de 3,4 milhões de toneladas (inclusive a concha) – predomina, seguida do molusco
Yesso e do mexilhão azul.
Na China, os peixes são cultivados principalmente em lagoas, lagos, represas e arrozais. Cerca de
5 milhões de hectares de terra são dedicados exclusivamente à piscicultura e em grande parte à
policultura da carpa. Além disso, 1,7 milhões de hectares de arrozais são utilizados para a produção
conjunta de arroz e peixes.
Ao longo do tempo, a China desenvolveu uma policultura pesqueira, utilizando quatro tipos de carpas
que se alimentam em níveis diferentes da cadeia alimentícia. A carpa prateada e a carpa cabeçuda se
alimentam de fitoplâncton e zooplâncton, respectivamente. A carpa capim, como seu nome indica, se
alimenta principalmente de vegetação, enquanto a carpa comum se alimenta dos detritos, sedimenta-
dos no fundo. A maior parte da aquicultura chinesa está integrada à agricultura, permitindo aos agricul-
tores utilizarem dejetos agrícolas, como esterco de porco, para fertilizar as lagoas, estimulando desta

136 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


forma o desenvolvimento do plâncton. Esta policultura, que incrementa a produtividade por hectare
em pelo menos a metade, em comparação à monocultura, também predomina na aquicultura da Índia.
À medida que a terra e a água escasseiam, os piscicultores chineses intensificam a produção, através
de maior quantidade de concentrados de grãos para elevar a produtividade das lagoas. Entre 1990
e 1996, os agricultores chineses aumentaram a produtividade anual das lagoas, de 2,4 toneladas de
peixe para 4,1 toneladas, por hectare.
Nos Estados Unidos, a lampreia, que requer apenas 1,6 quilos de alimento para adquirir 1 quilo de
peso vivo, é o produto líder da aquicultura. Com a produção norte-americana de lampreias no ano
passado, de cerca de 270.000 toneladas, ou quase 1 quilo para cada americano, o consumo norte-
-americano de lampreias excedeu o de carneiro. A produção de lampreia dos Estados Unidos está
concentrada em quatro estados: Mississipi, Louisiana, Alabama e Arkansas. O Mississipi, com cerca
de 45.000 hectares de lagoas de lampreias e 60 porcento da produção americana, é a capital mundial
da lampreia.
Entre as espécies aquáticas amplamente cultivadas, duas particularmente causam o maior estrago
ambiental – o salmão, com uma produção de 700.000 toneladas por ano e o camarão, com 1.100.000
toneladas anuais. O salmão é cultivado principalmente nos países industrializados, especialmente na
Noruega, para consumo nesses países. O camarão, contrariamente, é cultivado nos países em de-
senvolvimento, particularmente na Tailândia, Equador e Indonésia, e exportados para as sociedades
mais afluentes.
O salmão, um peixe carnívoro, é alimentado basicamente com farelo de anchova, arenque e restos
da industrialização do peixe. Num contraste gritante à produção de espécies herbívoras, como a
carpa e a lampreia, que aliviam a pressão sobre os pesqueiros oceânicos, a produção do salmão na
realidade intensifica a pressão, pois requer até 5 toneladas de pescado para cada tonelada de salmão
produzida.
Outra preocupação é que se o salmão, que é cultivado para um crescimento rápido e não para so-
breviver à solta, escapar dos cercados em consequência de danos por tempestades ou ataques de
predadores, como as focas, pode se acasalar com o salmão silvestre, enfraquecendo a capacidade de
sobrevivência deste. Os peixes cultivados em gaiolas “offshore” ou cercados, como o salmão, também
concentram grandes quantidades de resíduos, o que por si só representa uma problema de manejo.
Por exemplo, os desejos produzidos pelo salmão cultivado na Noruega é aproximadamente igual ao
esgoto produzido pelos 4 milhões de habitantes da Noruega.
A produção do camarão frequentemente requer o desmatamento de manguezais costeiros que pro-
tegem os litorais e que servem como viveiros para os peixes locais. A destruição de manguezais
pode causar um declínio de pesqueiros locais que, na realidade, superará os ganhos da produção de
camarões, levando a uma perda líquida de proteína. Além disto, uma vez que as rações do camarão
também são altas em farinha de peixe, o camarão, como o salmão, pressiona ainda mais os pesquei-
ros oceânicos.
Um mundo que está chegando ao limite em pesqueiros oceânicos e pastagens e, ao mesmo tempo,
acrescentando 80 milhões de pessoas a cada ano à sua população, necessita de novas fontes efi-
cientes de proteína animal. As espécies herbívoras de peixe, como carpas cultivadas em policulturas,
carpas cultivadas juntamente ao arroz, ou lampreias cultivadas em lagoas, proporcionam uma forma

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 137


altamente efi ciente de expansão do suprimento de proteína animal para um mundo com fome de
proteínas. A piscicultura não é uma solução para o problema alimentício mundial porém, como a China
demonstrou, proporciona uma fonte potencial de proteína animal de baixo custo para populações de
baixa renda. As forças que transformaram a aquicultura na fonte mundial de proteína animal de maior
crescimento durante a última década, provavelmente a tornarão a fonte de crescimento mais acelera-
do também nesta década.
Lester Brown* é formado em ciências agrícolas com mestrado em economia agrícola e administração
pública. Já atuou como analista e assessor de órgãos do governo americano na área de agricultura
até fundar o WorldWatch em 1974. É autor de quase duas dezenas de livros, além de revistas e publi-
cações anuais como o State of The Word, editado em várias línguas e que se tornou uma espécie de
bíblia do movimento ambiental internacional.
Disponível em: <http://www.imoveisvirtuais.com.br/ctapiscicultura.htm>. Acesso em: 15 fev. 2011.

138 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


UNIDADE IV

CADEIA PRODUTIVA DA ESTRUTIOCULTURA


Professor Me. José Sérgio Righetti

Objetivos de Aprendizagem

• Conhecer o histórico comercial dos avestruzes.

• Avaliar suas raças e espécies.

• Avaliar os produtos da estrutiocultura.

• Verificar a produtividade dos animais.

• Conhecer as normativas para início do negócio.

• Identificar as fases da criação.

• Reconhecer alguns cuidados com a criação.

• Conhecer os procedimentos de manejo.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Panorama da Estrutiocultura

• Raças/espécies

• Produtos

• Produtividade

• Registro de Criadouro

• Fases da Criação

• Instalação e Manejo
INTRODUÇÃO

Nesta fase do nosso trabalho iniciaremos nossa incursão ao mundo das ratitas, ou seja,
especificamente das vestruzes. A criação comercial de avestruzes tem sido tema de inúmeras
reportagens nas mídias impressas, televisivas e na internet, e já são mais de 140 anos desde
a implantação do primeiro criatório comercial na África do Sul. Primeiramente, vamos fazer um
breve histórico e conhecer suas raças e espécies.

A criação de avestruz é chamada de estrutiocultura e a procura pelos produtos deste animal


(carne, couro e plumas) cresce a cada dia no mercado mundial, e a atual produção ainda está
longe de atender a demanda.

Antes de iniciar a criação de avestruz são necessários certos cuidados, que vão desde a
escolha de qual segmento da cadeia será seguido até a escolha da área a ser utilizada,
passando pela compra das aves e maquinários, manejo, clima, mão de obra, controle sanitário
entre outros. Cada segmento da atividade tem suas peculiaridades de acordo com a fase de
desenvolvimento do animal, da produção e normativas estabelecidas.

Bom Estudo!

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 141


PANORAMA DA ESTRUTIOCULTURA

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Acredita-se que em 5.500 a.C. tenha ocorrido o primeiro contato de um humano com o avestruz.
Arqueólogos encontraram ovos de avestruzes vazios que eram utilizados como reservatórios
de água pelas civilizações antigas, pinturas em rocha descrevendo um avestruz no Saara,
nas tumbas da pirâmide do Faraó Tutankamon foram encontrados vários leques e adornos
confeccionados com plumas de avestruzes e em citações bíblicas (Livro de Jô – cap. 39) são
feitas referências sobre os avestruzes, e há relatos de comércio intenso na Era Egípcia, Assíria
e Babilônica de penas de avestruzes.

A África do Sul é o berço mundial da criação comercial de avestruzes, com objetivo inicial
voltado para a produção de plumas, sendo que em 1913 as plumas do avestruz se encontravam
em quarto lugar no ranking de suas exportações depois do ouro, diamantes e lã.

Atualmente na África do Sul, há dois tipos diferentes de exploração de avestruz: para a produção
de penas e para a produção de carne e couro, sendo a carne e o couro responsáveis por 85%
do faturamento da indústria de avestruzes. As aves, na sua maioria criadas confinadas, são
abatidas entre os 12 aos 14 meses de idade. São poucas as fazendas que realizam todas
as etapas de produção, do ovo ao abate. Cerca de 50 a 120 mil avestruzes são abatidos
anualmente para a obtenção de carne, couro, produtos secundários e penas. Estes dados,

142 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


relativamente baixos, indicam que um número significativo de aves é mantido para a produção
de penas.

A África do Sul mantém uma venda regular de penas de avestruz. As melhores são exportadas
para a Europa e América, enquanto as penas menores são usadas na fabricação de
espanadores. Nos EUA estão sendo usadas também pela indústria automobilística, para a
limpeza do carro antes da pintura, e pelos fabricantes de computadores, em virtude das suas
propriedades de atrair as partículas de poeira.

Existem dez espécies de aves ratitas atuais: o avestruz (Struthlo camelus) da África e Arábia,
duas espécies de emas (Rhea americana e Pterocnemia pennata) da América do Sul, o emu
(Dromaius novaehollandiae) das planícies da Austrália, três espécies de casuares (Casuarius
bennetti, C. casuarius, C. unappendiculatus) da Austrália, Nova Guiné e ilhas vizinhas, e três
espécies de kiwis (Apterix haastii, A. owenil, A australis) da Nova Zelândia.

O recente interesse econômico despertado no mercado internacional pelos produtos originados


na criação comercial de avestruzes, particularmente nos últimos quinze anos em nosso país,
suscita a indagação: “Criação de Avestruzes – moda ou tendência?”.

Tais animais se adaptam bem a vários tipos de clima, são resistentes a doenças, possuem
grande expectativa de vida (60 anos), iniciam sua atividade reprodutiva precocemente, são
bastante dóceis e facilmente domesticáveis. Tais características, aliadas ao fato de possuírem
carne saborosa e magra, couro resistente e plumas muito bonitas; permitiram que se tornassem
animais muito visados para a criação comercial. Tal atividade, denominada estrutiocultura,
iniciou-se em nosso país no ano de 1995.

Os Estados Unidos começaram a se interessar pela estrutiocultura, com a possibilidade de


obter carne vermelha com baixos índices de gordura e colesterol, aproveitando do couro e
plumas.

A reestruturação do mercado agroalimentar ocorrida nas últimas décadas desencadeou

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 143


mudanças nos hábitos alimentares de consumo da população, com crescente procura por
produtos de alta qualidade nutricional e investimentos pesados em marketing agroindustrial
que desencadearam a procura por produtos da estrutiocultura.

Embora o avestruz seja uma ave, o suporte alimentar básico em sua dieta natural é dado pelo
consumo de fibras vegetais nas pastagens, assemelhando o seu manejo racional às criações
de gado de corte.

Nas últimas décadas, o ritmo do desenvolvimento tecnológico aumentou vertiginosamente,


sendo considerado como base do desenvolvimento econômico e social, cujos reflexos diretos
foram sentidos no crescimento da demanda e na modificação do padrão de consumo da
população.

Terminada a fase de aventurismo, o agronegócio começa a estruturar a legislação específica,


embora contenha pequenas falhas, e permite a regularização dos criatórios existentes e a
implantação de novos empreendimentos dentro de critérios técnicos bem definidos e com
biosseguridade que garante a sanidade dos plantéis.

O mercado da criação de avestruz não foge muito à regra do início de uma nova atividade
zootécnica em um país. Como a própria história revela: os EUA começaram a criar avestruzes
por volta de 1975 e somente 20 anos depois se iniciou o abate naquele país. Na Itália criam-se
avestruzes desde 1979 e só recentemente se montou um abatedouro naquele país.

Como o avestruz é um animal pouco selecionado geneticamente para criação em nosso


ambiente, é fundamental que as universidades brasileiras e outras instituições de pesquisa
comecem a trabalhar com essas aves a fim de gerar informações técnicas que permitam a
viabilidade econômica da produção.

Outros pontos importantes são a definição de um programa de classificação de carcaças e


cortes, bem como o estabelecimento de regras para o abate, inspeção de carnes, couro e
plumas.

144 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Como isso, a estrutiocultura terá escala de produção e qualidade para entrar no mercado
globalizado desses produtos com competitividade e eficiência.

Vantagens para início da atividade

• Sensibilidade do consumidor a carnes alternativas mais saudáveis.

• Unidade animal/área.

• Mão de obra disponível.

• Tradição no tratamento e utilização de couros.

• Tradição Agropecuária.

• Condições ambientais favoráveis.

Desvantagens no início da atividade

• Investimentos altos.

• Inicialmente, demanda a importação de muitos animais.

• Falta de experiência técnica.

• Carência no suporte da criação (rações, equipamentos, assistência técnica).

Assista ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=P_rAtx0wcAE>.


Este vídeo mostra a criação de avestruzes, abordando quando foi o início da atividade comercial no
Brasil, como são alimentados, informando alguns parâmetros técnicos. Não deixe de acessá-lo e
observar as instalações necessárias para a atividade.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 145


RAÇAS/ESPÉCIES

Existe uma única espécie de avestruz e seis subespécies, vulgarmente agrupadas em três
tipos: Black Neck, Red Neck e Blue Neck:

Black Neck (Struthio camelus australis) – pescoço preto – é a raça mais criada em todo o
mundo.

Blue Neck (Struthio camelus molybdophanes) – pescoço azul – é uma ave um pouco agressiva,
que gosta de clima tropical.

Red Neck (Struthio camelus camelus) – pescoço vermelho – é uma ave muito agressiva, de
grande porte, menor reprodução e postura tardia.

African Black (var. domesticus) é um híbrido comercial, ave domesticada de menor porte. Além
de ser a raça mais dócil é também a mais produtiva e precoce, atingindo a maturação sexual
com 24 meses (fêmeas) e com 30 meses (macho) em média. Adapta-se a qualquer clima.
Suas plumas são bonitas e seu couro com muitos pontos (folículos) é muito apreciado.

Assista ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=mXJKTGmHiQU&feature=related>.


Neste vídeo, você vai conhecer as raças de avestruz em uma entrevista com criadores que explicam
a origem destas aves e alguns cuidados básicos na criação.

146 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


PRODUTOS

Couro

O couro é resistente, macio, fácil de extrair e de tingir, e possui marcas características


do implante das penas, o que é muito valorizado. A pele das pernas parece escamosa e
assemelha-se ao couro de répteis. Com as peles são fabricados sapatos, cintos, carteiras,
bolsas, pastas e pequenas peças de vestuário como coletes e almofadas para os ombros.
Marcas famosas como Gucci, Christian Dior e outras usam couro de avestruz.

É difícil estimar a demanda por couros de avestruz, porém, segundo informações, o potencial
seria de 300 a 750 mil peles por ano. Os principais mercados são os EUA, Japão, Itália,
França, Alemanha, Inglaterra, África do Sul e alguns países da Ásia.

O couro de todo o corpo do avestruz, exceto cabeça e ponta das asas é aproveitado. Um
avestruz com 14 meses produz de 0,9 a 1,1 metros quadrados de couro.

No mercado internacional, o preço do couro de avestruz é de US$ 110,00 a US$ 320,00 por
metro quadrado (cerca de US$ 200,00 por pele) para o produtor. O valor da pele curtida é de
US$ 400,00 a US$ 800,00 enquanto o valor do couro processado é de US$ 500,00 a US$
6.000,00.

Saiba que:
• O avestruz é a maior ave existente, com altura média, do chão até a cabeça, variando de 2,0 a
2,5m, sendo aproximadamente 0,90m de pescoço e 1,0m de pernas. O comprimento do corpo é
cerca de 2,0m. As aves adultas pesam, em média, entre 130 a 150 kg.
• O avestruz atinge a maturidade sexual entre dois a três anos, sendo as fêmeas mais precoces
do que os machos.
• O macho, quando adulto, é maior que a fêmea e tem plumagem diferenciada: plumas pretas

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 147


pelo corpo e brancas nas pontas das asas e cauda. A fêmea possui plumagem acinzentada ou
amarronzada.
• O avestruz possui apenas dois dedos, diferindo da ema, que tem três.
• Esta ave pode alcançar velocidades de até 80 Km/h.
• Uma fêmea adulta põe em média 30 a 50 ovos por ano no período.
• Os ovos pesam em média 1,2 a 1,8 kg (equivalente a mais de 20 ovos de galinha).
• Os pintinhos nascem com 25 cm de altura e cerca de 1 Kg de peso vivo.

Plumas
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

O avestruz é famoso por causa de suas penas. O adulto pode produzir penas de excelente
qualidade por 40 anos ou mais, desde que receba cuidados apropriados. Cada avestruz pode
produzir até 1,50 kg de plumas.

As penas são coletadas a cada oito meses. Geralmente, conseguem-se três produções a cada
dois anos.

Há 200 tipos de classificação de penas, sendo as principais:

• Brancas (da asa do macho).

• Pretas (da asa do macho).

148 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


• Ornamentais (da extremidade da asa).

• Feminas (da asa da fêmea).

• Pardas (da asa da fêmea).

• Penugem (de baixo das asas).

• Caudas (das caudas do macho e da fêmea).

As penas mais longas e bonitas são utilizadas como adorno; as demais se destinam à indústria
eletrônica e confecção de espanadores.

As penas brancas são as mais procuradas porque tingem bem, embora as cinzas e as pretas
possam ser alvejadas.

O preço das penas brancas de melhor qualidade é de US$ 80,00 a US$ 90,00 por quilo para
o produtor, e as de qualidade secundária US$ 40,00 por quilo.

As penas de excelente qualidade são exportadas para a Europa e América e as penas


pequenas são usadas para fabricar espanadores, leques e enfeites.

Carne

Constitui-se em um produto alternativo ao mercado de carne vermelha bovina, sem problemas


como o da “vaca louca” e febre aftosa, que proporcionam à carne bovina várias restrições
comerciais.

Com aspecto, sabor e textura semelhantes ao filé mignon bovino, mas com a grande vantagem
de ter baixo teor de gordura e colesterol, já é consumida regularmente na Europa, Ásia, Estados
Unidos e Austrália.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 149


Tabela 10: Aproveitamento da carne do animal abatido (14 meses de idade)

Tipo de corte Peso (Kg) % de carcaça


Filé mignon 3,5 11,7

Bife 6,3 21,0

Biltong (presunto) 9,7 32,3

Carne de segunda 10,5 35,0

Fonte: Nutritive Value of Foods USDA (1995)

Cada ave abatida com 12 meses produz de 35 a 40 kg de carne limpa.

Considerando a tendência mundial em buscar fontes de proteína mais saudáveis em razão


do sedentarismo do homem e o aumento da sua expectativa de vida, a carne de avestruz
apresenta na sua composição baixos níveis de colesterol, gorduras, calorias e sódio, quando
comparada com outras carnes (observe a tabela 11).

Tabela 11: Composição química média e valor calórico de diversas carnes (por 85g)

Animal Calorias (Kcal) Proteínas Lipídios Colesterol (mg)


Bovino 240 23,0 15,0 77
Suíno 275 24,0 19,0 84
Frango 140 27,0 3,0 73
Peru 135 25,0 3,0 59
Avestruz 97 22,0 2,0 58

Fonte: Nutritive Value of Foods USDA (1995)

150 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Subprodutos

Cascas vazias dos ovos são usadas na decoração (porta-moedas, abajur, ovos pintados, porta
-joias); a gordura entra na preparação de cremes e pomadas; os cílios podem ser utilizados para
a confecção de cílios postiços; a carcaça pode entrar na composição de rações e fertilizantes,
o bico e a unha como bijuterias e o ovo pode ser comido, pois o gosto é semelhante ao da
galinha.

PRODUTIVIDADE

Por se tratar de atividade nova no Brasil, os parâmetros apresentados a seguir baseiam-se


em literatura, ou seja, valores médios obtidos para a produtividade de avestruzes citados na
literatura.

Quadro 1: Índices de Produtividade da Estrutiocultura

Período de vida produtivo 35 a 40 anos


Esperança de vida 70 anos
Porcentagem de reposição por ano 3%
Número de ovos férteis/ave/ano 40
Porcentagem de pintos nascidos por ovos férteis 50%
Número de pintos com 30 dias por fêmea 18
Porcentagem de perdas de 1 a 6 meses 16%
Número médio de avestruzes de ano/fêmea/ano 14
Gestação/Incubação 42 dias
Período de engorda 1 ano
Animais abatidos/fêmeas/ano 20 a 30 aves

Fonte: Jobes (1995) citado por Giannoni (1996)

Um diferencial da espécie em relação à maioria das espécies domésticas é constituído


pelo conjunto de características reunindo alta prolificidade, rusticidade e longevidade. Estes
aspectos reunidos conferem a criação de avestruzes uma taxa de multiplicação dos rebanhos

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 151


acelerada, diferenciando-se bastante da verificada nas diversas atividades pecuárias,
sobretudo a pecuária de corte.

REGISTRO DE CRIADOURO

A criação de Animais Silvestres no Brasil está condicionada à autorização do IBAMA. Para


isso, é preciso que o projeto técnico seja elaborado por um profissional habilitado, o qual vai
prever toda a infraestrutura do empreendimento.

O avestruz é caracterizado como ave da fauna silvestre exótica e sua cria e recria é encarada
como uma atividade de alto risco para o meio ambiente. Daí é preciso que, dentre outras coisas,
o produtor consiga uma licença ambiental junto ao IBAMA, antes de iniciar o seu negócio. O
processo para se montar um criadouro de avestruz passa por várias etapas:

1ª Etapa

O produtor apresenta uma carta consulta junto ao IBAMA preenchendo o formulário de


cadastro; apresenta cópias de documentos de pessoa física ou jurídica e documentação da
propriedade. Terá, ainda, que obter o licenciamento ambiental e para isso deve informar qual
é o objetivo da criação, qual é o sistema de manejo e o plantel estimado. O produtor tem que
anexar um termo de responsabilidade assinado por um técnico que vai acompanhar o projeto.

2ª Etapa

Caso a carta consulta seja aprovada pelo IBAMA, o produtor tem que apresentar um projeto
definitivo em que deverá constar o seguinte:

• Descrição técnica do manejo.

• Sistema de identificação individual dos animais.

• Apresentação do termo declaratório de responsabilidade técnica.

152 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


• Recolhimento da taxa de registro como criador de fauna silvestre exótica com fi m comer-
cial.

Algumas Legislações
• Portaria IBAMA nº 093 de 7/71998, estabelecendo normas para a importação e exportação de
fauna, produtos e subprodutos.
• Portaria IBAMA nº 102 de 15/7/1998, que normatiza a implantação de criadores para fi ns econô-
micos e industriais.
• Instrução normativa 001 de 15/04/1999, que estabelece critérios para licenciamento ambiental.

Assista ao vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=CLMvV3XgzDQ&feature=related>.


Neste vídeo da Record Rural, você vai verifi car a demonstração da organização da cadeia produtiva
com implantação de um Frigorífi co em Campo Grande no Mato Grosso do Sul para abate de 200
animais por dia, demonstrando o processo de abate com inspeção do Serviço Federal de Inspeção,
além de uma análise do negócio.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 153


FASES DA CRIAÇÃO

Fase de cria (de 0 a 3 meses)

Este é um período crítico para o desenvolvimento das aves, pois a ocorrência de doenças de
dificuldade de manejo é maior. A temperatura ambiente deve se manter em torno de 29 graus.
Até os 5 dias de vida, a ave deve ingerir ração, água limpa e fresca. Na segunda semana a ave
deve ingerir volumoso verde, como gramíneas bem picadas, do tamanho de um botão.

Fase de recria (de 4 a 24 meses)

Após os quatro meses, as aves devem ser transferidas para um outro piquete, onde a ave
encontre um ambiente favorável para comer e desenvolver massa muscular, garantindo seu
crescimento. Machos e fêmeas podem compartilhar o mesmo espaço, sendo recomendado um
mínimo de 100 metros quadrados por ave dentro de um mesmo piquete. Cada ave consome
ração equivalente a 1% ou 2% de seu peso por dia (ex.: uma ave de 100 kg consome 1 kg de
ração por dia). Nesta fase a ração deve ter entre 16% e 17% de proteína. A ave necessita de
volumoso de 2 a 3 vezes ao dia e de muita água fresca.

Fase de reprodução

Antes da reprodução, o macho deve ser separado da fêmea, juntando-se somente na época
reprodutiva. O avestruz não é agressivo, mas tem consciência do seu território, por isso, nesta
época deve-se tomar muito cuidado com o manejo. Dados dão conta que a vida fértil dessa
ave gira em torno de 40 anos. Neste porte a área indicada é de 400 metros quadrados acima,
por ave. Para garantir a qualidade dos ovos, é aconselhado ministrar farinha de ostra ou
suplemento mineral.

Postura

Um macho pode acasalar duas fêmeas sem problemas. A média normal de postura gira em

154 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


torno de 40 ovos durante 30 dias, com pausas de 24 a 48 horas. Os ovos têm cascas porosas
e resistentes, porém a coleta dos mesmos deve ser rápida, para evitar perdas. Se forem para
incubação, o início não deve ultrapassar cinco dias da data da postura.

INSTALAÇÃO E MANEJO

Na criação de avestruzes, assim como em qualquer outra exploração animal, as instalações


têm uma função de apoio às atividades ligadas ao processo produtivo. As principais funções
são:

• Facilitar o manejo alimentar, sanitário e reprodutivo.

• Oferecer conforto e segurança aos animais.

• Proporcionar condições para obtenção de índices de produtividade à exploração e condi-


ções de contenção e biossegurança, impedindo que as aves tenham contato com outros
animais da fauna regional, sendo esta uma exigência do IBAMA.

Resumindo, são instalações para a criação racional de avestruzes, todas as benfeitorias


necessárias para cria, recria, reprodução, incubação e manejo dos animais.

Anexos aos galpões há a necessidade de piquetes para exercício dos filhotes, fundamental
para o seu bom desenvolvimento.

Antes do início da implantação do projeto, a escolha de um bom local é imprescindível para a


obtenção do sucesso.

Os seus predadores são lagartos, gaviões, cachorro do mato, raposa e outros que poderiam
pisar nos ninhos.

É muito importante o planejamento prévio das instalações e piquetes e também sua distribuição
dentro da área. Esta medida beneficia o manejo e a segurança sanitária do plantel.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 155


No manejo diário, os funcionários deverão ser alocados por setor ou estabelecer uma rotina,
de forma a respeitar o fluxo de idade dos animais entre os diferentes setores, ou seja, os
trabalhadores devem ser iniciados pelo manejo dos animais mais jovens, passando-se depois
para as categorias com mais idade.

Podemos dividir a propriedade basicamente em quatro setores: setor de incubação; setor de


creche ou cria; setor de recria e setor de reprodução.

Fornecer água e ração com volumoso duas vezes ao dia, recolher os ovos sempre à tarde, de
preferência das 15 horas às 18 horas. Nesse período estaríamos fornecendo ao mesmo tempo
a ração, e com a distração dos pais referente ao momento da alimentação, poderíamos retirar
com mais facilidade os ovos do ninho.

A idade para transporte deve ser acima dos 06 meses de idade. No transporte das aves deve
-se parar e verificar se as aves não se deitam durante o percurso, pois podem ocorrer fraturas
e mortes.

A impactação ou empachamento ocorre: por mudanças na alimentação, susto por predadores,


stress no transporte e falta de pedregulho dentro do piquete.

Reprodução

Somente aos 18 meses pode-se diferenciar visualmente o macho da fêmea.

A tonalidade do macho é preta com a cauda e as pontas das asas brancas, enquanto que a
fêmea tem plumagem acinzentada.

Antes desta idade deve se fazer a sexagem, pressionando com delicadeza a cloaca da ave,
comumente feito quando as aves ainda são filhotes. Desta forma, identifica-se o sexo da
ave e faz-se o implante do microchip para leitura em scanners e o uso de anéis flexíveis de
identificação, classificando assim se é macho ou fêmea.

156 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


A fêmea começa a reproduzir com 20 a 24 meses e põe ovos a cada 48 horas aproximadamente.
O macho tem a sua maturação sexual mais tarde aos 30, 36 meses. O macho apresenta o
bico e as canelas em um tom avermelhado Scarlate, este é o sinal de que ele está propenso
a iniciar o acasalamento.

A fêmea tende a se agachar e bater as asas repetidamente chamando o macho. A primeira


postura é sempre mais inferior em termos de reprodução, alguns ovos não são galados.

A média normal é de 40 ovos por ano e com uma eclodibilidade de 50 a 75%.

Com uma grande longevidade de produção de 35 a 40 anos, a ave vive até os 80 anos e há
exceções em que fêmeas podem produzir mais de 60 ovos por ano.

O falo, ou seja, o órgão reprodutor do avestruz, necessita ter de 25 cm em diante. Isso demostra
a maturidade da ave para fertilizar ao copularem.

O falo em forma de uma vírgula quando esticado chega a alcançar em média 50 cm de tamanho,
o sêmen escorre no centro do falo como uma calha, dai a importância do comprimento.

A inseminação artificial é possível, mas não se encontrou um modo correto para coleta do
sêmen, já que o macho se torna agressivo em fase de reprodução.

Para sabermos se o ovo foi galado, com um ovoscópio podemos verificar em 14 dias se o
embrião está vivo ou morto. Em caso de morte embrionária, deve-se retirar imediatamente o
ovo para não contaminar os outros na incubadora.

O nascimento se dá entre 38 a 42 dias, onde os ovos passam para o nascedouro eclodindo


logo nas primeiras horas. Alguns filhotes têm que ser ajudados a quebrar a casca.

Os animais podem ser agrupados para acasalamento em colônias, em pares ou trios (duas
fêmeas e um macho), onde uma das fêmeas é dominante (o macho a escolhe). Há uma difícil

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 157


coabitação entre machos adultos, ou seja, em uma criação comercial, os grupos devem ficar
em piquetes separados.

Contenção

As avestruzes podem ser presas usando um brete ou capturadas com uma vara curva,
semelhante a um cajado de pastor, com 4 cm de diâmetro e 3,0m de comprimento. O gancho
deve ter 6,25 cm de largura, de modo a se adaptar frouxamente em torno do pescoço da ave,
mas de forma que a cabeça não escape na hora da captura.

Utilizamos como meio de se afastar as aves um bastão em forma de “Y”, e para prender a
ave um outro bastão com a ponta em forma de um gancho, utilizando sempre no pescoço da
avestruz com cuidado para não forçá-lo, evitando fraturas que provocariam o sacrifício da ave.
Este manejo destina-se a aves mais ariscas de temperamento mais agressivo. A média nos
ensina que a cada 100 aves, encontramos de 1 a 2 desse tipo.

Na condução de aves mais mansas, podemos agarrar uma a uma segurando de lado e nas
asas. As asas são delicadas, portanto deve-se ter cuidados para não quebrá-las ao manipular
ou conduzir a ave. Utilizar uma manga com elástico na cor preta na cabeça da ave, isso a
acalma e ajuda para poder manejar tanto para vacinações como guiá-la para um transporte,
principalmente no momento de embarque e desembarque, utilizando veículos apropriados
para o transporte.

Alimentação

Como animais monogástricos herbívoros, possui um intestino delgado que tem o comprimento
de 16,0 metros. Na alimentação inicial dos filhotes, deve-se nos primeiros dez dias de vida
incentivar as aves a se exercitarem para consumir o saco vitelino e após esse período utilizar
ração já existente no mercado.

158 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Fornecer água em quantidade e qualidade (um avestruz adulto chega a beber até 10 litros de
água por dia).

Nos primeiros 5 dias de vida não deve ser oferecido nenhum tipo de alimento, a não ser um
complexo vitamínico na água limpa e fresca, e após estes dias ir introduzindo junto à ração o
volumoso (verde) picado como a couve e o almeirão.

Aditivos para a formação da flora intestinal devem ser ministrados à base de poliprobióticos e
vitamínicos.

Os filhotes para poderem triturar os alimentos necessitam de pequenas pedras de formação


de quartzo, pedras estas encontradas em leitos de rios e que tenham o tamanho de um grão
de arroz, e conforme ocorrer o desenvolvimento, o tamanho das pedras deve ser da metade
da unha da ave.

Como fonte de proteínas, encontramos os seguintes alimentos que devem ser fornecidos:
Farelo de Soja, Farelo de Algodão, Farelo de Peixe e Farelo de Trigo.

Não devem ser fornecidos alimentos à base de Ureia, Cama de Frangos, Farinha de Vísceras
e Farinha de Carne e Ossos.

Rações de frango e suínos não devem ser utilizadas, pois provocam deficiência e principalmente
deformações. Isso ocorre por ter o avestruz um metabolismo de alto índice hormonal. Para se
ter ideia de seu crescimento, o avestruz cresce em média 0,75 cm ao dia, o que pode ser
notado tirando-se medidas semanais.

A alfafa manejada de forma que se mantenha sempre à vontade deve ser fornecida em
pequenas doses, o mesmo ocorrendo com outras leguminosas.

Deve-se procurar implantar pastos que sejam de espécies rasteiras em formação vertical
abundante de brotos, Braquiária decumbens, mas com o pisoteio deve se fornecer o volumoso

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 159


picado do tipo braquiária, capim napier, tifton, alfafa, couve e almeirão.

Nas épocas de seca pode ser utilizada a silagem, mas deve-se evitar mudanças bruscas na
alimentação, pois isto pode estressar a ave, mudando o seu comportamento e fazendo-a se
amlmentar de tudo que poder comer, ocorrendo assim impactação do sistema digestivo, ou
seja, a obstrução do aparelho digestivo.

A ração deve ser fornecida junto com volumoso em uma proporção de 1% a 3% de peso vivo,
no caso dos filhotes deve-se utilizar o fornecimento 4 vezes ao dia diminuído para 2 vezes até
completar os 4 meses de idade. A alimentação dos filhotes vai depender do tipo de manejo e
qualidade do pasto nos piquetes, acrescida de ração balanceada com 19% de proteína.

A coprofagia, o ato de se alimentar de fezes, é um hábito das aves, não devemos deixar, portanto,
que os filhotes se alimentem das fezes das aves adultas, podendo ocorrer contaminação e
morte das aves.

Na época de reprodução as fêmeas devem receber um fornecimento extra de cálcio, utilizar


produtos específicos para avestruzes.

Manejo dos ovos

O ninho tem de 1,5 m a 1,8 m de largura, com pedregulho no fundo, e sobre o pedregulho, areia
grossa. A coleta dos ovos deve ser feita cuidadosamente e com frequência, evitando assim
contaminação e danos físicos. Se a fêmea sair do ninho, a película de mucina que envolve o
ovo deve estar seca.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste passo, mergulhamos no universo da estrutiocultura ou criação de avestruz. Fizemos um


breve histórico, conhecemos as raças, porém antes de iniciarmos a criação, foram necessários
certos cuidados, que vão desde a escolha de qual segmento da cadeia será seguido, a área
a ser utilizada, passando pela compra das aves, maquinário e tecnologia utilizada até a
alimentação, clima, controle sanitário e mão de obra especializada.

Na criação das matrizes para o fornecimento de ovos, o controle sanitário e a qualidade da


alimentação das aves devem ser controlados para manter bom desenvolvimento na época de

160 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


postura. Na incubação, o importante é garantir a qualidade da tecnologia e dos equipamentos
utilizados, além de ficar atento à umidade.

Já estabelecido o local e a etapa da criação que será desenvolvida, ao partir para a compra
das aves o produtor deve dar preferência às aves de origem conhecida, com ficha de
acompanhamento veterinário desde o seu nascimento e com histórico de matrizes poedeiras.
A partir de então, é importante atentar para pequenos detalhes, como tipo de arame utilizado
nos piquetes, tipo da pedra, tipo de comedouro, da forrageira. O principal é ter em mãos um
bom planejamento para não ter surpresas ou prejuízos, analisar o mercado e seus produtos, a
tecnologia de produção, e legalizar o criatório.

Com estas considerações encerramos nossa incursão pelo mundo da estrutiocultura.

A seguir, você tem a atividade de autoestudo, não deixe de fazê-la!!!

Como nas outras unidades, só preencha após uma boa leitura de todo nosso texto, pesquisa
nos sites recomendados e ter assistido aos vídeos, assim saberá realmente qual foi o seu
ganho de aprendizagem.

Não preencha voltando nos tópicos e apenas transferindo as respostas. Após concluídas as
atividades faça uma revisão dos tópicos abordados.

Mãos à obra!!!

Para saber mais sobre a criação de avestruz, acesse os links abaixo, de algumas entidades do setor:
<www.portaldoavestruz.com.br>.
<www.acab.org.br>.
<www.aviculturaindustrial.com.br>.
<www.abreonline.com.br>.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 161


ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1. O mercado da criação de avestruz não foge muito à regra do início de uma nova atividade
zootécnica em um país. Assinale V (verdadeiro) e F (falso).

( ) O avestruz vem sendo utilizado para a produção de penas há mais de mil anos.

( ) Cerca de 50 mil a 120 mil avestruzes são abatidos anualmente na África do Sul para a
obtenção de carne, couro, produtos secundários e penas.

( ) Como o avestruz é um animal pouco selecionado geneticamente, é fundamental que as


universidades brasileiras e outras instituições de pesquisa comecem a trabalhar com essas
aves.

2. Mesmo sendo uma atividade nova no Brasil, encontramos valores da produtividade de


avestruzes na literatura. Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira.

1. Período de vida produtiva (anos). ( ) 30 a 50.

2. Produção média de ovos por ano de uma fêmea. ( ) 130 a 150.

3. Peso médio das aves adultas (Kg). ( ) 24 e 30.

4. Maturidade sexual das fêmeas e dos machos (meses). ( ) 35 a 40.

3. O avestruz é caracterizado como ave da fauna silvestre exótica e sua cria e recria é en-
carada como uma atividade de alto risco para o meio ambiente. Daí é preciso que, dentre
outras coisas, o produtor consiga uma licença ambiental junto ao IBAMA antes de iniciar o
seu negócio.

( ) Certo ( ) Errado

4. Os avestruzes são manejados de acordo com a fase de produção e requerem cuidados


especiais em cada uma delas. Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira.

1. Fase de cria ( ) Machos e fêmeas podem compartilhar o mesmo espaço, sen-


do recomendado um mínimo de 100 metros quadrados por ave
2. Fase de recria dentro de um mesmo piquete.

3. Reprodução ( ) A média normal de postura gira em torno de 40 ovos durante


30 dias, com pausas de 24 a 48 horas.
4. Postura
( ) Período crítico para o desenvolvimento das aves, pois a ocor-
rência de doenças de dificuldade de manejo é maior.

162 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


( ) O macho deve ser separado da fêmea e a área indicada é
acima de 400 metros quadrados por animal.

5. Na criação de avestruzes, assim como em qualquer outra exploração animal, as instala-


ções têm uma função de apoio às atividades ligadas ao processo produtivo. As principais
funções das instalações são:

a) Facilitar o manejo, conforto e segurança dos animais.

b) Conforto, sanidade dos animais e estética.

c) Sanidade, facilitar o manejo e transporte dos animais.

d) Transporte dos animais, conforto e sanidade.

e) Segurança, sanidade e transporte dos animais.

6. A raça mais criada no mundo, domesticada, de pequeno porte, dócil, produtiva e precoce,
com plumas bonitas e um couro com muitos folículos é a African Black.

( ) Certo ( ) Errado

Avestruz: do modismo ao ostracismo


Diário de Londrina 11/10/2010
O que era modismo virou artigo raro. Achar carne de avestruz para comprar no Paraná é muito difícil.
O varejo praticamente não oferece o produto, já que a criação no Estado declinou. As cooperativas
que se formaram no início desta década no Estado foram desativadas alguns anos depois, pois a
atividade mostrou-se inviável fi nanceiramente para os criadores (ver matéria nesta página). Com isso,
o consumidor que aprendeu a apreciar a carne fi cou sem opção.
Donos de estabelecimentos que incluíram o avestruz no cardápio se esforçam para conseguir a carne
e manter o prato. É o caso de Ubirajara Tasqueti, do Lanche Bom, e seu sanduíche de avestruz com
shitake. Criada há três anos, a opção faz sucesso entre boa parte dos clientes e é o lanche mais caro
do cardápio: R$ 15. “Não chega a ser o (lanche) mais pedido, mas não pode faltar que o pessoal
reclama”, diz Tasqueti.
No mês passado teve reclamação. O único fornecedor da carne que ainda resiste na região de Londri-
na enfrentou problemas com o frigorífi co responsável pelo abate e Tasqueti deixou de receber o pro-
duto, suspendendo o preparo do lanche por uns 15 dias. A situação se normalizou, mas o comerciante
já se prepara para achar avestruz em outro local caso não seja mais possível encontrar a carne por

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 163


aqui. “Comecei a pesquisar e descobri fornecedor no Mato Grosso”, conta.
A expectativa de Tasqueti, porém, é que o seu fornecedor atual não só continue o atendendo como re-
passe alguns quilos de carne a mais para que o comerciante atenda alguns conhecidos. “Muita gente
chega aqui e fala ‘puxa, que bom que você tem lanche de avestruz’, já que está tão difícil achar essa
carne. Então, gostaria de ter sempre alguns quilos para atender as pessoas que gostam do produto
para fazer algum prato em casa”, planeja.
Ele mesmo é um apreciador de avestruz e costuma prepará-lo para a família e amigos. “Faço o fi lé
fatiado bem fi no, com brócolis e shimeji (cogumelo) e molho engrossado com amido de milho e shoyu”,
ensina. “É uma carne muito saborosa, tenra e saudável. Tem ômega 3 e zero de gordura”.
Carnes especiais
Para o comerciante Pedro Rocha, proprietário do Rancho Silvestre, que vende especiarias e carnes
diferenciadas em Londrina, o avestruz foi um modismo que não se sustentou, principalmente por
causa do alto preço para o consumidor. Ele não trabalha mais com o produto há cerca de dois anos.
“Nessa época eu estava pagando R$ 26 o quilo e vendendo a R$ 36. Na verdade, acho que deveria
ser, no máximo, o valor de um contrafi lé”, questiona. Ele lembra que no começo, porém, chegou a
vender o quilo a R$ 90.
“Foi uma febre que passou. Hoje, apenas alguns clientes ainda procuram. Mas não dá para continuar
tendo o produto para atender meia dúzia”, diz Rocha. Pelo mesmo motivo, ele também deixou de
vender faisão, perdiz, búfalo, vitela e foie gras (fígado de ganso). O foie gras, por exemplo, custava R$
190 o quilo. Além do preço alto, ele acha que “falta cultura” para esse tipo de carne na região.
Entre as carnes diferenciadas que o comerciante oferece estão: marreco, pato, javali, cateto, queixa-
da, jacaré, rã, carneiro, codorna e coelho. A maior parte, segundo Rocha, custa entre R$ 20 e R$ 30 o
quilo e tem boa procura. Todos os produtos são congelados. Conforme o comerciante, o público que
consome esse tipo de carne “não é elitizado, mas viajado”. “São pessoas que experimentam pratos
diferentes quando viajam e depois vêm procurar aqui”, diz.
Disponível em: <http://www.paginarural.com.br/noticia/140727/carne-de-avestruz-do-modismo-ao-
-ostracismo>. Acesso em: 15 fev. 2011.

164 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


UNIDADE V

ESTUDO ECONÔMICO DAS ALTERNATIVAS DE


NEGÓCIO
Professor Me. José Sérgio Righetti

Objetivos de Aprendizagem

• Conhecer os coeficientes técnicos.

• Caracterizar os custos das atividades.

• Analisar a viabilidade do negócio.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Coeficientes Técnicos

• Custos

• Análise de Viabilidade
INTRODUÇÃO

Está acontecendo uma mudança de atitude por parte dos consumidores de alimentos,
existindo uma tendência principalmente nos países desenvolvidos, de que as preocupações
com a saúde e bem-estar em geral, incluindo receios ambientais, passem a ter cada vez mais
importância no processo de escolha dos consumidores.

Assim, devemos avaliar as alternativas estudadas nesta disciplina na ótica da produção,


mercado e ambiental, procurando atingir o objetivo pretendido.

É importante enfatizar que em uma cadeia produtiva organizada todos ganham com o processo,
guardando um equilíbrio entre os seus diversos elos e cada um deles cumprindo uma missão
específica.

Bom Estudo!

COEFICIENTES TÉCNICOS

As técnicas de produção, juntamente com as quantidades e qualidades dos recursos


disponíveis, limitam o nível de bem-estar de uma sociedade.

A produção pode ser definida como o processo pelo qual um conjunto de fatores pode ser
transformado em um produto.

A tecnologia é um termo utilizado para englobar uma ampla variedade de mudanças nas
técnicas e métodos de produção.

A tecnologia também se refere a métodos aperfeiçoados de combinar os fatores de produção.


Um aperfeiçoamento das técnicas administrativas é uma parte integrante da revolução
tecnológica. A falta de decisões administrativas apropriadas faz com que as mesmas
máquinas, espécies e matérias-primas sejam combinadas de modo incorreto, resultando em

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 167


não aumento da produção.

A inovação tecnológica é um importante fator de aumento de oferta de bens agrícolas,


notadamente no longo prazo.

Uma tecnologia só será economicamente viável se provocar um aumento da produção


proporcionalmente maior do que a elevação do custo total, de tal modo que resulte em uma
redução do custo médio de produção.

Em outras palavras, uma boa tecnologia é aquela que resulta em processos de produção com
custos unitários menores.

A competitividade pode ser entendida em três dimensões: empresarial, estrutural e sistêmica:

• A dimensão Empresarial engloba os fatores diretamente ligados à empresa, tais como


produtividade, qualidade, capacidade gerencial, logística interna à empresa, marketing e
capacidade de inovação.

• A dimensão Estrutural diz respeito aos fatores relacionados ao mercado, às tecnologias


de produção disponíveis, à configuração da indústria e sua relação com as escalas de
produção e às condições de concorrência no mercado em que atua.

• A dimensão Sistêmica abrange os condicionantes macroeconômicos (domésticos e inter-


nacionais), tais como: as políticas econômicas (fiscal, monetária e cambial), o ambiente
político-institucional, o sistema educacional, o sistema financeiro e a infraestrutura logísti-
ca externa à empresa.

Para avaliar economicamente a viabilidade de se investir em uma atividade, são necessárias


informações relacionadas às diversas etapas do processo produtivo adotado, pois o resultado
econômico das atividades zootécnicas está diretamente relacionado com as características
reprodutivas, taxas de eficiência reprodutiva e taxa de sobrevivência de filhotes.

Daí a importância de conhecermos os sistemas de produção, sua cadeia produtiva e as


espécies a serem exploradas.

168 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Considerando que a viabilidade econômica tem papel-chave na tomada de decisão sobre os
investimentos a serem feitos dentro da empresa rural, apresentamos aqui alguns aspectos a
serem considerados.

Para avaliar a viabilidade econômica da atividade é necessário, inicialmente, que sejam


observados alguns coeficientes zootécnicos. A tabela 12 apresenta alguns coeficientes
relacionados à ovinocultura e a tabela 13 apresenta os mesmos índices para a caprinocultura.

Tabela 12: Coeficientes zootécnicos para ovinocultura

Coeficientes Ano 1 Ano 2 Ano 3

Parição (parto/matriz/ano) 1,2 1,2 1,5


Fertilidade (fêmeas paridas/fêmeas cobertas) 60 - 70% 80 - 85% 90 – 95%
Prolificidade (crias/parto) 1,3 1,4 1,5
Mortalidade até 1 ano (%) 10 7 5
Mortalidade acima de 1 ano (%) 7 5 3
Descarte de matrizes (%/ano) 20
Relação reprodutor: matriz 1:30 1:40 1:60
Percentagem (%) de peso adulto ao primeiro acasalamento 70
(fêmeas)

Aprisco para animais até 06 meses (m²/cabeça) 0,5


Aprisco para animais acima de 06 meses (m²/cabeça) 1,2
Intervalo entre partos (meses) 8
Consumo de água (litros/cabeça/dia) 5
Produção de fezes (kg/cabeça/dia) animal de 40 Kg 1,5
Número de animais até 06 meses por UA 10
Número de animais acima de 06 meses por UA 6
Idade para abate de cordeiros (meses) 8 6 5
Peso vivo ao abate (kg) 24 26 28

Fonte: EMBRAPA

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 169


Tabela 13: Coeficientes zootécnicos para caprinocultura

Coeficientes Ano 1 Ano 2 Ano 3


Parição (parto/matriz/ano) 1,2 1,2 1,5
Fertilidade (fêmeas paridas/fêmeas cobertas) 60 - 70% 80 - 85% 90 - 95%
Prolificidade (crias/parto) 1,3 1,4 1,5
Mortalidade até 1 ano (%) 10 7 5
Mortalidade acima de 1 ano (%) 7 5 3
Descarte de matrizes (%/ano) 20
Relação reprodutor: matriz 1:30 1:40 1:60
Percentagem (%) de peso adulto ao primeiro acasalamento (fêmeas) 70
Aprisco para animais até 06 meses (m²/cabeça) 0,5
Aprisco para animais acima de 06 meses (m²/cabeça) 1,2
Intervalo entre partos (meses) 8
Consumo de água (litros/cabeça/dia) 5
Produção de fezes (kg/cabeça/dia) animal de 40Kg 1,5
Número de animais até 06 meses por UA 10
Número de animais acima de 06 meses por UA 6
Idade para abate de cabritos (meses) 8 6 5
Peso vivo ao abate (kg) 24 26 28

Fonte: EMBRAPA

A tarefa da administração é a de interpretar os objetivos propostos pela organização e


transformá-los em ação organizacional em consonância com a realidade. Esta ação se dá
por meio do planejamento, organização, direção e controle de indicadores de desempenho
técnico-econômico-financeiro dos esforços realizados nos diferentes níveis da organização. A
administração rural apresenta ferramentas para melhor combinação dos recursos disponíveis

170 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


nas unidades de produção. Todavia, falta aos administradores informações que lhes assegurem
meios eficazes para tomar decisões, sejam elas de curto, médio ou longo prazo.

Para produzir carne, leite ou outro produto do setor pecuário, é preciso ter como elementos
básicos o produtor, o clima, a propriedade com forragens, os animais, algumas instalações
funcionais e utensílios.

Para produzir com controle da atividade e consciente de suas possibilidades de sucesso, a


complexidade aumenta. Para ter sucesso pode-se dividir as iniciativas do produtor em relação
à sua propriedade em duas:

Primeira iniciativa – voltada para o que ocorre além da porteira. Diz respeito tanto a quem está
na atividade quanto para quem quer entrar na mesma. O produtor deve se informar sobre o que
precede a produção. Principalmente itens relacionados ao preço, disponibilidade e distância
de insumos e indústria.

Segunda iniciativa – diz respeito às atividades do produtor dentro da propriedade. Envolve as


funções de administração, isto é, planejamento, organização, direção e controle, para gerir
lucrativamente seu empreendimento. O controle será a função da administração mais focada.

Para ter maior controle sobre a atividade, vem evoluindo o uso de softwares agropecuários.

Entre as instituições voltadas para este fim, são comuns as reflexões:

Qual deve ser a complexidade do controle de indicadores para administrar uma propriedade?
Produtor ou técnico, quem registra e usa mais frequentemente os dados e informações? Qual
o tamanho do mercado usuário ou potencial usuário de softwares agropecuários?

É do produtor a escolha dos indicadores que melhor comuniquem o resultado da estratégia de


produção e possibilitem o planejamento da propriedade. A complexidade fica em função da
sua vontade de registrar dados, da sua disponibilidade de tempo, da assistência técnica e da
vocação para registrar e usar os dados transformando-os em informação.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 171


CUSTOS
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Existem várias formas de controlar o movimento de recursos financeiros. A contabilidade de


custos aplicada a atividades de produção agropecuária é uma delas. Para tal, é necessário
criar um plano de contas para armazenar as movimentações financeiras de receitas e despesas
efetuadas nas atividades agropecuárias.

Os custos são elementos importantes na análise da eficiência dos sistemas de produção


implantados. Os custos de produção variam de acordo com os insumos usados e práticas de
manejo adotadas.

Sua análise mais profunda permite identificar os itens mais relevantes, os que deverão ser
prioritariamente trabalhados, os que perdem importância e os que tendem a aumentar sua
participação na composição geral.

172 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Tabela 14: Exemplo de custo de implantação de uma piscicultura em 2 ha

(R$) (R$)

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 173


Fonte: elaborado pelo autor

Tabela 15: Cálculo do custo de produção do sistema empregado

Cálculo do custo de produção de peixes

Nome do proprietário Data

Localidade Número do viveiro

Município/Estado Área do viveiro (ha) 2

Produção e receita

Quantidade Preço unitário Receita total


Produção comercializada Kg

Espécies Tilápia 17.500,0 3,5 61.250,00


sj
Jundia 2.500,0 3,50 8.750,00

TOTAL 20.000,0 3,5 70.000,00

Custo
Custos operacionais Unidade Quantidade Preço unitário total Custo %

Custos variáveis

Alevinos mil 37,5 100,00 3.750,00 9,14


Mão de obra + encargos HM 180,0 6,00 1.080,00 2,63

Alimentação/ração kg 34.000,0 0,90 30.600,0 74,59


0
Fertilizantes orgânicos t 20,5 50,00 1.025,00 2,50

Fertilizantes químicos kg 600,0 0,85 510,00 1,24

Calagem t 2,4 90,00 216,00 0,53

Combustível litro 300,0 2,55 765,00 1,86

Energia elétrica kwh 345,0 0,28 96,60 0,24

Manutenção R$ 350,00 0,85

Análise química Unidade 4,0 100,00 400,00 0,97

Transporte km 300,0 0,78 234,00 0,57

174 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Assistência técnica Visita 8,0 250,00 2.000,00 4,87

41.026,6
Análise química Unidade 4,0 100,00 400,00 0,97

Transporte km 300,0 0,78 234,00 0,57

Assistência técnica Visita 8,0 250,00 2.000,00 4,87

41.026,6
Subtotal 0 100,00

Custos fixos

14.400,0
Salário Salário 12 1.200,00 0
Custo do capital % 6,25 2.989,16

17.389,1
Subtotal 6

CUSTO T O T A L 58.415,76

Fonte: elaborado pelo autor

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 175


Tabela 16: Indicadores técnicos e econômicos

Lucro/custo
Custo de implantação do projeto

Fonte: elaborado pelo autor

A análise da rentabilidade dos empreendimentos torna-se uma ferramenta importante para a


maximização dos lucros. A utilização de estimativas de custos de produção na administração
de empresas agrícolas tem assumido importância crescente, tanto na análise da eficiência da
176 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância
produção de determinada atividade quanto na análise de processos específicos de produção,
os quais indicam o sucesso de determinadas empresas no seu esforço de produzir.

Diante do fato da agricultura ter se tornado cada vez mais competitiva e com diminuição da
intervenção governamental no setor, o custo de produção transforma-se em um importante
instrumento do processo de decisão.

Entretanto, a maioria dos agricultores não faz controle de custos e despesas e nem análise de
custos e, nesse caso, não conhece as margens brutas, lucros e as relações custo/benefício.

Outro exemplo: para fins de estimativa orçamentária, adotou-se a seguinte composição para a
ração concentrada (que pode sofrer ajustes para conter de 17-18% de proteína bruta):

• Milho triturado: 60%.

• Farelo de soja: 21%.

• Farelo de algodão: 15%.

• Ureia: 0,2%.

• Calcário: 2,0%.

• Sal comum: 1,0%.

• Mistura mineral: 0,8%.

A tabela 17 mostra os custos dos insumos para produzir a ração concentrada. Usando valores
de mercado atual, chega-se ao preço final de R$ 0,47 / Kg.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 177


Tabela 17: Composição do custo da ração concentrada

Fonte: elaborado pelo autor

O cenário atual vem demonstrando um aumento gradativo na competitividade, aumento este


que atinge todos os setores da economia. Diante disto, o produtor rural deverá buscar formas
de gerenciamento, visando um conhecimento aprofundado de sua propriedade e de todos os
outros fatores que interferem na sua atividade. O produtor rural deve deixar de ser apenas o
proprietário e tornar-se um gestor ou administrador de sua empresa rural.

As atividades agrícolas requerem um amplo conhecimento de informações em termos


físico, técnico e financeiro, principalmente do proprietário da empresa rural que geralmente
é quem toma as decisões, para, com isso conseguir medir o desempenho financeiro das
atividades realizadas pela propriedade, pois na atual situação do mercado do agronegócio, um
planejamento e um controle adequados se tornam fundamentais para obter lucro.

Toda empresa, por menor que seja, precisa ter definidos quais são seus custos de produção,
como também os métodos de custeio para apropriação destes. Assim, pode-se definir a que
preço deve ser vendida a produção para obter lucro sobre os investimentos.

178 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


Assista ao Vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=8FqgdSFPZcw>.
Este vídeo foi elaborado por alunos do primeiro ano de administração, que ilustram por meio de dese-
nhos como a efi ciência técnica infl uencia no custo e escala de produção.

ANÁLISE DE VIABILIDADE
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Determinar a viabilidade de um negócio não garante que ele receberá financiamento ou que
será implementado – muitas outras coisas fora do seu controle podem dar errado – mas isto
irá preparar o terreno para que se apresente o negócio a pessoas sensatas que participem
técnica e financeiramente dele. O objetivo de uma análise de viabilidade é que você possa
demonstrar que partes do seu negócio podem ser colocadas juntas, de uma maneira adequada
o suficiente para apresentá-lo aos outros.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 179


As análises de viabilidade econômica são realizadas a partir dos valores do fluxo de caixa do
projeto, mediante diversos critérios, tais como:

a) Taxa Interna de Retorno (TIR), que mede a rentabilidade média percentual do investimento.

b) Valor Presente Líquido (VPL), que mede a rentabilidade absoluta do projeto considerando
o fluxo de caixa descontado a uma taxa de juros alternativa.

c) Relação Benefício/Custo (B/C), que mede o retorno para cada unidade monetária investi-
da.

d) Método do Payback, que é um dos métodos mais simples e, talvez por isso, de utilização
muito difundida. Consiste, essencialmente, em determinar o número de períodos necessá-
rios para recuperar o capital investido. Tendo essa avaliação, a administração da empresa,
com base em seus padrões de tempo para recuperação do investimento, no tempo de vida
esperado do ativo, nos riscos associados e em sua posição financeira, decide pela aceita-
ção ou rejeição do projeto. A forma mais fácil de calculá-lo é simplesmente acumulando as
entradas e saídas e determinando o período em que houve a transição de um valor positivo
para negativo.

Você aprenderá como calcular cada um destes indicadores no decorrer do curso de


Agronegócio.

Cada um dos indicadores financeiros resulta em informações diferentes, que podem ser
utilizadas de maneira complementar. O VPL é um método que fornece uma boa noção do
montante que será obtido com o projeto, isto é, o valor que será captado, porém, ele não
permite uma comparação fácil com outros investimentos. Esse aspecto é grande vantagem da
informação obtida na TIR, que fornece um valor facilmente comparável. Mas existem projetos
que retornam um bom montante (VPL altamente positivo) e rentáveis (TIR acima da taxa de
atratividade), mas cujo período de retorno de investimento é longo, significando que a empresa
terá de amargar um bom período de prejuízo até a obtenção do lucro. Portanto, sugerimos o
cálculo desses três indicadores.

A viabilidade financeira consiste em identificar se os saldos líquidos acumulados do projeto

180 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


são positivos ao longo do tempo e suficientes, inclusive, para pagamento de financiamentos,
quando existirem.

As demais viabilidades, a ambiental, política, social e legal do projeto consistem em verificar


se o mesmo atende aos diversos requisitos impostos pela sociedade.

A viabilidade ambiental consiste na sustentabilidade dos recursos naturais envolvidos direta e


indiretamente no projeto.

COMPARAÇÃO DE RECUPERAÇÃO DE CAPITAL INVESTIDO

Usamos como exemplo os bovinos: a quantidade diária de volumoso necessária para alimentar
um bovino adulto é suficiente para alimentar 8 ovinos adultos.

Um ovino mestiço atinge 40 kg de peso vivo em apenas quatro meses; em um ano, onde se
cria 1 bovino, criam-se 24 ovinos; a ovinocultura é, em média, 4 a 5 vezes mais lucrativa que
a bovinocultura de corte. Se cada UA (unidade animal - equivale a um animal de 450 kg de
peso vivo) equivale a 8 ou 10 ovelhas, quando morrer uma vaca, equivale a morte de 100% do
capital, se morrer uma ovelha, perdeu-se apenas 10% do rebanho.

Um bovino com quatro anos pesa em torno de 400 kg, enquanto na mesma área e no mesmo
período são produzidos 96 ovinos que pesam 3,840 kg (96 cabeças X 40 kg).

Um boi bebe 80 litros de água por dia. Em um mês, bebe 2.400 litros de água, consumo este
suficiente para o consumo de 80 ovinos no mesmo período.

Em geral, os ovinos são criados e engordados com alimentos à base de pastagens cultivadas
ou nativas melhoradas, enquanto os bovinos exigem, além das pastagens, alimentação
suplementar à base de concentrados.

Em 15 meses tem-se a produção de 1 bezerro que será vendido aos 30/36 meses, com o peso

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 181


médio de 12 a 15 arrobas, isto é, 360 a 450 kg de peso vivo. Neste mesmo período, as ovelhas
terão tido 4 ou 5 partos com uma produção média de 40 a 50 borregos, que, aos seis meses,
terão o peso vivo de 1200 a 1500 kg.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É recomendável que as tomadas de decisões sejam baseadas no trinômio: interações


socioeconômicas, tecnologia e interações ecológicas.

Esta escolha não deve ser baseada apenas na avaliação de uma técnica em relação à outra;
ela também deve levar em conta características inerentes ao empreendedor, tais como o local
em que se encontra (ou onde deseja se instalar), os mercados que pretende atender, seu
histórico de vida e a cadeia produtiva como um todo.

Para saber mais sobre o assunto, acesse o link abaixo:


<http://www.criareplantar.com.br>.

A seguir você tem a atividade de autoestudo desta unidade, não deixe de fazê-la!!!

Como nas anteriores, só preencha após uma boa leitura de todo nosso texto, pesquisa nos
sites recomendados e ter assistido aos vídeos, assim saberá realmente qual foi o seu ganho
de aprendizagem.

Não preencha voltando nos tópicos e apenas transferindo as respostas. Após concluídas as
atividades faça uma revisão dos tópicos abordados.

Mãos à obra!!!

182 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1. Uma tecnologia só será economicamente viável se provocar um aumento da produção
proporcionalmente maior do que a elevação do custo total, de tal modo que resulte em uma
redução do custo médio de produção. Assinale V (verdadeiro) e F (falso).

( ) Uma boa tecnologia é aquela que resulta em processos de produção com custos uni-
tários menores.

( ) A tecnologia é um termo utilizado para englobar uma ampla variedade de mudanças nas
técnicas e métodos de produção.

( ) Um aperfeiçoamento das técnicas administrativas não é uma parte integrante da revo­


lução tecnológica.

2. Para avaliar economicamente a viabilidade de se investir em uma atividade são necessá-


rias informações relacionadas às diversas etapas do processo produtivo adotado. Daí a
importância de conhecermos os sistemas de produção, sua cadeia produtiva e as espécies
a serem exploradas.

( ) Certo ( ) Errado

3. Os custos são elementos importantes na análise da eficiência dos sistemas de produção


implantados. Os custos de produção variam de acordo com os insumos usados e práticas
de manejo adotadas.

( ) Certo ( ) Errado

4. A competitividade pode ser entendida em três dimensões: empresarial, estrutural e sistêmi-


ca. Relacione a primeira coluna com a segunda.

1. Empresarial ( ) Diz respeito aos fatores relacionados ao mercado, às


tecnologias de produção disponíveis.

2. Estrutural ( ) Condicionantes macroeconômicos, ambiente político


-institucional.

3. Sistêmica ( ) Engloba os fatores diretamente ligados à empresa, tais


como produtividade, qualidade e capacidade gerencial.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 183


5. No estudo de um empreendimento temos que fazer várias análises para verifi car sua viabi-
lidade, dentre elas:

a) Financeira e Legal.

b) Ambiental e Política

c) Social e Econômica.

d) Política e Financeira.

e) Todas as alternativas.

6. É recomendável que as tomadas de decisões sejam baseadas apenas na avaliação de


uma técnica em relação à outra, como na comparação feita entre os bovinos e ovinos.

( ) Certo ( ) Errado

De acordo com estudos realizados pelo SEBRAE, estima-se que aproximadamente 80% de todos os
novos negócios no Brasil fracassam nos primeiros dois anos, e muitos não chegam a completar um
ano de funcionamento.
O sucesso de um negócio está na boa administração, que é a capacidade de entendes, dirigir e con-
trolar o empreendimento. Aqui vão algumas condições para esse sucesso:
• Ser objetivo: não há lugar para ilusão quando se cria um negócio.
• Manter tudo simples e focalizado: concentre-se e use seus recursos onde o impacto e os lucros
forem maiores.
• Determinar como atingir e vender no mercado.
• Nunca fi car sem disponibilidade de caixa.
Quanto ao papel econômico, os pequenos negócios colaboram para o bem-estar econômico da na-
ção, gerando uma parte do total dos bens e serviços. Também possuem algumas qualidades que
oferecem contribuições excepcionais, na medida em que:
• Oferecem muitas oportunidades de emprego para uma população e uma economia em cresci-
mento.
• Introduzem inovações: a inovação estimula a produtividade, fornecendo melhores produtos e
métodos de produção.
• Estimulam a competição: como concorrentes econômicos, promovem um efeito saudável ao sis-
tema capitalista.

184 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


No âmbito social, contribuem em vários aspectos, entre os quais, na absorção de mão de obra não
qualifi cada. Outro aspecto social de fundamental importância é a ampliação da classe média, à medi-
da que se possibilita ao assalariado ascender a posição de micro ou pequeno empresário.

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 185


CONCLUSÃO

Olá, novamente!

E aí, você gostou do nosso material didático?

Espero que sim, pois eu dei o melhor de mim e gostei muito de estar aqui do outro lado, à
distância, escrevendo esse material para você, meu(minha) aluno(a) de Agronegócio. Porém,
não se acanhe em colaborar para melhorá-lo, com certeza juntos no final teremos um material
muito melhor.

Nesse material vimos quatro alternativas de negócio animal. A escolha de qualquer


empreendimento não deve ser baseada apenas na avaliação de uma técnica em relação à
outra, ela também deve levar em conta características inerentes ao empreendedor, tais como
o local em que se encontra (ou onde deseja se instalar), os mercados que pretende atender,
seu histórico de vida e a cadeia produtiva como um todo. É recomendável que as tomadas de
decisões sejam baseadas no trinômio: interações socioeconômicas, tecnologia e interações
ecológicas.

Já estabelecidos o local e o tipo de criação que será desenvolvida, ao partir para a compra
dos animais deve se dar preferência aos de origem conhecida, com ficha de acompanhamento
veterinário desde o seu nascimento e com histórico de produção. A partir de então, é importante
atentar para pequenos detalhes, como tipo de instalações necessárias. O principal é ter em
mãos um bom planejamento para não ter surpresas ou prejuízos, analisar o mercado e seus
produtos, a tecnologia de produção, e seguir a legislação específica para cada caso.

Além disso, aprendemos que é imprescindível que a decisão por uma ou por outra técnica leve
em conta o mercado que se pretende atender, e que é necessário intensificar os trabalhos
de repasse de conhecimento relativo a aspectos legais, mercado, gestão e produção, seja
qual for o empreendimento, ampliando as possibilidades e dando condições para que os
micros, pequenos e médios empreendedores se insiram na atividade com um nível maior de
sustentabilidade econômica.

Vimos também que é necessário que haja fortalecimento das cadeias produtivas, com base
no estabelecimento de uma política nacional para o setor que possibilite o desenvolvimento
de polos de produção e processamento dos produtos, fazendo com que todos os elos, tais

186 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


como produtores, frigoríficos, comércio, governo e consumidores trabalhem em prol do
desenvolvimento do negócio, havendo necessidade de desenvolver a cultura da cooperação
nos diversos setores da cadeia produtiva, mas principalmente nos segmentos de transporte.

Aprendemos que é necessário um conhecimento das diferentes raças para se obter um


melhoramento no rebanho, mediante a característica que cada uma delas apresenta.
Discutimos o sistema de manejo e a tecnologia de produção de cada cadeia.

Finalmente, na ótica do desenvolvimento sustentável, é fundamental a implantação e


estruturação de um planejamento estratégico, construído de forma conjunta, na discussão
de temas e propostas que possibilitem aos diversos atores da cadeia produtiva novos
conhecimentos, tecnologias de produção e gestão dos seus negócios.

Você viu as dicas de sites e filmes no decorrer do material?

Além daqueles, você também encontrará outros que separamos no final de cada unidade,
naqueles links de Saiba Mais.

Como eu havia lhe falado, no final das unidades foi proposto a você que resolvesse algumas
atividades de autoestudo, elas servem para fixar o conteúdo discutido naquela unidade. Para
que você não fique sem a resposta, segue abaixo o gabarito de todas as atividades propostas:

Unidade I Unidade II Unidade III Unidade IV Unidade V

1 V, F, V V, F, V V, F, F V, V, V V, V, F

2 5, 3, 4, 2,1 3, 1, 1, 4, 3, 4, 3, 1, 4, 2 2, 3, 4, 1 Certo
2, 4
3 Certo Errado Certo Certo Certo

4 2,1, 4, 3 3, 1, 4, 2 2, 4, 1, 3 2, 4, 1, 3 2, 3,1

5 B E C A E

6 Certo Certo Certo Certo Errado

Bom, vou terminando por aqui essa etapa do seu estudo, espero sinceramente que você tenha
gostado desta disciplina e da metodologia utilizada. É sempre interessante aprender a respeito

CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância 187


de novas cadeias produtivas, não é?

Nos vemos em uma próxima oportunidade e saiba que estarei sempre à disposição.

Caso queira encaminhar alguma sugestão ou crítica, pode encaminhar ao meu endereço
eletrônico (e-mail): <jose.righetti@cesumar.br>.

No mais, espero ter contribuído com sua aprendizagem!

Muito obrigado pela caminhada.

Um grande abraço,

Professor José Sérgio Righetti

188 CADEIAS PRODUTIVAS DE ANIMAIS ALTERNATIVOS | Educação a Distância


REFERÊNCIAS

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__________. 2010.

__________. 2011.

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BATALHA, M.O. (Org). Gestão Agroindustrial. São Paulo: Atlas, 1997.

CARRER, Celso da Costa; KORNFELD, Marcelo Eduardo. A Criação de Avestruzes no


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CASTRO, A. A cabra. 3. ed., 1984. 372 p.

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CHAPAVAL, Lea. Manual do Produtor de Cabras Leiteiras. Médica Veterinária e


Pesquisadora da Embrapa Caprinos – aprenda fácil – grupo CPT – 2006.

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Jundiaí: Eduardo Ono, 2003. v, 1.112 p.

GIANNONI, M. L. Emas & Avestruzes. Uma alternativa para o produtor rural. Jaboticabal-
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IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). DIFAP

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(Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros). CGREP (Coordenação-Geral de Gestão de
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